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Número 36

Outubro de 2006

Os salários num contexto


de baixa inflação
Os salários num contexto de baixa inflação

1. Introdução
No período recente, principalmente neste ano de 2006, a economia brasileira vem
experimentando uma situação peculiar, no que se refere aos patamares de inflação. Como atestam
os diversos índices de preços, vem se observando sua queda contínua e expressiva, ao ponto de o
país hoje conviver, com taxas anuais muito semelhantes às verificadas em economias estáveis. De
fato, a taxa acumulada de inflação nos doze meses findos em agosto, segundo o Índice do Custo de
Vida calculado pelo DIEESE, atingiu apenas 2,8%. Uma noção melhor da queda da inflação pode
ser obtida a partir da Tabela 1, abaixo, que traz uma série histórica de nossas taxas de inflação.

TABELA 1
Taxa anual de inflação – ICV DIEESE
1990 a 2006
Anos INPC ICV

1990 1.585,18 1.804,37


1991 475,10 497,99
1992 1.149,06 1.146,74
1993 2.484,11 2.579,33
1994 929,32 1.130,45
1995 21,98 27,43
1996 9,12 9,93
1997 4,34 6,12
1998 2,49 0,49
1999 8,43 9,57
2000 5,27 7,20
2001 9,44 9,42
2002 14,74 12,93
2003 10,38 9,55
2004 6,13 7,70
2005 5,05 4,39
2006(1) 2,85 2,80
Fonte: DIEESE
Nota: (1) 12 meses de setembro de 2005 a agosto de 2006

A medida de variação dos preços tem alcançado taxas tão baixas, no período recente, que
chega a provocar, em diversas pessoas, uma reação de incredulidade. Parte desta reação se deve ao
fato de que, em anos anteriores, houve uma forte queda no rendimento real dos assalariados – que
nem sempre conseguiram “zerar” as perdas salariais nas datas-base – e também houve crescimento
do desemprego, que diminui a renda familiar disponível, ocasionando queda no nível de consumo
das pessoas.

Além disso, deve-se levar em consideração que a taxa de inflação é uma média da evolução
dos preços de mercadorias e serviços. A rigor, cada família “sente” a variação dos preços de modo
particular, pois o peso de cada item no seu orçamento é diferente. Assim, se, por exemplo, o preço
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dos medicamentos sobe muito, a inflação das famílias que têm mais idosos tende a ser maior. Se o
preço dos alimentos cai, a inflação das famílias mais pobres tende a ser menor, já que boa parte de
seu orçamento é gasto em alimentação.

Até mesmo dirigentes sindicais não deixam de se surpreender com os resultados recentes e
manifestam certa decepção quando informados do percentual de reajuste salarial necessário à
recomposição do poder de compra dos salários. A primeira reação é olhar para tais resultados como
um problema. O raciocínio imediato é: “será muito difícil mobilizar os trabalhadores na ‘campanha
salarial’ para lutar por um percentual tão baixo”.

Esta nota técnica procura avaliar, brevemente, o impacto sobre os salários da redução
observada nas taxas de inflação e avançar numa tentativa de recolocar o problema dos salários no
Brasil em outras bases1.

Alguns conceitos básicos


Como ponto de partida, são apresentadas, a seguir, algumas definições2:

• Inflação: “é um processo de aumento generalizado e contínuo nos preços das


mercadorias e serviços, no atacado e no varejo”.

• Salário Nominal: é o valor do salário recebido pelo trabalhador a cada mês, no padrão
monetário vigente, atualmente em reais.

• Salário Real: “é o poder de compra dos salários. Representa a capacidade que um


determinado salário nominal tem de adquirir produtos e serviços em um dado período.
Se a quantidade de produtos e serviços que o salário nominal consegue comprar diminui,
o salário real estará caindo. Geralmente isso ocorre quando os preços dos produtos e
serviços sobem, sem que os salários subam na mesma proporção e no mesmo ritmo”.

• Custo de vida: “é um conceito mais concreto. Considere-se uma família que gasta sua
renda adquirindo bens e serviços. A aquisição desses bens e serviços assegura a ela um
determinado padrão de vida. O custo de vida é o total das despesas efetuadas para se
manter certo padrão de vida”.

1
Esta Nota Técnica aponta os benefícios e limitações trazidos pela baixa inflação para a manutenção do poder de
compra dos salários. Entretanto, deve-se ressaltar a existência de um longo debate que confronta a opção estratégica
pela estabilidade monetária em detrimento do crescimento econômico. Assunto que não será tratado nesta Nota.
2
DIEESE. Matemática Sindical: cálculos e conceitos úteis à negociação coletiva. São Paulo: 1996

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Inflação e perda de massa salarial
A partir destes conceitos, pode-se afirmar que, do ponto de vista dos trabalhadores,
aposentados, pensionistas e, até mesmo, pequenos empresários, a queda da inflação apresenta-se
como um ponto positivo e não como um problema.

O Gráfico 1 procura demonstrar esta afirmação. Uma primeira observação permite perceber
a evolução do salário real no decorrer do período que se estende de setembro de 2001 até agosto de
2006. Tal evolução expressa o comportamento dos salários dos trabalhadores pertencentes a uma
categoria cuja data-base é setembro. Além disso, imagina-se, de forma otimista que, nas cinco
datas-base contidas no período, os trabalhadores e o sindicato que os representa conseguiram a
recuperação plena do poder de compra dos salários. Isto pode ser visto no gráfico, onde, em cada
data-base, o salário real volta ao mesmo nível estabelecido na data-base anterior, neste exemplo, no
patamar equivalente a R$ 1.000,00, em valores de agosto de 2006.

GRÁFICO 1
Evolução do salário real
Setembro de 2001 a agosto de 2006

1.050,00
salário real

1.000,00
Salário Real

950,00

900,00 salário real


médio

850,00
Sep-01 Sep-02 Sep-03 Sep-04 Sep-05

Salário Real - Média Anual Salário Real

Fonte: DIEESE
Obs:. Deflator ICV/DIEESE

O Gráfico permite verificar que os diferentes patamares de inflação fazem muita diferença
nos efeitos que provocam sobre o poder aquisitivo do salário de cada mês, no período entre uma

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data-base e outra3. Fica evidente que o aumento da inflação, observado nos últimos meses de 2002
e primeiros meses de 2003, fez com que o salário real mensal (a linha mais irregular, em formato de
zig-zag) caísse de forma mais acentuada. Inversamente, entre setembro de 2005 e agosto de 2006,
com um patamar de inflação mais baixo, a evolução do salário real, mês a mês, é menos
desfavorável.

O mais importante é chamar atenção para o comportamento do salário real médio anual,
indicado no gráfico pela linha mais regular, que expressa o valor real médio do salário ou o poder
de compra médio durante os 12 meses entre datas-base. No período entre setembro de 2002 e
agosto de 2003, esta média ficou em R$ 903,78 ao mês (Gráfico 1 e Tabela 2). Assim, embora o
salário negociado na data-base de setembro de 2002 tenha retomado o patamar de R$ 1.000,00, a
alta do custo de vida o corroeu tão fortemente que seu valor real médio tornou-se R$ 96,22 menor!
Isto é, a perda salarial anual sofrida pelos trabalhadores nos 12 meses entre as datas-base de 2002 e
2003 (perda de massa) foi de R$ 96,22 vezes 13 (12 salários mais o 13º salário), o que correspondeu
a R$ 1.250,86, ou seja, 1,25 salário.

Na situação oposta, no período entre setembro de 2005 e agosto de 2006, com patamares
baixos de inflação, o salário médio real foi de R$ 977,22, R$ 22,78 menor que o negociado na data-
base. Multiplicando por 13, a perda de massa salarial no período de setembro de 2005 a agosto de
2006 equivale a R$ 296,14 ou apenas 0,30 salário.

TABELA 2
Evolução dos salários reais deflacionados pelo ICV/DIEESE
Setembro de 2001 a agosto de 2006
Inflação Salário Real Salário Real Diferença entre
Salário Real em
Acumulada em Médio entre salário mensal
(1) Agosto
(ICV/DIEESE) Setembro datas-base contratado e
Período
salário real médio
(R$)
(%) (R$) (R$) recebido (R$)
(A) (B) (C = A - B)

Set/01 a Ago/02 7,45 1.000,00 930,66 960,73 39,27


Set/02 a Ago/03 15,50 1.000,00 865,77 903,78 96,22
Set/03 a Ago/04 7,82 1.000,00 927,45 961,56 38,44
Set/04 a Ago/05 4,89 1.000,00 953,49 967,41 32,59
Set/05 a Ago/06 2,80 1.000,00 972,88 977,22 22,78
Elaboração: DIEESE
Nota: (1) Em 1º de setembro do ano base

Se é inquestionável a maior sustentação do poder de compra dos salários proporcionada pela


baixa inflação, caberia perguntar: por que a queda da inflação é vista com incredulidade ou até
como um problema para alguns? Por que a quase decepção com as baixas taxas de inflação
3
O Gráfico foi intencionalmente modificado em sua escala de forma a permitir uma melhor visualização do fenômeno
que se quer ressaltar.

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acumuladas desde a última data-base? Não há uma única resposta às perguntas formuladas, mas
pode-se arriscar duas ordens de explicações. A primeira, associada à alta inflação observada na
economia brasileira ao longo de décadas. A segunda, associada ao nível dos salários pagos no país.

Alta inflação e campanhas salariais


Até alguns anos atrás, a economia brasileira experimentou um processo inflacionário que só
não chegou ao seu limite, de hiperinflação aberta, devido à utilização de alguns mecanismos de
correção de parte dos rendimentos pela inflação passada, a chamada indexação, viabilizada pela
vinculação dos contratos aos índices de preços.

No início dos anos 90, a inflação chegou a atingir taxas mensais superiores a 80%. Era
como se a moeda estivesse se dissolvendo em nossas mãos. A conseqüência era uma busca
permanente e generalizada de adoção de mecanismos cada vez mais complexos e imediatos de
correção dos contratos, entre os quais os contratos salariais, de forma a se manter o seu poder de
compra.

Nessa corrida, via de regra, os assalariados sempre perdiam, uma vez que não conseguiam
corrigir seus salários na mesma velocidade e intensidade em que eram corrigidos os preços das
mercadorias que consumiam.

Para os sindicatos de trabalhadores, a luta pela recomposição do poder de compra dos


salários era, imperiosamente, o mote das campanhas, não por acaso chamadas de campanhas
salariais. Com perdas salariais acumuladas entre as datas-base (um ano), de 30%, 40% e até 50%,
tudo o mais perdia importância nas negociações. Não “zerar” as perdas salariais passadas era sinal
de fracasso. De outro lado, a recomposição plena dos salários, segundo a taxa de inflação do
período anterior, era uma espécie de atestado de dever cumprido.

Em várias ocasiões, especialmente em anos de adoção de planos econômicos de combate à


inflação, parte das categorias profissionais não conseguia sequer a reposição plena da inflação,
experimentando o malfadado “arrocho salarial”. E, mesmo quando conseguia, daquele ponto não
passava. Ou seja, não se avançava um milímetro sequer em termos de ampliação do poder de
compra dos salários. Isto porque o esforço para a recomposição salarial era enorme. Toda a
energia política (o poder de barganha) era direcionada a esta luta que, por sua vez, tinha grande
apelo mobilizador junto aos trabalhadores. Era a bandeira que unificava os pertencentes a uma
mesma categoria e, em algumas ocasiões, unificava trabalhadores de diferentes categorias, com uma
mesma data-base. Esse apelo pode ser chamado de “ilusão monetária”.

Além do esforço para a recomposição, o reajuste elevado, da ordem de 40%, 60%, 100%,
levava os trabalhadores a experimentarem por um mês, dois ou três, a idéia de que tinham obtido
uma melhora acentuada em seus rendimentos. Isto porque a base que utilizavam para comparação –

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o salário do último mês anterior ao do reajuste - era muito reduzida, o fundo do poço de seu poder
de compra.

Mas os reajustes obtidos pelos trabalhadores organizados, nos anos de pico do processo
inflacionário, rigorosamente falando, significavam, quando muito, o retorno a uma situação anterior
em termos de poder de compra. Não ocorria qualquer tipo de ganho real. E a alta inflação do
próprio mês da data-base já corroia o poder aquisitivo do salário negociado até o momento em que
ele fosse recebido.

A recorrência ao uso desses modelos de reajuste deixou profundas marcas em nossa


sociedade e ensejou comportamentos defensivos de toda ordem, que até hoje influenciam a fixação
de contratos e as transações econômicas. Marcou, também, a memória dos trabalhadores e
influenciou, sobremaneira, a ação das entidades sindicais. Afinal, desde a retomada das grandes
mobilizações sindicais do fim da década de 1970, a ação do movimento de trabalhadores se
orientou, em boa medida, pela recuperação das perdas impostas pela inflação aos salários.

Nesse sentido, num momento de baixa inflação, como o atual, a perda e a sua percepção
tornam-se menores, reduzindo conseqüentemente seu poder mobilizador. A energia a ser
despendida pode parecer não compensar o resultado almejado. Obter a recomposição da inflação do
período significa um incremento salarial de cerca de 3%. Isso tem sido visto como pouco, porque o
acréscimo monetário é pequeno, comparativamente aos períodos de alta inflação. Esse fenômeno,
pode ser chamado de “desilusão monetária”.

Recolocando o problema
Há ainda uma segunda ordem de explicação para o desconforto dos trabalhadores.
Provavelmente, a sua razão está no fato de serem muito baixos os rendimentos da maioria da
população. Se a inflação for absolutamente igual a zero, isto é, se os preços ficarem inalterados
durante todo um ano, isso em nada alterará o fato de que, ainda assim, a maioria dos brasileiros
continuará tendo rendimentos muito baixos para fazer face ao custo de uma vida digna. Este talvez
seja o verdadeiro problema.

Costuma-se confundir a variação do custo de vida com o custo de vida propriamente dito.
Se a variação do custo de vida for zero, mas os salários da maioria dos trabalhadores não forem
alterados de forma relevante e persistente, o custo de vida continuará sendo elevado, para aquele
patamar de rendimentos.

É preciso aumentar os ganhos da população em termos reais e promover a distribuição da


renda, em favor dos mais pobres. O contexto de baixa inflação pode, até mesmo, contribuir para
enfrentar esse desafio, na medida em que a estabilidade monetária, primeiro, explicita os baixos

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salários pagos no país e a má distribuição de renda e, segundo, faz com que os aumentos salariais,
por menores que sejam e desde que não ocorra demissão, não sejam rapidamente corroídos.

Uma forma de se perceber a necessidade da elevação real dos salários é observar como se dá
a distribuição funcional da renda no país. Nesta perspectiva, pode-se ver quanto da renda é
apropriada pelos trabalhadores, na forma de salários, e quanto é apropriada pelos empresários, na
forma de lucros.

Conforme se observa no Gráfico 2, ao longo dos anos 90 e início dos anos 2000, a
participação dos rendimentos do trabalho na renda nacional caiu 9,5 pontos percentuais, ao passo
que o excedente operacional bruto, correspondendo grosso modo ao lucro empresarial, aumentou
sua participação em 8 pontos. Ademais, a participação dos trabalhadores na renda é bastante baixa
comparativamente a outros países.

GRÁFICO 2
Evolução da distribuição funcional da renda, considerando apenas os rendimentos do
trabalho e do capital(1)
- Brasil 1993 a 2003

60,0

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Remuneração dos Empregados Excedente Operacional Bruto

Fonte: IBGE
Elaboração: DIEESE
Nota: (1) Excluídos os rendimentos de autônomos e os impostos líquidos

Confirmada a manutenção dos baixos níveis de inflação, o movimento sindical brasileiro e a


própria sociedade passa a se defrontar com um antigo e renovado desafio: como encaminhar as lutas
por aumentos salariais que, além de acompanhar o crescimento econômico, avancem sobre parcelas
maiores da renda nacional, melhorando a sua distribuição e contribuindo para o resgate da enorme
dívida social acumulada por séculos?

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Encarar essa luta como legítima não é tarefa simples, visto que o movimento sindical
acostumou-se a lutar pelo que perdia, o que conferia um caráter de reparação de direito lesado. A
briga pelo aumento da fatia do bolo que caberá aos trabalhadores é de outra natureza. E tão
legítima quanto a defesa de seu poder de compra.

Trata-se de uma mudança qualitativa importante, pois a idéia é passar de uma posição
defensiva do poder de compra dos salários, para uma posição ofensiva de aumento da participação
no resultado do produto social. Ao invés da decepção com a baixa inflação, deve-se saudar a morte
do fantasma da “ilusão monetária”.

Diante do exposto, resta a seguinte questão: o que fazer para, o quanto antes, deixar para trás
a agenda imposta pelas taxas de inflação? Por meio de quais instrumentos se pode desenvolver a
luta pela redistribuição da renda e pela melhora do poder de compra dos salários?

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DIEESE

Direção Executiva
Carlos Andreu Ortiz – Presidente
STI. Metalúrgicas de São Paulo
João Vicente Silva Cayres – Vice-presidente
Sind. Metalúrgicos do ABC
Antonio Sabóia B. Junior – Secretário
SEE. Bancários de São Paulo
Carlos Eli Scopim – Diretor
STI. Metalúrgicas de Osasco
Alberto Soares da Silva – Diretor
STI. Energia Elétrica de Campinas
Zenaide Honório – Diretora
APEOESP
Pedro Celso Rosa – Diretor
STI. Metalúrgicas de Curitiba
Paulo de Tarso G. B. Costa – Diretor
Sind. Energia Elétrica da Bahia
Levi da Hora – Diretor
STI. Energia Elétrica de São Paulo
Carlos Donizeti França de Oliveira – Diretor
Femaco – FE em Asseio e Conservação
do Estado de São Paulo
Mara Luzia Feltes – Diretora
SEE. Assessoria Perícias e Porto Alegre
Célio Ferreira Malta – Diretor
STI. Metalúrgicas de Guarulhos
Eduardo Alves Pacheco – Diretor
CNTT/CUT

Direção técnica
Clemente Ganz Lúcio – diretor técnico
Ademir Figueiredo – coordenador de desenvolvimento e estudos
Nelson Karam – coordenador de relações sindicais

Equipe técnica
Carlindo Rodrigues de Oliveira
Carlos Jardel Leal
Frederico Mello
Paulo Jäger
Iara Heger (revisão)

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