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Missionário Presbiteriano formado no Instituto

Bíblico Eduardo Lane (IBEL), Casado com Denise


Ávila. Atualmente estudando no Seminário
Teológico "Rev. José Manuel da Conceição" em São
Paulo - SP. E trabalhando como seminarista na
Igreja Evangélica Suíça de São Paulo.

Contato: sem.jailson@gmail.com
Jailson Jesus dos Santos

Avivamento:
Realidade do passado necessidade do presente.

E-book São Paulo 2010


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E-book - Avivamento: Realidade do passado necessidade do presente

Sumário

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 5

I - O QUE É AVIVAMENTO ............................................................................................ 6

O QUE NÃO É AVIVAMENTO ................................................................................... 6

Não é resultado da ação da igreja. ........................................................................ 6


Não é emoção a flor da pele. ................................................................................. 7
Não é o show das 19h 30min. ................................................................................ 8
Não é manifestação de dons sem o fruto............................................................... 8
Não é a última moda da igreja! .............................................................................. 9

DEFINIÇÕES DE AVIVAMENTO NO DECORRER DA HISTÓRIA ......................... 10

SENTIDO BÍBLICO DA PALAVRA ........................................................................... 11

II - ESVASIANDO DE SI MESMO PARA ENCHER-SE DE DEUS .............................. 13

III – VIDA ABUNDANTE DE ORAÇÃO ........................................................................ 18

IV - VOLTANDO À PALAVRA E PREGANDO-A COM PODER ................................... 24

V – LONGE DO PECADO, PERTO DE DEUS. ............................................................ 30

VI – FRUTOS DO AVIVAMENTO ................................................................................ 36

PURIFICAÇÃO DA IGREJA ..................................................................................... 36


PAIXÃO PELAS ALMAS PERDIDAS ....................................................................... 37
CRESCIMENTO NUMÉRICO .................................................................................. 39

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TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE .................................................................... 40

CONCLUSÃO............................................................................................................... 43

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 45

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E-book - Avivamento: Realidade do passado necessidade do presente

INTRODUÇÃO

Vivemos em uma época em que muitos irmãos têm almejado um avivamento;


alguns se arrepiam imediatamente quando ouvem falar do assunto; outros logo
exclamam: “Isso é coisa de pentecostal!” Tudo isso porque apesar do avivamento ser
algo totalmente bíblico, há muita confusão quanto ao seu significado. Há uma falta de
discernimento quanto o que é e o que não é avivamento.
Muitos crentes devido à ignorância do assunto confundem avivamento com
euforia, mudança doutrinária baseada em sonhos ou revelações extrabíblicas,
campanhas evangelísticas ou, ainda, como uma nova onda do momento,
desprezando a Bíblia e a História da Igreja.
Este trabalho visa, à luz da Bíblia e da História da Igreja, clarear nossa mente
sobre o que é o genuíno avivamento, mostrar os perigos das distorções doutrinárias
em nome do avivamento e despertar a igreja para buscá-lo e preparar o caminho da
sua chegada.
Não pretendemos aqui, trazer qualquer inovação sobre o assunto, mas
restaurar as verdades bíblicas e históricas que estão esquecidas.
Que o Espírito do Avivamento sopre em nosso coração a fagulha que está
preste a apagar!

A Deus toda glória!

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E-book - Avivamento: Realidade do passado necessidade do presente

I - O QUE É REAVIVAMENTO

Sempre que voltava das férias, para as aulas no Instituto (IBEL), ouvia
vários relatos das experiências de campo. E em muitos desses relatos escutava
vários comentários como: “Jailson trabalhei em uma igreja que é uma bênção, uma
igreja avivadíssima. Você precisava ver! Lá o louvor é quase uma hora, todo mundo
bate palmas, é aquela animação. O culto chegava a me emocionar. Olha! que igreja
avivada!” Relatos como estes me fez perceber que há muitas pessoas sinceras, mas
totalmente equivocadas acerca deste importante assunto.
O fato é que o termo “avivamento” tem sido grotescamente mal entendido.
Nunca houve uma época em que a palavra “avivamento” precisasse ser mais
claramente definida como em nossa época. Por isso, não há como falarmos sobre
avivamento sem termos em mente o que é, de fato, avivamento bíblico e histórico! E
para clarear nossa mente, precisamos definir o que não é avivamento.

O QUE NÃO É AVIVAMENTO

Para definirmos o que não é avivamento, consideraremos cinco coisas que


mesmo não tendo forma ou aparência é confundida com avivamento. Vejamo-las:

Não é resultado da ação da igreja.

Avivamento não é uma ação isolada da igreja. A Igreja não é o agente que
promove ou faz o avivamento. “A Igreja não produz o vento do Espírito; ela só pode
1
içar suas velas em direção a esse vento” Por isso, os homens que almejam o

1
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar o
caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. P 27.

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avivamento jamais podem trazê-los por sua própria energia e vontade. Jamais pode
o homem, por mais piedoso, santo e dedicado a obra do Senhor, produzir vida nos
que dormem, porque o único Autor do avivamento é Deus. É Ele que soberanamente
e por sua livre graça derrama do seu Espírito Santo sobre o seu povo, e, Ele
somente!
Todavia, isso não anula a responsabilidade da Igreja. O avivamento jamais
virá, se a Igreja não buscar e preparar o caminho para a sua chegada. Isso não é
difícil de nós entendermos, é só lermos a Bíblia e a História da Igreja, e veremos que
só houve avivamento quando o povo se humilhou, orou, se santificou e se converteu
da impiedade para a piedade. Preparando, assim, o canal das águas do Espírito.
Foi assim que aconteceu com Esdras, Neemias, com os apóstolos no
Pentecostes; foi assim que aconteceu com os valdenses na França no século XII; na
Boemia; na Reforma no século XVI, com Lutero, Calvino, Zwinglio, com os morávios,
nos séculos XVII e XVIII, na Nova Inglaterra, com Jonathan Edwards, na Escócia e
País de Gales, com Finney e Moody.
Produzir avivamento é um ato de Deus, buscar e preparar o Caminho é um
ato da Igreja!

Não é emoção a flor da pele.

Muitos são os movimentos que, com base em emoções antropocêntricas,


dizem viver um verdadeiro avivamento. São grupos que descartam a teologia e sã
doutrina e dizem viver um avivamento fundamentado em sonhos e visões de
pessoas que dizem ser “espirituais”. Em cultos que são shows antropocêntricos.
Todavia avivamento não é mero emocionalismo ou mudança doutrinária. Pois o
genuíno avivamento está fundamentado na sã doutrina das Sagradas Escrituras.
Como bem disse o Rev. Hernandes Dias Lopes “o avivamento precisa estar dentro
das balizas da Bíblia e não dentro dos muros de revelações subjetivas, produto
muitas vezes da carne”.2

2
Ibid p. 28

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Avivamento sem doutrina é fogo de palha e não fogo do Espírito. O


avivamento está norteado pelas Sagradas Escrituras e não por experiências
humanas e antropocêntricas, ou seja, mero emocionalismo.

Não é o show das 19h 30min.

Muitos crentes confundem avivamento com forma de culto, onde todos em


uma liturgia e louvor animados, com coreografias, gingos, palmas, gritam aleluias e
dizem estar sentindo e até vendo a Deus e experimentando do fogo do Espírito,
todavia parece mais um fogo estranho perante o altar do Senhor.
Não estou aqui fazendo uma crítica aos irmãos pentecostais ou aos
neopentecostais.O que não creio é que avivamento seja sinônimo de culto e louvor
animado. Pois o louvor sem obediência e santidade é uma ofensa a Deus e barulho
aos Seus ouvidos. E Ele deixa bem claro isso quando diz: “afasta de mim o estrepito
dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas liras” (Amós 5:23).
Avivamento não é sinônimo de culto animado, mas de culto ungido.
Muitos cultos são pomposos e animados, um verdadeiro show das 19:30
horas, porém, não são ungidos. Todavia, Avivamento também não é sinônimo de
ortodoxia morta, há cultos solenes, mas sem vida. “Não há nada mais solene do que
um cadáver. Há cultos solenes, porém mortos”.3
Avivamento não é mudança da forma de cultuar, mas da forma de viver.

Não é manifestação de dons sem o fruto.

Muitas pessoas confundem o avivamento e até o limita a milagres, curas e


exorcismos, chegando a dizer que só há avivamento onde há uma constante
manifestação de dons carismáticos. Todavia, isso não é o cerne de avivamento,

3
Apud ibid p. 31

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“uma igreja pode ter todos os dons sem ser uma igreja avivada. O que caracteriza o
avivamento não são os dons do Espírito e sim os frutos do Espírito”. 4
E esta verdade é visível na Igreja de Corinto que era cheia de dons, mas
vazia do Espírito, a ponto do apóstolo Paulo considerá-la espiritualmente um “bebê”.
Uma igreja tão cheia de dons quanto de partidarismo, contendas, imoralidades. Uma
igreja carismática, entretanto, não tinha carisma nem simpatia de Deus.
No avivamento, a ênfase não está nos dons, mas sim no fruto do Espírito.
Nem sempre manifestação de dons carismáticos é sinônimo de avivamento. Há
muitas igrejas que tem muitos dons, mas poucos dotes divinos. Tem muitas
manifestações de dons, mas pouca manifestação de vida. Cheios de curas físicas,
mas pouca cura espiritual. Cheios de dons do Espírito, mas vazias do fruto do
Espírito. Avivamento não é manifestação de dons, porém, manifestação de uma nova
vida em Cristo.

Não é a última moda da igreja!

Muitos crentes vêem o avivamento como a onda e moda do momento,


como a mais nova e moderna inovação, confundindo avivamento com modismo ou
até mesmo o mais novo “vento de doutrina”. Lembro-me de que quando comecei a
estudar sobre avivamento muitos chegaram a dizer: “O Jailson está ficando
pentecostal”. O fato é que por ignorarem tal assunto o confundem com mais um
modismo pentecostal.
No dizer do Dr. Hernandes Dias Lopes, “os que assim pensam certamente não
estudam com critério a Bíblia, nem a história da Igreja”.5 Avivamento nunca foi nunca
será modismo, pois é uma verdade clara e incontestável na Bíblia Sagrada e na
Historia da Igreja. Basta olhar para os grandes avivamentos, na época de Ezequias,
Josias, Esdras, Neemias, com os apóstolos no Novo Testamento, bem como, outros
avivamentos já citados no item 1 deste capitulo. Avivamento não é a mais nova e

4
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar o
caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p.32.
5
Ibid e idem

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moderna inovação do momento, mas que o genuíno avivamento é algo alicerçado


nas Escrituras.
Vimos, então, o que não é avivamento, com o propósito de clarear a nossa
mente para definirmos o que é o genuíno avivamento bíblico e histórico.

DEFINIÇÕES DE AVIVAMENTO NO DECORRER DA HISTÓRIA

A melhor maneira de definirmos avivamento é entendendo como ele foi


compreendido na História da igreja. Por isso, deixaremos que as testemunhas
oculares o definam.
G. J. Morgan exprime-se dizendo que avivamento é: “despertar de novo na
6
humanidade a consciência de Deus, mediante a presença interior do Espírito Santo”
Arthur Wallis diz ser: “a intervenção divina no curso normal das coisas
espirituais. É Deus revelando-se ao homem, em solene santidade e irresistível
poder”.7
Joseph W. Kempe diz que avivamento é sinônimo de: “reanimar aquilo
8
que já tinha vida, mas que caiu no estado de declínio”.
D. M. Panton define ser: “o Espírito Santo enchendo um corpo preste a
tornar-se um cadáver”.9
O Dr. Martin Lloyd-Jones define como sendo: “dias de céu sobre a terra”10
Na ótica de David A. Womack, “avivamento é um estado espiritual no qual os
crentes se chegam mais perto de Deus, arrependem-se e purificam-se de acordo

6
Apud OLFORD, Stephen F. Um Grito por Reavivamento. Tradução de Jorge A . P . Rosa. Lisboa,
s/d, 1966. P. 17.
7
Idem p. 18
8
Idem e IBID
9
RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins.
Venda Nova, Editora Betânia, 1989. P 64.
10
LLOYD-JONES, Martyn. Avivamento. Tradução de Inge Kaenig. 2 ed. São Paulo, Publicações
Evangélicas Selecionadas, 1993. P. 108.

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com os padrões bíblicos de santidade, são cheios com o Espírito Santo, esperam e
experimentam manifestações sobrenaturais e cooperam juntos para glorificar a Deus,
identificar-se uns aos outros e evangelizam perdidos para Cristo”11
Avivamento é o despertar de Deus em nossas vidas para vivermos o
verdadeiro cristianismo, e sermos considerados, de fato, cristãos tais como os
discípulos em Antioquia.

SENTIDO BÍBLICO DA PALAVRA

A palavra “avivamento” não ocorre na Bíblia; o verbo “avivar” é empregado


apenas uma vez nas versões bíblicas em português (Hc. 3.2, RC, AR e ARA).
Biblicamente, a ideia da palavra avivamento vem do hebraico hy"x' “haya” e do
grego avnazaw “anazao”. Ambas significam literalmente “vindo os mortos de volta
à vida”
Em Hc 3:2, o profeta diz: “Senhor, ouvi falar da tua fama; tremo diante dos
teus atos, Senhor. Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras...” (NVI).
Esse clamor por parte do profeta é para que Deus realize novamente os mesmos
atos de maravilha do passado.
Em II Tm. 1.6, o apóstolo Paulo escrevendo ao jovem pastor Timóteo diz:
“[...] reavives o dom de Deus que há em ti...”. Reavives no original é avnazwpurei/n
“anadzopurein” que significa “reinflamar”, “reatiçar”, o fogo do zelo visto nos dons
espirituais pode apagar-se, ou pode tornar-se embotado e ineficaz, se alguém não
tem cuidado do serviço apropriado dos mesmos, renovando-se sempre na dedicação
a Cristo.
Apesar de não termos várias referências do termo avivamento, temos, por
inferência várias palavras que são quase sinônimas da palavra avivamento. Tais

11
Apud TRASK, Thomas E. (editor). O Pastor Pentecostal. Tradução de Luiz Aron de Macedo. Rio
de Janeiro, Casa Publicadora das Assembléias de Deus. 1999. P 243.

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como: “despertar”; “restaurar”; “vivificar”; (Ed. 1.5; Is. 51.9,17; Sl. 14.7; 19.7;
80.3,7,19; 119.25, 37, 40, 88, 107; 126.4).

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II - ESVASIANDO DE SI MESMO PARA ENCHER-SE DE DEUS

O pecado é o grande obstáculo do avivamento. Deus jamais derramou do seu


Espírito Santo onde o pecado subsiste, tanto de forma visível ou às escondidas no
meio da tenda. Onde o pecado é aceso, o Espírito é apagado.Onde o pecado opera,
Deus jamais opera. Onde o pecado vence, o povo perde. Onde o pecado é apenas
contemplado e nunca tratado, o povo é derrotado.
Isso não é uma ideia minha, é só lermos a Bíblia e a história dos avivamentos
que veremos que Deus só derramou do Seu Espírito quando o povo se humilhou,
agonizou e, convicto do seu pecado, se voltou ao Senhor. Ninguém jamais teve uma
Igreja viva, sem que primeiro morresse para o pecado. Ninguém jamais teve Aliança
com Deus, sem que primeiro se divorciasse do pecado.
Por isso, só há avivamento se houver uma
Ah! Se chorassem os nossos
profunda convicção de pecado. Só há avivamento, pecados diante do Senhor,
quando o povo abre suas tendas para que Deus como os judeus choram diante
do muro das lamentações.
arranque do fundo o pecado (Josué 7:22-25). Só
teremos tempo de alegria no Espírito, se estes forem precedidos de tempos de choro
e lamento. Ah! Se chorassem os nossos pecados diante do Senhor, como os judeus
choram diante do muro das lamentações.
Esdras ao ouvir o estado de abominação e pecado sem que se encontrava o
povo de Deus, rasgou a sua veste, seu manto e em um sinal de desespero e
humilhação e profunda convicção de pecado, arrancou os seus cabelos, tanto da
cabeça como da barba. E de joelhos dobrados diante do Senhor, orou dizendo: “Meu
Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus:
porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça e a nossa
culpa cresceu até aos Céus” (Ed 9:6).
Este deve ser o estado que devemos nos encontrar e o sentimento que
devemos ter diante do pecado, estado de profunda humilhação e sentimento de

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profunda vergonha. Devemos ver o pecado como Deus o vê e abominá-lo como


Deus o abomina.
William E. Allem, comentando sobre o avivamento da América, que começou
em 1735, com Jhonatan Edwards diz: “eles tinham profundas convicções do mal do
pecado e do perigo do estado de rebelião”.12
Jamais nos deleitaremos do avivamento, se seguirmos o ditado que diz: “Deus
é brasileiro” e queremos em tudo dar um “jeitinho” brasileiro. Jamais o veremos, se
não tratarmos o pecado como pecado, sem fazer distinção entre pecadinho e
pecadão. “Os sábios da igreja apontam „sete Pecados Capitais‟; porém, estão
enganados, todos os pecados são Capitais”.13 O pecado para Deus não tem
nenhuma distinção para quem peca, resta a vergonha e a humilhação.
Enquanto não tratarmos o nosso pecado com choro e sem hipocrisia, jamais
desfrutaremos do avivamento que traz alegria.
No dizer do profeta Joel, o que mais precisamos não de rasgar as nossas
vestes em sinal de humilhação hipócrita, mas o nosso coração. Eis as palavras do
Senhor que saíram dos Seus lábios: “Convertei-vos a mim de todo o coração; e isso
com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração e não as vossas
vestes, convertei-vos ao SENHOR vosso Deus...” (Joel 2:12, 13b).
O que precisamos não é de uma nova onda de louvor e animação, mas, sim,
de uma nova onda de choro e lamentações. O que precisamos não é de uma nova
emoção, mas, sim, de um novo coração.
Todos os dias de alegria no Espírito foram precedidos por tristeza no espírito.
Todos os dias de alegria pelo derramamento do maná celestial, foram precedidos por
dias de tristezas amargas, convicção do pecado carnal.
No despertamento de Mukti, na Índia, foi exatamente isso que aconteceu.
Pandita Ramabai dá seu testemunho dizendo que em um culto onde ele expunha
João 8, tal foi à atuação do Espírito Santo, que desde as crianças até as moças

12
ALLEN, E. William. História dos Avivamentos Religiosos. Tradução de Helcias Câmara. Rio de
Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1958. p. 24.
13
RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins.
Venda Nova, Editora Betânia, 1989.

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todas choravam amargamente, confessando seus pecados e tal era a convicção de


pecado, que com lágrimas clamavam a Deus por perdão e purificação de seus
pecados, e está foi a razão pela qual o avivamento pendurou por mais de um ano
sendo uma bênção aos crentes da Índia.14
Quando o grande teólogo e avivalista Jonathan Edwards pregou seu célebre
sermão “pecadores nas mãos de um Deus irado”, em 1741, o auditório gemia,
chorava, agarrava-se aos bancos e caía ao chão, em choro convulsivo, tamanha era
a convicção de seus pecados.
No avivamento no país de Gales, a Palavra de Deus era apresentada com tão
grande poder que muitos no mesmo lugar em que estavam, clamou a Deus em alta
voz pelo perdão, tamanha era a convicção de pecado.
No Despertamento na China, promovido por Deus por intermédio do Dr.
Jonathan, Goforth tamanha foi à convicção de pecado, que o povo, durante quatro
dias, em lágrimas, confessava e abandonava toda sorte de pecados. “O juiz local,
tendo lido o noticiário, ficou curioso e [foi] assistir a um dos cultos, em trajes civis, e
escutou a confissão de assassinatos, de roubos e de crimes de toda espécie. O seu
espanto foi sem limite, pois como ele depois afirmou, teria de bater naquelas
pessoas até quase matá-las para arrancar-lhe confissões como aquelas”.15 Os cultos
duravam horas e ainda havia dezenas de pessoas de lado de fora esperando para
fazer sua confissão.
Só há avivamento na igreja, quando há quebrantamento na vida. Enquanto a
igreja não se quebrantar, não se humilhar e não se conscientizar do gosto amargo do
pecado, não desfrutará dos favos de mel celeste.
Vivemos em uma época, onde alguns pecados são mais amigos, que inimigos.
Pecados de estimação que tiram de nós a unção. A igreja acha tudo normal. E
quando é questionada diz: “não tem nada a ver”. Quantos são os crentes envolvidos

14
Apud ALLEN, E. William. História dos Avivamentos Religiosos. Tradução de Helcias Câmara. Rio
de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1958
15
FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 77.

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com o jogo, e quando questionados dizem: “não tem nada a ver. Crente na verdade
não joga, faz uma „fezinha‟”.
Quantos crentes, para a nossa tristeza, têm se envolvido com sonegação de
impostos e outras infidelidades ao governo e, uma vez questionados, dizem: “o
homem que quis andar muito na linha, o trem pegou”.
Crentes que não têm o fogo do Espírito, mas têm o fogo na língua têm
incendiado as igrejas com a maledicência. E ainda dizem: “apenas sou sincero no
que penso”. Esses jamais entenderam o que Jesus diz em Mateus 7:1-5.
Quantos jovens que exaltam a Cristo durante o culto e quando saem da Casa
do Senhor, vão para casas mundanas, como boates, barzinhos, danceterias e os
pais ainda dizem: “É fase da juventude, logo, logo passa”.
O que precisamos na verdade é de sensibilidade para sentirmos o odor do
pecado. Precisamos não só de uma campanha nacional de evangelização, mas
também de uma campanha nacional de humilhação e confissão. Precisamos deixar
de trilhar pelo mangue do pecado para nadarmos nas águas do Espírito.Precisamos
sair das águas barrentas do mundanismo, e mergulharmos fundo nas águas claras
do Cristianismo.
Há um ditado na Bahia que diz: “macaco não olha pro seu próprio rabo”. Esse
ditado serve muito para nossas vidas, pois gostamos muito de olhar o que tem de
errado lá fora e nos esquecemos do que tem de errado dentro de nós.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, comentando sobre a vida do profeta Isaías
escreve: “Isaías, antes de ter uma visão da santidade e glória de Deus, proferiu uma
série de „ais‟ contra os gananciosos (Is. 5:8), beberrões (Is. 5:11), blasfemos (Is.
5:18,19), pervertidos morais (Is. 5:20), soberbos (Is. 5:20) e alcoólatras farristas e
inveterados (Is. 5:22). Entretanto, quando ele próprio se viu diante do trono do Deus
Todo Poderoso, olhou não para fora, mas para dentro, e exclamou: „...ai de mim!...‟
(Is. 6:5)”.16

16
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar
o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 45

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O clamor da nossa alma deve ser à semelhança de Isaías: “ai de mim! Estou
perdido!”. O avivamento não virá, enquanto não reconhecermos nossa
miserabilidade. Enquanto não nos esvaziarmos do pecado, Deus não nos encherá do
Seu Espírito. Vivemos em épocas de grande antropocentrismo humanista As
pessoas andam cheias de si e vazias de Deus. Pregadores que pregam sermões
antropocêntricos, de si para si, e retêm para si a glória que deveria ser de Deus. A
presença do orgulho é sinal visível da ausência do
O clamor da nossa alma
quebrantamento. Os cristãos do passado cantavam deve ser à semelhança de
um hino que dizia: “bem-aventurados aqueles que Isaías: “ai de mim! Estou
perdido!”.
de coração quebrantado, com profundo sentimento
choram seu pecado” (Ravenhill, 1989, p. 49). Deus não usa pessoas que não
estejam quebrantadas. PHD sem quebrantamento torna-se PHP: Pobre Homem
Perdido.
Pedro reconheceu sua pecaminosidade, quando recebeu Jesus no barco,
após o ter negado três vezes. E após receber o perdão e a graça de Deus, pregou o
seu primeiro sermão da história da Igreja: três mil pessoas se converteram no
avivamento do primeiro século.
Se quisermos o avivamento que vem do Céu, é mister muitas lágrimas,
humilhação e quebrantamento aqui na terra. Precisamos acertar nossas vidas com
Deus. Quando falo e escrevo isso não penso em ninguém mais, a não ser em mim
mesmo. Quando leio a Bíblia e a história dos avivamentos, sinto-me como Paulo
quando escreveu aos Romanos dizendo: “Desventurado homem que sou! Quem me
livrará do corpo desta morte!” (Rm 7:24).
Que a começar em mim, Deus renove a nossa sensibilidade com relação ao
pecado e nos dê forças para resisti-lo. Que a minha e a sua oração sejam como a do
grande avivalista Evam Roberts, no começo deste século: “Dobra-me Senhor!”. Que
diariamente clamemos ao Deus do avivamento: “Senhor, dobra a minha vida! Para a
Tua glória! Amém”.

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III – VIDA ABUNDANTE DE ORAÇÃO

Não há como falarmos de avivamento sem falar de vida abundante de Oração,


pois se lermos a Bíblia e a História da Igreja veremos que todo avivamento é
precedido de Oração. “As chuvas torrenciais do Espírito não caem sem que os
joelhos se dobrem”.17 Isso, porque, sempre que há avivamento e atos sobrenaturais
de Deus, há um ato natural da Igreja, chamado Oração.
E, para entendermos isso, é só lermos o livro de Atos apóstolos que veremos
que por traz do grande avivamento e dos atos sobrenaturais que aconteceram na
Igreja primitiva havia um ato natural chamado oração. Jonathan Edwards, o clássico
teólogo do avivamento entendendo esta verdade disse que: “Quando Deus tem algo
muito grande para realizar em favor da Igreja, o desejo dele é que esse ato seja
precedido de orações extraordinárias do seu povo”.18 Ele mesmo, antes de pregar o
seu famoso sermão “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, passou horas na
presença do Senhor. E quando pregou, suas ovelhas viram-se em um estado de
agonia e temor, tamanha era a unção das palavras que saíam dos seus lábios.
Não estou dizendo que Deus dependa de nós ou das nossas orações para
agir de forma sobrenatural no meio de seu povo. Já dissemos que Ele é soberano e
único Autor do avivamento, e quem age em nós para cumprir os seus propósitos. O
que quero dizer é que jamais trilharemos o caminho do avivamento a não ser de
joelhos e em Oração. O próprio Deus disse isso: “Se o meu povo, que se chama pelo
meu nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos,
então eu ouvirei dos céus perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2 Cr
7:14) Deus não sarará a nossa terra e nós não desfrutaremos do bálsamo de
Gileade, sem que primeiro nos humilhemos, oremos e busquemos a face do Senhor.

17
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar
o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 53
18
Apud ibid.

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19
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Por isso, não há avivamento sem vida abundante de oração. Jamais


desfrutaremos das chuvas torrenciais do Espírito enquanto, à semelhança de Esdras,
não rasgarmos as nossas vestes em sinal de humilhação e de joelhos clamarmos a
nosso Deus, pelo nosso povo (Esdras 9:5-15).
Jamais desfrutaremos da presença do Senhor enquanto, à semelhança de
Neemias, não chorarmos, lamentarmos e orarmos, dias e mais dias, ao Deus dos
Céus (Neemias 1:4). Jamais teremos uma Igreja Santa e Viva enquanto à
semelhança do profeta Habacuque, não nos alarmarmos com as declarações do
Senhor e clamarmos: “aviva a tua obra ó Senhor,...” (Hc. 3:2). Jamais desfrutaremos
das maravilhas do Senhor, enquanto não preservarmos diariamente unânimes no
templo do Senhor (Atos 2: 42,46). Jamais nos deleitaremos do avivamento do céu,
enquanto a oração não for prioridade na vida e na agenda da Igreja, aqui na terra!
O Dr. Chapman, entendendo esta verdade, diz: “Os avivamentos nascem na
Oração. Noites inteiras de oração, sempre foram seguidas de dias inteiros de
conquista de almas”.19
“Martinho Lutero não estava satisfeito com a religiosidade de seu tempo.
Sentia uma profunda necessidade de maior espiritualidade, e isso o levou a passar
mais tempo em oração quando era professor de Teologia na Universidade de
Wittemberg. Certo dia, no final de 1512, ele se trancou numa sala da torre do
Mosteiro Negro e ficou a orar sobre as verdades que estava descobrindo na Bíblia. E
foi após esse período de oração e estudo Bíblico, que surgiu a Reforma”.20
Em 1904, o avivamento no país de Gales começou em uma reunião de
oração, liderada por Evans Roberts, na pequena cidade de Lagour. Poucos meses
depois, o Espírito de Deus varreu o país. Deus fez maravilhas porque o povo se
curvou em oração.
Não foi diferente com o grande missionário David Brainerd: após dias e noites
de oração, agonia e suor nas frias selvas americanas, experimentou com abundância

19
Apud ALLEN, E. William. História dos Avivamentos Religiosos. Tradução de Helcias Câmara. Rio
de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1958. p. 67.
20
CHO, Paul Y. e MANZANO R. Whitney. Oração, a Chave do Avivamento. Tradução de Myriam
Talitha Lins. Venda Nova, Editora Betânia, 1986. p. 10.

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do derramamento do Espírito Santo sobre os índios pele-vermelhas. Jonathan


Edwards que conheceu David Brainerd de perto e testemunhou o avanço de sua
tuberculose a consumir o organismo de Brainerd (enquanto Jerusa, a filha dele e
noiva de Brainerd choravam) a seu respeito, mais tarde, escreveu: “Dou graças a
Deus porque, pela sua providência, Brainerd morreu em minha casa, pois assim
pude ouvir suas orações, presenciar sua dedicação, e me sentir edificado pelo
exemplo dele”.21
Certa vez, em uma convenção de sua Igreja na Inglaterra, Wesley perguntou:
“O que poderemos fazer para reavivar a obra do Senhor, nos locais onde ele está em
declínio?”. Em seguida, o próprio renomado evangelista respondeu sua própria
pergunta dizendo: “Todos os pregadores devem ler atentamente a biografia de David
Brainerd”.22 Homens como Payson, Robert Muray, William Carey, Jonallan Edwards
e outros que leram a História de Brainend foram ricamente inspirados pelo seu
grande exemplo, o qual embora estando doente, orava abundantemente e com
grande fervor. Continuaríamos a descorrer toda a História dos Avivamentos
veríamos que todo “avivamento sempre começa em resposta às fervorosas e
eficazes orações dos crentes espiritualmente avivados”.23
Os homens que foram usados por Deus nos grandes avivamentos da História,
foram homens de vida abundante de oração. George Fox nasceu em 1624.
Participou do avivamento na Inglaterra e declarou que o Senhor lhe dissera: “Se
apenas um homem ou mulher se decidisse, pelo seu poder, apresentar-se e vivesse
no mesmo espírito dos apóstolos e profetas, ele ou ela abalaria o país inteiro, num
raio de dez milhas em volta do mesmo”.24 Sobre George Fox, Willian Penn escreveu:

21
RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins.
Venda Nova, Editora Betânia, 1989. p. 79.
22
Apud ibid p. 79.

23
ALLEN, E. William. História dos Avivamentos Religiosos. Tradução de Helcias Câmara. Rio de
Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1958. p. 75.
24
Ibid p. 28

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21
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“Ele possui um extraordinário talento ao manusear as Escrituras. Mas acima de tudo,


era poderoso na Oração”.25
Richard Baxter foi um grande teólogo e um verdadeiro avivalista. Dizem que:
“as paredes do seu gabinete eram manchadas pelo bafo de suas orações. Por meio
dele, Deus fez grande obra em Kidderminster. O mesmo acontecia nas paredes do
quarto de John Flelcher. Jonatas Goforth, missionário chinês, em 1901, começou
sentir-se insatisfeito com o resultado do seu trabalho e isso o levou a estudar a
história dos avivamentos e ficou tal obcecado pelo assunto, e gastou tanto tempo em
oração, que sua esposa começou a pensar que sua mente não suportaria.
Charles Haddon Spurgeon um dos maiores pregadores que o mundo já viu,
conhecido como “O Príncipe dos Pregadores”, em uma autobiografia, revelou o
segredo do seu ministério; diz ele: “Quando cheguei à capela da rua de New Park,
era apenas um grupinho de gente a quem
primeiro pregava; mas não posso esquecer
Há pastores, que não passam
26
jamais o fervor com que eles oravam”. quinze minutos em oração
secreta; são homens que
O arcebispo Heighton orava tanto que gastam horas e horas
parecia viver ininterrupta meditação; Joseph preparando sermões, mas não
gastam minutos preparando o
Aleine levantava-se as quatro e orava até às oito coração.
horas. Somos informados de que o sol nunca
surgia no horizonte, na China, sem que Hudson Taylor não tivesse de joelhos. E
essa foi à razão pela qual foi ricamente abençoado por Deus, no interior da China. E,
assim, acontecia com todos os homens que foram usados por Deus nos grandes
avivamentos. Só teremos um despertar do Senhor, se restaurarmos o altar de oração
que se encontra em grandes ruínas. Por isso, é tempo de orarmos para o Senhor nos
despertar para oração!
Hoje, a ênfase está na contribuição e não na oração. Vivemos em tempos em
que os crentes andam ocupados demais para orar. Não há tempo para reuniões de
oração. Todavia, há tempo para as reuniões entre amigos, para reuniões entre

25
Apud ibid p. 28
26
Apud ibid p. 55

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22
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familiares, para reuniões dos esportistas, para reuniões nas praças de alimentação
dos shoppings. Porém, convidados a orar dizem: “Estou ocupado demais para
orar”.E isso não tem acontecido somente com os membros, mas também com os
líderes. Há pastores, que não passam quinze minutos em oração secreta; são
homens que gastam horas e horas preparando sermões, mas não gastam minutos
preparando o coração. Oswald Smith sobre isso escreveu: “Meu amigo, não trata
tanto de encontrarmos tempo, e, sim, de criarmos tempo”.27
Certa vez, conversando com um líder da Igreja lhe perguntei: Você ora antes
de pregar? Ele tranquilamente me respondeu: “Sim, eu oro. Toda vez que penteando
meu cabelo antes de ir para pregar na Igreja, peço a Deus que abençoe o culto e o
sermão”. Passam horas preparando-se para serem eruditos, mas apenas segundos
para serem pregadores. Essa é a razão pela qual temos muita erudição, mas pouca
unção. Muitas mentes brilhantes, mas poucos corações ungidos. Grandes sermões,
mas pequenas transformações. Sermões pregados a mentes que jamais descem aos
corações. Não há unção nos púlpitos, por isso não há ação nos bancos. E M. Bounds
diz: “Homens mortos pregam sermões mortos, e sermões mortos matam”.28 Sem
oração não há vida e sem vida não há cristianismo, pois servimos ao Cristo Vivo!
O que nossas Igrejas precisam não é de novos métodos, novos mecanismos,
mas, sim, velhas práticas e a principal delas é a prática da oração. A oração deve ser
algo primordial na agenda da Igreja. Em Seul, na Coréia do Sul, as reuniões de
oração diárias e de madrugada são lotadas. Enquanto muitos se levantam de
madrugada para cuidar de seus interesses e ganhar dinheiro, eles se levantam para
ganhar almas. “O seminarista que faltar a duas reuniões de oração de madrugada
durante o ano, não serve para ser pastor”.29 Para eles Deus e a oração são
prioridades na vida da Igreja.

27
SMITH, Oswald. Paixão pelas Almas. 27 ed. São Paulo, Editora Vida, 1996. p. 33.
28
Apud LOPES, Hernandes Dias. Piedade e Paixão: A vida do ministro e a vida do seu ministério.
São Paulo, Editora Candeia, 2002. 96 p. 38.
29
ibid p. 50

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John Piper comenta sobre a Igreja Coreana e diz:

“Nos últimos anos do século vinte, Jejum e Oração têm quase se tornado
sinônimo das Igrejas da Coréia do Sul. E há uma boa razão para isto. A
primeira Igreja Protestante foi plantada na Coréia em 1884. Cem anos depois
havia trinta mil Igrejas na Coréia. Uma média de trezentas novas Igrejas foram
plantadas a cada ano, nestes cem anos. No final do século vinte, os
evangélicos já representam cerca de trinta por cento da população. Deus tem
usado muitos meios para realizar essa grande obra. Entrementes, os meios
30
mais usados por Deus têm sido a Oração e o Jejum”.

“O pleno avivamento tarda”, porque a oração tem sido algo desprezível no


meio de nossas Igrejas e o jejum algo tido como arcaico. Não oramos nem jejuamos,
porque não temos fome por Deus.
John Piper sintetiza esta realidade assim: “Quanto mais profundamente você
anda com Cristo, mais faminto você se torna dEle ...”.31 Nos alimentamos do pão da
terra, mas não saboreamos do Pão do Céu. Nossos estômagos andam cheios de
iguarias, porém nossas vidas, vazias de Deus. Não somos famintos por Deus, por
isso não andamos com Ele. Se quisermos desfrutar do avivamento do céu, é mister
uma vida abundante de oração, aqui na terra. Precisamos orar para Deus nos
despertar para orar. Jamais teremos “Tempos de refrigério na presença do Senhor”,
sem que estes sejam precedidos por tempos de agonia, humilhação e súplica na
presença do Senhor.
Que nossa oração seja como a do profeta Habacuque: “Tenho ouvido, ó
Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado; Aviva a tua obra, ó Senhor, no
decorrer dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia” (Hc. 3.2).
Que Deus por sua Graça e Misericórdia avive Sua obra em nossas vidas.

30
Apud ibid p. 51
31
Apud ibid p. 56

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IV - VOLTANDO À PALAVRA E PREGANDO-A COM PODER

Como já dissemos, muitos confundem avivamento com mudança doutrinárias


baseadas em sonhos, visões e revelações extrabíblicas subjetivas, onde a doutrina é
descartada e as verdades bíblicas, esquecidas. Todavia, todo genuíno avivamento e
fundamentado na Bíblia e norteado na Palavra de Deus.
Avivamento, portanto, não é desvio para novas doutrinas, mas, volta às velhas
doutrinas bíblicas; Avivamento não é inovação e fuga da Palavra, mas restauração e
volta à Palavra.
Os avivamentos bíblicos sempre começaram com a Palavra. Quando o povo
reencontrou a Palavra, encontrou-se com o Deus da Palavra. Há vários relatos
bíblicos em que a Bíblia foi à fagulha inicial para as chamas do avivamento.
Se lermos II Crônicas caps. 34 e 35 veremos que o livro da Lei foi à base do
grande despertamento que abalou toda a nação judaica.
Nos tempos de Esdras e Neemias, a leitura pública da Palavra de Deus foi o
combustível que alimentou o fogo do poder de Deus que incendiou o Israel de Deus.
O grande avivamento apostólico em Jerusalém iniciou-se quando Pedro, cheio
do Espírito Santo, pregou com poder a Palavra de Deus, e, a partir daí, o Espírito
Santo varreu toda a Judéia.
No avivamento em Éfeso, que abalou os quatro cantos da Ásia Menor e
constrangeu o povo a abandonar a idolatria e voltar-se para o Senhor, teve como o
ponto de partida as Sagradas Escrituras. Sobre ele Lucas escreve: “Assim a Palavra
do Senhor crescia e prevalecia poderosamente” (At.19, 20).
Se lermos a História da Igreja, veremos que muitos avivamentos foram
logocêntricos: centrados na Palavra. Onde a Palavra arde no coração e é pregada
com unção, ali há o Espírito Santo e grande manifestação.
Um dos grandes avivamentos logocêntricos foi o de Savonarola, na cidade
italiana de Florença. Enquanto muitos desprezavam a Palavra de Deus, Savonarola
“desbruçava-se sobre a Bíblia, dia e noite, de modo que se dizia que ele a sabia de

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25
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cor, do princípio ao fim”.32 E quando subia ao púlpito para pregar, seu sermão
irrompia como um meteoro do céu, quando sua palavra ecoava, o rosto de todo
auditório branqueava, tamanho era o poder do Espírito Santo em suas palavras.
Outro grande despertamento logocêntricos foi o do século XVI, com Martinho
Lutero. O Dr. Pollich após assistir uma aula de Lutero disse: “Este monge
revolucionará todo ensino escolástico”.33 E foi o que aconteceu, não só na Europa,
mas em todo o mundo.
Mas que inovação fez Lutero? Nenhuma! Lutero não fez outra coisa senão
voltar à Palavra e colocá-la na língua do povo. E, pela primeira vez na história, a
Bíblia tornou-se propriedade do povo e o Evangelho, o poder de Deus para a
salvação.
João Calvino, após ler o sistema católico, chegou à seguinte conclusão: “Se
eu me voltar para a verdade que está contida nas Escrituras, não estaria voltando
para a Igreja? Não pode haver igreja onde a
verdade não esteja”.34 O avivamento não é inovação
O D.Martin Lloyd-Jones, comentando sobre doutrinária, mas, volta às
velhas doutrinas esquecidas.
a Reforma Protestante, diz que: “A maior lição que Não é fuga da Palavra, mas
a Reforma tem a nos ensinar é, justamente, o volta à Palavra. Não é
antropocentrismo, mas
segredo do sucesso na esfera da igreja e das logocentrismo!
coisas do Espírito Santo, é olhar para traz”. Lutero e Calvino, diz ele: “foram
descobrindo que estiveram redescobrindo o que Agostinho já tinha descoberto e que
eles tinham esquecido”.35
O avivamento não é inovação doutrinária, mas, volta às velhas doutrinas
esquecidas. Não é fuga da Palavra, mas volta à Palavra. Não é antropocentrismo,
mas logocentrismo! No despertamento na Escócia, no século XVI, John Knox,

32
FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro, Editoras
Livros Evangélicos, 1961, p. 77.
33
Apud ibid p.77
34
Apud ibid p.90, 91
35
Apud NETO, F. Solano Portela. A Mensagem da Reforma para os Dias de Hoje. In: MATOS,
Alderi Souza de; LOPES, Augustus Nicodemos. Fides Reformata. v.2, n.2. jul/dez, 1997. p.29.

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E-book - Avivamento: Realidade do passado necessidade do presente

grande pregador e erudito, voltou-se para as Em tempos de


Sagradas Escrituras e a pregou com tão grande avivamento, a Bíblia é
poder, que suas mensagens pareciam um balde
arrancada do liberalismo
e trazida de volta ao
de água gelada sobre o povo sonolento, de Cristianismo. É tirada do
modo que o povo, de olhos arregalados voltou- baú e colocada de volta
se para o Senhor, e tamanha foi à manifestação nos púlpitos...
do Senhor que ele mesmo declarou: “Se eu não
tivesse visto com meus próprios olhos e no meu próprio país, eu não o teria crido”.36
No avivamento no país de Gales, no século XVII, o riacho inicial que se tornou
uma grande Catarata de torrentes do Espírito, foi a idéia de Griffith Jones de ensinar
o povo a ler e estudar a Bíblia. Jones conseguiu fazer com que uma sociedade de
propagação do Evangelho vendesse, a preço mínimo, 30 mil exemplares da Bíblia.
Assim, um quarto da população aprendeu a ler e estudar a Bíblia. E a Palavra viva
trouxe vida ao país de Gales.
No grande movimento do Espírito Santo, entre os puritanos na Inglaterra,
no século XVII, lutaram por uma doutrina e uma Igreja pura, a Bíblia foi à brasa inicial
que, pois a Inglaterra e o mundo em chamas. E o que fizeram estes homens de
extraordinário? Nada, além de pregar, divulgar, viver, crer e praticar a Bíblia. E, até
hoje, sentimos o calor desse grande avivamento.
Nos grandes e poderosos avivamentos Bíblicos e históricos, a Palavra de
Deus teve um papel fundamental. Tognini diz que é “a Bíblia que nos desperta para
buscarmos a Deus, em poder, e nos mostra o caminho do poder do Espírito Santo”.37
Quando o povo volta à Palavra, de todo coração, o Espírito Santo é derramado com
tremenda unção!
Nossa geração não conhece o poder de Deus, porque é analfabeta da Bíblia;
os membros das igrejas são recebidos, mas não são instruídos; são animados, mas
não são ensinados. Certa vez, perguntaram a George Müller: “Qual é o segredo da
sua vida? Por que Deus opera tanto milagres, em respostas às suas orações?” Ao

36
Apud FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 92
37
TOGNINI, Eners. Avivamento Real. São Paulo, Editora Enéas Tognini,1969. p. 50.

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que ele respondeu: “É que eu conheço o meu Deus. Eu já li a minha velha Bíblia,
cem vezes, de joelhos”.38 No avivamento, a igreja não apenas lê a Palavra de Deus,
mas busca o Deus da Palavra; Não se contenta em saber sobre Deus, mas conhecer
a Deus. Não carrega a Bíblia só na mão, mas no coração.
Em tempos de avivamento, a Bíblia é arrancada do liberalismo e trazida de
volta ao Cristianismo. É tirada do baú e colocada de volta nos púlpitos; e então ela
age como espada que penetra (cf. Hb 4.12). Como fogo que queima e martelo que
despedaça (cf. Jr 23.29).
A igreja só experimentará “dias de céu sobre a terra” se voltar à Palavra e
pregá-la com poder. Charles G. Finny, após sua conversão, em 10 de outubro de
1821, revestido do poder do Espírito Santo, escreveu: “Imediatamente me vi dotado
de tal poder do alto que, com poucas palavras, proferidas, aqui e ali, vários
indivíduos foram levados por Deus à plena convicção de pecado! Minhas palavras
pareciam penetrar como flechas nas almas dos homens. Cortavam como uma
espada, despedaçavam os corações como um martelo”.39
O que a igreja precisa não é de novos métodos humanos, mas de velhos
homens de Deus. Vivemos em uma época de grandes palestrantes, mas de
pequenos pregadores. Há muita oratória, porém pouca oração. Há muita
performance, mas pouco poder. Há muitas palestras sobre livros do cristianismo,
todavia poucas pregações sobre Cristo. A igreja não precisa de pessoas cheias de
conhecimento, mas cheias de Deus. Pessoas vazias no púlpito geram bancos vazios
na igreja.
Michael diz ser esta “a era de sermõezinhos: e sermõezinhos fazem
cristãozinhos”.40 Charles Haddon Spurgeon diz que “no momento em que a igreja de
Deus menospreza o púlpito, Deus a desprezará”.41

38
Apud OPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 70.
39
Apud SMITH, Oswald. Paixão pelas Almas. 27 ed. São Paulo, Editora Vida, 1996. p. 43,44.

40
Apud EBY, David. Pregação Poderosa para o Crescimento da Igreja: O papel da pregação em
igrejas em crescimento. São Paulo, Editora Candeia, 2001. p. 38
41
Apud ibid p. 38

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Hoje, em muitas igrejas, a centralidade do culto não é mais a pregação, porém


na animação: o louvor, os teatros, as coreografias têm tomado o lugar do púlpito. Os
cultos têm sido mais antropocêntricos do que logocêntricos, muitos dos pregadores
pregam mais para massagear o ego do que para apontar o pecado. Pregam mais
para agradar a clientela do que a Deus.
A grande diferença entre muitos pregadores contemporâneos e os profetas do
Antigo Testamento, os pregadores contemporâneos agradam o povo, e os profetas
contradiziam o povo apontando o pecado. Muitos pastores contemporâneos usam
somente o cajado, os pastores do Antigo Testamento usavam o cajado, mas também
a vara.
C. H. Spurgeon aconselhava os seus
O que a igreja precisa não
alunos que apegassem a verdade e é de novos métodos
anunciassem todo o conselho de Deus, ao humanos, mas de velhos
homens de Deus. Vivemos
invés de cederem às pressões da época e
em uma época de grandes
agradarem aos seus ouvintes. E ensina: palestrantes, mas de
pequenos pregadores. Há
“Sinto-me na obrigação de dizer muita oratória, porém
que nosso objetivo não é agradar pouca oração. Há muita
a clientela, pregar para satisfazer
performance, mas pouco
a nossa época, acompanhar o
poder.
progresso moderno [...] Não procuraremos ajustar a nossa Bíblia a esta
época[...] Não vacilaremos; não seremos orientados pela congregação, mas
teremos o olhar fixo na Palavra infalível de Deus e pregaremos segundo as
42
suas instruções...”

A igreja e a pregação andam juntas, ou elas resistem ao secularismo ou


ambas caem juntas; no dizer do Dr. Martin Lloyd-Jones: “a mais urgente necessidade
da igreja cristã da atualidade é a pregação autêntica”.43

42
Apud ANGLADA, Paulo. Spurgeon e o Evangelicalismo Moderno. São Paulo, Editora Os
Puritanos, 1996. p. 31
43
EBY, David. Pregação Poderosa para o Crescimento da Igreja: O papel da pregação em igrejas
em crescimento. São Paulo, Editora Candeia, 2001. p. 37

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Se a igreja anseia por um avivamento, precisa voltar a um principio reformado


“Sola Scriptura”, e ao tempo dos apóstolos, quando a pregação não era por força ou
por métodos, porém, só pelo Espírito Santo.
Que nesses dias, Deus nos dê fome e sede por sua Palavra, e que possa
fender os céus e derramar do seu Espírito sobre nós, revestindo-nos de todo poder
para pregarmos o glorioso nome de Jesus!

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V – LONGE DO PECADO, PERTO DE DEUS.

Como já vimos, o grande obstáculo de avivamento é o pecado. Nada nos


separa de Deus, senão o pecado. Por isso, a igreja jamais será avivada, se primeiro
não for santificada. Deus não derrama das torrentes do seu Espírito em vasos que
não estejam limpos e puros. Ao lermos a História Bíblica, vemos que Deus só refez a
aliança com seu povo, quando esse se divorciou do pecado. A principal mensagem
não é outra senão “santificai-vos porque amanhã Deus fará maravilhas entre vós!”
(cf. Js 7.10-15).
A santidade é o caminho da comunhão com Deus; por isso é o caminho do
avivamento. O Espírito Santo sempre é derramado sobre homens santos. No tempo
de Ezequias, só houve tempos de “grandes alegrias em Jerusalém”, quando toda
congregação de Israel se santificou e consagrou sua vida inteiramente ao Senhor (cf.
2Cr 30.13-26).
A chuva torrencial do Espírito só foi derramada sobre o povo de Israel, no
tempo de Esdras e Neemias, quando este se divorciou do pecado, e em santidade
de vida restabeleceu sua aliança com o Senhor.
Em Joel 2.28 a, o profeta diz: “E, depois disso derramarei do meu Espírito
sobre todos os povos”. O derramamento do Espírito não vem antes, mas depois.
Entretanto, depois do quê? Os versículos anteriores nos respondem a esta pergunta,
quando o profeta diz: “Rasgai o vosso coração, e não as vossa vestes e convertei-
vos ao Senhor nosso Deus [...] tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum,
proclamai uma assembléia solene. Congregai o povo, santificai a congregação...” (cf.
Jl 2.13-16). O derramamento do Espírito Santo não acontece antes; mas depois; só
depois que seu povo arrepende-se do pecado e com vestes santas volta-se para o
Senhor.
Só depois que a igreja seguir rumo à santificação, receberá de Deus a
unção. Orar por avivamento sem querer ter vida santa é ofender a santidade de
Deus. Se lermos, atentamente, a historia dos avivamentos, veremos que o Espírito

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E-book - Avivamento: Realidade do passado necessidade do presente

Santo foi sempre derramado sobre vasos santos. Os grandes homens usados por
Deus nos avivamentos foram homens piedosos, consagrados e santos. Martinho
Lutero, mesmo quando monge era um exemplo de piedade para todos e não
encontrava descanso para sua alma que aborrecia o pecado. E esse santo homem
de Deus foi usado por Deus para abalar a Igreja e o mundo!
Sobre o grande avivalista Savanarola, que foi usado por Deus para
incendiar a cidade de Florença, no século XV, Fischer escreve: “O mundo dos
prazeres e do pecado nunca se constituiu atração para Savanarola, mesmo em sua
juventude”.44 Este jovem solitário passava horas na presença do Senhor orando:
“Senhor, faze-me conhecer o caminho que minha alma deve trilhar”. 45 Este santo
homem de Deus foi mártir por não abrir mão de uma vida de piedade, por não
negociar o inegociável que era sua vida santa diante de Deus; e quando a corda foi
posta ao redor do seu pescoço, suas últimas palavras foram: “O Senhor sofreu tanto
quanto isto por mim”.46 Homens santos sempre foram usados pelo Espírito Santo.
O D. M. Loyd-Jones, comentando sobre o pequeno movimento, que
começou em Oxford, conhecido como o “Clube dos Santos”, e alcançou o mundo,
escreve:

“Que aconteceu com eles? O que aconteceu com os irmãos Wesley, com
Whitefielde e os outros que se reuniram com eles? Foi apenas isto – eles
disseram: „sim, a igreja Cristã ainda é a Igreja Cristã, todavia ela é muito
indigna e pecaminosa. A pessoa não está prestando atenção aos
mandamentos de Deus e a vida como é apresentada no Novo Testamento.
Isto está errado, precisamos nos dedicar à santidade, precisamos nos
purificar‟. Eles talvez tenham ido longe demais, tornado-se um pouco
legalistas, todavia estabeleceram regras e regulamento a respeito de como
deviam viver. Por isso foram chamados metodistas. Disseram: „Devemos
reunir para estudar as Escrituras juntos, precisamos orar juntos, e devíamos

44
FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 77.
45
Apud ibid 77
46
Apud ibid 77

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E-book - Avivamento: Realidade do passado necessidade do presente

viver de forma metódica em todas as coisas. Metodistas! Sim, no entanto, o


47
que estavam buscando era santidade”.

Em todos os avivamentos, Deus sempre usou homens em que a primeira


preocupação é ser santo como Ele o é. Homens que queiram morrer totalmente para
o pecado e viver vida santa, totalmente devota a Ele.

O grande avivalista David Brainerd escreveu em seu diário:

“Meus desejos parecem ser especialmente no sentido de me alongar do


mundo, e de morrer inteiramente para ele, e de ser crucificado para suas
atrações [...] Oh! Quanto desejo a santidade! Quanto quero mais de Deus em
minha alma! Oh! Esta dor agradável! Ela faz com que minha alma anseie
48
ainda mais por Deus”.

Schalkewijk sobre isso disse: “O fato é que o avivamento real procura maior
santificação em todos os setores da vida, começando pelo individual. Faltando essa
característica essencial, o avivamento não passa de emoção litúrgica”.49
Não temos uma igreja viva, porque não morrermos totalmente para o pecado.
Não temos a plenitude do Espírito Santo, porque não somos santos. Não temos
unção porque nos falta comunhão com o Deus da unção. Lemos e relemos o livro de
Atos, mas não temos os atos dos apóstolos.
O grande pregador e escritor Ravenhill disse que “a maior vergonha dos
nossos dias é que a santidade que apregoamos é anulada pela impiedade do nosso

47
LLOYD-JONES, Martyn. Avivamento. Tradução de Inge Kaenig. 2 ed. São Paulo, Publicações
Evangélicas Selecionadas, 1993. p. 73
48
Apud SMITH, Oswald J. David Brainerd: sua mensagem para os nossos dias.Tradução de
Waldemar W. Wey. Belo Horizonte, Edições Renovação Espiritual, 1961. p. 40,45.
49
SCHALKWIJK, Frans Leonard. Aprendendo da História dos Avivamentos. In: LOPES; Augustus
Nicodemus; MATOS, Alderi de Souza. Fides Reformata. São Paulo, v.2 , n. 2. jul/dez, 1997. p.67.

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viver”.50 Há uma dicotomia entre o que a igreja


A igreja tem a cruz na
prega e o que a igreja vive. Muitos crentes não
torre, mas não tem Cristo
vivem o que pregam e nem pregam o que vive. na vida. Temos a cruz no
O Rev. Hernandes Dias Lopes, quando peito, mas não temos
conheceu os crente de Kwa Sizabantu, na África Cristo em nosso coração.
Vivemos como cristãos,
do Sul, ouviu deles próprios: “Aqui vive-se o que mas não vivemos como
se prega e prega-se o que se vive”.51 Cristo.
Infelizmente em nossas igrejas muitos crentes
pregam cenas diante do povo, que não vivem na vida real diante de Deus; têm forma
de piedade, mas conteúdo de ímpio; são como Naamã, bem vestidos e heróis, por
fora, mas leprosos por dentro. O grande problema dos nossos dias é que a Igreja
tem o rótulo do cristianismo, mas pouco conteúdo de Cristo. Estão perto da igreja de
Cristo, mas longe da vida de Cristo.
O professor Hugh Black, no seu “Serviço de amor de Cristo”, diz:‟ “Uma
jovem judia, que é agora Cristã, pediu a certo senhor que lhe havia dado instruções a
respeito do Evangelho, que lesse com ela a história. Porque, disse ela, tenho lido os
Evangelhos e estou perplexa. Quero saber quando os cristãos deixaram de ser tão
diferentes de Cristo”.52
A igreja tem a cruz na torre, mas não tem Cristo na vida. Temos a cruz no
peito, mas não temos Cristo em nosso coração. Vivemos como cristãos, mas não
vivemos como Cristo. Quando certos evangelistas da Índia foram evangelizar o
grande líder indiano Mahatma Gandhi, ouviram dele as seguintes palavras: “No
vosso Cristo eu creio eu só não creio é no vosso Cristianismo”.53

50
RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins.
Venda Nova, Editora Betânia, 1989.

51
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar
o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 71.
52
Apud FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 27.
53
Apud LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 73, 73.

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O apóstolo João escreveu que “aquele que diz que permanece nele [em
Cristo], esse deve também andar assim como ele andou” (I Jo 2.16). A necessidade
de nossos dias não é somente ganhar adeptos para Cristo, mas vivermos como
adeptos de Cristo. Não é de vivermos dentro do Cristianismo, porem vivermos como
Cristo. Não é de miraculosas manifestações do Espírito Santo, mas de um viver
santo.
Vivemos em dias em que se busca mais a bênção de Deus, do que o Deus da
benção. Busca-se mais o que traz felicidade, que santidade. Mais o que traz
prosperidade, do que santidade. O evangelho tem cada vez se barateando; a ponto
de vivermos em uma época de evangelho “light”; talvez essa seja a razão pela qual
estamos vazios e magros de Deus, e gordos de pecado.
A igreja não precisa ser como o mundo para ganhar o mundo. O Senhor Jesus
disse que a igreja deve estar no mundo, porém ela não é do mundo (cf. Jo.17.14-
16).O navio foi feito para andar nas águas, mas se as águas entram no navio há um
naufrágio e tudo está perdido. A igreja foi feita para estar no mundo, mais se o
mundo entrar na igreja tudo está perdido. Se quisermos um avivamento, precisamos
de uma Igreja santa, em um mundo profano. A santidade é o caminho da intimidade
com Deus e da plenitude do seu Espírito; por isso é o caminho do avivamento.
João Batista exprimiu esta idéia em Lucas 3. 4-6. Quando nos desafio
dizendo: “preparai o Caminho do Senhor”. Devemos ser um meio de acesso a
Cristo, através do qual ele possa revelar-se. Temos que ser ponte de passagem para
Cristo, e não abismo que impede as pessoas de vê-lo.
O que significa “preparar o caminho do Senhor?”. Aqui temos de forma
implícita o roteiro e o preço do avivamento.
Se quisermos que Deus se manifeste, precisamos endireitar o caminho.
Endireitar significa “retirar os obstáculos”. Se quisermos avivamento, é preciso retirar
as pedras e tocos que há no caminho. O arado de Deus não passará sobre nosso
lote, plantando as sementes do avivamento, sem que o terreno esteja plano.
Enquanto o caminho estiver tortuoso e não for endireitado, não haverá como a
esperança do Senhor se manifestar.

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Precisamos ainda aplanar os caminhos escabrosos. A palavra “escabroso”


significa “tomar as camadas descontínuas” ou pô-los “fora do lugar”. Se queremos
um avivamento, precisamos aplanar a nossa vida e colocá-la no devido lugar. Muitos
crentes acham-se fora do lugar, fora do centro da vontade Deus. Como Jonas,
tentam fugir de Deus. Como Adão, tentam esconder-se de Deus. Como Ananias,
mentem para Deus. Como Acã, escondem seus pecados. Como Sansão, envolvem-
se emocional e sentimentalmente fora de vontade Deus. Como Esaú, são impuros e
profanos. Tais crentes não estão no devido lugar, e por isso são obstáculos à
chegada do avivamento.54
Quando a igreja se santifica e prepara o Caminho do Senhor, Deus se
manifesta; quando ele se revela, toda carne vê a Salvação de Deus! Que sejamos a
igreja santa e viva do Deus vivo!

54
Cf. LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p.

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VI – FRUTOS DO AVIVAMENTO

Quando Deus fende os céus e desse, com grande poder, os montes tremem
na Sua presença (cf. Is 64.1). Quando o fogo inflama os gravetos, quando faz ferver
as águas, para fazer conhecido seu nome as nações tremem (cf. Is 64.2). Quando as
chuvas torrenciais do Espírito regam as sementes do avivamento plantadas pela
igreja, produz frutos em abundância. Vejamos alguns deles:

PURIFICAÇÃO DA IGREJA

Sempre que a igreja é avivada é também purificada. Quando as chuvas


torrenciais do Espírito deságuam sobre o povo de Deus lavam todas as impurezas da
igreja. Os prazeres mundanos são abandonados e os pecados são confessados e
deixados.
No despertamento entre o povo de Deus, no tempo de Esdras e Neemias, a
manifestação de Deus trouxe purificação ao seu povo. O pecado que antes era
amado passou a ser odiado; a impureza que outrora prevalecia agora não mais
existia; os casamentos mistos que os afastava de Deus deram lugar para o divórcio
que os trouxeram de volta para Deus; o dia do Senhor que estava esquecido e
abandonado foi restaurado e observado. O povo que trilhava nos caminhos da
impureza mudou de rota e voltou ao caminho da pureza.
Sempre que o fogo do Espirito desce sobre a igreja as impurezas viram
cinzas e a igreja torna-se uma brasa viva. Quando o Espirito Santo desceu sobre os
puritanos na Inglaterra as palhas da impureza foi consumida restando apenas
gravetos verdes e puros. E purificada, a igreja foi sal para a sociedade e luz para o
mundo.
Antes do avivamento americano do séc. XVIII, a impureza era algo notório no
meio do povo de Deus. No púlpito havia homens que não eram convertidos, e nos

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bancos membros que não eram regenerados. A Bíblia não era regra de fé e prática,
e a igreja era impura e mundana. Jonathan Edwards, escrevendo sobre a sua própria
paróquia, disse está vivendo em uma época de extraordinária sonolência religiosa; a
licenciosidade prevalecia grandemente, entre a juventude, as práticas mundanas e
impuras eram visíveis e normais.55 Todavia, quando o Espírito avivador desceu sobre
a igreja, os inconversos foram convertidos; os impuros foram purificados; a
licenciosidade deu lugar à santidade; a igreja que vivia em densas trevas, passou a
viver em clara luz. O fogo do Espírito sempre sapeca o mundanismo e purifica a
igreja.
Vivemos em uma época em que o vírus do mundo tem adentrado à igreja e
contaminado o “corpo de Cristo”. A igreja, noiva do Senhor, tem praticado adultério
com o mundo. O conformismo, o secularismo, o liberalismo, o subcristianismo e uma
série de “ismos” têm levado nossas igrejas há um vale de ossos secos.
Precisamos clamar a Deus que derrame fogo purificador sobre nossas
igrejas; que fenda os céus e derrame chuvas serôdias do Espírito, que inunde e lave
nossas igrejas, tornando-nos um povo santo, como Ele é santo.

PAIXÃO PELAS ALMAS PERDIDAS

Todas as ocasiões em que Deus derramou do Seu Espírito, a igreja


experimentou uma profunda paixão por Deus e pelas almas perdidas; o avivamento
sempre deságua em evangelização; sempre se transforma em uma cachoeira de
missões transculturais. No avivamento, a igreja entende que a tarefa da
evangelização é uma tarefa sua e não de anjos.
Quando o Espírito Santo é derramado, a visão de Deus passa a ser a visão
da igreja e o mundo passa a ser a sua paróquia; no avivamento, os que são
alcançados e trazidos aos celeiros, logo são enviados e levados aos campos.

55
Cf. FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961

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Foi o avivamento que moveu o atleta campeão de Londres, Charles Studd a


renunciar a gloria e a riqueza e a partir para a China, Índia, e África, e fazer ardente
declaração: “se Jesus Cristo é Deus e ele deu a sua vida por mim, então nenhum
56
sacrifício é demasiadamente grande que eu não possa fazer por amor a ele”.
No avivamento no país de Gales, em 1904, Evam Roberts, após ter orado
abundantemente com lágrimas e suor, pedindo a Deus um avivamento, foi tomado
de uma profunda paixão pelas almas e escreve:

“Daquele dia em diante, a salvação das almas se tornou a grande paixão do


meu coração. A partir daquele dia, incendiava-me o desejo de atravessar todo
país de Gales e, se possível, estava disposto a pagar a Deus pelo privilegio de
57
trabalhar para Ele”.

Em tempos de avivamento a igreja compreende o que Paulo diz aos Rm. 1.4:
“pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a
ignorantes”.
Quando a igreja é despertada, entende que a evangelização não é uma
opção, mas uma obrigação; entende que “todo coração com Cristo é um missionário;
[e] todo coração sem Cristo é um campo missionário”.58 Entende que não é uma
questão de querer, mas de dever. Quando a igreja é inundada pelas águas do
Espírito, a evangelização deixa de ser um peso e torna-se um privilégio.
O grande avivalista David Brainerd, após experimentar o avivamento celeste
e dedicar-se totalmente sua vida nas selvas frias do Estados Unidos, entre os índios
peles vermelhas, escreveu a seu irmãos dizendo: “agora que estou a morrer, declaro
que não gastaria minha vida por todo o mundo de outra maneira”.59

56
Apud LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p.96.
57
Apud SMITH, Oswald. Paixão pelas Almas. 27 ed. São Paulo, Editora Vida, 1996. p. 49.
58
Apud LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 93.
59
Apud SMITH, Oswald J. David Brainerd: sua mensagem para os nossos dias.Tradução de
Waldemar W. Wey. Belo Horizonte, Edições Renovação Espiritual, 1961. p. 9.

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Os avivamentos americanos, conhecidos como “segundo grande


despertamento”, resultou em uma grande paixão por Deus e pelas almas perdidas.
Como fruto deste avivamento, o ainda então seminarista Ashbel Green Simonton,
após ouvir um sermão de seu professor de teologia sistemática Charles Hodge, no
seminário de Princeton, foi tomado de uma grande paixão pelas almas perdidas, e,
depois de ser ordenado, veio parar na seara chamada Brasil, e tornou-se um dos
desbravadores do protestantismo e o fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Todo avivamento resulta em uma profunda paixão pelas almas perdidas.
Precisamos de um avivamento que inflame a igreja e que a encha de paixão pelas
almas perdidas; que a tire das quatro paredes e levando-a aos quatros cantos do
mundo.Que Deus nos avive para esta obra tão gloriosa!

CRESCIMENTO NUMÉRICO

Os maiores índices de crescimento da igreja deram-se nos tempos de


visitação de Deus; os frutos mais duradouros são aqueles colhidos nos tempos de
avivamento; toda vez que o Espírito é derramado há um crescimento qualitativo e
Deus dá o crescimento quantitativo. Quando o Espírito Santo põe fogo na igreja, a
seara fica em chamas.
No avivamento, Deus acrescenta, dia a dia, os que vão sendo salvos (Cf. At.
2.47). Este crescimento extraordinário é visto na igreja apostólica e delineado no livro
de Atos. Primeiro, eram 120 discípulos (Cf. At. 1.15); após o primeiro sermão de
Pedro, o número passou para quase três mil (Cf. At. 2.41); logo após, o rol de
membros subiu para 5000 (Cf. At. 4.4); tempos depois, a igreja foi multiplicada e se
espalhou para além de Jerusalém, pela Judéia, Galiléia, Samaria e por todos os
confins da terra (Cf. At. 6.17; 9.31; 16.5).
No derramamento do Espírito Santo, na história extrabíblica, não foi
diferente; o grande avivalista John Wesley, após percorrer 401 mil quilômetros, na
maioria a cavalo, pregar quarenta mil sermões, às vezes, para 120 mil pessoas, e
abalar três reinos, morreu e deixou 300 pregadores itinerantes e mil locais para
cuidar de sua comunidade, formada por 120 mil membros reconhecidos.

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No despertamento no país de Gales, no séc. XVIII milhares foram


alcançados pela graça de Deus e deixaram o mundo profano para agregar-se à
Igreja Santa; o senhor Rowlands que o presenciou afirma: “vi aproximadamente 10
60
mil pessoas, reunidas às sete horas da manhã, vindas de diferentes lugares ...”
Todas as vezes que a semente do avivamento é plantada em terreno plano e
regada pelas chuvas torrenciais do Espírito Santo produz fruto em abundância. Foi
isto que aconteceu no avivamento que abalou os Estados Unidos, no séc. XVIII e
início do séc. XIX; em 1800, a Igreja Presbiteriana Americana, contava com 108
pastores; 450 igrejas e cerca de 120 mil membros. Trinta e sete anos depois, ela já
contava com 2140 pastores, quase 3000 igrejas, e 220 mil membros. Trinta e sete
anos de trabalho no Espírito valem mais do que cem anos de trabalho na carne.
Quando a avivada igreja deixa de ser campo missionário e torna-se um
celeiro de missionários; sempre que há derramamento da graça, há inúmeros salvos
pela graça. Quando o avivamento vem os sedentos bebem da fonte da água viva que
é Jesus.
Que esses frutos produzidos na história sejam reproduzidos hoje, em nossas
igrejas na busca por um avivamento.

TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE

O mundo nunca é o mesmo após um avivamento; toda vez que Deus sacode
(desperta) a Igreja abala o mundo; toda vez que o povo de Deus é despertado, o
mundo é transformado. O Dr. F. B. Meyer disse certa vez: “nunca houve um grande
avivamento sem reformas sociais e políticas”.61
No século XVI, o mundo foi abalado pela Reforma e Genebra transformada
por Calvino. Genebra era uma das cidades mais tormentosas da Europa; seu

60
Apud FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 109.
61
Apud OLFORD, Stephen F. Um Grito por Reavivamento. Tradução de Jorge A . P . Rosa. Lisboa,
s/d, 1966. P 73.

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governo era dividido e havia uma grande briga pelo poder; nas ruas, o pecado e a
violência dominavam o povo. Entretanto, Calvino foi usado por Deus no avivamento
suíço. A Reforma atinge, não só a igreja, mas também a sociedade! E foi as grandes
visões administrativas, eclesiásticas e sociais de Calvino, com a graça de Deus, que
fez com que Genebra se tornasse uma cidade única na Europa; sobre Genebra
Fischer afirma: “O distintivo que Calvino conseguiu lhe dar parece incrível”. 62 E, após
séculos, permanece como centro de cultura e progresso. Todo avivamento traz
mudanças culturais e sociais.
Quando o avivamento vem, a Igreja é vivificada e a sociedade restaurada. No
avivamento britânico, em 1739, a Inglaterra caminhava para o caos, os piores vícios
prevaleciam. A bebida era algo tão comum que os embriagados viviam mais nos
bares do que nos lares; tamanha era a criminalidade que não podiam andar nas
ruas, à noite. Todavia, quando Deus derramou do Seu Espírito sobre os Wesleys e
Whitfield, a Inglaterra mudou sua rotina; os bêbados deixaram os bares e voltaram
para os lares;os escravos tornaram-se cidadãos, os marginais voltaram ao convívio
social. A sociedade que estava em ruínas foi reformada por Deus. Sobre este
período o historiador Samuel Green disse: “Toda a maneira de ser do povo inglês se
modificou”.63
A Inglaterra nunca mais foi à mesma depois da manifestação de Deus.
Quando a igreja é avivada, a sociedade é impactada. No grande
despertamento no país de Gales, em 1904, os bares fecharam porque não havia
mais alcoólatras; os teatros pararam porque não havia mais expectadores; as casas
de jogos faliram, porque não havia mais quem jogasse. A nação profana passou a
ser uma nação cujo Deus era o Senhor.
Ah! Como precisamos de um avivamento do céu, que transforme nossa
sociedade. Nossa nação está doente, infectada com amarga miséria; as crianças
então abandonadas e famintas; os ricos, cada vez mais ricos, e robustos; os valores

62
FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, P.92.
63
Apud OLFORD, Stephen F. Um Grito por Reavivamento. Tradução de Jorge A . P . Rosa. Lisboa,
s/d, 1966. p. 74.

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E-book - Avivamento: Realidade do passado necessidade do presente

imorais são tidos como valores legais; o homossexualismo não é mais motivo de
escândalo e o adultério é motivo de orgulho; a violência é maior que as autoridades;
a televisão com seus valores imorais é mestra, que educa o povo.
Isso é motivo para não cessarmos de clamar a Deus, para que o mesmo
abale a igreja e transforme nossa pátria, e nos faça um povo onde Ele seja o Senhor.

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CONCLUSÃO

Agora que chegamos juntos ao fim deste trabalho, esperamos ter lançado luz
sobre o importante assunto abordado, a ponto de podermos discernir quem é o autor
do avivamento e o que é e o que não é obra do Espírito Santo. Pois a falta desse
discernimento pode nos levar à imaturidade e até mesmo ao desvio das verdades
bíblicas. Pois na busca de um avivamento jamais podemos separá-lo de uma sólida
base bíblica. “Os grandes avivamentos aconteceram dentro das balizas da
Reforma”.64 E que jamais podemos buscá-lo dentro da ortodoxia sem ortopraxia.
Muitos crentes, por ignorarem essas verdades têm confundido fogo do
Espírito, com fogo de palha; Sopro do Espírito com vento produzido com os métodos
humanos; ação espiritual, com ação carnal. Isso tem desviado a igreja na busca do
verdadeiro avivamento.
Na busca do avivamento precisamos entender ainda que ele jamais ocorre
por parte do povo de Deus sem um profundo quebrantamento e uma intensa vida de
oração. Nos grandes avivamentos, Deus sempre usou vasos limpos e vidas ungidas.
Se a igreja anseia por “dias de céus sobre a terra”, precisa preparar o
caminho, precisa arrancar os tocos dos pecados e as pedras da iniqüidade para que
o arado de Deus are a terra e plante a semente do avivamento, que regada pela
chuva do Espírito dará fruto em abundância.
Precisamos clamar a Deus para que Ele intervenha em nossas igrejas,
transformando nossas vidas e caráter, nossas famílias e negócios, nossa grande
piedade em uma profunda piedade, nossa vida de falsidade, em uma vida de
santidade. Precisamos de um avivamento que abale as nossas igrejas, fazendo-nos

64
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar
o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 108.

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um povo vivo e santo e transforme nossa sociedade, fazendo de nós uma nação
justa, próspera, cujo Deus Soberano seja o Senhor. A Deus toda a glória!

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BIBLIOGRAFIA

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STEWART, James Alexandre. Quando Desceu o Espírito: A história de Evans


Roberts e o reavivamento no país de Gales. Tradução de Waldemar W. Wey. Belo
Horizonte, Editora Renovação Espiritual, [1966].100 pp.

TOGNINI, Eners. Avivamento Real. São Paulo, Editora Enéas Tognini,1969. 58 pp.

TRASK, Thomas E. (editor). O Pastor Pentecostal. Tradução de Luiz Aron de


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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENSIE. Apresentação de Trabalhos


Acadêmicos: guia para alunos. São Paulo: Editora Mackenzie, 2001.

Revistas:

SCHALKWIJK, Frans Leonard. Aprendendo da História dos Avivamentos. In: LOPES;


Augustus Nicodemus; MATOS, Alderi de Souza. Fides Reformata. São Paulo, v.2 , n.
2. jul/dez, 1997. p.61-68.

NETO, F. Solano Portela. A Mensagem da Reforma para os Dias de Hoje. In:


MATOS, Alderi Souza de; LOPES, Augustus Nicodemos. Fides Reformata. v.2, n.2.
jul/dez, 1997. p.22-34.

Jailson Jesus dos Santos – www.jailsonipb.blogspot.com

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