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Centro de tecnologia
Departamento de Engenharia Civil
Construção de Edifícios II
Profa. Dra. Luci Mercede Demori
Madeira
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1. INTRODUÇÃO
A madeira sempre se revelou um material nobre e rico em sugestões: sua utilização como
matéria-prima na construção de habitações é uma constante na história da arquitetura.
A madeira como material de construção é o segundo mais utilizado, sendo usada em
diversas etapas (fundação até os acabamentos), passando tanto pela estrutura como por material
auxiliar.
A qualidade da madeira é excepcional para construção e também como matéria prima para
outros produtos industrializados (papel, resinas, alcoóis, plásticos, etc.).
Elas possuem características próprias, como as apresentadas na apostila de Materiais de
Construção, da PUC Paraná:
Apresentam resistência mecânica tanto para esforços de tração como compressão,
além de resistência a tração por flexão;
Tem resistência mecânica elevada em relação ao seu peso próprio pequeno;
Tem resistência à choques e cargas dinâmicas absorvendo impactos que dificilmente
seriam absorvidas por outros materiais;
Tem fácil trabalhabilidade permitindo ligações simples;
Boas características de absorção acústica e bom isolamento térmico;
Custo reduzido na produção;
Material renovável;
Apresenta diversos padrões de qualidade e estéticos.
Com a tecnologia, foi possível eliminar ou minorar os inconvenientes que a madeira
apresenta, como: fácil deterioração em ambientes agressivos, problemas de secagem e umidade,
heterogeneidade e anisotropia naturais de sua constituição fibrosas, dimensões limitadas, etc..
A indústria moveleira e a indústria de embalagens usam largamente a madeira e os produtos
dela derivados (chapas de diferentes características). Outros usos podem ser mencionados: nos
meios de transporte (barcos, carroceria, vagões de trem, dormentes, etc.), nos instrumentos
musicais, em artigos esportivos, nas indústrias de bebidas, de brinquedos, de fósforos, de lápis entre
outros.
Tal emprego vem se mantendo crescente, apesar de alguns conhecidos preconceitos
inerentes à madeira, relacionados principalmente:
Há insuficiente divulgação das informações tecnológicas já disponíveis acerca de seu
comportamento sob as diferentes condições de serviço;
Há falta quase sistemática de projetos específicos, desenvolvidos por profissionais
habilitados (Lahr, 2006).
2. HISTÓRIA DA MADEIRA
A madeira é, provavelmente, um dos mais antigos materiais de construção utilizados pelo
homem. O início de sua aplicação em construções dá-se no período Neolítico, também conhecido
por Idade da Pedra Polida (aproximadamente entre 12000 a.C. e 4000 a.C.), onde o homem começa
a dar seus primeiros passos na agricultura.
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A partir deste momento o homem aprende a assegurar a sua alimentação pelo próprio
trabalho e assim, precisando se proteger dos ataques de animais e dos agentes atmosféricos
passando a fixar-se nas terras, constituindo-se os primeiros arquitetos da história da humanidade,
construindo casas, formando as primeiras aldeias, assim como métodos básicos da construção em
madeira.
As construções primitivas eram em grande parte sobre a forma de construções palafíticas,
que são habitações rústicas de madeira, reunidas em verdadeiras cidades erguidas sobre pilotis,
estacas resistentes e profundamente enterradas no fundo dos lagos ou às margens de rios.
Pela facilidade de obtenção e adaptação aos fins previstos, proporcionaram o emprego da
madeira nas construções de importantes obras de arquitetura e engenharia.
Existem testemunhos arqueológicos de que no período Neolítico se utilizavam as
construções em troncos de árvores e os historiadores Romanos afirmavam que já naquele tempo, na
Alemanha, se construíam casas em que se utilizavam troncos cortados em secção quadrangular.
A abundância de bosques de coníferas, no norte e leste da Europa, constituíam um elemento
básico para que a madeira fosse utilizada na construção. Sabe-se que no ano 700 a.C. em Biscupin,
na Polónia existiu uma povoação constituída por casas de troncos.
No século IV d.C., na Noruega, há documentos que atestam a construção de casas de
madeira e que a partir do ano 1000 d.C., na Escandinávia, as casas de troncos de madeira, dispostos
horizontal ou verticalmente eram frequentes.
Os troncos horizontais eram unidos entre si nas suas esquinas, mediante diversos tipos de
acoplamento. Esta disposição horizontal dos troncos teve maior aceitação do que a disposição
vertical, devido à maior estabilidade que conferiam á construção.
―O principal inconveniente da disposição horizontal dos troncos, consistia na maior
dificuldade em conseguir que os espaços entre eles fossem tapados para evitar a infiltração
de ventos e águas. Esta estanqueidade era conseguida, calafetando as fendas com telas
tecidas na cor da madeira ou, nas casas mais humildes, com argila, musgo ou terra. No
entanto, qualquer destes métodos apenas atenuava a penetração do vento e da chuva‖ site da
CASEMA (2007).
Outro inconveniente na disposição horizontal dos troncos consistia no fato dos topos dos
troncos ficarem descobertos ficando facilmente à mercê do apodrecimento.
A partir do século XV, teve o desenvolvimento das técnicas de serragem, utilizando-se a
água como força motriz, sendo mais fácil a obtenção de grossas tábuas que por meio de espigas
permitiam uma melhor união entre si. Deste modo, aos poucos, as casas de troncos foram sendo
substituídas por casas de tábuas ou troncos retangulares, que permitiam uma melhor estanqueidade
e estabilidade.
Nos nossos tempos, podemos admirar extraordinários exemplos de arquitetura em madeira
em diversas zonas do nosso globo. A Ásia, África, Polinésia e América do Sul oferecem-nos alguns
dos exemplos mais impressionantes.
As técnicas em construção em madeira evoluíram com o tempo em varias civilizações,
chegando até os dias atuais, incorporando inovações proporcionadas pela indústria.
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No Brasil, antes da chegada dos colonizadores portugueses, a madeira era utilizada nas
edificações, nas fabricações de meios de transportes, armas de caça, etc. diferenciando-se pelas
tribos. Com a chegada dos Portugueses, além da extração da madeira, que se tornou uma atividade
econômica altamente rentável, a nova população utilizava-se dela para elevar suas cidades.
A arquitetura inicial era basicamente feita em madeira, utilizando técnicas e conhecimentos
indígenas locais para impor o gosto europeu nas construções.
Com o tempo, a extração da madeira além de servir como produto de exportação, servia
também como matéria prima para a produção de energia. O que fez com que a devastação fosse
bem mais acentuada.
―A madeira deixou por um bom tempo de ser utilizada nas construções para ser queimada
nas embarcações que passavam pelo litoral brasileiro. Na arquitetura ficou rebaixada à
estrutura, e as casas tendo o adobe e a taipa, como revestimento. Como se pôde ver a
madeira esteve sempre muito relacionada com a colonização tanto que o nome do país se
deu por causa da madeira que produzia os pigmentos vermelhos exportados para o mundo,
o Pau-Brasil‖ segundo trabalho desenvolvido por alunos da disciplina Tecnologia I do
curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC.
Enfim, a utilização da madeira sempre esteve associada à arte dos antigos carpinteiros e
marceneiros, que transmitiram seus conhecimentos e suas propriedades, de geração em geração,
através do acúmulo de experiências na prática profissional.
―Somente após a Segunda Guerra Mundial é que as pesquisas tecnológicas sobre o material
tiveram grande incremento, dispondo-se hoje de métodos precisos para o projeto das mais variadas
estruturas, sob as mais diversificadas formas‖ (LAHR, 2006).
No Paraná, após a abolição da escravatura, aliada à similitude climática, pode ser explorada
por grandes contingentes de alemães, italianos e poloneses, desenvolvendo mais o uso da madeira,
que trouxeram suas técnicas de construção junto com a arquitetura.
―Os imigrantes alemães construíram suas casas com enxaiméis - estrutura de madeira com
peças diagonais de travamento cujos intervalos são preenchidos por tijolos. Os poloneses e
italianos, de origem camponesa, estabeleceram-se em colônias próximas às cidades. As
casas dos imigrantes italianos eram construídas em alvenaria de tijolos. Os poloneses
empregavam troncos de árvores sobrepostos horizontalmente, com encaixes nos cantos das
paredes‖ (GARCIA et al, 1987).
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3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O SISTEMA CONSTRUTIVO
A madeira é empregada, com freqüência, para múltiplas finalidades na construção civil,
destacando-se na solução de problemas relacionados a:
Coberturas (residenciais, comerciais, industriais);
Cimbramentos (para estruturas de concreto armado e protendido);
Transposição de obstáculos (pontes, viadutos, passarelas para pedestres);
Armazenamento (silos verticais e horizontais);
Linhas de transmissão (energia elétrica, telefonia);
Benfeitorias rurais, obras portuárias, etc.
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Os sistemas convencionais utilizam métodos e processos parcialmente normalizados, com
componentes padronizados e elementos produzidos fora do canteiro de obras, a produção é manual,
desperdiça material e é lenta.
Sistemas construtivos que utilizam componentes padronizados têm uma linha de montagem
organizada e atinge um menor custo de produção com um padrão de qualidade superior ao processo
tradicional. Os aspectos básicos que definem o padrão destas obras são a metragem quadrada e a
qualidade do material de acabamento. Para os modelos populares de casas geralmente é utilizado o
Pinus ou Cambará; nos modelos mais sofisticados faz-se uso de madeiras de melhor qualidade e
maior resistência como a Grápia ou o Angelim, provenientes do Centro-Oeste e Norte do país.
―Os sistemas construtivos convencionais, em sua maioria, utilizam fundação em concreto
ou alvenaria, piso cimentado ou piso cerâmico nas áreas sujeita a umidade e assoalho nos
quartos e na sala. A estrutura portante é formada por montantes verticais ligados por tábuas
na horizontal que recebem a carga da cobertura e as transmite para a fundação. A cobertura
é composta por tesouras, terças e vigas de madeira que suportam um telhado de
fibrocimento ou de telha cerâmica. A vedação é composta por tábuas na horizontal
sobrepostas ou com encaixe macho-fêmea‖ (SILVA, R.D.; BASSO, 2000).
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4. ANATOMIA DA MADEIRA
Conforme PETRUCCI (1979), ―a madeira é um produto vegetal proveniente do lenho dos
vegetais superiores: árvores e arbustos lenhosos. Suas características de heterogeneidade e
anisotropia guardam estreita relação com esta origem de seres vivos e organizados‖. As árvores são
plantas superiores, de elevada complexidade anatômica e fisiológica. Botanicamente, estão contidas
na Divisão das Fanerógamas, e são vegetais completos, ou seja, dotados de raízes, caule, folhas e
flores. Estas, por sua vez, se subdividem em Gimnospermas e Angiospermas.
As gimnospermas são árvores coníferas e resinosas, tendo como característica as folhas em
forma de agulha e não fornecendo frutos. São as madeiras de lenho mais mole, correspondendo à
35% das espécies conhecidas.
Já as angiospermas são arvores com características exuberantes e frondosas, conhecida no
Brasil como as madeira de lei, correspondendo à 65% das espécies conhecidas. Usualmente
designadas na literatura internacional como hardwoods, ou seja, madeiras duras. Produzem árvores
com folhas de diferentes formatos, renovadas periodicamente, e constituem a quase totalidade das
espécies das florestas tropicais. No Brasil, diversas essências das Dicotiledôneas são
consagradas no mercado madeireiro, mencionando-se algumas delas: Aroeira do Sertão (Astronium
urundeuva), Peroba Rosa (Aspidosperma polyneuron), Ipê (Tabebuia serratifolia), Mogno
(Swietenia macrophylla), Cedro (Cedrella fissilis), Imbuia (Ocotea porosa), Caviúna (Machaerium
scleroxylon), Angico (Piptadenia excelsa),
A parte da árvore que é usado como material de construção é chamada de lenho, que sub
divide-se em:
Casca: Protege o tronco e conduz a seiva elaborada das folhas para o tronco. A parte
externa é morta denominada cortiça, a parte interna por onde passa a seiva é denominada floema. A
parte externa esta em constante renovação e não tem muito interesse como material de construção
com exceção da utilização da cortiça (material morto) como isolante acústico.
Câmbio: É uma camada muito esbelta que se situa entre a casca e o lenho, constituída
de tecido vivo sendo tão importante quanto à parte interna da casca. Seu seccionamento produz a
morte da árvore por interrupção de ―fluidos‘‘.
Medula: É o miolo central do tronco, sendo esta parte constituída de tecido frouxo
muitas vezes já apodrecido, sendo a sua presença em material serrado constitui um defeito.
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4.1 Estrutura microscópica da arvore
De acordo com CALIL JR (2000), o crescimento vertical é o principal de uma árvore. Este
crescimento é contínuo, apresentando variações em função das condições climáticas e da espécie da
madeira. Além do crescimento vertical, também ocorre um aumento no diâmetro do tronco devido
ao crescimento das camadas periféricas responsável pelo crescimento horizontal. A água é retirada
do solo pelas raízes; as folhas absorvem o gás carbônico do ar; o tronco funciona como sustentação;
há elementos para sintetizar substâncias utilizadas na climatização da árvore e as sementes são
responsáveis pela reprodução do vegetal.
Entre o lenho e a casca existe o câmbio, camada microscópica de tecido meristemático. As
células do câmbio se reproduzem, mantendo seu caráter meristemático, outras se transformam em
tecido permanente, regenerando a casca ou formando a madeira. As células produzidas pelo câmbio
para formar a madeira seguem esquemas distintos de especialização, um no caso das Coníferas e
outro nas Dicotiledôneas.
Ao microscópio, distinguem-se duas formações básicas nas Coníferas: os traqueídes e os
raios medulares. Os primeiros são células alongadas, de até 5 mm de comprimento, e até 60 m de
diâmetro, com comunicação pelas extremidades, através de válvulas. Os traqueídes podem
constituir até 95% da madeira das coníferas. Segundo diversos autores, os traqueídes têm a função
de conduzir a seiva bruta (no alburno), de depósito de substâncias polimerizadas (no cerne), de
conferir resistência mecânica ao tronco e, como conseqüência, às peças a serem utilizadas para as
diferentes finalidades.
Já a madeira das Dicotiledôneas apresenta quando observada ao microscópio, pelo menos
três elementos básicos: os vasos, as fibras e os raios medulares. Os vasos são células alongadas,
com até 1 mm de comprimento e 300 m de diâmetro, com seção transversal arredondada e vazada,
os poros. Os vasos podem constituir até 50% da madeira das Dicotiledôneas, comunicam-se entre si
através das extremidades celulares, têm a função de transporte ascendente da seiva bruta (no
alburno) e de depósito de substâncias polimerizadas (no cerne). As fibras são células alongadas,
com até 1,5 mm de comprimento, seção transversal vazada e arredondada, paredes com espessura
sistematicamente superior à dos vasos. As fibras são elementos fechados, não possuindo
comunicação através das extremidades. Podem constituir, dependendo da espécie, até 50% da
madeira das Dicotiledôneas, sendo as principais responsáveis por sua resistência mecânica e por sua
rigidez.
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tecido lenhoso e a variação da composição química da árvore são fatores que influenciam nas
características físicas da madeira.
As características a serem analisadas são a umidade, a retratibilidade, a densidade, a
condutibilidade térmica, elétrica, sonora, resistência ao fogo, durabilidade natural além de
resistência química. As características de cada material permitem a escolha do melhor material para
sua melhor aplicação.
5.1 Umidade
Dada pela fórmula:
M ÁGUA
w .100(%)
M SECA
A água é importante para o crescimento e desenvolvimento da árvore, constituindo uma
grande porção da madeira verde.
Na madeira, a água apresenta-se de duas formas: como água livre contida nas cavidades das
células (lumens), e como água impregnada contida nas paredes das células.
Quando a árvore é cortada, ela tende a perder rapidamente a água livre existente em seu
interior para, a seguir, perder a água de impregnação mais lentamente. A umidade na madeira tende
a um equilíbrio em função da umidade e temperatura do ambiente em que se encontra.
O teor de umidade correspondente ao mínimo de água livre e ao máximo de água de
impregnação é denominado de ponto de saturação das fibras (PSF). Para as madeiras brasileiras esta
umidade encontra-se em torno de 25 e 30%. A perda de água na madeira até o ponto de saturação
das fibras se dá sem a ocorrência de problemas para a estrutura da madeira. A partir deste ponto a
perda de umidade é acompanhada pela retração (redução das dimensões) e aumento da resistência,
por isso a secagem deve ser executada com cuidado para se evitarem problemas na madeira.
Madeira verde: acima de30%
Madeira semi seca: acima de 23%
Madeira comercialmente seca: entre 18 e 23%
Madeira seca ao ar: ente 13 e 18%
Madeira dessecada: entre 0 e 13%
Madeira seca: 0%
5.2 Retratibilidade
Define-se retratibilidade como sendo a redução das dimensões em uma peça da madeira pela
saída de água de impregnação.
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Como visto anteriormente a madeira apresenta comportamentos diferentes de acordo com a
direção em relação às fibras e aos anéis de crescimento. Assim, a retração ocorre em porcentagens
diferentes nas direções tangencial, radial e longitudinal.
Em ordem decrescente de valores, encontra-se a retração tangencial com valores de até 10%
de variação dimensional, podendo causar também problemas de torção nas peças de madeira. Na
seqüência, a retração radial com valores da ordem de 6% de variação dimensional, também pode
causar problemas de rachaduras nas peças de madeira. Por último, encontra-se a retração
longitudinal com valores dede 0,5% de variação dimensional.
Um processo inverso também pode ocorrer, o inchamento, que se dá quando a madeira fica
exposta a condições de alta umidade ao invés de perder água ela absorve, provocando um aumento
nas dimensões das peças.
5.3 Densidade
A densidade básica da madeira é definida como a massa específica convencional obtida pelo
quociente da massa seca pelo volume saturado e pode ser utilizada para fins de comparação com
valores apresentados na literatura internacional.
A densidade aparente é determinada para uma umidade padrão de referência de 12%, pode
ser utilizada para classificação da madeira e nos cálculos de estruturas.
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5.7 Resistência ao fogo
Uma peça de madeira exposta ao fogo torna-se um combustível para a propagação das
chamas, porém, após alguns minutos, uma camada mais externa da madeira se carboniza tornando-
se um isolante térmico, que retém o calor, auxiliando, assim, na contenção do incêndio, evitando
que toda a peça seja destruída. A proporção da madeira carbonizada com o tempo varia de acordo
com a espécie e as condições de exposição ao fogo. Entre a porção carbonizada e a madeira sã
encontra-se uma região intermediária afetada pelo fogo, mas, não carbonizada, porção esta que não
deve ser levada em consideração na resistência.
Ao contrário, por exemplo, de uma estrutura metálica que é de reação não inflamável, mas
que perde a sua resistência mecânica rapidamente (cerca de 10 minutos) quando em presença de
temperaturas elevadas, ou seja, acima de 500°C.
Com base nas normas de comportamento da madeira ao fogo, já existentes em alguns países,
que se pode prever, levando em consideração um maior ou menor risco de incêndio e a finalidade
de ocupação da construção, uma espessura a mais nas dimensões da seção transversal da peça de
madeira. Com isso, sabe-se que mesmo que a madeira venha a ser queimada em 2 cm, por exemplo,
o núcleo restante é suficiente para continuar resistindo mecanicamente o tempo que se quiser
estimar. Isto faz com que a madeira tenha comportamento perfeitamente previsível. As coníferas,
por exemplo, queimam até 2 cm em 30 minutos e 3,5 cm em 60 minutos.
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5.8 Durabilidade natural
A durabilidade da madeira, com relação a biodeterioração, depende da espécie e das
características anatômicas. Certas espécies apresentam alta resistência natural ao ataque biológico
enquanto outras são menos resistentes.
A baixa durabilidade natural de algumas espécies pode ser compensada por um tratamento
preservativo adequado às peças, alcançando-se assim melhores níveis de durabilidade, próximos
dos apresentados pelas espécies naturalmente resistentes.
7. SECAGEM DA MADEIRA
O início da secagem começa com a evaporação da água localizada no lúmen das células
(vasos, traqueídeos, fibras, etc.), denominada de água livre ou água de capilaridade. A madeira
perde de forma rápida a água de capilaridade sem sofrer contrações volumétricas significativas ou
alterações nas suas propriedades resistentes.
Após a perda de água de capilaridade, permanece na madeira a água contida nas paredes
celulares, denominada de água impregnada. O teor de umidade relativo a este estágio é denominado
de ponto de saturação das fibras (PSF), estando este valor em torno de 20% do peso seco.
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Alterações na umidade abaixo do PSF acarretam o aumento das propriedades resistentes da madeira
e contrações volumétricas.
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Figura 5: Defeitos de secagem.
Fonte: Szucs et al, 2006.
8. SUSTENTABILIDADE
O desenvolvimento sustentável não é apenas um termo referente ao ambiente, mas sim um
processo integrado e equilibrado entre objetos econômicos, financeiros, ambientais e sociais. Isso
representa utilizar os recursos existentes de forma a interferir o mínimo possível no equilíbrio entre
o meio ambiente e a sociedade humana.
Segundo o Relatório de Brundtland (1987) define-se como desenvolvimento sustentável ―O
desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades(...)‖. Esta definição
surgiu numa comissão mundial criada pela ONU para discutir e propor meios para harmonizar o
desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
O reconhecimento de que os recursos naturais são finitos é fundamental para o
desenvolvimento sustentável. Para um empreendimento ser sustentável tem de se enquadrar em ser
ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito.
―No momento atual, quando em todo o mundo se discutem questões ambientais, — tais
como a sustentabilidade dos processos de produção, a despoluição do planeta e a
regeneração de áreas degradadas —, as florestas e, conseqüentemente, a madeira possuem
grande parte da solução para os problemas detectados‖ (RAZERA NETO, 2005).
A busca para garantir a manutenção de mercados, como também expandi-lo, vem marcando
o cenário global caracterizado pela competitividade e, conseqüentemente pela necessidade de se
obter uma solução para os problemas gerados de tal expansão. No Brasil, país que possui a maior
floresta tropical do mundo, com maior biodiversidade, pouco explora comercialmente este
potencial. Uma das opções para a abertura de novos mercados é a exploração desse setor florestal.
Esta alternativa, fundamentada na utilização de métodos racionais de exploração, anda lado a lado
com o desenvolvimento sustentável.
A madeira é um material renovável na natureza e participa decisivamente no equilíbrio
ecológico. Ela melhora a qualidade do ar pelo ―seqüestro de carbono‖, fixação do gás carbônico,
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pela liberação de oxigênio através do processo fotossintético, manutenção da biodiversidade quando
associada ao sistema de manejo florestal, sem contar com a prevenção a áreas sujeitas a erosão.
Além destes benefícios ambientais a madeira é um material, na construção civil, que pode
substituir materiais com altos gastos energéticos e de recursos naturais na sua produção. Ela possui
uma demanda energética 21 vezes menor que a produção de cimento e quando comparada ao aço, a
redução de energia chega a ser 99% menor para sua obtenção.
Tabela 1: Energia de Produção
ENERGIA PARA
MATERIAL
PRODUÇÃO (MJ/m³)
Concreto 1920
Aço 234000
Madeira 600
Fonte: Miotto, 2008
O uso da madeira no Brasil como material de construção civil não é muito difundido devido
à falta de cultura que vem de muito tempo em épocas de colônia. Outro fator, segundo Calil Junior
et al. (2006), é que a população tem uma idéia equivocada de que a madeira tem uma pequena vida
útil, sendo assim negligenciada como material de construção. Essa opinião mostra a falta de
conhecimento do povo, pois existem diversos tratamentos químicos e tecnologias que protegem a
madeira contra o apodrecimento por até 50 anos ou mais. Além do mais, pode-se pensar que o uso
em larga escala da madeira causará um grande desflorestamento.
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Como se pode ver no gráfico a proporção de estoque de PFM no Brasil é muito menor que o
estoque aéreo e subterrâneo, mostrando que o país não tem um consumo suficiente para sua
produção.
De fato, se a exploração for realizada de forma ilegal, sem racionalização, muitas espécies
de madeiras serão extintas sem contar com a destruição do habitat de muitos seres vivos. Em
contrapartida, o governo vem incentivando o uso da madeira de reflorestamento e de manejo
florestal.
A madeira de reflorestamento, segundo IPT (2009), se destina a produzir matéria-prima para
as indústrias, cuja implantação, manutenção e exploração seguem projetos previamente aprovados
pelo IBAMA. ―O uso estrutural da madeira de reflorestamento como uma alternativa às espécies
tropicais é uma solução natural. Dos reflorestamentos atuais existentes, o Pinus e o Eucalipto são os
mais importantes para a construção civil.‖ (CALIL JUNIOR et al., 2006).
O manejo florestal é o ―gerenciamento da floresta para obtenção de produtos e serviço,
respeitando-se as variáveis ambientais, sociais que garantem o mecanismo de sustentação do
ecossistema objeto do manejo‖ (NBR 14789 e NBR 15789 apud REZENDE, 2006), ou seja,
extração de madeira florestal através de um planejamento cuidadoso e com uso de técnicas de
exploração de baixo impacto. É a maneira correta de utilizar esses recursos naturais por partir do
principio de sustentabilidade.
A certificação da produção adequada ambientalmente se dá pelo Sistema de Certificação
Florestal Brasileiro do Inmetro (Cerflor) e pelo FSC – Forest Stewardship Council.
De acordo com o Cerflor, certificação florestal ―é um processo voluntário no qual, a
organização busca por meio uma avaliação de terceira parte, garantir junto aos clientes e à
sociedade, que seu produto tem origem em florestas adequadamente manejadas, quanto aos aspectos
ambiental, social e econômico‖.
Segundo Rezende (2006), o manejo florestal compreende num sistema sustentável que
possui muitas vantagens econômicas, ambientais e sociais. Economicamente falando, aumenta o
rendimento das florestas, gera vantagem competitiva, facilita acesso a novos mercados, possibilita a
introdução de novas espécies e desenvolve e melhora a imagem pública da empresa.
Ambientalmente, contribui para a conservação da biodiversidade e seus valores associados, mantém
as funções ecológicas e a integridade das florestas, protege as espécies ameaçadas e seu habitat. No
aspecto social, promove a legalização da atividade, respeito aos direitos dos trabalhadores, povos
indígenas e comunidades locais, contribui para a melhora das condições de trabalho, cria um novo
espaço de participação dos trabalhadores e povos da floresta na definição dos padrões e no
monitoramento das operações do manejo florestal, elimina mão-de-obra forçada e trabalho infantil e
promove a qualificação da mão-de-obra gerando estabilidade.
A madeira de demolição também entra nessa área de sustentabilidade, pois é reaproveitada
das demolições de construções encontradas geralmente nas estruturas e matérias-primas. A idéia de
modelar pisos, móveis, esquadrias, objetos de decoração e até mesmo forros, garante a reutilização
desse material que é extremamente durável já que a madeira passa por um processo tratamento
inicial.
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Outro item que vem aparecendo é o gerenciamento dos resíduos ao longo de toda a cadeia
produtiva da madeira, já existindo alternativas para agregar valor a esses resíduos, através da sua
reclassificação e emprego em produtos alternativos, como pastilhas de madeira aplicadas a painéis e
a construção civil de um modo geral.
Vários países do mundo já perceberam o grande potencial de minimização de problemas
ambientais com o uso da madeira e agora tentam esclarecer ao público, com programas nacionais,
as vantagens econômicas, sociais e ambientais que esta pode trazer. Segundo Zanetti, no Brasil, a
RUMOS, Rede de Uso de Madeira de Origem Sustentada, está sendo estabelecida de modo que as
informações sejam passadas à população para demonstrar a contribuição efetiva da madeira para o
desenvolvimento sustentável brasileiro.
9. MATERIAIS
Os produtos de madeiras utilizados na construção variam desde peças com pouco ou
nenhum processamento –madeira roliça – até peças com vários graus de beneficiamento, como:
madeira serrada e beneficiada, lâminas, painéis de madeira e madeira tratada com produtos
preservativos.
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Figura 7: Madeira roliça
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A prancha deve apresentar espessura de 40 mm a 70 mm e largura superior a 200 mm. O
comprimento é variável. O pranchão caracteriza-se por espessura superior a 70 mm e largura
superior a 200 mm. O comprimento também é variável.
Figura 8: Pranchões.
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Tabela 2: Medidas de referência.
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Figura 9: Madeira compensada.
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9.8 Chapa de partículas- aglomerado
O aglomerado é uma chapa de partículas de madeiras selecionadas de pinus ou eucalipto,
provenientes de reflorestamento. Essas partículas aglutinadas com resina sintética termofixa se
consolidam sob a ação de alta temperatura e pressão. As chapas aglomeradas são encontradas no
mercado, na sua aparência natural, revestidas com película celulósica do tipo Finish Foil – FF em
padrões madeirados, unicolores ou fantasias, ou ainda, revestidas com laminado melamínico de
baixa pressão – BP, que, por efeito de prensagem a quente, funde o laminado à madeira aglomerada
formando um corpo único e inseparável.
São chapas estáveis, podendo ser cortadas em qualquer direção, o que permite o seu maior
aproveitamento. O aglomerado deve ser revestido, sendo indicado na aplicação de lâminas de
madeira natural e laminados plásticos.
É amplamente utilizado pela indústria de móveis, construção civil, embalagens, entre outros.
Algumas operações como fresagem, fixações, encabeçamentos, molduras entre outras,
requerem cuidados especiais com ferramentas e equipamentos. Normas e recomendações devem ser
observadas para se obter maior uniformidade e acabamento na instalação do produto final. Os
dispositivos de fixação utilizados devem ser aqueles indicados para este tipo de material, sob pena
de serem obtidos resultados finais negativos caso estas recomendações não sejam seguidas.
Por não apresentar resistência à umidade ou à água, o aglomerado deve ser utilizado em
ambientes internos e secos, para que suas propriedades originais não se alterem.
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9.9 Chapas de partículas- OSB
Os painéis de partículas orientadas ou oriented strand boards, mais conhecidos como OSB,
foram dimensionados para suprir uma característica demandada, e não encontrada, tanto na madeira
aglomerada tradicional quanto nas chapas MDF – a resistência mecânica exigida para fins
estruturais.
Os painéis são formados por camadas de partículas ou de feixes de fibras com resinas
fenólicas, que são orientados em uma mesma direção e então, prensados para sua consolidação.
Cada painel consiste de três a cinco camadas, orientadas em ângulo de 90 graus umas com as
outras.
A resistência destes painéis à flexão estática é alta, não tanto quanto a da madeira sólida
original, mas tão alta quanto a dos compensados estruturais, aos quais substituem perfeitamente. O
seu custo é mais baixo devido ao emprego de matéria-prima menos nobre, mas não admitem
incorporar resíduos ou ―finos‖, como no caso dos aglomerados.
Os OSB têm a elasticidade da madeira aglomerada convencional mas são mais resistentes
mecanicamente. Os painéis OSB têm tido utilização no exterior, principalmente na construção
habitacional. Nos EUA, a construção de casas apresenta características de uso intenso de madeira
serrada e de painéis, especialmente em paredes internas e externas, pisos e forros e, nestes usos, os
painéis OSB têm tido bom desempenho. Mais recentemente, estes produtos estão encontrando
nichos de uso também em aplicações industriais, onde a resistência mecânica, trabalhabilidade,
versatilidade e valor fazem deles alternativas atrativas em relação à madeira sólida. Entre estes usos,
estão mobiliário industrial, incluindo estruturas de móveis, embalagens, contêineres e vagões.
No Brasil, a produção de OSB é recente e a demanda pelo uso deste produto está
aumentando. Na construção civil, já é possível ver sua aplicação em pisos, divisórias (paredes),
coberturas (telhados) e obras temporárias (tapumes e alojamentos). O produto nacional é certificado
de acordo com as normas americanas, o que permite os usos citados.
Figura13: OSB.
27
9.10 Madeira laminada e colada
A madeira laminada e colada é um produto estrutural, ou seja, pela associação de lâminas de
madeira selecionada, em que são coladas com adesivos sob pressão. As espessuras das lâminas
variam de 1,5 a 5 cm. As lâminas podem ser emendadas com cola nas extremidades, formando
peças de grande comprimento. O processo de fabricação consiste na secagem das lâminas, execução
de juntas de emendas, colagem sob pressão, acabamento e tratamento preservativo.
As emendas são geralmente distribuídas ao longo da peça de forma desordenada. As
emendas denteadas são mais eficientes do que as emendas com chanfro, além de serem mais
compactas. Os produtos estruturais industrializados de madeira laminada e colada são fabricados
sobre rígidos padrões de qualidade. Em relação à madeira maciça este material apresenta as
seguintes vantagens.
10. PATOLOGIAS
Quando ouvimos falar a palavra patologia logo fazemos uma ligação com doenças, pois é,
isso não deixa de estar certo, o mesmo pode ser realizado para patologias em estruturas que nada
mais é do que uma ―doença‖ da estrutura em questão.
Segundo Souza e Ripper (1998) apud Vivarelli (2006), patologias das estruturas define-se
como ―um novo campo da Engenharia das Construções que se ocupa do estudo das origens, formas
de manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de
degradação das estruturas.‖.
10.3.1 Projeto
―Independente de qualquer tipo de tratamento, é no desenho dos detalhes que está a chave
da prevenção ao desgaste da madeira‖, afirma SZÜCS (1992) .
29
O projeto de uma construção em madeira deve levar em conta suas particularidades. A
eficiência do processo construtivo será alcançada com um bom detalhamento e seguindo algumas
diretrizes. Conforme BENEVENTE (1995) o projeto deve evitar reentrâncias e cortes, além de
concentrar os equipamentos como banheiros, cozinhas e áreas de serviços (áreas molhadas),
sugerindo inclusive a alteração de material nestas áreas com teor de umidade elevado.
Tratando-se de construções de madeira, o termo ―improvisação‖ deve ser banido do
vocabulário dos profissionais atuantes, sejam eles arquitetos ou engenheiros. Neste contexto, sendo
a construção de madeira composta por vários sub-sistemas que se interagem, é imprescindível o
estabelecimento de detalhes que permitam o desempenho esperado do conjunto. De uma forma
resumida, quanto ao projeto, KROPF (2000) afirma que ―como a madeira pode ganhar umidade ou
tornar-se seca, os detalhes construtivos inteligentes devem:
proporcionar proteção contra a chuva e os raios solares;
permitir o rápido escoamento da água;
permitir que áreas úmidas sequem com maior facilidade‖.
10.3.2 Implantação
De acordo com BENEVENTE (1995), o conhecimento das características geográficas e
climáticas do local onde a obra será implantada é fundamental na concretização desta atividade.
Tendo-se em vista que os fatores climáticos e geográficos influenciam diretamente no
comportamento do edifício, em todos os seus aspectos, recomenda-se todo o cuidado na sua
implantação. Como justificativa de tal preocupação, apresenta-se na seqüência, um quadro
publicado por KROPF (2000), em que se mostra uma relação causa x efeito para a madeira exposta
ao intemperismo:
Tabela 3: Mecanismo de falha na madeira exposta ao intemperismo.
CAUSA EFEITO
Raios solares Retração da madeira
Esforços internos Fendas longitudinais
Chuva Água nas fendas
Inchamento Aprofundamento das fendas
Fendas profundas Permanência de umidade
Permanência de umidade Desenvolvimento de fungos
Ação dos fungos Deterioração interna
Deterioração pronunciada Perda de resistência
Fonte: KROPF, 2000.
10.3.3 Fundações
A fundação constitui-se em um dos pontos mais críticos de uma construção de madeira, por
colocá-la diretamente em contato com o solo. BENEVENTE (1995) afirma que se deve impedir a
transferência de umidade do solo – por capilaridade – através dos elementos de fundação, bem
como introduzir mecanismos que impeçam a migração de insetos xilófagos do solo para a estrutura.
30
É necessário promover a ventilação do espaço entre a parte inferior do vigamento do
pavimento térreo e o solo, através de orifícios situados nas paredes de fundação, estas denominadas
paredes de transição, conforme SHERWOOD (1975) apud BENEVENTE (1995). Tais aberturas
devem se localizar em paredes opostas, de modo a permitir a ventilação cruzada. Recomenda, o
mesmo autor, uma altura livre de 30 centímetros entre o solo e o vigamento mestre do piso e uma
altura de 45 centímetros entre o solo e as vigotas, possibilitando, inclusive, as eventuais e
necessárias visitas de inspeção.
As paredes da fundação devem receber uma impermeabilização adequada, de maneira a
impedir a passagem da umidade do solo para a madeira, por capilaridade. Toda a área periférica da
construção deve ser cuidadosamente drenada, de preferência com a utilização de caixa de brita ao
longo da linha de deságüe do telhado, quando o mesmo não for provido de calhas e condutores
específicos.
Objetivando o impedimento do ataque de insetos à estrutura de madeira, deve-se tomar o
cuidado de tratar quimicamente o solo onde a construção será implantada (envenenamento), bem
como executar escudos metálicos (rufos) que servem como barreira física impedindo a migração
dos mesmos para a estrutura, além de ser recomendado o tratamento químico da própria madeira
com os devidos preservativos.
10.3.4 Estrutura
Conforme BENEVENTE (1995), ―na estrutura os pontos mais preocupantes quanto à
durabilidade são os topos dos elementos, ou seja, suas extremidades‖. Os componentes da
superestrutura devem ficar afastados do solo por meio de paredes de transição, recomendando-se
aproximadamente 30 centímetros de afastamento.
Nas áreas mais críticas, as peças de madeira que têm suas extremidades desprotegidas
devem ser cobertas com dispositivos metálicos fixos. Diversos são os detalhes para esta proteção e
devem ser empregados com cautela, pois sem uma ventilação adequada, esta cobertura pode tornar-
se uma barreira que impede a secagem de uma eventual umidade ali presente.
Nos telhados, as testeiras (ou em alguns locais chamadas de tábuas de beiral) além de
desempenhar um papel estético de arremate, também protegem os componentes expostos da
estrutura, funcionando como uma madeira de sacrifício.
A fixação dos pilares deve afastar a madeira do contato com o solo. A boa prática sugere a
utilização de dispositivos metálicos, devidamente protegidos contra a corrosão, para este fim.
31
SZÜCS (1992), em seu trabalho, recomenda que sejam instaladas pequenas pingadeiras no
pé das paredes externas, evitando-se que a água de chuva que escorre, penetre sob a parede, dentro
do piso.
―Quando se adota como vedação da face exterior do painel, componentes pregados (grifo
nosso), estes pregos devem ficar embutidos para evitar a reação química do metal, na
presença da água, com elementos atmosféricos e ou com o tanino de algumas madeiras,
produzindo manchas escuras logo abaixo de suas ‗cabeças‘‖, segundo BENEVENTE
(1995).
10.3.6 Cobertura
Numa construção de madeira, a cobertura desempenha um papel de agente protetor da
edificação. Desta forma, segundo SZÜCS (1992), deve-se ―utilizar beirais suficientemente largos,
que protejam a parte superior das paredes da ação direta do sol e da chuva‖, recomendando que os
mesmos tenham no mínimo 70 centímetros de largura. Continua, o autor, recomendando que sejam
instaladas calhas nas pontas dos beirais, de modo a evitar que a água que cai do telhado e bate no
chão com força, respingue nas paredes da casa.
Evidentemente que a largura dos beirais depende da região em que a edificação está sendo
implantada. Numa região como a amazônica, os beirais devem ser muito amplos devido à
quantidade de precipitação pluviométrica do local. Já em regiões como o nordeste do país, os
mesmos podem ser diminuídos, tendo o beiral, neste caso, o papel de proporcionar a proteção contra
a ação dos raios solares.
Assim como no restante da edificação, também o telhado deve possuir aberturas que
proporcionem sua ventilação.
11. PRESERVAÇÃO
A preservação de madeiras é o conjunto de medidas preventivas e curativas para controle de
agentes biológicos (fungos e insetos xilófagos e perfuradores marinhos), físicos e químicos que
afetam as propriedades da madeira, adotadas no desenvolvimento e na manutenção dos
componentes de madeira no ambiente construído, enfim, o tratamento deve ser realizado para
prevenir sua deterioração, ampliando assim seu tempo de vida útil.
32
madeiras para auxiliar produtores e usuários do setor de construção civil para aumentar a
durabilidade de sistemas construtivos de madeira.
O trabalho, apresentado por BRAZOLIN et al (2007), faz uma abordagem sistemática sobre
o assunto biodeterioração e tratamento preservativo de madeira denominada Sistema de Classes de
Risco. Este sistema relaciona diferentes condições de exposição de produtos de madeira aos
possíveis agentes biológicos (fungos, insetos xilófagos e perfuradores marinhos), definindo-se para
os diferentes riscos de biodeterioração o tratamento preservativo (produto e processo) mais
adequado.
Estas classes foram baseadas nas condições de exposição ou uso da madeira, na expectativa
de desempenho do componente e nos possíveis agentes biodeterioradores presentes, isto é, a
avaliação dos riscos biológicos aos quais a madeira será submetida durante a sua vida útil – ataque
de fungos e insetos xilófagos e perfurados marinhos.
Segundo BRAZOLIN et al (2007), este sistema conduz a uma reflexão sobre as medidas que
devem ser adotadas durante fase de elaboração de projeto de uma construção e auxilia na definição
do tratamento preservativo da madeira (produto e processo) em função da condição de uso a que ela
estará exposta.
Esta norma, define seis classes de riscos biológicos que representam, nas condições
brasileiras, seis diferentes situações de exposição da madeira e de produtos derivados da madeira,
em serviço. O objetivo desta classificação é auxiliar na escolha das espécies botânicas, dos produtos
preservativos e dos métodos de tratamento mais adequados a cada situação. A Tabela 4 mostra as
classes de risco propostas.
Perfuradores marinhos
Exposição à água salgada ou
6 Fungos emboloradores/manchadores
salobra.
Fungos apodrecedores
Fonte: (BRAZOLIN et al, 2007)
34
Com relação ao tratamento preservativo da madeira, deve-se considerar a busca de produtos
preservativos e processos de tratamento de menor impacto ao meio ambiente e à higiene e
segurança, a disponibilidade de produtos no mercado brasileiro, os aspectos estéticos (alteração de
cor da madeira, por exemplo), aceitação de acabamento e a necessidade de monitoramento contínuo
(IPT: SVMA, 2009).
Só devem ser utilizados os produtos preservativos devidamente registrados e autorizados
pelo Ministério do Meio Ambiente, através do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que
avalia os resultados dos testes para classificação da Periculosidade Ambiental. Assim como, para o
tratamento industrial da madeira, deve-se exigir registro no IBAMA das usinas de preservação de
madeira e outras indústrias que utilizam esses produtos.
Tem grande importância o modo de aplicação dos produtos preservantes, pois produto
algum poderá conferir proteção satisfatória à madeira se não for corretamente aplicado. Segundo
Brazolin, dependendo da classe de risco à qual o componente de madeira estará sujeito na
edificação, a aplicação dos produtos preservativos poderá ser efetuada com base nos seguintes
processos: sem pressão, isto é, impregnação superficial da madeira, ou com pressão, isto é,
impregnação profunda da madeira, por aplicação do preservativo em autoclave, disponível em
usinas de preservação de madeiras.
Os processos sem pressão, ou superficiais, caracterizam-se por não utilizarem pressão
externa para forçar a penetração do preservativo na madeira, portanto, proporcionam baixa retenção
e penetração do produto preservativo na madeira. A impregnação é baseada nos princípios da
difusão e/ ou da capilaridade, os quais proporcionam uma penetração do preservativo quase que
superficial, na maioria das vezes. Como efeito, conferem à madeira uma proteção limitada contra os
organismos xilófagos, sendo recomendados para a preservação de peças que estarão sujeitas a
baixos riscos de deterioração biológica. Essas considerações referem-se ao uso de produtos
preservativos oleosos, oleossolúveis ou emulsionáveis aplicados às madeiras secas, pelos processos
de aspersão, imersão e pincelamento (BRAZOLIN et al, 2007).
Os processos de impregnação que utilizam pressões efetivas para forçar a penetração do
preservativo são os mais eficientes para a preservação da madeira. Eles promovem a distribuição e
penetração mais uniforme do produto preservativo em todas partes permeáveis da madeira, com teor
de umidade abaixo do ponto de saturação das fibras (~30%), além de favorecer o controle da
quantidade de preservativo absorvido (nível de retenção) para uma proteção ampla da madeira,
mesmo em condições de alto risco de deterioração biológica. Estes processos são realizados em
instalações industriais, denominadas usinas de preservação de madeiras. De um modo geral, pode-
se dividir os processos sob pressão em duas categorias: Célula Cheia e Célula Vazia (BRAZOLIN
et al, 2007).
Segundo Muller da Silva, o tratamento da parte interna, que é a troca da seiva (madeira
verde) por solução que contém elementos preservantes, é realizada de maneira manual ou industrial
(com a utilização de equipamentos específicos).
35
O processo manual é muito utilizado nas pequenas propriedades para o tratamento de
mourões. Nesse sistema trabalha-se sem pressão e obrigatoriamente em galpão aberto, ventilado e
com o piso impermeabilizado (Muller da Silva, 2005).
Para o tratamento de mourão, utiliza-se madeira verde, roliça e descascada, sempre
colocando a parte mais grossa para baixo num recipiente que contém a solução. Após o tratamento
propriamente dito, os mourões devem passar pelo processo de secagem ao ar. A realização dessas
etapas demora algumas semanas e são necessários vários cuidados, principalmente, no manuseio
das substâncias utilizadas como preservantes, pois o uso incorreto pode ocasionar sérios problemas
ao homem e ao meio ambiente.
No processo de tratamento industrial, que é realizado a vácuo ou sob pressão em autoclave
utilizando produtos preservativos regulamentados pelos órgãos competentes. Esses processos
industriais são mais seguros para o meio ambiente, gerando uma contínua queda na utilização do
sistema manual (Muller da Silva, 2005).
O tratamento industrial, no processo de autoclavagem, que é um cilindro que suporta
pressão, onde a madeira é introduzida e em seguida os produtos químicos preservantes são injetados
Figura 13 onde, de forma simplificada, o processo de tratamento consiste:
A madeira seca é descascada. Logo após é feito o carregamento no Auto Clave.
(Madeira seca com apenas 25% de umidade).
O vácuo inicial retira o ar existente no interior das células da madeira;
Sob vácuo a solução de tratamento é transferida para a autoclave;
Sob alta pressão a solução de tratamento é injetada na madeira até saturação;
A pressão é aliviada e a solução excedente retorna ao reservatório;
O vácuo final retira o excesso de solução na superfície da madeira.
Existe outro processo de tratamento da madeira sem a utilização de produtos químicos, mas
o mesmo não é utilizado no Brasil em escala industrial. Esse sistema, conhecido como
termorretificação, apenas utiliza o calor e consiste em expor a madeira a temperaturas elevadas (120
a 200ºC), porém que não provoquem degradação dos componentes químicos fundamentais. Em
36
alguns estudos realizados foi comprovado que a termorretificação diminui tanto o ataque de fungos
quanto a variação dimensional da madeira, porém possui como conseqüência a alteração da cor da
madeira que se torna mais escura (Muller da Silva, 2005).
38
14.2 Secagem em estufa
As vantagens da secagem em estufa são o menor tempo do processo, maior controle e
obtenção de teores de umidade mais baixos, porém há desvantagens como o maior custo de
implantação desse sistema e de operação do equipamento (Muller da Silva, 2005).
A secagem em estufa é utilizada por diversas empresas da área de movelaria, painéis,
esquadrias, pisos etc. Esse tipo de secagem, segundo Muller, é composto por 3 fases distintas:
Aquecimento – é quando ocorre o aquecimento gradativo da temperatura em condições de
elevada umidade do ar;
Secagem propriamente dita – é a etapa em que a madeira irá perder água. Nessa fase, ocorre
a elevação lenta da temperatura e diminuição gradativa da umidade do ar dentro da estufa. É
necessário o monitoramento para melhor controle da secagem visando a adequação ao
programa previamente estabelecido, determinado pelas características da madeira, pois estas
influenciam na secagem;
Uniformização e condicionamento – nessa última fase, o objetivo é homogeneizar a umidade
dentro e entre as peças.
39
Figura 15: Casa construída no sistema de tabuas e mata juntas.
40
15.3 Sistema com tábuas horizontais empilhadas
Este é o sistema construtivo mais comum. É formado por montantes verticais em duplo ―T‖,
onde são empilhadas tábuas horizontais, que possuem encaixe tipo macho e fêmea . Há várias
empresas atuando no mercado e fornecem diversos projetos padrão. A construção possui uma
modulação linear formada pelos montantes em duplo ‖T‖. Há a separação dos sistemas
construtivos: as áreas úmidas que é feita em alvenaria, e o restante da casa que é em madeira. A
fundação é feita com base em concreto, e a estrutura é fixada à fundação, através de pinos metálicos
embutidos na base dos pilares. Para parede, é utilizado as madeiras angelim-pedra ou grápia maciça,
com 3,5cm de espessura ,aplicados sobre montante maciço de 10,5x10,5cm. As tesouras, caibros e
vigas são em madeira de alta densidade serrada. Os montantes da varanda, abrigo, área de serviço, o
oitão externo, são em madeira de alta densidade, oitão interno é em tábuas com encaixe macho e
fêmea, utilizados para o forro, o beiral tem largura aproximada de 50 centímetros. O forro é de
cedrinho, cambará ou Angelim, a cobertura é de telhas cerâmicas e o acabamento externo e interno
é em verniz.
Nesse sistema após aproximadamente dois anos é necessário a compactação das peças
empilhadas. Isto devido à estabilização da madeira com relação à umidade. Como a maioria das
madeiras utilizadas provem de regiões mais úmidas, as peças sofrem retração, o que cria frestas nas
paredes. Após a estabilização geralmente é adicionado mais uma peça com objetivo de preencher o
espaço vazio.
41
Figura18: Casa construída no sistema de toras empilhadas.
43
15.7 Sistema Plataforma em madeira
O Sistema Plataforma em madeira é formado por um entramado estrutural composto de
montantes e travessas de madeira maciça de pequenas dimensões e chapas estruturais. Os montantes
têm comprimento restrito à altura de cada pavimento, são pouco espaçados entre si e unidos por
parafusos auto-atarrachantes, pinos especiais ou pregos em aço (CAMPOS, 2006; DIAS, 2005).
Essa ossatura é enrijecida por chapas estruturais em madeira compensada ou OSB, ―Oriented Strand
Board‖, que dão estabilidade ao painel. As chapas de madeira compensada ou OSB podem ser
aplicadas horizontal ou verticalmente. Estas devem ser revestidas externamente por materiais
protetores (―siding‖) para garantir proteção contra as intempéries. Internamente, o painel pode
receber revestimento de chapas de gesso acartonado, as quais garantem acabamento estético e
também proteção contra incêndio. A concepção do Sistema Plataforma é estabelecida através de
uma coordenação dimensional. Suas dimensões de espaçamentos entre montantes são 30 cm, 40 cm
ou 60 cm, de acordo com a carga suportada pelos painéis (Tabela 1).
45
Figura22 - Esquema de montagem
Os painéis de paredes são compostos por montantes verticais de madeira com seção típica de
2" x 4" que, após aparelhados, têm seção 38 mm x 90 mm. Esses montantes estão dispostos com
espaçamentos entre si que podem ser de 40 cm ou 60 cm, modulação essa em consonância com os
tamanhos das placas de drywall e de OSB. Cada painel é fechado com duas guias de madeira de
mesma seção, uma superior e outra inferior. Após a disposição dos painéis, sobre a fundação ou
sobre a plataforma, conformando a planta do pavimento, uma segunda guia de madeira é pregada
sobre a guia superior, só que essa sobrepõe os encontros de painel, solidarizando-os.
Todas as ligações são pregadas. O prego, apesar de parecer um elemento primitivo, é um
ótimo sistema de fixação, especialmente quando pregado de forma não-perpendicular à superfície,
tornando a ligação mais resistente quanto ao arrancamento. No sistema de wood frame são
utilizados pregos tipo ardox ou tipo anelado que também dificultam o arrancamento, especialmente
em madeiras macias como o pínus. Os pregos deverão ser sempre galvanizados a fogo, uma vez que
deverão ter longa vida de serviço.
Sobre os painéis estruturais (podem haver painéis não-estruturais que não são considerados
para o apoio dos barrotes e que podem ser removidos em uma reforma, por exemplo). Sobre o
barrote é feito um deck de OSB (Orinteded Strand Board) ou compensado naval (no Brasil só há um
fabricante de OSB, que o fornece em vários tipos). As placas de OSB devem ser dispostas
transversalmente em relação aos barrotes - assim têm resistência maior à flexão no maior sentido.
Para aberturas de portas e janelas, os montantes que se encontram na região devem ser
deslocados lateralmente, jamais eliminados. Além dos montantes acumulados nas laterais, deve ser
46
incluído mais um, com a altura da abertura (2,15 m, por exemplo) para que sirva de apoio para as
vergas. Na parte inferior devem ser colocados ainda mais dois pedaços de montantes com 38 mm a
menos que a altura inferior da abertura, de forma que receba mais uma peça de montante horizontal.
Nos vãos inferiores e superiores da abertura devem ser colocados pedaços de montantes de forma
que mantenham o espaçamento padrão de 40 cm ou 60 cm e sirvam de apoio para as placas, sejam
de drywall, sejam de OSB.
Revestimentos
As paredes externas podem ser revestidas com vários sistemas, desde sidings de madeira, aço
ou PVC, que foram desenvolvidos especificamente para o sistema, mas também pode-se utilizar
tijolo aparente, argamassa armada (figura 11) ou placas cimentícias, que dão um acabamento
similar à alvenaria (figura 12).
O conceito do sistema de fechamentos é que para cada item de desempenho há um elemento
específico: montantes de madeira são a estrutura, chapa de OSB no lado externo é
contraventamento e suporte para revestimento, manta de impermeabilização garante a
estanqueidade do sistema e o revestimento tem a função de proteger das intempéries (especialmente
ação do sol) e atender requisitos da arquitetura. Do lado interno, a placa de drywall garante
acabamento e excelente desempenho acústico, reforçado pela lã mineral que pode ser ou não
colocada no interior da parede para a obtenção de desempenhos específicos no que tange ao
isolamento térmico e acústico. Como se vê, trata-se de um sistema aberto e muito adequado para se
tirar partido da nova norma de desempenho NBR 15.575 - desempenho esse que será determinado
de acordo com a composição dos vários materiais e do custo que se define como parâmetro.
Telhados
Sobre as paredes portantes do último piso são aplicadas treliças pré-industrializadas, e seu
espaçamento pode ser a cada 60 cm ou 120 cm, dependendo do tipo de telha a ser utilizado.
No caso de telhas tipo shingle, que demandam um deck de OSB para servir de base sobre as
treliças, o próprio deck funciona como contraventamento vertical. No caso de telhas cerâmicas ou
de concreto, são utilizadas apenas as ripas diretamente sobre as treliças, tomando-se o cuidado de
aplicar a manta de subcobertura antes do ripamento (apenas para garantia de estanqueidade). Nesse
caso o contraventamento é feito com sarrafos em forma de X entre os pontaletes das treliças. Sob as
treliças, são pendurados transversalmente os suportes de madeira ou metálicos para fixação do forro
de drywall (o banzo inferior das treliças não deve servir de referência de nível para a aplicação do
forro). Opcionalmente, pode ser aplicada lã mineral sobre o forro. No caso da telha tipo shingle
(asfáltica) a lã é obrigatória para garantia da isolação térmica do sistema. De um jeito ou de outro é
altamente recomendável manter uma boa ventilação no forro, tanto nos beirais como na cumeeira
(entrada de ar frio/saída de ar quente). Quando se utilizam telhas cerâmicas, que naturalmente têm
frestas e permitem boa ventilação, aberturas de cumeeira podem ser desnecessárias desde que a
manta de subcobertura permita essa respiração. Como referência prescritiva, recomenda-se que o
vazio total das aberturas nos beirais seja de, no mínimo, 1/150 da área de projeção total do telhado.
47
16. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA CONSTRUTIVO EM MADEIRA
Vantagens e desvantagens do sistema construtivo em madeira em relação ao sistema
tradicional de alvenaria de tijolos - São inúmeras as vantagens dos sistemas construtivos em
madeira em relação ao de alvenaria. Podemos estabelecer alguns parâmetros de comparação:
a)Fundação - O sistema de fundação está sempre em função do tipo de solo e do peso da
construção. O peso de uma edificação em madeira é muito menor que o de alvenaria , por tanto há
um menor consumo de material de fundação.
b) Paredes- isolamento térmico - A madeira é considerada um material com baixa
condutividade térmica devido a sua constituição. Tem um calor específico muito elevado, requer
uma quantidade maior de calor que outros corpos para alcançar uma determinada temperatura. O
coeficiente de condutividade térmica da madeira é l=0,29 a l=0,15, (dependendo da espécie) , para
alvenaria l=0,65 , concreto l,=1,5. A madeira é um excelente isolante térmico, devemos ter um
especial cuidado com a orientação da casa em relação ao sol, a ventilação a vedação das portas e
janelas, e principalmente o isolamento térmico das coberturas. Se estas medidas não forem
observadas corremos o risco de criar verdadeiras estufas ou congeladores.
c) Paredes - isolamento acústico - A absorção do som é diferente de isolamento acústico.
Isolamento requer materiais pesados, a absorção requer maciez, porosidade. A madeira é um bom
condutor do som apesar da sua porosidade .A velocidade de propagação do som através das fibras é
quase igual a dos metais. Paredes construídas com dois ou mais elementos que não estejam
diretamente em contato, (câmara de ar) são mais eficientes no isolamento acústico, A transmissão
do som está diretamente relacionada ao peso do material. A alvenaria tradicional é mais eficiente
em relação ao isolamento acústico por ser um material mais "pesado" que a madeira. Devemos
buscar soluções técnicas que procurem solucionar problemas relativos ao conforto acústico no
interior das edificações de madeira.
d) Consumo energético - Com a crise energética instalada em nosso país, o consumo
energético no processo de produção do material é muito importante. A madeira serrada possui baixo
consumo energético em seu processamento. A energia solar responde pela formação da madeira e a
usinagem requer baixo consumo energético (madeira serrada = 1MJ/KG). A fabricação do concreto
do aço e do alumínio , matérias primas muito utilizada na alvenaria de tijolos tem um maior
.consumo energético em seu processamento( aço =33MJ /KG concreto = 2MJ/KG alumínio
145MJ/KG).
e)Tempo de construção - Esta é a uma das maiores vantagens sobre o sistema convencional,
os componentes podem chegar à obra pré-cortados ou mesmo pré-fabricados, reduzindo muito o
tempo de execução da obra . A alvenaria de tijolos é um sistema construtivo bastante artesanal pois
a estrutura é feita no próprio canteiro e as paredes são levantadas sobrepondo-se tijolo por tijolo.
f) Desperdícios - O desperdício se dá à partir da inexistência de projetos, mal planejamento
das ações no canteiro ou simplesmente a falta de mão-de-obra capacitada, por inexistência ou por
não se querer compensá-la como tal. No processo construtivo de madeira, as peças, na maioria dos
casos, pode chegar à obra pré cortadas ou pré fabricadas (montados em painéis ) não havendo
desperdícios. O canteiro de obras de uma casa de madeira é "limpo", não há entulhos.
48
g) Instalações elétricas e hidráulicas - Nos sistemas construtivos em madeira não há a
necessidade de construir para depois destruir. As tubulações podem passar por dentro dos painéis ou
no caso do sistema viga pilar e paredes maciças, passa ao lado dos pilares por meio de uma régua
elétrica. A instalação hidráulica também passa por dentro dos painéis. Deve-se tomar muito cuidado
na utilização da madeira sem tratamento em áreas úmidas em virtude da proliferação de agentes
biodegradantes como fungos e bactérias. Em madeiras tratadas o revestimento cerâmico é
simplesmente colado sobre os painéis.
h) Resistência ao fogo - A evolução de um incêndio depende dos materiais envolvidos. As
cortinas, carpet , móveis e objetos e a pintura são os primeiros a pegar fogo. Os regulamentos de
proteção ao fogo usualmente classifica o material conforme sua resistência a temperaturas de ordem
de 850 .C , temperatura do centro de um incêndio no qual o material deveria suportar até a extinção
do mesmo. Todos os tecidos da madeira são combustíveis, e apesar deste fato apresenta uma
resistência alta ao fogo quando comparada com outros materiais estruturais como o aço por
exemplo. A madeira se carboniza lentamente na presença do fogo , havendo uma redução da sua
secção transversal no lado exposto a uma velocidade de aproximadamente de 0,64mm/ minuto . Os
elementos de secção transversal maiores resistirão mais ao tempo portanto é recomendado o calculo
de uma madeira de sacrifício necessária para satisfazer o tempo de resistência requerido.
i) Durabilidade - Ao contrário do que muitos pensam a habitação em madeira pode ter uma
durabilidade muito grande. Tudo depende em primeiro lugar de questões projetuais, existem muitos
detalhes construtivos que proporcionam a proteção das peças. Deve-se respeitar as limitações do
material e especificar adequadamente a espécie de madeira para cada uso. Outra questão muito
importante é procurar afastar a madeira do solo, bem como retirar os restos de madeira que possam
servir de alimento para cupins. Há uma regra geral: algumas espécies são naturalmente mais
resistentes a agentes biodegradantes. Numa construção de madeira é indispensável o
acompanhamento de um profissional capacitado na área de construções em madeira. Pois a questão
da durabilidade é sempre um conjunto de variáveis. Não existe madeira ruim , o que existe é a
especificação e uso inadequado da espécie. Aproximadamente 30% de uma edificação de alvenaria
é feita de madeira, a estrutura do telhado, aberturas, portas e janelas e os acabamentos rodapé , forro
etc. As medidas preventivas devem ser as mesmas de uma casa de madeira. A prevenção é a melhor
cura.
A madeira é um excelente material de construção sob todos os aspectos, conforto,
plasticidade, rapidez de montagem e durabilidade, não tem substitutos na construção civil. Morar
em uma casa de madeira é sem dúvida estar mais perto da natureza, pois este material possui uma
enorme gama de cores, texturas e aromas que podem ser explorados pelos arquitetos e projetistas na
criação de espaços "sinestésicos". Segundo o arquiteto Ricardo Caruana "...não se pode separar a
estética dos materiais de síntese de uma ética dos seres humanos, entre eles e deles com a natureza.
Apesar da madeira (especificada corretamente para um determinado uso) ser um material de
comprovada qualidade, e o Brasil ,um país de vocação florestal, a maioria dos agentes financeiros
não possuem linhas de créditos para o financiamento de habitações em madeira.
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17. INTRODUÇÃO AO CUSTO
A construção civil é um ramo industrial que se encontra altamente fragmentado em
pequenas empresas, o que justifica a formulação e desenvolvimento de um planejamento,
interligado a um controle gerencial, permitindo a inserção dessas empresas no ambiente competitivo
(ARAÚJO E MEIRA).
É imprescindível que uma empresa saiba contrabalancear os custos e benefícios de seus mais
variados produtos e aplicações. Um planejamento racional e integrado irá garantir eficiência que,
aliada a um planejamento conciso de recursos físicos e financeiros, garantirá o estabelecimento de
prazos e custos adequados.
A indústria da construção civil distingue-se muito das diversas outras, pois não produz em
larga escala, o tempo de duração de uma obra é longo, há uma grande variação da produtividade e
tem-se dificuldade de conhecer de início o custo final do produto.
Neste setor industrial, normalmente, os custos são classificados em diretos e indiretos. Os
diretos representam as partes do custo que depende da quantidade de serviço executados, que
incluem os custos relativos à mão-de-obra, à compra do terreno, aos materiais e equipamentos
utilizados. Os indiretos são aqueles que não dependem da quantidade de serviços produzidos e estão
basicamente divididos em duas categorias, administração da obra e administração central.
O custo de uma obra decresce à medida que ela é mais planejada e controlada, pois assim
eliminam-se custos adicionais provenientes de improvisações, perdas, baixa produtividade, etc.
(ASSED, 1986).
Para o orçamento é necessário quantificar todos os serviços a serem executados e através de
tabelas de composições de custos unitários calcular o custo total da obra. O preço total da obra é
obtido através dos custos diretos e do BDI (Benefício de Despesas Indiretas), que é um índice
percentual que cobre os custos indiretos e os lucros. Após esta etapa, vem a fase de programação da
obra, onde se busca atender o prazo de conclusão, analisando a precedência das atividades e tempo
de execução destas. Seguido dessa etapa, vem a fase de operação e controle da obra.
Fica difícil de se comparar sistemas estruturais diferentes com relação aos custos, pois os
sistemas dependem de muitos fatores como qualidade, disponibilidade e custo de mão-de-obra,
materiais, equipamentos sem contar com despesas da manutenção ao longo da vida útil,
durabilidade, tempo de finalização da obra e o próprio gosto do cliente. Veira Netto (1988, p. 34)
apud Giongo (2008) indica que o modelo adequado de organização é aquele que reflete as
necessidades do empreendimento.
Segundo Azevedo (1985), os custos, quando associados aos resultados, definem no tempo de
aplicação e de retorno a rentabilidade de um empreendimento. Do correto dimensionamento do
custo, depende a viabilidade econômica do empreendimento. Para que se possa obter rentabilidade
em um determinado empreendimento, necessita-se de um planejamento que reflita, de forma bem
realista, as características do empreendimento em questão.
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18. EXEMPLOS DE OBRAS
Figura 23: Vigas de apoio do telhado em madeira com nome usual de ―champanhe‖, e forro do tipo cedro.
51
Figura 25: Assoalho, forro e detalhes em madeira.
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Figura 27: Casa em madeira pré-fabricada.
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Figura 29: Pórtico em madeira.
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Figura 31: Cúpula em madeira.
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Figura 33: Silos em madeiras.
56
Figura 34: Torres em madeira.
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Figura 36: Montanha em madeira (Hopi Hari).
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Figura 39: Detalhe Proteção dos Topos ( Madeira: Eucalipto citriodora tratado com CCA).
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Figura42: Estrutura feita em madeira dispostas em formas de arcos (Madeira: Laminado colado).
19. CONCLUSÃO
O uso de técnicas construtivas em madeira não é muito difundido no Brasil por motivos
culturais e históricos. Desde colônia, quando ainda sob domínio português, técnicas em concreto
foram impostas ao gosto da população, uma vez que a exploração da madeira era controlada pela
coroa lusitana.
Até hoje, aqui, não existe muitas pesquisas no ramo da construção em madeira, tampouco
publicações em livros sobre o assunto. Muito do que se conhece vem de trabalhos de países
exteriores, onde a madeira é utilizada mais frequentemente em obras civis.
As obras existentes são geralmente taxadas de obras de qualidade inferior às de concreto.
Isso demonstra a falta de conhecimento da população quanto ao uso da madeira como material de
construção civil. Pensa-se que é um material de durabilidade baixa, pois ela está sujeita a muitos
ataques patogênicos. Em contrapartida, existem métodos de tratamentos que protegem e elevam a
vida útil deste material.
A madeira no ramo da indústria da construção civil traz muitos benefícios tanto
economicamente quanto social e ecologicamente, contrariando o que se pensa de que pode gerar
grande desmatamento. Ela é um material renovável. Para sua produção necessita de muito menos
energia quando comparada com a produção do concreto e aço. Vinda de florestas manejadas pode-
se assegurar que as comunidades locais não estão sendo prejudicadas. Além disso, ela ―seqüestra
carbono‖ e ajuda no controle de gases do efeito estufa.
No que se refere aos custos, o uso de métodos construtivos diferentes pode ser tanto mais
barato quanto mais caros. Tudo vai depender de estudos prévios para tomar a decisão do método
mais vantajoso.
Para que os métodos de utilização da madeira sejam mais difundidos será preciso mais
estudos neste ramo; deverá ser reformuladas ou até ser criada novas normas técnicas para a
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padronização dos sistemas construtivos; e este assunto deverá entrar com mais ênfase nas
disciplinas relacionadas nos cursos de engenharia e arquitetura.
20. REFERÊNCIAS
A_Madeira_Natural_e_Produtos_Transformados<http://www.pucrs.br/feng/civil/professores/ka
lil/topicos_especiais_madeira_A_Madeira_Natural_e_Produtos_Transformados.pdf>Acesso em: 17
set. 2009.
CALIL JUNIOR, C.; et al. Manual de Projeto e Construção de Pontes em Madeira. São Carlos:
Suprema, 2006.
FERREIRA, O. P.; et al. Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil. São Paulo: Instituto de
Pesquisas Tecnológicas: SVMA: SindusCon-SP, 2003. (Publicação IPT;2980)
61
GIONGO, P. C. Gerenciamento na Construção Civil: Comparativo Entre Obras Com
Estruturas Pré-Fabricadas e em Concreto Convencional. 2008. Tese de conclusão de curso.
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2008.
Manual_da_Madeira<http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/meio_ambiente/fauna_
flora/manual_madeira/manual_da_madeira04.pdf>Acesso em:17 set. 2009.
QUINALIA, E.Sistemas Construtivos. Techne, n. 106, jan. 2006. Disponível em: <
http://pcc2435.pcc.usp.br/textos%20t%C3%A9cnicos/estrutura/Sistemas%20construtivos_madeira.
pdf>. Acesso em: 13 set. 2006.
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ZANETTI, E. A.; et al. Madeira: A Matéria-Prima do Desenvolvimento Sustentável.
63