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SACIX

Terminais leves com Linux

http://revista.espiritolivre.org | #002 | Maio 2009

TCOS PROJECT
Montando Thin Clients no
Linux

LEVEZA, DÚVIDA CRUEL...


Qual a melhor
distribuição Linux?

ESTABILIDADE E
PERFORMANCE
As distribuições Linux dão um
show quando o assunto é isso!

ENTREVISTA ISCA ANZOL REDE DOTPROJECT


Robert Shingledecker Cuidado, muito cuidado Gerenciamento de
fala sobre o Tiny Core, com "certos" pescadores... projetos com Software
seu novo projeto Livre
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02


EDITORIAL / EXPEDIENTE

Chegamos para ficar! EXPEDIENTE


Diretor Geral
João Fernando Costa Júnior
Aqui estamos nós, depois do turbilhão e euforia quanto ao lançamento
da edição número um, retornamos com uma edição ainda mais recheada de
Editor
muita informação para você, leitor. Até o presente momento a primeira edição
João Fernando Costa Júnior
teve 8173 downloads, uma marca que a meu ver, para uma publicação com
foco específico, merece menção. E tudo isso graças a você, que está a nos ler
Revisão
neste momento e que possivelmente teve de posse da edição de número um.
Marcelo Tonieto
Se ainda não leu, corra atrás da sua!
Nesta edição, você encontrará um assunto que rende muito pano pra Arte e Diagramação
manga: distribuições leves e com propósitos específicos, trazendo uma João Fernando Costa Júnior
novidade: 2 entrevistas, a internacional, com Robert Shingledecker, criador do
Damn Small Linux e mais recentemente o Tiny Core, ambas distribuições bem Capa
focadas no objetivo de ter uma distribuição leve, funcional e de alta Nilton Pessanha
performance em computadores com baixos requisitos de hardware. A
entrevista nacional é com Flávio de Oliveira, responsável pela distribuição
Contribuiram nesta edição
GoblinX Linux, uma distro bacana e descolada, que traz um visual bem
Aécio Pires
moderno e igualmente leve. Outras duas matérias acompanham o assunto
Alexandre Oliva
principal: Um review sobre o Sacix, a distribuição Linux utilizada nos
Anderson Goulart
telecentros do Projeto Casa Brasil e uma matéria super interessante sobre o
Andressa Martins
TCOS - Thin Client Operating System, um projeto de porte e que merece toda
Cárlisson Galdino
nossa atenção.
Célio Maioli
Contamos novamente com a participação de nosso brilhante time de Cezar Taurion
colunistas e colaboradores, porém a partir desta edição com novas adições. David Ferreira
Isto mesmo! Assim que a edição de número um caiu na rede, pipocaram de Edgard Costa
pessoas de todo o Brasil (e de fora também) querendo colaborar, participar da Evaldo Junior
equipe, ajudar na parte gráfica e escrevendo matérias. Enfim, foram tantos os Filipe Saraiva
pedidos que esperamos poder corresponder a todos da melhor forma possível. Flávio de Oliveira
Já nesta edição, os leitores poderão conferir novas seções, novos rostos e
Guilherme Chaves
novas perspectivas, trazidas por estes e tantos outros que estão aguardando
Jomar Silva
seus materiais serem publicados.
Lázaro Reinã
Estamos a partir desta edição publicando uma seção extra de emails, Luiz Paulo
onde publicaremos alguns dos emails mais legais que chegaram a nossa Marcello Duarte
redação. Quer ver teu email ali publicado, então envie sugestões, opine, Orlando Lopes
mande seu recado! Paulino Michelazzo
Continuem ligados no site da revista [http://revista.espiritolivre.org], onde Robert Shingledecker
além de encontrar a atual e as edições anteriores, sempre vão rolar Roberto Salomon
novidades. Aproveitamos para avisar que buscamos parceiros em divulgação, Sinara Duarte
entre outros. Sendo assim, se seu site estiver divulgando a revista através do
nosso banner, avise-nos para que o incluamos em nossa seção de páginas
amigas. Contato
revista@espiritolivre.org
E continuamos aqui com o nosso contínuo pedido de materiais e
colaboradores: você que quiser participar de alguma forma da Revista Espírito
O conteúdo assinado e as imagens que o
Livre, não se acanhe, entre em contato e faça parte deste time que integram, são de inteira responsabilidade
está trabalhando duro pra montar uma publicação de de seus respectivos autores, não
qualidade para você, nosso leitor. representando necessariamente a
opinião da Revista Espírito Livre e de
Chegamos para ficar e contamos com você! seus responsáveis. Todos os direitos
sobre as imagens são reservados a seus
João Fernando Costa Júnior respectivos proprietários.
Editor

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03


EDIÇÃO 002

SUMÁRIO
CAPA
33 Entrevista Nacional
Flávio de Oliveira mostra a todos o
PÁG. 25
GoblinX Linux e suas vantagens

37 TCOS Project
Montando thin clients em Linux

41 Sacix
Os desenvolvedores do SACIX mostram
o projeto que visa criar terminais leves

44 Leveza+Versatilidade=
Portabilidade+usabilidade
Uma fórmula e tanto...
Entrevista com Robert
COLUNAS Shingledecker
Robert fala sobre sua vida, superações,
11 Isca Anzol Rede
Cuidado com "certos" pescadores
Damn Small Linux e sobre o Tiny Core, seu
novo projeto

13 Fica no Trem!
Mantenham todos a calma

15 Prontuário eletrônico de
pacientes
É o ODF ajudando a salvar vidas

17 Cordel do GNU/Linux
E o Linux vira poesia...

20 Distribuições: Qual a
melhor?
Eis aí uma questão complicada... 87 AGENDA 06 NOTÍCIAS
22 Open source e a Academia
Como o modelo open source poderia ser
adotado na academia?
DESENVOLVIMENTO
46 Virado pra Lua - Parte 2 TECNOLOGIA
Que tal se tornar um "lunático"?
ODF - OpenDocument Format
49 Aerotarget
Desenvolvendo games com software
65 Uma apresentação formal para os que
livre ainda não o conhecem

54 Scrum
Uma aproximação ágil ao
desenvolvimento de software FÓRUM
ADMINISTRAÇÃO 70 Panóptico na Rede
A vigilância está crescendo e se
fortalecendo...

57 Controlador de versões
Existem vários. Escolha já o seu!
EDUCAÇÃO
59 Ocomon
Gestão de Incidentes com software livre
74 Bicho-papão
A Matemática e o Software Livre

62 dotProject
Primeiras impressões sobre o software

EVENTOS
79 FLISOL 2009 no ES
Fique sabendo o que aconteceu FLISOL
2009 em Vitória/ES

82 FLISOL 2009 em Goiás


Sucesso de público em diversas
palestras marcaram o FLISOL 2009 em
Goiânia/GO

84 DIA LIVRE no Ceará


Idéias simples e ações práticas

09 LEITOR
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior

Lançado NetBSD 5.0 Abertas inscrições para Encontro de Conhe-


O responsáveis pelo cimentos Livres da Bahia
projeto NetBSD lança- Estão abertas as ins-
ram a versão 5.0 des- crições para o Encon-
te sistema. O NetBSD tro de Conhecimentos
é um sistema operacio- Livres da Bahia, que
nal altamente portá- acontece de 11 a 14
vel e é conhecido de maio, no Junta Da-
ainda por ser a segun- dos, Pontão de Cultu-
da implementação open-source do BSD, depois ra Digital da Bahia, situado no Pólo Universitário
do 386BSD. Esta versão vem com grande núme- Santo Amaro de Ipitanga (Pusai/UNEB), em Lau-
ro de melhorias em performance e escalabilida- ro de Freitas. Durante o evento, a equipe do
de em multiprocessadores modernos e sistemas Centro de Desenvolvimento em Tecnologias Li-
de múltiplos núcleos. Houve ainda outras melhori- vres (CDTL), Pontão de Cultura Digital de Per-
as como o alocador de memória "jemalloc", nambuco, ministra oficinas de Áudio, Vídeo,
Xorg ao invés de XFree86 em alguns ports, o fra- Introdução ao Software e Cultura Livres e Meta-
mework de gerenciamento de energia, ACPI sus- reciclagem, além de um workshop sobre Gera-
pend/resume, e muito mais. Para fazer o ção de Renda e Sustentabilidade. Clique aqui
download desta versão a equipe prefere que se- para preencher o Formulário de Inscrição ou
ja feito a partir de bittorrent, porém existem ain- acesse http://www.tecnologiaslivres.org para ou-
da os espelhos. tras informações.

Open3G: Discador 3G para Linux Lançado OpenBSD 4.5


Lançado o primeiro relea- O time de desenvolvedores do OpenBSD lançou
se público do discador pa- a versão 4.5 do siste-
ra redes 3G da Open-Br ma. Entre as novida-
para o GNU/Linux: o des, estão um melhor
Open3G. Possui regras suporte para a arquite-
gerais para reconhecer tura Sparc64 e supor-
os mais variados tipos de te a uma nova
modems e tem as configu- arquitetura, a
rações de conexão das se- ARM/OpenMoko, ain-
guintes operadoras: da várias melhorias
Claro, Vivo, Tim, Oi e Giro. É um beta público, de suporte à hardware e diversas funcionalida-
com suporte nativo ao modem Sony Ericsson des novas, além de melhorias e limpeza de códi-
MD300 e ao Huawei E220, também testado nas go fonte. O download pode ser feito na página
operadoras Claro e Vivo. Ficou curioso? Então vi- de download.
site o site oficial.

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06


NOTÍCIAS

Lançados oficialmente os GUFs - Grupos de Lançado FreeBSD 7.2


Usuários Fedora O time de engenheiros do
O Projeto Fedora Brasil infor- FreeBSD lançou a versão
ma a todos os interessados 7.2 deste sistema tão popu-
em contribuir com o Fedora lar. Ele vem repleto de novi-
que já estão criados para to- dades, incluindo suporte a
dos os estados Brasileiros uso completamente trans-
os GUFs - Grupos de Usuári- parente de superpages pa-
os Fedora. Os GUFs serão ra memória de aplicação,
organizados e coordenados suporte para múltiplos endereços IPv4 e IPv6
pelos embaixadores e representantes do Fedora para jails, csup agora suporta CVSMode para
no Brasil. Esta iniciativa tem como como objeti- baixar um repositório CVS completo, Gnome atu-
vo a representacão do Projeto Fedora em todos alizado para versão 2.26 e KDE para versão
os estados brasileiros através da participacão 4.2.2, sparc64 agora suporta processadores Ul-
em eventos, distribuição de mídias, recrutamen- traSparc-III, entre outros. Para o download, cli-
to de novos colaboradores e colaboracão com que aqui, por meio de torrent. Ufa, esta última
os sub-projetos do Projeto Fedora Brasil. Confi- semana foi a semana BSD. O DragonFlyBSD
ra os links das listas de discussão e comunida- 2.2.1 também foi lançado!
des em http://www.projetofedora.org/guf_
grupos_usuarios_fedora.
Concurso para imagem nova versão 0.47 do
Inkscape
InProprietário: o mundo do software livre O time do Inkscape e a co-
E o software livre vai às te- munidade a preparar o lan-
las! Este documentário de çamento do Inkscape 0.47
cerca de 30 minutos sobre e como já é de costume, foi
o Software Livre é o resulta- solicitado que artistas aju-
do do trabalho de conclu- dem na nova tela "Sobre"
são do Curso de para esta versão. Todos os
Comunicação Social do Cen- artistas estão convidados.
tro Universitário FIEO, produ- Para saber das regras, visite este link.
zido pelo Daniel Bianchi e
Johnata Rodrigo. Contém vá-
rias entrevistas, de algumas personalidades Mark Shuttleworth diz que Ubuntu não pode
bem conhecidas do mundo do SL, visando expli- ser um Windows
car o que é o Software Livre, sua história, no Segundo Mark, "o Windows e o Linux rodam
que ele se diferencia do software não-livre como ambos aplicações importantes. O universo do
é o software proprietário ou o software grátis, Software Livre precisa desenvolver regras
qual a sua filosofia e o porquê de ele já ser um próprias. É um universo diferente do software
sucesso. O arquivo para download tem aproxima- proprietário. Nós precisamos alcançar o
damente 300MB e está sendo distribuído livre- sucesso na nossa própria plataforma e nas
mente. Assistam, copiem, divulguem e nossas próprias regras. Se o Linux rodar
distribuam este pequeno filme, é o que os seus apenas aplicações Windows, nos não
autores pedem. O download pode ser feito via bit- poderemos vencer."
torrent.

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |07


NOTÍCIAS

A Fundação GNOME pede ajuda SourceForge.net: Participe do Community


A crise econômica mundial que Choice Awards
anda assolando o mercado O SourceForge.net, um dos
também atingiu o GNOME. Para maiores repositórios (senão
os que desconhecem, a GNOME o maior) de aplicações de
Foundation serve como base código aberto no mundo,
para promover o GNOME organiza a cada ano uma
Desktop. É ela que faz a ponte votação para que a
entre os patrocinadores (empresas e pessoas) e comunidade eleja os
os desenvolvedores. Durante alguns anos a melhores projetos em
fundação teve um saldo positivo nas doações, o código aberto. O prêmio
que permitiu a expansão das atividades chama-se SourceForge.net
relacionadas ao GNOME em eventos mundo Community Choice Awards e a indicação de
afora. Só que agora a coisa anda mal. Para projetos para concorrer ao prêmio começou no
ajudar, visite o site oficial do Gnome e na página dia 6 de maio, indo até o dia 29 deste mês. Os
Amigos do GNOME: http://www.gnome.org/ finalistas serão conhecidos em junho, sendo
friends, e escolha a forma que deseja contribuir. que a lista de ganhadores deverá sair no final
Outra forma de colaborar é comprar camisetas e de julho no evento OSCON. Participe você
outros "apetrechos" oficiais. Saiba mais sobre a também! Visite o site Sourceforge.net e vote.
Fundação em http://foundation.gnome.org/.

Lançado BrOffice.org 3.1.0


Novos conceitos: Menu circular no Gnome Após o lançamento
Eis que aparece uma nova e interessante propos- do OpenOffice.org
ta para o menu do Gnome, o Circular Applicati- 3.1 (internacional),
on Menu. Este menu abre-se em círculos e dele chegou a vez da ver-
saem outros submenus circulares, e complemen- são nacional. O
ta-se com o Gnome-Do. Realmente uma propos- BrOffice.org 3.1.0 já
ta inteligente e com um design bastante pode ser baixado nos mirrors do projeto. Para
futurista. O novo menu pode ser facilmente insta- baixar sua cópia em versões para Windows, Li-
lado a partir do Getdeb. Atenção que é necessá- nux, MacOS ou Solaris acesse: http://ftp.uni-
rio o Compiz ou similar para funcionar. Para camp.br/pub/broffice/stable/3.1.0/. BrOffice.org é
maiores informações, visite o site do projeto. uma suíte de programas de escritório totalmente
Será que a era das barrinhas (verticais e gratuita utilizada por milhões de brasileiros. Pa-
horizontais) acabou?! Só o tempo dirá... ra mais informações, visite o site oficial do
BrOffice.org.

Quer comentar sobre algo desta edição? O


que gostou? O que não gostou? Participe!
Envie seu comentário e/ou notícia para
revista@espiritolivre.org.

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |08


COLUNA DO LEITOR

EMAILS,
SUGESTÕES
E COMENTÁRIOS Maxime Perron Caissy - sxc.hu

Esta seção foi criada para dividirmos com você Em nossa rede municipal de ensino, o Linux
leitor o que andam falando da gente por aí... veio para ficar e a cada dia, em cada escola,
Foram tantos emails e comentários no site da com cada educador nos deparamos com a
revista que ficou até difícil selecionar o que Síndrome do Peter Pan Digital e me sinto como
apareceria e o que não apareceria aqui. Muitos a Sininho, tentando espalhar o pozinho por
comentários dando uma força para nós da onde passo e muitas vezes, tendo que voltar
revista, realmente algo que dá um sentido todo várias vezes para lançar novamente e tentar
especial ao trabalho desempenhado pela "contaminar" estes novos usários. Mas como diz
equipe. Ah! Continuem enviando suas João Fernando: Vamo que vamo! Parabéns
sugestões e comentários! pela iniciativa e pela qualidade dos artigos.
Karla Capucho - Vitória/ES
Gostaria de dar os parabéns pela iniciativa, é a
1a vez que leio uma revista sobre opensource Gostaria de parabenizá-los pela iniciativa. O
de tão alta qualidade. Temas modernos e bem conteúdo da revista está muito bom. Meu
abordados, a diagramação também está ótima. comentário é sobre o projeto de lei contra o
Faço questão de prestigiar aquilo é bem feito. A cibercrime. Na minha opinião tal proposta
Revista Espírito Livre já está no meu agride diretamente o ideal da colaboração. É
bookmarks. uma alternativa tão utópica que chega a ser
Benjamim Góis - Belo Horizonte/MG absurda, muito distante da nossa realidade.
Nossos políticos deveriam estar mais
Nesta manhã de segunda-feira em Vitória, pós preocupados, por exemplo, com o projeto de lei
feriado, trânsito enlouquecido pela paralisação PL-7109/2006, que fala sobre a regulamentação
do transporte coletivo e chegada tumultuada ao das profissões em Tecnologia da Informação.
trabalho... recebo um email sobre a publicação Fica como sugestão para um próximo artigo.
digital da revista. Pensei em ler num intervalo Douglas Lima - Volta Redonda/RJ
de tempo durante o trabalho, resolvi abrir
apenas o sumário, pronto! .....fui contaminada, Só gostaria de comentar que achei fantástica a
como parar de ler artigos criativos como do revista! Parabéns a equipe.
Alexandre Oliva? A abordagem atual da colega Helton Eduardo Ritter - Três de Maio/RS
Sinara Duarte sobre o Linux nas escolas, etc..

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09


COLUNA DO LEITOR

Gostei muito da iniciativa de criar a Revista Nossa!!! Muito boa a revista. Sou um estudante
Espírito Livre. É bom saber que a cada dia mais de informática e estou começando agora no
usuários e entusiastas de softwares livres se mundo open source. As matérias sobre a LPI e
reunem e promovem uma grande iniciativa as dicas pra quem quer desenvolver software
como esta, contribuindo muito com a livre não poderiam ter vindo em melhor hora.
abrangência do tema, que a todo momento Parabéns pela revista, além de ter um ótimo
ganha mais espaço no mundo inteiro. conteúdo, me deu bastante estímulo.
Marllus de Melo Lustosa - Teresina/PI Régis F. Brilhante - Mauriti/CE

Conheci a Revista Espírito Livre hoje e gostei A revista Espírito Livre em sua primeira edição
muito do estilo e das matérias. É um trabalho é uma ótima fonte de conhecimento e
realmente bem feito, certamente com emprego divulgação, traz material que atende desde o
de muito empenho. publico iniciante ao avançado e de forma livre.
André Nunes - Salvador/BA Espero que continuem fazendo esse excelente
papel, e que a comunidade ajude a divulgar o
Quero parabenizá-los pela revista. As matérias conhecimento. Agradeço a todos os
estão super atuais e abriram a revista com contribuintes pelo trabalho. Estou ansioso para
chave de ouro. A diagramação deixou o texto ler a proxima edição.
bem claro e não cansativo, ponto pra vocês. Franzvitor Fiorim - Serra/ES
Sucesso!
Tarcísio Cavalcante - Curitiba/PR Ótima conquista para o mundo do software
livre.
Gostaria de parabenizá-los pela revista, linda, Ricardo Martiniano - João Pessoa/PB
bem elaborada, leitura altamente dinâmica,
show! Meus parabéns pela iniciativa, não tenho
Andrea Talarico - Ribeirão Preto/SP dúvidas que esta revista vai estourar em todo
Brasil.
Gostei muito da revista se voltar para o software Carlos Henrique - Brasília/DF
livre. Sou professor de informática e leciono
para cursos técnicos e educacionais. Sempre Saudações! Gostaria de expressar minha total
busco utilizar softwares livres e propagar esta satisfação pelos temas que a revista "Espírito
filosofia. Livre" aborda. Realmente o conteúdo visa fazer
Jefferson Marinho - São Paulo/SP com que o leitor compreenda o texto sem que
este seja um profissional do ramo. Empolgante
Uma revista com assuntos diversos referentes a também é o fato dela ser livre, sendo livres
software livre. Inovando com assuntos jamais podemos ir mais adiante e isto é muito
explorados em outras revistas online. Excelente estimulante. Que a força esteja com vocês,
publicação que está chegando com todo gás. sucesso!
Alan Messias - Camaçari/BA Caiocesar Bayerl Fornaciari - Iconha/ES

Gostaria de parabenizar a todos pela Já baixei e já li, sensacional. Parabéns pela


publicação da Revista Espírito Livre. iniciativa e desejo muita sorte na nova
Precisamos cada vez mais de iniciativas como empreitada.
essa para o bem da comunidade e para Ariovaldo Carmona - São Paulo/SP
crescimento do SL.
Corintho Fernandes Neto - Manaus/AM

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COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Isca Anzol Rede


Por Alexandre Oliva

Asif Akbar - sxc.hu

Os usuários de software diversas). voltar a nos alimentar, com


de maior consciência social já Mesmo quem entende e tranquilidade e segurança, de
notaram que, ao morderem a is- valoriza a liberdade, e portanto bits de camarão e de informa-
ca, incentivam os pescadores faz o possível para evitar os an- ção.
de usuários a continuarem se zóis, é às vezes vitimado por Pescadores do software,
valendo de anzóis escondidos esses dispositivos feitos para anti-éticos que são, já encon-
para capturá-los. Não por aca- enganar e aprisionar. A diferen- traram outra estratégia para lu-
so, pescadores têm recorrido à ça é que, uma vez fisgados, al- dibriar suas presas, inclusive
Grande Rede como mecanis- guns concluem que o melhor se beneficiando do movimento
mo alternativo para aprisiona- que lhes resta a fazer é sabore- solidário dos usuários, o Movi-
mento. Que fazer para evitar ar a isca, relaxar e gozar a via- mento Software Livre, contra a
esses perigos? gem, enquanto os mais captura imediata por meio de
conscientes batalhamos para anzóis.
Hora da bóia! nos libertar até o fim das for-
A história começa com ças, mesmo sacrificando recur-
sos importantes e Lança-se a Grande Rede
um apetitoso pedaço de cama- Os espertinhos começa-
rão, minhoca ou qualquer ou- convenientes, tais como partes
da boca, do computador ou de ram a semear as iscas no éter
tra funcionalidade que possa digital, usando a Grande Rede
atrair usuários. No mesmo pa- sítios.
para envolver os cardumes de
cote, cuidadosamente projeta- Muito mais inteligente é usuários atraídos por elas, con-
do para ludibriar a presa, vem não mordermos a isca: além duzindo-os, desprevenidos,
o anzol, característica malicio- de não corrermos o risco de até a captura definitiva.
sa destinada a restringir e apri- captura, ainda desanimamos o
sionar o usuário, de forma pescador. Quanto menos usuá- Curioso e preocupante é
técnica (negação de código fon- rios cairmos na armadilha, mai- que a Grande Rede pode apri-
te, DRM, Tivoização) ou jurídi- or a chance de os pescadores sionar o usuário de duas ma-
ca (contratos restritivos, abandonarem essa estratégia, neiras: tanto no micro-
licenças limitantes, ameaças de modo que todos possamos ambiente do próprio usuário

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |11


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

quanto pelo acesso ao sítio do so às crias, podendo utilizá-las É verdade que o futuro
pescador. para fins indesejados ou até do usuário capturado pela
Na primeira, a isca não fi- oferecê-las a terceiros. Sem Grande Rede ainda tem chan-
ca presa a um anzol, nem ao controle, o usuário fica à mer- ce de não ser, digamos, nebu-
ambiente do usuário: o pesca- cê do pescador, mesmo que loso. Afinal, há pescadores
dor envia-lhe as iscas goela possa obter receitas e especifi- que devolvem suas presas à li-
abaixo diretamente de seu sí- cações do ambiente (como re- berdade, ainda que às vezes
tio. São iscas com tecnologias quer a GNU Affero GPL) e com sequelas. Mas há os que
AJAX, Flash e Java, entre ou- configurar seu próprio ambien- capturam prisioneiros para que
tras. O usuário as processa te adaptado em sítio alternati- vivam em cativeiro. Uma vez
nas próprias entranhas, sem vo. no aquário, pular fora é difícil e
muita chance de adequá-las Até no caso de uma aplica- perigoso, possivelmente fatal,
às suas preferências e ção colaborativa como, diga- especialmente para as crias
necessidades. Distraído pelas mos, a fecundação dos ovos, é deixadas para trás. É melhor
iscas, nem percebe que a rede essencial para os usuários que evitar! E que faz um usuário
vai ocupando cada vez mais eles, e não um pescador, pos- consciente para evitar os peri-
espaço ao seu redor. Pior que sam controlar o acesso aos gos das iscas, dos sítios e das
é o pescador quem decide o ovos e o ambiente em que são redes dos pescadores? Nada!
que a vítima consumirá, a mantidos. Não bastam as espe- Nada para bem longe deles!
cada visita. Nessas condições, cificações do ambiente do sítio
as iscas são um perigo mesmo mantido pelo pescador. Se os Copyright 2009 Alexandre Oliva
que suas receitas sejam usuários não puderem levar su-
originalmente Livres. Pior as crias para outro sítio, elas Cópia literal, distribuição e publica-
ainda com as descaradamente se tornarão reféns, usadas pa- ção da íntegra deste artigo são permi-
tidas em qualquer meio, em todo o
não-Livres, que usam Ofuscript ra controlá-los. mundo, desde que sejam preserva-
às centenas de toneladas. das a nota de copyright, a URL oficial
do documento e esta nota de permis-
Na segunda maneira, o são.
Nada é perfeito?
pescador estende a rede entre Os pescadores têm muitís-
http://www.fsfla.org/blogs/lxo/pub/is-
usuários e um sítio convidativo simo interesse em controlar as
ca-anzol-rede
para depositarem e manterem gerações atuais, mas não lhes
seus ovos e informações pesso- basta. Esperam imbuir nas ge- ALEXANDRE
ais. Mesmo que não sejam cap- rações que nascem e crescem OLIVA é engenheiro
turados, usuários correm o sob sua influência a aceitação
de Computação e
Mestre em Ciências
risco de que, mais tarde, a pas- desse desrespeito à liberdade. da Computação.
sagem não esteja mais livre; Inocentes usuários, por sua Usuário,
de que suas crias nasçam em desenvolvedor,
vez, parecem não perceber o evangelizador de
cativeiro. risco para si mesmos e suas cri- Software Livre e
contribuidor do
Antes do advento da re- as. E que faz um usuário desa- projeto GNU desde a
de, o usuário podia defender visado para evitar os perigos década de 90.
Engenheiro de
pessoalmente suas crias de das iscas, dos sítios e das re- Compiladores na
ameaças externas, mantendo- des dos pescadores? Nada! Fi- Red Hat desde
fevereiro de 2000.
as sob seu controle em seu pró- ca por ali mesmo, crédulo e Co-fundador e
prio micro-ambiente isolado. Já crente no conforto e na segu- conselheiro da
FSFLA - Fundação
no sítio, é o pescador quem rança do ambiente controlado Software Livre
controla o ambiente e o aces- pelo pescador. América Latina.

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COLUNA · PAULINO MICHELAZZO

Fica no trem!*
Por Paulino Michelazzo

Ali Taylor - www.sxc.hu

Estava frio, um frio de las- bombas de gás. Um palco ar-


car. Daqueles que dói nos os- mado com boa dose de adre-
sos e as mãos ficam azuis. nalina correndo nas veias por
Tudo bem, era por uma boa estarmos no meio do confron-
causa afinal não é sempre que to.
pode-se conhecer uma cidade Passam os minutos e na-
de uma civilização secular per- da daquele que ia nos levar pa-
dida no meio do nada incrusta- ra a cidade sagrada aparecer.
da entre montanhas das mais Alguns, diziam, o trem estava
altas e vegetação grandiosa. parado na cidade aguardando
Mas existia algo que sus- o desfecho do evento. Outros
surrava a possibilidade de me- acreditando que não iria apare-
lar a oportunidade única. A luta cer trem nenhum e outros ain-
pela liberdade se formava dian- da pensando estar cometendo
te de nós e corria o boato de o maior erro de suas vidas. O
acabar com o passeio de to- sol começa a aparecer e apro-
dos. De um lado, manifestan- veita-se para esquentar a pele
tes reivindicando não sei o que e respirar um pouco de ar fres-
e, de outro, o símbolo máximo co fora do ônibus que mais pa-
da ordem social; a polícia com recia lotação paulistana em
seus escudos, capacetes e manhãs de chuva. Neste meio

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13


COLUNA · PAULINO MICHELAZZO

tempo não somente o sol es- seu caminho e depois de hora Curioso para saber como
quenta, mas também os âni- e meia, faz uma pequena para- fez para voltar a nos acompa-
mos de ambos os lados e da numa antiga estação para nhar, descubro que o velho
começa, do nada, a chuva. que subam alguns outros pas- GNU foi resgatado da platafor-
E a chuva era diferente, sageiros. Neste momento para ma de trem por um grupo de
feita de pedras e bombas de a surpresa de todos (ou de qua- nacionais que vinham na com-
gás. De um lado, nativos man- se todos), o mesmo estranho re- posição seguinte e viram aque-
dando ver bem ao estilo clássi- solve descer do trem para uma la inconfundível figura a
co de futebol e de outro, men “rápida esticada nas pernas”. caminhar feito gato em dia de
in black com suas bazucas fla- - Não desça, protestam al- mudança se questionando: o
mejantes. No meio, quem? Os guns. O trem irá partir e não po- que vou fazer da vida?
maiores defensores da liberda- derá voltar Pelo menos a história te-
de do software mundial enfurna- - Mas eu quero descer... ve uma vantagem; em todo o
dos na já comentada lotação, trajeto de retorno não tivemos
esperando por aquele projétil - Não desça! nenhuma surpresa. Parece
que iria entrar pelo vidro. E quem disse que deu cer- que a síndrome do “esquece-
No meio da baderna um to? Lá vai ele caminhando pelo ram de mim” deixou-o cabisbai-
“gênio” tem a iluminada idéia: vagão e desce à plataforma pa- xo.
ra seu tranqüilo caminhar no * A história é verídica e
- Quero sair! meio do fim do mundo. Como passa-se em Cusco/Machu Pic-
- Mas porque quer sair no verdadeiros videntes, o trem lo- chu no Peru em 2003
meio desta loucura toda? go depois começa seu chacoa-
- Quero sair! Nunca senti lhar sem nosso insólito e
cheiro de gás lacrimogênio na teimoso passageiro que fica
vida. Quero sair! perdido há milhares de quilôme-
tros de casa sem falar o idioma
Sob protestos de todos, local e somente do notas de dó-
lá desce o mais estranho de to- lar. PAULINO
dos para, numa fungada de MICHELAZZO é
dar inveja a qualquer baleia, Seguimos viagem e duas diretor da Fábrica
respirar um pouco da fumaça horas após chega aquele que, Livre
já tão famoso pelos seus feitos (www.fabricalivre.
que estava ao redor do ônibus com.br), empresa
e voltar em menos de um minu- no software livre, agora era fa- especializada em
to com os olhos vermelhos san- moso pela sua excentricidade soluções para
Internet com
gue e a garganta queimando em terras latinas. Avistando-o ferramentas de
como o inferno. Dizem que ao longe comento com meu gestão livres. Foi
diretor mundial da
quem avisa amigo é mas tam- amigo e compadre: veja lá Mambo Foundation,
bém cachorro velho não apren- quem saiu da tumba! E este, System Develop
mais que depressa e com seu Specialist da ONU
de truque novo... no Timor Leste. É
humor afiado, retruca: que sor- instrutor de CMS's
Passada a pancadaria, te, seria o primeiro GNU perdi- (Drupal, Joomla e
chega o trem e todos embar- Magento). Escreve
do nestas bandas do planeta. regularmente para
cam rapidamente para quem sa- No mínimo daria uma pesquisa diversos canais na
be não se tornarem alvos Internet e
da National Geographic dentro publicações técnicas
ambulantes. Minutos depois, a de alguns anos. no Brasil e em
velha máquina diesel começa Portugal.

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |14


COLUNA · EDGARD COSTA

Padrão ODF
e o Prontuário
Eletrônico de
Pacientes
Por Edgard Costa

Lemos e ouvimos no ra- da, que exibir em seus logoti- dando condições para o Minis-
dio e televisão, todos os dias, pos esta imagem padrão no tério da Saúde realocar os re-
o desafio que é, para o cida- cooperativismo. cursos, tanto humanos como
dão brasileiro, conseguir obter A Agência Nacional de em espécie, para áreas em
uma vaga em uma unidade de Saúde, recentemente, lançou que, realmente, são necessári-
saúde ou mesmo uma consul- a primeira iniciativa governa- as, melhorando sua aplicação
ta médica. mental para implementação fu- e fiscalização, o que certamen-
Planos de Saúde, junta- tura do Prontuário Eletrônico te fará com que o atendimento
mente com as operadoras de te- de Pacientes, o T.I.S (Troca de ao cidadão brasileiro se torne,
lefonia móvel ou fixa, são Informação na Saúde Suple- minimamente, civilizado.
campeões de reclamações no mentar), que tem como princi- A adoção de um Prontuá-
PROCON. O governo brasilei- pal finalidade fazer as rio Eletrônico de Pacientes não
ro vem tomando algumas inicia- Operadoras de Planos de Saú- se dará de forma pacífica. En-
tivas, ainda tímidas, para de informem, em tempo real, tre os problemas que deverão
racionalizar e equacionar estes os procedimentos médicos a ser enfrentados podemos des-
problemas, criando a Agência que estão se submetendo tacar os seguintes:
Nacional de Saúde (ANS ) pa- seus associados. a) Regionalismos Lingüísticos;
ra fiscalizar as operadoras de Estudos conduzidos por b) Facilidades na manipulação
Planos de Saúde que, em tem- Universidades Brasileiras mos- de arquivos de papel;
pos remotos, eram monitora- tram que, se adotado um Pron- c) Personalização da codifica-
das por uma diretoria do tuário Eletrônico de Pacientes ção do Prontuário;
Banco Central especializada Universal, o governo brasileiro d) Pouco gasto em treinamen-
em seguros. Imagine, leitor, poderá economizar algumas to de pessoal auxiliar;
que Cooperativas Médicas ( ex- centenas de milhares de reais e) Validade Jurídica, comprova-
emplo Unimed ), quando cria- em procedimentos desnecessá- da, dos arquivos de papel;
das, eram registradas no rios ou solicitados sem ne- f) Gastos imensos com imple-
Ministério da Agricultura, por- nhum critério específico. mentação de plataformas de
que só este órgão público regu- Hardware e Software;
lava a criação de empresas A adoção do PEP gerará
um imenso banco de dados, g) Gastos imensos com imple-
cooperativas. Por isto tem, ain-

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COLUNA · EDGARD COSTA

mentação de Redes de Compu- hospitalar; mas para gerar e gerenciar o


tadores. Tanto locais como ex- 3.PKCS-12 – padrão para certi- Prontuário Eletrônico de Paci-
ternas; ficação digital. entes. Ela poderá gerar este
h) Falta de cultura na utiliza- PEP utilizando uma ferramenta
ção do computador, tanto pelo Não seria plausível imagi- já muito conhecida, em várias
profissional de saúde bem co- nar que softwares para PEP instâncias do governo, que é o
mo do pessoal auxiliar; usassem padrão de documen- BrOffice.org que se integra,
i) Preço do certificado digital e tos proprietário por razões clás- perfeitamente, com várias pla-
hardware para a sua utilização; sicas. Vou citar apenas uma. taformas de banco de dados,
j) Segurança e privacidade na Imagine não se conseguir abrir gera formulários com extrema
manipulação das informações um determinado laudo radiológi- rapidez e com forma visual
médicas. co determinante para um ato ci- agradável para o usuário, pode
rúrgico porque não se tem a ser instalado e atualizado por
Os argumentos contrários mais nova versão do software demanda, se integra muito
aos da resistência são: editor como aconteceu quando bem com python, via Macros
houve a tragédia no continente ou APIS para manipulação de
a) Redução de custos; Asiático motivada por um terre- imagens médicas.
b) Redução na redundância de moto, em que países não pude-
Exames; Enfim, outros tempos pa-
ram enviar ajuda humanitária ra a saúde estão por vir. Claro
c) Reconstrução da história do para a região atingida porque
Paciente de forma completa; que os desafios para imple-
não conseguiram abrir, em mentação de um projeto auspi-
d) Facilidade Organização; seus computadores, os ofícios
e) Racionalidade de Espaço; cioso, que determine um
encaminhados por não terem a tratamento digno para o cida-
f) Interoperabilidade; versão atualizada deixando cen-
g) Intercâmbio de layout de da- dão brasileiro, são incomensu-
tenas de pessoas com sede, fo- ráveis. Como já diziam os
dos; me e sem remédios.
h) Processamento contínuo sábios chineses: “ Para uma
dos dados; Outra razão é que o pa- longa jornada temos que dar o
i) Integração com outros siste- drão ODF já está pronto para primeiro passo”. Estamos co-
mas de informação; usar certificados digitais. meçando a andar. E andar na
j) Dados atualizados. Como todos sabem, o direção certa.
ODF é largamente programá- Maiores informações:
E o ODF em que lugar en- vel, facilitando em muito a gera-
tra nesta história complexa? ção de grandes quantidades Site Prontuário Eletrônico:
de relatórios, da automação do www.prontuarioeletronico.odo.br
O ODF (Formato aberto
de documentos) já é um pa- envio de documentos por
drão ISO oficializado e conheci- email, de imagens, criação da Site ODF Alliance Brasil:
versão final do PEP que deve- http://br.odfalliance.org
do mundialmente como os
demais que compõe o PEP rá ser em PDF- A, e interoperá-
vel. EDGARD COSTA é
que são: membro do Grupo
Além disto tudo, há a ra- de Usuários
1.DICOM – para imagens médi- BrOffice.org do
cas; zão maior. A financeira. A rede Estado de S.Paulo,
pública tem que, obrigatoria- Assurer Cacert –
2.HL7 (Health Level seven) pa- Certificação Digital e
ra comunicação entre os módu- mente, aplicar os escassos re- autor do Livro
los que compõe o sistema cursos na atividade fim e não BrOffice da Teoria à
Pratica.
comprando sofisticados siste-

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Cordel do
GNU/Linux
Por Carlisson Galdino

Lynne Lancaster - sxc.hu

Literatura de cordel é Cordel do GNU/Linux


um tipo de poesia Para funcionar
Tem gente que pensa Precisa programas
popular especialmente Que computador E o programador
no Nordeste brasileiro. É calculadora Vivia um drama
Tradição de Portugal, os Mal lhe dá valor Sem poder dormir
livretos deste tipo de Mas ele é bem mais Tranquilo na cama
Que pode supor
poesia eram vendidos
O computador
em feiras, pendurados Tem gente que pensa E um bicho danado
em barbante (ou cordel). E pensa saber Dentro tanta coisa
O que é o negócio Fora outro bocado
Chamado PC Monitor de vídeo
O Cordel do GNU/Linux Pensando que é só E mouse e teclado
Máquina de escrever
é escrito em sextilhas
E aqueles lugares
em rima x-A-y-A-z-A, Mas computador De botar disquete
usando redondilhas É bem mais que isso CD ou outra coisa
menores (versos de É um equipamento É coisa pra peste!
Robusto e preciso Memória e circuitos
cinco sílabas poéticas). Que é diferente Bios, chipset
De tudo que é visto

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Cada fabricante No computador Havia um sistema


Já que é seu direito Cada placa ou peça Que se utilizava
Cada componente Na Universidade
Fará do seu jeito E os outros programas E se apreciava
Eis o pesadelo Conversam com ele Era S. O. Unix
Que já estava feito De um jeito padrão Como se chamava
Sem muito enfeite
Pois antigamente E o Operacional Uma confusão
Cada programinha Faz o papel dele Num tempo confuso
Tinha que saber Mudou o cenário
A história todinha Assim um programa E impediu seu uso
E usar do PC Pra grande espanto Pelo copyright
Tudo o que ele tinha Não era como antes Ou foi seu abuso
Pois com grande encanto
Um programa feito Feito só uma vez Para resolver
Rodava somente Roda em qualquer canto Tão triste questão
Num computador Um novo projeto
Pra outro diferente Pra ter um Sistema Surgiu logo então
Teria que ser Operacional O Software Livre
Feito novamente Chamado S. O. Teve uma Fundação
Temos afinal
Como um instrumento Umas opções GNU Não é Unix
Feito por medida Como é normal Era este o projeto
Que não funcionava Criar um S. O.
Em outra guarida O mais conhecido Unix aberto
E isso complicava Se chama Windows Era o objetivo,
De todos a vida Mas diversidade Perfeito e completo
É um negócio lindo
Foi quando alguém E não tem só ele Assim foi nascendo
Teve uma sacada E há outros surgindo Foi bem natural
Fazer uma coisa Surgiu um Sistema
No centro instalada Inclusive um Operacional
Pra cada programa O melhor que tive Dando liberdade
Não precisar nada Falaremos dele Ao usuário final
Que ouça quem vive!
Essa coisa estranha E o melhor de tudo Free Software Foundation
No canto central É software livre Ou FSF
Chamou-se Sistema Criou o GNU
Operacional Sobre soft livre Embora tivesse
Ou Operativo Falei outro dia Faltado uma coisa
Lá em Portugal Do nosso sistema Que ela fizesse
Fala esta poesia
É esse programa Para quem não sabe Ainda não disse
Que quebra a cabeça Ou pouco sabia Pra não confundir
Pra saber usar Se você entendeu
Tudo o que apareça Tudo até aqui

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Vamos com cuidado Um dia encontrou O famoso Debian


Então prosseguir Num golpe certeiro Que uso desde antes
O S. O. GNU O Ubuntu, que é bom
Pois é que um Sistema Se uniu por inteiro Para iniciantes
Operacional Fedora, Mandriva
Tem dentro de si Feitos um pro outro E muitos restantes...
Pra ser funcional Corpo e coração
Muitos programinhas GNU e Linux Espero que tenha
E uma parte central Fizeram união Entendido o recado
Assim se tornaram Sobre esse Sistema
A parte central Úteis desde então Que já é comentado
De todo S. O. Mas o assunto é um pouco
É chamada kernel O tempo passou Mesmo complicado
Não funciona só Do norte ao sul
Mas é necessária Ele é utilizado Adeus a quem leu
Senão, tenha dó... Sob o céu azul Com isso se importe
Mesmo que esqueçam Se quiser tentar
Claro que a FSF O nome GNU Esse S. O. forte
Disso bem sabia Desejo a você
Então planejou Pois chamam Linux Boas vindas, boa sorte!
Uma engenharia O Sistema inteiro
Bem sofisticada Esquecem GNU
Pro que ela queria Que veio primeiro
O Linux que é
Mas esse tal kernel Dele um parceiro
Nunca ficou pronto CARLISSON
GAUDINO é
E longe do States Mas o importante Bacharel em Ciência
De um outro canto É a qualidade da Computação e
pós-graduado em
No país Finlândia Que o sistema traz Produção de
Veio um novo espanto E a liberade Software com
Ênfase em Software
E sem falar que Livre. Já manteve
Um kernel foi feito Vírus não o invade projetos como
Por prazer, não dor IaraJS, Enciclopédia
Omega e Losango.
Aberto e robusto Há muita opção Hoje mantém
Como se sonhou Pra quem quer usar pequenos projetos
em seu blog
Chamado Linux GNU com Linux Cyaneus. Membro
Devido ao autor Pra então se livrar da Academia
Arapiraquense de
Do S. O. fechado Letras e Artes, é
O kernel Linux Pra se libertar autor do Cordel do
Software Livre e do
Cresceu bem ligeiro Cordel do BrOffice.

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COLUNA · ROBERTO SALOMON

Distribuições:
Qual a melhor?
Svilen Mushkatov - sxc.hu
Por Roberto Salomon

Não sei se acontece com Longe de mim pretender


todos mas inevitavelmente, em esclarecer este ponto mas não
uma conversa com alguém no posso perder a chance de dar
trabalho, surge a dúvida: qual a minha opinião sobre o assun-
a melhor distribuição? Respon- to. Como ex-usuário de SuSE
der o inevitável "depende" pare- (do jeito que se escrevia na
ce apenas reforçar a dúvida e época) e atual usuário de
acabo puxando uma cadeira Ubuntu (pronto, acabei de es-
pois acaba sendo uma conver- clarecer, logo de cara, qual a
sa para dois barris de chope. distribuição que uso) e já ten-
Cada um de nós tem uma do trabalhado com Conectiva,
distribuição do coração. Quan- Mandrake, Mandriva e Red
do duas pessoas começam a Hat, acho que posso comentar
discutir "distros", parece até dis- um pouco sobre distribuições
cussão de time de futebol. Nin- sem correr muitos riscos.
guém concorda. E, quando Vamos começar pelo que
concordam em uma, não conse- é, formalmente, uma distribui-
guem concordar no porquê. ção. Uma distro é uma coleção

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COLUNA · ROBERTO SALOMON

na, segundo um conhecido


meu. O que estas pessoas não
entendem é que a existência
de tantas distribuições diferen-
tes apenas comprova a força
... a melhor da comunidade e do próprio
distribuição é aquela que atende conceito do Software Livre.
Não apenas sou livre para es-
a sua necessidade. colher os softwares que quero
usar como também sou livre
Roberto Salomon
para escolher como quero em-
pacotá-los.
Acho que acabei divagan-
do um pouco e deixei no ar a
nharam o volume que as “duas principal dúvida: qual a melhor
de software mantida por um gru- grandes” conseguiram). Os ar- distribuição? A resposta? Eu
po com interesses mais ou me- gumentos de pacotes existiam, não sei. Para mim é a que es-
nos comuns. Digo mais ou mas logo o argumento da tecno- tou usando no momento. Para
menos porque não importa logia usada para distribuir apli- uma empresa, deve ser aquela
qual distribuição adotada, tem cativos ganhou o palco na que oferece o suporte mais
sempre aquele aplicativo que comunidade mais técnica. Pas- confiável. Para outros, aquela
não está disponível. Apenas es- samos a discutir qual o melhor: que empacota o maior número
sas diferenças de conteúdo cos- RPM ou DEB. de jogos ou a que roda naque-
tumam suscitar discussões le modelo de telefone celular.
muito interessantes sobre qual E o mundo continuou a an-
a melhor distribuição e já ouvi dar. E as comunidades a discu- No final da história, a me-
argumentos de todos os tipos tir. lhor distribuição é a que aten-
sobre o por que da distro “A” Hoje temos as distribui- de à sua necessidade.
ser melhor que a distro “B” só ções especializadas nos mais
porque tem este ou aquele pa- diversos nichos. Tenho estuda-
cote. do algumas distribuições como
Quando o universo das o DSL (Damn Small Linux) que Maiores informações:
distribuições começou a se con- se propõe a montar um ambien-
solidar, elas logo se dividiram te completo em menos de Blog do Roberto Salomon:
em dois grandes grupos: as ba- 50MB ou o Coyote que monta http://rfsalomon.blogspot.com
seadas na Red Hat e as basea- um kernel com pilha de rede e
das em Debian. E as firewall para cargas de até 200
discussões começaram para va- usuários em um ambiente míni-
ler. (Antes que me joguem pe- mo. Isso sem falar da nova ma- ROBERTO
dras, não me esqueci do Slack nia nacional: as distribuições SALOMON é
“remixadas” para os netbooks. arquiteto de software
nem do Knoppix ou mesmo do na IBM e voluntário
Gentoo, todas distribuições ex- Quem vê de fora não en- do projeto
BrOffice.org.
tremamente competentes mas tende como conseguimos convi-
que, apesar de contar com ver com tantas distribuições.
usuários apaixonados, não ga- Uma para cada dia da sema-

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COLUNA · CÉZAR TAURION

.hu
- sxc
kas
s Ce
Justa

OPEN
SOURCE E A
ACADEMIA
Por Cézar Taurion

Outro dia fiquei imaginan- pensado! orgânicas ou sejam, auto orga-


do como o modelo Open Sour- Mas, não é só. Existe ou- nizadas, e incentivam proces-
ce poderia ser adotado na tro grande desafio no ensino sos informais de aprendizado
academia. Na minha opinião, o de disciplinas de computação. em grupo. Podemos classificá-
modelo de ensino tradicional A evolução tecnológica e a de- las como “learner-centric”. Na
adotado hoje por muitas univer- manda de conhecimento evolui minha opinião, os projetos
sidades ainda assume um pro- muito rapidamente. Imaginem Open Source são um belo ex-
cesso de aprendizado formal, um curso de graduação de qua- emplo de ecossistemas de
geralmente individualizado e tro anos em ciência da computa- aprendizado, pois as comunida-
centrado no professor (teacher- ção. Excetuando-se as des Open Source conseguem
centric). Os alunos são medi- disciplinas básicas, metade do prover e distribuir, de forma
dos por testes e fazem, ao fim que o aluno aprende nos primei- sustentável, o conhecimento
do ano o famoso TCC (traba- ros anos estará obsoleto lá pe- necessário para a produção de
lho de conclusão do curso) de lo terceiro ou quarto anos. Os software de boa qualidade.
forma individual. Colaboração mecanismos de atualização Alem disso, do ponto de vista
e team-work não são valoriza- dos cursos atuais ainda estão, do aprendizado, o compartilha-
dos nestes testes! São chama- em sua maioria, adaptados mento de informações trans-
dos de cola e combatidos...E aos tempos pré-Internet e não cende os skills de
na maioria das vezes os testes conseguem acompanhar na ve- programação, havendo exten-
não colocam o problema no locidade adequada a evolução sa troca de idéias entre os
contexto, tendem a ser teóri- tecnológica. membros das comunidades
cos e fora da realidade do dia em assuntos diversos como pa-
a dia do futuro profissional. Pa- Olhemos agora as comuni- tentes, licenças, habilidades
ra mim este modelo deve ser re- dades Open Source. Elas são gerenciais e principalmente tra-

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COLUNA · CÉZAR TAURION

balho em equipe.
Se analisarmos suas prin-
cipais carateristicas, veremos
que muitas delas são muito de- Participar ativamente de uma
sejáveis para um processo de
ensino mais prático em compu- comunidade Open Source significa
tação.
usar tecnologias intensamente, que
Querem alguns
exemplos? variam de wikis, listas de discussão e
a) Conteúdo gerado pelo
usuário. Porque os estudantes
chat, até ferramentas de geração e
não podem contribuir pró-ativa- gerenciamento de código.
mente para a criação e evolu-
ção do material do curso, Cézar Taurion
através de wikis, código fonte,
blogs, etc? O engajamento ati-
vo dos estudantes aumenta c) Uso intenso de tecnolo- ticos devem ser focados em
sua motivação e abre pespecti- gias. Participar ativamente de casos reais e não puramente
vas inovadoras para o conteú- uma comunidade Open Source hipotéticos.
do do curso. significa usar tecnologias inten- Mas como adotar o mode-
b) Atividade real. Faze- samente, que variam de wikis, lo Open Source no ensino da
rem os alunos contribuirem listas de discussão e chats, até computação? Talvez o primei-
com código real para uma co- ferramentas de geração e ge- ro passo seja fazer com que al-
munidade Open Source existen- renciamento de código. Uso gumas disciplinas passem a
te ou a ser criada pelos prático e real. Aliás, muitos alu- demandar contato direto com
próprios alunos, é um trabalho nos tem blogs e usam redes so- projetos Open Source. Estas
útil e uma experiência profissio- ciais. Seria usar estes mesmos disciplinas, e aí podemos falar
nal sem preço. Eles passam a mecanismos nas salas de aula. em inúmeras atividades, como
ter contato com outros profissio- desenvolvimento de progra-
nais e estudantes (do mundo in- mas, aprendizado em banco
Um aspecto importante
teiro) e aumentam sua de dados, sistemas operacio-
que faço questão de enfatizar
percepção e prática do que é nais, etc, exigirão que os alu-
é o potencial de aprendizado
desenvolver software de forma nos contribuam, de forma
prático que se tem quando se
colaborativa. O compartilhamen- colaborativa, para comunida-
trabalha em projetos reais
to de informações com outros des Open Source. E nem preci-
Open Source. Pelo que vejo e
estudantes e profissionais é al- sam ser atividades de geração
ouço, existe uma defasagem
tamente benéfico. Aqui enfati- de código. Podem ser contribui-
grande entre o aprendizado na
zo o ponto que alunos de ções para os wikis das comuni-
maioria dos cursos de computa-
graduação tem condição técni- dades e mesmo até
ção e a necessidade do merca-
ca de colaborarem com códi- contribuições para o Wikipe-
do. Muito do que o aluno
go. Este código não dia. Os mecanismos atuais de
aprende nas escolas não é críti-
necessariamente será aceito ensino estão defasados diante
co ao dia a dia nas empresas,
pela comunidade, mas será desta nova demanda. Muita
faltando a eles um maior experi-
um esforço que valerá pena. gente ainda se assusta com o
ência prática. Os exemplos prá-

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |23


COLUNA · CÉZAR TAURION

fato de trabalhos em grupo per- de licenças para as universida-


mitirem a alguns se esconde- des. O resultado para o aprendi- Maiores informações:
rem e não trabalharem. Mas as zado dos alunos será
ODF Alliance:
ferramentas de colaboração co- altamente positiva e a experiên-
http://www.odfalliance.org
mo wikis podem apontar quem cia que eles obterão nestas dis-
colabora e quem não colabora. ciplinas será bastante útil para
Site do OpenOffice.org:
Bem, as condições bási- sua vida profissional. Portanto,
http://www.openoffice.org
cas para se implementar o mo- o que falta para isto acontecer?
delo Open Source na Dificl responder. Mas, a Site do BrOffice.org:
academia já existem. Temos mi- primeira barreira é a quebra de http://www.broffice.org
lhares de projetos Open Sour- paradigmas. Conversei com al-
ce que necessitam de maior guns professores e vi alguma
colaboração para evoluirem. resistência. Uns acham que é
Identificar os projetos em que utópico pensar em trabalhos co-
vale a pena investir tempo e de- laborativos. Outros não conside-
dicação, já é por si, um proces- ram que os alunos de
CEZAR TAURION é
so de aprendizado. graduação estarão aptos a de- Gerente de Novas
senvolverem código. Mas, por- Tecnologias da IBM
As tecnologias adotadas Brasil.
pelos projetos Open Source que não experimentar? Seguir Seu blog está
são, obviamente, Open Sour- os caminhos que outros já trilha- diponível em
www.ibm.com/develo
ce, o que significa que não exis- ram só vai nos levar aonde os perworks/blogs/page/
te custo adicional de compra outros chegaram. Não além. ctaurion

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CAPA · ENTREVISTA COM ROBERT SHINGLEDECKER

Mega-entrevista
c o m R o b e rt
Shingledecker,
criador do
Tiny Core Linux
Por João Fernando Costa Júnior

Robert Shingledecker fala Hall, Chris Negus Linux Series


com a Revista Espírito Livre , "The Official Damn Small
sobre seu novo projeto, o Tiny Linux Book". Meu mais novo
Core, uma distro de apenas 10 projeto é o Tiny Core Linux. Es-
MB. Robert é conhecido por tou com 60 anos, aposentado,
ter sido um dos principais e resido em Fullerton, Califór-
desenvolvedores do famoso nia. Possuo mestrado em ma-
Damn Small Linux. Durante a temática pela Universidade
entrevista, ele fala de seu novo Estadual da Califórnia. Sofro
projeto, vivências, fatos de uma deficiência de último
relevantes que ocorreram no estágio nos olhos (Distrofia
passado, mas principalmente o Muscular Oculofaríngea).
que ainda está por vir. Quando posso, gosto de escre-
ver e compartilhar códigos
com os outros. Isso mantêm
Revista Espírito Livre: minha mente afiada e longe de
Apresente-se aos nossos lei- tornar-se deprimida com pen-
tores! samentos sobre meus proble-
Robert Shingledecker: mas de saúde. Entretanto,
Me chamo Robert Shingle- durante toda minha carreira,
decker. Vocês devem conhe- por 36 anos, eu sempre promo-
cer o meu trabalho, porque eu vi o compartilhamento de co-
fui o maior colaborador do nhecimento sobre
Damn Small Linux. Fui tam- computadores, linguagens e
bém o co-autor da Prentice software.

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CAPA · ENTREVISTA COM ROBERT SHINGLEDECKER

REL: Há quanto tempo interessados em ver a distribui- http://www.shingledecker.org,


trabalha com linux e softwa- ção. Eu me encontrei com mui- para muito mais detalhes so-
re livre? tos iluminados do free bre todos meus projetos de Li-
RS: Tanto meu trabalho software, Linus, Stallman, nux.
quanto meu passatempo tem si- John Maddog Hall, Bob Young,
do "brincar" com computado- Gael Duval, e fui convidado a
falar na primeira Linux Expo REL: O Damn Small
res e linguagens. Minha Linux (DSL) é incrivelmente
primeira experiência com com- World, em San Jose, expondo
a respeito de nossa distribui- popular. Como foi criado?
putadores foi na Burroughs De onde vieram as idéias por
Corp. em 1971 como um contra- ção criada para Linux. Tive mui-
tos eventos como esse em trás da criação do DSL?
tado independente. Mexi com
linguagem de código de máqui- seguida. Geralmente era para RS: Minhas primeiras ano-
na (sim, em hexadecimal) e pro- debater sobre redes da Novell. tações a respeito do DSL são
gramas de contabilidade em O maior evento em que datadas de três de setembro
fita de papel perfurado. Quan- discursei foi a COMDEX no ou- de 2003. Eu tinha encontrado
do optei por um trabalho tono de 1999. Sai da cidade o DSL no DistroWatch e, como
formal de 9 às 17, fui para cida- em janeiro de 2000, para me muitos eu suponho, fiz minha
de de Garden Grove, Califór- tornar o CTO de uma ponto- própria versão. Muitos podem
nia, onde apresentei a cidade com. Realmente eu era o CTO não saber, mas o fundador e
ao Samba em abril de 1995, de diversas pontocom. Foi dono da marca registrada
com Linux hospedando uma re- nesta pontocom que eu e outro DSL, John Andrews, começou
de Windows 3.11. Esta foi a pri- programador criamos o DSL usando um disco de
meira implantação em larga appliances em Live CDROM recuperação de 50 MB do
escala de Linux nos Estados com Linux, incluindo um KNOPPIX "KNX". Removeu as
Unidos. Recebi visitantes de desktop em LiveCD. Vocês po- aplicações de recuperação e
várias partes do globo dem visitar meu Web site, as trocou por pequenas aplica-
coes GTK de desktop, algu-
mas das quais eram do Deli
Linux. Eu me cadastrei no fo-
rum do DSL em setembro
2003 e mandei por email para
John com algumas correções
e sugestões. Inicialmente es-
tes eram para pendrives USB
e clientes NFS. Muitos meses
depois contribuí com uma op-
ção de backup e restore, um
bash_profile funcional, o bootlo-
cal.sh, e um diretório de /opt
com suporte a escrita. Em ja-
neiro de 2004, me deram a ta-
refa de criar e manter a
imagem ISO do DSL. Em se-
guida, eu criei pessoalmente
todos os releases desde a ver-
Figura 1 - Tiny Core Linux em execução são 0.5.3.1 de 15 de janeiro de

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |26


CAPA · ENTREVISTA COM ROBERT SHINGLEDECKER

2004. Cada melhoria estrutural nei aos ícones de clique único DSL que você está usando ho-
do DSL era minha criação. Eu ou duplo, um Icon Layout Mana- je não importa que seja 0.6+,
estava tentando trazer caracte- ger e um desktop com suporte 1.x, 2.x, 3.x ou 4.x, foi primeira-
rísticas novas a um LiveCD de a arrastar e soltar. Adicionei su- mente o resultado de meus es-
modo que houvesse pouca ou porte a Winmodem para os dis- forços com a exigência que eu
nenhuma vantagem em execu- positivos populares da Lucent, devia tornar real no DSL as
tar uma instalação tradicional suporte para adicionar usuári- aplicações em GTK. Isto para
no HD (isto foi bem antes do os, implementei o UnionFS e o que o DSL fosse sempre visto
UnionFS). Escrevi um artigo inti- tipo de extensão UNC, como o DSL. Em outras pala-
tulado "Not you father's Opera- configurei os repositórios, foi cri- vras, não era para eu mexer
ting System" (em português, ada a versão PXE, criei com os aplicativos.
"Não é o Sistema Operacional disquetes de inicialização com
do seu pai"), em que expliquei suporte a USB e suporte a
muito de minha filosofia. Conti- PCMCIA. Codifiquei e REL: E o Tiny Core?
nuei com a instalação frugal, implementei vários novos códi- Fale-nos sobre este seu
usei o GNU coreutils para subs- gos novos de boot como secu- novo projeto. O que você
tituir o BusyBox, escrevi a docu- re, protect, legacy, desktop, esperava criar?
mentação "Getting Started" icons, e waitusb. Criei as biblio- RS: Quando eu sou per-
guntado "por que mais uma ou-
tra distribuição?", isso me faz
recordar do Linux World 2005.
Ele estava lá, quando eu tentei
Minha filosofia é oferecer mostrar o DSL, eu fui desacre-
um maneira original de rodar o ditado com uma observação
do tipo "Oh sim, você e todo
Linux. Eu não promovo instalações menino de treze anos tem sua
própria distribuição Linux".
tradicionais no HD. Mas quando este fornecedor
viu o que eu tinha, ele perce-
Robert Shingledecker
beu que não iria nadar no mar
da mesmice. Minha filosofia é
oferecer uma maneira original
de rodar o Linux. Eu não pro-
(em português, Guia de tecas usadas por bash scripts movo instalações tradicionais
Introdução), criei e apresentei e Lua, assim como o pendrive no HD. Eu chamo agora esse
a extensão de sistema MyDSL, install scripts, ZIP e HDD. Criei método de instalação de "scat-
assim como as extensões a possibilidade de se usar o ter mode" (algo como modo
compactadas montáveis em dpkg-restore, suporte a multi- esparramado, espalhado). Vo-
loop, que mais tarde vieram a usuário para instalação no HD, cê não o encontrará listado no
se chamar UCI. Introduzi o e web backup e restore. Eu des- Core Concepts methods do
Lua/FLTK (Flua) para criar u- montei também o KNOPPIX du- Tiny Core. Com o tempo o de-
mas 50 GUI front ends as vezes (a v3.3 para DSL sempenho é impactado ou se
(interfaces gráficas) para o v0.6 e depois a v3.4 para o torna corrompido. Seja através
DSL. Eu também integrei o QE- DSL v2.0) e compilei o kernel do mau funcionamento do sis-
MU ao DSL e criei uma versão 2.4.31 e todos os módulos pa- tema de software ou hardware,
separada do SYSLINUX. Adicio- ra manter o DSL atualizado. O erro do usuário/operador, o

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CAPA · ENTREVISTA COM ROBERT SHINGLEDECKER

que quer que seja. Eu acredito re não fosse liberado. John O Tiny Core não é um
que a inicialização de um com- abandonou logo DSL-N e as- fork do DSL. Ele tem uma ba-
putador deve ser rápida. Deve sim, a seguir, eu o fiz. Com se completamente diferente e
sempre partir de um conhecido não muito mais do que eu pode- não é nem baseada no Debi-
estado imaculado. Acredito ria fazer com o kernel antigo an, nem no KNOPPIX. O Tiny
que se deve ter o controle dos 2.4 do DSL, eu procurei mais Core não é também um remas-
processos que estão funcionan- uma vez encontrar uma base ter de SliTaz, mas foi feito ba-
do na hora da inicialização e nova. Foi até que vi o SliTaz e seado nas novas
na coleção das aplicações que me lembrei das conversas com potencialidades do kernel 2.6
se deseja usar. Visto que, a Rob Landley no OLS2006 so- junto com as características
maioria das distribuições está bre o popular o Initramfs com o que o Busybox forneceu. Em-
se tornando cada vez maiores BusyBox. Eu o estudei, junto bora seja pequeno (10MB), o
e maioria delas oferecendo com os registros de desenvolvi- Tiny Core não é focado em ne-
mais atrativos para os olhos do mento do kernel e vi como um nhuma parte específica do
que funcionalidades e ditando disco inicial de RAM simples e hardware. É injusto dizer que
o ambiente de execução e a um Busybox poderiam traba- por causa do tamanho o Tiny
seleção de aplicativos. Acho es- lhar com minhas idéias origi- Core é para um hardware mais
tes processos muito lentos, des- nais e conceitos de extensões. antigo.
necessários demais, e não Eu carreguei o Finnix, uma po-
trazem as aplicações que eu de- derosa e pequena distribuição
sejo. As outras distribuições baseada em Debian, e o ker- REL: Como o Tiny Core
pequenas ditam ainda uma co- nel de Landley seguido do Rob trabalha?
leção das aplicações. A maio- e o Busybox para criar o primei- RS: O Tiny Core é conti-
ria que eu nunca uso. O ro protótipo. A seguir comecei do inteiramente em um arquivo
gênesis do Tiny Core foi a par- a mergulhar no código que eu ti- comprimido cpio que popula o
tir de uma reunião na Linux nha criado durante meus últi- disco inicial de RAM em cima
World 2005, comigo, Kent Por- mos cinco anos do DSL, para do booting do Kernel Linux. En-
ter, e Chris Livesay. Nós discuti- fazer o primeiro Linux Tiny Co- tão, basicamente o Tiny Core
mos o que pensávamos ser re. A iteração seguinte era é composto por dois arquivos:
um ambiente ideal. Um que fa- uma conversão do (refatorado) bzImage (o Kernel do Linux) e
cilmente sustentaria os concei- murgaLua para C++/FLTK pa- tinycore.gz. Por causa disso o
tos e a filosofia que eu tinha ra chegar a um protótipo Tiny Core roda inteiramente na
introduzido no Damn Small Li- funcional do Tiny Core. RAM, o que é muito rápido e
nux, mas sem o peso adiciona-
do daquelas aplicações em
GTK. Deixe o usuário decidir-
se; GTK, ou GTK2, linha de co-
mando para servidores, desk-
top light, ou appliance
É injusto dizer que por causa
especializada. Eu criei realmen-
te o Tiny Core quando eu des-
do tamanho o Tiny Core é para um
montei o KNOPPIX 4 e fiz o hardware mais antigo.
DSL-N. John Andrews rejeitou
Robert Shingledecker
o conceito. Ele, outra vez, fi-
cou do lado das aplicações do
DSL-N, de modo que o Tiny Co-

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CAPA · ENTREVISTA COM ROBERT SHINGLEDECKER

permite também que nos ofere- familiarizados com o comando existente do Linux. Basta copi-
ça diversas opções para persis- TAR irão perceber que o ar o bzImage e o tinycore.gz
tência. Isto tudo está arquivo .filetool.lst é para a op- em seu HD e ajustar o seu
documentado online na seção ção "T" e arquivo .xfiletool.lst é bootloader, neste caso, o
Core Concepts do nosso Web para a opção "X". Estes dois ar- GRUB. Adicione um diretório
site. A idéia é uma separação quivos são populados tce e você está pronto para ro-
dos dados estáticos versus da- previamente para facilitar a lá-lo. Mesmo usando o modo
dos dinâmicos. Todos os da- utilização, mas podem facilmen- persistente ele usará um diretó-
dos estáticos, tipicamente te ser editados para um con- rio /home já existente e adicio-
aplicações, são empacotados trole mais "fino". Este é apenas nará simplesmente um
sob um arquivo TAR (TCE) ou um dos modos de operação pa- diretório "tc" no home. Assim a
em imagens comprimidas para ra o Tiny Core. Nós oferece- cada novo boot o sistema esta-
a montagem em loop (TCZ). Es- mos diversos outros, todos rá em um conhecido estado
tes pacotes, nós os chamamos constituindo diferentes níveis imaculado. Nós não promove-
de extensões, e estão disponí- de persistência. Um exemplo mos fazer uma instalação tradi-
veis em nossos repositórios onli- seria instalar as extensões em cional do HD. Eu chamo-o de
ne. Adicione agora a aqueles um arquivo ou em um diretório "scatter mode" ou modo
dois arquivos, o bzImage e tiny- de loop, assim eliminando a car- esparramado, disperso, por-
core.gz um diretório chamado ga em cima do tempo de boot. que não é pequena e nem or-
"tce" e o Tiny Core vai mesclar Ou ainda usando um home per- ganizada, você termina com
ou montar um diretório inteiro sistente para evitar o backup e arquivos dispersos sobre todo
das extensões durante o boot. o restore. seu HD. Significa que você
O resultado é um desktop feito O Tiny Core sempre é car- tem que alocar um diretório à
sob demanda baseado na sua regado de uma imagem compri- instalação. Significa que você
escolha das aplicações. Os da- mida cpio. Assim, cada boot é não pode coexistir com uma
dos dinâmicos, tipicamente como se fosse o primeiro boot outra distribuição Linux instala-
seus dados pessoais, situados do CDROM. Na verdade nós su- da. Significa que aqueles arqui-
em seu diretório home são per- gerimos que os arquivos do vos dispersos não são
sistidos com um backup e um Tiny Core estejam colocadas carregados "do início", "não
restore. Isto também pode ser em um HD, numa instalação fru- estão frescos" a cada novo
automático e é dirigido por gal. pequena e organizada. O boot e sendo assim são susce-
dois arquivos .filetool.lst e .xfile- Tiny Core pode facilmente tíveis ao "system rot"
tool.lst. Aqueles que estiverem coexistir com uma distribuição (decomposição do sistema).
Assim, o Tiny Core é pro-
jetado para começar pequeno
e ir se transformando em um
sistema baseado em suas pró-
Nós do Tiny Core tentamos prias necessidades através de
nosso repositório da extensão.
encontrar o contrapeso entre o Isto difere de instalar um siste-
tamanho e desempenho. ma básico Debian e adicionar
programas. Começando com
Robert Shingledecker
uma instalação Debian básica,
isso significa alocar espaço no
drive, não ser capaz de coexis-

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CAPA · ENTREVISTA COM ROBERT SHINGLEDECKER

tir, adicionando pacotes que com rede sem fio. O Tiny Core blioteca em C. Mas outra vez,
serão espalhados sobre o siste- tem suporte a adição de usuári- o glibc padrão, foi usado de
ma de arquivos. Isso é muito di- os mas principalmente para per- modo que o Tiny Core fosse
ferente. Considere também o mitir o acesso SSH. O Tiny mais "main stream" do que
que as dependências da instala- Core está ainda em sua infân- uma distribuição embarcada,
ções do Debian ditariam um ta- cia. Nossa primeira versão especializada de Linux. O Tiny
manho que seria muito maior pública saiu no dia 1º de dezem- Core poderia liberar uma ver-
do que o Tiny Core e seu mode- bro de 2008. Muitas característi- são sem o X (interface gráfica)
lo otimizado de extensão. Uma cas e atualizações ainda estão somente para ser ainda me-
instalação base Debian traduzi- por vir. nor, porém uma versão só em
ria em mais recursos para funci- linha de comando não seria
onar e não é para ser dinâmica muito amigável. Eu acho que
em cada boot. O Tiny Core em REL: Muitos acreditam me esforcei para o contrapeso
qualquer de suas diversos que o DSL é uma mini-distri- correto da facilidade de utiliza-
modos de execução pode facil- buição. Bem, temos agora o ção, tamanho e desempenho.
mente ser seu desktop. "Eu co- Tiny Core que é ainda me-
mo minha própria dog food". nor. Existe possibilidade de
Meu desktop é Tiny Core. Eu o se ter algo ainda menor do REL: Você recomenda o
rodo com umas 60 extensões. que o Tiny Core e com a mes- uso do Damn Small Linux e
Prefiro pessoalmente o tipo de ma usabilidade? Qual é o limi- do Tiny Core aos usuários
montagem do tcz. Eu tenho te? iniciantes, que acabaram de
dois netbooks ambos têm RS: O Tiny Core podia chegar ao mundo do Linux?
SSDs pequenos. Uso a usar uma compressão mais ele- Você acha que são difíceis
instalação frugal para ele vada, como LZMA. Mas signifi- para o usuário que acabou
coexista com o Xandros no ee- caria um boot mais lento. de chegar no Linux?
ePC 900A e com o Ubuntu no Como resultado teríamos um RS: O DSL é um desktop
Dell 9 Mini. Eu sempre entro menor tamanho, mas que não completo e por causa disso é
pelo Tiny Core. A inicialização, é tão primordial quanto o de- útil aos novatos. O DSL é
mesmo com o carregamento sempenho. Nós no Tiny Core completo e às vezes ainda é
das extensões, me fornece um tentamos encontrar o contrape- bom tamanho para um hardwa-
netbook com redes sem fio mui- so entre tamanho e desempe- re mais antigo.
to mais responsivo do que o nho. O Tiny Core podia Pode-se dizer que o Tiny
OS nativamente instalado. O também usar uma pequena bi- Core é para usuários avança-
Tiny Core também funciona
bem com computadores ve-
lhos, naturalmente, as caracte-
rísticas modernas como GTK2,
o flash mais recente têm exigên- Querer compartilhar com
cias enormes. Na Conferência
Scale 7x que aconteceu no sul os outros aquilo que se têm é
da Califórnia, eu demonstrava
o Tiny Core em alguns dos net- uma coisa boa.
books mais novos tão bem Robert Shingledecker
quanto laptops com 300Mhz e
128MB em modo framebuffer.
Todos estavam funcionando

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CAPA · ENTREVISTA COM ROBERT SHINGLEDECKER

dos. Mas eu tenho tentado dura- acontecer? sendo usado anunciar a infor-
mente apresentar uma interfa- mação do estacionamento em
ce fácil de se usar em relação bondes no "Los Angeles Fair-
a adicionar aplicações, módu- REL: Poderemos grounds".
los, e bibliotecas. Sendo somen- encontrar no futuro o Damn
te um núcleo, isso implica em Small Linux ou o Tiny Core
encarar muitas escolhas. Com em uma PC à venda em uma REL: Como a distribui-
muitas escolhas, vêm muitas loja grande, (de ção Tiny Core é sustentada?
decisões. Para tomar decisões departamentos ou shopping) Como sobrevivem?
eficazes temos que ter tempo com o sistema instalado / RS: O Tiny Core é manti-
para aprender tudo que envol- OEM? do por uma equipe dos voluntá-
va o Tiny Core. Tente você mes- RS: Eu acho que não. O rios
mo, você pode ficar muito DSL é muito atual. O Tiny Core (http://tinycorelinux.com/Te-
surpreso como pode ser fácil. não é um desktop completo. O am_TC.html). Por causa da mi-
Tiny Core está mais para nha idade e saúde, eu me
hobbystas, construtores do sis- habilito a fazer menos a cada
REL: Que você pensa tema, construtores do dispositi- ano. Mas não tenho medo al-
dos remixes que muitos fa- vos, etc. O Tiny Core não é gum, a equipe que eu selecio-
zem com distribuições Li- uma solução instantânea. Ago- nei é mais do que capaz. Mas
nux? É saudável? ra, um construtor/integrador de eu não vou desistir. Desde que
RS: O software livre pro- sistema pode desdobrar e mui- eu seja capaz, estarei dirigindo
move muito isso. Eu penso to o Tiny Core nos dispositivos o desenvolvimento do Tiny Co-
que é saudável. Qualquer um que eu nem mesmo saberia. re.
que queira aprender os funda- Recentemente, me mandaram
mentos de como o Linux um email mostrando que o
funciona é algo muito bom. DSL estava sendo usado no REL: Atualmente você
Querer compartilhar com os ou- "Bay Area Rapid Transit está a frente do Tiny Core.
tros aquilo que se têm é uma (BART)" de São Francisco, Cali- Como ficou sua participação
coisa boa. Muitos remixes po- fórnia para indicar a informa- no DSL? Você tem outros
dem não ser muito interessan- ção do trem. Em uma projetos de código-fonte
tes, mas fazer o que?! Sem conferência recente de Linux, aberto?
nunca ter a oportunidade, co- se aproximaram de mim para di- RS: Desde que eu come-
mo é que novas visões iriam zer que meu software estava cei o Tiny Core, John Andrews
proibiu-me de continuar a tra-
balhar no DSL. Fundou o DSL,
possui a marca registrada, e
controla todo o acesso ao
A melhor contribuição é a DSL. Não tenho nenhum outro
projeto de código fonte aberto.
de compartilhar do conhecimento Desde que fiquei aposentado,
com o outro. eu vivo da minha pensão e in-
vestimentos. Nós, eu e equipe,
Robert Shingledecker
somos todos voluntários. Os
conceitos Tiny Core são algo
que todos acreditam. É nossa

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CAPA · ENTREVISTA COM ROBERT SHINGLEDECKER

paixão. lo de fonte aberta oferecem tas distros?


mais oportunidades do que o RS: Desde que fui exila-
mundo de fonte fechado. As- do do projeto, eu não posso
REL: Quando não está sim, penso que o futuro é mui-
atrás de um computador no responder sobre o futuro do
to brilhante para o Linux. Ainda DSL.
desenvolvimento do Tiny é muito difícil tornar-se em um
Core, que faz para se negócio grande. É tipicamente O que é emocionante so-
divertir? Você trabalha 24 ho- controlar o que está prontamen- bre o Tiny Core é o modelo de
ras? te disponível no mercado, e co- extensão. Através das exten-
RS: Já que sou deficien- mo tais controles, o estado sões nós podemos continuar
te, eu aprendi a usar o transpor- mental que isso provoca nas em qualquer direção. Nós man-
te público. Eu conheço todos pessoas. teremos o núcleo atual e nos
os ônibus, trilhos, e sistemas esforçaremos por mantê-lo pe-
de trem. Ter OPMD significa queno. Adicionaremos uma in-
muita dificuldade para engolir, REL: Onde nós pode- fra-estrutura como
eu tenho necessidades especi- mos aprender mais sobre o necessidade para melhorar o
ais em relação à comida. Eu en- DSL e o Tiny Core? Que vo- suporte e a interação com nos-
contrei muitas comidas, de cê recomenda? Que Web si- sa modelo de extensão. So-
diferentes culturas, interessan- te ou livros? mos uma distribuição nova e
tes e saborosas que são fáceis RS: Até onde tenho conhe- estamos apenas começando.
de engolir. Tendo aprendido tu- cimento, o DSL, ainda enquan- O próximo release incluirá mai-
do isso, planejo agora "bus- to um desktop útil, é um ores atualizações do kernel e
cas" para tentar alimentos de projeto terminado e fechado. A bibliotecas do núcleo.
muitas culturas. Eu conduzo documentação definitiva para
um grupo pequeno de outros ci- ele é "O Livro Oficial Damn REL: A Revista Espírito
dadãos na terceira idade nes- Small Linux", publicado por Livre lhe agradece pela opor-
tes lugares. Nós nos Prentice Hall, Pearson Educati- tunidade! Deixe uma mensa-
divertimos muito e aprende- on. Já para o Tiny Core, eu es- gem para nossos leitores.
mos provando alimentos de pero que vocês venham nos
muitas culturas. A autenticida- visitar em http://tinycoreli- RS: O Tiny Core é diverti-
de verdadeira, étnica, a varieda- nux.com. Nós não temos ne- mento. É desafio. Tem muitas
de nativa, do Afeganistão, da nhum anúncio, não pedimos possibilidades. Eu espero que
África, do Peru, do sudeste da nenhum dinheiro. O Tiny Core vocês visitem, explorem, e par-
Índia, da Coréia, da China, do Linux é sobre compartilhar, tilhem.
México, etc. aprender, e promover um diver- Muito obrigado por propor-
timento novo e de uma manei- cionar-me esta oportunidade
ra emocionante de usar o de compartilhar de minha pai-
REL: Como você vê o Linux. A melhor contribuição é xão com os leitores.
crescimento de Linux em a de compartilhar do conheci-
computadores atuais? Existe mento com o outro. Maiores informações:
a possibilidade de tornar-se
ainda mais popular? Site Tiny Core Linux:

RS: Com mais dispositi- REL: O que os fãs e os http://www.tinycorelinux.com

vos vêm mais oportunidades novos adeptos do Tiny Core


de inovação. Linux e seu mode- (e do DSL) podem esperar Site Pessoal:
das versões seguintes des- http://www.shingledecker.org

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ENTREVISTA · FLÁVIO DE OLIVEIRA

ENTREVISTA:
FLÁVIO DE
OLIVEIRA
Criador do GoblinX
Por João Fernando Costa Júnior

A edição n. 2 da Revista Revista Espírito Livre: por exemplo eu já usava


Espírito Livre traz em sua capa Quem é Flávio de Oliveira? Abiword no Windows, até que
um assunto bem interessante Fale-nos um pouco sobre vo- um dia resolvi migrar tudo para
e que nos reporta a vários sub- cê. Quando começou com software livre e conheci o Li-
assuntos. Em meio as diversas sua história com os computa- nux.
tecnologias que podem ser utili- dores e software livre? E nas
zadas visando a utilização de horas vagas, o que faz para
máquinas leves e mais rápidas se divertir? REL: Como surgiu a
encontramos distribuições que idéia de criar o GoblinX? O
Flávio de Oliveira: Eu sou que te motivou? E de onde
visam todos estes atributos, engenheiro civil de formação e
mas com um "q" a mais de bele- vem o nome?
sempre utilizei computadores
za. Assim, entrevistamos Flá- porque trabalhava com projeto FdO: Eu comecei usando
vio de Oliveira, responsável civil, preparando plantas bai- Slackware e um dia enquanto
pela distribuição GoblinX, uma xas, orçamentos e especifica- pesquisava por jogos para utili-
distribuição que merece aten- ções. Sou ainda artista plástico zar encontrei o Kurumin Ga-
ção. e escritor de mes, foi então que percebi a
forma amado- possibilidade que todos tinham
ra ainda. de remasterizar e criar uma dis-
tribuição, assim nasceu a idéia
A histó- de fazer meu próprio livecd. O
ria com o nome GoblinX veio meio do na-
software livre da, sem muitas explicações,
começou quan- goblin é um termo utilizado em
do eu passei praticamente todas as línguas,
a ter internet é meio um bandido no mundo
banda larga. das lendas e traz esse jeito in-
No início come- diferente, malandro que gosta-
cei trocando ria de dar ao projeto, adicionei
meus progra- o X no fim apenas.
Figura 1: Criador e criatura mas por ou-
tros livres,

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ENTREVISTA · FLÁVIO DE OLIVEIRA

REL: Pensamos que o como comparar um livecd do GoblinX? Quais os requeri-


termo beleza e leveza descre- Ubuntu com o GoblinX, o Go- mentos mínimos para se
ve bem o GoblinX. Quais são blinX é muito superior, então usar o GoblinX?
as particularidades do siste- tendo essa força no livecd o FdO: A leveza entra na
ma diante das demais distri- que procuramos é tornar o Go- pergunta acima também, por
buições linux nacionais e blinX instalado um sistema termos diferentes distribuições,
internacionais? O que o tor- com recursos dos grandes siste- temos diferentes possibilida-
na diferente dos outros? mas. des. O G.Mini e o G:Micro que
FdO: Beleza e leveza não utilizam respectivamente Xfce
são mais as principais caracte- e Fluxbox são indicados para
REL: O GoblinX tem vári-
rísticas do GoblinX nem as mai- micros mais antigos, aliás o
as versões. Qual a diferença
ores diferenças com as meu micro de trabalho é anti-
entre elas? Você não acha
co-irmãs. Durante um tempo, go, um Athlon 2600+ com
que tantas versões podem
no início, beleza e customiza- 512MB e rodo as quatro dis-
confundir aquele que não sa-
ção foram fundamentais, contu- tros, claro que KDE e Gnome
be por onde começar?
do hoje o GoblinX traz como são mais pesados. O G.Mini e
maior diferença entre as princi- FdO: Todos os sistemas G.Micro podem ser usados
pais distribuições ser a única, operacionais grandes tem dife- bem em micros piores, mas tu-
em diria em conjunto com o rentes versões, incluindo Win- do depende do que o usuário
Zenwalk, a oferecer o melhor dows e Ubuntu. No caso do irá rodar, algums programas
sistema para livecds dispara- GoblinX a idéia é aproveitar ao exigem mais do que outros. O
do, o Linuxlive, com recursos máximo o poder do Linuxlive, G.Mini e G.Micro eu testo em
após instalação no padrão das virtualmente eu poderia montar um Pentium III de 256kb nor-
gigantes, como repositório pró- milhares de sistema diferentes malmente.
prio de pacotes. Esse é o dife- com os recursos atuais, atual-
rencial, a união entre o melhor mente passei a fazer quatro dis-
sistema para livecds com o ne- tros, uma para cada um dos REL: Quando o linux
cessário para se tornar uma óti- desktops principais, Kde, Gno- nasceu era tido como um sis-
ma distro instalada. Não tem me, Xfce e Fluxbox, aproveitan- tema que consumia poucos
do o melhor de cada um recursos e baixo poder de
destes, ofere- processamento. Conforme o
cendo aos sistema foi amadurecendo a
usuários mais exigência por um hardware
opções e ain- cada vez melhor também au-
da recebendo mentou. Hoje temos distribui-
mais ajuda pa- ções com vários cds e dvds,
ra melhorar tornando-se um sistema
os ambientes. completo, e em contra-parti-
da pesado. O que você pen-
sa disso? Na sua opinião os
REL: Par- desenvolvedores devem se
ticularmente preocupar com a exigência
no quesito le- de hardware ou tanto faz, ha-
veza, o que ja vista que o valor das pe-
você tem a di- ças sempre tende a cair?
Figura 2: Tela do GoblinX em execução zer sobre o

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ENTREVISTA · FLÁVIO DE OLIVEIRA

FdO: Acho que devem Contudo exis-


existir distribuições e projetos te um outro
pensados para micros mais anti- lado, o da pu-
gos, contudo os maiores proje- ra e simples
tos como Kde e Gnome devem personaliza-
focar usabilidade e correção ção, não
de bugs e não leveza. Afinal acho viável
existem outros programas e ge- nem impor-
rentes de janelas que pensam tante e estas
em leveza. Openoffice.org, Fire- distros aca-
fox e outros poderosos aplicati- bam morren- Figura 3: Interface Netbook
vos devem tentar ser o mais do, mas cada
leve possível mas nunca retirar um faz o que quer, democracia GoblinX contempa o usuário
ou deixar de adicionar recur- é um dos pontos do mundo de leigo ou é um sistema para
sos por causa de poder de pro- software livre. Se um indivíduo os mais entendidos de li-
cessamento. acha que a customização dele nux? A quem ele é destina-
é interessante e ele segue as do?
regras da GPL, deve lançar.
REL: Vemos nascer a ca- FdO: Eu diria que é um
da dia novas distribuições li- sistema entre fácil e intermediá-
nux baseadas em outras. Ao REL: Não sei se vocês rio, com um ponto fundamen-
mesmo tempo vemos várias tem essa informação, mas co- tal, o poder do usuário é
morrerem por falta de supor- mo o GoblinX é visto fora do levado em conta, penso sem-
te e comunidade. O GoblinX Brasil? Qual a repercussão? pre em incluir facilidades sem
é baseado em alguma distri- Você tem números quanto a tirar o poder do usuário de alte-
buição? O que você acha número de usuários no Bra- rar tudo.
das distribuições que só não sil e fora dele?
tem autenticidade e só basica- FdO: Fora do Brasil o Go-
mente trocam temas e são REL: Hoje no Brasil en-
blinX é bem mais conhecido contramos inúmeras distri-
lançadas novamente como chegando a estar entre as trin-
uma nova distribuição? buições. Entretanto as duas
ta e cinco primeiras no mais populares (Conectiva e
FdO: O GoblinX é basea- Distrowatch.com no passado. Kurumin) tiveram nascimen-
do no Slackware. Ele utiliza o Li- Os números de usuários já pos to e morte. Com isso alguns
nuxlive na confecção do livecd, o Brasil em quarto lugar na lis- usuários ficaram "órfãos"
então o GoblinX é bastante dife- ta, atrás de Estados Unidos, por assim dizer. Esta falta de
rente se comparado ao Alemanha e França, hoje os garantia que o sistema conti-
Slackware, que nem é livecd. usuários brasileiros aumenta- nuará tendo continuidade co-
Acho que uma distribuição de- ram mas ainda estão em núme- loca medo em algumas
veria nascer seguindo a GPL, ro bem menor que os pessoas. O que você diria pa-
não precisa ter recursos novos americanos, o que é natural afi- ra eles?
e sim dedicação. Com o tempo nal nos Estados Unidos exis-
a distribuição irá crescer e com tem muito mais usuários de FdO: O GoblinX seguirá
ela a comunidade, nenhuma computador. um caminho inverso, o da pro-
distribuição nasce grande e fissionalização, a distribuição
sou contra essa idéia que mui- irá crescer, ser reformulada e
tas distribuições atrapalham. REL: Na sua opinião o entrar em um outro patamar.

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ENTREVISTA · FLÁVIO DE OLIVEIRA

REL: Você acredita que ma de vez uma posição no REL: O que os fãs da
o cenário nacional tem lugar mercado, com chances reais distribuição e colaboradores
para as tantas distribuições de desbancar concorrentes podem esperar nas futuras
que tem? Se as comunida- (se é que podemos chamar versões do sistema?
des se unissem será que não de concorrentes)? FdO: O GoblinX vem sem-
teríamos algo mais sólido e FdO: Acho que as gran- pre mudando e renascendo a
enbasado? No mundo temos des cooporações precisam se cada versão, e para a próxima
mais de 300 distribuições. ajudar mais, Canonical e Novel passaremos por nossa maior
Aos olhos de quem está che- por exemplo parecem brigar en- mudança, com um novo modo
gando parece que cada um tre elas, acho que falta ainda de gerenciar o projeto para tor-
está atirando para um lado. mais parcerias dessas empre- ná-lo profissional e entrarmos
O que você pensa disso? sas com grandes fabricantes no mercado dos fabricantes de
FdO: Em relação a união de software, como Adobe, Auto- computadores.
entre comunidades eu não acre- desk e outras mais. Falta ao Li-
dito que traria melhoria algu- nux ser compatível com mais
ma, cada comunidade deve programas dos grandes fabrica- REL: Caso alguém quei-
ajudar e ter opção de um mo- tes como Adobe, ser mais ma- ra colaborar com o sistema o
do geral, acho mais importan- leável e aceitar aplicativos e que deve fazer? E onde o
tes as comunidades dos drivers não livre e trabalhar usuário leigo, que acabou de
projetos do que das distribui- mais os nomes das distribui- ficar sabendo do sistema, de-
ções, só que as comunidades ções do que a marca Linux. ve buscar informação e di-
em volta de uma distribuição cas?
tendem a ter mais força. FdO: O melhor modo é
REL: Com a chegada de me contactar via email conta-
Agora eu acho que quem sistemas operacionais propri-
atrapalha são as grandes em- to@goblinx.com.br ou visitar
etários que exigem bastante nosso site e fórum. O site e fó-
presas, Canonical, Novel e hardware, o preço sempre
Red Hat cada qual faz algo le- rum tem muitas dicas, artigos e
tende a cair. Você acha que sempre eu ou alguém tirando
vando em conta apenas as idéi- com essa medida os benefici-
as deles e sem considerar os as dúvidas.
ados somos nós que utiliza-
outros, assim todo dia o Ubun- mos linux?
tu traz uma novidade, o Fedo-
FdO: O Linux sempre se REL: Deixe uma mensa-
ra outra e o SuSE outra e
beneficia das mudanças nos gem para o pessoal que está
estas não se ajudam em qua-
grandes sistemas, entretanto is- lendo a revista!
se nada e normalmente estas
novidades fazem a mesma coi- so é passageiro, não acho que FdO: Espero que você lei-
sa que outros projetos já fazi- aquele que testa e odeia o Win- tor tenha gostado da entrevista
am. dows Vista adote alguma dis- e se lembre de falar com ami-
tro Linux, é mais fácil retornar gos sobre o GoblinX e sobre a
Nós temos poucas distri- ao Windows XP. O Linux se be- Revista Espírito Livre.
buições no Brasil, já tivemos neficiaria muito mais se o supor-
mais. te ao Windows XP dado pelos
grandes fabricantes de aplicati-
vos e hardware fosse interrom- Maiores informações:
REL: Na sua opinião o
que falta em um sistema li- pido. Site Oficial GoblinX Linux:
http://www.goblinx.com.br
nux hoje para que ele assu-

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |36


CAPA · TCOS PROJECT

Por Aécio Pires

O que fazer quando os desktops estão ob- distribuições GNU/Linux Debian[3], Ubuntu[4],
soletos demais para usar a versão mais nova de MaX 4.0[5], Guadalinex[6] e Lliruex[7]. A versão
um sistema operacional, por exemplo? O que fa- atual é a 0.89.33 e está traduzida para o espa-
zer para reduzir os custos de propriedade da re- nhol, inglês e português.
de (custos com a aquisição e manutenção dos
equipamentos, licença de uso de softwares pro-
prietários, consumo de energia elétrica, etc)? As ferramentas
Ou o que fazer para reduzir o impacto ambiental Os grandes trunfos do TCOS, em relação
dos computadores obsoletos? a outros projetos de Software Livre para clientes
magros, são as ferramentas gráficas:
Uma boa solução para esses e outros pro-
blemas é a utilização de clientes magros. Uma re-
de de clientes magros possui baixo custo de tcosconfig => usada para criar e persona-
instalação por permitir o uso computadores obso- lizar os arquivos de inicialização dos clientes.
letos ou thin clients[1], todos conectados a um Desenvolvida em Python e GTK2, ela é uma in-
servidor de alta performance de processamento terface gráfica para o gentcos, um shell script
que compartilha o sistema operacional, aplicati- que compila as imagens a partir das configura-
vos, acesso a Internet, CD-ROM, impressora, ar- ções indicadas pelo administrador.
mazenamento de arquivos, etc.
Existem vários projetos de Software Livre
e Proprietário que proporcionam a implantação
dessas redes, mas neste artigo iremos conhecer
o TCOS – Thin Client Operating System.

O que é TCOS?
É um projeto de Software Livre licenciado
pela GPL 2[2] e formado por um conjunto de fer-
ramentas gráficas utilizadas tanto para inicializar
como para gerenciar clientes magros.
O TCOS foi criado pelo espanhol Mario Iz-
quierdo Rodrigues e encontra-se disponível no si-
te http://tcosproject.org para ser instalado nas Figura 1: Tela inicial do TcosConfig

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CAPA · TCOS PROJECT

execução, etc), compartilhar arquivos de multimí-


dia, realizar audioconferência, entre outras.
tcosphpmonitor => uma alternativa ao
tcosmonitor permitindo gerenciar os clientes
através de um sistema Web, desenvolvido em
PHP.
tcospersonalize => permite configurar al-
gumas características dos clientes, tais como: a
resolução da tela, os drivers de vídeo, módulos
de kernel, entre outros.
tcos-device-ng => utilizada para mon-
tar/desmontar automaticamente o CD-ROM, dis-
Figura 2: Tela do TcosMonitor em uso
co rígido, dispositivos USB, entre outros
dispositivos conectados nos clientes.
tcosmonitor => utilizada para gerenciar
os clientes magros e desktops, desde que te- pam-usb-tcos => um utilitário gráfico que
nham instalado a aplicação cliente tcos-standalo- associa o uso de um dispositivo USB a um ou
ne. Com o tcosmonitor é possível mais usuários. Ele evita que o usuário digite a
reiniciar/desligar os clientes, bloquear ou desblo- senha para montar ou desmontar o dispositivo
quear a tela, teclado e mouse; controlar o clien- todas as vezes em que ele for conectado ou des-
te utilizando o VNC, capturar a tela, encerrar a conectado nos clientes.
sessão gráfica dos usuários, executar uma apli- tcos-configurator => permite ao adminis-
cação remota, enviar mensagens aos usuários trador configurar o servidor TCOS e alguns servi-
conectados, visualizar/encerrar as aplicações ços de rede relacionados, como: o DHCP,
em execução, acessar as informações de cada cadastro de usuários no sistema e configuração
cliente (o uso do processador, consumo de me- do gerenciador de login.
mória RAM, módulos do kernel em uso, configu-
rações da interface de rede, processos em
TCOS x LTSP5
Talvez você esteja se perguntando: TCOS
não é igual ao LTSP[8]? Ambos tem os mesmos
objetivos? Quais as diferenças entre eles?
Segundo o manual do TCOS para adminis-
tradores[9], escrito pelo desenvolvedor do
TCOS, esses dois projetos possuem os mes-
mos objetivos, mas as diferenças estão na im-
plementação de cada um. Eis algumas das
diferenças existentes entre o TCOS e o LTSP,
versão 5:

- No LTSP 5 os clientes usam NFS


(Network File System) para obter o sistema de
arquivos raíz (opcionalmente podem usar
Figura 3: Tela do TcosPersonalize em uso
squashfs sobre NBD - Network Block Device).

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |38


CAPA · TCOS PROJECT

com a Internet, um repositório local ou um CD-


ROM/DVD-ROM com os pacotes para criar a
imagem de inicialização dos clientes. TCOS utili-
za os binários disponíveis no servidor. No
LTSP5 esse processo demora mais de 15 minu-
tos, no TCOS apenas 15 segundos.
- LTSP 5 não permite personalizar a ima-
gem de inicialização dos clientes. Com o TCOS
é possível personalizá-la e escolher o que será
removido ou incluído.
- LTSP 5 tem uma ferramenta muito sim-
ples para administrar os clientes chamada Thin
Figura 4: Ferramentas do Tcos Client Manager e outra para configurá-los, a
LTSP-Manager. TCOS possui as ferramentas
No TCOS, os clientes obtém a imagem tcosmonitor e tcosphpmonitor, para gerenciar os
squashfs usando os protocolos TFTP (Trivial Fi- clientes, e a tcospersonalize, para configurá-los.
le Transfer Protocol), HTTP (Hipertext Transfer - LTSP 5 só permite conexões gráficas en-
Protocol) ou NFS, mas quando o cliente possui tre os clientes e o servidor usando o XDMCP (X
mais do que 38 MB de memória RAM não é ne- Display Manager Control Protocol). Além desse
cessário utilizar NFS, o que diminui o consumo protocolo, o TCOS utiliza: o rDesktop (para Win-
de memória RAM. dows Terminal Server), FreeNX, SSH+X e o
- Se o servidor LTSP 5 falhar ou perder co- XRDP.
nectividade, todos os clientes sofrerão um ker- - TCOS usa o XMLRPC entre o servidor e
nel panic e precisarão ser reiniciados. Com o os clientes para trocar informações, tornando
TCOS, eles apenas tem de esperar o servidor mais fácil o desenvolvimento de pequenos pro-
voltar a funcionar normalmente. gramas ou plugins para fazer tarefas simples,
- O sistema de acesso aos dispositivos re- como por exemplo pam-usb-tcos.
movíveis utilizado por ambos os projetos é o - A configuração do servidor LTSP 5 é feita
LTSPFS (filesystem sobre Xorg + o módulo de através da edição manual de arquivos de confi-
kernel chamado FUSE). No TCOS houve uma guração. Além desse método o servidor TCOS
melhoria no uso desses dispositivos com a apli- pode ser configurado usando a aplicação gráfica
cação gráfica tcos-devices-ng. No LTSP 5 esses tcos-configurator, tornando esse processo rápi-
dispositivos são montados de forma automática do e fácil.
e a desmontagem é complicada, mas no TCOS
essas operações são realizadas de forma muito - LTSP 5 não tem uma aplicação gráfica
simples. para configurar e compilar as imagens dos clien-
tes. TCOS possui o tcosconfig.
- LTSP 5 só tem suporte a disquetes, me-
mórias USB e CD-ROM de dados. O TCOS,
além desses dispositivos, tem suporte a parti- Por outro lado, o LTSP é um projeto que
ções do disco rígido (incluindo o sistema de ar- existe a mais tempo, sendo bem mais conheci-
quivos NTFS, CD-ROM USB, discos firewire, do e utilizado. O LTSP também possui versões
CD de aúdio, etc. para outras distribuições GNU/Linux, como:
- No LTSP 5 é necessário ter uma conexão Slackware[10], Fedora[11], etc.

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CAPA · TCOS PROJECT

Quem está usando TCOS? Maiores informações:


- Conheça alguns dos casos de sucesso do [1] Thin Clients
TCOS no mundo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Thin_client
- Escola Universitária Politécnica de Valladoid
(Espanha); [2] GPL 2
- Colégio La Salle - Felipe Benito (Servilha, Espa- http://www.gnu.org/licenses/gpl-2.0.html
nha);
- Colégio El Apostolado (Valladolid, Espanha); [3] Debian
- Escola de Ofícios San Cayetano Centro de For- http://debian.org/
mación Profesional de Vicente López Carapa-
chay (Buenos Aires, Argentina); [4] Ubuntu
- Rádio Comunitária Sur FM 102,7 (Buenos Ai- http://www.ubuntu.com/
res, Argentina);
- Universidad Yacambú (Barquisimeto, Venezue- [5] MaX 4.0
la); http://www.educa.madrid.org/web/madrid_linux/
- Biblioteca do Liceo Industrial de Santiago (Santi-
ago, Chile). [6] Guadalnex
http://www.guadalinex.org/

No Brasil, ainda não foi registrado oficial-


[7] Lliruex
mente nenhum caso de sucesso.
http://lliurex.net/
O TCOS também foi vencedor do I Concur-
so Universitário de Software Livre, promovido pe- [8] LTSP
la Universidade de Servillha-ES, em 2007, na http://www.ltsp.org/
categoria “Distribuições” (http://concurso-softwa-
relibre.us.es/0607/). [9] Manual do TCOS para Admins
http://br.tcosproject.org/?page_id=16

Considerações Finais [10] Slackware


Então, o que você achou do TCOS? Se esti- http://www.slackware-brasil.com.br/web_site/
ver curioso acesse o site oficial do projeto[12] e
da comunidade TCOS Brasil[13], ambos possu- [11] Fedora
em uma vasta documentação sobre TCOS. http://www.projetofedora.org/

[12] TCOS Project


Este artigo é o primeiro da série e nos http://tcosproject.org/
próximos iremos entender o
funcionamento de uma rede TCOS, os [13] TCOS Brasil
protocolos utilizados, as configurações http://br.tcosproject.org/
de hardware recomendadas para os
clientes e o servidor, o impacto que o AÉCIO PIRES (http://aeciopires.rg3.net) é
graduando em redes de computadores pelo
TCOS causa numa rede de desktops, IFPB (www.ifpb.edu.br), tradutor do TCOS,
conhecer as vulnerabilidades e as fundador da comunidade TCOS Brasil e
contra-medidas para tornar a rede mais estagiário da Secretaria da Receita do
Estado da Paraíba, onde faz pesquisas com
segura. Não percam! TCOS desde junho de 2008.

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CAPA · TERMINAIS LEVES COM O SACIX

TERMINAIS
LEVES
COM O SACIX
Por Anderson Goulart e Luiz Paulo

Terminais leves, thin clients ou ambiente ta escalar a solução. Entretanto, em pequenas


diskless (sem disco) são praticamente sinôni- proporções, é possível criar um ambiente útil de
mos nos textos técnicos sobre o assunto. O "pra- acesso à internet e às aplicações convencionais
ticamente" vem do fato de um sistema leve (editores de texto, planilhas, mensageiros, etc),
poder ter discos rígidos, mas ainda ser encara- com um custo reduzido de infra-estrutura, apro-
do como uma solução para evitar o sucateamen- veitando os computadores sucateados.
to dos computadores. Neste aspecto, surgiram Com o objetivo de facilitar instalação e con-
várias soluções comerciais e livres que são capa- figuração de um ambiente baseado no LTSP cri-
zes de reviver computadores com baixo poder amos o Sacix[3] que, atualmente, é formado por
de processamento e memória. Os 2 grandes pro- pacotes e meta-pacotes DEB[4] capazes de au-
jetos livres relacionados são o LTSP (Linux Ter- tomatizar esse processo. Os terminais leves são
minal Server Project)[1] e o DRBL (Diskless computadores convencionais, com baixo poder
Remote Boot in Linux)[2]. Ambos provêem um de processamento e geralmente sem discos rígi-
terminal remoto, mas suas construções internas dos. Na seção seguinte abordaremos a arquite-
são diferentes. A idéia é simples: coloca-se um tura e funcionamento do sistema. Este projeto é
computador de alto desempenho servindo os ou- utilizado principalmente nos telecentros do Casa
tros, onde todo o processamento é realizado. Du- Brasil[5], mas é facilmente expansível para qual-
rante a execução dos programas, as quer tipo de customização.
informações sobre o que deve ser exibido na te-
la é enviada pela rede para cada computador co-
nectado a ele. Dessa forma, um 486 poderia ser Arquitetura do sistema
quase tão rápido quanto um processador de nú- A figura 1 mostra a interconexão de rede
cleo duplo, na teoria. Essa é a base para o não exigida para o funcionamento do LTSP: um ser-
sucateamento dos equipamentos antigos. vidor (LTSP Server) interligado com os clientes
A prática revela que vários são os gargalos (ou terminais) através de um switch. Este servi-
ou problemas enfrentados por essas soluções: in- dor pode ou não estar na internet compartilhada
fra-estrutura de rede, memória de vídeo e RAM com os terminais (LTSP workstations).
do cliente, suporte aos dispositivos locais (por- Neste esquema, o Sacix instala e configu-
tas usb, pendrives, placas de som, impressoras) ra os seguintes serviços no servidor para o funci-
e o desempenho geral do sistema quando se ten- onamento do LTSP:

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |41


CAPA · TERMINAIS LEVES COM O SACIX

- TFTP (Trivial File Transfer Protocol): utilizado gos, como os 486. Neste caso, é necessário
para transferir a imagem do kernel para cada es- iniciar o computador por disquete, cd-rom ou
tação uma placa de rede externa com este suporte[6].
- DHCP (Dynamic Host Control Protocol): forne- Já o Sacix é formado pela distribuição De-
ce os endereços IPs e nomes para cada cliente bian Lenny acrescentados os pacotes de confi-
- NFS (Network File System): compartilha os ar- gurações dos serviços já listados. Selecionamos
quivos e diretórios utilizados pelos clientes os aplicativos a serem instalados a partir das de-
- XDMCP (X Display Manager Control Protocol): mandas dos usuários dos telecentros. Em uma
habilita o suporte para execuções de aplicações estrutura lógica de desenvolvimento, dividimos o
gráficas remotamente nosso trabalho em 2 partes: servidor e desktop.
- LTSP: realiza o trabalho de configuração de ca-
da terminal e o suporte aos dispositivos: vídeo, Servidor (sacix-server): nos preocupa-
som, impressoras, teclado, mouse, etc. mos com a funcionalidade do ambiente LTSP,
compartilhamento da internet, segurança, servi-
ços de impressão, proxy, compartilhamento de
arquivos e configuração dos serviços.
Desktop (sacix-desktop): o trabalho con-
siste na escolha do ambiente gráfico (Gnome),
dos aplicativos (Firefox, Broffice, GIMP, Inksca-
pe, Pidgin, etc) e suas personalizações (temas,
tunning, preferências). Recursos como acessibili-
dade (gnome-orca) e multimídia (áudio, vídeo,
flash, java, jogos) estão incluídos nesta seção,
com suas devidas limitações.

Características do sistema
Nossa proposta não é criar mais uma distri-
buição, com mais um nome e mais uma série de
dificuldades. Manter uma distro requer tempo, di-
nheiro e pessoas. Por isso nossa abordagem foi
Figura 1: Arquitetura do sistema LTSP
criar meta-pacotes facilmente personalizados pa-
ra qualquer projeto relacionado com terminais le-
É importante lembrar que todas as esta- ves. Através da instalação do pacote chamado
ções devem ter suporte a boot pela rede via "sacix", é desencadeado um processo de instala-
PXE. Ou seja, todo o carregamento do sistema ção dos meta-pacotes "sacix-server" e "sacix-
operacional é feito pela rede. A principal vanta- desktop" os quais, através de uma estrutura hie-
gem do LTSP é a facilidade de manutenção, já rárquica de dependências, faz toda a mágica.
que administramos apenas o servidor. Não há Em alguns momentos é necessária a interven-
mais necessidade de reinstalação dos clientes. ção do usuário para preenchimento de informa-
Basta reiniciar a máquina. Entretanto, uma falha ções essenciais, tais como endereço de rede e
no servidor impede o uso de todas as estações. máscara. Dessa forma, aproveitamos todos pa-
O PXE pode ser habilitado na BIOS e está cotes oferecidos pelo projeto Debian sem a ne-
disponível em todas as placas-mãe modernas. Is- cessidade de mantê-los.
so é um problema para os computadores anti- Outro ponto de destaque são as versões

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CAPA · TERMINAIS LEVES COM O SACIX

Podemos dizer que o LTSP está estável e


garante o funcionamento dos dispositivos locais
(pendrive, cdrom, impressoras, etc) assim como
os recursos em rede. A maior preocupação é o
desempenho, haja vista a crescente demanda
de processamento das aplicações web com
ajax, flash e java embutidas nas páginas e recur-
sos 3D dos jogos, o que deixa muitas vezes os
usuários insatisfeitos com a solução, oriundos
de uma LAN House.
Deixo aos leitores um espaço aberto para
registrar quaisquer falhas ou dúvidas através do
site do projeto[3]. Convidamos a todos a partici-
Figura 2: GDM - Tela de login do sistema par do desenvolvimento do Sacix, seja através
de sugestões, suporte, traduções, documenta-
dos aplicativos. Apesar da versão Lenny não pos- ções ou manutenção dos pacotes.
suir as últimas versões em seus repositórios, o
projeto Sacix mantém atualizado os aplicativos
mais requisitados pelos usuários como Firefox 3
e Broffice 3. Assim, disponibilizamos as novas Maiores informações:
funcionalidades sendo cuidadoso para não per-
[1] Site Oficial LTSP: [5] Site Casa Brasil:
der a estabilidade da distribuição.
http://www.ltsp.org/ http://www.casabrasil.gov.br/

Conclusão [2] Site DRBL: [6] Site projeto Etherboot:


Instalar e configurar um sistema com supor- http://drbl.sourceforge.net/ http://etherboot.org/
te a terminais leves utilizando LTSP exige um co-
nhecimento avançado em administração de [3] Site Oficial do SACIX: [7] Site Oficial Debian:
sistemas GNU/Linux. O Sacix tornou este traba- http://www.sacix.org/ http://www.debian.org/
lho trivial, sem perder a estabilidade e confiabili-
dade do Debian. [4] Artigo sobre formato Deb:
http://en.wikipedia.org/wiki/Deb_(file_format)
Nos telecentros, percebemos que o LTSP
não substitui a instalação convencional. O uso ANDERSON GOULART é desenvolvedor do
de recursos multimídias, java, flash, jogos e sui- Sacix e mantenedor da infra-estrutura atual
tes de escritórios em vários terminais simultâne- do projeto. Trabalha com inclusão digital e
com sistemas baseados em terminais leves
os acarreta uma grande perda de desempenho. há 4 anos. É bacharel em Ciência da
No projeto Casa Brasil, temos um servidor (nú- Computação e Tecnico Especialista em
Computação (TEC) do projeto Casa Brasil.
cleo duplo, 4GB RAM) alimentando 20 esta-
ções. Mesmo neste ambiente o uso de alguns
recursos são insatisfatórios. Portanto, o uso do LUIZ PAULO atua na área de software livre
LTSP ou outra solução relacionada é recomenda- há quase 10 anos. É bacharel em sistemas
do para recuperar máquinas em desuso com ob- de informação e um dos responsáveis pelo
desenvolvimento da solução Sacix para
jetivo de torná-la um terminal leve, com recursos telecentros. É membro do Coletivo Digital e
limitados, mas úteis para alguns propósitos espe- atualmente trabalha no data-center da
empresa Cobra Tecnologia.
cíficos, como acesso à internet associada ao pro-
cesso de inclusão digital.

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CAPA · LEVEZA+VERSATILIDADE = PORTABILIDADE+USABILIDADE

Leveza + versatilidade =
portabilidade + usabilidade
Por Orlando Lopes

Debz Wildie - www.sxc.hu

Há um livro de ensaios re- A chamada desta edição


lativamente famoso de Italo Cal- dá atenção a aspectos bastan-
vino (autor de, entre outros, O te importantes na constituição
barão nas árvores, As cosmicô- de um sistema operacional, es-
micas e As cidades invisíveis, li- tabelecendo dois parâmetros
vros que vale a pena que parecem bastante razoá-
conhecer), chamado Seis pro- veis para avaliar o interesse
postas para o próximo milênio. de adoção de software em ge-
Calvino escreveu as cinco pri- ral, e do software livre em parti-
meiras e morreu antes da con- cular. Como nosso interesse
clusão da última, intitulada aqui é buscar aspectos menos
"Consistência". Só pra matar a imediatos, porém também im-
curiosidade, vão aqui as ou- portantes para a observação
tras: "Leveza", "Rapidez", "Exa- crítica da concepção e imple-
tidão", "Visibilidade, mentação das redes informáti-
"Multiplicidade". Bastante ade- cas, tentaremos apontar ao
quado para quem se preocupa menos um desdobramento de
com o as questões que se apro- cada um na vida individual e
fundam em nossa vida “ciberco- pública.
tidiana”, não parece?

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COLUNA · ORLANDO LOPES

Em primeiro lugar, obser- Hoje em dia existe já apenas uma máquina de escre-
vemos que os dois termos re- software para fazer a migração ver; tudo o que entra nele – to-
presentam características de uma máquina para outra, co- dos os inputs que fazemos
qualitativas dos recursos (se- mo o NortonGhost (proprietá- nele – se reduz a um só meio,
jam de hardware ou de sotwa- rio) e gerenciadores de backup a um só veículo, o do famosís-
re) a serem empregados pelos como o Cobian (gratuito para simo “bit”. Em princípio, todos
usuários. Mas por que esses Windows) e o Easy Backup 0.1 os dados podem ser represen-
dois parâmetros são importan- (para Linux). Só não venham di- tados em todos os programas,
tes? Ora, eles são importantes zer que isso é coisa fácil de se se você tiver o filtro certo. De-
porque correspondem a duas fazer, ainda mais em se tratan- veria ser muito fácil – e está fi-
das principais demandas do do de preservação de arquivos cando, cada vez mais –
que poderíamos chamar de pessoais e documentos... A im- reaproveitar dados de um pro-
“usuário modelo” das socieda- portância da leveza/portabilida- grama ou banco de dados em
des em rede. Dá até pra fazer de do “sistema de trabalho outro(s). Mas ainda não é, fa-
uma equação, aquela que vem residente” no equipamento que zendo enorme falta e represen-
lá no título: leveza + versatilida- estamos utilizando é mais que tando prejuízo de tempo na
de = portabilidade + usabilida- estratégica: há informações organização dos dados que
de. nossas que não queremos ver dão apoio às atividades que re-
Se dizemos que um siste- circulando na Nuvem, e coisas alizamos fora do computador.
ma deve ser leve, é porque ele que não queremos ser obriga-
não deve pesar na vida do dos a ter em nossas máqui-
usuário, certo? O usuário (um nas. Poder ir de uma máquina
termo que já não seu restringe para outra e não perder a famili- Maiores informações:
a pessoas físicas, mas tam- aridade de um ambiente é um
dos maiores presentes que a Easy Backup 0.1:
bém a instituições, quando fala-
comunidade SL poderia dar à http://ebackup.sourceforge.net
mos em sistemas) busca
sempre personalizar o sistema sociedade. E ao que parece,
ela vem vindo aí. Cobian Backup:
em que opera, mas isso às ve-
http://www.educ.umu.se/~cobian
zes é penoso e muitas vezes in- A outra questão que se de-
frutífero. Quem já não bateu senha nos qualificativos de um
Web 2.0:
cabeça procurando corrigir te- bom sistema de trabalho hoje
http://pt.wikipedia.org/wiki/Web_2.0
clados, acertar a configuração é a da “versatilidade”. Assim co-
do corretor ortográfico, reinsta- mo as pessoas estão aprenden-
Ítalo Calvino na Wikipédia:
lar programas etc. Não será do a usar os computadores
http://pt.wikipedia.org/wiki/Italo_
mesmo uma maravilha o dia para atividades muito distintas
Calvino
em que nós apenas precise- na vida cibercotidiana, o siste-
mos de uma senha (sim, mais ma que elas usam deve acom-
ORLANDO LOPES
uma...) para passar não aparpe- panhar as variações de uso. é pesquisador no
nas nossos arquivos pessoais, A Web 2.0 acelerou um Núcleo de Estudos
em Tecnologias de
mas virtualmente todas as ca- processo que já vinha se dese- Gestão e
racterísticas que ele virtualmen- nhando, permitindo a configura- Subjetividades do
te tenha adquirido durante os PPGAdmin/UFES e
ção de interfaces e Consultor para o
“usos monitorados” (como os funcionalidades de forma bem desenvolvimento de
que se dão na escola e no tra- mais intuitiva. Um computador,
Projetos em
Responsabilidade
balho)? como todos sabemos, não é Cultural e Social.

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DESENVOLVIMENTO - VIRADO PRA LUA - PARTE 2

VIRADO
PRA LUA
Parte 2
Por Lázaro Reinã
Abdulaziz Almansour - sxc.hu

Continuando Nessa linguagem nós te- qualquer caractere de 8 bits, in-


Olá pessoal! Estamos de mos 8 tipos básicos, o nil, boole- cluindo zeros ('\0').
volta para mais um artigo so- an, number, string, function, Quanto aos demais tipos,
bre a linguagem Lua e sua apli- userdata, thread e table. veremos sobre eles mais à
cação em jogos. Espero que O tipo nil, que contém frente, quando o contexto nos
tenham gostado da edição ante- sempre o valor nil e é sempre permitir falar sobre eles de ma-
rior e que também gostem des- diferente de qualquer outro va- neira apropriada.
sa. Percebam que a partir lor, ele basicamente represen-
dessa edição iremos partir pa- ta a ausência de um valor útil.
ra a parte mais técnica da lin- Atribuição
guagem, não mencionaremos O boolean, velho conheci- Como já mencionado an-
mais toda a parte burocrática e do da galera, representa o tipo tes, Lua tem a chamada tipa-
histórica de Lua. dos valores false e true, muito gem dinâmica, ou seja, uma
utilizado em Pascal/Delphi. Re- variável que recebe a atribui-
tornando tanto nil quanto false ção de um dado valor passa a
Conceitos - Valores e Ti- torna a condição falsa, enquan- conter um valor de um determi-
pos to que qualquer valor diferente nado tipo, porém, caso essa
Lua apresenta a tipagem disso a torna verdadeira. mesma variável, em um mo-
dinâmica. Ou seja, se temos Number representa qual- mento distinto, receber a atri-
uma variável chamada “teste” quer valor numérico, seja ele buição de um outro valor de
ela pode armazenar um valor em base decimal, hexadeci- tipo diferente, ela passa a con-
de qualquer tipo a qualquer mo- mal, notação científica. Ex.: ter um valor de outro tipo. É
mento sem que isso seja explici- 0xff; 12,5678. por isso que dizemos que
tado na sua declaração. Quem quem tem tipo é o valor e não
conhece a linguagem C deve String representa cadeias
de caracteres, podendo conter a variável.
se lembrar do “malloc”.

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DESENVOLVIMENTO - VIRADO PRA LUA - PARTE 2

A atribuição em Lua ocor- não poderia ser diferente, pode- na tela. Mas caso queira testar
re de maneira semelhante às mos usar parêntesis para con- resultados diferentes, altere os
demais linguagens, sendo re- trolar a precedência dos valores e os operadores para
presentada pelo sinal “=” que operadores. Vejamos alguns ver como é na prática.
diz que a variável à esquerda exemplos:
do sinal recebe o valor que es- a=b+c
tá à direita do sinal. Operadores lógicos
a = (b - c ) * d Muito utilizados na avalia-
Ainda é muito interessan- a=b/c+d ção de expressões booleanas.
te observar uma característica São eles: and (e), or (ou), not
no mínimo única, que se refere Operadores relacionais (negação), porém ainda existe
à atribuição de valores em Os operadores relacio- o operador “..” que concatena
Lua. É a chamada atribuição nais são geralmente usados strings. Adeus strcat!!
múltipa, onde podemos fazer a em estruturas de controle de flu-
atribuição de vários valores dife- Vejamos:
xo, laços de repetição. De ma-
rentes à variáveis diferentes, es- neira mais generalizada os ~$ vim
crevendo apenas uma linha. usamos quando tivermos de operadores_logicos.lua
str_teste,num=" testar alguma expressão. São
atribuição multipla", eles: a = "Teste de string"
10 ; < menor que print (a);
b = "Esse é um teste"
> maior que
No exemplo acima vimos print (b);
<= menor ou igual a
um exemplo da atribuição múlti- c = a..b
>= maior ou igual a print (c);
pla. Perceba que na mesma li- == igual a
nha foi atribuído uma string ~= diferente de Agora:
para a primeira variável, e um
número para a segunda variá- ~$ lua
vel. Esses operadores retor- operadores_logicos.lua
nam false caso a expressão se-
ja falsa, e 1 caso seja
Operadores verdadeira. Simples, não?! Ve-
Estruturas de controle
Lua provê operadores arit- jamos:
de fluxo
méticos, relacionais, e lógicos. Nesse aspecto, Lua se
Além de um operadorde conca- ~$ vim operadores.lua> parece muito com as demais
tenação de srtings que será vis- linguagens. Vejamos:
to mais à frente. a = 4 > 3
print (a);
Usando o IF:
Operadores Aritméticos Salve o arquivo e rode Como de costume, o if
Os operadores aritméti- usando o comando já utilizado tem diferentes formas de se
cos apresentados por Lua são em exemplos anteriores: apresentar. Ele pode se apre-
os ususais de quaquer lingua- sentar de maneira bem sim-
gem. ~$ lua ples, cuja estrutura se mostra
<nome_do_arquivo.lua> dessa forma:
Os binários são: Adição(
+ ); Subtração ( - ); Multiplica- Observe que neste caso if expressao then
ção ( * ) e Divisão ( / ). Como o programa retorna o valor 1
bloco
end

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DESENVOLVIMENTO - VIRADO PRA LUA - PARTE 2

Ele também pode apare- seja, o programa salta para a tros para funções e ainda
cer dessa forma: próxima instrução depois do la- servirem de retorno para ou-
ço. Vejamos os laços disponí- tras funções.
if expressao then
veis em Lua: As funções podem ser de-
bloco
else While claradas da seguinte forma:
bloco2 O while testa uma expres-
end function nome ([lista-
são e executa o bloco de co-
de-parâmetros])
mandos caso a mesma seja
bloco
E por último temos os cha- verdadeira. Sua sintaxe é a se- end
mados ifs aninhados: guinte:
Posteriormente abordarei
if expressao then while expressao do aqui mais detalhes sobre o uso
bloco bloco das funções e também a API
else expressao 2 then end Lua.
bloco2
Repeat Por enquanto é só isso
else
bloco_default Temos também o laço re- pessoal, nos vemos nos próxi-
end peat , que ao invés de testar a mos capítulos de nossa aventu-
expressão logo no início, execu- ra. E não deixem de
Laços de controle com to- ta todo o bloco pelo menos acompanhar-nos, nesse mes-
mada de decisão uma vez, e só então testa a ex- mo horário e nesse mesmo ca-
Os laços de controle são pressão. Caso a expressão se- nal. Até a próxima!
usadas para que intruções se- ja verdadeira, ocorrerá mais
jam repetidas ou não, de acor- uma iteração. Sua sintaxe é a
do com o retorno do teste de seguinte:
uma determinada expressão. LÁZARO REINÃ é
Cada repetição de um laço é repeat usuário Linux,
bloco estudante C/C++,
chamada de iteração. O teste Lua, CSS, PHP.
until expressao
de uma expressão pode retor- Integrante do
nar tanto nil, que torna a expres- EESL, ministra
palestras e mini-
são negativa, quanto qualquer Funções cursos em
outro valor tornando-a assim A linguagem Lua trata as diversos eventos
verdadeira. Geralmente quan- funções como valores, ou seja, de Software Livre.
do o teste de uma expressão re- podem ser armazenadas em va-
torna nil, o laço é quebrado, ou riáveis, passadas como parâme-

A chamada de trabalhos já está aberta! Mais informações:


Envie sua proposta para http://www.m3ddla.com.br
contato@m3ddla.com.br
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DESENVOLVIMENTO · Desenvolvimento de jogos com SL: AEROTARGET - Parte 1

AEROTARGET
Parte 1
Por David A. Ferreira
Gabriela Ruellan - sxc.hu

Você sempre teve vonta- mente a SDL vem instalada Descompacte o arquivo
de de fazer seus próprios jo- por padrão em todas as distri- “aerotarget_cap01.zip”, e ob-
gos? E nunca soube como ? buições GNU/Linux, ou então serve a figura 1.
Pois bem, chegou sua no site http://www.libsdl.org Será criada uma estrutu-
vez, darei inicio agora a uma sé- GBFramework, um fra- ra de diretório, onde no diretó-
rie de artigos sobre Desenvolvi- mework nacional criado para au- rio principal, você irá encontrar
mento de Jogos com Software xiliar no desenvolvimento de o arquivo “AeroTarget.cbp”, o
Livre. Em nosso artigo(tutorial), jogos 2D, com foco na orienta- qual deverá ser aberto pelo Co-
usaremos apenas ferramentas ção a objetos e no suporte a deBlocks.
livres, as quais podem ser utili- multiplataforma. O qual deve O GBFramework, cria
zadas tanto em GNU/Linux ser obtido no site http://pj- uma estrutura de diretório para
quanto no Ms-Windows. Para is- moo.sourceforge.net auxiliar na organização do seu
to neste primeiro artigo, criare- Feita a instalação e Confi- jogo onde, temos:
mos um protótipo de um jogo guração dos aplicativos acima,
de avião, bastante simples o - src, arquivos de código fonte
iremos agora
qual servirá de base para as realizar o
próximas edições. download do
Para iniciar, você deve arquivo “aero-
ter instalado em seu computa- target_-
dor os seguintes software: cap01.zip”, o
CodeBlocks, uma IDE mul- qual está dis-
tiplataforma, a qual pode ser en- ponível no se-
contrado nos repositórios das guinte
principais distribuições ou no si- endereço:
te http://www.codeblocks.org http://pj-
SDL, a biblioteca multimí- moo-aerotar-
dia utilizada pelas principais get.googlecod
aplicações multimídia no Linux, e.com
e em especial nos jogos. Geral-
Figura 1: Estrutura de Diretórios

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DESENVOLVIMENTO · Desenvolvimento de jogos com SL: AEROTARGET - Parte 1

sive é possí- gem com o apelido de “spri-


vel compilar tes”. O caminho das imagens é
e testar ape- relativo, já que na linha 9, infor-
nas com este mamos para o framework o ca-
código inici- minho de sua execução;
al. Lembre- linha 17: criamos um laço para
se de selecio- manter nosso jogo em execu-
nar em Build ção infinita;
Target o siste- linha 18 a 20: criamos o contro-
ma operacio- le para permitir encerrar nosso
nal que você jogo ao pressionarmos a tecla
utilizará para “ESC”;
compilar o có- linha 21: utiliza uma fonte pa-
digo. drão para escrevermos o texto
Antes em tela, na posição de 10 pi-
Figura 2: Carregando Projeto
de iniciarmos xeis na horizontal, por 460 pi-
o desenvolvimento do nosso jo- xeis na vertical;
(.cpp e .h); go, devemos observar o códi- linha 23: atualiza à tela, ou se-
- bin, local onde será gerado o go base do arquivo ja, redesenha as imagens;
arquivo binário para execução; “cap_01.cpp”, conforme o códi- linha 24: limpa a tela;
- etc, local sugerido para arqui- go 01.
vos de configuração; Podemos observar como
- fonte, local que contém os ar- Onde temos:
é simples criarmos, um esque-
quivos de fontes(letras); linha 5: função main, utilizada leto para nosso jogo com o GB-
- imagem, local dos sprites e em aplicações c e c++; Framework. Para verificar, se
backgrounds; linha 7: declaração do objeto seu ambiente de desenvolvi-
- screen, local onde é salvo au- do tipo do GBFramework; mento está completo, você po-
tomaticamente as capturas de linha 9: configuração do cami- de compilar e executar este
telas do jogo; nho(path) da aplicação; primeiro fragmento de código.
- som, local dos arquivos de mú- linha 10: título da janela do jo- Se tudo ocorrer bem, irá apare-
sica e efeitos sonoros; go; cer uma janela, para encerrar
- kernel, diretório especial no linha 11: inicialização do jogo, basta pressionar a tecla “ESC”.
qual está localizado os arqui- com a configuração para tela
vos de recursos (imagens, fon- de 640x480, com suporte a 16
tes) requeridos pelo framework. bits de cores, em modo janela, Iremos agora iniciar o nos-
utilizando o controlador de ci- so jogo propriamente dito, para
Agora abra o Code- clos no valor de 30 frames por isso criaremos a classe Joga-
Blocks, e procure pelo arquivo segundo; dor, você pode ir no assistente
“AeroTarget.cbp”, conforme linha 12: configura como será “Class wizard”, localizado no
mostrado na figura 2. utilizado o teclado e mouse, se menu Plugins, conforme pode
Ao carregar o projeto, ve- será exclusive para o jogo ou ser visto na figura 3.
remos que o mesmo já possui compartilhado com outras apli- Na janela do assistente,
o arquivo “cap_01.cpp”, o qual cações; conforme pode ser visto na fi-
contém uma estrutura mínima linha 15: carrega o arquivo de gura 4, entre com as seguintes
para uma aplicação GBF, inclu- imagens para o gerenciador do informações:
framework, criando uma ima-

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DESENVOLVIMENTO · Desenvolvimento de jogos com SL: AEROTARGET - Parte 1

para representar o jogador e


um vetor para representar os
inimigos, não esquecendo de
instanciar os objetos. Confor-
me pode ser visto no código 7.
Figura 3: Class wizard
3.No bloco while, adicio-
Class name: Jogador qual é utilizado para executar ne o controle de ações e dese-
[x] Has destructor o código de ação do persona- nhos dos inimigos e do
gem, como por exemplo o movi- jogador. Podemos observar
[x] Virtual destructor mento; que cada um contem dois mé-
[x]Header and implementa- Para associar as imagens todos, os quais devem ser
tion file shall be in same folder aos respectivos personagens, agrupados de acordo com o ti-
devemos recuperar do gerencia- po, ou seja, primeiro são cha-
Folder: /caminho/proje-
dor do framework, uma “Sprite- mados os métodos de
to/aerotarget/src
Factory”, a qual recebe como atualização dos objetos, e so-
parâmetro, o apelido que defini- mente depois os métodos de
As outras informações dos para guardar os sprites; desenho, conforme visto no có-
são preenchidas automatica- digo 8.
Cada personagem, pos-
mente, basta agora você clicar 4.Para encerrar, não es-
sui uma animação principal, a
no botão “Create”. queça de destruir os objetos
qual pode ser configurada por
Substitua, o código gera- meio do método “adicionarSpri- que você instanciou, para isso
do nos arquivos Jogador.h e Jo- tePrincipal”; após o bloco while, adicione a
gador.cpp, pelos fragmentos chamada a delete, conforme o
de código correspondente. código 9.
Para concluirmos nosso
Agora repetindo os pas-
primeiro exemplo, iremos ago-
sos utilizados para a criação Realizada estas modifica-
ra adicionar ao jogo os inimi-
da classe pelo “Class wizard”, ções, basta compilar e execu-
gos e o jogador, efetue as
crie a classe Inimigo, e logo tar o projeto, onde deverá
seguintes modificações:
após substitua o conteúdo dos aparecer uma janela, com o
arquivos Inimigo.h e Inimi- 1.Antes do método main, nosso jogo sendo executado,
go.cpp , pelos fragmentos cor- adicione o
respondentes: #include de
“Inimigo.h” e
Explicando o código utiliza-
“Jogador.h”,
do nas classes Jogador e Inimi-
além do #defi-
gos, temos:
ne TOTAL_I-
Ambas as classes her- NIMIGO,
dam da classe Personagem conforme o
(Personagem::Personagem), e código 6.
com isso ganham vários com-
2.Adicio-
portamentos e estados;
ne após o car-
Por serem subclasse de regamento
Personagem, precisam imple- da imagem,
mentar o método “acao”, o uma variável Figura 4: Assistente para Criação de Classe

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DESENVOLVIMENTO · Desenvolvimento de jogos com SL: AEROTARGET - Parte 1

como na figura 5. jogos. Enquanto você espera a


Com isso, encer- próxima edição, tente praticar
ro o nosso primeiro um pouco, e com base no que
artigo da série sobre foi apresentando, tente inserir
Desenvolvimento de no jogo as características bási-
Jogos com Software cas que estão faltando, como
Livre, espero que por exemplo: tiros, colisões,
com este artigo, vo- energia, mini chefes e etc. Se-
cê possa dar seus pri- rá um bom exercício de auto
meiros passos, desenvolvimento, e permitirá
nesta vasta jornada que você possa comparar sua
rumo ao mundo do implementação com a da próxi-
desenvolvimento de ma edição.
Figura 5: Tela do Jogo

28.#ifndef JOGADOR_H
Códigos utilizados neste artigo: 29.#define JOGADOR_H
30.
31.#include <GBF/Personagem.h>
32.#include <GBF/SpriteFactory.h>
33.#include <GBF/InputSystem.h>
34.
1./**********************************************************************/ 35.class Jogador : public Personagem::Personagem
2./* AeroTarget - Cap01 - Código do Artigo Desenvolvimento de Jogos 36.{
*/ 37. public:
3./* com Software Livre */ 38. Jogador();
4./**********************************************************************/ 39. virtual ~Jogador();
5.int main(int argc, char* argv[]) 40. void acao(GBF::Kernel::Input::InputSystem * input);
6.{ 41. protected:
7. GBF::GBFramework frameworkGBF; 42. private:
8. 43.};
9. frameworkGBF.setPath(argv[0]); 44.#endif // JOGADOR_H
10. frameworkGBF.setTitulo("AeroTarget - Cap 01","GBFramework &
Revista Espitiro Livre"); Codigo 2: Jogador.h
11.
frameworkGBF.iniciar(640,480,16,false,GBF::Kernel::FPS::FPS_LIMIT
ADO);
12. frameworkGBF.inputSystemCore- 45.#include "Jogador.h"
>setControleExclusivo(SDL_GRAB_OFF); 46.
13. 47.Jogador::Jogador()
14.//carregando imagens 48.{
15. frameworkGBF.graphicSystemCore->graphicSystem- 49. GBF::Imagem::SpriteFactory *spriteFactory = new
>imageBufferManager-> carregar("sprites","//data//imagem//sprites.png"); GBF::Imagem::SpriteFactory("sprites");
16. 50. adicionarSpritePrincipal(spriteFactory-
17. while (true) { >criarSpritePersonagem(0,0,59,43,3,6));
18. if (frameworkGBF.inputSystemCore->inputSystem- 51. getSpritePrincipal()->setQtdDirecoes(1);
>teclado->isKey(SDLK_ESCAPE)){ 52. getSpritePrincipal()->animacao.setAutomatico(true);
19. break; 53. delete (spriteFactory);
20. } 54.
21. frameworkGBF.writeSystem-> 55. setPosicao(320,400);
escrever(GBF::Kernel::Write::WriteManager::defaultFont,10,460,"AeroTar 56.}
get - Cap01 : GBFramework & Revista Espírito Livre"); 57.Jogador::~Jogador()
22. //realiza refresh, fps, flip 58.{
23. frameworkGBF.atualizar(); 59.}
24. frameworkGBF.graphicSystemCore->clear(); 60.void Jogador::acao(GBF::Kernel::Input::InputSystem * input)
25. } 61.{
26. return 0; 62. if (input->teclado->isKey(SDLK_RIGHT)){
27.} 63. posicao.x+=4;
64. } else if (input->teclado->isKey(SDLK_LEFT)){
Codigo 1: cap_01.cpp 65. posicao.x-=4;
66. }
67.}
Codigo : Jogador.cpp

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DESENVOLVIMENTO · Desenvolvimento de jogos com SL: AEROTARGET - Parte 1

68.#ifndef INIMIGO_H 124.//carregando imagens


69.#define INIMIGO_H 125. frameworkGBF.graphicSystemCore->graphicSystem-
70. >imageBufferManager->carregar("sprites","//data//imagem//sprites.png");
71.#include <GBF/Personagem.h> 126.
72.#include <GBF/SpriteFactory.h> 127. Jogador * aviao = new Jogador();
73.#include <GBF/InputSystem.h> 128. Inimigo * inimigo[TOTAL_INIMIGO];
74. 129.
75.class Inimigo : public Personagem::Personagem 130. for (int i=0; i<TOTAL_INIMIGO; i++){
76.{ 131. inimigo[i] = new Inimigo();
77. public: 132. }
78. Inimigo(); Codigo 7: Declarando e inicializando
79. virtual ~Inimigo();
80. void acao(GBF::Kernel::Input::InputSystem * input);
81. protected:
82. private: 133. while (true) {
83. void iniciar(); 134. if (frameworkGBF.inputSystemCore->inputSystem-
84. int velocidade; >teclado->isKey(SDLK_ESCAPE)){
85.}; 135. break;
86.#endif // INIMIGO_H 136. }
137.
Codigo 4: Inimigo.h 138. for (int i=0; i<TOTAL_INIMIGO; i++){
139. inimigo[i]->acao(NULL);
140. }
141.
87.#include "Inimigo.h" 142. aviao->acao(frameworkGBF.inputSystemCore->inputSystem);
88. 143.
89.Inimigo::Inimigo() 144. for (int i=0; i<TOTAL_INIMIGO; i++){
90.{ 145. inimigo[i]->desenhar();
91. GBF::Imagem::SpriteFactory *spriteFactory = new 146. }
GBF::Imagem::SpriteFactory("sprites"); 147.
92. adicionarSpritePrincipal(spriteFactory- 148. aviao->desenhar();
>criarSpritePersonagem(0,77,32,32,3,6));
93. getSpritePrincipal()->setQtdDirecoes(1); Codigo 8: Processando
94. getSpritePrincipal()->animacao.setAutomatico(true);
95. delete (spriteFactory);
96. iniciar(); 149. //realiza refresh, fps, flip
97.} 150. frameworkGBF.atualizar();
98.Inimigo::~Inimigo() 151. frameworkGBF.graphicSystemCore->clear();
99.{ 152. }
100.} 153.
101.void Inimigo::acao(GBF::Kernel::Input::InputSystem * input) 154. delete(aviao);
102.{ 155. for (int i=0; i<TOTAL_INIMIGO; i++){
103. posicao.y+=velocidade; 156. delete(inimigo[i]);
104. if (posicao.y>640){ 157. }
105. iniciar();
Codigo 9: Finalizando
106. }
107.}
108.void Inimigo::iniciar()
109.{
110. GBF::Dimensao d = getDimensao(); Maiores informações:
111. GBF::Ponto p;
112. p.y= 0 - d.h; Download aerotarget_cap01.zip:
113. p.x= rand() % (640 - d.w); http://pjmoo-aerotarget.googlecode.com
114.
115. setPosicao(p);
116. velocidade=2+rand()%5;
117.}
Site PJMOO:
http://pjmoo.sourceforge.net
Codigo 5: Inimigo.cpp

Site CodeBlocks:
118.#include <vector> http://www.codeblocks.org
119.#include <iostream>
120.
121.#include "Inimigo.h" DAVID ALMEIDA FERREIRA é Especialista
122.#include "Jogador.h" em Engenharia de Software com Ênfase em
123.#define TOTAL_INIMIGO 3 Padrões de Software(UECE), É Arquiteto de
Codigo 6: Include e Define Software do Banco do Nordesde do Brasil
(BNB). É integrante do Projeto de Software
Livre Ceará(PSL-CE) e do Grupo de
Desenvolvedores de Jogos do
Ceará(GDJCE).

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DESENVOLVIMENTO · SCRUM

Scrum: uma aproximação ágil ao


desenvolvimento de software
Por Marcello Duarte

Flávio Takemoto - sxc.hu

Desenvolver Desenvolver software é Scrum e Agile


um exercício complexo. Não
software é um apenas porque envolve quase Durante as décadas de
exercício sempre tecnologias que estão 80 e 90 muitas metodologias
em constante renovação, mas foram aparecendo como uma
complexo. Não especialmente pelo seu carác- resposta natural à esta realida-
ter multi-disciplinar. Pelo me- de, algumas inspiradas pelo
apenas porque nos duas dimensões, técnica e Toyota way e pelos processos
envolve quase tática, têm que interagir. As re- de manufactura Lean. A partir
gras do negócio têm que ser co- da publicação do Agile Mani-
sempre municadas claramente e festo em 2001, algumas des-
tecnologias que traduzidas em código por sas metodologias passaram a
quem desenvolve. E como se estar directamente associadas
estão em não bastasse essas regras mu- ao movimento Agile. Agile é
dam, as necessidades mudam, portanto uma referência à prin-
constante o mundo muda a um passo ca- cípios e directrizes relaciona-
renovação, mas da vez mais frenético. A capaci- das com o desenvolvimento.
dade de responder Scrum é uma framework para
especialmente pelo rapidamente não é um valor di- gestão de projectos que procu-
seu carácter multi- ferencial, é um factor crítico de ra seguir esses princípios.
sucesso.
disciplinar.
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DESENVOLVIMENTO · SCRUM

Artefactos
Um artefacto em Agile é
qualquer sub-produto que deri-
va das actividades e proces-
sos levados a cabo durante
um projecto mas que não é ne-
cessariamente parte do produ-
to. Por exemplo o gráfico
Burndown, o quadro de tarefas
e o Product Backlog. É tarefa
do Scrum Master assegurar
que os artefactos sejam distri-
buídos por todos os stakehol-
Figura 1 - O processo ders para assegurar a máxima
visibilidade do projecto por to-
O processo em poucas O Scrum Master dos os interessados
linhas Scrum é uma framework
Em suma, um projecto leve com uma hierarquia de ver-
Scrum pode ser descrito como ticalidade mínima, apenas 3 pa- Cerimónias
segue. Uma necessidade de ne- péis: Product Owner, Team Além da visibilidade ou-
gócio ou visão é traduzida nu- Member e Scrum Master. tros dois conceitos importantes
ma lista de requisitos (Product em Scrum é inspeção e adapta-
O Scrum Master é o pivo
Backlog). Esta lista não deve ção. O Scrum Master encarre-
do Scrum. Não devemos con-
ser exaustiva nem detalhada. ga-se de promover as
fundi-lo com o gestor de projec-
Os items são priorizados pelo seguintes Cerimónias: Scrum
tos tradicional. Em Scrum os 3
Product Owner (Proprietário do Planning, Daily Scrum, Scrum
papéis são gestores. A equipa
Produto) e estimados por uma Review e Scrum Retrospecti-
é responsável e compromete-
equipa entre 4 e 9 membros ve. Estas cerimónias são as
se com os prazos e proactiva-
(Team Members). O projecto é reuniões de projecto do
mente toma decisões a respei-
dividido em Sprints (sub-projec- Scrum. Cada uma com um pro-
to de quem e como as tarefas
tos), cuja duração pode variar pósito bem definido. Planea-
são executadas.
de 1 a 4 semanas. No começo mento, sincronização diária,
de cada Sprint o Product Ow- O Scrum Master funciona inspecção e adaptação. Além
ner define o objectivo daquela como um facilitador no proces- de um objectivo definido cada
iteração e a Equipa comprome- so. Suas responsabilidades cerimónia também tem um uni-
te-se a desenvolver um entregá- são: difundir as regras do verso de tempo muito bem defi-
vel perfeitamente funcional no Scrum, assegurar visibilidade nido. Esse conceito chama-se
fim do período. Não se trata de do projecto, assistir a equipa time box.
um protótipo, nem prova de con- sempre que um impedimento
O Scrum Planning é com-
ceito, mas de uma fracção per- surge, servir de escudo entre o
posto de duas fases. Cada
feitamente funcional do Product Owner e a equipa, as-
uma dessas fases tem um time
software. Cada Sprint terá um segurar a qualidade, produzir
box de 4 horas (podendo vari-
Sprint Backlog com a sua sub- os artefactos do Scrum, reali-
ar dependendo do projecto).
lista de requisitos, cuja estimati- zar as cerimónias do Scrum.
Na primeira o Product Owner
va coincida com a duração esta- explica cada um dos items no
belecida para cada Sprint.

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DESENVOLVIMENTO · SCRUM

Product Backlog e responde a duct Owner na sua decisão pa- decisões estratégicas para a di-
qualquer questão que possa ra a visão do próximo Sprint. recção ou vida do produto.
surgir para a equipa. Na segun- Sprint Retrospective é on-
da a equipa parte os itens de adaptação entra no proces-
(User Stories) em tarefas e esti- Referências
so. Cada membro da equipa, o Schwaber, Ken (1 de Fevereiro
ma o tempo necessário para Scrum Master e opcionalmente
executar cada uma delas, atri- de 2004). Agile Project
o Product Owner pode dizer o Management with Scrum
buindo um responsável por ca- que correu bem e o que pode
da tarefa. No fim o Product melhorar. A informação recolhi-
Owner volta a validar os itens da é transformada em activo
seleccionados segundo os ob- do projecto (lessons applied). Maiores informações:
jectivos do Sprint.
Embora tenha apresenta-
O Daily Scrum é uma opor- do Scrum e Agile dentro do con- Site Control Chaos:
tunidade que a equipa tem pa- texto de desenvolvimento de http://www.controlchaos.com
ra sincronizar. Tem software, simplesmente devido
normalmente um time box de a minha área de especialidade Site Scrum Alliance:
15 ou 30 minutos. Durante es- estar ligado com esta indústria, http://www.scrumalliance.org
ta cerimónia cada um dos mem- Scrum pode ser aplicado a virtu-
bros responder a três almente qualquer indústria. Te-
questões: Que fizeste deste a nho encontrado pessoas que
última sincronização? No que aplicam Scrum, por exemplo,
vais trabalhar até a próxima sin- em equipas que trabalho com
cronização? Que impedimen- a projectos legislativos, manu-
tos o previne de concluir a ais de contabilidade, e muitas
MARCELLO
DUARTE é o autor
tarefa? Outro propósito que se outras áreas. da premiada Quinoa
cumpre nestas sessões é que framework.
o Scrum Master como facilita- Scrum e Agile são especi- Licenciou-se pela
Universidade
dor, toma nota e responsabili- almente relevantes em ambien- Autónoma de Lisboa
za-se por apoiar o membro da tes de mudança, ou quando em Informática de
uma parte do produto pode ser Gestão, tendo se
equipa na resolução do impedi- especializado em
mento. posta em produção antes da Gestão de Projectos
versão final estar terminada e (PMP e Scrum
É no Sprint Review que o proporcionar assim uma diminui-
Master Certified).
Actualmente trabalha
Product Owner tem a oportuni- ção do tempo necessário para como Engenheiro de
dade de inspeccionar o resulta- o retorno do investimento. Ou-
Software para a
Ibuildings UK, em
do da iteração. Durante esta tra aplicação é quando uma par- Londres.
sessão a equipa demostra o te da aplicação possui um
software entregável. O Sprint certo risco e pode ser prioriza-
Review pode direccionar o Pro- da ante as demais, permitindo

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ADMINISTRAÇÃO · CONTROLADOR DE VERSÕES

E você?
Já escolheu o seu
controlador de versões?
Por Evaldo Junior

Calma não precisa escolher um só, as opções estão aí, use e abuse!

Majoros Attila - sxc.hu

É até engraçado ver co- amigo faz as alterações que jul- Se você já passou por es-
mo começamos na vida do de- gar necessárias e implementa ses problemas sabe como é
senvolvimento de software novas funcionalidades, então complicado, se ainda não pas-
sempre usando o estilo “vou ele lhe envia tudo de novo, vo- sou é melhor começar a se pre-
guardar isso em um diretório cê vê as diferenças e as aplica venir e já adotar um sistema
no meu computador”, e lá se ao código principal... Chato is- de controle de versões. Mas
vão alguns diretórios para guar- so, não? Mas seria ainda mais agora vem a pergunta, o que é
dar códigos de diferentes proje- chato se fosse uma equipe de, um sistema de controle de ver-
tos, o que não é digamos, apenas três pessoas. sões mesmo?
necessariamente uma coisa E o que aconteceria então se a Os sistemas controlado-
ruim, quando você trabalha sozi- equipe crescesse? res de versão[1] (version con-
nho ou tem projetos realmente Toda essa história de equi- trol system) são utilizados para
pequenos. pe já assusta um pouco, mas controlar as várias versões
Mas quando alguém resol- também existe o problema das principalmente de software,
ve contribuir com o seu projeto versões, como voltar a ter o sis- mas podem ser usados para
a coisa começa a complicar, tema de, digamos, um ano controlar versões de vários ti-
imagine a cena, um amigo lhe atrás? Ou mesmo desfazer pos de documentos digitais.
pede o código, você compacta uma grande parte de código Existem controladores de
e envia tudo por e-mail, esse que você estava trabalhando? versão livres e também os pro-

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ADMINISTRAÇÃO · CONTROLADOR DE VERSÕES

prietários, eu, particularmente, dando o que falar é o Maiores informações:


já trabalhei com o Subversi- GitHub[9], nele podemos traba-
on[2] e com o Git[3], mas pos- lhar com o Git, que, aliás, já [1] Artigo na Wikipédia:
so indicar opções como o nasceu famoso, já que é uma http://pt.wikipedia.org/wiki/Controle_d
famoso CVS[4] e o Mercuri- criação de Linus Torvalds, co- e_vers%C3%A3o
al[5]. E o legal é que não fica- nhece? O GitHub não oferece
mos apenas nisso, existem um Bug Tracker, mas a Wiki es- [2] Site Subversion:
muitos outros controladores de tá lá. http://subversion.tigris.org/
versão por aí, basta pesquisar, Uma outra ferramenta
comparar e escolher! [3] Site Git:
que posso indicar é o BitBuc-
http://git-scm.com/
Depois de escolher o seu ket[10], nele podemos usar o
controlador de versões você po- Mercurial como controlador de
[4] Site CVS:
deria muito bem usa-lo apenas versões, além de um Bug Trac-
http://www.nongnu.org/cvs/
localmente, isso lhe daria a ker e Wiki.
oportunidade de navegar entre O interessante dessas fer- [5] Site Mercurial:
as versões do seu software, o ramentas é que, além de hospe- http://www.selenic.com/mercurial/wiki/
que pode lhe ajudar muito em dar projetos e oferecer
várias situações. recursos para controlar ver- [6] Site Sourceforge:
Mas vamos falar de cola- sões, elas também acabam se http://sourceforge.net/
boração! Qual é a graça de tornando redes sociais para de-
manter seu código só para vo- senvolvedores, e é de código [7] Site Google Code:
cê? Ainda mais quando fala- em código que o pessoal vai http://code.google.com/
mos de Software Livre? se conhecendo e evoluindo a
Existem várias ferramen- cada dia. [8] Site Projeto GeSpeak:
http://gespeak.googlecode.com/
tas para tornar seu código públi- Ultimamente eu estou
co e ainda utilizar uma solução bem empolgado com o GitHub
[9] Site Github:
em controle de versões. Uma e até já o utilizei para desenvol-
https://github.com/
ferramente muito conhecida é ver um projeto pessoal, o
o Sourceforge[6], nele pode- WPMLC[11].
[10] Site CVS:
mos usar, por exemplo, o CVS, Eu recomendo que você http://bitbucket.org/
Subverion e Git, além de ter- conheça pelo menos dois con-
mos à nossa disposição ferra- troladores de versão, quanto [11] Site Projeto WPMLC:
mentas como Wiki e Bug mais melhor, é claro, mas, por http://github.com/InFog/wpmultilangua
Tracker. enquanto, eu estou satisfeito gechanger
Funcionalidades pareci- com o Subversion e o Git.
das podemos encontrar no Goo- Então é isso, escolha o
gle Code[7], onde eu seu controlador de versões, EVALDO JUNIOR
mantenho o GeSpeak[8]. No use uma das ferramentas de co- (InFog) é formado
Google Code contamos com o laboração para tornar seu códi- pela Fatec em
Subversion como controlador processamento de
go público e boa sorte com dados e atualmente
de versão, Wiki, Bug Tracker e seus projetos! Nos encontra- é desenvolvedor,
contador de downloads. administrador de
mos nos repositórios por aí, sistemas e membro
Um sistema legal que sur- até a próxima! da comunidade de
software livre.
giu nos últimos tempos e está

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CASE · GESTÃO DE INCIDENTES DE TI COM OCOMON

IFES Cariacica:
Gestão de incidentes
de TI com o Ocomon
Por Célio P. Maioli

Slavomir Ulicny - sxc.hu

A unidade de Cariacica aprovação no concurso para o


(região metropolitana de Vitó- cargo de Analista de TI, fui con-
ria) do CEFET-ES[1], atualmen- vidado a assumir a coordena-
te nomeado campus Cariacica ção dos trabalhos de
do Instituto Federal do Espírito implantação da infraestrutura
Santo, iniciou suas atividades de LAN, necessária para interli-
em agosto de 2006 com o cur- gar o campus a internet. Quan-
so técnico pós-médio em ferrovi- do nossa estrutura estava
as e uma infraestrutura que minimamente funcional - e
precisava de algumas melhori- com o crescimento das deman-
as, inclusive na área de tecnolo- das de serviços - percebemos
gia da informação. Neste que havia a necessidade da im-
sentido, para prestar serviços plantação de algum sistema ca-
educacionais reconhecidamen- paz de organizar os incidentes
te de qualidade para o público de TI da escola. As demandas
capixaba, o Instituto conta em chegavam por telefone ou
seu corpo funcional com um email, quando não eram soluci-
grupo de técnicos de nível mé- onadas por um dos técnicos
dio e superior em cada uma de da equipe que estava de pas-
suas nove unidades espalha- sagem, próximo ao problema.
das pelo estado. Chamávamos isto de "solução
Com a implantação da uni- de corredor", já que todos os
dade de Cariacica, e minha problemas, sempre urgentes,
eram resolvidos sem uma in-

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CASE · GESTÃO DE INCIDENTES DE TI COM OCOMON

Fases do Projeto
Iniciamos a fase 1 no iní-
cio de 2007 com a aquisição
de uma máquina que atendes-
se aos requisitos mínimos para
atuar como servidor web. Con-
seguimos um HP 5150, Atlhon
3600+ com 1Gb de RAM e
80GB de HD, ou seja, um desk-
top que transformamos em ser-
vidor. Esta máquina foi
suficiente por que não havia in-
teresse no acesso externo ao
sistema, ou seja, apenas o pú-
blico interno a escola poderia
registrar problemas de TI. Es-
colhemos a plataforma LAMP
(Linux, Apache, MySql, PHP)
Figura 1: Unidade IFES Cariacica - Fonte: www.ifes.edu.br
para abrigar o sistema, pois se-
ria mais simples a implementa-
terface única entre os setores ção destes e de outros
da escola e a tecnologia da in- sistema de código aberto para projetos de software livre.
formação. que, se fossem necessários,
ocorressem os ajustes míni- A fase dois correu quase
Portanto, era muito impor- mos, dada a nossa pequena paralelamente à fase um, pois
tante começar a padronizar e equipe. tratava de pequenos ajustes
documentar os procedimentos gráficos e funcionais ao site. In-
de atendimento. Além disto, re- Entre pesquisas em fó- serimos o logo do CEFETES e
cebíamos críticas por serviços runs e sites especializados em retiramos alguns campos não
não realizados e por outros, cu- software livre, encontramos o interessantes ao nosso contex-
jo tempo de resposta e atendi- Ocomon[2], um sistema de re- to, como a etiqueta do produto.
mento era excessivamente gistro de incidentes bastante Entretanto, a principal altera-
grande. Também havia casos aderente ao ITIL (referência ção no código foi a integração
nos quais a solução não chega- mundial no gerenciamento de com nosso serviço de diretóri-
va sequer ao contento do usuá- serviços de TI), que já vem sen- os. O sistema CEFETES adota
rio atendido. do usado por várias organiza- o Active Directory (AD) da Mi-
ções no Brasil. Baixamos a crosoft para gerenciar usuári-
Assim, era urgente imple- versão 1.4, uma anterior que a os, grupos e políticas de
mentar alguma ferramenta de mais recente, pois assim tería- segurança, por isso era funda-
controle, mas alguns requisitos mos um sistema mais estável. mental ao funcionamento do
precisavam ser preenchidos,
O projeto de implementa- sistema que os usuários pudes-
dentre eles, a apresentação do
ção foi dividido em 5 fases: es- sem "logar" com mesmo usuá-
sistema, que deveria ser do ti-
trutura básica, adequação do rio e senha, que já possuíam,
po "web para fácil acesso a to-
sistema, cadastros, testes de para ingressar na rede e no
dos os usuários"; módulos de
uso e lançamento. email. Assim que a integração
relatório; integração com nos-
com o AD e demais ajustes fo-
so serviço de diretório; ser um

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CASE · GESTÃO DE INCIDENTES DE TI COM OCOMON

ram feitos, passamos ao cadas-


tro dos principais problemas e
das SLAs (service level agree-
ment), baseando-se em nossa
experiência anterior - de solu-
ção de incidentes. Dividimos
os problemas em três grandes
categorias: hardware, software
e outros. Em cada categoria
consta uma lista de problemas
genéricos tais como: Mouse
não funciona, sistema operacio-
nal não inicia, ou criação de
Figura 2: O sistema em funcionamento
conta de usuário, respectiva-
mente. Fizemos os testes ne- ca que oferecia este serviço, Ocomon, mas a unidade de Ca-
cessários antes de liberar os houve estranheza e resistência riacica saiu na vanguarda e ain-
testes para alguns usuários- inicial pois os usuários ainda da é a única que tem uma
chave. queriam "soluções de corre- base de dados com mais de
Na fase de testes, incluí- dor", no entanto, com o tempo, um ano de incidentes de TI.
mos alguns problemas na rela- conseguimos uma interface úni- Portanto, é imprescindível para
ção que não constavam ca, na qual poderíamos docu- uma instituição, do tamanho e
originalmente e fizemos alguns mentar os incidentes, ter uma da importância do Instituto Fe-
pequenos ajustes. fila rígida para atendimentos e, deral, um serviço de TI pró-ati-
no fim de um período, gerar re- vo, que possa entregar à
Com os usuários-chave latórios gerenciais de apoio à direção informações gerenciais
treinados e o apoio da direção, decisão adotada. Atualmente capazes de nortear ações de
lançamos efetivamente nosso outras unidades do sistema es- capacitação e prevenção a pro-
sistema de controle de inciden- tão buscando soluções seme- blemas, e sistemas como o
tes de TI em março de 2008. lhantes, usando ou não o ocomon são chave para isto.
Como nossa unidade era a úni-

Maiores informações:
[1] Site CEFET-ES:
http://www.cefetes.br
É imprescindível para uma
[2] Site Oficial Ocomon:
instituição um serviço de TI pró- http://ocomonphp.sourceforge.net

ativo, que possa entregar a direção


informações gerenciais capazes de CÉLIO P. MAIOLI é
engenheiro de
nortear ações de capacitação e computação com
Mestrado em
prevenção a problemas... Engenharia Elétrica
pela UFES e
Célio P. Maioli atualmente é
professor do campus
Serra do IFES.

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ADMINISTRAÇÃO · PRIMEIRAS IMPRESSÕES COM O DOTPROJECT

Primeiras impressões
do dotProject
Por Saymon Castro

Um projeto é um empreendimento com ca- ta ter um servidor web + php e o banco de da-
racterísticas próprias, tendo princípio e fim, con- dos MySql instalados. Existem os módulos
duzidos por pessoas, para atingir metas Add-on, que podem ser encontrados no site ofici-
estabelecidas dentro de parâmetros de prazo, al, tais módulos são desenvolvidos por usuários
custo e qualidade. Um projeto é um empreendi- que servem de extensão para o projeto. Um ex-
mento temporário, cujo objetivo é criar um produ- emplo de add-on é a tradução do dotProject pa-
to ou serviço, distinto e único. ra o português Brasil.
A gestão de projetos é aplicação dos conhe- O primeiro acesso ao dotProject será feito
cimentos, habilidades, ferramentas e técnicas através do usuário: admin, senha: passwd. A pri-
com o objetivo de atingir ou até mesmo exceder meira tela, após a autenticação é parecida com
as necessidades e expectativas dos clientes e a figura 1.
demais partes interessadas do projeto, por este Na parte superior, veremos a versão do
motivo, portanto nenhum projeto poderá ser dotProject (neste caso é 2.1.2), logo abaixo, es-
bem sucedido se não for bem gerenciado. tarão os links principais de navegação. À direita
No mercado, existem softwares como por temos um calendário e mais ao centro a parte
exemplo MS Project (Microsoft) que são referên- mais operacional do sistema.
cia quando o assunto é gerenciamento de proje-
tos. Tais softwares auxiliam na concepção,
planejamento e controle dos projetos.
Pesquisando sobre alternativas de softwa-
re ao Project da Microsoft, descobri o projeto
opensource dotProject (www.dotproject.net). O
dotProject é uma ferramenta de gerenciamento
de projetos, cuja interface é web (desenvolvido
em php e banco de dados MySql), que facilita a
interatividade da equipe com a atualização da
execução das tarefas de um projeto.
A instalação é relativamente simples para Figura 1 - Lista de projetos
quem possui certo conhecimento de redes. Bas-

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ADMINISTRAÇÃO · PRIMEIRAS IMPRESSÕES COM O DOTPROJECT

Principais Recursos: rárquico, por exemplo, em um projeto X a tarefa


1 é pré-requisito para execução da tarefa 2, as-
Gerenciamento de Clientes e Empresas
sim podendo gerar relatórios do tipo Gantt.
É possível cadastrar e gerir diversas empre-
sas e clientes, com diversos departamentos, pes-
soas responsáveis pelos departamentos,
equipes entre outros.

Figura 2 - Gerenciamento de empresas


Figura 5 - Relatório do tipo Gantt

Gerenciamento de usuários Repositório de Arquivos


É possível configurar diversas permissões É possível anexar arquivos referentes a ca-
dos usuários em relação ao sistema, visualizar da tarefa de um projeto.
os usuários online e offline, em que momento e
local (data/hora e IP) eles entraram no sistema
e as sessões abertas no momento.

Figura 6 - Repositório de arquivos

Fórum
Figura 3 - Gerenciamento de usuários
É comum que na concepção, planejamen-
to, controle e desenvolvimento de um projeto ha-
Integração com servidor de email
jam diversos debates. Pensando nesse aspecto
É possível integrar o dotProject a um servi- o dotProject possui um fórum para cada projeto.
dor de email, assim as novas atividades/projetos
podem ser avisados via email.

Lista de Tarefas em formato Hierárquico


As tarefas podem assumir um caráter hie- Figura 7 - Fórum

Calendário
O calendário do dotProject registra todas
os eventos e atividades referentes aquele dia,
ajudando muito nessa gestão.
Figura 4 - Lista de tarefas

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ADMINISTRAÇÃO · PRIMEIRAS IMPRESSÕES COM O DOTPROJECT

fas atrasadas por usuário, tarefas completadas


na última semana, tarefas a ser completadas na
próxima semana, gant,entre outros. Sendo que
também é possível fazer adição de mais relatóri-
os através de módulos Add on.

Figura 8 - Calendário

Sistema de Chamados Figura 11 - Relatórios

É possível criar chamados referentes a Particularmente, gosto de soluções sim-


uma empresa e projeto. Esse recurso auxiliará a ples e eficazes. O dotProject tem uma navega-
enviar observações, detalhes ou perguntas so- ção relativamente simples, é um sistema
bre aquele projeto. customizável, multiplataforma, e pode ser traba-
lhado em equipe. É possível fazer toda gestão
de projetos, tarefas, cronogramas, recursos hu-
manos, empresas, clientes. Portanto se você es-
Figura 9 - Chamados
tá procurando uma alternativa ao MS Project,
vale a pena fazer um estudo de caso com a fer-
Customização do sistema ramenta opensource dotProject.
Você poderá inserir campos, exibir ou ocul-
tar funcionalidades, definir atributos de um usuá- Maiores informações:
rio padrão, melhoria da tradução. Site oficial dotProject:
http://www.dotproject.net

Lista em português do dotProject:


http://listas.softwarelivre.org/cgi-bin/mailman/listinfo/
dotproject-br

SAYMON CASTRO
é Pós-Graduando
em Gerenciamento
de Projetos pela FIJ,
Tecnólogo em
Figura 10 - Customização/administração do sistema Redes de
Computadores pelo
Ifes, Analista de
Tecnologia da
Relatórios Informação pelo Ifes
e professor de
Existem diversos relatórios disponíveis: De- ensino
sempenho do usuário, Horas alocadas por usuá- profissionalizante
(Técnico em
rio, estatísticas de projetos, lista de tarefas, Informática).
relatório das tarefas, tarefas por usuário, Tare-

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TECNOLOGIA · OPENDOCUMENT FORMAT - ODF

Para quem ainda não


conhece, apresento o
OpenDocument Format - ODF
Por Jomar Silva

Na edição passada da re- situações onde a edição do do- tornasse o que comumente se
vista, abordei o tema Padrões cumento é feita de forma cola- chama de “padrão de merca-
Abertos para garantir que to- borativa. Existem ainda os do” (eu odeio este termo). Um
dos os leitores saibam exata- documentos de escritório em dos problemas que isso nos
mente diferenciar o que é um forma final, comumente armaze- trouxe é que em média a cada
padrão aberto e o que é uma nados em um formato não editá- dois anos, o fabricante da tal
especificação publicada na In- vel, como o PDF (ok, eu sei suíte de escritório lançava uma
ternet. No artigo de hoje vou fa- que você pode até editar um nova versão da suíte, alteran-
lar sobre um padrão aberto PDF, mas o formato PDF foi cri- do o formato dos documentos
que está sendo adotado no ado pela indústria gráfica para gerados por ela. Isso demanda-
mundo todo e mudando a for- armazenar documentos em va a atualização da suíte de es-
ma pela qual armazenamos do- sua forma final, como se fosse critório, e portanto aquisição
cumentos editáveis de uma impressão eletrônica do de uma nova licença, por parte
escritório. documento). de praticamente todos os usuá-
rios, uma vez que os documen-
Documentos de escritório Na década de 90, vivía-
tos gerados por uma nova
são aqueles que utilizamos no mos uma situação interessante
versão da suíte não era supor-
dia a dia em nossa vida pesso- onde era crescente a utilização
tado pelas versões anteriores.
al ou corporativa, tipicamente de uma suíte de escritórios es-
Bastava que uma organização
textos, planilhas e apresenta- pecífica (e proprietária) para a
em uma rede de troca de docu-
ções. São chamados “editá- produção de documentos de es-
mentos fizesse o upgrade para
veis” pois comumente são critório e tal utilização massifica-
que todas as demais acabas-
documentos que são armazena- da (chegando a taxas
sem tendo também que fazer a
dos em forma editável, e são uti- superiores a 90% de liderança
atualização, pois os problemas
lizados como base para o de mercado) acabou fazendo
gerados pela falta de interope-
desenvolvimento de novos do- com que o formato de documen-
rabilidade eram elevados e o
cumentos, não sendo raras as tos utilizado por esta suíte se
retrabalho (gravar o documen-

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TECNOLOGIA · OPENDOCUMENT FORMAT - ODF

to na versão anterior do forma- os hieróglifos, e através dela do- engenharia reversa e partido
to), além de improdutivo por ve- cumentou toda a sua história do texto em grego, em 1822 os
zes gerava a perda de parte em seus monumentos e papi- hieroglifos foram decifrados, ini-
das informações ou da formata- ros. O problema é que por vol- ciando assim os estudos sobre
ção do documento (cá entre ta do ano 300 D.C. morreu o sua formação e permitindo o
nós, todos sofremos com isso último egípcio que sabia ler os aprofundamento dos estudos
pelo menos uma vez na vida, hieróglifos e com ele morreu a sobre a civilização egípcia. No-
não é ?) possibilidade de se utilizar as in- te que este processo só foi pos-
Existiam outras opções formações existentes naqueles sível pois existia uma versão
de suítes de escritório na épo- documentos. Durante aproxima- conhecida do texto, e infeliz-
ca, mas a utilização massifica- damente 1.500 anos os hierógli- mente nos nossos tempos (ou
da da suíte que dominou o fos desafiavam os em um futuro próximo) a enge-
mercado acabou forçando to- pesquisadores e em 1799 o nharia reversa talvez não pos-
das as organizações a adota- exército de Napoleão encon- sa ser aplicada, pois é comum
la, pois era mais barato com- trou no norte do Egito, na cida- encontrarmos somente a ver-
prar a licença e instalar a nova de de Rosetta uma pedra que são eletrônica de nossos docu-
suíte do que ficar o tempo todo ajudaria mudar esta história. Es- mentos (e sem uma cópia
tendo retrabalho para importar ta pedra, que ficou conhecida impressa, nossos herdeiros
e exportar documentos. como a “Pedra da Rosetta”, não poderão fazer muito para
continha um mesmo texto escri- desvendar nossos hieróglifos
Não foi a primeira vez na to em hieróglifos, demótico e digitais). No nosso caso, corre-
história da humanidade que a grego clássico, a única língua mos o risco de perder uma par-
forma de armazenar informa- conhecida na época de Napo- te da nossa própria história,
ções nos trouxe problemas. leão (para os mais curiosos, os pois grande parte dos docu-
Gosto de lembrar a todos em últimos faraós do Egito, os Pto- mentos governamentais gera-
minhas palestras que a civiliza- lomeus, eram de origem Gre- dos nas últimas décadas já
ção egípcia utilizava uma for- ga, por isso o texto em grego são, infelizmente, hieróglifos di-
ma muito peculiar de escrita, gravado na pedra). Através de gitais.
Ainda olhando as lições
da história, o Império Romano
criou uma biblioteca no norte
do Egito, na cidade de Alexan-
Os especialistas no acervo da dria que é considerada como o
Biblioteca de Alexandria consideram maior repositório de documen-
tos que a humanidade já criou.
que se o conhecimento não tivesse se Durante aproximadamente
1.000 anos, todos os documen-
perdido pelo fogo em 646 D.C. tos encontrados no Império
eram levados para a bibliote-
poderíamos hoje ter a cura para ca, que apesar deste nome,
funcionava como uma universi-
doenças como o câncer. dade aberta e seus documen-
tos foram base para o
Jomar Silva
desenvolvimento de importan-
tes obras sobre geometria, tri-

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TECNOLOGIA · OPENDOCUMENT FORMAT - ODF

gonometria e astronomia, idio- ceu com empresas no passa- to das informações e por isso,
mas, literatura e medicina. Infe- do, por exemplo, alguém aí junto com a criação do projeto
lizmente a biblioteca foi lembra do WordStar ?). Para do OpenOffice.org foi criado
totalmente destruída pelo fogo muita gente no Império Roma- um projeto para desenvolvi-
em 646 D.C., queimando prati- no, imaginar a Biblioteca de Ale- mento colaborativo de um for-
camente todo o conhecimento xandria destruída pelo fogo mato de documentos para ser
escrito que o império romano ti- também era um despautério, utilizado pela suíte, com base
nha coletado e gerado em qua- mas aconteceu. no formato XML desenvolvido
se 1.000 anos. Os Voltando aos nossos tem- anteriormente pela Star Divisi-
especialistas no acervo da bibli- pos, na década de 90, uma em- on.
oteca consideram que se este presa alemã chamada Star Cabe lembrar aqui que
conhecimento não tivesse se Division desenvolvia uma suíte até o final do primeiro trimestre
perdido, poderíamos hoje ter cu- de escritório chamada Star Offi- do ano passado (2008), a espe-
ra para doenças como o Cân- ce, distribuída gratuitamente. cificação dos formatos proprie-
cer e alguns desenvolvimentos Dentro desta empresa, foi inicia- tários da suíte de escritório
em tecnologia que nem sequer do o desenvolvimento de um dominante do mercado era fe-
conseguimos imaginar. formato de documentos editá- chada e de controle direto do
seu fabricante. Já há alguns
anos esta empresa permitia
que seus parceiros acessas-
sem esta especificação medi-
ante a assinatura de um
É importante a garantia de contrato específico e por isso,
que os documentos armazenados não eram abundantes as em-
presas que topavam esta pro-
em ODF poderão ser abertos em posta. Até então, todo o
suporte aos formatos proprietá-
10, 50 ou 100 anos. rios implementados em softwa-
Jomar Silva
res livres, como o
OpenOffice.org, era fruto de en-
genharia reversa e por este
motivo, nem sempre estes
Muita gente considera veis de escritório baseado em softwares tratavam os docu-
que utilizar um formato proprie- XML, para ser utilizado pelo mentos de forma adequada.
tário para armazenamento de software. Atualmente esta documenta-
documentos não é tão mal as- Em 2000 a Sun Microsys- ção está disponível na Inter-
sim, pois existe uma grande em- tems comprou a Star Division e net, mas creio que todos aqui
presa por trás deste formato. A decidiu licenciar em software li- já sabem que ela não é um pa-
Biblioteca de Alexandria tam- vre o código fonte da suíte, nas- drão aberto, é apenas uma es-
bém era assim, indestrutível, e cendo assim o projeto pecificação publicada.
da mesma forma que muita gen- OpenOffice.org. Não fazia senti- Em 2002, foi lançado o
te acredita que a tal empresa ja- do algum ter uma suíte de escri- OpenOffice.org versão 1 e o
mais deixará de existir tório em software livre que StarOffice versão 6, ambos
(levando consigo o formato de tivesse que utilizar um formato com suporte ao formato de do-
documentos, como já aconte- proprietário para armazenamen- cumentos desenvolvido (exten-

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TECNOLOGIA · OPENDOCUMENT FORMAT - ODF

são .sxw, alguém aí lembra dis- em Maio de 2008 como a NBR va da indústria e seu desenvol-
so ?). Com este lançamento, es- ISO/IEC 26.300:2008 (ou seja, vimento não depende de uma
tava comprovado que a o ODF é a norma técnica brasi- única empresa. A segunda é
utilização da tecnologia XML pa- leira para documentos editá- que sua especificação está dis-
ra armazenar documentos editá- veis de escritório). ponível na Internet e já exis-
veis de escritório era viável e o O maior benefício propicia- tem diversas implementações
novo formato criado atraiu a do pelo ODF é a liberdade que de referência do padrão licenci-
atenção de outras comunida- ele oferece a quem o utiliza, adas em código aberto, como
des de software livre, que se en- permitindo que qualquer aplica- o OpenOffice.org. Novamente,
volveram no projeto de ção que suporte o padrão (atu- a continuidade destas aplica-
desenvolvimento do novo for- almente mais de 50 aplicações ções depende mais das pesso-
mato (destaque na época para já o fazem), possa ser utilizada as (como eu e você) do que
o Koffice). das empresas, mas acho que
O novo formato atraiu a
atenção da indústria e por isso
foi criado em 2002 um comitê
para seu desenvolvimento den- O maior benefício propiciado
tro do OASIS, uma organiza-
ção internacional sem fins pelo ODF é a liberdade que ele
lucrativos que trabalha com o
desenvolvimento de padrões oferece a quem o utiliza.
abertos (de acordo com os crité- Jomar Silva
rios que vocês já conhecem,
descritos na edição passada
da revista).
Em Dezembro de 2004 o todo mundo aqui já sabe disso,
segundo draft do padrão foi para manipular os documen-
tos, independente do sistema não é ?
aprovado no OASIS, em Feve-
reiro de 2005 o terceiro draft é operacional utilizado ou da pla- Mais do que ter a liberda-
colocado em consulta pública taforma computacional (falan- de, com a utilização do ODF
e em Maio de 2005 o ODF é do nisso, para quem gosta das você permite que os outros te-
aprovado pelo OASIS. Note buzzwords, se você é da gera- nham liberdade também, não
que esta aprovação ocorre ção “da nuvem” ou da turma obrigando ninguém a adquirir
após 6 anos de desenvolvimen- do “SaaS”, pode utilizar ODF uma licença de software algum
to do padrão, 5 dos quais atra- no Google Docs, sem necessi- para poder trocar documentos
vés de um processo aberto e dade de instalar nenhuma suí- com você. Mais legal ainda é
colaborativo. te de escritório em seu que existindo uma suíte de es-
computador). critórios tão completa como o
Em Setembro do mesmo OpenOffice.org disponível gra-
ano, o ODF é encaminhado pa- É importante também a ga-
rantia de que os documentos ar- tuitamente, você pode ensinar
ra a ISO, e em Maio de 2006 o e recomendar a todos que o
ODF é aprovado por unanimida- mazenados em ODF poderão
ser abertos em 10, 50 ou 100 instalem em seu computador
de, se tornando a norma para poder editar nativamente
ISO/IEC 26.300, adotada (este anos, por dois motivos princi-
pais. O primeiro deles é que o documentos em ODF.
é o termo para a aprovação de
uma norma na ABNT) no Brasil ODF é uma iniciativa colaborati- Muita gente deve estar se

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |68


TECNOLOGIA · OPENDOCUMENT FORMAT - ODF

perguntando “Por que o Jomar tes do lançamento, gostaria de realmente inovadoras que utili-
fala tanto em OpenOffice.org e deixar claro que “Só acredito zam o ODF ainda serão desen-
não no BrOffice.org?”. Para vendo :)”). Ainda falando em Mi- volvidas. Meu principal objetivo
quem não sabe, o OpenOffi- crosoft Office, já existem plug- hoje é fazer com que você seja
ce.org e o BrOffice.org são exa- ins para fazer com que ele su- o autor de uma delas :)
tamente a mesma aplicação, e porte ODF e destes plug-ins, o
basicamente o nome muda por mais destacado (e até onde
que quando o OpenOffice.org sei o mais completo) é desen-
foi lançado internacionalmente, volvido pela Sun Microsystems
a marca OpenOffice.org já ha- e pode ser facilmente encontra-
via sido registrada no Brasil e do na Internet. Como se pode Maiores informações:
a empresa detentora do regis- ver, a escolha da sua suíte de
tro não abriu mão da sua mar- escritório é toda sua. ODF Alliance:
ca. A comunidade brasileira http://www.odfalliance.org
Atualmente participam do
precisou então mudar o nome desenvolvimento do ODF diver-
da “nossa versão” traduzida do Site do OpenOffice.org:
sas empresa de tecnologia co- http://www.openoffice.org
OpenOffice.org para BrOffi- mo Novell, Google, Sun
ce.org e por incrível que pare- Microsystems, IBM, Red Hat e
ça isso nos deu alguns Site do BrOffice.org:
Microsoft (entre outros), além http://www.broffice.org
benefícios. O primeiro e mais de diversos especialista do
importante deles é que temos mundo todo, como este que
hoje uma das maiores e mais Site da OASIS:
vos escreve (sim, tem brazuca http://www.oasis-open.org
ativas comunidades de OpenOf- desenvolvendo o ODF :) ).
fice.org do mundo e muita gen-
te chega á esta comunidade A última versão do ODF ISO:
imaginando que o software é to- aprovada pelo OASIS é a ver- http://www.iso.org
do desenvolvido no Brasil. são 1.1, que se diferencia da
Quando aprende a história que versão 1.0 (a mesma da norma ABNT:
acabei de contar, o colabora- ISO), por contar com suporte á http://www.abnt.org.br
dor já está apaixonado pela suí- acessibilidade. A versão 1.2 do
te e pela comunidade e aí não ODF está em fase final de de- Blog do Jomar:
consegue mais abandona-la. senvolvimento no OASIS e con- http://homembit.com
vido a todos a acompanhar
Existem outros softwares nosso trabalho (basta buscar JOMAR SILVA é
que suportam o ODF e dentre engenheiro
OASIS ODF TC e você nos en- eletrônico e Diretor
eles destaco o Lotus contra online). Geral da ODF
Symphony da IBM, o Star Offi- Alliance Latin
Espero que todos agora America. É também
ce da Sun, os softwares livres coordenador do
Koffice e Abiword (só para citar saibam o que é o ODF, pois grupo de trabalho na
pretendo falar mais sobre ele ABNT responsável
alguns) e por incrível que pare- pela adoção do ODF
ça, no final do mês de Abril se- nos próximos artigos da revis- como norma
rá lançado o Service Pack 2 do ta. Eu acredito que estamos brasileira e membro
do OASIS ODF TC,
Office 2007 da Microsoft que te- com o ODF hoje no mesmo es- o comitê
rá como uma das suas novida- tágio que estávamos com o internacional que
HTML em 1995 e por isso, ain- desenvolve o padrão
des o suporte nativo ao ODF ODF (Open
(como escrevo este artigo an- da vai passar muita água debai- Document Format).
xo da ponte e as aplicações

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |69


FORUM · PANÓPTICO NA REDE

PANÓPTICO
NA REDE
Por Filipe Saraiva

Adam Jakubiak - sxc.hu

O Panóptico de Bentham é a figura arquitetural dessa


composição. O princípio é conhecido: na periferia uma construção
em anel; no centro, uma torre; esta é vazada de largas janelas que
se abrem sobre a face interna do anel; a construção periférica é
dividida em celas, (...) elas têm duas janelas, uma para o interior,
correspondendo às janelas da torre; outra, que dá para o exterior,
permite que a luz atravesse a cela de lado a lado. Basta então
colocar um vigia na torre central, e em cada cela trancar um louco,
um doente, um condenado, um operário ou um escolar. Tantas
jaulas, tantos pequenos teatros, em que cada ator está sozinho,
perfeitamente individualizado e constantemente visível. O dispositivo
panóptico organiza unidades espaciais que permitem ver sem parar
e reconhecer imediatamente.
Michel Foucault

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |70


FORUM · PANÓPTICO NA REDE

O fragmento do texto aci- le na Internet envolve os dois panóptica/controladora no cibe-


ma foi retirado do livro “Vigiar e conjuntos teóricos. Em alguns respaço. A vigilância está cres-
Punir”, do francês Michel Fou- momentos é mais interessante cendo e se fortalecendo a
cault, considerado um dos maio- falar de Sociedade do Controle partir de leis, tratados e produ-
res intelectuais do último (Google Latitude?); em outros, tos disponibilizados que cada
século. Suas obras resultaram como as recentes leis de ciber- vez mais nos conhecem, sa-
em contribuições valiosas para crimes, falar de Panóptico é bem o que fazemos e o que
uma diversidade de ciências e mais condizente com a noção buscamos na rede.
áreas do saber, indo da psiquia- hierárquica de vigilância – co- Uma parte dessas leis é
tria à filosofia, pedagogia, histó- mo um servidor que impede o fruto de lobby dos conglomera-
ria, política, direito... no livro acesso de internautas a deter- dos de empresas fonográficas,
citado, Foucault faz um apanha- minados endereços (procure que tentam impedir o comparti-
do histórico da legislação e por Grokster e acesse o site pa- lhamento de seus bens cultu-
dos métodos penais de diver- ra ter uma ideia disso). Para ou- rais sujeitos ao copyright. Já
sos países e instituições, expon- tras abordagens, acho que havia comentado sobre isso
do como esta área mudou uma teoria híbrida seja ainda em meu último texto na revista
suas práticas no decorrer do mais interessante: um servidor (ver Espírito Livre nº 1 – Julga-
tempo e foi tornando-se cada que guarda seus logs de aces- mento do The Pirate Bay): exis-
vez mais sutil em suas ações. so é tanto panóptico – porque te uma pressão em
A ideia de discutir-se as ele está o “observando o tem- parlamentos e congressos no
implicações psicológicas e soci- po todo” - como um agente do mundo para aprovar leis que
ais, constituídas pela arquitetu- controle – você tem liberdade impeçam essa distribuição e,
ra de uma prisão de vigilância de deslocamento pelo ciberes- na ânsia de descobrir quem
panóptica, não foi proposta por paço até certo ponto. são os partilhadores, muitas
Foucault; porém, ele foi um Os governos e grandes dessas leis trazem artigos que
dos que desenvolveu a teoria empresas do mundo passam violam a privacidade das pes-
de tal forma que hoje ela é utili- agora por um momento de im- soas – como registros de log
zada para discutir vários tipos plementação de uma política contendo: quais sites foram vi-
de opressão hierarquizantes –
seja nos manicômios e presídi-
os até fábricas e escolas.
Com o tempo, a teoria so-
bre o Panótipco gerou um pla-
A vigilância está crescendo e
no teórico/discursivo mais se fortalecendo a partir de leis,
condizente com nosso atual es-
tado de sociedade – onde a mo- tratados e produtos disponibilizados
bilidade é maior, mas a
vigilância não deixa de existir. que cada vez mais nos conhecem,
Falo sobre a Sociedade do Con-
trole, que nos observa no nos- sabem o que fazemos e o que
so cotidiano, sem
necessariamente nos privar da
buscamos na rede.
liberdade de escolha e de deslo- Filipe Saraiva
camento.
Para mim, falar de contro-

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FORUM · PANÓPTICO NA REDE

sitados, quanto tempo passou recentemente várias delas tra- ce administradores de redes
em cada um deles, sobre o mitando em diferentes países sociais como Facebook e MyS-
que eles tratam... – vale citar alguns, por exem- pace a fornecer detalhes de
Outra frente parte dos ma- plo, França, Coreia do Sul, Grã- amigos e contatos de usuários.
gistrados mais conservadores, Bretanha e Brasil. O governo diz que o projeto é
que interpretam a dinâmica Na França, existe um pro- necessário para combater o ter-
das redes como similar a das jeto de resposta gradual que rorismo no país, e que para is-
sociedades convencionais, ten- suspenderá o acesso a Inter- so é fundamental ter acesso
tando transpor leis e juízos de net de partilhadores por até irrestrito a esses dados.
valor da realidade física (palpá- um ano (ver Espírito Livre nº 1 No Brasil temos a Lei Aze-
vel) para a virtual. Daí, por ex- – Julgamento do The Pirate redo que, através de seus arti-
emplo, que distribuir música, Bay). A responsabilidade por gos bastante abertos a várias
filmes e livros ou até simples- acusar e investigar os internau- interpretações, criminaliza o
mente fazer legendas para um
seriado sejam considerados,
respectivamente, furto e que-
bra de direito autoral.
E por último, outro grupo
Acredito que deva haver
que propõe leis de controle so- um aparato para coibir estes
bre a rede são, por vezes, liga-
dos aos movimentos de crimes pela rede, mas as leis que
garantia dos direitos humanos
que gostariam de interceptar re- versariam sobre esta questão não
des de tráfico de drogas, ar-
mas e crimes bárbaros como deveriam colocar a totalidade dos
os de pedofilia. Certamente, es-
tas atitudes listadas causam
internautas como suspeitos
prejuízos a sociedade como
um todo; porém suspender ga-
destes atos.
Filipe Saraiva
rantias e conquistas de direito
a privacidade de todos os inter-
nautas não seria aceitável – tan-
to como violar a
correspondência de todo mun- tas compartilhadores de bens compartilhamento p2p, a pro-
do para interceptar estas mes- culturais ficaria a cargo de gramação de eletrônicos bus-
mas redes criminosas também uma entidade chamada HADO- cando-se novos usos, coloca
não o são. Acredito que deva PI. O projeto na Coreia do Sul servidores para gravarem logs
haver um aparato para coibir es- é parecido com o francês, exce- de acesso à rede... dentre ou-
tes crimes pela rede, mas as to que o poder de encerrar qual- tros. Importante que temos um
leis que versariam sobre esta quer atividade online, seja site movimento muito forte para
questão não deveriam colocar ou acesso a rede, seria concer- barrar esta lei, que já contou
a totalidade dos internautas co- nente ao Ministério da Cultura, com debates, manifestações e
mo suspeitos desses atos. Desporto e Turismo. uma extensa petição online ain-
A Grã-Bretanha estuda a da no ar.
Para alguns exemplos des-
tas leis invasivas, temos visto possibilidade de uma lei que for- Quanto aos produtos dis-

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FORUM · PANÓPTICO NA REDE

nós lançar um olhar crítico so-


bre o tema, e não apenas tratá-
lo como mania de perseguição
ou neurose daqueles que o dis-
Cabe a nós lançar um cutem, como se dá em rea-
olhar crítico sobre o tema, e não ções normalmente
encontradas em alguns sites
apenas tratá-lo como mania de ou listas de discussão por aí.

perseguição ou neurose...
Maiores informações:
Filipe Saraiva Grokster:
http://www.grokster.com

ponibilizados que favorecem a Um interessante vídeo fic- Documentário Ficção EPIC 2014
implementação do panótip- ção-documentário sobre o Goo- http://www.youtube.com/watch?v=4O
co/controle na Internet, pode- gle e a privacidade de seus Z-ANCEchM
mos citar os bastante clientes pode ser encontrada
utilizados – até por este que em EPIC 2014. Algumas ponde- Petição contra a Lei Azeredo
vos escreve – serviços do Goo- rações feitas nele pode assus- http://www.petitiononline.com/veto200
gle. Buscador, Gmal, Blogger, tar a aqueles que nunca 8/petition.html
Youtube, Orkut... todos eles se pensaram no impacto de dispo-
apropriam de informações pes- nibilizar informações pessoais Site Liberdade na Fronteira
soais nossas – cedidas espon- para a empresa. http://www.liberdadenafronteira.blogs
taneamente, vale lembrar – Estamos diante de uma
pot.com
que são utilizadas pelos bots era em que a vigilância está se
da empresa para dispor de pro- fortalecendo na rede. Não ape- FILIPE DE OLIVEIRA
paganda condizente com nos- SARAIVA estuda
nas aos partilhadores de bens Ciências da
sas preferências. Isso é culturais, mas até pessoas que Computação na
também uma forma de vigilân- Universidade Federal
utilizam webmail, blogs grátis e do Piauí, entusiasta
cia, uma maneira de termos in- redes sociais estão cada vez do GNU/Linux, da
formações pessoais mais tendo suas informações
Cultura Livre e das
possibilidades de
disponibilizadas para alguém repassadas a desconhecidos criação coletiva
“estranho”, que conhece nossa ou sendo vítimas do olhar de oferecidas pelo
mundo conectado. É
intimidade através de nossas um “Big Brother” que quer sa- pesquisador da área
correspondências eletrônicas, ber – ou já sabe – qual o con- de Cibercultura,
posts em blogs pessoais, bus- Pesquisa Operacional
teúdo daquele pacote roteado e Inteligência
cas... para a sua máquina. E cabe a Artificial.

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EDUCAÇÃO · A MATEMÁTICA E O SOFTWARE LIVRE

Fazendo as
pazes com o bicho-papão:
A matemática e o SL
Por Sinara Duarte

A matemática, para a mai- de nerd, que sabia tudo de ma- ve a dádiva de ser pai ou mãe,
oria, das pessoas, é o bicho-pa- temática, fazendo “ares de dou- ou mesmo ficou observando
pão, pois é a disciplina que tor” sem ter sequer completado uma criança dar seus a primei-
mais apavora, que mais repro- o ensino fundamental (antigo ros passos, percebe a hesita-
va. Estima-se que em um uni- 1º grau). Infelizmente ainda ho- ção da mesma, quando
verso de cem reprovações, je, predomina no ideário coleti- encontra um obstáculo em seu
70% por cento, aproximadamen- vo, que a aprendizagem da caminho: uma poça de água
te, são atribuídas a essa discipli- matemática é para poucos afor- ou uma calçada mais alta. Nes-
na, o que demonstra o tunados que nasceram com es- te momento, a criança hesita,
fracasso do ensino da matemáti- te dom, quando na verdade, já pois seu cérebro ainda em for-
ca nas instituições escolares nascemos programados para mação, enfrenta uma situação
brasileiras. aprender matemática. Como as- nova na qual não está habitua-
O reflexo da precarieda- sim? da. No caso de cérebro adul-
de do ensino brasileiro foi mos- Que a matemática, está to, este é capaz dentro de uma
trado no PISA – Programa em todo lugar, isso já sabe- fração de segundos, como
Internacional de Avaliação de mos, não apenas na fatura do uma poderosa máquina de cal-
Alunos (2000) – onde os estu- cartão de crédito, no desconto cular, relacionar a distância a
dantes brasileiros ficaram na úl- do Imposto de Renda, no alinha- partir de seu campo de visão
tima colocação na prova de mento das rodas de seu carro, (comparação) até o obstáculo,
matemática concorrendo com mas indiretamente, também fa- calcular o ângulo (trigonome-
outros trinta países. zemos cálculos inconsciente- tria) necessário para dar o pas-
mente. Mesmo até os mais so, calcular a força necessária
Na escola a matemática para a impulsão (física), o risco
é vista como vilã, ao mesmo avessos a matemática, utiliza
essa habilidade corriqueiramen- envolvido (probabilidade: eu
tempo que eterniza os gênios. caio ou não?) para por fim, defi-
Todo mundo lembra da infân- te sem perceber.
nir qual a melhor estratégia:
cia, daquele aluno, com cara Exemplificando: Quem te- dar a volta ou tentar pular a po-

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EDUCAÇÃO · A MATEMÁTICA E O SOFTWARE LIVRE

ça de água assim mesmo. Se a matemática é algo vezes, por falta de divulgação.


Neste simples exemplo co- tão simples, até mesmo as po- Assim, o objetivo deste ar-
mum, a maioria dos humanos, pulações sub-escolarizadas, tigo além de advogar em prol
que é o ato de caminhar, nós te- porque nas escolas, ouvimos da matemática, redimindo sua
mos diversas habilidades mate- tanto o discurso: “Eu odeio a culpa, é também difundir o uso
máticas que são requeridas, matemática” ou “Eu não consi- de ferramentas livres no ensi-
que no infante, ainda não são go aprender matemática”. no da matemática para crian-
tão bem desenvolvidas, daí as A maioria dos alunos, tra- ças no ensino fundamental.
quedas e tombos constantes zem consigo concepções errô- Noutra oportunidade falaremos
na primeira infância. Com o tem- neas a respeito do ensino da de softwares livres que auxili-
po, após alguns erros, acertos matemática, recheadas de me- am para a aprendizagem da
e cicatrizes no joelho, a crian- dos e tabus. Não é objetivo des- matemática para alunos do en-
ça já compreende e guarda na te artigo, debater as causas sino médio e acadêmicos.
memória essas “habilidades ma- desse fracasso até porque já Na infância, uma das prin-
temáticas”, deixando pais e existe na literatura, bastante cipais dificuldades é a aprendi-
avós menos aflitos. material a esse respeito, de arti- zagem da tabuada. A maioria
Outro exemplo, são os fei- gos a teses de doutorado. Nos- dos alunos até que compreen-
rantes que pouco frequenta- so intuito é apresentar a pais e de as operações fundamentais
ram as escolas tradicionais, educadores uma alternativa, vis- (adição, subtração, multiplica-
mas sabem “de cor” fazer cálcu- to que o mundo livre apresenta ção e divisão) com unidades e
los envolvendo álgebra, percen- excelentes softwares de apoio dezenas sem muitos proble-
tagem e aritmética. É na luta à pesquisa e ao ensino da Ma- mas, mas tem dificuldade em
pela sobrevivência que tais pes- temática. Todavia, no Brasil, a memorizar a tabuada.
soas desenvolvem formas es- utilização da tecnologia livre,
principalmente nas escolas, ain- Há poucos anos atrás,
pecíficas de raciocínio era comum os professores utili-
matemático. da é modesta, na maioria das
zarem palmatórias para dar
“bolos” nas mãos daqueles
que não sabiam a tabuada na
ponta da língua. Atualmente, o
Há poucos anos atrás, instrumento de tortura mudou,
mas a prática continua se per-
era comum os professores petuando em sala de aula, por
meio de “chapéus de burro” ou
utilizarem palmatórias para dar sabatinas.

“bolos” nas mãos daqueles A sabatina é a prática, di-


ga-se inútil, de cobrar a apren-
que não sabiam a tabuada na dizagem da tabuada
oralmente, de traz para frente,
ponta da língua. de frente para traz, expondo
muitas vezes, a criança ao ridí-
Sinara Duarte
culo quando esta erra. Muitas
vezes, a criança até sabe, mas
o medo de estar diante de um
público (seus amigos), a pres-

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EDUCAÇÃO · A MATEMÁTICA E O SOFTWARE LIVRE

mática Educati- bas atinjam as construções de


va aliada ao uma cidade sob ataque.
movimento do No Tuxmath o raciocínio
Software Li- é o mesmo, só que as bombas
vre, desenvol- são na verdades “operações
vedores de matemáticas” que serão des-
todo mundo co- truídas somente se o jogador
meçaram a acertar o cálculo. Ao aparecer
programas es- a bomba, ou melhor, o proble-
pecíficos para minha a criança necessita digi-
o ensino da tar o número correspondente a
matemática, di- resposta para se defender. Por
recionada pa- exemplo 4 x 3, digita-se a res-
ra o público posta (12) e tecla o ENTER.
Figura 1: Tela principal do Tuxmath
infantil que re- Como a resposta está correta,
creiam, diver- dispara-se um feixe de raio la-
tem e educam ao mesmo ser destruindo-a. Caso estives-
são do tempo e a cobrança do tempo. Como o espaço é cur- se errada, o raio vai em outra
professor fazem com que o alu- to, vamos nos ater a apenas direção, e sinto muito, será
no se desespere (o famoso um software por mês, mas es- uma construção a menos no
brancão) e faça da matemáti- se tema dado continuidade pos- planeta Linux, deixando o Tux
ca, um bicho de sete cabeças, teriormente. bem chateado (figura 2 e 3).
ops, quer dizer de 10 cabeças.
Um software capaz de di- Da mesma forma do vide-
vertir e ao mesmo tempo ensi- ogame, a dificuldade vai au-
Não existe uma opinião nar é o Tux math of Command, mentando à medida que o
unânime no meio educacional. ou simplesmente, Tuxmath per- jogador passa para um nível
Uns são contra a memorização tencente ao projeto Tux4kids superior. A cada vitória mudam-
da tabuada, outros são a favor. (http://tux4kids.alioth.debi- se os cenários, a velocidade e
Particularmente, acredito que an.org/index.php). Este softwa- a quantidade das continhas.
é fundamental compreender a re educativo
tabuada, visto que se soube- apresenta o
rem a “maledita” de cor, pode- mesmo estilo
rão ser mais ágeis ao resolver do clássico jo-
as situações-problema envol- go arcade pa-
vendo principalmente a multipli- ra Atari,
cação e divisão. Uma vez Missile Com-
compreendido, a tabuada po- mand, (se tiver
de, aos poucos, ser memoriza- mais de trinta
da sem traumas. O que não se anos vai lem-
pode admitir, em pleno século brar) que tor-
XXI, é o aluno ficar recitando nou-se febre
uma ladainha de números, fór- nos anos 80.
mulas, sem terem entendido o O objetivo do
significado. jogo é impedir
Figura 2: Tuxmath em ação
Com o advento da Infor- que as bom-

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EDUCAÇÃO · A MATEMÁTICA E O SOFTWARE LIVRE

dades, nem al para crianças de 6 a 12


apresentou anos, que já compreendem os
bugs. Agora conceitos aritméticos, mas
um aspecto apresentam dificuldade na me-
que merece morização da tabuada.
ser destacado Esse ano, Tuxmath quan-
é a ausência to seus fraternos Tuxpaint e
de violência. Tuxtype foram classificados pa-
Mesmo perden- ra participar do Google Sum-
do o jogo, ou mer of Code, um programa
seja, tendo que paga bolsas (US$ 4000)
seu iglu bom- para estudantes do mundo to-
bardeado, os do, trabalharem em projetos
amigos do Tux de código aberto e software li-
Figura 3: Tuxmath em ação... e o tux furioso...
não morrem, vre durante as férias do verão
apenas se reti- americano (daí o nome). Su-
Não existe a possibilidade de ram calmamente sem demons-
pausar o jogo, nem controle de gestões e melhorias para es-
trações sanguinolentas de tes softwares podem ser
velocidade apenas no módulo chacina animal. (O Greenpea-
de treinamento. Aciona-se a enviadas pelo site oficial do
ce agradece!) E a medida que evento. (http://googlesummerof-
pausa na letra P. o aluno vai acertando, existe a code.blogspot.com)
No treinamento é possí- possibilidade dos amigos do
vel escolher entre tabuada de Tux serem repatriados e ga-
somar, subtrair, multiplicar ou di- nhar novamente seu iglu. Instalando o Tuxmath
vidir, inclusive desde a versão Sob licença GPL, este O Tuxmath pode ser
1.5.8 já vêm a possibilidade de software já foi traduzido para o instalado facilmente via
trabalhar com números inteiros português do Brasil (PT_BR) synaptic e/ou nas distribuições
(números negativos e positi- além de outras línguas como Debian/Ubuntu pelo comando:
vos), conteúdo das séries termi- espanhol, francês, árabe, den- apt-get install tuxmath. Outra
nais. Ressalta-se que já saiu a tre outras. Possui versão para vantagem do tuxmath, é sua
versão 1.7.0 (beta). Linux, Windows e MacOSX. Ide- leveza, consome apenas
Os níveis de dificuldade 5931Kb na hora da instalação.
são divididos por patentes. Do
cadete especial, nível mais fá-
cil ao especialista, nível mais
aprofundado. Para finalizar É importante destacar que o
usa-se o ESC. Apesar de bem
simples, atrai as crianças e uso de jogos computacionais na
adultos por seu visual e sons
que lembra um game. Existe educação formal, não substitui as
também um hall da fama, com
um ranking dos melhores joga- aulas convencionais...
dores. Sinara Duarte
A versão estudada (1.5.8)
não apresenta muitas funcionali-

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EDUCAÇÃO · A MATEMÁTICA E O SOFTWARE LIVRE

Enfim, como vimos o Tux- mento com divertimento? Por


math, é apenas um dentre deze- que a matemática tem que ser Maiores informações:
nas de softwares que podem chata? Por que não utilizar o Projeto Software Livre
ser utilizados na educação ma- software livre na educação ? Educacional:
temática. http://sleducacional.org
É notório que o uso do
Quem gosta do tema e computador aumenta o interes-
Blog Software Livre na Educação:
não quiser esperar pelos próxi- se dos alunos tornando-se
http://softwarelivrenaeducacao.wordpr
mos números, pode conhecer mais concentrados, mais recep-
ess.com
o trabalho de conclusão do cur- tivos, curiosos, tendo prazer
so do Professor Ricardo Pinhei- em realizar as atividades esco-
Blog Estúdio da Introspecção:
ro. Sua monografia com o lares. Todavia, é importante
http://estudiodaintrospeccao.blogspot.
título “Software livre e Matemáti- destacar que o uso de jogos
com
ca: Opções de pesquisa e ensi- computacionais na educação
no apresentou uma pesquisa formal, não substitui as aulas
Site Oficial Google Summer of
de mais de 100 softwares li- convencionais, mais comple-
Code:
vres para o ensino da matemáti- menta o ensino dos conceitos
http://googlesummerofcode.blogspot.c
ca. Ta muito organizado, bem teóricos de Matemática aprendi-
om
escrito, numa linguagem clara, dos nas salas de aulas.
vale a pena ler. Seu trabalho Ensinar Matemática é Site Projeto Tux4Kids:
na integra está hospedado no muito mais do que apenas de- http://tux4kids.alioth.debian.org/index.
seu blog pessoal Estudio da In- corar fórmulas e resolver proble- php
trospecção (http://estudiodain- mas, é desenvolver nos
trospeccao.blogspot.com) no educando, o raciocínio lógico,
qual também disponibiliza a mo- estimulando o pensamento abs- SINARA
nografia completa no formato trato, a concentração e a curio- DUARTE é
PDF. sidade. Compete a nós,
professora da
rede municipal de
Enfim, o mundo do softwa- educadores, pais, estudiosos, Fortaleza,
pedagoga,
re livre apresenta diversas pos- curiosos desse assunto procu- especialista em
sibilidades educativas de rar alternativas para aumentar Informática
Educativa e
utilização do computador na a motivação para a aprendiza- Mídias em
educação. Aqui apresentou-se gem mais principalmente incen- Educação, com
apenas a ponta do iceberg, tivar em nossas crianças o ênfase no
Software livre.
pois a cada dia, cresce o inte- espírito e o gosto pela liberda- Colaboradora do
resse do público em geral por de! Projeto Software
Livre Educacional
jogos computacionais, e por e mantenedora
que não aliar o útil ao agradá- do Blog Software
Livre na
vel? Por que não aliar conheci- Educação.

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |78


EVENTOS · FLISOL 2009 em Vitória/ES

VITÓRIA/ES
Por João Fernando Costa Júnior

No sábado, dia direcionados para o evento


25/04/2009, aconteceu o pelos seus próprios
FLISOL - Festival Latino professores.
Americano de Instalação de O evento foi aberto por
Software Livre, um evento de Almir Mendes que apresentou
proporções continentais, que os palestrantes e logo a seguir
aconteceu em diversas chamou Guilherme Chaves
cidades em toda a América que iniciou o ciclo de palestras
Latina. Um grande evento de falando sobre o uso do Linux
divulgação, instalação, em ambiente desktop e
informação e contribuição com direcionado para usuário final.
o Software Livre. Guilherme ainda que é
No Espírito Santo, a responsável pela matéria
capital Vitória foi sede de um sobre Bluepad desta edição.
ponto do FLISOL, organizado Almir Mendes retorna, desta
pela Iniciativa Espírito Livre, e vez falando os diversos
que contou com a colaboração sabores de GNU/Linux, desde
de Almir Mendes, Membro do para os experientes aos que
PHP-ES e Linux-ES, entre estão iniciando neste novo
outros. O FLISOL 2009 mundo. Jean (Índio) e Diego
movimentou vários tipos de Nogueira continuam o evento
usuários, incluindo os próprios falando sobre UML - User
alunos da FAESA, que foram Mode Linux, um assunto que

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |79


EVENTOS · FLISOL 2009 em Vitória/ES

com o apoio da FAESA, que


nesta edição nos cedeu o
auditório, bem como toda a
infra-estrutura necessária para
a realização do evento. Nos
sinceros agradecimentos, pois
sem essa ajuda possivelmente
a realização do mesmo não
seria possível.
Fotos do evento, bem
como os arquivos utilizados
pelos palestrantes podem ser
encontrados no endereço
http://flisol.espiritolivre.org.

Entrega dos alimentos


Assim como foi feito no
Figura 1: Participantes marcam presença durante palestras
DFD'09, os alimentos
arrecadados no FLISOL 2009
foram doados, porém desta
chamou atenção de todos os rindo a toa com a velocidade
vez no mesmo dia do evento.
presentes por se tratar de algo percebida logo de cara e com
A instituição que os recebeu
não muito comum de se ver os efeitos que vinham
chama-se Associação Amor e
nos eventos. Lázaro Reinã, habilitados por padrão.
Vida, que tem como uma de
que está falando de LUA nesta Houve ainda um outro suas unidades no bairro
edição, fechou o evento caso de um laptop que Jardim América, no município
falando sobre a linguagem também continha um sistema de Cariacica/ES.
LUA, um assunto igualmente operacional proprietário e que
interessante. foi
O installfest não foi tão prontamente
movimentado como nos anos retirado do
anteriores, entretanto um fato equipamento.
que chamou atenção foi a Este último
instalação em um eeePC, que ainda há a
foi levado por um dos ressalva que
participantes. Segundo ele, o o mesmo
equipamento estava com um havia vindo
sistema operacional de fábrica
proprietário, entretanto estava com o
muito lento e ele não estava sistema já
satisfeito. Após a instalação de instalado.
uma versão remix do Ubuntu O
no equipamento, o dono do FLISOL 2009
equipamento ficou super feliz e foi realizado Figura 2: Ao final do evento, pose pra foto...

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |80


EVENTOS · FLISOL 2009 em Vitória/ES

A arrecadação também
rendeu mais frutos que no
último evento. Desta vez
entregamos aproximadamente
60 kilos de alimentos, muitos
deles necessitados pela
associação como relatou a
responsável, Creuza, que nos
recebeu prontamente, assim
que ligamos para ela. Um
relato que nos comoveu foi o
fato dela ter dito que naquele
mesmo dia havia dividido o
feijão (8 KG) que a unidade
tinha com a segunda unidade,
que fica localizada em um
outro bairro do mesmo
município, ficando apenas 4
KG para cada uma das
Figura 3: Entrega dos alimentos
unidades. Segundo ela,
aqueles alimentos do eventos Novos projetos junto a Maiores informações:
haviam caído do céu. Neste Associação Amor e Vida
momento, toda a equipe que Iniciativa Espírito Livre:
A Iniciativa Espírito Livre,
estava responsável por http://www.espiritolivre.org/
juntamente com integrantes de
entregar os alimentos sentiu outros grupos envolvidos com
que o FLISOL 2009 havia FLISOL 2009 no Espírito Santo:
software livre no Espírito
ajudado não somente os http://flisol.espiritolivre.org
Santo, perceberam a
participantes que necessidade da Associação
permaneceram durante parte FLISOL - Site Oficial
Amor e Vida não dispor de um
do sábado assimilando novos http://flisol.info
site da instituição, que neste
conceitos e ensinamentos. contexto se torna um canal de
Mas também havíamos feito a DFD'09 no Espírito Santo:
contato entre outras pessoas
diferença com esta http://dfd.espiritolivre.org
que queiram ajudar, bem como
colaboração à Amor e Vida. uma forma da associação
Agradecemos aos mostrar para a sociedade
participantes do FLISOL 2009 como é feito seu trabalho.
em Vitória/ES, pois esta Assim, a proposta de
doação apesar de ter sido desenvolvimento de um site
intermediada pela Iniciativa ficou de ser vista, bem como a
Espírito Livre, ela foi feita manutenção e hospedagem do JOÃO FERNANDO
serviços em nossos COSTA JÚNIOR é o
inteiramente por vocês, que líder do GUBrO-ES e
fizeram suas inscrições servidores. Percebemos que responsável pela
doando os alimentos. Nosso isto a princípio não é nada, Iniciativa Espírito
Livre / Revista
muito obrigado a vocês e nos entretanto pode ajudar muita Espírito Livre.
vemos em breve. gente.

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EVENTOS · FLISOL 2009 em Goiânia/GO

Por Andressa Martins


GOIÂNIA/GO

Em Goiás, a capital Goiâ- sentes, o maior evento de GUS-GO (Grupo de Usuários


nia também foi sede do FLI- Software Livre em número de Slackware de Goiás)[8], Ruby-
SOL[0], organizado pelo pessoas no Estado. GO[9], Rails-GO[10], Robótica
Projeto de Software Livre de Coordenado por Andres- Livre de Goiás, SLOG (Softwa-
Goiás[1] e o Apoio da ASL- sa Martins, membro dos proje- re Livre do Oeste Goiano)[11]
GO[2] (Associação de Softwa- tos Robótica Livre de Goiás[3] e TIM-GO (Tecnologia de Infor-
re Livre). e ASL-GO, contou com a aju- mação para Mulheres de
O FLISOL 2009 movimen- da dos gru- Goiás)[12]
tou vários de usuários, incluin- pos de
do jovens, alunos de ensino usuários de
médio e universitários direciona- tecnologias li-
dos para o evento pelos seus vres do Esta-
próprios professores. do, sendo
Contou com o ciclo de 43 eles:
palestras, Batismo Digital coor- GOJa-
denado pelos professores Mar- va[4],
celo Akira Inuzuka e Wendell GOPHP[5],
Bento Geraldes e seus alunos, GOPython[6],
e hacklabs.. GUD-GO
Chamou atenção de to- (Grupo de
dos os presentes pela quantida- Usuários De-
de de pessoas, houveram bian de
Goiás)[7], Figura 1: Batismo Digital
2411 pré-inscritos e 1449 pre-

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |82


EVENTOS · FLISOL 2009 em Goiânia/GO

se sentem Maiores informações:


responsáveis
por ele”, diz o [0] FLISOL 2009 em Goiás
http://flisol.aslgo.org.br/2009
professor Mar-
celo Akira. [1] Site PSL-GO
É bom ci- http://wiki.softwarelivre.org/PSLGO
tar que tem vá- [2] Site ASLGO
rios membros http://aslgo.org.br/
dos grupos
que autonoma- [3] Site Robótica Livre
mente divul- http://roboticalivre.aslgo.org.br/
gam o evento [4] Site GoJava
em suas facul- http://www.gojava.org/
Figura 2: Corredores abarrotados dades. Muitos
são anônimos [5] Site GoPHP
O installfest não foi tão que divulgam para seus cole- http://www.gophp.com.br/
movimentado, contou com a gas. Foi feita uma divulgação
ajuda do professor da institui- [6] Grupo PythonGO
em cartazes que rapidamente http://groups.google.com.br/group/pyt
ção que cedeu o local para o se espalharam pela cidade, e hongo
evento, e foram realizadas 37 em algumas faculdade havia
instalações, e feita a doação até a programação do evento [7] Site Debian-GO
de 400 distribuições. http://www.debian-go.org/
impressa nos murais.
Foi realizado com o apoio Enfim, o FLISOL foi um [8] Grupo GUS-GO
do SENAI que cedeu o auditó- evento democrático, realizado http://groups.google.com.br/group/gus
rio, anfiteatro, 2 salas e dois la- -go
pela comunidade para a comu-
boratórios com 50 lugares. E nidade, onde a oportunidade [9] Grupo RubyGO
devido ao grande número de de participação é cada vez http://groups.google.com.br/group/rub
presentes, foi necessário que mais aberta para todos. Uma ygo
a instituição cedesse mais du- grande festa de compartilha-
as salas e palestrantes foram [10] Grupo Rails-GO
mento de conhecimento, inclu- http://groups.google.com/group/rails-
encontrados na última hora pa- são digital e democratização go
ra palestrar. da informática.
São iniciativas como o FLI- [11] Site SLOG
O FLISOL é o maior http://slog.org.br/
SOL que faz a comunidade evento de divulgação de
Software Livre crescer, “E a for- Software Livre da América [12] Grupo TIM-GO
ça dela está na colaboração en- Latina. Ele acontece desde http://groups.google.com.br/group/tim-
tre as redes-comunidades, go
2005 e seu principal objetivo é
formadas por faculdades, os promover o uso de software
grupos de usuário, os vizi- livre, apresentando sua ANDRESSA
MARTINS é
nhos, as empresas, etc. Gran- filosofia, seu alcance, avanços entusiasta de
de parte da mobilização foi e desenvolvimento ao público software livre,
realizada por elas. Muito boca- idealizadora dos
em geral, através de projetos Robótica
a-boca, mensagens e tuitadas installfests, palestras, entre Livre, Membro da
ocorreram pelas redes. O even- outros.
Associação de
Software Livre de
to se auto-divulga pois todos Goiás e curiosa.

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EVENTOS · DIA LIVRE

DIA LIVRE:
IDÉIAS
SIMPLES E
AÇÕES
PRÁTICAS
Por David A. Ferreira

Asif Akbar - sxc.hu

Tudo começou por volta ca, principalmente devido às


do ano de 2006, com uma famosas batalhas campais que
idéia proposta inicialmente por precedem os principais even-
membro novato, em uma das tos de Software Livre no país,
inúmeras reuniões do PSL-CE onde geralmente um pequeno
(Projeto de Software Livre Cea- grupo com interesses conflitan-
rá) para organização do III tes armam palco para guerras
FCSL (Fórum Cearense de intermináveis de questões que
Software Livre). passam de puritanas e filosófi-
A idéia surgiu como uma cas, para questões capitalistas
solução para os recorrentes pro- x socialistas, técnicas e exis-
blemas de divulgação das inicia- tencialistas, além das famosas
tivas do PSL-CE, a qual autopromoções em campa-
basicamente consistia da reali- nhas eleitorais. Tais ações aca-
zação de pequenos eventos bam gerando um desperdício
mensais, com o intuito de con- de forças tão grande que atra-
seguir agregar novos colabora- palham o bom funcionamento
dores para o Software Livre e da comunidade, o que contri-
bem como seu foco principal bui para formação de uma má
que seria a divulgação do impressão, as quais são vistas
FCSL. Porém, infelizmente a como inúteis, pois são povoa-
idéia não ganhou a força neces- das de seres (popular: troll) bri-
sária para ser posta em práti- guentos que só querem fazer
algazarra, e acabar com a cre-

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EVENTOS · DIA LIVRE

ram relatados pelos


palestrantes , durante suas jor-
nadas com Software Livre e as-
sim, as pessoas presentes
ficaram até o final de todas as
palestras, onde havia muita in-
teração entre o público e os pa-
lestrantes, muitas perguntas
foram feitas, algumas vezes
surgiam comentários, os quais
eram altamente pertinentes
aos tópicos, agregando valor e
conhecimento a todos os pre-
sentes.
Ao final do evento, as pes-
soas se reuniram por ainda
quase trinta minutos em um ba-
te papo descontraído, onde pe-
Figura 1: Participantes concentrados no evento diam mais informações sobre
cursos, livros e certificações,
bre Software Livre, comparti- além é claro das eventuais có-
dibilidade das pessoas que lu- pias de softwares como do
tam pela legitimidade do lhando o conhecimento
adquirido de forma gratuita e li- CDLivre e das distribuições De-
Software Livre. bian e Ubuntu.
vre para todos aqueles que
Os anos foram passando, tem interesse em ouvir, e as- Por justamente ser algo
até que em meados de 2009, sim podemos ver como de fato simples de ser realizado, gosta-
em uma das reuniões do GUD- o Dia Livre é um evento sim- ríamos de ver iniciativas como
BR-CE (antiga Debian-CE), ples na forma de sua execu- esta espalhadas pelos quatro
num clima super informal (shop- ção, porém uma ferramenta cantos do país, para que pos-
ping), contando apenas com a poderosa de divulgação e agre- samos assim mostrar para as
presença de pessoas com gação de novos colaborado- pessoas, que podemos criar
ações legitimas a favor do res. uma nação incluída digitalmen-
Software Livre, a idéia foi resga- te, que respeite os padrões
da por Alexandre Alencar (Skar- No dia 18 de abril em For-
taleza, foi realizado na Faculda- abertos e que seja capaz de
meth) e apoiada por todos. criar tecnologias nacionais res-
Assim João Neto (Tio João) e de Integrada do Ceará (FIC) o
2º Dia Livre, o qual contou com peitando a liberdade de seus
Alexandre, resolveram unir for- usuários. Tudo isso é possível
ças, para dar corpo e voz aque- a participação de 30 pessoas
prestigiando as palestras: Intro- apenas com uma simples
la tímida idéia. Nasceu, então ação, o compartilhamento de
o Dia Livre, um evento da comu- dução ao GNU/Linux (João Ne-
to); Desenvolvimento de Jogos conhecimento e a boa vontade.
nidade para a comunidade.
com Software Livre (David Fer- Caso você tenha interes-
O Dia Livre, é um evento reira); Gestor de TI e Software se em criar o Dia Livre em sua
mensal, no qual membros da Livre (Alexandre Alencar). O cidade, sinta-se livre para se-
comunidade dedicam algumas evento prendeu à atenção de to- guir ou adaptar algumas das
horas de seu dia, para falar so- dos, diversos causos e fatos fo- orientações:

Revista Espírito Livre | Maio 2009 | http://revista.espiritolivre.org |85


EVENTOS · DIA LIVRE

Palestras
Busque em sua cidade
por pessoas que tenham afini-
dade com Software Livre ou
GNU/Linux e que de fato te-
nham ações condizentes com
as palavras, ou seja, tome cui-
dado para não achar um Admi-
nistrador de Sistemas, que
nunca trabalhou com um siste-
ma GNU/Linux, para justamen-
te palestrar sobre o mesmo,
afinal que credibilidade e respei-
to o publico daria para uma pes-
soa que não tem vivência para
poder falar de pontos fortes ou
fracos deste ambientes.
Selecione por volta de du- Figura 2: Da esquerda para direita: João Neto, Alexandre Alencar e David Ferreira

as a três palestras, variando Desta instituição necessita-se nhecer o evento e conseqüen-


os temas, por exemplo: colo- que a mesma disponibilize temente o Software Livre.
que uma palestra básica sobre uma sala ou auditório para apro-
introdução ao GNU/Linux, e ou- ximadamente 40 pessoas, um
tras mais avançadas como de- projetor multimídia com compu- Maiores informações:
senvolvimento ou tador, o qual tenha instalado o Grupo de Usuários Debian-CE:
administração de sistemas, po- BrOffice.org/OpenOffice.org pa- http://www.debian-ce.org/
rém sempre lembrando de equi- ra exibir as palestras, é desejá-
librar o perfil do público e o vel que este computador
tema, tente evitar a limitação possua alguma distribuição
de perfis, ou seja, permita que GNU/Linux, para caso do pales- DAVID ALMEIDA
todos possam participar do trante deseje mostrar algum FERREIRA
evento, afinal o Software Livre software. (http://www.davidferre
é feito pela união e não pela se- ira.com.br)
gregação. Preocupe-se também Especialista em
com a localização da institui- Engenharia de
Software com
ção, já que um local com estaci- Ênfase em Padrões
Local onamento, e de fácil acesso as de Software(UECE),
Procure por instituições linhas de ônibus é mais propi- É Arquiteto de
Software do Banco
de tenham ou desejem ter um cio a participação das pesso- do Nordesde do
relacionamento próximo com a as. Lembre-se para melhor Brasil (BNB). É
comunidade de Software Livre, expandir o alcance dos partici- integrante do Projeto
de Software Livre
geralmente são faculdades ou pantes procure sempre novas
Ceará(PSL-CE) e do
escolas com centros de tecnolo- instituições em lugares diferen- Grupo de
gia que prezam e respeitam o tes na cidade, isso irá permitir Desenvolvedores de
que novas pessoas possam co- Jogos do
crescimento de seus alunos. Ceará(GDJCE).

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AGENDA · O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

AGENDA Maxime Perron Caissy - sxc.hu

MAIO JUNHO
Evento: Hora Livre - Por que
Evento: XIX SEMAC 2009 programar em PHP? Evento: IV EvidoSol e I
Data: 11 e 15/05/2009 Data: 23/05/2009 CILTEC Online
Local: São Paulo/SP Local: Campo Grande/MT Data: 03 a 05/06/2009
Local: Encontro Virtual
Evento: Brazil Scrum Evento: Falando em Java
Gathering 2009 Evento: I Encontro de
Data: 12/05/2009 Data: 24/05/2009 CakePHP
Local: São Paulo/SP Local: São Paulo/SP Data: 13/06/2009
Local: São Paulo/SP
Evento: Java@TV Digital Evento: Brazilian Road Show
Data: 14/05/2009 2009 - Java EE Open Source Evento: III ENSOL - Encontro
Local: São Paulo/SP Data: 27/05/2009 de Software Livre da Paraíba
Local: Rio de Janeiro/RJ Data: 19 a 21/06/2009
Evento: IX Encontro de Local: João Pessoa/PB
Informática da FARN Evento: Palestra sobre
Data: 19 e 20/05/2009 Desenvolvimento Evento: CMS Brasil 2009
Local: Natal/RN Aplicativos Web Data: 20/06/2009
Data: 28/05/2009 Local: São Paulo/SP
Evento: Brazilian Road Show Local: Vitória/ES
2009 - Java EE Open Source Evento: WordCamp Brasil
Data: 20/05/2009 Evento: Free Software Bahia Data: 21/06/2009
Local: Porto Alegre/RS 2009 Local: São Paulo/SP
Data: 28 e 29/05/2009
Evento: Engenharia de Local: Salvador/BA Evento: 10º Fórum
Software Conference Internacional Software Livre -
Data: 22 e 23/05/2009 Evento: III ENSL e IV Festival FISL 10
Local: São Paulo/SP Data: 29 e 30/05/2009 Data: 24 a 27/06/2009
Local: Salvador/BA Local: Porto Alegre/RS
Evento: Seminário O Novo
Mercado de TI - Evento: 1º Workshop PHP-ES Evento: Google Developer
Oportunidades e Data: 30/05/2009 Days 2009
Especializações Local: Vila Velha/ES Data: 29/06/2009
Data: 23/05/2009 Local: São Paulo/SP
Local: Porto Alegre/RS

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