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404nOtF0und ANO 3, VOL 1, N.

33· outubro/2003

ISSN 1676-2916
Publicação do Ciberpesquisa - Centro de Estudos e Pesquisas em Cibercultura

http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/404nOtF0und

Editor: André Lemos


Editor Assistente: Cláudio Manoel

APONTAMENTOS EM CIBERPOLÍTICA
A Internet e suas possibilidades democráticas

Francisco Paulo Jamil Almeida Marques1

Resumo:
O texto visa argumentar sobre as mudanças que ocorrem no cenário político contemporâneo devido, entre outros elementos, às tecnologias, à globalização, ao enfraquecimento das fronteiras e
Estados nacionais, à mobilização civil e, sobretudo, a mudanças tecnocomunicacionais que reforçam a ação dos chamados “ novos movimentos sociais “ . O cerne des te trabalho bas ei a-se na
tentativa de analisar como as novas tecnologias podem inserir um ingrediente inédito na comunicação e democracia contemporâneas, interferindo nas ações evidenciadas nos espaços públicos e
esferas tradicionais/institucionais do debate político.

Palavras-chave
Comunicação - Internet - Democracia - Esfera Pública - Cidadania

1. Contextualização

Somos a vanguarda no convívio efetivo com tecnologias a exemplo do computador, palm tops e celulares. Quando vamos ao banco, compramos no cartão de crédito ou mesmo ao assistir ao
telejornal da noite, presenciamos a ação desses novos agentes, interligando, tornando o remoto acessível e instantâneo. No embate entre os “ integrados“ , que ins istem em sugerir a ampliação
dos benefícios e da participação social com o advento de técnicas, e os “ apocalí ptic os“ 2, sempre al ardeando quanto a as suntos como exclusão digital, aumento da distância entre aqueles que
podem ou não ter acesso e fazer um bom uso dessas tecnologias (sem falar da “ rendi ção da cultura à tecnologia“ ), preferimos admi ti r que a informação, sua emissão, distribuição e
consumo/recepção, ocupa sim um espaço diferenciado na contemporaneidade, mas nem por isso deve ser tratada como algo eminentemente sagrado ou profano. É fato, e contra fatos não há
argumentos, de que cada vez mais a riqueza deixa de se associar aos bens materiais para se aliar ao conhecimento, o tal “ valor agregado“ 3.

De imensas calculadoras até o desenvolvimento de interfaces amigáveis e equipamentos compactos, já se passaram mais de 30 anos. Entretanto, ainda estamos na euforia teórica inicial do advento
de um novo meio/técnica4. Vários textos tentam dar conta dos efeitos que estas novas tecnologias geram no cotidiano, alguns mais recatados, outros apelando para a futurologia. Neil Postman, em
seu livro intitulado Tecnopólio, afirma:

“ ... a mudança tecnológica não é nem aditiva nem subtrativa. É ecológica (...) Se você retira as lagartas
de dado habitat, você não fica com o mesmo ambiente menos as lagartas, mas com um novo ambiente e
terá reconstituído as condições da sobrevivência (...) Uma tecnologia nova não acrescenta nem subtrai
coisa alguma. Ela muda tudo (...) Depois da televisão, os Estados Unidos não eram a América mais a
televisão; esta deu um novo colorido a cada campanha política, a cada lar, a cada escola, a cada igreja, a
cada indústria“ (POSTMAN, 1994)
Precisamos
compreender sobretudo que as mudanças ocorridas na sociedade contemporânea não devem ser analisadas somente pelo viés tecnológico, como uma evolução do maquinário e do poder científico
humano. A cibercultura, na verdade, é um dos desdobramentos da cultura contemporânea (talvez ainda sejam sinônimos), e não o contrário. No máximo podemos admitir uma relação dialógica. É
necessário analisar possíveis mudanças que ocorrem na esfera pública e privada, devendo-se aceitar contribuições de abordagens alternativas que vão contra a idéia do determinismo tecnológico.
Afinal, Comunicação é, sobretudo, relação social.

2. Cenários sócio-políticos contemporâneos

O conhecimento humano (pelo menos no concernente a atualidades, já que nossa formação mais sólida, aquela que influencia nossa personalidade, desde as relações na escola, igreja ou família é
sobretudo convivial, comunitária), é em sua maior parte mediado ou, como nos diz Giddens (2000), “ quando a imagem de Nelson Mandela pode ser mais famil iar para nós que o rosto do nosso
vizinho de porta, alguma coisa mudou na natureza da experiência cotidiana “ . Nos confrontos cham ados “ anti-globalização“ ocorridos em Gênova, por exemplo, percebemos a presença da
comunidade em sua multiplicidade, de setores agora mundializados, não mais apenas de caráter local ou nacional. Estão ali sindicalistas, sacerdotes, ecologistas e comunistas. A tecnologia permite,
de certa forma, que as pessoas se coloquem em escala mundial.

O fim da Guerra Fria e, consequentemente, o fim da bipolaridade entre Estados Unidos e União Soviética; a crescente unificação/regionalização dos mercados financeiros internacionais e nacionais;
a descentralização da produção; o surgimento de novos movimentos sociais, sejam eles ecológicos ou étnicos e a fragmentação das grandes ideologias são fenômenos que, de alguma forma,
abalam nossos quadros tradicionais de referência. Todos estes elementos geram incertezas/inquietações, inclusive contradições, no cenário contemporâneo. Que relações de produção emergem
deste ciclo de mudanças? Seriam estes “ abalos“ sóci o-culturais, e até teórico-conceituais, os indícios de um “ Mundo em Desc ontrole“ , “ globaliz ado“ , c omo aponta Anthony G iddens? Es ses
movimentos sociais5 lutam contra a globalização mas ao mesmo tempo utilizam as redes telemáticas, as reais propulsoras da “ nova economia“ ? Não é contraditório?

Uma tomada de decisão do G8 reflete sobre os rumos da economia mundial, mesmo que 80% das pessoas do mundo não estejam sendo representadas numa reunião do “ cl ube“ . A simpáti ca idéia
de “ village-monde“ , di fundi da principalmente na década de 60, vai dando lugar à construção do termo “ château-monde“ 6 , criado e adm inistrado, por grandes instituições financeiras mundiais,
como FMI, Banco Mundial e G8.
Giddens define globalização como:

“ A intensificação de relações sociais em escala mundial que ligam localidades distantes de tal maneira,
que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-
versa (...) não é portanto um processo singular, mas um conjunto de complexos processos. E estes
operam de uma maneira contraditória ou antagônica“ (GIDDENS, 2000)
Os analistas,
geralmente, interpretam a globalização de duas formas diversas: um processo fatal e “ inesc apável“ , do qual todos fazem parte e são obrigatoriamente inseridos; uma ideologia propagada pelo
Banco Mundial e países dominantes para servir aos interesses das transnacionais7. Há ainda pensadores que usam expressões como “ D isneylândia global“ , proposta de Octávio Ianni,
“ macnonaldização do mundo“ etc. Mas também há um outro viés, um esforço de construção de uma globalização “ por baixo“ , como s upõe o analista Richard Falk, na qual as forças que se auto
intitulam anti-hegemônicas buscam fomentar uma sociedade civil global, que promova a democracia, o caráter humanitário e o desenvolvimento social sustentável. São estas forças que têm a
consciência de que a fome, o desemprego8 e a miséria também estão se globalizando.

“ A pobr eza, a fome, as guerras civis são negligenciadas como algo próprio dessas sociedades em
transição, em estágio evolutivo doloroso rumo à democracia e ao livre mercado. Nenhuma conexão é
feita entre o colapso das economias nacionais e o subjacente processo de reestruturação global (...) A
globalização da pobreza ocorre em época de notável progresso tecnológico nas áreas de engenharia de
produção, telecomunicações, computadores e biotecnologia.“ (VIEI RA, 1999)

Os governos formais não são os únicos que se colocam para discutir a ordem internacional. Os ciclos mundiais da ONU contam cada vez mais com a participação atuante de entidades oriundas da
sociedade civil organizada. Esta presença de entidades privadas, mas de caráter público, são a essência daquilo que Boaventura Santos chama de “ globaliz ação contra-hegemônica “ , onde grupos
defendem os interesses de excluídos do capitalismo global. É necessário fiscalizar, influenciar, agir, seja através de um grupo de moradores ou de um sindicato.

No mundo moderno, a vida das pessoas está associada ao Estado, que tem um aspecto onipresente, estabelecendo regras e convenções sociais, provendo educação, saúde. Mas todo esse poder é
algo recente se tomarmos como referência a história humana. Algumas comunidades de séculos atrás conheciam pouca coisa que não fizesse parte de seu cotidiano, visitando uma cidade mercantil
raramente ou conhecendo apenas o nome do rei. O contato com o mundo exterior, digamos assim, era maior com a Igreja do que com um líder político ou militar, ou seja, não havia um governante
ou a presença de um Estado soberano.

Liszt Vieira afirma:

“ O Estado-Nação é um fenômeno historicamente recente, que vincula os direitos e a comunidade ao


território, mas sua supremacia sempre foi débil e está cada vez mais questionada por se contrapor a
identidades, comunidades e valores mais locais e particularistas, ou mais gerais e não territoriais“ .
(VIEIRA, 1999)
De acordo com
Castells, “ O s s istemas políticos es tão mergulhados em uma crise estrutural de legitimidade, periodicamente arrasados por escândalos, com dependência total de cobertura da mídia e de liderança
personalizada e cada vez mais isolados dos cidadãos“ (CASTEL LS, 1999).

É colocado por vários estudiosos que a decadência da soberania dos Estados nacionais pode ter como resultado principal a erosão da cidadania, pois é justamente a “ máquina“ quem garante,
reconhece e legitima o status de cidadão, apesar de não esgotar essa noção. Se antigamente, na Grécia, a identificação política entre população, Estado e Território era gerada a partir da noção de
cidade-Estado (pólis), na democracia moderna esse eixo experimenta uma mudança para o Estado-Nação. Na medida em que os Estados contemporâneos têm controle apenas nacional da situação,
empresas, culturas, migrações e outros processos têm âmbito planetário. Preocupados com esta temática da cidadania, aqui citamos uma reflexão de Norberto Bobbio:

“ Os direitos não nascem todos de uma vez (...) Nascem quando o aumento do poder do homem sobre o
homem “ que acompanha inevitavelmente o progresso técnico, isto é, o progresso da capacidade do
homem de dominar a natureza e os outros homens “ ou cria novas ameaças à liberdade do indivíduo, ou
permite novos remédios para suas indigências: ameaças que são enfrentadas através de demandas de
limitações do poder; remédios que são providenciados através da exigência de que o mesmo poder
intervenha de modo protetor“ (BOBBIO, 1992)
Este é mais um
desafio proposto pela globalização: repensar a cidadania, mas só que agora uma cidadania planetária. Atualmente, boa parte das teorias contemporâneas conferem ao direito e à cidadania papel
chave no processo de construção da vida democrática. É sadio para a sociedade que os indivíduos se organizem em movimentos sociais ou sindicatos, tanto para exercer sua cidadania quanto para
formar um contrapoder que limite a atuação estatal. Esta contextualização do cenário sócio-político contemporâneo se constitui ferramenta imprescindível para a análise das novas discussões sobre
política e relações de poder

3. As possibilidades democráticas da comunicação digital

Com o surgimento da imprensa, a disseminação de idéias sempre esteve ligada à delegação de poder na sociedade. À medida em que a técnica dos meios de comunicação vai evoluindo, aumenta o
interesse dos governos e de numerosos partidos políticos e movimentos sociais em usar essas novas mídias como meios de difusão de sua próprias idéias.

Os meios de comunicação tornaram-se, ao longo do século XX, sobretudo, elementos indispensáveis da estruturação social e política dos povos, funcionando até mesmo como extensão dos homens
(ao estilo McLuhan) ou suporte para a inteligência coletiva.

“ A Idade Mí dia redimensiona a política, resigni ficando-a: como uma política realizada em redes
eletrônicas (telepolítica); através do aparecimento de novos ingredientes políticos e pela redefinição do
funcionamento e dos formatos da política realizada em territórios, espaços geográficos determinados
(aqui representados pela metáfora da rua), pela virtualidade da sua possível absorção em redes
midiáticas (definidas pela noção metafórica de tela). (RUBIM, 2000)

Canais de rádios comunitárias e televisões a cabo, por exemplo, são possibilidades de fazer os mass media funcionarem como mecanismos de democratização e até de diversidade/pluralidade
cultural. Porém, o que se percebe é o enfraquecimento desses meios de promoverem mudanças sociais, pois na maioria das vezes eles são tomados de posse por megagrupos, empresariais ou não,
e aparelhos do Estado. Assim aconteceu com o jornal impresso, o rádio, a televisão. Muitos têm a curiosidade de saber se, com a Internet, acontecerá o mesmo, dado seu crescente caráter
comercial.

Desta forma, a Internet nos interessa enquanto um espaço de produção contínua de conteúdos, emissão e recepção destes por públicos que antes dependiam exclusivamente de outros meios de
comunicação para se manterem informados ou adquirirem o saber. O cidadão passa a depender menos da imprensa tradicional para formar uma opinião política, ou seja, não vai deixar de ler o
jornal impresso ou assistir ao Jornal Nacional da Globo com a família, mas o usuário de Internet passa a contar com um maior número de fontes alternativas, desde governos e sindicatos até
informações providas por particulares. Duas são as conseqüências imediatas advindas dessas considerações: uma nova discussão sobre o papel mediador do jornalismo e a pluralidade de opiniões
(GOMES, 2001).

Muitos de nós já recebemos em nossas caixas de e-mail, por exemplo, mensagens cujo conteúdo têm relação com campanhas virtuais de Organizações Não-Governamentais (ONGs). São abaixo -
assinados repudiando determinada empresa ou atitudes de Estados, textos destinados à captação de recursos financeiros, disseminação de informações e pesquisas e, sobretudo, presença
institucional. Com a popularização da Internet, a partir de 1996, essas organizações ganharam mais um espaço de divulgação, interação e aglutinação de seus componentes. O acesso a um
computador conectado à Internet dá ao usuário a possibilidade de participar de ações promovidas por movimentos sociais com de um ponto nas redes telemáticas. Não há a dependência de
intermediação, filtros ideológicos e editoriais da chamada grande mídia, que podem destacar, deturpar ou ocultar de acordo com sua conveniência, além de impor barreiras burocráticas. É diferente,
por exemplo, acompanhar a cobertura da ocupação de um prédio público por membros do Movimento dos Sem Terra (MST) a partir das grandes redes de televisão brasileiras ou através do jornal
online disponibilizado pelo movimento; foi diferente a cobertura dos protestos gerados pela reunião da cúpula da Organização Mundial do Comércio em Seattle (ano de 1999) feita pela grande
imprensa internacional em relação ao reportamento dos fatos pelo Independent Media Center9. Entra aí também a questão da credibilidade. Isto quer dizer, em suma, que o próprio agente social
agora tem um canal de interlocução com a sociedade10.

“ O que se busca é promover a di ssemi nação de idéias e o máximo de intercâmbios. Poder interagir com
quem quer apoiar, criticar, sugerir ou contestar. Como também driblar o monopólio de divulgação,
permitindo que forças contra-hegemônicas se expressem com desenvoltura, enquanto atores sociais
empenhados em alcançar a plenitude da cidadania e a justiça social “ (MORAES, 2001b)
Em um dos
maiores portais de notícias da Internet, o espanhol “ El Mundo“ (www.el-mundo.es), uma notícia divulgada no último dia 12 de março11 nos faz refletir sobre a eficácia da Internet enquanto
suporte de uma comunicação alternativa para trocar, tornar público e prover opiniões ou mesmo acontecimentos omitidos pela mídia convencional. Os tais “ panelaços“ (ou cacerolazos)
organizados pelos argentinos contra o “ corralito“ (congelam ento de todos os depósitos bancári os para evitar a fuga de capitais do país), que apesar de pacíficos na maioria das vezes são
reprimidos pelo governo local por manchar a imagem do país junto ao exterior, foram transplantados para a rede mundial de computadores. Foram criados em poucos dias site como o C-a-z-e-r-o-
l-a-z -o, o El cazerolazo, o Cazerolazo.info e o Cazerolazo.unlugar, todos estes trazendo editoriais, fóruns online, enfim, estimulando a participação e o debate políticos.

Algumas ONGs, como o WWF, por serem internacionais, terem milhares de filiados e, justamente por isso, receberem maiores recursos, acabam conseguindo um maior poder de divulgação e de
influência por sustentarem campanhas não apenas na Internet, investindo somas de capital em outros meios de comunicação. No próprio site do Greenpeace podemos assistir, a partir de recursos
multimídia disponibilizados, os anúncios que a entidade produziu para a televisão. Desta forma, a rede mundial de computadores acaba se tornando mais um canal de divulgação dentre outros.

Geralmente para essas entidades com maiores orçamentos a Internet não é colocada como principal veículo de comunicação, pois ainda é superada principalmente por jornais e revistas. Entretanto,
para pequenas ONGs, que não podem gastar com impressão de material ou veicular publicidade em rádio e televisão, a Internet inaugura uma nova condição na comunicação. É justamente aí que
se percebe como o ciberespaço pode agrupar as mais diferentes formas de vida e organização.

Entendendo esses novos atores sociais como formas particulares de intervenção, como uma luta pela reestruturação da sociedade e até mesmo novas formas de expressão política, através de
ações, fiscalização e de estímulo ao debate, não podemos deixar de tocar no assunto “ es fera pública“ , cujo princ ipal expoente e referência é o alemão Jürgen Habermas e seu clássico Mudança
Estrutural da Esfera Pública.

Para dar início a este ponto, adotaremos o conceito de esfera pública enunciado pelo professor Wilson Gomes em seu texto “ Esfera Pública Política e Media “ :

“ A esfera pública é um âmbito da vida social protegido de influências não-comunicativas e não-


racionais, tais como o poder, o dinheiro e as hierarquias sociais. A pública argumentação que nela se
realiza constringe por princípio os parceiros do debate a aceitar como única autoridade aquela que
emerge do melhor argumento. A esfera pública como que impõe uma paridade inicial entre os sujeitos de
pretensões até que a sua própria posição se torne discurso; depois disso, há de se submeter apenas às
regras internas ao processo de conversação ou debate público“ . (GOMES, 1997)
A partir dessas
bases, é justamente esta a questão que queremos levantar: existe a possibilidade de uma remissão da Esfera Pública? Na visão dos mais otimistas do assunto, o crescimento da atuação e influência
dos movimentos sociais bem como o advento de mídias eletrônicas de caráter interativo12 nos dão a possibilidade de ver renascida uma nova modalidade de Esfera Pública. Se a sociedade de
massa e os meios de comunicação de massa, que funcionam na relação emissor “ receptor, haviam limi tado o encontro face-a-face dos cidadãos para o debate racional do que é benéfico para a
sociedade, podem recursos multimidiáticos (que se utilizam de áudio, vídeo, permitem a interatividade de pessoas, numa comunicação todos-to dos, como sugere Pierre Lévy) nos fazer deslumbrar
um novo espaço para o exercício livre/direto da democracia? Há uma reviravolta nos meios de veiculação e publicação de uma opinião em um ambiente descentralizado e sem fronteiras temporais
ou espaciais como a Internet?

O fato de a emissão das mensagens se dar de forma multilateral (“ horizontaliz ada“ ) não é suficiente para admitirmos a remissão de uma “ es fera públic a“ através da Internet (nem el imina as
formas verticais de emissão...). Não é fácil admitir a alternativa teórica da existência de uma esfera pública contemporânea que se realiza plenamente na rede mundial de computadores. A esfera
pública pensada por Habermas requer o uso público da razão, a posse de vontade livre e de uma maturidade racional. A esfera pública do pensador de Frankfurt perdeu, sobretudo com o advento
da comunicação de massa, três de suas características fundamentais: acessibilidade, discursividade e racionalidade. Falando em termos normativos, a opinião pública teria se distorcido e emergiria
não mais de um debate claro, sincero entre o Estado e a sociedade civil, mas das disputas entre a esfera política (busca votos, manutenção do poder e administração do erário) e os meios de
comunicação de alcance generalizado (busca de audiência, função fiscalizadora, mas sem perder de vista o fato de que funcionam como empresa).

Podemos afirmar, porém, que na contemporaneidade há a reunião de um público representativo para debater temas coletivamente relevantes (outro problema é como dimensionar e mensurar esse
dado em diferentes sociedades)? O melhor argumento sempre vence ou muitas vezes ele é dominado pelo poder político e econômico, pelas denominadas “ hierarquias sociais “ (o debate s obre se
existe ou não uma “ paridade entre os sujeitos“ )? F atores como o marketing e a midiatização da sociedade e da política acabam influenciando a formação da opinião pública (se é que podemos
falar em opinião pública, como ataca Bourdieu)? A acessibilidade não é uma barreira, visto que grupos de pessoas estão excluídas de debates? Imagino que essas respostas são a chave para
começar a compreender o cerne da questão.

Por outro lado, a questão da multilateralidade, da variedade de fontes, dos próprios atores sociais poderem divulgar os fatos a partir de sua ótica, da possibilidade da reunião de pessoas em salas
de bate-papo, em grupos de atuação social, acaba criando ou fortalecendo identidades e, de alguma forma, dinamiza o processo.

“ Comunidades da Internet funcionam como locais diferenciados e de resistência à sociedade moderna.


Nesse sentido, elas exercem a função de esfera pública habermasiana sem a intenção de ser uma. São
locais onde não há presença de causas válidas ou da realidade da razão crítica, mas de inserção de novas
maneiras do ser13“ (POSTER, 1995)
Além disso, o fato
a se destacar é que o modelo rizomático, descentralizado, possibilita uma maior autonomia no tocante às normas culturais e barreiras impostas por determinados Estados. Na China, por exemplo, o
Ministério da Indústria da Informação determinou há alguns meses que os provedores do país vasculhem salas de bate-papo e o correio eletrônico dos usuários em busca de material considerado
“ subversivo“ . Afora isso, já há pouco tempo foi publicada em vários jornais do mundo a notícia de que Pequim havia mandado fechar mais de 2000 cibercafés. Numa “ guerra“ , a primeira vítima
é a verdade, a informação. Não interessam o debate e o questionamento a uma forma de governo ditatorial.
“ Num mundo baseado em comuni cação ativa, o poder opressivo “ aquele que se exerce somente de
cima para baixo “ perde sua posição vantajosa. As condições econômicas com que a economia soviética,
conduzida de cima para baixo, ou a de outros regimes autoritários não foi capaz de lidar “ a necessidade
de descentralização e flexibilidade “ se espelhar am na política. O monopólio da informação, em que o
sistema político se baseava, não tem futuro numa estrutura intrinsecamente aberta de comunicação
global“ (GIDDENS, 2000)
Apesar de se
mostrar uma estrutura de comunicação que difere das tradicionais, a Internet não permite o encontro físico, o que levanta alguns questionamentos sobre a estabilidade das interações14. A Internet
dá a possibilidade dos indivíduos lerem e interpretarem as informações da maneira que considerarem mais adequada. Os entes do discurso não são fatalmente “ estranhos “ entre si, ou s ej a,
apesar de não se encontrarem face-a-face, as pessoas podem aprofundar a discussão, voltar a se encontra r em outro dia, retomar o debate. Há inclusive quem diga que a diferença crucial entre o
Jornalismo praticado na Internet e o Jornalismo praticado na mídia “ c onvenc ional“ 15 s ej a j us tamente a forma de ediç ão: apesar de ser uma mídia “ nervosa“ , onde o ac ess o e o usuário são
dinâmicos, isto é, têm pressa em encontrar a informação que desejam, a rede mundial funciona como fonte de investigação onde pode-se aprofundar a pesquisa por determinado tema. Há uma
descentralização do discurso, agora não mais limitado no esquema de comunicação “ um-todos“ .

Considero interessante ainda observar um outro fato quando relacionamos Internet e esfera pública: à época dos cafés ingleses dos séculos XVIII e XIX, as esferas pública e privada estavam
visivelmente “ apartadas“ , enquanto que hoje, dentro do quarto, ouvindo o som da televisão na sala e dos familiares conversando, podemos opinar, argumentar, publicar um conteúdo e debater,
por exemplo, numa lista de discussão. Isso, de alguma forma, muda o “ esquem a“ . Se “ o mei o é a mensagem“ , talvez o meio, o lugar onde o internauta se encontra, também possa influir no
fluxo. A esfera pública genuína difere da esfera da intimidade por desconhecer o comportamento e o desejo privado, já que estes não são submetidos a uma condição racional de geração.

“ Mas o fato é que o di scurso político há tempos é mediado pelas máquinas eletrônicas: a questão agora
é que as máquinas nos possibilitam novas formas de diálogo descentralizado e criam novas combinações
homem-máquina (interações), novas vozes individuais e coletivas, espectadores, interatividades que são
os novos blocos construtores de grupos e formações políticas16“ . (POSTER, 1995)
Porém, não é por
causa desta mediação eletrônica ou impressa que está difundida que podemos reduzir a capacidade crítica das pessoas e superestimar o poder da mídia: a política continua acontecendo e assim vai
permanecer por longo tempo em espaços tradicionais, com ao rua, por exemplo.

Quando em seu livro “ A Soc iedade Em Rede“ Manuel Cas tells (1999) ressalta a necessidade de se “ util izar o enorme potenci al da Internet (...) para reviver a democracia, não enquanto
substituição da democracia representativa por meio do voto, e sim para organizar grupos de conversação, plebiscitos indicativos e consultas sobre distintos temas, disseminando informações na
sociedade“ , na verdade ele está evidenc iando o ponto que insistimos: pode-se colocar para o público, sem a interferência de barreiras como espaço ou tempo, as mais diversas visões de mundo.

A democracia contemporânea formal pressupõe o acesso e a participação de todos. Como não seria possível a participação ativa de todo o contigente populacional no processo político, a saída, um
aparato técnico, a nosso ver, foi eleger representantes. Porém, devemos tomar o advento da nova tecnologia de comunicação como um instrumento da democracia direta que pode ser agregado à
democracia representativa; a democracia direta ou plena não se alcança apenas com a viabilidade de plebiscitos eletrônicos, uma consulta direta às pessoas sempre que estiver em debate um tema
de interesse coletivo. Na falta de uma análise alternativa coerente dessas questões midiáticas, o melhor a fazer é examinar o fenômeno Internet e as novas formas de participação possibilitadas por
ela em relação a velhas formas de democracia, como assinala Poster.

Se num primeiro momento a comunicação era marcada exclusivamente por sua verticalidade, agora podemos nos tornar provedores de informação17. Assim, no ciberespaço há lugar para
manifestações de diversas naturezas, sejam elas acadêmicas, artísticas, religiosas, sexuais ou mesmo políticas. Movimentos sociais, por exemplo, são contemplados com sites de ambientalistas
(Greenpeace e WWF - World Wound Found for Nature); partidos políticos, parlamentares ou ainda candidatos também têm a possibilidade de serem “ acess ados“ , numa m ídia que lhes dá espaç o
24 horas por dia, 7 dias por semana18.

“ As igrejas ou os Estados que não estão presentes na web começam a sentir certa carência na
comunicação com seus fiéis ou cidadãos. O mesmo corre com empresas ou círculos comerciais. A
conclusão é de que a rede converteu-se num lugar importante para o desenvolvimento das relações
convencionais entre administradores e administrados. Em que pese seu caráter anárquico e suas
tendências caóticas, instituições hierárquicas do mais variado tipo tratam de ocupar terreno nela. O que
nos perguntamos é se, efetivamente, pretendem aprender as novas formas de organização ou querem
Parece um
discurso fácil
tão somente condicioná-las.“ (CEBRIÁN, 1999)
aceitar que a Internet pode funcionar plenamente como esfera pública. As comunidades eminentemente virtuais, por exemplo, ainda apresentam uma baixa dinâmica interna. Com isto queremos
dizer que, apesar de iniciativas reconhecíveis, há sim dificuldades de se passar do discurso, do debate, à ação plena. Para uma efetiva mobilização política não é necessária apenas uma boa
estrutura comunicacional, mas também a vontade de participar por parte dos cidadãos.

“ As novas aplicações tecnológicas, independentemente de favorecer ou dificultar a democracia, devem


ser pensadas de maneira associada com os elementos sócio-históricos próprios dos atores sociais e com
os procedimentos da comunicação estabelecida entre os sujeitos comunicantes concretos“ (MAIA, 2001)

Ou seja, é de se levar em consideração que o acesso à tecnologia de comunicação e informação não é um caminho automático à democracia, à participação política. Retirar as barreiras de
possibilidades de comunicação e expressão não são suficientes para eliminar a apatia política ou garantir a reflexão crítica das pessoas. Aqui entra em cena a questão da racionalidade do debate
público, como oportunamente coloca Rousiley Maia.

4. Possíveis Conclusões

Consideramos a comunicação mediada pelo computador um novo espaço de intervenção pública que vem se destacando por duas características principais: advento da interatividade entre diversas
pessoas sem levar em conta tempo e espaço; e agilização dos processos comunicativos. Existe a possibilidade de se constituir uma nova comunidade política, sem barreiras territoriais, a partir de
recursos multimídia.

Acreditamos sim que a Internet oferece condições necessárias para uma maior democratização da vida política da sociedade e do Estado, dada sua capacidade de possuir mecanismos eletrônicos de
efetiva participação política e difusão de informação. A rede mundial de computadores é o meio mais ágil e barato de transmitir informações que interessam à sociedade civil.

Outro ponto que não pode passar desapercebido no assunto que estamos desenvolvendo: o digital divide (trocadilho com a expressão inglesa), isto é, também há uma exclusão digital, seja por falta
de recursos financeiros, seja por falta de conhecimento para manejar os novos aparatos. Mas não é por isso que devemos encarar esta nova mídia com hostilidade. A tendência é de crescimento e
difusão. Além disso, o fato mais importante é que toda nova tecnologia gera, obrigatoriamente, seus excluídos. Havia analfabetos antes da invenção da escrita?

É fato de que a grande maioria do planeta não está online. A metade da população mundial ainda vive no campo, o analfabetismo atinge mais de um bilhão de pessoas, e outros bilhões de pessoas
se encontram em estado de pobreza absoluta. Apesar de termos um leque de possibilidades, gera incerteza imaginar de que forma traçaremos os caminhos da tecnologia até o social.

É importante ressaltar ainda que inclusão digital não é apenas aumentar o número e a venda de computadores, e sim qualificar e treinar pessoal. Se as coisas não se encaminharem nesse sentido,
apenas jovens ricos, saudáveis e com acesso à educação formal terão habilidade suficiente, deixando para trás a maioria da população.
A própria ONU intitulou seu relatório do Desenvolvimento Humano, divulgado em julho de 2001, da seguinte maneira: “ F azer com que as novas tecnologias trabalhem para o desenvolvimento
humano“ . A relevância do tema é comprovada quando a entidade estabeleceu nesta última edição um novo indicador para o Dese nvolvimento Humano: o Índice de Avanço Tecnológico (IAT). Ele
foi criado para avaliar a disseminação das novas tecnologias e, sobretudo, seu aproveitamento pela população.

“ Ainda que as novas tecnol ogias sejam impressi onantes, nós não devemos esquecer que a tecnologia
em si mesma não determina mudança, é apenas um facilitador desta mudança. Como com qualquer
outra tecnologia, é o contexto social no qual estas tecnologias estão inseridas e, o mais importante,
implementadas, que determina seus usos e impactos19“ (UIMONEN, 1997)
Os problemas que
afetam a humanidade e o mundo, assim como as redes de comunicação, estão deixando de levar em conta as fronteiras geográficas. Comércio, produção, desemprego, degradação ambiental são
questões que ganham cunho transnacional. Está surgindo, assim, um novo conceito de cidadão, de cidadania, que é caracterizada pelo “ planetári o“ , ora ao lado, ora em contraposição ao Estado e
poder econômico do mercado. Não podemos deixar de dizer que, nesta “ inundação de signos“ , no “ di lúvio informacional“ a busca do que é relevante s e faz mais urgente.

Desde a disseminação da tecnologia e da perda da exclusividade do uso da rede por militares e acadêmicos, as ferramentas estão disponíveis. Resta a nós contribuir para o desenvolvimento de uma
sociedade de informação inclusiva, onde todos tenham acesso à informação. Os governos devem investir no que se convencionou chamar de “ acesso com uni tário“ , não apenas de infra-estrutura
técnica, mas também de qualificação das pessoas. Além do mais, imaginamos que democracia (inclua-se a eletrônica) e estímulo à cidadania não são apenas a possibilidade de poder consultar a
população sempre que se fizer necessário.

5. Referências
Livros e artigos acadêmicos:

1.ANTOUN, Henrique (2001). Jornalismo e ativismo na hipermídia: em que se pode conhecer a nova mídia. In: Revista Famecos, nº 16, Porto Alegre.
2.BOBBIO, Norberto (1992) A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus.
3.CASTELLS, Manuel (1999). A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade, cultura; volume 1. São Paulo: Paz e Terra.
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1 Jornalista graduado pela Universidade Federal do Ceará, em abril de 2002, tendo defendido monografia com o título “ Cidadania Digital “ A Internet como ferramenta política“ . Atualmente é
mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia, na linha Cibercultura. Bolsista Capes, instituição à qual o autor é grato.
2 Dicotomia criada por Umberto Eco e trazida por nós, neste texto, ao debate sobre o advento de novas tecnologias de informação e comunicação.
3 O argumento é de que as licenças de uso do sistema Windows, da Microsoft, por exemplo, valem muito mais que ações e maquinários de indústrias de bens de produção.
4 É importante dizer que o meio é o computador, sendo a Internet apenas o suporte.
5 “ The Twenty first century social movement is characterised by a common objective of transforming the values and institutions of society through collective actions and it has manifested itself on
and by the Internet. The new social movement is a movement of opposition to global capitalism and although it has a global scope tends to be manifest locally. They challenge the transnational
corporations, oppose the transnational capitalist class and its local affiliates in the political sphere, and promote cultures and ideologies of anti-consumerism. In most capitalist societies, social
movements for what has become known as social democracy have united those who are hostile to capitalism, those who struggle to alleviate the worst consequences of capitalism, and those who
simply want to ensure that capitalism works with more social efficiency than the so called free market allows. They are characterized by the unmistakable novelty of their practices, for example the
use of credit cards for donations and the media and new media for mobilization, and the appeal of some of the most prominent social movements of recent decades, notably the women“ s
movement and environmental movement. The issue of democracy is central to the practice and the prospectus of social movements against capitalism, local and global. The rule of law, freedom of
association and expression, and freely contested elections, as minimum conditions and however imperfectly sustained, are as necessary for mass market -based global consumerist capitalism as
7 Um exemplo do uso ideológico-político do termo globalização está na abertura indiscriminada dos mercados nacionais de países do terceiro mundo.
8 Nos final do século XIX, a agricultura empregava 90% da população nos países desenvolvidos. Na atualidade apenas 3% das pessoas se encontram nesse setor da economia, de acordo com
CEBRIÁN, 1999. Aqui se coloca um desafio, pois o trabalhador desempregado não importa se estamos ou não entrando na sociedade de informação. De que forma vamos resolver problemas como
estes? As inovações técnicas procuram render o máximo com o mínimo de esforço, o que gera postos de trabalho, mas tira muitos outros.
9 O IMC (Independent Media Center “ www.indymedia.org) é uma rede de comunicação que se propõe a fazer cobertura de manifestações sociais, estimular debates, servir como elemento de
pressão com o objetivo de “ trabalhar por um mundo m elhor“ , de maior j ustiça s oc ial . O tom é a descentralização das ações, a atuação coletiva.
10 O canal já era possível com a possibilidade de se produzir um programa de rádio, um jornal ou inserir VTs na televisão. O que destacamos, porém, é a agilidade, o número de pessoas
potencialmente atingidas e o baixo custo do uso da Internet se comparada à utilização das mídias convencionais.
11 http://busca.terra.com.br/wired/politica/02/03/12/pol_1.html
12 É interessante esclarecer um pouco mais o conceito de Interatividade. Etimologicamente, o termo “ interação “ designa “ ação entre entes“ . Aqui concordamos com Alex Primo quando ele
afirma que, na verdade, muito do que se chama da Interativo é apenas “ reati vo“ , ou s ej a, o computador não pode ser considerado um agente no processo, já que tem estabelecida uma interface
previamente elaborada por um software (inputs, outputs). “ O computador continua sendo o meio e não o comunicador (...) A verdadeira interação deveria possibilitar aos interagentes liberdade de
escolha e manifestação“ (PR IMO , 1997)
13 “ Internet communities func ti on as plac es of difference from and resistence to modern society. In a sense, they serve the function of a Habermasian public sphere without intentionally being
one. They are places not of the presence of validity claims or the actuality of critical raison, but of the inscription of new assemblages of self-constittution.
14 A tecnologia da vídeo-conferência poderá aliviar, mas não resolver por completo esse problema.
15 Aqui consideramos mídia convencional veículos como a TV, o rádio e o jornal impresso.
16 A tradução é nossa. O original está aqui: “ But the fact is that political discourse has long been mediated by eletronic machines: the issue now is that the machines enable new forms of
descentralized dialogue and create new combinations of human-machine assemblages, new individual and collective “ voices“ , “ specters“ , “ interactivities“ whic h are the new building blocks of
political formations and groupings“ .
17 Aqui seguimos aquela tática de “ exagerar para ser didátic o“ . Esta tal independência do usuário às vezes é bem relativa. Primeiro porque nem todos desejam participar do processo de
interação, provendo informações; segundo, não podemos falar de pluralidade absoluta num mundo onde a grande maioria dos sistemas operacionais e de ferramentas básicas, como o editor de
texto, são monopolizadas por uma gigante norte-americana, a Microsoft.
18 Aqui não se deve deixar de dizer que a grande novidade da Internet, sob nosso ponto-de-vista, encontra-se nas possibilidades abertas. Não é por ter um site na rede mundial de computadores
que estaremos estabelecendo obrigatoriamente a comunicação no sentido estrito da palavra: quem garante que algum usuário vai acessar meu conteúdo, quem garante que terei um interlocutor?
Fácil publicar, difícil tornar público...
19 “ Although the innovati ons in digital technology are impressive, we must not forget that technology in itself is not a determinant of change, only a facilitator. As with any other technology, it is
the social context within which these new technologies are introduced and, more importantly, implemented, that determines their usage and impact.“

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