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Nicolau Maquiavel, em sua obra O Príncipe (1532), aborda questões sobre a

natureza e ímpetos humanos, e como o entender das mesmas, por sua vez, atribui aos
lideres um conhecimento valioso para proteger, assegurar e expandir os limites de seus
principiados. Tendo presenteado seu livro a Lourenço de Médici, o autor, como ele
mesmo postula em sua carta dedicatória, acredita-se apto a entender os feitos de grandes
homens pois, não sendo príncipe, veria a arte de governar de uma perspectiva externa e
então, mais perspicaz. Sua visão privilegiada porem, traz não so observações astutas,
mas também questões éticas centrais que valem ser discutidas mais a fundo. Pois, apesar
do autor conceber a obra como um guia pratico a príncipes, o livro em verdade, apresenta
conceitos e teorias que ateh hoje proporciona uma certa visão de sociedade e de ser
humano.

Em todo o argumento que o autor propõe, o que mais se pontua no texto eh o


nítido divorcio entre a política e preceitos éticos e morais. Nos primeiros dois capítulos,
Maquiavel se preocupa com as distinções entre regimes autocráticos e regimes
republicanos. Deste jeito, o autor delineia as diferentes formas de governabilidade para
depois, no seguinte capitulo, capitulo três respectivamente, se aprofundar nos preceitos
centrais de como governar utilizando táticas como poder, guerra, e o bem estar do seu
principiado. Nos capítulos subseqüentes, em especifico de quatro ao quatorze, temas
mencionados anteriormente são aprofundados por Maquiavel e fincados em contextos
históricos e contemporâneos ao autor; procurando assim pesar as vantagens e
desvantagens que seguem cada caminho ao poder elaborados nos capítulos anteriores.
Conselhos práticos de como conquistar e povoar novos territórios, como fortificar seu
exercito, e também como reprimir rebeliões internas e externas , são assim elaborados
nos capítulos acima mencionados. Implícito nesses capítulos também, são as visões do
autor em relação a livre arbítrio, natureza humana, e responsabilidade para com a ética—
visões que ele elaborara posteriormente nos próximos capítulos.

Como anteriormente mencionado, nos capítulos restantes, Maquiavel se


aprofunda nas qualidades inerentes do ser humano para proporcionar uma lista de
atributos que um príncipe necessita para ser um grande líder. Porem, o que distingue o
autor de seus contemporâneos e a nítida amoralidade que decorre de suas observações.
Como no capitulo XV, titulado Das Coisas pelas os Homens e, Especialmente, os
Príncipes, são Louvados e Censurados, quando o autor acusa certas virtudes de serem
perniciosas se possuídas e praticadas por príncipes, pois, de acordo com o mesmo apesar
de certas virtudes serem louvadas, quando um príncipe age de acordo com virtude, e não
de maneira pragmática, esta decisão esta apto a proporciona consequencias negativas ao
estado. Do mesmo modo, certos vícios, considerados universalmente negativos, são
considerados por Maquiavel indispensáveis para que um príncipe assegure e prospere o
seu reino. Uma clara ilustração disso seria a louvação de um mal, como tortura extrema,
como uma maneira lógica de punir rebeldes e instaurar medo em um principiado recente.
Nestes últimos capítulos, o que mais se pontua eh o valor que o escritor atribui as
aparências. Em muitas das situações postuladas por Maquiavel, o príncipe não precisa ter
uma índole boa ou ruim, basta aparentar ser bondoso ou perverso, pois eh pela utilização
do parecer, na opinião do autor, eh que o bem estar da população se atinge.

Muito diferente de Rousseau, Maquiavel não enxerga o ser humano como


inerentemente bom; muito pelo contrario, ele crê a natureza humana como movida por
interesse próprio; fazendo com que vínculos, construídos por individuos pela com a
comunidade, sejam facilmente e artificialmente feitos e rompidos. Acreditando seres
humanos, em geral, de serem facilmente maleáveis—confiáveis em épocas fortuitas e
desleais em tempos incertos—Maquiavel constrói seus conceitos de governo e
governabilidade, não em preceitos morais ou éticos, mas sim de acordo com essa
maleabilidade que o mesmo acredita ser a natureza humana. Dai seu foco com o parecer.
Acreditando que toda ação tomada pelo príncipe deve ser dirigida por um desejo
pragmático—as perdas ou ganhos que a mesma possa trazer ao principiado—Maquiavel
não inclui e nem reconhece os valores morais que certas decisões carregam. Um claro
exemplo disto acontece no capitulo cinco, quando o autor discute os diferentes modos
que um príncipe deve governar as cidades ou os principiados que, antes da conquista,
viviam segundo suas leis. De acordo com Maquiavel, ha três diferentes maneiras de
assegurar um território conquistado recentemente: destrui-lo por completo, occupa-lo, ou
assumir uma posição tolerante perante as leis nativas porem cobrar taxas e instaurar
oligarquias no novo território.

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