“Como aplicar o e-Learning no Jardim de Infância e 1º Ciclo – estudo de caso em

escolas de Portugal”

III EAD – III Congresso de Ensino a Distância de Países de Língua Portuguesa – Aulavox

Artigo extraído da comunicação confeccionada para o III Congressode EAD dos Países de
Língua Portuguesa com o tema “COMO APLICAR E-LEARNING NO JARDIM DE INFÂNCIA E 1º
CICLO” – estudo de caso em escolas de Portugal de autoria de Patrícia Silva e Souza do
Amaral da Costa Lopes – Pósgraduada/Especialista em Tecnologias da Informação e
Comunicação pela Universidade do Minho – IEC (Instituto de Estudos da Criança) –
Braga/Portugal e Licenciada em Ensino 1º CEB pela ESEC – Escola Superior de Educação
de Coimbra – Portugal

A sociedade actual está marcada por aceleradas e

profundas transformações científicas, tecnológicas,
económicas, políticas, sociais e culturais. A evolução da
tecnologia está na base de grande parte dessas
transformações.

Estes avanços científicos e tecnológicos têm de ser

considerados desde os primeiros anos de ensino, porque as
interacções com mundos virtuais e com as ferramentas
associadas ao conceito de Web 2.0 são hoje realidades com
as quais as crianças interagem e convivem de uma forma
perfeitamente natural.

A escola não vive alheia deste fenómeno e têm vindo a compreender, gradualmente, a
importância da apropriação das tecnologias por parte das crianças e a sua integração em
contextos educativos. Existem práticas bem sucedidas que comprovam já essa integração
em ambiente escolar. Defendemos, por isso, que as novas tecnologias constituem mais do
que uma ferramenta ao serviço do ensino, um poderoso instrumento cultural inserido na
prática pedagógica da educação com finalidades sociais autênticas que lhes conferem mais
significado (Amante, 2004).

Daí o surgimento do Projecto “e-1º Ciclo A escola em qualquer lugar”. Projecto

desenvolvido para o CREBI – Centro de Recursos Educativos / Biblioteca do Infante,
Agrupamento de Escolas Infante D. Henrique – Viseu – Portugal.

Com base neste contexto, foi desenvolvido um estudo de caso que inclui a criação,
dinamização e a avalização de um blogue, disponível em http://e-1ciclo.blogspot.com ou e,
www.eidh.pt/crebi.
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A integração curricular das tecnologias digitais, levou-nos a reenquadrar os conteúdos, as

estratégias e as didácticas específicas através dos processos de comunicação interactivo e
a repensar o papel do professor e dos adultos que rodeiam a criança. Neste contexto,
destacamos o enquadramento teórico do estudo; o e-Learning no ensino do 1º ciclo e as
suas potencialidades; uma breve descrição da estrutura do Blogue; a sua contribuição para
o desenvolvimento de competências sociais e literacias, particularmente para a emergência
da linguagem escrita.

Patrícia Silva e Souza do Amaral da Costa Lopes

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escolas de Portugal”

III EAD – III Congresso de Ensino a Distância de Países de Língua Portuguesa – Aulavox

O “e-Learning é o processo pelo qual o aluno aprende através de conteúdos colocados no

computador e/ou Internet e em que o professor, se existir, está à distância utilizando a
Internet como meio de comunicação (síncrono ou assíncrono) podendo existir sessões
presenciais intermédias” (Retirado de: Leal, D & Amaral, L. – Do ensino presencial ao e-
Learning.

Nesse processo encontramos vantagens e condicionantes: as vantagens: Em qualquer

parte, Em qualquer altura, Qualquer pessoa; Economia substancial de custos; Acesso just-
in-time a informação actualizada; Maior retenção dos conteúdos através de formação
personalizada; Maior colaboração e interacção entre os formandos; Uniformidade dos
assuntos; Criação da “Memória da Organização”. E as condicionantes: contexto
económico, social e cultural em que alguns países se encontram; iliteracia por parte da
população de alguns países; implementação débil e pouco estruturada de projectos de
formação à distância; fraca qualidade dos conteúdos formativos e elevado descrédito
relativamente às verdadeiras vantagens desta modalidade formativa; resistência por parte
de certas empresas, universidades e outras entidades à implementação de soluções de
formação inovadoras deste tipo; fraca capacidade de investimento do tecido empresarial;
dificuldades no acesso à Internet por parte de alguns potenciais formandos; preferência por
parte de alguns formandos por cursos externos que adoptam uma metodologia tradicional;
necessidade de contacto presencial e consequentemente de auto-motivação.

O insucesso de alguns sistemas de e-Learning deve-se essencialmente à inexistência de

uma estratégia clara ao nível das metodologias e dos conteúdos. De acordo com diferentes
estudos já realizados pela Comissão Europeia, bem como por entidades portuguesas nesta
área, como o INOFOR, as principais causas deste insucesso são as seguintes: falta de
interactividade dos conteúdos do curso; maior importância dada ao aspecto gráfico do que
ao conteúdo; desenvolvimento dos cursos sem ter em atenção as necessidades dos
formandos; barreiras tecnológicas existentes, principalmente devido a incompatibilidades
de software utilizado; utilidade dos cursos para os formandos apenas numa primeira
utilização; falta de estratégia e metodologia formativa (Comissão Europeia; DG Educação e
Formação – e-Learning Initiative -
http://europa.eu.int/comm/education/programmes/elearning/doc_en.html - INOFOR.
Colecção formação a distância e e-learning. http://www.inofor.pt). Algumas barreiras /
resistências encontradas são: resistência ao Processo, à TIC e à Mudança.

As tendências sociais também são factores de relevância. A mudança demográfica; A

revolução tecnológica; A globalização; O branding; A fusão de empresas; A
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subcontratualização e a privatização de empresas são mais mais significativas segundo o

Relatório Facts, Figures & Facts behind e-learning, e- LearnFrame, Agosto de 2000.

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são os instrumentos que auxiliam no

ensino e na aprendizagem; instrumentos que auxiliam o desenvolvimento das actividades
através das informações e do uso das tecnologias.

Não podemos esquecer que para que ocorra a aprendizagem é necessário que o educando
faça a relação do que é ensinado com o que deseja aprender e com o que para ele é
significante. É significante? É agradável? Quero aprender isso?

Patrícia Silva e Souza do Amaral da Costa Lopes

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No mundo da tecnologia, inventam-se tantas novidades que realmente é difícil acompanhar

todas as possibilidades de trabalho que elas abrem para um professor. Recentemente,
surgiu mais uma: O BLOG

Educação  Processos de Conhecimento / Diálogo  Blogue

O blog não é apenas um diário virtual. Pode e deve ser utilizado como uma ferramenta para
ampliar a comunicação e a interacção entre professor e alunos. É um excelente meio para
oferecer uma formação descentralizada.

Nós poderíamos compreender blog educativos como aqueles “weblogs” cujo objectivo
principal é suportar um processo do ensino-aprendizagem em um contexto educativo.

A possibilidade da criação colectiva e a aproximação de alunos e professores são apontadas

como as principais contribuições que os blogs podem trazer para o processo de ensino e
aprendizagem. “São aplicativos fáceis de usar que promovem o exercício da expressão
criadora, do diálogo entre textos, da colaboração”, explica Suzana Gutierrez, UFRGS. Blogs
possuem historicidade, preservam a construção e não apenas o produto (arquivos); são
publicações dinâmicas que favorecem a formação de redes”, completa.

Explica mais, que os blogs permitem o desenvolvimento de tarefas em equipa. “O trabalho

pedagógico com a ferramenta privilegia interactividade, autoria, autonomia, registo e
protagonismo”. São de grande Contribuição para o ensino-aprendizagem.

O objectivo do “e-1º Ciclo” é oferecer aos professores e alunos a possibilidade de publicar

o seu próprio registo; criar um “blog de blogs”, uma porta de entrada de registos de
utilizadores de uma comunidade educativa; explorar e difundir as possibilidades educativas
de publicações em formato de blogue.

A sua principal característica é a aplicação multi-utilizadores; sem instalação por parte do

utilizador; Disponibilidade imediata; vários níveis de administração; possibilidade de
personalização.

O Projecto e-1ºCiclo - “A Escola em Qualquer Lugar” parte com actividades a

desenvolver com os alunos, a apresentação das novas tecnologias na educação, utilizando
os recursos do Blogue. Foram criadas actividades que envolviam as áreas curriculares,
extra-curriculares (Inglês) e recursos educativos (Biblioteca Escolar) como: conto.net
(escrita colaborativa); Biblioteca Itinerante (Leitura de um conto – Livro Virtual com a
participação de uma contadora de histórias); English@e-1º Ciclo (Jogos interactivos);
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Videoconferência entre escolas.

As actividades que envolvam as TIC nas escolas do 1º Ciclo originam imensas dificuldades,
uma vez que os docentes oferecem grande resistência. Nota-se também, falta de formação
específica para a realização de actividades que envolvam as Novas Tecnologias. Os
recursos, no âmbito das TIC, das escolas do 1º Ciclo são escassos. Apenas possuem um
computador por sala, com ligação à internet, mas não possuem outros recursos como por
exemplo, webcam, microfone, colunas de som, videoprojectores, etc. Mesmo a ligação à

Patrícia Silva e Souza do Amaral da Costa Lopes

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internet se mostrou bastante lenta, o que originou quebras de comunicação entre as

escolas, ao nível do som.

Observa-se que a participação e o interesse dos alunos superam as melhores expectativas,

o que nos leva a concluir que a utilização das TIC favorece o processo ensino-
aprendizagem, pela motivação e recursos que proporciona.

Concluindo que, vivemos uma era dominada pelas novas tecnologias cujo campo de acção
se estende a todos os sectores da sociedade. A educação, nos últimos anos, tem sido
“pressionada” a aceitar as TIC como elemento importante no processo ensino-
aprendizagem com novos recursos colocados à disposição de todos os intervenientes neste
processo. Um dos recursos que emerge neste sector é o e-Learning – ensino à distância.

O Projecto “e-1º Ciclo – A escola em qualquer lugar”, demonstrou que os alunos estão
receptivos a todas estas novas experiências na educação, enquanto os professores
oferecem resistências, naturais, por desconhecimento das TIC e por acharem que se trata
de uma ameaça às suas práticas pedagógicas.

Dentro deste nosso projecto, o Conto em Videoconferência foi a actividade em que os

alunos se mostraram mais surpreendidos, uma vez que correspondia a uma vertente
desconhecida pela maior parte. Realçamos, também, a Escrita Colaborativa, o Colour e os
filmes, com bastante aceitação e participação de todos os visitantes do Blog.

Os aspectos a realçar foram: a imensa investigação realizada, que permitiu a execução de

todo o trabalho, os materiais concebidos, em papel e ao nível da multimédia, a explanação
dos conteúdos e os debates propostos.

A avaliação em relação a este projecto é bastante positiva, uma vez que sentimos que com
o nosso trabalho contribuímos para um melhor conhecimento da matéria em estudo, quer
ao nível de todos os intervenientes neste projecto, quer dos nossos colegas de curso,
através da exposição e defesa do trabalho.

Este projecto está inserido no CREBI – Centro de Recursos Educativos / Biblioteca do

Infante www.eidh.pt/crebi, do Agrupamento de Escolas Infante D. Henrique, que conta com
actividades da Biblioteca Digital: Conteúdos digitais (documentos que regem a Biblioteca
Escolar); Documentos de apoio ao utilizador (Catálogos electrónicos, fichas e outros); Guias
para Pesquisas, Segurança na Internet, Manuais de apoio ao Estudo (Estudo
Acompanhado); Links importantes (Sitio da Escola, Jornal Escolar, Rede de Bibliotecas
Escolares, Mapa do site…); Eventos e efemérides; Actividades realizadas e desenvolvidas
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pela Equipa da BE.

As actividades a destacar da Biblioteca Digital são o Conto.net – Escrita colaborativa de

contos/histórias disponibilizado na página, onde os alunos dão continuidade a história; e-
1ºciclo (disponibilização de materiais e actividades para o 1º ciclo e Jardim de Infância do
Agrupamento; wiki (Crebipédia) – local para divulgação de trabalhos de pesquisas
realizado pelos alunos e pela Equipa da Biblioteca (principalmente Autor do mês, Estudo
Acompanhado e Área de Projecto); e-Dúvidas (Espaço criado para os alunos esclarecerem
dúvidas online – esclarecimentos de dúvidas directamente com os diversos departamentos

Patrícia Silva e Souza do Amaral da Costa Lopes

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– conteúdos curriculares); Espaço do aluno e Espaço do Professor (diversas

ferramentas com recursos a web2.0, blog de actividades diárias e fórum de debate).

Se, em números, as experiências com blogues educacionais ainda não são tão expressivas,
a discussão em torno deles é intensa na blogosfera. Um rápido passeio pela web mostra
isso.

Os Blogues começaram a aparecer no final dos nos anos 1990. Até 1999, para se criar um
“blog”, eram necessários conhecimentos de HTML, mas a partir daí apareceram serviços
gratuitos para a publicação desses ciber-diários. Um dos mais conhecidos e utilizados no
mundo todo é o Blogger que conta com mais de um milhão de usuários cadastrados.

“Uma das principais características do Blogue é que estes pequenos textos, nele
apresentados, podem ser lidos e comentados pelas pessoas que tenham acesso ao mesmo.
Os Blogs podem ser utilizados no contexto educacional (em instituições académicas ou
empresariais) para várias finalidades. Dentre elas é possível destacar os trabalhos em
equipa, anotações de aula, discussão e elaboração de projectos acompanhados ou não de
imagens. Estas possibilidades, além da facilidade de utilização, organização de conteúdos e
comentários, ampliam as possibilidades de complementar as aulas dos professores de
forma inovadora e atraente” (Vera C. Queiroz e Pollyana Notargiacomo Mustaro).

Além de todas essas vantagens, criar um blogue é um exercício muito fácil e simples. Não
exige um conhecimento profundo de informática, nem instalação de programas para a
publicação e actualização.

A questão que se coloca é: como, nós, professores, podemos usar esse novo
suporte de informação para alcançar os nossos objectivos dentro de um processo
de aprendizagem?

Esses diários electrónicos são uma ferramenta diferente, com potencial para reinventar o
nosso trabalho pedagógico e envolver muito mais os nossos alunos. Têm grande poder de
comunicação: oferecem espaços de diálogo onde os alunos são escritores, leitores,
pensadores. Os Blogues ajudam a construir redes sociais e redes de saberes.

“Durante muito tempo o ensino à distância foi considerado como uma simples alternativa
para quem não podia ter acesso a ‘verdadeiros cursos’, quer dizer, a cursos presenciais
orais”.

· Quais são as perspectivas do ensino à distância no futuro?

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· Será que ele se vai tornar objecto de uma escolha positiva?

“Graças às múltiplas opções abertas, podemos pensar que a formação à distância será
escolhida por um número crescente de jovens que combinarão estudo, trabalho e vida
pessoal, e que escolherão esta opção para continuar aprendendo durante a vida toda” (Le
Monde de l’Education, set. 1998, p. 15).

Num artigo publicado em 1986, na coletânea “Comunicação e Educação Caminhos

cruzados”, perguntávamos:

Patrícia Silva e Souza do Amaral da Costa Lopes

 “Como aplicar o e-Learning no Jardim de Infância e 1º Ciclo – estudo de caso em
escolas de Portugal”

III EAD – III Congresso de Ensino a Distância de Países de Língua Portuguesa – Aulavox

“O trabalhador estudante deve estudar dentro do Campus universitário? Ele

precisa estudar dentro dos limites do tempo lectivo?” (Vigneron. 1986. p. 356)

Patrícia Silva e Souza do Amaral da Costa Lopes