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ENTREVISTA

Entrevista com
Bill Kendrick,
criador do Tux Paint

ENTREVISTA
Entrevista com
http://revista.espiritolivre.org | #007 | Outubro 2009 Bruno Coudoin,
criador do GCompris

Software
Livre na
Educação
PROMOÇÕES WARNING ZONE VIRTUALBOX
Sorteios de kits, cds A nova coluna de Virtualização em favor da
e inscrições para eventos Cárlisson Galdino educação
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02


EDITORIAL / EXPEDIENTE

Educação: muito a se falar... EXPEDIENTE


Diretor Geral
João Fernando Costa Júnior
Estes últimos meses estão realmente dando uma canseira na equipe da
revista! Este então... mas não podemos parar e como homenagem ao mês do Editor
professor, aquele profissional que mata um leão a cada dia, esta edição da Re- João Fernando Costa Júnior
vista Espírito Livre traz como tema de capa Software Livre na Educação, apre-
sentando em sua maioria matérias de cunho educacional, ora tratadas pelos Revisão
nossos colunistas já consagrados, ora por convidados. Pamella Castanheira
Será que é possível utilizar o software livre aliado à educação? Quais Arte e Diagramação
softwares usar? Como são as experiências de quem já os utiliza? Buscamos João Fernando Costa Júnior
nesta edição apresentar respostas firmes e diretas sobre estas e muitas outras
indagações que permeiam o meio educacional/acadêmico. Capa
Como entrevistados, esta edição teve o prazer de conversar com Bruno Vanessa Nogueira
Coudoin, criador do Gcompris, talvez a suite educacional em código aberto
mais presente nas distribuições GNU/Linux com algum tipo de apelo a educa- Contribuiram nesta edição
ção. Também conversamos com Bill Kendrick, criador do TuxPaint, outro Aécio Pires
software amplamente utilizado nas distribuições GNU/Linux. Ambos softwares, Alan MeC Lacerda
Alessandro Silva
que também são encontrados com versões para outras plataformas, mas fo-
Alexandre Oliva
ram consagrados no sistema do pinguim, apresentam para o novo usuário
Andressa Martins
(também de idade) um jeito diferente de aprender, amparados por uma comuni-
Antônio Augusto Mazzi
dade em constante mudança. Nossos colunistas fixos também pegaram caro- Bill Kendrick
na no assunto de capa e debulharam o tema, cada um a sua maneira, Bruno Coudoin
enriquecendo ainda mais esta seara que tanto se fala, e tanto se tem a falar. Cárlisson Galdino
Alexandre Oliva pega no pé daqueles que acreditam que é possível ter softwa- Cezar Taurion
re privativo no ambiente educacional, enquanto Juliana Kryszczun fala das Uni- Filipe Saraiva
versidades e o software livre, um caminho também abordado por Taurion que Hailton David Lemos
também cita o meio acadêmico. Sinara Duarte, Vanessa Nogueira e Roberto Jomar Silva
Salomon também costuram bem o assunto de capa, apresentando seus Jonsué Trapp Martins
pontos de vista em temas relevantes. Tivemos participações especiais, convi- José James F. Teixeira
dados que vieram agregar ainda mais conhecimento com suas experiências, Juliana Kryszczun
como é o caso de Karla Capucho que fala sobre colaboração, educação e Karla Capucho
software livre e Jonsue Trapp Martins fala do Paraná Digital, o projeto de inclu- Luiz Eduardo Borges
são digital das escolas estaduais do Paraná. Marcos Vinícius Campez
Mario Izquierdo
Inauguramos também uma nova coluna do Cárlisson, a Warning Zone, Moisés Gonçalves
que apresenta uma história interessante, que terá sua continuação nas próxi- Pamella Castanheira
mas edições. Luiz Eduardo encerra sua série de artigos sobre Computação Pedro Luiz Eyng Simões
Gráfica e Software Livre. Rainer Krüger
Mas isso não é tudo, várias outras matérias que não ligadas à educação Roberto Salomon
também recheam a edição deste mês. Virtualização, NetBSD, xenofobia e Rodrigo Carvalho
TCOS são apenas alguns deles. A seção de cartas, bem como a relação de Rodrigo Motta
ganhadores das promoções vigentes também estão presentes. A revista conti- Sinara Duarte
nua premiando os leitores que nos acompanham pelo Twitter, Identi.ca e de- Tatiana Al-Chueyr
mais veículos, então fique atento, pois novas promoções sempre estão Vanessa Nogueira
pipocando nestes lugares. No site oficial da revista [http://revista.espiritoli- Wallisson Narciso
Wesley Samp
vre.org] você também fica sabendo das novidades e tudo que rola na revista.
Agradecemos a todos que não foram citados acima e convidamos cada
vez mais aos leitores a participar da criação de uma publicação de excelência, Contato
com material de qualidade e competente no que se destina a fazer. Como dito revista@espiritolivre.org
na edição passada, apresentamos um modelo de colaboração onde todos po-
dem participar de alguma forma e isto nos torna únicos. Fa-
ça parte você também! O conteúdo assinado e as imagens que o
integram, são de inteira responsabilidade
de seus respectivos autores, não
representando necessariamente a
opinião da Revista Espírito Livre e de
seus responsáveis. Todos os direitos
João Fernando Costa Júnior sobre as imagens são reservados a seus
respectivos proprietários.
Editor

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03


EDIÇÃO 007

SUMÁRIO
CAPA
37 Quebrem as algemas!
A liberdade do Ser colaborativo na Entrevista com
educação
Bill Kendrick,
40 Universidades e Software
Livre criador do Tux
Um dilema?!
Paint
43 Projeto Paraná Digital
Um exemplo a ser seguido...
PÁG. 27
46 Edubuntu em laboratórios
educacionais
Case de sucesso!

50 Práticas pedagógicas para


uma cultura livre
Partilhando conhecimento
Entrevista com
Bruno Coudoin,
53 Virtualização em favor da
educação criador do
Um caso bem sucedido
GCompris
55 K-Eduque
Uma distribuição Linux direcionada à
educação PÁG. 32
60 Um diamante chamado
GCompris - Parte 1
Daqueles bem valiosos, inclusive...

COLUNAS
11 Software privativo é falta de
educação
Tenha educação, por favor...

16 Warning Zone
Cuidado!!! Cuidado!!!
99 AGENDA 06 NOTÍCIAS
21 Educação, Software Livre e
Open Source
Formando futuros profissionais...

25 Sempre aprendendo
Temos que aprender, ora...
FORUM
SYSADMIN
65 A xenofobia nos tempos do
software livre
Ai que medo... 78 Instalando programas no
NetBSD
Assim fica fácil...
46 O Desenvolvimento da
Computação e das Redes -
Parte 2
Copyright, Propriedade Intelectual...
GRÁFICOS
81 Computação Gráfica e SL
TECNOLOGIA Terceira parte deste excelente material

69 A Revolução dos Intangíveis


E a mordaça digital
SOFTWARE PÚBLICO
84 i-Educar
Um sistema de gestão escolar
REDE
87 Pandorga GNU/Linux
É divertido educar
73 Canivete TCOS
Este é afiado!

EVENTOS
90 II GNUGRAF 2009 - Rio de
Janeiro/RJ
Relato do evento

92 SqueakFest 2009 - Porto


Alegre/RS
Relato do evento

95 Software Freedom Day -


Vitória/ES
Relato do evento

08 LEITOR 10 PROMOÇÕES QUADRINHOS


Os Levados da Breca
97 Nanquim2 - George
Manuelito
Mutum
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior

OpenSSH completa 10 anos Lançado Imagination 2.0


Esta implementação aberta Foi lançado no final de se-
do protocolo SSH em suas tembro (dia 27/09/09 para
versões 1.3, 1.5 e 2.0 está ser mais exato) a versão
conosco há dez anos e pa- 2.0 deste promissor softwa-
ra celebrar aproveitaram pa- re de criação de sli-
ra lançar a versão deshows a partir de
OpenSSH 5.3, que corrige imagens, explanado em de-
diversas falhas e que é me- talhes na entrevista com
lhor que nunca. Confira o release completo (em seus desenvolvedores na edição n. 6 da Revista
inglês) em http://openssh.com/txt/release-5.3. Espírito Livre. O Imagination 2.0 conta com 65
efeitos de transição, suporte a trilha de áudio e
a possibilidade de exportar o slideshow como
OGV Theora/Vorbis e FLV com resolução wides-
Microsoft diz que Chrome Frame prejudica IE creen. O usuário pode ainda inserir textos e ani-
má-los sob os slides. Mais informações visite o
O Google lançou recentemen-
site oficial do projeto em http://imagination.sour-
te um complemento para o IE,
ceforge.net.
navegador da Microsoft, que
traz recursos do Google Chro-
me a este navegador. Entretan-
to a empresa de Redmond
alerta aos seus usuários que Em breve: Debian GNU/kFreeBSd
usar o Google Chrome Frame A próxima versão do Debian,
pode comprometer a segurança do IE. "Dadas de codinome 'Squeeze', será
as questões de segurança com complementos a primeira a ser lançada com
em geral e com o Google Chrome em particular, kernels Linux e FreeBSD. O
executar o Google Chrome Frame como comple- port Debian GNU/kFreeBSD
mento duplicou a área de ataques para códigos suportará arquiteturas i386 e
e 'scripts' maliciosos. Este não é um risco que re- amd64. O letra 'k' no início de
comendamos aos nossos amigos e familiares", "kFreeBSD" se refere à forma
disse a Microsoft em um comunicado. O Chro- como o sistema foi projetado,
me Frame promete ajudar no desempenho do utilizando o kernel do FreeBSD e as ferramen-
IE com ferramentas como JavaScript V8 e a lin- tas GNU e Debian. O anúncio oficial pode ser li-
guagem HTML 5, podendo deixar o navegador do em: http://www.debian.org/News/2009/
até 9,6 vezes mais rápido. O Google também pre- 20091007.
vê uma versão do Chrome Frame também para
o Firefox.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06


NOTÍCIAS

Ajude o Ubuntu Games a continuar no ar e Gentoo completa 10 anos


concorra a camisas! O projeto Gentoo, responsá-
Para participar da Promo- vel pelo Gentoo Linux, está
ção Ajude o Ubuntu Ga- completando 10 anos de exis-
mes a se manter no ar e tência, e comemorando com
concorra a 3 camisas do uma edição especial. Famo-
blog defendendoolinux é so pelo seu estilo “faça você
bem simples: copie e cole mesmo”, o Gentoo é uma das
o texto entre aspas encon- versões de Linux mais estáveis e rápidas, embo-
trado aqui, preservando a ra seja um tanto quanto "difícil" para o usuário
formatação html no seu blog e deixe um comen- não-técnico ou leigos. Batizada de Gentoo-Ten,
tario nesse link com o link para a sua postagem. a versão de aniversário vem com novidades e
Além disso o defendendoolinux fará uma doa- suporte aos novos processadores de 64 bits. Es-
ção em dinheiro ao projeto. Vale lembrar que o ta versão está em formato LiveDVD e pode ser
Coringão, responsável pelo Ubuntu Games é descarregado a partir do http://www.gentoo.org.
um dos colaboradores da Revista Espírito Livre.

FSF oferece recompensa por software comer-


Concurso de resenhas Mente Livre ciais em distribuições livres
Para participar da promo- A Free Software Foundation (FSF) organizou
ção basta enviar ao Fórum um sistema de recompen-
Mente Livre uma resenha sas para programadores
sobre uma distribuição que flagrarem softwares
GNU/Linux qualquer. O au- comerciais como parte de
tor da melhor análise ganha- uma distribuição de
rá o livro de presente. O software livre. Quem o encontrar, deve notificar
autor da melhor análise ga- distribuidores e a FSF. Segundo informações for-
nha um exemplar do livro necidas pela FSF, o programador receberá um
Certificação Linux LPI Rápi- valor em dinheiro do GNU (GNU BUCK) no va-
do e Prático - Guia de Referência Nível 1: Exa- lor de um pi, assinado pelo próprio Stallman.
mes 101 e 102 - 2ª Edição Revisada. O "Este novo programa vai ajudar a FSF a se certi-
vencedor será anunciado até o dia 15 de novem- ficar de endossar apenas distribuições livres
bro. Para mais informações visite o Fórum Men- com GNU/Linux e que sejam realmente livres,
te Livre. disse o diretor executivo da FSF, Peter Brown".
Informações em http://www.fsf.org.

Quer contribuir?
Então participe entrando em contato através do email
revista@espiritolivre.org

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |07


COLUNA DO LEITOR

EMAILS,
SUGESTÕES E
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ - sxc.hu

Vai dizer que seu comentário ainda não apare- Realmente vem se destacado das demais revis-
ceu por aqui? Então o que está esperando?! En- tas que surgem com o propósito de informar so-
vie seu comentário e ajude a revista a ficar bre tecnologia sem tentar "pregar" esse ou
ainda melhor! Contribua, enviando suas suges- aquele Sistema Operacional... mas claro, dei-
tões e críticas. Abaixo listamos mais alguns co- xando sempre bem claro desde a matéria de ca-
mentários que recebemos: pa até àquelas colunas que sempre
aguardamos que o objetivo da revista é populari-
Sem palavras... definitivamente eu vislumbro a zar o Software Livre, e apenas o Software Livre,
cada mês excelentes matérias, feitas por um pes- sem demagogias e parcialidades (na medida do
soal totalmente comprometido na causa Open possível, é claro).
Source... A minha maior felicidade, foi que não Raphael Silva Souza - Macarani/BA
sabia por onde começar para entrar no mundo
do Software Livre e vi na Revista Espírito Livre Achei ótima, tanto no que diz respeito ao conteú-
uma ótima oportunidade para iniciar e construir do quanto a qualidade da revista como um todo.
meu caminho... Toda equipe merece um para- Pretendo divulgá-la aos meu amigos e colegas
béns. de profissão. Estão de parabéns, acabaram de
Filipe Nonato Souza - Belo Horizonte/MG ganhar mais um leitor, e quem sabe no futuro
um contribuinte, que bom que a conheci pratica-
Comecei a ler a revista a menos de um mês. mente nascendo. Mais uma vez parabéns.
Confesso que era muito desligado quando o as- Rogério Tomassoni Júnior - Campinas/SP
sunto era software livre e o linux. Mas agora
sempre procuro me atualizar sobre os assuntos É um novo marco na história do Software Livre
que rolam pela internet e através da revista fico no Brasil. Seu conteúdo é elaborado de forma
sabendo o que de mais interessante aconteceu competente e de fácil entendimento. É justamen-
e vai acontecer no mundo dos softwares livres. te o que nós (brasileiros) estávamos precisan-
Jonnathan Weber - Patos/PB do.
Nathaniel Simch de Morais - Brasília/DF
Uma ótima revista, com material técnico de óti-
mo nível, mas, ainda assim, amigável aos no- O que estava faltando para iniciantes e
vos usuários, proporcionando uma leitura avançadinhos. Não sei como vocês conseguem
prazerosa e curiosidade pelo tema software li- colocar tanto assunto, variado e com qualidade
vre. Realmente, toda a equipe está de para- a cada mês. Queria ter competência para poder
béns. ajudar. Só posso agradecer.
André Vitor de Lima Matos - Campos/SP Alexander Xavier Moreira - Recife/PE

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |08


COLUNA DO LEITOR

Estou tendo o primeiro contato apenas na revis- Esta é A revista! Instrutiva, colaborativa e ideal
ta de nº 5. Achei uma excelente iniciativa. Ótimo para quem deseja, como eu, conhecimentos.
nível. Vou acompanhar as próximas versões. Parabéns por esta iniciativa! Vocês já fazem par-
Alvaro Diaz Marques - Vitória/ES te de minhas leituras preferidas!
Tacia de Lima Ximenes - Fortaleza/CE
É uma das melhores opções de leitura, para pes-
soas que se voltam a tecnologias e o mundo de Gosto muito da forma como diversos assuntos,
distribuições livres, e para iniciantes em novos das mais variadas modalidades, são abordados
rumos de desenvolvimento. no âmbito do software livre e de todos os seus
Erlandson Bezerra - Campina Grande/PB ramos. Gosto também da forma como os colu-
nistas abordam seus temas, acho bem inteligen-
Uma revista livremente interessante, com bastan- tes todos no geral. Enfim, estou satisfeito em
te conteúdo útil e interessante aos leitores, que 90% de tudo que nela está contida, deixando os
além de informar estimula o uso de sotware live. 10% restantes como motivação para a procura
Lianna Mara Castro Duarte - Teresina/PI incessante da perfeição e o bom ato da divulga-
ção das iniciativas livres em nosso país.
A Revista Espírito Livre é algo fantástico. Uma Heverton Santos Costa - Timon/MA
revista que trás de maneira clara diversos conhe-
cimentos na área de informática e conhecimen- Como funcionário do Governo Federal estava
to livre. Essencial para quem trabalha ou estuda sentindo falta de uma revista no qual vinha
linux e/ou Softwares Livres como também para aprensentar conteudos relevantes para o plano
aqueles que ainda não tiveram o prazer de usar de migração para software livre do Governo, es-
essa filosofia. ta revista veio como uma ferramenta que está
Carlos Alberto B. Júnior - Areia Branca/RN servindo para eu tomar minhas decisões no am-
biente tecnologico e como ferramenta de traba-
Conheci a revista quando estava desenvolven- lho, nunca deixo ela longe de mim.
do meu TCC, que era sobre o projeto TCOS, a José Mário de Mendonça Lemos - Ipojuca/PE
matéria sobre o projeto na revista, foi de grande
ajuda para a conclusão da monografia. Desde Era o que faltava para nos mantermos informa-
então tenho sido leitor da revista, os desenvolve- dos a atualizados com o incrível mundo do
dores estão de parabéns pela divulgação do software livre! Parabéns pelos artigos e pelo vi-
software livre, essa empreitada que também se sual!!!
fez minha. Meu muito obrigado a todos, por es- Lisandro Luis de Paula - Americana/SP
se projeto de tão grande relevância para os se-
guidores do código aberto. Viva a liberdade de Descobri por "acaso". Hoje, leio, recomendo, dis-
licença! tribuo. Diversidade, bom gosto, criatividade, ex-
Denis Ferreira - Espírito Santo do Doura- celência... Parabéns aos que fazem a Espírito
do/MG Livre. Parabéns aos que lêem a revista. E muito
obrigado.
Muito interessante, oferece aos leitores uma Pedro Paulo Guimarães - Recife/PE
grande diversidade cultural, oferecendo conteú-
do de alta qualidade e o mais importante de tu- Achei a revista fazendo pesquisas para minha
do, sem nenhum custo aos leitores. A equipe monografia na internet. De "cara" gostei, os arti-
toda está de parabéns! gos são ótimos e estão dentro da nossa realida-
Nailson Oliveira - Vitória da Conquista/BA de e do nosso dia a dia. Parabéns!!!
Max Adelino Alves da Silva - Paulista/PE

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09


PROMOÇÕES · RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

PROMOÇÕES
Na edição #006 da Revista Espírito Livre tivemos diversas promoções, onde sorteamos diversos
brindes, entre eles associações, kits, cds, inscrições a eventos e camisetas. Abaixo, segue a lista de
ganhadores de cada uma das promoções. Este mês tem ainda sorteio de inscrições para outros
eventos. Fique ligado!

Ganhadores da Promoção VirtualLink:


Ganhadores da promoção Latinoware 2009:
1. Denis E. Ferreira - Espírito Santo do Dourado/MG
2. Nailson S. Oliveira - Vitória da Conquista/BA
1. Noellen Samara da Silva - Várzea Paulista/SP
3. Tacia de Lima Ximenes - Fortaleza/CE
2. Sidimar Carniel - Chapecó/SC
4. Heverton Santos Costa - Timon/MA
3. Pedro Henrique Vilela de Aguiar - Goiânia/GO
5. José Mário de Mendonça Lemos - Ipojuca/PE
4. Jair Aparecido G. Pedrosa - Mogi das Cruzes/SP
5. Flávio Ricardo Bazana Meira - Campo Grande/MS
6. Douglas Pereira G. Medeiros - Itajubá/MG
Ganhadores da promoção Clube do Hacker: 7. Douglas Schallenberger - Pérola D'Oeste/PR
8. Priscila Mayer - Cabo Frio/RJ
1. Giovani Zancan - Santo Ângelo/RS 9. Gabriel Moraes Barboza - Vitória/ES
2. Sérgio Ricardo Milaré - São Paulo/SP 10. Sandro Carvalho - Francisco Beltrão/PR
3. Marcos Aurelio Braga - Guará/DF

A Revista Espírito Livre juntamente com a


organização do SoLiSC 2009 estará sorteando
inscrições para o evento. Basta se inscrever neste
link e cruzar os dedos!

A promoção continua! A VirtualLink em parceria


com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits
de cds e dvds entre os leitores. Basta se inscrever
neste link e começar a torcer!

Não ganhou? Você ainda tem chance! O


Clube do Hacker em parceria com a Revista
Espírito Livre sorteará associações para o
clube. Inscreva-se no link e cruze os dedos!

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |10


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Software
Privativo é
Falta de Educação
Por Alexandre Oliva

Sigurd Decroos - sxc.hu

Comecei a escrever este ais do Movimento Software Li-


artigo a caminho do Congres- vre. Embora talvez ainda lhe
so de Educação, Software e Co- falte a consciência social para
nhecimento Livres, na entender um problema ao qual
República Dominicana, no net- ela sequer foi exposta, a pre-
book educacional Lemote Yee- sença exclusiva de Software Li-
loong que tenho usado como vre em casa praticamente
meu computador principal. Mal garante que ela não se torne
sabia eu que publicaríamos lá dependente de programa al-
a Declaração de Santo Domin- gum. É algo por que todo usuá-
go, sobre o uso educacional rio de software, todo pai e todo
de Software e materiais didáti- mestre devem zelar.
cos Livres, com pensamentos E não é que ela use pou-
e considerações que rascunhei co software, não. Começou
na ida sobre software a que mi- com o maravilhoso GCompris,
nha filha vai ser exposta no en- uma suíte Livre de atividades
sino fundamental. educacionais que integra mais
de uma centena de atividades
Em Casa para adolescentes e crianças a
Até o momento, foi relati- partir de 2 anos, com um visu-
vamente fácil evitar que ela fos- al super atraente, música clás-
se exposta aos males do sica de primeira qualidade e
software privativo: seu uso de versão em português até das
computador, embora frequen- frases de comemoração que o
te, está bem de acordo com os programa fala quando a crian-
preceitos éticos, morais e soci- ça supera uma etapa. Enquan-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |11


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

to resolve quebra-cabeças, jo- disponíveis para rodar a partir ção utilizam versões privativas
ga memória, decifra códigos, de CD e de pen-drive. O estu- do Linux, ao invés de Linux-li-
faz desenhos, animações e con- dante pode levar o sistema intei- bre. Será que têm planos para
tas, aprende letras e palavras, rinho para casa: programas, consertar isso, como fez o gale-
a criança é motivada pelos mas- preferências pessoais e até os go Trisquel, que também fala
cotes do Software Livre, presen- trabalhos que fez, sem preci- português, traz GCompris, Tux-
tes em várias atividades. Para sar carregar um computador. Math, KDE Edu e muito mais,
os mais velhos, há até experiên- Voltei de Santo Domingo e prepara uma versão educaci-
cias de ciências, como monta- com uma cópia do gaúcho Pan- onal com Sugar? Enquanto es-
gem de circuitos elétricos e dorga GNU/Linux, gentileza da pero essa novidade, também
programação de navios e sub- Tatiana, principal autora do In- anseio pelo momento de trazer
marinos. Imperdível! Vesalius (Software Livre de vi- pra casa o painel programável
Outro Software Livre que sualização de imagens de leds que Danilo César, líder
faz sucesso em casa é o Su- médicas tridimensionais) e do projeto pedagógico Robóti-
gar, mais conhecido por sua uma das maiores divulgadoras ca Livre, disse que faria para
adoção, pelo projeto One Lap- e promotoras do Software Li- minha filha. Ela vai adorar!
top per Child, OLPC, como pa- vre no Brasil e na América Lati-
drão de interface em seus na. A novidade mais apreciada Na Escola
portáteis educacionais. Nesse foi o TuxMath, um jogo que trei- Enquanto escolas públi-
sistema há desde os progra- na operações aritméticas num cas se preparam para oferecer
mas mais óbvios e de propósi- cenário de defesa anti-aérea: di- Um Computador por Aluno,
to geral, como navegador e versão e agilidade matemática com Software Livre, às popula-
editor de textos, até os mais vol- garantidas. ções que em sua maioria não
tados à educação, como jogos Infelizmente, o Sugar on possuem computadores de pro-
e atividades de programação, a Stick (a versão para CD e pósito geral, escolas particula-
até com a linguagem Logo. pen drive do Sugar), o Pandor- res desperdiçam seus
Além de ser instalável em diver- ga GNU/Linux e a distribuição orçamentos menos apertados
sas distribuições de GNU+Li- GNU/Linux educacional manti- em software privativo, incompa-
nux, há versões bootáveis da pelo Ministério da Educa- tível com a missão de educar.
Não é que o software pri-
vativo escolhido pelas escolas
não cumpra o propósito para o
qual foi projetado. Às vezes
Não é que o até cumpre. O problema é que
o propósito educacional, quan-
software privativo escolhido pelas do o software é privativo, vem
sempre acompanhado de ou-
escolas não cumpra o propósito tros propósitos indesejáveis. E
são esses outros propósitos
para o qual foi projetado. Às que criam hábitos prejudiciais
vezes até cumpre... e limitam as possibilidades de
aprendizado.
O objetivo da educação
Alexandre Oliva não deve se limitar a transmitir

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |12


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

informação. Deve preparar o Falta de Educação o usuário: de posse do código


educando para ser um cidadão Se o usuário depender de fonte, qualquer interessado po-
livre e independente, bom mem- permissão do desenvolvedor deria perceber e evitar compor-
bro da sociedade, capaz de utili- do software para instalá-lo ou tamento indesejável,
zar o conhecimento e as utilizá-lo num computador qual- inadequado ou incorreto do
técnicas que adquiriu para bus- quer, o desenvolvedor que deci- software. Através dessa imposi-
car conhecimento que deseje da negá-la, ou exija ção de impotência, o fornece-
ou necessite, assim como para contrapartida para permiti-la, dor cria um monopólio sobre
desenvolver conhecimento no- efetivamente terá controle so- eventuais adaptações ao
vo, pelo bem de todos. bre o usuário. Pior ainda se o software: só poderão ser de-
Software Livre, isto é, software armazenar informa- senvolvidas sob seu controle.
software que respeita as liber- ção do usuário de maneira se- Pior ainda: cerceia a curiosida-
dades dos usuários de execu- creta, que somente o de e a criatividade do educan-
tar o software para qualquer fornecedor do software saiba do. Crianças têm uma
propósito, de estudar o código decodificar: ou o usuário paga curiosidade natural para saber
fonte do software e adaptá-lo o resgate imposto pelo fornece- como as coisas funcionam. As-
para que faça o que o usuário dor, ou perde o próprio conheci- sim como desmontam um brin-
deseje, de fazer e distribuir cópi- mento que confiou ao seu quedo para ver suas
as do software, e de melhorá- controle. Seja qual for a esco- entranhas, poderiam querer en-
lo e distribuir as melhorias, per- lha, restarão menos recursos tender o software que utilizam
mite que pessoas usem compu- para utilizar na educação. na escola. Mas se uma criança
tadores sem abrir mão de pedir ao professor, mesmo o
Ter acesso negado ao có-
serem livres e independentes, de informática, que lhe ensine
digo fonte do programa impe-
sem aceitar condições que os como funciona um determina-
de o educando de aprender
impeçam de obter ou criar co- do programa privativo, o profes-
como o software funciona. Po-
nhecimento desejado. sor só poderá confessar que é
de parecer pouco, para al-
um segredo guardado pelo for-
Software que priva o usuá- guém já acostumado com essa
necedor do software, que a es-
rio de qualquer dessas liberda- prática que pretende também
cola aceitou não poder ensinar
des não é Livre, é privativo, e controlar e, por vezes, enganar
ao aluno. Limites artificiais ao
mantém usuários divididos, de-
pendentes e impotentes. Não
é uma questão técnica, não
tem nada a ver com preço nem
com a tarefa prática desempe-
nhada pelo software. Um mes-
O objetivo da educação
mo programa de computador
pode ser Livre para alguns
não deve se limitar a transmitir
usuários e não-Livre para ou- informação. Deve preparar o
tros, e tanto os Livres quanto o
privativos podem ser grátis ou educando para ser um cidadão
não. Mas além do conhecimen-
to que foram projetados para livre e independente...
transmitir, um deles ensinará li-
berdade, enquanto o outro ensi- Alexandre Oliva
nará servidão.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

que os alunos poderão almejar são, mas por multiplicação. atenta contar esse valor. Cer-
descobrir ou aprender são a an- Mas, ao contrário do brinque- cear o impulso criativo das cri-
títese da educação, e a esco- do, quando se trata de softwa- anças e adolescentes,
lha de modelos de negócio de re, várias escolas ensinam que aceitando o impedimento de
software baseados numa supos- compartilhar é feio, errado, com- melhoria ao software, prejudi-
ta necessidade de privação e parável a atacar barcos. Ensi- ca não só o desenvolvimento
controle desse conhecimento nam que não se deve dos alunos, que logo se acostu-
não deve ser incentivada por compartilhar um brinquedo de mam a aceitar a posição de
ninguém, muito menos pelo se- software levado à escola, e consumidores passivos, como
tor educacional. dão o mau exemplo elas mes- também a sociedade, já que li-
O compartilhar é um valor mas, negando-se a comparti- mita as contribuições que es-
essencial para o funcionamen- lhar o software que oferecem ses alunos poderiam vir a
to da sociedade. Não é à toa aos alunos. Isso porque esco- fazer, se não estivessem proibi-
que, como parte da missão da lheram mal o software: decidi- dos de construir sobre ombros
educação, está a compreen- ram apoiar modelos de de gigantes. Ao invés de acei-
são e a prática desse valor. negócios mesquinhos, basea- tar software enlatado, sobre o
Quem leva um brinquedo à es- dos em privação, escassez arti- qual pouco ou nenhum contro-
cola é ensinado a compartilhá- ficial e desrespeito ao próximo, le pode ter, a própria escola de-
lo com os colegas. Por que ao invés de formarem cida- veria dar o exemplo e
com software seria diferente? dãos conscientes e livres, ensi- influenciar ativamente o desen-
De fato, com software essa prá- nando a adotar e apoiar volvimento do software educa-
tica deveria ser ainda mais in- práticas que respeitam valores cional que adota, para que as
centivada, pois não há sequer essenciais da sociedade. motivações educacionais e su-
o risco de o amigo quebrar o O cooperar é outro valor as decisões pedagógicas ve-
software. Sendo um bem não-ri- essencial para o funcionamen- nham ao primeiro plano, sem
val, pode ser usado por vários to da sociedade. A aquisição que considerações mercadoló-
ao mesmo tempo: o comparti- de software educativo ou de gicas do fornecedor prevale-
lhamento se dá não por divi- propósito geral como enlatado çam. Não quer dizer que a
escola tenha de ter sua própria
equipe de programadores,
mas que o Software seja Livre,
de modo que, se um dia o for-
necedor se recusar a fazer
O compartilhar é um valor uma modificação desejada pe-
essencial para o funcionamento la escola, ela possa contratar
outro fornecedor para desen-
da sociedade. Não é à toa que, volver a melhoria, cooperando
ou não com suas semelhantes.
como parte da missão da
educação, está a compreensão e Arapuca
Não é à toa que fornece-
a prática desse valor. dores de software privativo
com frequência oferecem o
software que controlam gratui-
Alexandre Oliva
tamente, ou a preço menor, pa-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |14


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Por que escolas devem usar exclu-


sivamente Software Livre?
O software privativo http://www.gnu.org/philosophy/
schools.html
mata a aula. Se vai à escola,
Windows 7 Pecados - Educação:
atrapalha. Boa educação é com http://windows7sins.org/education

Software Livre presente!


Copyright 2009 Alexandre Oliva
Alexandre Oliva

Cópia literal, distribuição e publica-


ra uso educacional. Querem Sugar Labs: ção da íntegra deste artigo são permi-
tidas em qualquer meio, em todo o
que crianças e jovens sejam http://sugarlabs.org/
mundo, desde que sejam preserva-
adestrados sob seu controle, e das a nota de copyright, a URL oficial
se tornem dependentes. De- Pandorga GNU/Linux: do documento e esta nota de permis-
são.
pois, quando estiverem (de)for- http://pandorga.rkruger.com.br/
http://www.fsfla.org/svnwiki/
mados, chegarão ao mercado
blogs/lxo/pub/livre-educar
de trabalho e não conhecerão InVesalius:
alternativa. Pior, estarão de- http://www.softwarepublico.gov.br/ver-
pendentes. Assim como ofere- comunidade?community_id=626732
cer cigarro ou drogas
entorpecentes para os alunos, [GNU/]Linux Educacional:
deveria ser impensável ofere- http://www.webeduc.mec.gov.br/linux
cer software privativo. Aceitá-lo educacional/
é cercear a criatividade, limitar
o aprendizado, promover valo- Linux-libre:
res anti-sociais e fomentar a http://linux-libre.fsfla.org/
servidão tecnológica e a ditadu-
ra do desenvolvedor. São objeti- Trisquel:
vos incompatíveis com a http://trisquel.info/
educação. O software privativo
mata a aula. Se vai à escola, KDE Edu:
atrapalha. Boa educação é http://edu.kde.org/
ALEXANDRE OLIVA
com Software Livre presente! é conselheiro da
Robótica Livre: Fundação Software
http://www.roboticalivre.org/ Livre América Latina,
mantenedor do Linux-
Para Aprender Mais libre, evangelizador
Projeto Software Livre Educacio- do Movimento
Software Livre e
Declaração de Santo Domingo: nal: engenheiro de
http://cosecol.org/index.php?option= http://sleducacional.org/ compiladores na Red
com_content&view=article&id=86& Hat Brasil. Graduado
na Unicamp em
Itemid=27 Associação Ensino Livre (Portu- Engenharia de
gal): Computação e
Mestrado em
GCompris: http://www.escolaslivres.org/ Ciências da
http://gcompris.net/ Computação.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |15


COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Por Carlisson Galdino

Cidade de Stringtown. Mais uma grande


"A partir desta edição, a Coluna do cidade no moderno mundo globalizado. No
Bardo traz uma série em contos, interior do Brasil, estado da Bahia. Lá se
uma série de super-heróis nerds. encontra um pólo industrial voltado à tecnologia
Sabe aquelas situações em que as e, neste pólo, a Sysatom Technology.
coisas claramente dão errado, mas Mais uma empresa de tecnologia,
não dão errado o suficiente para especializada na fabricação de microchips. Não
parar tudo, mas estão erradas? fosse seu projeto ationvir, uma forma de vida
Sejam bem-vindos à Warning Zone, que convive com circuitos e é capaz de prevenir
onde as coisas mais estranhas defeitos. Infelizmente, o projeto não progrediu.
Apesar de relativo sucesso na ação e interação
podem acontecer."
com os circuitos da Sysatom, a ationvir não
conseguia se reproduzir em ambiente algum.
Episódio 01 - Até agora...
Um Pequeno Imprevisto

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |16


COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Valdid: Então, véi? Alguma novidade no Pandora: Ah, então amanhã a gente vê o
ationvir? resultado, né? Eu e Darrell tamos saindo pra
balada. Qrem vem com a gente?
Arsen: Mais tarde farei um novo teste. Estou
projetando uma inversão na cadeia genética, Louise: Opa! Tou dentro! Vão pra onde?
acrescentando alguns genes novos. Esse lance
de induzir mutações e esperar que uma Darrel: Vai ter Pastor João.
funcione realmente não está surtindo efeito.
Valdid: Ah, vão se #@#$ vocês! Pregação?
Louise: kkkkkkkkk. Eu disse! Eu falei! Isso
parece uma versão “bozosort” aplicada à Darrel: É só uma banda que faz cover do Raul,
genética! ué!

Arsen: Cala a boca, fía! Mulher não entende de Valdid: Piorou! Preferia a pregação.
tecnologia não.

Louise: Ah, vai se #@#$! Oliver: Arsen, como vai a pesquisa?

Arsen: Chegou o casalzinho! Arsen: E aí, chefe, está indo... Falta só colocar
em prática. Amanhã cedinho a gente...
Darrel: Oliver quer falar com você, Arsen. O
projeto está demorando muito pra sair do canto. Oliver: Hoje. Quanto tempo leva isso?

Pandora: Ó, mas vai dar tudo certo... Arsen: Não leva menos que meia hora.

Arsen: É, para o nosso bem, sinceramente Oliver: Tudo bem, vamos ver se dá certo. Conta
espero que sim. uma hora extra e manda ver aí.

Arsen: Tudo bem... Então vamos. Louise?


O dia passa rápido com tanto trabalho pela Vamos lá?
frente. E como nos outros dias, a jornada chega
ao fim. Pandora: Vamos esperar a Louise então, não é,
bem?

Valdid: E aí, cara... Conseguiu compilar? Darrel: Por mim tudo bem.

Arsen: Manipulação genética não é Valdid: Então vou ficar por aqui também! Tou
programação... curioso com esse troço aí.

Valdid: Sim, pra mim é a mesma coisa. Oliver: Então aproveitem. Este acontecimento
pode nos colocar no topo do mundo! Que
Arsen: Tá, desisto. A adição do novo gene não comece o show!
foi tão simples quanto pensei. Só terminei
agora. Os testes só vai dar pra fazer amanhã.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |17


COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Manhã em Stringtown. Sede da Sysatom Arsen: O que houve? Ganhamos super-


Technology. “Ruínas da sede” seria a expressão poderes ou algo assim?
mais apropriada...
Oliver: Diria que no mínimo algo assim.

anônimo-com-voz-bestial: Alguém vivo?


São duas criaturas enormes que conversam.
Cada um com três metro de altura. Um ser
Um grande bloco de concreto rola e de baixo formado por pedras e um homem de metal.
surge um monstro peludo com cabeça de touro.

Arsen: E o que vai ser agora?


anônimo-com-voz-bestial: Que porra é essa?!
O que aconteceu comigo!? Oliver: Agora o mundo é nosso!

anônima-com-voz-distorcida: Ai, meu Senhor anônimo-com-voz-bestial: Ô que papo de


do Bonfim! O que aconteceu aqui!? Tá tudo nazista é esse agora?
destruído!? Benzinho?
Oliver: Deixe-me ver... Valdid?

Uma mulher em cima de destroços do outro Valdid: Acertou. Que história é essa de “o
lado olha o estrago provocado pelo acidente. mundo é nosso”?

Oliver: Não há alternativa. Queríamos


anônimo-com-voz-bestial2: O que aconteceu dominação mundial do mercado com tecnologia.
aqui? Agora temos ferramentas, digamos, mais
eficazes para conseguir isso.
anônimo-com-voz-metálica: Parece que a
experiência não saiu exatamente como eu Valdid: Sei não, véi, isso parece errado.
esperava.
Oliver: Vamos debater sobre o tema.
anônimo-com-voz-bestial2: O que aconteceu
conosco! Não era pra esse vírus afetar pessoas.
Ationvir maldito! O que fez com a gente!? Uma mão segura o braço da mulher de voz
distorcida, que observava espantada a cena.
anônimo-com-voz-metálica: Acalme-se, Logo eles estão na Praça Pimentel. O Sol
Arsen. O que você conseguiu é algo sem ilumina as árvores e, no centro, diante do busto
precedentes. do antigo médico, um casal se encontra. Darrell
Dylan e Pandora Vardamir. É fácil identificar,
Arsen: Chefe? apesar de haver algo neles de diferente.

Oliver: Sim, sou eu. E digo que esse feito


realmente vai mudar a história da Sysatom Pandora-com-voz-metálica: Você ouviu aquilo,
Technology. bem?

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |18


COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Darrel: Claro que ouvi. Por isso te trouxe pra


cá. Oliver enlouqueceu. Oliver: Arsen, me diga o que aconteceu
exatamente.
Pandora: Como assim? E acha normal ver um
sujeito de ferro e um pedregulho conversando? Arsen: Sei lá, o ationvir deve ter dado um
E a minha voz? Eu gosto da minha voz de revestrés e infectou a gente.
sempre, por que ela ficou assim? Estou ficando
louca... Oliver: Mas o vírus existia em pouca
quantidade. E o maior problema é que não se
Darrel: É uma possibilidade. reproduzia. Significa que resolvemos o
problema?
Pandora: Grande namorado você é. Nem pra
me consolar nesse momento difícil... Arsen: Ainda é muito cedo para dizer. Mas era
pra ele afetar apenas circuitos. Não tem o
Darrel: Valdid, Oliver, Arsen... Você viu a menor sentido o ationvir afetar a gente. Menos
Louuise? ainda a gente ficar desse jeito.

Pandora: Que cara de pau? E ainda me Valdid: Bem-vindo ao meu mundo. Quando eu
pergunta por outra mulher!? digo que os bugs que aparecem nos meus
programas às vezes não têm o menor sentido
Darrel: Ô Pandora, o momento não é pra ninguém acredita...
drama... É sério, não a vi por lá.
Oliver: Quietos os dois. Então temos que
Pandora: E eu com isso? Devia ser um começar testando. Valdid, sequestre alguém
daqueles postes ou uma poça de lama. Dá pra para cá. Temos que estudar se o ationvir vai
me ouvir agora? continuar o contágio e as formas de contágio. Já
pensou? Um mundo onde todos têm
Darrel: Fala. superpoderes... Ia ser um tanto problemático.

Pandora: Ah, sei mais não o que ia dizer, ó! Valdid: Com certeza! Vou lá buscar alguém.
Que é que vou dizer pra mainha...
Mulher-com-voz-fraca-estranha: O que
pretende fazer se nós formos os únicos?
Mas o que eles não sabem é que Oliver reuniu
todo o grupo, ou melhor, os outros funcionários
da empresa. E como Darrell conseguiu levar Louise parece feita de gelatina, sentada numa
Pandora até a praça sem serem vistos? Calma, mesa quebrada.
tudo a seu tempo... Na sede, Oliver e
companhia discutem os últimos acontecimentos.
Oliver: Simples, Louise. Esconderemos o
processo que nos transformou e traçaremos
Valdid: Ei, soube que o Google vai lançar um uma estratégia para dominar o mundo.
Sistema Operacional ano que vem?
Louise: E o que se ganha com isso?
Arsen: E o Kiko?

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |19


COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Oliver: Dinheiro! Poder! Respeito!


Reconhecimento! Arsen: Podia ser “mulher fluída”! Kkkkkk

Louise: Mas se nós formos seres únicos já Louise: Sem graça!


teremos isso naturalmente, não?
Oliver: E então?
Oliver: Ah, não atrapalhe minha argumentação
sobre dominação mundial! Algo que tanta gente Louise: Hmmm... Seamonkey.
já desejou tem que ter sua utilidade! Temos
outra coisa mais importante com que nos Arsen: Que é isso?
preocupar. Questão de marketing: precisamos
de nomes legais. Alguém aqui lê quadrinhos? Louise: É um bicho do mar daqueles que
parecem de água. Como uma água viva ou
Valdid: Vou me chamar Minotaur! medusa.

Oliver: O que está fazendo aqui! Mandei Arsen: E por que não medusa?
sequestrar alguém!
Louise: Medusa é muito balofa...
Valdid: Tá, chefe, esquenta não que tou indo
agora! Pô, posso nem participar da parte mais Oliver: Tá, tá... Se prefere ser uma macaca do
divertida da discussão? mar, Seamonkey então. Agora alguém viu
Darrell e Pandora? Onde aqueles dois se
Oliver: Vai logo, chifrudo! meteram?

Valdid: Ei, piada com isso é golpe baixo! Continua...

Arsen: Acho que Montanha está bem para mim.

Oliver: É, parece legal. Eu serei o Homem de


Ferro

Arsen: Hmmm... Chefe? Já existe esse...

Oliver: Já? Que pena... Bom, então... Já sei! O


W! No mundo Web, o W será minha letra
símbolo! Eu serei Tungstênio, o elemento
químico representado pela letra W!

Arsen: Chefe... Genial! Me emocionei agora. CARLISSON GALDINO é Bacharel em


Ciência da Computação e pós-graduado
Oliver: Falta você, Louise. em Produção de Software com Ênfase
em Software Livre. Já manteve projetos
como IaraJS, Enciclopédia Omega e
Louise: Preciso mesmo de um nome? Losango. Hoje mantém pequenos
projetos em seu blog Cyaneus. Membro
da Academia Arapiraquense de Letras e
Oliver: Claro! Artes, é autor do Cordel do Software
Livre e do Cordel do BrOffice.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |20


COLUNA · CEZAR TAURION

EDUCAÇÃO,
SOFTWARE LIVRE E
OPEN SOURCE
Por Cezar Taurion
Carl Dwyer - sxc.hu

Este número da Espírito Li- a) Possibilita que os estudan-


vre aborda um tema que me en- tes adquiram experiência práti-
tusiasma: uso de open ca com desenvolvimento de
source/software livre nos cur- software, necessária quando
sos de formação de profissio- de eventuais futuras contrata-
nais de TI. Já havia ções, pois desenvolvem códi-
comentado o assunto em uma go real que será avaliado e
coluna anterior, na segunda edi- até mesmo colocado em opera-
ção da revista, e volto a ele ho- ção;
je com algumas idéias que b) Possibilita que eles compre-
gostaria de compartilhar com endam, na prática, a importân-
vocês. cia dos princípios de
O uso de open source na engenharia de software;
formação dos futuros profissio- c) Possibilita que eles traba-
nais de computação nos traz di- lhem em colaboração com pro-
versos benefícios como: fissionais já experientes e com
estudantes de outras institui-
ções;

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |21


COLUNA · CEZAR TAURION

apoio em desastres, como o


tsunami ocorrido naquele país
em dezembro de 2004.
Engajar estudantes de
Engajar estudantes de
computação na criação, manuten- computação na criação, manu-
tenção e evolução de projetos
ção e evolução de projetos de de software humanitários,
além dos benefícios que vimos
software humanitários contribui acima, contribui para que eles
percebam que desenvolver
para que eles percebam que desen- software é muito mais que codi-
volver software é muito mais que ficar linhas de código. Eles po-
derão ver os resultados de seu
codificar linhas de código. trabalho refletidos diretamente
na sociedade. Aprendem tam-
Cézar Taurion bém que os desenvolvedores
devem ter uma visão mais
abrangente dos problemas e
desafios da sociedade e das
d) Aprendem que programa- tos open source muito empresas, para poderem proje-
ção não é uma tarefa isolada, conhecidos como o Linux, Fire- tar softwares mais adequados
mas colaborativa; fox e o BrOffice.org, mas que ao mundo real. Este, aliás é
e) Aprendem a trabalhar em tal pensarmos em olhar softwa- um dos desafios que os cursos
projetos de razoável (e até mes- re também como uma tecnolo- de computação enfrentam: na
mo alta) complexidade, abrin- gia que pode e deve beneficiar maioria das vezes estão desco-
do a visão prática para as diretamente a humanidade e a lados das realidades do mun-
dificuldades do engajamento sociedade? Pesquisando o as- do real, pois os estudantes
em projetos destes portes; sunto descobri um projeto mui- desenvolvem projetos hipotéti-
f) Aprendem a trabalhar em pro- to interessante que pode servir cos de classe, sem conexão
jetos que tem vida útil longa, de base para o uso do open com os problemas das empre-
não ficando mais restritos a pro- source no ensino da computa- sas e da sociedade.
jetos individuais, que duram ção no Brasil. É o projeto Na nossa realidade que ti-
apenas o semestre de aulas; HFOSS (Humanitarian Free po de projetos podemos desen-
g) Mantém os curriculos atuali- and Open Source Software), volver? Olhemos por exemplo
zados, pois estarão envolvidos que pode ser visto em a gestão de recursos importan-
em projetos atuais, usando téc- www.hfoss.org. Este projeto, tes como a área de saúde. Vol-
nicas e tecnologias modernas. por sua vez, foi baseado nas ta e meia vemos o governo
idéias de um projeto open sour- querendo criar mais impostos
Mas, em quais projetos ce para gerenciamento de de- para este setor, quando sabe-
os estudantes deveriam se en- sastres, desenvolvido no Sri mos que existe um imenso pro-
gajar? Não faltam projetos. O di- Lanka, chamado de Sahana blema de gestão nos hospitais
retório Sourceforge registra (http://www.sahana.lk/). Este públicos. Estima-se que pelo
mais de 170.000 projetos e projeto foi iniciado por desenvol- menos 30% dos que se gasta
mais de 1,7 milhões de mem- vedores voluntários, para aju- nestes hospitais é desperdiça-
bros. Claro que existem proje- dar na gestão de atividades de do de diversas maneiras, por

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |22


COLUNA · CEZAR TAURION

absoluta falta de gestão. Portan- ses da África. E não temos nos- nhamos uma ineficiência muito
to, sistemas de gestão hospita- sa África, localizada no grande, que não será resolvida
lar, desenvolvidos em software nordeste e regiões da Amazô- apenas com construção de
livre, por estudantes de compu- nia? Porque não começarmos mais escolas. A maioria da fa-
tação trariam como resultado um trabalho de traduzi-lo para culdades, sejam públicas ou
um melhoria significativa nes- português e adaptá-lo para nos- privadas, não usam softwares
tes processos. Além disso, ia fi- sas peculiaridades? modernos de gestão. Usam sis-
car claro que os estudantes de temas desenvolvidos interna-
Outros setores importan-
computação teriam que apren- mente, com muitas limitações
tes da nossa sociedade poderi-
der o que são sistemas de saú- e ineficiências. Imaginemos en-
am ser beneficiados. Por
de, conversar com usuários, tão as escolas públicas espa-
exemplo, o Brasil perde cerca
como seus pares e professo- lhadas pelo país!
de 1/3 de sua produção de so-
res da área médica, enfim, en- E que tal pensar em adici-
ja por falta de tecnologia ade-
tenderem que programação é onar recursos de acessibilida-
quada. Cerca de 40% dos
muito mais que simplesmente de aos softwares livres já
alimentos produzidos aqui são
escrever linhas de código. existentes? Ou criar novos? E
perdidos por problemas de ar-
Aliás, já existe um proje- mazenamento, manuseio e porque não usar plataformas
to open source chamado transporte, que poderiam ser como Android para desenvol-
OpenMRS (Open Medical Re- minorados com softwares ade- ver soluções para celulares?
cord System), que pode ser vis- quados. No próprio sistema Afinal no Brasil já temos mais
to em www.openmrs.org que educacional, a falta de siste- de 160 milhões de celulares e
está em uso em diversos paí- mas de gestão faz com que te- muitos deles permitem acesso
à Internet. Um exemplo interes-
sante é um sistema de gestão
de desastres chamado Posit
(http://code.google.com/p/posit-
android/).
O modelo open source
Como avançar nesta dire-
cria uma disrupção no modelo ção? Depois de minha primeira
coluna sobre este assunto (pu-
tradicional de desenvolvimento de bliquei também o mesmo tema
no meu blog) recebi diversos
software. Mas esse modelo não é comentários, metade a favor e
debatido ou ensinado nos cursos. metade contra. Interessante
que, sem fazer juízo de valor,
Em muitas faculdades, aprende-se a maioria dos comentários a fa-
vor vieram de estudantes e a
os mesmos modelos de desen- maioria dos contra foram posta-
dos por professores...Os estu-
volvimento que os professores dantes (a geração digital!) já
estão acostumados com open
aprenderam. source (usam naturalmente Li-
nux, OpenOffice.org e Firefox,
Cézar Taurion entre outros) e com trabalhos
colaborativos. No seu dia a dia

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |23


COLUNA · CEZAR TAURION

pesquisam o Wikipedia, e com- contra hábitos e métodos arrai- vés de wiki e blogs e quem sa-
partilham idéias e informações gados. Precisa vencer impeci- be, até coordenando no futuro
em blogs, wikis, redes sociais lhos burocráticos... Os um amplo seminário sobre o te-
e no Twitter. Para eles, este professores e os alunos deve- ma.
mundo lhes é natural. rão conhecer e ter experiência As opiniões expressas nesta coluna
E por que não explorar es- prática com linguagens como são fruto de estudos, análises e experiências
te contexto no ensino da com- PHP, Python e Ruby (além, é pessoais, não devendo em absoluto serem con-
putação? Pesquisei vários claro de Java) e deverão se sideradas como opiniões, visões e idéias de
cursos de computação e a mai- sentir confortáveis no uso de meu empregador, a IBM, nem de seus funcio-
oria aborda open source de for- blogs e wikis. Usarão Facebo- nários. Em nenhum momento falo em nome da
ma tangencial, apenas ok, Orkut e Twitter como usam IBM, mas apenas e exclusivamente em meu
“aprendendo Linux”. E, pior, al- o celular. Aprenderão a traba- nome.
guns cursos que se dizem de lhar de foma colaborativa...en-
pós-graduação em software li- fim, estamos falando de uma
vre somente ensinam a usar disrupção no modelo de ensi-
softwares como Linux e Fire- no.
fox, e nem de perto passam pe- Porque não quebrar ou- Maiores informações:
la experiência de envolver tros paradigmas? Por exem-
seus alunos nas comunidades plo, como o desenvolvimento Site do Projeto HFOSS
open source. do modelo open source é cola- http://www.hfoss.org

O modelo open source borativo e o código de um de-


senvolvedor é comumente Site do Projeto Sahana
cria uma disrupção no modelo http://www.sahana.lk/
tradicional de desenvolvimento revisado pelos seus pares, por-
de software. Mas este modelo que a avaliação dos alunos (ou
parte dela, pelo menos) tam- Site do Projeto OpenMRS
não é debatido ou ensinado http://www.openmrs.org
nos cursos. Em muitas faculda- bém não pode ser feita pelos
des, aprende-se os mesmos seus pares e não mais, como
hoje, apenas pelos professo- Site Posit
modelos de desenvolvimento http://code.google.com/p/posit-
que os professores aprende- res? Ensinar computação usan-
do software livre em projetos android/
ram. Mas, quando eles aprende-
ram não havia Google, humanitários e sociais vai ser di-
mash-ups, PHP, Eclipse e ou- ferente do modelo de ensino
tros bichos... Claro que desen- atual.
volver projetos práticos, como O que conclamo aqui? Re-
os propostos aqui, de softwa- ver o ensino da computação pa-
res humanitários para ajudar a ra inserir de forma pró-ativa os
minimizar nossos problemas so- conceitos e métodos do open
ciais, implica em uma transfor- source, usando os projetos hu-
mação na maneira de se manitários e sociais como ba-
CEZAR TAURION é
ensinar. Talvez os professores se de aprendizado e Gerente de Novas
de disciplinas de programação, experiência prática. Proponho Tecnologias da IBM
Brasil.
sejam transformados em facilita- que a Espirito Livre seja o em- Seu blog está
dores de conhecimento e proje- brião desta proposta de mudan- disponível em
www.ibm.com/develo
tos. É uma iniciativa que ça, capitaneando a divulgação perworks/blogs/page/
precisa romper barreiras, lutar e debatendo o assunto, atra- ctaurion

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |24


COLUNA · ROBERTO SALOMON

Ivan Petrov - sxc.hu

SEMPRE APRENDENDO
Por Roberto Salomon

Quando passamos pelos progredirmos na carreira.


Já me bancos de escola, não tínha- No trabalho com Softwa-
mos alternativa: tínhamos que
adiantando e aprender. Nem que fosse para
re Livre, não é diferente. Acho
que apenas o motivador é que
pedindo passar nas provas bimestrais. muda: precisamos aprender
Depois, passamos horas em
desculpas pelo bancos de cursinhos ou debru-
continuamente ou perdemos o
bonde. São poucas as ativida-
gerundismo, çados sobre livros para conse- des das quais participamos on-
prometo que guir decorar, geralmente de de o incentivo ao aprendizado
última hora, aquela fórmula contínuo é tão evidente quanto
estarei que tínhamos certeza que iria em uma comunidade de
prestando cair em alguma questão do ves- Software Livre. O melhor é que
tibular. Depois que entramos
atenção para na faculdade, descobrimos
aprendemos porque quere-
mos. Aprendemos porque pre-
que coisas como que aprender é uma ferramen- cisamos nos atualizar sobre o
ta. Uma capacidade da qual va-
essa do título mos precisar pelo resto das
que está acontecendo nas co-
munidades e sobre o que está
não estejam se nossas vidas. despontando no horizonte co-
repetindo muito No trabalho, continuamos mo a novidade de amanhã.
a aprender para não fossilizar.
ao longo deste Sempre há algum curso, treina-
Aprendemos porque é
bom aprender. Podemos imagi-
texto... mento ou especialização que nar este aprendizado contínuo
somos orientados a fazer para

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |25


COLUNA · ROBERTO SALOMON

"Tudo que há no mundo


quando você nasceu é normal,
Qualquer coisa ordinário e é somente uma par-
te natural da forma como o
inventada entre os seus quinze mundo funciona. Qualquer coi-
sa inventada entre os seus
anos e os seus trinta e cinco é quinze anos e os seus trinta e
novo, excitante, revolucionário e cinco é novo, excitante, revolu-
cionário e você provavelmente
você provavelmente fará uma fará uma carreira disso. Qual-
quer coisa inventada após os
carreira disso... seus trinta e cinco anos é con-
tra a ordem natural das coisas."
Roberto Salomon
Já passei um pouco dos
trinta e cinco mas ainda mante-
como uma ginástica mental. nho o interesse no novo. E ago-
Não que eu, devido ao meu por- aquilo que garante o próximo
ra, com licença que eu preciso
te físico, seja exatamente fã de contracheque.
entender como é que o Ksplice
esportes mais radicais que tru- Quem vive ou convive funciona...
co ou palitinho mas os miolos com Software Livre aprende ra-
estão em dia. Em grande parte pidamente a se adaptar. Apren-
pela atividade junto às comuni- de novas tecnologias de forma
dades de Software Livre. fácil pois está acostumado ao Maiores informações:
Fazendo o contraponto exercício do aprender. A vonta-
de de aprender é uma daque- Blog do Roberto Salomon:
no mundo do software fecha- http://rfsalomon.blogspot.com
do, vemos que, com honrosas las características
exceções, os profissionais certi- preponderantes das nossas co-
ficados se engessam no seu co- munidades.
nhecimento naquilo que é Bem no fundo, gostamos ROBERTO
SALOMON é
pedido na prova de certifica- de aprender. Gostamos das arquiteto de software
ção. O mesmo ocorre com oportunidades que as novas na IBM e voluntário
do projeto
aqueles que apostam suas car- tecnologias nos oferecem e is- BrOffice.org.
reiras em uma tecnologia fecha- so nos mantém ativos o sufici-
da. Não há incentivo para ente para não cair na
aprender. Muito pelo contrário, armadilha que o Douglas
o incentivo é para preservar Adams muito bem descreveu:

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |26


CAPA · ENTREVISTA COM BILL KENDRICK

Entrevista com Bill Kendrick,


criador do TuxPaint
Por João Fernando Costa Júnior

Revista Espírito Livre: De onde você é?


Fale um pouco sobre você para os leitores.
Bill Kendrick: Eu atualmente moro em Da-
vis, Califórnia, com minha esposa e com meu fi-
lho pequeno. Eu cresci e fui para a escola na
Califórnia.

REL: O que e onde você estudou?


BK: Fui para a Universidade do Estado de
Sonoma, onde eu recebi meu diploma de Ba-
charel em Ciencia da Computação.

REL: Desde quando você usa Software


Livre? Qual sua distribuição Linux favorita?
BK: Eu comecei usando software livre --
sem pensar muito sobre isso -- na faculdade co-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |27


CAPA · ENTREVISTA COM BILL KENDRICK

realmente amo o KDE 3), mas muitas vezes ele


requer instalação de pacotes externos dos repo-
sitórios oficiais. Uma vez que o projeto Kubuntu
foi anunciado, eu me liguei ao Ubuntu. Então,
eu amo e respeito o Debian, mas achei o Kubun-
tu mais prático para mim.

REL: Como o projeto Tux Paint come-


çou (e quem é o "pai" do Tux Paint)?
BK: Em 2002, um dos membros da minha
mensionada LUG que havia instalado o Debian
Jr. para seus filhos (idade entre 4 e 7 anos),
Figura 1 - Tux Paint começa com o fundo vazio, pronto para ser eles estavam tristes por não ter achado um pro-
desenhado!
grama de desenho para crianças. Eu tinha escri-
mo parte do currículo de ciência da computação to um grande numero de games usando o
(Compilador GCC em SunOS e Solaris, editor DirectMedia Layer Library no Linux, e eu tinha
EMACS, etc.) feito algumas manipulações gráficas com o CGI
no meu site, então eu decidi que eu poderia facil-
Quase na época que eu estava para ser
mente fazer alguma coisa para as crianças. Eu
graduado (em 1998), um amigo me apresentou
não esperava focar tanto nisso 7 anos depois! A
o RedHat Linux. Eu não tinha um computador
maioria dos meus jogos são "terminados" em al-
moderno nesta epoca. Usava um horrível e ultra-
guns dias ou semanas e eu sou o único que tra-
passado Windows 95, um antigo PC IBM para
balha neles.
discar para o Unix e sistemas VAX na escola.
Nos laboratórios tivemos Macs da Apple (não
PCs!) e alguns terminais X-Window. REL: Tux Paint lembra o "Paint", encon-
Eu aprendi alguma coisa da biblioteca X- trado no Microsoft Windows. É essa a idéia?
Window (Xlib) e escrevi alguns jogos, e quando Alguma coisa equivalente a esse software?
aprendi que eu poderia usar o Unix e o X-Win- BK: Microsoft Paint é uma piada, e eu sem-
dow em casa, eu decidi por o RedHat no meu
moderno computador de segunda mão Pentium
133 MHz. Eu alegremente deletei o Windows 95
que estava instalado nele.
No começo de 1990 ajudei a fundar o "Li-
nux Users' Group of Davis", o qual atualmente
mais uma vez sou o presidente. Eventualmente,
devido as frustações de dependências com os
pacotes RPM, e com o número de fans da distri-
buição Debian no meu LUG (Linux User Group)
oferecendo assistência técnica, eu mudei para o
Debian.
Infelizmente eu comecei a ter uma frustra-
ção semelhante usando o Debian. Eu queria o úl-
timo e melhor ambiente de trabalho (eu Figura 2 - Tux Paint vem com algumas imagens para ajudar a compor o
desenho

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |28


CAPA · ENTREVISTA COM BILL KENDRICK

gens de usar o software livre na educação?


BK: Obviamente o preço. As escolas nos
Estados Unidos parecem subfinanciadas, para
não ter que pagar o sotware, sendo assim muito
útil. Na mesma linha disso, custo zero é fácil pa-
ra as criancas usem o mesmo sotware em casa.
Isso, também ajuda, muitas vezes, o mesmo
software estar disponível para múltiplas platafor-
mas. (As escolas tem o Linux para seus clientes
usarem o Tux Paint, mas seus pais tem o Win-
dows e seus avós tem o Mac? Não tem proble-
ma...

Figura 3 - Desenhe livremente utilizando vários pincéis


REL: Tux paint é um famoso programa
pre fico muito triste quando as pessoas compa- que esta incluso na maioria das distribuico-
ram o Tux Paint com ele! O design do Tux Paint es do Linux e venceu varios premios. Qual o
foi influenciado pela simplicidade do PalmOS (mi- segredo do sucesso?
nha esposa e eu temos o Palm III) e minha lem-
BK: Eu acho que o Tux Paint preencheu
brança de vários programas de pintura de
um nicho. Náo é só uma solução para os usuári-
computadores de 8-bits: meu Atari XL e o Com-
os do Linux que estão procurando software de
modore 64 do meu irmão. Se você percebeu no
arte para crianças (o qual era o seu propósito
Tux Paint quando você clica em Save, você não
original), mas isto se tornou a solução para as
é perguntado para qual o destino ou nome do ar-
escolas que usando o sistema MAC OS X os
quivo, e quando você clica Open para baixar a fi-
quais não poderiam usar o Kid Pix (um progra-
gura, ele simplesmente te mostra todas as
ma proprietário de desenho para crianças que
imagens salvas. Isso vem do Palm, um sistema
foi criado na metade de 1980 para Mac). Demo-
baseado em um "banco de dados" - ao invés de
rou muito tempo para uma versão compatível
ser um sistema baseado em um sistema de arqui-
com o OS-X fosse inventada. Tux Paint também
vos.
tem a vantagem de custar muito menos do que

REL: No seu país como é usado o


software livre na educação? Tem alguma re-
sistencia?
BK: Eu nao estou muito próximo dos educa-
dores, entao é difícil dizer. Eu sei que tem al-
guns lugares (como Havai) onde o software livre
e o código aberto decolou. Entretanto eu sinto
que muitos educadores não sabem sobre isto
ainda. Pior, é quando educadores querem usar,
mas as escolas ou departamentos TI dizem que
eles não podem.

Figura 4 - Ferramenta de texto incluída


REL: Na sua opinião, quais as vanta-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |29


CAPA · ENTREVISTA COM BILL KENDRICK

bém. Tem muitas mais pessoas para citar aqui,


mas todos estão documentados!

REL: Como as pessoas podem contri-


buir?
BK: Há varias formas:
* Ajudar a espalhar o Tux Paint pelo mundo.
* Criar arte (desenhar alguma coisa, tirar foto,
ou preparar algum trabalho para alguém)
* Traduzir
* Encontrar e consertar erros.
* Adicionar ou melhorar as características.
Figura 5 - Desenhos salvos são acessados através de um browser com * Ajudar a melhorar a documentação.
miniaturas

qualquer produto comercial.


Mais detalhes estão disponíveis na página
Eu gosto de pensar também que o Tux da web: http://www.tuxpaint.org/help/.
Paint é fácil mas não 'tão idiota', nem também
'tão na cara'. Muitas mídias para crianças (televi-
são, softwares, etc) são muito 'tolas', os quais REL: Quais são os objetivos futuros do
eu sempre achei chato, mesmo quando criança. Tux Paint?
BK: Há um número de melhorias que esta-
REL: Muitas pessoas reclamam dizendo vam sendo feitas durante o Google Summer of
que não existe software livre na educação. O Code em 2008 e 2009, e não todas foram incor-
que você diria para essas pessoas? poradas no Tux Paint. Isso precisa acontecer.

BK: Visite o site: http://www.schoolfor- Eu gostaria de ter um suporte para web-


ge.net/education-software para começar! cam, reescrever a documentação, criar uma no-
va GUI (a atual é escrita usando o FLTK, o qual
não lida tão bem com a localização), criar um su-
REL: Muitas escolas estão usando o porte de configuração de perfil (útil para esco-
Tux Paint. O que você pensa sobre isso? las, casas com várias crianças), etc.
BK: Estou extremamente feliz!
REL: Fale alguma coisa sobre seu traba-
lho no Tux Paint. Como é a rotina de desen-
REL: Quem são os principais contribui-
volvimento?
dores do Tux Paint?
BK: O desenvolvimento é muito esporádi-
BK: Existem muitos. Recentemente, Caroli-
co. Eu trabalho tempo integral e um filho peque-
ne Ford está fazendo um pequeno trabalho para
no em casa, então eu não tenho muito tempo
adicionar mais conteúdos ao coleção de Stamps
para me dedicar. De vez enquando eu encontro
e Starters. Pere Pujal Carabantes está melhoran-
um pouco de tempo trabalhar no projeto. Fre-
do algumas ferramentas do Magic, e adicionan-
quentemente quando eu percebo que precisa fa-
do algumas mais. Vários tradutores estão
zer algo novo.
sempre mandando updates e correções tam-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |30


CAPA · ENTREVISTA COM BILL KENDRICK

REL: O Tux Paint é destinado apenas pa-


ra crianças?
BK: Ele é destinado para crianças mas é
apropriado para o uso de adultos também. Eu ti-
ve pessoas que sugeriram um tema para adul-
tos, com menos efeitos sonoros e uma interface
com aparência mais seria. Um outro dia minha
esposa estava usando-o para esboçar um proje-
to para um cobertor que estava prestes a costu-
rar. Quando eu perguntei porque (ela sabe
como usar o GIMP e Inkscape, também), ela dis-
se que "foi a mais fácil de usar a ferramenta 'fill'".

Figura 5 - Ferramenta blocos mágicos


REL: Você poderia dizer alguma coisa
REL: Você tem algum projeto paralelo? para os leitores?
BK: No momento não. Era uma vez quan- BK: Eu espero que todos deem uma chan-
do eu visualizava uma série de outros projetos ce ao Tux Paint mesmo que você não seja uma
que eu queria criar do Tux4Kids. O Tux Print, criança e não tenha crianças. Ele é muito diverti-
que cria e imprime cartões de agradecimentos. do e vai inspirar você a escrever uma nova ferra-
Tux Writer, um processador de texto para crian- menta ou um jogo... que é muito fácil, usando as
ças pequenas, e o Tux Toons, uma ferramenta grandes ferramentas livres e a biblioteca disponí-
para criar desenhos animados e animação. vel para vocês!
Em todos esses casos (incluindo o Tux
Paint), eu não estou tentando criar algo novo.
Nós temos o codigo-fonte de processadores de
texto, programas de animação e softwares para
pinturas -- Estou tentando 'bolar' um conceito
muito simples que crianças pequenas poderem Maiores informações:
usar. Eu não sentei com meu filho na frente do Site oficial Tux Paint:
Gimp ou do Photoshop (em nem o Microsoft http://www.tuxpaint.org
Paint). Ele ainda é muito pequeno. Ele já brinca
um pouco com o Tux Paint e insiste em dese- Site oficial Schoolforge:
nhar trilhos de trem para ele, o qual é facil usan- http://www.schoolforge.net
do o 'train tracks' uma ferramenta mágica!

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |31


CAPA · ENTREVISTA COM BRUNO COUDOIN

Entrevista com Bruno Coudoin,


criador do Gcompris
Por João Fernando Costa Júnior

Revista Espírito Livre: De onde você é?


Fale um pouco de você para nossos leitores.
Bruno Coudoin: Olá, eu sou um engenhei-
ro de software francês de 42 anos. Eu sou casa-
do e tenho dois filhos, um de 13 e outro de 16
anos, vamos falar um pouco deles posterior-
mente. Eu trabalho em Toulouse, em uma pe-
quena filial da EADS dedicado a testes
industriais.

REL: Em que se formou?


BC: Formei em técnico em informática in-
dustrial e comecei a trabalhar como técnico em
Toulouse, França. Ao mesmo tempo, eu me for-
mei como engenheiro, em cursos noturnos.

REL: Desde quando você usa Software


Livre? Qual sua distribuição de Linux favori-

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CAPA · ENTREVISTA COM BRUNO COUDOIN

le tempo eu estava procurando conteúdos edu-


cativos para meus 2 filhos, mas não havia
quase nada para GNU/Linux.
Eu comecei com uma única atividade em
que as crianças poderiam aprender a movimen-
tar o mouse, clicando sobre a passagem dos pei-
xes. Como meus filhos se divertiram com ele eu
decidi publicá-lo. Claro que eu liberei sob a licen-
sa GPL, pois eu queria que todas as crianças
pudessem se beneficiar com o meu trabalho e
permitir que outros pudessem contribuir. Todos
da minha família se juntaram a mim. Meus filhos
estão a testar todas as novas atividades e a mi-
nha esposa gravou sua voz, mude o seu GCom-
Figura 1 - Bruno e sua família aguardando pelo Tux na saída do labirinto pris para francês para ouví-la ;)

ta?
REL: Como é seu trabalho no projeto
BC: Eu comecei usando GNU/Linux em GCompris?
1993, mas comecei a contribuir somente em
2000 quando comecei o projeto do GCompris. BC: É muito trabalho, eu trabalhei em qua-
Eu usei Mandriva por muitos anos mas mudei pa- se todas as noites e finais de semana desde
ra o Ubuntu. No trabalho, uso RedHat/CentOS. 2000. Nos últimos anos isso mudou um pouco
em termos de tipo de trabalho. Na verdade, eu
comecei a comercializar a versão do GCompris
REL: O que é GCompris? Como o proje- para Windows, mantendo-o sob a licença GPL.
to GCompris se iniciou e quem é o "pai" do Isso cria uma nova carga de trabalho e, infeliz-
GCompris? mente, eu tenho um tempo dificil focando codifi-
BC: Bem, como costumamos dizer, na nos- cação.
sa página inicial, que o GCompris [1]é uma suite
de aplicações educacionais de elevada qualida-
de que compreende numerosas atividades para
crianças de 2 a 10. Algumas das atividades são
de orientação lúdica, mas no entanto, ainda de
ensino educacional.
Para aqueles de vocês que não falam fran-
cês, o trocadilho é bonito: GCompris soa como
a expressão "J'ai compris", que se traduz como
"I've Got IT", que traduzido para o português fica-
ria "eu entendi". Um ponto bônus vai para o no-
me começando com a letra 'g', se dá a uma
homenagem ao projeto GNU e open-source Filo-
sofia [2]. Segundo bônus, IT - é também de Tec-
nologia da Informação.
Eu comecei esse projeto em 2000. Naque- Figura 2 - Respendendo questões de álgebra

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |33


CAPA · ENTREVISTA COM BRUNO COUDOIN

REL: Quais são os objetivos do GCom-


pris?
BC: Atualmente estamos fazendo um porto
para GCompris do desenho gnomecanvas, bibli-
oteca para o goocanvas [3]. A gnomecanvas es-
tá obsoleta e tivemos que movê-la para um
conjunto de ferramentas de desenhos mais mo-
derno. Goocanvas baseia-se na biblioteca de de-
senho vetorial Cairo. Este ramo é chamado
gcomprixogoo porque também pode incorporar
as grandes mudanças que fizemos para a equi-
pe Sugar dividir todas as nossas atividades em
pastas separadas. Até agora, a versão demo foi
Figura 3 - Aprendendo xadrez no GCompris
liberada, mas existem 2 erros graves, antes de
podermos liberá-lo por completo, um problema
REL: Quem são os atuais contribuido- de desempenho em goocanvas svg e a capaci-
res do GCompris? dade de carregar/salvar animações. Este ramo
BC: A equipe de tradução do Gnome faz pode incorporar muitos acessórios no GCompris
um trabalho muito importante para manter as tra- incluindo a independência do tamanho da tela e
duções atualizadas. Isto é de grande importân- um retrabalho do layout da barra de ferramen-
cia para um software de educação. Por tas. Muitas atividades foram melhoradas tanto
exemplo, no início do ano nós tivemos um proble- funcionalmente quanto graficamente.
ma em Portugal porque a tradução não foi corre-
ta o suficiente e isso criou uma questão a nível
governamental porque o GCompris é distribuído REL: No desenvolvimento do GCompris
em laptops para crianças. você se inspirou em algum outro Software?

Há também contribuições de código, mui- BC: Sim, eu me inspirei em um software


tas pessoas nos enviaram correções ao longo educacional popular da França, chamado Adi-
do tempo para melhorar algum aspecto do bou. Não muito para o conteúdo em si, mas a
GCompris, alguns como Yves Combe seguiu o maioria apenas pelo layout de tela.
projeto por vários anos o que realmente impulsio-
nou-o.
E o último aspecto são os gráficos. No
GCompris isso tem um papel muito importante e
felizmente existem muitas pessoas na comunida-
de do Software Livre dispostas a compartilhar
sua arte conosco. Por exemplo, você pode ver a
atividade de um novo ciclo da água como revisa-
do por Stephane Cabaraux (ver o anexo). Em
nosso processo de desenvolvimento, os desen-
volvedores implementam uma atividade e fazem
um desenho básico. Depois, quando lançado, o
artista pode entender facilmente o que precisa-
mos de ajuda e propõe a sua contribuição.
Figura 4 - Aprendendo como dizer as horas

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |34


CAPA · ENTREVISTA COM BRUNO COUDOIN

REL: Como é o uso do software livre na que se adapte a necessidade dos nossos usuári-
França, no que diz respeito à educação? Exis- os. Também é importante manter o espírito do
te alguma resistência? projeto e ficar focados em nosso objetivo. Claro,
BC: É como em qualquer outro lugar. As eu sou feliz com o GCompris atendendendo seu
pessoas estão acostumadas a alguns softwares público.
e é difícil mudar costumes. Assim como os própri-
os usuários, a Educação Nacional na França REL: GCompris tem muitas tarefas e jo-
tem bastante relutante. As pessoas que estão gos, é certo dizer que o GCompris é um
no topo da organização deveriam compreender software para crianças?
o valor do software livre e dar dar apoio a isso es-
tão em uma organização chamada Sce- BC: Sim, ele é feito definitivamente para as
ren/CNDP que também é um editor proprietário crianças, mas não só. GCompris é também utili-
de livros e software. Infelizmente, ao fazê-lo, pro- zado em hospital para treinar adultos re-educa-
tegem os seus próprios interesses e não os pro- ção funcional. Ele também é usado com os
fessores, pais e filhos. É lógico, portanto, para adultos que nunca tiveram contato com um com-
vê-los promovendo o Software Livre, somente putador. Eles podem aprender a usar o mouse,
se fossem amarrados. o teclado, o arrastar e soltar, sem medo de que-
brar alguma coisa.
Apesar disso, existem algumas histórias
de sucesso na França, por exemplo o Sesamath
[4] que é uma organização Francesa de professo- REL: Muitas pessoas reclamam dizendo
res de matemática. Eles escrevem livros os que não existe software livre para educação.
quais não estão no currículo oficial, mas estão O que você tem a dizer para essas pessoas?
sob a licensa GFDL. Eles publicam esses livros
BC: Isso é um pouco verdade, isso depen-
como livros de educação regular e elevou mais
de do que o usuário espera. Há muitos softwa-
de 10% da quota de mercado na França em li-
res proprietários, mas muitos alvos da casa
vros de matemática para as escolas.
mais lucrativo usuários de Windows. Em geral,
estes são de baixa qualidade em termos de va-
REL: Na sua opinião, quais são as vanta- lor educativo e não são adequados para uma uti-
gens do uso do software livre na educação? lização em sala de aula. Ensino de Tecnologia
da Informação é ainda um assunto recente e ain-
BC: Educação é sobre compartilhar. O mo-
delo de desenvolvimento do software livre parti-
lha o compartilhamento de tudo. Professores
podem colaborar com os desenvolvedores e
com a minha experiência com o GCompris eu
posso dizer que isso não é uma utopia, isso real-
mente funciona.

REL: GCompris é um famoso software


que está integrado na maioria das distribui-
ções. Qual é o segredo deste sucesso?
BC: Muito trabalho, paciência, e tendo cui-
dado com os usuários. Eu fiz o meu melhor des-
de o início deste projeto para se certificar de Figura 5 - Qual a cor certa?

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |35


CAPA · ENTREVISTA COM BRUNO COUDOIN

da não sei como os professores vão usar o que mento de software, mas eu gosto de comparti-
temos para oferecer em termos de software e lhar a minha paixão pelo Software Livre.
hardware. De fato, para muitas escolas tendem Toulibre é um "local LUG" - um grupo local de
a ensinar habilidades básicas em torno da infor- usuários linux, em Toulouse. Eu gostaria de en-
mática, utilizando um processador de texto, im- contrar outros grupos de usuários locais de
pressão, pesquisa na Internet, ... Meu ponto de Software Livre. Ajudaríamos outras pessoas a
vista é que o GNU/Linux já é muito mais podero- instalar GNU/Linux em seus computadores e fa-
so do que a necessidade dos professores regula- zer apresentações, a formação em torno de
res. Temos que lembrar que muitos professores uma tecnologia diferente, cada vez que nos en-
não têm o conhecimento básico para ensinar a contrássemos. April é uma organização nacional
tecnologia da informação. Assim, temos que de promoção e defesa do software livre. Isso é
manter a nossa solução simples de usar e im- importante para levantar os problemas de
plantar. software a nível nacional e April faz isso muito
Para os professores mais exigentes que po- bem na França.
dem ser treinados por uma organização adequa-
da, temos também solução como, por exemplo, REL: Você pode dizer alguma pequena
a OLPC e a interface de usuário Sugar. mensagem para nossos leitores?
BC: Gostaria de dizer a vocês para serem
REL: Várias escolas e projetos estão pacientes. O software livre feito para durar, mas
usando o GCompris. O que você acha disso? leva tempo para construir um software de quali-
BC: Estou muito orgulhoso que o GCom- dade. Se você quer liberdade de forma mais rá-
pris está sendo usado para ensinar as crianças pida, o melhor que você pode fazer é contribuir
utilizando um computador para aplicar os seus para um projeto. Há muitas maneiras de contri-
conhecimentos. Para dizer a verdade, eu nunca buir, relatando erros, escrevendo howtos ou do-
acreditei que ele iria tão longe, ele realmente vai cumentar, falando sobre Software Livre, sempre
muito além das minhas expectativas. Eu não pos- que possível, participando de um LUG, fazer a
so dizer com certeza mas acredito que o GCom- manutenção do computador do seu vizinho insta-
pris permitiu muitas escolas e organizações lando o GNU/Linux.
migrarem para GNU/Linux.
Maiores informações:
[1] Site oficial GCompris
REL: Como se pode contribuir? http://www.gcompris.net
BC: Há muitas coisas a fazer em torno do
GCompris e temos uma lista de idéias [5] que fal- [2] Artigo Five Cleverly Named Ubuntu Applications
ta de atividades. Mas o mais importante é a moti- http://ur1.ca/dibm
vação para que eu não distribua tarefas, cabe a
você a vir para o nossa lista de emails e nos pro- [3] Site Goocanvas
por a sua ajuda. http://live.gnome.org/GooCanvas

[4] Site Sesamath


REL: Você tem algum projeto paralelo? http://www.sesamath.net/
E o projeto Toulibre e April?
BC: Bem, não em termos de desenvolvi- [5] Ideias para atividades com GCompris
http://gcompris.net/wiki/index.php/Ideas_for_activities

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CAPA · SOFTWARE LIVRE: QUEBREM AS ALGEMAS!

foxumon - sxc.hu
Software livre:
Quebrem as algemas!
A liberdade do Ser colaborativo na Educação
Por Karla Capucho

Na Educação, Célestin Freinet (1896 –


1966), educador francês que em seus registros
nunca imaginou que se poderia utilizar como ins-
trumento de escrita algo diferente de tinta e pa-
pel, deixou para a modernidade um dos
pensamentos que hoje permeiam a filosofia do
"É necessário fazer Software Livre: colaborar com ação, ou seja,
COLABORAÇÃO!
nossos filhos Os educadores discípulos de Freinet que
viverem em se identificavam como seguidores da corrente
Escola Nova, fundada nos primeiros anos do sé-
república desde a culo XX e que revelou-se contra o aspecto do
ensino tradicional em que o professor era o úni-
escola." co a deter todo o saber e o aluno uma folha em
branco a ser escrita, propuseram uma educação
Célestin Freinet ativa em torno desse educando. Era preciso
transformar o interior da escola, pois ali emergi-
am as contradições sociais. Em sua teoria, o tra-
balho colaborativo sempre esteve em primeiro
plano, pois é ele o orientador da prática escolar
que se reflete na formação de um cidadão, por
natureza livre e criativo, transformador de seu

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CAPA · SOFTWARE LIVRE: QUEBREM AS ALGEMAS!

espaço e tendo o professor como seu maior cola-


borador, incentivador e organizador deste traba-
lho.
Todo o pensamento de Freinet fundamen-
ta -se em quatro grandes eixos:
- a cooperação: promotora da construção do co-
nhecimento social;
- a comunicação: transmissão e recepção do ser
pensante;
- a documentação: registros de suas ideias e de
suas histórias;
- a afetividade: fator essencial de ligação entre
os seres, que os movimenta e os faz crescer.

Pensar em um homem que à frente de seu


tempo tinha como única preocupação desper-
tar nos educandos a consciência de que ele é o
Figura 1: Tux com o uniforme das escolas da rede pública de educação
resultado de uma produção escrita a muitas
da Prefeitura Municipal de Vitória
mãos e que também, ao mesmo tempo, é agen-
te na transformação da sua história e da histó- de aperfeiçoar um programa de modo que toda
ria do outro, leva-nos ao encontro dos uma comunidade se beneficie, somos levados a
benefícios do uso do Software Livre. refletir a respeito do que ainda podemos apren-
Quando formamos um parâmetro entre as der com cada pessoa que nos rodeia.
ideias de Freinet com as da comunidade de É exatamente na educação o lugar onde
Software Livre, voltadas para a: liberdade de exe- encontramos um espaço que oferece a oportuni-
cutar, de estudar, de adaptar, de redistribuir e dade deste crescimento, em um ambiente de
aprendizagem capaz de produzir
uma infinidade de possibilidades e
afirmações do verdadeiro significa-
do da palavra COLABORAÇÃO,
...quando me questionam o com a ação necessária de se fa-
por quê do uso do Software Livre, zer presente num grupo em que a
diferença me torna igual e que na
sempre respiro fundo e desfio o busca de um ser livre e criativo, a
expressão “preciso de uma licença
meu rosário na tentativa de para funcionar” parece-nos algo in-
coerente!
convencer o meu indagador a Como professora de Informá-
respeito de que tipo de educando tica Educativa, quando me questio-
nam o por quê do uso do
eu quero formar... Software Livre, sempre respiro fun-
do e desfio o meu rosário na tenta-
tiva de convencer o meu
Karla Capucho indagador a respeito de que tipo

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |38


CAPA · SOFTWARE LIVRE: QUEBREM AS ALGEMAS!

de educando eu quero formar, já que sou um Assim, voltando ao educador francês,


ser colaborador, em constante transformação, li- quando ele se refere aos eixos que norteiam
vre no meu pensar, quer no momento em que seu pensamento, a liberdade e a afetividade
um aluno se interesse por um aplicativo ou pro- que envolve todo um grupo colaborativo é fator
grama, quer no momento em que escolha disse- primordial para que possamos pensar em um
minar seu conhecimento. Eu tenho a liberdade ambiente educacional voltado para o comparti-
de dizer a este cidadão em construção, que lhamento de experiências e saberes e, ainda,
além de poder distribuir, ele também pode contri- utilizando as palavras de Freinet: “Se não en-
buir, para que aquilo que ele esteja utilizando, contramos respostas adequadas a todas as
possa ficar ainda melhor! questões sobre a educação, continuaremos a
Apesar de todo o preconceito que cerca o forjar almas de escravos em nossos filhos.”
emprego desse tipo de software, também na Então, sem receio, quebrem as algemas!
educação pública, eu tenho argumentos convin-
centes da necessidade e dos ganhos de seu
uso, quando o meu discurso direciona-se para a
justificativa na escolha de uma tecnologia e de
uma infraestrutura voltadas para algo que não Maiores informações:
me aprisiona, pois do contrário seria uma forma
Artigo sobre Freinet na Wikipedia:
de exclusão e, ao falarmos de políticas públicas,
http://pt.wikipedia.org/wiki/Célestin_Freinet
o investimento financeiro que se faz necessário
para a implantação, desenvolvimento e manuten-
Artigo sobre a Escola Nova na Wikipedia:
ção pode ser revertido na aquisição de outras mí-
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nova
dias que são também importantes para
enriquecer o trabalho da comunidade escolar. En-
trelaçado a tudo isto, recorro à adaptação que
possibilita o uso do software à minha real neces- KARLA CAPUCHO é Professora de
sidade e não a uma algema tecnológica, que, co- Informática Educativa,
Psicodramatista e Arterapeuta.
mo já afirmei, aprisiona, restringe, a minha Formada em Pedagogia com
capacidade de criar, de aprender e de repassar especialização na área educacional e
atualmente Gerente de Tecnologias
aquilo que eu sei e que me faz integrante de Educacionais na Secretaria Municipal
uma grande rede, que nunca se finda e que e de Educação, no município de
Vitória/ES.
muito menos fim!

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CAPA: UNIVERSIDADES E SOFTWARE LIVRE

UNIVERSIDADES E
SOFTWARE LIVRE

Por Juliana Kryszczun

No cenário atual, temos universidades e


universidades. Existem aquelas que apoiam o
uso do software livre e exitem aquelas que consi-
deram “mau uso do espaço no HD” instalar algu-
ma distribuição do GNU/linux nas máquinas dos
laboratórios de TI (Tecnologia da Informação).
Não dá pra generalizar e dizer que as universida-
des não apoiam o uso do Software Livre. Po-
rém, é notório que a maioria ainda não
“acordou” para a importância que o software li-
vre está ganhando no mercado.
Mas tem uma coisa, ter o GNU/linux nas
máquinas do laboratório não quer dizer que a
universidade já está no grupo das que apoiam o
seu uso. Software livre vai muito, muito além do
uso do GNU/linux. Muitas vezes, para desencar-
go de consciência é instalado GNU/linux nas má-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |40


CAPA: UNIVERSIDADES E SOFTWARE LIVRE

quinas e pronto. Em muitas uni-


versidades falta o ponta-pé inici-
al para despertar o interesse do
aluno e para o conhecimento
do que vem realmente a ser o
As universidades
software livre. estão cheias de alunos habilidosos,
Quando uma universidade
apoia o uso do GNU/linux, ensi- inteligentes - alunos que podem
na para o aluno sobre a filoso-
fia do software livre e o
oferecer ideias fantásticas, contribuir
incentiva a participar de comuni-
dades de desenvolvimento (ou
com inovações para a área de TI ou
até de fóruns onde são discuti- outras áreas e com isso se destacar
dos problemas com o próprio
SO), ela está abrindo os hori- na concorrência no mercado de
zontes para este futuro profissi-
onal. Além de conhecer outro trabalho.
sistema operacional, o aluno
ganha a experiência de traba- Juiana Kryszczun
lhar de forma colaborativa e
aberta. Aprende a compartilhar
nova forma de trabalho aberto.
informações, aprende uma nova filosofia de tra-
balho. Isso pode lhe ajudar na vida profissional, Mostrando como exemplo uma empresa
independente de seguir o ramo de desenvolvi- que não é da área de TI, mas usou a colabora-
mento de software livre ou não. ção aberta para solucionar os problemas que a
equipe não conseguia solucionar. A Goldcorp,
O GNU/linux nas universidades não pode
uma empresa mineradora de ouro possuía uma
ser visto como mais um sistema operacional,
mina considerada falida e com isso estava per-
mas sim como uma metáfora da informação em
dendo mercado. O diretor, um apaixonado por
si. As universidades estão cheias de alunos habi-
tecnologia, resolveu passar uma semana no
lidosos, inteligentes – alunos que podem ofere-
MIT (Massachusetts Institute of Technology) par-
cer ideias fantásticas, contribuir com inovações
ticipando de debates sobre GNU/linux e softwa-
para a área de TI ou outras áreas e com isso se
re livre. Através do conhecimento adquirido
destacar da concorrência no mercado de traba-
sobre a contribuição descentralizada de informa-
lho. Muitos alunos não têm interesse pessoal
ções, ele inovou a forma de procurar ouro na mi-
em participar de comunidades ou aprender
na. A Goldcorp disponibilizou na Internet todos
GNU/linux sozinhos. Os professores precisam
os dados da mina equivalentes há 50 anos de
motivar o conhecimento.
pesquisas e realizou um concurso com prêmios
Conhecendo o que é o software livre, o mo- aos finalistas. O desafio contou com a presença
tivo pelo qual é livre, a forma que as pessoas se de mais de 1.400 participantes e a mina de ouro
envolvem com ele, a filosofia que tem por traz. foi encontrada, coisa que seria praticamente im-
Conhecendo sobre as licenças que permitem o possível se a solução fosse buscada apenas
uso, cópia e adaptação do software, o futuro pro- dentro da empresa. Inspirado no sucesso do
fissional de TI estará aprendendo muito mais do GNU/linux e do software livre, a empresa encon-
que uma nova forma de fazer software. Esse es- trou uma nova maneira de fazer ouro.
tudante estará, indiretamente, aprendendo uma

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CAPA: UNIVERSIDADES E SOFTWARE LIVRE

Voltando às universidades... o aluno está de a ser um profissional autônomo, apto a se


ganhando quando aprende a filosofia do softwa- adaptar a mudanças e a fazer escolhas.
re livre. Este é um movimento grande e inova- Para formar um profissional de TI, na mi-
dor, pois conhecendo esse mundo, onde nha opinião, não basta ensinar ao aluno apenas
informações e ideias são compartilhadas, os alu- a usar ferramentas e sistemas operacionais li-
nos podem criar algo que seja novo, como um vres. A filosofia livre também deve ser transferi-
dia essa filosofia foi. da ao aprendizado do aluno. Esse é o grande
Esse é um assunto bem delicado para se diferencial. Lembrando também que a introdu-
tratar, pois software livre trata-se de uma cultura ção do estudo do software livre não deve ser al-
diferente da que estamos habituados. Natural- go para mudar a forma de ensino, mas deve ser
mente, as pessoas têm resistência a mudanças. visto como acréscimo no conhecimento durante
E não tem melhor lugar que universidades para a universidade.
se introduzir opções alternativas para o aluno de
TI. A universidade pode explorar dois cami-
nhos: o aluno usuário e o aluno desenvolvedor.
Uma universidade de TI precisa formar um
profissional para o mercado de TI. O mercado
de trabalho mudou, o software livre está sendo Maiores informações:
Site FAJESU:
apoiado pelo governo e por várias empresas. As
http://ur1.ca/c5v5
universidades precisam formar profissionais pa-
ra os dois cenários, tanto o software livre quanto
Artigo sobre a GoldCorp:
para o software proprietário.
http://fenixfelipe.blogspot.com/2009/08/o-desafio-
A FAJESU de Brasília pode ser usada aqui goldcorp.html
como exemplo de universidade que apoia o uso
do software livre de diversas formas: através
de contribuições com a comunidade, através
do uso de ferramentas livres, por meio de even-
tos e outros. O aluno está mergulhado em softwa- JULIANA KRYSZCZUN é bacharel em
re livre desde o primeiro semestre. Pois, convive Sistemas de Informação, pós-graduada
em Engenharia de Software com Ênfase
com disciplinas e ferramentas com este foco. No em Software Livre, certificada em teste
curso existe uma disciplina de software livre, na pela ISTQB. Atualmente trabalha como
analista de teste. Gosta e admira a forma
qual se estuda a filosofia do movimento, as for- como o software livre é feito. Depois que
mas de colaboração e compartilhamento, as co- conheceu GNU/Linux nunca mais largou e
incentiva pessoas a experimentarem
munidades, listas e licenças livres. O aluno não também. Nas horas vagas aprende Python
aprende apenas a usar ferramentas livres. Apren- e escuta música.

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CAPA · PROJETO PARANÁ DIGITAL

PROJETO PARANÁ
DIGITAL
Por Jonsue Trapp Martins

O Paraná Digital é o projeto de inclusão di-


gital das escolas estaduais do Paraná e seu ob-
jetivo é integrar mais de 2100 escolas em rede,
cada uma com laboratório próprio, possibilitan-
do aos professores, alunos, funcionários e à co-
munidade o uso de ferramentas de Internet,
editoração, planilhas, diversos utilitários educaci-
onais e de lazer em Software Livre.
Estão envolvidos no projeto as seguintes
instituições SEED, UFPR, COPEL e CELEPAR.

Parceiros e seus Papéis


SEED – Secretaria de Estado da Educa-
ção do Paraná – Responsável pelo projeto co-
mo um todo, suporte 1º nível (escolas e núcleos
regionais) e controle de contratos de manuten-
ção.

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CAPA · PROJETO PARANÁ DIGITAL

dor compartilhado entre duas ou mais pessoas,


através de uma quantidade equivalente de pla-
cas de vídeo, monitores, teclados e mouses.
Com essa solução, cada usuário terá acesso à
uma área de trabalho exclusiva, simulando-se
assim estações independentes.
A CELEPAR mantém uma infraestrutura
exclusiva para o Paraná Digital, estrutura essa
que conta com dezenas de servidores hospeda-
dos em seu Datacenter. Entre os serviços hos-
pedados estão o Portal Dia-a-Dia Educação,
Portal de Suporte (PRDSuporte), Site de Estatís-
ticas de Uso (PRDEstatística), Proxy, DNS, Re-
Figura 1: Tela de login
positório de Pacotes Debian, Sistema de
Abertura de Tickets (OneOrZero), Sistema de In-
UFPR – Universidade Federal do Paraná – ventários (OCS Inventory NG), Sistema de Con-
Através do Departamento de Informática, C3SL - trole de Versão (GIT), entre outros.
Responsável pelo modelo (projeto) de informati- Para tornar cada vez mais íntegro e rápido
zação das escolas (multiterminais e gerencia- o suporte aos usuários finais (escolas), existe
mento remoto da rede) e desenvolvimento inicial um fluxo de atendimento a ser seguido. O pri-
dos aplicativos utilizados nas escolas. meiro suporte é realizado nas escolas e passa
COPEL – Companhia Paranaense de Ener- pelo Núcleo Regional de Educação que abre um
gia – Responsável pela conexão (pontos de aces- chamado na Central de Atendimento da CELE-
so nas escolas). PAR, a qual conta com vários técnicos em tur-
nos alternados e um número telefônico
CELEPAR – Companhia de Informática do exclusivo para este atendimento. O suporte se-
Paraná – Responsável pela manutenção da solu- cundário é realizado pela Coordenação de Pla-
ção de informática – suporte, acesso à internet, nejamento, Pesquisa e Capacitação e envolve 5
Portal da Educação, e-mail, controle de chama- técnicos que trabalham também na pesquisa e
dos, além da continuidade no desenvolvimento
dos multiterminais e dos aplicativos utilizados
nas escolas e nas estações administrativas.
Os laboratórios das escolas consistem basi-
camente em 1 (um) ou 2 (dois) servidores, os
quais centralizam o processamento das aplica-
ções executadas pelos usuários através de um
sistema de boot remoto. A instalação do sistema
e de seus aplicativos fica também centralizada
no servidor. Um laboratório consiste ainda de pe-
lo menos 5 multiterminais, cada um com 4 cabe-
ças, totalizando 20 estações de trabalho.
Os multiterminais consistem de uma solu-
ção integrando GDM (Gnome Desktop Mana-
ger) e MDM (Multiseat Display Manager), a qual Figura 2: Sistema em funcionamento
possibilita a utilização de um mesmo computa-

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CAPA · PROJETO PARANÁ DIGITAL

emulação de terminal para acesso ao Mainfra-


me, autenticação LDAP, além de outras ferra-
mentas de escritório.

Equipe do Projeto na Celepar


A equipe do projeto é composta por Edgar
Leandro Machoski – Gerente de Gestão de Am-
bientes, Jonsue Trapp Martins – Coordenador
de Implantação de Software Livre e os técnicos
de informática André Luiz de Souza Paula, Felli-
pe Medeiros Veiga, Peter Andreas Entchev, Die-
go Lopes da Cruz e Eduardo de Camargo
Figura 3: Equipe PRD
Cardozo, que desenvolvem e prestam suporte
ao projeto.
desenvolvimento de novos pacotes.
A Central de Atendimento possui uma ba-
se de conhecimento relacionada aos procedimen- Maiores informações:
tos do projeto, onde os problemas mais comuns
Site oficial Projeto Paraná Digital
são listados, para que qualquer técnico da Cen-
http://www.c3sl.ufpr.br/prd/
tral, a qualquer momento, possa prestar suporte
de alto nível aos usuários.
Site PRD Suporte
A equipe da CELEPAR também ministra di- http://www.prdsuporte.seed.pr.gov.br/
versos treinamentos para os integrantes do Proje-
to e palestras para a comunidade. Diversos Site Dia a Dia Educação
treinamentos já foram aplicados aos 32 Núcleos http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/
Regionais de Educação para que seus técnicos
possam atuar no suporte de primeiro nível em ca-
da escola. No Circuito CELEPAR de Software Li-
vre, ministra palestras com objetivo de introduzir
os principais conceitos, vantagens e desvanta-
gens da utilização dos multiterminais aos seus
espectadores. Vale também ressaltar sua partici-
pação no Latinoware 2008, com a palestra intitu-
lada “Multiterminais e Rede Paraná Digital”.
A equipe de desenvolvimento da CELE-
PAR realizou no mês de julho/2009, durante as
férias escolares, a migração de toda a rede para JONSUE TRAPP MARTINS é formado
a versão 3.0 (codinome Iguaçu), customização em Sistemas de Informação e pós-
graduado em Redes e Sistemas
baseada no Debian GNU/Linux 5.0 (Lenny) e Distribuídos pela UFPR, trabalha na
mantém desde outubro de 2006 o desenvolvi- Celepar - Companhia de Informática do
Paraná desde dezembro de 2002 -
mento de pacotes corporativos para os multiter- Atualmente é Coordenador da Área de
minais dos setores administrativos, como por Planejamento, Projeto e Capacitação.
exemplo as implementações do Lotus Notes,

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CAPA · A IMPORTÂNCIA DO EDUBUNTU EM LABORATÓRIOS EDUCACIONAIS

A IMPORTÂNCIA
DO EDUBUNTU EM
LABORATÓRIOS
EDUCACIONAIS
Por Marcos Vinícius Campez

Introdução
Antes da versão 8.04 o Edubuntu era distri-
buído pela Canonical como uma distribuição
completa. Atualmente o Edubuntu é tratado co-
mo um complemento (patch) ao Ubuntu. Pode-
mos definir o Edubuntu como sendo um
complemento ao Ubuntu, o qual traz vários
softwares educativos incluindo as suítes KDEe-
du e Gcompris. Sendo o último o qual iremos fo-
car nesta matéria. Vale lembrar que explicarei
tecnicamente alguns detalhes do Gcompris, mas
o intuito principal é levar vocês leitores, a uma
reflexão a respeito das vantagens de se adotar
o software livre em laboratórios educacionais e
mostrar algumas experiências reais que obtive
na migração de dois destes laboratórios.

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CAPA · A IMPORTÂNCIA DO EDUBUNTU EM LABORATÓRIOS EDUCACIONAIS

Especificações Técnicas dos Labo- → As versões utilizadas do sistema opera-


ratórios e Levantamento dos Proble- cional proprietário não havia registro.
mas → Os professores utilizavam CDs no
Há algum tempo atrás foi dado a mim a fun- Lab01, os quais na maioria das vezes já esta-
ção de deixar dois laboratórios de informática vam riscados.
completamente funcionais, para que os professo- → A área de trabalho das máquinas do
res pudessem trabalhar com os alunos tranquila- Lab01 era totalmente bagunçada e cheia de íco-
mente. nes, deixando desta forma os alunos distraídos.
Um destes laboratórios (chamaremos de → O Lab02 quase não era utilizado, devi-
Lab01) operava utilizando o Windows XP Profissi- do a baixa performance de desempenho das má-
onal, o qual se encontra computadores um pou- quinas acarretando quase sempre um
co mais avançados que o outro laboratório que “travamento”.
funcionava utilizando como sistema operacional
o Windows 98 (chamaremos de Lab02). → Quando usado, o Lab02 trabalhava ape-
nas com processamento de textos.
Para deixar claro o ambiente a ser trabalha-
do, colocarei algumas especificações dos labora- → Manutenções nos dois laboratórios era
tórios. frequente devido a vírus e mau uso do sistema.

Lab01 → 12 Computadores - Processador


Vale lembrar que os laboratórios são utiliza-
dos tanto para os funcionários da instituição
quanto para os alunos, os quais são especiais,
possuindo deficiência mental e alguns até defici-
ências física/mental.
Feito todo o levantamento dos problemas
enfrentados tanto pelos professores quanto pe-
los alunos cheguei a uma solução.

Edubuntu e Gcompris – A Solução


Cheguei a conclusão que necessitaria de
um sistema operacional robusto, com softwares
Figura 1: Área de Trabalho do Edubuntu educacionais, suíte de escritório, acesso a inter-
Pentil III, 128 de memória RAM, 20GB de HD. net, leve, de fácil personalização e manuseio,
que não tivesse problema com vírus e não ne-
Lab02 → 10 Computadores - Processador cessitaria de licença.
k6 233MHz, 64 de memória RAM, 5GB de HD.
Com certeza a maioria das pessoas que vi-
Fiquei algumas semanas analisando as roti- vem em um mundo proprietário diriam: Impossí-
nas destes laboratórios para constatar quais vel!
eram os principais problemas enfrentados pelos
professores e pudi notar alguns fatos extrema- Mas como não vivemos neste mundo, não
mente importantes para que houvesse uma futu- demorei muito para concluir que a solução seria
ra migração de plataforma operacional: uma distribuição GNU/Linux.
Mas por que o Ubuntu/Edubuntu?

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CAPA · A IMPORTÂNCIA DO EDUBUNTU EM LABORATÓRIOS EDUCACIONAIS

Em testes feito nas máquinas, o Ubuntu foi


o que obteve o reconhecimento do hardware (re-
conhecendo 100%) e performance maior. Execu-
tava programas sem “travar” frequentemente e
os usuários poderiam desfrutar de todo o desem-
penho das máquinas com essa distribuição. A in-
terface gráfica GNOME é totalmente intuitiva,
sem contar pelo fato da fácil instalação de servi-
dores LTSP que esta ditro possui. O qual utiliza-
ria futuramente no Lab02.
Com todas essas vantagens não poderia
deixar de comentar o fato de se ter o Gcompris
em sua suíte de educação.
Figura 2: GCompris em uso
O Gcompris (em português, “eu compreen-
do”) foi desenvolvido pelo francês Bruno Cou-
doin e traz diversas atividades de lógica, ais. Bloquearia também a criação de novos pai-
matemática, leitura, exploração do computador néis e a movimentação dos mesmos.
(mouse e teclado), atividades de percepção visu- Substituiria o OpenOffice pelo BrOffice.
al, sinestésica e auditiva. Possui cerca de 80 ati-
Lab02 → Criaria um servidor LTSP. Tiraria
vidades, e o melhor de tudo, vem traduzida
os HDs dos computadores que serviriam de ter-
inteiramente em português do Brasil. Possui inter-
minais leves e conferiria todas as placas de re-
face extremamente simples (sendo um diferenci-
de criando disquetes de inicialização para as
al na hora da escolha pois lidarei com adultos e
mesmas, visto que nenhuma placa-mãe deste
crianças portadores necessidades especiais),
computadores aceitam boot por rede.
bastante colorido, tendo todas as figuras gran-
des, o que dificulta a perca de atenção dos alu- Vale lembrar que criei um servidor LTSP
nos, podendo também ser usado em tela cheia. com peças de outros computadores que a insti-
Era um único software substituindo todos os de- tuição não usava, resultando em uma máquina
mais CDs riscados. com as seguintes especificações: Processador
Pentil IV, 2GB de memória RAM, 80GB de HD.

Mãos a Obra! A implantação


Bem-Vindo Edubuntu! Primeiras
Feito todo esse levantamento defini como
Impressões
funcionaria os laboratórios:
Finalmente depois de alguns meses, os
Lab01 → A instalação seria feita em todos
dois laboratórios estavam prontos para serem
os computadores separadamente. Contaria com
utilizados.
um script de inicialização que apagaria todos os
documentos da área de trabalho, criando sem- Antes de cada professor começar suas au-
pre os mesmo atalhos aos programas mais utili- las, foi feita uma explicação total de como seria
zados (no caso, navegador web Firefox, Editor utilizado os laboratórios. É extremamente impor-
de Texto Writer e Gcompris), deixando assim, a tante deixar claro para os mesmos como se de-
mesma mais organizada e funcional tanto para ve ligar o sistema, desligar, ligar o servidor
os alunos quanto para os funcionários, bastando LTSP e explicar como ele funciona, localização
salvar os documentos apenas nas pastas pesso- dos programas e tudo mais. É importante ressal-

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CAPA · A IMPORTÂNCIA DO EDUBUNTU EM LABORATÓRIOS EDUCACIONAIS

falta de atenção que os alunos tinham devido a


quantidade de ícones na tela agora é muito me-
nor, dificilmente alguns deles prestam mais aten-
ção nos ícones, e o melhor de tudo, faz
aproximadamente 8 meses que não ocorre ne-
nhum problema para se haver uma manutenção
em ambos os laboratórios.
Nem tudo foi maravilha. Para alcançar es-
tes resultados foi preciso um planejamento minu-
cioso e uma explicação bem detalhada aos
professores e funcionários, assim como relatóri-
os entregues a diretoria mostrando as vanta-
gens do uso do software livre em laboratórios de
Figura 3: Ambiente com aplicativos abertos informática para aprovar a instalação dos mes-
tar também o que é o software livre e a sua im- mos.
portância para a sociedade, principalmente a bra- Com determinação e vontade é possível!
sileira que não conta com recursos financeiros Com certeza depois desta matéria e desta edi-
altos. Entendendo assim que não é só de Win- ção da revista, mais laboratórios de informática
dows que se vive o homem e sim, passar a ter utilizando softwares livre irão surgir. Essa é mi-
uma mente mais aberta a mudanças. nha aposta!
Conversado e explicado detalhadamente
cada parte que eles utilizariam do sistema não
houve muitos problemas. Alias, foi muito melhor
Maiores informações:
que eu pensava. Era só elogio.
Site Oficial Edubuntu:
http://www.edubuntu.org/
Conclusão
O Ubuntu/Edubuntu não só está pronto pa- Site Oficial GCompris:
ra ser usado em laboratórios de informática, co- http://gcompris.net/-pt-br
mo é a opção mais viável a se utilizar. O Lab02
agora opera sem problemas os mesmos softwa- Site Oficial LTSP:
res que o Lab01. Com o software livre utilizado http://www.ltsp.org
foi possível aproveitar 10 computadores que an-
tes quase não eram acessados. Depois de al- Site Projeto KDEedu:
gum tempo, os próprios alunos ligam, acessam http://edu.kde.org
sua conta e entram na suíte do Gcompris sozi-
nhos bastando os professores definir apenas
qual jogo eles iram utilizar, os que são alfabetiza-
dos navegam na internet, escrevem em proces- MARCOS VINÍCIUS CAMPEZ cursa o 3º
ano de Sistemas de Informação, trabalha
sadores de textos, etc. Para alguns tratamentos como Admin de Redes e Sysadmin Linux,
fisioterapêuticos são utilizados os jogos que ne- militante do movimento do Software Livre
cessitam do mouse e os alunos passaram a do- desde 2006. Criador do Blog
tavernadosilicio.wordpress.com onde posta
minar bem melhor a digitação com os jogos artigos, dicas e notícias do mundo Open-
voltados para o conhecimento do computador. A source.

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CAPA · PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA UMA CULTURA LIVRE

Práticas Pedagógicas
para uma Cultura Livre
Por Vanessa dos Santos Nogueira

O Software Livre faz parte de uma cultura


digital, sendo um dos meios pelo qual materiali-
zamos a cultura livre, é com software livre que
editamos, criamos, publicamos, compartilhamos
informações que, reeditadas e reconstruídas,
produzem mais conhecimento.
Os ecossistemas de colaboração gerados
pela cultura livre permitem a formação de redes
de produção e partilha de conhecimentos para
além da utilização do software.
É difícil alguém escolher ou usar o que não
conhece, apesar das pessoas comentarem, a
mídia dar cada vez mais destaque, o governo in-
vestir em projetos na área, muitas pessoas não
sabem da filosofia que envolve a escolha de
uma tecnologia livre. É preciso ter clara a defini-
ção de software livre bem como sua implicação

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CAPA · PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA UMA CULTURA LIVRE

no contexto social. Segundo o si-


te www.softwarelivre.gov.br:
“Software Livre (Free Software) é
o software disponível com a per-
missão para qualquer um usá-lo,
Quando alguém faz
copiá-lo, e distribui-lo, seja na uma escolha consciente por um
sua forma original ou com modifi-
cações, seja gratuitamente ou software livre, tem conhecimento da
com custo. Em especial, a possi-
bilidade de modificações implica força que a comunidade que está
em que o código fonte esteja dis-
ponível”. envolvida para manter o software
É importante não confundir gera... Para fazer esta escolha é
software livre com software grátis
porque a liberdade associada ao necessário ter conheci-mento do
software livre de copiar, modificar
e redistribuir, independe de gratui- que ela envolve.
dade. Existem programas que po-
dem ser obtidos gratuitamente, Vanessa Nogueira
mas que não podem ser modifica-
dos, nem redistribuídos. O termo
Software Livre se refere à liberda-
de que o usuário tem de usar, alterar e distribuir custo, é necessário ter o dever moral de não in-
o software sem precisar pedir permissão a centivar a utilização de software “pirata”. A idéia
quem criou. da utilização do software livre hoje é a escolha
de uma cultura livre, que busca socializar o co-
Para explicar o que é software livre a Free nhecimento e democratizar a informação.
Software Foundation criou quatro liberdades pa-
ra os usuários de software: A liberdade de execu- Mas o software livre transcende a sua sim-
tar o programa, para qualquer propósito; A ples utilização, sendo apenas uma das formas
liberdade de estudar como o programa funciona, de materializar a cultura digital livre, que efetiva
e adaptá-lo para as suas necessidades (acesso uma verdadeira rede de colaboração para fora
ao código-fonte é um pré-requisito para esta liber- da internet. Quando alguém faz uma escolha
dade); A liberdade de redistribuir cópias de mo- consciente por um software livre tem conheci-
do que você possa beneficiar o próximo; A mento da força que a comunidade que está en-
liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar volvida para manter o software gera, fazer uma
os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a escolha que vai contra a maioria das pessoas
comunidade se beneficie. que nos cercam é, sem dúvida, uma escolha co-
rajosa. Para fazer essa escolha é necessário ter
O software livre é utilizado hoje por diver- conhecimento do que ela envolve.
sas empresas que gastam com suporte, treina-
mento e certificação. Existem empresas Aprendemos na família e escola que deve-
especializadas em criar softwares livres onde o mos ser pessoas conscientes, que devemos va-
lucro é na captação do cliente, suporte e treina- lorizar o trabalho do outro, contribuir para uma
mento, assim o foco deixa de ser o produto e sociedade mais justa e igualitária e isso vamos
passa a ser o cliente. A escolha de um software ensinar aos nossos filhos, só um momento! Tem
vai além da aparência, pressão da mídia ou do alguma coisa estranha nesse percurso. Aprende-

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CAPA · PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA UMA CULTURA LIVRE

mos e estamos passando adiante somente um educar as crianças. 3 Conjunto das idéias de
discurso? Será que você faltou àquela aula quan- um educador prático ou teorista em educação”.
do falaram que as grandes mudanças devem co- O trabalho desenvolvido na escola trans-
meçar por nós, que são as pequenas coisas que cende as leis e normas impostas pelo Estado, o
fazem a diferença... fazer pedagógico está além da busca e constru-
Como seria nossa vida hoje se as pessoas ção de uma cultura livre dentro da instituição es-
que inventaram as fórmulas matemáticas tives- colar, essa construção é efetivada por sujeitos
sem guardado tudo pra elas, ou se tivéssemos com uma história, que trazem presente consigo
apenas as calculadoras... Será que teriam inven- sua ideologia.
tado calculadoras sem saber as fórmulas mate- Se a escola ainda trabalha com ideologias
máticas? marcadas pelo ensino tradicional e o capitalis-
Ainda temos aqueles super interessados mo, e nossos educadores vem dessa formação,
com os problemas sociais e deles escutamos fra- como podemos modificar nossas práticas?
ses como: "com tanta gente passando fome" vo- Muitas são as dúvidas e diversas os cami-
cê vem me falar em software, daria até para nhos que podemos seguir, uma alternativa para,
ficar com a consciência pesada se não soubésse- aos poucos, reverter essa antiga ideologia, é o
mos a grande quantia investida pelo governo incentivo e divulgação das ações que envolvem
com licenças de software proprietário, verba es- as tecnologias livres, principalmente no ambien-
sa que poderia estar sendo aplicada na melho- te escolar e isso deve ser trabalhado com todos,
ria da qualidade de vida ou em algum programa inclusive as crianças.
social para reduzir a fome e a miséria do nosso
país. Os recursos tecnológicos livres, além de
darem conta das nossas tarefas diárias, nos re-
A utilização de tecnologias livres precisa metem a uma colaboração social, todos saem
também ser desenvolvida no contexto educacio- beneficiados quando multiplicamos informações
nal, a cultura livre deve fazer parte da cultura e elas se materializam em conhecimento.
acadêmica. A escola como meio de transforma-
ção social é fundamental na disseminação de
uma cultura livre, onde a prática da liberdade de-
corre de uma ação pedagógica que considera e
abarca o planejamento e desenvolvimento de si- Maiores informações:
tuações-problema, onde toda a comunidade edu-
Site Oficial FSF:
cativa desenvolva competências para criar,
http://www.fsf.org
manter e difundir uma cultura livre.
As práticas pedagógicas são as ações guia- Site SoftwareLivre.gov.br:
das pela pedagogia, considerando a prática co- http://www.softwarelivre.gov.br
mo aplicação das regras ou dos princípios de
uma arte ou ciência na sociedade em que se vi-
ve. As práticas pedagógicas são realizadas com VANESSA DOS SANTOS NOGUEIRA é
Pedagoga, Pesquisadora na área de
base nos conhecimentos pedagógicos dos sujei- Software Livre e Educação a Distância.
tos envolvidos no contexto escolar. Lembramos Integrante do Grupo de Pesquisa
KÓSMOS/UFSM/CNPq. Tutora a
que pedagógico é considerado relativo a pedago- distância do curso de Pedagogia/USFM.
gia. Pedagogia segundo o Dicionário Michaelis Colaboradora do Projeto Software Livre
Educacional.
(On-line) é: “1 Estudo teórico ou prático das ques- Blog: vanessanogueira.wordpress.com
tões da educação. 2 Arte de instruir, ensinar ou

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CAPA · VIRTUALIZAÇÃO EM FAVOR DA EDUCAÇÃO

Virtualização
em favor da
educação
Experiência bem sucedida
no ensino do GNU/Linux no ensino técnico
Por Antônio Augusto Mazzi

A grande dificuldade no ensinamento do ria que ser mantido e não existi a possibilidade
GNU/Linux dentro das escolas não está na rejei- de ter um laboratório dedicado ao ensino de
ção do SO em si, mas sim em preparar um ambi- software livre.
ente adequado para os alunos, demonstrando Os principais problemas encontrados fo-
todas as características e funcionalidades desse ram relacionadas a manutenção desse laborató-
sistema. rio, pois ficava inviável, já que toda vez que
Uma experiência bem sucedida no ensino ocorria um problema no Windows era necessá-
do software livre está em uso atualmente na Es- rio reinstalar o Windows e por sua vez recuperar
cola técnica Deputado Salim Sedeh, localizado o Grub.
no interior de São Paulo, onde após várias tenta- Não era possível ensinar a instalação do
tivas e experiências se chegou a um ambiente GNU/Linux, já que se ocorresse algum proble-
de fácil manutenção e utilização. ma teria dois trabalhos e a máquina ficaria sem
Antes de expor tal experiência é interessan- uso.
te passar um pouco da evolução desse projeto, Não era possível ensinar configurações
a fim de ilustrar o esforço da equipe responsável avanças que necessitasse da senha do Root, já
pelos laboratórios dessa unidade de ensino na que o aluno poderia alterá-la impossibilitando
qual faço parte. seu uso posterior.

A primeira tentativa Segunda tentativa


Quando se inicio o ensino do GNU/Linux Com o surgimento dos GNU/Linux em lives
em meados de 2002 a opção adotada foi o tradi- CDs, resolvemos utilizá-los em aula, onde cada
cional dual boot, uma vez que o SO Windows te- aluno deveria ter o seu prórpio live CDs, como

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CAPA · VIRTUALIZAÇÃO EM FAVOR DA EDUCAÇÃO

A manutenção dos laboratórios é outra van-


tagem, não é necessária a instalação manual da
máquina virtual em cada computador, simples-
mente é possível copiar os arquivos gerados na
primeira instalação para os demais computado-
res, uma vez que os computadores são idênti-
cos e utilizam a mesma versão da máquina
virtual.

A evolução do projeto
O próximo estudo será utilizar o SO
GNU/Linux como SO principal, encontrando so-
luções livres para substituir os softwares proprie-
tário utilizados atualmente. Com certeza essa
seria a opção mais adequada, ampliando o uso
Figura 1: O VirtualBox possibilita rodar um sistema operacional do software livres.
sob outro

um material de aula. Detalhes do Projeto


No começo a utilização era viável, sendo Nome: Ensino SO GNU/Linux
os únicos problemas a limitação do sistema, Sistema Operacional utilizado: GNU/Linux Ubun-
uma vez que ele estava sendo executado na me- tu 8.10
mória RAM e novamente não era possível ensi- Aplicativo de Virtualização:
nar a instalação do sistema. Virtual Box 2.1.2
Com o tempo, o uso constante do CDROM Memória RAM reservada: 256 MB
ocorreu o seu desgaste, impossibilitando o uso Disco Virtual: 8 GB
de alguns computadores.

Terceira e ultima tentativa, “A Solu- Maiores informações:


ção” Site Oficial do VirtualBox:
http://www.virtualbox.org
Com a melhoria de infra estrutura e equipa-
mentos, surgiu a possibilidade de usar a virtuali-
zação como base para o uso do GNU/Linux.
Para isso foi escolhido o software livre Virtual
Box.
Com a virtualização foi possível instalar no ANTÔNIO AUGUSTO MAZZI
próprio SO Windows o GNU/Linux, assim as dis- (gutomazzi@gmail.com) é graduado em
Tecnólogo em Informática, pós-graduado
ciplinas que utilizam softwares para o Sistema em Administração em Sistemas de
Operacional Windows poderiam usá-los normal- Informação pela UFLA. Atualmente é
professor de nível técnico do Centro Paula
mente e as disciplinas que fazem uso do GNU/Li- Souza do curso de informática e membro
nux podem realizar o estudo aprofundado do da equipe responsável pelos laboratórios e
sistema, bem como ensinar sua instalação e con- servidores da Etec. Em 2008 foi
coordenador do curso técnico e professor
figuração. universitário.

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CAPA · K-Eduque - Uma distribuição Linux direcionada à educação

K-Eduque
Uma distribuição Linux direcionada à educação
Por Alessandro Silva

Implantar computadores na escola é um de- não estiverem prontas para ingressar nesse uni-
safio que está diretamente ligado a alguns ingre- verso tecnológico. O conceito de tecnologia apli-
dientes básicos: o computador, o software cada à educação implica que o aluno poderá
educacional, o professor e o aluno. O software adquirir a princípio qualquer nível de conheci-
educacional é tão importante quanto o hardware mento utilizando as mais diversas TICs (Tecno-
e os recursos humanos empregados pois, sem logias da Informação, e comunicação) e o
uma ferramenta educativa, a máquina jamais se- professor terá um papel importantíssimo nesse
ria utilizada como mecanismo de construção de cenário
aprendizado. O professor nesse caso tem um pa- Visando atender as necessidades da comu-
pel fundamental, pois será responsável por utili- nidade escolar (alunos e professores), em agos-
zar essas ferramentas de maneira adequada e to de 2007, iniciei um projeto de uma
eficiente no ambiente escolar. Portanto, capaci- distribuição Linux direcionada à educação. A pri-
tar o professor passa a ser um fator crítico de su- meira versão estável foi lançada e disponibiliza-
cesso na implementação de tecnologias da na Web em fevereiro de 2008. O principal
direcionadas à educação. objetivo do projeto era oferecer um sistema ope-
Esforços como equipar laboratório com racional livre, baseado em padrões abertos ,
equipamentos modernos e distribuir computado- com diversos softwares educativos (jogos e apli-
res portáteis de última geração a seus professo- cativos), como uma alternativa viável, de quali-
res, tornam-se totalmente inúteis se as pessoas dade, acessível a todos e que atenda a
responsáveis por multiplicar o conhecimento cobertura curricular da pré-escola ao ensino mé-

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CAPA · K-Eduque - Uma distribuição Linux direcionada à educação

atividades estão disponíveis atividades de leitu-


ras, baseadas em movimentos físicos, jogos
que estimulam o raciocínio lógico e de estraté-
gia, matemática e diversão.

Figura 1: Desktop do K-Eduque

dio. Esse sistema recebeu o nome d K-Eduque,


onde o K homenageia o ambiente desktop K
Desktop Enviroment (KDE) utilizado e uma refe-
Figura 2: GCompris
rência à educação e a cidade de Duque de Caxi-
as, onde o projeto foi idealizado e implementado
pela primeira vez. Tux4Kids
O pacote Tux4Kids é composto por Tux-
Math, TuxPaint e TuxType. Esses programas
Porque utilizar jogos no aprendizado? são utilizados para estimular o aprendizado de
Utilizar jogos educativos no processo de matemática, criatividade (coordenação, pintura
aprendizado, é uma alternativa bastante interes- e desenho) e digitação respectivamente. Dentre
sante de estimular o interesse de uma criança eles destaco o TuxMath, um jogo educativo/inte-
ou jovem por disciplinas conhecidas por sua com- rativo que poderia resolver aquele probleminha
plexidade, como a matemática, física e química.
Imagine como seria possível convencer uma cri-
ança a repetir ou copiar 20 vezes a tabuada de
0 a 10 com satisfação? Pode um software educa-
tivo substituir essa tarefa tediante por uma praze-
rosa? Sim é possível! Mostraremos nesse artigo
alguns softwares educativos disponibilizados na
distribuição K-Eduque que podem ajudar nesse
processo.

Gcompris (Suíte educacional para crian-


ças)
Gcompris é uma coleção de jogos educacio-
nais que oferecem diferentes atividades para cri-
anças a partir de 2 anos de idade. Dentre as Figura 3: Tux4Kids

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CAPA · K-Eduque - Uma distribuição Linux direcionada à educação

os. O professor poderá gerar tarefas onde os


alunos resolverão e no final será mostrada uma
estatística de erros e acertos ao aluno.

Figura 6: Kbrunch
Figura 4: TuxPaint
Kletters (Treinamento de vocabulário)
de estudar a velha e tediante tabuada. Já imagi- É um aplicativo simples que ajuda crianças
nou aprender tabuada e ainda se divertir? Essa e até mesmo adultos em fase alfabetização no
é uma das proposta do TuxMath. aprendizado e memorização das letras do alfa-
beto.
Kalzium (Química)
O Kalzium oferece vários tipos de informa-
ções sobre os elementos da tabela periódica. Vo-
cê poderá visualizar os elementos por grupos,
blocos, famílias, estruturas, estados da matéria,
densidade, calcular número atômico, número de
massa, entre outras funcionalidades.

Figura 7: Kletters

Figura 5: Kalzium
KIG (Geometria interativa)
É uma aplicação para geometria interativa
que permite que modelos matemáticos sejam
Kbrunch (Exercitador de frações) concebidos e usados no computador.
Oferece quatro exercícios básicos para trei-
namento de operações com números fracionári-

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CAPA · K-Eduque - Uma distribuição Linux direcionada à educação

Figura 8: KIG Figura 10: Ktuberling

Keduca (Testes e Exames)


Kpercentage (Exercício de percenta-
gens) É uma aplicação interativa que permite cri-
ar exercícios, testes e exames interativos.
É uma pequena aplicação matemática que
ajuda iniciantes no calculo de percentagens utili-
zando vários exercícios propostos.

Figura 9: Kpercentage

Figura 11: Keduca


Ktuberling (Homem Batata)
Utilizado para estimular a criatividade, nes- Kverbos
se jogo não há um vencedor, a não ser aquele
que conseguir ser mais criativo e montar o ho- Se você é professor de espanhol, você po-
mem-batata mais engraçado. É um jogo interati- de usar o Kverbos para criar atividades e exerci-
vo para crianças pequenas, mas isso não tar a prática dos tempos verbais dos seus
significa que adultos que queiram lembrar da alunos.
sua infância, não possam brincar.
Dentro do K-Eduque existem outros softwa-

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CAPA · K-Eduque - Uma distribuição Linux direcionada à educação

sas ferramentas não é substituir o método tradi-


cional, mas sim colaborar para melhoria da
qualidade do processo de aprendizagem. É im-
portante e necessário utilizar uma metodologia
adequada ou a inclusão de novas tecnologias
no ensino terá um forte tendência ao fracasso.
Para servir de apoio nesse processo, indico o
projeto Classe de José Eduardo de Lucca, da
Universidade Federal de Santa Catarina, que
fez uma classificação indicativa dos softwares
educativos apresentados neste artigo, com uma
abordagem dinâmica, uma proposta aplicável e
eficaz.

Figura 12: Kverbos Maiores informações:


Site Oficial do Projeto K-Eduque
res educativos e aplicativos direcionados pesso- http://www.keduque.com.br
as que desejam ministrar cursos de Informática
baseados em Software Livre. Como exemplo des-
sas aplicações temos o BrOffice (suíte de escritó-
rio), Gimp (Tratamento de imagens), Inkscape
(Ilustração vetorial), entre outros softwares. Fica ALESSANDRO SILVA é Pós-graduando em
como sugestão, navegar pelo ambiente do K- Redes de Computadores pela PUC-RIO e
Tecnologia da Informação Aplicada à
Eduque e conhecer os recursos disponíveis. Educação pelo NCE/UFRJ, Administrador de
Sistemas certificado pelo LPI e Mantenedor
Neste Artigo apresentamos alguns softwa- do projeto K-Eduque.
res que podem perfeitamente servir de apoio ao
método tradicional de ensino. A proposta des-

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CAPA · UM DIAMANTE CHAMADO GCOMPRIS - PARTE 1

UM DIAMANTE
CHAMADO
GCOMPRIS -
Parte 1
Por Sinara Duarte

Jaycy Castañeda - sxc.hu

A edição deste mês é especial, pois home-


nageia todos aqueles que se esforçam para
construir um país melhor: os professores. E co-
mo estamos em uma data especial, nossa colu-
na mensal, destaca também um software
educacional especial: o GCompris. De tão extra-
ordinário, foi preciso compilar em dois artigos.
Então boa leitura...
Um dos entraves a utilização da tecnologia
na escola é encontrar softwares educativos de
qualidade, adequados as necessidades de nos-
sos alunos que sejam acessíveis e de baixo cus-
to.
Os softwares proprietários criados especifi-
camente para o mercado educacional geralmen-

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CAPA · UM DIAMANTE CHAMADO GCOMPRIS - PARTE 1

te são muito caros, visto que as empresas têm pre com um caráter educacional.
que reaver os custos de desenvolvimento a par- De origem francesa, GCompris (significa
tir de um mercado muito reduzido. eu compreendi), já foi traduzido para 66 línguas
Neste cenário, o software livre representa (outubro/2009) inclusive o português do Brasil.
um alternativa aceitável, visto que está livremen- Recentemente, este software ganhou um prê-
te a disposição a qualquer um, na Web gratuita- mio internacional, o Free Software Awards que
mente, aliado ao fato de que, por ser livre, pode ocorreu na França (2003), na cidade de Sois-
ser utilizado, copiado, alterado e redistribuído as son. É reconhecido pela Friends of the Worlds
comunidades educativas, sem restrições, diferen- Treasure e pode ser encontrado na lista de
temente das alternativas proprietárias que apre- softwares recomendados pela Unesco, orgão da
sentam restrições orçamentárias e legais. ONU que promove ações de proteção a infân-
A filosofia do software livre vai ao encontro cia.
da criação e disseminação do conhecimento. De Distribuído sob a licença GNU/GPL é um
fato, os avanços em todas as áreas das artes às software multiplataforma, pois funciona em ambi-
ciências, na verdade, o somatório de todo o co- entes GNU/Linux, MacOSX, Windows e outras
nhecimento humano, são resultado do livre com- versões do Unix. Apesar da quantidade elevada
partilhamento de idéias, teorias, estudos e de aplicativos, não necessita hardwares poten-
pesquisas. Todavia, quando analisamos a reali- tes, pois funciona bem em um PC com processa-
dade educacional brasileira, no que tange a as dor de 233MHz e 64MB de memória, utilizando
tecnologias digitais, percebemos que muitas insti- aproximadamente 100MB de espaço de disco.
tuições educativas, ainda privilegiam os softwa- As versões para Linux e Mac OS X são gra-
res proprietários, de cunho fechado e trancado, tuitas. A versão para Windows existe em duas
transformando os educadores em cúmplices da modalidades, uma gratuita em crippleware a
censura que incide sobre a produção de conheci- qual permite utilizar apenas algumas das ativida-
mento nesta nova era. des, e outra que custa 20€ com todas as ativida-
A adoção do software livre no contexto edu- des disponíveis. Segundo o autor, as restrições
cativo contribui para promoção e o desenvolvi- da versão gratuita para Windows e a versão pa-
mento científico, ampliando a colaboração entre ga visam incentivar a utilização do GNU/Linux.
universidades, escolas e comunidades de progra- De forma geral, o GCompris é considerado
madores. As experiências internacionais de im- como “a jóia da coroa” no meio a tantos softwa-
plantação de software livre na educação res educativos, pois apresenta desde jogos de
mostram que muitas comunidades de programa- entretenimento até atividades de raciocínio lógi-
dores e organizações estão preocupadas em de- co. Lançado em 2000, atualmente este software
senvolver projetos de Informática Educativa, possui cerca de 107 aplicativos (outubro/2009)
promovendo o ensino e a aprendizagem em insti- que estão divididos em categorias, como desco-
tuições educacionais. Um dos projetos de maior berta do computador, álgebra, ciências, geogra-
destaque é o GCompris. fia, jogos lúdicos, leitura, dentre outros. Além do
Segundo o sitio oficial, GCompris é uma aspecto lúdico, este software é bastante interati-
suíte de aplicações educacionais livre que com- vo e multimídia, apresenta som e animações
preende numerosas atividades para crianças de em diversos níveis. Neste cenário, o jogo deixa
idade entre 2 e 10 anos, portanto abrange a edu- de ser visto como jogo improdutivo e passa a
cação infantil e as séries iniciais do ensino funda- ser utilizado como estratégia de aprendizagem.
mental. Algumas das atividades são de As possibilidades pedagógicas do GCom-
orientação lúdica, de entretenimento, mas sem- pris são tantas que é impossível descrevê-las

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |61


CAPA · UM DIAMANTE CHAMADO GCOMPRIS - PARTE 1

em um único artigo. Uma das áreas que o GCom-


pris se destaca é na educação matemática. As-
sim, neste primeiro momento, abordaremos
apenas o módulo matemática. A versão analisa-
da é a 8.4.4.
Para a aprendizagem desta disciplina, prin-
cipalmente na educação infantil, é importante ga-
rantir o pensar matemático não somente pela
seriação e classificação. As crianças desde pe-
quenas, devem ser estimuladas por meio de can-
ções, jogos, poesias que utilizem números e
comparações.
O GCompris contribui para a aprendiza-
gem da matemática com cerca de 20 jogos dife- Figura 2: GCompris - adição com balão
rentes, destacando-se algebra, geometria e
numeração (figura 1). os números primos menores que 4, todavia, tam-
bém existe a opção de “digestão” de números
iguais e diferentes, números múltiplos e núme-
ros fatoriais. Uma dica interessante é que ele se
movimenta utilizando o teclado de navegação
(setinhas) e se alimenta com a barra de espaço.
É pura diversão, sem risco de obesidade!

Figura 1: Tela do GCompris (módulo matemática)

O exemplo a seguir mostra um exemplo de


jogo lúdico inserido dentro da plataforma do
GCompris, que diverte e ao mesmo tempo edu-
ca a criança. O objetivo é não deixar o tux, o
Figura 3: GCompris (mastigador de números)
mascote linux, cair no lago, para isso basta resol-
ver as continhas de adição. Além da coordena-
ção motora, são trabalhadas as seguintes Outra possibilidade de memorização da ta-
habilidades: concentração, raciocínio rápido e a buada é o jogo de memória. Quem na infância,
agilidade no teclado. nunca brincou de jogo de memória? A figura 4,
apresenta diversos tipos de jogos de memória
Outro jogo também interessante dentro do
utilizando todas as operações fundamentais, in-
GCompris, é o mastigador de números (figura 3).
clusive com a possibilidade de jogar contra o
A figura 3 mostra o mastigador digerindo Tux, ainda dentro do GCompris.

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CAPA · UM DIAMANTE CHAMADO GCOMPRIS - PARTE 1

Figura 4: Jogo de memória na plataforma livre GCompris Figura 6: GCompris - Balança interativa

sui um diferencial. Uma ferramenta GCompris


O jogo de memória apresenta diversas van- administration, ambiente no qual o educador po-
tagens, apesar de sua simplicidade, contribui pa- de configurar grupos, turmas (escola) e perfis de
ra a fixação do conteúdo de modo lúdico, alunos. Além disso é possível restringir ativida-
trabalhando a lógica, a observação, a concentra- des e obter relatórios das atividades das crian-
ças em todos os aplicativos da suite.

Figura 5: GCompris - Torre de Hanói


Figura 7: GCompris Administration
ção e lógico a memória.
Diante de tantas vantagens, não é exagero
Além desses ainda existem a balança inte- afirmar que o GCompris é mesmo um talismã
rativa, tiro ao alvo matemático, chapéu mágico, que nos encanta, um diamante perdido (ou me-
helicoptero matemático, tux pescador, supermer- lhor achado!) dentre tantos softwares ditos edu-
cado (para aprendizagem do dinheiro), tangram, cacionais, tanto que já faz parte de diversas
jogo dos dados, coordenadas cartesianas, ufa!. distribuições educacionais. Um tutorial em lin-
(Precisaria da revista inteira para falar apenas gua portuguesa, pode ser encontrado no endere-
da matemática para os pequeninos. ço: http://www.gcompris.net/wiki/index.php/Ma
É importante destacar que o Gcompris pos- nual_pt-BR.

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CAPA · UM DIAMANTE CHAMADO GCOMPRIS - PARTE 1

Maiores informações podem ser obtidas no Maiores informações:


site oficial: http://gcompris.net. A versão para Li-
nux com recursos ilimitados pode ser encontra- Site Oficial Gcompris:
da no seguinte endereço: http://ur1.ca/cy6g. http://gcompris.net
Para quem utiliza Debian, Ubuntu, Kurumin, os
pacotes estão no repositório oficial via apt-get. Download Gcompris:
Da mesma forma, Suse e Fedora também possu- http://ur1.ca/cy6g
em, e seus .rpm devem ser baixados pelo Yum.
Manual Gcompris em português:
É importante destacar, recentemente, este http://www.gcompris.net/wiki/index.php/Manual_pt-BR
software foi alvo de críticas em Portugal, devido
a falha humana na sua tradução para o portu- Site Oficial Software Livre Educacional:
guês europeu. No Brasil, a tradução oficial é de http://sleducacional.org
responsabilidade do professor Frederico Guima-
rães, que capitanea a iniciativa Software Livre
Educacional (http://sleducacional.org) e não hou-
ve problemas nesse sentido. Mas quem quiser
participar ou ajudar no projeto, pode cooperar
na revisão da tradução e ampliando o manual
do usuário, ou mesmo sugerindo aulas com este
software por meio do Portal.
Por fim, é importante destacar que o conhe-
cimento lógico-matemático não pode ser ensina-
do, ele aparece através das relações que a
própria criança cria entre os objetos. A criança
estrutura o conhecimento físico e o lógico-mate-
mático através da manipulação de objetos que
age sobre eles através dos atos de pegar, do-
brar, deixar cair, esticar, sacudir, juntar, separar, SINARA DUARTE é professora da rede
municipal de Fortaleza, pedagoga,
classificar, clicar... O papel do professor é criar especialista em Informática Educativa e
oportunidades para que elas manipulem o materi- Mídias em Educação, com ênfase no
al e brinquem com ele, sem a preocupação de Software livre. Colaboradora do Projeto
Software Livre Educacional e
ensinar o que quer que seja: a criança descobre mantenedora do Blog Software Livre na
por si mesma... Educação.

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FORUM · A XENOFOBIA NOS TEMPOS DO SOFTWARE LIVRE

A xenofobia nos tempos do


software livre
Por Hailton David Lemos

Joonas Lampinen - sxc.hu

Segundo a Wikipédia, xenofobia é o medo, tia através da comercialização, feita através de


aversão que o ser humano normalmente tem ao contratos e outros documentos fiscais. O softwa-
que é diferente para um determinado indivíduo re livre procura manter-se através de serviços,
ou grupo de indivíduos. doações e licenças; enquanto o software proprie-
A palavra xenofobia é ainda usada em um tário é totalmente dependente de licenças, que
sentido amplo, mas muito debatido, referindo-se geralmente são muito onerosas e impossibilita o
a qualquer forma de preconceito, racial, grupal, acesso a tecnologia pelos meios legais, incenti-
grupos minoritários, ou culturais, incluindo-se ai vando e criando a violação aos direitos de propri-
também por preferências quando ao tipo de edade e também direitos autorais, cuja alcunha
software, grupos de software livre e grupos de é pirataria. Os dois grupos, defensores do
software proprietário. Ambos, o software livre e Software Livre e defensores do Software Propri-
o software proprietário, estão sujeitos à licença etário, existem em grande numero no meio ambi-
de uso em que foram disponibilizados, ambos ente tecnológico, e é comum que haja ações
têm aptidão comercial, diferentemente do que predatórias neste meio ambiente. Entretanto a
muita gente pensa, sendo diferente apenas o mo- xenofobia esta se arraigando e tomando conta
delo de negócios. O software livre garante a pro- de forma sistêmica da tecnologia da informa-
teção dos direitos autorais dos seus criadores ção, fazendo com que este ambiente, que deve-
através da licença que governa sua distribuição, ria ser propicio ao desenvolvimento, criação e
enquanto o software proprietário tem sua garan- inovação, se transforme uma verdadeira carnifi-
cina.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |65


FORUM · A XENOFOBIA NOS TEMPOS DO SOFTWARE LIVRE

Partindo dessa premissa e vivendo em um rem erradicadas tais práticas.


mundo em que nem tudo é perfeito, por mais O objetivo deste artigo não é discutir quem
avançados que estejamos em relação a muitos está certo ou errado, mas sim demonstrar que
assuntos ou áreas, não podemos deixar de discu- pode haver uma harmonia e integração, e que
tir estas ações xenófilas que estão acontecendo os Softwares Livres podem conviver pacifica-
em relação a Software Livre e Software Proprietá- mente e perfeitamente com o Software Proprie-
rio. Assim como existe o preconceito racial e a in- tário. Vou mais além, que o Software Livre pode
tolerância em relação a homossexuais, negros, utilizar-se de sua liberdade para se comunicar
nordestinos ou outras etnias, estas ações xenófi- com o Software Proprietário, que em quase a
las estão penetrando também na relação Livre X sua totalidade é restrito e fechado. Além de po-
Proprietário. Neste cenário, é grande o numero der fazer com que o Software Pago faça parte
de usuários utilizam de Softwares Pagos para do trabalho sem que haja maiores prejuízos pa-
executarem suas tarefas no dia a dia, e tem pre- ra o usuário final. Usuário esse que por vezes
ferência por utilizar tais softwares. Não obstante se utilizam destes Softwares Pagos para execu-
temos também um grande numero que utiliza os tarem suas tarefas no dia a dia e muitas vezes
dois Livre e Proprietário ao mesmo tempo, e por nem sabe que isso esta acontecendo. Creio pia-
último, num numero cada vez maior e crescente mente que este processo esta mudando, e que
os que só utilizam Software Livre. Estão-se nu- tenha uma grande maioria de usuários em bus-
ma democracia, onde o direito de escolha é li- ca da liberdade, estão em busca do Software Li-
vre, cabe a cada cidadão, seja ela pessoa física vre. Entretanto, esse é um processo lento e
ou jurídica, de direito publico ou privado a esco- gradual, que no caso da informática pode durar
lha de sua preferência pelo tipo de software que apenas um curto período de tempo, se contado
deseja utilizar. Esta falta de respeito e de tolerân- em tempo real, mas que pode ser uma eternida-
cia a preferência é caracterizado como xenofo- de se contado no tempo tecnológico.
bia. Por exemplo, é inconcebível que se
desenvolva um site que rode apenas, por exem-
plo, somente no Internet Explorer ou somente
no Mozilla. Outro fato que deve ser repensado é
Maiores informações:
quanto a listas onde se discute determinado pro- Artigo na Wikipedia sobre Xenofobia
dutos da tecnologia, livres ou proprietários, onde http://pt.wikipedia.org/wiki/Xenofobia
quem tem opinião diferente é expulso da lista de
discussão. Como ainda não é possível viver e
conviver apenas com Software Livre, temos que
estar cientes que temos que trabalhar e convi-
ver com vários modelos de plataforma, e este ti-
po de atitude e preconceito não é aceitável no
modelo de sociedade onde estamos inseridos. HAILTON DAVID LEMOS (hailton@ter-
Com tanto avanço do qual vangloriamos por es- ra.com.br) Bacharel em Administração de
tarmos na era do conhecimento, não estamos Empresas, Tecnologo em Internet e Re-
des, Especialista em: Tecnologia da Infor-
tendo a decência de respeitar a vontade do próxi- mação, Planejamento e Gestão
mo. Não tenho nada a favor das empresas que Estratégica, Matemática e Estatistica. Tra-
balha com desenvolvimento de Sistema
detêm o mercado de Software Pago ou Proprietá- há mais de 20 anos, atualmente desenvol-
rio. Muito pelo contrário, penso que seja, em mui- ve sistemas especialistas voltados à pla-
nejamento estratégico, tomada de
tos casos, um abuso os valores cobrados, além decisão e normas iso, utilizando platafor-
do que é uma forma de segregação em plena ma Java e tecnologia Perl, VBA, OWC, é
era digital, era em que vivemos e julgamos esta- membro do GOJAVA (www.gojava.org).

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FORUM · Copyright, Propriedade Intelectual e as Apropriações de Bens Culturais

O Desenvolvimento da
Computação e das
Redes como uma Série
de Apropriações – Parte II:
Copyright, Propriedade Intelectual e as
Apropriações de Bens Culturais
Por Filipe Saraiva

Ivan Petrov - sxc.hu

O copyright é uma lei que zação ou da adaptação da


versa sobre a exclusividade do mesma para outros contextos
monopólio de determinada (como encenação de peças te-
obra que o detentor do espólio atrais baseadas em livros). As-
da mesma tem sobre sua distri- sim, os autores tinham
buição e execução. garantida sua exclusividade de
O primeiro registro de exploração de uma obra fruto
uma lei que tratasse de um mo- de sua capacidade criativa. O
nopólio desse tipo data do ano tempo de expiração desse mo-
de 1710, na Inglaterra. O Parla- nopólio também era uma forma
mento Britânico havia aprova- de incentivar estes autores a
do uma determinação que estarem sempre desenvolven-
dava o direito de copyright ao do novos bens culturais que
ator da obra por um período de acabariam por prover seu sus-
14 anos, que poderia ser reno- tento.
vado por até mais 14 anos des- Porém, outra coisa que
de quê o autor ainda estivesse os legisladores se preocupa-
vivo, como nos diz Lessig em ram foi em garantir um momen-
seu Cultura Livre. to em que o copyright da obra
A ideia dos legisladores expiraria, passando-a para um
da época era garantir ao autor campo batizado de “Domínio
total direito sobre os ganhos Público”. Obras que estão nes-
que sua obra poderia lhe tra- tas condições pertencem à co-
zer, seja através da comerciali- letividade; são bens dos
homens de determinada cultu-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |67


FORUM · Copyright, Propriedade Intelectual e as Apropriações de Bens Culturais

ra ou da humanidade em ge- os e poderosos para a Visto este forte poder


ral, podendo ser utilizados pa- distribuição desse bem cultural. econômico detido por estas
ra quaisquer fins sem o Com o fim do período de corporações, e o ambiente de
consentimento dos responsá- copyright das obras se aproxi- alta conectividade e comparti-
veis pelo espólio da obra. Res- mando, estes livreiros agora lhamento proporcionado pelos
salta-se que o autor da obra reunidos em guildas começam computadores ligados em re-
preserva seus direitos morais a fazer lobby no Parlamento pa- de, somado ao tempo excessi-
sobre a mesma – ou seja, nin- ra expansão do prazo. Num pri- vo de copyright, partilhadores
guém poderá alterar o nome meiro momento eles não e indústria cultural vivem um
de um autor de uma obra. conseguem mas, após a chega- conflito ocasionado pelas possi-
É nessa parte que perce- da de um editor escocês que bilidades de produção e distri-
be-se a diferença entre Proprie- vendia livros em Domínio Públi- buição cultural proporcionadas
dade Intelectual e copyright. A co com o preço até 50% mais pela tecnologia atual.
primeira, diz respeito ao víncu- barato que nas edições ingle-
lo criador/criação construído sas, a corte acaba por acatar o
por um autor no momento em pedido dos livreiros e extende Maiores informações:
que faz sua obra; a segunda o prazo de expiração do copy- Site Liberdade na Fronteira
diz respeito apenas à regula- right (novamente Lessig, em http://www.liberdadenafronteira.
ção da distribuição e uso da Cultura Livre). blogspot.com
obra. Essa tática seria retoma-
Tomando esta diferença da pela indústria cultural em to- Download do Livro Cultura Livre,
conceitual, pode-se dizer que dos os outros momentos em de Lawrence Lessig
é a partir dela que começam a que o prazo para o copyright es- http://ur1.ca/cyqa
nascer os grandes monopólios tivesse próximo de expirar. Po-
exercidos pela indústria cultu- rém, a realidade hoje é bem Site Oficial de Lawrence Lessig
ral nos dias de hoje. Na Inglater- mais complexa. A indústria de http://www.lessig.org/
ra que aprovou a primeira lei cultura não produz apenas li-
FILIPE DE OLIVEIRA
de copyright, livreiros – as pes- vros: estes conglomerados se SARAIVA estuda
soas que tinham prensa tipográ- apropriam do direito de distribui- Ciências da
Computação na
fica e podiam fazer vários ção de obras de autores que es- Universidade Federal
exemplares de uma obra literá- crevem programas de do Piauí, entusiasta
ria para comercializar posterior- televisão, teleseriados, músi- do GNU/Linux, da
Cultura Livre e das
mente – começaram a adquirir cas, revistas em quadrinhos, e possibilidades de
a permissão de vários autores mais. Sua movimentação finan- criação coletiva
oferecidas pelo
para publicação de livros. Pou- ceira é imensa, e sua influên- mundo conectado. É
co a pouco, os livreiros foram cia chega a vários governos no pesquisador da área
de Cibercultura,
ganhando muita força e se tor- mundo, neste atual mercado Pesquisa Operacional
naram intermediários necessári- globalizado. e Inteligência
Artificial.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |68


TECNOLOGIA · A REVOLUÇÃO DOS INTANGÍVEIS E A MORDAÇA DIGITAL

A REVOLUÇÃO DOS
INTANGÍVEIS E A MORDAÇA
DIGITAL
Por Jomar Silva

Eduardo Mugica - sxc.hu

Passei a última semana sões que tirei de tudo isso: Es-


de Agosto em Brasília, partici- tamos vivendo a revolução dos
pando do 3° Workshop ODF e intangíveis.
do CONSEGI 2009, e lá tive a Existem bens tangíveis
oportunidade de conversar bas- (aqueles que se pode tocar, co-
tante com pessoas do mundo mo um carro ou uma casa) e
todo (e também de todo o Bra- bens intangíveis (aqueles que
sil) sobre diversos assuntos re- não são palpáveis, como uma
lacionados ao mundo livre: ideia ou uma música).
Software Livre, Padrões Aber-
tos, Cultura Livre e os ataques Para que se pudesse co-
que infelizmente tudo isso an- mercializar bens intangíveis, fo-
da sofrendo. ram criados diversos artifícios
para transforma-los em bens
As conversas que tive por tangíveis. Alguns destes artifíci-
lá, me deixaram com muitas coi- os eram fisicamente necessári-
sas para pensar e eu queria en- os (como Cds para transporte
venenar, digo compartilhar de músicas) e outros completa-
com vocês algumas das conclu- mente artificiais (como a licen-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |69


TECNOLOGIA · A REVOLUÇÃO DOS INTANGÍVEIS E A MORDAÇA DIGITAL

ça de software).
Analisando o caso da mú-
sica, vemos que desde que as Quem ganha dinheiro
técnicas de gravação foram de-
senvolvidas, sempre foi neces-
mesmo com a venda de discos é a
sário um meio de transporte e indústria da intermediação, que aliás
armazenamento físico para
elas. Este meio de transporte consegue abocanhar ainda uma fatia
foi evoluindo dos meios comple-
tamente mecânicos (discos de das receita que os músicos tem com
vinil), passando pelo magnéti-
co (fitas K7), ótico (Cds) e final- suas apresentações...
mente chegamos ao transporte
eletrônico, os arquivos MP3 ou Jomar Silva
OGG aí tudo se complicou: o in-
tangível voltou a ser intangível !
Se olharmos o caso do Analisando o caso da mú- do está mesmo com seus dias
software, vemos algo bem pare- sica, notem que um músico contados.
cido. Software sempre foi o não é nada mais do que um No mundo do software,
mal necessário para um prestador de serviços (claro, não vemos nada muito diferen-
hardware funcionar e nos pri- com um talento mais do que es- te disso. Os desenvolvedores
mórdios da computação, ele pecial para isto). Sendo assim, de software, hackers e nerds
era fornecido gratuitamente. a indústria da música é natural- espalhados pelo mundo todo,
Quando as margens de lucro mente uma indústria de presta- fazem como os músicos e ao
da indústria de hardware come- ção de serviços e é fácil invés de ter talento para notas
çaram a diminuir, para se man- observar que a maioria dos mú- musicais ou poesias, têm talen-
ter o nível de lucratividade foi sicos do mundo todo sobrevive to para o código fonte. Nova-
necessário então a comerciali- com a receita obtida em suas mente é uma indústria
zação de software, que é um apresentações. Quem ganha di- baseada na prestação de servi-
bem intangível. Para que isso nheiro mesmo com a venda de ços e quando se remove o
fosse possível, se criou o licen- discos é a indústria da interme- olhar da prestação de serviços
ciamento de software, tangibili- diação, que aliás consegue abo- propriamente dita, vemos nova-
zando assim o software e canhar ainda uma fatia das mente o bando de atravessado-
criando mercado para ele. Não receitas que os músicos tem res fazendo o que fazem na
preciso aqui dizer que o softwa- com suas apresentações, além indústria de software e aí, licen-
re livre, além de ter inovado no de ter normalmente direito de ças, extensos e inúteis manu-
modelo de desenvolvimento, imagem dos artistas (e pen- ais e caixinhas enfeitadas são
inovou também permitindo que sem no absurdo que é o direito espalhadas para todos os la-
o software voltasse a se intangí- de imagem, novamente um in- dos.
vel. tangível tangibilizado). Graças
a Deus, malucos como Ferna- No centro dos dois
É interessante ainda no- exemplos que apresentei exis-
do Anitelli e a trupe do Teatro
tar as semelhanças entre as te uma coisa que conecta e
Mágico (www.oteatromagico.
pessoas que estão por trás des- que está conectando cada vez
mus.br) estão provando para to-
tes dois exemplos. mais os intangíveis que foram
do mundo que este modelo fali-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |70


TECNOLOGIA · A REVOLUÇÃO DOS INTANGÍVEIS E A MORDAÇA DIGITAL

artificialmente tangibilizados se tivesse que ser publicado não precisamos ir tão longe pa-
em nossa sociedade... e essa por alguma grande editora naci- ra ver que a a revolução dos in-
coisa é novamente intangível onal ? tangíveis está incomodando
(ou quase intangível): A Inter- A Internet é o meio de co- muita gente que quer colocar
net. municação que conectou as um fim nela. A forma mais sim-
Hoje eu posso utilizar pessoas que estão por trás da ples que encontraram para fa-
software livre para fazer uma produção de bens intangíveis zer isso é através do controle
música aqui em casa, comparti- e ao aproxima-los, acabou fa- da Internet (aliás, isso me lem-
lha-la com alguém que vai com- zendo com que a maioria de- bou de um ditado que diz “To-
plementa-la em outro canto do les pudesse observar as do problema complexo tem
mundo e publica-la onde em coisas por outro ângulo. Lhes sempre uma solução rápida, fá-
bem entender dentro da rede deu ainda um excelente meio cil e errada”).
(aliás, o Fernando Anitelli fez de comunicação direta, eficien- Os últimos atentados á
praticamente isso outro dia, te e simples de utilizar. A Inter- nossa liberdade no Brasil tem
quando compôs uma música net é a grande praça na qual a saído do Senado federal, infe-
em parceria com milhares de revolução dos intangíveis acon- lizmente das mãos de um úni-
fãs via Twitter...). Sou meu pro- tece e nos últimos anos, temos co senador que faço questão
dutor, agente, distribuidor e visto a Internet cumprir um pa- de não citar o nome aqui, pois
marqueteiro. pel muito desejado, e nunca ele não precisa de mais publici-
Este texto que você está conquistado, por nenhum país dade.
lendo, foi feito assim: editado no mundo: levar a liberdade Não bastasse os proble-
com software livre de ponta a aonde toca. mas que este senador tenta
ponta, e compartilhado na rede Basta olhar para o contro- nos causar com o projeto de
através de uma licença não res- le que existe hoje na Internet lei, já aprovado no senado, de
tritiva... será que eu poderia es- na China para entender o que controle da Internet, o nobre
crever tudo isso que escrevo estou falando, e infelizmente parlamentar agora resolveu co-
locar sua caneta ditatorial no
novo projeto que regulamenta
a utilização da Internet nas elei-
ções brasileiras.
A internet é o meio de Considero que este sena-
comunicação que conectou as dor seja hoje o maior represen-
tante da indústria da
pessoas que estão por trás da intermediação e do retrocesso
no Brasil e como brasileiro, fico
produção de bens intangíveis e ao envergonhado em saber que al-
guém com tal conduta e ideias
aproximá-los, acabou fazendo com a ocupe uma cadeira em nosso
senado.
maioria deles pudesse observar as
O mundo ideal vislumbra-
coisas por outro ângulo. do por ele, e pelos seus supor-
tadores, é o mundo onde as
Jomar Silva redes de compartilhamento
não existem, onde a informa-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |71


TECNOLOGIA · A REVOLUÇÃO DOS INTANGÍVEIS E A MORDAÇA DIGITAL

ção seja privilégio de poucos e faça você mesmo sua reflexão, lutar em defesa da liberdade
possa ser manipulada antes olhando ao seu redor e buscan- na rede, um bom ponto de par-
de ser divulgada e onde os do por outros intangíveis que fo- tida é o Mega Não (http://mega-
atravessadores controlem toda ram tangibilizados de forma nao.wordpress.com).
a economia, direcionando os artificial. Olhem também para Nossas palavras são nos-
bens e fluxos financeiros de as pessoas por trás da produ- sa melhor arma, e nossa força
acordo com suas próprias con- ção destes bens, e notem que é a nossa união...
veniências. É o mundo onde a a indústria dos atravessadores
sua liberdade de expressão es- está ali também, normalmente
teja restrita aos seus próprios ficando com a maior parte dos
Maiores informações:
ouvidos... moro em um estado lucros.
governado pelo mesmo partido Site Oficial de O Teatro Mágico:
Você vai se surpreender http://www.oteatromagico.mus.br
do senador, e como bem escre- quando descobrir que a revolu-
veu meu amigo Sérgio Ama- ção dos intangíveis está ape-
deu outro dia, “saio no Site do Movimento Música Para
nas no início e que ataques á Baixar:
corredor do meu prédio e vejo nossa liberdade, como os ata-
uma placa do Governo do Esta- http://musicaparabaixar.org.br
ques que nossa Internet está
do me dizendo como devo me sofrendo, estão apenas come-
comportar”... isso não é um Site Mega Não:
çando. http://meganao.wordpress.com
bom sinal.
Nossa geração está desa-
O controle que querem co- tando muitos dos nós que atra- Blog do Jomar:
locar na Internet no Brasil, vancaram o desenvolvimento http://homembit.com
uma verdadeira mordaça digi- da humanidade, e o comparti-
tal, no fundo pretende mesmo lhamento e a liberdade estão
é eternizar a indústria dos ati- no centro de tudo isso. Por JOMAR SILVA é
vos intangíveis artificiais e dos ação ou omissão somos parte engenheiro
eletrônico e Diretor
atravessadores. A Internet tem disso. Geral da ODF
permitido ás pessoas se organi- Alliance Latin
zarem, trocar informações e ex- Para quem quiser mais in- America. É também
coordenador do
periências e principalmente formações sobre a revolução grupo de trabalho na
criar se senso crítico e passar que está ocorrendo na produ- ABNT responsável
ção musical no Brasil, recomen- pela adoção do ODF
a questionar... a Internet está como norma
formando uma geração de do o site do movimento Música brasileira e membro
para Baixar (http://musicapara- do OASIS ODF TC,
questionadores natos, e isso o comitê
evidentemente atrapalha muita baixar.org.br), carinhosamente internacional que
gente. apelidado de “A Nova MPB”. desenvolve o padrão
ODF (Open
Depois de ler este texto, Quem quiser nos ajudar a Document Format).

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REDE · CANIVETE TCOS

Canivete TCOS
Por Aécio Pires

SP
Ve
re
s-
sx
c.h
u

O conhecimento básico sobre TCOS já foi Tcos-standalone executa um servidor


compartilhado nos artigos da 2° a 6° edições des- XMLRPC no cliente (parecido com o que execu-
ta revista. Agora vamos elevar o nível da conver- ta os clientes magros) para controlá-lo mediante
sa e conhecer as outras ferramentas do chamadas de requisição/resposta. Esta ferra-
canivete TCOS que poderão facilitar a administra- menta foi desenvolvida para monitorar os clien-
ção dos clientes magros. tes autônomos (desktops comuns que não usam
Uma delas é a Tcos-standalone, que atua o TCOS) e é usada no projeto porque a API é
junto com ao TcosMonitor, mostrado em [1]. 100% compatível no TcosMonitor com os clien-
Use o comando abaixo para instalá-la no servi- tes magros.
dor TCOS: Para monitorar clientes autônomos, o Tcos-
Monitor deve ser configurado para localizá-los
apt-get install tcos-standalone mediante ping ou a partir de uma lista estática
Se estiver usando o GNOME, você pode (como mostrado em [1]) já que o comando nets-
acessá-la no menu Sistema > Administração > tat só mostra os clientes magros. Depois de en-
TCOS Standalone. No KDE 4, ela está disponí-
vel no menu Menu K > Applications > System
> TCOS Standalone e no KDE 3.5 no Menu K
> Sistema > TCOS Standalone. A figura 1 mos-
tra a tela inicial desta ferramenta.
A configuração é muito simples. Marque as
opções Habilitar o daemon tcos-standalone e
Habilitar o uso do SSL sobre o XMLRPC.
Com essas opções ativas você habilita o dae-
mon Tcos-standalone e manda ele usar um ca-
nal seguro na comunicação com o TcosMonitor.
Por fim, você deve informar o mesmo usuário e
senha, configurados na sessão Usuários e se-
nhas (autenticação) do TcosConfig [2], lem-
bra? Ao final da configuração clique no botão
Aplicar.
Figura 1: Tela inicial do Tcos-standalone

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |73


REDE · CANIVETE TCOS

contrá-los, o TcosMonitor se conecta ao servi-


dor XMLRPC de um determinado cliente ou de to-
dos eles, autentica-se com o usuário e senha
pré-configurados, e executa um comando devol-
vendo o resultado. Como exemplo, veja o códi-
go executado para bloquear a tela em
http://tcosproject.org/cgit/cgit.cgi/initramfs-tools-
tcos.git/tree/xmlrpc/lockscreen.c
O servidor XMLRPC do TCOS se chama
TcosXMLRPC e foi desenvolvido em C usando
as libs (libxmlrpc-c3 e abyss server). A figura 2
mostra o esquema do TcosXMLRPC.

Figura 3: Tela inicial do TcosPersonalize

estiver ligado clique no botão Carregar os dri-


vers disponíveis, para selecionar outro driver
de vídeo compatível), a resolução da tela, a qua-
lidade das cores e ainda pode desativar a combi-
nação das teclas Crtl+Alt+Backspace, que
encerra a execução do Xorg; ativar o botão
scroll do mouse e o controle de energia do moni-
tor, que ajuda a reduzir o consumo de energia
elétrica.
Outras configurações importantes podem
Figura 2: Esquema de funcionamento do servidor XMLRPC e cliente Python ser feitas na aba Opções de boot, mostrada na
figura 4. Nela você define o kernel a ser utiliza-
Outra ferramenta que também faz parte do pelo cliente, o método usado para obter os ar-
desse canivete é a TcosPersonalize, que serve quivos do boot default (via TFTP) ou via NFS; e
para personalizar as opções de inicialização
PXELINUX de cada cliente magro. Para usá-la
basta digitar o seguinte comando no servidor
TCOS.

sudo tcospersonalize --host=IP_do_cliente

Por exemplo, ao usar o comando sudo tcos-


personalize --host=192.168.0.1 será mostrada
uma tela semelhante a figura 3.
Na aba Configuração Gráfica, mostrada
na figura 3, você define qual será a sessão gráfi-
ca deste cliente, o driver de vídeo (se o cliente Figura 4: A aba Opções de boot do Tcos-Personalize

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |74


REDE · CANIVETE TCOS

os parâmetros da linha de comando a serem exe- Outra ferramenta interessante é a pam-


cutados na inicialização do cliente. usb-tcos, que ainda é um projeto experimental
Vejamos um exemplo prático. Para que os para poder fazer login (PAM) com clientes ma-
clientes usem o rDesktop como a sessão gráfica gros no GDM/KDM mediante um dispositivo de
padrão é preciso, que no TcosConfig sejam confi- memória extraível (pendrive). No futuro espera-
gurados os campos em destaque na figura 5. se que ela sirva para sessões portáveis, onde
Perceba que o endereço IP do servidor Win- seja possível extrair o pendrive de um cliente,
dows Terminal Server que fornecerá a interface conectá-lo em outro e continuar a usar mesma
gráfica via rDesktop é 192.168.0.10. sessão. Necessita de mais trabalho para deixá-
la funcionando perfeitamente, mas quem quiser
testá-la e reportar bugs use o comando a seguir
para instalá-la.

apt-get install pam-usb-tcos

A figura 6 mostra a tela inicial da pam-usb-


tcos. Para usá-la, execute no servidor o coman-
do pamusb-conf-gui, conecte um pendrive, ca-
dastre um usuário na interface gráfica da
ferramenta, cadastre também o pendrive e asso-
cie-o a um usuário.

Figura 5: Configurando a sessão gráfica rDesktop no TcosConfig

Mas imagine que um dos clientes magros


deverá utilizar a interface gráfica de outro servi-
dor Windows. Basta usar o TcosPersonalize e
no campo linha de comando, da aba Opções
de boot, adicionar o parâmetro rdesktop=IP_do_-
servidor, como mostrado na figura 5.
O arquivo com as configurações personali- Figura 6: Tela inicial do pam-usb-tcos

zadas de cada cliente é salvo no servidor TCOS


no diretório /var/lib/tcos/tftp/conf/. Ainda não é A primeira vez que fizer login e conectar o
possível personalizar os mesmos parâmetros de pendrive será pedida a senha do usuário associ-
uma só vez para um grupo de clientes, mas po- ado a esse dispositivo, mas da segunda vez em
de-se configurar um e criar links simbólicos para diante isso não ocorrerá. Esta ferramenta tam-
os demais. Por exemplo, a configuração do clien- bém usa o protocolo XMLRPC para controlar o
te 192.168.0.1 é salva em dispositivo.
/var/lib/tcos/tftp/conf/192.168.0.1.conf então crie Tcos-devices-ng também faz parte desse
o link simbólico para o 192.168.0.2 com o co- canivete e é um serviço que se encarrega de de-
mando: tectar os dispositivos de armazenamento em um
cliente magro e executar eventos para montar,
ln -s /var/lib/tcos/tftp/conf/192.168.0.1.conf desmontar, desligar ou reiniciar o cliente. A figu-
/var/lib/tcos/tftp/conf/192.168.0.2.conf ra 7 mostra o Tcos-devices-ng em ação.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |75


REDE · CANIVETE TCOS

cliente afim de detectar os eventos udev, verifi-


car se foi conectado/desconectado, monta-
do/desmontado um dispositivo e são realizadas
as ações necessárias para o funcionamento cor-
reto.
Outra ferramenta é o TcosPHPMonitor,
que é uma prova de conceito e deve-se contem-
plá-la como uma versão pré-alpha. Ainda serão
necessárias muitas horas de trabalho para que
ela faça as mesmas coisas que o TcosMonitor.
A figura 9 mostra o TcosPHPMonitor em uso.
Figura 7: Tcos-devices-ng em uso

Tcos-devices-ng usa XMLRPC para estabe-


lecer um canal de comunicação com o cliente
magro. Uma vez que o dispostivo tenha sido
Figura 9: TcosPHPMonitor em uso cliente
montado, será usado o sistema de arquivos
LTSPFS, desenvolvido pelo projeto LTSP[3] (ba- Com ela será possível gerenciar os clien-
seado no módulo fuse do kernel Linux), para po- tes da mesma forma que o TcosMonitor, mas
der acessar/gravar arquivos a partir do servidor usando PHP + AJAX + XMLRPC. O TcosPHP-
TCOS usando o protocolo Xorg. A figura 8 mos- Monitor e TcosMonitor usam o mesmo protocolo
tra o esquema do funcionamento do Tcos-devi- e API.
ces-ng. O canivete inclui ainda Tcos-volume-mana-
ger, que é uma interface de acesso aos canais
de áudio da placa de som de cada cliente ma-
gro. Ela usa o protocolo XMLRPC para obter a
lista de canais e modificar o nível de cada um. A
figura 10 mostra o Tcos-volume-manager em
uso.
A partir do TcosMonitor esses canais tam-

Figura 8: Esquema de funcionamento do Tcos-devices-ng

A comunicação é feita a cada 3 segundos


a partir da sessão do usuário do servidor para o
Figura 10: Tcos-volume-manager em uso

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |76


REDE · CANIVETE TCOS

bém estão acessíveis para o administrador/pro- novas versões do LTSP é usado o pulseaudio,
fessor gerenciá-los, como mostra a figura 11. compatível com a maioria dos hardwares e per-
mite compartilhar o áudio com um pequeno con-
sumo de banda.
No próximo artigo você conhecerá as novi-
dades que virão na próxima versão do TCOS e
as dicas do desenvolvedor para deixar o servi-
dor mais rápido e seguro. Se tiver qualquer dúvi-
da ou sugestão envie um email para o endereço
aecio@tcosproject.org e/ou mariodebian@
gmail.com.
Ah! Neste mês é comemorado o aniversá-
rio de um ano da comunidade TCOS Brasil
(http://br.tcosproject.org). Parabéns a todos os
membros e se você ainda não é um, junte-se a
nós. A sua colaboração será bem vinda. Até
mais!
Figura 11: Gerenciando os canais de áudio com o TcosMonitor

A figura 12 mostra o esquema do caminho Referências


[1] Gerenciando os clientes com o TcosMonitor –
do som percorrido entre o servidor e o cliente.
Revista Espírito Livre 6° edição pág . 49 a 54 Disponível
Nas versões antigas do LTSP ou PXES em: http://www.revista.espiritolivre.org/?page_id=40
era usado o esound (como mostra a seta laranja
da figura 12), que permitia enviar o áudio pela re- [2] Gerando as imagens dos clientes magros com o
de, tinha muitos inconvenientes e apresentava TcosConfig - Revista Espírito Livre 5° edição pág 45 a
um enorme consumo da rede. No TCOS e nas 49. Disponível em:
http://www.revista.espiritolivre.org/?page_id=40

[3] LTSP – Linux Terminal Server Project.


http://www.ltsp.org

AÉCIO PIRES (http://aeciopires.rg3.net) é


graduando em redes de computadores pelo
IFPB (www.ifpb.edu.br), tradutor do TCOS,
fundador da comunidade TCOS Brasil e
administrador de rede da Dynavideo
(http://www.dynavideo.com.br).

MARIO IZQUIERDO é o desenvolvedor


principal do TCOS, estudante universitário
de Engenharia Eletrônica e sócio da
empresa de Software Livre Thinetic Systems
(http://thinetic.es).

Figura 12: Esquema do caminho do som na rede TCOS

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |77


SYSADMIN · INSTALANDO PROGRAMAS NO NETBSD

Instalando
programas no
NetBSD
Of Course it runs NetBSD

Por Alan MeC Lacerda

Agora que já vimos como instalar o me usar no Linux) para baixar o pacote:
NetBSD, como configurar ele para acessar a re-
de e sair para a Internet vamos conhecer a ma-
neira mais comum de instalar programas nele. # ftp ftp://ftp.netbsd.org/pub/pkgsrc/current/
Assim como a instalação e configuração básica, pkgsrc.tar.gz
o processo de instalar um programa no NetBSD
é bem simples. Feito isso, só nos resta esperar o downlo-
Existe um pacote chamado pkgsrc, pacote ad terminar e, o pacote pkgsrc.tar.gz, será salvo
esse responsável por guardar cabeçalhos e loca- no diretório onde você está. Para conferir basta
lizações de todos os programas compatíveis usar o comando ls.
com o NetBSD. Nada de sair procurando na Inter- Vamos agora mover o pacote para um lo-
net por pacotes específicos para baixar e insta- cal mais apropriado com o comando:
lar. Quando você tem o pkgsrc, você já tem a
lista de programas compatíveis com o NetBSD.
E ao mandar instalar qualquer um desses progra- #mv pkgsrc.tar.gz /usr
mas, o gerenciador de instalações vai na Inter-
net, baixa o pacote mais atual disponível para o Pacotes com a extensão “tar.gz” significa
sistema e o instala. Qualquer dependência que que estão comprimidos com o GZ e empacota-
o pacote tenha, é resolvido e você não precisa dos com o TAR, esses são dois programas que
se preocupar, é só mandar instalar e esperar juntos conseguem guardar vários arquivos num
para usar o seu programa. único pacote e compactar esse pacote. Enstão
Vamos então começar baixando o pacote vamos precisar abrir o pacote para ver o seu
“pkgsrc”. O caminho para o pacote é o seguinte: conteúdo.
ftp://ftp.netbsd.org/pub/pkgsrc/current/pkgsrc Vamos fazer isso com os seguintes coman-
.tar.gz. Dentro do console do NetBSD vamos dos:
usar o comando ftp (e não o wget como de costu-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |78


SYSADMIN · INSTALANDO PROGRAMAS NO NETBSD

Quando a instalação estiver pronta, use o


pkgfind seguido do nome do pacote que deseja
#cd /usr
encontrar, por exemplo:
#tar -zxvf pkgsrc.tar.gz

O primeiro comando nos leva até o diretó- # pkgfind bash


rio /usr (onde nós anteriormente colocamos o pa- shells/bash: The GNU Bourne Again Shell
cote), e o segundo é o comando que irá shells/bash-completion: Programmable completi-
descompactar o pacote para nós. on specifications for bash
shells/bash2: The GNU Bourne Again Shell (ver-
No comando “tar” usamos as opções “zxvf”
sion 2)
sendo que, “z” é para descompactar pacotes
shells/bash2-doc: Documentation for the GNU
que foram compactados com o GZ, “x” é para re-
Bourne Again Shell
tirar do pacote os arquivos agrupados com o tar,
shells/bash3: The GNU Bourne Again Shell (ver-
“v” é para que possamos visualizar o trabalho
sion 3)
de descompactação enquanto ele acontece e o
#
“f” é para indicar qual arquivo queremos que o
“tar” manipule.
Observe que ele nos indicou o caminho pa-
Agora esperamos até que o trabalho seja
ra todas as possibilidades de pacotes chamados
concluído, isso pode demorar um pouco visto
bash. Na ultima linha podemos ver que já temos
que o pacote é consideravelmente grande – lem-
o Bash versão 3 disponível para o NetBSD.
bre-se que ele tem a lista de todos os progra-
mas prontos para serem usados com o NetBSD. Agora que sabemos o caminho para o pa-
cote, instalar ele é a parte mais simples. O cami-
Quando essa etapa estiver finalizada, tere-
nho para o Bash3 é shell/bash3. Observe que o
mos a estrutura de diretórios: /usr/pkgsrc/. Den-
caminho dado não é o caminho absoluto (cami-
tro dessa estrutura estão organizados os
nho desde a raiz do sistema inidicado pelo / ) e
pacotes (ou os seus indicadores).
sim o caminho relativo.
O primeiro programa que costumo instalar
Mas relativo ao quê? Simples, relativo ao
é o pkgfind. Ele nos ajuda a encontrar pacotes
caminho /usr/pkgsrc/, pois tanto o pkgfind quan-
dentro da estrutura do pkgsrc. Ele é bastante útil
to você sabem que toda a sua árvore de paco-
pois a estrutura é imensa e as vezes pode cus-
tes está dentro de /usr/pkgsrc.
tar tempo encontrar um pacote lá dentro. Já
com o pkgfind nós encontramos qualquer paco- Assim sendo, para instalar o bash3 basta-
te num piscar de olhos. ria usar os seguintes comandos:
Para instalar o pkgfind, temos de entrar na
pasta dele que está dentro da estrutura do #cd /usr/pkgsrc/shell/bash3
pkgsrc. O diretório encontra-se em, #make install
/usr/pkgsrc/pkgtools/pkgfind/. Entre nesse diretó-
rio e digite o comando:
Para os pacotes instalados via pkgsrc, o
caminho onde os arquivos serão colocado é
#make install /usr/pkg/, e lá dentro serão distribuídos cada ar-
quivo para o seu devido lugar bin/ ou etc/ e as-
sim por diante.
Basta esse simples comando e o pkgfind
será instalado em nosso sistema. Simples não é mesmo? É sim! Agora que

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |79


SYSADMIN · INSTALANDO PROGRAMAS NO NETBSD

o bash já está instalado, como usá-lo? Bem sim- Bem pessoal, por enquanto ficamos por
ples. Vá no arquivo de configuração do usuário aqui, espero que tenham notado o quanto é sim-
(veremos isso em mais detalhes no futuro), para ples instalar programas no NetBSD. Em breve
acessá-lo a fim de escrever nele, use o coman- voltaremos com mais informações sobre esse
do a seguir: sistema operacional fascinante.

#vipw Maiores informações:


Site Oficial NetBSD:
Agora, levando em consideração que va- http://www.netbsd.org
mos alterar o usuário root, na primeira linha do
arquivo deve existir algo assim:

root:EiqLyabVA33rvA:0:0::0:0:Charlie &:/root: ALAN MeC LACERDA é formando em


Tecnologia de Redes de Computadores.
/bin/sh Amante de segurança de redes e
programação desde a infância. Co-fundador
da Célula de software livre da Universidade
Basta alterar a parte final dessa linha. Mu- Jorge Amado. Consultor de Redes e
sistemas operacionais há 7 anos.
de o /bin/sh para /usr/pkg/bin/bash. Assim da pró-
xima vez que o usuário root logar, ele entrará
com o shell bash3.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |80


GRÁFICOS · COMPUTAÇÃO GRÁFICA E SOFTWARE LIVRE - PARTE 3

Computação
Gráfica e
Software Livre
Parte 3
Por Luiz Eduardo Borges

Na edição anterior (nº 6), vimos formas de ra e cenas. É comum que vários jogos usem o
representação em 3D. Uma das aplicações mais mesmo engine, reduzindo assim, o esforço de
populares para cenas 3D são os jogos de compu- desenvolvimento.
tador.
Um dos principais recursos fornecidos por
Um game engine é um software que facili- game engines é a capacidade de renderizar ce-
ta a criação de jogos, simulando determinados nas em 2D ou 3D em tempo real, geralmente
aspectos da realidade, de forma a possibilitar a usando uma biblioteca gráfica, como o OpenGL,
interação com objetos em tempo real. Para isso, permitindo animações e efeitos especiais. O
ele deve implementar várias funcionalidades componente especializado para esta função é
que são comuns em jogos, como por exemplo a conhecido como render engine.
capacidade de simulação física. O objetivo princi-
Além disso, a simulação física também é
pal do uso de game engines é centrar o foco da
essencial para um jogo, para representar de for-
criação do jogo no conteúdo, ou seja, mapas (ní-
ma adequada os movimentos dos personagens
veis), personagens, objetos, diálogos, trilha sono-
sendo influenciados pela gravidade, inércia, atri-

Figura 1: O jogo Alien Arena usa o game engine CRX, que é baseado no Figura 2: Dois quadros de uma simulação física feita com o physics
Id Tech 2 (usado pelo Quake II) engine Bullet e renderizados no Blender

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |81


GRÁFICOS · COMPUTAÇÃO GRÁFICA E SOFTWARE LIVRE - PARTE 3

ra a criação dos jogos é mais conhecida como


middleware.
Além de entretenimento, outras áreas po-
dem se beneficiar desses engines. Chamadas
genericamente de serious games, aplicações
nas áreas de treinamento, arquitetura, engenha-
ria, medicina e marketing estão se popularizan-
do aos poucos.

Histórico
A popularização dos game engines aconte-
ceu durante a década de 90, graças a Id Softwa-
re, que desenvolveu os jogos que definiram o
Figura 3: OpenArena usa o Id Tech 3 (engine do Quake III Arena)
gênero chamado FPS (First Person Shooter), jo-
gos de ação em primeira pessoa: Wolfstein 3D,
to, detecção de colisões e outros. O componen- DOOM e Quake. Esses títulos tiveram seus engi-
te que realiza esses cálculos é chamado phy- nes licenciados para outras empresas, que cria-
sics engine. ram outros jogos desenvolvendo o conteúdo do
Outra funcionalidade importante é a lógica, jogo. Em paralelo, os processadores de vídeo fo-
que é como o jogo determina o comportamento ram incorporando suporte as funções gráficas
do ambiente e dos personagens. Em muitos ca- cada vez mais sofisticadas, o que facilitou a evo-
sos, o game engine suporta uma ou mais lingua- lução dos engines. A Id também liberou os ga-
gens para descreve-la. me engines da série DOOM e Quake em GPL.
Os game engines podem incluir outros re-
cursos importantes para determinados tipos de Game engines livres
jogos, como conectividade. No caso de MMOG Além dos engines da Id (Id Tech), e deriva-
(Massively Multiplayer Online Games), que são dos (forks) como o DarkPlaces, que são especia-
muito complexos, a infraestrutura de software pa- lizados em FPS, existem várias outras opções

Figura 4: Tremulous mistura os gêneros ação e estratégia, é baseado no Figura 5: Nexuiz é um jogo que usa o engine DarkPlaces, que é um fork
Id Tech 3 e seu conteúdo é licenciado através de Creative Commons do Quake I Engine

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |82


GRÁFICOS · COMPUTAÇÃO GRÁFICA E SOFTWARE LIVRE - PARTE 3

Figura 6: Yo Frankie! é um jogo livre criado com o Blender Game Engine Figura 8: Project Darkstar, uma iniciativa da Sun

Dynamics Engine), que é utilizado pelo Crystal


livres. O Blender inclui um game engine genéri-
Space. Na área de MMOG middleware existe o
co, que permite a criação de jogos 3D, usando o
Project Darkstar, que é um projeto de código
próprio aplicativo para criação de conteúdo e
aberto iniciado pela Sun.
Python para as partes de lógica mais complexa.
Outros engines genéricos geralmente exi-
gem mais código durante a criação dos jogos. Maiores informações:
Desenvolvido pela Disney, o Panda3D é feito pa- Site oficial Blender: Site oficial Alien Arena:
ra ser usado com Python e C++, enquanto o http://www.blender.org/ http://icculus.org/alienarena/
Crystal Space suporta várias linguagens e per- rpa/
mite a criação de jogos 2D e 3D. Site oficial OGRE:
Entre os render engines temos o OGRE, es- http://www.ogre3d.org/ Site oficial OpenArena:
crito em C++, mas que pode ser utilizado em ou- http://openarena.ws/
tras linguagens, como Python. Também existem Site oficial Crystal Space:
vários physics engines disponíveis, como o Bul- http://www.crystalspace3d. Site oficial Tremulous:
let, que é usado pelo Blender, e o ODE (Open org http://tremulous.net/

Site oficial Panda3D: Site oficial Nexuiz:


http://www.panda3d.org/ http://www.alientrap.org/
nexuiz/
Site oficial Project
Darkstar: Site oficial Darkplaces:
http://projectdarkstar.com/ http://icculus.org/twilight/
darkplaces/

LUIZ EDUARDO BORGES é autor do livro


Python para Desenvolvedores, analista
de sistemas na Petrobras, com pós
graduação em Ciência da Computação
pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ) e criou o blog Ark4n
[http://ark4n.wordpress.com/].
Figura 7: Steampunk Legends, baseado no OGRE

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |83


SOFTWARE PÚBLICO · I-EDUCAR

I-EDUCAR
Um sistema de gestão escolar
Por Pedro Luiz Eyng Simões
Tiffany Szerpicki - sxc.hu

O i-Educar foi originalmente desenvolvido acessar o sistema através do nível de permis-


pela prefeitura de Itajaí (SC) e posteriormente são a eles atribuídos. Administradores, professo-
adaptado pela Cobra Tecnologia, empresa liga- res e funcionários operadores escolares
da ao Banco do Brasil, para que fosse disponibili- executam tarefas distintas pelo sistema, tendo
zado no Portal do Software Público Brasileiro acesso apenas aos dados que lhes são permiti-
(http://www.softwarepublico.gov.br). A função do dos.
i-Educar é possibilitar a gestão escolar de forma
eficiente e centralizar dados educacionais, de
uma ou múltiplas escolas, em um único banco Características e Funcionalidades do i-
de dados. Educar
- Cadastramento de alunos;
O sistema é desenvolvido totalmente com - Gerenciamento de professores;
tecnologias livres, dentre as quais: - Realização de matrículas e transferências;
- PHP 5, como linguagem de programação; - Cadastro de infra-estrutura das escolas;
- Postgresql 8.2, como servidor de banco de da- - Emissão de documentos: boletins, históricos,
dos; diplomas, diário de freqüência;
- Apache, no que diz respeito a servidor de apli- - Diário de avaliação;
cação. - Mais de 25 diferentes relatórios administrativos;
- Cadastro de cursos, séries e turmas;
Além disso, o software i-Educar está dispo- - Reclassificação de alunos;
nível sob a GPL (General Public License) 2, em - Cadastro de seqüências de enturmação;
português, atendendo aos requisitos necessári- - Cadastro de notas por aluno ou por turma;
os para ser um software público. - Cadastro de quadro de horários;
Dentre as funcionalidades do software cons- - Cadastro de calendário letivo.
ta o cadastro de funcionários, que então podem

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |84


SOFTWARE PÚBLICO · I-EDUCAR

Uma única instituição, como a Secretaria


de Educação de determinado município ou esta-
do, pode centralizar os dados de várias escolas,
facilitando a gestão escolar.
Completados os cadastros e inserção de
dados, o software i-Educar oferece uma série de
relatórios para monitorar escolas. Cerca de 25 re-
latórios auxiliam na administração da instituição
educacional e são gerados em formato PDF. O
sistema também permite a emissão em tempo re- Figura 1: Tela do software
al de documentos de acompanhamento escolar,
tais como: boletim escolar, diário de freqüência, lecendo a Comunidade.
diário de avaliação e histórico escolar, todos ge- O software está na versão 1.1.0 beta e a
rados em tempo real. são lançadas com certa freqüência atualiza-
O sistema conta, ainda, com um módulo ções. Até o momento quatro versões já foram
completo de gestão de biblioteca para a escola, disponibilizadas, contendo correções de bugs
com cadastro de livros, acervos, usuários, e ofe- que os próprios membros da Comunidade identi-
rece informações relacionadas às movimenta- ficaram e relataram no espaço destinado a pos-
ções de empréstimo, devolução e dívidas de tagem de tickets de correção. A vasta
usuários. documentação produzida por diversos integran-
tes da Comunidade facilita o entendimento do
Tornar o i-Educar um software público foi a
sistema. Os conteúdos de manuais de instala-
maneira encontrada pela prefeitura catarinense
ção para plataformas GNU/Linux e Windows
de compartilhar, com todas as prefeituras do Bra-
são os mais elaborados e também os procura-
sil, o conhecimento e conteúdo gerado através
dos.
de anos e traduzidos num sistema de gestão es-
colar eficiente. Lançada em outubro de 2008 du- Disponibilizar o software em um ambiente
rante o evento Latinoware, em Foz do Iguaçu, a colaborativo e participativo possibilita o levanta-
Comunidade i-Educar conta hoje com mais de mento de requisitos mais precisos e que aten-
4.000 usuários, sendo reconhecida como uma dem ao anseio de diferentes usuários. Quem
das mais atuantes dentre as disponíveis do Por- utiliza a versão do i-Educar oficial, disponível na
tal. Comunidade, tem garantias de que sempre terá
um software atualizado. Recomenda-se àqueles
Nesses dez meses de Comunidade, vários
que fizerem adaptações do software para sua
chats foram realizados com participação significa-
instituição que as compartilhe na Comunidade i-
tiva da sociedade, discutindo temas relaciona-
Educar. Não retornando, há grande possibilida-
dos a instalação do sistema, utilização e
de de que no lançamento de uma nova versão
evolução da ferramenta. Os fóruns de discussão
oficial, a versão adaptada seja incompatível com
são freqüentemente utilizados para que os mem-
as novas atualizações e melhorias, algo que po-
bros tirem suas dúvidas, sendo prontamente res-
de ser desvantajoso à instituição que tem a ver-
pondidos. É importante destacar o espírito
são modificada. Outro problema que pode vir a
colaborativo nestes fóruns. O trabalho de respon-
ocorrer é a criação de forks, que correspondem
der a maior parte das dúvidas era, inicialmente,
a múltiplas versões que não se integram mais, o
realizado pelos coordenadores da Comunidade.
que enfraquece a marca i-Educar e prejudica a
Com o passar do tempo, entretanto, outros mem-
própria sociedade.
bros têm compartilhado seu conhecimento, forta-

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SOFTWARE PÚBLICO · I-EDUCAR

Os próximos passos da Comunidade serão sistema.


guiados pelas respostas coletadas ao questioná- “Participar de eventos é poder demonstrar
rio de Aceitação do i-Educar. Este questionário o i-Educar em diversas localidades do país. É
foi respondido por 4% dos membros, amostra su- ter a possibilidade de conseguir com que novas
ficiente para um levantamento estatístico. Atra- pessoas possam se interessar e colaborar na co-
vés das respostas, membros da Comunidade munidade, além de mostrar aos municípios e en-
apresentaram: a necessidade de evoluções na tidades escolares que existe um software de
ferramenta; a grande satisfação com este softwa- gestão escolar livre e ao alcance de toda socie-
re público; a expressiva porcentagem de mem- dade, uma vez que este software está disponibi-
bros que pretendem instalar e utilizar o lizado de forma integral no Portal do Software
software, sendo que estes últimos representam Público”
89% dos que responderam ao questionário. A
pesquisa apresentou que 40% dos interessados O i-Educar está em utilização na cidade de
são representantes de órgãos municipais, estadu- Itajaí, estando instalado como piloto e em fase
ais e federais, os quais estão em busca de no- de testes em Recreio (MG), Porto Velho (RO) e
vas tecnologias e sistemas melhores para a Arapiraca (AL), além de outras cidades espalha-
gestão escolar. Ainda, 57% dos participantes re- das pelo país. O MEC apóia a utilização deste
lataram que conseguiram instalar o software devi- software público na gestão escolar e prevê a
do a manuais e respostas em fóruns existentes adaptação e implantação piloto do i-Educar em
no Portal do Software Público, o que demonstra cidades no estado de Alagoas, conforme acordo
a importância do trabalho da Comunidade. registrado em abril de 2009.
Dentre as melhorias sugeridas pelos mem- Entre os dias 27 e 30 de outubro de 2009
bros que responderam a pesquisa constam a in- está previsto o I Encontro Nacional do Software
tegração total com o Educacenso, além de Público na cidade de Brasília e, neste evento,
módulos para transporte e merenda escolar. Ao ocorrerão palestras, oficinas e um encontro da
longo do tempo e com o apoio da Comunidade Comunidade i-Educar. Esta será uma grande
estes módulos poderão estar totalmente imple- oportunidade para reunir os membros e discutir
mentados no i-Educar. A participação em even- o futuro da comunidade. Participem!
tos com a demonstração do software e a
realização de oficinas para instalação e utiliza-
ção do i-Educar estavam entre as demandas da
Comunidade. Para atendê-las, a coordenação Maiores informações:
Software Público
da Comunidade realizou no mês de junho uma
http://www.softwarepublico.gov.br
palestra e demonstração do i-Educar em João
Pessoa, na Paraíba, no I Encontro Paraibano de
Software Público para Gestão Escolar, no qual
estiveram presentes representantes de mais de
40 prefeituras do estado e também de outras re- PEDRO LUIZ EYNG SIMÕES é Engenheiro
Eletrônico formado pela Universidade Tecno-
giões nordestinas. No dia 19 de agosto deste lógica Federal do Paraná (UTFPR), e técni-
ano, ainda, ocorreu uma palestra e uma oficina co de informática pela Escola Técnica da
Universidade Federal do Paraná (UFPR).
no II Simpósio de Software Livre – SISOL, na ci- Trabalhou 4 anos na Companhia de Informá-
dade de Jequié na Bahia. Neste evento, comple- tica do Paraná (CELEPAR) entre outras áre-
as com desenvolvimento de software livre e
tou-se o número de vagas na oficina para atualmente trabalha no Ministério do Planeja-
instalação e utilização do i-Educar, e mais de mento com o Portal do Software Público Bra-
sileiro, sendo coordenador técnico da
200 pessoas acompanharam a palestra sobre o Comunidade i-Educar.

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |86


SOFTWARE PÚBLICO · Pandorga GNU/Linux - É divertido educar!

PANDORGA
GNU/LINUX
É divertido educar!

Por Rainer Krüger

Muitas vezes ao se falar de laboratório de


informática na escola se pensa em aprender a
utilizar o computador, internet e ferramentas de
escritório. Logo, este laboratório se transforma
num telecentro onde a finalidade é acessar a in-
ternet ou fazer trabalhos, e tudo que esta maqui-
na pode auxiliar no aprendizado é deixado de
lado.
O Pandorga GNU/Linux foi criado para fa-
zer dos laboratórios ambientes de grande apren-
dizado baseado em modelos construtivistas se
tornando uma extensão da sala de aula. Com
ele os professores ministram suas disciplinas
em sala e levam seus os alunos ao laboratório
para realizar práticas, experimentos ou estender
o tema trabalhado. O computador permite que a
crianças desenvolvam suas habilidades intelec-
tuais e motoras de forma multi-disciplinar, com o
uso de ferramentas de raciocínio lógico, simula-
dores e Web 2.0 é possível que o aluno cons-
trua um conhecimento integral sobre a
disciplina. Na matemática para as séries iniciais,
por exemplo, a teoria sobre operações básicas é
trabalhada em sala de aula e o exercício pode
ser realizado no computador através de ativida-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |87


SOFTWARE PÚBLICO · Pandorga GNU/Linux - É divertido educar!

nhecimentos em computação possam utilizar a


ferramenta de modo seguro. Estas atividades
não necessitam da Internet para seu funciona-
mento, abrangendo sua potencialidade de uso.
O Pandorga é baseado em Debian e de-
senvolvido para que seja compatível com com-
putadores obsoletos, comum em parques de
máquinas de escolas públicas, tendo uma quan-
tidade reduzida de softwares, buscando contem-
Figura 1: Visual colorido do Pandorga, fundamentado em estudos plar somente as necessidades pedagógicas e
pedagógicos, atrai a atenção de jovens funcionalidades básicas do computador. Além
de herdar toda a estrutura de segurança e esta-
des como o KMathTest, o TuxMath ou o Gcom- bilidade do GNU/Linux, a distribuição não permi-
pris. Já o letramento pode ser feito de forma lúdi- te qualquer alteração no ambiente dos alunos,
ca através de atividades de reconhecimento do seja na instalação de programas, configuração
alfabeto e exercícios de digitação com o TuxTy- do sistema ou mesmo na tentativa de alterar os
pe. ícones, menus, temas e etc... Toda a configura-
O Pandorga é uma distribuição direciona- ção deve ser feita através de um usuário próprio
da ao ensino fundamental e infantil com ambien- que é protegido por senha depois de instalado,
tes de trabalho (desktop) especialmente garantindo que os laboratórios se mantenham
desenvolvidos para crianças e pré-adolescen- em boas condições de uso por maior tempo.
tes, divididos em faixas escolares. Os progra- Criado em 2006, o projeto iniciou-se com
mas estão dispostos na área de trabalho ao pesquisas com professores, para buscar as ne-
invés do menu, facilitando sua localização e cri- cessidades de softwares educacionais nas esco-
ando um ambiente lúdico, interativo e divertido. las da cidade de Cachoeirinha no Rio Grande
O Pandorga conta com mais de 120 atividades do Sul. A partir dos resultados foram pesquisa-
especialmente selecionadas para que o aluno dos softwares livres que contemplassem tais ne-
aprimore no computador os conhecimentos obti- cessidades, e então criada a distribuição. Nas
dos em sala de aula. Sem precisar instalar (Live- versões seguintes novas análises pedagógicas
CD), é possível utilizar todas as atividades sem foram realizadas e o novo conceito de ambiente
a necessidade de que qualquer configuração adi- de trabalho foi incorporado ao sistema, sendo re-
cional, permitindo que usuários sem grandes co-

Figura 2: É divertido aprender... Figura 3: Crianças aprendem, desde cedo, a interagir não apenas com o
Pandorga, mas com colegas

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |88


SOFTWARE PÚBLICO · Pandorga GNU/Linux - É divertido educar!

alizado o trabalhado contínuo de atualização do vés da Secretaria de Educação do município e


Pandorga. Nestes três anos, o Pandorga foi te- escola de ensino infantil Picorrucho em Cano-
ma de trabalhos científicos nacionais e internacio- as/RS.
nais, recebeu prêmios e participou dos mais Muitos alegam que a tecnologia poderia
importantes congressos ligados a Software Livre distanciar os seres humanos. O que pode ser
e Educação. Em Julho deste ano o projeto foi in- observado com o Pandorga é que as crianças
corporado pelo portal do Software Público Brasi- se aproximam com o uso, interagindo não ape-
leiro e já conta com mais de 1900 membros e nas com o computador, mas também entre si.
6000 downloads.
O projeto desenvolveu ainda materiais de
A comunidade Pandorga GNU/Linux no por- divulgação sobre software livre na educação
tal do Software Público é o ambiente de intera- com uma música e vídeo que buscam aproximar
ção entre usuários e desenvolvedores da pais e professores deste mundo “tão distante”,
distribuição, com fórum de suporte, chat, pergun- quebrando as barreiras iniciais formadas por
tas freqüentes, notícias sobre a comunidade, wi- desconhecimento, medo ou preconceito. Já o li-
ki com informações, arquivos para download e o vro É Divertido Educar: Guia Pedagógico do
ambiente completo de desenvolvimento do Pan- Pandorga GNU/Linux apresenta uma introdução
dorga. de como utilizar o Pandorga e outros softwares
No site oficial do Pandorga [http://pandor- livres para fins pedagógicos, auxiliando o educa-
ga.rkruger.com.br] você encontra informações ge- dor nos primeiros contatos com o Linux. Estes
rais sobre o sistema, galeria de fotos, os trabalhos utilizam licenças livres, você pode en-
eventos em que o Pandorga participa, informa- trar em contato para comprar uma versão im-
ções sobre as ferramentas pedagógicas, downlo- pressa ou baixar a versão digital de forma
ads de artigos e publicações e contato. O gratuita.
Pandorga esta presente também em redes de re- Em 2009 a RKrüger Tecnologia da Informa-
lacionamentos e blogs. ção, empresa criado pelo mesmo criador do
O uso de informática nas escolas como o Pandorga, passou a prestar serviços de treina-
Pandorga potencializa o processo de aprendiza- mento, acompanhamento técnico/pedagógico e
gem das crianças, segundo Jenny Horta profes- desenvolvimento de projetos especializados. O
sora da escola Edificar em Niterói/RJ, “o objetivo, como o software é livre, é que novas
Pandorga é usado com todas as turmas de edu- empresas se envolvam e que isso permita a dis-
cação infantil e com o 1º ano, como um grande seminação do projeto atendendo cada vez mais
auxílio na construção da escrita e desenvolvimen- escolas públicas.
to da expressão criativa.” Jenny ainda comenta:
Ao "estrearmos o Pandorga na escola, eles sim- Maiores informações:
plesmente vibraram com o visual e adoraram sa- Site Oficial do Pandorga GNU/Linux
ber que Pandorga é sinônimo de Pipa ou Cafifa, http://pandorga.rkruger.com.br
pois aqui no Sudeste quase não se usa este ter-
mo. O encanto está aí: tudo para eles é aprendi-
zado! A facilidade consiste na presença dos RAINER KRÜGER é formado em Ciência da
ícones específicos, já prontinhos e que eles iden- Computação, é criador e mantenedor do
Pandorga GNU/Linux e sócio da RKrüger TI
tificam prontamente, tudo é muito intuitivo, colori- que desenvolve projetos e treinamentos em
do e alegre, como eles gostam.” O sistema software livre, especialmente educacional.
Também é instrutor de Java em Porto Alegre.
também é usado em outras regiões do Brasil co-
mo nas escolas municipais de Alvorada/RS, atra-

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EVENTO: II GNUGRAF - RIO DE JANEIRO/RJ

RELATO SOBRE O

Por Rodrigo Carvalho

O GNUGRAF, desde sua idealização por chuva fina, algo atípico na cidade do Rio de Ja-
Carlos Eduardo (Cadunico) no ano passado, foi neiro. Além disso, o risco de pandemia da Gripe
um evento que chamou a minha atenção. Den- A fez com que algumas caravanas fossem can-
tre vários motivos, o mais importante é que ele é celadas. Mesmo assim, o público foi bastante sa-
único! Qual outro evento se pode encontrar tan- tisfatório, contando com um ônibus de Campos
ta variedade de ferramentas livres de computa- dos Goytacazes e o público fiel de Volta Redon-
ção gráfica e multimídia num único lugar? da.
Diferente de outros eventos de software livre, a Com este público, começa o evento com a
tecnologia está em segundo plano, pois o foco abertura feita pelo Cadunico, com agradecimen-
está no desenvolvimento criativo, utilizando ferra- tos a todos que ajudaram no evento, em especi-
mentas que promovam maior liberdade, econo- al à UNIRIO, que cedeu o espaço, e ao
mia e desenvolvimento colaborativo. SERPRO, que cedeu os computadores do mini-
O II GNUGRAF começa como na sua pri- curso (solucionando um ocorrido de última hora
meira edição: com um dia frio, nublado e com e salvando o evento). A sala de palestras ficou
movimentada durante todo dia, mas a grande
procura foi pelos mini-cursos. Suas salas fica-
ram praticamente todas lotadas, com destaque
à grande procura pelas atividades relacionadas
ao Blender (os mini-cursos tiveram mais deman-
da do que espaço!).
Dentre os participantes, tivemos alguns
destaques como Ricardo da Ricolândia, que é
praticamente um “estúdio livre” em pessoa, Suri-
an dos Santos, referência no Rio de Janeiro em
produção de áudio com software livre, Luís Re-
tondaro, é organizador do Blender Pro (e partici-
pou do evento de braço quebrado!), Luiz
Eduardo Borges (Ark4n), autor do livre Python
Figura 1: Público na abertura do evento
para Desenvolvedores, Gabriel Duarte, desen-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |90


EVENTO: II GNUGRAF - RIO DE JANEIRO/RJ

Figura 2: Mini-curso de Inkscape com Cadunico

volvedor do Muan, Gustavo Junqueira, que fil-


mou todas as palestras e ainda deu algumas pa-
lestras e mini-cursos, e (claro) Cadunico,
referência em Inkscape no Rio de Janeiro e cria-
dor do evento.
Vale destacar que, por problemas técni-
cos, os computadores disponíveis para os mini-
cursos eram míseros Pentium IV com no máxi-
mo 512 MB de RAM! Você consegue imaginar
Figura 4: Mini-curso de Edição de Vídeos com Gustavo
edição de vídeo e animação 3D sendo feitas nes- Junqueira
sas máquinas? Pode acreditar que tudo deu mui-
to certo! Tem coisas que só o software livre faz la inclusão dos mini-cursos, tão requisitados no
para você ;) ano passado. Mas isso ainda não é o bastante.
Até agora fizemos tudo com pouco patrocínio,
O evento teve uma grande evolução da pri- mas, conseguindo patrocínios de peso, podere-
meira edição para a segunda, principalmente pe- mos contar com a presença de palestrantes e
instrutores de outros estados (ou até outros paí-
ses!), enriquecendo ainda mais este evento úni-
co!

RODRIGO CARVALHO é analista de


sistemas com larga experiência pessoal e
profissional com software livre, membro
ativo na divulgação do software livre no
Rio de Janeiro através do grupo SL-RJ e
músico nas horas vagas.

Figura 3: Palestra de Animação 2D e 3D com Ricardo da


Ricolândia

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EVENTO: SQUEAKFEST BRASIL 2009 - PORTO ALEGRE/RS

UMA HISTÓRIA DO

Por Paulo Drummond

Era uma tarde quente de março de 2003, e o co-responsável pelo desenvolvimento do que
eu conversava com algumas pessoas sobre um hoje chamamos de janelas, como havia capita-
projeto de criação de um centro de tecnologia neado o desenvolvimento de uma linguagem —
na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janei- Smalltalk, que mais tarde daria origem ao Sque-
ro. Conversa vai, conversa vem, sugeri que se ak, um ambiente de autoria multimídia voltado
pensasse em trazer algumas pessoas importan- para a educação. Expliquei que Alan havia feito
tes do cenário científico-educacional para pales- parte do time inicial do PARC (ninguém tinha ou-
tras. Perguntaram se eu já tinha nomes vido falar tampouco), que passara pela Atari, Ap-
escolhidos para uma lista em construção, e sa- ple e Disney Imagineering e atualmente era
quei dois: Howard Rheingold e Alan Kay. fellow da HP.
Ninguém alí conhecia nenhum deles, ou pe- A coisa era por demais politizada, os recur-
lo menos era o que dava a entender pelas interro- sos bastante limitados, e pouca vontade aparen-
gações visíveis nos rostos. Eu resumi a história te de tocar de uma forma moderna e
de ambos, enfatizando que Alan Kay não só foi profissional. Soube, meses depois, que a iniciati-
va dera com os burros n'água. Apesar de ter
conversado nesta ocasião com ambos (Howard
e Alan), sobre a possibilidade de uma vinda ao
Brasil para uma palestra, ficou tudo por isso
mesmo: só na vontade de tê-los aqui, em Pindo-
rama.
Da minha parte, a vontade de saber mais
só aumentou, a ponto de no ano seguinte
(2004), resolver assistir ao SqueakFest em Chi-
cago e conhecer de perto o que se fazia com o
Squeak. Foi apaixonante. De Chicago a Los An-
geles, no mesmo mes de agosto, visitei Alan e
sua equipe do Viewpoints Research Institute e,
dentre outras coisas conversadas na ocasião,
Figura 1: O público prestigiou o evento
me comprometi com Kim Rose e Yoshiki Ohshi-

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |92


EVENTO: SQUEAKFEST BRASIL 2009 - PORTO ALEGRE/RS

Começa 2007. Ano da primeira distribuição


das primeiras máquinas do projeto OLPC para
dois dos cinco pilotos do projeto UCA, em Porto
Alegre e São Paulo. Conversando com pessoas-
chave do piloto de Porto Alegre, combino de visi-
tar em maio o LEC - Laboratório de Estudos
Cognitivos da UFRGS, a Escola Luciana de
Abreu e trocar idéias sobre Squeak no âmbito
do projeto. Marta Voelcker, superintendente exe-
cutiva da Fundação Pensamento Digital é o prin-
cipal elo dessa parceria, e com quem eu passo
a conversar mais, principalmente sobre como
Figura 2: Evento contou com palestras durante todo o dia Squeak pode funcionar como elemento catalisa-
dor do novo processo de aprendizagem.
ma a traduzir a interface do Squeak para o portu-
O dvd “Squeakers” funciona como dispara-
guês.
dor disso tudo. O filme, premiado com quatro
Em 2005, Kim me sugeriu que fosse à Emmy Awards, entusiasma a todos os que o as-
FISL em Porto Alegre, representando a “comuni- sistem. Ao que tudo indica, o piloto acelera na
dade brasileira” do Squeak. Na verdade, eu não carona do Squeak e Léa Fagundes, pioneira do
conhecia ninguém mais que estivesse usando o uso de tecnologia digital na Educação no Brasil,
Squeak em Educação no Brasil, mas lá fui eu. dá o tom acadêmico no processo. Dissertações
Encontrei Walter Bender e David Cavallo, que de mestrado e teses de doutorado têm Squeak
apresentariam o projeto OLPC, àquela altura, como eixo central.
um quase desconhecido projeto de transforma-
Consigo convencer Marta a ir ao Squeak-
ção da educação. Alguns meses mais tarde, Ni-
Fest em Chicago neste mesmo 2007. Lá, num
cholas Negroponte apresentava a idéia ao
almoço com Alan, Kim e Yoshiki, a idéia começa
governo brasileiro, que então se compromete a
a tomar forma e passa a ser uma possibilidade.
estudar a aquisição de 1 milhão de laptops.
Durante o almoço, Marta se empolga e já imagi-
Naquele ano o bolso não deixou que eu via- na como se dará o evento em Porto Alegre: cri-
jasse novamente pra Chicago, mas no ano se- anças da Luciana de Abreu mostrando seus
guinte lá estava eu pra manter o calor do projetos, professores contando suas experiênci-
contato com desenvolvedores, educadores e en- as em sala de aula, pesquisadores apresentan-
tusiastas, além de conhecer novos projetos. Oca-
sião também para um novo encontro e uma
nova conversa com Seymour Papert (já nos ti-
nhamos encontrado em 2005 na PUC-Rio). Sey-
mour se acidentaria gravemente em dezembro,
atropelado por uma motocicleta em Hanoi.
A partir desse encontro de 2006, conversan-
do com Kim Rose, passei a pensar em qual se-
ria a melhor forma de fazer alguma coisa
parecida no Brasil, algo que pudesse disparar o
processo de convencimento de figuras importan-
tes na Educação, das qualidades mágicas do
Squeak. Figura 3: Mais de 300 participantes acompanharam as palestras

Revista Espírito Livre | Outubro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |93


EVENTO: SQUEAKFEST BRASIL 2009 - PORTO ALEGRE/RS

nos e europeus.
Julho de 2009. O SqueakFest Brasil 2009
é um sucesso. Durante três dias cheios, pales-
trantes de seis países, mais de 300 participan-
tes brasileiros e sul-americanos, apresentações
e painéis no auditório e oficinas “hands-on” em
três salas contíguas, marcaram este que deve
ser o primeiro de muitos outros SqueakFests.
Experiências brasileiras, uruguayas, peruanas e
argentinas demonstraram que Etoys é uma reali-
dade educacional que veio para ficar.
Tenho muito orgulho de ter lançado a se-
Figura 4: Crianças com seus laptops XO em mãos
mente e colaborado, na medida do possível, pa-
do novas propostas pedagógicas... ra que este evento acontecesse. Pra mim, foi
um sonho realizado.
Em julho de 2008, um novo encontro, des-
ta vez em Cambridge. Em intervalos possíveis, Já estou pensando em 2010.
durante o Scratch@MIT, Marta, Kim, Yoshiki e
eu avançamos um pouco mais na idéia do Sque-
akFest Brasil, algo talvez para julho do ano se-
guinte, sempre em Porto Alegre, contando com
os parceiros do Viewpoints, além de possíveis
outros educadores e desenvolvedores america-

Maiores informações:
Site oficial do evento
http://squeakland.org/squeakfest/

PAULO DRUMMOND é engenheiro,


educador e ambientalista. Pós-graduado em
tecnologias educacionais e educação
ambiental. Defensor do software livre e
colaborador dos projetos olpc, etoys e
sugar. (twitter.com/ptdrumm)

Figura 5: Oficina com laptops XO

www.yapcbrasil.org.br

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EVENTO: SFD 2009 - Software Freedom Day 2009

Relato sobre o

Por Rodrigo Motta


em Vitória/ES
Aconteceu nos dias 18 e 19 de Setembro o to de palestras do dia com o tema Aplicativos
SFD 2009 (Dia da Liberdade de Software), e pe- do Linux para o seu dia-a-dia. O apresentador
lo segundo ano consecutivo o IFES (antigo CE- expôs uma listagem de softwares livres que po-
FETES) sediou o evento que acontece dem substituir os software proprietários que utili-
simultaneamente em diversas cidades do mun- zamos. Logo em seguida esteve presente como
do, com o objetivo de desmistificar e promover a convidada a Coordenadora de Tecnologia Edu-
utilização do Software Livre, apresentando sua fi- cacional da Prefeitura de Vitória - Karla Capu-
losofia, seu alcance, seus avanços e desenvolvi- cho, com a palestra Experiência com software
mentos ao público em geral. livre da Secretaria de Educação da Prefeitura
Este ano contamos com assuntos bem di- de Vitória, que relatou a adaptação dos alunos
versificados, no primeiro dia do evento, após o e professores ao Software Livre VixLinux, desen-
credenciamento e recebimento dos alimentos volvido exclusivamente para a Prefeitura de Vitó-
não-perecíveis, prestigiamos o palestrante João ria. Concluindo o primeiro dia do evento, o
Olavo Baião de Vasconcelos, que abriu o circui- palestrante Franzvitor Fiorim apresentou o tema
Porque usar software livre? Esse tema em es-
pecial, muito estimulou os participantes leigos
do evento a aderirem o Software Livre, com a
utilização do BrOffce.org (pacote de software de
escritório em código aberto).
No segundo e mais esperado dia do even-
to, após o credenciamento iniciamos mais um
circuito de palestras, essas mais técnicas. Inicial-
mente, Cesar Cunha desenvolveu o tema Seja
legal, e desfrute de sua Liberdade! Com abor-
dagem sobre aspectos legais do uso de softwa-
res, penalidades, multas e prejuízos ao mercado
de TI. Como segundo convidado, contamos com
a presença de Rubens Monteiro do Nascimento
Figura 1: Público atento durante as palestras Jr, proprietário da PointTreinamentos, que abor-

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EVENTO: SFD 2009 - Software Freedom Day 2009

Figura 2: Palestrantes Karla Capucho e João Olavo Figura 4: Palestrante Franzvitor Fiorim falou sobre porque usar
software livre

dou o tema Linux e o mercado de trabalho, no A organização do evento ficou por conta
qual ressaltou a necessidade e absorção de pro- da Iniciativa Espírito Livre (também responsável
fissionais de Software Livre no mercado de traba- pela Revista Espírito Livre) e de profissionais da
lho capixaba. Em outro momento, o palestrante área de TI, que se mobilizam cada vez mais pa-
Saymon Castro enfocou sobre o Gerenciamen- ra contribuir com o movimento do Software Livre
to de Projetos com dotProject, e a apresenta- no mercado capixaba de TI e para realização do
ção de um software de gerenciamento de SFD 2009. O evento também contou com a pre-
projetos similar ao OpenProject, porém na ver- sença de público de caráter diversificado entre
são para WEB e apresentação de conceitos alunos e funcionários do IFES, FAESA, CESAT,
PMI. Finalizando esse interessante circuito de pa- de pesquisadores educacionais da Secretaria
lestras, Lázaro Reinã palestrou sobre Lua e De- de Educação Municipal, profissionais de TI, em-
senvolvimento de Jogos, com a apresentação presários do setor de Transportes e da comuni-
de uma programação Script para jogos, os jogos dade em Geral.
desenvolvidos, seus desenvolvedores e investi-
dores da tecnologia. Contudo, nem só de informação sobre o
Software Livre é feito o SFD 2009, o evento tam-
bém teve um objetivo social, com o recolhimen-
to de alimentos não-perecíveis no ato do
credenciamento. Neste ano foram recolhidos
50k de alimentos não-perecíveis que posterior-
mente serão doados ao Projeto Amor e Vida,
que fica localizado no Bairro Jardim América,
em Cariacica/ES, finalizando todo o projeto SFD
2009 com a satisfação do dever comprido.
RODRIGO MOTTA SOUZA é Analista de
Sistemas, Especialista em Internet,
Multimídias e Web Marketing. Atua como
professor desenvolvendo projetos de
Educação à Distância e Educação Técnica
do Programa Prominp do Governo Federal.

Figura 3: Alunos de várias instituições participaram do evento

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QUADRINHOS

QUADRINHOS
Por Wesley Samp, Wallisson Narciso, José James Figueira Teixeira e Moisés Gonçalves

OS LEVADOS DA BRECA

http://www.OSLEVADOSDABRECA.com

NANQUIM2

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QUADRINHOS

MANOELITO

http://josejamesteixeira.blogspot.com

MUTUM

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AGENDA · O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

AGENDA
OUTUBRO Evento: Scrum Meeting 2.0 borativo Criado pelo Movimen-
Data: 19/10/2009 to de Software Livre na Internet
Evento: Tchelinux 2009 Ediçao Local: São Paulo/SP Data: 31/10/2009
Erechim Local: Campo Grande/MS
Data: 10/10/2009 Evento: I Forum de Software Li-
Local: Erechim/RS vre de Duque de Caxias Evento: YAPC::Brasil 2009
Data: 20/10/2009 Data: 30, 31/10/2009 e
Evento: 1º Simpósio Norte Nor- Local: Duque de Caxias/RJ 01/11/2009
deste de Segurança e Hackers Local: Niterói/RJ
Data: 10 e 11/10/2009 Evento: Latinoware 2009
Local: Manaus/AM Data: 22 a 24/10/2009 NOVEMBRO
Local: Foz do Iguaçu/PR
Evento: BackTrack Brasil Evento: 3º Install Fest IFES Ser-
Data: 11/10/2009 Evento: 3ª PGCon 2009 ra
Local: Manaus/AM Data: 23 e 24/10/2009 Data: 06/11/2009
Local: Campinas/SP Local: Serra/ES
Evento: 2º Encontro Mineiro de
Software Livre 2009 Evento: Fórum TIC Evento: CESoL-CE
Data: 13 a 17/10/2009 Data: 27 a 30/10/2009 Data: 10 a 13/11/2009
Local: Itajubá/MG Local: Brasília/DF Local: Fortaleza/CE

Evento: Palestra Ataques con- Evento: I Encontro Nacional do Evento: III Fórum de Tecnolo-
tra o SMTP - Como as botnets Software Público gia em Software Livre - Curitiba
enviam spam Data: 27 a 30/10/2009 Data: 11 a 13/11/2009
Data: 15/10/2009 Local: Brasília-DF Local: Curitiba/PR
Local: Campinas/SP
Evento: Encontro Nacional de Evento: GeoLivre 2009
Evento: 4º Circuito CELEPAR Tecnologia da Informação para Data: 17 a 20/11/2009
de Software Livre os Municípios Brasileiros Local: Brasília/DF
Data: 16 e 17/10/2009 Data: 27 a 30/10/2009
Local: Telêmaco Borba/PR Local: Brasília-DF Evento: 1ª Conferência Web
W3C Brasil
Evento: SECCOM - Semana de Evento: Scrum Meeting 2.0 Data: 23 e 24/11/2009
Cursos e Palestras da Computa- Data: 28/10/2009 Local: São Paulo/SP
ção Local: Rio de Janeiro/RJ
Data: 19 a 22/10/2009 Divulgação de eventos:
Local: Florianópolis/SC Evento: Palestra O Modelo Cola- revista@espiritolivre.org

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