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ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA: UMA

EXPERIÊNCIA TRANSFORMADORA

Manoela Gomes dos Anjos1


Marcela Manetti Skraba2
Ederson Rodrigues da Silva3

Por meio da disciplina Prática de Ensino II, no curso de Geografia na Universidade


Estadual de Maringá, tivemos a experiência do estágio supervisionado. A importância
deste modelo de estágio reside no fato de preparar os acadêmicos do curso para que, ao
adentrarem em sala de aula, estes sejam capazes de responder perguntas freqüentemente
levantadas por aqueles que trabalham com esta área do conhecimento. Portanto, esta
presente comunicação tem por objetivo apresentar a experiência transformadora do estágio,
bem como apresentar alguns aspectos da fundamentação teórica, em que baseou-se a
efetivação da prática pedagógica no estágio supervisionado no Instituto de Educação
Estadual de Maringá no ano letivo de 2007.

Palavras-chave: Estágio supervisionado, Ensino de Geografia, Relato de experiência.

INTRODUÇÃO

A presente comunicação objetiva relatar a experiência de estágio supervisionado


dos acadêmicos Ederson Rodrigues da Silva, Manoela Gomes dos Anjos e Marcela
Manetti Skraba, com turmas de 5ª. séries, ocorrido no ano letivo de 2007.
Faz-se necessário relatar alguns dos aspectos que colaboraram para o nosso
embasamento teórico antes do estágio propriamente dito tais como, as abordagens de
ensino, o planejamento das aulas, o uso de recursos como o livro didático, rotinas de sala

1
Universidade Estadual de Maringá - Licenciada em Geografia e Graduação em Bacharelado em Geografia -
magoanjos@yahoo.com.br
2
Universidade Estadual de Maringá - Licenciada em Geografia e Graduação em Bacharelado em Geografia -
mmskraba@yahoo.com.br
3
Universidade Estadual de Maringá – Licenciado em Geografia e Graduação em Bacharelado em Geografia -
edersongeo@hotmail.com
de aula, o interesse e participação dos alunos em relação às atividades propostas pelos
professores-estagiários, entre outros.
Aulas bem ministradas se iniciam com um plano de aula bem elaborado, pois este
facilita o aprendizado dos alunos e aprimora a prática pedagógica.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência vivida por
acadêmicos em sala de aula, podendo mostrar as dificuldades enfrentadas e a evolução
transformadora que o estágio proporcionou.

ABORDAGENS DE ENSINO

As abordagens de ensino discutidas conforme apresentamos a seguir, serviram de


suporte para as atividades desenvolvidas em sala de aula:
• Tradicional;
• Comportamentalista ou Behaviorista;
• Humanista;
• Cognitivista;
• Sócio-cultural;
• Contemporânea.
Na abordagem tradicional, o professor é o mediador entre o conhecimento
socialmente adquirido e o aluno, que é visto como um receptor passivo, ou numa alegoria
aceita, de uma tabula rasa, não detentor de nenhum conhecimento prévio. Esta mediação se
dá apenas pela transmissão, através de aulas expositivas, e geralmente pelo verbalismo. O
conhecimento deve ser memorizado, acumulado, reproduzido pela repetição, traduzindo-se
em um ensino quantitativo, no qual a reflexão não está presente. Representante desta
abordagem é Èmile Durkheim.
Na abordagem comportamentalista, cujo expoente máximo é Burrhus Frederic
Skinner, o professor atua como um planejador, controlador da aprendizagem e do ensino.
O seu principal objetivo é promover mudanças comportamentais nos indivíduos, isto
implica em um planejamento de ensino com objetivos pré-fixados. A escola é considerada
uma agência educacional, que atende aos objetivos de caráter social, sendo assim, deve
instalar formas de controle, de acordo com os comportamentos que pretende instalar.
Na abordagem Humanista, o professor é o facilitador da aprendizagem, onde o
aluno tem autonomia para aprender, sendo que a ênfase deste método são as estruturas
cognitivas e o desenvolvimento social. Um dos representantes desta abordagem é a médica
Maria Montessori.
Na abordagem cognitivista, o professor atua como um provocador cognitivo e
orientador da aprendizagem, que deve ser de acordo com o esquema proposto por Jean
Piaget, dos processos de assimilação e acomodação que se dá pelos indivíduos. A escola
para a teoria piagetiana deve ser apresentada como uma guardiã de saberes que podem ser
a quaisquer momentos modificados e/ou expandidos na medida em que o sujeito
desenvolva estruturas lógicas mais complexas. Para isto é fundamental que a escola crie
mecanismos que estimulem a vontade deste indivíduo de aprender por si mesmo.
Na abordagem sócio-cultural cujos representantes são Vygotsky e Paulo Freire, o
professor é visto como um cooperador no processo de ensino-aprendizagem. A proposta da
abordagem é que, respeitando-se a linguagem, a cultura, e a história de vida dos alunos
pode-se levá-los a tomar consciência da realidade que os cerca, discutindo-a criticamente.
Assim, o processo de educação é visto como uma troca e como um processo contínuo.
E por último, a abordagem contemporânea, não traz necessariamente novidades
contrárias às abordagens que a antecedem. Ao invés disso, seleciona e adequa cada uma
das categorias já trabalhadas pelas demais (escola, ensino-aprendizagem, professor/
aluno, metodologia, avaliação) conforme as novas necessidades da realidade escolar -
social - contemporânea. Não nega o papel reprodutor da escola, lugar de transmissão de
valores e comportamentos sociais de uma ordem estabelecida. Todavia têm consciência
da individualidade de experiências de cada aluno e os valores e práticas que advém delas.
Entende que a construção de conhecimento coletivo, gera autonomia crítico-reflexiva e
que na relação professor-aluno deve existir cooperação e colaboração. São representantes
desta corrente de abordagem Pierre Lévy, Maturana, Varella.
Vale destacar que, cada um destes representantes citados dentro destas
abordagens de ensino, podem ser encontradas no trabalho de MIZUKAMI (1986).

PLANEJAMENTO DAS AULAS

O plano de aula encontra-se no princípio de uma seqüência de trabalhos, tornando


possível uma prática pedagógica bem fundamentada. Ele deve ser elaborado para os
alunos, pois interessa saber como eles irão aprender e receber o que se está propondo.
Vale ressaltar que, com o tema a ser trabalhado no estágio, deve-se levar em conta
que, a princípio muitas das atividades propostas, podem ser alteradas no decorrer da
aplicação do conteúdo. Contudo, tal mudança não é recomendável devido ao tempo
disponível para a ministração das aulas. Em outras palavras, no estágio, geralmente
trabalha-se com apenas uma turma e em curto período de tempo. Já quando se tem um ano
letivo todo e outras turmas, isto é difícil, pois o plano de aula é feito no início do ano
letivo.
Diante disto, elaborou-se um plano de aula com um tema gerador (conteúdo da
aula); objetivos gerais e específicos delimitando o que os alunos deverão fazer, saber e ser;
procedimentos que serão adotados nas aulas, como por exemplo com aulas expositivas,
com atividades de fixação, etc.; quais recursos serão utilizados; e por fim, como será
realizado o processo de avaliação dos alunos (DEFFUNE, 2007).

EXPERIÊNCIA NA TURMA DE 5ª. SÉRIE D

O estágio na turma de 5ª série D, realizado pelo acadêmico Ederson Rodrigues da


Silva, do período de 22 de maio a 27 de setembro do ano letivo de 2007, contou com a
parceria do também acadêmico Wellington França.
Em um primeiro momento o nervosismo e a ansiedade vieram à tona, devido ao
novo ambiente, fora do cotidiano dos mesmos. Contudo, com o decorrer das aulas
ministradas, os acadêmicos se sentiram mais a vontade, por conta do apoio que obtiveram
do professor regente da turma, fato que possibilitou mais confiança para realizarem a
missão de transmissores do conhecimento.
Em relação aos alunos, percebeu-se uma diversidade tanto no aspecto social bem
como no psicológico. Na questão social, esta percepção se deu desde a diferença no
vestuário dos alunos quanto na maneira de se comportar.
Porém, o mais conflitante visto em sala de aula, e também mais marcante, foi o
fator psicológico, pois este refletia no momento do aprendizado. Alguns alunos eram
participativos, enquanto que outros pareciam estar em um mundo paralelo, longe da sala de
aula. Não havia estímulo por parte de alguns alunos.
Entretanto, não se pode julgar os alunos somente por suas atitudes em sala, pois há
toda uma conjuntura familiar e psicológica que devemos trabalhar no processo de
aprendizagem, e, devido a curta duração do estágio não houve condições para uma análise
mais aprofundada.
O conteúdo ministrado em sala de aula visava a relação clássica da geografia, que é
a relação Homem x Natureza. Desde os elementos que compõem a Natureza, até as
questões, como o Homem transforma os recursos naturais e concluindo com a sociedade de
consumo.

EXPERIÊNCIA NA TURMA DE 5ª. SÉRIE B

O estágio na turma de 5ª. série B foi realizado pelas acadêmicas Manoela Gomes
dos Anjos e Marcela Manetti Skraba, do período de 22 de maio a 27 de setembro do ano
letivo de 2007.
Foram seguidos os conteúdos estruturantes da unidade II do livro didático, sendo
composta esta unidade por 5 capítulos, sendo os temas “A Natureza é a fonte da vida:
Portanto não pode ser destruída”; “O trabalho humano”; “A natureza é transformada em
produto pelo trabalho”; “A interdependência e a integração do trabalho humano”; e “O
mercado consumidor e a sociedade de consumo”.
Observou-se que o conteúdo sobre o trabalho humano estava em consonância com
os temas em geral, mas, para a idade dos alunos, foi de difícil compreensão. Isto reside no
fato do conteúdo tratar de informações de cunho da sociologia. Nos demais conteúdos os
alunos puderam, dentro do que foi proposto pelas professoras estagiárias, compreender e
relacionar estes conteúdos com a sua realidade vivida, conforme a abordagem sócio-
cultural, na qual o aluno deve ser estimulado através dos conteúdos ministrados pelo
professor, a repensar a sua realidade e construir assim, o conhecimento.
Ficou claro também que, na faixa etária, à qual os alunos da 5ª. série B
encontravam-se, as atividades mais indicadas eram aquelas em que eles podiam visualizar
na prática do dia-a-dia, os conteúdos discutidos e tratados em sala de aula. Desta forma,
trabalhou-se mais com figuras, fotos e desenhos para que estes alunos pudessem melhor
representar o que haviam apreendido em cada um dos conteúdos ministrados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que hoje em dia as escolas estão pouco atraentes para os alunos e
professores. Muitas vezes o professor é mal preparado, o que condena milhares de alunos a
sair da escola com uma formação precária. Por isto a importância de pensar o estágio
supervisionado nos cursos de formação de professores de geografia.
O estágio desde o início, desde o “como fazer”, quais as técnicas, as rotinas de sala
de aula, levaram a uma prática pedagógica e nos possibilitou um grande amadurecimento.
Buscando incessantemente o embasamento teórico para sanarmos as dúvidas dos alunos.
Assim, pode-se concluir que, a experiência do estágio supervisionado proporcionou
uma excelente formação e posterior transformação dos acadêmicos em professores
detentores, condutores e promovedores do conhecimento dos alunos, que terão a
possibilidade de serem cidadãos críticos e posicionados para pensar a realidade do mundo.
Ou seja, nos sentimos logo após o estágio, ter ultrapassado as barreiras de alunos em
processo de formação, para professores críticos acerca do ato de ensinar.
Para isto é de fundamental importância para o acadêmico de licenciatura em
geografia, ter suas experiências práticas, visto que, somente o conteúdo teórico em si, não
capacita o indivíduo para a realidade em sala de aula. Os estágios no Ensino Básico devem
ser ampliados e contemplados desde o segundo ano do curso de Licenciatura, pois,
acreditamos que a ampliação do tempo de atuação prática em sala de aula é que formará
um bom profissional.
Ao realizarmos esta discussão e análise crítica sobre o estágio supervisionado,
esperamos contribuir para o aprimoramento do ensino da Geografia entre nós, acadêmicos
e professores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEFFUNE, G. Plano de aula: uma breve síntese para vocês refletirem. 2007

MIZUKAMI, M. G. N. Ensino, as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

BIBLIOGRAFIAS UTILIZADAS
ADAS, M. Geografia: noções básicas de geografia – 5ª. série. 4ª. Ed. São Paulo:
Moderna, 2002.

ELIAS, M. D. C. Célestin Freinet, uma pedagogia de atividade e cooperação. In


PASSINI, E. Y. Prática de ensino de geografia e estágio supervisionado. São Paulo:
Contexto, 2007.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia – Saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.

SANTOS, R. V. Abordagens do processo de ensino e aprendizagem. São Paulo, Bol.


Integração. Jan./Fev/Mai. 2005, ano XI, nº 40.

SHOR, I.; FREIRE, P. Medo e ousadia – O cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Ed.
Paz e Terra, 1986

ZANOTTO, M. DE L. B. Formação de professores: a contribuição da análise do


comportamento. São Paulo: EDUC, 2000.

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