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Antes de serem apresentados a qualquer conceito de frase e oração

originado em uma teoria lingüística, os alunos já têm uma noção intuitiva de


frase, seja vinda dos tempos de escola, seja formada no contato com a
língua escrita, seja pelo fato da palavra frase, antes de ser usada como
designativo de um conceito teórico, é uma palavra normal da língua, com
toda o grau de multissemia que as palavras normalmente contêm. Além
disso, na literatura gramatical “escolar”, até mesmo às vezes na usada nos
cursos superiores de Letras, os termos frase e oração, nem sempre são bem
diferenciados.

Frase e Oração: Conceitos

Evanildo Cavalcante Bechara

Segundo o Evanildo Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa, a frase


tem uma estrutura interna diferente da oração porque não apresenta
relação predicativa.
Ou seja, frases seriam somente coisas do tipo: Depressa! Que calor! Choveu
muito! Vamos logo! Esses enunciados são frases, já que Bechara se refere a
frase como “simples palavras”, forma de enunciado que “não apresenta
relação predicativa”, ao contrário de oração, que apresenta essa relação.

Celso Ferreira Cunha

Celso Cunha, não define explicitamente oração, mas mostra que esta se
pode definir pela ocorrência de um verbo ou de uma locução verbal numa
sequência de palavras. Frase é um conceito mais vasto, pois constitui um
enunciado de sentido completo, a unidade mínima de comunicação,
acompanhada de entoação e correspondente a uma sequência de uma ou
mais palavras, podendo não incluir verbos. Deste ponto de vista, “Fogo!” é
uma frase.

Joaquim Mattoso Câmara Júnior

Mattoso Câmara declara ser a frase um discurso. Quando há um falante


dirigindo-se a um ou mais ouvintes, numa situação concreta. Acrescenta
poder ser a frase representada por uma palavra ou grupo de palavras.
Distingue, esse autor, a palavra em estado de dicionário da palavra frase,
pela entonação e pelo propósito definido. Na linguagem escrita a entonação
é assinalada, tanto quanto possível pela pontuação; ainda assim, o assunto
deve ser mais explicitado, mesmo em prejuízo do falante e do ouvinte (o
falante e o ouvinte diminuem de importância na linguagem escrita, em
favor do assunto). Desde de sempre tem-se a noção de que a frase
completa apresenta sujeito e predicado, embora ocorram frases sem sujeito
(fenômenos naturais). Ele lembra que a língua é o sistema que organiza os
discursos, e que ela tem padrões para a formação de frases, os quais seriam
obedecidos pelas frases que ele chama de integralmente lingüísticas, que
segundo ele corresponderiam ao que habitualmente se chama de oração ou
proposição.

Flávia de Barros Carone

Flávia Carone, caracteriza a frase como “…unidade de comunicação –


quaisquer que sejam suas dimensões e sua estrutura, desde que essa
unidade ‘escale a pauta em modulação adequada’. Ela não define
claramente o que é oração, mas deixa a entender que frase e oração são
basicamente a mesma coisa, na mesma linha do Mattoso Câmara.

Comparação

Evanildo Bachara e Celso Ferreira cunha têm uma visão parecida sobre o
que são frase e oração: ambos concordam que uma expressão formada por
apenas uma única palavra pode ser um frase, mas quanto a oração, o
primeiro se prende à relação predicativa e o segundo prefere analisar a
ocorrência de verbo/locução verbal na sentença de palavras. Já Mattoso
Câmara e Flávia Carone propõem idéias mais complexas, com definições
implícitas ou explícitas, sobre o que seriam frase e oração, baseadas na
entonação, e sugerem, ainda, que ambos são a mesma coisa.

Conclusão

A proposta de Evanildo Bechara me parece a mais adequada, dentro de sua


simplicidade, define bem o que é oração e o que é frase: a diferença entre
frase e oração estaria, portanto na forma: “Socorro!” - é uma frase, pois
expressa um sentido, mas não é uma oração, já que não se pode biparti-la
em sujeito e predicado. “Quero que você venha.” - o segundo membro do
período é oração, pois apresenta sujeito e predicado, mas não é frase, já
que não funciona isoladamente.

Bibliografia

Carone, F. Morfossintaxe. São Paulo: Ática, 1986.


Mattoso Câmara, J. Dicionário de Filologia e Gramática. 2ª ed. Rio
de Janeiro: J. Ozon, 1964.
––––––. Princípios de Lingüística Geral. 4ª ed. Rio de Janeiro: Livraria
Acadêmica, 1969.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª Edição Revista e
Ampliada. Rio de Janeiro : Lucerna, 1999.

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