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Documentação Técnica

CISTERNAS
http://seghidro.lsd.ufcg.edu.br
Sumário

Sumário..............................................................................................................................2
Apresentação.....................................................................................................................1
1. O Algoritmo básico.......................................................................................................2
2. Variação dos parâmetros...............................................................................................4
3. Previsão de consenso.....................................................................................................5
4. Arquivos e parâmetros...................................................................................................9
5. Linha de comando.......................................................................................................12
6. Referências Bibliográficas...........................................................................................12
Apresentação
A Aplicação Cisternas avalia sistemas de captação de água de chuva.
Através dela, pode-se simular o comportamento de sistemas de captação de
água de chuva em uma região de interesse. É possível determinar a
quantidade de dias em que ocorreu déficit de abastecimento no período em
que foi simulada a cisterna e, o oposto, a garantia de abastecimento que a
cisterna proporciona em porcentagem, assim como o máximo de dias de déficit
consecutivos que a cisterna operou. A Aplicação também calcula a freqüência
de ocorrência de déficit hídrico nas faixas compreendidas em intervalos que
variam de 10% até 100%, ou seja, (0%, 10%], (10%, 20%], (20%, 30%],(30%,
40%],(40%, 50%],(50%, 60%],(60%, 70%],(70%, 80%],(80%, 90%] e de (90%,
100%] , baseada na previsão de consenso. A Aplicação ainda suporta geração
de cenários para execução de um sistema em que os parâmetros de execução
variam sistematicamente, de acordo com a necessidade do usuário.

Nesta versão é usada a metodologia para reamostragem estatística dos


dados que utiliza a previsão de consenso. Essa previsão é geralmente
realizada por um grupo de cientistas que, após a análise das previsões
numéricas e da evolução das condições oceânicas e atmosféricas globais e
regionais nos últimos meses, divulgam o prognóstico climático para o próximo
período chuvoso com caráter qualitativo.

Neste documento serão descritos os métodos de cálculo do balanço hídrico


e do processo de reamostragem empregados na aplicação.
1. O Algoritmo básico
O algoritmo básico, ou seja, o núcleo de cálculo da aplicação ,que todas
as outras funções irão utilizar, é baseado na equação de balanço hídrico de
reservatório, expressa em unidades volumétricas:

(1)

Onde:

Vdt é o volume disponível no instante t;

Vdt-1 é o volume disponível no instante t-1;

Vcapt é o volume captado durante o período entre os instantes t-1 e t;

Vcont é o volume consumido no período entre os instantes t-1 e t; e

Ca é a capacidade da cisterna.

Considera-se que para o primeiro passo de cálculo o Vdt-1 será:

(2)

Onde:

CVI é o coeficiente de volume inicial que varia de 0 a 100 e será fornecido via
linha de comando.

Considera-se que a demanda requerida irá ser consumida ao mesmo


passo que o volume captado abastece a cisterna. Deste modo, o cálculo do
volume disponível é realizado com o uso destes dois valores calculados numa
mesma etapa.

Os volumes captado e consumido (Vcap e Vcon) durante o período entre


os instantes t-1 e t são calculados respectivamente por:

(3)

(4)

Para o Primeiro dia, o Volume Consumido é:

2
(5)

Onde Ac é a área de captação em metros quadrados (m2);

C é o coeficiente de perdas em porcentagem (%);

Pt é a precipitação em milímetros ocorrida no período entre os instantes t-1 e t


(dias) ; e

D é a demanda de água em metros cúbicos (m3).

Após a realização destas etapas de cálculos para um intervalo de tempo


especificado (dias, meses ou anos), o software deverá produzir, para cada
sistema analisado a garantia de suprimento de água (G) e seu complemento, o
déficit (Def):

(6)

(7)

onde Pda é a quantidade de períodos onde a demanda foi atendida (ou seja,
Vdt > Dt); e Pt é o número de períodos totais da simulação.

O terceiro resultado será o número máximo de períodos (dias)


consecutivos onde a demanda não foi atendida (ou seja, Vdt < Dt) e a
respectiva data de início dessa seqüência de períodos (pode-se chamar da
variável Dias de déficit consecutivos - Ddc).

De modo a exemplificar melhor o fluxo de cálculos é apresentado na


Figura 1 um esquema gráfico.

3
Figura 1 – Esquema gráfico do fluxo de cálculos da aplicação

2. Variação dos parâmetros


De maneira a permitir que as simulações produzam resultados
referentes a uma maior diversidade de características dos sistemas, deve-se
variar o valor dos três principais parâmetros de comportamento quantitativo
(demanda, volume da cisterna e área de captação) dentro de um intervalo
especificado. Se essa função for utilizada, os valores de demanda, volume da
cisterna e área de captação que estão no arquivo de parâmetros não serão
utilizados.

Os resultados gerados por cada execução são organizados em


diferentes arquivos de saída. Cada um terá em seu nome e no seu cabeçalho
os valores utilizados, de modo a ser reconhecido facilmente pelo usuário. Por
exemplo: o arquivo que utilizou a área de captação de 20, volume da cisterna
de 16 e demanda de 20, terá o nome “saída-acap20-vol16-dem20.txt”.

4
O modo que essa variação será realizada será informado no detalhe da
linha de comando, deve ser opcional (o usuário pode não querer utilizar essa
funcionalidade, utilizando um único conjunto de parâmetros) e da forma limite
inferior, limite superior, incremento (por exemplo: 10 a 16 de 2 em 2, que pode
ser informado na sintaxe 10-20-2, que forneceria os valores 10, 12, 14 e 16).
Todos os arquivos resultantes disso devem ser compactados em um só pacote
zip.

3. Previsão de consenso
Assim como na aplicação reservatórios, a partir dos resultados obtidos
através dos cálculos especificados nas equações de 1 a 7 (que neste caso
devem ser realizados para cada ano de forma independente), calcula-se para
cada ano a disponibilidade hídrica relacionada à porcentagem de dias em que
ocorreria déficit no atendimento de água na cisterna (que corresponde a
variável Def) e a quantidade de dias consecutivos sem água (corresponde a
variável DiasDeficitConsecutivos). Para exemplificar, segue uma tabela de
classificação de dados (Tabela 1) determinada usando a metodologia proposta
e o prognóstico climático apresentado na Tabela 2.

Tabela 1 – Exemplo de classificação e resultados de déficits de atendimento


para uma localidade qualquer

Chuva
Ano Classificação Def DiasDeficitConsecutivos
(mm)
1953 97,1 seco 81,6% 50
1954 112,0 seco 78,1% 48
1980 136,2 seco 73,5% 45
1970 137,9 seco 73,7% 86
1982 164,8 seco 67,7% 95
1958 207,0 seco 58,9% 85
1963 207,0 seco 58,9% 40
1979 209,0 seco 58,9% 45
1976 228,5 seco 54,9% 65
1959 240,0 seco 52,6% 51
1966 240,4 normal 52,6% 55
1972 246,7 normal 51,6% 69

5
1969 258,1 normal 49,0% 78
1967 291,0 normal 42,2% 54
1956 315,0 normal 37,7% 58
1978 333,2 normal 34,2% 32
1968 336,2 normal 37,4% 65
1971 347,8 normal 31,0% 45
1960 366,0 normal 34,7% 35
1975 384,2 normal 25,2% 62
1973 389,4 chuvoso 34,2% 45
1962 409,0 chuvoso 18,9% 15
1964 443,3 chuvoso 12,3% 25
1961 485,0 chuvoso 29,9% 30
1981 487,4 chuvoso 29,9% 10
1977 498,8 chuvoso 26,6% 8
1965 541,2 chuvoso 32,0% 12
1974 638,4 chuvoso 13,2% 12
1957 836,0 chuvoso 43,0% 30
1955 870,0 chuvoso 31,5% 35

Após o processo de reamostragem proposto, utilizando os prognósticos


dados pelos centros estaduais de meteorologia da região, deve ser gerada a
distribuição de freqüência dos déficits previstos (Tabela 3 e Figura 2).

Tabela 2 – Prognóstico climático utilizado neste exemplo


SECO NORMAL CHUVOSO
PROGNÓSTICOS 25% 35% 40%

Cada probabilidade deve ser dividida pelo Máximo Divisor Comum (MDC)
e esses serão os pesos que serão utilizados para produzir os resultados que
estão na Tabela 3. O MDC de 25, 35 e 40 é 5, então os pesos respectivos
serão 5, 7 e 8.

Exemplo 1: na faixa de déficits hídricos entre 10 e 20% (ver Tabela 1 e


3), foram encontradas 3 valores (1962, 1964 e 1974). Como os três estão
classificados dentro dos anos chuvosos então a quantidade observada na
reamostragem será 3 x 8 (pois todos os três são chuvosos), resultando assim
24.

Tabela 3 – Freqüência estimada de ocorrência de déficit hídrico.

6
Freqüência
Déficit Hídrico Quantidade
estimada de
(% de dias do observada na
ocorrência
ano) reamostragem
(%)
0 10% 0 0,0%

T
10 20% 24 12,0%

T T T T T T T T
20 30% 31 15,5%
30 40% 59 29,5%
40 50% 22 11,0%
50 60% 39 19,5%
60 70% 5 2,5%
80 90% 15 7,5%
90 100% 5 2,5%
Total: 200 100,0%

Exemplo 2: na faixa entre 20 e 30% encontramos 4 valores sendo


distribuídos de maneira heterogênea quanto a classificação (1 normal e 3
chuvosos). Desse modo temos que a quantidade observada na reamostragem
será (1 x 7) + (3 x 8) que resulta 31.

Com os dados para todas as faixas de intervalos (que devem ser sempre
as faixas que estão na primeira coluna da Tabela 3) cada quantidade individual
é dividida pela quantidade total para se obter a freqüência estimada de
ocorrência, que, quando colocada em porcentagem (x 100%), é o resultado de
interesse.

Figura 2 – Freqüência estimada de ocorrência de déficit hídrico

7
Já a informação de máximo de dias consecutivos com déficit
(DiasDeficitConsecutivos) utilizando a previsão de consenso pode ser
calculada da mesma forma que a aplicação reservatórios utiliza para calcular o
volume médio mensal quando utiliza essa funcionalidade . Este procedimento
está descrito mais adiante.

Cada valor de dia de déficit consecutivo será multiplicado pelo peso


correspondente (seco, normal ou chuvoso), que corresponde à previsão de
consenso, e assim obtido o valor dia de déficit consecutivo ponderado . Esse
conjunto de pesos terá soma igual a 1 e será utilizado igualmente para todos os
meses.

Tabela 4 – Valores ponderados para quantidade de dias de déficit consecutivo.

Peso
Precip. Tipo de Ano Dias de do Ponderação
Déficits
Período Ano consecutivos Período
mm

137,7 seco 1979 150 0,25 38


166,5 seco 1999 155 0,25 39
168,2 seco 1970 111 0,25 28
187,7 seco 2001 125 0,25 31
188,5 seco 1980 124 0,25 31
189,1 seco 1982 220 0,25 55
191,9 seco 1983 126 0,25 32
193,6 seco 2003 122 0,25 31
215,5 normal 1973 85 0,35 30
219 normal 1963 87 0,35 30
232,2 normal 1972 81 0,35 28
248 normal 1971 88 0,35 31
250,3 normal 1976 89 0,35 31
258,2 normal 1969 98 0,35 34
259,7 normal 1965 87 0,35 30
275,1 normal 1975 81 0,35 28
290,8 normal 2002 83 0,35 29
299 normal 1966 86 0,35 30
315,2 chuvoso 1964 50 0,4 20
338 chuvoso 1967 55 0,4 22
360,9 chuvoso 1981 21 0,4 8
363,8 chuvoso 2000 22 0,4 9
373,3 chuvoso 1968 26 0,4 10
436,3 chuvoso 1977 44 0,4 18

8
460,8 chuvoso 1978 45 0,4 18
488,7 chuvoso 1974 47 0,4 19
Total 2308 8,7 710

Com isso é obtido a quantidade média de dias de déficit consecutivos para


o período em análise por meio da razão entre o somatório dos dias de déficit
ponderados e o somatório de todos os pesos. Para esse caso, é o somatório
da última coluna dividido pelo somatório da penúltima (resultado: 81,61 ≈ 82).

Resumindo, o calculo dos dias de déficits consecutivos médio é a soma


dos dias de déficits ponderados divididos pela soma dos coeficientes do
período, dado por:

 DiasDefici tConsecuti vos =


∑DdcP
∑Coe
onde:

Vmp – Volume Médio Ponderado.

DdcP– Dias de déficit Consecutivos Ponderados.

Coe – Coeficiente dos períodos.

A forma como esses dados devem ser impressos nos arquivos de saída
será descrita na seção seguinte. Essa função da aplicação poderá ser utilizada
em conjunto com a variação de parâmetros (cada variação produzirá resultados
diferentes) e ser opcional (o usuário pode ou não querer utilizar essa função,
ficando apenas com a simulação normal ou simulação com variação dos
parâmetros).

4. Arquivos e parâmetros
Para que o software consulte as informações necessárias de maneira
padronizada para sua execução, são propostos formatos de arquivos de
entrada e saída de dados. Estes primeiros, os arquivos de entrada, foram
divididos em dois tipos: arquivo de parâmetros e arquivo de precipitação
(formato PMH). Poderá ainda existir um arquivo para leitura dos dados da

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previsão de consenso, que contém os valores da previsão e os meses que
devem ser contabilizados (que pode ser no mesmo formato do arquivo com
mesma função na aplicação reservatórios, porém é um só arquivo para todas
as cisternas).

No arquivo de parâmetros, descrito a seguir, são informadas as


características dos sistemas necessárias para realização dos procedimentos de
cálculo, sendo cada conjunto de dados separados pela descrição do local e
suas coordenadas geográficas.

!LATITUDE;LONGITUDE;DESCRIÇÃO;ACAP;CAPACIDADE;DEM;PERDAS
-6,67;-36,42;213953;40,6;16;15;0,75
-6,67;-36,42;213954;4,15;18;25;0,55
-6,67;-36,42;213955;5,89;16;36;0,65
-6,67;-36,42;213956;56,5;18;78;0,75
-6,67;-36,42;213957;39,15;16;50;0,55
-6,67;-36,42;213958;44,09;16;15;0,95
-6,67;-36,42;213959;49,03;16;36;0,84
-6,67;-36,42;213960;53,98;16;45;0,45
-6,67;-36,42;213961;58,92;16;85;0,65
-6,67;-36,42;213962;63,87;16;65;0,25
-6,67;-36,42;213963;68,81;16;25;0,35
-6,67;-36,42;213964;73,75;16;15;0,36
-6,67;-36,42;213965;78,70;16;45;0,45
-6,67;-36,42;213966;83,64;16;75;0,85
...
Arquivo de parâmetros

Formatação do arquivo de parâmetros:

• As linhas com exclamação (!) são linhas de comentários e não deverão


ser lidas pelo software;

• Todos os parâmetros são separados por um ponto e vírgula (;) e terão


como separador de decimais a vírgula (,);

• O arquivo não tem uma quantidade de linhas definida, podendo ter


milhares delas;

• A ordem os parâmetros é: latitude, longitude, descrição, área de


captação, capacidade (volume) da cisterna, demanda de água e
coeficiente de perdas.

10
o A latitude e longitude poderão ter até 4 casas decimais e sinais
negativos. Para efeito de cálculo essas coordenadas serão
necessárias para que os dados entre o arquivo de parâmetros e o
arquivo PMH sejam cruzadas, desse modo a precipitação
correspondente para cada ponto é obtida. Como as coordenadas
no arquivo PMH geralmente possuem 4 casas decimais, o
software deve compatibilizar isso arredondando os valores que
existem nesse arquivo de parâmetros;

o A descrição do local poderá conter letras, números, símbolos


(underline, ponto, hífen e acentuação) e espaçamento. Não tem
espaço definido;

o A área de captação (unidade metros quadrados), a capacidade da


cisterna (metros cúbicos) e o coeficiente de perdas
(adimensional) poderão ser números inteiros ou ter até 3 casas
decimais.

As saídas poderão ser escritas em até dois tipos de arquivos. Abaixo estão
os formatos.

!Previsão Climática:seco 30%;normal 40%;chuvoso 30%


!Volume inicial: 50%
!Área de Captação: 40
!Volume da cisterna: 16
!Demanda: 26

!LATITUDE;LONGITUDE;DESCRIÇÃO;ACAP;CAPACIDADE;DEM;PERDAS
-6,67;-36,42;213953;40,6;16;15;0,75
-6,67;-36,42;213954;4,15;18;25;0,55
-6,67;-36,42;213955;5,89;16;36;0,65
-6,67;-36,42;213956;56,5;18;78;0,75
...

!Volume inicial: 50%


!Área de Captação: 40 metros quadrados
!Volume da cisterna: 16 metros cubicos
!Demanda: 26 litros

!LATITUDE;LONGITUDE;DESCRIÇÃO;ACAP;CAPACIDADE;DEM;PERDAS
-6,67;-36,42;213953;40,6;16;15;0,75
-6,67;-36,42;213954;4,15;18;25;0,55

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-6,67;-36,42;213955;5,89;16;36;0,65
-6,67;-36,42;213956;56,5;18;78;0,75
...

5. Linha de comando
A linha de comando deverá possibilitar a reprodução de todas as
funcionalidades da aplicação. Lembrando que várias características são
opcionais e o usuário poderá ou não utilizá-las.

6. Referências Bibliográficas

CROLEY, T.E. (1996). “Using NOAA’s new climate outlooks in operational


hydrology”. Journal of Hydrologic Engineering, New York, v.1, n.3, p.93-102.

CROLEY, T.E. (2000). “Using meteorology probability forecasts in operational


hydrology”. Reston: ASCE Press, 206p.

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