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São imperfeitos na medida em que podem ser normais em pessoas com doença hepática grave
e também anormais nas pessoas sadias. Em vez de sugerir o DX específico apontam para uma
categoria geral da doença hepática: hepatocelular ou colestásica: servem para orientar o DX.
As inúmeras funções bioquímicas do fígado são difíceis de medir com as provas da função
hepática, assim poucas são capazes de medir alguma função ou até muito não medem
nenhuma função, como as aminotransferases ou a fosfatase alcalina. Assim em vez de função
detectam lesão celular hepática ou interferência no fluxo biliar.
Não há nenhuma prova específica para medir precisamente a função hepática total.
Para aumentar sensibilidade e especificidade dos testes hepáticos se devem usar em bateria
que inclui a avaliação dos níveis de:
Bilirrubina
Avaliação da doença hepática 283
Aminotransferases
Fosfatase alcalina
Albumina
Tempo de protrombina
Quantos mais destes forem anormais, a probabilidade da doença é maior, entretanto, quando
todos estão dentro de limite de normalidade a doença hepática é rara. Estes testes podem
ser agrupados em categorias para melhor compreensão.
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Testes baseados nas funções de desintoxicação e excreção
Bilirrubina sérica
Bilirrubina é um produto de degradação de anel de porfirina das proteínas que contêm heme,
se encontra na sangue em duas fracções: conjugada e não conjugada.
Bilirrubina urinária
A bilirrubina não-conjugada sempre circula unida a albumina e não se filtra pelo rim,
portanto toda a bilirrubina encontrada na urina é conjugada e a sua presença ali implica a
doença hepática. Um teste urinário com a fita de imersão da quase a mesma informação que
fraccionamento de bilirrubina e é quase 100% exacto. Com o teste Ictotest os fenotiazínicos
podem dar falsos positivos. Nos pacientes que estão no periodo de recuperação da ictericia, as
provas de urina se negativizam antes das provas do soro.
Amónia sanguínea
Produzida durante o metabolismo das proteínas e também pelas bactérias de intestino
(principalmente cólon).
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Doença hepática avançada → perda muscular significativa → hiperamonemia
Alguns médicos usam a amónia sanguínea para monitorizar a função de síntese hepática ou
detectar a encefalopatia mas o seu uso é problemático porque há pouca correlação entre o
grau da encefalopatia hepática e o nível de hiperamonemia, contudo se pode usar para
detectar a doença hepática oculta nos pacientes com alteração do estado mental.
A correlação entre a função hepática e o nível de amónio no sangue também é fraca, assim
pode estar ↑ nos pacientes com a hipertensão portal grave e shunt sanguíneo portal extra
hepático mesmo quando a função hepática esteja normal ou quase normal. Os niveis de
amónia se correlacionam com o prognóstico da doença hepática aguda.
Enzimas séricas
O fígado contem milhares de enzimas que estão presentes no sangue em quantidades
mínimas, distribuídas pelo líquido intersticial e plasma, com as meias-vidas curtas. Se sabe
pouco acerca do seu catabolismo mas se acredita que sejam destruídas pelas células do
sistema reticuloendotelial. O aumento de alguma dessas enzimas no soro pode ser o sinal da
sua liberação hepática aumentada a partir das células de fígado lesionadas.
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Qualquer tipo da lesão hepatocelular pode aumentar modestamente os níveis de
transaminases: níveis até 300 U/l não são específicos e podem ser encontrados em varias
doenças hepáticas, mas se sobrepassam 1000 U/l indicam exclusivamente a lesão extensa:
1. Hepatite viral
2. Lesão hepática isquémica (hipotensão prolongada ou insuficiência cardíaca aguda)
3. Lesão hepática induzida por fármacos
1. Fosfatase alcalina
2. 5’-nucleotidase
3. ϒ-glutamiltranspeptidase (GGT)
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O ↑FA da origem hepática não é completamente específico de colestase
↑ menor de 3x ↑ maior de 4x
Praticamente todos os tipos de doença
Distúrbios colestáticos
hepática
Doenças hepáticas infiltrativas
o Cancro
o Amiloidose
o Distúrbios ósseos por
renovação acelerada da
massa óssea (E. de Paget)
Nos distúrbios ósseos o aumento de FA se deve ao aumento de FA óssea e nos hepáticos ao
aumento de FA hepática
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Testes que avaliam a função biossintética do fígado
Albumina sérica
Albumina sérica é o marcador da função de sintese do fígado, a sua diminuição é marcador de
mal prognóstico. Costuma estar normal nas doenças agudas.
Se sintetiza apenas nos hepatocitos e tem a meia-vida longa: 18-20 dias, 4% se degradam
diariamente. Devido a alta longevidade não é util para medir as doenças agudas ou leves
como hepatite viral, hepatotoxicidade e ictericia obstructiva. Na hepatite os nives de
albumina < 3 g/dl nos fazer suspeitar uma doença hepática crónica. A hipoalbuminemia é
mais frequente nas doenças crónicas como a cirrose e reflecte o dano hepático grave com a
producção de albumina diminuida. Há que ter em conta que nos pacientes com ascite a
producção pode ser normal ou até aumentada mas nas provas de laboratorio nos dá um valor
inferior devido a aumento de volume de distribuição.
A albumina sérica pode estar diminuida noutras doenças não hepáticas como:
Não é prudente medir os niveis de albumina em paciente sem suspeita de doença hepática
Avaliação da doença hepática 283
(num estudo epidemiológico se demonstrou que apesar de ter encontrado albumina sérica
anormal em 12% dos casos, so 0,4% tinham uma doença relevante).
Globulinas séricas
ϒ-globulinas (imunoglobulinas) Linfocitos B ↑ nas doenças
hepáticas crónicas
(hepatite crónica e
cirrose)
Α-globulinas Hepatocitos
Β-globulinas
Na cirrose o fígado não depura antígenos bacterianos que atingem a circulação hepática →
se formam anticorpos contra as bacterias intestinais → aumento de ϒ-globulinas.
Factores de coagulação
Todos são de producção hepática excepto factor VIII. A sua meia-vida é curta (6 h para VII –
5 dias para fibrinogenio). Dessa forma são uteis na avaliação diagnóstica e prognóstica das
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doenças hepáticas parenquimatosas agudas. O aumento prolongado de tempo de
Protrombina > 5 s do normal e não corregido pela administração de vitamia K indica um
prognóstico pobre para a hepatite viral e outras doenças hepaticas agudas ou crónicas. Para
excluir a deficiencia de vitamina K (ocorre na obstrucção biliar) como a causa da alteração do
tempo de protrombina se administra a vitamina K em bolus intravenoso.
1. Doença
Avaliação hepatocelular
da doença hepáticade causa desconhecida 283
2. Hepatite prolongada com a possibilidade de hepatite crónica activa
3. Hepatomegalia inexplicada
4. Esplenomegalia inexplicada
5. Defeitos no enchmento hepático em exames radiológicos
6. Febre de origem desconhecida
7. Estadiamento de linfoma maligno
A biopsia é mais precisa no disturbios hepáticos difusos, dado que nas doenças locais
(metastases hepaticas) pode colher uma mosta na região normal. Não deve ser usada nunca
como o procedimento inicial no DX de colestase: primeiro ver se há obstrucção da arvore
biliar. A relaização da biopsia está contraindicada na ascite significável e nos pacientes com
INR prolongado, nestes casos se pode fazer por via transjugular.
Ultra-sonografia (US)
É a prmeira prova a fazer nos pacientes com suspeita de colestase para buscar a dilatação da
árvore biliar intra ou extra-hepática e buscar os cálculos. Alem disso mostra os processos
expansivos hepáticos, ajuda a diferenciar entre a massa sólida e líquida bem como dirigir a
biopsia.
A US-Doppler detecta a permeabilidade de veia porta, arteria e veias hepáticas bem como
determina a direcção de fluxo sanguineo. É o primeiro exame a ser feito na suspeita da Sd. De
Budd-Chiari.
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Uso de testes hepáticos
Para aumentar a S e E dos testes hepáticos se devem fazer em bateria: transaminases, FA,
bilirrubina, albumina e tempo de protrombina. De acordo com os resultados se pedem outros
exames adicionais. Não necessariamente fornecem o DX mesmo que seja feito uma ampla
gama de testes, as vezes é preciso fazer medições repetidas ao longo de dias a semanas para
que por fim se deteca a padrão da doença.
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Padrões dos testes hepáticos nos distúrbios hepatobiliares