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DE
ELETRÔNICA DIGITAL I
Professora Kattia Medeiros
2009/2
1
Introdução aos números
Número é um conceito matemático abstrato, mas bastante intuitivo. Pode-se definir como a
representação de uma coleção de objetos iguais ou quantidades. São indicados por símbolos
denominados algarismos ou dígitos e as palavras que os expressam são ditas numerais.
Seja, por exemplo, uma espécie de objeto representada pela letra grega alfa (α). A coleção
ααα é simbolizada por 3α, a coleção ααααα é indicada por 5α e assim sucessivamente.
Na tabela abaixo, a coluna (a) contém coleções sucessivas do objeto mencionado e a coluna (b) dá a
representação numérica usual.
Um fato notável ocorre a partir da quantidade 10: em vez de criado um novo algarismo,
foram usados dois já existentes. Esse artifício, que forma um sistema de numeração, é fundamental,
uma vez que os tamanhos das coleções são ilimitados e, portanto, seria inviável a definição de
infinitos símbolos diferentes.
(a) coleção (b) decimal (c) octal (d) hexadecimal (e) binário
0 0 0 0
α 1 1 1 1
αα 2 2 2 10
ααα 3 3 3 11
αααα 4 4 4 100
ααααα 5 5 5 101
αααααα 6 6 6 110
ααααααα 7 7 7 111
αααααααα 8 10 8 1000
ααααααααα 9 11 9 1001
αααααααααα 10 12 A 1010
ααααααααααα 11 13 B 1011
αααααααααααα 12 14 C 1100
ααααααααααααα 13 15 D 1101
αααααααααααααα 14 16 E 1110
ααααααααααααααα 15 17 F 1111
αααααααααααααααα 16 20 10 10000
ααααααααααααααααα 17 21 11 10001
αααααααααααααααααα 18 22 12 10010
Sistemas de numeração podem ser definidos com qualquer base, desde que maior que a
unidade. Na coluna (c) da tabela, são usados os mesmos algarismos do sistema decimal, mas apenas
até o 7. Isso forma o sistema de base oito ou octal de numeração. Portanto, 10 nessa base
corresponde ao 8 decimal, 11 ao 9, etc.
2
A coluna (d) da tabela mostra o sistema hexadecimal. Ele usa todos os algarismos do sistema
decimal mais a seis primeiras letras do alfabeto para formar a base de tamanho 16.
A menor base possível é constituída por dois dígitos diferentes, quase sempre representada pelos dois
primeiros algarismos do sistema decimal (0 e 1). É o sistema binário de numeração, conforme
exemplo da coluna (d) da tabela.
Formação do número
Exemplo: o número decimal 354 corresponde a 3 102 + 5 101 + 4 100. Por essa formação, no
caso de números decimais, costuma-se dizer que, da direita para a esquerda, o primeiro algarismo
indica unidade (100 = 1), o segundo indica dezena (101 = 10), o terceiro indica centena (102 = 100),
etc.
Identificação da base
Exemplo: conforme a décima primeira linha da tabela acima, ocorrem as equivalências nas diferentes
bases: 1010 = 128 = A16 = 10102.
Na prática, os números decimais são escritos sem o índice porque formam a base usual. Em
Eletrônica Digital e em Informática são comuns notações para evitar caracteres subscritos de índices.
Exemplo: em linguagem C, base octal é identificada pelo prefixo 0 (035, 021, etc) e base
hexadecimal pelo prefixo 0x (0x11, 0xCC, etc). Números binários são normalmente escritos sem o
índice 2 da base porque a própria seqüência de dígitos 0 e 1 é, em geral, suficiente para identificá-
los. Naturalmente, faz-se alguma observação se houver possibilidade de confusão com a base
decimal.
3
Conversão de decimal para binário, octal e hexadecimal
Tab 01
O método usa divisões sucessivas por dois, conforme exemplo dado na Tabela 01, isto é, a
conversão do número decimal 847 para binário.
Então, o número binário convertido é dado pelo último quociente seguido dos restos em
ordem inversa. No exemplo dado,
847 = 1101001112.
Desde que as operações aritméticas usuais são executadas em números decimais, a conversão
de qualquer base para a decimal é simples, bastando usar a lei de formação dada em #A.1# do tópico
anterior.
N = 1 27 + 1 26 + 0 25 + 0 24 + 1 23 + 0 22 + 0 21 + 1 20 = 1 128 + 1 64 + 0 32 + 0 16 + 1 8 + 0 4 + 0 2
+ 1 1 = 201.
N = 3 82 + 1 81 + 1 80 = 3 64 + 1 8 + 1 1 = 201.
4
• Exemplo de número hexadecimal: Seja N = C916. Então,
No caso de números fracionários, pode-se usar o mesmo procedimento, lembrando que, após
a vírgula, os expoentes são negativos e a lei de formação pode ser assim escrita:
N = … + a2 b2 + a1 b1 + a0 b0 + a−1 b−1 + a−2 b−2 + … #A.1# Onde os dígitos com índice negativo
estão após a vírgula.
Octal Binário
0 000
1 001
2 010
3 011
4 100
5 101
6 110
7 111
Tab 01
Na conversão entre octal e binário, pode ser usada a Tabela 01, que mostra a equivalência
entre dígitos octais e binários já vista no primeiro tópico. Nessa tabela são acrescentados, onde
necessário, zeros à esquerda para formar grupos de três dígitos binários.
Adota-se a seguinte regra: cada dígito octal equivale a três binários conforme tabela e vice-versa.
Exemplo: seja N = 3118. Na conversão para binário, basta substituir cada dígito octal pelo grupo de
três binários da tabela. Portanto,
Na operação inversa, separam-se os dígitos binários em grupos de três dígitos, com adição, se
necessário, de zeros à esquerda para o último grupo da esquerda. E os dígitos octais são os
correspondentes na tabela. Assim,
5
Hexadecimal Binário
0 0000
1 0001
2 0010
3 0011
4 0100
5 0101
6 0110
7 0111
8 1000
9 1001
A 1010
B 1011
C 1100
D 1101
E 1110
F 1111
Tab 02
Na operação inversa, basta separar os dígitos binários em grupos de quatro, com adição de
zeros à esquerda para o último, se necessário, e obter a equivalência na tabela.
Para a conversão entre octal e hexadecimal, em vez de uma regra própria, é mais fácil usar
o procedimento indireto, com a conversão auxiliar para binário.
6
1 1 0 1 1 Transporte
-------------------
1 1 0 1 1 +
1 0 1 1
-------------------
1 0 0 1 1 0 resultado
Tab 01
A soma de números binários é feita de forma similar à dos números decimais. Deve ser
considerado o dígito de transporte ("vai" algum dígito), que deve ser diferente de zero quando o valor
da soma excede o máximo que pode ser dado pela respectiva posição.
0 + 0 = 0 transporte 0.
0 + 1 = 1 transporte 0.
1 + 0 = 1 transporte 0.
1 + 1 = 0 transporte 1.
Tab 02
0 − 0 = 0 empresta 0.
0 − 1 = 1 empresta 1.
1 − 0 = 1 empresta 0.
1 − 1 = 0 empresta 0.
Se há mais de dois dígitos, as regras acima são aplicadas em partes. No quadro da Tabela 02,
exemplo da subtração 11000 − 111. Os dígitos de empréstimo estão na penúltima linha e o resultado
na última.
1 1 0
1 1 x
1 0
-------------------
0 0 0 0 0
1 1 0 1 1
-------------------
1 1 0 1 1 0
7
Tab 03
A multiplicação de números binários é também similar à dos decimais. Deve-se considerar
as igualdades elementares:
0 × 0 = 0.
0 × 1 = 0.
1 × 0 = 0.
1 × 1 = 1.
Os resultados intermediários (penúltima e antepenúltima linha) devem ser somados para o resultado
final. Notar que essa soma pode exigir dígitos de transporte de forma similar ao exemplo anterior.
Neste caso, todos eles são nulos e não estão indicados.
1 1 0 1 1 / 1 1
--------------
1 1 1 0 0 1
--------
0 0 0
0 0
--------
0 0 1
0 0
---------
0 1 1
1 1
------
0 0
Tab 04
A divisão de números binários pode ser feita de modo semelhante à divisão de decimais.
Os dois primeiros dígitos do dividendo são comparados com o divisor e, se for maior ou igual, é
escrito 1 no quociente. Esse valor é multiplicado pelo divisor e subtraído dos dois primeiros dígitos.
Ao resultado (00) é acrescentado o próximo dígito do dividendo (0). Desde que o valor é menor que
o divisor, o dígito 0 é acrescentado ao quociente.
O procedimento é repetido até o último dígito do dividendo, obtendo-se o resultado 1001 e resto 0.
8
Álgebra de Boole
Informações binárias
Na operação de circuitos digitais, o conceito de número binário pode ser estendido para
informação binária. Um conjunto de um ou mais dígitos binários pode indicar um número aritmético
ou qualquer outra informação, como caracteres alfabéticos, instruções de operação, sinais, etc.
A expressão inglesa bit (de binary digit) foi, na prática, adotada para indicar um dígito
binário. Também o byte, para indicar uma seqüência de 8 dígitos binários (8 bits).
Uma variável binária é uma variável cujos valores só podem ser dígitos binários. No
contexto de operação de circuitos lógicos, pode-se considerar variáveis de apenas um dígito (1 bit)
ou de vários.
A álgebra de Boole é um conjunto de postulados e operações lógicas com variáveis binárias
desenvolvido pelo matemático e filósofo inglês George Boole (1815-1864). As operações básicas
dos circuitos digitais são fundamentadas matematicamente nos seus conceitos, que inclusive
guardam alguma (mas não total) semelhança com a álgebra comum dos números reais.
Esta página apresenta algumas informações de forma resumida, sem entrar em detalhes como
demonstrações de teoremas e identidades. Outros conceitos e procedimentos relativos à álgebra de
Boole são dados ao longo das páginas sobre circuitos lógicos.
Variáveis
Uma variável booleana representa um dígito binário, ou seja, só pode ter os valores 0 ou 1.
Matematicamente pode-se dizer que o domínio de uma variável é o conjunto
1) Operação OU
É similar à adição comum, mas a correspondência não é plena. Símbolo usual é o mesmo da adição.
Exemplo:
9
2) Operação E
É similar à multiplicação comum e há correspondência, como poderá ser visto adiante. Símbolo
usual é o mesmo da multiplicação. Exemplo:
X = A · B (lê-se X igual a A e B). Muitas vezes, também de forma semelhante à álgebra comum, o
sinal de ponto é suprimido: X = AB. O e comercial (&) é um símbolo usado em algumas linguagens
(X = A & B).
3) Operação NÃO
X = A (lê-se X igual a não A). Alguns outros símbolos são o sinal de exclamação (X = !A) e o
apóstrofo (X = A').
1) Postulados da operação OU
0 + 0 = 0
0 + 1 = 1
1 + 0 = 1
1 + 1 = 1
Algumas referências escrevem postulados da adição. Mas lembrar que é adição booleana,
não equivale plenamente à adição comum porque, para esta última, 1 + 1 deve ser 0.
2) Postulados da operação E
0 · 0 = 0
0 · 1 = 0
1 · 0 = 0
1 · 1 = 1
10
Omitindo as demonstrações, algumas identidades podem ser deduzidas a partir dos
postulados acima:
4) Da operação OU
X + 0 = X
X + 1 = 1
X + X = X
X + X = 1
5) Da operação E
X · 0 = 0
X · 1 = X
X · X = X
X · X = 0
6) Da operação NÃO
X = X’
A relação acima sugere uma semelhança com o negativo da álgebra usual, pois −(−x) = x.
1) Propriedade comutativa
A + B = B + A
A · B = B · A
2) Propriedade associativa
A + (B + C) = A + (B + C) = A + B + C
A · (B · C) = A · (B · C) = A · B · C
3) Propriedade distributiva
A · (B + C) = A·B + A·C
4) Teoremas de Morgan
11
5) Outras igualdades
A + A·B = A
A + A·B = A + B
(A + B) · (A + C) = A + B·C
f:X → Y, pode ser entendida como uma regra que define um elemento único y Y para cada
elemento x X. A notação prática mais comum é y = f(x). Pode-se também dizer que a função faz
um mapeamento de x para y.
x1 x2 x 3 y1 y 2
0 0 0 0 0
0 0 1 1 0
0 1 0 0 1
0 1 1 1 1
1 0 0 0 0
1 0 1 1 0
1 1 0 0 1
1 1 1 1 1
Tab 01
Seja agora o conjunto das variáveis booleanas B = {0, 1}. Se existem n variáveis, o conjunto de todas
as combinações possíveis é simbolizado por Bn (produto cartesiano).
Uma função booleana é o conjunto de todas as funções que fazem o mapeamento de m variáveis de
entrada para n variáveis de saída:
f: Bm → Bn.
Na prática, pode-se dizer que é uma função que estabelece uma relação entre um conjunto de m
variáveis de entrada com um conjunto de n variáveis de saída.
Desde que os valores das variáveis são discretos (apenas 0 e 1), o mapeamento da função pode ser
apresentado em forma tabular, denominada tabela de verdade da função. O quadro Tab 01 dá um
exemplo para três entradas e duas saídas.
12
Portas lógicas
Portas lógicas são dispositivos práticos que executam funções booleanas básicas, isto é, as
operações fundamentais OU, E, NÃO e algumas delas derivadas. Na atualidade, a sua
implementação é quase sempre em circuitos eletrônicos integrados, mas podem ser componentes
discretos, circuitos elétricos com relés, dispositivos óticos, circuitos hidráulicos ou mesmo
mecanismos.
Considerando circuitos elétricos ou eletrônicos, deve-se notar que os valores lógicos 0 e 1 são
representados por tensões ou correntes, normalmente em determinadas faixas. Exemplo: no caso de
tensão, 0 a 2V pode indicar o nível lógico 0 e 4 a 6 V pode indicar o nível lógico 1. Entretanto, na
análise lógica, esse dado não é levado em conta e os valores de entradas e saídas são sempre
referidos a 0 ou a 1.
Porta OU
Nesta porta, a saída S é igual à operação booleana OU entre os valores das entradas. No quadro
abaixo, Figura 01-a, o símbolo usual e, em 01-b, a tabela de verdade da função. A função booleana
(ou lógica) é S = A + B.
A B S
---------
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 1
A Figura 01-c mostra um circuito simples com relés para a porta OU. Neste caso, 0 V é o
nível lógico 0 e +V é o nível lógico 1. As bobinas dos relés têm supostamente essa tensão nominal.
Desde que os contatos estão em paralelo, a tensão em S será +V (nível 1) sempre que pelo menos
uma das bobinas estiver com tensão (nível 1). Se ambas estiverem sem tensão (nível 0) a saída S será
desconectada de +V, ficando no mesmo potencial da terra (0) em razão do resistor R. Portanto, o
circuito opera conforme a tabela de verdade ao lado.
Porta E
A saída S é igual à operação booleana E entre os valores das entradas. Símbolo usual
conforme Figura 02-a e tabela de verdade em 02-b. A Figura 02-c mostra um circuito simples com
relés para a porta E. Agora, os contatos estão em série e a saída só terá nível 1 quando todas as
entradas forem também 1.
13
A função lógica é S = A · B.
A B S
---------
0 0 0
0 1 0
1 0 0
1 1 1
Porta NÃO
Na porta NÃO, a saída S é igual à operação booleana de mesmo nome para a entrada A. Nas Figuras
03-a, 03-b e 03-c, símbolo usual, tabela de verdade e circuito elétrico simples para a função.
A S
------
0 1
1 0
Em razão da operação que executa, a porta NÃO admite apenas uma entrada. As portas OU e
E (e outras delas derivadas) podem ter qualquer número n ≥ 2 de entradas.
A B C S A B C S
------------ ------------
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 1 1 0 0 1 0
0 1 0 1 0 1 0 0
0 1 1 1 0 1 1 0
1 0 0 1 1 0 0 0
1 0 1 1 1 0 1 0
1 1 0 1 1 1 0 0
1 1 1 1 1 1 1 1
14
Portas NÃO OU, NÃO E, OU EXCLUSIVO e NÃO OU EXCLUSIVO
Porta NÃO OU
É uma porta OU com um inversor (NÃO) na saída, que, nos diagramas, pode ser representado
por um pequeno círculo conforme já comentado. Símbolo usual e tabela de verdade para duas
entradas nas Figuras 01-a e 01-b.
A B S A B S
--------- ---------
0 0 1 0 0 1
0 1 0 0 1 1
1 0 0 1 0 1
1 1 0 1 1 0
Porta NÃO E
De forma similar à anterior, apresenta resultados complementares aos da porta E devido ao inversor
na saída. Símbolo usual e tabela de verdade para duas entradas nas Figuras 01-c e 01-d deste tópico.
Porta OU EXCLUSIVO
A operação booleana OU não oferece plena equivalência com a soma aritmética comum. A
função OU EXCLUSIVO permite essa correspondência. Símbolo usual e tabela de verdade para duas
entradas nas Figuras 02-a e 02-b.
Expressão booleana: S = A B.
A B S A B S
--------- ---------
0 0 0 0 0 1
0 1 1 0 1 0
1 0 1 1 0 0
1 1 0 1 1 1
15
Porta NÃO OU EXCLUSIVO
Em geral, a primeira coisa que se faz no desenvolvimento de circuitos é determinar o que ele
deve fazer. Para circuitos lógicos, a tabela de verdade indica isso.
Tabela 01
Comb A B C S
0 0 0 0 1
1 0 0 1 0
2 0 1 0 1
3 0 1 1 0
4 1 0 0 1
5 1 0 1 1
6 1 1 0 1
7 1 1 1 0
A coluna Comb significa combinação. É apenas uma numeração seqüencial das combinações das
entradas para referências no texto.
O procedimento a seguir descrito é possivelmente um dos mais simples, embora não seja o mais
eficiente.
Em primeiro lugar, consideram-se somente as combinações de saída não zero. Elas são as de
números 0, 2, 4, 5 e 6.
16
Figura 01
A cada combinação de saída não nula, corresponde um bloco E com número de entradas igual
ao da tabela (3 neste caso). Portanto, são 5 blocos E conforme Figura 01.
Em cada bloco E, são adicionados inversores (blocos NÃO) em cada entrada com valor zero
na combinação.
A saída de cada bloco E é ligada à entrada de um bloco OU. A saída desse bloco é a saída S
do circuito.
Conforme já dito, este método não é dos mais eficientes. Os circuitos são grandes demais e
podem ser mais simples, simplificação esta que é objeto dos próximos tópicos.
Tabela 01
Comb A B S
0 0 0 0
1 0 1 1
2 1 0 1
3 1 1 1
Seja a tabela de verdade simples ao lado (Tabela 01), com apenas duas entradas e uma saída.
17
Figura 01
As saídas são marcadas pelas sobreposições.
Uma vez inseridas todas as saídas, devem ser identificados todos os pares não diagonais possíveis de
valores não nulos, mesmo que sobrepostos.
Par 1: equivalente a A
Par 2: equivalente a B.
Tabela 02
Comb A B S
0 0 0 0
1 0 1 0
2 1 0 0
3 1 1 1
18
Figura 02
A Figura 02 (a) exibe o diagrama de Veitch-Karnaugh para essa tabela de verdade.
A saída S = 1 está isolada e deve ser entendida como uma função E das entradas sobrepostas, isto é,
S = A . B
A tabela de verdade para o exemplo deste tópico é a mesma usada no tópico. Determinando circuitos
a partir da tabela de verdade desta página.
19
Figura 01
Outro exemplo: para a combinação 6, A = 1, B = 1 e C = 0. Portanto, A, B e C. E o quadrado é
marcado com o valor da saída conforme tabela (1).
No diagrama de duas variáveis, os grupos de valores 1 só podem se pares. Para três variáveis, podem
ser quadras e pares.
• quadras (e também pares) podem ser formadas por elementos não adjacentes se estiverem na borda
(neste caso, são considerados adjacentes).
• pares devem estar fora das quadras ou podem ter um elemento comum. Não valem os pares com os
dois elementos no interior de uma quadra.
Cabe lembrar que o diagrama de Veitch-Karnaugh pode ser construído a partir da expressão
booleana no lugar da tabela de verdade. Para o circuito não simplificado do tópico mencionado
(Determinando circuitos a partir da tabela de verdade), a expressão lógica é:
S = A B C + A B C + A B C + A B C + A B C.
20
Basta, portanto, considerar cada parcela como saída 1 no diagrama e os demais quadrados nulos.
Tabela 01
Comb A B C D S
0 0 0 0 0 0
1 0 0 0 1 1
2 0 0 1 0 1
3 0 0 1 1 1
4 0 1 0 0 0
5 0 1 0 1 1
6 0 1 1 0 0
7 0 1 1 1 1
8 1 0 0 0 1
9 1 0 0 1 1
10 1 0 1 0 0
11 1 0 1 1 1
12 1 1 0 0 1
13 1 1 0 1 1
14 1 1 1 0 0
15 1 1 1 1 1
Seja agora o exemplo, conforme Tabela 01 deste tópico, de uma tabela de verdade com 4
variáveis de entrada e uma saída.
Por indução, conclui-se que o diagrama de Veitch-Karnaugh para 4 variáveis pode ter pares,
quadras e oitavas. São aplicáveis regras similares às vistas no tópico anterior.
21
Figura 01
O diagrama para a tabela é dado em (a) da Figura 01 deste tópico.
• par A B C
• quadra A C
• oitava D
S=ABC+AC+D
Repetindo observação do tópico anterior, elementos nas bordas podem formar grupos. Isso deve ser
sempre verificado, pois uma única omissão invalida o resultado.
22
Figura 02
Nos exemplos da Figura 02 (que não têm relação com o circuito anterior), são identificados:
Em (a):
• quadra BD.
Em (b):
• quadra BD.
• par ABD.
Deve-se também observar que o maior grupo possível contém apenas uma variável. O segundo maior
contém duas variáveis e assim por diante. Portanto, para melhor simplificação, a identificação dos
grupos deve partir dos maiores para os menores.
Função lógica tal que, no caso de duas entradas, o valor da saída é 1 se as entradas são diferentes e 0
se as entradas são iguais.
A B S
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 0
A tabela de verdade pode ser vista ao lado e a função lógica é simbolizada por:
S=A B
Muitas vezes ela é considerada elementar, mas, na verdade, é implementada com uso dos três blocos
realmente elementares.
Usando o procedimento dado em pode-se montar a expressão lógica e o circuito a partir da tabela
anterior:
S=AB+AB
23
Figura 01
A Figura 01 (a) mostra o circuito correspondente a essa expressão. Portanto,
A B=AB+AB
O símbolo do bloco, também já visto em páginas anteriores, é dado em (c) da mesma figura.
XX = 0
X+0=X
X (Y + Z) = XY + XZ
A B = AB + AB + AA + BB = A (A + B) + B (A + B) = (A + B) (A + B).
Outra propriedade (teorema de Morgan) diz que XY = X + Y. Assim, a expressão anterior fica:
A B = (A + B) (AB) #B.1#.
A tabela de verdade pode ser elaborada com uso da propriedade associativa da álgebra de Boole, que
também vale para a função:
S = A B C = (A B) C.
A B C S
0 0 0 0
0 0 1 1
24
0 1 0 1
0 1 1 0
1 0 0 1
1 0 1 0
1 1 0 0
1 1 1 1
0 0 = 0
0 1 = 1
Os resultados mostram claramente que a definição anterior para duas entradas (ver OU exclusivo
(XOR) de duas entradas) não pode ser mais válida:
Bloco lógico tal que a saída é 1 se o número de entradas 1 é ímpar e 0 nos demais casos. Essa
definição se aplica para qualquer número de entradas.
Figura 01
A expressão lógica pode ser deduzida da tabela de verdade conforme método dado em Eletrônica
digital IV-10:
S = A B C + A B C + A B C + A B C #A.1#.
Usando procedimento idêntico, pode-se ampliar o bloco para qualquer número de entradas.
25
Figura 02
A Figura 02 dá o diagrama de Veitch-Karnaugh para as três variáveis,
Não é possível formar pares nem quadras e, assim, conclui-se que o circuito não admite
simplificação.
A B C S
0 0 0 1
0 0 1 0
0 1 0 0
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 0
É o inverso do OU exclusivo e, portanto, a definição genérica é: bloco lógico tal que a saída é 1 se o
número de entradas 1 é par e 0 nos demais casos.
#A.1#
Evidentemente, o circuito interno é o mesmo anterior com o acréscimo de um bloco NÃO na saída.
Figura 01
26
Desde que é o inverso do OU exclusivo, também não deve haver simplificação conforme tópico
anterior.
Display de 7 segmentos
Figura 01
Desde que ele pode indicar dígitos de 0 a 9 (10 dígitos), a informação binária precisa ter 4 dígitos
binários, pois, com três, só oito valores poderiam ser exibidos.
Nesse circuito, ABCD são as quatro entradas binárias e abcdefg são as saídas para os sete segmentos
do display. A tabela de verdade é dada abaixo.
A B C D a b c d e f g
0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0
1 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0
2 0 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1
3 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 1
4 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 1
5 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1
6 0 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1
7 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
8 1 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1
9 1 0 0 1 1 1 1 1 0 1 1
1 0 1 0 Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø
1 0 1 1 Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø
1 1 0 0 Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø
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1 1 0 1 Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø
1 1 1 0 Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø
1 1 1 1 Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø
A notação Ø indica valor indiferente (pode ser 0 ou 1), uma vez que não há valor a indicar acima da
combinação 9. O circuito que fornece as entradas deve evitar combinações nesses casos (algumas
vezes, as combinações que sobram, total de seis, são usadas para sinal negativo, sinal de erro e
outros).
Conforme mencionado na primeira página desta série, a informação binária não tem necessariamente
relação com o número binário que ela representa. Por exemplo, para a combinação 0, abcdef tem
1111110. Esse número binário não é igual ao dígito correspondente no display (0). Isso é, na
realidade, um código para o display de sete segmentos.
Um circuito lógico que converte uma entrada para o código do dispositivo é denominado
decodificador.
A própria entrada de 4 bits ABCD, que tem relação direta com o valor decimal, é também chamada de
código BCD.
Foram dados exemplos de diagramas de Veitch Karnaugh para circuitos com várias entradas e uma
saída. Neste caso são sete, mas, desde que são eletricamente independentes, considera-se que cada
saída é um circuito e pode ser elaborado um diagrama para cada.
Figura 01
Saída a:
a = A + C + BD + BD
Saída b:
b = B + CD + CD
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Figura 02
Saída c:
c=B+C+D
Saída d:
d = A + BD + CB + CD + BCD
Figura 03
Saída e:
e = BD + CD
Saída f:
f = A + CD + CB + BD
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Figura 04
Saída g:
g = A + BC + BC + CD
Os valores indiferentes (Ø) devem ser inseridos. Como podem ser zero ou um, supõem-se valores
convenientes para formar grupos os maiores possíveis. Lembrar que, conforme página mencionada,
quanto maior o grupo, menor o número de variáveis e o circuito é mais simples.
Figura 01
É evidente que, com os integrados disponíveis, dificilmente alguém irá montar o circuito anterior.
Isso serve apenas para mostrar como funciona. A Figura 01 dá o diagrama de pinos do decodificador
para display CD4511BC da Fairchild Semiconductor.
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Figura 01
Notar as entradas ABCD e as saídas acbdefg.
Entradas não permitidas (valor indiferente nas saídas) produzem saídas nulas.
A adição de interfaces analógicas nas saídas (transistores de potência e/ou outros) permite controlar
displays de grande porte, como os construídos com lâmpadas fluorescentes.
Notaç S = A . S = A + S = A S=A S = (A . S = (A - - -
ão B B B B) + B)
Tabel A B S ABS A S ABS ABS ABS J KQ D Q T Q
a de 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 Qa 0 0 0 Qa
verda
de 0 1 0 0 1 1 1 0 0 1 1 0 1 1 0 1 0 01 0 1 1 1 Qa
1 0 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 0 10 1
1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 Qa
Alguns blocos lógicos citados são formados por combinações de blocos elementares, mas são
assim considerados pela importância de suas funções. O bloco NÃO, se junto de outros, pode ser
indicado apenas por um pequeno círculo. Alguns símbolos podem diferir um pouco dos
apresentados na página devido a diferenças de softwares gráficos. A operação de flip-flops depende
também das entradas CK, PR e CL. Ver páginas correspondentes.
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Circuitos Aritméticos
Introdução
Nas páginas anteriores foram vistos circuitos (ou blocos) que fazem operações lógicas
elementares (E, OU, NÃO) ou expressões delas derivadas.
Observar que operações lógicas não são equivalentes a operações aritméticas, apesar do uso
de alguns sinais aritméticos na álgebra de Boole. Vejamos um exemplo com a função OU.
A expressão lógica S = A + B (lê-se "S igual a A ou B") não equivale à expressão aritmética S = A +
B ("S igual a A mais B"). Basta ver a tabela de verdade do tópico anterior para concluir que a
correspondência falha para A = 1 e B = 1. Podemos dizer, no entanto, que a função OU
EXCLUSIVO é igual à soma aritmética. Mas a semelhança ainda é incompleta. Na operação de
soma, precisamos considerar também um dígito de transporte ("vai um") e a função mencionada não
tem esse recurso. Por essas considerações, podemos esperar que a operação de soma seja executada
por circuitos específicos (somadores), objetos dos próximos tópicos.
Observação sobre o dígito de transporte: a fim de preservar uniformidade com várias outras
fontes, mantemos aqui a notação inglesa, isto é, a letra C ("carry") para representá-lo. Mais
especificamente, usamos Cin ("carry" e "in") se for entrada de circuito e Cout ("carry" e "out") se for
saída.
S=X Y
C=X.Y
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Na língua inglesa, o circuito é denominado "half adder".
Somador completo I
O meio somador não se presta à soma de números com mais de um dígito. A Figura 01 dá exemplos
de soma comum com 4 dígitos.
A saída de "vai um" (Cout) global do circuito é obtida por um bloco OU que recebe as saídas de "vai
um" de ambos os meio somadores. A operação do circuito pode ser confirmada pela tabela de
verdade Tab 4.1.
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Uma vez obtidos esses valores, se analisamos em função de C1 e C2, vemos que correspondem à
função OU, o que corresponde ao circuito apresentado.
Somador completo II
Da Tabela 01 do tópico
anterior, podemos tirar a
expressão de Cout em função
das entradas X, Y e Cin:
A Figura 01 é o diagrama de
Veitch-Karnaugh para essa
Fig 01
expressão.
O diagrama permite a
simplificação com os três pares
formados:
Fig 02
S = X Y Cin ou
Fig 03 S = (X Y) Cin
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Exemplo: somador de 4 dígitos
Os somadores completos vistos anteriormente permitem a formação de conjuntos para somar
números de quaisquer quantidades de dígitos.
Complementos
O conceito de complemento é usado quando há necessidade de representação de números negativos
no processamento digital. Consideramos, por exemplo, que trabalhamos com números binários de 8
dígitos (ou bits) e desejamos representar apenas números inteiros.
Um método de indicar números negativos é considerar o bit mais significativo (mais à esquerda)
como bit de sinal: 0 indica nulo ou positivo e 1, negativo.
Assim, no conjunto considerado de 8 bits, o maior positivo é 27 - 1 = 127. Com o zero, temos agora
127 + 1 = 128 para zero e positivos. Sobram portanto 128 para os negativos e o menor deve ser -128.
Seja o número decimal 45. Em binário de 8 bits: 00101101. Complemento de 1: 11010010. Ora, se o
complemento indica o negativo do número, a soma de ambos deve ser nula: +45 + (-45) = 0. Mas se
fizermos a soma 00101101 + 11010010, encontraremos 11111111. Para obter zero, precisamos
somar 1 e desprezar o dígito "vai um " (Cout). O método foi usado em máquinas mais antigas.
O complemento de dois é obtido pela adição de 1 ao complemento de um. Exemplo para o número
45:
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esquerda é o "vai um" (Cout) e não mais pertence ao conjunto de 8 bits (é a nona posição na
seqüência da direita para a esquerda).
Portanto, o complemento de dois é um método mais consistente e certamente o mais usado nas atuais
máquinas digitais. Observar, por exemplo, o complemento de dois de zero (00000000) = 11111111 +
1 = 100000000. O resultado, como seria esperado, é também zero, de acordo com o comentário do
parágrafo anterior.
Subtração
Podemos construir circuitos para subtração de forma bastante similar aos de adição já vistos.
Teremos então o "meio subtrator" e o "subtrator completo". Entretanto, se adotada a convenção de
sinal do tópico anterior, é mais comum o uso de somador e complemento, isto é, a subtração de dois
números equivale à soma do primeiro com o complemento do segundo.
O circuito da Figura 01 é o
somador de 4 bits do tópico
Exemplo: somador de 4
dígitos com portas NÃO nas
entradas Y. Fazendo Cin do
somador 0 igual a 1, esse valor
é somado ao complemento de
1 da entrada Y, resultando no
seu complemento de 2, que é
somado com X. Portanto,
temos na saída o resultado de
X - Y.
Fig 01
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