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E a emoção do leitor? “Sinta quem lê.” O leitor não é capaz de sentir as emoções do
poeta (nem a vivida nem a imaginada); a emoção que o poeta exprime artisticamente é um
estímulo que provoca no leitor novos estados de alma.
Acronicalitos 1
Resumos de Português 12.º Ano
Ruptura e Continuidade
A Dor de Pensar
Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lúcido, a ter de pensar. Gostava, muitas
vezes, de ter a inconsciência das coisas ou de seres comuns que agem como uma pobre
ceifeira. (“O que em mim sente ‘stá pensando.”).
O ortónimo é obcecado pelo pensamento. Contudo, o pensamento está na origem de
ser incapaz de sentir intuitivamente, como quem descobre o mundo sem preconceitos.
Impedido de ser feliz, devido à lucidez, procura a realização do paradoxo de ter uma
consciência inconsciente. Mas ao pensar sobre o pensamento, percebe o vazio que não
permite conciliar a consciência e a inconsciência.
Nostalgia da Infância
Fragmentação do “eu”
O sujeito poético assume-se como uma espécie de palco por onde desfilam diversas
personagens, distintas e contraditórias. Incapaz de se manter dentro dos limites de si próprio, o
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Resumos de Português 12.º Ano
sujeito poético procura observar o seu “eu”, ou seja, conhecer-se a si próprio, o que leva à
fragmentação e à consciência de que é capaz de viver apenas o presente.
Questiona a sinceridade das emoções escritas nos seus textos, porque não sente hoje
da mesma forma que sentiu no passado, pois as emoções, ao serem escritas e lidas, são
intelectualizadas (“não sei quantas almas tenho”).
Fernando Pessoa
Ortónimo Heterónimos:
(“ele próprio”) - Alberto Caeiro;
- Ricardo Reis;
- Álvaro de Campos
Alberto Caeiro
• Natureza (Bucolismo);
• Dambulismo (anda pelo espaço da Natureza);
• Poeta da simplicidade;
• Escrita simples; privilegia o uso da comparação, a metáfora e do polissíndeto
(repetição do “e”);
• Poeta anti-metafísico (recusa o pensamento);
• Interpreta o mundo a partir dos sentidos;
• Interessa-lhe a realidade imediata e o real objectivo que as sensações lhe oferecem;
• Uso do verso branco (sem rima), do versilibrismo (estrutura métrica irregular) e da
estrutura estrófica livre.
Acronicalitos 3
Resumos de Português 12.º Ano
Ricardo Reis
• Contemplativo (observa);
• Racional (conclui resignando-se);
• Clássico:
equilibrio
linguagem
forma
• Horaciano
“aurea mediocritas”
“carpe diem”
ode
• Pagão
Crença nos deuses/Fado (destino)
crença na presença divina das coisas
• Estoico-epicurista
Estoicismo
o supremacia nos Deuses e no Fado
o aceitação voluntária das leis do universo (ilusão de liberdade)
o ideal de apatia (indeferença)
Epicurismo
o procura a felicidade moderada (= ausência de sofrimento)
o ideal de ataraxia (indiferença)
o “carpe diem”
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Resumos de Português 12.º Ano
Ricardo Reis é o poeta da serenidade epicurista, que aceita, com calma lucidez, a
relatividade e a fugacidade de todas as coisas.
A filosofia de vida de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer
do momento, o carpe diem, como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos
instintos.
Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que
nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, ou seja, a ataraxia. Sente que tem de
viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa
verdadeira ilusão da felicidade.
Ricardo Reis recorre à ode e a uma ordenação estética marcadamente clássica.
Em Ricardo Reis há a apatia face ao mistério da vida mas também se encontra o
mundo das angústias que afecta Pessoa.
Álvaro de Campos
Acronicalitos 5
Resumos de Português 12.º Ano
Mas, passada a fase eufórica, o desassossego de Campos leva-o a revelar uma fase
disfórica, a ponto de desejar a própria destruição.
Depois de exaltar a beleza e da força da máquina por oposição à beleza
tradicionalmente concebida, a poesia de Campos revela um pessimismo agónico, a dissolução
do “eu”, a angústia existencial e uma nostalgia da infância irremediavelmente perdida.
Versos Ilustrativos
Alberto Caeiro
Valorização da Natureza
“Sou o Descobridor da Natureza”
Sensacionismo- visualismo
“ O meu olhar é nítido como um girassol”
Deambulismo
“E ando pela mão das estações”
Panteísmo
“E ando pela mão das estações”
Ricardo Reis
Acronicalitos 6
Resumos de Português 12.º Ano
“Carpe Diem”
“Colhe/o dia porque és ele”
“a confiança mole/na hora fugitiva”
Ideal de ataraxia/apatia
“Mais vale saber passar silenciosamente”
“O desejo de indiferença”
Álvaro de Campos
Sensacionismo
“Ah,não ser eu toda a gente em toda a parte!”
Nostalgia da Infância
“No tempo em que festejavam o dia dos meus anos”
Dor de Pensar
“Tirem-me daqui a metafísica”
“Não penses! Deixa o pensar na cabeça”
Frustração/negatividade/cansanço existencial
“Somam-se-me os dias/serei velho quando for”
“A única conclusão é morrer”
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Os Lusíadas e Mensagem
Classificação Literária
Obra épico – Lírica e simbólica
- parte de um núcleo
de acontecimentos Transfigura matéria histórica em
históricos; símbolos que fecundam o presente,
- usa,por vezes, o tom inventando o futuro (mitos que são
sublime ou comovido ideais a seguir): o assunto não são
da epopeia. os eventos históricos, mas a
essência de ser português.
Estrutura da Obra
Mensagem
• Portugal -» Mensagem (poemas produzidos de 1913 a 1914)
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o Os Símbolos
o Os Avisos
o Os Tempos
Os Lusíadas
Estrutura Interna
• Proposição;
• Invocação;
• Dedicatória;
• Narração.
Estrutura Externa
• Forma Narrativa;
• Versos decessilábicos;
• Rimas com esquema abababcc (rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada
nos dois últimos);
• Estâncias- oitavas;
• Poema dividido em 10 cantos.
Planos
Plano da Viagem
A narração dos acontecimentos ocorridos durante a viagem realizada entre Lisboa e
Calecut
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Plano da Mitologia
A mitologia permite e favorece a evolução da acção (os deuses assumem-se, uns
como adjuvantes, outros como aponentes dos Portugueses) e constitui, por isso, a intriga da
obra.
Plano do Poeta
Considerações e opiniões do autor expressos, nomeadamente, no início e no fim dos
cantos.
Reflexões do Poeta
Nos planos narrativos desta Epopeia, encontramos um plano que se diz respeito às
chamadas considerações pessoais do poeta. Estas reflexões surgem ao longo da Narração,
normalmente no final de cada canto. Nestas estrofes, o poeta apresenta a sua perspectiva em
relação ao império português, que perdia o seu brilho e aos valores dominantes do país.
Por um lado, refere os “grandes e gravíssimos perigos”, a tormenta e dano do mar, a
guerra e o engano em terra; por outro lado, faz a apologia da expansão territorial para divulgar
a fé cristã, manifesta o seu patriotismo e exorta D. Sebastião a dar continuidade à obra
grandiosa do povo português.
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Resumos de Português 12.º Ano
Felizmente Há Luar!
Estrutura da Obra
O texto organiza-se em dois actos (que não estão delimitados por cenas):
Acto I- inclui acontecimentos que decorrem entre a tentativa de evitar
uma conspiração que se prepara e a identificação de seu líder e a sua
prisão.
Acronicalitos 11
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Texto Secundário
A peça é rica em indicações cénicas. Estas didascálias assumem duas funções
essenciais:
Indicações em itálico, normalmente entre parenteses oferecem marcações típicas das
didascálias: tom de voz, movimentos cénicos das personagens, vestuário, efeitos de
som e luz, entre outros,
Elementos Simbólicos
Paralelismo de construção do início dos dois actos:
Os dois actos deste texto dramático começam exactamente da mesma forma, para
sugerir que, após a prisão do General, a situação do povo continua exactamente na
mesma, se não mesmo pior, pois com a prisão de Gomes Freire, o povo perde até a
esperança.
Acronicalitos 12
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Caracterização de Personagens
William Beresford
Poderoso;
Interesseiro;
Calculista;
Sarcástico e irracional;
Representante do poder militar inglês em Portugal;
Odiava Portugal;
Pragmático;
Protestante;
Mau oficial.
Principal Sousa
Fanático;
Hipócrita;
Não tem valores épicos;
Representante do alto clero;
Odeia os franceses;
Não gosta de Beresford;
Não gosta do povo devido à sua posição social.
Acronicalitos 13
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Matilde
Corajosa;
Romântica:
Inconstante (mudanças de humor);
Contra a injustiça:
Lutadora;
Meia idade;
Nasceu em Seia numa família pobre;
Casada com o General;
Personalidade forte;
Mulher solitária.
Sousa Falcão
Não foi capaz de denfender os seus ideais;
Amigo de Gomes Freire;
Tem como ideais “justiça” e “liberdade”;
Está de luto pela execução do General e por ele próprio;
Crítico (autocritica-se);
Manuel
Denuncia a opressão;
Papel de impotência do povo;
O mais consciente dos populares;
Casado com Rita;
É pobre e vive miseravelmente;
Crítico;
Irónico.
Vicente
Elemento do povo;
Falso;
Hipócrita;
Interesseiro;
Alpinista Social;
Cúmplice do conselho de regência;
Delactor:
Pretende ser chefe de polícia;
Revoltado por pertencer ao povo;
Ambicioso;
Traidor do povo.
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Os Símbolos
Saia Verde
A felicidade: a prenda compradas em Paris, com o dinheiro da venda de duas
medalhas do General.
Ao escolher aquela saia para esperar o General, destaca a “alegria” do reencontro.
A Lua, por estar privada de luz própria, na dependência do sol. A lua, é símbolo de
transformação e de crescimento.
Os Tambores
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Memorial do Convento
Título da Obra
Acção/Estrutura
Memorial do Convento tem uma estrutura claramente circular. É num auto-de-fé, que
se realiza no Rossio, em Lisboa, que Blimunda encontra pela primeira vez Baltasar. No final da
narrativa repete o percurso que fizera 28 anos antes reencontrando Baltasar (quando passa
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Resumos de Português 12.º Ano
por Lisboa pela 7ª vez, após 9 anos de procura) de novo num auto-de-fé, no Rossio, no qual
Sete-Sóis morre queimado na fogueira da Inquisição.
Esta estrutura tem uma dimensão simbólica, ou seja, Blimunda encontra o seu homem
no momento em que perde a mãe e se torna autónoma. No final da narrativa, ao separar-se de
Blimunda, Baltasar fragmenta a unidade representada por este par; Blimunda procura-o
durante 9anos, numa demanda que se assemelha a um período de gestação, após a qual é
restabelecida a unidade deste par, quando Sete-Luas recolhe a vontade de Sete-Sóis, no
momento em que este morre porque a si e à terra pertence, parecendo iniciar outro ciclo de
vida.
O tema do amor
Em Memorial do Convento opõem-se dois tipos de amor: o amor contractual entre o rei
e a rainha e o amor verdadeiro entre Baltasar e Blimunda. A relação entre o casal real tem
como único objectivo dar um herdeiro à coroa, não existindo qualquer envolvimento afectivo
entre ambos o que acaba por gerar frustração (as infidelidades do rei e os sonhos da rainha
com o seu cunhado). Os encontros entre o casal real são cheios de protocolo, excesso de
roupa, de criados, num artificialismo que contraria um acto que deveria ser natural e
espontâneo.
Baltasar e Blimunda têm uma relação amorosa plena, cheia de carícias, jogos eróticos,
desinibições, transgredindo as regras sociais da época. Vivem um amor natural e institivo, onde
as palvras são desnecessárias e o amor parece eterno.
Acção
O rei D. João V, Baltasar e Blimunda e Bartolomeu Lourenço protagonizam o romance.
A acção principal é a construção do Convento de Mafra. Situando-se no século XVIII,
encontra-se um entrelaçamento de dados históricos, como o da promessa de D. João V de
construir um convento em Mafra e o do sofrimento do povo que nele trabalhou. Conhece-se a
situação económica e social do país, os autos-de-fé praticados pela Inquisição, o sonho e a
construção da passarola, as críticas ao comportamento do clero e os casamentos dos
príncipes.
Espaço
Os espaços físicos priveligiados pela acção são Lisboa e Mafra. Entre vários lugares da
capital ou dos arredores são referidos com frequência o Terreiro do Paço, o Rossio,
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Resumos de Português 12.º Ano
Personagens
D. João V
É megalómano, infantil, devasso, libertino e ignorante, que não hesita em utilizar o
povo, o dinheiro e a posição social para satisfazer os seus caprichos.
Anda preocupado com a falta de descendente, apesar de possuir bastardos. Promete
levantar um Convento em Mafra se tiver filhos da rainha, com quem tem relações para
cumprimento do dever, em encontros frios e programados.
Baltasar Sete-Sóis
Baltasar Mateus é, com Blimunda, uma das personagens mais interessantes da obra.
Baltasar, depois de deixar o exército, por ficar maneta, chega a Lisboa como pedinte.
Conhece Blimunda, com quem partilhará a vida. Vai ainda partilhar do sonho do padre
Bartolomeu Lourenço, ajudando a construir a passarola e participando no seu primeiro voo.
Blimunda Sete-Luas
Filha de Sebastiana Maria de Jesus, que fora, pela Inquisição, condenada e
degredada, por ser cristã-nova. Com capacidades de vidente e possuidora de uma saberdoria
muito própria.
Blimunda é uma estranha vidente que vê no interior dos corpos os males que destroem
a vida e consegue recolher as “vontades” que permitirão o voo da passarola. Por amar Baltasar
recusa usar a magia para conhecer o sseu interior.
O poder de Blimunda permite ver o que está no mundo, as verdades mais profundas
que o sustentam.
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Povo
O povo trabalhador construiu o convento de Mafra, à custa de muitos sacrificios e
mesmo de algumas mortes. Definido pelo seu trabalho, pela sua miséria física e moral, pela
sua devoção, este povo humilde surge como verdadeiro obreiro da realização do sonho de D.
João V.
Clero
A hipocrisia e a violência do clero revela-se em rituais que em vez de elevarem o
espírito acentuam a degradação moral e corrupção religiosa (autos-de-fé, procissões da
Páscoa e procissão do Corpo de Deus).
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