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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

*Márcia de Souza Pereira

O presente texto visa analizar (não de modo profundo) o poema “Evocação de


Silêncios”, contido no livro Muitas Vozes (1999) do poeta Ferreira Gullar.

O eu-lirico não esta explicito. Mais sabemos que há um eu que lembra, que
evoca o silêncio. Como é tipíco dos poemas contemporâneos, sua estrutura
externa revela a insigularidade, ou seja, não se comporta como se estivesse
numa caixa, portanto, tanto a temática quanto sua estrutura fomal são livres.
Sem apego às formas antigas. Por isso sua característica básica é a
desrestruturação parcial, pois, em determinadas estrofes existem versos
inteiros e em outras seu verso é composto de somente uma conjunção (8ª
estrofe). Outra distinção é notado atraves do recurso de recuar, neste poema o
recuo é notadamente importante, pois verifica-se uma quebra, o poema antes
totalmente descritivo, passa ser mais sensitivo, o eu-lirico relembra sensações
sentidas naquela casa (Mas era macio/ nas folhas caladas/ do quinta/l vázio).
Quanto ao titulo “Evocação de Silêncios”, o verbo ‘evocar’ significa chamar,
trazer para fora. E o eu-lirico traz à lembrança aquele silêncio, o silêncio que
tanto prezava. Mais não só o silêncio em si, antes a lembrança do que ele era,
tenta reproduzir na sua imaginação, recortes de sentidos, sabores, cores e
principalmente cheiros, que o marcaram (Era também açúcar /o silêncio/ dentro
dodepósito /(na quitanda/ de tarde) ).

No poema em questão pode-se aplicar a idéia de cenário ( 1ª,4ª,10ª,16ª,21ª


estrofes) a casa, o quarto, o quinta, a quitanda, a usina. Alguns com conotação
positiva ( casa quintanda) e outros com negativa ( usina). A maioria dos
espaços são fechados, mais nem todos são limitados, o que significa que a
casa não prende, guarda; o quarto não sufoca, descança; o quintal e a
quitanda são livres por natureza; mas a usina que é um lugar de trabalho
ardoroso – prende, sufoca, não deixa descança, não permite liberdade – antes
lembra o doloroso período de escravidão (que silêncio/era esse/ tão gritado/ de
vozes/  (todas elas)/ queimadas /em fogo alto ?/ (na usina) ).
Quanto a sua estrutura internao poema apresenta alguns recurso estilisticos.o
mais notado é a personificação do silêncio, podemos verificar durante todo o
poema (O silêncio habitava) é dado a ele o poder de habitar, como a qualquer
ser vivente. Ele poderia também ter tato ( era macio) e manifestar sua presença
(circulava / no quintal da casa). Ocorrer metafora (Mas era macio/   nas folhas
caladas/do quintal/ vazio). Antítese: a mesmo tempo em que era frio também
era macio). Pergunta retorica (Que rumor era/esse ? barulho/que de tão oculto/
só o olfato/o escuta ? ). Esta mesma estrofe contém sinestesia ( olfato escuta).

O poema como um todo remete as lembranças do eu-lirico, e essas


lembranças são passadas em três lugares distinto: a casa, a praia e a quitanda.
A partir disso pode-se fazer tal leitura de “ Evocações de silêncio”

O eu-lirico é um negro trazido da africa para torna-se escravo no Brasil. No


primeiro cenário/momento ele esta em sua casa confortavel, apreciando sua
vida, já no segundo momento encontra-se proximo à praia, vislumbrando a
primeira água brasileira. Acaba de desembarcar no Brasil, lugar de sua prisão.
No ultimo momento, o eu-lirico, já encontra-se preso, para sempre tendo em
seus ombros a responsabilidade de manter a econômia nacional.

*Graduanda do curso de letras – 6º período

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