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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

8 - TRANSDUTORES

8.1 - INTRODUÇÃO

Um transdutor é um elemento funcional dos instrumentos de medida, em que a


entrada, constituída por energia em determinada forma física, é convertida em energia
sob outra forma física.

EXEMPLO DE TRANSDUTORES
ENTRADA SAÍDA TRANSDUTOR
Temperatura deslocamento Termómetros
(de coluna de líquido)
Temperatura Tensão Termopar
Temperatura Variação da resistência Termístor
Força Deslocamento Balanças de mola
Pressão Movimento Manómetro
(de coluna de líquido)
Deslocamento Variação de resistência Potenciómetros
Luz Tensão Célula fotoeléctrica
Som Variação da capacidade Microfone

Na maior parte dos casos, a saída dos transdutores é um sinal eléctrico.

As vantagens são:
1º- Efeitos de inércia e fricção inexistentes;
2º- Amplificação fácil;
3º- Indicação e gravação, especialmente à distância é facilitada.

Os transdutores podem classificar-se segundo:


A) a sua aplicação
B) métodos de conversão de energia
C) natureza do sinal de saída
D) princípios eléctricos envolvidos.

Assim, quanto à Natureza do Sinal de Saída

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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

Electromecânicos
Analógicos
Optoeléctricos
Transdutores

Geradores de frequência
Digitais
Codificadores digitais
Quanto aos princípios eléctricos envolvidos podemos classificar os transdutores da
seguinte forma:

TIPO CLASSE
Passivos Resistência;Capacidade; Indutância
Activos Termoeléctricos;Piezoeléctricos

Os transdutores passivos requerem uma fonte de energia exterior.


A SAÍDA é a variação de um parâmetro eléctrico como: resistência, capacitância,
indutância
A Saída pode ser medida através da variação da corrente ou da tensão

Os transdutores activos não precisam de fontes de energia exteriores.


Quando são actuados por uma certa forma de energia produzem uma tensão ou uma
corrente.

Exemplos:
PASSIVOS: a) Microfone de condensador
b)Termístores com coeficiente de temperatura negativo, NTC(Fe2O3) e positivo, PTC
,(Titanato de Bário)
c) Resistência à base de liga metálica ( R(T)= linear
d) Varístor (ZnO)
ACTIVOS: a) termopares

8.2 - TRANSDUTORES DE MOVIMENTO

Potenciómetro resistivo

Um potenciómetro resistivo é uma resistência variável que se pode apresentar em


dois tipos de montagem:
a) Potenciómetro
b) Reóstato
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Montagem em potenciómetro ( divisor de tensã

Entrada Saída

Montagem em Reóstato

Saída
Entrada

Fig.8.1 Montagem de uma resistência variável como potenciómetro e como reóstato.

Uma resistência variável é constituída por uma resistência fixa, munida de dois terminais
( brones de saída) e por um contacto móvel (cursor) que desliza sobre o elemento
resistivo, e ligado electricamente a um 3º borne.
O movimento do cursor pode ser:
a) circular;
b) rectilíneo;
c) helicoidal.

O elemento resistivo pode ser excitado por uma tensão contínua ou alternada
A entrada : será um DESLOCAMENTO.
A saída: será uma TENSÃO que é função do deslocamento de entrada.

Consoante o tipo de função matemática realizada as resistências variáveis classificam-se


em:
a) lineares;
b) logarítmicas;
b) Senoidais;
b) cosenoidais;
e) outras funções.

Exemplos de resistências variáveis e das suas características são dados na figura 8.2

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E
Vo
xi

Entrada=xi Saída=Vo
Y
-X
Y=e
Y=e X
Vo GRÁFICO DO GANHO (Entrada/Saída)
E 1
100%
B
0 X

A Y

C Y=LogX
1 Y=log
20 40 60 80 100% 1 e X
Deslocamento linear ou rotativo (xi ou θi)
Fig.8.2 - Resistências variáveis e suas características; A potenciómetro linear; B
potenciómetro antilogarítmico e C potenciómetro logarítmico.

As resistências variáveis podem ser classificadas quanto ao material que constitui


o elemento resistivo da seguinte forma:
a) bobinadas ( em ligas de Ni-Cu; Ni-Cr; Au;Ag;Pt)
b) filmes ou camadas ( carbono; metal)
c) moldadas (carbono;plástico)

O suporte pode ser uma placa de material isolante, normalmente baquelite, cartão
ou cerâmica.

Extensómetros ou Tensómetros.

Estes tipos de transdutores baseiam-se no princípio de que um condutor


submetido à tracção ou à compressão apresenta uma variação da resistência devido à
variação do seu comprimento, área e resistividade de acordo com:
L
R=ρ
A

A variação da resistividade com a pressão mecânica chama-se piezoresistência. é um


efeito desprezável face ao efeito da variação das dimensões.
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As características dos condutores são descritas pela sensibilidade ( ou coeficiente), S do


extensómetro. - é o coeficiente do sensor que pode ser definido por:

∆R
Variação relativa da resistência
S = R =
∆L Variação relativa do comprimento
L
em que a variação relativa do comprimento é equivalente à deformação

Os materiais usados, nos extensómetros, como condutores e sensibilidade são


indicados na tabela 8.1

Tabela 8.1 - Materiais usados em extensómetros e sensibilidades típicas


Materiais Composição Sensibilidade -"S"
Constantan 60%Cu+40%Ni 2
Platina/Volfrâmio 92%Pt+8%W 4
Semicondutor Si ou Ge 50 a 200

A medição da resistência, ∆R, é feita normalmente através de uma ponte de


Wheatstone, em que o ou os extensómetros constituem um ou vários braços da ponte.

Para aumentar a precisão da medida, o factor S deve ser elevado

Na prática os condutores podem ser fios ou lâminas ( folhas).

Podemos classificar os extensómetros, tendo em conta a sua construção, em dois tipos:


A)- Não cimentados (figura 8.3)
B)- Cimentados (figura 8.4)

EXTENSÓMETROS NÃO-CIMENTADOS
Força ou movimento
1 3 de entrada
1 4

E
Base fixa

2
3

2 4 Base móvel
Fig. 8.3 - extensómetros não cimentados e sua constituição em ponte de medida.

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Uma força ou movimento que ponha os fios condutores 1 e 3 à tracção, reduz as


tensões em 2 e 4, e vice-versa.

Dimensões Típicas: L=25mm; φ=25µm; ∆L=50µm


Medem pequenos deslocamentos e pequenas forças

Estes transdutores podem usar-se para medir: DESLOCAMENTOS; FORÇAS;


PRESSÕES; ACELERAÇÕES

EXTENSÓMETROS CIMENTADOS

São constituídos por fios finos, estreitas lâminas, de materiais metálicos ou


semicondutores, cimentados, isto é, colados ao elemento cuja deformação se pretende
medir
Apoio de papel ou seda, baquelite, lâ de vidro

DE Fio De Lâmina De Semicondut

Sensível Sensível
Fig. 8.4 - Extensómetros cimentados.

Depois o condutor e o seu apoio são cimentados ou colados à superfície da peça


cuja tensão se pretende medir. A cola é do tipo epoxídica.

As lâminas metálicas são obtidas por processos fotográficos ou serigráficos como


nos circuitos impressos. As espessuras são da ordem 0,1 µm.
Os extensómetros depois de colados sofrem os mesmos esforços que as
superfícies onde são aplicados.
As resistências nominais típicas são: 60; 120; 240; 350; 500 e 1000 Ω
As intensidades de corrente são baixas: de 5 a 40 mA dependendo da duração do
teste, de forma a evitarem-se aquecimentos excessivos.

CONDICIONAMENTO DO SINAL

PONTES DE EXTENSÓMETROS

Os extensómetros fazem parte dos braços de uma ponte de Wheatstone.


A variação da resistência devido ao esforço pode ser medida na ponte ou fornecer
uma saída para um display.

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Existem dois tipos de montagens com pontes. Ponte equilibrada e Ponte


desequilibrada

CASO DA PONTE EQUILIBRADA

A ponte é constituída por 3 resistências sendo duas fixas e iguais( braço 1 e 2),
uma regulável (braço 3)e um extensómetro (braço 4). A resistência regulável é ajustada
de modo a que , nas condições iniciais a ponte fique equilibrada.
Ao actuar o esforço, a resistência do extensómetro varia, e o ajuste de R3 é
realizado para procurar de novo o equilíbrio. A variação de R3 dá-nos a variação de Rx.
Este tipo de montagem é apenas utilizado em situações em que os esforços são
estáticos.

CASO DE PONTES DESIQUILIBRADAS

A ponte inicialmente está equilibrada. Ao actuar o esforço sobre o transdutor, Rx


varia desequilibrando a ponte e podemos relacionar a tensão no detector com a variação
de Rx e portanto com o esforço.

R3 Rx
VAB = E( − )
R1 + R 3 R 2 + R x

COMPENSAÇÃO DA TEMPERATURA

A temperatura constitui uma entrada de interferência e modificadora, portanto


indesejável.
Sendo a temperatura uma entrada perturbadora dos extensómetros e variando a
resistência com a força, por um lado e com a temperatura por outro, pode acontecer que a
variação devida à temperatura seja superior à devida à força. Outro aspecto relacionado
com a temperatura é a possibilidade de se darem expansões térmicas diferentes nos
extensómetros e na base a que é cimentado, provocando deformações no extensómetro
que implicam variação na resistência mesmo na ausência de força.

Pode actuar sob 3 formas:

1- variação da resistência do condutor


Devido ao coeficiente termoresistivo
∆R
α= R já que a resistência de um condutor varia com a temperatura
∆T
segundo a expressão
R T = R 25º 1 + α ( T - 25º )
2-expansão térmica diferencial
As expansões térmicas do extensómetro e das bases são diferentes. Há
deformação do extensómetro logo um erro em Rx
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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

3- variação da sensibilidade do extensómetro ( entrada modificadora)


∆R
S= R
∆L
L

PROCESSOS DE COMPENSAÇÃO DA TEMPERATURA

Os efeitos da temperatura podem ser compensados de diversas maneiras e passaremos a


referir algumas delas.

A) Usando um extensómetro auxiliar, igual ao primeiro que é cimentado numa base do


mesmo material daquele que está a ser testado pelo extensómetro activo e colocado à
mesma temperatura. Os dois extensómetros são colocados em braços adjacentes da ponte
ver figura 8.5.
F

1 2 Activo

4
3

F
Fig.8.5 - Compensação de temperatura usando um extensómetro auxiliar.

As variações de temperatura devidas ao coeficiente de temperatura ou à expansão


térmica diferencial são assim eliminadas, pois não terão qualquer efeito na tensão de
saída da ponte (estão em braços adjacentes). As variações de resistência devida à carga
(força) favorecerão o desequilíbrio da ponte.
A temperatura pode ser uma entrada modificadora já que pode alterar o
coeficiente do extensómetro.

B- Usando mais do que um extensómetro activo


Nesta montagem utilizam-se 4 extensómetros activos sendo 2 com funcionamento
à tracção (em braços opostos) e 2 funcionando à compressão .
Inicialmente a ponte está equilibrada.

ARRANJO DE EXTENSÒMETROS

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Os vários arranjos têm em conta obter:


1º- Alta sensibilidade
2º- Compensação da temperatura

Assim, podemos ter os seguintes arranjos típicos (figura 8.6):


2 extensómetros
F Utilizado na medida de tracção
F
R2 e os extensómetros montados na
R1 mesma face e em braços adjacentes da ponte

4 extensómetros
F F R2
F R1 F
R2
R1 R3 R4

4 extensómetros
R1,R3 F
R1(R4)

R3(R2)
R2,R4
Fig.8.6 - Arranjos típicos dos extensómetros

Nesta última montagem, com 4 extensómetros a saída é uma função perfeitamente linear
do deslocamento Xi provocado pela força F.

Transformador diferencial

O transformador diferencial linear variável (VLDT) é constituído por um


enrolamento primário e 2 secundários iguais , isto é, com o mesmo número de espiras, e
um núcleo não ferromagnético. O seu esquema é representado na figura 8.7.
É alimentado pelo primário com uma tensão alternada senoidal da ordem dos 3 a 5 Volt e
f= 50Hz a 20KHz.

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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

Vo1
Vo2

Xi

e
Fig.8.7 - Transformador diferencial linear variável

É utilizado na medição e detecção de movimentos de translação comunicado ao núcleo.


Para isso, as bobines do secundário são ligadas em série mas em oposição de fase( com
os enrolamentos em sentido contrário).
A tensão primária induz as tensões vo1 e vo2, senoidais com a mesma frequência nos
dois secundários.
Ao variar a posição do núcleo, variam os coeficiente de indução mutua entre o
primário e cada um dos secundários, variando as tensões em cada secundário tanto em
amplitude como em fase.
A tensão de saída com os enrolamentos em série mas opostos varia também em
amplitude e em fase. já que vo=vo1-vo2. Ver figura 8.8.
vo
Vo1
Vo2
Xi

e
Fig. 8.8 - Tensão de saída de um transformador diferencial.

Analisemos as ondas de entrada e de saída para 3 posições representadas na


figura 8.9, do núcleo: central, para um lado e para o outro

Núcleo na posição CENTRAL

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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

e
Vo1

t
vo

vo1
e
t

vo2

t Vo2

vo

Xi =0
vo=vo1-vo2=0
Posição do núcleo ACIMA

e
Vo1

t
vo

vo1
e
t

vo2

t Vo2

vo

Xi >0
vo=vo1-vo2
Núcleo na posição ABAIXO
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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

e
Vo1

t
vo

vo1
e
t

vo2

t Vo2

vo

Xi <0
vo=vo1-vo2 Mudança de fase de vo

Fig. 8.9 - Posicionamento do núcleo central, acima e abaixo e as respectivas formas


de onda de entrada e de saída e zona linear.

Análise do circuito da figura 8.10

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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

vo
Rs/2
Rs/2 es1 es2
Ls/2 Ls/2 Xi

Lp

M1 ip
~ M2
e
Fig. 8.10 - Circuito eléctrico completo do transformador diferencial.
Como sabemos

e=- φ = BS = µHS
dt
Equações:
dip
Rp × ip + Lp × =e
dt
vo = es1- es2
dip dip
vo = M1 × − M2 ×
dt dt
dip
vo = (M1- M2) ×
dt

Ao variar Xi varia (M1-M2) e assim varia vo


Existe uma posição central do núcleo de ferro, a que corresponde um deslocamento
Xi=0) para o qual a tensão de saída vo é nula. Na passagem do nulo, vo sofre uma
mudança de fase de 180º. Será de notar que existe um desfasamento de vo relativamente
a e (alimentação do primário) que varia com a frequência do sinal de entrada.

Aplicando transformadas de Laplace ao sistema de equações

REVISÕES

Resolução de equações diferenciais por transformadas de Laplace

Teorema da derivação

s=jw L[df(t)/dt] = sF(s)-f(0+)


ip(t)⇒Ip(jw)=Ip(s)

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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

Rp × Ip(s) + Lp × s × Ip(s) = E(s)


Vo(s) = (M1- M2) × s × Ip(s)
E(s)
Ip(s) =
Rp + sLp
s
Vo(s) = (M1- M2) E(s)
Rp + sLp
(M1- M2) (M1- M2)
×s ×s
Vo(s) Rp Rp
= =
E(s) Lp
× s +1 τp × s +1
Rp

Calculando a resposta em frequência teremos:


(M1- M2)
×w
Vo( jw) Rp
= ±90º -arctg(wτ p)
E( jw) (wτ p )2 + 1
em módulo e argumento.
O desfasamento entre Vo e E será +90 º - se M1>M2
e -90º se M1<M2

Transdutores de relutância variável

São transdutores de movimento de translação. São constituídos por um núcleo de


ferro macio de elevada permeabilidade, ligado à peça em movimento, e move-se dentro
de um tubo de suporte de duas bobines iguais e em série, conforme o representado na
figura 8.11
Podem ser utilizados na constituição de uma ponte do tipo Wheatstone em que as
bobines L1 e L2 formam dois braços adjacentes e os outros dois são resistências de valor
igual ao módulo de Z1 e Z2.

Com o ferro na posição central, a indutância das duas bobines são iguais e a ponte
está em equilíbrio sendo a saída nula vo=0. O afastamento do ferro da posição central faz
variar a relutância dos circuitos magnéticos para cada uma das bobinas, aumentando uma
e diminuindo a outra. Esta variação da relutância provoca uma variação proporcional da
indutância de cada uma das bobinas, logo um desequilíbrio da ponte e portanto uma saída
vo≠0.

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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

A B C
L1
L2

Xi
l µS n 2
ℜM = L = n2 =
µS l ℜM
Fig. 8.11 - transdutor de relutância variável

A ponte é alimentada em alternada com tensões de 5 a 30V e frequência de 50Hz


a 5KHz.
Por construção, a tensão de saída da ponte pode ser uma função praticamente
linear do deslocamento Xi, dentro de uma certa gama de deslocamentos. A impedância
total do transdutor é igual à soma das impedâncias das duas bobinas e à frequência de
excitação é da ordem dos 100Ω a 1.000 Ω e as resistências, R, que constituem os outros
braços da ponte são normalmente do mesmo valor. A impedância de entrada do detector
de vo deve ser pelo menos 10 R.
A sensibilidade deste transdutor é da ordem dos 5 a 20 V/cm e existem no
mercado com dimensões da ordem dos milímetros até ao metro.
Para um movimento do núcleo do tipo vai e vem, a saída da ponte vem modulada
como se indica na figura 8.12
A vo

L1
R

vo B
~ t
R L2
C
Fig.8.12 - Constituição em ponte e tensão de saída.

A saída vo entra num desmodulador de fase que elimina a frequência da portadora


e dá uma saída correspondente à frequência do movimento.

A tensão de saída do desmodulador é proporcional ao deslocamento.


A frequência da portadora é muito maior que a frequência do movimento.

ACELERÓMETRO DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL

O acelerómetro constitui uma aplicação do princípio do transformador de


relutância variável e é usado na gama de ±4g, em que g é a aceleração da gravidade.
Tem o esquema representado na figura 8.13.

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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

Fig. 8.13 - Esquema de um acelerómetro

À massa M é aplicada uma certa aceleração. A força necessária é-lhe


proporcional. As molas que suportam M são submetidas à mesma força, sendo a sua
deflexão proporcional à aceleração. A medida do deslocamento da massa é assim
proporcional à aceleração. A massa de ferro serve também como elemento do circuito
magnético e nesta função traduz o movimento numa variação da relutância.
Os enrolamentos primários produzem um fluxo que é função da relutância do circuito
magnético. A relutância principal é produzida pelo espaço de ar. Quando a massa está na
posição central, o fluxo é o mesmo nos dois enrolamentos secundários e como eles estão
ligados em série e sentidos opostos, a tensão de saída será nula. O movimento da massa
aumenta a relutância ( espaço de ar) de um lado e diminui-a no outro, sendo assim
induzida uma tensão maior de um lado do que do outro e a tensão de saída será diferente
de zero. O movimento em sentido contrário da massa M provocará uma acção contrária
vindo a tensão de saída desfasada de 180º quando a massa passa pela posição central.

Transdutores de correntes de EDDY(detecção à distâncias).

A ponta de prova deste tipo de transdutor, que se representa na figura 8.14,


contem duas bobinas, uma activa, influenciada pela presença de um alvo condutor, e
outra passiva, para facilitar o equilíbrio, que servem como dois braços adjacentes de uma
ponte. A bobine passiva serve também como compensadora dos efeitos de temperatura.
Tipicamente a ponte é alimentada a alta frequência (1MHz).

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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

As linhas de fluxo criadas pela bobine activa atravessam a superfície, o alvo


condutor, provocando neste correntes de Eddy. Quanto mais próximo estiver o alvo mais
intensas são as correntes de Eddy, e provocam uma variação na impedância da bobine
activa, traduzida num desequilíbrio da ponte. A tensão de saída da ponte deve ser
trabalhada por forma a obter-se um sinal proporcional ao deslocamento do alvo.

Fig. 8.14 - Constituição de um transdutor de correntes EDDY e sua ligação a uma


ponte de medida.

Transdutores deste tipo permitem medir deslocamentos da ordem dos 0,25 mm (


com 2 mm de diâmetro e 20 mm de comprimento) a 30 mm(76 mm de diâmetro e 40 mm
de comprimento). A percentagem de não linearidade é de 0,5% e a máxima resolução de
0,0001mm.

Transdutores capacitivos

O movimento de rotação ou de translação pode ser usado de diversas formas para


alterar a capacidade de um condensador. Esta variação de capacidade pode ser convertida
num sinal eléctrico utilizável através de um circuito apropriado.
A vantagem destes transdutores reside na sua simplicidade mecânica, no seu peso
ligeiro e grande sensibilidade.
A forma mais usada é a do condensador plano, de faces paralelas, com um
dieléctrico de ar entre elas. Variando a distância entre as armaduras varia-se a espessura
do dieléctrico e portanto a capacidade .
A capacidade do condensador plano é dada por :
A
C = ε0εr
d
e para esta configuração
A
C = 0,088 em que C é dado em pF, A é a área das placas em cm2 e x a distância entre
x
elas em cm.

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Instrumentação e Medidas - Capítulo VIII

A variação da capacidade com a distância entre as placas ou a espessura do


dieléctrico não é linear mas sim hiperbólica. Para se conseguir uma variação quase linear
com x devem apenas aplicar-se pequenos deslocamentos.
A sensibilidade do transdutor é dada por:
dC A
S= = −0,088 2
dx x
e aumenta com a diminuição de x. No entanto a variação percentual relativa de C, é igual
à variação relativa de x, para pequenos deslocamentos em torno de qualquer posição
neutral, como se pode verificar através de:
dC A 1 A C
= −0.088 2 = − (0,088 ) = −
dx x x x x

ou seja dC/C=-dx/x

O microfone é uma aplicação muito vulgarizada deste transdutor, ver figura 8.15

Fig.8.15 Microfone capacitivo usado como transdutor.

Se as placas do condensador estão numa posição estacionária com uma separação


xo, não circula qualquer corrente no circuito, o condensador está carregado com a tensão
Eb e portanto a tensão de saída eo é nula. Se houver um deslocamento relativo xi da
posição de equilíbrio xo, produz-se uma tensão eo relacionada com xi por:
Eo( s) Eb τ s AR
= τ = 0,088.×10 -12 s
Xi ( s) Xo τ s + 1 Xo

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