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INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA AMAZÔNIA

CURSO ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO

SHIRLEN VIANA LEAL

ESTUDO DA MUDANÇA NO USO E COBERTURA DO SOLO NO MUNICÍPIO DE


SANTARÉM

Belém
2005
2
INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA AMAZÔNIA

CURSO ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO

SHIRLEN VIANA LEAL

ESTUDO DA MUDANÇA NO USO E COBERTURA DO SOLO NO MUNICÍPIO DE


SANTARÉM

Monografia de Conclusão de Curso,


apresentada como requisito para a obtenção do
grau de Bacharel em Engenharia da
Computação.

Orientador Prof. Dr. José Felipe de Almeida


Co-orientador Prof. Dr. Edson Paulino Rocha

Belém
2005
3
INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA AMAZÔNIA

CURSO ENGENHARIA DA COMPUAÇÃO

SHIRLEN VIANA LEAL

ESTUDO DA MUDANÇA NO USO E COBERTURA DO SOLO NO MUNICÍPIO DE


SANTARÉM

Esta Monografia foi julgado adequado para obtenção da aprovação do título de Bacharel no
Curso de Engenharia da Computação do Instituto de Estudos Superiores da Amazônia.

Data:___/___/___
Conceito:__________

____________________________________

Prof. Dr. José Felipe de Almeida


Orientador

__________________________________

Prof. Dr. Edson José Paulino da Rocha


Co-orientador

__________________________________
Prof. Osmar Guedes

Belém
2005
4

Dedico este trabalho a Deus.


5

AGRADECIMENTO

Agradeço às seguintes pessoas e instituições que colaboraram de forma fundamental para o


desenvolvimento deste trabalho:

Ao Instituto de Estudos Superiores da Amazônia pelo suporte parcial da pesquisa.

Ao Dr. José Felipe e Dr. Edson Rocha orientadores acadêmicos, por suas sugestões e
contribuições, assim como o apoio, a paciência, o companheirismo, a confiança e a grande
amizade.

Ao departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Pará - Laboratório de Estudos


e Modelagem Hidroambientais – LEMHA pela disponibilização do laboratório para o
desenvolvimento do trabalho.

Ao Especialista em Sensoriamento Remoto Lorival Gomes do departamento de Geociência da


Universidade Federal do Pará - Laboratório de Análise de Imagens do Trópico Úmido-LAIT,
pela colaboração no desenvolvimento deste trabalho auxiliando no estudo do Sensoriamento
Remoto.

Ao SIPAM (Sistema de Proteção da Amazônia), pelo fornecimento das imagens de satélites


para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao Prof. Osmar Guedes, pela contribuição, atenção e paciência no auxilio de aprendizagem


no estudo do SPRING.

Ao prof. Iraçu Oliveira, pelas suas valiosas sugestões sobre Processamento Digital de
Imagens e também meu agradecimento ao Prof. Adilson Soares por contribuir para o estudo
do Geoprocessamento.

À minha mãe Berenice, a meu pai Roberto e a minha irmã Shirlene, pelo eterno amor e união,
que muito contribuíram para minha formação.

Ao Junior pelo amor, amizade, carinho e otimismo ao longo dos anos.

Aos amigos de curso, Áurea, Mônica, Thais, Cristiano e Cristina pela união, estímulo e
amizade.

A todas aquelas pessoas que de uma maneira ou outra contribuíram, e por omissão não
constam nesta lista, peço desculpas e agradeço.
6
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

P.

FIGURA 1 - Área de estudo................................................................................................. 14

FIGURA 2 - Representação da faixa do espectro eletromagnético...................................... 19

FIGURA 3 – Imagem landsat de 1986 banda 3................................................................... 20

FIGURA 4 – Imagem landsat de 1986 banda 4................................................................... 21

FIGURA 5 – Imagem landsat de 1986 banda 5................................................................... 21

FIGURA 6 – Imagem landsat de 1986 sintética, bandas 3(B), 4(G) e 5(R)......................... 22

FIGURA 7 – Imagem landsat de 1997 banda 3................................................................... 22

FIGURA 8 – Imagem landsat de 1997 banda 4................................................................... 23

FIGURA 9 – Imagem landsat de 1997 banda 5................................................................... 23

FIGURA 10 – Imagem landsat de 1997 Sintética , bandas 3(B), 4(G) e 5(R).................... 24

FIGURA 11 - Correção geométrica de imagens................................................................... 26

FIGURA 12- Modelo do segmentador................................................................................. 28

TABELA 1 - Classes temáticas............................................................................................ 29

FIGURA 13 - classificação do ano de 1986......................................................................... 31

FIGURA 14 - classificação do ano de 1997......................................................................... 31

FIGURA 15 - Mapa temático do ano de 1986...................................................................... 32

FIGURA 16 - Mapa temático do ano de 1997...................................................................... 32

TABELA 2 - Cálculo de Áreas/Comprimento por Geo-classe (km²/km). Uso solo na


região de Santarém nos anos de 1986 a 1997...................................................................... 33
7
SUMÁRIO

P.

RESUMO............................................................................................................................. 9

CAPITULO I – INTRODUÇÃO....................................................................................... 11

CAPITULO 2 – MUDANÇAS NO USO E COBERTURA DO SOLO......................... 12

CAPÍTULO 3 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO......................................... 14

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PROBLEMAS NA REGIÃO DE SANTARÉM.............. 15

CAPITULO 4 - CLASSIFICADOR AUTOMÁTICO.................................................... 17

4.1- IMPORTÂNCIA DO CLASSIFICADOR AUTOMÁTICO........................................ 18


4.1.1 Classificador ISOSEG............................................................................................... 18

CAPITULO 5 - MATERIAS E METÓDOS.................................................................... 19

5.1- MATERIAS................................................................................................................... 19
5.1.1- Imagens Orbitais...................................................................................................... 19
5.1.2-Caracterização das bandas 19
5.1.3- Pacote de software para o Processamento Digital das Imagens Orbitais........... 24

5.2 METODOLOGIA........................................................................................................... 25
5.2.1– Processamento Digital de Imagens TM/Landsat.................................................. 25
5.2.2- Pré-processamento................................................................................................... 25
5.2.3- Correção Geométrica............................................................................................... 26
5.2.4 -Tratamento das imagens.......................................................................................... 27
5.2.5-Segmentação............................................................................................................... 28
5.2.6-Classificação............................................................................................................... 29

CAPITULO 6 – RESULTADOS...................................................................................... 30

CAPITULO 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 34

CAPITULO 8 - PROPOSTAS FUTURAS...................................................................... 35

REFERÊNCIAS................................................................................................................. 36

ANEXOS............................................................................................................................ 40
8
P.

Anexo A – Mapa temático de 1986...................................................................................... 41

Anexo B - Mapa temático de 1997....................................................................................... 42


9
RESUMO

A proposta deste trabalho é apresentar uma introdução à modelagem Dinâmica de


Paisagens. A análise a ser desenvolvida por essa técnica tem o objetivo de estudar mudanças
devido ao uso da cobertura do solo. Esta elaboração é baseada em sensoriamento remoto de
imagens obtidas por Satélites. Com esse intuito, é mostrada a utilização do Software SPRING.
Em relação a este programa, também é feita uma abordagem completa sobre o processo de
atribuição de cores a cada faixa de freqüência selecionada nas imagens. Assim, este trabalho
apresenta um tutorial sobre imagens georeferenciadas. No desenvolvimento da proposta, a
região escolhida para ser estudada é o município de Santarém, no Pará. A validação dos
resultados é feita com o classificador automático ISOSEG.

Palavras-chave: Classificador automático ISOSEG, Dinâmica de Paisagens, sensoriamento


remoto, Software SPRING.
10
ABSTRACT

An introduction to the Landscapes Dynamic modeling is proposal in this work. The


analysis to be developed by this technique has the objective to study the use of the covering of
the ground. This elaboration is based on remote sensing. In order, the Software SPRING is
used. In relation to this program, also a complete boarding on the process to color attributions
by each band of frequency selected in the images is made. Thus, this work presents a tutorial
for georeferenced images - SPRING. The chosen region to be described is the city of
Santarém, in Pará. The results are validated by ISOSEG.

Keysworld: Classifier Automatico ISOSEG, Dynamic modeling, remote sensing, Software


SPRING.
11
CAPITULO I - INTRODUÇÃO

A intensa pressão exercida sobre os recursos naturais requer um acompanhamento


freqüente de sua evolução. A partir da disponibilidade de informação temática que mostre o
estado atual dos recursos naturais e seu uso pelo homem, torna-se possível propor prioridades
para a fiscalização e zoneamento ecológico - econômico mais eficientes (Duarte et al., 1999).
Na avaliação dos processos de ocupação da região amazônica, a necessidade de trabalhos de
monitoramento da vegetação e de mudanças no uso do solo através de sensoriamento remoto
são imprescindíveis como entrada de dados para definir a classificação de uma cena. Na
identificação das possíveis classes em uma cena, há a necessidade de estudar a área imageada
e através de informações geográficas, fotografias aéreas, mapas e pesquisas de campo, definir
as classes existentes naquela região.
Com uma taxa média de desflorestamento bruto da ordem de 57,22 km/10.000 km², o
município de Santarém localizado a 930 km de Belém é a área onde o desmatamento para
formação de pastos e para uso agrícola, vem se acentuando. Logo, a necessidade de ser
continuamente monitorado com dados orbitais, para controlar a problemática ocupação
humana no município, dentro de um contexto racional de uso sustentado de seus recursos
naturais, sobretudo devido à destinação deste município para à economia extrativista
(SOUZA, 2005).
O principal objetivo deste trabalho é desenvolver um estudo a partir de mapas temáticos
que auxiliem na interpretação das mudanças ocorridas na cobertura do solo. Para este estudo a
classificação automática teve um papel fundamental no processo de classificar as áreas para a
avaliação da mudança de uso e cobertura do solo. Isto é feito por meio de simulação
computacional, cuja finalidade é obter resultados a partir dos mapas gerados através do
processo de classificação da área de estudo. Essa técnica serve para auxiliar o entendimento
dos mecanismos causais, em processos de desenvolvimento de sistemas ambientais, e, assim,
determinar como eles evoluem diante de um conjunto de circunstâncias (SOARES FILHO,
1998). Entretanto, é necessário junto com a criação dos mapas temáticos um trabalho de
campo. As imagens multiespectrais utilizadas, neste trabalho, foram obtidas através do satélite
Landsat/TM+5 nas datas de 14 de agosto de 1986 e 27 de julho de 1997 (órbita 227/62). O
pacote de software onde foi desenvolvida a pesquisa é o SPRING 4.1.
12
CAPITULO 2 – MUDANÇAS NO USO E COBERTURA DO SOLO

Os conceitos de cobertura e uso do solo são semelhantes a ponto de se confundir em


alguns casos, porém não equivalentes. De acordo com Turner et al (1994 citado por
Briassoulis, 1999) cobertura do solo compreende a caracterização do estado físico, químico e
biológico da superfície terrestre, por exemplo, floresta, gramínea, água, ou área construída. O
uso do solo se refere aos propósitos humanos associados àquela cobertura, tais como a
pecuária, recreação, conservação e área residencial. Turner et al (1994) afirma que uma única
classe de cobertura pode suportar múltiplos usos. Como exemplo, tem-se: a extração
madeireira, a preservação de espécies e a recreação em áreas de floresta. Ao mesmo tempo,
um único sistema de uso pode incluir diversas coberturas, tais como certos sistemas
agropecuários combinam áreas cultivadas, pastagem melhorada, áreas de reserva e áreas
construídas. A dinâmica sócio-econômica também vem causando, por outro lado, profundas
mudanças ambientais na Amazônia, através do acelerado desflorestamento. Isso causa um
comprometimento a este vasto bioma, com a conseqüente de perda de seus serviços
ecológicos. Mudanças no uso do solo normalmente acarretam mudanças na cobertura do solo,
mas podem ocorrer modificações na cobertura sem que isto signifique alterações no seu uso.
A questão de mudanças nos padrões de uso e cobertura do solo tem despertado interesse,
dentro e fora do meio científico, devido ao acelerado processo de mudança das últimas
décadas (SOUZA, 2005).
Os possíveis impactos ambientais e sócio-econômicos dessas mudanças causam
preocupações a nível local e até global. A nível global, por exemplo, existe uma preocupação
com o aquecimento do planeta, que pode estar diretamente relacionado com os padrões de uso
e cobertura da terra. Tal relacionamento tem como conseqüência fatores como a diminuição
na camada de ozônio e o aumento do nível do mar. Por outro lado, são preocupações a nível
global: os processos de desertificação, a perda da biodiversidade e a destruição de habitats.
Em termos sócio-econômicos, as questões de interesse são: fatos como a disponibilidade de
alimentos; água para a crescente população mundial; as migrações humanas; as questões de
segurança humana frente a essas alterações. A nível regional, as conseqüências ambientais
relacionadas a mudanças no uso e cobertura do solo afeta diretamente a população, como por
exemplo, a poluição do ar e da água, a degradação do solo, a desertificação, a eutroficação de
corpos d'água, acidificação, assim como a perda de biodiversidade gradativamente. Em nível
local, podem ser citados os problemas de erosão, sedimentação, contaminação e extinção de
espécies. Todos estes problemas levam a uma preocupação sócio-econômica local, tais
13
mudanças de uso do solo afetam as estruturas de emprego, produtividade da terra,
qualidade de vida, etc. Os problemas de uso e cobertura solo também afetam áreas urbanas,
causando preocupação, inclusive nos países desenvolvidos. A expansão de subúrbios e de
áreas industriais em periferias, nas grandes cidades leva a perda de áreas para agricultura e de
vegetação natural. Nos países subdesenvolvidos, têm-se observado as precárias condições de
vida e ambientais resultados do rápido crescimento de centros urbanos. A importância de
manter a vegetação natural de áreas florestais se torna cada vez mais imprescindível ao fato
que novos problemas vem aparecendo por conta dessas mudanças ambientais (SOARES
FILHO, 1998).
14
CAPÍTULO 3 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo está localizada no noroeste do Estado do Pará, no município de


Santarém (figura 1). Situada entre os paralelos de 2°36'33.42” de latitude sul e entre os
meridianos de 54°56'15.76” de longitude oeste em uma escala de 1:60000, apesar do uso
restrito dos recursos florestais no município é comum a ocorrência de desmatamento ilegal e
ocupação humana desordenada, acentuando ainda mais o desflorestamento na região.

Santarém

Figura 1 - Área de estudo.


Fonte: SIPAM, 1986

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PROBLEMAS NA REGIÃO DE SANTARÉM


15
O município de Santarém é uma das regiões onde têm concentrado a maior parte do
desflorestamento. Alves (2001) Alguns dos principais fatores do desmatamento no município
de Santarém é causado pela ação madeireira, agricultura e pecuária , descritas a seguir.
Em Santarém há uma grande concentração de pólos madeireiros a maior parte desta
atividade tem ocorrido de forma complementar à agropecuária, através do ciclo e
desmatamento/exploração de madeira/pecuária, de modo que a fronteira de exploração de
madeira tem acompanhado a expansão da fronteira agrícola. A exploração também ocorre de
forma seletiva e predatória de espécies valorizadas, mais tecnificada, que ocorre mesmo da
chegada dos posseiros, empobrecendo a floresta e a tornando mais suscetível ao fogo
(SOARES FILHO, 2000). Além disso, as áreas de corte seletivo não são consideradas nas
estatísticas de desflorestamento.
Segundo Schneider (2000), o setor madeireiro é a principal atividade econômica de
uso do solo no município de Santarém, esta exploração predatória tem levado à exaustão os
pólos madeireiros mais antigos, causando a migração das madeireiras, e ocasionando forte
impacto sobre o município. Em geral, tomando terras devolutas ou explorando de forma ilegal
terra indígena e áreas protegidas. Finalmente, cabe lembrar que o mercado para a madeira não
para de crescer, principalmente o mercado interno, responsável por 80% do consumo e o
mercado externo importa apenas 14 % da produção (BECKER, 2000).
A agricultura caracteriza-se de duas formas a agricultura de subsistência e a
agricultura capitalizada, todas elas acarretam em mudanças na cobertura do solo. A
agricultura de subsistência é praticada por pequenos produtores (pequenos proprietários ou
posseiros), atraídos pela possibilidade da posse da terra ou por programas de assentamento ou
colonização do governo. Para Caldas (2001) “Historicamente, os pequenos produtores
utilizam a prática de “derruba e queima” , muitas vezes incentivado pelas madeireiras”. Esta
prática, além de preparar o solo para o plantio, incorpora, com cinzas e detritos em
decomposição, os nutrientes necessários para o plantio. O plantio é realizado por dois ou três
anos, tendo como conseqüente o abandono da terra por vários anos. Após este período, a terra
muitas vezes é aproveitada para outros usos, principalmente pecuária e culturas permanentes,
sendo comum o processo de expulsão ou apropriação das terras dos pequenos proprietários
por grandes proprietários. Esta técnica de “derruba e queima” é também utilizada dentro das
propriedades (ou “lotes”), nas quais a derrubada é feita de forma gradativa, de acordo com a
necessidade do produtor. Em muitos casos, a terra não é realmente abandonada,
principalmente quando existe a posse da mesma, mas deixada em repouso, quando a
fertilidade diminui. Os pequenos produtores movem-se para novas áreas, iniciando novo
16
processo de desflorestamento, numa agricultura “itinerante”, sendo responsáveis por 35%
do desmatamento da região (VERISSÍMO, 2001).

A agricultura capitalizada tem como modelo principal a soja que é acompanhada pelo
milho e o arroz. A cultura de soja no Brasil, um produto pouco consumido pelos brasileiros, é
uma atividade que gera quase nenhum emprego e é altamente nociva ao meio ambiente pelo
uso intensivo de agrotóxicos e pela exaustão do solo em virtude da monocultura, devido à
demanda internacional gera melhores condições para o escoamento do grão para outros países
onde vai ser beneficiado, dando o impulso para a instalação da cultura na região Amazônica.

O processo de uso do solo tem causado grandes mudanças na região amazônica. A


floresta é vista como obstáculo a ser removido para a expansão agrícola e agropecuária, sendo
esta uma das principais responsáveis pelo aumento das queimadas na mata comprometendo os
recursos florestais e sua rica biodiversidade. A expansão neste momento é no município de
Santarém, devido nela esta localizada a rodovia BR 163 que distribui parte da soja do norte.
Os tradings de soja, principalmente da Cargill, estão pressionando o governo a asfaltar esta
estrada, que é só parcialmente pavimentada (BECKER, 2000). A crescente agricultura
capitalista na região de Santarém caracterizará uma elevada probabilidade de aumento do
padrão de ocupação e desenvolvimento desordenado, através da implementação de planos
orientados para o crescimento econômico e a exploração das riquezas naturais da região.

CAPITULO 4 - CLASSIFICADOR AUTOMÁTICO


17

A classificação de imagens provenientes de sensoriamento remoto tem se mostrado


um dos mais importantes métodos na obtenção das informações utilizadas em processos como
os de monitoramento de recursos terrestres, de gerenciamento de recursos renováveis, ou de
mapeamento de uso do solo (INPE,1999). Geralmente os algorítmos de classificação
multiespectral automática são divididos em função da presença ou não de uma fase de
treinamento, pela qual o analista fornece amostras que orientam a classificação digital e
também se esta classificação será aplicada pixel a pixel ou por regiões já pré-definidas através
do processo de segmentação de imagens.
O conhecimento de padrões espectrais e atributos é feito através do processamento
individual do pixel, isto é, classificadores pixel a pixel, que utilizam apenas a informação
espectral isoladamente de cada pixel para encontrar as regiões homogêneas (CRÓSTA, 1992).
Por sua vez os classificadores por regiões, além da informação espectral de cada pixel,
utilizam a informação espacial que envolve a relação entre os pixels e seus vizinhos (INPE,
1999). Neste contexto, as regiões definidas pelo processo de segmentação têm sido definidas
como um conjunto de pixels conectados, conforme sua vizinhança, que apresentam
uniformidade interna para um conjunto, e difere de regiões vizinhas para esses mesmos
atributos (BINS ;ERTHAL, 1996).
Para o processo de classificação existem duas abordagens que podem ou não envolver
a fase de treinamento, na qual o usuário fornece as amostras que servirão de base para a
classificação. A primeira abordagem é denominada de classificação supervisionada, a qual
requer amostras de treinamento fornecidas pelo usuário e requer portanto, um conhecimento
prévio da área a ser classificada. A segunda abordagem “Classificação não supervisionada”, a
qual requer uma quantidade mínima de parâmetros iniciais do usuário e o próprio algoritmo
decide em quantas classes devem ser separadas e quais as regiões que pertencem a cada uma.
Este tipo de classificação é indicado quando não se tem um conhecimento prévio da área
(CRÓSTA, 1992).
A classificação não supervisionada é a opção mais adequada quando a área investigada
é desconhecida, ou quando suas características não são bem definidas. Busca-se, com isso,
evitar a subjetividade no processo de obtenção das amostras de áreas.

4.1- IMPORTÂNCIA DO CLASSIFICADOR AUTOMÁTICO


18

O classificador automático pode ser aplicado a uma miríade de modelos espacialmente


explícitos, aplicáveis a uma diversidade d áreas a uma diversidade de áreas, tais como difusão
de epidemias, dinâmica populacional, mudança de uso do solo, da dinâmica florestal e
propagação de fogo (SOARES FILHO,2004).
Dentro dos seus diversos propósitos, os mapas criados a partir do classificador
automático têm se tornado um importante instrumento de auxílio ao ordenamento territorial,
contribuindo para o planejamento regional e estratégia de conservação ambiental, unido com
outros fatores como estudo de campo e sócio econômico da área de estudo.

4.1.1 Classificador ISOSEG

O classificador aplicado neste trabalho é o não-supervisionado por regiões disponível


no SPRING (Sistema de Processamento de Informações Georeferenciadas), é um algoritmo
que utiliza uma imagem segmentada para classificar as classes presentes na cena. Este
algoritmo, intitulado de ISOSEG, utiliza a distância Mahalanobis como medida para procurar
regiões similares caracterizadas por seus atributos estatísticos (média e matriz de covariância).
A procura pela região de maior área é o ponto inicial desse algoritmo e após a ordenação das
regiões em ordem decrescente de área, durante a detecção das classes, é iniciado o
procedimento de agrupamento das mesmas. É importante ressaltar, de acordo com MOREIRA
(2001), que para a separação ou agrupamento de classes o classificador ISOSEG exige um
limiar de aceitação definido pelo analista.

CAPITULO 5 - MATERIAS E METÓDOS


19

5.1- MATERIAS

A seguir são listados os materiais utilizados na realização deste trabalho, que incluem
imagens de satélite e o software.

5.1.1- Imagens Orbitais

Os materiais necessários na realização da pesquisa foram duas imagens obtidas do


satélite Landsat/TM+ 5 (órbita 227/62) dos anos de 1986 e 1997 respectivamente. O sensor
TM (Transversal Magnético) desse satélite possui sete bandas, com numeração de 1 a 7,
sendo que cada banda representa uma faixa do espectro eletromagnético captada pelo satélite
com resolução geométrica de 30m (isto é, cada pixel da imagem representa uma área
elementar na cobertura do satélite). Para o estudo as construções dos mapas temáticas foram
selecionadas as bandas 3, 4 e 5, por representarem de forma melhor a visualização da
cobertura do solo (REIS, 2001).

Figura 2 - Representação da faixa do espectro eletromagnético.

5.1.2-Caracterização das bandas

A banda 3 apresenta um intervalo espectral de 0,63 – 0,69 µm. Neste intervalo a


vegetação verde, densa, uniforme e com grande absorção torna a imagem escura. Isso permiti
um bom contraste entre as áreas ocupadas com vegetação, por exemplo, solo exposto, estradas
e áreas urbanas, e também apresentando bom contraste entre diferentes tipos de cobertura
vegetal, tais como campo, cerrado e floresta, possibilitando uma a análise das regiões com
pouca cobertura vegetal, de mapeamento de drenagens através da visualização da mata galeria
e de entalhe dos cursos dos rios em regiões com pouca cobertura vegetal. Esta banda é a mais
utilizada para delimitar a mancha urbana, incluindo identificação de novos loteamentos e
principalmente identificação de áreas agrícolas (REIS, 2001).
20
A banda 4 apresenta um intervalo espectral de 0,76 – 0,90 µm. Neste intervalo a
umidade absorve maior quantidade de energia. Esse efeito produz um escurecimento da
imagem, permitindo o mapeamento e delineamento de materiais umificados. A vegetação
verde, densa e uniforme, reflete muita energia nesta banda, aparecendo bem clara nas imagens
e apresentando também sensibilidade à rugosidade da copa das florestas (dossel florestal).
Esta informação serve para análise e mapeamento de áreas ocupadas com vegetação que
foram queimadas e identificando também áreas agrícolas (REIS, 2001).
A banda 5 apresenta um intervalo espectral de 0,76 – 0,90 µm, este intervalo tem
sensibilidade ao teor de umidade das plantas, servindo para observar estresse na vegetação,
causado por desequilíbrio hídrico. Esta banda sofre perturbações em caso de ocorrer excesso
de chuva antes da obtenção da cena pelo satélite (REIS, 2001).
Com base nas características de cada banda aplicou-se três tonalidades de cores para
visualizar uma imagem e seus aspectos morfológicos: na banda 3 é usada a tonalidade
azul(B); na banda 4, a tonalidade verde (G); e na banda 5, a tonalidade vermelha ( R). Estes
casos são ilustrados nas Figura 3 a 10.

Figura 3 – Imagem landsat de 1986 banda 3.


21

Figura 4 – Imagem landsat de 1986 banda 4.


22

Figura 5 – Imagem landsat de 1986 banda 5.


23

Figura 6 – Imagem landsat de 1986 sintética, bandas 3(B), 4(G) e 5(R).


24

Figura 7 – Imagem landsat de 1997 banda 3.

Figura 8 – Imagem landsat de 1997 banda 4.


25

Figura 9 – Imagem landsat de 1997 banda 5.


26

Figura 10 – Imagem landsat de 1997 Sintética , bandas 3(B), 4(G) e 5(R).

As imagens ilustradas (figuras 3 a 10) foram fornecidas gratuitamente pelo Sistema de


Proteção da Amazônia – SIPAM. As imagens apresentam presença de nuvens o que dificultou
uma análise de toda a cena, devido a isto a cena obtida pelo satélite landsat foi recortada em
uma pequena área de estudo.

5.1.3- Pacote de software para o Processamento Digital das Imagens Orbitais

O pacote de software utilizado no processamento digital de imagens foi o SPRING


(Sistema de Processamento de Informações Georeferenciadas) versão 4.1, em ambiente
Windows.
O SPRING foi desenvolvido pelo INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais), fornecido
gratuitamente, com a finalidade de desenvolver sistemas de informações geográficas para
aplicações em diversas áreas, tais como Florestal, Gestão Ambiental, Geografia, Geologia,
Planejamento Urbano e Regional. No INPE, o software é utilizado no levantamento do
desflorestamento da Amazônia, no Zoneamento Ecológico e Econômico, monitoramento de
queimadas entre outros projetos. De uma forma geral, o SPRING é um sistema de
informações geográficas com funções de processamento de imagens, análise espacial,
27
modelagem numérica de terreno, consulta a bancos de dados espaciais, análise geográfica,
gerenciamento de mapas e também permite a entrada direta de imagens provenientes de
satélites (INPE, 1999).

5.2 METODOLOGIA

Usando-se o SPRING, a metodologia adotada para o desenvolvimento da pesquisa foi


desenvolvida nas seguintes etapas:

5.2.1– Processamento Digital de Imagens TM/Landsat

A função primordial do processamento digital de imagens é fornecer ferramentas


computacionais para facilitar a identificação e a extração de informações contidas nas
imagens. Objetivando, assim, sua posterior análise e interpretação (CRÓSTA, 1992). Dessa
forma, as técnicas de processamento digital de imagens visam auxiliar a obtenção de
informações sobre a discriminação espectral da área de estudo. Vale ressaltar que o trabalho
foi todo desenvolvido no software SPRING, constituindo-se as fases principais: uma primeira,
de pré-processamento das imagens que abrangeu as correções geométricas, tratamento das
imagens e, posteriormente, uma segunda etapa responsável pela extração de informações que
abrangeu a segmentação e classificação.

5.2.2- Pré-processamento

As técnicas de pré-processamento visam processar os dados digitais de sensoriamento


remoto. A finalidade disto é o de obter uma imagem de melhor qualidade, atenuando as
anomalias, seja na sua localização, ou seja, nos seus níveis de cinza. O pré-processamento das
imagens utilizadas consistiu na correção geométrica.
Inicialmente as imagens de 1986 e 1997 foram registradas à Projeção UTM – SAD 69.
A leitura das imagens digital foi feita no programa Impima e, posteriormente, convertidas
para o formato GRIB. Neste formato a imagem estará pronta para ser georreferenciada no
SPRING, em seguida, a imagem é incluída em um projeto, o qual chamou-se de “Santarém”.
A partir desse processo é iniciado o tratamento das imagens digitais.
28
5.2.3- Correção Geométrica

As imagens geradas por sensores remotos estão sujeitas a uma série de distorções
geométricas, não possuindo a priori precisão cartográfica quanto ao posicionamento dos
objetos, superfície ou fenômeno nelas representados (CRÓSTA, 1992). As principais fontes
de distorções geométricas em imagens de satélite são: erros instrumentais, rotação e curvatura
da Terra, taxa de varredura finita de alguns sensores, instabilidade na plataforma (altitude,
atitude e velocidade) e distorções panorâmicas relacionadas com a geometria de aquisição
(MATHER, 1987; RICHARDS, 1993).
O registro de uma imagem compreende uma transformação geométrica que relaciona
coordenada de imagem (linha, coluna) com coordenadas de um sistema de referência. Este
sistema de referência é, em última instância, o sistema de coordenadas planas de uma certa
projeção cartográfica. Como qualquer projeção cartográfica guarda um vínculo bem definido
com um sistema de coordenadas geográficas, pode-se dizer então que o registro estabelece
uma relação entre coordenadas de imagem e coordenadas geográficas (INPE, 1999).

Figura 11 -Correção geométrica de imagens.


FONTE: INPE ,1999.

Outros termos comuns para a designação do procedimento de registro são


geocodificação e georeferenciamento. É importante, contudo, fazer uma distinção clara entre
registro e correção geométrica. O processo de correção geométrica de imagens elimina as
distorções geométricas sistemáticas introduzidas na etapa de formação das imagens, enquanto
o registro apenas usa transformações geométricas simples (usualmente transformações
polinomiais de 1o e 2o graus) para estabelecer um mapeamento entre coordenadas de imagem
e coordenadas geográficas. (INPE, 1999). Neste trabalho, foram aplicadas as correções
geométricas e o Registro de imagens
29
O georeferenciamento torna-se imprescindível, na medida em que corrige as
distorções inerentes ao sistema e proporciona uma uniformidade cartográfica às diferentes
imagens utilizada. Desta forma uma das datas, 27 de julho de 1997, foi georeferenciada,
através de um modelo matemático polinomial de 1° grau do SPRING onde foram feitos os
registros dos pontos a partir de uma imagem já georeferenciada, a cena de 14 de agosto de
1986. Posteriormente realizou-se a reamostragem dos pixels da imagem através do método de
vizinho mais próximo. Optou-se por este método por ser o que menos altera os níveis de cinza
da imagem. Uma vez observado o erro quadrático médio obtido para ponto de controle, foram
selecionados aqueles pontos que apresentavam menor erro (INPE, 1999).

5.2.4 -Tratamento das imagens

Para se tornarem informações realmente úteis, os dados provenientes de sensoriamento


remoto necessitam ser processados.

a) Manipulação de contraste

A técnica de realce de contraste tem por objetivo melhorar a qualidade das imagens
sob os critérios subjetivos do olho humano. Tem como objetivo a redistribuição dos valores
de níveis de cinza da imagem de forma que o contraste seja intensificado (INPE,1999), no
caso deste trabalho as imagens tiveram uma ampliação de contraste, transformação linear por
partes e realce linear com um percentual de saturação.

b) Filtragem digital

Filtragem digital é um conjunto de técnicas destinadas a corrigir e realçar uma


determinada imagem sendo responsável pela transformação nos valores de níveis de cinza de
uma imagem, levando em consideração a vizinhança na qual o dado pixel está inserido. A
aplicação da correção na imagem significa dizer que será removida características
indesejáveis, e quando aplicamos o realce teremos como resultado a acentuação de
características. No tratamento das imagens utilizou-se o Filtro passa-alta que atenua as
componentes de alta freqüência.
O processo de filtragem é feito utilizando-se matrizes denominadas máscaras que são
aplicadas sobre a imagem. A finalidade do Filtro passa-alta neste trabalho foi destacar bordas
e variações abruptas de níveis de cinza. O pré-requisito para efetuação da filtragem é ter uma
30
imagem monocromática (em níveis de cinza) e, ativar esta imagem, não necessariamente
apresentá-la na tela (INPE, 1999).

5.2.5-Segmentação

A segmentação consiste em subdividir uma imagem em regiões homogêneas usando


propriedades escolhidas, como o nível de cinza, cor, textura, entre outras (SONKA et al,
1998). Os métodos de segmentação são feitos usando o método de crescimento de regiões que
procura dividir as imagens em segmentos que tenham características similares (JAIN, 1989).
Através do algoritmo de segmentação por crescimento de regiões implementado no SPRING,
foram segmentadas as duas imagens (1986/1997), estabelecendo o mesmo limiar para ambas
imagens. Aplicaram-se 2 para a similaridade e 4 para a área de pixel, estes limiares foram
definidos levando-se em conta a complexidade dos delineamentos temáticos, procurando-se
assim conservar a fidelidade dos contornos para uma determinada escala. O limiar de
similaridade refere-se ao valor mínimo de Distância Euclidiana entre duas regiões,
estabelecido entre ambas, de modo que as mesmas possam ser consideradas similares.

Figura 12 - Modelo do segmentador.


31
5.2.6-Classificação

Segundo Jain et al (2000) a classificação é um processo que consiste em rotular os


objetos segmentados em diferentes classes. Esta classificação pode ocorrer a partir da
similaridade entre cores, níveis de cinza, textura etc. Neste trabalho foi utilizado o
classificador ISOSEG, já mencionado, a partir da similaridade entre cores, o classificador
realizou uma busca automática de grupos de valores homogêneos na imagem (CHUVIECO,
1990; RICHARDS, 1995). Escolheu-se um limiar de aceitação de 75%, depois de ter sido
usados outros limiares, este foi o que mais se adequou de acordo com os grupos temáticos
escolhidos, de forma que cada imagem foi classificada diferentemente pelo classificador a
partir da seleção similar entre os grupos e categorias definidos pelo classificador automático.
Nesta fase o classificador ISOSEG gera 10 categorias em cada imagem onde as classes
são rotuladas estabelecendo uma procura de vínculos com dados conhecidos da realidade. As
classes rotuladas foram agrupadas de acordo com três classes. Após o agrupamento de regiões
semelhantes determinou-se as classes que deram origem aos mapas temáticos.
Os mapas temáticos desenvolvidos no laboratório têm a finalidade de mostrar as
mudanças ocorridas no uso e cobertura do solo, estas mudanças se apresentam de forma
significativas, sendo possível visualizá-las claramente através da tela do computador. As
imagens classificadas foram dividas em 3 classes, tais como mata densa, mata secundária e
solo exposto, ilustradas na tabela a seguir:

Tabela 1 - Classes temáticas

Classes Temas relacionados


Classe 1 Mata densa
Classe 2 Mata secundária
Classe 3 Solo exposto

Fonte : Autoria própria

Definida as cores que compõe as classes, elas são aplicadas no processo de formação
e montagem dos mapas temáticos (Anexos A e B).

CAPITULO 6 - RESULTADOS
32

Os resultados são apresentados de modo a permitir a avaliação e a comparação do uso


e cobertura do solo das imagens classificadas, com base em um classificador por região. As
imagens classificadas são agrupadas em grupos homogêneos (Figura 13 e 14) que
representam a variabilidade da evolução da floresta ao longo dos anos, estes grupos foram
divididos em 3 classes representando a evolução da floresta, tais como mata densa, mata
secundária e solo exposto (Tabela 1) que são visivelmente notadas. O objetivo deste processo
é a formação dos mapas temáticos que tem a finalidade de comparar as imagens entre si, afim
de, analisar as mudanças ocorridas na cobertura solo, tais mudanças são visíveis quando
analisadas diretamente na tela do computador, ilustradas nas Figuras 14 e 15.
A análise de imagens na tela do computador permite a execução de certas funções
inerentes aos algorítmos de processamento de imagens digitais. Dentre estas funções podem
ser citadas principalmente, as ampliações de contraste e as ampliações de área, que
possibilitam a discriminação de pequenas áreas e a diferenciação mais precisa entre elas.
Verificou-se que a classificação das imagens digitais se mostrou como um dos processos mais
importantes utilizados no estudo do uso e cobertura solo, pois possui os melhores recursos
para a fase de análise e interpretação.
O resultado do estudo na mudança do uso e cobertura do solo através de classificação
não supervisionada por região, utilizando o classificador ISOSEG, é apresentado nos anexos
A e B . A classificação se baseia somente nos valores que os pixels apresentam nas diferentes
bandas da composição, a resposta espectral da área de estudo determinou a distinção entre os
mesmos, devido a isto ocorre com a alta exatidão a visualização do que é floresta densa, do
que é floresta secundária e o que é áreas sem vegetação (solo exposto), permitindo identificar
e separar as áreas com vegetação das áreas sem vegetação. O procedimento da classificação
permitiu discriminar as áreas de fisionomia florestal daquelas áreas antropizadas
(desflorestadas). O mapeamento da extensão do desflorestamento ocorrido de 1986 até o ano
de 1997 é demonstrado através da segmentação e classificação da imagem (Figura 15 e16)
que foram analisadas junto as imagem multiespectrais TM Landsat, para confirmação dos
dados encontrados que coincidiram adequadamente com os resultados obtidos. Os resultados
numéricos das evoluções ocorridas ao longo dos anos de 1986 a 1997 como mostra a tabela 2,
foram gerados no SPRING, determinando através das 3 classes os valores de áreas
homogêneas no mapa (Anexo A e B).
33

Figura 13 – classificação do ano de 1986


34

Figura 14 -classificação do ano de 1997


35

Figura 15 -Mapa temático do ano de 1986


36

Figura 16 - Mapa temático do ano de1997

TABELA 2 - Cálculo de Áreas/Comprimento por Geo-classe (km²/km).Uso solo na região de


Santarém nos anos de 1986 a 1997.

ÁREA ANO 1986 (km²) ANO 1997 (km²)


Mata densa 47.418300 54.289800
Solo exposto 10.323900 28.408500
Mata secundária 68.893200 44.208900
Área total das classes 126.635400 126.907200
Área total não classificada 7.320600 7.048800
Área total do Plano de Informação 133.956000 133.956000
37
Fonte: Autoria própria

De acordo com os valores referentes às dimensões das classes é possível observar que
houve uma evolução da floresta secundária para floresta densa no período de 1986 e 1997,
principalmente na área de reserva ambiental, as áreas que são protegidas conseguem evitar
parcialmente os desmatamentos. Entretanto, uma parte da floresta secundária evolui para solo
exposto, aumentando as áreas desmatadas, este fato ocorre quando há um abandono de áreas
agrícolas e abertura de estradas ilegais.

Os tipos de vegetação que evoluíram no período de 1986 a 1997 juntamente com os


processos que causarão essa evolução tais como queima, abertura de estradas e agricultura
devem ser analisados apartir de um trabalho de campo, pois estes valores gerados no SPRING
ainda não são suficientes para fazer uma avaliação da mudança do uso e cobertura do solo no
município de Santarém. Para tal análise é necessária uma pesquisa dos dados sócios
econômicos, no caso dos mapas temáticos obtidos, só é possível indicar a evolução do uso e
da cobertura da terra em algumas regiões ou em eventos visíveis como vegetação e solo
exposto, mostrado neste trabalho.

CAPITULO 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo colaborar com o estudo da dinâmica da paisagem por
meio de sensoriamento remoto através do SPRING. Mostrou-se a importância do classificador
ISOSEG usado em imagens de satélites. A partir destes, foram criados mapas temáticos
representando a mudança de uso e cobertura do solo.
De acordo com os resultados encontrados, conclui-se que não tem sido feito um
controle adequado para o monitoramento e preservação de florestas. Isto facilita a ação de
madeireiros e principalmente a ação de pequenos agricultores em áreas de cultivo de
subsistência - as quais somadas se tornam preocupantes. É necessário, portanto, fiscalizar com
38
precisão as áreas florestais e investir para monitorar de forma adequada a dinâmica dessas
áreas.
O monitoramento por Sensoriamento Remoto na região em torno de Santarém teria um
grande efeito no controle das áreas exploradas. Vale ressaltar que somente com as imagens é
imprevisível avaliar com plenitude a dinâmica dessa paisagem, pois isto exigiria dados sócios
econômicos. Assim, na continuação desse trabalho seguem as seguintes propostas futuras: um
trabalho de campo para comprovar com precisão os resultados obtidos e relacionados com a
evolução da floresta; Dessa forma, espera-se poder estar contribuindo para conservação do
meio ambiente e prevenido grandes impactos na nossa Biodiversidade.

CAPITULO 8 - PROPOSTAS FUTURAS

Os resultados encontrados neste trabalho têm grande importância no estudo da


modelagem dinâmica, pois os mapas temáticos (Anexos A e B) podem ser utilizados como
dados espaciais de entrada em modelos de mudança de uso e cobertura da terra juntamente
com o trabalho de campo em torno do município de Santarém. O trabalho de campo é um
estudo fundamental para entender o tipo de vegetação predominante em determinada área e
entender que fatores levaram para compor uma floresta secundária, por exemplo, pecuária,
agricultura ou desmatamento por empresas madeireiras (MEDEIROS, 1987).
39
Os modelos de simulação tornaram-se um promissor campo de pesquisa que visam
criar modelos que simulem mudanças dos atributos no meio-ambiente através de um território
geográfico (SOARES FILHO, 2001). Os usos destes modelos visam auxiliar o entendimento
dos processos causais e desenvolvimento do meio-ambiente, e assim, determinar como eles
evoluem diante de um conjunto de circunstâncias. Estas circunstâncias representam interações
entre os ecossistemas, o uso do solo, a dinâmica urbana e fenômenos antrópicos. Através
desses indicadores será possível conhecer os impactos ambientais e sócio-econômicos
decorrentes dos tipos de ocupação promovidos pelos diferentes atores e associados à suas
formas de produção.

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ANEXOS
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