Bruxaria!

O que lhe vem à mente quando ouve esta palavra?

Talvez imagens de velhotas narigudas em volta de um
caldeirão cozinhando poções com estranhos ingredientes, ou
a visão hollywoodiana de uma bruxinha graciosas que usam
seus poderes para o bem. De um extremo a outro, bruxaria
nada tem a ver com isso, começaremos pelo início.
Desde dos primórdios da humanidade o ser humano tem o
fascínio pelo desconhecido, oculto, secreto e misterioso,
sendo assim, não era de se admirar o espantoso crescimento
da bruxaria, que direta ou indiretamente sempre esteve
ligados ao seres humanos, seus ritos, suas crenças e filosofia,
a bruxaria existe desde tempos imemoráveis, ainda hoje onde
a crença é arraigada ouve-se contar uma lenda que mulheres
dançavam nuas num círculo de poder (enviando luz) antes
dos céus e da terra serem formados. De uma forma ou de
outra a bruxaria é a mais antiga religião do planeta.
Sua origem ao certo ninguém sabe, pois devido à inquisição
ou a “caça as bruxas” muito se perdeu á respeito da “antiga
religião”, assim como é chamada até hoje. O que se sabe e
pode afirmar é que a magia ou a bruxaria é a forma de
conexão com o divino mais antiga que existe, como já dito,
registros de sua existência são claramente identificados
devido a pinturas rupestres em cavernas e estatuetas
encontradas nas regiões de Willendorf (Áustria),
Creta (Grécia), França.
Tais pinturas e estatuetas revelavam mulheres com, ventre,
seios, vulva e vagina extremamente exageradas, delineando
assim sua divindade, seu poder de gerar e dar a luz uma nova
vida, um novo ser, segundo estudiosos e arqueólogos as
pinturas e estatuetas da Deusa datam cerca de 7.000 anos
a.c. no período neolítico, e outras datam cerca de 25.000 anos
a.c do paleolítico superior, visto que a divindade central da
bruxaria é a Deusa mãe. Para se ter uma idéia o culto a Deusa
nasceu há mais de 35.000 anos, abrangendo o período
neolítico, paleolítico, idade dos metais e todas as outras eras
feudais, medieval e assim por diante. Ao que se sabe a antiga
religião nasceu na Europa com os homens primitivos, até
evoluir e chegar á era medieval com os precursores desta
religião, eles surgiram em meados de II milênios a.c na
Europa central, e começaram a ocupar as margens do rio
Danúbio e sul da Alemanha a partir de 600 a.c. Eles
acreditaram que o conhecimento da magia era muito
poderoso e tinham medo que tal conhecimento caísse em
mãos erradas, por isso passavam com hereditariedade seus
conhecimentos de forma oral. Assim o que se sabe sobre os
celtas é pouco, somente alguns registros a respeito deles
foram encontrados, escritos por outros povos, que com eles
conviveram. Outros que desempenharam um papel
importantíssimo para a evolução da bruxaria foram os
egípcios, babilônicos, africanos e muitos povos, mas essa é
uma outra história que melhor explicada será.
Agora vamos nos ater ao “surgimento” da bruxaria convido
você leitor a fazer uma viagem no tempo, rapidinha eu
prometo.
Era das cavernas onde tudo começou, você é um homem pré-
histórico, não sabe nada á respeito dos ciclos naturais, vida
morte, reencarnação, Deuses e etc, ao longo de sua pacata
vida primitiva começa a notar as mudanças climáticas ao seu
redor o ciclo das plantas, o sol a chuva as fases da lua, com o
tempo descobre o fogo e sua magia aquilo é algo
extraordinário.
Com o tempo descobre que o fogo,que ele aquece, mas
também queima, água que é necessária para manter a vida, a
suave brisa do ar, as sementes germinando na terra, seu
corpo, seus membros, suas vontades e seus instintos, com
tudo encanta-se, então da sua própria maneira começa a criar
rituais para que o sol nasça, pois se ele não nascer você ficara
na escuridão, cria rituais para que chova pois se não chover,
as sementes não germinaram e as árvores não darão seus
frutos, resumindo, você chega a conclusão que TERRA, AR,
FOGO e ÁGUA, são fundamentais para a vida na terra, na sua
ignorância de homem pré-histórico tudo isso faz sentido,
pense bem, de verdade, coloque-se no lugar desse homem
pré-histórico, você ficaria espantado com os mistérios da
natureza, e na falta de explicação, criaria a sua forma de
explicar, e com a evolução natural das espécies, criaria um
sistema organizado de crença, perceberia ainda que tudo o
que sangra morre, mas que a mulher sangra durante muito
tempo e continua viva e o mais misterioso, que dela saem
semelhantes a você, mas que é só ela que pode gerar a vida,
então conseqüentemente ela é superior, é ai que entrar o
matriarcado ou seja a sociedade focada na mulher onde ela
lidera, e então surge a idéia de uma Deusa central, que criou
á todos nós, e começam-se as pinturas em homenagem á
Deusa assim como estatuetas feitas de ossos, barro, argila e
etc. De forma simples essa é a origem da bruxaria, e com a
simplicidade os ritos foram evoluindo á medida que os ser
humano também , e de tanta evolução o homem percebe que
o papel dele é fundamental para gerar a vida e que a mulher
necessita de um parceiro. Surge o matrifocal onde o homem
e mulher lideram, período esse que dura pouco tempo, pois o
homem começa a incomodar-se com o respeito pela mulher
na comunidade, veja que agora já evoluímos tanto, que
estamos na era medieval, o conhecimento foi passado de
geração, começamos por aquele homem das cavernas, até
seus filhos, netos, bisnetos e assim por diante, e seus bisnetos
fizeram algumas mudanças nos ritos, ai os bisnetos dos
bisnetos fizeram mais mudanças e a coisa foi crescendo até o
homem perceber que quem detinha o poder, a sacerdotisa, o
carinho e o respeito maior pela comunidade era a mulher, e é
ai que começa o patriarcado, com o império romano por volta
de 4.000 a.c. até 1 d.c e foi quando a energia de religião
começou a dominar o mundo, e deu-se inicio ao cristianismo,
quando a igreja juntou-se ao império romano, criado pelo
patriarcado. O ciclo mitológico da Deusa que havia
prevalecido mais de 30.000 anos fora alterado para adequar-
se ao patriarcado, pelos pagãos, tudo poderia ser encaixado,
eles adoravam seus Deuses, enquanto cristãos adoravam
Jesus, mas na tentativa de trazer muitos pagãos a nova fé,
varias crenças e filosofias até mesmo Deuses e Deusas do
paganismo foram incorporados ao cristianismo, isso até que
funcionou durante um certo tempo, pois muitos pagãos viram
em Maria uma das faces da sua Deusa tão querida, mas
continuavam praticando seus ritos pagãos escondidos, em
concilio com a mova fé, só que alguns pagãos não renderam-
se ao crisma da igreja, nem a seus santos (antigas Deuses e
Deusas) muito menos a suas festividades(de origem também
pagã) e isso foi que gerou o grande conflito, visto que os
homens (papas, padres bispos e arcebispos) queriam o poder,
nada mais obvio do que recrutar o maior numero de féis, eles
não conseguiram, pois a crença pagã estava ainda por demais
arraigada a grande população, população essa que respeitava
e amava as mulheres, curandeiras, parteiras e sacerdotisas
da Deusa que não se curvavam ao domínio egoísta e bruto
por parte dos homens, essas mulheres eram grandes
benfeitoras da comunidade, quando alguém ficava doente, se
tinha recursos pagavam um médico, se não tinha morriam,
mas as bruxas curavam tais pessoas com todo o
conhecimento que haviam adquirido de seus ancestrais, era
dessa forma que ganhavam o respeito da comunidade, e foi
isso que incomodou, não só aos grandes poderosos da igreja,
visto que elas detinham grande poder espiritual junto aos
camponeses, mas á médicos, estudiosos da época etc. Assim
no ano de 1.225 começou lentamente a inquisição ou a “caça
as bruxas”, quando Tomás de Aquino começou a difundir
idéias antipagã.

Inquisição
Século XIII começa lentamente a propaganda enganosa contra
a bruxaria.
No ano de 1.484 o papa Inocêncio VIII liberou oficialmente a
inquisição. Período negro da historia mundial onde ceifou-se
milhões de vidas inocentes. O papa Inocêncio VIII
encomendou um guia de caça as bruxas, “Maleus
Maleficarum” ou “Martelo das Feiticeiras” á dois dominicanos
“Kramer e Springer”.
A perseguição era direcionada em grande parte á mulheres,
incluindo crianças, idosos e etc. era presa sem aviso prévio,
levada, torturada até confessar, os que não confessavam
eram mortos queimados sem piedade, as que confessavam
tinham uma morte mais “misericordiosas” estrangulando a
vítima. A prática comum de tortura era desnudar o acusado,
raspar-lhe os pelos para que pudessem encontrar as marcas
diabólicas, verrugas ou marcas de nascença, que segundo o
Malleus Maleficarum seria o lugar onde o próprio diabo se
alimentava de sangue da bruxa, vez ou outra espetava-se o
acusado com as longas e afiadas agulhas pois acreditavam-se
que os pontos onde o diabo houvesse tocado fosse indolor, na
Inglaterra a “tortura legal” não era permitida mas os acusados
eram proibidos de dormir e submetidos a lenta insanidade até
serem enforcados. A maioria das pessoas acusadas de
bruxaria eram inocentes e mal sabiam o que realmente era a
bruxaria, tudo era motivo para acusação, se a plantação de
trigo fracassasse, se a esposa abandonasse o marido, se um
recém nascido falasse, tudo era obra de bruxaria, a
insanidade chegou a tal intensidade que os tios denunciavam
sobrinhos para escaparem da fogueira, além disso é claro sem
mencionar que, ganhava-se determinada quantia em dinheiro
ao descobrir novas bruxas, a industria da inquisição tornou-se
um “negócio rentável”.
Os acusadores e inquisidores ganhavam para encontrar
torturar e matar pessoas acusadas de ligação com o
demônio, demônio esse criado pela igreja e quanto maior o
numero de pessoas acusadas, torturadas e mortas, maior era
a quantia a se ganhar, a epidemia de caça as bruxas tomou
conta do mundo inteiro em alguns lugares mais intensamente
que outros, estima-se que nove milhões de pessoas foram
mortas nessa caça as bruxas e 80% eram mulheres, o Malleus
Maleficarum fazia a seguinte afirmação “TODA A BRUXARIA
ADVÉM DA LUXÚRIA CARNAL, A QUAL NAS MULHERES É
INSACIAVEL”, ou seja as mulheres eram as vitimas preferidas,
principalmente alguma beldade local, a qual anteriormente
tivesse rejeitado algum cortejo secreto de um padre, agora
era hora de pagar, outras porque haviam nascido com alguma
deficiência, mulheres grávidas eram estupradas, idosos,
crianças, homens, todos, ninguém escapava, mas a maioria
dos mortos na inquisição não foram as verdadeiras bruxas,
pois elas escapavam para terras e esconderijos longe da
inquisição, a maioria das bruxas tinham como companheiro
um gato, se depois de 3 dias o bichano não aparecessem elas
pegavam suas trouxinhas e davam o fora, o conhecimento era
passado oralmente, pois as verdadeiras bruxas que outrora
haviam escritos seus conhecimentos nos livros das sombras,
agora os queimavam para que o segredo sagrado da antiga
religião não caísse em mãos erradas, muito do conhecimento
da bruxaria foi perdido, mas muito do conhecimento da
bruxaria foi perdido, mas muito resgatado, é claro que
algumas bruxas de verdade foram apanhadas e seus livros
também, agora eu faço uma pergunta que gostaria que você
leitor pensasse: “ Onde foi parar, ou melhor, que fim foi dado
ao material confiscado pelos inquisidores do vaticano?”
Já ouviu falar da linha de magia cristã? Pois é, há muito que
não sabemos. Enfim, indispensável dizer que a instituição
médica da era época somente homens, lucravam muito com a
inquisição, pois viram nesse terror a chance de eliminar
parteiras, herbanários e curandeiros locais, ou seja, seus
principais concorrentes econômicos, além de se verem livres
de pessoas que incomodavam toda a sociedade local, na
maioria dos casos centenas de vítimas eram mortas em um só
dia, foi uma atrocidade generalizada, mas a inquisição não só
causou mal aos acusados, mas também ao planeta, como por
exemplo os gatos (que tinham sensibilidade e senso de alerta)
que eram companheiros preferidos das bruxas, logo foram
associados ao diabo e conseqüentemente queimados. Assim
cresceu o numero de ratos e dando inícios a peste bubônica
que era transmitida aos seres humanos através das picadas
das pulgas dos ratos, isso causou um desequilíbrio ecológico
gerando um efeito de combustão devido ao grande numero de
corpos, pois nem todos eram queimados, acusações de
bruxaria também foram usadas para justificar a escravidão e
o aprisionamento de escravos africanos, dizendo que seriam
cristianizados pela nova religião, muitos dos antigos pagãos
sobreviventes não tinham mais contato com seus antigos
convéns e foram separados pela colonização, sendo trazidos
como trabalhadores para novos países, e assim fugiram e
juntavam-se aos índios cujas tradições eram parecidas em
espírito com as suas, muitas bruxas reuniam-se secretamente
em clareiras nas florestas, grutas e lugares quase inacessíveis
para praticarem seus ritos de alguma forma, mesmo a antiga
religião tendo se tornado a mais secreta das religiões, o
segredo sagrado da arte continuou vivo e sendo mantido
pelos seus fiéis seguidores.
Após todas essas mortes, acusações essa nevoa negra e
espessa que dominou o planeta e também a humanidade foi
cessando, embora tenham ocorrido alguns casos isolados de
agressão contra suspeitos de bruxaria a inquisição durou até
os arredores do século XVII quando veio a era da descrença
nas bruxas, pois as pessoas “cansaram” de caçar bruxas. A
era das fogueiras durou até 1.792 na Europa e 1.830 na
América do Sul , a ultima lei contra a bruxaria ou perseguição
as bruxas foi promulgada em 1.951, no século XX mesmo
assim muitos pagãos mantiveram-se as escondidas devido ao
choque vivido por anos de sofrimento, morte e pânico, mesmo
podendo se mostrar novamente ao mundo. Até que um
“querido” e considerado por muitos “louco” decidiu trazer aos
poucos, a luz , as práticas mais antigas de religião do mundo “
A BRUXARIA”, esse foi GERALD BROSSEOU GARDNER,
nascido em 13 de junho de 1.884 na cidade de Blundellsands,
próximo a Liverpool Inglaterra, com descendência escocesa,
Gardner trabalhou no oriente como lavrador de chá e como
oficial de alfândega, no ano de 1.936 aposentou-se e retornou
a Inglaterra com a esposa, foi nessa época durante a 2º
guerra mundial(1.940) que Gardner teve contato com a antiga
religião através de uma sociedade secreta que se intitulava
Rosa-Cruz, “Sociedade de Crotona”, dentro desse grupo ele
conheceu um movimento maçônico, e algumas pessoas desse
grupo estavam envolvidas em um outro trabalho que chamou
a atenção de Gardner, como mantinham-se escondidos,
alguns desses pagãos estavam ligados ao movimento maçom
e a sociedade de Crotona, assim logo Gardner fez parte desse
“covem”, ao descobrir o mundo maravilhosos da bruxaria,
Gardner sem pensar quis expor todas as suas descobertas, e
foi censurado pelos “antigos sacerdotes da arte”, mas após
dez anos quando Annie Besant, sacerdotisa falecesse, mais ou
menos em 1.951, Gardner resolveu compartilhar “A Arte” com
o mundo, através da publicação e suas obras primas “HIGH
MAGIC’S AID WITCHCRALF TODAY” e “ THE MEARNING OF
WITCHCRAFT”, 1950, 1954 (isso após a ultima lei ser
revogada), Gardner foi considerado um traidor, pois os
antigos da arte não achavam correto trazer a publico
novamente os mistérios da antiga religião (que renasceu com
o nome de WICCA), pois na visão deles o que Gardner fez foi
quebrar as leis da bruxaria, que incluía segredo sobre a arte e
seus ritos, mas na verdade a coragem louvável de Gardner
deu um forte impulso a um movimento religioso de
crescimento espantoso que quebrou barreiras e ultrapassou
limites. Gardner é considerado o pai da wicca, alem de ter
sido um grande bruxo, seus rituais influenciaram e
influenciam até hoje direta ou indiretamente muitas tradições,
Gardner levou muitas “pedradas”, mas ganhou muitos
sorrisos e aliados, graças a ele sabemos muito hoje, ele
faleceu em 1.964, quando seu coração parou em pleno mar.
E foi assim que a bruxaria nasceu, evoluiu e atravessou eras
até chegar no nosso século, século XXI, a mais antiga religião
da face da terra, sendo resgatada por pessoas de todos os
tipo, raças, nacionalidade e etc...

Texto criado por Mago Daniel Lupercus.