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Adoração e louvor

A música do Culto
David Karnopp o uso de variados instrumentos musicais, Os nossos hinos precisam ter conteúdo
o uso de outros ritmos, de bater palmas escriturístico e linguagem clara. A igreja

U
m dos elementos mais presentes e danças está errado, leia os salmos. Eles necessita ter uma autocrítica e avaliar
no culto divino certamente é a falam muito destes recursos. a sua hinódia para que continue sendo
música. Desde os tempos bíblicos Por outro lado, há reclamações de um meio de propagar o claro ensino da
ela teve papel importante na vida do povo que muitos dos nossos hinos são pesados Palavra de Deus.
de Deus, como meio de conduzir a Pala- e cansativos de cantar. Clama-se, então,
vra de Deus e como forma de expressar a por uma música mais alegre e dinâmica, David é pastor em Vacaria, RS, membro da
alegria na adoração. Ainda hoje ela pode Comissão de Culto da IELB.
inclusive com ritmos variados e que me-
dkarnopp@gmail.com
ser uma forma maravilhosa de a igreja xam com os sentimentos. Cresce também o
propagar sua doutrina e sua fé, e de os coro daqueles que reclamam dos conjuntos
filhos de Deus expressarem seu louvor ao musicais nas igrejas, principalmente dos
Criador. Mas é também através da música que têm bateria, pois o volume é elevado
que as doutrinas falsas podem encontrar para ambientes pequenos.
um campo fértil para se propagar.
Qual a finalidade
Os dois lados da inovação da música no culto?
Vivemos numa época em que o mundo Primeiro. Neste mundo que produz
produz uma grande variedade de ritmos milhões de ritmos diferentes a cada dia, é
musicais. Muitos dos sucessos musicais difícil, senão impossível, encontrar ritmos
têm ascensão e queda em questão de que agradem a todos.
poucos dias e logo dão lugar a outros Segundo. Nossos sentimentos e nossas
ritmos. Boa parte das músicas torna-se emoções também são obra divina. Somos
produto descartável. Isso impõe uma emotivos e temos necessidade de extravasar
acelerada busca pelo que é novo. A igreja nossas emoções. Assim, não está errado, ao
acaba sendo contagiada por este embalo ouvir uma música ou cantar um hino, rom-
alucinante e entra na onda da inovação per em alegria ou desabar em lágrimas. Isso
na sua forma de adorar. Pergunta-se: isso pode acontecer naturalmente. Mas é bom
é bom ou é ruim? lembrar que esta não deveria ser a primei-
O perigo da avalanche inovadora é ra finalidade de uma música na igreja. O
que ela pode banalizar a qualidade mu- culto tem sempre o propósito de fortalecer
sical e empobrecer o conteúdo teológico nossa fé em Jesus pela Palavra e pelos
dos hinos. Ou seja, a vasta musicalidade, sacramentos. Os sentimentos deveriam vir
em lugar de promover a Palavra, pode como resposta ao amor de Deus.
sufocá-la e restar apenas ritmos. Pode Terceiro. A finalidade maior de qual-
também levar a igreja a descartar a hinó- quer recurso musical no culto deveria
dia histórica herdada do passado, que por ser o de conduzir a Palavra de Deus, sua
séculos serviu de referência para milhões vontade e seu ensino. Da mesma forma,
de cristãos. Com o passar do tempo, a onda um conjunto musical não deveria servir
inovadora pode gerar mais confusão do de atração no culto, mas ter a intenção de
que crescimento. conduzir o louvor da congregação. Volu-
Mas há também o lado bom. A busca mes elevados prejudicam o canto.
Arquivo Editora Concórdia

pelo novo pode despertar novos músicos Quarto. Aquilo que cantamos precisa
e novos estilos musicais na igreja. A igreja ser Palavra do Senhor e precisa estar em
tem a oportunidade de sair da sua velha harmonia com a nossa teologia. Não é pos-
forma de cantar, pois não é a única forma sível pregar uma coisa de cima do púlpito
de adorar ao Senhor. Se alguém acha que e cantar outra nos hinários e cancioneiros.

8 Mensageiro Luterano | Agosto 2009 | Nº 8 | Ano 92

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