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CONTEÚDO

PROFº: PANTOJA
02 INDEPENDÊNCIA DAS 13 COLÔNIAS
A Certeza de Vencer KL 140208
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A independência das treze colônias inglesas na


América, ocorrida em 1776, foi bastante significativa no
contexto da crise do Antigo Regime, pois foi o primeiro
movimento de independência das colônias americanas. A
independência dos Estados Unidos também é chamada pelos
historiadores de Revolução Americana.
A colonização inglesa não foi uniforme. Como se
sabe, nas colônias do centro e do norte desenvolveu-se a
policultura, com base no trabalho livre e na pequena
propriedade. Houve o desenvolvimento da atividade
manufatureira, apesar das proibições inglesas.
Na área meridional, a situação era diferente. As
colônias prestavam-se à produção de gêneros altamente
procurados no mercado europeu. Desenvolveu-se a grande
propriedade, com base na escravidão, monocultura e
dependente do mercado externo. Assim, enquanto no centro
e no norte encontrava-se uma maior diversidade social
(profissionais liberais, burguesia comercial e inanufatureira,
pequenos proprietários), no sul existia uma rica aristocracia
rural exportadora e uma grande quantidade de escravos.
Os colonos dispunham de assembléias
representativas e imperava o princípio do "self-govemment",
em grande parte estimulado pela própria Coroa inglesa, que
adotava a política de "negligência salutar" para com as colônias. Com o passar do tempo, os interesses dos colonos passaram a
divergir dos interesses da metrópole.
Por volta de meados do século XVIII a maturidade econômica das colônias atingiu um nível elevado. Os navios dos
colonos chegaram a fazer concorrência ao poderio mercantil e naval dos ingleses. Foram desenvolvidos os triângulos
comerciais, que envolviam o comércio das colônias, Antilhas, África e mesmo a Europa.
A Guerra dos Sete Anos (1756-1763), travada entre a França e a Inglaterra, e que terminou com a vitória desta última,
alterou substancialmente as relações entre a metrópole e a colônia. A guerra estendeu-se à América, com lutas entre colonos
ingleses e franceses. Os colonos adquiriram experiência militar, o que mais tarde seria útil nas lutas contra a própria Inglaterra.
É importante considerar um outro aspecto. Em função da grave crise econômico-financeira que afetou a Grã-Bretanha, como
resultado do prolongado conflito com a França e outros países, o Parlamento decidiu abandonar a Política de Negligência
Salutar, que norteou a colonização inglesa. Assim, através de leis restritivas, o governo britânico tentou impor uma rígida
política mercantilista, com o objetivo de aumentar as taxas e os direitos da Coroa.
Em 1764 e 1765, foram aprovadas pelo Parlamento inglês a Lei do Açúcar e a Lei do Selo, respectivamente. A primeira
impunha uma taxa aos produtos que não viessem das Antilhas Britânicas e listava outros tantos produtos que só poderiam ser
exportados para a Inglaterra. A segunda exigia a selagem dos documentos oficiais e legais. Os Atos Townshend, de 1767,
impuseram impostos sobre as mercadorias importadas. Em 1773, o monopólio do comércio do chá foi dado às companhias
inglesas através da Lei do Chá. A reação dos comerciantes americanos se traduziu na destruição do chá que foi tirado dos
navios ancorados no porto de Boston.
Em 1774, o Parlamento votou as Leis Intoleráveis, que estabeleciam o fechamento do porto de Boston e exigiam a
indenização pela perda da carga de chá. Estas leis determinaram a convocação do Primeiro Congresso Continental da Filadélfia,
que pediu a revogação das leis. A crise se aprofundou quando o rei da Inglaterra declarou que os atos dos colonos podiam ser
classificados como de rebeldia. O panfleto de Paine (Bom Senso) incentivou os colonos a lutarem pela liberdade. O Congresso
Continental de Filadélfia decretou a separação dos Estados Unidos. A guerra de independência se estendeu até 1781, Durante a
VESTIBULAR – 2009

Guerra da Revolução, um oficial britânico capturado passou algum tempo na plantação do Coronel Thomas Mann Randolph,
um dos líderes da pequena nobreza virginiana. O inglês descreveu, com uma nota de repulsa, a chegada de três fazendeiros,
membros da milícia local — a maneira como eles puxaram as cadeiras para perto da lareira, descalçaram suas botas lamacentas
e começaram a cuspir.
Randolph explicou que esse tipo de comportamento demonstrava “o espírito de independência” na América. E, sem dúvida,
qualquer americano que "pegasse em armas" durante a Revolução considerava-se a si próprio tão bom quanto qualquer dos
seus vizinhos.
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Este encontro casual ilumina o carater da Revolução Americana. O estímulo inicial para a rebelião veio da pequena
nobreza, dos ricos e bem nascidos. Eles manifestavam o seu descontentamento em pronunciamentos públicos e em discursos
diante das Assembléias eleitas. Todavia, logo perderam o controle, à medida que o movimento revolucionário gerava sua
própria força. Com as relações com a metrópole se deteriorando, os líderes tradicionais da sociedade colonial eram forçados a
convidar gente do povo para se juntar aos protestos, primeiro, como arruaceiros, depois como arregimentadores e, finalmente,
como soldados. Aquilo que tinha começado como uma briga entre pequenos burgueses transformou-se num movimento de
massa e, tal como Randolph aprendeu em seguida, assim que as pessoas do povo ficaram envolvidas na formação do destino da
nação, nunca mais puderam ser excluídas.
O incidente na fazenda de Randolph revelou um segundo aspecto, muitas vezes desconsiderado, da Revolução
Americana. Envolvia um profundo compromisso militar. Se os enlameados milicianos da Virgínia não estivessem dispostos a
enfrentar as bem treinadas tropas britânicas e a vencer o terror de uma carga de baionetas, a independência teria permanecido
como um sonho de intelectuais. Em proporção com a sua população, houve uma maior percentagem de americanos mortos no
serviço militar durante e Revolução do que em qualquer outra guerra na história americana, com exceção da Guerra Civil. A
liberdade para eles era mais do que uma abstração estudada por teóricos políticos como Thomas Jefferson e John Adams. E
aqueles americanos que arriscaram a vida e sobreviveram à morte viram, também, que havia um novo conceito de igualdade.

A Europa, e não a Inglaterra, é a pátria-mãe da América (...) Tudo aquilo que é razoável e justo clama pela separação. O
sangue dos que foram chamados, a voz lamentosa da natureza grita é hora de nos separarmos. Mesmo a distância a que Deus
colocou a Inglaterra e a América é uma prova forte e natural de que a autoridade de uma sobre a outra era a vontade dos céus
(...) Um governo nosso é um direito nosso (...) Portanto, que é que queremos? Por que hesitamos? Da parte da Inglaterra não
esperamos nada, a não ser a ruína (...) nada pode resolver nossa situação tão rapidamente quanto uma declaração de
Independência, aberta e feita com detenninação."
(Thomas Paine, Senso Comum, 1776. HUBERMAN, L.,Nós. o Povo. Editora Brasiliense,p.63e64)

É preciso dizer que, na Inglaterra, elementos identificados com as ideias democráticas, como John Wilkes, forneciam
subsídios para a luta de libertação das colônias norte-americanas. Também
na metrópole, a luta de classes movia os choques entre a burguesia inglesa e a nobreza latifundiária e o Rei (que dominavam o
Parlamento), e, sobretudo, manifestava-se através das greves operárias, motins de marinheiros etc.
"(...) turbas patrulhando as ruas durante o dia, alguns espancando aqueles que não davam vivas a Wilkes e à liberdade; (...)
carregadores de carvío e portuários destruindo as casas dos comerciantes de carvío que lhes recusavam aumento de salário;
serradores destruindo as serrarias, marujos retirando os massames dos navios e não deixando que seus colegas velejas sem, até
que os comerciantes acordaram em elevar seus salários; aguadeiros destruindo as barcas de água e ameaçando as pontes."
(Carta de Benjamin Franklin, descrevendo a situação em Londres, em 1768, APTHEKER,H,op.ctÏ,p.l69)
Grande parte do material ideológico utilizado na América do Norte baseou-se nas concepções divulgadas
anteriormente por/oftn Locke, participante da Revolução Gloriosa na Inglaterra (1688-1689), ponto de partida para o
Liberalismo do século XVIII. Segundo Locke, a fonte do conhecimento humano eram as sensações (Sensualismo ou Empirismo)
e o guia, a Razão. Em Locke se originaram as ideias da existência de leis naturais, do contrato entre governantes e governados,
da autonomia entre os poderes do Estado, do direito à revolta, e outras , consideradas pontos básicos da liberdade humana.
Na verdade, a maioria da população colonial encontrava-se atingida em seus interesses pela política inglesa: a
burguesia colonial via-se entravada pelo monopólio inglês, que implicaria o fim das manufaturas (em 1750, a metrópole
proibira a produção do ferro, e em 1754, a fabricação de tecidos) e cerceara o comércio colonial; os grandes fazendeiros do Sul,
ligados economicamente aos comerciantes ingleses, encontravam-se endividados, devido aos encargos que obrigatoriamente
assumiam (pagamento das taxas de importação na Inglaterra, dos fretes e seguros), e achavam-se impedidos, desde 1763, de
conquistar os territórios a oeste dos Apalaches, o que gerava a intensa especulação com as terras, sobretudo por parte dos
ingleses; os elementos das camadas médias e populares encontravam-se prejudicados pelo peso dos impostos, pelo alto preço
das mercadorias, pela opressfo religiosa, civil e política, e pelo desemprego devido à recessão da economia colonial entre 1772 e
1775, data do início da luta armada. Os colonos passaram a sentir o peso da política colonial inglesa: "monopolizar o mercado
para as manufa inglesas, daí a restrição i manufatura local; favorecer os mercadores ingleses de peles, os especula ; de terra, os
pescadores, os madeireiros; limitar a navegação somente à órbita dos domínios ingles.njÇ mo-nopolizar os benefícios
econômcos resultantes desse comércio; dominar o mais possível o comércio de mercadorias coloniais; controlar o crédito e as
finanças da economia colonial; impedir a expansão da população em direçaó ao Oeste; centralizar a máquina política das
colônias, estranxular o avanço demo- crático (estabelecido em algumas colônias, impedindo que ele se estendesse às demais) e
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diminuir as leis nacionais, especialmente em termos de arrecadação e de justiça ^reforçar o papel do militar na vida colonial,
elevar a arrecadação necessária para manter as colônias com seus próprios recursos, e o mais importante, para proteger o capital
inglês ali investido."
(APTHEKER, H., op. cit. p. 24)

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