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"... fantasy is genuinely timeless in a way that realism is not.

"
Lucie Armitt

Elementos da estética de 


J. R. R. Tolkien
André Luiz R. M. Pereira
Programa
Aula 1: Introdução: apresentação do curso, do autor,
aspectos gerais da obra; Filologia e Literatura; cultura
pop.

Primeira Parte: Tolkien como crítico


Aula 2: Leitura e discussão do poema Beowulf e do ensaio
“Beowulf: os monstros e os críticos”. Método de abordagem
da literatura pelo autor.
Aula 3:Leitura e discussão do ensaio “Sobre histórias de
fadas”: o que são histórias de fadas, uso da tradição,
Fantasia, funções.
Aula 4:Leitura e discussão do ensaio “Sobre histórias de
fadas” e da Poética de Aristóteles. Uma poética para o
drama e uma poética para a prosa. Mímesis x Subcriação.
Programa
Segunda Parte: Tolkien como autor
Aula 5: A folha por Niggle – arte, subcriação e mundo
secundário
Aula 6: O Senhor dos Anéis – fusão de gêneros (teoria de
Frye)
Aula 7: O Senhor dos Anéis - “A pira de Denethor”
encenação de uma tragédia dentro do romance. Retomada
da poética aristotélica na prosa
Aula 8: O Senhor dos Anéis – O mal e a morte
Aula 9: O Silmarillion: Ainulindalë – criação do mundo e
metalinguagem
Aula 10: O Silmarillion: De Beren e Lúthien: o amor
tolkieniano
J.R.R. Tolkien
John Ronald Reuel Tolkien (Bloemfontein, 3
de janeiro de 1892 - Bournemouth, 2 de
setembro de 1973)

Obra:
Escritos filológicos: Beowulf: the
monsters and the critics (1936), On
Fairy-stories (1939), Sir Gawain and
the Green Knight, Pearl and Sir
Orfeo (trad 1975)

Escritos sobre a Terra-Média


(Middle-earth)*

Outros escritos: Leaf by Niggle


(1946), Farmer Giles of Ham (1949),
Smith of Wootton Major, Mr. Bliss
(1982), Roverandom (1998).
Escritos sobre Middle-earth
The Hobbit (1937)*
The Lord of the Rings (1954 - 1955)*
The Adventures of Tom Bombadil (1962)
The Silmarillion (1977)*
Unfinished Tales (1982)
The History of Middle-earth - 12 volumes (1983-1996)
The Children of Húrin (2007)
Midgard, Middenheim, Middangeard,
Middle-earth
Recepções e críticas

W.H. Auden Edmund Wilson


Recepções e críticas
Edmund Wilson: "Oo, those awful orcs!"
The Nation, 14 de abril de 1956

[...] É intrigante pensar, por que o autor deve ter suposto que estava
escrevendo para adultos. Existem, com certeza, alguns detalhes, que são um
pouco desagradáveis para um livro infantil, mas exceto quando ele está sendo
pedante e também chateando o leitor adulto, há pouco em O Senhor dos Anéis
acima da cabeça uma criança de sete anos. Ele é essencialmente um livro
infantil – um livro infantil que, de algum modo, saiu do controle, desde então,
em vez de direcioná-lo ao mercado «juvenil», o autor foi autoindulgente,
desenvolvendo a fantasia por sua própria conta; [...]

[...] O herói não tem tentações sérias; não é atraído por encantamentos
traiçoeiros, desorientado por poucos problemas. O que nós temos é um
simples confronto – mais ou menos nos termos do tradicional melodrama
britânico – das Forças do Mal com as Forças do Bem, o vilão distante e hostil
com o pequeno e corajoso herói local.[...]
Recepções e críticas - Wilson
[...] Nunca há muito desenvolvimento nos episódios; você simplesmente
continua pegando mais da mesma coisa. O Dr. Tolkien tem pouca habilidade
na narrativa e nenhum instinto para forma literária. As personagens falam uma
linguagem de livros de histórias que podem ter saído de Howard Pyle, e como
personalidades elas não se impõe. Ao fim do romance, eu ainda não tenho um
conceito do mago Gandalph (sic), que é uma figura central, nunca sendo capaz
de visualizá-lo como por inteiro. [...]

[...] Existem Cavaleiros Negros, de quem todos tem medo, mas que nunca
veem nada além de espectros. Há terríveis aves pairando – pense nisso,
horríveis aves de rapina! Há orcs nojentos como ogros, que, entretanto,
raramente chegam ao ponto de cometer qualquer ato abertamente. Há uma
aranha fêmea gigante – uma terrível, rastejante e arrepiante aranha! – que vive
em uma caverna escura e come pessoas. O que sentimos falta em todos
esses terrores é qualquer traço de realidade concreta. O sobrenatural, para ser
efetivo, deve receber algum tipo de solidez, uma presença real, características
reconhecíveis – como em Gulliver, como em Gogol, como em Poe; [...]
Recepções e críticas - Wilson

Agora, como é que esses longos volumes, que parecem a este crítico só uma
embromação, evocou tanto respeito como aqueles acima? A resposta é, eu
acredito, que certas pessoas – especialmente, talvez, na Grã Bretanha – tem
um longo apetite por lixo juvenil. Eles não aceitariam lixo adulto, mas,
confrontados com o artigo pré-adolescente, eles retrocedam à fase mental de
se encantarem por Elsie Dinsmore and Little Lord Fauntleroy e que parece ter
feito de Billy Bunter, na Inglaterra, quase uma figura nacional. Você pode ver
isso no tom em que eles caem quando falam sobre Tolkien: eles babam, eles
gritam, eles agradam; eles vão além sobre Malory e Spenser – ambos que tem
uma graça e uma distinção que Tolkien jamais tocou.
Recepções e críticas
W. H. Auden:
"The Hero is a Hobbit", 31 de outubro de 1954
"At the End of the Quest, Victory", 22 de janeiro de 1956

Em A Sociedade do Anel, que é o primeiro volume da trilogia, J. R. R. Tolkien


continua a imaginativa história do mundo imaginário, ao qual ele nos
apresentou em seu livro mais antigo, mas em um modo adaptado aos adultos,
para aqueles, a saber, entre as idades de 12 e 70 anos.[...] Todas as buscas
são relacionadas a algum objeto mágico, as Águas da Vida, o Graal, um
tesouro enterrado etc; normalmente é um Objeto bom, o qual é tarefa do herói
encontrar ou resgatar do Inimigo, mas o Anel da história do Sr. Tolkien foi feito
pelo Inimigo e é tão perigoso que até mesmo os bons não podem usá-lo sem
que sejam corrompidos. (THH)
Recepções e Críticas - Auden
A primeira coisa que se exige é que a aventura deva ser variada e excitante; a
esse respeito, a criação de Sr. Tolkien é firme, e, em um nível primitivo de
querer saber o que acontece em seguida, “A sociedade do Anel” é pelo menos
tão boa quanto “The Thirty-Nine Steps.” De qualquer mundo imaginário, o leitor
demanda que ele pareça real, e o padrão de realismo exigido hoje em dia é
muito mais estrito do que no tempo, digamos, de Malory. O Sr. Tolkien é
agraciado por possuir um surpreendente dom para dar nomes e um olho
maravilhosamente exato para descrições; no momento em que alguém termina
seu livro, ele sabe as histórias dos Hobbits, dos Elfos e dos Anões, e a
paisagem que eles habitam, tão bem quanto sabe de sua própria infância.

Finalmente, se alguém tomar um conto desse tipo seriamente, deverá sentir


que, embora superficialmente diferente do mundo em que vivemos, em como
suas personagens e eventos podem ser, ele, não obstante, segura um espelho
para a única natureza que conhecemos, a nossa própria; nisso, também, o Sr.
Tolkien teve um magnífico sucesso, e o que aconteceu no ano do Condado de
1418, na Terceira Era da Terra-Média, não é apenas fascinante em 1945, mas
também um aviso e uma inspiração. (THH)
Recepções e críticas
Brian Appleyard:
"What took them so long?", 8 de abril de 2007.

[...] Tolkien é visto convencionalmente como uma figura anti-modernista. Ele não gostava
de tecnologia, e sua perseguição do antigo parece ecoar aquela dos Pré-Rafaelitas e do
fantasista gótico Augustus Pugin, arquiteto do Palácio de Westminster.

Isso pode ser visto como escapismo, uma rejeição do engajamento modernista com o
presente e com o futuro, mas eu não tenho certeza se isto é muito justo. Compare, por
exemplo, o projeto de Tolkien com duas das maiores figuras da literatura modernista.
O Ulisses de James Joyce conta a história da vida comum de um de Dublin como uma
recapitulação da lenda do errante herói grego. The Waste Land de T. S. Eliot é um
panorama mitológico, que se aproxima dos contos do passado para lançar uma luz
devastadora sobre a condição do presente, a coisa toda assombrada pelo espectro do
colapso mental.

Em outras palavras, embora completamente diferentes (e muito mais artistas), esses


escritores estavam fazendo algo similar a Tolkien: tentando lançar uma luz sobre o
presente, adaptando contos e mitologias do passado. O projeto de Tolkien era, realmente,
mais como simples escapismo - seu passado era, afinal, inteiramente de sua invenção -
mas isso não diminui sua significância como um sintoma primário da condição moderna.
James Joyce ?
J. R. R. Tolkien - repercussões
Homo floresiensis - encontrado na Indonésia em 2004,
apelidado de "hobbit" (assunto ainda em discussão)

O Senhor dos Anéis: desenho animado (1978)

O Hobbit - HQ, 1990


http://www.tolkien-music.com/
J. R. R. Tolkien - repercussões
J. R. R. Tolkien - músicas
http://www.tolkien-music.com/

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