Professional Documents
Culture Documents
Resumo
Introdução
Desenvolvimento
Para que se possa compreender um pouco mais sobre os caminhos tomados no ensino
de línguas estrangeiras, apresenta-se a seguir um panorama do que os principais métodos e
abordagens postulavam desde o começo do século XX. Vale lembrar que são colocadas
apenas as linhas gerais do desenvolvimento e da aplicação de alguns desses métodos. A
intenção é que cada professor avalie e se perceba neles, ponderando aquilo que pode mudar,
aperfeiçoar ou manter em sua prática, de acordo com seu contexto de atuação.
O Método Direto
caminha junto com a habilidade da fala e a aquisição de vocabulário por meio dos textos e
das situações propostas. Para evitar a tradução e incentivar o uso da língua estrangeira, o
professor usa imagens, demonstrações, pantomimas e realia (objetos e atividades
provenientes de contexto real de uso da língua estrangeira). Inclusive, o currículo é baseado
em situações e não em pontos gramaticais, e a pronúncia dos alunos é trabalhada desde o
início dos estudos.
Percebe-se, também, uma expansão do conceito de cultura de língua estrangeira para
algo que vai além das artes e inclui aspectos históricos e geográficos, atitudes e
comportamentos, entre outros. Segundo Larsen-Freeman (2000:28), “saber uma língua
estrangeira também envolve aprender como os falantes daquela língua vivem”.
Com relação ao trabalho com as estruturas gramaticais, estas deixam de ser
trabalhadas de forma dedutiva e passam a ser trabalhadas de forma indutiva. A abordagem
dedutiva da apresentação de regras gramaticais, para compreensão e posterior prática (ou
produção), é uma forma um tanto menos comunicativa do que a abordagem indutiva para a
aprendizagem de estruturas gramaticais. Nessa segunda abordagem, o professor induz a um
processo de descoberta das regras gramaticais a partir de generalizações feitas pelos alunos
durante e após a prática. Portanto, o professor de línguas estrangeiras (LE) pode optar por
uma aprendizagem prévia das regras ou então engajar os alunos em alguma atividade para a
conscientização indireta sobre o sistema (LONG, M.; J. RICHARDS, 2001).
Segundo Celce-Murcia (2001), no Método Direto, apesar do professor direcionar as
atividades, o aluno tem um papel mais ativo na própria aprendizagem do que no Método
Tradicional. Professores e alunos são parceiros na interação e os professores auxiliam os
aprendizes da língua a se autocorrigirem, geralmente apresentando a opção errada do aluno e
a correta na forma de pergunta.
O Método Audiolingual
A Abordagem Comunicativa
O Pós-Método
acontece no ambiente de ensino e aprendizagem certamente não consegue ser explicado por
métodos ou abordagens pré-estabelecidos. O professor, com um rol de decisões a serem
tomadas a todo o momento de sua prática, vai optar por decisões muitas vezes baseadas em
sua experiência, sua vivência com o grupo, o contexto cultural, social e valores pessoais.
Nesse contexto, quais são as oportunidades para seguir uma ou outra abordagem? A partir de
diferentes realidades e da verificação de necessidades específicas, o professor acaba por
mesclar diferentes abordagens. Qual o resultado dessa adaptação? Faz-se uma seleção das
características que se adequam a seu grupo. O método passa a ser, então, um manual a ser
consultado em casos específicos, pois não condiz com a prática diária.
Kumaradivelu (2003, p. 544) define método como “uma construção da
marginalidade”, tendo em vista que reitera a exploração econômica e a dominação cultural.
Analisando a perspectiva do pesquisador, admitimos que os produtores dos métodos são, em
sua maioria, falantes nativos. As perspectivas apresentadas por eles acabam por reforçar o
estereótipo de que o falante nativo é o modelo a ser seguido, pois “possui” a língua e a usa de
forma “natural”. Usando essa visão como referencial, busca-se um ensino artificial, a partir
de realidades idealizadas e situações construídas para a prática da língua vista como modelo,
e não como instrumento de comunicação.
É inevitável que se vislumbre um cenário de certo marasmo e, ao mesmo tempo, uma
busca inquieta por fórmulas mágicas que deem conta de realidades tão complexas (SILVA,
2004:1).
Dewey (1978) considera a aprendizagem como a construção ativa do conhecimento
através do engajamento a ideias em contextos significativos, um dos pressupostos da
Abordagem Comunicativa. Os contextos significativos variam nos diversos espaços. O
professor precisa, então, identificar esses contextos significativos individuais. Segundo o
pragmatismo americano de DEWEY, práxis é : “... tudo deve ser ensinado em função do seu
uso e da sua função na vida. Um conhecimento é considerado verdadeiro se for útil, se
resolver os problemas enfrentados pelo homem” (GOTTSCHALK, 2007). Como deve ser o
ensino de LE para que a língua alvo tenha função pragmática em nosso contexto?
Kumaradivelu (2001) propõe o pós-método como um sistema tridimensional que
consiste na pedagogia da:
• particularidade
782
• prática
• possibilidade
A particularidade refere-se a um grupo particular de professores, que ensinam a um
grupo particular de aprendizes, que, por sua vez, buscam objetivos particulares em um
contexto particular incrustado em um contexto sociocultural particular. Vislumbra-se uma
adequação de conhecimentos teóricos mais dirigidos às situações reais, dentro de realidades
específicas. O professor pode vir a ser o criador das teorias a partir da observação.
A prática, que seria o segundo pé desse sistema tridimensional, questiona o uso de
teorias profissionais geradas por especialistas. O professor não pode ser visto como o
validador, o implementador de teorias geradas por terceiros. Ele pode gerar, sim, teorias
pessoais a partir da interpretação e aplicação de teorias na sua prática. Como seria possível
melhorar a prática sem produzir conhecimento?
A pedagogia da possibilidade encontra inspiração em Paulo Freire na Pedagogia do
Oprimido, quando se refere às relações de poder e domínio vigentes na sociedade. A partir
desse pressuposto, qualquer pedagogia reforça e mantém as desigualdades sociais. Estas
relações podem ser mudadas a partir da conscientização do aprendiz e do contexto em que
vive. O professor tem um papel preponderante nesta mudança. Ao se tornar produtor do
material didático apropriado ao contexto em que está inserido, atua e transforma a realidade,
além de engajar-se num processo contínuo de autodesenvolvimento. Sua participação como
observador deste contexto é fundamental. O seu ambiente pode ser o lugar onde encontra
espaço para compartilhar experiências, dúvidas, receios e também refletir sobre teorias e
concepções diversas, fazendo uso do que julgar adequado em quaisquer tendências,
linguísticas, pedagógicas ou didáticas ou adaptá-las a partir de uma perspectiva mais crítica.
Considerações finais
L.E, que deve levar em consideração a particularidade de cada contexto, a prática docente e a
pedagogia da possibilidade – premissas básicas do Pós-método.
Os métodos de ensino devem ser considerados um referencial a ser adaptado por parte
do professor de acordo com a situação particular ou contexto em que está inserido. Dessa
maneira, o professor estará utilizando abordagens e métodos que refletem seus princípios de
forma mais acurada, o que diminuiria o abismo entre a teoria elaborada por estudiosos da
Linguística Aplicada e a prática, vivenciada pelo professor em seu dia-a-dia.
A seleção dos encaminhamentos metodológicos mais adequados para o contexto em
que o professor está inserido não pode acontecer de forma eclética e aleatória, sem reflexão.
Para Kumaravadivelu (1994:30), “o ecletismo em sala de aula, invariavelmente, se
transforma numa pedagogia assistemática, acrítica e sem princípios”. Justamente por isso, a
escola pode ser um lugar onde o professor encontra espaço para refletir sobre teorias e
concepções diversas, fazendo uso crítico e consciente do que julgar adequado em quaisquer
instâncias, linguísticas, pedagógicas ou didáticas. Uma mudança de postura do professor deve
trazer consigo uma combinação de conhecimento de área, consciência sobre sua prática
pedagógica e tomada de ação para fazer a diferença em sala de aula. Essa combinação de
fatores leva ao que Perrenoud (2002) chamou de competência profissional do professor. E, se
concebermos o aperfeiçoamento como desenvolvimento contínuo, o espaço de trabalho
possibilita essa construção colaborativa entre professor e aluno e, consequentemente, o
crescimento individual na coletividade.
REFERÊNCIAS
______. Principles of language learning and teaching. New Jersey: Prentice Hall, 1997.
FRIES, C. Teaching and Learning English as a Foreign Language. Ann Arbor: University
of Michigan Press, 1945.
UR, P. Grammar practice activities: a practical guide for teachers. UK: Cambridge University
Press, 2002.