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Manuel Bandeira
Teresa, para o eu lírico, à primeira vista, parece burra. Burra, pois a cara
parecia uma perna, compara o autor, um perna estúpida, ou seja, grosseira,
inexpressiva. Depois, no entanto, o olhar sobre Teresa se aprofunda: é um olhar
que investiga o olhar. O eu lírico olha no fundo dos olhos de Teresa, e enxega
Teresa além da perna. Teresa tem olhos velhos, e enxergar a alma velha
dentro dos olhos não só denota um interesse como perceber olhos velhos indica
uma relação já mais terna. Teresa tem um corpo jovem, mas seu olhar
demonstra sofrimento e/ou sabedoria. A casca estúpida de Teresa é deixada de
lado, a partir da segunda estrofe, pois o que se assinala então é o paradoxo da
identidade da personagem.