Professional Documents
Culture Documents
Módulo 1 - Conceito
A maioria das pessoas que usa computador para trabalhar e estudar sabe o que é
Orkut e YouTube. Um número um pouco menor sabe o que é My Space, a rede social
que utiliza a Internet para comunicação online e interativa por meio de fotos, blogs e
perfis de usuários. Menos conhecidos são o Ohmynews jornal da Coréia do Sul que
funciona na Internet com milhões de colaboradores espalhados pelo mundo e a
Wikipedia, a enciclopédia da Internet em que todo usuário pode publicar. Orkut,
YouTube, My Space, Ohmynews e Wikipedia compartilham três aspectos:
e são todos fenômenos do que se convencionou chamar Web 2.0 a segunda fase da
world wide web ou rede mundial de computadores ou, ainda, Internet.
Ou seja: você já está na Web 2.0 e talvez ainda não soubesse. Se a Internet se
firmou comercialmente no mundo durante a década de 90, em especial a partir de
sua segunda metade – o UOL, um dos primeiros portais do Brasil, foi lançado em
abril de 1996 , a Web 2.0 começa a se delinear dez anos depois.
Entre 2001 e 2002, uma grande crise afetou o mercado de Internet. Foi o chamado
estouro da bolha da Internet (os veículos de comunicação e analistas usaram o
termo bolha porque se considerava a valorização rápida das empresas de tecnologia
uma valorização artificial). Empresas que haviam enriquecido da noite para dia, com
o lançamento milionário de ações na bolsa Nasdaq de empresas de alta e nova
tecnologia , viram suas ações serem reduzidas praticamente a pó, também da noite
para o dia.
Um dos casos exemplares desse estouro foi a empresa Microstrategy, cuja ação caiu
de US $ 3,500.00 para US$ 4.
Foi nessa época que surgiu o conceito Web 2.0. Analistas e empresários da área
discutiam o estouro da bolha. Mas observavam que em meio à quebradeira geral,
determinadas empresas não apenas sobreviviam, como cresciam e guardavam
pontos em comum entre si. Um desses analistas foi o pioneiro da Internet e
presidente e CEO da editora O´Reilly Media, o irlandês radicado nos EUA, Tim
O´Reilly. Ele atribui a criação do conceito ao também pioneiro e vice-presidente da
O´Reilly Media, Dale Dougherty, durante um brainstorming (encontro de criação)
entre executivos da O´Reilly Media e a Media Live International, organizadora dos
principais eventos de tecnologia do mundo.
-1-
O termo foi divulgado pela primeira vez em outubro de 2004 na primeira Web 2.0
Conference, organizada pela O´Reilly Media.
Mal foi lançado, recebeu críticas de especialistas que o consideraram mais uma
buzzword (palavra técnica ou frase de efeito, sem muito significado, para
impressionar o leitor ou ouvinte leigo) e uma jogada de marketing da O´Reilly Media.
Web 2.0 é a mudança para uma internet como plataforma e um entendimento das
regras para obter sucesso nessa nova plataforma.
O conceito Web 2.0 está em plena ebulição, como se verá adiante pelas contestações
e reafirmações que vem sofrendo em discussões travadas em blogs, veículos de
comunicação especializados e na mídia em geral. Nesta primeira abordagem, vamos
examinar dois aspectos principais do conceito Web 2.0: a Programação e o
Conteúdo. A Wikipedia oferece definições consistentes. Vamos a elas:
Começaram-se a desenvolver softwares que são usados pela Internet e vendidos não
em pacotes mas como serviços, pagos mensalmente como uma conta de água. Além
disso, mudou-se a forma de fazer softwares. Para que tudo funcionasse bem na
Internet, foi necessário a união de várias tecnologias como o AJAX (que reúne as
linguagem de programação Javascript e XML) que tornassem a experiência do
usuário mais rica, com interfaces rápidas e muito fáceis de usar.
Definiu-se então que quanto mais simples e modular a programação, melhor. Assim
é fácil tirar ou acrescentar uma funcionalidade ou compartilhar uma parte do seu
software com outro software.
-2-
Os módulos podem ser reutilizados em diversos softwares ou compartilhados para
serem usados por programas de terceiros. Metodologias e conceitos como o Getting
Real e Agile tem-se popularizado entre as empresas que desenvolvem aplicativos
ditos Web.
Por exemplo, quando um usuário avalia uma notícia, ele ajuda o software a saber
qual notícia é a melhor. Da mesma maneira, quando um usuário organiza uma
informação por meio de marcações, ele ajuda o software a entregar informações
cada vez mais organizadas.
A Web 2.0 propõe uma experiência de uso semelhante à de aplicativos para desktop,
frequentemente fazendo uso de uma combinação de tecnologias surgidas no final da
década de 1990, que incluem Web services APIs (1998), AJAX (1998),
-3-
Outro conceito da Web 2.0 que interfere na programação chama-se “Beta perpétuo”.
Na Web 2.0 acabaram-se os ciclos de lançamento de programas. Os programas são
corrigidos, alterados e melhorados o tempo todo, e o usuário participa deste
processo dando sugestões, reportando erros e aproveitando as melhorias constantes.
Em oposição ao que acontece com softwares tradicionais, em caixas, com
instaladores e dependentes de um sistema operacional, aplicativos Web podem ser
atualizados de forma constante, linear e independente da ação do usuário final. No
caso de atualizações de segurança e desempenho, por exemplo, o usuário da
aplicação seria imediatamente beneficiado sem mesmo tomar conhecimento.
Na Web 2.0 os programas são abertos, ou seja, uma parte do programa pode ser
utilizado por qualquer pessoa para se fazer outro programa. São utilizadas APIs para
deixar que outros sites utilizem partes dos seus dados nos serviços deles. Em vez de
grandes servidores provendo uma enorme quantidade de arquivos, na Web 2.0
descobriu-se as redes P2P (peer to peer, computador a computador), na qual cada
usuário é um servidor de arquivos e os arquivos são trocados diretamente entre eles.
Dentro dos princípios da Web 2.0 o conteúdo deve ser aberto, utilizando licenças
como Creative Commons que flexibilizam os direitos autorais permitindo que o
usuário reutilize (republicando, alterando ou colaborando) o conteúdo. O
compartilhamento de informações deve dar ao usuário a possibilidade de reutilizá-lo.
Além do conteúdo editorial e noticioso, na Web 2.0 o conteúdo de alguns sites visa
gerar comunidades, seja através de sites de relacionamento, seja através de
comentários em notícias e blogues.
-4-
Tagueamento, não taxonomia: o usuário organiza o próprio conteúdo.
Assim como acontecia com o boca-a-boca, o CGM tende a ter um maior poder de
influência sobre outros consumidores do que as mídias tradicionais (TV, rádio, jornais
impressos), pois tendem a passar mais credibilidade. A diferença é que, com a
tecnologia disponível, o impacto do CGM é muito maior que o boca-a-boca.
As reações ao texto O que é Web 2.0 foram publicadas também no blog de Tim
O´Reilly e variaram da crítica ao elogio. Enquanto iam sendo postadas traduções
para diversas línguas alemão, turco e português do Brasil apareciam também
contestações parciais e totais. O clima no blog refletia a discussão que se travava, e
se trava até hoje (2007), na área de TI, em publicações, seminários, conferências e
na própria blogosfera (o conjunto de blogs na Internet).
-5-
Uma as contestações mais importantes ao conceito de Web 2.0 foi feita por ninguém
menos que Tim Berners Lee, o criador da web. Em entrevista para um podcast da
IBM, em julho de 2006, Sir Thimothy John Berners-Lee, diretor do World Wide Web
Consortium (o consórcio que supervisiona o desenvolvimento da Internet) disse ter
dúvidas sobre se a Web 2.0 é mesmo diferente da que já é chamada de Web 1.0.
Perguntado sobre se essa diferença poderia ser definida com a frase Web 1.0 é a
conexão de computadores enquanto Web 2.0 é a conexão de pessoas, Berners-Lee
contesta. Absolutamente não. A Web 1.0 já era toda uma conexão de pessoas. Um
espaço interativo. Web 2.0 é um jargão que ninguém entende. Se se entende Web
2.0 como blogs e wikis (programas de edição coletiva de texto), então é claro que se
trata de conectar pessoas a pessoas. Mas isso é o que a Web devia ser sempre. E,
por outro lado, essa ´Web 2.0´ usa padrões e soluções que foram produzidas para a
Web 1.0.
Praticamente um ano e três meses depois de publicar seu primeiro texto sobre a
Web 2.0, Tim O´Reilly, respondendo a uma contestação no blog, apresentou no dia
10 de dezembro de 2006 uma versão compacta da primeira definção do conceito. No
texto
Trying Again (Definião Compacta da Web 2.0: Nova Tentativa, ele afirma:
Web 2.0 é uma revolução de negócios na indústria de computação provocada pela
tendência de se usar a internet como plataforma e uma tentativa de entender as
regras para o sucesso nessa nova plataforma. A principal destas regras é: Produza
aplicações que se encaixem no conceito de a rede (seus sistemas, seus programas)
se torna melhor quanto mais é usada pelo maior número de pessoas. É isso que eu
chamei antes de valorizar a inteligência coletiva.
-6-
Em seguida, cita a frase do diretor-executivo do Google Eric Schmidt: não lute contra
a Internet.
Neste segundo texto, O´Reilly reafirma o que considera as grandes regras da Web
2.0
Abra seus dados e serviços para que sejam reutilizados por outros. Reutilize dados e
serviços de outros sempre que possível.
-7-
5. Dados são o novo Intel inside
(A referência ao logo Intel inside, da Intel, significa que o maior valor da Web 2.0
serão os dados, assim como na era PC os computadores eram valorizados por terem
em sua configuração os processadores Intel).
1. A Web como plataforma: uma análise dos conceitos importantes da Web 2.0
3. Dados são os próximos Intel Inside: o valor das bases de Dados (Google,
Amazon)
-8-
Módulo 2 - O Legado da Web 1.0 e as Perspectivas da Web 2.0
Quando a Internet nasceu, no fim dos anos 60 como um projeto militar, as diretorias
da maioria das empresas não tinham idéia de como a rede mundial de computadores
afetaria seus modelos de negócio. Mas bastaram duas décadas, período curto em
termos históricos, para perceberem que a rapidez da circulação da informação e
diversos fatores econômicos (redução de custos, aumento de produtividade, entre
outros) estavam acoplados à rede. Depois que a Internet disparou, nos anos 90,
praticamente todo dia surgia uma novidade na área de tecnologia.
Na primeira fase da web, agora chamada Web 1.0 para se diferenciar da Web 2.0, a
troca de informação por e-mail e instant messangers online foi a atração e o
benefício principal da rede para os negócios. A rapidez e a agilidade de comunicação
ajudaram não só funcionários, mas também clientes e fornecedores. As empresas
aprenderam a usar a Internet para expandir seus negócios. Não só a internet, mas a
intranet e a extranet foram as responsáveis por essa mudança de mentalidade. A
troca de informação em redes de computadores possibilitou, além da economia de
papel, telefone e fax, a tomada de decisões mais precisas e oportunas. Acelerou o
fluxo de informação dentro da empresa.
Para o Presidente e CEO da Reilly Media, Tim Reilly, um dos entusiastas da Web 2.0,
esse conceito, como muitos outros importantes, não tem fronteiras rígidas. Está mais
para um centro gravitacional. Pode-se visualizar a Web 2.0 como uma espécie de
sistema solar: em torno do sol, um núcleo de princípios e práticas, gravita um
conjunto de sites (os planetas).
-9-
Esses sites estão mais ou menos próximos do núcleo conforme adotem mais ou
menos dos princípios formadores do centro. Confira na figura 1, retirada do texto O
que Web 2.0 de 30 de setembro de 2005:
Para explicitar as diferenças entre a Web 1.0 e a Web 2.0, O´Reilly montou a
seguinte tabela com empresas e conceitos de Internet que caracterizam um e outro
momento da rede. O exame da tabela e a comparação das principais características
de empresas e idéias tornam mais claro a noção de que o autor propõe. A coluna da
esquerda ser refere à Web 1.0 e a da direita, à Web 2.0.
- 10 -
Especialistas da área de TI apontam outras diferenças importantes entre a Web 1.0 e
a Web 2.0. A primeira é estática, a segunda, dinâmica; uma é proprietária (de
sistemas e softwares fechados, que são vendidos) e outra aberta; a Web 1.0 é
institucional, a Web 2.0, rede social; e finalmente, enquanto a Web 1.0 é um canal, a
Web 2.0 se configura como uma plataforma.
Para que a Web 1.0 desse lugar à segunda geração de serviços, no entanto, foi
necessária a emergência de um cenário propício a essa evolução. Democratização do
acesso aos recursos computacionais com cerca de um bilhão de usuários de Internet
no mundo , acesso banda larga, convergência das mídias e distribuição multicanal.
São essas as condições para a existência da Web 2.0.
4 Netscape x Google
No texto O que é Web 2.0, Tim O`Reilly compara detalhadamente empresas de uma
e outra era. Netscape e Google são empresas símbolos da Web 1.0 e da Web 2.0,
respectivamente, e não apenas porque o lançamento de suas ações em bolsa marcou
as duas eras. A primeira tinha como carro-chefe o navegador e sua estratégia era
usar o domínio de mercado, assim como a Microsoft no mercado de Pcs. A segunda
optou por um caminho totalmente oposto, desvinculado de pacotes de software e
lançamentos, e se voltou para o serviço de busca de dados. Resultado: hoje o Google
é uma marca à frente da distribuição de serviços diversos enquanto o Netscape foi
apenas um produto.
- 11 -
Os serviços da DoubleClick requerem um contrato formal de venda, o que limita seu
mercado a poucos milhares de maiores sites da rede mundial. Overture e Google
calcularam como viabilizar a inserção de anúncios em praticamente qualquer página
da rede. E, mais ainda, evitaram os formatos invasivos como os banners e os popups
em favor de textos de anúncio minimamente invasivos, relacionados ao contexto e
amistosos para com o consumidor. Cumpriram uma das regras da Web 2.0:
incentivar o auto-serviço do consumidor e algorítimos de gerenciamento de dados
visando atingir a rede em toda sua extensão e não apenas o centro; ir até a cauda
longa e não apenas a cabeça.
Para Reilly , enquanto a Akamai precisa adicionar servidores para melhorar o serviço,
cada consumidor da BitTorrent traz os seus próprios recursos para o grupo. Existe
uma arquitetura de participação implícita, uma ética de cooperação embutida pela
qual o serviço atua, primariamente, como um intermediário inteligente que conecta
as pontas entre si e combina o poder dos próprios usuários.
- 12 -
Módulo 3 - Conceitos fundamentais e soluções da Web 2.0
No texto “O que é a Web 2.0”, Tim O´Reilly expõe o que considera os conceitos
fundamentais da nova concepção da Internet e analisa as soluções de programação
usadas pelas empresas que têm se destacado nesta que parece ser a nova etapa da
rede mundial.
Vamos ver, nas próximas três seções deste módulo os significados destes sete
conceitos, de acordo com o texto de O´Reilly.
Inteligência coletiva
- 13 -
O sucesso dos gigantes nascidos na era da Web 1.0 que sobreviveram para liderar a
era Web 2.0 adotou o princípio de aproveitar o poder que a rede tem para tirar
partido da inteligência coletiva. Estão disponíveis na internet inúmeros sites que
possibilitam a interação do usuários, permitindo comentar, dar notas e alterar o que
alguém já postou. Um exemplo típico é a Wikipedia.
Podemos citar como outro exemplo o Orkut que é, talvez, o principal precursor da
“Web 2.0”. Ele simplesmente conseguiu levar o conceito de colaboração on-line a
milhões de pessoas. Pessoas que nunca haviam tido contato com a Internet ou até
mesmo o computador. Tudo por uma das mais naturais necessidades humanas, o
relacionamento social. Uma parte essencial da Web 2.0 é tirar partido da inteligência
coletiva, transformando a web em uma espécie de cérebro global.
Um outro bom exemplo de como a inteligência coletiva faz com que a Web 2.0 se
torne cada vez mais forte é a Amazon. A Amazon desenvolveu uma ciência sobre o
engajamento do usuário. Ela tem infinitamente mais avaliações de usuários, convites
para participar de várias formas em virtualmente todas as páginas – e ainda mais
importante – usa a atividade do usuário para produzir melhores resultados de busca.
Isso significa que se apresentam em primeiro lugar os “mais populares”, uma
computação em tempo real baseada não apenas em vendas mas em outros fatores
que os conhecedores da Amazon chamam de “fluxo” em torno dos produtos.
Contando com a participação do usuário em escala muitíssimo maior, não
surpreende que também as vendas da Amazon suplantem as dos concorrentes.
- 14 -
Diferentemente da MapQuest, a Amazon foi implacável na melhoria dos dados,
acrescentando informações fornecidas pelas editoras tais como imagens da capa,
sumário, índice e acesso a trechos dos livros. E, o que foi mais importante, ela
engajou seus usuários a fazerem comentários sobre os dados de tal forma que,
depois de dez anos, a Amazon.com é a principal fonte de dados bibliográficos sobre
livros, referência para estudiosos e bibliotecários, tanto como para consumidores. Se
a MapQuest tivesse feito o mesmo – engajar seus usuários no comentário dos mapas
e indicações, acrescentando camadas de valor – teria sido muito mais difícil para os
concorrentes entrarem no mercado apenas com a licença sobre o banco de dados.
Mais uma vez, a Web 2.0 demonstra que o poder de participação do usuário agrega
valores.
Essa mudança é tão fundamental que o software deixará de funcionar a não ser que
receba manutenção diária. Outro ponto é que os usuários devem ser tratados como
co-desenvolvedores, em referência às práticas de desenvolvimento do código aberto
(mesmo se for pouco provável que o software em questão seja lançado sob uma
licença de código aberto). O lema do código aberto “lançar logo e lançar sempre”
transformou-se em uma posição ainda mais radical, “o beta perpétuo”, em que o
produto é desenvolvido em aberto, com novos recursos surgindo a cada mês,
semana ou mesmo dia. Não é por acaso que se pode esperar que serviços tais como
Gmail, GoogleMaps, Flickr, del.icio.us e outros do mesmo tipo carreguem o logo
“Beta” por anos a fio.
- 15 -
Do mesmo modo, os serviços web da Amazon .com são fornecidos de duas formas:
uma que segue os formalismos do conjunto de serviços web SOAP ( Simple Object
Access Protocol), e a outra simplesmente fornecendo dados XML via HTTP, por meio
de uma abordagem leve às vezes chamada de Rest ( Representational State
Transfer) enquanto conexões B2B de alto valor ( como as que ligam a Amazon a
parceiros de varejo como a ToysRUs) , usam SOAP, a Amazon informa que 95% do
seu uso é de serviço leve do tipo ReST.
Uma outra característica Web 2.0 que merece menção é o fato de que ela não se
limita mais à plataforma PC. Ao sair da Microsoft, o desenvolvedor de longa data
Dave Stutz deixou o conselho de que “software útil que for escrito acima do nível do
dispositivo único proporcionará altas margens por um bom tempo”.
Naturalmente, qualquer aplicativo web pode ser visto como software com mais de
um dispositivo. Até o aplicativo mais simples envolve pelo menos dois
computadores: o que hospeda o servidor web e o que hospeda o navegador. O
desenvolvimento da web como plataforma estende essa idéia a aplicativos sintéticos
compostos de serviços fornecidos por múltiplos computadores.
Desde 1992, com o navegador Viola, de Pei Wei, a web vinha sendo usada para
enviar miniaplicativos para dentro de navegador. Somente em 1995, depois da
introdução do Java e, depois, o DHTML como formas leves de prover
programabilidade e experiência rica do usuário para o lado do cliente, que a Internet
começou a ser usada com praticamente toda sua capacidade (ampliando as opções
de navegação e interações, além de facilitá-las para o usuário).
Com a Web 2.0, esses aplicativos de grande porte se concretizaram. O Google, mais
uma vez, serve como exemplo a ser citado aqui. A tecnologia usada é o AJAX que é,
segundo o webdesign, Jessé James Garret, não uma tecnologia, mas várias delas
que incorporam apresentações baseadas em padrões XHTML e CC, exibição e
interação dinâmicos usando o “ Document Object Model” e a troca de manipulação
de dados assíncronos usando XMLHttpRequest. Tudo junto, agora.
- 16 -
5 – Padrões de Design na Web 2.0
No artigo em que Tim O’Reilly defende o conceito de Web 2.0, ele cita o livro A
Pattern Language, de Christopher Alexander, onde o autor explica seu conceito de
padrões de projeto de software ou padrões de desenho de software. Na obra,
Alexander diz que “cada padrão descreve um problema que acontece repetidamente
no nosso ambiente e, então, descreve o centro da solução daquele problema, de tal
forma que se pode usar essa mesma solução um milhão de vezes sem nunca repetí-
la, do mesmo jeito, duas vezes sequer”.
1. A Cauda longa
As aplicativos são cada vez mais baseados em dados. Portanto: Para ter vantagem
competitiva, procure possuir uma única fonte de dados, difícil de ser recriada. (Nota:
Alusão ao logo “Intel Inside” usado pelos fabricantes de PCs para valorizarem seus
produtos avisando que continham a excelência dos processadores Intel)
6. Beta perpétuo
- 17 -
7. Coopere, não controle
Aplicativos web 2.0 são construídos a partir de uma rede cooperativa de serviço de
dados
- 18 -
Módulo 4 - Os grandes entram na Web 2.0
A Sun Microsystems foi uma das primeiras gigantes da área de TI a se voltar para a
idéia da Web 2.0. Já na metade da década de 90 a lançou e patenteou o slogan “The
Network is the Computer” (A Internet é o computador), demonstrando sua intenção
e posicionamento comercial em fazer da Internet “a” plataforma para todo e
qualquer sistema computacional existente. O novo lema reforçou as promessas de
interoperabilidade e portabilidade da linguagem multiplataforma Java, também da
Sun, sintetizadas em outro slogan, o “Write once, run everywhere” (Uma vez escrito,
roda em qualquer lugar, qualquer plataforma). Ainda no final da mesma década de
90, começou a desenvolver padrões de interação entre aplicativos Internet, para que
as então chamadas transações BSB (business to business) pudessem ser realizadas
de forma padronizada.
- 19 -
A Sun entende que o armazenamento tradicional já não é mais suficiente para as
necessidades das empresas, diante da concorrência.
- 20 -
Fabricantes de software para Web 2.0 participam do projeto. As empresas
SocialText, NewsGator, SimpleFeed e Six Apart desenvolverem os aplicativos do
Suite Two. O objetivo da Intel é oferecer inicialmente um pacote voltado para
pequenas e médias, com planos de levá-lo depois para as grandes empresas. As
aplicações contam com um apenas um sistema de autenticação e uma interface
comum a todos os usuários, para que o pacote seja instalado em um servidor apenas
e esteja disponível para uma rede. Posicionado como um conjunto de ferramentas
para comunicação internas e externas, o Suite Two será ampliado para incluir
ferramentas de podcast, redes sociais e aplicações móveis. A estratégia demonstra
que aplicações Web 2.0, desenvolvidas originalmente para o mercado consumidor,
estão sendo cada vez mais adaptadas para o uso em ambientes corporativos.
Outra empresa a reconhecer que a necessidade de colaboração dos clientes vai além
do e-mail é a IBM. A empresa investiu 1 bilhão de dólares em novas tecnologias para
a Web 2.0. Atualizou sua plataforma, com o lançamento do Lotus Notes® e
Domino® 7, que inclui características de colaboração e ferramentas que podem
contribuir para melhorar a produtividade das empresas. Com o Lotus Notes® 7, os
usuários serão beneficiados com mais de 120 novas características que lhes
permitirão lidar com um volume crescente de informação e trabalhar com mais
eficiência. Novos indicadores visuais ajudam a organizar e gerenciar a sua caixa de
entrada de e-mails ao indicar as mensagens de prioridade alta e diferencia-las entre
mensagens de grupo e mensagens destinadas a usuários específicos.
- 21 -
Por fim, o AquaLogic Pathways (antigo Project Graffiti) foi redesenvolvido para ser
uma ferramenta colaborativa de busca e compartilhamento de informações e
conhecimento nas redes sociais, que permite, por exemplo, que se compartilhem
dados como sites favoritos cadastrados no computador de um dos usuários da rede.
Com esses produtos, afirma a BEA Systems, será possível que funcionários de uma
companhia troquem informações e colaborem nos sites e serviços virtuais da
empresa, tornando o ambiente online mais dinâmico e o conteúdo, mais organizado
e relevante.
O Google é uma típica empresa da Web 2.0. E se tornou em 2006 a marca mais
valiosa do mundo, avaliada em US$ 66,3 bilhões, superando gigantes como Microsoft
e Coca-Cola, segundo a consultoria Milleard Brown. Apesar dessa posição, o Google
não pára de investir: também em 2006, a empresa pagou US$ 1,65 bilhão pelo
YouTube, site em que as pessoas compartilham seus vídeos.
As pequenas e médias também estão explorando o que parece ser o novo Eldorado
de negócios. Mais de 2,8 milhões de pequenas e médias empresas globais já estão
utilizando aplicações de Web 2.0, embora ainda sejam deficientes as definições sobre
funcionalidades de tal plataforma, revela pesquisa publicada em maio de 2007 pela
consultoria Access Market International (AMI) Partners.
- 22 -
2 – Second Life, a Grande Vitrine da Web 2.0
A comunidade virtual Second Life, mais conhecida como “mundo virtual”, foi criada
em 2002 pelo físico americano Philip Rosedale, quando ele se estabeleceu em Linden
Alley, uma pequena cidade vizinha a São Francisco, e fundou a Linden Lab. Em 2003,
foi aberta ao público. Quatro anos depois, em maio de 2007, contava com cerca de 6
milhões de residentes virtuais em todo o mundo.
A Second Life chegou ao Brasil em meados de 2006 e, como aconteceu com o Orkut,
rapidamente se expandiu. Em três meses o país saltou da 12ª maior presença na
rede para a 4ª colocação, atrás dos EUA, França e Alemanha. A estimativa é de que
até fevereiro de 2008 haja 2 milhões de usuários brasileiros na rede. A comunidade
virtual precisou ser adaptada ao mercado brasileiro, já que poucos usuários possuem
cartão de crédito internacional. O serviço mais usado é boleto bancário. Em abril de
2007, a Kaizen Games lançou a versão nacional do SL, com interface adaptada e
traduzida para o português. Agora o cliente que baixar poderá viajar pelas ilhas
temáticas: Copacabana, Masp, Avenida Paulista e Berrini.
- 23 -
3 – O Cenário das Pequenas e Médias Empresas
A AMI acredita que os ingredientes para o sucesso das aplicações de Web 2.0 nas
pequenas e médias companhias incluirão ofertas de serviços que encorajem a
colaboração e permitam a personalização, ao mesmo tempo em que abordam
questões de segurança. Algumas áreas emergentes, e de crescimento significativo,
incluem ainda soluções de armazenamento e backup; CRM hospedado e soluções
SFA, assim como ferramentas de produtividade e outros sistemas de colaboração
online.
- 24 -
O site Apontador praticamente renasceu graças à Web 2.0. Depois de ter sido uma
referência na Internet brasileira como localizador de endereços, o site fechou o
conteúdo, cobrando assinaturas. Não deu certo. A recuperação veio com um
movimento típico da Web 2.0. Agora, os usuários podem se cadastrar para adicionar
mapas e endereços no site e até criar sua própria rota. Com a colaboração dos
usuários, os serviços se multiplicaram. Se houver uma padaria, um buraco na rua,
uma barraquinha de cachorro-quente ou um posto de gasolina na rota, é possível
incluí-los no site e todos podem visualizá-los. Ainda é possível conhecer as condições
do tempo e do trânsito.
A construtora Tecnisa, também de São Paulo, mantém desde maio um blog para se
comunicar com fornecedores, clientes e funcionários. A iniciativa se tornou um
importante instrumento de marketing ao fortalecer os laços com públicos específicos,
avaliam os diretores da empresa. Eles destacam o caso do público feminino, chega
ao blog para ler sobre assuntos relacionados a moradia e, de outra forma, talvez não
viesse a conhecer a empresa.
- 25 -
Módulo 6 - Desafios, oportunidades e estratégias para a Web 2.0
Adotar a cultura da web 2.0 na estratégia da empresa é algo que não pode ser feito
de maneira superficial. É preciso incorporá-la ao processo produtivo da corporação
para usufruir de seus melhores benefícios. E a melhor maneira é entender que o
conceito Web 2.0 nasceu do novo comportamento online do usuário, a colaboração.
Compreender esse comportamento e adaptar a estratégia empresarial para adequá-
la será fundamental para que as corporações mantenham sua posição de mercado a
longo prazo. As corporações mais afiadas vão perceber ainda que essa mudança de
paradigma permitirá até melhorar essa mesma posição de mercado, ao se voltar
para consumidores e parceiros.
A Web 2.0 tem de ser vista como uma aliada do mundo dos negócios. Muitos
empresários pensariam que mudar os rumos de uma grande corporação ou o foco do
poder, compartilhando-o com o usuário (funcionários, clientes e fornecedores), seria
muito arriscado. Mas arriscado, na verdade, será ignorar esse novo conjunto de
fatores que estão, ainda timidamente, mudando a forma como fazemos negócios.
No Brasil, um caso que ilustra essa tendência, ainda que de forma bem iniciante, é o
do Jornal O Globo, que possui uma seção em seu site chamada EU-Repórter onde
são publicadas fotos, vídeos e notícias enviadas pelos leitores.
- 26 -
Podemos citar também o caso do banco, banco HSH Nordbank, de Luxemburgo, que
faz um excelente uso da web 2.0 para interagir com os funcionários. O banco criou
um blog para que seus 130 funcionários discutissem, anonimamente, as diretrizes da
companhia.
O exemplo mais significativo de uso para fixação de marca até agora (2007) ocorreu
durante a final do Super Bowl, o campeonato nacional de futebol americano. Os
intervalos comerciais durante a partida são os segundos mais caros da bilionária TV
americana. A veiculação de um filme de 30 segundos custa US$ 2,6 milhões.
- 27 -
Um estudo recente mostrou que a repercussão desse vídeo na Internet após o Super
Bowl rendeu à Doritos o equivalente a R$ 36 milhões de dólares em investimento de
mídia. Considerando que na verdade ela só investiu US$ 2,6 milhões mais 12 mil
dólares, o lucro foi significativo.
O primeiro lugar foi conquistado pela página do fã-clube da cantora Marisa Monte, o
Marisa de Verdade. O vencedor recebeu um Ipod Vídeo de 80 gigas. O segundo
ganhador recebeu um Estúdio Fotográfico portátil HP Photosmart & Câmera Digital
HP Photosmart M425 e o terceiro, um MP3 Player.
Com a entrada cada vez maior das empresas na Web 2.0, usando suas ferramentas
para negócios, as empresas de TI passam a ter nesse movimento nova uma
oportunidade de negócios – seja para desenvolver novos produtos, seja para utilizar
de maneira criativa as ferramentas existentes.
- 28 -
Módulo 7 - Tendências da Web 2.0
3 – Os Desafios da Segurança
As possibilidades infinitas abertas pela Web 2.0 trazem a contrapartida dos desafios
de Segurança da informação. Aplicações que brotam por toda parte não são
necessariamente controladas. Os CIOs, então, precisam se voltar para esse assunto
e se preparar para as implicações financeiras e – o mais importante – de política
empresarial. É necessário considerar os seguintes aspectos: segurança para o acesso
crescente a uma mídia diversificada (dando acesso a certas pessoas e impedindo o
acesso de outras); demanda crescente de largura de banda; acesso crescente a
dispositivos móveis; e diretrizes de confidencialidade.
No primeiro caso, o problema é que funcionários de empresas usam IM, wiki e blogs
sem o CIO saber se ele não tiver uma resposta para o problema. A reação pode ser
de dois tipos: ou proibir o uso de ferramentas de Web 2.0 ou sair na frente e adotar
as soluções Web 2.0. A proibição pode ser revelar prejudicial, porque a empresa
perderá em competitividade ao deixar de usar ferramentas que propiciam um
aumento significativo de produtividade. A atitude oposta, de se abrir à Internet
colaborativa, fará com que o problema da falta de padrão e de controle seja
resolvido com a criação de um IM corporativo ou mesmo a aquisição de uma solução
de mercado.
- 30 -
O segundo problema é a segurança da informação proprietária, que pode circular em
mensagens instantâneas ou em páginas wiki sem encriptação. Já é possível
monitorar esse tipo de comunicação ou juntar pacotes de rede para uma conversa
IM, com aplicativos existentes no mercado que encriptam a comunicação ou
detectam e bloqueiam informações sensíveis.
Em seu primeiro documento sobre Web 2.0, Tim O’Reilly diz que espera ver muitos
aplicativos web novos nos próximos anos, tanto os verdadeiramente novos, como
ricas reimplementações para web de aplicativos PC. Até hoje, observa, toda mudança
de plataforma criou também oportunidades para uma mudança de liderança dos
aplicativos dominantes da plataforma anterior.
O´Reilly trata também de outras mudanças, como a de que Web 2.0 também vai
refazer a lista de endereços. Uma lista no estilo Web 1.0 iria tratar o livro de
endereços local, do PC ou telefone, simplesmente como um cache dos contatos que o
usuário tivesse explicitamente pedido ao sistema para armazenar. Enquanto isso, um
agente web de sincronização, do estilo Gmail, lembraria qualquer mensagem enviada
ou recebida, todos os endereços de e-mail e números de telefone utilizados e iria
construir heurísticas de redes sociais para decidir quais alternativas apresentar
quando uma resposta não fosse localizada no cache local. Não encontrando ali a
resposta, o sistema pesquisaria a rede social mais ampla.
- 31 -
O CEO da O´Reilly Media encerra o artigo listando o que acredita serem as
sete competências centrais das companhias Web 2.0:
2. Controle sobre fontes de dados únicas e difíceis de serem criadas e que ficam mais
ricas quanto mais as pessoas as utilizarem
E conclui: “Da próxima vez que uma companhia reivindicar ser “Web 2.0”, compare
suas características com a lista. Quanto mais pontos fizer, mais fará jus ao nome.
Lembre-se, no entanto, que excelência em uma área pode contar mais do que alguns
pequenos passos em todas as sete”, finaliza.
Mal começou a discussão da Web 2.0, já se fala em Web 3.0, que seria a organização
e o uso de maneira mais inteligente de todo o conhecimento já disponível na
Internet. Estudiosos a identificam como uma rede em que os computadores
entendem de semântica (o sentido das palavras). As máquinas compreenderiam o
significado das palavras que utilizamos na rede e fariam associações de idéias a
partir delas. Mesmo que não se saiba digitar exatamente o que se quer em um site
de busca ou de compras on-line, os computadores daquele serviço interpretariam
seus pedidos e levariam você até os sites ou produtos que realmente lhe interessam.
Pesquisa divulgada pela Weber Shandwick, uma unidade da Interpublic Group, uma
das maiores empresas de publicidade e marketing do mundo, mostra que 86% dos
104 executivos das maiores empresas americanas ouvidos acreditam que as
inovações motivadas pela Web 3.0 serão o setor que mais ganhará atenção ao longo
de 2007.
- 32 -