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A responsabilidade patrimonial do empresário

Sumário

1. Sociedades Simples

1.1 Responsabilidade do cedente e do cessionário pelas obrigações

1.2 Responsabilidade por dano decorrente de seu voto

1.3 Responsabilidade dos


administradores

1.4 Responsabilidade patrimonial dos sócios

1.5 Responsabilidade do sócio que se retirar, falecer ou for excluído da sociedade

2. Sociedade limitada

2.1 Responsabilidade dos sócios

2.2 Responsabilidade do Conselho Fiscal

2.3 Responsabilidade do sócio que se retirar da sociedade

2.4 Responsabilidade por dívidas tributárias da


sociedade

3. Desconsideração da personalidade jurídica


1. SOCIEDADES SIMPLES

1.1 Responsabilidade do cedente e do cessionário pelas


obrigações

Nas sociedades simples o cedente das quotas responde solidariamente com o


cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como
sócio, até 2 anos depois de averbada a modificação do contrato informando a
cessão das quotas.

Essa disposição impede que o sócio cedente fique desimpedido de imediato no


tocante às obrigações da sociedade, com a sua retirada do quadro societário.

1.2 Responsabilidade por dano decorrente de seu


voto

O sócio que tiver em alguma operação interesse contrário à sociedade, responderá


por perdas e danos, se a deliberação que a aprovar ocorrer graças a seu voto.

1.3 Responsabilidade dos administradores

O administrador responde por perdas e danos perante a sociedade, quando realizar


operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a
maioria.

Os administradores também respondem solidariamente perante a sociedade e


terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.

Essa responsabilidade solidária abrange os atos decorrentes de dolo e culpa e


caracterizado o ato como ilícito, terá aplicação também o art. 927 do Código Civil
que determina a obrigatoriedade da reparação por aquele que, por ato ilícito,
causar dano a outrem. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.
O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se
ocorrer pelos menos uma das seguintes hipóteses:

I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da


sociedade;

II - provando-se que era conhecida de terceiros;

III - tratando-se de operação efetivamente estranha aos negócios da sociedade.

O administrador que, sem consentimento escrito dos sócios, aplicar créditos ou


bens sociais em proveito próprio ou de terceiros, terá de restituí-los à sociedade,
ou pagar o equivalente, com todos os lucros resultantes e, se houver prejuízo,
também responderá por ele.

Ficará sujeito a essas sanções inclusive o administrador que, tem em qualquer


operação interesse contrário à sociedade, tomar parte na correspondente
deliberação, pois neste caso terá violado os deveres a ele impostos, conforme
previsto no Código Civil (diligência na execução do mandato, dar contas da
gerência ao mandante, não compensar prejuízos a que deu causa com proveitos
que tenha granjeado etc.).

1.4 Responsabilidade patrimonial dos


sócios

Nas sociedades simples a responsabilidade dos sócios é ilimitada, ou seja, se os


bens da sociedade não forem suficientes para o pagamento das dívidas, os sócios
respondem pelo saldo devedor na proporção de sua participação no capital da
sociedade, salvo se do contrato constar cláusula de responsabilidade solidária,
hipótese em que todos os sócios responderão em conjunto pelo débito a ser pago.

De qualquer forma, os sócios podem se valer do benefício de ordem previsto no


art. 1024 do Código Civil, que determina que os bens particulares dos sócios não
podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados nos
bens sociais, ou seja, apenas se estes não forem suficientes para pagamento da
dívida é que serão alcançados os bens dos sócios.
Se a sociedade simples for constituída sob a forma de sociedade limitada, a
responsabilidade patrimonial dos sócios ficará limitada ao capital social subscrito e
não integralizado.

O antigo Código não tratava da questão, mas o atual prevê que o sócio admitido
em sociedade já constituída não se exime das dívidas sociais anteriores à sua
admissão. Portanto, o sócio que ingressar na sociedade ficará responsável,
juntamente com os demais sócios, pelas dívidas da sociedade anteriores ao seu
ingresso. Se a sociedade for executada e os seus bens forem insuficientes para o
pagamento das dívidas, os sócios poderão responder com os bens pessoais.

1.5 Responsabilidade do sócio que se retirar, falecer ou for excluído da


sociedade

A retirada, a exclusão ou a morte do sócio, não o exime ou os seus herdeiros da


responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até 2 anos depois de
averbada a resolução da sociedade.

Nos casos de retirada e exclusão, o sócio que se retirar ou for excluído responde
pelas obrigações sociais posteriores em até 2 anos, enquanto não se requer a
averbação da alteração.

2. SOCIEDADE LIMITADA

2.1 Responsabilidade dos sócios

Nas sociedades limitadas a responsabilidade de cada sócio na sociedade limitada é


restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social.

A responsabilidade de cada sócio é pela integralização de sua quota, respondendo,


entretanto, de forma solidária com os demais, no caso de algum sócio não
integralizar sua quota de capital.

Não integralizado o capital a responsabilidade pela quantia que faltar para


completar a integralização será solidária, podendo os demais sócios tomar para si
ou transferi-la para terceiros, excluindo o sócio remisso e devolvendo-lhe o que foi
pago, deduzidos os juros e as despesas.
Os sócios podem optar pela indenização pelo dano emergente da mora ou reduzir a
quota do sócio remisso ao montante já realizado, notificando-o com antecedência
de 30 dias, a caracterizar a mora.

Os sócios respondem subsidiária e ilimitadamente com seu patrimônio pessoal


relativamente às deliberações contrárias à lei ou ao contrato social, como nos
demais tipos sociais. Mas essa responsabilidade ilimitada se aplica apenas aos
sócios que aprovaram referidas deliberações.

2.2 Responsabilidade do Conselho


Fiscal

Os membros do conselho fiscal devem atuar de acordo com as determinações da


legislação, tendo em vista que respondem solidariamente perante a sociedade e
terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.

2.3 Responsabilidade do sócio que se retirar da


sociedade

A retirada, a exclusão ou a morte do sócio, não o exime, ou os seus herdeiros, da


responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até 2 anos depois de
averbada a resolução da sociedade, conforme já foi dito.

Nos casos de retirada e exclusão, o sócio que se retirar ou for excluído responde
pelas obrigações sociais posteriores em até 2 anos, enquanto não se requer a
averbação da alteração.

Todavia, segundo uma parcela da doutrina a aplicação desse prazo, previsto no art.
1032 do Código Civil, às sociedades limitadas significaria uma ruptura total dos
princípios que regem a responsabilidade patrimonial dois sócios nesse tipo social,
tendo em vista que os sócios dessas sociedades somente são responsáveis até o
valor do capital por eles integralizado.

Somente em casos excepcionais, em que cabe a aplicação da desconsideração da


personalidade jurídica, é que os sócios ficam responsáveis ilimitadamente pelas
obrigações da sociedade.
Nesse sentido, representaria um total contra-senso o sócio de uma sociedade
limitada vir a responder pelas obrigações sociais na hipótese de exclusão da
sociedade.

Desse modo, não há como compatibilizar o art. 1032 com o art. 1052 que
contempla a regra da responsabilidade dos sócios nas sociedades limitadas. É de se
concluir, portanto, que a regra do art. 1032 não se aplica às sociedades limitadas.

2.4 Responsabilidade por dívidas tributárias da sociedade

O Código Tributário estabelece no art. 135 a responsabilidade de terceiros por


dívidas tributárias, ou seja, das pessoas que embora não sendo os verdadeiros
contribuintes tornam-se responsáveis diante do Fisco pelo pagamento do tributo.

A jurisprudência com base nesse dispositivo legal vinha se posicionando no sentido


de que os sócios das limitadas deveriam responder por obrigações das quais
participassem.

O art. 1080 estabelece que as deliberações infringentes do contrato social ou da lei,


quer em benefício próprio ou não, transformam a responsabilidade dos sócios em
ilimitada.

Assim, ocorrerá a desconsideração da personalidade jurídica em detrimento do


patrimônio pessoal dos administradores ou sócios.

3. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

O art. 50 do Código Civil prevê expressamente que em caso de abuso da


personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte ou do Ministério Público,
que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações seja estendidos aos
bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

A desconsideração da personalidade jurídica pode ocorrer nas seguintes


hipóteses:
a) dissolução de sociedade como meio de fuga da responsabilidade patrimonial
pessoal dos sócios;

b) deliberações contrárias à lei ou ao contrato social que tornam ilimitada a


responsabilidade dos que expressamente aprovaram;

c) sociedade constituída por cônjuges casados no regime da comunhão


universal de bens ou da separação obrigatória de bens.

A possibilidade de aplicação da desconsideração da personalidade jurídica somente


pode ser avaliada mediante a análise do caso concreto, haja vista a proteção à
personalidade da pessoa jurídica militar em favor da economia e ter verdadeira
função social, por serem as empresas fontes geradores de emprego e,
consequentemente, de renda.

Fundamento legal: arts. 1003, 1010, 1013, 1015, 1016, 1017, 1025, 1032, 1052,
1058 e 1080 do Código Civil e citado no texto.

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