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COMPENSAÇÃO DE JORNADA EXTRAORDINÁRIA – BANCO DE HORAS -

EXIGÊNCIA DE FORMALIZAÇÃO POR ACORDO OU CONVENÇÃO COLETIVA

A Constituição Federal vigente, em seu artigo 7º, inciso XIII, prevê como duração
normal do trabalho para os empregados em qualquer atividade privada, a jornada 08
(oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais.

No entanto, tal jornada pode ser elastecida em até 2 (duas) horas suplementares
diárias, caracterizando-se a denominada hora extraordinária de serviço, que deve ser
remunerada com um adicional de, no mínimo, 50% do valor da hora normal.

Ocorre que, o excesso de horas de um dia pode ser compensado pela correspondente
diminuição em outro dia, dispensando-se o acréscimo de salário.

Antes de alterada a redação do artigo 59 da CLT, a compensação da jornada


suplementar, deveria ser efetivada na mesma semana, isto é, embora fosse permitida a
prorrogação por até duas horas na jornada diária, estas deveriam ser compensadas no
mesmo período semanal, comumente aos sábados, só sendo permitido a
compensação em períodos mais extensos através de acordo expresso com o
empregado, e acompanhamento do Sindicato.

A partir da edição da Lei 9.601/98, que acrescentou ao artigo 59 da CLT, os


parágrafos 2º e 3º, a compensação poderia ser feita em até 120 dias, e posteriormente
este período foi prorrogado para 01 (um) ano, com a publicação e reedição da MP nº
1.709/98. Este é o chamado Banco de Horas.

A redação do § 2º do artigo 59 da CLT dá a entender que a validade da compensação


de jornada está condicionada à sua instituição por meio de acordo ou convenção
coletiva, ou seja, com a participação da Entidade Sindical. No entanto, já se vislumbra,

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atualmente, a aceitação do Banco de Horas firmado por acordo individual entre
empregado e empregador, desde que inexistente norma coletiva proibitiva.

Vejamos alguns posicionamentos dos nossos Tribunais:

ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE HORAS – VALIDADE – O acordo


de compensação de horas não carece de assistência sindical,
posto que a Carta Magna/88 apenas elevou a nível constitucional a
regra inserida no art. 59, § 2º, da CLT. Não se buscou inovar a
matéria. A compensação de horas, na atualidade, é uma realidade usual
no campo das relações trabalhistas. (BRASIL. TRT 15ª R. – Proc.
36447/97 – 5ª T. – Rel. Juiz Luiz Antonio Lazarim – DOESP 22.03.1999
– p. 117)

ACORDO INDIVIDUAL PARA COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO –


ADMISSIBILIDADE NA PACTUAÇÃO POR ESCRITO –
INAPLICABILIDADE DO ENUNCIADO 85 DO C. TST – A
compensação de horário pode ser objeto de acordo individual,
dispensada a intervenção do sindicato de classe, mas deve
necessariamente ser pactuada por escrito, como se depreende dos
termos do art. 7º, XIII, da CF e 59 da CLT – Do acordo de
compensação devem constar as jornadas que o empregado cumprirá,
com explicitação dos dias ou horas a serem compensados.
Compensação aleatória não pode prevalecer, até porque geralmente
mais conveniente para o empregador, que se sente à vontade para
manipular a jornada de trabalho de acordo com seu exclusivo interesse,
do que para o empregado. Os termos do Enunciado 85 do C. TST não
são passíveis de invocação, já que não se trata, no caso, de mera
irregularidade na celebração do acordo de compensação, mas de
menosprezo aos pressupostos básicos do instituto, fulminando pela raiz

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a pretensão do empregador de se eximir do pagamento de horas extras.
(...)" (BRASIL. TRT 2ª R. – RO 02990252422 – (20000269462) – 8ª T. –
Rel. Juiz Wilma Nogueira de Araujo Vaz da Silva – DOESP 27.06.2000)

A prática reiterada deste posicionamento deu ensejo à edição da Súmula n. 85 do


Tribunal Superior do Trabalho:

“I – A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por


acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva; II – O
acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver
norma coletiva em sentido contrário; III – O mero não atendimento das
exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando
encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento
das horas excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada
máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional; IV – a
prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de
compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a
jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias
e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais
apenas o adicional por trabalho extraordinário.
(TST – Súmula 85, conversão das Orientações Jurisprudenciais SDI-1
182, 220 e 223)

Por fim, a teor do artigo 59, caput da CLT, bem como do artigo 7º, inciso XIII da Carta
Magna, parte dos doutrinadores e da jurisprudência entende pela desnecessidade de
qualquer chancela ou qualquer posicionamento do sindicato da categoria para a
validade do negócio, existindo, entretanto, corrente minoritária divergente, baseada
justamente na redação do § 2º do citado artigo.

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HORAS EXTRAS – ACORDO INDIVIDUAL DE COMPENSAÇÃO –
CHANCELA SINDICAL – A intenção do legislador constituinte de mil
novecentos e oitenta e oito foi clara ao dispor que a compensação de
horários e a redução da jornada devem ocorrer mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho; nada mais fez do que erigir, a nível
constitucional, a norma inserta no artigo cinqüenta e nove da CLT, não
bastando a validade do acordo individual para tanto. Frise-se que o
acordo individual de compensação, ainda que com a chancela
sindical, não surte efeito no mundo jurídico, a teor do que dispõe o
artigo sétimo, inciso treze da Constituição Federal, que faculta a
compensação de horários apenas mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho. Recurso de revista empresarial não provido. (TST
– RR 197870/1995 – 5ª T. – Rel. Min. Antônio Maria Thaumaturgo
Cortizo – DJU 06.02.1998 – p. 00420)

ACORDO – COMPENSAÇÃO DE JORNADA – AUSÊNCIA DE


NEGOCIAÇÃO COLETIVA – INVALIDADE – Para a compensação de
horas de trabalho, na forma prevista no art. 59, § 2º da CLT, é
imprescindível a prova da existência de acordo ou convenção coletiva
firmado pelas partes envolvidas. O pacto celebrado diretamente com o
empregado, sem a interveniência do sindicato é inválido, devendo ser
paga como extra a jornada que ultrapassar o limite diário. (TRT 14ª R. –
RO 675/00 – (135/01) – Rel. Juiz Vulmar de Araújo Coêlho Junior –
DJERO 27.03.2001)

No entanto, unânime evidencia-se a exigência quanto à forma escrita do acordo. O


que se mostra objeto de divergência é a exigência da participação da Entidade Sindical
para validar o acordo de compensação, que, como visto, vem sendo mitigada.

Uassi Mogone Neto


Advogado Departamento Trabalhista

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