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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNEO LEITE - UNIPLI

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE


CIÊNCIAS DE SAÚDE E AMBIENTE

PEDRO PAULO DO PRADO JUNIOR

DA CONCEPÇÃO AO NASCIMENTO:
PRÁTICAS EDUCATIVAS NA ASSISTÊNCIA À MULHER NO
PERÍODO GRAVÍDICO E PUERPERAL

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Niterói
2008
CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNEO LEITE - UNIPLI
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE
CIÊNCIAS DE SAÚDE E AMBIENTE

PEDRO PAULO DO PRADO JUNIOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Stricto Sensu do Centro Universitário
Plínio Leite, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Mestre em
Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente,
Área de Concentração Saúde.

ORIENTADORA: Profª. Drª. Carmen L. P. Silveira

2
Niterói
2008
PEDRO PAULO DO PRADO JUNIOR

DA CONCEPÇÃO AO NASCIMENTO:
PRÁTICAS EDUCATIVAS NA ASSISTÊNCIA À MULHER NO
PERÍODO GRAVÍDICO E PUERPERAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Stricto Sensu do Centro universitário
Plíneo Leite, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do grau de Mestre em Ensino de
Ciências da Saúde e do Ambiente, Área de
Concentração Saúde.

Aprovada em ____ de __________ de __________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Drª Carmen L. P. Silveira (Orientadora)

Prof. Drª Karla Patrícia Guimarães - UNIPLI

3
Prof. Drª. Anialcy Barbosa Faria - UFF

AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha esposa pela paciência, dedicação, carinho, e todo o
apoio nesta decisão da minha vida.
Aos meus filhos que se privaram das horas da minha presença.
À minha mãe pela força que me estimula desde a infância, pelo que muito
me ensinou da vida, uma delas a perseverança.
Ao meu pai, que apesar da ausência, esteve e está sempre presente em
minha vida.
Ao secretário municipal de saúde de Muriaé, e funcionários da Secretaria
de Saúde pelo apoio dado desde o início.
À minha orientadora professora Dra. Carmen que com competência,
companheirismo, amizade me direcionou e foi uma grande coadjuvante nesta
obra. Ficarão sempre marcados nossos encontros, nossa viagem ao sul do país e
as trocas de experiência. Você também é responsável por ter chegado até aqui.
Tornar-se aluno novamente nos remete a um período de infância e
adolescência que devemos sempre trabalhar para que nunca morram dentro de
nós, apenas adormeçam, para quando necessário possam florescer como cada
primavera.

4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a
minha família, aos amigos,
e em especial a meu pai,
que durante uma vida toda
investiu em mim plantando
tudo aquilo que não lhe foi
possível conceber,
e que por força maior
não pode colher seus frutos.

5
RESUMO

A gravidez provoca modificações notáveis na fisiologia materna, essas alterações envolvem todos
os sistemas do corpo. Os cuidados da própria mulher, do companheiro e das pessoas que a cerca
e dos profissionais de saúde são para que tudo corra bem com a gravidez, e o principal objetivo é
promover a qualidade de vida da gestante e de seu concepto. A atenção à gravidez inclui a
prevenção, a promoção da saúde e a identificação e tratamento dos problemas ocorridos durante
o período da gestação, através das consultas de pré-natal para destinar condutas de atenção
integral à saúde da mulher, onde é incluído as práticas de educação em saúde e uma assistência
humanizada. O cuidado à mulher deve ser individualizado, sensibilizado, baseado nos relatos de
cada mulher que assume o papel de atores principais da gestação e parto. A representação de
cada gravidez interfere e é determinante para o seu bom desenvolvimento. O objetivo da pesquisa
foi identificar as práticas educativas realizadas no atendimento pré-natal do município de Muriaé,
relacionando com os relatos das mulheres entrevistadas as possíveis prevenções de
complicações. O objeto do estudo foram mulheres gestantes ou puérperas que deram a luz num
período retroativo de 1 ano. Foi utilizado como cenário do estudo as próprias residências das
entrevistadas que eram previamente selecionadas pelas Unidades de Estratégia Saúde da
Família. O cenário permitia uma melhor expressão de suas falas. Foram entrevistadas 100
mulheres. Como instrumento utilizou-se um questionário semi-estruturado. Os ítens foram
analisados gerando discussões a cerca das práticas de pré-natal no município de Muriaé. Foi
traçado o perfil das entrevistadas assim como acesso às consultas, as orientações recebidas, a
relação com a equipe de enfermagem, as alterações apresentadas, a participação em grupos de
gestante, a participação do parceiro nas consultas, além da realização de procedimentos e a
expressão de sentimentos. Foi observado que todas entrevistadas receberam orientações, 75%
realizaram mais de 6 consultas de pré-natal, o que é pactuado pelo Ministério da Saúde (MS), e
que 74% classificam as consultas como de ótima qualidade onde satisfaziam todas as dúvidas e
angústias, porém evidenciou-se que as condutas de orientações não são uniformes gerando
várias categorias de discussão.

Palavras chaves: Educação em saúde, Humanização da assistência, Qualidade de vida na


gestação.

6
ABSTRACT

The pregnancy provokes notable modifications in the maternal physiology, those alterations involve
all of the systems of the body. The own woman's cares, of the companion and of the people that
the fence and of the professionals of health they are well for everything to run with the pregnancy,
and the main objective is to promote the quality of the pregnant woman's life and of his/her
concept. The attention to the pregnancy includes the prevention, the promotion of the health and
the identification and treatment of the problems happened during the period of the gestation,
through the consultations of prenatal to destine conducts of integral attention to the woman's
health, where it is included them practice of education in health and a humanized attendance. The
care to the woman should be individualized, touched, based on each woman's reports that it
assumes the main actors' of the gestation paper and childbirth. The representation of each
pregnancy interferes and it is decisive for his/her good development. The objective of the research
was to identify the educational practices accomplished in the prenatal service of the municipal
district of Muriaé, relating with the interviewed women's reports the possible preventions of
complications. The object of the study was pregnant women or puérperas wants gave the light in a
retroactive period of 1 year. It was used as scenery of the study the interviewees' own residences
that it was selected previously by the units of Estratégia Saúde da Família, the scenery allowed a
better expression of their speeches. 100 women were interviewed. As instrument was used a semi-
structured questionnaire, that you/they were analyzed generating discussions the about of the
practices of prenatal in the municipal district of Muriaé. The interviewees' profile was drawn as well
as access to the consultations, the received orientations, the relationship with the nursing team, the
presented alterations, the participation in pregnant woman's groups, the partner's participation in
the consultations besides the accomplishment of procedures and the expression of feelings. It was
observed that all interviewees received orientations, 75% accomplished more than 6 consultations
of prenatal, what is agreed on by Ministry of Health (MS), and that 74% classify the consultations
as of great quality where you/they satisfied all of the doubts and anguishes, however it was
evidenced that the conducts of orientations are not uniform generating several discussion
categories.

Key words: Education in health, Humanization of the attendance, life Quality in the gestation.

7
LISTA DE TABELAS

TABELA 01 - Determinação do perfil das mulheres participantes na


pesquisa................................................................................. 63
TABELA 02 - Alterações apresentadas durante a gravidez expressadas
pelas participantes da pesquisa............................................ 66
TABELA 03 - Descrição do tipo, número e complicações de partos........... 71
TABELA 04 - Mulheres que realizaram o pré-natal e o número de
consultas................................................................................ 74
TABELA 05 - Opinião das participantes da pesquisa em relação ao pré-
natal e se receberam orientações nessas consultas............. 76
TABELA 06 - Receberam orientações nas consultas de pré-natal............. 78
TABELA 07 - Orientações recebidas no pré-natal....................................... 79
TABELA 08 - Participação em grupos de gestantes................................... 82
TABELA 09 - Opinião sobre o contato com a equipe de enfermagem....... 83
TABELA 10 - Opinião sobre os pontos que precisam ser melhorados no
serviço de enfermagem......................................................... 84
TABELA 11 - Participação de familiares no processo de nascimento....... 85
TABELA 12 - Práticas realizadas durante o pré-natal................................. 85
TABELA 13 - Acontecimentos durante a gravidez...................................... 86

8
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Descrição do Modelo de Saúde no Município de Muriaé..... 08


QUADRO 2 - Descrição dos Equipamentos para Diagnóstico
Complementares de Saúde no Município de Muriaé............ 09
QUADRO 3 - Descrição do Modelo de Educação no Município de Muriaé 10
QUADRO 4 - Sinais e Sintomas Presuntivos............................................. 14
QUADRO 5 - Sinais e Sintomas Prováveis................................................ 15
QUADRO 6 - Sinais e Sintomas Definitivos............................................... 15
QUADRO 7 - Alterações das funções dos sistemas orgânicos da
gestante................................................................................ 24
QUADRO 8A - Alterações no organismo da gestante no primeiro trimestre
de gravidez........................................................................... 25
QUADRO 8B - Alterações no organismo da gestante no segundo trimestre
de gravidez........................................................................... 25
QUADRO 8C - Alterações no organismo da gestante no terceiro trimestre
de gravidez........................................................................... 26
QUADRO 9 - Temas de trabalho para orientações à gestante.................. 27
QUADRO 10 - Principais objetivos do Programa de Humanização do
Parto e Nascimento (PHPN)................................................. 36

9
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................. 01
2. CONHECENDO O MUNICÌPIO DE MURIAÉ............................................... 06
2.1. O Município e sua história.................................................................... 06
2.2. O Município e sua localização.............................................................. 06
2.3. Descrevendo a estrutura de saúde do município de Muriaé............... 07
2.4. Descrevendo a estrutura de educação do município de Muriaé......... 09
3. CORPO DE MULHER, CORPO DE MÃE: CONHECENDO A
GESTAÇÃO.................................................................................................. 11
3.1. Da fecundação à gravidez: a formação do novo ser .......................... 11
3.2. Alterações do corpo da mulher: descobrindo a gravidez..................... 13
3.2.1. Gestação um período de transformação................................ 16
3.2.2. Alterações emocionais e psíquicas da mulher na
gestação............................................................................................. 17
3.2.3. Ser mãe: transformações e alterações do corpo da mulher.. 19
3.3. Dúvidas e indagações da mulher grávida............................................. 26
3.4. A gravidez com contexto social, educacional e cultural....................... 28
3.4.1. Repercussão da gravidez no contexto familiar....................... 30
3.5. A mulher a gravidez e o pré-natal no município de Muriaé................. 32
3.6. A visão humanística da assistência pré-natal....................................... 33
3.7. Acolhimento: Responsabilidade e acompanhamento......................... 37
3.8. Organização da Assistência Pré-Natal: Qualidade real da saúde....... 39
4. EDUCAÇÃO EM SAÚDE: PROMOVENDO A QUALIDADE DE VIDA DA
GESTANTE................................................................................................... 42
4.1. O processo de enfermagem na avaliação e elaboração de um plano
de orientação em educação em saúde para a gestante............................... 42
10
4.2. A enfermagem no processo de promoção à saúde.............................. 44
4.2.1. Trabalhando a natureza do ensino e aprendizado pela
grávida................................................................................................ 47
4.3 – A comunicação como instrumento no processo de educação em
saúde............................................................................................................. 49
4.4. Parto e Nascimento Humanizados......................................................... 51
4.5. A origem da humanização do parto...................................................... 52
4.6. O período de trabalho de parto e parto................................................. 54
4.6.1. A equipe multiprofissional na atenção ao parto....................... 55
4.7. A importância da presença do acompanhante e o auxílio a mulher no
trabalho de parto e parto............................................................................... 57
4.8. A atenção ao puerpério imediato.......................................................... 57
5. MATERIAL E MÉTODO................................................................................ 59
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................. 63
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 91
ANEXOS....................................................................................................... 96
Anexo 1 - Termo de autorização
Anexo 2 - Termo de Concordância
Anexo 3 - Questionário
Anexo 4 - Muriaé
Anexo 5 - Desenvolvimento da Gravidez
Anexo 6 - Treinamento Profissional

11
INTRODUÇÃO

O trabalho do enfermeiro no Serviço de Atenção Primária à Saúde,


seja em Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou em Unidades de Estratégias de
Saúde da Família (ESF) permitem que esse, tenha uma maior abrangência em
sua assistência, seja na atenção à criança e ao adolescente, ao idoso, à saúde do
trabalhador, aos portadores de doenças infecto-contagiosas e na atenção à saúde
da mulher. Na Saúde Pública, existem os programas de atenção à saúde dos
grupos específicos como, por exemplo, Programa de Assistência Integral à Saúde
da Mulher (PAISM), o Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança
(PAISC), e, mais recentemente, no que diz respeito à saúde da mulher foi
desenvolvido o Programa Nacional de Humanização do Parto e Nascimento
(PHPN). Esses programas tendem a nortear as ações dos profissionais de saúde
para realizarem uma melhor assistência aos grupos, visto que esses programas
descrevem os direitos de cada grupo. O Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem, em seus princípios fundamentais, descreve que “a Enfermagem é
uma profissão comprometida com a saúde do ser humano e da coletividade.
Atua na promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação das
pessoas(...)”
Nos primórdios da atenção à saúde, os programas de saúde pública,
com atenção à saúde da mulher, voltam-se tradicionalmente para o grupo
materno infantil, enfocando as condições de gestação e do parto para garantir
crianças saudáveis. A partir da criação do PAISM, em 1983, surgiu uma proposta
inovadora com base no conceito de Assistência Integral à Saúde da Mulher
(AISM), que rompia a visão tradicional, passando a privilegiar a mulher no
atendimento das questões ligadas à reprodução. A regulamentação do PAISM
aconteceu em 1986, resultando esforços de profissionais da área de saúde no
sentido de preconizar ações que ampliassem o atendimento à saúde das
mulheres.
O Programa de Humanização do Parto e Nascimento (PHPN), criado
pela portaria ministerial 569 de 01/06/2000, é baseado nas análises das

12
necessidades de atenção específica à gestante, ao recém nascido e à mulher no
período pós-parto. Esse programa é um importante instrumento para a
organização e estruturação de redes de referência para o atendimento à
gestantes em cada município, na lógica da regionalização e hierarquização dos
serviços de saúde, assegurando uma melhor cobertura e qualidade do
acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério, assim como o
acesso dessas mulheres ao serviço.
Durante o tempo de atividades exercidas na profissão de enfermeiro,
o autor pode aproximar-se da temática que engloba a assistência à saúde da
mulher, que foram cruciais para a definição de suas características profissionais;
o contato com a atenção à saúde da mulher gerou uma preocupação acerca do
nível de orientação que as mulheres recebem durante o período gravídico e
puerperal, se esses estão relacionados a complicações na gravidez e puerpério e
se suas principais dúvidas e angústias são sanadas, ou se a maternidade ainda é
considerada como uma “caixinha de surpresas”. Orientações essas que deveriam
estar presentes desde o período de pré-concepção estendendo-se por todo o
período gestacional, na atenção ao parto e no período puerperal.
A pesquisa foi desenvolvida no município de Muriaé, que está
localizado na Zona da Mata Mineira, através de entrevista, utilizando como
instrumento um questionário que serviu como base para orientação e posterior
discussão dos dados. O universo da pesquisa foram as unidades de saúde e
ambulatórios que realizam atendimento pelo SUS, além das próprias residências
das entrevistadas. Utilizou-se as unidades de Estratégia de Saúde da Família
(ESF) como suporte nos casos das visitas domiciliares. Foram entrevistadas 100
mulheres gestantes ou puérperas que tiveram seu parto no período de um ano
retroativo, por considerar essas mulheres ainda com facilidade de se lembrar das
informações recebidas ou das experiências vivenciadas. Para direcionar esse
estudo, foram formulados os seguintes objetivos:
Objetivo geral:
• Refletir sobre as práticas educativas realizadas no atendimento pré-
natal do município de Muriaé.
Objetivos específicos:

13
• Detectar os principais problemas relacionados à prática pré-natal.
• Aumentar a interação da mulher grávida com a equipe de saúde;
• Estabelecer os atenuantes que possam prejudicar ou interferir na
gravidez, a partir da visão social;
• Gerar cartilha básica para as gestantes.
No primeiro momento da pesquisa ,percebeu-se a necessidade de
realizar um levantamento populacional das mulheres que realizavam pré-natal,
principalmente, nas unidades vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS),
através de pesquisa em órgãos públicos municipais, nesse caso, a Secretaria
Municipal de Saúde onde se localiza a central de cadastro das gestantes no
SISPRENATAL. A partir daí, percebeu-se que a cobertura de mulheres que
realizavam o pré-natal estava baixa mediante estes cadastros, partindo, então,
para as visitas in loco nas unidades de saúde que realizam as consultas de pré-
natal.
Durante as visitas, buscou-se identificar nas unidades de Estratégias
de Saúde da Família (ESF) o número de gestantes e para onde essas eram
referenciadas quando nas unidades de origem não realizavam as consultas de
pré-natal. Após a identificação e visto que os horários das consultas não
condiziam com o momento de encontro das mulheres com o entrevistador, por
intermédio das equipes de ESF, passaram a agendar visitas domiciliares para a
realização da coleta de dados. Dessa forma, as mulheres foram escolhidas pelos
enfermeiros responsáveis pelas estratégias de saúde da família e como pré-
requisito somente era solicitado a visita às mulheres que haviam gerado ou dado
a luz no período de um ano retroativo.
A escolha das entrevistas nos domicílios pode contribuir em muito
para pesquisa, primeiro por aumentar o vínculo do entrevistador com as unidades
e, posteriormente, com as mulheres, permitindo que essas mulheres tivessem
uma maior liberdade de expressar seus sentimentos por estarem dentro de suas
próprias casas, não ocultado sequer resposta de insatisfação ou angústia.
Dessa forma, pode-se contar com uma equipe voluntária para a
realização da pesquisa, composta pelas enfermeiras das unidades de ESF,
agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem, além de um grupo de

14
alunos universitários que auxiliaram na coleta de dados, muitas das vezes, por
morarem próximos às casas das mulheres envolvidas na pesquisa.
O capítulo dois da pesquisa descreve a história do município de
Muriaé. Percebeu-se a necessidade de relatar essa história pelo fato do município
se localizar no interior do Estado de Minas Gerais e não ser tão evidenciado
nacionalmente, seja na mídia ou por algum momento histórico. Da mesma forma,
tornou-se pertinente descrever as estruturas de saúde e ensino do município visto
que os objetivos da pesquisa envolvem as práticas educativas em saúde. O
capítulo, ainda, traz fotos do município, assim como mapas de localização e
tabelas descrevendo as estruturas de saúde e educação.
O capítulo três descreve a gravidez, as alterações do corpo da
mulher, aborda ainda os principais desconfortos sofridos pela mulher no período
gravídico, seguidas das orientações corretas que deverão ser fornecidas à mulher
a fim de diminuir ou eliminar suas queixas; esse capítulo, ainda, dará o enfoque à
mulher, à gravidez e ao pré-natal no município de Muriaé. Preocupou-se em
descrever os registros das mulheres no SISPRENATAL, assim como o número de
partos que ocorrem anualmente e, um breve histórico sobre a assistência à saúde
da mulher no município. Ainda, nesse capítulo, registra-se o acolhimento, a
responsabilidade e o acompanhamento da gestação, assim como as funções das
equipes de saúde em entrar em contato com uma mulher gestante na unidade de
saúde ou na comunidade, buscando compreender os múltiplos significados da
gestação para aquela mulher e sua família.
No capítulo quatro, a atenção esteve voltada para as práticas
educativas no atendimento às gestantes, em que se evidenciou o papel do
enfermeiro enquanto educador e transformador de ações. Preocupou-se ainda em
relatar as práticas destinadas à humanização do parto e nascimento, assim como
a participação do acompanhante de escolha da mulher no processo de
nascimento, visto que esse, muitas das vezes, é um momento de solidão e
angústias para muitas parturientes.
O capítulo cinco discorre sobre os questionários aplicados às
mulheres envolvidas, referenciando os caminhos metodológicos, os materiais, e
tudo que viesse a viabilizar as ações. Segue-se trabalhando as discussões dos

15
dados obtidos. Para posterior e finalmente descrever a conclusão encerrando
assim a discussão da problemática. Por final, descrevem-se as referências
bibliográficas e os anexos.
O trabalho com a Estratégia Saúde da Família por um período de 08
(oito) anos e a titulação em Enfermagem Obstétrica juntamente com alguns
fatores identificados durante a assistência à mulher, permitiu o questionamento
por parte do autor em relação a algumas práticas rotineiras de atenção à mulher,
como por exemplo, quais orientações eram fornecidas à gestante durante o
período gravídico e puerperal, seja nas consultas de pré-natal, grupos de
gestantes ou, até mesmo, nas visitas domiciliares na gestação e no pós parto.

16
CAPÍTULO 2
CONHECENDO O MUNICÍPIO DE MURIAÉ

2.1. O MUNICÍPIO E SUA HISTÓRIA


O município de Muriaé está situado às margens da BR-116 e BR-
393, distante da capital mineira em 363 km. Seu nome significa, na língua
indígena, ter sabor de cana doce. Seu padroeiro é São Paulo. Inicialmente
habitada pelos índios puris, a região que compreende o município de Muriaé teve
sua colonização iniciada pelo comércio de brancos com os indígenas. Em 1817,
Constantino José Pinto, com 40 homens, comercializando ervas e raízes
medicinais desceram pelo Rio Pomba e atingiram o Muriaé, onde aportaram,
construindo seu abarracamento junto a uma cachoeira do Rio Muriaé. A figura 01
do anexo 4 demonstra o mapa de Minas Gerais, destacando Muriaé e seus limites
com outros municípios.
Em 1819, o francês Guido Tomáz Marliére chega e ergue a capela
onde se encontra o largo do Rosário. Em 7 de abril de 1841, foi criado o distrito
com o nome de São Paulo do Muriahé. Em 16 de maio de 1855, pela Lei n° 724, o
distrito foi elevado à categoria de vila com a mesma denominação de São Paulo
do Muriahé. No dia 25 de novembro de 1865 foi criada a comarca pela Lei n°
1257, elevando a vila de São Paulo do Muriahé à categoria de cidade. Em 1923,
passou a denominar-se apenas Muriahé, e depois Muriaé por questões
ortográficas. O progresso da nova localidade foi constante, principalmente, a partir
de 1886, data da inauguração da Estação da Estrada de Ferro Leopoldina na
sede municipal. Em 1910, é criado o serviço de força e luz; no ano seguinte, o de
água e esgotos e, em 1913, o telefone urbano.

2.2. O MUNICÍPIO E SUA LOCALIZAÇÃO

A cidade de Muriaé se enquadra na categoria de médio porte,


estando situada ao sudeste da Zona da Mata Mineira, no Estado de Minas Gerais,
tendo uma área de 845,6 Km2, com uma densidade demográfica de 108.1

17
habitantes / Km2. A figura 02 do anexo 4 revela fotos aéreas do município de
Muriaé - MG.
Com uma população de 98.850 habitantes (Censo IBGE - 2005),
limita-se com os municípios de Ervália, Santana de Cataguases, Laranjal, Palma,
Miraí, São Sebastião da Vargem Alegre, Rosário da Limeira, Miradouro, Vieiras,
Eugenópolis, Patrocínio do Muriaé e Barão de Monte Alto. Tem sua economia
baseada na indústria e agropecuária. A figura 03 do anexo 04 demonstra os
limites territoriais e as respectivas cidades limites ao município de Muriaé.

2.3. DESCREVENDO A ESTRUTURA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE MURIAÉ

A rede de saúde pública do município de Muriaé é descrita no Plano


Diretor da Secretaria Municipal de Saúde em 2007, sendo constituída a cerca de
24 equipes de Estratégias de Saúde da Família, sendo 05 na zona rural e 19 na
zona urbana, possui 04 Policlínicas, 01 Centro de Atenção Psico Social (CAPS),
01 Farmácia Básica , 01 Farmácia Popular, 01 Centro de Especialidade, um
Serviço de Epidemiologia. Possui uma rede de hospitais de 05 unidades, sendo
02 grandes hospitais filantrópicos e 03 hospitais de pequeno porte, todos
credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS); ao todo, são ofertados 395
leitos do SUS divididos entre clínica médica, clínica cirúrgica,
ginecologia/obstetrícia, tisiologia, AIDS, ortopedia, clínica pediátrica, angiologia,
cardiologia, nefrologia, neurologia, urologia, geriatria, pneumologia, UTI,
queimados e oncologia. Existem ainda diversos serviços credenciados tais como:
fisioterapia, odontologia, radiologia, laboratório. O sistema de saúde geral do
município é descrito, em 2005, conforme tabela a seguir:

18
Quadro 1: Descrição do Modelo de Saúde no Município de Muriaé

Descrição da Unidade Quantidade


Estabelecimentos de Saúde total 67
Estabelecimentos de Saúde pública total 35
Estabelecimentos de Saúde pública municipal 35
Estabelecimentos de Saúde privado total 32
Estabelecimentos de Saúde com internação total 5
Estabelecimentos de Saúde com apoio à diagnose e terapia total 19
Estabelecimentos de Saúde sem internação pública 35
Estabelecimentos de Saúde com internação privado 5
Estabelecimentos de Saúde com apoio à diagnose e terapia privado 19
Estabelecimentos de Saúde total privado/SUS 20
Estabelecimentos de Saúde com apoio à diagnose e terapia privado/SUS 12
Estabelecimentos de Saúde especializados com internação total 1
Estabelecimentos de Saúde geral com internação total 2
Estabelecimentos de Saúde especializados sem internação pública 6
Estabelecimentos de Saúde com especialidades sem internação pública 14
Estabelecimentos de Saúde geral sem internação público 15
Estabelecimentos de Saúde especializado com internação privado/SUS 1
Estabelecimentos de Saúde com especialidades com internação privado/SUS 2
Estabelecimentos de Saúde com especialidades sem internação privado/SUS 5
Estabelecimentos de Saúde SUS 55
Leitos para internação em Estabelecimentos de Saúde total 266
Estabelecimentos de Saúde com atendimento ambulatorial total 47
Estabelecimentos de Saúde com atendimento ambulatorial com atendimento
31
médico em especialidades básicas
Estabelecimentos de Saúde com atendimento ambulatorial com atendimento
21
médico em outras especialidades
Estabelecimentos de Saúde com atendimento ambulatorial com atendimento
20
odontológico com dentista
Estabelecimentos de Saúde com atendimento de emergência total 4
Estabelecimentos de Saúde com atendimento de emergência Obstetrícia 2
Estabelecimentos de Saúde com atendimento de emergência Cirurgia 1
Estabelecimentos de Saúde que prestam serviço ao SUS Ambulatorial 42
Estabelecimentos de Saúde que prestam serviço ao SUS Internação 5
Estabelecimentos de Saúde que prestam serviço ao SUS Emergência 4
Fonte: www.uniregistro.com.br/cidades/minasgerais/muriae/index.html

Nas áreas de exames diagnósticos complementares, o município de


Muriaé pode contar com diversos equipamentos que fornecem suporte no
diagnóstico e acompanhamento de patologias, e no caso da gravidez, apesar de
grande parte delas ocorrerem de forma fisiológica, não se pode descartar
possibilidade de complicações; dessa forma, é importante o acesso dessas
mulheres a exames mais precisos para diagnóstico precoce e acompanhamento.
O quadro a seguir demonstra os equipamentos para diagnósticos
complementares no município de Muriaé.

19
Quadro 2: Descrição dos Equipamentos para Diagnóstico Complementares
de Saúde no Município de Muriaé.

Equipamento Quantidade
Mamógrafo com comando simples 3
Mamógrafo com estéreo-taxia 1
Raio X para densitometria óssea 2
Tomógrafo 3
Ultrassom doppler colorido 8
Eletrocardiógrafo 8
Eletroencefalógrafo 1
Equipamento de hemodiálise 23
Raio X de 100 a 500mA 7
Raio X mais de 500mA 3
Fonte: www.uniregistro.com.br/cidades/minasgerais/muriae/index.html

A unidade de referência para atendimento à mulher, tanto no pré-


natal quanto na assistência ao parto no município de Muriaé, é a Casa de
Caridade de Muriaé Hospital São Paulo. Apesar de no município existir outra
maternidade, é na maternidade da Casa de Caridade de Muriaé Hospital São
Paulo, onde a maioria dos partos são realizados, sendo essa maternidade
referência para muitos municípios da região. A história da Casa de Caridade de
Muriaé Hospital São Paulo se confunde com a assistência à saúde no Município.
A figura 4 do anexo 4 mostra fotos da Casa de Caridade de Muriaé Hospital São
em seus primórdios num contraste com uma foto da realidade da mesma
instituição.

2.4. DESCREVENDO A ESTRUTURA DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE


MURIAÉ

O esquema que segue demonstra o sistema educacional em Muriaé,


registrando o número de alunos matriculados em todos os níveis de ensino,
público e privado, além de destacar as duas instituições de Ensino Superior do
município que são responsáveis pela formação de profissionais de ensino e
saúde. A importância do ensino no processo saúde/doença é fundamental: as
escolas, além de serem fonte de ensinamentos, podem ser o elo entre os
profissionais de saúde e a comunidade, visto que ela pode ser utilizada como

20
campo de fornecimento de orientações na prevenção, tratamento e promoção da
saúde e qualidade de vida.

Quadro 3: Descrição do Modelo de Educação no Município de Muriaé

Ensino fundamental - 2006 (1) => 15326 matrículas


Ensino fundamental - escola pública estadual - 2006 (1) => 8709 matrículas
Ensino fundamental - escola publica municipal - 2006 (1) => 5333 matrículas
Ensino fundamental - escola privada - 2006 (1) => 1284 matrículas
Ensino médio - 2006 (1) => 4247 matrículas
Ensino médio - escola pública estadual - 2006 (1) => 3570 matrículas
Ensino médio - escola privada - 2006 (1) => 677 matrículas
Ensino pré-escolar - 2006 (1) => 2799 matrículas
Ensino pré-escolar - escola pública municipal - 2006 (1) => 2421 matrículas
Ensino pré-escolar - escola privada - 2006 (1) => 378 matrículas
Ensino fundamental - 2006 (1) => 907 docentes
Ensino fundamental - escola pública estadual - 2006 (1) => 473 docentes
Ensino fundamental - escola pública municipal - 2006 (1) => 289 docentes
Ensino fundamental - escola privada - 2006 (1) => 145 docentes
Ensino médio - 2006 (1) => 239 docentes
Ensino médio - escola pública estadual - 2006 (1) => 164 docentes
Ensino médio - escola privada - 2006 (1) => 75 docentes
Ensino pré-escolar - 2006 (1) => 160 docentes
Ensino pré-escolar - escola pública municipal - 2006 (1) => 122 docentes
Ensino pré-escolar - escola privada - 2006 (1) => 38 docentes
Ensino fundamental - 2006 (1) => 77 escolas
Ensino fundamental - escola pública estadual - 2006 (1) => 25 escolas
Ensino fundamental - escola pública municipal - 2006 (1) => 43 escolas
Ensino fundamental - escola privada - 2006 (1) => 9 escolas
Ensino médio - 2006 (1) => 12 escolas
Ensino médio - escola pública estadual - 2006 (1) => 8 escolas
Ensino médio - escola privada - 2006 (1) => 4 escolas
Ensino pré-escolar - 2006 (1) => 53 escolas
Ensino pré-escolar - escola pública municipal - 2006 (1) => 40 escolas
Ensino pré-escolar - escola privada - 2006 (1) => 13 escolas
Ensino superior - 2005 (2) => 3042 matrículas
Ensino superior - escola privada - 2005 (2) => 3042 matrículas
Ensino superior - 2005 (2) => 169 docentes
Ensino superior - escola privada - 2005 (2) => 169 docentes
Ensino superior - 2005 (2) => 2 escolas
Fonte: www.uniregistro.com.br/cidades/minasgerais/muriae/index.html

21
CAPÍTULO 3

CORPO DE MULHER, CORPO DE MÃE: CONHECENDO A GESTAÇÃO

A partir de agora, será descrito todo o processo de gravidez,


evidenciando a transformação do corpo de mulher em corpo de mãe. Passo a
passo será demonstrado todo o processo de gestação, da fecundação, as
alterações sofridas pelo corpo da mulher grávida. Será feito uma viagem ao
mundo da gravidez, suas alterações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e
sociais, destacando a representatividade da gravidez para a mulher.

3.1. DA FECUNDAÇÃO À GRAVIDEZ: A FORMAÇÃO DO NOVO SER

A gravidez inicia-se a partir da concepção, união do óvulo com um


espermatozóide; é um processo isolado, porém parte de um processo seqüencial.
Após a cópula, o espermatozóide migra pelo canal vaginal,
penetrando no útero pela cérvix uterina por intermédio de seus anexos que o
auxiliam na movimentação. Geralmente, apenas um espermatozóide penetra o
óvulo, nesse momento, ele inicia uma transformação sofrendo suas divisões
iniciando a formação do “novo ser”. O período que se segue é o embrionário, em
que se formará os sistemas orgânicos primitivos.
Branden (2000) descreve a gestação como o período que se
estende do momento da fertilização até o nascimento.
A penetração do gameta feminino (óvulo) por um gameta masculino
(espermatozóide) marca o início da concepção. Esse evento, conhecido como
fertilização, depende da coordenação de vários mecanismos físicos e químicos
complexos, dos quais alguns têm início muito antes da união do óvulo com o
espermatozóide para formar o zigoto, como por exemplo, a gametogênese
(BRANDEN, 2000).
A implantação é a fixação e inserção do blastocisto na parede do
útero. O blastocisto, geralmente, implanta-se próximo da parte superior do útero,
na parede anterior ou posterior. A parede do blastocisto possui a espessura de

22
uma célula, exceto em uma região onde ela apresenta uma espessura de três ou
quatro células. As células mais internas da parte mais espessa da parede do
blastocisto convertem-se no embrião, enquanto que as externas penetram na
parede uterina para formar a placenta. A placenta produz hormônios que auxiliam
na manutenção da gravidez e permitem a troca de oxigênio, nutrientes e produtos
da degradação metabólica entre a mãe e o feto. A implantação começa entre 5 a
8 dias após a fertilização e termina em torno do nono ou décimo dia. A parede do
blastocisto transforma-se na camada externa das membranas (córion) que
envolvem o embrião. Uma camada interna de membranas (âmnio) forma-se em
torno do 10º ao 12º dia, formando a bolsa amniótica. Esta se enche de líquido
amniótico (um líquido transparente) e expande-se para envolver o embrião em
desenvolvimento, o qual flutua em seu interior (MANUAL MERCK, 2007).
Branden (2000) descreve como sendo, nessa fase, o início de dois
processos fundamentais: diferenciação e organização celular. Ainda cita que
nessa fase é fundamental que a mãe evite agentes teratogênicos que possam
causar mal formações fetais. A figura 1 do anexo 5 representa a entrada do
espermatozóide pelo canal cervical, a fecundação e a nidação.
A partir da fertilização, o período pré-embrionário dura três semanas.
Durante esse estágio crucial do desenvolvimento, há a implantação do ovo, as
células dividem-se rapidamente e começa o processo de diferenciação, tendo
início o desenvolvimento da placenta e do embrião. A figura 2 do anexo 5 mostra
a formação da placenta e seus anexos.
Cita, ainda, Branden (2000) que a duração da gravidez pode ser
calculada por dois métodos. O primeiro método (conhecido como idade ovular)
baseia-se na última ovulação: a duração da gestação é de cerca de 38 semanas,
após a última ovulação. Contudo, como poucas mulheres sabem quando
ovularam, o método mais utilizado (conhecido como idade menstrual) leva em
consideração o fluxo menstrual. Nesse método, a gestação é calculada desde o
início do último período menstrual normal e dura cerca de 40 semanas.
A gravidez é um período de grandes transformações para a mulher,
que poderá ou não estar preparada para tais mudanças, que estão relacionadas
não apenas a transformações do corpo, como também a alterações psico-sociais.

23
As adaptações fisiológicas maternas são atribuídas aos hormônios
da gestação e às pressões mecânicas provocadas pelo aumento do útero e de
outros tecidos. Essas adaptações protegem o funcionamento fisiológico normal da
mulher, preenchem as demandas metabólicas que a gestação impõe ao seu
organismo e proporcionam um ambiente nutritivo para o desenvolvimento e para o
crescimento fetais. Embora a gestação seja um fenômeno normal, podem ocorrer
problemas; a Enfermagem necessita de fundamentos sobre a fisiologia materna
normal para ser capaz de identificar desvios potenciais ou vigentes da adaptação
normal e iniciar o atendimento; ajudar a mulher a compreender as mudanças
anatômicas e fisiológicas durante a gestação; afastar a ansiedade da mulher e da
família resultante, possivelmente, da falta de conhecimento; ensinar à mulher e à
família os sinais e os sintomas que devem ser comunicados ao profissional de
saúde (LOWDERMILK et al, 2002).
Até mesmo antes de se confirmar uma gravidez, o corpo é capaz de
manifestar-se com alguns sinais e sintomas que levam os profissionais de saúde
a suspeitar e, até mesmo, confirmar uma gravidez.

3.2. ALTERAÇÕES DO CORPO DA MULHER: DESCOBRINDO A GRAVIDEZ

Durante a gravidez, ocorre uma série de modificações na mulher,


tanto físicas como psíquicas, que começam na primeira semana de gestação e
continuam durante todo o período gestacional.

Embora sejam normais e necessárias, essas modificações fornecem


certo desconforto, ainda mais acentuado nas mulheres que estão
passando pela experiência pela primeira vez e, assim, enfrentando
muitas novidades em relação ao seu corpo. Contudo, estas alterações
fazem com que as gestantes se adaptem às modificações tanto
fisiológicas como psicológicas para o enfrentamento do processo de
gravidez, do parto, e especialmente, da maternidade (HAMERSKI, 2003,
p.13).
Esses ajustes funcionais, em resposta à carga fisiológica
aumentada, começam na primeira semana da gestação e continuam durante toda
ela. Após a liberação do feto e da placenta, o corpo da mãe começa a retornar ao
seu estado anterior à gravidez. Algumas alterações revertem rapidamente. As
mais lentas estarão completas em aproximadamente seis semanas, com exceção

24
das mamas, que continuam a secretar leite por alguns meses se a mãe
amamentar o filho (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
As alterações sofridas pela mulher iniciam-se ainda nas primeiras
semanas devido às alterações hormonais, essas alterações podem ser descritas
como sinais de gravidez e dividem-se em sinais de presunção, probabilidade e
certeza de gravidez. Conforme quadro adaptado abaixo; descritas por Branden
(2000).

Quadro 4: Sinais e Sintomas Presuntivos

Sinal Descrição Causa associada à gravidez


Níveis crescentes do hormônio
Amenorréia Ausência das menstruações.
hCG;
Costumam começar entre a quarta e a sexta Níveis de hCG; estresse;
Náuseas e semana, e persistem durante o primeiro Redução da motilidade
Vômito trimestre, mas em alguns casos, podem ocorrer gástrica, Refluxo; Alterações
por mais tempo. metabólicas;
Freqüência Aumento da freqüência quando o útero em Útero em crescimento
Urinária crescimento comprime a bexiga. comprime a bexiga;
Hormônios; Crescimento do
Alterações Início do primeiro trimestre, as mamas tornam-
sistema de ductos secretores;
Mamárias se doloridas e podem formigar ou latejar.
Aumento do tecido glandular;
Mal estar, desconforto geral, letargia sem
Fadiga Sintoma inexplicável;
qualquer causa aparente.
Aumento dos níveis do
Podem incluir linha nigra, cloasma, tramas hormônio estimulador dos
Alterações
vasculares e estrias. Não são sinais confiáveis melanócitos; Aumento do nível
cutâneas
nas multíparas de estrogênio; Estiramento e
atrofia do tecido conjuntivo
Fonte: Enfermagem Materno Infantil - Branden, 2000.

Também ocorrem numerosas alterações emocionais e psicológicas


intensas durante a gravidez. O meio pelo qual a futura mãe responde a essas
alterações dependerá de vários fatores, como seu planejamento anterior da
gravidez, suas relações familiares, o número de filhos que tem, seu modo habitual
de se ajustar a alterações e muitos outros (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
Os sinais e sintomas de gravidez também podem ser considerados
como muito sugestivo para a gravidez, quando, desta forma, Branden (2000)
descreve como sinais e sintomas prováveis, conforme adaptação do quadro
abaixo.

25
Quadro 5: Sinais e Sintomas Prováveis

Sinal Descrição Causa associada à gravidez


Congestão e amolecimento irregular do Reação local à implantação;
Sinal de
fundo do útero, próximo à área de Aumento do fluxo sanguíneo para
Piskasek
implantação. os órgãos da pelve;
Aumento do fluxo sanguíneo para
Sinal de Hegar Amolecimento do istmo uterino.
os órgãos da pelve;
Aumento do fluxo sanguíneo para
Sinal de Goodel Amolecimento da cérvice.
os órgãos da pelve;
Congestão vascular causada pelo
Sinal de Coloração azul arroxeada visível nas
aumento do fluxo sanguíneo para
Chadwick mucosas da cérvice, vagina e vulva.
os órgãos da pelve;
Crescimento do Crescimento uterino e o estiramento da
Útero em crescimento;
abdome parede abdominal.
Provavelmente são devidas ao
Contrações de Contrações uterinas que iniciam no crescimento do útero para
Braxton Hicks início da gravidez. acomodar o feto em
desenvolvimento;
Movimento passivo do feto sentido Resposta à pressão aplicada ao
Rechaço
durante o exame pélvico. útero;
Sopro nítido e sincrônico com os pulsos
Sopro do
fetais, a medida que o sangue circula Aumento da vascularização;
cordão umbilical
pelo cordão umbilical.
Palpação do feto pela parede
Contorno fetal Feto em crescimento
abdominal.
Os níveis de hCG secretada pelas
vilosidades coriônicas aumenta nos dias
Teste positivo
após a fecundação, diminuindo Aumento dos níveis de hCG
para a gravidez
gradativamente durante o segundo e
terceiro trimestre
Fonte: Enfermagem Materno Infantil - Branden, 2000.

Os sinais de certeza de gravidez são referenciados por Branden


(2000) como sinais positivos de gravidez, conforme adaptação esquematizada no
quadro 6.

Quadro 6: Sinais e Sintomas Definitivos

Sinal Descrição Causa associada à gravidez


Detectável precocemente pelo exame
Batimento Desenvolvimento do sistema
de USG e, posteriormente, pelo
cardíaco fetal cardiovascular fetal;
fetoscópio convencional.
Movimento fetal Pode ser percebido como um choque
detectável pela ou uma ondulação na parede Crescimento do feto;
palpação. abdominal.
Fonte: Enfermagem Materno Infantil - Branden, 2000.

26
3.2.1. GESTAÇÃO: UM PERÍODO DE TRANSFORMAÇÕES

Segundo Kaplan (2006), “a gravidez produz acentuadas alterações


biológicas, fisiológicas e psicológicas na mulher. As atitudes relativas à gravidez,
refletem crianças profundamente arraigadas acerca da reprodução, momento em
que ocorre a gravidez”.
A gravidez é um momento especial para a maioria das mulheres.
Durante esse período, a mulher sofre alteradas transformações físicas e
psicológicas. Muitas e inesperadas podem ser as reações de uma mulher ao
descobrir que está grávida. Uma gestação inesperada e indesejada certamente
irá despertar sentimentos ruins. Porém, na maioria dos casos, especialmente
quando o bebê é planejado e desejado, estar grávida desperta uma grande
alegria na mulher. Em qualquer situação, no entanto, a gravidez é um capítulo
muito especial na história da mulher, principalmente na que espera seu primeiro
filho e mesmo na que já passou por essas novas e desconhecidas sensações.
Com a gravidez, a mulher alcança sua plenitude física e mental (ZIEGEL;
CRANLEY, 1985).
Do mesmo modo, a gestação pode ter vários enfoques; cada
sociedade possui preconceitos variados frente à função procriativa. Nas
sociedades em que a gravidez é tida como processo perigoso, acompanhado de
vários sintomas incômodos, a maioria das mulheres sofre tais sintomas. Quando a
felicidade é colocada como algo ameaçador, a gravidez e a maternidade serão
mais difíceis; principalmente, quando as grávidas se identificam com a mãe e
mulheres que se queixam de sua feminilidade. Em sociedades em que as
mulheres são reconhecidas como algo normal e sem perigo, esta e o parto
transcorrem com mais facilidade (LANGER, 1986).
A gravidez e o parto são episódios naturais, que mesmo ao nível
imaginário, faz parte do psiquismo da mulher. O desejo da maternidade não surge
de repente, ele vai sendo elaborado desde o nascimento. Desde a infância, os
brinquedos das meninas estimulam a maternidade, pois a ela é dada a condição
de ser mãe. Se do ponto de vista biológico a gestação começa na concepção; do
ponto de vista psicológico, há uma história do pai e da mãe dentro do qual já

27
estão reservados padrões de relacionamento a serem estabelecidos com a vinda
da criança (KAPLAN, 2006).
A causa fundamental pela qual a mulher deseja ter um filho é
biológica. Seu instinto maternal exige essa gratificação que vem a partir de
múltiplos desejos da mulher. Ter um filho pode significar recuperar sua própria
mãe e permite-lhe identificar com ela, o filho também é a comprovação da
fertilidade (LEBOVICI, 1987).
O desejo de ter um filho pode corresponder ao desejo infantil de
presentear seu pai com uma criança. Há também causas mais conscientes e
racionais. Com o filho, a mãe pode reviver sua própria infância, ela pode ser
também motivo de status, além de possibilitar o desenvolvimento das
potencialidades latentes da mãe. Quando uma criança é concebida, já existem no
pai e na mãe fantasias e idealizações relativas à criança, ao seu
desenvolvimento, à aparência e à concepção. Isto é comum tanto nas gestações
programadas em que os pais escolhem um nome, escolhem preferências de
sexo, expectativas com futuras características físicas, emocionais, sociais e
muitas outras expectativas, quanto às concepções ocidentais (MAGYAR, 1996).
Há várias maneiras de a mulher viver a maternidade, achando-se
transformada ou demolida por esta. Para algumas mães, o filho marca o despertar
para a vida; para outras a relação com este é marcada pela impressão de uma
perda que a deixa empobrecida (LEBOVICI, 1987).

3.2.2. ALTERAÇÕES EMOCIONAIS E PSÍQUICAS DA MULHER NA


GESTAÇÃO

Rappaport (1981) ressalta o fato de que a gravidez é marcada por


certa ambivalência afetiva, que é balança entre o querer e o não querer, ou seja,
o temor da gestante de ser destruída pela gestação. Mas, não há gravidez
totalmente aceita ou totalmente rejeitada, mesmo quando há predominância o
oposto jamais está ausente.
A gravidez implica grandes mudanças, perdas e ganhos, e isso, por
si só, justificaria a existência de sentimentos opostos entre si. As primeiras

28
manifestações dessa ambivalência surgem nos três primeiros meses de gravidez,
quando a mulher duvida estar ou não grávida, mesmo após a confirmação do
exame clínico. Há uma mistura de sentimentos: medo, alegria e até rejeição.
Muitas vezes, a grávida reage inicialmente, frente ao feto com ambivalência oral,
ou seja, trata de expulsá-lo com vômitos; ora incorporá-lo, com desejos
relacionados à comida (KAPLAN, 2006).
Quando uma concepção se realiza, presume-se que o desejo de ser
mãe seja predominante à rejeição. As mensagens de rejeição nem sempre podem
ser expressas verbalmente, são processos inconscientes que podem ser
detectados através dos sintomas, pois um sintoma é uma forma disfarçada de
expressar a mensagem que não pode ser dada. Se os conflitos frente à gravidez
são menos intensos, despertando maior ansiedade, os sintomas serão mais
brandos e mais ao nível oral tais como náuseas, vômitos e desejos caprichosos.
Outros sintomas de caráter anal são as constipações e diarréias (MALDONADO,
1988).
A gestante precisa de amparo e proteção, pois sofre uma regressão
parcial tanto nos aspectos negativos: ansiedade; quanto em aspectos positivos:
bem-estar e proteção. As regressões despertam angústias precoces
principalmente, ligadas à relação com sua mãe, isso porque sente o bebê como
algo roubado de sua mãe (KAPLAN, 2006).
Mas a gravidez, normalmente, também é acompanhada por um grande
sentimento de felicidade. A mãe sente-se serena e tranqüila, identificada com seu ideal
e com o filho bem protegido por ela. Vive nesse estado a união mais íntima que pode
existir entre os dois seres; o filho desde que nasce não está só.
Assim, a gravidez é um período biologicamente caracterizado por
grandes mudanças metabólicas, além de ocasionar, no nível psicológico,
sentimentos nunca antes experimentados, que nem sempre são fáceis de serem
vividos e compreendidos. É um período de equilíbrio instável, devido às grandes
expectativas de mudanças que atingirão a vida social, profissional, pessoal e
afetivo da mulher. São necessárias adaptações, reajustamentos interpessoais e
intra-psíquicos. A gestação é um período rico, pleno na vida da mulher, mas nem
por isso deixa de ser difícil, ambivalente e conflitivo.

29
Maldonado (1988) explica o aumento da sensibilidade como uma
preparação necessária para a futura mãe, pois o aumento da percepção e
sensibilidade são características necessárias fundamentais nos primeiros
contatos com o bebê, quando a linguagem da emoção é o que conta.
Diante dessa gangorra de oscilações de humor, do aumento da
sensibilidade e de todos outros sintomas comuns à gravidez, o futuro pai tem um
papel importante. Deve buscar compreender as emoções da gestante e transmitir-
lhe a segurança de sua própria presença. Na realidade, as atitudes do marido
frente à gravidez contribuem fortemente para aceitação ou rejeição dessas por
parte da mãe. Influencia também o modo pelo qual a mulher reagirá frente às
transformações, como por exemplo, alterações corporais.
Muitas vezes, a futura mãe, primípara, sente-se inquieta por ter que
enfrentar uma criança, não sabendo como será sua nova vida e que exigências e
novas vivências trará. Ela atravessa, às vezes, uma fase de angústias que
aparenta de perto um estado depressivo menor. Em contrapartida, a mulher
também se sente gratificada com a experiência do ter um filho. É uma experiência
muito individual.

3.2.3. SER MÃE: TRANSFORMAÇÕES E ALTERAÇÕES DO CORPO DA


MULHER

O primeiro trimestre da gestação é um período de descobertas e


instabilidade. O corpo não mostra sinais da gravidez e não faltam dúvidas à
gestante. Questiona-se se será uma boa mãe, se o filho nascerá perfeito, se o
marido gostará dela grávida. O resultado é um estado de inquietação, que faz a
libido diminuir e a irritação torna-se constante. O segundo trimestre, é um período
mais calmo. O corpo já mostra contornos da gravidez, o bebê aparece na tela do
ultra som e o pai já se sente mais encorajado a fazer planos. Mas, nessa época a
estética pode preocupar mais a mulher que, às vezes, sente-se pouco atraente.
No terceiro trimestre, as preocupações com o bebê retornam, junto surgem as
dúvidas, ansiedades e temores relacionados, principalmente, com parto e com a
saúde do bebê (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).

30
Ziegel; Cranley (1985) descrevem as alterações de início de
gravidez como profundas alterações fisiológicas que ocorrem no corpo materno,
envolvendo todos os sistemas.
As náuseas e os vômitos são comuns no primeiro trimestre da
gestação, podendo resultar de mudanças hormonais, razão emocional, secreção
gástrica de ácido clorídrico diminuída, entre outros fatores. Podem aparecer em
qualquer hora do dia, sendo mais comum pela manhã, ao levantar-se. Esses
sintomas, geralmente, desaparecem no final do primeiro trimestre (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2000).
O mal-estar, uma forma de desconforto vago e mal definido, ocorre
depois da alimentação. Pode não se manifestar nem como dor nem como azia,
porém se parece com ambas e faz com que a mulher se sinta bastante
desconfortável. Ocorre com mais freqüência com as pessoas que se alimentam
rapidamente, não mastigam bem os alimentos ou ingerem de cada vez uma
quantidade superior àquela que o estômago pode comportar. A ingestão de
refeições pequenas cujos alimentos são bem mastigados pode ser capaz de
evitar tal mal-estar (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
Zieguel; Cranley (1985) descrevem as alterações no sistema
urinário, onde a função renal é enormemente alterada na gravidez normal.
Durante a gestação, os rins da mãe têm de responder às maiores demandas
metabólicas e circulatórias do corpo dela e, também, a excreção das escórias
fetais. Além disso, há um tremendo aumento dos estímulos que podem afetar a
função renal. Para o Ministério da Saúde (2005), aproximadamente 5 a 10% das
mulheres grávidas têm infecção do trato urinário inferior.
As alterações da vagina são devidas, principalmente, ao aumento da
vascularização. Para preparar a parede vaginal para a distensão que deverá
sofrer durante o parto, algumas outras alterações ocorrem. A mucosa fica mais
espessa, ocorre hipertrofia dos músculos e o tecido conjuntivo fica mais frouxo.
(ZIEGEL e CRANLEY, 1985).
Pode-se observar nas figuras 3 e 4 do anexo 5 as alterações das
mamas. Nas alterações das mamas descritas por Ziegel e Cranley (1985) relatam
que, frequentemente, aparecem estriações na pele. O aumento é perceptível

31
algumas semanas após a concepção e continua por toda a gestação. Há também
um aumento considerável na vascularização das mamas no início da gravidez, e
as veias superficiais ficam mais proeminentes. Essas alterações são com
freqüência, acompanhadas por uma sensação de dor, formigamento e peso nas
mamas. Os mamilos e as aréolas ficam maiores e mais proeminentes e sua cor
fica mais escura na gravidez. Os mamilos ficam mais móveis e eréteis e será mais
fácil para o bebê apreendê-los para mamar. As glândulas de Montgomery ficam
maiores. Há uma grande variação individual no aumento do tamanho das mamas,
mas o aumento médio é de cerca de 700g para cada mama. O aumento das
mamas continua pelo restante da gestação, devido a uma combinação de
proliferação contínua de células e de uma secreção em quantidade crescente das
células alveolares, é medida que prossegue o desenvolvimento. Pela época do
parto, uma considerável quantidade de colostro enche os alvéolos, dutos e
ampolas.
Ao nível do sistema tegumentar, as alterações corporais de caráter
geral englobam aumento da espessura de gordura subcutânea,
hiperpigmentação, crescimento das unhas e cabelo, aceleração da atividade das
glândulas sebáceas e sudoríparas e aumento da circulação e da atividade
vasomotora. Verifica-se uma maior fragilidade dos tecidos da pele, o que origina o
aparecimento de estrias gravídicas ou marcas de estiramento (CORREA, 2000).
O cloasma (máscara gravídica) consiste em uma série de manchas
pigmentadas irregulares, de cor marrom, que podem ocorrer na pele da fronte e
das bochechas. Comumente, surge uma linha escura vertical no meio do
abdômen. Pequenos vasos sangüíneos que lembram aranhas (angiomas em
aranha) podem surgir na pele, geralmente acima da cintura, assim como podem
surgir capilares dilatados e de paredes finas, sobretudo nas pernas. Ao longo da
gravidez, a gestante também pode apresentar intensificação da pigmentação das
sardas e nevos (pintas) (RESENDE, 2006).
Os problemas cutâneos na gestante, se não tratados, podem gerar
estigmas que acompanham as pacientes por anos ou definitivamente, embora
muitas dessas sejam descritos como fisiológicas ou próprias da gravidez, isso não
diminui o desconforto estético provocado. As manchas podem desaparecer

32
espontaneamente após o primeiro ano do parto, mas um grande percentual das
pacientes evolui com persistência da mancha, principalmente se não se proteger
adequadamente do sol e não tratar de forma eficaz, conforme explicação da
dermatologista. Para Fernandes (2005) as alterações tegumentares são
características observadas em até 75% das gestantes, sendo mais comuns em
pessoas com pele morena.
O abdome da gestante modifica de contorno à medida que o útero
em crescimento estende-se para dentro da cavidade abdominal, ocupando-a cada
vez mais, até que o feto contido pelo útero fique completamente dentro dela. Os
músculos abdominais sustentam grande parte do peso do feto. Durante a última
parte da gravidez, estrias ondulares, irregulares e discretamente deprimidas se
desenvolvem freqüentemente na pele do abdome e, às vezes, também na das
mamas, quadris e parte superior das coxas. Essas estrias são chamadas de
estrias gravídicas. As recentes são de coloração rosa pálido ou azulada
(STOPPARD, 2000).
Pode-se perceber o crescimento abdominal de acordo com a
semana gestacional na figura 5 do anexo 5.
Um dos momentos mais esperados pela mulher é o em que a
“barriga” vai começar a mexer e um clima de muita emoção tomará conta da
futura mamãe. É nesse período que as pessoas vão perceber sua gravidez, a
barriga cresceu e seu bebê já dá sinais de vitalidade, cada movimento será
sentido e festejado. Esse momento poderá, muitas das vezes, ser realmente
encarado com o estar grávida por muitas mulheres, visto que somente agora elas
começarão a perceber realmente que dentro delas desenvolve um novo ser
(RESENDE, 2006). Paralelo às alterações sofridas pela mulher durante todos os
trimestres de gravidez, está ocorrendo o desenvolvimento fetal, conforme figura 6
do anexo 5.
Pode-se notar o desenvolvimento uterino de acordo com o
crescimento das estruturas fetais e uma acomodação das demais estruturas
orgânicas em relação ao crescimento uterino na figura 7 do anexo 5.
O segundo trimestre da gestação compreende o 4º, 5º e 6º mês, ou
seja, da 13a semana até a 28a semana. Este é chamado como a melhor fase da

33
gravidez. Os desconfortos dos primeiros meses não estarão tão evidentes e a
barriga ainda não estará muito grande. Nessa fase, será indispensável a gestante
tomar alguns cuidados a fim de evitar tropeços e quedas. As alterações do
esqueleto das mulheres grávidas são caracterizadas pelo amolecimento das
cartilagens pélvicas e pelo aumento da mobilidade das articulações sacro ilíaca,
sacrococcígea e da sínfise pubiana. Há um acentuado relaxamento dos
ligamentos, provavelmente resultante dos hormônios estrogênio e relaxina.
(ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
Outra alteração sofrida pela mulher é em relação ao peso corporal.
As alterações no peso corporal geralmente preocupam a gestante, por isso é
importante que busquem manter uma dieta equilibrada e fracionada, a fim de
manterem uma alimentação saudável. O ganho de peso total para uma gestante
bem nutrida após 40 semanas de gestação fica usualmente entre 6 e 16 quilos
(MS, 2000).
O terceiro trimestre da gestação compreende o 7º, 8º e 9º mês, ou
seja, da 29º semana até a 38º semana. À medida que a barriga cresce, a gestante
tende a jogar as costas para trás, tentando compensar o peso. Com o centro da
gravidade deslocado, vai aderir à chamada “marcha do ganso”, ou seja, andará
com as pernas ligeiramente abertas, para retomar o equilíbrio. É importante
manter uma postura correta, seja andando como sentada (ZIEGEL; CRANLEY,
1985).
No último trimestre de gestação, as contrações de Braxton-Hicks
tornam-se regulares e podem ser sentidas pela gestante. Essas contrações
acontecem durante toda a gestação e servem para a irrigação sangüínea do útero
(LOWDERMILK et al, 2002).
A gravidez provoca muitas alterações em todo o corpo, a maioria
das quais desaparecem depois do parto. Os sistemas que sofrem mudanças são:
coração e circulação rins, sistema digestivo e hormonal (LOWDERMILK et al,
2002).
Além das alterações anatômicas da estrutura do corpo da gestante,
essa também sofre alterações funcionais em cada sistema orgânico, conforme
quadro que segue.

34
Quadro 7 – Alterações das funções dos sistemas orgânicos da gestante

• Coração e circulação

* Débito cardíaco (volume de sangue bombeado pelo coração a cada minuto) aumenta 30 a
50%. À medida que o débito cardíaco aumenta, a freqüência cardíaca também aumenta. O
aumento do débito cardíaco durante a gravidez é provavelmente decorrente de alterações do
suprimento sangüíneo ao útero.

* Após a 30ª semana, o débito cardíaco pode diminuir discretamente à medida que o útero
aumentado comprime as veias que levam o sangue dos membros inferiores de volta ao coração.

* À medida que o útero cresce, mais sangue lhe é enviado. No final da gestação, o útero recebe
um quinto de todo o suprimento sangüíneo da mãe. Durante o exercício, o débito cardíaco, a
freqüência cardíaca e a freqüência respiratória aumentam mais nas mulheres grávidas que nas
não grávidas.

* Por razões desconhecidas, o número de leucócitos (glóbulos brancos) no sangue, os quais


combatem as infecções, aumenta discretamente durante a gestação.

• Rins
* Os rins trabalham muito durante a gravidez. Eles filtram um maior volume de sangue
(aproximadamente 30 a 50% a mais), atingindo o máximo entre a 16ª e a 24ª semana e na
semana imediatamente anterior ao parto, quando a pressão do útero aumentado de volume
pode diminuir discretamente o seu suprimento sangüíneo.

* A atividade renal normalmente aumenta quando uma pessoa se deita e diminui quando ela fica
em pé. Esta diferença aumenta durante a gravidez, uma das razões pela qual a mulher grávida
sente necessidade de urinar freqüentemente ao tentar dormir. No final da gravidez, o aumento
da atividade renal é ainda maior quando a mulher deita-se de lado ao invés de deitar-se de
costas.

* O decúbito lateral reduz a pressão exercida pelo útero volumoso sobre as veias que
transportam o sangue dos membros inferiores e, conseqüentemente, melhora o fluxo sangüíneo,
aumentando a atividade renal e o débito cardíaco.
• Pulmões

* O espaço ocupado pelo útero aumentado de tamanho e o aumento da produção do hormônio


progesterona alteram o funcionamento dos pulmões durante a gravidez. A mulher grávida
respira mais rápida e profundamente, pois ela necessita de mais oxigênio tanto para si mesma
como para o feto. O diâmetro torácico da mulher aumenta discretamente.

* O revestimento do trato respiratório recebe mais sangue e torna-se um pouco congesto.


Algumas vezes, o nariz e a garganta tornam-se parcialmente obstruídos devido a essa
congestão, resultando na obstrução nasal temporária e na obstrução das tubas auditivas (tubos
que conectam o ouvido médio à parte posterior do nariz).
Fonte: www.msd-brazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck 2007
Os trimestres são um meio conveniente de medir a gravidez.
Entretanto, eles têm durações desiguais, e o terceiro trimestre varia de acordo

35
com o tempo total da gravidez. Stoppard (2000) resume as alterações
gestacionais por trimestre.
No primeiro trimestre (1-12 semanas) o corpo da mulher faz um
grande esforço para se adaptar ao embrião e à placenta em desenvolvimento.

Quadro 8A: Alterações no organismo da gestante no primeiro trimestre de


gravidez

• A taxa metabólica aumenta em 10-25% , de modo que o corpo acelera todas as suas
funções.
• O rítmo cardíaco aumenta e o rítmo respiratório também aumenta à medida que mais
oxigênio tem que ser levado ao feto e que mais dióxido de carbono é exalado.
• As fibras musculares do útero ficam, rapidamente, maiores e mais grossas e o útero, em
expansão, tende a pressionar a bexiga, aumentando a vontade de urinar.
• O tamanho e peso dos seios aumentam rapidamente.
• Os seios tornam-se mais sensíveis logo nas primeiras semanas de gravidez.
• Surgem novos ductos lactíferos.
• As auréolas dos seios escurecem e as glândulas nelas situados, chamadas tubérculos
de Montgomery, aumentam em número e tornam-se mais salientes.
• Com o aumento do envio de sangue para os seios, as veias se tornam mais visíveis.
Fonte: O Corpo da Mulher - Um Guia para a Vida - Stoppard, 2000.

O segundo trimestre vai da 13ª à 18ª semana. No início desse


trimestre, o útero em expansão ultrapassa a borda da pelve, o que resulta na
perda gradual de cintura.

Quadro 8B: Alterações no organismo da gestante no segundo trimestre de


gravidez

• A musculatura do trato intestinal relaxa, provocando diminuição das secreções gástricas;


a comida fica mais tempo no estômago.
• Há menos evacuação, pois o músculo intestinal está mais relaxado que o habitual.
• Os seios podem formigar e ficar doloridos.
• A pigmentação da pele tende a aumentar, principalmente, em áreas já pigmentadas
como sardas, pintas, mamilos.
• Pode aparecer a linha nigra.
• As gengivas podem se tornar um tanto esponjosas devido à ação aumentada dos
hormônios da gravidez.
• O refluxo do esôfago pode provocar azia, devido ao relaxamento do esfíncter no alto do
estômago.
• O coração trabalha duas vezes mais do que o de uma mulher não grávida, e faz circular
6 litros de sangue por minuto.
• O útero precisa de mais 50% de sangue que habitualmente.
• Os rins precisam de mais 25% de sangue do que habitualmente.
Fonte: O Corpo da Mulher - Um Guia para a Vida - Stoppard, 2000.

36
Durante o terceiro trimestre (da 29ª semana em diante), o feto em
crescimento pressiona e restringe o diafragma. Por isso, a mulher grávida respira
mais rápida e profundamente, aspirando mais ar com cada inalação, o que
aumenta o consumo de oxigênio.

Quadro 8C: Alterações no organismo da gestante no terceiro trimestre de


gravidez.
• A taxa de ventilação aumenta cerca de 40% , passando dos 7 litros de ar por minuto da
mulher não - grávida para 10 litros por minuto, enquanto o consumo de oxigênio
aumenta apenas 20%. A maior sensibilidade das vias respiratórias aos elevados níveis
de dióxido de carbono no sangue pode resultar em falta de ar.
• À medida que o feto cresce e o abdome aumenta de tamanho, as costelas inferiores da
mulher são empurradas para fora.
• Os ligamentos, inclusive da pelve e dos quadris, ficam distendidos, o que pode causar
desconforto ao caminhar.
• Mãos e pés ficam inchados, além de causarem desconforto.
• Podem ocorrer dores nas costas, causadas pela mudança do centro de gravidade do
corpo e por um ligeiro relaxamento das articulações pélvicas.
• Os mamilos podem secretar colostro.
• Aumenta a freqüência e a vontade de urinar.
• Aumenta a necessidade de repousar e dormir.
Fonte: O Corpo da Mulher - Um Guia para a Vida - Stoppard, 2000.

No 9º mês, a gestante tem tendência a estar ansiosa, cansada,


alegre e com medo. Muitos sentimentos estarão presentes, além de uma intensa
vontade de conhecer seu bebê, ver seu rostinho, com quem se parece. É um
momento de espera; portanto, é recomendável que procure relaxar, ler, passear,
enfim, distrair-se, pois em pouco tempo poderá desfrutar da presença de seu
bebê. Perceberá o quão passou depressa sua gestação e que todas as
modificações que aconteceram, tanto físicas como psíquicas, eram necessárias
para a realização e concretização do ser mãe (LOWDERMILK et al, 2002).
O quadro a seguir descreve as alterações no organismo da mulher
gestante de acordo com os trimestres da gravidez.

3.3. DÚVIDAS E INDAGAÇÕES DA MULHER GRÁVIDA

A gravidez pode trazer para a mulher uma série de dúvidas em


relação a esse novo período de sua vida. Com certeza essas dúvidas poderão ser
ainda maiores se for a primeira gravidez. É sabido que uma gravidez nunca é

37
igual à outra, isso pode até ser verificado nas crenças populares quando de
acordo com as características das alterações do corpo da mulher refere-se ao
sexo da criança. As influências sofridas pelos familiares, vizinhos ou, até mesmo
outras mulheres, fazem com que a cabeça da mulher se torne um emaranhado de
informações e de confusões. Dentre as dúvidas da mulher, podemos destacar: a
prática de exercícios físicos, relação sexual, dores, tipo de parto, cuidados com o
corpo, a formação do bebê, aparência pessoal, sentir-se abandonada,
transformações do corpo, alimentação etc.
Deve-se trabalhar com essa gestante, seja de forma individual, ou
não, nas consultas ou no domicílio sobre temas que abordam as dúvidas dessas
mulheres. O manual técnico de Assistência Pré-natal do Ministério da Saúde cita
sobre os temas que poderão ser abordados durante o processo de orientação à
saúde da mulher gestante, que resultará numa melhor qualidade de vida para a
mulher em todo esse período, estendendo-se também pelo período de parto e
pós-parto. Dentre esses assuntos o MS destaca:

Quadro 9: Temas de trabalho para orientações à gestante


• Importância do pré-natal;
• Sexualidade;
• Orientação higieno-dietética;
• Desenvolvimento da gestação;
• Modificações corporais e emocionais;
• Sinais e sintomas do parto;
• Importância do planejamento familiar;
• Informação acerca dos benefícios legais a que a mãe tem direito;
• Impacto e agravos das condições de trabalho sobre a gestação, parto e puerpério;
• Importância da participação do pai durante a gestação;
• Importância do vínculo pai-filho para o desenvolvimento saudável da criança;
• Aleitamento materno;
• Preparo psicológico para as mulheres que tem contra-indicação para o aleitamento
materno (portadoras de HIV e cardiopatia grave);
• Importância das consultas puerperais;
• Cuidados com o recém-nascido;
• Importância do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança e das
medidas preventivas (vacinação, higiene e saneamento do meio ambiente);
Fonte: Manual Técnico de Assistência Pré-natal – MS- 2005
As atividades de orientação poderão ser realizadas também nos
domicílios dessas mulheres; portanto, essas visitas domiciliares deverão ser
realizadas, preferencialmente, pelos agentes comunitários, na freqüência possível
para cada localidade, porém, no mínimo, duas por gestação, segundo norma do
MS, 2005.
38
A visita domiciliar deverá reforçar o vínculo estabelecido entre a
gestante e a unidade básica de saúde e, apesar de estar voltada à gestante,
deverá ter um caráter integral e abrangente sobre a família e o seu contexto
social, assim sendo, qualquer alteração ou identificação de fator de risco para a
gestante ou para outro membro da família deve ser observada e discutida com a
equipe na unidade de saúde (MANUAL TÉCNICO, MS, 2005).

3.4. A GRAVIDEZ NO CONTEXTO SOCIAL, EDUCACIONAL E CULTURAL

Embora todas as mulheres tenham crenças e valores pessoais, sua


origem cultural pode influenciar sua adaptação psicossocial durante a gravidez, os
cuidados pessoais e as medidas visando à promoção da saúde, aos
comportamentos que favorecem à saúde e às interações com os profissionais de
saúde (BRANDEN, 2000).
A enfermagem deve-se lembrar que, qualquer que seja a origem
cultural da mulher, esta pode carregar consigo ou as mesmas crenças ou
costumes de sua origem, portanto é fundamental que os profissionais de
enfermagem tenham em mente as considerações culturais de diversos lugares,
respeitando a mulher em seu contexto mais amplo, sempre pensando em torná-la
protagonista principal do processo de gestação e nascimento.
A manutenção da saúde ideal é uma meta para todas as mulheres.
Os componentes essenciais de manutenção de saúde são as identificações de
problemas não reconhecidos, os riscos potenciais e a orientação/promoção
necessária para reduzi-los. Isso é especialmente importante para as mulheres em
idade reprodutiva, pois as condições que aumentam os riscos para a saúde
atingem não apenas o seu bem-estar, mas também estão possivelmente
associadas aos resultados negativos para a mãe e para o bebê. No entanto, a
prevenção e a manutenção de saúde são necessárias antes da gestação, porque
muitos riscos da mãe podem ser identificados e, então, eliminados ou, pelo
menos, modificados (LOWDERMILK et al, 2002).
A resposta dos pais à gravidez e ao nascimento do bebê são
influenciadas pelos fatores psicológicos sociais, econômicos e culturais pelas

39
atitudes pessoais relacionadas com os papéis sexuais e familiares específicos
(BRANDEN, 2000)
Alguns fatores são de importante relevância na discussão da
gravidez no contexto sócio-cultural e educacional. Dentre esses fatores pode-se
destacar a idade e a representação de uma gravidez nessa faixa etária,
patologias desenvolvidas com a gestação, alterações psicossociais.
Lowdermilk et al (2002) descrevem que estudos demonstram que
quando as adolescentes mantêm um acesso ao atendimento pré-natal regular,
seus resultados assemelham-se aos das adultas; por outro lado, quando há falta
de acompanhamento pré-natal, existe um risco maior para o parto prematuro,
para a restrição do crescimento intra-uterino e para a hipertensão induzida pela
gestação. Entretanto, outros riscos estão presentes, como as implicações
psicossociais de não ser casada, alto índice de divórcio, a interrupção, o atraso ao
término da educação e as dificuldades socioeconômicas das mulheres que criam
seus filhos sozinhas, sem muito apoio econômico e com poucas habilidades para
o trabalho, além de seus filhos sofrerem risco de abuso e negligência. Também
destaca que as mulheres que engravidam na fase considerada final da idade
reprodutiva, após os 35 anos, podem sofrer, não por fatores relacionados a
adolescentes, mas por outros motivos como a não aceitação do parceiro
resultando em divórcios, assim como o aparecimento de algumas doenças como
o diabetes gestacional e a hipertensão.
Os contrastes socioeconômicos resultam em importâncias diferentes
para a saúde, como por exemplo, o nascimento, segundo a National Center for
Health Statistics, 1997, citado por Lowdermilk (2002), o índice de morte perinatal
e materna, de partos prematuros e de bebês de baixo peso ao nascer são
consideravelmente mais altos em populações sem privilégios. Descreve ainda
que as conseqüências sociais para as mães pobres, mães solteiras são enormes,
porque muitas delas, com poucas habilidades, ficam presas à renda insuficiente
para atender aos cuidados das crianças. Essas famílias têm cada vez menos
recursos e aumentam os riscos de problemas de saúde.
O comportamento de saúde também são considerados fatores de
risco para uma gravidez, como por exemplo, o fumo, álcool, drogas ilícitas, alguns

40
fármacos, deficiências nutricionais, obesidade e distúrbios alimentares,
condicionamento físico e exercícios, estresse, práticas sexuais, condições
médicas, condições ginecológicas, tipo de trabalho e violência.
A gravidez planejada ou não irá influenciar no contexto social dessa
nova formação que podemos considerar família. A chegada de um novo ser
poderá acarretar prazeres e também aumento da dificuldade dos envolvidos no
processo de nascimento.
Nesse contexto, deveremos estar abordando a representatividade da
gravidez do parto e do nascimento para essa mulher e o contexto em que ela está
inserida.

3.4.1. REPERCUSSÃO DA GRAVIDEZ NO CONTEXTO FAMILIAR

De acordo com Langer (1986), durante a gravidez e o parto, a


mulher repete especialmente sua relação primitiva com sua mãe. Isto pode ser
interpretado como conseqüência de uma dupla identificação, com o feto e com a
mãe. A grávida identifica-se com o feto, revivendo assim sua própria vida intra-
uterina.
O feto representa para o inconsciente da mulher grávida sua própria
mãe, especialmente, seu superego materno e, assim, sua relação ambivalente
com a mãe é revivida com seu futuro filho (LANGER, 1986).
Como todas as relações humanas, as que ligam a mãe e o filho são
ambivalentes e o ódio aí se inscreve. Há algumas razões pelas quais uma mãe
odeia seu filho, mesmo que seja um menino: o filho não é sua própria concepção
mental, o filho não é um dos brinquedos vividos na infância, o filho do pai, a
criança do irmão. A criança não é produzida pela magia e é um perigo para o
corpo da gestante durante a gravidez e o nascimento (WINNICOTT apud
LEBOVICI, 1987).
Mannoni (1986), diz que “A criança por vir é vivida ora como uma
ameaça contra a integridade (narcísica) da mãe, ora esperada como um herói
(com a incumbência de vingar a mãe pela infelicidade de uma vida).”

41
De acordo com Lebovici (1987) as fantasias que a mulher grávida
organizou permitem falar de uma criança imaginária, resultado de sonhos
despertos que se poderia designar de fantasias conscientes. A criança da
realidade está frente à mãe, em sua extrema debilidade. “Qualquer que seja a
mãe, o nascimento de uma criança nunca corresponde ao que ela espera”
(MANNONI, 1986).
Diante das emoções apresentadas acima, o profissional de
enfermagem em exercício poderá acrescentar outras atividades que poderão
colaborar para um bom desenvolvimento da gravidez. Durante a primeira
entrevista, poderá obter informações a respeito de elementos particulares da
gestante responsáveis em promover stress como desemprego, doenças
problemas conjugais etc. (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
Além do mais, poderá determinar se a gravidez foi planejada, dando
oportunidade para que a mulher expresse seus sentimentos. Caberá ao
enfermeiro fazer indicações adequadas para programas de assistência pública,
poderá encaminhar para recursos da comunidade que podem ajudar com roupas
para a criança, por exemplo. Com isso, percebe-se que o enfermeiro poderá
colaborar em várias situações para o bom desenvolvimento de uma gravidez.

3.5. A MULHER, A GRAVIDEZ E O PRÉ-NATAL NO MUNICÍPIO DE MURIAÉ

O atendimento às mulheres no município de Muriaé, seja na


prevenção de doenças ou na atenção ao pré-natal, é na sua maioria realizada
pelo Sistema Único de Saúde (SUS); atualmente, existe no município,
atendimento em diversas unidades de saúde conforme descritas anteriormente.
As unidades que não realizam as consultas por não terem em sua composição o
médico especialista, referenciam suas gestantes para as unidades de referência
mais próxima. Apesar de um dos princípios da estratégia saúde da família ser a
atenção global à saúde da mulher, não é prática rotineira no município as equipes
de saúde da família realizarem consultas de pré-natal.
A Secretaria Municipal de Saúde possui em sua estrutura a
implantação do SISPRENATAL. Esse é um programa do Ministério da Saúde que

42
visa a controlar as gestantes atendidas pelo município proporcionando um
incentivo financeiro para os municípios que cumprirem seus objetivos, que são
cadastro precoce das gestantes no sistema, realizar mais de seis consultas de
pré-natal e realizar a consulta puerperal (MS, 2000).
A grande questão é que o município vem enfrentando problemas e
dificuldades em implantar realmente o programa, devido, muitas vezes ao não
comprometimento profissional na busca ativa das gestantes, na não adesão das
mulheres ao programa de pré-natal e, até mesmo, ao não encerramento dessas
gestações, visto que em consulta às informações do programa no município foi
identificado um número muito baixo de cobertura, assim como um número muito
grande de gestantes com longos períodos de permanência no sistema sem
registro da consulta puerperal.
No município, existem duas maternidades que atendem tanto
gestantes do SUS quanto gestantes de convênios e particulares. Segundo
registros das maternidades do município, ocorrem em média mais de 150 partos
por mês, o que vem a contradizer com a realidade do programa desenvolvido pela
Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Existe a tentativa da implantação de alguns grupos de atenção às
mulheres gestante no município, porém tais projetos são, muitas das vezes,
conduzidos de forma a tratar a mulher como uma condição patológica ao invés de
grávida e outras não tem uma verdadeira eficácia, pois os assuntos discutidos,
muitas vezes, não são realmente o que as gestantes gostariam de ouvir.
As consultas puerperais são realizadas, na maioria das vezes, em
consultórios particulares dos médicos que realizam o parto ou nos consultórios
dos ambulatórios dos hospitais onde realizam o parto.
Segundo a Secretaria de Estado de Minas Gerais (2005), em seu
manual de atenção ao pré-natal, parto e puerpério nascem anualmente no estado
mais de 300 mil crianças; esse fato já torna preocupante e faz com que os
profissionais de saúde busquem uma assistência de qualidade e com
responsabilidade de cuidar de cada gestante e de cada criança que nasce no
estado, essa também é a realidade do município de Muriaé, que também se
empenha em desenvolver a política do Viva Vida do Estado de Minas, e o passo

43
inicial foi a criação do Comitê de Morte Materna e Fetal, com uma equipe
multidisciplinar.

3.6. VISÃO HUMANÍSTICA DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Nos tempos primórdios, a Enfermagem, ou melhor, o ato do cuidar,


era praticado nos grupos nômades primitivos, em sua totalidade pela figura
materna feminina. Segundo Geovanini (2002), a proteção materna instintiva é,
sem dúvida, a primeira forma de manifestação do homem, no cuidado ao seu
semelhante, pois, mesmo nas épocas nômades, quando as crianças eram
sacrificadas por atrapalharem as andanças dos grupos em busca de alimentos,
muitas foram salvas aos cuidados de suas mães.

A figura da mulher tem se tornado marcante na Enfermagem. Hoje,


em sua maioria, as mulheres se tornaram um símbolo referente ao cuidado. Um
vínculo de amor muito grande é observado nas sociedades antigas e atuais, é a
relação maternal. Graças a esse vínculo, várias sociedades se perduraram até os
dias de hoje. Geovanini apud Campos, (2002) ressalta esse tipo de cuidado: “a
solicitude maternal, agindo para proteção do filho, é uma das expressões óbvias
do instinto de conservação de raças”.
Devido a esse laço de amor tão grande, percebe-se que o parto
seria um dos momentos mais marcantes e significativos da figura feminina.
Entretanto, através de pesquisas bibliográficas notamos que esse momento de
felicidade foi trocado por momentos de angústias e dores para a mulher, em
virtude do crescimento do número de partos cesáreos. Barbosa apud Faundes e
Cecatti (1991) apontam fatores socioculturais que levariam à preferência, por
parte das mulheres e dos profissionais de saúde, por um parto cirúrgico, tais
como: medo da dor no parto normal, medo de lesões na anatomia e fisiologia da
vagina e a crença de que o parto vaginal é mais arriscado do que uma cesárea,
sendo essa última considerada a forma mais ”moderna" de se ter filhos.
O parto tem que ser visto como um momento de alegria e não como
doença, tratar a mãe como um ser humano, com delicadeza, segurança e
conforto, e, não como mais uma paciente, atendendo suas expectativas e
44
anseios. A Enfermagem tem como papel a promoção da saúde, verificada no
Artigo 1º do capítulo 1 do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem
(2007): “A Enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser
humano e da coletividade. Atua na promoção, proteção, recuperação da saúde e
reabilitação das pessoas, respeitando os preceitos éticos e legais”.
Existem outras responsabilidades da Enfermagem referentes ao
presente tema, como por exemplo: o incentivo ao planejamento familiar,
demonstrando a sua importância e valorização frente às questões
socioeconômicas de que o estado materno onera.
Para Costa et al (1989) a maior parte da população tem dificuldade
de acesso aos bens em geral, inclusive aos serviços de saúde, merecendo;
portanto, receber um tratamento prioritário no planejamento da atenção à saúde,
englobando planejamento familiar.
Um dos papéis da Enfermagem frente à saúde da mulher e à saúde
obstétrica é de incentivar o acompanhamento do pai ou de parentes socializando
a felicidade; e de tornar o parto normal uma prática comum, porque é mais
saudável para a mãe e o bebê.
Para que a gravidez transcorra com segurança, são necessários
cuidados da própria gestante, do parceiro, da família e, especialmente, dos
profissionais de saúde. A atenção básica na gravidez inclui a prevenção, a
promoção da saúde e o tratamento dos problemas que ocorrem durante o período
gestacional e após parto. Melhorar a assistência à saúde convém ressaltar,
depende também da atenção que cada profissional dedica à sua paciente.
Segundo o manual técnico do Ministério da Saúde de assistência ao
pré-natal (2005):

45
“o principal objetivo da assistência ao pré-natal é acolher a mulher desde
o início de sua gravidez – período de mudanças físicas e emocionais –
(...) está implícita a valorização dessas mudanças, que é traduzida em
ações concretas que permite a integração no conjunto das ações
oferecidas (...) deve-se transmitir nesse momento apoio e confiança
necessária para que a gestante se fortaleça e possa conduzir com mais
autonomia a gestação e o parto (...) diferentes vivências devem ser
trocadas entre as mulheres e os profissionais de saúde. Essa
possibilidade de intercâmbio de experiência e conhecimento é
considerada a melhor forma de promover a compreensão do processo
de gestação. É necessário que o setor de saúde esteja aberto para as
mudanças sociais e cumpra de maneira mais ampla o seu papel de
educador e promotor de saúde. A humanização do nascimento
compreende todos os esforços para evitar condutas intempestivas e
agressivas para o bebê. A assistência ao pré-natal deve ser organizada
para atender às reais necessidades da população de gestantes,
mediante utilização dos conhecimentos técnicos e científicos existentes e
dos meios e recursos disponíveis mais adequados para cada caso (MS
2005),”

Na Portaria nº 569/GM, de 01 de junho de 2000, o Ministério da


Saúde institui o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento,
considerando fatores como: acesso das gestantes e recém-nascidos a
atendimentos dignos, redução das taxas de mortalidade materna e fetal, melhoria
da cobertura e qualidade da assistência ao pré-natal, parto e puerpério, dentre
outras. O Art. 2º dessa lei estabelece os princípios e diretrizes para estruturação
do Programa de Humanização no pré-natal e no nascimento: toda gestante tem
direito e acesso a atendimento dignos e de qualidade no decorrer da gestação
parto e puerpério, direito ao pré-natal adequado e à assistência ao parto e
puerpério de forma humanizada de acordo com os princípios gerais e condições
pré estabelecidas pelo Ministério da Saúde, direito a saber onde será atendida no
momento do parto, assistência humanizada e segura ao recém-nascido. O Art 3º
estabelece os componentes regulamentados pelo Ministério da Saúde para
constituir o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento, que são:
“Incentivo a assistência ao pré-natal; organização, regulação e investimento na
assistência obstétrica e neonatal; nova sistemática de pagamento da assistência
ao parto”. Em anexos a essa portaria, o Ministério da Saúde destaca que para a
realização de um adequado acompanhamento pré-natal e assistência à gestante
e à puérpera, cada município deverá desenvolver modalidade assistencial em
conformidade com os princípios gerais e condições estabelecidas nessa portaria.

46
O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento foi
instituído pelo Ministério da Saúde e é baseado nas análises das necessidades de
atenção específica à gestante, ao recém-nascido e à mulher no período pós-
parto. O quadro abaixo revela os principais objetivos e os princípios
fundamentais do programa de humanização no pré-natal e nascimento.

Quadro 10: Principais objetivos do programa de humanização no pré-natal e


nascimento.
Objetivos:
• Reduzir as altas taxas de morbi-mortalidade materna e perinatal;
• Adotar medidas que asseguram a melhoria do acesso e da qualidade do acompanhamento
do pré-natal, da assistência ao parto, puerpério e neonatal;
• Ampliar as ações já adotadas pelo Ministério da Saúde na área de atenção à gestante.
Princípios Fundamentais:
• Toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da
gestação, parto e puerpério;
• Tem direito também ao acesso à maternidade em que será atendida no momento do parto;
• Tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada de forma
humanizada e segura.
• Todo o recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura.
Fonte: Portaria Nº. 569/GM de 01 de junho de 2000 - Ministério da Saúde
De acordo com o Ministério da Saúde (2000), “o Programa de
Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) é um importante instrumento
para a organização e estruturação de redes de referência para o atendimento às
gestantes nos municípios, na lógica da regionalização e hierarquização do
sistema de saúde. Assegura a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade
do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e ao puerpério, às
gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos da cidadania”.

3.7. ACOLHIMENTO: RESPONSABILIDADE E ACOMPANHAMENTO

Cabe à equipe de saúde, ao entrar em contato com uma mulher


gestante, na unidade de saúde ou na comunidade, buscar compreender os
múltiplos significados da gestação para aquela mulher e sua família (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2005).
O contexto de cada gestação é determinante para o seu
desenvolvimento bem como para a relação que a mulher e a família
47
estabelecerão com a criança desde as primeiras horas após o nascimento.
Interfere, também, no processo de amamentação e nos cuidados com a criança e
com a mulher. Um contexto favorável fortalece os vínculos familiares, condição
básica para o desenvolvimento saudável do ser humano. Assim, a história que
cada mulher grávida traz deve ser acolhida integralmente, a partir do relato da
gestante e de seus acompanhantes. São também parte dessa história os fatos, as
emoções ou os sentimentos percebidos pelos membros da equipe envolvida no
pré-natal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
Contando sua história, as grávidas esperam partilhar experiências e
obter ajuda. Assim, a assistência pré-natal torna-se um momento privilegiado para
discutir e esclarecer questões que são únicas para cada mulher e seu parceiro,
aparecendo de forma individualizada, até mesmo para quem já teve outros filhos.
Temas tabus, como a sexualidade, poderão suscitar dúvidas ou necessidade de
esclarecimentos.
O diálogo franco, a sensibilidade e a capacidade de percepção de
quem acompanha o pré-natal produzem condições básicas para que o saber em
saúde seja colocado à disposição da mulher e da sua família – atores principais
da gestação e parto. Uma escuta aberta, sem julgamentos nem preconceitos, que
permita à mulher falar de sua intimidade com segurança, fortalece a gestante no
seu caminho até o parto e ajuda a construir o conhecimento sobre si mesmo,
possibilitando a um nascimento tranqüilo e saudável. Escutar uma gestante é algo
mobilizador. A presença da grávida remete à condição de poder ou não gerar um
filho, sendo-se homem ou mulher. Suscita solidariedade, apreensão. Escutar é
um ato de auto-conhecimento e reflexão contínua sobre as próprias fantasias,
medos, emoções, amores e desamores. Escutar é desprendimento de si
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
Na escuta, o sujeito se dispõe a conhecer aquilo que talvez esteja
muito distante de sua experiência de vida e, por isso, exige um grande esforço
para compreender e ser capaz de oferecer ajuda, ou melhor, trocar experiências.
As mulheres estão sendo estimuladas a fazer o pré-natal e estão
respondendo a esse chamado. Elas acreditam que terão benefícios quando
procuram os serviços de saúde. Depositam confiança e entregam seus corpos

48
aos cuidados de pessoas autorizadas, legalmente, a cuidarem delas
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
Alguns questionamentos nos surgem em relação à prática pré-natal,
como abrir mão dos papéis predeterminados socialmente, reaprender a fala
popular, aproximar-se de cada sujeito respeitando sua singularidade e não
perdendo de vista seu contexto familiar e social? Como ser capaz de
corresponder à confiança que as mulheres demonstram ao aderir à assistência
pré-natal? As respostas a essas perguntas são da competência de cada pessoa
que escolheu trabalhar com a prática geral da saúde ou, especificamente, com
gestantes, ou ainda que, por força das circunstâncias, depara-se com essa função
no seu dia a dia. Um desafio a ser aceito.
Segundo o Ministério da Saúde (2001), “a atenção adequada à
mulher no momento do parto representa um passo indispensável para garantir
que ela possa exercer a maternidade com segurança e bem-estar. Esse é um
direito fundamental de toda a mulher. A equipe de saúde deve estar preparada
para acolher a grávida, seu companheiro e sua família, respeitando todos os
significados desse momento. Isso deve facilitar a criação de um vínculo mais
profundo com a gestante, transmitindo-lhe confiança e tranqüilidade”.

3.8. ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL: QUALIDADE REAL DA


SAÚDE

O principal objetivo da assistência pré-natal é acolher a mulher


desde o início de sua gravidez - período de mudanças físicas e emocionais -, que
cada gestante vivencia de forma distinta. Essas transformações podem gerar
medos, dúvidas, angústias, fantasias ou, simplesmente, a curiosidade de saber o
que acontece no interior de seu corpo (MS, 2005).
Na construção da qualidade da atenção pré-natal está implícita a
valorização desses aspectos, traduzida em ações concretas que permitam sua
integração no conjunto das ações oferecidas.
Em geral, a consulta de pré-natal envolve procedimentos bastante
simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da

49
gestante; transmitindo, nesse momento, o apoio e a confiança necessários para
que ela se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e o parto
(MS, 2005).
A maioria das questões trazidas, embora pareça elementar para
quem escuta, pode representar um problema sério para quem o apresenta.
Assim, respostas diretas e seguras são significativas para o bem-estar da mulher
e sua família.
Está demonstrado que a adesão das mulheres ao pré-natal está
relacionada com a qualidade da assistência prestada pelo serviço e pelos
profissionais de saúde; o que, em última análise, será essencial na redução dos
elevados índices de mortalidade materna e perinatal verificados no Brasil (MS,
2005).
Informações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre
as mulheres e os profissionais de saúde. Essa possibilidade de intercâmbio de
experiências e conhecimentos é considerada a melhor forma de promover a
compreensão do processo de gestação.
A cada gestação o que se busca é o resultado final desse contexto
em que gestante e concepto, possam vivenciar o ser mãe e filho. Para que esse
objetivo seja alcançado, é fundamental que a mulher seja muito bem amparada
durante toda a gravidez, e também bem assessorada no trabalho de parto e parto
e, se possível, com a presença do acompanhante de sua escolha (PRADO
JUNIOR, 2007).
Para o Ministério da Saúde (2005), a assistência ao pré-natal é o
primeiro passo para parto e nascimento humanizados. O conceito de
humanização da assistência ao parto pressupõe a relação de respeito que os
profissionais de saúde estabelecem com as mulheres durante o processo de
parturição e, compreende:
• parto como um processo natural e fisiológico que, normalmente, quando
bem conduzido, não precisa de condutas intervencionistas;
• respeito aos sentimentos, emoções, necessidades e valores culturais;

50
• disposição dos profissionais para ajudar a mulher a diminuir a ansiedade
e a insegurança, assim como o medo do parto, da solidão, da dor, do
ambiente hospitalar, de o bebê nascer com problemas e outros temores;
• promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao longo do
processo da gestação, parto e nascimento;
• informação e orientação permanentes à parturiente sobre a evolução do
trabalho de parto, reconhecendo o papel principal da mulher nesse
processo, até mesmo aceitando a sua recusa a condutas que lhe causem
constrangimento ou dor;
• espaço e apoio para a presença de um(a) acompanhante que a
parturiente deseje; e
• direito da mulher na escolha do local de nascimento e co-
responsabilidade dos profissionais para garantir o acesso e a qualidade
dos cuidados de saúde.
A humanização do nascimento, por sua vez, compreende todos os
esforços para evitar condutas intempestivas e agressivas para o bebê.
No contexto da assistência integral à saúde da mulher, a assistência
pré-natal deve ser organizada para atender às reais necessidades da população
de gestantes, mediante utilização dos conhecimentos técnico-científicos
existentes e dos meios e recursos disponíveis mais adequados para cada caso.
As ações de saúde devem estar voltadas para a cobertura de toda a população-
alvo da área de abrangência da unidade de saúde, assegurando continuidade no
atendimento, acompanhamento e avaliação dessas ações sobre a saúde materna
e perinatal (MS, 2005).

51
CAPÍTULO 4
EDUCAÇÂO EM SAÚDE: PROMOVENDO A QUALIDADE DE VIDA DA
GESTANTE

As gestantes constituem o foco principal do processo de


aprendizagem, porém não se pode deixar de atuar, também, entre os
companheiros e familiares. A posição do homem-pai na sociedade está mudando
tanto quanto os papéis tradicionalmente atribuídos às mulheres. É necessário que
o setor saúde esteja aberto para as mudanças sociais e cumpra de maneira mais
ampla o seu papel de educador e promotor da saúde.
Entre as diferentes formas de realização do trabalho educativo,
destacam-se as discussões em grupo, as dramatizações e outras dinâmicas que
facilitam a fala e a troca de experiências entre os componentes do grupo. Essas
atividades podem ocorrer dentro ou fora da unidade de saúde. O profissional de
saúde, atuando como facilitador, deve evitar o estilo palestra, pouco produtiva,
que ofusca questões subjacentes, na maioria das vezes, mais importantes para
as pessoas presentes do que um roteiro preestabelecido.
A equipe multidisciplinar deverá estar preparada para o trabalho
educativo.

4.1. PLANO DE ORIENTAÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA A


GESTANTE - O PROCESSO DE ENFERMAGEM

A profissão de Enfermagem existe para atender às necessidades de


saúde das pessoas. Ao mudarem, pois, as necessidades de saúde, o mesmo
deve ocorrer com o atendimento de saúde. Mudanças sem precedentes têm
ocorrido na estrutura de nossa sociedade, estilos de vida e avanços científicos e
tecnológicos. Essas mudanças alteraram os padrões de doenças, as abordagens
terapêuticas tradicionais, bem como o conceito de atendimento à saúde e às
expectativas que a sociedade tem dos profissionais de saúde. Hoje em dia a
saúde é considerada como mais que um direito básico do ser humano; tornou-se
um assunto de interesse público, prioridade nacional e ação política.

52
Nosso sistema de saúde tem sido, tradicionalmente, um sistema
orientado para as doenças. A tendência atual, porém, é a de enfatizar a saúde e
sua promoção. A saúde foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
como “um estado de completo bem estar físico, mental e social e não
simplesmente a ausência de doença ou enfermidade.” Contudo, essa definição de
saúde não leva em consideração qualquer variação nos graus de bem estar ou
doença.
Smeltzer e Bare (2006) descrevem o conceito de um continuum
saúde-doença (descrito originalmente por Dunn, 1961) que afetou
acentuadamente os fins dos profissionais de saúde. Quando se considera a
saúde e a doença em um continuum graduado, a pessoa é vista como não
apresentando nem saúde completa nem uma doença integral. Em vez disso, o
estado de saúde da pessoa está sempre se alterando tendo o potencial de variar
de um alto nível de bem estar a uma saúde extremamente deficiente e à
iminência de morte. Assim, a pessoa é considerada como apresentando
simultaneamente graus tanto de saúde como de doença.
As mudanças corpóreas sofridas pela mulher gestante fazem com
que aumente o índice de preocupação com seu resultado final da gravidez; como
por exemplo, as complicações oriundas desse período e as complicações durante
e após o parto, assim como a representatividade da gravidez para ela, família e
sociedade. Partindo desse ponto, é crucial que os profissionais de saúde voltem
sua assistência para um cuidado preventivo e para a manutenção da saúde,
prevenindo complicações e proporcionando uma qualidade de gestação e
posterior parto, trabalhando as angústias da mulher gestante.
Hoffman apud Smeltzer e Bare (2006) descreve que o próximo
grande avanço da saúde virá através da educação à saúde e não por mais
médicos nos hospitais, novas descobertas. Os profissionais de saúde devem,
então, tratar de encorajar os comportamentos que promovam a saúde. O objetivo
disso é motivar as pessoas para que elas efetuem melhoras em seu modo de
vida, ou, em outras palavras, impulsioná-las a mudanças em seu comportamento
de saúde.

53
A Enfermagem profissional está se adaptando para atender às
mudanças nas necessidades e expectativas de saúde. Uma dessas adaptações
pode ser notada na expansão do papel do enfermeiro. Essa foi a resposta à
necessidade de melhorar a distribuição de serviços e diminuir o custo do cuidado
à saúde. Um enfermeiro que funciona em papel ampliado dá um atendimento
direto a pacientes por uma prática independente, prática em equipe ou
interdependente. A especialização evoluiu na expansão dos papéis da
Enfermagem, em conseqüência da explosão constante da tecnologia (SMELTZER
; BARE, 2006).
Para desenvolver suas ações junto aos clientes que assiste, o
enfermeiro deverá estar apto a desenvolver o processo de Enfermagem.
O processo de Enfermagem tem sido aceito como a essência da
assistência de Enfermagem, ele se constitui de uma abordagem deliberada de
identificação e resolução de problemas para atender aos cuidados de saúde e às
necessidades de assistência de Enfermagem dos pacientes (SMELTZER; BARE,
2006).
As prioridades da assistência de Enfermagem são descritas em
conjunto, por parte da Enfermagem, familiares e cliente; levando-se em
consideração as urgências dos problemas e as discordâncias são tratadas de
modo que sejam mutuamente aceitas. Maslow descreve de forma hierárquica as
necessidades humanas básicas constituindo uma base útil para a determinação
dos problemas prioritários (BERNOCCHI-LOSEY et al, 1993).

4.2. A ENFERMAGEM NO PROCESSO DE PROMOÇÃO À SAÚDE


A promoção da saúde é definida como as ações empreendidas para
desenvolver um alto nível de bem-estar, sendo conseguida por influenciar o
comportamento individual e o ambiente em que as pessoas vivem (NETTINA,
2003).
Os níveis de prevenção estão voltados à prevenção dos problemas
ou minimização desses, quando ocorrem. A prevenção primária é a prevenção
total de uma condição. A prevenção secundária é o reconhecimento precoce de
uma condição e medidas empreendidas para acelerar a recuperação. Enquanto

54
que a prevenção terciária é o cuidado fornecido para minimizar os efeitos da
condição e evitar as complicações em longo prazo. O cuidado preventivo deve
envolver a investigação do risco para focalizar as intervenções em pessoas com
risco de distúrbios específicos (BERNOCCHI-LOSEY et al, 1993).
Os enfermeiros desempenham funções chaves na prevenção em
áreas, como atendimento pré-natal, programas de imunização, saúde e
segurança ocupacional, educação e reabilitação cardíaca, bem como captação de
casos em saúde pública e intervenção precoce. Os enfermeiros, em todos os
ambientes, podem satisfazer as necessidades dos pacientes quanto a promoção
de saúde, em hospital, clínica, casa do paciente, organização de manutenção da
saúde, consultório particular ou na comunidade. A promoção da saúde é
realizada, principalmente, através da educação do paciente, uma função
independente da Enfermagem (NETTINA, 2003).
A promoção da saúde deve ocorrer durante o ciclo de vida, com os
tópicos localizados para o lactente, infância, adolescência, fase adulta, incluindo a
mulher no período gravídico, puerperal e na fase idosa.
Bezerra et al (2002) dizem que é importante para o enfermeiro, na
diversidade das situações em seu contexto profissional, ter bem clara a
compreensão do que vem a ser o processo ensino-aprendizagem. Para tanto, os
seguintes aspectos devem ser levados em consideração:
• aprender é incorporar o que se aprende. É tornar o aprendizado
significativo para si mesmo, implicando numa mudança de
comportamento;
• o sujeito aprende o que é significativo para ele a partir de um
processo de relações presentes na sua realidade;
• aprendizagem não é um ato linear (memorização é um ato linear e
passível de esquecimento). Uma pessoa só conhece algo quando o
transforma, transformando-se ela também num processo;
• como educador, na efetivação de um processo participativo.
O enfermeiro deve estabelecer um processo de comunicação
incentivando a formação de opiniões e de uma consciência crítica da sociedade
por parte do educando, respeitando os padrões culturais dos indivíduos,

55
enxergando-os como sujeitos de sua própria história, inseridos em contexto sócio-
culturais específicos. Deve buscar soluções criativas e uma metodologia
adequada no desenvolvimento das ações educativas, ressaltando que educar
não é simplesmente uma passagem vertical de informações, e sim um processo
mútuo de interação/comunicação entre educador e educando, no qual ambos
aprendem (BEZERRA et al., 2002). É, nesse sentido, que Freire (1998, p. 26)
afirma: “... quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender
...”, e ainda “...ensinar inexiste, sem aprender...”
Nettina (2003) descreve que a educação em saúde está incluída nos
Padrões de Cuidados da American Nurses Association, sendo definida como um
componente essencial nos cuidados de enfermagem. É direcionada à promoção,
à manutenção e à restauração da saúde, bem como à adaptação aos efeitos
residuais da saúde.
Para promover a saúde, o enfermeiro deve aconselhar os pacientes
quanto aos itens referentes às práticas e aos hábitos de vida saudável. Nettina
(2003) reafirma que o enfermeiro deve estar apto a auxiliar o paciente a identificar
sua aptidão física e emocional. Define, ainda, que a educação pode ocorrer em
qualquer momento ou em qualquer ambiente. Descreve as diversas técnicas
utilizadas nesse processo, como por exemplo as palestras, a discussão em grupo,
demonstração de práticas, recursos didáticos como livros, slides, folders,
panfletos, vídeos.
Dentre as temáticas propostas na educação em saúde, são descritas
por Nettina (2003) nutrição e dietética, prevenção ao fumo e consumo de álcool,
práticas de exercícios físicos, relaxamento e controle do estresse, saúde sexual.
Nos últimos anos, ocorreu praticamente uma explosão de atividades
de promoção à saúde. Profissionais de saúde, que tradicionalmente focalizavam a
cura das doenças, voltam sua atenção para a prevenção. Seu foco é na melhora
da saúde pela alteração do estilo de vida e pela modificação dos fatores que
predispõe alterações indesejáveis na saúde.
A saúde é vista como uma condição dinâmica e em constante
mudança; cujo estado é medido em termos do grau em que a pessoa utiliza seus
dons e capacidades para evoluir para o funcionamento do seu potencial ótimo a

56
qualquer momento. O estado de saúde ideal é aquele em que se consegue atingir
o pleno potencial independentemente de quaisquer incapacidades que se
apresentem. O conceito de bem estar amplia a idéia de saúde. Bem estar é um
processo com vários níveis ou graus possíveis. Envolve uma abordagem
consciente e deliberada da maximização da própria saúde. O bem estar não
acontece por acaso – requer planejamento e dedicação conscientes. É
conseqüente de comportamentos do estilo de vida que visam a atingir o mais alto
potencial de bem estar do indivíduo. O bem estar não é o mesmo para todas as
pessoas (SMELTZER; BARE, 2006).
Em virtude da perícia no atendimento de saúde e sua credibilidade
firmada com os consumidores, os enfermeiros têm papel vital na promoção da
saúde. Em muitos casos, estimula o desenvolvimento de programas e, em outros,
eles foram procurados por consumidores para liderar equipes interdisciplinares no
desenvolvimento e provisão de serviços de boa saúde em vários contextos. Como
profissionais de saúde, os enfermeiros têm a responsabilidade de promover
atividades que estimulem o bem estar, a individualidade e a realização pessoal. A
conquista disso é possível focalizando as atividades que promovam a saúde.
Toda a interação com os consumidores do atendimento de saúde tem de ser
considerada como uma oportunidade de promoção de atitudes e comportamentos
de saúde positivos (SMELTZER; BARE, 2006).

4.2.1. TRABALHANDO A NATUREZA DO ENSINO E APRENDIZADO PELA


GRÁVIDA

São muitas as alterações sofridas pela grávida durante essa fase de


sua vida; portanto, é fundamental que ela conheça essas transformações, visto
que serão fundamentais para o entendimento do estar grávida e do
desenvolvimento da gestação. A partir desse princípio, as gestantes devem ser
orientadas quanto aos cuidados a serem tomados com o corpo além de trabalhar
as alterações sofridas pelo processo de gestação; com isso os profissionais de
saúde devem trabalhar para a adesão dessas mulheres a esse novo contexto de

57
vida. O cuidado desses profissionais que trabalham com essas mulheres deverá
estar voltado para a educação e promoção da saúde.
Torres; Enders (1999) descrevem que a educação em saúde vem
sendo entendida por muitos como maneira de fazer as pessoas do povo mudarem
alguns comportamentos prejudiciais à saúde. Como exemplo, Marcondes apud
Pereira (1983, p.10), descrevem a educação em saúde como o “conjunto de
atividades tendentes a influenciar ou modificar os conhecimentos, atitudes,
crenças e o comportamento, visando à melhoria da saúde do indivíduo, da família
e da comunidade”.
É intrínseca a área de ensino dos pacientes no interesse pela
promoção de sua aderência a seu regime terapêutico. O termo obediência é
freqüentemente utilizado para descrever esse comportamento, ele muda seu
comportamento por ter sido solicitado a fazê-lo. No entanto, esse termo sugere
que o papel do paciente seja passivo. O termo aderência indica que o paciente
assume um papel mais ativo, auto-determinado e alterando seus comportamentos
de saúde. A aderência de um regime terapêutico requer que o paciente faça uma
ou mais alterações em seu estilo de vida, ele pode precisar tomar medicações,
seguir dietas, restringir suas atividades, observar-se quanto a sinais e sintomas
de doenças, praticar medidas específicas de higiene, procurar uma avaliação
periódica de seu estado de saúde e executar diversas outras medidas
terapêuticas e preventivas (SMELTZER; BARE, 2006).
Quando se define o aprendizado como aquisição de conhecimentos,
atitudes ou habilidades e o ensino como forma de ajudar outra pessoa a aprender,
torna-se claro que o processo de ensino aprendizado é um processo ativo
(SMELTZER; BARE, 2006).
O aprendizado requer um envolvimento tanto de quem ensina como
de quem aprende visando um esforço de se chegar ao que se espera ou tenha
planejado, ou melhor, de um resultado desejado. O profissional de saúde deve se
adequar a esse novo contexto de assistência, tentando aproximar-se ao máximo
da comunidade e da pessoa que assiste, facilitando o aprendizado e,
principalmente, fazendo com que essa cliente tenha uma melhor adesão aos
ensinamentos, tornando-se uma multiplicadora dos cuidados ideais para a mulher.

58
Existem diversos fatores que dispõe ou não para o aprendizado.
Smeltzer; Bare (2005) descrevem muitas variáveis internas e externas que afetam
o aprendizado. Um dos mais significativos desses fatores é a disposição de
aprender do indivíduo em aprendizado, dentre esses sita-se a disposição física,
emocional e vivencial para aprender.
O enfermeiro tem um papel importante no trabalho da atmosfera do
aprendizado, pois esse profissional deve facilitar o aprendizado manipulando
aquelas variáveis externas que afetam o aprendizado dos pacientes, o ambiente
físico, como temperatura, iluminação, ruídos; devem ser tal que conduzam o
aprendizado. Também deve-se ter um cuidado quanto ao horário e ao tempo de
ensinamento, descrevem Smeltzer; Bare, (2006).
A interação interpessoal do paciente com o enfermeiro, que objetiva
atender às suas necessidades de aprendizado, pode ser formal ou informal,
dependendo do método e das técnicas de ensino considerados mais apropriados
para o paciente individualmente.

4.3. A COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO NO PROCESSO DE


EDUCAÇÃO EM SAÚDE
A comunicação como parte do papel da Enfermagem, constitui uma
técnica como outra qualquer dentro da profissão.
Atkinson (1989) descreve que o profissional de Enfermagem deve
entender a comunicação como em outras técnicas, compreender os princípios
que fornecem a base para a ação, e deve incumbir-se de praticar a técnica até
que essa seja feita com facilidade e bem feita.
Os relacionamentos são formados por meio da comunicação, isso
implica tanto no relacionamento social como no relacionamento de ajuda.
Se a comunicação é o meio de relacionar com as pessoas, então a
Enfermagem deve ser proficiente nessa técnica. Como uma técnica de
Enfermagem, a comunicação envolve mais que a modalidade verbal ou falada de
se relacionar. A comunicação não-verbal é um meio igualmente importante de
estabelecer relacionamento, certas modalidades da comunicação não-verbal

59
estão representadas pelo ato de tocar, escrever, ler, gesticular, fazer movimentos
com o corpo e presentear (ATKINSON, 1989).
A comunicação tem sido definida de forma muito simples como
“significado compartilhado”. Três atividades compõem o complexo processo de
comunicação, esses consistem em receber, processar e transmitir informações
(ATKINSON 1989).
Para formar um relacionamento com outro ser humano, o indivíduo
engaja-se na comunicação interpessoal.
Atkinson (1989) descreve que parte da comunicação entre
enfermeiro e paciente é chamada comunicação terapêutica, isso é definido como
comunicação planejada e deliberada que a enfermagem utiliza afim de ajudar a
identificar e atender as necessidades de assistência à saúde dos pacientes. É a
comunicação terapêutica que forma a base do relacionamento enfermeiro-
paciente.
Alguns fatores agem no sentido de influenciar, seja a mensagem
enviada, seja a mensagem recebida no processo de comunicação, esses fatores
podem estar relacionados a quem emite a mensagem ou a quem a recebe.
Dentre os fatores que influenciam o processo de comunicação
descrita por Atkinson (1989), podem ser citadas, a idade, o momento da
comunicação, distância, territorialidade, sexo, cultura, credibilidade, atitude
defensiva, afeto e atitudes. O mesmo autor descreve as atitudes que intensificam
a comunicação como sendo: o interesse, a aceitação, a objetividade e o
comprometimento. Relata ainda que a superioridade, rigidez extrema,
desatenção, estereotipagem são os fatores que interferem na comunicação.
A comunicação terapêutica é descrita por Atkinson (1989) como
sendo mais de 70% das atividades de trabalho diário do profissional de
Enfermagem, que incluem ensinar, entrevistar, fazer anotações na papeletas,
anotar referências, fazer anamnese de enfermagem, solucionar problemas de
grupos e dar aconselhamento individual ou familiar de saúde.
Para que a comunicação terapêutica seja eficaz, é importante que a
Enfermagem utilize técnicas de comunicação diferenciadas como as descritas por
Atkinson (1989): escuta ativa, reflexão, perguntas abertas, esclarecimentos,

60
silêncio. Relata ainda que a falsa segurança, respostas discriminatórias, mudança
de assunto, negação dos sentimentos e perguntas fechadas são fatores que
interferem na comunicação e nas respostas para uma comunicação terapêutica.

4.4. PARTO E NASCIMENTO HUMANIZADO

A gravidez e o parto são eventos marcantes na vida das mulheres e


de suas famílias. De acordo com Domingues (2004), representam mais do que
simples eventos biológicos, já que são integrantes da importância da transição do
status de “mulher” para o de “mãe”. Embora a fisiologia do parto seja a mesma,
em nenhuma sociedade ele é tratado de forma apenas fisiológica, pois é um
evento biossocial, cercado de valores culturais, sociais, emocionais e afetivos.
Atualmente, vigora no Brasil um movimento à qualidade da interação
entre parturiente e seus cuidadores, chamado de humanização do parto. Esse
movimento deu origem ao Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento
(PHPN), instituído pelo Ministério da Saúde e baseado nas análises das
necessidades de atenção específica à gestante, ao recém-nascido e à mulher no
período pós-parto. Resgatando a mulher como protagonista do parto, respeitando
seus valores, medos, ansiedades e sua integridade biopsicossocial (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2000).
Para Zagonel apud Martins (2005), humanizar a parturição é
envolver-se com o outro; é lembrar que no momento do parto, está ocorrendo a
separação de dois corpos que até esse momento viveram juntos, um dentro do
outro, em relação de dependência e de íntimo contato. Nesse momento o
profissional que assiste à mulher, necessita restaurar a tranqüilidade, o equilíbrio,
a harmonia interior, com o cuidado, porque é por ele que exercitamos o encontro
do ser profissional com o ser parturiente.
O estresse da mulher no período do parto é ocasionado por uma
série de fatores tanto fisiológicos como também psicológicos. O medo, a dor, a
insegurança, a falta de “preparo” para o parto, dentre outros, são fatores que
acometem o transcorrer normal de um parto. Cabe à equipe que assiste a mulher
envolver as habilidades técnicas, o conhecimento, a sensibilidade, a

61
solidariedade, o carinho e a consideração. Portanto, torna-se desnecessário e
redundante falar em cuidado humanizado, pois entendemos que o cuidado é o
que confere a condição de humanidade às pessoas.
Segundo o Ministério da Saúde (2001), os profissionais de saúde
são coadjuvantes dessa experiência e desempenham importante papel; têm a
oportunidade de colocar seu conhecimento a serviço do bem-estar da mulher e do
bebê, reconhecendo os momentos críticos em que suas intervenções são
necessárias para assegurar a saúde de ambos. Podem minimizar a dor, ficar ao
lado, dar conforto, esclarecer, orientar, enfim, ajudar a parir e a nascer. Precisa-se
lembrar de que são os primeiros que tocam cada ser que nasce e devem ter
consciência dessa responsabilidade.

4.5. A ORIGEM DA HUMANIZAÇÃO DO PARTO

A humanização da assistência ao parto expressa a mudança na


compreensão do parto para quem o assiste; nesse caso, os profissionais de
saúde e quem está do outro lado, a mulher em trabalho de parto. Para definir o
termo humanização é preciso antes fazer uma abordagem nos modelos de
assistência ao parto ao longo da história.
Para Diniz (2005), o modelo anterior, tutelado pela Igreja Católica,
descrevia o sofrimento no parto como desígnio divino, pena pelo pecado original,
sendo dificultado e mesmo ilegalizado qualquer apoio que aliviasse os riscos e
dores do parto.
A obstetrícia médica passa a reivindicar o seu papel com uma
preocupação “humanitária” em tentar resolver o problema passando para a
parturição sem dor. A mulher agora não é mais descrita como culpada, mas
como uma vítima da natureza; e o parto, como uma experiência traumática e
agressiva tanto para o bebê quanto para a mãe. Tanto que Diniz (2005) descreve
que “a maternidade se inauguraria com a violência física e sexual da passagem
da criança pelos genitais: uma espécie de estupro invertido”.
Nesse período, disseminam-se os itens do armamentário cirúrgico-
obstétrico, uma variedade de fórceps, craniótomos, basiótribos, embriótomos,

62
sinfisiótomos, instrumentos hoje consideradas meras curiosidades arqueológicas
e de que nos vexamos ao lembrá-los (CUNHA, 1989).
A obstetrícia médica oferece o apagamento da experiência. Durante
várias décadas do século 20, muitas mulheres de classe média e alta no mundo
industrializado deram à luz inconsciente, através da sedação total, que envolvia
uma injeção de morfina e uma dose de um amnésico, assim a mulher sentia a
dor, mas não tinha qualquer lembrança do que havia acontecido. O parto era
induzido por ocitócitos e o bebê retirado com fórceps. No Brasil eram utilizadas as
misturas de morfina com cafeína, no qual era chamado de “Lucina”. Esse modelo
foi abandonado após várias décadas, quando a alta morbi-mortalidade materna e
perinatal passou a ser considerada inaceitável. Na metade do século 20 o modelo
de hospitalização do parto passou a ser instalado em vários países sem que
tivesse evidência científica de que fosse mais seguro que o parto domiciliar ou em
casa de parto. E, além disso, em alguns países, a obstetrícia não-médica (como
as parteiras), foi ilegalizada, assim como o parto não-hospitalizado (MOLD; STEIN
apud DINIZ 2005).
De acordo com Mold e Stein apud Diniz (2005), nesse modelo, as
mulheres deveriam viver o parto (agora conscientes), imobilizadas, com as pernas
abertas e levantadas, com o funcionamento de seu útero assistido por pessoas
desconhecidas, separadas de seus parentes, pertences, roupas, dentaduras,
óculos.
No Brasil, incluem-se ainda a episiotomia e a utilização de fórceps
nas primíparas em alguns hospitais. Para as mulheres do setor privado, isso
poderia ser “prevenido”, com a cesárea eletiva.
A pobreza das relações humanas nessa forma de assistência e do
sofrimento físico e emocional desnecessário que causa o uso irracional de
tecnologia impede que em muitos países reduza-se a morbi-mortalidade materna
e perinatal. Uma vez que esse uso causa mais danos que benefícios, inicia-se um
movimento internacional à qualidade da interação entre parturiente e seus
cuidadores e a retirada da tecnologia danosa. Esse movimento recebe diferentes
nomes nos mais diversos países e, no Brasil, é chamado de humanização do
parto (MS, 2000).

63
4.6. O PERÍODO DE TRABALHO DE PARTO E PARTO

Geralmente, o trabalho de parto dá-se por volta do décimo mês.


Várias mudanças ocorrem no sistema reprodutor feminino nos dias e semanas
que antecedem o início do trabalho de parto e parto.
Ziegel; Cranley (1985) definem que o processo que conduz ao
apagamento progressivo e dilatação da cérvix e a descida da parte que se
apresenta, com a eventual expulsão do feto e dos outros produtos da concepção,
é conhecida como trabalho de parto. O efetivo nascimento do feto é chamado de
parto.
Cabe ressaltar os sinais que precedem o parto que incluem: a
insinuação, quando o útero afunda para baixo e para frente aproximadamente
duas semanas antes do termo nas primeiras gestações, quando a parte de
apresentação do feto desce para a pelve verdadeira. Há, geralmente mais
pressão na bexiga fazendo com que ocorra um aumento da freqüência urinária. A
mulher pode queixar-se de dor lombar persistente e desconforto sacroilíaco
causado pelo relaxamento das articulações pélvicas. Ela identifica contrações
uterinas fortes, freqüentes, porém irregulares (Braxton Hicks). Um sinal de muco
cervical amarronzado pode ser eliminado (tampão mucoso). A cérvice torna-se
macia (madura) e parcialmente apagada, podendo começar a dilatar-se. As
membranas podem romper-se espontaneamente (LOWDERMILK et al, 2002).
Outros fenômenos são comuns nos dias anteriores ao trabalho de
parto: a perda de 0,5 a 1,5 Kg de peso, causada pela perda de água em razão
das transferências de eletrólitos e surto de energia. As mulheres relatam uma
explosão de energia que usam, freqüentemente, para limpar a casa e para
colocar tudo em ordem (LOWDERMILK et al, 2002).
Para que ocorra o parto vaginal, o feto deve adaptar-se ao canal do
parto durante a descida. As rotações e os outros ajustes necessários no processo
de nascimento denominam-se o mecanismo do parto. Os sete movimentos
cardinais do mecanismo do parto durante a apresentação de vértice são: o
encaixe, a descida, a flexão, a rotação interna, a extensão, a rotação externa e,
finalmente, o nascimento por expulsão (LOWDERMILK et al, 2002).

64
Todos esses movimentos ocorrem de forma simultânea. O encaixe é
a passagem do diâmetro biparietal da cabeça pelo estreito pélvico; a descida,
refere-se ao progresso da parte de apresentação pela pelve; na flexão, a cabeça
descendente encontra a resistência da cérvice, da parede pélvica ou do assoalho
pélvico; normalmente ela flexiona de maneira que o queixo se aproxima do tórax;
a rotação interna começa no nível das espinhas isquiáticas, mas não está
completa até que a parte de apresentação atinja a pelve inferior. À medida que o
occipital rota anteriormente, a face rota posteriormente. A pelve óssea e os
músculos do assoalho pélvico guiam a cabeça do feto a cada contração e
finalmente, o occipital estará na linha média abaixo do arco púbico. Quando a
cabeça do feto atinge o períneo, ela deflete-se anteriormente para o parto. O
occipital passa sob a borda inferior da sínfise pubiana em primeiro lugar; depois, a
cabeça emerge, esse movimento chama-se de extensão. A rotação interna ocorre
quando os ombros encaixam e descem em manobras similares às da cabeça. Ao
atingir o estreito inferior, ele rota para a linha média e é liberado da parte inferior
do arco púbico. O ombro posterior é guiado sobre o períneo até estar liberado do
intróito vaginal. Após a saída dos ombros, a cabeça e os ombros são levantados
em direção ao osso púbico da mãe, e o tronco do bebê é liberado, flexionando-o
lateralmente na direção da sínfise pubiana. No momento em que o bebê emergir
totalmente, o nascimento estará completo, caracterizando o último mecanismo, a
expulsão (LOWDERMILK et al, 2002).

4.6.1. A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO AO PARTO

A equipe multiprofissional é construída com conhecimentos


diferentes, olhares diferentes no trabalho diário, no cotidiano, através da prática,
da comunicação clara e democrática em que todos podem e devem participar e,
também através de parcerias. Não se trabalha mais isolado e sim, integrado.
Desse modo, à interação da equipe deve ser a mais refinada possível para uma
qualidade na assistência a parturiente, no que tange aos princípios da
humanização.

De acordo com Peduzzi (2001), a articulação das ações, a


coordenação, a integração dos saberes e a interação dos agentes ocorreriam por
65
meio da mediação simbólica da linguagem. Portanto, a comunicação entre os
profissionais é o denominador comum do trabalho em equipe, o qual decorre da
relação recíproca entre trabalho e interação.

A equipe de enfermagem que assiste a mulher durante o trabalho de


parto e parto deve possuir habilidades extraordinárias no que tange aos cuidados
fisiológicos e técnicos, bem como no que se refere ao calor humano e a
sensibilidade nas respostas emocionais do ser humano.
Segundo Silva (2006), a legislação pertinente ao exercício de
Enfermagem e a própria Lei Federal nº 7.498/86 estabelecem que o enfermeiro
tem competência, como uma das suas atribuições privativas, de acompanhar a
evolução do trabalho de parto e realizá-lo, quando não houver distócias.
A atitude do enfermeiro e de sua equipe na assistência à gestante
durante o pré-parto dependerá da importância que atribui à tensão emocional e ao
desconforto físico a qual a paciente está sendo submetida; de sua compreensão
no que se refere ao relevo desse evento para a família e do profundo
envolvimento emocional que acarreta; do seu desejo e habilidade em satisfazer
as necessidades particulares da gestante.
Para Ziegel e Cranley (1985), a enfermeira, com o conhecimento do
sistema, é a pessoa ideal para servir como defensora da mulher, para modificar
as rotinas a fim de satisfazer às necessidades individuais e para interpretar o
sistema freqüentemente confuso para a mulher e para o seu parceiro”.
O papel de apoio por parte do enfermeiro e sua equipe é necessário
à compreensão dos princípios psicossociais que fundamentam freqüentemente a
enfermagem durante esse período crucial do trabalho de parto. A mulher em
trabalho de parto apresenta algumas emoções mais pungentes, incluindo alegria,
temor, expectativa, dúvida, incerteza ou pavor e, em alguns casos, medo que
pode alcançar o terror. Junto com essa experiência emocional, a dor é que
freqüentemente leva a uma sensação de esgotamento. O estresse emocional
aumenta o desconforto do trabalho de parto, pode afetar seu curso e, às vezes,
impede a sua evolução. Tanto que Ziegel e Cranley (1985) descrevem que o
encorajamento e a tranquilização de uma enfermeira profissional habilidosa

66
podem ter uma influência marcante para diminuir o stress emocional e o
desconforto físico do trabalho de parto.

4.7. A IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA DO ACOMPANHANTE E O AUXÍLIO A


MULHER NO TRABALHO DE PARTO

Para Ziegel e Cranley (1985), “a família é uma fonte importante de


apoio para os novos pais. Ela fornece modelo, afeição e um sentimento de
continuidade nas gerações”. Além disso, o apoio da família fornece à gestante
segurança, tranqüilidade e, sem sombra de dúvidas, refletirá em um trabalho de
parto e parto mais regular.
Segundo Kennel apud Storti (2004) comprovadamente, a presença
do acompanhante também reflete no bom andamento do trabalho de parto e
parto, proporcionando benefícios que estão diretamente ligados ao processo de
humanização. No que se refere aos benefícios à mulher com a presença do
acompanhante, encontramos inúmeros estudos mostrando que a presença do
acompanhante diminui o número de parto fórceps, uso de analgesia, a presença
da dor, a diminuição da taxa de cesária, a diminuição da ansiedade materna, o
aumento nos índices de Apgar e a diminuição na duração do trabalho de parto”.
Quanto à presença do acompanhante durante o trabalho de parto e
parto ser o companheiro da mulher, Louro (2002) acrescenta que a presença do
companheiro, quando da escolha da mulher, transmite à parturiente segurança
familiar necessária para tranqüilizá-la, proporcionando bem-estar físico e
psicológico trazendo aspectos emocionais referentes à gestação e favorecendo o
vínculo familiar.
Cabe ainda ressaltar a Lei 11.108, de 7 de setembro de 2005, a que
altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para garantir às parturientes o
direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-
parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.

67
4.8. A ATENÇÃO NO PUERPÉRIO IMEDIATO

O puerpério é o período logo após o nascimento. Segundo Rezende


(2005), puerpério, sobreparto ou pós-parto, é um período cronologicamente
variável, de âmbito impreciso, durante o qual se desenrolam todas as
manifestações involutivas e de recuperação da genitália materna havidas após o
parto. Há, contemporaneamente, importantes modificações gerais que perduram
até o retorno do organismo às condições vigentes antes da prenhez.
Toda a recuperação da mulher frente ao parto termina após seis
semanas. Esse período de tempo é dividido em três períodos: pós-parto imediato,
que vai do 1º ao 10º dia após o parto, caracterizado pela prevalência dos
fenômenos catabólicos e involutivos das estruturas hipertrofiadas ou
hiperplasiadas pela prenhez, notadamente da que abrigavam o concepto, ao lado
de alterações gerais e, sobretudo, endócrinas, quase todas atinentes à regressão
das modificações gestacionais do organismo.
Outro período que engloba o puerpério é o período pós-tardio, que
vai do 10º ao 45º dia após o parto. Nesse período, a recuperação genital ganha
impulso. O circuito biológico e suas funções começam a ser influenciados pela
lactação, que no estádio seguinte, pós-parto remoto, domina francamente o
panorama puerperal.
O período pós-parto remoto, que ultrapassa o 45º dia, é um período
de duração imprecisa, a variar com a presença ou não da lactação. Nas mulheres
que não amamentam, a menstruação retorna, em média, com um mês e meio, e,
ao contrário do que se pensava, precedida de ovulação. Nas lactantes, os prazos
dependem da duração do aleitamento.

68
CAPÍTULO 5
MATERIAL E MÉTODOS

Nesse estudo, a intenção foi lançar os primeiros focos de luz, em um


espaço de tempo, sobre um fenômeno rotineiro na assistência integral à saúde da
mulher, que é a prática de pré-natal, destacando as orientações realizadas
durante essas condutas e, posteriormente, comparando-as com relatos de
ocorrências durante a gravidez e puerpério.
A preocupação maior do pesquisador é estudar o processo que
determina a conformação de um problema, na perspectiva dos participantes.
O presente estudo seguiu uma abordagem quali-quantitativa,
permitindo ao autor realizar uma análise pautada na apreensão dos
conhecimentos e decisões de uma mulher frente ao seu processo de gerar, parir e
cuidar do seu filho, considerando as reflexões de Oliveira et al (1998), acerca das
representações enquanto ferramenta para compreensão das múltiplas facetas
dessa realidade social, entendida como “(...) o próprio dinamismo da vida
individual e coletiva com toda a riqueza de significados nela transbordante”
(MINAYO, 1994, p.15).
“Abordagem quantitativa e a qualitativa são dois métodos diferentes
pela sua sistemática, e, principalmente, pela forma de abordagem do problema
que está sendo objeto de estudo” (OLIVEIRA, 1997). Entretanto, o mesmo autor,
afirma que “vários autores não estabelecem qualquer distinção entre os métodos
quantitativo e qualitativo, tendo em vista que a pesquisa quantitativa também é
qualitativa” e “a pesquisa moderna deve rejeitar como falsa dicotomia a separação
entre estudos qualitativos e quantitativos” (GOODE e HATT apud OLIVEIRA,
1997).
Os elementos subjetivos que se entrelaçam por trás de fenômenos
sociais e educacionais precisam ser revelados em toda sua amplitude e
complexidade em busca de uma intervenção profissional comprometida com a
melhoria das condições de saúde e vida das pessoas, visto que é a partir das
práticas educativas destinadas à mulher no período gravídico e puerperal que

69
resultarão em uma gravidez tranqüila, parto seguro e cuidados adequados ao
recém nascido e à própria mulher no puerpério.
Ludke e André (1996) discorrem sobre as características básicas
desse tipo de abordagem metodológica pontuando diversos elementos que a
delineiam. O pesquisador é seu principal instrumento, sendo o ambiente natural
em que ocorrem os problemas, a fonte direta para a coleta dos dados,
possibilitando o contato direto com um rico universo de informações,
predominantemente descritivas.
O universo pesquisado abrangeu mulheres que utilizam os serviços
prestados por Unidades Básicas de Saúde – UBS, estratégias saúde da família e
ambulatórios dos hospitais da rede do Sistema Único de Saúde - SUS de Muriaé
– MG.
Constituíram, portanto, os sujeitos desse estudo um total de 100
mulheres que se encontravam grávidas ou que haviam passado pelo processo de
gravidez, parto e puerpério no período retroativo de um ano, residentes no
município de Muriaé, na faixa etária de 16 a 35 anos. A coleta de dados foi
realizada no período de setembro de 2006 a setembro de 2007.
A técnica para coleta de dados foi entrevista semi-estruturada, por
permitir liberdade no discurso das entrevistadas (MINAYO, 1994).
Verificamos em Ludke e Andre (1996) que a grande vantagem da
entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente
da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os
mais variados tópicos. Uma entrevista bem feita pode permitir o tratamento de
assuntos de natureza estritamente pessoal e íntima, assim como temas de
natureza complexa e de escolhas nitidamente individuais.
Nesse momento da pesquisa, percebeu-se a riqueza que poderia
ainda ser captada empregando outras técnicas de coleta de dados. Mas essa é
uma pretensão para o futuro. Por enquanto, é possível desfrutar do universo de
informações abundante de sinais que nos compelem à análise.
As entrevistadas foram escolhidas, a partir do critério já mencionado,
no universo da população atendida pelas Unidades Básicas de Saúde de regiões
diferentes da cidade de Muriaé. As mulheres foram indicadas para serem

70
entrevistadas pelas equipes de saúde da família de cada bairro, o que é
perfeitamente aceitável na metodologia adotada (HEIBOM, 1997), já que nos
possibilitou a ampliação do número de atores da pesquisa.
Assim, os cenários da pesquisa foram os próprios domicílios das
mulheres selecionadas por intermédio das enfermeiras e dos agentes
comunitários de saúde da unidade de saúde da família, em que foram realizadas
as entrevistas pelo pesquisador.
As unidades de saúde possuem como estratégia de organização dos
serviços o Programa de Saúde da Família – PSF, que pressupõe o atendimento a
uma clientela limitada, através de ações programadas dirigidas aos vários
segmentos da população incluindo gestantes e puérperas. Possuem, ainda, os
agentes comunitários de saúde responsáveis pelo elo entre a população e a
equipe de saúde.
O serviço de estratégia de Saúde da Família do município de Muriaé
possui 24 equipes e dividem-se em 20 unidades que atendem a zona urbana do
município e 4 que atendem a zona rural, todas com equipes de saúde da família
que representam uma cobertura de 75% do município de Muriaé, conforme dados
da Programação Pactuada Integrada (PPI), realizada anualmente pelos
municípios. As unidades são constituídas por auxiliar de enfermagem,
enfermeira, médico, agentes comunitários de saúde, auxiliar de serviços gerais. A
população adstrita, embora heterogênea, possui nível sócio-econômico baixo com
predominância de famílias que utilizam o Sistema Único de Saúde. As unidades
de saúde escolhidas para pesquisa foram 10 unidades que assistem a zona
urbana do município. Inicialmente, as unidades foram visitadas pelo pesquisador
com o objetivo de informar aos responsáveis pela unidade a respeito da pesquisa,
assim como objetivos e metodologia. Ficou evidenciado que, para a realização da
pesquisa, a participação dos membros da equipe de saúde da família era crucial
na escolha das participantes e no agendamento das entrevistas.
Após a confirmação das entrevistas, as mulheres foram informadas
sobre os objetivos do estudo e garantia do anonimato assinando um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1). Foram realizadas 10 entrevistas no
domicílio das mulheres, de cada bairro selecionado, também utilizou-se as

71
unidades realizadoras das consultas de pré-natal como local de coleta de dados.
As entrevistas foram direcionadas a partir de um roteiro (Anexo 3), previamente
elaborado.
Após a realização da pesquisa surgiu a oportunidade de se elaborar
oficinas de trabalhos com o objetivo de capacitar profissionais de Enfermagem na
realização de práticas de orientações para a gestante. Foi um momento em que
as prováveis dúvidas das gestantes se transformaram em dúvidas dos
profissionais. As oficinas foram dividas em temas, dentre estes se destacou,
alterações sofridas pela mulher durante a gravidez, conforme figuras 1, que
poderão ser verificadas nas 2 e 3 do anexo 6, e representações do parto, figuras
4 do anexo 6.

72
CAPÍTULO 6
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a realização das entrevistas, os dados foram avaliados e,


geraram as categorias para discussão. Inicialmente, os dados foram estruturados
em tabelas permitindo melhor visualização das respostas obtidas e, após, cada
resposta foi analisada e fundamentada.
Na tabela 1 foi evidenciado o perfil das mulheres participantes da
pesquisa em relação à idade, à escolaridade, e ao estado civil, visto que, os três
fatores são importantes quando se trata de gravidez e parto, devido ao fato de
que cada um desses indicadores estarem relacionados à adesão ou não ao pré-
natal, assim como a absorção das orientações fornecidas nas práticas de
educação em saúde.

Tabela 01: Determinação do perfil das mulheres participantes na pesquisa

IDADE (ANOS) N %
12 - 15 - -
16 - 18 09 09
19 - 21 21 21
22 - 25 18 18
26 - 30 35 35
31 - 35 12 12
Mais de 35 05 05
TOTAL 100 100
ESCOLARIDADE N %
Nenhuma 03 03
Primário 53 53
Secundário 39 39
Universitário 05 05
TOTAL 100 100
ESTADO CIVIL N %
Casada 62 62
Solteira 15 15
Viúva 02 02
Estável 21 21
Não respondeu - -
TOTAL 100 100

A gravidez possui muitas representatividades para a mulher, estar


grávida pode trazer para a mulher um misto de prazer e responsabilidade. Gerar é

73
considerado sagrado principalmente, quando referimos à história bíblica. Na área
médica a gravidez passa a ser considerada um conjunto de reações e
transformações no corpo da mulher e ainda existem aqueles profissionais que
associam a gravidez à complicações. Não podemos descartar qualquer hipótese
de complicações; porém, em sua maioria, a gravidez possui um resultado positivo,
tanto para a mãe como para o concepto. Algumas particularidades podem ser
evidenciadas, para o Manual Técnico de acompanhamento pré-natal do Ministério
da Saúde (2005), as idades abaixo de 15 anos e acima de 35 são considerados
fatores de risco para a gravidez. Pode-se perceber nessa pesquisa que em um
universo de 100 mulheres entrevistadas não foram evidenciadas qualquer idade
inferior a 15 anos. Para as mulheres acima de 35 anos foram encontradas 5
mulheres, que baseado em indicadores do Ministério da Saúde (2005), deveriam
ser mais particularmente acompanhadas por possuírem um fator de risco para a
gestação. As demais gestantes envolvidas na pesquisa compreendem a faixa
etária de 16 a 34 anos, consideradas preparadas para gestar.
Pareceu pertinente a investigação do nível de instrução das
mulheres gestantes envolvidas na pesquisa, visto que esse também é um
indicador de risco gestacional, associado ao não entendimento das orientações
prestadas durante a assistência pré-natal. Nesse caso, apenas 5% das
entrevistadas possuem formação universitária; e o maior número de gestantes
53%, possuem apenas formação primária de ensinamentos. Vale ressaltar que a
formação educacional não é a principal forma de se avaliar o aprendizado e o
nível de absorção de conhecimento durante as orientações pré-natais, tal fato
deverá estar relacionado ao número de gestação e nas contribuições sociais e
culturais dos meios onde essas gestantes estão inseridas. É importante
evidenciar que a formação popular de conhecimentos acerca da gravidez nem
sempre corresponde à uma fonte segura e eficaz de informação, isso devido ao
grande número de mitos e tabus que circunda o período gestacional.
Para o Ministério da Saúde (2005), é importante definir o estado civil
da gestante; principalmente, para associar esse à segurança que a mulher terá
durante a gravidez, no que diz respeito ao apoio e ao amparo, já que cada
gravidez possui uma representatividade para a mulher e para a família. Em

74
relação ao estado civil, 62% das entrevistas são casadas, seguida de 21% de um
relacionamento estável. Tal fato pode contribuir para a uma gravidez segura, no
que diz respeito ao amparo da mulher gestante por seu parceiro. Nesse item de
avaliação não foi questionado a satisfação do relacionamento, apenas a
segurança e a estabilidade que, teoricamente, um relacionamento estável
proporciona.
Para Zigel e Cranley (1985), o ato de saber que a gravidez é
comumente do casal pode ser muito útil para reduzir a explosão de sentimentos. Já
para uma mulher gestante potencialmente em conflito com seu parceiro o que se pode
esperar são sentimentos de vulnerabilidade e introversão, pode causar também uma
perda de interesse na expressão sexual convencional.
Na tabela 2, foram avaliadas as alterações apresentadas pelas
mulheres durante a gravidez. Essas alterações não são comuns em todas as
gestantes. Algumas são consideradas condições patológicas, como por exemplo
a hipertensão e o diabetes; outras, se não tratadas, poderão evoluir para
complicações obstétricas pré-parto e pós-parto. Vale ressaltar que foi fornecido
uma série de opções para a mulher identificar suas alterações assim como a
possibilidade delas descreverem outras alterações que não se encontravam
previamente registradas.

75
Tabela 02: Alterações apresentadas durante a gravidez expressadas pelas
participantes da pesquisa

ALTERAÇÕES
APRESENTADAS DURATE N %
A GRAVIDEZ
Hipertensão 18 18
Diabetes 03 03
Vômitos 62 62
Sangramento da gengiva 18 18
Cáries dentárias 32 32
Estrias 44 44
Manchas na pele 24 24
Hemorragias 12 12
Empedramento das mamas 35 35
Infecção nos pontos 06 06
Varizes 32 32
Inchaço nas pernas 62 62
Cansaço fácil 59 59
Alterações da tireóide 03 03
Infecções de Urina 53 53
Corrimento Vaginal 50 50
Hemorróidas 12 12
Azia 56 56
Constipação 26 26
Sensação de desmaio 15 15
Cãibras 53 53
Lombalgia 32 32
Rachadura das mamas 05 05
Insônia 38 38
Cólicas 06 06
Anemia 01 01
Sangramento Vaginal 03 03
Plaquetopenia 01 01
Hipotensão 06 06
Epistaxe 01 01
Dor no estômago 01 01

Ser mãe é saber das transformações do corpo da mulher, é um


momento emoldurado de acontecimentos, surpresas e alterações. Essas
alterações são marcadas a cada período gestacional, que pode didaticamente ser
diferenciado por trimestre gestacional. A cada trimestre são notadas alterações,
em sua maior parte, fisiológicas, específicas. Essas alterações podem aparecer e
desaparecer especificamente em cada trimestre, assim como permanecer por
toda a gravidez ou, simplesmente, retornarem no final da gestação. Nenhuma
gravidez pode ser considerada igual à outra, mesmo sendo o mesmo parceiro, a
cada gestação a mulher pode apresenta alterações inéditas ou, simplesmente,
deixar de apresentar determinadas alterações já conhecidas por ela.

76
Muitas das alterações sofridas pela mulher podem estar
relacionadas à nova experiência de ser mãe, porém essas alterações não estão
relacionadas unicamente a situações emocionais, elas acontecem por alterações
hormonais e por uma adaptação do corpo a essa nova fase da vida.
Para Rappaport (1981), muitas vezes a futura mãe, primíparas,
sente-se inquieta por ter que enfrentar uma criança que ela não sabe como será,
que trará exigências e novas vivências. Ela atravessa, às vezes, uma fase de
angústias que aparenta de perto um estado depressivo menor. Em contrapartida,
a mulher também se sente gratificada com a experiência de ter um filho. É uma
experiência muito individual.

As alterações apresentadas pelas gestantes durante os três


trimestres de gravidez, assim como no período de parto e pós-parto, são
evidenciadas, nesse momento da pesquisa, em que foram oferecidos as opções
para que a gestante marcasse as alterações sofridas por ela, como também
permitiu que ela registrasse outras alterações e/ou complicações sofridas durante
a gestação, parto e puerpério que não estivesse evidenciada nas questões.
Mesmo em um número reduzido, surgiram algumas complicações que a princípio
não foram descritas pelo autor. Essas complicações serão discutidas e
fundamentadas da mesma forma que as previamente descritas pelo autor.
Pode-se perceber que 18% das entrevistadas registraram alterações
de valores pressóricos. O Manual Técnico do Ministério da Saúde (2005), de
assistência pré-natal, descreve que:
“a hipertensão na gestação é conceituada quando observado os
níveis tensionais iguais ou maiores que 140mmHg de pressão
sistólica e 90mmHg de pressão diastólica, mantidos em duas
ocasiões e resguardando intervalo de 4 horas entre as medidas.
Ou quando ocorre um aumento de 30mmHg na sistólica e/ou
15mmHg na diastólica em relação aos níveis tensionais pré-
gestacionais... e, ainda, a presença de uma pressão arterial
diastólica maior igual a 110mmHg em uma única aferição”(MS,
2005, p.50).

Percebe-se que 3% das entrevistadas apresentaram diabetes


durante a gestação, não foi diferenciada se essas mulheres apresentavam tal
patologia antes de engravidar ou passaram a apresentá-la durante a gravidez.
Essa patologia evidencia-se pelo aumento dos níveis séricos de glicose, e essa

77
gestante estará apresentando alterações nos exames de glicemia capilar e
também poderá estar apresentando presença de glicose na urina. O diabetes
gestacional poderá acarretar problemas para a mulher, como risco de parto
prematuro ou até mesmo o aborto. Porém, se essa gravidez for levada até o final
o produto dessa, poderá apresentar como feto macrossômico, com pesos
superiores a 4 Kg.
Para Rezende (2006), o diabetes gestacional é definido como
intolerância a hidratos de carbono de graus variáveis, sua incidência é variável no
mundo (de 3% a 12%). No Brasil, cerca de 7% das gestantes desenvolvem
diabetes gestacional. Descreve ainda que se deva realizar o rastreamento de
cada gestante com o intuito de diagnosticar novos casos. Ainda descreve as
possíveis complicações ao filho da mãe diabética, como prematuridade,
macrossomia, hipoglicemia neonatal, hiperbilirrubinemia, obesidade, síndrome do
desconforto respiratório, dentre outras.
Após a apresentação das gestantes que tiveram alterações em
relação à hipertensão e diabetes, para maior e melhor entendimento, as
alterações agora serão descritas por sistemas.
Em relação às alterações gastrintestinais foram identificados o
vômito em 62% das mulheres, esse vômito está presente devido a grande
alteração hormonal sofrida pela grávida. Para Lowdermilk e Colab (2002):
“... os vômitos estão presentes seguidos ou não de náuseas em 50 a
75% das gestantes, inicia entre o primeiro e o segundo mês de ausência
da menstruação, podendo ocorrer a qualquer hora durante o dia; sua
causa é de origem desconhecida, porém podem resultar de alterações
hormonais, possivelmente do hCG, pode ser parcialmente emocionais,
refletindo orgulho, ambivalência ou rejeição do estado
gestacional”(LAWDERMILK, 2002, p. 288).

Em 26% das gestantes entrevistadas, foi identificada constipação


intestinal, que também é descrito por Lawdermilk e Colab (2002), que:
“... devido ao aumento da progesterona, a motilidade do trato
gastrintestinal se torna mais lenta, resultando em aumento da
reabsorção de água e em ressecamento das fezes. O fato dos intestinos
estarem sendo suprimidos pelo aumento uterino, também é um dos
motivos, além da predisposição para a constipação em razão da
suplementação oral de ferro” (LAWDERMILK, 2002, p. 289).

78
A azia também é registrada pelas gestantes em 56% dos casos,
como alterações gastrintestinais. Ziegel e Cranley (1985) descrevem a azia como
sendo:
“... uma sensação de queimadura retroesternal, freqüentemente descrita
como uma sensação de ardor que sobe do estômago para a garganta, é
causada por regurgitações freqüentes de ácido gástrico para o esôfago”
(ZIEGEL e CRANLEY, 1985, p.151 )

Aqui serão incluídas também as alterações em relação à boca, por


também fazer parte do sistema digestório. O sangramento da gengiva foi notado
em 18% das entrevistadas e a presença de cárie dentária em 32% das mulheres.
Durante o período gestacional, a mulher tende a perder cálcio, principalmente
para a formação óssea fetal; porém, deve-se descartar a hipótese de que o
aparecimento de cáries está relacionado a essa perda de cálcio, pois essa é
insignificante. Esse fato é melhor relacionado à falha na higienização bucal, visto
que no período gestacional a mulher tende a comer mais e em intervalos
reduzidos. A alteração hormonal sofrida pela mulher durante o período de
gravidez é que justifica o sangramento gengival, e também pode estar relacionado
aos erros da escovação. Lowdermilk et al (2002) cita:
“... a gengivite, a sensibilidade e o sangramento da gengiva é uma
condição que desaparece espontaneamente um a dois meses após o
parto, ocorre devido a proliferação do tecido conjuntivo pela estimulação
do estrogênio e também pelo aumento da vascularização.”
(LAWDERMILK et al, 2002, p. 249).

Pode ser registrada ainda a presença de hemorróidas em 12% das


gestantes.
Em relação às alterações da pele, pode-se identificar que 44% das
entrevistadas desenvolveram estrias. Durante a última parte da gravidez,
desenvolvem-se as estrias gravídicas, no abdome, mamas, parte superior das
coxas, podendo ser de coloração rósea, sofrendo mudanças nessa cor após o
parto devido à cicatrização. As estrias são formadas devido às alterações das
fibras de colágeno pelos hormônios da gravidez e, em seguida, pela tensão
sofrida pelo aumento do útero (ZIEGEL; CANLEY, 1985).

79
Manchas na pele foram identificadas em 24% das mulheres. Essas
manchas podem estar presentes na aréola, mamilo, região umbilical, na face,
para Ziegel e Cranley (1985):
“ As modificações pigmentares da pele são provavelmente provocadas
por um hormônio hipofisário, o hormônio melanócito estimulante. O seu
nível sério enormemente aumentado na gravidez, a partir do segundo
mês. Foi relatado que também estrogênio e progesterona estimulam a
disposição de melanina.” (ZIEGEL; CRANLEY, 1985, p.155 )

No que diz respeito às alterações do sistema cardiovascular,


identificou-se que 32% apresentam varizes, 62% inchaço nas pernas.
Quanto às alterações das mamas, 35% relatam empedramento, 5%
rachaduras.
As alterações das genitálias e sistema urinário aparecem
representando 53% de casos de infecção de urina, 50% relatam corrimento
vaginal, 3% sangramento vaginal e, ainda, a presença de hemorragias em 12%
das gestações.
Quando direcionado para as alterações musculoesqueléticas,
identificou-se 53% das gestantes apresentaram cãibras, 32% lombalgia.
Outras alterações apresentaram-se com um número significativo de
gestante, em que as causas não estão vinculadas a um sistema isolado, nesse
caso pode-se descrever que 59% apresentaram cansaço fácil durante sua
gestação, 15% sensação de desmaio e 38% queixaram insônia. Tais alterações
são importantes de serem registradas, avaliadas e acompanhadas devido ao
potencial de conseqüências negativas e seqüelas para a mãe e o concepto.
Apesar de apresentarem como um número pequeno, e não tão
significativo é pertinente comentar acerca das mulheres que apresentaram
alterações em relação à cicatrização de suturas, representadas por 6% delas e
gestantes que apresentaram alterações da tireóide o que corresponde a 3% das
entrevistadas. Pode-se verificar ainda que 6% das entrevistadas relataram
apresentar hipotensão. A queda da pressão arterial pode causar privação
sanguínea para o feto, resultando em complicações fetais. Tais situações são
conflitantes pelo fato da primeira impedir a readaptação da mulher aos hábitos
normais de vida, assim como cuidar de seu filho e si mesma. A segunda pelo fato
dos distúrbios da tireóide gerar transtornos sérios para a mãe.
80
A tabela 03 foi gerada a partir dos relatos dos tipos e número de
partos além da ocorrência de complicações nos mesmos. Sentiu-se a
necessidade de avaliar essas variáveis devido ao fato de, posteriormente, poder
relacionar o nível de orientação recebida com a escolha do tipo de parto, se as
alterações recebidas em uma gestação eram comum a outras ou se em
gestações em que ocorreram complicações, foram destinadas orientações
específicas para outras complicações.

Tabela 03: Descrição do tipo, número e complicações de partos

TIPO DE PARTO N %
Normal 50 50
Cesárea 35 35
Não se adéqua 15 15
TOTAL 100 100
NÚMERO DE PARTOS N %
Nenhum 15 15
01 41 41
02 26 26
03 18 18
Total 100 100
APRESENTOU
COMPLICAÇÕES POS N %
PARTO
Sim 37 37
Não 47 47
Não souberam informar 16 16
TOTAL 100 100

Ao descrever esse indicador, deparou-se com uma problemática que


é a escolha do tipo de parto. Muitas mulheres não podem opinar na escolha do
tipo de parto pelo fato do seu atendimento estar vinculado ao SUS. Porém, as
cesarianas deveriam ser evitadas rotineiramente e somente indicadas em casos
de complicações obstétricas, conforme orientação do Manual do Ministério da
Saúde, 2002. Pode-se perceber que 50% dos partos realizados são normais e
35% são cesáreas, valor que ainda é superado pelos indicados pelo Ministério da
Saúde para obtenção do título de hospital amigo da criança. Os 15% destinados
ao item não se adequam está relacionado à gestante que ainda não apresentou
nenhum tipo de parto.
Cabe ressaltar que, em relação ao número de partos, 18% das
entrevistadas relataram já ter vivenciado mais de três partos, 26% dois partos e

81
41% relataram apenas uma experiência de parto. E ainda tem-se 15% de
gestantes que não passaram pelo processo de parição.
Quando abordado em relação à complicação de parto, identifica-se
que 47% não apresentaram alterações, 37% apresentaram qualquer tipo de
alteração, dentre esses foram identificados, sangramentos, anemias, dificuldades
de amamentar, hipotensão, risco e parto prematuro, dentre outros. Porém o que
mais preocupa-nos é o fato de 16% das entrevistadas não saber informar
complicações. O que pode estar relacionado ao não conhecimento, ou não
absorção, ou ainda ao não atendimento das orientações, para a prevenção de
complicações durante a gravidez.
Ouve-se falar em vários “tipos de parto:” parto normal, parto vaginal,
parto natural, cesárea, parto a ferro (fórceps), parto na água, parto Leboyer, parto
sem dor, parto humanizado, parto de cócoras e assim por diante.
A separação dos partos por tipos é relativamente recente e só
aconteceu como conseqüência do nosso sistema obstétrico, ou seja, depois que a
maioria dos partos passou a ocorrer dentro do ambiente hospitalar, há
aproximadamente 70 anos. Desde então, o parto passou a ser feito quase que
exclusivamente pelos médicos, em macas horizontais, com mulheres em posição
ginecológica. A partir daí, a classificação ficou óbvia: “Parto Normal” ou
“Cesariana”. Não havia alternativas; ou a mulher se adaptava a parir nas
condições padronizadas, ou ía para a cesárea.
As condições padronizadas hospitalares sob as quais as mulheres
deveriam tentar o parto normal eram: separação do companheiro, salas de pré-
parto coletivas sem privacidade, impossibilidade de movimentação, soro com
hormônios e intervenções para acelerar o parto, período expulsivo com a mulher
deitada de costas e pernas amarradas na perneira (o que reduz em 40% o espaço
para a passagem do bebê e diminui a circulação para mãe e feto), comandos para
fazer força, equipe pressionando barriga da mulher, corte rotineiro no períneo,
entre outros.
Essas condições padronizadas para o parto infelizmente ainda são
comuns na maioria dos hospitais brasileiros. Muitas mulheres chamam

82
criticamente o parto normal hospitalar, com todas as suas intervenções de rotina,
de “parto vaginal hospitalar”; já pouco ele apresenta de “normal” ou “natural”.
A partir da década de 70, no pós-segunda guerra e dentro do
movimento revolucionário que se iniciou com o movimento hippie, alguns médicos
e mulheres passaram a questionar o excesso de intervenções e melhores
condições para dar a luz, propondo o resgate do parto como um evento
fisiológico, familiar e afetivo. A partir daí, surgiram as demais possíveis
classificações das “formas de nascer”.
Devido a esse laço de amor tão grande, percebe-se que o parto
seria um dos momentos mais marcantes e significativos da figura feminina.
Entretanto, através de pesquisas bibliográficas notamos que esse momento de
felicidade foi trocado por momentos de angústias e dores para a mulher, em
virtude do crescimento do número de partos cesáreos. Barbosa apud Faundes &
Cecatti (1991), apontam fatores socioculturais, que levariam à preferência, por
parte das mulheres e dos profissionais de saúde, por um parto cirúrgico, tais
como: medo da dor no parto normal, medo de lesões na anatomia e fisiologia da
vagina e a crença de que o parto vaginal é mais arriscado do que uma cesárea,
sendo essa última considerada a forma mais ”moderna" de se ter filhos.
Temos que ver o parto, como um momento de alegria e não como
doença, tratar a mãe como um ser humano, com delicadeza, segurança e
conforto e não como mais uma paciente, atendendo suas expectativas e anseios.
A enfermagem tem como papel, a promoção da saúde, verificada no artigo 1º do
capítulo 1 do código de ética dos profissionais de enfermagem:

“A enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser


humano e da coletividade. Atua na promoção, proteção, recuperação da
saúde e reabilitação das pessoas, respeitando os preceitos éticos e
legais”.

Um dos papéis da enfermagem frente à saúde da mulher e à saúde


obstétrica é de incentivar o acompanhamento do pai ou de parentes socializando
a felicidade; e tornar o parto normal uma prática comum, porque é mais saudável
para a mãe e o bebê.
Existem outras responsabilidades da enfermagem referentes ao
presente tema, como por exemplo: o incentivo ao planejamento familiar,
83
demonstrando a sua importância e valorização frente às questões
socioeconômicas de que o estado materno onera.
A maior parte da população tem dificuldade de acesso aos bens em
geral, inclusive aos serviços de saúde, merecendo portanto, receber um
tratamento prioritário no planejamento da atenção à saúde, englobando
planejamento familiar (COSTA et al, 1989).
Em relação ao número de filhos, a importância dessa pergunta para
essa pesquisa está pautada no nível de orientação e recebida e a aplicabilidade
dessa em novas gestações.
Na tabela 04 foram avaliadas as mulheres que realizaram consultas
de pré-natal e o número de consultas, o intuito era avaliar se durante essas
consultas elas recebiam alguma orientação. Acredita-se que o número de
consultas está intimamente relacionado ao número de informações fornecidas.
Neste momento, o que se avalia é somente se receberam informações e não a
qualidade dessas.

Tabela 04: Mulheres que realizaram o pré-natal e o número de consultas.

REALIZOU CONSULTAS DE
N %
PRÉ-NATAL
Sim 100 100
Não - -
Total 100 100
NÚMERO DE CONSULTAS N %
01 02 2
02 02 2
03 03 3
04 03 3
05 09 9
06 06 6
Mais de 06 75 75
Total 100 100

Quando confirmada a gestação, dá-se inicio às consultas de pré-


natal. O pré-natal consiste em um acompanhamento fornecido à gestante para
verificar e diagnosticar doenças e alterações que possam comprometer a saúde
materna e fetal. Visa orientar hábitos de vida (dietas, vestuário), preparação para
o parto, diagnóstico e tratamento de doenças pré-existentes e próprias da
gestação.

84
Lowdemilk e Colab (2002) ressaltam que o pré-natal tem por objetivo
levar conhecimento às gestantes sobre os cuidados com a sua própria saúde,
bem como a do bebê. Dentre algumas orientações, citam-se, por exemplo: o
desconforto físico da gestação; ambivalência e emoções instáveis; mudanças na
dinâmica familiar; bem-estar fetal; mudança de papel e responsabilidade;
compreensão das alterações físicas e emocionais, e também, das mudanças
anatômicas e fisiológicas da gestação.
Segundo Silva e Colab (2006), a assistência pré-natal é alvo de
crescente destaque na atenção materno-infantil, campo de intensa preocupação
na história da Saúde Pública. Grande parte do sucesso da gestação depende de
medidas preventivas, tais como: nutrição adequada, exercícios apropriados,
avaliações da gestante e um esquema planejado de cuidados. Esses cuidados
são contemplados nas consultas pré-natais, mediante atendimento integrado à
saúde da gestante e do feto.
Preconiza Moura e Lopes (2003) que o objetivo da assistência pré-
natal é acolher a mulher desde o início da gravidez, visando a promoção e
prevenção da saúde da gestante e do concepto.
Na pesquisa realizada, percebeu-se que todas as entrevistas
realizaram as consultas de pré-natal. Tornou importante investigar o número de
consultas de pré-natal para assim associar às orientações recebidas. Para tal,
não foram verificadas em que momento do pré-natal essas eram fornecidas, e sim
apenas se eram ou não repassadas à gestante. Dessa forma, pode-se verificar
que 75% das entrevistadas realizaram mais de 6 consultas de pré-natal, que é
uma meta estabelecida pelo SISPRENATAL, programa em que cada município
deverá estar pactuado.
Para o pré-natal de risco habitual, preconizam-se, no mínimo, 6
consultas, sendo: 1 consulta no 1º trimestre; 2 consultas no 2º trimestre e 03
consultas no 3º trimestre. Recomenda-se que o intervalo entre as consultas seja
de 4 semanas até a gestação completar 36 semanas e, a partir desse período,
que os intervalos sejam de 15 dias. Essa é a rotina ideal para a assistência pré-
natal, no que diz respeito ao número de consultas e o intervalo. (OLIVEIRA et al,
2003).

85
Pode-se perceber na pesquisa que o número de mulheres que não
realizaram as 6 consultas de pré-natal correspondem a 25%. Vale destacar que
parte dessas mulheres encontrava-se em início de gravidez, não completando
assim o seu ciclo de consultas. Para estas, foram permitidas sua participação na
pesquisa por estarem vivenciando sua segunda ou mais gravidez, podendo dessa
forma registrar as vivências de gravidez anteriores.
Na tabela 05 foi descrito a opinião das mulheres entrevistadas em
relação às consultas de pré-natal.

Tabela 05: Opinião das participantes da pesquisa em relação ao pré-natal e


se receberam orientações nessas consultas.

OPINIÃO SOBRE O PRÉ-


N %
NATAL
Ótimo, satisfez todas as
74 74
minhas dúvidas e angústias.
Muito Bom, porém nem tudo
que gostaria de saber foi 12 12
informado.
Bom, porém nem tudo que
gostaria de saber foi 18 18
informado.
Ruim, pois não tinha muito
- -
contato com o profissional.
Ruim, pois não recebia
nenhuma informação sobre a - -
gravidez.
Indiferente, pois fui poucas
- -
vezes nas consultas.
Não fez o pré-natal - -
TOTAL 100 100

A assistência pré-natal é fundamental para o preparo da


maternidade. Não deve ser encarada como simples assistência médica e/ou de
enfermagem.
As técnicas de investigação na realização do pré-natal implicam a
entrevista, o exame físico e os testes laboratoriais. A avaliação inicial abrange
uma história de saúde completa, enfatizando a gestação atual, as anteriores, a
família, o perfil psicossocial, o exame físico, os testes diagnósticos e a
investigação de risco em geral (LOWDEMILK et al, 2002).
Benigma et al (2004), descreve que as consultas de pré-natal são
trabalhos de prevenção de intercorrências clínico obstétricas e assistência

86
emocional. O profissional que dá assistência pré-natal deve conhecer a fisiologia
da gravidez, a fisiopatologia das intercorrências clínicas e as modificações
emocionais do ciclo gravídico-puerperal.
Para Siqueira apud Moura, Lopes (2003, p165), “o acompanhamento
pré-natal abrange as orientações para a saúde e os encaminhamentos
necessários para que a gestação se desenvolva dentro dos parâmetros
desejáveis. Visa também assegurar uma evolução normal da gravidez; preparar a
mãe para um parto, puerpério e lactação normais; identificar o mais rápido
possível as situações de risco, para que seja possível prevenir as complicações
mais freqüentes da gravidez e do ciclo puerperal.
Para as entrevistadas, a qualidade pré-natal está dentro dos
parâmetros de qualidade, em que 74% delas relatam estar ótima a assistência
pré-natal, seguida de 18% bom e 12% muito bom; e, juntamente com a avaliação
da qualidade, elas marcaram a opção em que diz respeito à satisfação de dúvidas
e angústias. Se nesse momento for realizado uma comparação entre os dados
obtidos nessa questão com as orientações recebidas, poderemos identificar que
nem todas as gestantes foram orientadas a cerca das orientações mínimas para o
bom andamento de uma gravidez.
A atenção pré-natal representa uma oportunidade para as mulheres
receberem assistência adequada, um espaço em que possam expor suas dúvidas
e sentimentos, serem ouvidas e esclarecidas. Constitui-se um exercício de
promoção e prevenção da saúde física e mental da gestante, mediante a
identificação das alterações próprias da gravidez e os encaminhamentos
necessários, a fim de evitar repercussões prejudiciais ao feto (SILVA et al, 2006).
É importante ressaltar que as práticas de pré-natal não são
exclusivas para a realização de dados antropométricos, medições e auscultações,
esse momento deve ser utilizado principalmente para se ouvir a mulher, tornando
como agente primordial do processo de gerar. Em que cada informação
necessária para o bom andamento da gravidez e o completo bem estar da mãe e
do bebê seja fornecida.
É um momento de identificação precoce das alterações e dos fatores
de risco, por isso a importância do acolher bem a mulher, para que seja criado um

87
vínculo com os profissionais de saúde e essa mulher tenha liberdade suficiente de
relatar suas angústias e preocupações.
A consulta de pré-natal deve ser então, um espaço privilegiado para
que a gestante traga seus questionamentos e sinta-se segura para discuti-los.
Para assistir adequadamente essa mulher, o profissional de saúde deverá
aproximar-se de cada sujeito, sendo essencial para isso que haja processo
dialógico e intersubjetivo expresso numa mutualidade de comunicação. Torna-se
fundamental que o profissional disponha a ouvir essas mulheres, para identificar
suas necessidades e expectativas (MOURA e LOPES, 2003).
Como suporte e apoio para os municípios foi implantado o Programa
de Humanização do parto e nascimento com metas a serem alcançadas pelos
municípios, visando a uma qualidade de atendimento garantindo o acesso das
mulheres ao pré-natal.
De acordo com o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2000), o programa de
humanização no pré-natal e nascimento (PHPN) é um importante instrumento
para a organização e estruturação de redes de referência para o atendimento às
gestantes nos municípios, na lógica da regionalização e hierarquização do
sistema de saúde. Assegura a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade
do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e
ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos da cidadania.
Na tabela 06, questionou-se o fato da mulher ter não recebido
orientações durante as consultas de pré-natal, sem se preocupar com a qualidade
dessas orientações.

Tabela 06: Receberam orientações nas consultas de pré-natal.

RECEBEU ORIENTAÇÃO
NAS CONSULTAS DE PRÉ- N %
NATAL
Sim 100 100
Não - -
TOTAL 100 100

No que diz respeito a ter recebido orientações todas as entrevistas


registraram em seus questionários que sim. Em nenhum momento foi solicitado

88
que as mesmas avaliassem a qualidade das orientações fornecidas, somente se
eram presentes em suas consultas pré-natais.
As orientações para as gestantes são fundamentais para um bom
resultado das gestações; no início do pré-natal, essas são orientações gerais, ao
longo do pré-natal, elas devem satisfazer as necessidades dos clientes, visto que
essas estão relacionadas às principais queixas apresentadas pela mulher.
Na tabela 07, será descrita o tipo de orientações fornecidas à mulher
durante as consultas de pré-natal.

Tabela 07: Orientações recebidas no pré-natal.

TIPOS DE ORIENTAÇÕES
RECEBIDAS DURANTE O N %
PRÉ-NATAL
Preparo das mamas 85 85
Cuidados com as mamas 82 82
Cuidados com alimentações 94 94
Fracionamento das refeições 68 68
Cuidado com os dentes 44 44
Prática de exercício físico 59 59
Repouso 71 71
Cuidado com a pele 35 35
Encaminhamento para
09 09
especialista
Controle de peso e edema 71 71
Orientações quanto aos
cuidados após ir ao banheiro 38 38
urinar e evacuar
Evitar tempos prolongados de
76 76
jejum
Realizar coleta de preventivo 24 24
Participar de grupos 26 26
Trazer o parceiro para
53 53
participar das consultas
Melhorar a ingestão de água 79 79
Alterações da vagina 29 29
Alterações das mamas 32 32
Relação sexual 50 50
Cuidados com unhas e
44 44
cabelos

Após a análise da questão referente às orientações recebidas,


percebe-se que não foram uniformes as orientações fornecidas. É importante
destacar que as mulheres realizaram consultas com profissionais distintos em
unidades distintas e em comunidades diferentes; com isso, pode-se até justificar a
não uniformidade das orientações. É sabido que as dúvidas e as angústias das

89
gestantes não são comuns; portanto, é importante que se trabalhe as principais
alterações do corpo da mulher e a prevenção de complicações.
Pode-se classificar essas orientações para melhor discuti-las. Em
relação ao preparo das mamas para o aleitamento materno, 85% das mulheres
relatam ter recebido essas orientações e 82% registram orientações em relação
aos cuidados com as mamas. É fundamental que nas consultas de pré-natal
sejam orientados esses tipos de cuidados, viso que ambos serão fundamentais
para o sucesso da amamentação.
Giugliani (2000) descreve que “atualmente tem se recomendado
amamentação exclusiva por aproximadamente 6 meses e manutenção do
aleitamento materno complementado até os 2 anos ou mais. Apesar das
abundantes evidências cientificas da superioridade do leite materno sobre os
outros tipos de leite, ainda é baixo o número de mulheres que amamentam os
seus filhos de acordo com as atuais recomendações. Os profissionais de saúde
podem melhorar esse cenário, promovendo a amamentação e ajudando as
mulheres que amamentam a superar uma série de obstáculos à amamentação
bem sucedida. Para a realização dessa tarefa, são necessários conhecimentos e
habilidades no manejo das diversas fases da lactação. Aconselhamento no pré-
natal, orientações e ajuda no período de estabelecimento da lactação.”
Em relação aos cuidados com a alimentação, 94% das entrevistadas
relatam ter recebido esse tipo de orientação e 68% registram a informação sobre
o fracionamento das refeições, essas condutas são importantes; primeiro, para o
controle do peso e depois para o tratamento e prevenção da azia, mal estar e
sensação de “estômago muito cheio”. Neste momento é pertinente registrar que
71% das mulheres foram orientadas em relação ao ganho ponderal. Em relação à
melhoria da ingesta hídrica, 79% das mulheres relatam serem orientadas a
respeito. Da mesma forma que se orienta em relação à alimentação, deve-se
informar à mulher a não permanência de tempos prolongados em jejum, devido
ao risco de hipoglicemia; neste caso, 76% das mulheres relatam terem sido
orientadas.
Outro grupo de orientações que surge, está relacionado aos
cuidados com o corpo nos quais 44% relatam orientações no cuidado com os

90
dentes, 38% na hora da higiene íntima, 35% no cuidado com a pele e 44% no
cuidado com unhas e cabelos. Esses cuidados vão muito além dos cuidados
estéticos, pois devido aos distúrbios hormonais existem alterações sofridas para
cada um dos indicadores.
É importante que seja trabalhado com as gestantes as possíveis
alterações sofridas pelas estruturas anatômicas, principalmente às relacionadas
ao aparelho sexual. Essas alterações são em funções da gravidez e do parto. Em
relação às alterações sofridas pela vagina, 29% relatam terem sidos orientadas e
32% registram informações a cerca das alterações das mamas. Sabe-se que
podem ocorrer alterações da libido da mulher no período gestacional, 50% das
entrevistadas relataram terem sidas orientadas sobre as alterações em relação a
pratica sexual.
Dependendo do período gestacional, a mulher pode ser orientada
acerca das atividades físicas, principalmente para trabalhar a embebição
gravídica causada pelas alterações hormonais; neste caso, 59% delas foram
orientadas. Porém, é importante ressaltar que, em alguns momentos,
principalmente após refeições, ou em caso de edema, essas mulheres devem ser
orientadas sobre o repouso, identificou-se que 71% delas foram orientadas sobre
essa prática.
Aproveita-se as consultas para determinar algumas práticas a cerca
da rotina de atenção à mulher no período gravídico e puerperal; em relação à
essas condutas, 24% das mulheres relatam terem sido orientadas a realizar a
coleta de preventivo, número preocupante visto que esse é o momento de se
identificar qualquer anormalidade que acometerá uma antecipação do parto.
Identificou-se que apenas 26% das mulheres foram orientadas a participar dos
grupos de gestante, essas atividades são importantes para aprendizado e troca
de experiências entre as mulheres nessa fase da vida. A participação do parceiro
nas consultas é fundamental para proporcionar segurança para a mulher; porém,
essa não é uma conduta global identificada na pesquisa, em que apenas 53% das
mulheres foram estimuladas a participar o parceiro nas consultas.
Um ponto importante para se trabalhar com as mulheres está
relacionado aos mitos e tabus relacionados à gravidez. Cada mulher vivencia seu

91
processo de gestação de uma forma e cada gravidez possui uma representação
social e familiar; com isso, é comum que membros da família, pessoas da
comunidade transmitam informações à gestante; porém, nem sempre essas
informações condizem com a ciência.
A tabela 08 revela a participação das entrevistadas em grupos de
gestantes, além de informar a qual grupo elas fizeram parte quando da resposta
positiva. Cabe ressaltar que a participação em grupos é importantíssima para a
gestante, pois, permite que essa se familiarize com a gestação, principalmente
com relatos de outras mulheres, dessa forma, ela consegue trabalhar melhor suas
dúvidas e ansiedades, visto que o momento do grupo é um momento de trocas de
experiências.

Tabela 08: Participação em grupos de gestantes.

PARTICIPAÇÃO EM
N %
GRUPO DE GESTANTE
Sim 35 35
Não 65 65
TOTAL 100 100
LOCAL DO GRUPO DE
N %
GESTANTE
Na comunidade 03 8
PSF próximo a residência 23 66
Da igreja 09 26
TOTAL 35 100

Nos dias atuais, a mulher não passa toda a sua gravidez em estado
de inércia, simplesmente esperando o filho nascer. Sendo assim, a parceria da
grávida com o pré-natalista que a assiste é extremamente fundamental para uma
gestação saudável, tranqüila e um parto bem sucedido; contudo, o modo como
ela vive o seu dia-a-dia, vai afetar diretamente a gestação e, conseqüentemente,
ao feto e ao parto. Portanto, a gestante precisa estar atenta a uma série de
cuidados especiais (LOPES, 2005).
Quando abordadas sobre a participação em grupos de gestantes,
identificou-se que apenas 35% das entrevistadas freqüentaram um grupo; dessas
a maior parte, 66% estavam vinculados à unidade de saúde da família, seguido
de 26% relacionado à igreja e 8% a grupos da comunidade. Cabe ressaltar, neste
momento, a importância da comunidade e dos grupos religiosos para a gestante;

92
pois, em muitas vezes, são nesses grupos que as mulheres buscam apoio e
segurança.
A estratégia saúde da família tem um importante papel na inversão
do modelo assistencial, de curativo para preventivo; dessa forma, está estruturado
para elaborar grupos de gestante e fornecer informações ideais e adequadas para
cada gestante, seja em atividades em grupo, isoladas ou em visitas domiciliares.
Segundo Potter (2001), durante todo o período de gestação, a
equipe de enfermagem poderá estar colaborando atentamente para o bom
desempenho da gravidez, auxiliando a gestante com algumas intervenções,
dentre essas pode o enfermeiro atuar, minimizando a dor ensinando a gestante a
usar a boa mecânica corporal, usar calçados confortáveis, com salto baixo,
estimular caminhadas suaves. Mantendo a nutrição adequada estimulando a
gestante a ingerir refeições pequenas e freqüentes, incentivar a beber caldos e
líquidos durante as refeições, para evitar distenção do estômago. Estimular a
gestante a utilizar frutas e vegetais na sua alimentação. Evitando constipação
instruindo a mulher a aumentar a ingestão de líquidos, se possível até 2 litros
diários, explicar que os alimentos ricos em fibras devem ser consumidos
diariamente. Reduzindo a ansiedade e o medo incentivando o casal a discutir
seus conhecimentos sobre a gravidez, bem como o tipo de parto que poderão
fazer opção. Incentivar visitas ao berçário. Esclarecendo as dúvidas que o casal
possa ter com relação ao nascimento da criança. Minimizando a fadiga Ajudar a
gestante a planejar o exercício adequado a sua condição e indicar os possíveis
motivos da fadiga para que ela os evite.
Na tabela 09 foi descrito a opinião expressada pela mulher no
contato com a equipe de enfermagem.

93
Tabela 09: Opinião sobre o contato com a equipe de enfermagem.

OPINIÃO SOBRE O CONTATO


COM A EQUIPE DE N %
ENFERMAGEM
Ótimo, satisfez todas as minhas
79 79
dúvidas e angustias.
Muito Bom, porém nem tudo que
06 06
gostaria de saber fui informada.
Bom, porém nem tudo que
15 15
gostaria de saber fui informada.
Ruim, pois não tinha muito
----- -----
contato com o profissional.
Ruim, pois não recebia nenhuma
----- -----
informação sobre a gravidez.
Indiferente, pois fui poucas vezes
----- -----
nas consultas.
Não teve contato com a equipe
----- -----
de enfermagem
TOTAL 100 100

Na avaliação desses indicadores, pode-se identificar que as


mulheres consideram importantes os atendimentos de enfermagem e, a maior
parte delas, correspondente a 79%, relatam sentir-se realizadas em relação a
solução de dúvidas e suas angustias; 6% delas sentem necessidades de algumas
informações, porém consideram muito bom em nível de qualidade dos
atendimentos de enfermagem. Um percentual de 15% das entrevistadas classifica
o contato com a enfermagem como boa, porém sentiram falta de algumas
orientações em relação à gravidez, ao parto e ao puerpério.
Na tabela 10, foi demonstrada a opinião a cerca do que precisa ser
melhorado no serviço de enfermagem.

Tabela 10: Opinião sobre as necessidades de melhoria no serviço de


enfermagem.

OPINIÃO SOBRE O QUE


PRECISA MELHORAR NO N %
SERVIÇO
A recepção 09 09
Atendimento 15 15
A forma de orientação ao
15 15
público
Não tem nada a melhorar 53 53
O enfermeiro poderia fazer as
consultas e orientações para 26 26
a gestante
Realizar visitas domiciliares
24 24
para orientações

94
Quando solicitado às mulheres o que precisaria ser melhorado, 53%
delas relatam não ter nada a melhorar, porém foi identificado que o atendimento
necessita ser modificado para 15% e a recepção para 9%. A forma de orientação
ao público deve ser melhorada para 15% das entrevistadas. Um ponto crucial da
pesquisa, é o momento em que 26% das mulheres entrevistadas registram que os
enfermeiros deveriam realizar as consultas de pré-natal, fornecendo assim
também as orientações para a gestante. A visita domiciliar poderia ser melhorada
para 24% das entrevistadas. Esse pontos demonstram que a enfermagem vem
desempenhando o seu papel dentro da equipe de saúde, conquistando seu
espaço e o respeito dos usuários do serviço de saúde.
Na tabela 11, foi registrado a participação de familiares no processo
de parto e nascimento e ainda expressaram a importância de alguém da família
nesse momento.
Tabela 11. Participação de familiares no processo de nascimento.

PARTICIPAÇÃO DE
ALGUÉM DA FAMÍLIA NO N %
NASCIMENTO
Sim 44 44
Não 56 56
TOTAL 100 100
OPINIÃO SOBRE A
PARTICIPAÇÃO DO N %
FAMILIAR NO NASCIMENTO
Sim 100 100
Não - -
TOTAL 100 100

Embora, recentemente, o direito ao acompanhante na sala de parto


no acompanhamento do trabalho de parto e parto ter se tornado uma lei, ainda
não é implementado pelos serviços de saúde, talvez pelo despreparo dos
profissionais, ou por não possuir uma estrutura física ideal ou, até mesmo, pelo
despreparo dos acompanhantes, por não existir grupos e oficinas de orientações
para o acompanhante. Sendo assim, fica registrado que apenas 44% das
mulheres tiveram a presença de um acompanhante no acompanhamento do
parto. Fica evidenciado que a mulher se sentirá mais segura se alguém de sua
escolha estiver ao seu lado durante o nascimento de seu filho, visto que 100%
das entrevistadas relataram achar importante a presença de um acompanhante
nesse momento.
95
Na tabela 12, registra-se as práticas realizadas pelas mulheres no
período de pré-natal.

Tabela 12: Práticas realizadas durante o pré-natal.


PRÁTICAS
REALIZADAS DURANTE SIM (%) NÃO (%) TOTAL
O PRÉ-NATAL
Coleta de Preventivo 24 76 100
Exercícios de preparo das
mamas 71 29 100
Treinamento sobre a
forma correta de 79 21 100
amamentar

Os cuidados à gestante no período de pré-natal compreendem um


conjunto de práticas capazes de conduzir uma gravidez saudável e prevenir
complicações. A coleta de preventivo já é considerada rotina em algumas cidades
e o Manual Técnico de Assistência Pré-natal, do Ministério da Saúde já define
quais as condições que definem a realização do exame; porém, observa-se na
pesquisa que essa não é uma prática rotineira, visto que apenas 24% das
mulheres realizaram a coleta de exame. Ao contrário, o treinamento sobre a forma
correta de amamentar e a realização de exercícios de preparo das mamas foi
realizado por 79% e 71%, respectivamente, apesar de um número bastante
significante; esses passos não garantem o sucesso do aleitamento materno no
município, pois, de acordo com as pactuações, o município deve cumprir
praticamente 100% de mulheres com aleitamento materno exclusivo até o sexto
mês, visto que esse é um indicador de qualidade junto às práticas de assistência
à saúde da mulher e da criança.
Na tabela 13, identificaram-se alguns acontecimentos com a mulher
durante a gestação, por uma falha nas orientações ou um não cumprimento
dessas.

96
Tabela 13: Acontecimentos durante a gravidez.

ACONTECIMENTOS
SIM (%) NÃO (%) TOTAL
DURANTE A GRAVIDEZ
Aparecimento de cáries 26 26 74 74 100
Aparecimento de mau hálito 29 29 71 71 100
Dor de dente 38 38 62 62 100
Perda de líquida vaginal 12 12 88 88 100
Alterações do humor 94 94 06 06 100
Alterações no interesse pelo
marido 47 47 53 53 100
Sensação de não estar
gostando de você 65 65 35 35 100

Alguns acontecimentos podem acometer a mulher durante à


gestação, seja por uma falta de cuidado ou não adaptação às orientações
recebidas. O aparecimento de cárie, presente em 26% das mulheres, pode estar
relacionado a falhas na higiene oral e não à perda de cálcio para formação óssea
do feto, de acordo com pensamento de muitos. Conseqüentemente, pode ocorrer
o aparecimento de dor de dente que, nesse caso, foi presente em 38% das
entrevistadas. O mau hálito presente em 29% das mulheres pode estar
relacionado a alterações hormonais ou, até mesmo, na falha de higienização.
Uma complicação na gestação é a perda de líquido, presente em
12% das gestantes, esse fato pode estar relacionado a um processo infeccioso,
uma vaginose ou qualquer complicação da bolsa de líquido. Deve-se ressaltar
que essa ocorrência não é um fato fisiológico.
Quando abordadas sobre alterações do humor, 94% delas relataram
que apresentaram qualquer tipo de orientação, podendo estar relacionada ao
choro fácil ou irritabilidade. Em relação à alteração da libido, 47% das
entrevistadas registram ter sentido alterações no interesse pelo parceiro, o que
pode estar relacionado ao medo da gravidez, ao medo de acontecer alguma coisa
com o filho, às mudanças sofridas pelo corpo e, também, em relação aos
hormônios que aparecem na mulher durante a gravidez. Vale destacar que as
alterações corporais sofridas pela mulher podem fazer com que essa se sinta
diferente ao se olhar no espelho; 65% das mulheres relataram não estar gostando
de si própria durante a gravidez, outras 35% registram que esse não foi um
sentimento experimentado por elas durante o processo de gravidez.

97
Segundo Lopes (2005), a gestante deve procurar levar uma vida
normal e feliz, pois é uma fase da vida da mulher muito especial, e ela deve
aproveitá-la e vivenciá-la ao máximo, aceitando a gravidez sem a “paranóia” com
a estética, a qual na devida proporção, certamente contribuirá muito para que a
gestante vivencie tranqüilamente essa fase de sua vida.

98
CAPÍTULO 7
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estar grávida pode revelar muitas e inesperadas reações em uma


mulher. Poder planejar uma gestação, a época certa do nascimento, ou descobrir-
se grávida em uma situação inesperada; seja qual for situação, a gravidez irá
expressar sentimentos para a mulher, o parceiro, a família, pois cada gravidez
possui também uma representação social. Na maioria dos casos, o estar grávida
desperta uma grande alegria na mulher.
Em qualquer situação, no entanto a gravidez é um capítulo muito
especial na história da mulher, pelo fato de sentir-se importante, ser responsável
pelo desenvolvimento de um novo ser. Mesmo na que já passou por outras
gestações, cada gravidez traz um conjunto de novas e desconhecidas sensações.
Associado a esse misto de alegria e preocupação, a gravidez é um
período em que a mulher deve-se preocupar mais com sua saúde e deve procurar
uma unidade de saúde mesmo não estando doente, visto que a gravidez não é
considerada uma condição patológica. É nesse período que se iniciam as
consultas de pré-natal com o objetivo de cuidar da saúde da mãe para prevenir a
saúde do concepto.
A gravidez é um período de profundas transformações para a
mulher, podem ocorrer mudanças físicas, anatômicas, fisiológicas, do modo de
pensar e de agir. Hora se ri demais, hora se irrita demais e outra hora chora, é
que chamamos de labilidade emocional. A preocupação com o corpo vai muito
mais do que preservar as silhuetas; e sim em ter condições saudáveis para gerar
filhos saudáveis. Por si só, o ser humano necessita de carinho e atenção, somos
seres essencialmente necessitados de afeto. Geralmente, começamos a ser
amados ainda na barriga da mãe e crescemos desejosos de abraços, carinhos e
de aconchego de amigos e família. Durante a gravidez, percebemos que essa
necessidade aumenta, a mulher grávida sente a necessidade de ser desejada e
querida. É importante que as pessoas que a circulam, que fazem parte do seu
dia-a-dia sejam cordiais e carinhosas com a mesma.

99
A gravidez é um momento muito especial no qual o processo
reprodutivo alcança uma de suas etapas mais importantes. Culmina com o
nascimento, reiniciando um novo ciclo para a espécie humana. Entre tantos
momentos fundamentais na vida de um ser humano, a gravidez representa a
passagem para uma nova condição. São nove meses de transformações físicas e
emocionais que preparam a mulher para uma tarefa singular que é dar à luz e ser
mãe.
Baseado nessas alterações é que se elaborou essa pesquisa em
que se pode perceber que não existe uma rotina de orientações fornecidas à
gestante por parte dos responsáveis pelas consultas de pré-natal e preocupa-nos
saber que não é eficiente o serviço de encaminhamento da mulher para grupos de
gestantes, muito menos se preocupa com a participação dos parceiros ou pais
durante as consultas. Esses são fatores considerados como parte inicial da
assistência pré-natal, compreende a fase do acolhimento que resultará em uma
assistência humanizada.
Em relação às alterações sofridas pelo corpo da grávida, percebe-se
que muitas gestantes são orientadas, porém a cerca de uma mesma conduta.
Muitas vezes, a preocupação está relacionada ao risco ou à condição patológica
passível de desenvolvimento durante a gravidez. Mesmo assim, omitem-se as
diretrizes preconizadas pelo Ministério da Saúde em relação a algumas condutas,
como a coleta de preventivo, avaliação do risco gestacional e a educação em
saúde. E ainda não se preocupa com a promoção da saúde através de práticas
educativas, trabalhando o direito da grávida, as dúvidas e indagações, os mitos e
as realidades e os tabus que uma gravidez pode evidenciar. Em outros
momentos, preocupa-se apenas com resultados de exames ou com a
visualização do sexo do bebê, não que eles não sejam importantes, porém, não
são os essenciais.
Os avanços tecnológicos, apesar de necessários, não substituiem as
evidências clínicas e o trabalho em equipe. Percebe-se a necessidade da
inserção de outros profissionais nesse contexto visando à atenção integral à
saúde da mulher. Dentre esses profissionais, evidencia a presença do profissional
enfermeiro. O avanço tecnológico combinados, a fatores de risco da gravidez e as

100
mudanças econômicas estimula os enfermeiros a serem profissionais altamente
especializados e mais comunicadores. Por isso, devemos ter como meta a
assistência no ciclo gravídico e ter a certeza de que cada gestação irá resultar em
uma mãe, bebê e unidade familiar saudáveis. Hoje em dia, o enfermeiro, para
atingir esse objetivo, lida com muitas questões desafiadoras e progressivas.
Deve-se ter em mente que a gestante é muito mais que uma barriga
ou um par de mamas que precisam ser preparadas para aleitar o produto de seu
ventre. Os sentimentos são individualizados, as sensações são únicas, as queixas
são isoladas; com isso, a mulher deve ser considerada como protagonista do seu
processo de gerar e de parir.
As práticas de pré-natal são os momentos de maior contato do
responsável pela consulta com a grávida. É fundamental que a cada instante seja
fornecido à gestante confiança e suporte, principalmente, identificando a
representatividade da gravidez, o sentimento vivenciado naquele momento,
fazendo com que a mulher encontre no pré-natalista segurança e apoio,
aumentando a interação da mulher grávida com a equipe de saúde. As práticas
mecanizadas de assistência pré-natal provocam um distanciamento entre a
mulher e o serviço de saúde, impedindo que sejam identificados os atenuantes
que possam interferir no processo de gestação e parto.
A partir do momento que se identificam as falhas de uma
assistência, é possível elaborar estratégias de trabalho visando uma qualidade de
vida. Na assistência integral à saúde da mulher, é fundamental que se planejem
ações de prevenção e promoção de saúde, principalmente no que diz respeito ao
planejamento e acompanhamento de uma gravidez.
Como produto final dessa obra, elaborou-se uma cartilha destinada à
mulher grávida, nessa, passo a passo, a mulher irá se encontrar, percorrendo
desde os sinais e sintomas de gravidez, passando pelas alterações, conhecendo
o corpo da grávida, identificando a importância do pré-natal, desmistificando os
mitos e tabus da gravidez, sabendo o que se pode e o que não se pode fazer
nesse período e encerrando com o parto, não com a definição do parto, mas sim
como a proposta de transformação do processo de nascimento.

101
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106
ANEXOS

107
Anexo 1
TERMO DE CONCORDÂNCIA
Muriaé, _______/_______/_______
Prezado (a) Sr (a).________________________________________________

Estou realizando um Projeto de Pesquisa, como requisito parcial para a


conclusão do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências da
Saúde e do Ambiente, junto ao Centro Universitário Plínio Leite.
A Pesquisa tem como título provisório: DA CONCEPÇÃO AO
NASCIMENTO - PRÁTICAS EDUCATIVAS NA ASSISTÊNCIA À MULHER NO
PERÍODO GRAVÍDICO E PUERPERAL.
Os objetivos da Pesquisa são: identificar as práticas educativas realizadas
no atendimento pré-natal do município de muriaé, relacionando com os relatos
das mulheres entrevistadas à possíveis prevenção de complicações e
proporcionar práticas educativas na qualidade da assistência à mulher grávida do
município de Muriaé, que realizam o pré-natal pelo Sistema Único de Saúde.
Desta forma solicito a sua participação voluntária na realização de uma
entrevista , que me possibilitará coletar dados para a minha pesquisa.
Sua colaboração será muito importante.
As informações e opiniões emitidas por você serão tratadas anonimamente
e com total sigilo.
Agradeço sua colaboração, solicitando ainda seu acordo nesse documento.
Atenciosamente,
Pedro Paulo do Prado Junior

Eu, ___________________________________________________ aceito


participar deste Projeto de Pesquisa; participando da entrevista que poderão ser
gravadas.
Data e assinatura: ________________________________________________

108
Anexo 3
Roteiro para Entrevista
Nome: _________________________________________________________
Idade:
( ) 12 a 15 ( ) 18 a 21 ( ) 25 a 30 ( ) mais de 35
( ) 16 a 18 ( ) 22 a 25 ( ) 30 a 35

Cor:
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela

Escolaridade:
( ) Nenhum ( ) Primário ( ) Secundário ( ) Universitário

Estado Civil / União


( ) Casada ( ) Solteira ( ) Estável ( ) Viúva

Numero total de partos: ______ ( ) normais ( ) cesarianas

Você realizou pré-natal: ( ) sim ( ) não


Caso sim, quantas consultas de pré-natal fez?
( )1 ( )2 ( )3 ( ) 4( ) 5 ( )6 ( ) mais de 6

Você já teve complicações do parto? (recente ou tardias) ( ) sim ( ) não


Caso sim. Qual: _________________________________________________

Apresentou algumas das alterações abaixo? ( ) sim ( ) não. Caso Sim, marque quais.
( ) Hipertensão ( ) Cansaço fácil
( ) Diabetes ( ) Alterações da tireóide
( ) Vômitos ( ) Infecções de Urina
( ) Sangramento da gengiva ( ) Corrimento Vaginal
( ) Cáries dentária ( ) Hemorróidas
( ) Estrias ( ) Azia
( ) Manchas na pele ( ) Constipação
( ) Hemorragias ( ) Sensação de desmaio
( ) Empedramento das mamas ( ) Cãibras
( ) Infecção nos pontos ( ) Lombalgia
( ) Varizes ( ) Insônia
( ) inchaço nas pernas ( ) Outros___________________

O que você tem a dizer do seu pré-natal ?


( ) Ótimo, satisfez todas as minhas dúvidas e angústias
( ) Muito bom, porém nem tudo que gostaria de saber foi informado
( ) Bom, porém nem tudo que gostaria de saber foi informado
( ) Ruim, pois não tinha muito contato com o profissional
( ) Ruim, pois não recebia nenhuma informação sobre a gravidez
( ) Indiferente, pois fui poucas vezes nas consultas
( ) Não fez o pré-natal

Recebeu alguma orientação durante as consultas de pré-natal?


( ) sim ( ) não. Caso Sim, marque quais orientações abaixo recebeu:
( ) Preparo das mamas ( ) Controle de peso e edema
( ) Cuidados com as mamas ( ) Orientações quanto aos cuidados após ir
( ) Cuidados com alimentações ao banheiro urinar e evacuar
( ) Fracionamento das refeições ( ) Evitar tempos prolongados de jejum
( ) Cuidado com os dentes ( ) Realizar coleta de preventivo
( ) Prática de exercício físico ( ) Participar de grupos
( ) Repouso ( ) Trazer o parceiro para participar das
( ) Cuidado com a pele consultas
( ) Encaminhamento para especialista ( ) Melhorar a ingestão de água

109
( ) Alterações da vagina ( ) Relação sexual
( ) Alterações das mamas ( ) Cuidados com unhas e cabelos

Fez parte de algum grupo de orientação? ( ) sim ( ) não. Qual?


( ) da comunidade
( ) da igreja
( ) do hospital que ia ganhar o bebê
( ) do PSF próximo à sua residência

Como foi o contato da mãe com a equipe de enfermagem?


( ) Ótimo, satisfez todas as minhas dúvidas e angústias
( ) Muito Bom, porém nem tudo que gostaria de saber foi informado
( ) Bom, porém nem tudo que gostaria de saber foi informado
( ) Ruim, pois não tinha muito contato com o profissional
( ) Ruim, pois não recebia nenhuma informação sobre a gravidez
( ) Indiferente, pois fui poucas vezes nas consultas
( ) Não tive contato nenhum coma a equipe de enfermagem

O que precisa melhorar?


( ) A recepção
( ) O atendimento
( ) A forma de orientação ao público
( ) Não tem nada a melhorar
( ) O enfermeiro poderia fazer as consultas e orientações para as gestantes
( ) Realizar mais visitas domiciliares para orientações

Alguém da sua família ou marido pode participar do processo do nascimento?


( ) sim ( ) não

Você acha que deve haver esta participação ( ) sim ( ) não

Quais das práticas ou acontecimentos abaixo ocorreram com você durante a gestação?
Realizou coleta de preventivo na gravidez: ( ) sim ( ) não
Realizou exercícios para o preparo da mama: ( ) sim ( ) não
Realizou treinamento sobre a forma correta de amamentar: ( ) sim ( ) não
Ocorreu o aparecimento de cáries durante a gravidez: ( ) sim ( ) não
Ocorreu o aparecimento de mau hálito durante a gravidez: ( ) sim ( ) não
Ocorreu o aparecimento de dor de dente durante a gravidez: ( ) sim ( ) não
Apresentou perda de líquido durante a gravidez: ( ) sim ( ) não
Apresentou algum corrimento vaginal: ( ) Sim ( ) Não
Apresentou alterações do seu humor ( ) sim ( ) não,
Apresentou alterações no interesse pelo marido ( ) sim ( ) não
Em algum momento, teve a sensação de não estar gostando de você: ( ) sim ( ) não

110
Anexo 4 - Muriaé

Figura 01: Mapa de Minas Gerais demonstrando região de Muriaé-MG.e seus


limites territoriais.

Fonte: www.tratosculturais.com.br

Figura 02: Vista parcial do Município de Muriaé-MG.

Fonte: www.muriae-mg.com.br

111
Figura 03: Mapa do Município de Muriaé-MG com seus limites territoriais.

Fonte: webcarta.net/carta/geo

Figura 04: Hospital São Paulo nos Primórdios e hoje Casa de Caridade de
Muriaé Hospital São Paulo.

Fonte: www.ideiaintranet.com.br/fotosantigasmuriae e www.hsp.org.br

112
Anexo 5 – Desenvolvimento da Gravidez

Figura 01: Do Óvulo ao Embrião

Fonte: http://www.msdbrazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck/mm_sec22_243.htm

Figura 02: A formação da Placenta

113
Fonte: http://www.msdbrazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck/mm_sec22_243.htm

Figura 03: Corte transversal lateral da mama feminina.

Fonte: Enfermagem Materno e Infantil - Branden, 2000.

114
Figura 04: Esquema da mama e suas alterações durante a gravidez

Fonte: Enfermagem Materna - Lowdermilk, 2002.

Figura 05: Crescimento Uterino

Fonte: Sandra M. Nettina, 2003.

Figura 06: Demonstração do desenvolvimento fetal

115
Fonte: Sandra M. Nettina, 2003.

Figura 07: Deslocamento das estruturas abdominais internas e do diafragma


pelo útero e crescimento.

116
Fonte: Enfermagem Materna - Lowdermilk, 2002.

117
Anexo 6 – Treinamento Profissional

Figura 01: Curso de capacitação para profissionais de enfermagem –


Primeiro Módulo.

Capacitação para enfermeiros – Muriaé – Outubro de 2007 - Primeiro Módulo

118
Figura 02: Curso de capacitação para profissionais de enfermagem –
Segundo Módulo

Capacitação para enfermeiros – Muriaé – Outubro de 2007 - Segundo Módulo

119
Figura 03: Curso de capacitação para profissionais de enfermagem –
Segundo Módulo – Alterações do corpo e Representação de Parto

Capacitação para enfermeiros – Muriaé – Outubro de 2007 - Segundo Módulo – O corpo


grávido.

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Figura 04: Curso de capacitação para profissionais de enfermagem –
Segundo Módulo – Representação de parto.

Capacitação para enfermeiros – Muriaé – Outubro de 2007 - Segundo Módulo –


Representação do Parto.

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