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ENTREVISTAS

Tristan Renaud,
CMS Jahia
Mark Evans,
CMS glFusion
Dan Fuhry e Neal Gompa,
EnanoCMS

http://revista.espiritolivre.org | #015 | Junho 2010

Portabilidade de Software ­ Pág 14 As origens do Software Livre ­ Pág 76

SpagoBI: Plataforma aberta de BI ­ Pág 59 Contribuindo com o Kernel Linux ­ Pág  20

Papel timbrado no BrOffice.org ­ Pág 88 Sorteios e Promoções ­ Pág 12
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |02
EDITORIAL / EXPEDIENTE

Gerenciando conteúdo! EXPEDIENTE
CMS.  Esse  é  um  assunto  que  divide  opiniões  por  diversos  motivos.  Diretor Geral
Talvez o mais evidente talvez seja que muitos desenvolvedores que gostam de     João Fernando Costa Júnior
construir  seus  projetos  "na  unha"  consideram  que  o  uso  de  um  sistema  de 
gerenciamento  de  conteúdo  previamente  construído  é  desnecessário  ou  que  Editor
   João Fernando Costa Júnior
seu  uso  trás  "efeitos  colaterais".  Um  destes  efeitos  seria  a  dependência  da 
ferramenta  com  o  passar  do  tempo,  ou  ainda  o  ato  de  se  prender  apenas  ao  Revisão
templates  (modelos  de  layout)  já  existentes.  Não  considerando  apenas  a     Aécio Pires
questão  do  visual,  os  CMS  exercem  uma  importante  tarefa  em  praticamente     Alexandre A. Borba
qualquer  sistema  que  dependa  de  atualizações  constantes  e  dinamicidade.  E     Felipe Buarque de Queiroz
   Francisco Adrivagner Dantas
quando  o  CMS  tem  seu  código  aberto,  a  experência  de  adaptá­lo  a  nossa     Eliane Domingos
necessidade se torna ainda mais gratificante. 
Tradução
Existem dezenas de CMS sendo utilizados por toda a Web, muitos deles     Paulo de Souza Lima
mundialmente  famosos  e  outros  nem  tanto.  A  edição  deste  mês  conversou 
com diversos desenvolvedores, responsáveis por várias destas soluções. Além  Arte e Diagramação
das entrevistas, casos de sucesso e outros relatos de uso de gerenciadores de     Eliane Domingos
conteúdo ilustram esse cenário dinâmico, onde os CMS se encontram.     João Fernando Costa Júnior  
   Igor Morgado 
Tivemos  como  entrevistados,  Tristan  Renaud,  vice­presidente  do  Jahia     
Software  Group,  responsável  pelo  CMS  Jahia;  Mark  Evans,  líder  do  projeto  Jornalista Responsável
   Larissa Ventorim Costa
glFusion  e  batemos  um  papo  com  Dan  Fuhry  e  Neal  Gompa,  criadores  do     ES00867­JP
EnanoCMS. Também recebemos contribuições de Rafael Silva, criador do site   
Drupal  Brasil,  que  em  sua  matéria  traz  motivos  bastante  convincentes  quanto  Capa
ao  uso  do  Drupal,  inclusive  apresentando  casos  bem  sucedidos  de  uso  deste     Carlos Eduardo Mattos da Cruz
famoso CMS. Yuri Almeida aponta para uma vertente bem interessante em sua 
contribuição, falando dos CMS e a produção colaborativa de conteúdo. Rafael  Contribuiram nesta edição
   Alexandre A. Borba
Leal  traz  um  questionamento  pertinente  no  título  de  sua  matéria:  Usar  CMS     Alexandre Oliva
desvaloriza  o  meu  trabalho?  Tivemos  ainda  outras  contribuições  sobre  o     André Noel
assunto de capa que merecem toda a nossa atenção.    Cárlisson Galdino
   Carlos Eduardo Mattos da Cruz
Além  do  tema  CMS,  Rodrigo  Carvalho  fala  sobre  como  ter  um  media     Cezar Taurion
center movido a Linux, e para isso apresenta diversas soluções neste sentido.     Daigo Asuka
André Noel nos traz uma matéria intitulada "Ubuntu para todos nós!", onde fala     Dan Fuhry
sobre  Ubuntu,  a  história  desta  distribuição  GNU/Linux  e  sua  relação  com  o     Fernando Alkmim de Almeida
   Flávia Suares
significado  real  da  palavra  "Ubuntu".  Kemel  Zaidan  faz  uma  reflexão  bastante     Francilvio Alff
profunda  sobre  o  termo  "software  livre",  além  de  o  contrapor  com  outros     Hailton David Lemos
conceitos.  Wilkens  Lenon  aprofunda  no  conceito  software  livre,  mostrando     Igor Morgado
suas raízes, suas origens.    João Fernando Costa Júnior
   José James Figueira Teixeira
Nosso  colunista  Cezar Taurion  fala  sobre  como  contribuir  para  o  Kernel     Kemel Zaidan
Linux, enquanto Alexandre Oliva, aborda o tema Portabilidade, porém aplicado     Klaibson Ribeiro
ao campo do software, uma proposta bem interessante por sinal.    Klayson Bonatto
   Luis Gustavo Neves da Silva
Miguel  Koren  fala  sobre  o  SpagoBI­,  uma  plataforma  BI  livre  e  aberta     Mark Evans
enquanto Klaibson Ribeiro traz uma dica que deve ser interessante para muita     Miguel Koren O'Brien de Lacy
   Milla Magri
gente  que  trabalha  em  escritórios  e  precisa  de  fazer  o  papel  timbrado  da     Neal Gompa
empresa.  Carlisson  Galdino  apresenta  seu  nono  episódio  de  Warning  Zone,     Paulo de Souza Lima
intitulado "Quarto de Hotel".    Rafael Silva
   Rafael Leal da Silva
A  seção  Quadrinhos  tem  estreia  com  Luis  Gustavo  da  Silva  que  chega     Roberto Cohen
com  duas  tiras  de  sua  autoria.  Fernando Alkmin  e  José  James  também  estão     Roberto Salomon
presentes.    Rodrigo Carvalho
   Tristan Renaud
A  todos  os  colegas  colaboradores  que  não  foram  mencionados  aqui,  o     Wilkens Lenon Silva de Andrade
meu muito obrigado e convite para continuarem conosco na proposta     Yuri Almeida
da  construção  de  uma  publicação  de  qualidade  e  que  é  a           
Contato
cara do nosso leitor.     revista@espiritolivre.org
Aquele  forte  abraço  a  todos  os  envolvidos  e  nos 
vemos na próxima edição! O conteúdo assinado e as imagens que o integram, são 
de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, 
não representando necessariamente a opinião da 
João Fernando Costa Júnior Revista Espírito Livre e de seus responsáveis. Todos os 
direitos sobre as imagens são reservados a seus 
Editor respectivos proprietários.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |03
EDIÇÃO 015

SUMÁRIO
Entrevista com Tristan 
Renaud, do CMS Jahia
CAPA
44 Drupal, o seu próximo CMS
Bons motivos!
PÁG. 26
47 CMS, It Can
Sim, ele pode!
Entrevista com Mark 
49 CMS e Produção de Conteúdo
Uma aliança e tanto...
Evans, do CMS 
glFusion
Caso de sucesso: Joomla
53 Secretaria da Fazenda do ES PÁG. 32
56 O uso do CMS
e a desvalorização do trabalho

Entrevista com Dan 
Fuhry e Neal Gompa, 
do Projeto EnanoCMS
COLUNAS
PÁG. 39
14 Portabilidade de Software
Será que funciona?!

17 Warning Zone
Episódio 9 ­ Quarto de Hotel

20 Kernel Linux
Saiba como contribuir

24 Suíte de Escritório
Qual a melhor?!

95 AGENDA 06 NOTÍCIAS
GESTÃO
58 Suporte Técnico
Os desafios para os gestores GRÁFICOS
59 SpagoBI
Plataforma BI livre e aberta
84 Computação Gráfica Livre
Desmistificando...

ESCRITÓRIO LIVRE
FORUM
88 Papel timbrado no BrOffice.org
Saiba como fazer
66 Isaac Newton e Software Livre
Tudo a ver...

70 Ubuntu para todos nós
Para mim, para você...

73 Use Software Livre,
Não use "Software Pirata" MULTIMÍDIA
76 Software Livre e suas origens
Saiba como tudo começou 90 Como ter um Media Center
Movido a Linux...

82 Grupo de Usuários
Saiba como atuar

QUADRINHOS
93 Quem paga o software livre?
Software livre é como água!
Open Office
Departamento Técnico

ENTRE ASPAS
Citação de Bjarne Stroustrup
95
09 LEITOR 12 PROMOÇÕES
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior

Firefox 3.6.4 Anti­Crash cançar  posições  mais  altas  em  uma  busca  por 


Já  está  disponível  o  Fire­ "Viagra" ou "Cialis" no Google, por exemplo. Pa­
fox 3.6.4, versão que final­ ra  descobrir  que  sites  federais  estão  infectados, 
mente  implementa  a  digite a busca "viagra soft" inurl:.gov.br e/ou "cia­
execução  dos  plugins  lis" inurl:.gov.br. 
num  espaço  independen­
te  do  programa  principal.  Lançado WattOS R2
Mas  o  que  isso  quer  di­ Na  última  quarta­feira,  dia 
zer?  Em  caso  de  erro,  o  23  de  junho,  os  desenvol­
browser  deverá  permane­ vedores  responsáveis  pe­
cer  imune  a  crashes,  sendo  apenas  afetado  o  lo  WattOS  apresentaram 
plugin  correspondente.  Um  exemplo?!  Se  o  a  mais  nova  versão  para 
Flash  crashar  deverão  ter  apenas  a  janela  res­ sua  distribuição.  Entre  as 
pectiva  a  fechar,  em  vez  de  levar  todo  o  Firefox  mudanças  ocorridas  no 
e restantes páginas abertas com ele. Mais infor­ WattOS  R2,  está  a  adição 
mações  no  Blog  da  Mozilla.  http://blog.mozil­ do  gerenciador  de  login 
la.com/blog/2010/06/22/firefox­3­6­4­with­crash­p LXDM  em  substituição  ao  SLIM.  WattOS  é  uma 
rotection­now­available/. distribuição Linux com bases no Ubuntu, que uti­
liza  o  gerenciador  de  janelas  Openbox.  Saiba 
Jolicloud com suporte a touchscreen mais em http://www.planetwatt.com.
Jolicloud,  sistema 
operacional  basea­ Nova  falha  do  Firefox  permite  injeção  de  có­
do  no  Ubuntu  Re­ digo
mix,  continua  a  Foi  identificado  um 
evoluir tendo chega­ problema na manei­
do  uma  nova  ver­ ra  com  que  o  Fire­
são  compatível  fox  lida  com  links 
com uma série de telas sensíveis a toque. Além  que  são  abertos 
disso, a interface também foi revista sendo ago­ em  uma  nova  jane­
ra  baseada  em  HTML5.  Para  os  que  desejam  la  ou  aba,  permitin­
mais  informações,  visitem  o  site  oficial:  do  que  os 
http://www.jolicloud.com. atacantes  injetem 
código arbitrário enquanto mantém uma URL en­
Sites governamentais são alvos de crackers ganosa  na  barra  de  endereço  do  navegador.  A 
Vários  sites  governamentais  estão  sendo  alvo  vulnerabilidade, que a Mozilla corrigiu na versão 
de  invasões  para  uso  massivos  de  SPAM.  De  3.6.4  do  Firefox,  engana  os  usuários  fazendo 
acordo com análise publicada no site da empre­ que  eles  pensem  estar  visitando  um  site  legíti­
sa  de  segurança  Sucuri.net,  crackers  invadiram  mo,  enquanto  enviam  o  código  arbitrário  ao  na­
diversos domínios do governo brasileiro e inseri­ vegador. 
ram links e termos que ajudam suas páginas a al­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |06
NOTÍCIAS

Rapidshare  cancela  uploads  de  conteúdos  para o novo sistema que terá a primeira ISO lan­


protegidos  çada  em  breve.  Visite:  http://www.imagine­
O  Rapidshare,  um  os.com.br.
dos serviços mais fa­
mosos  de  comparti­ Google  e  YouTube  vencem  processo  da  Via­
lhamento  e  com
armazenamento  de  O  Google  ganhou 
arquivos  na  Inter­ uma  batalha  contra 
net,  decidiu  cance­ as  empresas  de  mí­
lar  o  programa  de  dia  depois  que  um 
incentivo  aos  usuários  que  realizam  uploads  de  juiz  federal  de  Ma­
conteúdos  protegidos. A  alegação  dos  criadores  nhattan indeferiu um processo da Viacom no va­
do  serviço  é  que  eles  não  querem  mais  ser  vis­ lor  de  1  bilhão  de  dólares  acusando  a 
tos como incentivadores da pirataria no universo  companhia  de  permitir  vídeos  protegidos  por  di­
virtual. A companhia informa ainda que já iniciou  reito  autoral  em  seu  site  YouTube  sem  permis­
o  cancelamento  de  contas  daqueles  que  fazem  são.  A  Viacom  disse  que  planeja  apelar  da 
o  upload  ou  download  de  conteúdos  protegidos,  decisão.
armazenando  os  IPs  dos  mesmos  para  "fins  le­
gais". R7 estreia e­mail gratuito com 10 GB
O  portal  R7  lançou  esta 
2000 alunos do ES receberão laptops através  semana  o  seu  serviço  de 
do Programa Um Computador por Aluno e­mail  com  capacidade 
A  iniciativa  faz  parte  para  armazenar  até  10 
do  Um  Computador  GB. O serviço é gratuito e 
Por Aluno  (UCA),  pro­ disponibiliza a qualquer in­
grama  do  Ministério  ternauta  uma  conta  com 
da  Educação  (MEC)  a  extensão  @r7.com.  O  serviço  conta  com  to­
que permitirá a aquisi­ das  as  principais  funcionalidades  oferecidas  pe­
ção  de  computadores  los  concorrentes,  como  controle  de  spam, 
portáteis  novos  com  antivírus  automático,  calendário,  lista  de  conta­
conteúdos  pedagógicos  pelas  redes  públicas  de  tos, opções para criar pastas, confirmação de lei­
educação  básica.  Segundo  o  MEC,  cada  laptop  tura,  verificador  ortográfico  e  rascunho  de 
custa R$ 550,00. As máquinas têm 512 megaby­ mensagem. Conheça: www.r7.com.
tes de memória, tela de cristal líquido de sete po­
legadas,  peso  de  1,5  quilo  e  bateria  com  Filme sobre o Facebook, em breve em um ci­
duração de três horas.  nema perto de você
E  o  nome  da  obra  chama­se  "The  Social 
Adeus GoblinX. Seja bem vindo Imagineos! Network", filme que contará a história dos basti­
O projeto GoblinX informa que deixará de existir  dores  da  fundação  do  site  Facebook,  chegará 
a partir desta semana e que em seu lugar nasce  aos cinemas do Brasil no dia 3 de dezembro, se­
um  novo  projeto,  uma  reformulação  do  original  gundo previsão da Columbia Pictures, responsá­
em busca de novas fatias de mercado. Todos os  vel  pela  distribuição  da  obra.  O  lançamento  nos 
recursos a serviço do GoblinX estão agora a dis­ Estados  Unidos  está  marcado  para  o  dia  1º  de 
ponição do novo projeto chamado: Imagineos. O  outubro.  Saiba  mais  aqui:  http://en.wikipe­
site  do  GoblinX  e  fórum  já  foram  redirecionados  dia.org/wiki/The_Social_Network.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |07
NOTÍCIAS

Free  Software  Foundation  lança  manifesto  Abertas  as  inscrições  para  os  Grupos  de 
contra o ACTA Usuários no fisl11
A  Free  Software  Assim  como  em  edições 
Foundation  (FSF)  anteriores,  o  fisl11  abre 
lançou  recentemen­ espaço  para  grupos  de 
te  uma  manifesto  usuários  das  mais  diversas 
contra o Tratado Co­ linguagens,  tecnologias, 
mercial  Antipirata­ sistemas  operacionais  e 
ria  (ACTA,  na  sigla  correntes  tecnológicas 
em  inglês).  O  ACTA  era  um  tratado  de  repres­ relacionadas  ao  software  livre.  O  diferencial 
são  à  pirataria  de  bens  físicos,  pelo  menos  em  deste  ano  é  divulgar  o  ambiente  de  rede  de 
sua concepção inicial. Hoje, se tornou uma alter­ relacionamento  totalmente  software  livre 
nativa debatida entre países desenvolvidos para  chamado  Noosfero.  Para  participar  o  Grupo 
combater a ampla distribuição de conteúdos e in­ deverá  se  registrar  e  criar  a  sua  comunidade. 
formação  pela  internet.  O  manifesto,  em  inglês,  Saiba mais no site do fisl11.
está no site da fundação. De acordo com a Free 
Software Foundation, o ACTA é uma ameaça ao  Chromoting:  Chrome  OS  rodará  aplicativos 
software livre. tradicionais de desktop
O  sistema  operacional 
Google Voice aberto ao público Google  Chrome  OS  será 
O  Google  acaba  de  lançado  até  o  final  desse 
inaugurar  nos  Esta­ ano,  ou  seja,  você  será 
dos  Unidos  da Améri­ capaz  de  comprar  um 
ca  o  Google  Voice,  netbook  sem  o  Windows 
seu  tão  aguardado  instalado,  e  sim  com  o 
serviço  de  gerencia­ Chrome  OS.  Entretanto,  o 
mento  de  telefonia  novo  sistema  trará  o  Chromoting,  que  ao  que 
customizável.  O  Goo­ tudo  indica  ser  um  recurso  que  rodará 
gle Voice possui a capacidade de chamar vários  aplicativos  de  desktop,  os  "offline",  no  Chrome, 
telefones,  ao  mesmo  tempo,  ou  um  de  cada  podendo incluir até os de Windows. 
vez, dependendo apenas de como você configu­
rou  suas  preferências  no  sistema.  Saiba  mais:  Lançado Thunderbird 3.1
http://google.com/voice. Os  desenvolvedores  da 
Mozilla  lançaram  a  versão 
Estado brasileiro não deve questionar o Goo­ 3.1  de  seu  cliente  de  e­mail 
gle e o Facebook, diz Getschko open  source,  o  Thunderbird, 
O  Brasil  não  deve  engrossar  a  lista  de  países  que  traz  como  seu 
que questiona o Google e o Facebook por condu­ codinome  "Lanikai".  Esta 
tas  irregulares.  É  o  que  pensa  o  presidente  do  versão  inclui  uma  série  de 
NIC.br  (Núcleo  de  Informação  e  Coordenação  melhorias  referentes  à 
do  Ponto  BR),  Demi  Getschko.  Segundo  ele,  os  estabilidade  e  à  memória,  contando  também 
conflitos entre usuários e os sites devem ser in­ com  a  inclusão  de  novas  funcionalidades.  como 
termediados  por  órgãos  de  defesa  da  privacida­ o novo Saved Files Manager que exibe todos os 
de  e  até  mesmo  pela  justiça.  "Não  acho  que  o  arquivos  baixados  via  e­mail.  Ele  pode  ser 
país, como Estado, deva se posicionar", disse. baixado aqui. 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |08
COLUNA DO LEITOR

EMAILS, 
SUGESTÕES E 
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ ­ sxc.hu

Esta seção é sua leitor! Coloque a boca no trom­ É  uma  revista  que  aborda  várias  questões 


bone!  Não  fique  com  vergonha:  diga­nos  o  que  sobre  o  software  livre  de  forma  com  que  todos 
achou da última edição ou das últimas matérias!  entendam  do  que  está  se  falando  e  é  aberta 
Algo não ficou legal? Alguma matéria lhe ajudou  para toda a comunidade.
muito? Ficou satisfeito por ter encontrado o que  Ricardo Esteves Pontes ­ Campinas/SP
procurava?  Então  manifeste­se  e  mostre  a  nós 
e  aos  demais  leitores  o  quão  importante  é  ter  o 
Muito  interessante,  fácil  e  prática,  da  a  nós 
"espírito livre". Abaixo listamos alguns comentári­ programadores,  iniciantes  ou  a  tempos 
os que recebemos nos últimos dias: desenvolvedor,  dicas  importantes  sobre  o  futuro 
da  linguagem,  sempre  mostrando  os  pontos  a 
Ótima  revista,  veio  em  bom  momento  para  ter  em  mente  a  como  programar  com  qualidade 
suprir  uma  necessidade  dos  usuários  de  SL  e  e  portabilidade.  Isso  é  fantástico,  genial, 
também dar um ar profissionalismo ao copyleft. parabéns  continuem  assim,  sempre  nos 
Rômulo de Carvalho ­ Campina Grande/PB ajudando com idéias brilhantes.
Felipe Freitas de Oliveira ­ São Paulo/SP
Uma  revista  que  cobre  de  forma  completa,  e 
técnica  a  sena  do  código  aberto.  Com  Uma  excelente  revista  que  agrega  muito 
entrevistas  e  artigos  muito  interessante    que  conhecimento  para  a  minha  vida  profissional. 
vem  contribuindo  para  o  desenvolvimento  Só gostaria que tivesse uma versão impressa.
profissional de muitos. Denis Brandl ­ Blumenau/SC
Adilson Santos da Rocha ­ São Paulo/SP
É  uma  revista  muito  legal,  imparcial,  e  com 
Incrível.  Sempre  com  matérias  muito  bem  assuntos  muito  diversos,  possibilitando  aos 
escolhidas.  Uma  fonte  de  conhecimento  tanto  leitores  ampla  visão  sobre  os  assuntos  do 
específico  na  área  de  software  livre,  como  no  mundo open­source.
aspecto  cultural  envolvido.  Muito  boa,  e  o  Thomas Jefferson Pereira Lopes ­ Itapevi/SP
melhor, LIVRE!
Caio William Carrara ­ Votorantim/SP Fiquei  impressionado  com  a  revista,  trata  os 
assuntos  de  forma  única  e  com  espírito 
Sempre  buscando  divulgar  o  melhor  do  invejável,  parabéns  pelas  entrevistas  que  vão 
conhecimento  em  Software  Livre,  a  revista  direto  ao  ponto  e  nos  remetem  às  verdadeiras 
Espírito  Livre  está  sempre  a  frente  a  cada  aulas de conhecimento.
edição. Parabéns a todos os envolvidos. Diego Pereira de Melo ­ Guarulhos/SP
Enéias Ramos de Melo ­ São Paulo/SP

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |09
COLUNA DO LEITOR

Liberdade  de  escolha  e  soluções  colaborativas,  A  Revista  Espírito  Livre  é  uma  das  minhas 
esse é o espírito da coisa. Revista Espírito Livre  referências  para  as  dúvidas  que  surgem  sobre 
lhe mostra o caminho. GNU/Linux,  esclarecendo  e  dando  dicas 
Fernando Coutinho Vieira ­ Garça/SP valiosíssimo para o meu trabalho.
Paulo Henrique Soares ­ São Vicente/SP
Esta  revista  me  forneceu  sempre  bons 
conhecimentos  que  aperfeiçoaram  a  forma  com  Uma  ótima  publicação...  Sempre  uma  grande 
que desenvolvo minhas aplicações. fonte de consulta... Tenho todas e sonho em vê­
Ricardo G. Schmidt ­ Jaraguá do Sul/SC las publicadas um dia...
Aureliano Martins Peixoto ­ Goianésia/GO
A  melhor  iniciativa  livre  de  produção  de  mídia 
integrando  os  conceitos  básicos  do  software  Acho  ótimo  esse  projeto,  pois  trata  bem  o  que 
livre,  ou  seja,  respeitando  a  liberdade  dos  precisamos  e  nos  traz  as  atualizações  mundiais 
usuários  e  qualificando  o  conhecimento  sem  em tempo hábil para nos atualizarmos.
fronteiras  e  barreiras.  Leitura  obrigatória  entre  Howard C. Roatti ­ Vitória/ES
todo(a)s  que  desejam  estar  bem  informado(a)s 
e  integrado(a)s  nas  boas  coisas  que  o  livre  Show  de  bola!  Os  assuntos  abordados  sao 
acesso  ao  conhecimento  nos  trás.  Exemplo  de  bastante  interessantes  e  atuais.  Parabenizo 
organização  e  qualidade  na  produção  gráfica,  toda a equipe que produz esse otimo material.
além de conteúdo de nível superior, dignificando  Raphael Brito de Paiva ­ Castanhal/PA
seus  editores  e  colaboradores.  Sucesso  mais 
que merecido e parabéns para todo(a)s. Uma  revista  muito  interessante  e  informativa, 
Ronaldo Cardozo Lages ­ Palhoça/SC principalmente  para  os  iniciantes  no  mundo 
linux,  como  eu,  sou  muito  fã  do  trabalho  de 
Excelente  revista  para  informação  e  promoção  vocês.
do  SL.  Cada  edição  traz  novidades,  Ivo Silva Lima ­ Caxias/MA
estimulando  o  conhecimento  e  aprendizado  das 
tecnologias  livres  e  promovendo  a  cultura  de  Minha  referência  em  software  livre.  Não 
compartilhamento. conheço  outra  publicação  parecida  e  com  tanta 
Luiz F. Carvalho ­ N. Sra. do Socorro/SE qualidade.
André de Carvalho Gil ­ Rio de Janeiro/RJ
É  a  primeira  edição  da  revista  que  tenho  a 
oportunidade  de  conhecer.  Apesar  de  ter  uma  Eu acho que está no caminho certo em divulgar 
ótima impressão, não tenho condições de julgar  o  "mundo"  do  software  livre  em  geral,  o  que 
ainda.  Mesmo  assim,  deixo  o  meu  está  faltando  é  divulgar  mais  a  revista  e  sites  e 
agradecimento  pelo  esforço  em  escrever  em  blogs.  Eu  faço  minha  parte  e  divulgar  essa 
matérias de qualidade e com temas importantes. excelente  revista  a  meus  amigos  e  conhecidos 
Josadaque Oliveira ­ Vitória da Conquista/BA que  acham  que  os  computadores  só  viver 
software proprietário.
Abrangente...dedicada  ao  software  livre  cumpre  Deiveson T. dos Santos ­ São Gonçalo/RJ
seu papel buscando e informando a todos o que 
acontece neste setor. Uma  excelente  fonte  de  informações  para 
Luiz Alcantara Junior ­ Goianinha/RN amantes do Software Livre. Estão de Parabéns!
Richard Caio Silva Rego ­ Santarém/PR

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |10
COLUNA DO LEITOR

Acompanho a revista desde sua primeira edição  Gosto  muito  das  matérias,  pois  vem  me 


e  gosto  de  suas  matérias.  Acredito  que  mais  ajudando muito no crescimento. Parabéns pelas 
matérias  técnicas  e  alguns  howtos  melhorariam  publicações.
a revista. Fábio Maeda ­ São Paulo/SP
Fábio Herold ­ Canela/RS
Acho  uma  ótima  revista  e  gosto  muito  dos 
A  cada  edição  fico  mais  surpreendida,  é  muita  artigos pois fala o que nós leitores queremos ler 
informação  de  boa  qualidade,  eu  adoro  ler  e  parabens a toda equipe da revista.
tenho  todos  os  downloads,  simplesmente  vocês  Leonardo da Silva ­ Rio De Janeiro/RJ
estão de parabéns.
Gabriela Coutinho dos Reis ­ Cariacica/ES Uma  excelente  fonte  de  pesquisa,  sobretudo, 
para  o  mundo  livre.  Precisa  apenas  tornar­se 
A  revista  é  sensacional,  a  cada  mês  vem  se  impressa,  para  poder  ser  100%  boa,  o  resto 
superando  mais  e  mais,  um  excelente  ponto  de  está muito interessante.
atualização  tecnológico,  depois  que  a  conheci  Cícero Pinho Rocha ­ Camocim/CE
não parei mais de acompanhar.  
Luan Kleber de Jesus Lima ­ Castro Alves/BA Inacreditável  a  qualidade  que  a  Revista  vem 
adquirindo  nestes  meses,  cada  vez  com 
Muito  boa  começei  a  ler  por  recomendação  de  melhores matérias... e GRÁTIS!
amigos  da  faculdade,  desde  então  aguardo  Danilo Barion Nogueira ­ São Paulo/SP
aciosamente  cada  edição,  fico  por  dentro  de 
das  notícias  me  manteno  atualizado,  estão  de  Uma iniciativa excelente por parte daqueles que 
parabéns. querem  ver  um  pais  mais  bem  informado.  Isso 
Vanclessio Souza Cunha ­ Belém/PA sim, traz crescimento para uma nação.
Edilson Rodrigues de Souza ­ Fortaleza/CE
Um  dos  maiores  expoentes  do  universo  free 
software.  Já  se  tornou  essencial  na  divulgação  Sem  sobra  de  dúvidas  que  é  um  dos  melhores 
e  compartilhamento  do  conhecimento  livre  de  meios de informação digital da atualidade.
sistemas tecnológicos. Rodrigo Ferreira da Silva ­ Jaboatão/PE
Diego F. de Oliveira ­ Presidente Epitácio/SP
Boa  pra  quem  deseja  iniciar  no  uso  do  linux  e 
Conheci a revista por uma dica de um amigo, e  aprender  mais  sobre  a  informática  e  o  software 
desde  então  estou  lendo  a  cada  nova  edição.  livre.
Simplesmente  as  matérias  são  atraentes,  Paulo Severino ­ São João de Meriti/RJ
envolventes  e  seu  formato  e  conteúdo  é  como 
um  bom  livro  dá  vontade  ler  até  o  final...  No momento a Revista Espírito Livre é uma das 
Parabéns! mais  importantes  iniciativas  para  a  divulgação  e 
Ronaldo Carlos do Reis ­ Caxias do Sul/RS solidificação do Software Livre no mercado.
Robson Ferreira Vilela ­ Prata/MG
A  Revista  Espírito  Livre  é  a  produção  mais 
completa,  atualizada  e  de  valor  incomparável 
para  todos  aqueles  que  querem  informações  Comentários, sugestões e 
sobre  os  Sistemas  Operacionais  Livres.  contribuições:
Parabéns!!! Continuem sempre assim!
Waldir Barenho Alves ­ Santa Maria/RS revista@espiritolivre.org

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |11
PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

 PROMOÇÕES
Na edição #014 da Revista Espírito Livre tivemos diversas promoções através de nosso site e canais 
de relacionamento com os leitores, e nesta edição não poderia ser diferente. Abaixo, segue a lista 
de ganhadores de cada uma das promoções e as novas promoções!

Ganhadores da Promoção VirtualLink: Ganhadores da Promoção 5º Seminário PHP:
1. Fábio Herold ­ Canela/RS 1. Adilson Santos da Rocha ­ São Paulo/SP
2. Ronaldo Cardozo Lages ­ Palhoça/SC 2. Caio William Camargo Carrara ­ Votorantim/SP
3. Deiveson Thiago dos Santos ­ São Gonçalo/RJ 3. Enéias Ramos de Melo ­ São Paulo/SP
4. André de Carvalho Gil ­ Rio de Janeiro/RJ 4. Denis Brandl ­ Blumenau/SC
5. Sandro Carvalho ­ Francisco Beltrão ­ PR 5. Thomas Jefferson Pereira Lopes ­ Itapevi/SP

Ganhadores da promoção Clube do Hacker: Ganhadores da promoção TreinaLinux:
1. Rafael Antônio Mendes da Silva ­ Curitiba/PR 1. Gesse James Rosa Marques ­ Uberlândia­MG
2. Luiz Fernando Brito de Carvalho ­ N. Sra. do Socorro/SE 2. Juscecley Melo da Silva ­ Manaus/AM
3. Regina Daltro ­ Salvador/BA

Rafael Hernandez em parceria com a 
Revista Espírito Livre estará sorteando 
brindes entre os leitores. Basta se 
inscrever neste link e começar a torcer!

A TreinaLinux em parceria com a Revista 
Espírito Livre estará sorteando kits de 
DVDs entre os leitores. Basta se 
inscrever neste link e começar a torcer!

Não ganhou? Você ainda tem chance! O 
Clube do Hacker em parceria com a Revista 
Espírito Livre sorteará associações para o 
clube. Inscreva­se no link e cruze os dedos!

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |12
PROMOÇÕES ∙ RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

 Finalistas da #promo do #<3Nerd ­ Dia dos Namorados

http://twitter.com/edvanbarros

http://twitter.com/eduardomacan

http://twitter.com/pilehp

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |13
COLUNA ∙ ALEXANDRE OLIVA

Foxumon ­ sxc.hu
Portabilidade de Software
Por Alexandre Oliva

É  gratificante  assistir  a  comerciais  de  tele­


fonia  móvel  que  ressaltam  a  portabilidade  dos 
números, os aparelhos desbloqueados e os con­
tratos sem aprisionamento. Após tanto ouvir a fa­
lácia  de  que  ninguém  se  preocupa  com  a 
liberdade,  vê­la  valorizada  em  cadeia  nacional 
no  horário  nobre  confirma  que  muita  gente  en­
tende  e  se  preocupa  com  ela,  exceto  quando  é 
(dis)traído por quem pretende ganhar com a pri­
vação.
A  satisfação  é  ainda  maior  porque  telefo­
nes­cela não são o único campo em que brotam 
valores de liberdade, sob o nome de portabilida­
de. Já faz muito tempo que a lei garante a porta­
bilidade  de  planos  de  previdência  privada, 
permitindo  trocar  livremente  um  banco  provedor 
desse  tipo  de  serviço  por  outro.  Mais  recente­
mente,  estabeleceu­se  a  portabilidade  de  crédi­
to,  que  dá  maior  poder  de  negociação  aos 
endividados frente aos credores, e a dos planos 
de  saúde,  garantindo  a  possibilidade  de  mudar 
de  prestador  sem  carências  ou  pagamentos  du­
plicados.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |14
COLUNA ∙ ALEXANDRE OLIVA

Todas  essas  portabilidades 


estabelecidas  em  lei,  inclusive  a 
de  números  de  telefones  fixos  e 
móveis,  são  sintomas  de  que  a 
sociedade  não  quer  ser  aprisiona­
       Surpreendentemente é, no 
da  a  provedores  de  serviços,  que 
barreiras  levantadas  pelos  presta­
que diz respeito a software, tanta 
dores  para  impedir  clientes  de  gente achar normal ficar sujeita a 
buscar  melhores  condições  e  ser­
viços  não  são  consideradas  acei­ restrições de plataforma (sistema 
táveis.
Surpreendende  é,  no  que 
operacional, tipo de processador), 
diz  respeito  a  software,  tanta  gen­ desmandos e caprichos (ou 
te achar normal ficar sujeita a res­
trições  de  plataforma  (sistema  desleixos?) exclusivos de um 
operacional,  tipo  de  processador), 
desmandos  e  caprichos  (ou  des­ provedor para que o software que 
leixos?)  exclusivos  de  um  prove­
dor  para  que  o  software  que  utilizam acompanhe a evolução de 
utilizam  acompanhe  a  evolução 
de  suas  necessidades;  achar  nor­ suas necessidades...
mal  ter  de  arcar  com  dificuldades  Alexandre Oliva
de  retreinamento  e  perda  de  da­
dos  armazenados  em  formatos 
secretos  para  buscar  prestadores 
de serviço alternativos. mesmo  quem  não  tem  as  habilidades  técnicas 
nem tempo ou vontade de aprender pode tercei­
É claro que usar e investir em Software Li­
rizar  livremente  os  serviços  de  suporte,  adapta­
vre afasta esses males. As liberdades #1, de es­
ção  e  melhoria.  Não  estando  satisfeito  com  o 
tudar  o  código  fonte  e  adaptar  o  software  para 
serviço,  o  preço  ou  as  condições  de  um  presta­
que  faça  o  que  quiser,  e  a  #0,  de  executar  o 
dor,  o  usuário  leva  o  software  que  utiliza  para 
software para qualquer propósito, garantem inde­
que outro preste os serviços, sem carência, sem 
pendência  e  autonomia  ao  usuário  do  software, 
perda de dados, sem reinstalação nem retreina­
desde que disponha de ou possa obter o conheci­
mento.
mento técnico e outros recursos necessários pa­
ra  gozar  da  liberdade  #1  e  auto­suprir  os  Problema  resolvido?  Só  pra  quem  já  não 
serviços  de  que  necessite.  Guardadas  as  devi­ usa  software  privativo  algum!  Para  todos  os  de­
das proporções, é mais ou menos como ter sua  mais,  arcar  com  os  inconvenientes  e  os  custos 
própria  instituição  telefônica,  médica  ou  bancá­ de saída do aprisionamento são uma opção mui­
ria: mesmo não havendo necessidade de conces­ tas  vezes  difícil.  Entende  bem  quem,  por  não 
são  estatal  para  operar,  é  algo  para  conseguir  comprar  de  volta  sua  liberdade,  aca­
relativamente poucos. bou  mantendo  uma  dívida  ou  um  plano  de  saú­
de ou de telefonia junto a um provedor abusivo, 
As liberdades #2, de distribuir o software, e 
apesar  da  existência  de  outros  que  o  respeitari­
#3, de melhorá­lo e distribuir as melhorias, com­
am.
pletam  a  garantia  da  portabilidade  dos  serviços: 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |15
COLUNA ∙ ALEXANDRE OLIVA

um  projeto  de  lei  que  estabeleça  e  regulamente 


a  portabilidade  de  software,  garantindo  as  4  li­
berdades  essenciais  a  todos  os  usuários? A  es­
tação é propícia e nessa terra, em se plantando, 
      Como temos  tudo dá, então vamos semear essa ideia de exi­
visto em leis de defesa  gir as liberdades: #3, #2, #1 e #0, já!

de consumidores e nas  Copyright 2010 Alexandre Oliva
várias regulamentações 
Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste artigo 
de portabilidade entre  são permitidas em qualquer meio, em todo o mundo, desde que 
sejam preservadas a nota de copyright, a URL oficial do docu­
prestadores de serviços,  mento e esta nota de permissão.
http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/portabilidade
é possível!
Alexandre Oliva

É  aí  que  pode  intervir  a  legislação.  Numa 


democracia, a lei emana do poder do povo, pelo 
povo  e  para  o  povo.  Como  temos  visto  em  leis 
de defesa de consumidores e nas várias regula­
mentações  de  portabilidade  entre  prestadores 
de serviços, é possível!
Quanto tempo passará até a sociedade per­
ceber a influência e a dependência cada vez mai­
ores de software nas relações sociais, dos votos 
eletrônicos  aos  de  feliz  aniversário?  Quanto  de­
morará  para  exigirmos  as  liberdades  necessári­ ALEXANDRE OLIVA  é conselheiro da 
as para a portabilidade de software, através não  Fundação Software Livre América Latina, 
só do exercício individual e inteligente da liberda­ mantenedor do Linux­libre, evangelizador 
do Movimento Software Livre e engenheiro 
de  e  do  poder  de  escolha,  mas  também  de  exi­ de compiladores na Red Hat Brasil. 
gências legais para comercialização de software  Graduado na Unicamp em Engenharia de 
Computação e Mestrado em Ciências da 
e serviços relacionados? Quanto tempo os lobis­ Computação.
tas  do  software  privativo  conseguirão  resistir  a 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |16
COLUNA ∙ CÁRLISSON GALDINO

Por  Carlisson Galdino

No  episódio  anterior,  Darrell  acompanhava  os 


noticiários em um quarto de hotel, enquanto Pan­
dora dormia ao seu lado. No noticiário, que con­
tou  até  com  declaração  do  prefeito,  viu  a 
destruição  causada  por  Oliver  e  sua  equipe  na 
Milihash,  uma  das  maiores  empresas  instaladas 
em Stringtown. 
Episódio 09 Pandora: Bem...? 

Quarto de Hotel Darrell: Bom dia, meu bem. Como dormiu? 

Pandora: Bem... Ha, ha! 

Darrell  já  está  sentado  no  sofá  olhando  pela  ja­


nela e vendo o movimento de início do dia. Pan­
dora  o  abraça  e  vai  ao  banheiro.  Darrell  pelo 
visto  já  acordou,  tomou  banho  e  tudo.  E  conti­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |17
COLUNA ∙ CÁRLISSON GALDINO

nua olhando pela janela. Após meia hora, Pando­ Pandora: Ai... Fala assim não que eu fico caren­
ra volta e encontra Darrell no mesmo lugar.  te... 

Pandora:  Está  triste  por  não  poder  acessar  Darrell: Você está bem, Pandora? 


seus  e­mails,  não  é?  Fica  assim  não,  depois  a 
gente  vai  numa  lan  e  olha  tudinho.  Além  do  Pandora: Estou, meu dengo. Por que pergunta? 
mais, só deve ter spam mesmo! O meu deve es­
tar cheeeeio de spam!  Darrell:  Seus  olhos  estão  estranhos...  Como  se 
tivesse passando... 
Darrell não responde. 
De  repente  um  raio  sai  de  Pandora  e  acerta  o 
Pandora: Se você tiver aí na janela de olho em  sofá  no  lugar  onde  estava  Darrell,  num  estron­
rabo de saia, vai ver só uma coisa...  do.  Pandora  vê  espantada  o  sofá  em  chamas  e 
o lugar vazio. 
Darrell: Senta aqui. 
Pandora:  Ai  meu  pai!  Eu  matei  o  Darrell!  Que 
Pandora se senta ao seu lado no sofá e pára de  que eu faço?! 
brincadeira ao ver a expressão séria do namora­
do.  Darrell: Estou bem. 

Pandora: Que que houve, Bem?  Pandora: Ai!!! 

Darrell:  Ontem  saiu  no  jornal...  Bom,  o  Oliver  Pandora se vira e vê Darrell de pé perto da por­


destruiu a Milihash.  ta, atrás dela. 

Pandora: Não brinca!?  Pandora:  Como  é  que  você  estava  aqui  agori­


nha e já está aí? Vai matar outro de susto! 
Darrell:  Pois  foi.  Eles  começaram  antes  do  que 
esperávamos.  Darrell: Você é que quase me mata. 

Pandora: Temos que fazer alguma coisa, Bem!  Pandora: Eu? Eu mesmo não! 

Darrell:  Com  certeza  temos.  O  que  me  preocu­ Darrell: Foi você que fez isso! 


pa é que o noticiário não falou nada sobre a Sy­
satom.  Pandora:  Eu!  Como  é  que  eu  fiz  esse  barulho 
todo, botei fogo no sofá e fiz você parar aí? 
Pandora: Ué, como assim? 
Darrell: Esta última parte fui eu que fiz, para es­
Darrell: Falaram muito da Milihash mas não dis­ capar do raio que você lançou. 
seram  que  era  o  segundo  incidente  na  cidade, 
nem  nada  parecido...  É  como  se  não  soubes­ Pandora: Raio? 
sem o que aconteceu com a gente. Ou não se im­
portassem...  Darrell:  É,  bom...  Seus  olhos  tinham  uns  raios 
passando.  Agora  parecem  normais...  Foi  você 
que lançou esse raio. 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |18
COLUNA ∙ CÁRLISSON GALDINO

Pandora:  Puxa...  E  como  eu  fiz  isso?!  Tenho  Bull:  Mão  de  vaca!  Kkkkkkkk!  Que  bom!  Já  te­
que  saber  pra  não  acontecer  de  novo!  Quero  nho  um  nome  legal  sem  precisar  lembrar  essas 
não  ficar  sem  você  nesse  mundo,  ó!  Você  me  pontas! Vou me chamar Patinhas!
perdoa? 

Darrell:  Claro,  Pandora.  Mas  veja  como  tudo 


faz  sentido.  Sua  voz  está  assim  alterada,  como 
se  estivesse  distorcida,  por  causa  desse  novo 
dom. 

Pandora: Qual? De tentar matar quem gosto? 

Darrell:  De  eletricidade!  Vamos  ter  que  estudar 


melhor isso... Pode ser um poder muito útil. 

Pandora:  Finalmente  alguma  coisa  interessante 


na minha versão 2.0! 

Enquanto isso, na Sysatom... 

Bull: Diaxo! 

Valdid sentado diante de um notebook olha para 
as  próprias  mãos.  Uma  lágrima  corre  de  seus 
olhos.  CARLISSON GALDINO é Bacharel em 
Bull: Sacanagem! Sacanagem! Eu só tenho qua­ Ciência da Computação e pós­graduado 
em Produção de Software com Ênfase em 
tro  dedos!  E  todos  grossos  e  colados!  Como  de  Software Livre. Já manteve projetos como 
boi! Que peste! Como eu acesso a Internet des­ IaraJS, Enciclopédia Omega e Losango. 
se jeito!? Consigo nem ligar essa merda!  Hoje mantém pequenos projetos em seu 
blog Cyaneus. Membro da Academia 
Arapiraquense de Letras e Artes, é autor 
De repente ele ri baixo...  do Cordel do Software Livre e do Cordel 
do BrOffice.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |19
COLUNA ∙ CEZAR TAURION

Larry Ewing, Simon Budig, Anja Gerwinski
Contribuindo
para o Kernel Linux
Por Cezar Taurion

Outro  dia  estava  conver­ possível  para  qualquer  empre­


sando  com  um  amigo  sobre  o  sa  de  software,  sozinha,  criar 
Linux,  sistema  que  fará  20  um sistema operacional de seu 
anos  no  ano  que  vem.  O  Linux 
porte  e  complexidade.  Estima­
já  representa  hoje  uma  força  se  que  o  custo  de  desenvolvi­
econômica  considerável,  com  mento  de  uma  distribuição  co­
um  ecossistema  estimado  em  mo a Fedora 9, com seus mais 
25  bilhões  de  dólares.  Está  em 
de 204 milhões de linhas de có­
praticamente  todos  os  lugares. digo    corresponda  a  quase  11 
Quando  fazemos  uma  pesqui­ bilhões  de  dólares.  Para  che­
sa  no  Google  ou  lemos  um  li­gar  ao  kernel  2.6.30  (mais  de 
vro  no  Kindle  é  o  Linux  que 11  milhões  de  linhas  de  códi­
roda nos bastidores. go)  o  investimento  seria  de 
O  Linux  demonstrou  de  mais de 1,4 bilhão de dólares. 
forma  inequívoca  o  potencial  Para  se  ter  uma  idéia  do 
do  desenvolvimento  de  siste­ volume  de  trabalho  em  cima 
mas  de  forma  colaborativa,  do kernel, nos ultimos 4 anos e 
que é o cerne do modelo Open  meio,  a  média  foi  de  6.422  no­
Source.  Seria  praticamente  im­ vas  linhas  de  código  adiciona­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |20
COLUNA ∙ CEZAR TAURION

das  por  dia,  além  de  outras  Linux para máquinas cliente, ba­ falamos  em  cloud.  Primeiro,  o 
1.687 alteradas e 3.285 removi­ sicamente  netbooks,  da  Red  Linux  opera  em  praticamente 
das. Do 2.6.24 ao 2.6.30 a mé­ Hat  e  Canonical  seriam  amea­ qualquer plataforma de hardwa­
dia  subiu  para  10.923  linhas  ças  ao  seu  negócio.  Anterior­ re,  o  que  facilita  o  provisiona­
de  código  adicionadas  por  dia.  mente,  só  havia  reconhecido  a  mento,  alocação  e 
Quem teria cacife financeiro pa­ ameaça  do  Linux  nos  servido­ gerenciamento  de  recursos 
ra  sustentar,  por  si,  um  empre­res.  O  relatório  está  em  computacionais em nuvem. Po­
endimento bilionário destes? http://tinyurl.com/kr723z.  Tam­ demos  criar  desde  uma  nuvem 
Portanto,  o  Linux  é  uma  bém nos smartphones está cla­ baseada em plataforma x86 co­
força  no  presente.  É  usado  ro  que  o  sistema  Windows,  mo  o  Google  até  nuvens  em 
não  apenas  em  web  servers  e  que  dominou  a  era  dos  desk­ mainframes  IBM,  aproveitando 
print  servers,  mas  a  ca­ o alto  throughput e faci­
da  dia  vemos  mais  e  lidade  de  virtualização 
mais  aplicações  core  destas  máquinas.  Fa­
das  empresas  operando  lando  em  mainframes, 
em  plataformas  Linux.  A         O Linux, que não  agora  em  maio,  fez  dez 
anos  que  o  Linux  roda 
IBM,  por  exemplo,  con­
solidou  seu  ambiente 
conseguiu muito espaço  nestas máquinas.
de  computação  interno  nos desktops está se  O custo de licenci­
(seus  sistemas  inter­ amento  é  outro  fator  in­
nos)  em  plataformas  posicionando como  teressante.  Embora 
mainframe System Z, ro­ existam  distribuições  li­
dando Linux. plataforma dominante na  cenciadas,  um  prove­
dor  de  infraestrutura 
Mas,  e  o  futuro? 
Com  as  mudanças  que 
computação móvel, como  em  nuvem,  pelo  grande 
numero  de  servidores 
já  estão  acontecendo,  smartphones, netbooks e  que  deverá  dispor  (fala­
como  a  crescente  disse­
minação  da  computa­ tablets. mos  aqui  em  milhares 
ou  dezenas  de  milha­
ção  móvel  e  o  modelo 
de  computação  em  nu­
Cezar Taurion res de máquinas), pode­
vem  (Cloud  Compu­ rá  adotar,  pela  escala, 
ting),  como  o  Linux  se  versões  Linux  não  co­
posiciona? merciais.  Virtualização 
é  outro  plus  do  Linux, 
É uma resposta fácil. O Li­ tops  não  conseguiu  decolar  na  com  diversas  tecnologias  dis­
nux,  que  não  conseguiu  muito  computação móvel, com o Win­ poniveis como Xen (base da ar­
espaço  nos  desktops,  está  se  dows  Mobile  perdendo  espaço  quitetura  de  cloud  da  Amazon) 
posicionando  como  plataforma  a cada dia.  e KVM.
dominante  na  computação  mó­ E  quanto  aos  servidores? 
vel,  como  smartphones,  netbo­ Nestas  máquinas  o  Linux  está  Hoje,  se  olharmos  Linux 
oks  e  tablets.  No  seu  último  altamente alinhado com as ten­ em cloud já vemos seu uso co­
ano  fiscal  que  se  encerrou  em  dências  de  virtualização  e  mo base tecnológica da nuvem 
30 de junho do ano passado, a  cloud  computing.  Alguns  pon­ do Google, da Amazon, do For­
Microsoft pela primeira vez reco­ tos positivos sobre o Linux cha­ ce.com do Salesforce e de star­
nheceu  em  seu  relatório  para  mam  a  atenção,  quando  tups  como  3Tera  (recém 
os  acionistas  que  os  sistemas  adquirida  pela  CA),  Elastra  e 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |21
COLUNA ∙ CEZAR TAURION

Mosso, entre outros. E com cer­ para ser um colaborador e tam­ recebe  contribuições  externas, 


teza seu uso se alastrará pelas  bém abre idéias para aprender­ como corre o risco de funciona­
futuras ofertas de nuvens.  mos  como  funciona  um  projeto  lidade  similar  ser  incorporado 
Então, porque não colabo­ Open Source. por  outro  desenvolvedor  ao 
rar  com  esta  força,  contribuin­ O  documento  é  dividido  mainline,  fazendo  com  que  o 
do  para  a  comunidade  Linux?  em  oito  seções  e  não  é  exten­ código  isolado  fique  cada  vez 
Recomendo  a  leitura  de  um  in­ so:  são  24  páginas,  que  são  li­ mais  dificil  e  custoso  de  ser 
teressante paper escrito por Jo­ das  bem  rápido.  A  primeira  mantido.    Este  alerta  é  feito 
nathan  Corbet,  "How  to  seção  mostra  a  importância  de  porque muitas empresas envol­
participate in the Linux Commu­ se inserir todo código na mainli­ vidas  em  projetos  de  software 
nity",  disponivel  no  site  da  Li­
ne  de  códigos  do  kernel,  para  embarcado  tendem  a  acreditar 
nux  Foundation  em evitar­se  a  proliferação  de  que seu código, pela sua espe­
http://ldn.linuxfoundation.org/bo­ forks  e  futuras  "bombas  reló­ cificidade,  deve  ser  mantido  de 
ok/how­participate­linux­commu­ gio". Por exemplo, um código in­ forma  isolada  da  árvore  princi­
nity. serido  no  mainline  do  kernel  pal  do  kernel,  o  que,  segundo 
a Linux  Foundation, é um gran­
O documento descreve co­ passa a ser visto, mantido e refi­ de  erro.  A  seção  também  des­
mo  funciona  o  processo  de  de­ nado  por  toda  a  comunidade,  creve  as  razões  porque  toda 
senvolvimento  do  kernel  do  resultando  em  código  de  alta  contribuição  deve  ser  "assina­
Linux  e  é  uma  excelente  fonte  qualidade.  Quando  o  código  é  da", não se aceitando colabora­
de  referência  para  quem  esti­ mantido  separado,  não  só  não  ções  anônimas.  É  necessário 
ver  interessado  em  colaborar 
com  a  comunidade  ou  mesmo 
conhecer  como  funciona  por 
dentro  o  modelo  de  governan­
ça  de  um  bem  sucedido  proje­       O kernel do Linux 
to de Open Source.  
aglutina mais de 1000 
O  kernel  do  Linux  agluti­
na  mais  de  1000  contribuido­ contribuidores ativos. É, sem 
res  ativos.  É,  sem  sombra  de 
dúvidas, um dos maiores proje­ sombra de dúvidas, um dos 
tos  de  Open  Source  do  mun­
do.  O  seu  sucesso  tem  atraído  maiores projetos de Open Source 
mais  e  mais  colaboradores,  a 
maioria,  inclusive  pertencendo 
do mundo. O seu sucesso tem 
a empresas que querem partici­
par  do  projeto. A  questão  é  co­
atraído mais e mais colaboradores, 
mo entrar e ser um participante  a maioria, inclusive, pertencendo a 
ativo da comunidade?
Cada  comunidade  Open  empresas que querem participar 
Source  tem  suas  próprias  re­
gras  de  conduta  e  modelos  de 
do projeto. 
governança.  Entender  como  Cezar Taurion
funciona a comunidade que de­
senvolve  o  kernel    é  essencial 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |22
COLUNA ∙ CEZAR TAURION

networking,  etc.  A  seção  seis  mostra  co­


A  seção  tam­ mo  deve  ser  feito  o  trabalho 
      Cada comunidade  bém  descreve  em  colaboração.  Cada  patch  é 
as  regras  de  eti­ revisado  por  desenvolvedores 
Open Source tem suas  queta da comuni­ que  você  não  conhece,  o  que 
dade  na  troca  muitas  vezes  pode  gerar  al­
próprias regras de  de  mensagens  gum desconforto. Existem algu­
e  uso  das  mai­ mas  recomendações  de  como 
conduta e modelos de  ling lists.  se  portar  nestas  situações 
governança. Um item im­ meio  desagradáveis  e  de  co­
mo  evitar  discussões  desgas­
portante  da  se­
ção  é  o  que  tantes.  Trabalhar  em 
Cezar Taurion colaboração  é  um  exercício 
mostra  como 
"getting  started  que  muitos  desenvolvedores 
para se evitar eventuais proble­ with kernel development", ou se­ não  estão  acostumados.  Para 
mas de propriedade intelectual. ja,  como  faço  para  começar  a  muita  gente,  ter  um  estranho 
colaborar?  Tem  uma  frase  de  revendo  seu  código  e  expondo 
A  seção  dois  é  bem  inte­
Andrew Morton que é um exce­ as  falhas  em  público,  é  algo, 
ressante,  pois  descreve  como 
lente  conselho:  "The  #1  project  no mínimo, desconfortável.
funciona  o  processo  de  desen­
volvimento  do  kernel  e  a  no­ for  all  kernel  beginners  should  Mas,  enfim,  a  leitura  des­
menclatura  usada  para  surely  be  "make  sure  that  the  te  documento  é  obrigatória  pa­
designar  as  diversas  versões.  kernel  runs  perfectly  at  all  ti­ ra  todos  que  estejam 
Explica  também  como  é  criado  mes on all machines which you  realmente  interessados  em  co­
um release estável e o ciclo de  can  lay  your  hands  on".  Usu­ nhecer mais  a fundo o que é o 
vida dos patches. Descreve co­ ally  the  way  to  do  this  is  to  movimento Open Source, e su­
mo um patch é inserido no ker­ work  with  others  on  getting  as  características  de  desenvol­
nel  e  cita  alguns  dados  things  fixed  up  (this  can  requi­ vimento  colaborativo.  Vale    a 
curiosos.  Por  exemplo,  O  res­ re  persistence!)  but  that`s  fine.  pena este investimento de tem­
ponsável  pela  decisão  de  inse­ It`s  a  part  of  kernel  develop­ po!
rir ou não um patch no kernel é  ment.". 
de  Linus Torvalds.  Mas  quando  Para mais informações:
Outras  seções  descre­
se  verifica  que  uma  versão  do  Site Oficial Kernel.org
vem o processo de planejamen­
kernel  como  a  2.6.25  teve  http://www.kernel.org
to  da  evolução  do  kernel 
mais  de  12.000  patches,  fica  (quem  disse  que  Open  Source 
claro que é impossível uma uni­ Artigo sobre o Kernel Linux na 
não  tem  planejamento?),  deba­
ca pessoa analisar e decidir só­ Wikipédia
tendo  as  etapas  de  avaliação, 
zinha. Linus, por exemplo, foi o  http://pt.wikipedia.org/wiki/Linux_
as discussões com a comunida­
responsavel  pela  escolha  de  (núcleo)
de para definir o que e como se­
250  patches  ou  cerca  de  2%  rá  feito,  os  estilos  de  CEZAR TAURION é 
deste  total.  Os  demais  ficaram  codificação  (que  garantem  a  Gerente de Novas 
a cargo dos seus lugares­tenen­ Tecnologias da IBM 
qualidade  do  código),  as  ferra­ Brasil. 
te,  figuras  que  representam  Li­ mentas  de  depuração  usadas,  Seu blog está 
nus  na  seleção  dos  patches  disponível em
a  documentação  que  deve  ser  www.ibm.com/develo
em subsistemas, como gerenci­ gerada e assim por diante. perworks/blogs/page/
amento  de  memória,  drivers,  ctaurion

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |23
COLUNA ∙ ROBERTO SALOMON

A melhor suíte de 

Celal Teber­ sxc.hu
escritório do mundo
Por Roberto Salomon

Faz  muito  tempo  (pelo  menos  em  termos 


de tecnologia) que havia uma guerra entre edito­
res  de  texto.  WordStar  e  WordPerfect  (alguns 
poucos  grisalhos  hão  de  se  lembrar  desses  no­
mes) competiam pelo título de melhor processa­
dor  de  textos  do  mundo.  É  claro  que  havia 
outros.  Na  verdade  cada  fornecedor  tinha  o  seu 
com  nomes  mais  ou  menos  criativos  como 
"Wang"  ou  "Apple  Writer"  e  até  softwares  nacio­
nais  como  o  Carta  Certa.  Mas  a  guerra  aconte­
cia mesmo entre o WordStar e o WordPerfect.
Em termos de interface, o WordPerfect inti­
midava. Uma tela verde (azul para quem tinha di­
nheiro para um monitor colorido) com um cursor 
piscando  no  canto  superior  esquerdo.  Nada 
mais.  O  operador  tinha  que  saber  todos  os  co­
mandos  de  cor.  Isso  incluia  não  apenas  os  ata­
lhos  para  salvar,  imprimir  e  outros,  como 
também a forma correta de usar itálico ou negri­
to.  Para  se  ter  uma  idéia,  colocar  uma  palavra 
em  negrito  envolvia  algo  muito  parecido  com  o 
que fazemos hoje com HTML ou XML: {bold}pa­
lavra{bold}.  Ver  a  formatação  na  tela,  nem  pen­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |24
COLUNA ∙ ROBERTO SALOMON

mercado.  Cada  uma  brigando  pelo  seu  espaço, 


mas  com  o  ringue  central  tomado  pelos  dois.  É 
 Graças à  uma  briga  que  já  aconteceu  antes  com  outros 
contendores, mas com o mesmo resultado. No fi­
conscientização maior nal, a melhor é a que sei usar.

que o Software Livre  No  entanto,  há  hoje  uma  outra  visão  que 


começa  a  ganhar  corpo. Antigamente  a  luta  era 
permitiu, a pergunta que  entre  dois  produtos  que  se  engalfinhavam  ten­
tando  mostrar  aos  usuários  (empresas,  na  ver­
deve ser respondida, na  dade)  porque  um  era  melhor  que  o  outro. 
Graças  à  conscientização  maior  que  o  Software 
verdade, é outra: qual  Livre permitiu, a pergunta que deve ser respondi­
da, na verdade, é outra: qual deles atende às mi­
deles atende às minhas  nhas  necessidades?  E,  se  ambos  atendem 
igualmente,  porque  não  optar  por  aquele  que, 
necessidades? além  de  oferecer  um  preço  mais  vantajoso  (ca­
Roberto Salomon
so  ainda  seja  preciso  dizer,  o  BrOffice.org  é  de 
graça, viu?) é socialmente justo e por isso mes­
mo mais adequado às preocupações atuais? Só 
porque acho que não sei usá­lo?
sar.  Era  preciso  gastar  muito  papel  nas  primei­
ras versões para ver como ia ficar o trabalho. Aliás,  essa  história  de  não  saber  usar  um 
determinado editor de texto é semelhante ao su­
O  WordStar  era  mais  "amigável".  Usava 
jeito que foi aos Estados Unidos e lá queria por­
um pedaço da tela para apresentar uma lista de 
que  queria  alugar  um  carro  com  câmbio 
atalhos que, ainda assim, precisavam ser aciona­
mecânico  pois  não  sabia  dirigir  um  carro  auto­
dos  através  de  combinações  de  teclas  como 
mático.  Ele  procurou  a  embreagem  umas  três 
<ctrl>PB para ativar e desativar o negrito. O inte­
ou  quatro  vezes  antes  de  perceber  que  não  era 
ressante  é  que  estes  comandos  deixavam  uma 
mais  preciso  dela  para  passar  marchas.  Depois 
marca  na  tela.  Assim  como  no  WordPerfect, 
de  umas  férias  bem  merecidas,  voltou  à  terra 
uma  palavra  em  negrito  apareceria  como  ^Bne­
brasilis para andar de primeira por algum tempo. 
grito^B,  o  que  também  prejudicava  muito  a  vi­
Primeira  sim,  pois  se  esquecia  de  passar  as 
são do texto na tela.
marchas. 
Apesar  destas,  como  dizer,  peculiaridades, 
tanto  o  WordStar  quanto  o  WordPerfect  tinham  Para mais informações:
seguidores  fiéis  que  disputavam  qual  o  melhor 
Blog do Roberto Salomon:
software.  As  discussões  se  davam  nas  colunas 
http://rfsalomon.blogspot.com
de cartas de revistas ditas especializadas, e nos 
BBS.  No  final  das  brigas,  quando  o  empate  se 
mostrava  inevitável,  surgia  o  filósofo  que  dizia:  ROBERTO SALOMON é arquiteto de 
software na IBM e voluntário do projeto 
"O melhor é o que eu sei usar". BrOffice.org.
Hoje as brigas e discussões se repetem, ge­
ralmente  com  o  MS­Office  e  o  BrOffice.org  to­
mando  o  lugar  de  WordStar  e  WordPerfect 
apesar  de  existirem  diversas  outras  suítes  no 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |25
CAPA ∙ ENTREVISTA COM TRISTAN RENAUD

Entrevista com 
Tristan Renaud, 
VP do Jahia 
Software Group
Por João Fernando Costa Júnior

Revista  Espírito  Livre:  Olá  Tristan,  se 


apresente aos nossos leitores. 
Tristan  Renaud:  Primeiramente,  olá.  Eu 
sou  Tristan  Renaud,  vice­presidente  do  Jahia 
Software Group. Eu gostaria de agradecer a vo­
cês pelo interesse em nosso projeto. Estou bas­
tante feliz por participar dessa entrevista para a 
Espírito Livre. Para dar a vocês umas poucas li­
nhas para me apresentar, e ao meu pessoal, eu 
tenho  15  anos  de  experiência  em  negócios  na 
área de produtos e serviços, na Europa Ociden­
tal, América  do  Norte,  Índia  e  Oceania.  Eu  sou 
o  que  podemos  chamar  de  geek,  sim,  natural­
mente,  primeiramente  especializado  na  indús­
tria  aeroespacial,  uma  vez  que  possuo  dois 
mestrados  em  Engenharia  Geral  pela  Supletec 
e Artes  e  Ofícios  (na  França),  mas  apaixonado 
pela Internet.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |26
CAPA ∙ ENTREVISTA COM TRISTAN RENAUD

Meu universo é bem incomum, mas eu nas­ cio,  o  Jahia  combinava  um  CMS  e  um  portal,  e 


ci  na  Web,  e  realmente  amo  o  que  a  evolução  sempre  foi  focado  na  integração  do  conteúdo 
do  trabalho  oferece  às  pessoas  na  medida  em  proveniente de diversas fontes. Essa é a origem 
que  quebra  fronteiras  e  faz  com  que  tudo  seja  da nossa linha base de "integração de conteúdo 
compartilhável.  Atualmente  moro  em  Genebra,  web".
Suíça. Por  um  lado,  note  que  o  Jahia  construiu 
seu  próprio  CMS  e  não  foi  baseado  em  outro 
REL: O que é o Jahia? Como ele funcio­ CMS.
na?
TR: Desde o seu início, Jahia oferece uma  REL:  Quais  os  diferenciais  do  Jahia  em 
solução  de  código  aberto  baseada  em  padrões,  relação a outros CMS? A que público o Jahia 
comercial,  para  integrar  um  poderoso  sistema  é direcionado?
de  Gerenciamento  de  Conteúdo  na  Web,  com  TR:  O  Jahia  oferece  um  CMS,  um  portal  e 
Gerenciamento Eletrônico de Documentos e Por­ um  gerenciador  de  documentos,  todos  juntos, 
tal  dentro  de  uma  única  solução  unificada,  as­ escrito  em  Java  e  de  código  aberto.  Somente 
sim  como  permitir  a  interação  com  o  ambiente  uns poucos softwares são capazes de atender a 
de  TI  existente.  Fundada  em  2002  na  Suíça,  a  esses requisitos simultaneamente. 
Jahia é uma empresa global com mais de 300 cli­
entes  em  mais  de  15  países  ao  redor  do  globo.  Jahia  está  enfocando  principalmente  em 
A  Jahia  está  baseada  em  Genebra  (Suíça),  e  grandes  projetos  (Por  exemplo,  o  tráfego  de 
tem  escritórios  em  Washington  DC  (EUA),  Mon­ mais  de  10  milhões  de  páginas  por  mês,  proje­
treal  (Canadá)  e  em  vários  países  da  Europa  tos  com  mais  de  10.000  páginas,  intranets  para 
(Alemanha, França e Áustria). mais  de  10.000  pessoas,  etc),  mas  também  é 
usado  para  cenários  mais  simples.  Jahia  tam­
Agora,  sobre  a  palavra  "Jahia",  acho  que  bém tem sido capaz de propor um conjunto total­
vocês gostariam de saber da verdadeira história: mente  integrado  de  recursos  de  integração  de 
Um dos fundadores do projeto era um gran­ todo  o  conteúdo  Web  que  é  bastante  singular. 
de fã da cidade de Salvador, na Bahia, Brasil, e  Em termos verticais, não há nenhuma especifici­
o nome original do projeto era "Bahia". O código  dade,  mesmo  que  sejam  projetos  de  código 
foi escrito originalmente em Delphi e, depois, foi  aberto,  universidades,  ONGs  e  administrações 
escrito em Java, em 2000. Então os fundadores  públicas são os principais usuários, agora segui­
mudaram  o  nome  para  "Jahia".  Nessa  época,  do  muito  perto  pelos  bancos  e  seguradoras,  e, 
eles  trabalhavam  para  outra  empresa.  Através  mais recentemente, pela indústria.
de um tipo de aquisição (chamada de MBO ­ Ma­
nagement BuyOut), eles fundaram a Jahia (a em­
presa) em 2002. REL:  Jahia  é  licenciado  sob  quais  ter­
mos? Existe uma versão comercial?
TR:  O  Jahia  é  construído  sob  um  modelo 
REL:  Como  surgiu  a  ideia  de  criar  um  de licença única para seus parceiros, fornecedo­
CMS? Jahia é baseado em outro CMS? res  de  software  e  comunidade.  O  modelo  é  ba­
TR:  Uma  das  principais  motivações  foi  cri­ seado  na  ideia  de  compartilhamento  justo  do 
ar um software que englobasse um CMS e ferra­ custo,  valor  e  trabalho,  e  incorpora  pricípios  do 
mentas de portal juntos. Mas em 2002, o CMS e  código aberto e do software livre. O modelo ofe­
o portal não funcionavam bem juntos e ficou cla­ rece duas opções principais: o Jahia Community 
ro que eram dois mundos diferentes. Desde o iní­ Edition (Jahia CE) sob a licença GPL para o de­

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CAPA ∙ ENTREVISTA COM TRISTAN RENAUD

REL:  O  Jahia  oferece  suporte  oficial?  O 


que leva o usuário a escolhê­lo?
TR: O Jahia é conhecido por ser um "proje­
to  de  código  aberto  comercial",  o  que  significa 
que  os  principais  desenvolvedores  pertencem  a 
uma única empresa, a Jahia. A equipe de supor­
te  conhece  muito  bem  o  produto  e,  assim  como 
a maioria deles, também são parte da equipe de 
P&D  da  empresa. A  Jahia  pode,  então,  oferecer 
o melhor suporte possível para um produto.
Figura 1 ­ Exemplos de site feito em Jahia No  Brasil,  integradores  certificados  pelo 
editor também estão aptos a oferecer suporte lo­
cal e serviços. 
senvolvimento em software livre e código aberto 
(FOSS), e o Jahia Enterprize Edition (Jahia EE), 
sob a JSEL (Jahia Sustainable Enterprize Licen­ REL:  Existe  uma  razão  especial  para  o 
ce) para desenvolvimento comercial. Jahia usar o Java? O que o Java proporciona 
Você  pode  baixar  nossos  documentos  so­ ao projeto?
bre  licenciamento  em  http://www.jahia.com/  TR:  Antes  de  mais  nada,  e  em  um  futuro 
jahia/Jahia/Home/product/licenses/GPL. muito próximo, antes do final deste ano, o Jahia 
A  Jahia  Enterprise  Edition  está  disponível  permitirá  multi­scripting  e  a  equipe  de  P&D  do 
em  uma  assinatura  anual  que  incui  serviços  de  Jahia, com certeza não é fanática por java, mes­
Produção  tais  como  Suporte  Ilimitado  à  Produ­ mo que gostem muito da linguagem. 
ção e pacotes de correções. De  fato,  do  ponto  de  vista  dos  negócios,  a 
Temos  quatro  níveis  de  preços,  dependen­ maioria  das  organizações  preferem  focar  em 
do das suas necessidades de projeto: uma  tecnologia  específica  ­  a  maioria  tanto  em 
.NET,  como  Java  ou  PHP  (para  projetos  em 
∙ Cloud Edition: A partir de $3,990
Web).  Mas  a  Jahia  acredita  que  as  coisas  não 
∙ Standard Edition: $2,690 /ano são  tão  pretas  e  brancas.  Para  vários  projetos, 
∙ Professionnal Edition: $13,490 /ano/JVM desenvolvemos  alguns  templates  em  PHP,  para 
um CMS baseamo­nos em arquitetura Java. Pa­
∙ Advanced Edition: $27,490 /ano/JVM ra  os  projetos  poderem  ser  produtivos  em  um 
ambiente de TI baseado em Microsoft é bastan­
te real e interessante ser flexível. Essa é mais a 
A  lista  de  preços  do  Jahia  está  disponível 
maneira  como  a  Jahia  desenvolve  seus  softwa­
em  nosso  sítio  na  Internet 
res:  alinhada  com  as  necessidades  dos  negóci­
http://www.jahia.com/jahia/Jahia/Home/product/ 
os.
Pricing/usd.
Por  outro  lado,  e  não  há  nada  específico 
Em  Outubro,  lançaremos  mais  uma  faixa 
com relação a isso, o Java tem sido a escolha in­
de preços especificamente para o mercado brasi­
terna  pela  sua  arquitetura,  escalabilidade  e  ca­
leiro.  A  Jahia  acredita  que  esse  mercado  será 
pacidade de evolução.
um dos mais promissores para nós no médio pra­
zo.

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CAPA ∙ ENTREVISTA COM TRISTAN RENAUD

REL:  Como  é  a  relação  do  produto  com  gância,  seguro  e  estável?  É  possível  aliar 
o modelo open source? todos estes ingredientes em uma única solu­
TR: O desenvolvimento do produto Jahia e  ção?
das tecnologias relacionadas a ele é guiado prin­ TR:  Estabilidade  e  segurança  são  ques­
cipalmente pela aderência às práticas do código  tões  chave  para  nós  porque  permitirá  com  que 
aberto  e  pelo  respeito  a  padrões  abertos.  O  nós  consertemos  bugs  (qualidade),  fácil  e  rapi­
Jahia também tenta incorporar a maior quantida­ damente,  e  também  permite  que  tenhamos  um 
de de padrões abertos possível. produto mais seguro. Portanto, a questão princi­
O Jahia suporta:  pal  parece  ser  "ter  a  melhor  arquitetura,  uma 
vez  que  todos  sabemos  que  todo  software  se 
∙ JSR168 / JSR 286: portlets API  tornará obsoleto cedo ou tarde".
∙ JSR170 / JSR 283: repositório de conteú­ Na verdade, o problema está mais para sa­
dos Java  ber quando você tem que decidir que você preci­
∙ OpenSocial  sa  para  renovar­lhe  toda  a  arquitetura.  Cedo  ou 
tarde, terá de fazê­lo, mas como sempre há con­
∙ OpenSearch
seqüências.
Desde o início do Jahia, em 2002, estamos 
O  Jahia  vem  pré­empacotado  com  deze­ trabalhando duro na arquitetura, aproveitando to­
nas  de  bibliotecas  do Apache  (Apache  Jackrab­ das as vantagens dos últimos frameworks como 
bit,  Apache  Lucene,  etc.).  Nós  também  temos  Jackrabbit, GWT, Pluto 2.0, a fim de ter um pro­
na  nossa  equipe  de  P&D  comitadores  de  Jac­ duto  tão  elegante  e  estável  possível.  Além  dis­
krabbit.  so,  na  próxima  versão  (prevista  ainda  para 
2010), nós teremos concluído a migração para o 
padrão  global  JCR  (Content  Platform)  iniciado 
REL:  No  passado,  muitos  CMS  ficaram  na versão 5.
conhecidos  por  terem  falhas  de  segurança. 
Como o Jahia trata o "fator segurança"? Agora,  nosso  objetivo  e  acredito  que  ele 
poderia  ser,  portanto  possível,  é  ter  um  produto 
TR:  Bem  a  sério.  O  Jahia  é  utilizado  por  totalmente  que  seja  elegante,  seguro  e  estável 
bancos,  seguradoras  e  administradoras  que  ne­ simultaneamente  e  com  um  forte  enfoque  na 
cessitam de ambientes altamente seguros. O fa­ qualidade.  Como  de  costume,  os  erros  serão 
tor  segurança  é  uma  prioridade  chave  no  Jahia.  inevitáveis  em  uma  nova  versão,  mas  nós  acre­
Ela é gereniada em vários níveis. O próprio códi­ ditamos  que  com  a  arquitetura  e  a  metodologia 
go, como de costume, mas também a arquitetu­ de  desenvolvimento  (SCRUM)  implementare­
ra.  O  Jahia  é,  de  fato,  capaz  de  trabalhar  com  mos correções a todos eles muito rapidamente.
uma  arquitetura  muito  segura.  Por  fim,  mas  não 
menos importante, nós trabalhamos bem de per­
to com nossos clientes, que fazem auditorias de  REL:  Você  acha  que  criar  sites  utilizan­
segurança com regularidade, e são bastante afia­ do  CMS  deixa  os  desenvolvedores  preguiço­
dos em melhorar o código sempre que necessá­ sos?
rio.
TR:  Para  nós,  o  principal  propósito  de  um 
CMS é permitir que o desenvolvedor Web se fo­
REL:  Na  sua  opinião,  o  que  é  necessá­ que  nas  questões  de  integração,  não  na  resolu­
rio para construir um CMS de qualidade, ele­ ção  de  problemas.  As  questões  de  integração 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |29
CAPA ∙ ENTREVISTA COM TRISTAN RENAUD

não são simples e consomem tanto tempo quan­
to o desenvolvimento de um CMS puro. É só um 
outro tipo de problema. No passado, e ainda ho­
je,  muitos  desenvolvedores  podem  fazer  uma 
confusão  entre  a  motivação  para  o  desenvolvi­
mento de software e desenvolver um projeto es­
pecífico para um cliente específico.
O Jahia gosta de facilitar o trabalho dos de­
senvolvedores. Quando não o faz, é porque nin­
guém  é  perfeito!  Os  desenvolvedores  podem  e 
deveriam  trabalhar  com  a  comunidade  do  Jahia 
na resolução das causas dos problemas. 
O  Jahia  não  é  como  os  projetos  de  código 
aberto guiados pela comunidade (como o Joom­
la! Typo 3) e está tentando fazer mais como coor­
denar  e  integrar  os  requisitos  dentro  de  um  Figura 2 ­ Exemplo de site feito em Jahia

software  bem  empacotado  para  o  benefício  dos 


desenvolvedores.  Ambos  os  mundos  trabalham  módulos  sociais  e  planejamos  lançar  a  versão 
bem, e é mais uma questão do que os desenvol­ 6.5  mais  para  o  final  deste  ano  focada  nas  se­
vedores estão buscando: participar do desenvol­ guintes área chave de desenvolvimento: 
vimento  de  um  software,  ou  participar  da  ­ Fornecer uma das Plataforma de Conteú­
integração de softwares em projetos específicos. do  mais  robustas,  de  alto  desempenho,  basea­
da  em  padrões,  modular  e  de  código  aberto, 
disponíveis no mercado;
REL: Quais os planos para o futuro?
­  Aumentar  a  modularidade  do  nosso 
TR:  Em  2010  nós  planejamos  correr  atrás 
software Integrador de Conteúdo Web; 
de inovações de peso através da oferta de uma 
versão melhorada do nosso Software de Integra­ Impantar  um  novo  desenvolvimento  visual 
ção de Conteúdo Web, nivelando todos os bene­ e uma ferramenta de integração (o Jahia Studio) 
fícios  dos  frameworks  que  introduzimos  na  para fomentar e facilitar a criação de sítios 2.0 e 
versão  6.0  (Jackrabbit,  GWT,  Pluto  2.0).  Esses  Aplicações de Conteúdo Composto; 
frameworks  integrados  fazem  com  que  o  núcleo  ­ Oferecer uma série de Aplicações de Con­
de nossas fundações se fortaleçam e abram es­ teúdo  Composto  embutida  e  inovadora  (Jahi­
paço para requisitos de projeto cada vez mais so­ Apps) 
fisticados. 
Considerando  os  últimos  melhoramentos, 
essas  fundações  robustas  e  de  alto  desempe­ Informações  mais  detalhadas  estão  dispo­
nho  oferecerão  uma  nova  modularidade  para  o  níveis  no  sítio  da  comunidade  na  Internet: 
nosso Software de Integração de conteúdo, ofe­ http://www.jahia.org/cms/home/Jahiapedia/Road­
recido  apenas  para  um  número  muito  limitado  map.
de  fornecedores  de  Plataformas  de  Conteúdo 
de alto nível.
REL:  Se  os  leitores  quiserem  saber 
Acabamos de lançar o Jahia v6.1 em abril,  mais  sobre  o  Jahia,  por  onde  devem  come­
que  está  focado  na  ferramenta  de  busca  e  em  çar?

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |30
CAPA ∙ ENTREVISTA COM TRISTAN RENAUD

TR: Se você quer saber mais a respeito do  glês  e  Francês,  que  mostram  o  software  em 


Jahia, você tem duas diferentes portas de entra­ geral. É uma boa maneira de introdução para en­
da dependendo do interesse:  tender o produto e os problemas que o Jahia po­
Para  usuários  técnicos:  Por  favor,  visite  de resolver. 
nossa  comunidade  em  www.jahia.org  com  mais 
de  2  mil  membros  ativos.  Este  local  é  a  melhor  REL: Existe alguma comunidade em por­
fonte  de  recursos  para  desenvolvedores  do  tuguês  sobre  o  Jahia?  Vocês  tem  interesse 
Jahia. Dê uma olhada no Jahiapediaque está re­ nesse tipo de coisa?
pleta  de  exemplos  de  códigos,  tutoriais,  arqui­
vos para download e muito mais.  TR:  Temos  muito  interesse,  definitivamen­
te. Por exemplo, os recursos do Jahia foram tra­
Você  também  pode  contribuir  com  templa­ duzidos  para  o  Português  há  anos.  Estamos 
tes  adicionais,  extensões  de  funcionalidades  na  trabalhando  para  melhorar  nossa  rede  no  Brasil 
forma de portlets ou, simplesmente, nos ajudan­ e sabemos que temos de melhorar nosso conhe­
do  a  melhorar  a  documentação,  ou  dando  algu­ cimento a respeito das comunidades brasileiras. 
mas  dicas  para  outros  usuários  através  da  Planejamos  várias  ações  para  promover  nossa 
assinatura dos seguintes serviços:  presença  no  Brasil  no  curto  prazo  e  daremos 
∙ Jahia Forum  atenção cuidadosa a qualquer sugestão que ve­
∙ Jahia Monthly newsletters nha das comunidades brasileiras.

∙ Jahia Twitter 
∙ Jahia Linked group  REL:  Deixe  algumas  palavras  aos  nos­
sos leitores.
∙ Jahia TV que oferece uma visão geral, tu­
toriais de funções, demonstrações e ideias de co­ TR: Nós costumamos trabalhar com desen­
mo conseguir mais do Jahia  volvedores  do  mundo  todo,  e  temos  de  dizer 
que  gostamos  muito  do  dinamismo  e  da  moder­
∙ Jahia Weblogs nidade  das  comunidades  brasileiras.  Estamos 
∙  Jahiapedia:  Por  favor  observe  que  você  impressionados  com  a  capacidade  delas  de  fo­
pode  contribuir  nesta  seção  clicando  no  ícone  carem nos mais recentes padrões e tecnologias, 
"Contribute". As  contribuições  estão  abertas  pa­ e  acreditamos  que  o  código  aberto  não  é  popu­
ra  todos  os  membros  da  Comunidade  Jahia  no  lar por coincidência neste país. Mais importante: 
modo login.  nós acreditamos que este é só o começo! 

Para usuários funcionais: Por favor, visitem 
nosso  sítio  corporativo  na  Internet  em 
www.jahia.com. Você terá uma visão geral da em­ Para mais informações:
presa  (sua  visão,  seu  modelo  de  negócios),  do  Site oficial Jahia
produto  (características  explicações,  preços),  http://www.jahia.com
dos benefícios (vários documentos estão disponí­
veis para download), dos clientes (estudos de ca­ Site oficial Jahia Community
so,  depoimentos)  e  também  dos  parceiros  de  http://www.jahia.org
negócio. 
Para  os  iniciantes,  nós  também  organiza­
mos seminários online uma vez por mês, em In­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |31
CAPA ∙ ENTREVISTA COM MARK EVANS

Entrevista com 
Mark Evans, líder 
do projeto 
glFusion
Por João Fernando Costa Júnior

Revista  Espírito  Livre:  Olá  Mark!  Se 


apresente ao pessoal. 
Mark Evans: Meu nome é Mark Evans, mo­
ro  em Austin,  Texas  ­  EUA,  com  minha  esposa 
Kathryn e nossos 5 filhos. Minha carreira tem si­
do  voltada  para  o  desenvolvimento  de  software 
e  para  o  desenvolvimento  de TI. Atualmente  eu 
supervisiono  um  programa  de  segurança  da  in­
formação  para  uma  grande  empresa  de  trans­
portes.  Quando  não  estou  trabalhando  ou 
correndo  atrás  das  crianças,  passo  meu  tempo 
livre  trabalhando  com  o  Sistema  de  Gerencia­
mento de Conteúdo glFusion.
Meu papel no glFusion é ajudar a liderar o 
esforço global de desenvolvimento. Nossa equi­
pe de desenvolvedores inclui Eric Warren, Mark 
Howard,  e  Lee  Garner.  Cada  um  de  nós  com­
partilha várias responsabilidades para definir co­
mo  as  coisas  estão  implementadas.  Nossa 
comunidade  de  usuários  também  desempenha 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |32
CAPA ∙ ENTREVISTA COM MARK EVANS

um  papel  muito  importante  ajudando  a  definir  a  REL:  Fale  um  pouco  sobre  o  início  do 
orientação  geral  e  detalhes  específicos  de  no­ projeto.
vos  melhoramentos  e  modificações.  Temos  sor­ ME: O glFusion começou como um fork do 
te  de  ter  muitos  usuários  técnicos  em  nossa  projeto Geeklog CMS, lá no verão de 2008. Havi­
comunidade que também fornecem atualizações  am  uns  poucos  de  nós  na  comunidade  do  Gee­
de código. klog  que  sentiram  que  haviam  oportunidades 
reais  de  crescimento  e  melhoria  que  não  esta­
REL: Apresente o glFusion a nossos lei­ vam tendo a devida atenção. Então pareceu que 
tores. nós não compartilhávamos a mesma filosofia da 
equipe  de  desenvolvimento  e  decidimos  come­
ME: O glFusion é um sistema de gerencia­ çar um novo projeto a partir dos fontes do Gee­
mento de conteúdo totalmente funcional que ofe­ klog v1.5.0. O glFusion nasceu. Nós publicamos 
rece  todas  as  principais  ferramentas  uma  história  na  época  que  detalha  muito  mais 
necessárias  para  implementar  um  portal  robus­ sobre o porquê do glFusion em http://www.glfusi­
to. o glFusion oferece funcionalidades chave co­ on.org/article.php/glfusion­why.
mo  administração  de  usuários,  mecanismo  de 
comentários, facilidade de busca e também uma  Desde aquela época, nós envolvemos o gl­
variedade  de  plugins  para  colaboração  online  Fusion  dentro  de  um  produto  totalmente  funcio­
(plugin do forum), calendário (plugin do calendá­ nal  e  adicionamos  vários  melhoramentos 
rio),  gerenciamento  de  mídia  (plugin  da  galeria  significativos  nas  capacidades  gerais  de  admi­
de  mídia)  e  muitos  outros.  Uma  característica  nistração, melhorias de segurança, novas funcio­
chave  do  glFusion  é  que  tudo  pode  interagir  nalidades  para  os  vários  plugins  e  melhorias 
com outros componentes do sistema. Por exem­ gerais  nas  interações  globais  de  cada  compo­
plo,  você  pode  fazer  slideshows  de  imagens  do  nente.
plugin  da  galeria  de  mídia  embutido  em  artigos 
publicados através do glFusion. O glFusion ofere­ REL:  O  que  torna  o  glFusion  diferente 
ce um sistema de controle de acesso muito flexí­ dos demais CMS?
vel  para  todos  os  itens.  Você  pode  dar 
permissões  para  um  grupo  acessar  certos  con­ ME:  A  meta  principal  do  glFusion  é  ofere­
teúdos  ao  mesmo  tempo  que  dá  permissões  cer  um  sistema  de  gerenciamento  de  conteúdo 
completamente  diferentes  para  outro  grupo  de  totalmente funcional para as pessoas que se in­
usuários. teressam mais pelo conteúdo do seu site do que 
mexer propriamente no software. Esta é a razão 
Um  dos  desafios  quando  desenvolvemos  principal  porque  o  glFusion  é  empacotado  com 
um  pacote  de  softwares  de  código  aberto  é  en­ os seguintes componentes:
contrar um nome que seja conveniente ao que o 
software  faz,  ou  como  ele  é  diferente  dos  de­ ­ Fórum
mais  pacotes  semelhantes.  A  parte  "Fusion"  do  ­ Galeria de mídia
nome evidencia o fato de que o glFusion é uma 
­ Gerenciador de arquivos
fusão de vários componentes que formam um to­
do robusto do sistema de gerenciamento de con­ ­ Calendário
teúdo.  O  glFusion  começou  como  um  fork  de  ­ Gerenciador de links
um  outro  sistema  de  gerenciamento  de  conteú­
do,  o  Geeklog,  portanto,  o  "gl"  paga  um  tributo 
"à fonte original". Fora da caixa, você tem um CMS totalmen­
te  funcional  com  todas  as  extensões  necessári­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |33
CAPA ∙ ENTREVISTA COM MARK EVANS

as já instaladas. Nós também empacotamos vári­ personalizado para cada portal. Nós desenvolve­
as  extensões  de  segurança/spam  para  proteção  mos um método que permite personalizar certas 
e para assegurar que você tenha um site seguro  áreas do portal e assegurar que essas personali­
desde o começo. zações  não  sejam  sobrescritas  ou  perdidas  du­
Nós  vamos  além  apenas  incluindo  plugins  rante o processo de atualização.
adicionais.  Cada  plugin  pode  interagir  e  se  inte­ O glFusion também oferece um sistema de 
grar com o núcleo do glFusion e com outros plu­ controle de acesso bem flexível que permite que 
gins.  Eu  mencionei  anteriormente  como  o  o  administrador  do  portal  controle  cada  peça  do 
conteúdo da galeria de mídia poderia facilmente  conteúdo  acessado.  Isso  fornece  a  base  que 
ser incluído numa história. O mesmo é verdadei­ permite    ao  glFusion  trabalhar  muito  bem  em 
ro  para  integrar  imagens  ou  mídia  dentro  dos  portais  de  comunidades  onde  existem  níveis  di­
posts do fórum ou incluí­los na descrição dos ar­ ferentes  de  usuários  ou  colaboradores.  Por  ex­
quivos no plugin de gerenciamento de arquivos. emplo,  um  portal  pode  ser  configurado  para 
O glFusion oferece uma interface muito lim­ permitir  o  acesso  para  alguns  conteúdos,  mas 
pa  e  direta  para  a  criação  e  gerenciamento  do  restringir o acesso baseado na adesão do grupo 
seu conteúdo. Eu penso que nossa facilidade de  a outros conteúdos.
uso é uma das maiores características que cha­ Finalmente,  entendemos  que  o  núcleo  do 
mam a atenção das pessoas. O sistema é dese­ pacote  glFusion  CMS  é  apenas  parte  da  equa­
nhado  para  ser  usado  pelas  pessoas  que  não  ção.  Há  vários  plugins  disponíveis  que  expan­
possuem conhecimento técnico. dem  a  funcionalidade  do  glFusion  ainda  mais. 
Outra  área  onde  temos  gasto  um  punhado  Quando  a  distribuição  do  núcleo  do  glFusion  é 
de  energia  é  no  funcionamento  do  processo  de  atualizada,  nós  asseguramos  que  todos  os  plu­
atualizações. Mais uma vez, nossa meta é fazer  gins  também  sejam  atualizados,  caso  seja  ne­
com que as atualizações sejam tão fáceis quan­ cessário.  Assim  eles  continuam  a  funcionar 
to possível para todos. Nós entendemos que al­ adequadamente.  Isso  exige  que  tenhamos  um 
guns  aspectos  do  software  podem  ser  trabalho muito próximo com os desenvolvedores 
modificados pelo usuário, por exemplo, o mode­ de  plugins  de  forma  a  torná­los  parte  de  todo  o 
lo  usado  para  controlar  o  visual  é  muitas  vezes  processo de desenvolvimento. 
Nossa  meta  é  oferecer  um  sistema  que 
simplesmente funciona e, quando atualizado, tu­
do continua funcionando.

REL: Qual a licença do glFusion? Existe 
uma versão empresarial?
ME: O glFusion é licenciado sob a GPL v2. 
Não há versões corporativas, apenas um produ­
to em código aberto.

REL:  Como  é  feito  o  suporte  oficial  do 


glFusion?
Figura 1 ­ Site oficial do glFusion ME: Neste momento, todo o suporte é feito 
pela comunidade, principalmente através do por­

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CAPA ∙ ENTREVISTA COM MARK EVANS

tal do glFusion. Há poucas pessoas na comunida­ Coloque na página principal aquilo que de­
de  que  oferecem  suporte  pago  como  uma  op­ ve aparecer no navegador. Por exemplo, o glFu­
ção.  Mas,  se  você  visitar  o  portal,  verá  que  sion  tem  vários  arquivos  .php  que  contém 
existe  uma  comunidade  muito  ativa  e  útil  lá  que  funções  gerais.  O  lib­database.php  é  um  bom 
está ansiosa para ajudar onde puderem. exemplo. ele contém todo o código PHP para re­
tornar    e  escrever  informações  no  banco  de  da­
dos.  Este  arquivo  nunca  será  chamado 
REL:  Como  é  a  relação  do  projeto  com  diretamente pelo navegador. Esse tipo de arqui­
a comunidade de código aberto? vo é segregado do arquivos que acessamos pe­
ME:  Pessoalmente,  estou  envolvido  no  de­ lo  navegador  (index.php,  por  exemplo).  O 
senvolvimento  de  software  em  código  aberto  há  objetivo  é  minimizar  todo  um  vetor  de  ataque 
anos, desde os anos 90. Contribuí em vários ou­ que  um  atacante  poderia  utilizar. Apesar  de  ter­
tros  projetos,  mas  nunca  tomei  a  liderança  que  mos  desenhado  a  estrutura  para  segregar  cer­
tenho no glFusion. Liderar um projeto como o gl­ tos  arquivos,  não  podemos  garantir  que  todo 
Fusion  tem  sido  uma  experiência  de  aprendiza­ usuário do glFusion siga nossas instruções. Co­
do  interessante  e  continuo  a  aprender  a  cada  locamos  códigos  adicionais  de  proteção  em  ca­
dia. Este é o aspecto mais recompensador do tra­ da  arquivo  para  assegurar  que  eles  não  serão 
balho com projetos em código aberto. chamados  diretamente  se  não  foram  feitos  para 
isso.
Nunca  confie  num  dado  de  entrada.  Sem­
REL: Antigamente vários CMS tinham fa­
pre  valide  e  filtre  cada  campo  que  vem  do  seu 
ma de serem inseguros. Como isso é tratado 
usuário ou navegador. Nós revisamos constante­
no glFusion?
mente  toda  a  árvore  de  código  para  ter  certeza 
ME: Eu não acho que os projetos em códi­ de  que  cada  parâmetro  de  URL  e  de  dados  de 
go aberto sejam imunes a problemas de seguran­ entrada  do  usuário  seja  adequadamente  valida­
ça.  Segurança  deve  ser  uma  das  principais  do e filtrado antes de ser usado.
metas  de  tudo  o  que  se  faz.  Entendemos  muito 
Todas as mudanças de código passam por 
bem que a segurança não é um estado que se al­
um  processo  de  revisão  por  pares.  Sempre  te­
cança, é um modo de vida que se deve viver dia­
mos  pelo  menos  dois  pares  de  olhos  revisando 
riamente.  Nós  também  acreditamos  numa 
cada modificação do código para assegurar que 
abordagem profunda de defesa. Deixe­me expli­
não  cometeremos  erros  na  filtragem  de  dados 
car o que quero dizer...
de  entrada  ou  em  outros  itens  que  poderiam  se 
tornar uma questão de segurança.
REL: Quais os componentes chave para  Prepare­se  para  o  pior.  Entendemos  que 
uma boa estratégia quanto à segurança? não importa o quanto sejamos cuidadosos, sem­
ME:  Há  vários  componentes  chave  para  pre  haverá  pessoas  muito  inteligentes  vascu­
uma boa estratégia de segurança: lhando  nosso  código  em  busca  de  furos  na 
segurança. Na eventualidade de um furo ser en­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |35
CAPA ∙ ENTREVISTA COM MARK EVANS

contrado  e  um  ataque  perpetrado,  colocamos 


proteções adicionais para assegurar que as fun­
ções administrativas exijam que o usuário admi­
nistrador  seja  re­autenticado  antes  de  dar  o 
acesso. Isso faz com que a sessão seja outra ca­
mada  de  defesa  caso  ela  seja  sequestrada  ou 
uma  vulnerabilidade  no  sistema  gerenciador  de 
sessões seja explorada.
Comunique­se. Se há um problema identifi­
cado,  oferecemos  vários  métodos  para  garantir 
que nossos usuários sejam notificados o mais rá­
pido  possível. Temos  uma  lista  de  discussão  de 
segurança  que  incentivamos  a  todos  os  usuári­
os  a  assinar.  Incluímos  links  para  a  assinatura  Figura 2 ­ Exemplo de site feito em glFusion
da lista de discussão de segurança na página fi­
nal da instalação. Também oferecemos um servi­ Acima de tudo, temos tido sucesso na miti­
ço de RSS que contém todas as notificações de  gação de nossos riscos, mas, como disse no iní­
segurança.  Finalmente,  oferecemos  um  método  cio,  entendemos  que  este  é  um  desafio  que 
que garante que os administradores de portais te­ devemos encarar todos os dias.
nham a última versão do software instalada.
Entenda  como  um  ataque  funciona.  Nós 
REL:  O  que  é  necessário  para  adminis­
monitoramos  constantemente  vários  portais  que 
trar um site usando glFusion?
publicam vulnerabilidades na Internet e estudam 
exploits  publicados  de  outros  softwares.  Isso  ME:  Como  mencionei  anteriormente,  dese­
nos  permite  entender  melhor  como  aconteceu  o  nhamos  o  glFusion  para  usuários  não  técnicos. 
exploit  aprendendo  com  os  erros  dos  outros.  Is­ Obviamente, você precisa de um local para hos­
so nos ajuda a melhorar nosso código e garantir  pedar seu portal. Vai precisar ser capaz de criar 
que não cometeremos erros semelhantes. um  banco  de  dados  e,  finalmente,  ser  capaz  de 
utilizar um FTP para fazer o upload dos arquivos 
Para ser honesto, eu acho que a maior par­
para o servidor. Felizmente, a maioria dos prove­
te  dos  produtos  em  código  aberto  cumprem  su­
dores oferecem esses itens facilmente.
as funções muito bem. Mas, uma das vantagens 
que  temos  no  momento  é  que  temos  um  núme­ Uma  vez  que  o  software  esteja  no  lugar,  o 
ro pequeno de desenvolvedores. Isso torna as re­ assistente  de  instalação  é  bem  amigável  e  foi 
visões por pares muito mais fácil. desenvolvido de maneira que fosse muito lógico. 
Ainda  temos  uma  documentação  crescente  dis­
Nós também damos uma boa olhada em to­
ponível  na  wiki  em  http://www.glfusion.org/wi­
do o código antes de cada versão principal, para 
ki/doku.php?id=glfusion:start.  Também  temos 
garantir  que  não  há  itens  de  entrada  sem  filtra­
uma  útil  e  ativa  comunidade  que  responde  a 
gem  ou  outros  problemas  com  o  código.  Uma 
qualquer pergunta em http://www.glfusion.org.
vez  que  o  glFusion  é  muito  grande,  sentimos 
que é muito importante revisar os fontes para as­
segurar  que  nada  passou  despercebido.  Tam­ REL: Quem deve usar o glFusion?
bém  executamos  o  código  com  várias 
ferramentas  para  ajudar  a  identificar  os  proble­ ME: Se você quer um blog, o glFusion pro­
mas do código. vavelmente  é  bem  mais  do  que  você  precisa. 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |36
CAPA ∙ ENTREVISTA COM MARK EVANS

onalidades, mas um programador habilidoso po­
deria  implementar  quase  qualquer  coisa, 
utilizando o glFusion como framework de desen­
volvimento.  O  glFusion  dá  uma  excelente  base 
para  o  desenvolvimento  de  software.  As  APIs 
permitem  com  que  um  programador  se  fixe  nas 
funções  do  seu  software  e  deixe  as  tarefas 
triviais  de  administrar  usuários,  o  gerenciar  se­
ssões e as interfaces dos bancos de dados para 
o núcleo do código do glFusion cuidar.

REL: Quem quiser saber mais, por onde 
deve começar?
Figura 3 ­ Exemplo de site feito em glFusion
ME: O melhor lugar pra começar é o portal 
Existem  alguns  plugins  disponíveis  que  ofere­ principal  do  glFusion:  http://www.glfusion.org. 
cem funções de e­commerce, mas se você preci­ Também temos um portal de demonstração total­
sa  de  um  portal  de  e­commerce,  existem  mente  funcional  onde  você  pode  se  logar  como 
escolhas melhores. O glFusion oferece um mon­ um  usuário  administrativo  e  ver  como  as  coisas 
te  de  funcionalidades  e  flexibilidade,  mas  não  é  funcionam.  Visitem  http://demo.glfusion.org  para 
a solução certa para qualquer necessidade. Nós  maiores detalhes.
incentivamos  qualquer  um  que  queira  implantar  Você pode procurar pelo glFusion e encon­
um portal, que primeiro definam o que querem fa­ trar  muitos  portais  pela  Internet  afora  que  mos­
zer  para  depois  escolher  a  ferramenta  que  me­ tram como o glFusion pode ser utilizado.
lhor  atenda  às  necessidades.  Em  alguns  casos, 
o glFusion será uma escolha excelente, mas em 
outros, não teremos as funcionalidades necessá­ REL: Quais os planos para o futuro?
rias. ME: A próxima grande versão focará na fer­
ramenta  de  temas.  Atualmente  pode  ser  muito 
complicado e complexo criar temas personaliza­
REL:  Quem  desenvolve  sites  utilizando 
dos.  Nossa  meta  é  tornar  a  personalização  de 
CMS tende a se tornar dependente e preguiço­
temas o mais fácil possível. Temos um bom gru­
so?
po de desenvolvedores trabalhando na melhoria 
ME:  Eu  não  acho.  Eu  disse  anteriormente  desse  processo.  Especificamente,  temos  mode­
que queríamos desenvolver um sistema que per­ los  demais  atualmente.  O  processo  atual  utiliza 
mitisse  aos  donos  de  portais  se  preocuparem  vários  pequenos  modelos  para  construir  uma 
mais no conteúdo do que terem de se preocupar  única  página.  Queremos  reduzir  o  número  de 
com  o  software  CMS.  Mas  se  algum  usuário  ti­ modelos  e  colocar  algum  processamento  lógico 
ver competência e quiser, o glFusion oferece um  básico  na  ferramenta  de  personalização  para 
conjunto  muito  rico  de  interfaces  de  programa­ dar aos desenvolvedores de temas mais contro­
ção  de  aplicações  (APIs)  que  permite  com  que  le sobre o visual.
os programadores ampliem o conjunto de funcio­
Também  recebemos  muito  retorno  dos 
nalidades. 
usuários por melhorias em todo o sistema. Tenta­
Fora da caixa, oferecemos montes de funci­ mos  incorporar  a  maior  quantidade  dessas  su­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |37
CAPA ∙ ENTREVISTA COM MARK EVANS

gestões quanto possível em cada versão. e dedicada e qualquer um é bem vindo para jun­
tar­se  a  nós.  Nossa  meta  é  fazer  com  que  o  gl­
Fusion  seja  um  produto  guiado  pela 
REL:  Portais  feitos  com  o  glFusion  es­ comunidade  e  começamos  muito  bem.  Pessoal­
tão preparados para serem acessados por dis­ mente, minha experiência com o desenvolvimen­
positivos móveis como tablets? to  de  código  aberto  tem  sido  uma  experiência 
ME: Ainda não, mas estamos chegando lá.  maravilhosa.  Tenho  novos  amigos  em  todo  o 
Parte  das  melhorias  na  personalização  de  te­ mundo. Aprendi muito e sou muito grato por ser 
mas que mencionei, focam na melhoria da detec­ parte de um grupo com o objetivo comum de fa­
ção  de  dispositivos  e  na  otimização  para  zer software com qualidade.
dispositivos móveis / menores.

REL: Existe alguma comunidade brasilei­
Para mais informações:
ra sobre o glFusion? Site oficial glFusion
http://www.glfusion.org
ME:  Não  estou  informado  da  existência  de 
uma  comunidade  brasileira  dedicada  ao  glFusi­
Demonstração de uso do glFusion
on atualmente, mas estamos muito interessados 
http://demo.glfusion.org
em  trabalhar  com  qualquer  um  que  queira  criar 
uma. Estamos atualmente trabalhando com gen­
Documentação sobre o glFusion
te de outras partes do mundo que têm interesse 
http://www.glfusion.org/wiki/doku.php?id=glfusion:start
em  oferecer  portais  específicos  para  o  suporte 
em seus idiomas ou base de usuários. Fiquem à 
vontade para entrar em contato conosco no glfu­
sion.org  se  estiverem  interessado  em  saber 
mais.

REL:  Deixe  algumas  palavras  aos  nos­


sos leitores.
ME:  O  glFusion  ainda  é  relativamente  no­
vo, mas está se movendo e crescendo muito rápi­
do.  Eu  fico  constantemente  impressionado  com 
o quanto a comunidade do glFusion é prestativa 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |38
CAPA ∙ ENTREVISTA COM DAN FUHRY E NEAL GOMPA

Entrevista com 
Dan Fuhry e Neal 
Gompa, criadores 
do EnanoCMS
Por João Fernando Costa Júnior

Revista  Espírito  Livre:  Olá!  Se  apresen­


tem aos leitores da Revista Espírito Livre.
Dan  Fuhry:  Então,  um  monte  de  gente 
achava que um adolescente frustrado e com rai­
va  não  pudesse  escrever  um  CMS.  Esse  era 
eu, quando comecei o projeto em 2006. Até ago­
ra  o  projeto  tem  se  realizado.  Atualmente,  sou 
um  estudante  do  segundo  ano  de  Segurança 
da Informação no Instituto de Tecnologia de Ro­
chester, em Nova York, e estou trabalhando nu­
ma  empresa  de  web  design  chamada  Connect 
Cleveland  fazendo  desenvolvimento  em  PHP  e 
administrando sistemas.
Neal  Gompa:  Bem,  eu  sou  Neal  Gompa. 
Junto  com  Dan,  fundamos  o  Projeto  de  CMS 
Enano. Eu moro no Mississippi, EUA, e sou atu­
almente um estudante universitário. A maior par­
te do meu trabalho no Enano é voltada para as 
sugestões  e  para  o  desenho  de  funcionalida­
des,  testando  revisões  de  bugs  e  outros  tipos 
de  problemas  (como  usabilidade),  e  tornando­o 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |39
CAPA ∙ ENTREVISTA COM DAN FUHRY E NEAL GOMPA

fácil de usar com as pilhas de servidores web dis­ aWiki  ainda  estava  carente  de  uma  ferramenta 


poníveis atualmente. de  controle  de  acessos  avançada  o  que  o  Ena­
no e suas extensões corrigiram, com certeza.

REL: O que é o EnanoCMS? NG: O Enano CMS foi escrito do zero com 
exceção  de  umas  poucas  coisas,  todas  docu­
NF:  O  EnanoCMS  é  uma  solução  de  CMS  mentadas da árvore do fonte.
única.  Ele  nasceu  da  ideia  de  combinar  o  me­
lhor  dos  sistemas  wiki  com  o  que  há  de  melhor 
em termos de gerenciamento de conteúdo, e mi­ REL:  Quais  os  diferenciais  do  Ena­
nimizando as partes ruins de ambos. Muitos dos  noCMS  diante  dos  demais  CMS?  A  que  tipo 
sistemas wiki existentes têm a falha de não pos­ de usuário o EnanoCMS é indicado?
suirem  um  sistema  de  segurança  interno,  e  a  DF: O Enano foi o primeiro CMS a tirar van­
maior  parte  dos  sistemas  de  gerenciamento  de  tagem  de  novas  tecnologias  como  o AJAX  para 
conteúdo  são  extremamente  pesados  e  chatos  grandes  operações  como  a  edição  de  páginas. 
de  configurar  e  utilizar.  O  EnanoCMS  foi  desen­ Trabalhando  com  ele,  eu  dediquei  (e  continuo 
volvido  a  partir  do  zero  para  ser  muito  fácil  de  dedicando) muito do meu tempo fazendo a inter­
usar, estável e uma plataforma segura para a cri­ face  mais  suave  e  sensível.  Dito  isso,  eu  acho 
ação de portais. que  neste  momento,  nosso  melhor  público  seri­
O  nome  "Enano  CMS"  tem  um  pouco  de  am  os  usuários  avançados  ­  pessoas  que  estão 
história por trás dele, na verdade. Quando as pri­ buscando algo entre um wiki e um CMS, e estão 
meiras  revisões  não  públicas  foram  feitas,  seu  dispostos  a  ter  algum  trabalho  no  ajuste  fino  de 
nome  era  "AdvancedArticles."  Depois  de  termo  seus portais. Um bom exemplo de portal que foi 
decidido deixá­lo disponível publicamente, nós o  feito  utilizando  muitas  das  funções  avançadas 
renomeamos  para  "Midget  CMS,"  porque  era  do  Enano  é  o  próprio  enanocms.org,  que  utiliza 
um sistema de gerenciamento de conteúdos pe­ modelos,  mensagens  de  sistema  e  plugins  ao 
queno  e  modular.  Infelizmente,  o  nome  "Midget  máximo.  Foi  inteiramente  contruído  utilizando 
CMS"  já  havia  sido  utilizado.  Eu  sugeri,  então,  uma  versão  de  prateleira  do  núcleo,  do  estoque 
que  o  chamássemos  de  "EnanoCMS",  tradução  de  plugins,  um  tema  personalizado  e  um  plugin 
de Midget (anão) para espanhol. personalizado  com  o  único  propósito  de  adicio­
nar nos cabeçalhos o Google Analytics.

REL:  Porque  criar  outro  CMS?  Ele  é  ba­ NG:  o  Enano  CMS  também  possui  uma 
seado em algum outro projeto anterior? API  muito  flexível  que  torna  possível  ampliar 
qualquer parte do CMS. Eu diria que o grande di­
DF:  Quando  o  Enano  foi  iniciado,  eu  esta­ ferencial  é  o  nosso  foco  extremo  na  segurança. 
va mantendo ativamente um outro projeto chama­ Desde  o  início,  o  Enano  CMS  foi  desenvolvido 
do  ExperienceUI  que  era  uma  extensão  para  o  com  a  segurança  em  mente.  Os  desenvolvedo­
Nullsoft's  Scriptable  Installer  System  (NSIS).  Eu  res  deveriam  amá­lo  por  seu  desenho  e  exten­
precisava  de  um  bom  portal  e  não  haviam  boas  sibilidade.  Os  designers  gostariam  dele  por  sua 
soluções, então eu escrevi a minha. O resultado  flexibilidade  na  ferramenta  de  temas. As  empre­
foi o precursor do Enano. Várias das funcionalida­ sas gostariam dele porque oferece uma maneira 
des  do  Enano  foram  baseadas  no  MediaWiki,  fácil de construir uma intranet na qual os funcio­
mas  tomei  uma  abordagem  mais  limpa  para  im­ nários  seriam  os  únicos  com  permissão  para  vi­
plementá­lo  porque  o  MediaWiki  tinha,  pelo  me­ sualizar ou administrar o portal. Os especialistas 
nos  naquela  época,  uma  interface  feia,  lenta  e  em segurança poderiam apreciar todo o cunjun­
carente de administração. Além do mais, o Medi­ to  de  medidas  de  segurança  que  colocamos  no 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |40
CAPA ∙ ENTREVISTA COM DAN FUHRY E NEAL GOMPA

software.  Os  projetistas  de  software  gostariam  NG: Neste momento não há empresas que 


dele por causa da sua facilidade de uso na apre­ ofereçam serviços de suporte oficial para o Ena­
sentação  de  seus  projetos  e  porque  contém  do­ no CMS. No entanto, o projeto Enano CMS ofe­
cumentação  que  pode  ser  editada  e  ser  rece  suporte  pago  privado  por  US$20  por  hora. 
redefinida rápida e facilmente. Nós prezamos de­ Essa opção é útil para aqueles que desejam um 
mais pelos projetos em Software Livre que neces­ suporte pessoal dedicado, ou se há a necessida­
sitam  de  portais  porque  suas  necessidades  são  de  de  tratamento  de  dados  sensíveis  num  pedi­
diferentes de quase qualquer outro tipo de portal. do  de  suporte  (como  senhas,  bancos  de  dados, 
etc.)

REL:  Qual  o  modelo  de  licenciamento  DF:  Oferecemos  canais  de  suporte  gratui­
do  EnanoCMS?  Existe  uma  versão  "enterpri­ to, também, é claro. Há um fórum de suporte em 
se"? forum.enenocms.org, e temos um canal no IRC: 
#enano no irc.freenode.net.
DF: A coisa toda está disponível sob a licen­
ça  GNU  GPL.  Não  há  uma  versão  corporativa 
neste momento, porque o projeto não é realmen­ REL:  Como  é  a  relação  do  projeto  com 
te grande o suficiente para haver demanda para  a comunidade open source?
isso, e eu não acho que seja justo restringir cer­ NG:  O  projeto  Enano  CMS  tem  tudo  a  ver 
tas  funcionalidades  para  usuários  corporativos.  com transparência. Temos repositórios Mercurial 
Mesmo  que,  eventualmente,  haja  uma  versão  disponíveis  publicamente  com  todo  o  trabalho 
corporativa,  a  única  diferença  seria  o  contrato  que fizemos no Enano CMS e projetos afins. Te­
de suporte. O cliente corporativo receberia exata­ mos um rastreador de falhas disponível publica­
mente o mesmo código que um usuário que fizes­ mente,  e  anunciamos  e  trabalhamos  com 
se  o  download  do  Enano  gratuitamente  no  empresas  que  promovem  o  Software  Livre  e  de 
enanocms.org. Código  Aberto.  Desenvolvedores  que  fazem 
bons  patches  ganham  acesso  para  comitar,  e 
REL:  Existem  empresas  que  dão  supor­ desenvolvedores  de  plugins  que  os  licenciam 
te oficial ao EnanoCMS? sob uma licença de código aberto podem conse­
guir hospedagem no Mercurial de nosso sistema.

REL:  Muitos  CMS  costumam  ter  proble­


mas de segurança. Como este fator é tratado 
no EnanoCMS?
DF:  Nós  tivemos  exatamente  um  problema 
de  segurança  que  foi  descoberto  e  relatado  por 
um  terceiro.  Em  4  horas,  a  partir  do  momento 
em que li o e­mail, a correção estava disponível 
para o público. Eu descobri outros problemas de 
segurança  durante  o  processo  de  desenvolvi­
mento  e  postei  correções  no  prazo  de  um  dia  a 
partir  da  descoberta  do  problema.  Nós  levamos 
a  segurança  muito  a  sério.  O  furo  mais  comum 
Figura 1 ­ Exemplo de site feito com o EnanoCMS
em aplicações PHP para a web hoje em dia é a 
injeção de SQL, portanto, mitigamos qualquer fa­

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CAPA ∙ ENTREVISTA COM DAN FUHRY E NEAL GOMPA

lha  potencial  através  da  verificação  de  todas  as  DF:  É  apenas  a  forma  como  a  logo  foi  de­
queries SQL buscando por sinais comuns de inje­ senhada. Originalmente era um sombreiro mode­
ção  de  SQL  (utilizando  "­­"  ou  "1=1"  na  query,  lado em 3D, mas parecia um queijo, por isso eu 
por exemplo. refiz  a  arte  usando  apenas  duas  cores  sólidas. 
É  uma  homenagem  à  origem  espanhola  do  no­
me "Enano".
REL:  O  que  é  necessário  para  se  criar 
um  CMS  de  qualidade,  elegante  e  seguro?  É 
possível  aliar  todos  estes  requisitos  em  um  REL:  Vocês  encorajam  que  tipo  de  pes­
só produto? soa a utilizar o EnanoCMS?
NG: É possível, mas, muitas vezes, isso co­ NG: Qualquer um que pense que um CMS 
mumente leva a um custo de usabilidade. É pos­ fará  seu  portal  o  melhor  do  mundo  magicamen­
sível  fazer,  mas  você  tem  de  ser  extremamente  te. Mesmo que você utilize um sistema de geren­
cuidadoso e ser capaz de desenvolver bem para  ciamento  de  conteúdos,  você  ainda  tem  de  ter 
qualquer  um.  Qualidade  significa  que  o  código  algum trabalho para fazer seu site atraente para 
funciona  bem  e  implementa  tudo  o  que  deveria.  os visitantes. Você precisa ter, na verdade, bons 
Elegância  significa  que  a  estrutura  e  o  estilo  do  conteúdos para que as pessoas visitem seu por­
desenvolvimento do código tem de ser bom, legí­ tal.
vel  e  inteligível.  Seguro  significa  que  o  software 
DF: Além do mais, recomendamos que vo­
deve minimizar vulnerabilidades, e se vulnerabili­
cê conheça HTML. Você pode construir um por­
dades possivelmente existem, minimizar o impac­
tal  inteiro  utilizando  o TinyMCE,  mas  ele  não  se 
to  delas.  Estável  significa  que  não  travará  ou 
integra  bem  com  os  temas  e  você  sentirá  falta 
entrará  em  colapso  quando  as  pessoas  utiliza­
de muitas funcionalidades como imagens embu­
rem o software.
tidas. Muitas ferramentas de formatação de pági­
Nós tentamos fazer o melhor para atingir is­ nas  somente  podem  ser  utilizadas  em  seu 
so tudo, e gostaria de pensar que estamos mui­ potencial completo quando utilizadas com o wiki­
to perto de conseguir. text. Finalmente, da mesma forma que qualquer 
outro  produto  que  se  utiliza  de  PHP/MySQL  (ou 
PHP/PostgreSQL,  a  escolha  é  sua),  você  vai 
REL:  No  website  oficial  http://ena­ precisar ter pelo menos um pouco de familiarida­
nocms.org,  vocês  encorajam  o  uso  da  fonte  de  com  o  funcionamento  das  pilhas  Linux/Apa­
"Liberation". Existe alguma razão especial pa­ che/{My,Postgre}SQL/PHP(LAMP/LAPP).
ra isso?
REL:  Usar  um  CMS  torna  o  desenvolve­
DF: Liberation é um conjunto de fontes que  dor preguiçoso?
estão homologadas pela Red Hat para substituir 
as fontes da Microsoft como Times New Roman 
e Arial.  Elas  também  têm  uma  ótima  aparência. 
Eu uso a Liberation Serif em todo lugar ­ o desig­
ner gráfico dentro de mim nunca se cansa dela.

REL:  A  logomarca  do  EnanoCMS  traz 


um chapéu sobre a levra "O". Porque um cha­
péu? Figura 2 ­ Logomarca do projeto

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |42
CAPA ∙ ENTREVISTA COM DAN FUHRY E NEAL GOMPA

NG:  Sim  e  não. Todo  desenvolvedor  é  ine­ a  tradução  do  Enano  para  outros  idiomas,  in­
rentemente  preguiçoso.  Não  queremos  fazer  as  cluindo  o  Português  do  Brasil.  Voluntários  são 
coisas da maneira mais difícil possível. Nós que­ sempre bem vindos! Os arquivos de idiomas es­
remos da maneira mais fácil. Sistemas de geren­ tão em JSON e são super fáceis de editar.
ciamento  de  conteúdo  dão  a  base  para  que  os 
desenvolvedores  façam  seus  próprios  portais,  e 
através  de  extensões  e  modificações  no  siste­ REL:  Quem  quiser  saber  mais  sobre  a 
ma,  eles  podem  fazer  com  que  qualquer  CMS  ferramenta, por onde começar?
atenda às suas necessidades, porque certamen­ NG:  Para  saber  mais  sobre  o  EnanoCMS, 
te  nenhum  CMS  atende  às  necessidades  de  to­ visite  o  portal:  http://enanocms.org.  Também  te­
dos,  fora  da  caixa.  Mas  provavelmente  não  mos uma sala de bate papo no irc.freenode.net: 
tentarão fazer algo do zero se algo perfeitamen­ #Enano
te bom já estiver disponível para o uso e a exten­
Se  você  quiser  ajudar  no  desenvolvimento 
são.
do  Enano,  veja  nossa  documentação  para  de­
DF: Todo mundo tem necessidades específi­ senvolvedores: http://docs.enanocms.org/API
cas quando faz um portal, e nenhum CMS pode 
E  apareça  no  IRC  para  conversar  com  a 
mesmo atender a todos. Quando usado adequa­
gente.  Gostamos  de  conversar  com  pessoas  in­
damente,  um  CMS  proporcionará  os  fundamen­
teressadas no enano no IRC.
tos  para  o  básico,  como  autenticação  de 
usuários, controle de acesso e estrutura de pági­ Meu apelido no IRC é Conan_Kudo, e o do 
nas e dará aos desenvolvedores do portal as fer­ Dan é fu[h]ry.
ramentas  para  construir  rapidamente  o  núcleo 
que  atenderá  às  suas  necessidades.  O  Enano 
preenche essas necessidades através de um plu­ REL:  Deixem  algumas  palavras  para  os 
gin de API. Dito isso, tenho encontrado um mon­ leitores da Revista Espírito Livre.
te  de  gente  que  quer  apenas  apontar  e  clicar  e  NG: É ótimo ser notado por uma revista de 
obter seu portal pronto, e normalmente eles são  software  livre  brasileira!  Gostaria  que  houves­
os  que  acabam  desistindo  de  qualquer  coisa  sem  mais  revistas  como  essa  nos  EUA.  Tam­
que  escolham,  seja  o  Enano,  o  Drupal,  o  Word­ bém  esperamos  que  os  leitores  da  Revista 
press ou qualquer outro. Se você quer apontar e  Espírito  Livre  deem  uma  olhada  no  nosso 
clicar, pague alguém para hospedar e configurar  software, experimente e nos deem retorno. Ado­
para você!  ramos  saber  de  vocês,  pessoal!  O  Software  Li­
vre  é  nossa  única  verdade  em  computação  e  a 
verdade sempre prevalecerá!
REL: Quais os planos para o futuro?
NG: Definitivamente queremos finalizar a in­
corporação  do  restante  das  funcionalidades  do 
núcleo  planejadas  para  o  enano  1.2.0  e  acabar 
com  os  bugs  antes  da  proxima  versão  beta,  a  Para mais informações:
1.1.8.  Esperamos  que  esse  próximo  beta  seja  o 
Site oficial EnanoCMS:
último.  Neste  momento,  esperamos  liberar  nos­
http://www.enanocms.org
sos release candidates e esperamos liberar a ver­
são final até o final deste ano.
DF:  Poderíamos  utilizar  alguma  ajuda  para 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |43
CAPA ∙ DRUPAL, O SEU PRÓXIMO CMS

DRUPAL, O SEU
Divulgação

PRÓXIMO CMS
Por Rafael Silva

No final dos anos noventa, o simples ato de manter adicionais. Desde um simples e básico blog a um sistema
um site atualizado podia se tornar um parto. Para editar de loja online com complexos mecanismos de estoque.
meia dúzia de páginas você precisava entender de HTML, Você pode criar sites que só você, seu pai e sua mãe irão
CSS, FTP e mais algumas outras siglas que, para a ver ou site que um país inteiro ou mesmo o mundo todo irá
maioria das pessoas, nunca fez sentido. acessar. Esse último exemplo, por acaso, não só é real
como está no ar e você pode acessá­lo, é o site da Casa
Um dia alguém teve a fantástica ideia de facilitar
Branca mostrado na figura 1.
esse trabalho. Então começaram a nascer ferramentas
que tornassem, ao menos em parte, esse trabalho menos Para alguns críticos o Drupal pode ser uma
complexo e mais ágil. Hoje em dia essas ferramentas são ferramenta incompleta pois, por padrão, não vem com
conhecidas como CMS (Content Management System ­ algumas funcionalidades que outros CMS's têm. Quem já
Sistema de Gestão de Conteúdo em inglês) e dentre elas usou alguma vez o quase falecido PHP Nuke pode sentir
está o alvo dessa matéria, o Drupal. falta, por exemplo, de um mecanismo de banner. No
entanto isso faz parte da abordagem da ferramenta. O
O Drupal é um CMS criado pelo belga Dries
pacote básico traz somente aquilo que é essencial e as
Buytaert, em 2000, como um simples mural de recados
demais funcionalidades você pode ir adicionado à medida
para ser usado entre seus colegas de faculdade e 10 anos
que você vai identificando. O fato de possuir mais de 5000
depois se tornou um dos mais bem sucedidos projetos
módulos extra e que podem plugados ao seu site é um
Open Source.
grande diferencial para muitos. Boa parte das
Com o Drupal você pode criar sites com vários funcionalidades que você puder precisar, já estão prontas,
focos e com uma enorme gama de funcionalidades é só instalar e configurar um módulo.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |44


CAPA ∙ DRUPAL, O SEU PRÓXIMO CMS

invasão. Sempre que alguém detecta uma falha de


segurança, ela é prontamente corrigida e uma versão
nova lançada. A comunidade é enorme e conta com mais
de 2000 desenvolvedores internacionais. A quantidade de
pessoas que contribuem com ajuda em fóruns, listas
passa da casa dos milhares. Periodicamente é realizada a
DrupalCon (mostrado na figura 2), um evento que
concentra boa parte da comunidade e dura vários dias
movimentado a comunidade (na última mais de 3000
pessoas) e muito dinheiro (só de patrocínio mais de US$
400.000).

O Drupal é voltado a todo tipo de usuário. Se você é


Figura 1: Site da Casa Branca, feito em Drupal desenvolvedor provavelmente vai se deliciar com uma API
Outro ponto que dificulta a adoção por parte de muito completa e extremamente bem documentada. Se
muitos é a curva de aprendizado que é muito mais ingrime você é designer certamente vai ver que o sistema de
que os demais CMS's similares. Mas algo que, em geral, templates (mostrado na figura 3) é muito completo e que
as pessoas não entendem é que, como dizia Tio Ben, permite um grau de personalização enorme. E se você é
"Grandes poderes trazem grandes responsabilidades". apenas alguém que quer ter um site, pode ter certeza que
Dado o grande poder de personalização e configuração do o Drupal vai te entregar uma enorme gama de
Drupal, nem tudo é possível de se simplificar, mas muita funcionalidades em uma interface simples.
coisa teve sua interface alterada recentemente para
No mundo corporativo o Drupal vem sendo usado
melhorar essa deficiência. A versão 7, a próxima, teve um
há alguns anos com grande sucesso e uma das indústrias
grande estudo para melhoria da interface e promete mudar
que mais o tem utilizado é a indústria da música. Mais
esse pensamento de que ele é complicado ou até mesmo
feio.

No entanto os pontos "negativos" param por aí. O


Drupal é um CMS muito estável, e bastante confiável. No
quesito segurança tem baixíssimas ocorrências de

Figura 2: DrupalCon, um dos maiores eventos da comunidade do Drupal Figura 3: Visão geral de um template para Drupal

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |45


CAPA ∙ DRUPAL, O SEU PRÓXIMO CMS

especificamente site de artistas de muitas gravadoras têm


o usado como base. Artistas como Michael Jackson, Mais informações e referências
Christina Aguilera, Ashley Tisdale, Monty Python, Eric
[1] Lista de sites feitos em Drupal
Clapton, dentre outros têm seus sites totalmente feitos
http://buytaert.net/tag/drupal­sites
com Drupal.
Site Comunidade Drupal Brasil:
Um outro ramo no qual o Drupal tem se tornado um
http://www.drupal­br.org
grande sucesso é o governamental. Como já disse no
começo, nada menos que o site da Casa Branca tem
Site Oficial Drupal:
como ferramenta base o Drupal. Mas não para aí, há
http://drupal.org/
outros sites da área governamental que usam o CMS da
gota como base: Site do Primeiro Ministro da Jamaica, site
da prefeitura da cidade de Londres, site da cidade de
Atenas, Departamento de comércio dos EUA e muitos
outros.

E se você já está achando que é só isso, tem muito


mais por aí, é só dar uma olhada no site do criador do
RAFAEL SILVA é desenvolvedor de sistemas
Drupal para ver outros exemplos[1].
para a Internet desde 2001, trabalhou e ainda

Como vimos, o Drupal é uma ferramenta bastante trabalha em vários projetos para o Governo
Federal. Membro atuante de comunidades de
versátil e altamente configurável. Sites dos mais diversos
software livre como Drupal e Seagull. É o
podem ser elaborados com relativa facilidade. Como tudo
criador do site do Drupal Brasil, onde ajuda
que é novo, é preciso que você dedique algum tempo para
respondendo perguntas de usuários e
entendê­lo, mas ao fazer isso saiba que será amplamente
traduzindo documentos.
recompensado.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |46


CAPA ∙ CMS, IT CAN

CMS, IT CAN
Por Francilvio Alff

Alguém  já  parou  pra  contar  quantos 


gerenciadores  de  conteúdo  existem  pela 
web  a  fora?  Bom,  isso  não  é  tão  importante, 
pra  falar  a  verdade,  isso  não  é  nada 
importante.  No  panorama  atual  podemos  nos 
limitar  a  uma  pequena  observação  sob  cinco 
diferentes  clientes  de  CMS:  Joomla,  Drupal, 
Plone,  Wordpress  e  Alfesco  são  sem  dúvida 
dominam essa área.

Okay,  até  aqui  isso  pode  não  parecer 


novidade  para  ninguém,  mas  o  interessante 
disso  tudo  é  quanto  os  sistemas  de 
gerenciamento  de  conteúdo  conseguiram 
mudar  a  maneira  de  gerir  esse  infinito 
chamado Internet. 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |47
CAPA ∙ CMS, IT CAN

Para  quem  como  eu  teve  seu  primeiro  mais  específico  ainda,  como  um  pequeno  blog 
contato  com  o  mundo  da  web  em  páginas  de  assuntos  técnicos.  O  CMS  está  dando  a 
completamente  estáticas,  divididas  por  frames,  oportunidade  à  profissionais  de  qualquer  área 
e  que  abusavam  de  plugins  sonoros  e  afins,  de  interagir,  permitindo  assim  que  seus 
isso é simplesmente maravilhoso! Google, com  conhecimentos  sejam  compartilhados  no 
sua  audácia  quase  infantil,  está  organizando  a  melhor estilo "Open Source".
web,  enquanto  isso  os  CMS's  estão  fazendo  No  gráfico  abaixo,  podemos  observar 
algo  tão  importante  quanto:  eles  são  os  (através  de  dados  do  Google  Trends)  o 
verdadeiros  responsáveis  pela  dinamização  crescimento  do  interesse  versus  os  programas 
dos  conteúdos,    me  perdoem  os  blogueiros,  CMS's,  o  melhor  de  tudo  é  que  esse 
mas  obviamente  devemos  dizer  que  grande  crescimento  não  foi  explosivo,  aconteceu  de 
parte  desse  conteúdo  restringe­se  a  blogs  de  maneira  gradativa,  e  a  quanto  parece  não  tem 
entretenimento,  que  por  maioria  fazem  um  intenção alguma de parar.
festival  de  "Crtl+C  e  Crtl+V".  Mas  isso  não  é 
tudo  pessoal,  o  CMS  possibilitou  que  um 
analfabeto  informático  entrasse  na  internet, 
mas  de  maneira  verdadeira,  contribuindo  para 
o crescimento e enriquecimento dela, seja com 
um  pequeno  blog  aonde  contam  suas 
experiencias  na  universidade,  ou  com  algo 

FRANCILVIO ALFF é duovizinhense, estudante de Arquitetura e Administraçao de Sistemas Informativos na Uni­
versidade de Verona/Itália. Profissionalmente é Analista de Riscos e Virtualizaçao para empresa GlaxoSmithKli­
ne. Certificado como Cisco Certified Network Associate,  Analista de Riscos na Virtualizaçao VMWare e IT Admin 
pela EUCIP  ­ European Certification of Informatics Professionals.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |48
CAPA ∙ CMS E A PRODUÇÃO COLABORATIVA DE CONTEÚDO

CMS e a produção 
colaborativa de 
conteúdo
Por Yuri Almeida

CMS. Estas três letras foram fundamentais 
para  potencializar  escritas  coletivas  e  a 
plurivocalidade  na  rede  mundial  de 
computadores. No início da Internet, a ausência 
de  sistemas  e  aplicativos  de  fácil  manuseio 
impedia  a  apropriação  pelos  usuários  das 
possibilidades  de  conversação  e  produção  de 
conteúdo.  A  Web  era  mais  "lida"  do  que 
"escrita".
Na  década  de  90,  com  o  desenvolvimento 
dos primeiros Sistemas de Gestão de Conteúdo 
(CMS),  a  liberação  do  polo  emissor  é 
materializada,  tendo  em  vista  que  as  interfaces 
de  gerenciamento  de  conteúdo  melhoram  a 
usabilidade  e  experiência  do  usuário,  e 
consequentemente,  novas  vozes  ganharam 
visibilidade e ampliação na rede.
Nessa  evolução  histórica,  vale  destacar  a 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |49
CAPA ∙ CMS E A PRODUÇÃO COLABORATIVA DE CONTEÚDO

criação  das  primeiras  plataformas  de  weblogs  batalha  épica  é  o  silêncio  e/ou  a  falta  de 
em  1999  pela  Userland  Software.  Winer,  espaços  para  expressão,  tanto  pessoal  como 
fundador  da  empresa,  comentava  que  a  Web  coletivo,  lembrando  que  os  meios  de 
não  podia  ser  apenas  lida,  mas  escrita  de  comunicação  de  massa  controlavam  os 
forma  rápida  e  simples.  O  blog  que  começou  pedágios  informacionais.  De  nada  adiantaria  a 
como  uma  expressão  do  "eu"  tornou­se  a  conexão desconectada da conversação.
principal  ferramenta  para  práticas 
colaborativas  (apesar  de  quase  sempre  CMS E BLOGS
individuais)  na  rede  e  mais:  na  virada  do 
século,  os  blogs  constituíram  um  zona  É  impossível  falar  de  CMS  sem  mencionar 
informacional  importante  para  a  formação  da  os  blogs.  De  acordo  com  estudo  do  Technorati, 
agenda pública. 79%  dos  blogs  são  de  natureza  pessoal,  46% 
profissionais  e  12%  blogs  corporativos.    Em  24 
É  do  senso  comum  que  a  Internet  foi  o  horas  quase  1  milhão  de  posts  são  publicados. 
primeiro  meio  de  comunicação  a  colocar  na  Os  dados  mostram  que  os  blogs  são 
mão  dos  cidadãos  as  ferramentas  para  a  ferramentas  para  publicação  de  informação  e 
produção  e  emissão  de  conteúdo,  inclusive  espaços para a sociabilidade.
para  além  da  Web.  Rádios  onlines,  jornais 
comunitários,  galeria  de  imagens...  todas  as  O  que  seriam  dos  protestos  em  Honduras 
experiências  colaborativas  e  as  próprias  durante  o  golpe  militar  que  depôs  o  presidente 
mídias  sociais  contam  com  suporte  de  eleito,  por  exemplo,  se  não  contasse  com  os 
modernos  e  eficientes  CMS.  O  CMS  é  um  blogs  para  reverberar  a  tensão  interna  para  a 
aspecto  técnico,  operacional,  mas  comunidade  internacional  através  da  Web?  No 
potencializou  as  escritas  coletivas  e,  cotidiano,  os  blogs  tem  fortalecido  também  a 
dificilmente,  sem  esses  programas  teríamos  produção  de  conteúdo  hiperlocal,  geralmente 
uma zona informacional plural e participativa. preenchendo  lacunas  deixadas  pelos  meios  de 
comunicação  de  massa.    E  tudo  isso  não  seria 
Ao  assumir  o  controle  das  narrativas  nos  possível sem o CMS.
discursos,  os  cidadãos  repórteres  investem­se 
do  poder  simbólico,  antes  hegemônico  aos  CMS E O SOFTWARE LIVRE
mass  media  (donos  da  mídia  de  massa) 
tradicionais.  Segundo  John  Thompson  (1998),  WordPress,  atualmente  um  dos  CMS  para 
o  poder  simbólico  nasce  na  atividade  de  a  criação  de  blogs  mais  populares  do  mundo, 
produção,  transmissão  e  recepção  do  sintetiza  a  filosofia  do  software  livre.  A  abertura 
significado  das  formas  simbólicas.  Outra  do  código  fonte  para  a  comunidade,  certamente, 
ruptura  ocorre  no  que  tange  as  interações  foi o principal elemento para a sua popularidade. 
entre  público  e  mídia.  Se  antes  as  relações  Se  a  Internet  foi  o  primeiro  meio  a  dar  voz  ao 
sociais  que  eram  mediadas  pelos  meios  de  cidadão, podemos dizer que o WP é o megafone 
difusão  de  informação  para  massa  se  davam  de  diversos  movimentos  e  gritos  individuais 
pelo  sentido  único  do  fluxo  da  comunicação,  nessa  babel  informativa.  O  cidadão  não  precisa 
atualmente,  esta  interação  ocorre  também  de  se  preocupar  com  o  desenvolvimento  de  temas, 
forma  plural  e  interdependente,  na  qual  os  plugins  e  recursos  multimídia,  precisa  se  dedicar 
usuários  superam  a  verticalidade  e  estrutura  apenas  a  produção  de  conteúdo.  O  que  o  Winer 
monológicas dos oligopólios da informação dizia  em  1999  "escrever  a  Web  de  forma 
simples"  foi  materializada  pelo  WordPress  e  o 
O  CMS,  se  o  leitor  me  permitir  uma 
seu CMS.
metáfora,  é  uma  arma,  semelhante  a  dos 
super­heróis,  na  luta  contra  os  vilões  que  "O  WordPress  é  um  projeto  muito  especial 
ameaçam  a  vida  na  Terra.  O  vilão  nessa  para  mim.  Todo  desenvolvedor  e  colaborador 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |50
CAPA ∙ CMS E A PRODUÇÃO COLABORATIVA DE CONTEÚDO

acrescenta  algo  único  nessa  mistura,  e  juntos  leitores,  seja  na  elaboração  da  pauta,  na 
nós criamos algo bonito do qual me orgulho de  utilização  de  imagens  produzidas  por  cidadãos­
fazer parte. Milhares de horas foram investidas  repórteres  na  composição  de  matérias,  bem 
no  WordPress,  e  nós  nos  dedicamos  para  como desenvolver uma estrutura de produção e 
melhorá­lo todos os dias", diz Matt Mullenweg. divisão  da  receita  gerada  por  produtos 
E  é  justamente  essa  possibilidade  de  baseados em paradigmas colaborativos.
"acrescentar  algo  único  nessa  mistura",  da 
qual  se  refere  o  Mullenweg,  que  influenciou  o 
desenvolvimento  do  jornalismo  colaborativo. 
Para  além  das  experiências  colaborativas  em 
grandes  jornais  e  portais,  novos  espaços 
foram  criados  para  canalizar  as  novas  vozes 
oriundas  da  liberação  do  pólo  emissor.  A 
comunidade  de  colaboradores  é  fundamental 
para  o  êxito  das  escritas  colaborativas,  mas 
um  CMS  é  o  "esqueleto"  para  tais  práticas. 
Joomla,  WordPress,  Typo3...  são  os 
responsáveis pela "abertura do código­fonte" e 
materialização do jornalismo colaborativo.
A  base  filosófica  do  jornalismo 
colaborativo  é  movimento  do  software  livre 
iniciado  em  1984,  por  Richard  Stallman,  como 

blog.toksta.com
contraponto  ao  software  proprietário,  que 
"aprisionava"  e  "restringia  a  liberdade"  dos 
usuários.  A  proposta  do  software  livre  era  de 
abrir  o  código­fonte  para  a  análise  e 
modificação  por  parte  de  qualquer  utilizador,  API, CMS E O JORNALISMO
aprimorando  desta  forma,  a  usabilidade  do 
programa.  Além  dos  aspectos  tecnicistas,  o  A  API  (Interface  de  Programação  de 
movimento  trouxe  consigo  a  luta  pela  Aplicativos)  e  CMS  tecnicamente  são  diferentes, 
liberdade,  compartilhamento  de  conteúdo  e  a  mas  socialmente  cumprem  funções 
colaboração  como  processo  produtivo,  em  semelhantes:  facilitar  a  apropriação  de  softwares 
substituição ao individualismo. e  aplicativos  sem  envolver­se  com  a 
programação.  As  plataformas  abertas  são 
O  requisito  essencial  para  liberdade  do 
suportes para que a comunidade inovem e criem 
software  é  a  disponibilização  do  código­fonte 
valor  para  novos  produtos,  personalizem 
para  o  estudo,  cópia,  modificação  e 
aplicativos  e  melhorem  a  experiência  dos 
distribuição  da  "versão"  atualizada,  sem 
usuários. 
restrições,  o  que  torna  a  atualização  um 
movimento  constante  nas  comunidades  de  Ao  Google,  por  exemplo,  a  abrir  a  API  do 
desenvolvedores do software livre.  Google  Maps  permitiu  que  diversos  mashups 
fossem  desenvolvidos,  desde  a  indexação  de 
No  jornalismo,  metaforicamente, 
locais  violentos,  mapear  os  buracos  de  uma 
disponibilizar  o  código­fonte  significa  conceder 
cidade,  os  locais  e  formas  de  sexo,  hotposts  de 
espaços  para  veiculação  do  conteúdo 
acesso  à  Internet,  postos  de  gasolinas,  entre 
produzido  pelo  público,  ampliar  os 
outros. 
mecanismos  de  colaboração  entre  jornais  e 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |51
CAPA ∙ CMS E A PRODUÇÃO COLABORATIVA DE CONTEÚDO

Ainda  que  o  uso  de  API  aberta  seja  um 


problema  para  as  empresas,  que  temem  que  a 
mesma  API  seja  utilizada  pelo  concorrente  para 
desenvolver  um  serviço  semelhante,  os  novos 
aplicativos  do  Twitter,  criados  a  partir  da  API, 
mostra  que  o  verdadeiro  valor  é  de  natureza 
social  e  de  facilitar  a  vida  do  usuário.    No  caso 
da  Amazon,  por  exemplo,  os  programadores 
lucram  com  o  seu  trabalho,  a  medida  que 
solucionam  problemas  de  usuários  do  site  de 
busca/venda. 
O  jornal  inglês,  The  Guardian, 
recentemente,  resolveu  abrir  a  sua  API  para  a 
comunidade.  Um  dos  resultados  mais 
expressivos  foi  o  The  Guardian  de  hoje, 
desenvolvido  por  Phil  Gyford,  que  otimiza  a 
navegabilidade  do  site  a  partir  de  uma  estrutura 
de  "passar  a  página",  semelhante  dos  jornais 
impressos.  O  projeto  busca  criar  a  ideia  de  um 
jornal  compacto  na  Web,  com  um  número  de 
informações  limitadas  e  selecionados  pelos 
jornalistas  para  dar  a  impressão  de  que  o  leitor 
está  bem  informado  e  leu  todas  as  notícias 
relevantes do dia.
CMS e API indicam um processo de aposta 
na  sabedoria  da  multidão  e  colaboração  em 
massa  para  desenvolver  e  aprimorar  projetos, 
gerar  novos  conteúdos  e  complementar 
informações.    Esse  processo  está  embutido  de 
novos modelos de criação de valor e aponta que 
construir  junto  com  os  colaboradores  é  melhor 
do que construir para os usuários.
YURI ALMEIDA é jornalista, especialista 
em Jornalismo Contemporâneo, pesquisa­
dor do jornalismo colaborativo e edita o 
blog herdeirodocaos.com sobre cibercultu­
ra, novas tecnologias e jornalismo. Conta­
to: hdocaos@gmail.com / 
twitter.com/herdeirodocaos.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |52
CAPA ∙ Joomla na Secretaria da Fazenda do Espírito Santo

Joomla na Secretaria da Fazenda 
do Espírito Santo
Por Klayson Bonatto

Na  Secretaria  da  Fazenda  do  Espírito  Esses  scripts  foram  desenvolvidos  em  shell  e 
Santo  o  CMS  Joomla!  foi  utilizado  na  PHP  e  realizam  a  interface  com  diversos  outros 
elaboração  do  Portal  de  Gestão  de  softwares,  tanto  livres  quanto  proprietários, 
Infraestrutura.  Segundo  Moacir  Canella  coletando  dados  sumarizados  que 
Bortoloso,  supervisor  de  suporte  a  redes  e  proporcionem  uma  visão  consolidada  da 
infraestrutura  de TI. Atualmente  são  exibidas  no 
produção  e  idealizador  do  projeto,  os  principais 
painel do gestor informações resumidas sobre a 
objetivos  do  Portal  são  "prover  ao  gestor  de  TI 
um  painel  que  proporcione  uma  visão  dinâmica  situação  dos  servidores  e  serviços  da  rede,  a 
e  sumarizada  das  diversas  informações  última  análise  de  vulnerabilidades,  estatísticas 
relacionadas à infraestrutura de TI da Secretaria  do  anti­spam,  anti­vírus  e  utilização  de  Internet, 
da  Fazenda,  além  de  centralizar  toda  a  informações  de  inventário  de  hardware  e 
documentação  dos  servidores  e  serviços  software  e  validação  das  documentações. 
mantidos  pelo  setor,  permitindo  acesso  Também  está  sendo  construído  um  novo 
simplificado  e  organizado  e  facilitando  a  módulo  que  permitirá  a  coleta  de  diversas 
atualização dessas informações." informações  em  tempo  real  sobre  os 
atendimentos  técnicos  realizados  pelo  setor.  A 
tendência  é  que  com  o  passar  do  tempo  novas 
Para  a  implementação  do  projeto  foi  informações  advindas  de  outros  sistemas  sejam 
utilizado  o  módulo  Jidget  e  foram  construídos  agregadas  ao  Portal  de  Gestão  de 
diversos  scripts  de  coleta  de  informações.  Infraestrutura. 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |53
CAPA ∙ Joomla na Secretaria da Fazenda do Espírito Santo

A  escolha  do  Joomla!  se  deu  principalmente  pela  facilidade  de  uso,  flexibilidade,  larga 
disponibilidade  de  extensões,  plugins  e  módulos  e  também  pela  grande  comunidade  de 
utilizadores. Apesar disso, os técnicos envolvidos no projeto pretendem testar o CMS Drupal para 
analisar  como  ele  se  comportará  desempenhando  esse  papel.  Também  está  nos  planos  dos 
envolvidos a integração do CMS com a versão livre do sistema de gerenciamento de documentos 
Alfresco, o que deverá ocorrer nas próximas semanas.

Figura 1: Tela do sistema

Figura 2: Tela do sistema

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |54
CAPA ∙ Joomla na Secretaria da Fazenda do Espírito Santo

Figura 3: Tela do sistema

Figura 4: Tela do sistema

KLAYSON SESANA BONATTO é professor universitário e analista de infraestrutura da Secretaria da 
Fazenda do ES.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |55
CAPA ∙ USAR CMS DESVALORIZA O MEU TRABALHO?

Acervo Pessoal
Usar CMS desvaloriza o meu trabalho?
Por Rafael Leal da Silva

Muitos podem se fazer esta pergunta e o resultado com


certeza será sempre o mesmo: NÃO!
Antes de qualquer coisa, precisamos levar em conside­
ração que estamos em um mundo onde o tempo é muito
mais valioso do que você pode imaginar e as ferramentas
Open­Source (código aberto) vieram suprir esta demanda
aponto de realmente atingir o foco que é a agilidade com
menos processos para finalização de projeto.
Não é porque você está usando um CMS (Content Ma­
nagement Systems), que o seu trabalho é melhor ou pior,
as ferramentas estão aí para serem usadas e posso dizer
que hoje tem muito mais pessoas procurando compreen­
der como essas ferramentas funcionam para agregar valor
comercial, profissional e até mesmo pessoal do que há
dois anos.
Certa vez me falaram que quando usamos esses siste­
mas livres somos programados a realizar somente as fun­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |56


CAPA ∙ USAR CMS DESVALORIZA O MEU TRABALHO?

ções e opções que o próprio programa nos oferece e isso administração, mensuração de dados e rotatividade. Eu
falando de "Gestão de Conteúdo" é ridículo, principalmen­ procuraria uma solução focada em loja virtual, mas já dis­
te no 2° semestre de 2009, onde podemos notar a impor­ se e repito isso não quer dizer que iremos excluí­lo como
tância desta gestão nas informações geradas na web. CMS para loja.
Mas vamos pensar no seguinte: Imagine que você tem Por isso destaco os mais famosos: Drupal, Wordpress,
uma loja virtual (vou aproveitar o tema já que está em alta Magento, Oscommerce e Joomla que são muito usados
neste ano de 2010), onde seu orçamento é baixo e é ne­ no Brasil e em todo o mundo.
cessário desenvolver algo rápido, bonito e ao mesmo tem­ Drupal: especialista em portais de grande porte, como
po fácil de ser administrado. Você iria procurar desenvol­ por exemplo, o site da MTV Brasil, que é 100% em drupal.
ver do "0" esta loja? Ou procuraria um CMS como, por Wordpress: criado em 2003 com foco em Blog, mas que
exemplo, o Magento/Oscommerce para criar isso? Tudo is­ hoje é usado até como canal oficial do Ministério da Cultu­
so precisa ser colocado na balança e em minha vida profis­ ra do Brasil.
sional já conheci loja virtual Open­Source que definitiva­ Magento: veio ao mercado de loja virtual, preencher as
mente deixa qualquer sistema proprietário de boca aberta. lacunas que o Oscommerce até então ainda não tinha sa­
Se formos procurar CMS's geral, iremos nos deparar nado.
com milhares deles, um para cada tipo de projeto e orça­ Oscommerce: fundado em 2000, foi e sinceridade ainda
mento, mas será que podemos usar um único CMS para é um grande projeto Open­Source de Loja Virtual ainda
desenvolver todo o nosso projeto? A resposta é: SIM! Po­ usado no mundo.
demos sem muitas dificuldades só precisando levar uma Joomla: desenvolvido para sites corporativos, instrucio­
coisa em consideração, novamente o TEMPO. nais e pessoais. Hoje é usado como o Portal da Faculdade
Pense comigo, novamente iremos usar a loja virtual USP de São Paulo.
como exemplo. Se formos montar uma e já sabendo usar
pelo menos o Wordpress (CMS focado em Blog), iríamos
conseguir montar a loja de forma que ela funcione correta­
mente? Até conseguiremos, mas o Wordpress não foi feito RAFAEL LEAL DA SILVA conhecido na
para ser loja virtual, sendo assim, não podemos esperar Web como Rafael Hernandez é Coorde­
que tal plataforma passe total controle ao cliente tanto na nador de Projetos Digitais em Agência de
São Paulo com especializações: Profissio­
Links Adicionais nal de Mídias Sociais, SEO (marketing de
Drupal: www.mtv.com.br busca), CMS's, Analise de Mercado e Ten­
Wordpress: www.cultura.gov.br dências. Vive em São Paulo­SP, casado e
Joomla: www.usp.br tem um filho. Seu e­mail é info@rafaelde­
Oscommerce: www.apopular.com.br signer.com.br
Magento: www.mundocorrida.com.br
Blog do autor: www.rafaeldesigner.com.br

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DICAS ∙ OS
GESTÃO DESAFIOS
∙ OS DOS
DESAFIOS GESTORES
DOS DEDE
GESTORES SUPORTE TÉCNICO
SUPORTE TÉCNICO

Zsuzsanna Kilian ­ sxc.hu


OS DESAFIOS DOS GESTORES DE
SUPORTE TÉCNICO
Por Roberto Cohen

A maioria dos gestores de suporte técnico não sabem pa­ Pela bagagem adquirida em treinamentos organizados
ra onde ir, estagnados num impasse muito semelhante ao para mais de cinquenta dezenas de colegas, posso co­
de Alice (no País das Maravilhas) quando encontra o Gato mentar que o maior desafio dos profissionais do setor é,
de Chesire. primeiro, descobrir os objetivos da empresa; segundo, ali­
Muitos desses novos gerentes foram galgados a tal pos­ nhar as suas ações; e, terceiro, manter o perfil de lideran­
to por seu desempenho como técnico, mas pecam ao se ça para fazer com que seu time persiga tais metas, coor­
defrontarem com as exigências do recente cargo. denando o trabalho de muitas pessoas para que se
Explico: o desempenho das atividades no suporte deve impregnem da cultura corporativa.
ser medido por ações estratégicas que resultem não ape­
nas em índices de performance, mas na criação de valor
para seus usuários e clientes. ROBERTO COHEN, especialista em Help
E é nesse momento que acontece o impacto. Os novos Desk / Service Desk / Support Center, reali­
gestores sabem como ser eficientes. Ao máximo. E empos­ za treinamento, consultoria e palestras na
sados, aumentam ainda mais a sua performance. Mas o temática. Atua na área de suporte há 25
véu técnico impede que analisem se estão fazendo a coisa anos e treinou mais de cinco centenas de
certa (eficácia). Assim, escolhem indicadores de perfor­ profissionais nos últimos quatro anos. É
mance a esmo (ou aqueles onde podem ser o máximo efi­ autor do livro "Implantação de Help Desk e Service Desk",
cientes possíveis) e correm atrás. pela Editora Novatec.

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GESTÃO ∙ SPAGOBI

http://www.spagoworld.org
SpagoBI ­ Plataforma BI livre e aberta
Por Miguel Koren O'Brien de Lacy

Hoje todas as empresas, incluso as pequenas, geram


uma quantidade grande de dados sobre sua atividade co­
mercial e operacional devido ao uso generalizado de infor­
mática e sistemas de gestão, mesmo que simples. Os
gestores destas empresas porém geralmente tem muita
dificuldade em conhecer os detalhes da gestão e poder to­
mar decisões de negócio acertadas com conhecimento do
comportamento passado e extrapolação a ações futuras. A
classe de aplicativos BI (Business Intelligence, ou Inteli­
gência de Negócio) é própria para ajudar a ter clareza so­
bre as ações a tomar. Esta classe de aplicativos não tem
tradicionalmente a quantidade de interessados como por
exemplo sistemas de geração de sites, email e todo tipo
de aplicativos de infraestrutura e relacionamento. O motivo
é claro: para ter sucesso, um aplicativo de BI precisa con­
tar com ambos ingredientes; o negócio e a inteligência.
Por isso, uma solução deste tipo é menos popular e nor­
malmente não pode ser instalada e rodada no mecanismo
"next, next, finish, reboot". Uma solução BI precisa ser cui­
dadosamente adaptada para responder as reais necessi­
dades da empresa.
O software livre traz vantagens para as empresas, que
podem ser resumidas em redução de custos, flexibilidade
e melhoramento do conhecimento da empresa a respeito
da tecnologia que usa no negócio. As licenças de software
livre protegem a propriedade intelectual do desenvolvedor

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |59


GESTÃO ∙ SPAGOBI

e devem ser consideradas mais próximas às licenças de ciada com licença de software livre, vemos que uma solu­
distribuição. O desenvolvedor mantém seus direitos sobre ção para BI licenciada com software livre traz grandes
o software mas decide disponibilizar para outros de forma benefícios mas requer apoio durante todo o processo por
livre. A licença GPL (General Public License) oferece cer­ uma empresa ou pessoa que tenha estes conhecimentos.
tas liberdades tais como: É muito importante que seja aportado também o compo­
­ Usar o software onde e como desejado. nente de conhecimento do negócio. Ou seja, que tem que
­ Conhecer o funcionamento do software. ser parte da equipe de implementação, um ou mais usuári­
­ Modificar o software para qualquer necessidade. os representativos que vão usar o sistema BI para respon­
­ Passar o software original ou modificado a outros. der as perguntas de negócio que o sistema deverá res­
Com uma grande liberdade vem também uma grande ponder.
responsabilidade. Ao mesmo tempo que o software livre Segundo a análise de mercado feita em 2008 pelo Gart­
traz vantagens, ele requer que a empresa dedique um es­ ner Group (www.gartner.com), somente quatro sistemas BI
forço maior no conhecimento do sistema. É uma caracterís­ licenciandos em software livre podem atender as necessi­
tica de sistemas licenciados com licenças de software li­ dades BI de forma corporativa. O Gartner Group menciona
vre, em que a documentação é normalmente insuficiente. a SpagoBI, Jasper, Pentaho e Birt. As recomendações que
Isso é devido a natureza das pessoas que preferem desen­ esta análise de mercado aponta são:
volver novos sistemas e funcionalidades e não fazer docu­ ­ Use os mesmos critérios de avaliação de soluções BI
mentação. Um estudo de BeyeNetwork (www.beye­ em software livre que para os comerciais.
network.com) de 2009 mostra que a percepção geral nas ­ Considere o uso de consultoria para a implementação.
empresas é que o software livre é feita por amadores e ­ Os sistemas BI em software livre devem começar em
não é aplicável para os sistemas BI. usos departamentais e evoluir a corporativos.
Considerando os requerimentos de conhecimento para ­ Os sistemas BI em software livre apresentam vanta­
implementar uma solução de BI e também os requerimen­ gens, mas são menos completos que os sistemas gran­
tos de conhecimento para implementar uma solução licen­ des BI comerciais.

Uso de BI em software livre

Empresas pequenas usam mais soluções BI baseadas em software livre Empresas pequenas também usam BI em software livre
do que as grandes, mas ao mesmo tempo vemos que as grandes têm corporativamente em maior percentual que as grandes. A sua vez as
um percentual maior de empresas que estão avaliando o uso, ou seja grandes usam mais em nível departamental.
que a popularidade das soluções está em alta.

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GESTÃO ∙ SPAGOBI

Estrutura do servidor SpagoBI

Veja o gráfico sobre o uso de BI com sofware livre feito gegneria Informatica (www.eng.it) que apoia o desenvolvi­
pela BeyeNetwork (em 2009). mento do SpagoBI (www.spagobi.org) tem um foco em
É uma realidade em todo tipo de empresa hoje que ter consultoria, não em produto como os outros competidores.
um padrão corporativo é pouco provável, portanto haverá Ela não está focada na venda de licenças.
uma proporção importante de soluções departamentais. Is­ Existe somente uma versão do SpagoBI, a versão livre e
so é muito aplicável aos sistemas BI e motivado por vários completa. O SpagoBI é o único sistema BI completo em
fatores entre os quais: software livre que pode ser implementado e usado corpo­
­ As empresas que usam BI desde alguns anos não que­ rativamente sem pagamento de licenças. Uso corporativo
rem migrar os sistemas em uso. significa com apoio a todas as funções de escalabilidade,
­ Aparecem novas necessidades de BI. arquitetura, funções e segurança necessários. As outras
­ A fusão de empresas gera novas empresas com siste­ empresas mantém uma versão "community" com funcio­
mas heterogêneos. nalidade reduzida que pode ser usado por qualquer pes­
Os estudos apresentados e a observação do mercado soa ou empresa e uma versão "enterprise" com os plenos
entre 2008 e 2009 mostram que existe uma necessidade poderes necessários para uma implementação completa
em aumento para BI e que os sistemas com software livre numa empresa. A versão enterprise dos competidores so­
atendem bem a estas necessidades. mente pode ser usada com pagamento anual de suporte.
Com SpagoBI não existem surpresas de falta de funciona­
A solução SpagoBI
lidade da versão durante a implementação.
Que faz o SpagoBI ser diferente de outras soluções BI li­ Um outro diferencial do SpagoBI é seu foco em platafor­
cenciados em software livre? A empresa Engineering In­ ma de integração e não plataforma de produto. Isso signifi­

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GESTÃO ∙ SPAGOBI

ca que o servidor SpagoBI pode atender a diversos meca­ os atributos dos usuários, como por exemplo o departa­
nismos para trabalhar ou mostrar diferentes elementos de mento ao que pertence, são consultados ao serviço LD­
uma solução BI. Por exemplo, para a funcionalidade de PA/AD.
OLAP (On Line Analytic Processing [ análise da informa­ Vejamos a grande vantagem funcional desta arquitetura.
ção em forma interativa) pode ser usado o componente Destacamos os seguintes aspectos:
Mondrian ou o JPalo. Para gerar relatórios pode ser usado ­ Durante a especificação de funcionamento de uma so­
Birt, Jasper ou Business Objects. O servidor SpagoBI ofe­ lução de BI, o analista deve definir quais são as per­
rece a possibilidade de configurar diferentes motores para guntas analíticas que devem ser respondidas. Dada a
executar os documentos de BI. arquitetura do SpagoBI, esta definição determina dire­
O terceiro diferencial fundamental é o modelo de segu­ tamente os drivers analíticos, sendo uma forma natural
rança do SpagoBI. Este modelo de segurança acompanha de trabalho.
a forma natural de pensar em soluções BI e favorece a se­ ­ A definição dos casos de uso está completamente rela­
paração dos dados com a seleção e apresentação. cionada com os drivers analíticos e com os atributos e
O modelo de segurança, chamado de modelo comporta­ roles dos usuários que são definidos no servidor
mental (Behavioural Model) pelo SpagoBI, é o pilar funda­ LDAP/AD corporativo.
mental para parametrizar o acesso e a visibilidade dos da­ ­ O servidor SpagoBI somente fornecerá a informação
dos. A camada de acesso aos dados é preparada com a definida pelos drivers analíticos e casos de uso, inde­
definição de fontes de dados que pode ser com acesso a pendentemente se é consultado pelos motores analíti­
qualquer fonte, desde bancos de dados SQL até web servi­ cos, aplicativo web, web services ou sua API. Isso per­
ces, planilhas, arquivos de texto, etc. O modelo de segu­ mite que, por exemplo, a análise dos dados no mesmo
rança define os drivers analíticos. cubo OLAP seja diferente para o diretor que para o ge­
Entendemos por "driver analítico" um conjunto de defini­ rente do produto.
ções de associação de roles, validação de valores e os da­ A independência da definição dos documentos analíticos
dos que vem da fonte de dados, de tal forma que este con­ da segurança de acesso aos dados é uma característica
junto possa responder a uma necessidade de negócio. corporativa importante que permite desacoplar a definição
Exemplos de drivers analíticos corretamente definidos são: de documentos analíticos, tais como telas de indicadores
"Quantos clientes novos são gerados por produto?", "Qual KPI, cubos de análise OLAP, relatórios, etc.
é o primeiro produto que compram os clientes que voltam O SpagoBI é formado por vários componentes que são
a comprar outros produtos?", etc. Cada dri­
ver analítico é associado a diversos casos Modelo de arquitetura
de uso, o que pode ser entendido como fil­
tros dos valores que correspondem aos ro­
les funcionais definidos como por exemplo,
gerente de divisão, encarregado de produ­
to, diretor, etc.. No caso do primeiro exem­
plo de "quantos clientes novos são gera­
dos por produto", poderíamos definir um
caso de uso do diretor que pode ver os da­
dos para todos os produtos e outro caso
de uso onde os dados são filtrados para os
gerentes de produto pelo produto que ge­
renciam.
A integração do SpagoBI com LDAP e
Active Directory é total. Numa implementa­
ção em produção dentro de uma empresa

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GESTÃO ∙ SPAGOBI

Relação entre o modelo analítico e o modelo de segurança,


mostrando as alternativas de integração de motores analíticos.

usados por diferentes tipos de usuários com perfil de admi­ componente é ­usado por exemplo para a definição de
nistração, desenvolvimento ou uso. um painel de indicadores KPI.
A função de cada componente é a seguinte: ­ API/SDK: A API (Application Programming Interface) é
­ Servidor SpagoBI: Este é o componente principal da so­ usada para acesso aos serviços de BI por aplicativos
lução que aplica as regras de segurança, pesquisa os como por exemplo o cliente web SpagoBI. O SDK
dados nas fontes de dados, executa os documentos (Software Development Kit) é o conjunto de classes
analíticos e fornece os serviços de BI para consumo. que um desenvolvedor de outro site ou aplicativo utiliza
Vale a pena destacar que os serviços de BI, o acesso para incluir serviços de BI.
aos documentos analíticos, acontece em estados ou ­ Meta dados: O componente de meta dados fornece in­
versões. Cada documento analítico pode estar disponí­ formação sobre os dados que o SpagoBI gerencia. En­
vel em desenvolvimento, teste ou produção. A promo­ tre estas informações podemos achar informação tal
ção do documento entre estados pode ser feita somen­ como a data de atualização dos dados, a fonte desde
te por usuários com esta permissão no sistema. onde foi atualizado, sua descrição, a descrição do sig­
­ Studio BI: Este componente é usado pelos usuários nificado, etc.
com perfil de definição de documentos analíticos. Este ­ Aplicativos: A solução SpagoBI inclui um aplicativo web

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |63


GESTÃO ∙ SPAGOBI

para uso dos serviços BI fornecidos pelo servidor Spa­


goBI. Existe também o aplicativo "Spago4Q", o cliente
SpagoBI preparado para mostrar informação sobre qua­
lidade de desenvolvimento de software e "Spago for
AREAS",aplicativo BI baseado no SpagoBI para o siste­
ma AREAS, um ERP para a área hospitalar.
Tomando como ponto de referência a figura 3 temos por
cima da camada do modelo de segurança o modelo analíti­
co. O modelo analítico está formado por diversos motores
analíticos, que podem ser observados na figura, entre os
mais usados:
­ Relatórios.
­ Indicadores KPI.
­ Painel de controle (estático ou em tempo real).
­ Gráficos.
­ Informação geográfica.
­ Análise multi­dimensional de dados (OLAP).
­ Situação de estado (dossiê analítico ­ conjunto de docu­
mentos mostrando a situação em certo momento).
Uma visão de BI pode ser formada por um documento
analítico simples, como por exemplo um gráfico, ou por do­
cumentos compostos contendo elementos de vários moto­
res
É importante observar que qualquer motor analítico pode
usar a informação fornecida por qualquer driver analítico.
Em resumo, observamos que a geração de documentos
analíticos está separada da gestão de segurança e fontes
de dados. Esta característica elimina totalmente a necessi­
dade de modificar os elementos de BI tais como cubos,
OLAP, indicadores KPI, etc., quando houver a necessida­
de de uma alteração da fonte de dados ou perfil de segu­
rança.
O motor analítico para apresentar informação geográfica
merece destaque. No SpagoBI a informação pode ser mos­
trada geograficamente sobre uma apresentação em mapa
usando como fonte o Google Maps mas também pode ser
mostrada sobre mapas vetorizados. O uso de mapas veto­
rizados apresenta a possibilidade de utilizar qualquer figu­
ra para representar os dados, como por exemplo um dia­
grama de fluxo de um processo de um sistema BPM.
Considerando um documento tipo painel de controle e os Painel com gráficos, tabelas e indicadores KPI (topo). Exemplo de um
mapas vetorizados, pode ser formado um painel de contro­ documento analítico composto (meio). SpagoBI Studio desenvolvendo
um documento analítico do tipo gráfico. (fundo)
le BAM (Business Activity Monitoring) onde a situação dos
processos pode ser visualizada graficamente sobre o dese­
nho do fluxo do processo, que atua como um "mapa".

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |64


GESTÃO ∙ SPAGOBI

Resumo
Os documentos analíticos são desenvolvidos usando a
ferramenta nativa de cada um e relacionados com o servi­ O SpagoBI está inteiramente preparado para uso em to­
dor SpagoBI por um usuário com o perfil apropriado. Lem­ do tipo de empresas, incluindo grandes corporações. Devi­
brar que os documentos podem estar no servidor em esta­ do a sua tecnologia de base, permite escalabilidade com a
do de desenvolvimento, testes ou homologação e capacidade de clusters e separação de funções dos moto­
produção. O sistema SpagoBI oferece um módulo que ro­ res analíticos em servidores separados. Seu modelo de
da na estação gráfica (PC com Windows, MacOS, Linux, segurança considera o uso de Single Sign On, autentican­
etc.) para facilitar a tarefa de desenvolvimento, atualmente do os usuários e pesquisando seus atributos no servidor
com os motores mais comuns. LDAP/AD da empresa. O fato de ser um sistema verdadei­
Algumas características adicionais do SpagoBI tornam ramente livre, proporciona segurança à empresa durante a
ele particularmente apropriado para uso em corporações: implementação pelo fato de saber que todas as funções
­ Geração e encaminhamento automático de relatórios. estão disponíveis na versão em software livre.
Por exemplo, pode ser emitido um relatório diariamente A evolução planejada para 2010 considera os seguintes
de madrugada com o estado das vendas e enviado aos pontos principais:
usuários que fizeram subscrição a este relatório. ­ Nova interface para o administrador.
­ O dossiê analítico é disponibilizado apenas quando os ­ Novos documentos analíticos e melhorias nos existen­
responsáveis dos documentos individuais tenham dado tes.
sua aprovação no workflow. O motor de workflow inclu­ ­ Melhorias na auditoria de monitoramento do aplicativo
so é o jBPM. web.
­ Integração de mecanismos ETL (Extract Transform Lo­ ­ Melhorias e novos desenhadores de documentos para
ad) para a formação automática do data warehouse. In­ o Studio.
clui o motor para rodar processo ETL desenvolvidos em ­ Módulo SpagoBI Meta para o gerenciamento completo
Talend, um dos sistemas líderes ETL em software livre. de meta dados incluindo consultas ao modelo de negó­
­ Administração com as facilidades de definição de aces­ cio para visualizar por exemplo informação sobre a
so a menus do aplicativo web, acesso aos documentos qualidade dos dados, etc.
analíticos e outras funções do sistema. O relacionamen­ Como todo sistema BI, ele deve ser implementado de
to entre fontes de dados, modelo de segurança, roles e forma planejada para evitar vazamento indevido de infor­
atributos de usuários e os documentos analíticos foi ex­ mação e atender as verdadeiras necessidades da empre­
plicado nas páginas anteriores. sa.
­ Envio automático de alertas.
­ Formação de documentos preferidos pelos usuários e
a possibilidade de pontuação dos documentos para ran­ MIGUEL KOREN O'BRIEN DE LACY é en­
king de popularidade. Isso pode ajudar aos mantenedo­ genheiro químico formado em 1976, tem
res do BI da empresa a melhorar o apelo e performan­ experiência em gerenciamento de projetos
ce de certas visões ou relatórios. na Europa, América Latina e Estados Uni­
­ Integração total com LDAP/AD e possibilidade de Sin­ dos. Diretor da Konsultex Informática desde
gle Sign On (SSO). 1989, representante da empresa Artemis In­
­ O servidor SpagoBI por ser consultado por web servi­ ternational Solutions Corporation
ces ou seus documentos podem ser inclusos em iFra­ (www.aisc.com), Advanced Management
mes dentro de outros sistemas da empresa, mantendo Solutions (www.amsusa.com) e Software Productivity Research
as mesmas permissões definidas nos drivers analíticos (www.spr.com).
e casos de uso.
­ A disponibilidade de documentos atualizados automati­
camente e on­line torna o SpagoBI apto para atender a
necessidades de BAM (Business Activity Monitoring).

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |65


FORUM ∙ ISAAC NEWTON E O SOFTWARE LIVRE

Isaac Newton e o 
Software Livre
Por Kemel Zaidan
http://www.somewhereinblog.net

Há  muito  tempo  que  ve­ talvez  não  fizesse  ideia  de  que 
nho  querendo  escrever  sobre  estava,  na  verdade,  dando  ori­
assuntos  relacionados  à  comu­ gem não a uma, mas a três coi­
nidade  de  software  livre  e  fico  sas  diferentes:  uma  nova 
feliz  que  a  oportunidade  tenha  categoria  de  software,  um  mo­
chegado  agora,  graças  ao  con­ delo  de  desenvolvimento  e  um 
vite feito pela revista Espírito Li­ movimento  sociopolítico  que 
vre.  Dada  a  natureza  livre  da  mais tarde se tornaria mundial.
iniciativa,  creio  que  este  seja  o  Quando  alguém  invoca  o 
espaço ideal para filosofar acer­ termo  "software  livre"  pode  es­
ca do software livre e trazer no­ tar  se  referindo  ao  conjunto 
vos  ares  ao  debate,  deixando  dessas  três  coisas  ou  a  ape­
de lado velhas questões e abrin­ nas uma delas, e isso é muitas 
do  espaço  a  novos  questiona­ vezes  motivo  de  confusão.  É 
mentos.  Quem  sabe  até,  claro que as três definições es­
acrescentando  uma  pitada  de  tão  ligadas  entre  si  e,  na  reali­
polêmica? dade,  tratam  de  um  mesmo 
Mas afinal, o que é softwa­ assunto,  mas  não  há  como 
re  livre? A  resposta  a  uma  compreender  a  complexidade 
pergunta como essa pode pare­ do  software  livre  sem  perceber 
cer  bastante  óbvia,  mas  não  é.  e  olhar  com  o  devido  cuidado 
Isso porque há múltiplas respos­ para  as  três  diferentes  faces 
tas.  Quando  Richard  Stallman  da  criatura  trazida  à  luz  por 
criou  o  projeto  GNU  em  1984,  Stallman.

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FORUM ∙ ISAAC NEWTON E O SOFTWARE LIVRE

Todas  as  três  formas  de  da  não  estavam  assim  tão  É  com  base  nestas  ques­
se  enxergar  o  tema  são  impor­ visível.  Mas  o  fato  é  que  mes­ tões  que  a  Fundação  do 
tantes  mas,  para  mim,  apenas  mo  as  universidades  começa­ Software Livre surge dando ori­
o software livre enquanto movi­ ram  a  fechar  (ou  a  fazer  gem  a  todo  o  movimento  do 
mento dá conta da complexida­ pressão nesse sentido) os códi­ software  livre.  O  que  veio  em 
de  envolvida  na  questão.  Muita  gos  fonte  de  seus  projetos,  seguida foi apenas uma manei­
gente esquece que o berço des­ com  medo  de  que  isso  geras­ ra  de  responder  positivamente 
se movimento é o universo aca­ se  perda  de  conhecimento,  ou  a  essas  questões.  Entender  o 
dêmico.  O  software  livre  nasce  ainda  pior,  de  prováveis  ga­ ambiente  onde  o  movimento 
no seio da academia e compar­ nhos financeiros. do  software  livre  foi  forjado  é 
tilha com ela os valores intrínse­ Não  é  preciso  refletir  mui­ de fundamental importância pa­
cos à ciência. to  profundamente  para  dar­se  ra  compreender  esses  proble­
Como  cientista  que  era,  conta  de  que  os  objetivos  da  mas  que  se  colocam  frente  ao 
Stallman  já  declarou  mais  de  verdadeira  ciência  nem  sem­ movimento nos dias de hoje.
uma vez que sua motivação pa­ pre  encontram­se  em  perfeita  No  início  de  tudo  o 
ra  criar  a  Fundação  do  Softwa­ harmonia com o espírito do ca­ Software  Livre  era  coisa  de  ci­
re  Livre  se  dava  pela  pitalismo.  Como  proferiu  Isaac  entista,  de  acadêmico.  Foram 
indignação  surgida  no  momen­ Newton  ­  que  afirmou  "Se  en­ eles, por todo o contexto envol­
to  em  que  o  universo  acadêmi­ xerguei  longe  foi  porque  me  vido,  os  primeiros  a  percebe­
co  do  Instituto  de  Tecnologia  apoiei  no  ombro  de  gigantes",  rem  as  vantagens  que  esse 
de  Massachusetts  (MIT),  onde  criando as bases da ciência mo­ modelo poderia trazer. A comu­
ele  era  pesquisador,  começou  derna.  De  que  maneira  poderi­
a  se    "contaminar"  pelos  valo­ am  os 
res expressos através do mode­ cientistas  da 
lo  de  software  proprietário  e  computação 
seu  objetivo  mercantil,  que  já 
naquela  ocasião  se  mostrava 
checar  o  traba­
lho  de  seus  pa­
               No início de 
definitivamente  hegemônico.  A  res  a  partir  tudo o Software Livre era 
verdade é que aquilo que acon­ daquele  mo­
tecia no MIT era apenas a "pon­ mento  e  do  pa­ coisa de cientista, de 
ta  do  iceberg",  uma  vez  que  a  norama  que  se 
instituição  foi  pioneira  no  surgi­ formava  até  acadêmico. Foram eles, 
mento  da  ciência  da  computa­ então?  De  que 
ção  e  daquilo  denominado  forma  poderi­ por todo o contexto 
mais  tarde  como  "cultura  hac­ am  outros  cien­
ker". tistas,  como 
envolvido, os primeiros a 
Se  a  discussão  acerca  de  Stallman, 
beneficiar  de 
se  perceberem as vantagens 
como  o  conhecimento  que  é 
produzido  na  academia  deve  suas  pesqui­ que esse modelo poderia 
ou  não  beneficiar  a  sociedade  sas  caso  estes 
como  um  todo  já  é  polêmica  não  pudessem  trazer.
nos dias de hoje, o que dirá na­ ter  acesso  ga­
queles  dias,  em  que  os  limites  rantido  ao  códi­ Kemel Zaidan
do que acontecia na recém­cria­ go­fonte 
da  ciência  da  computação  ain­ escrito por ele?

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |67
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nidade  do  Software  Livre  era  tantes  originados  a  partir  daí,  cil compartilhar código e conhe­
restrita a uma comunidade aca­ como o GCC, o Emacs e diver­ cimento  acerca  deste, 
dêmica.  Contudo,  ela  já  nascia  sas  bibliotecas  sem  as  quais  generalizando  o  movimento  do 
mundial.  Ainda  acadêmica,  po­ muitos  softwares  não  existiri­ software  livre  além  das  frontei­
rém  mundial.  Universidades  e  am, mas a incorporação do con­ ras acadêmicas.
estudiosos  do  mundo  todo  co­ ceito  de  comunidade  (tão  caro  Interessante  perceber 
meçam a contribuir com o proje­ à  academia  e  à  ciência)  e  dos  que  também  a  Internet  surgiu 
to  GNU,  isto  porque,  valores  comunitários,  a  cada  no  ambiente  acadêmico  e,  ao 
historicamente,  o  conhecimen­ um  desses  universos.  Software  se  popularizar,  populariza  tam­
to e o acesso a ele nunca pude­ livre  e  comunidade  sempre  an­ bém o software livre. Quem uti­
ram  realmente  ser  daram juntos, mas é incrível co­ lizou  as  primeiras  distribuições 
aprisionados  e  o  projeto  GNU  mo  algumas  pessoas  ignoram  GNU/Linux  deve  se  lembrar 
incorporava  essa  proposta  de  esse fato. muito  bem  de  como  era  difícil 
compartilhamento  do  conheci­ A  situação  começa  a  mu­ conseguir  "uma  cópia"1  do  sis­
mento desde o berço. dar  um  pouco  com  o  "boom"  tema  operacional.  Distribui­
Entretanto,  a  maior  contri­ da  Internet  em  meados  dos  ções  como  o  SuSe  e  a 
buição que se seguiu a essa cri­ anos  90,  mais  de  10  anos  de­ brasileira  Conectiva  consegui­
ação  não  foi  a  licença  GPL,  o  pois  da  criação  do  projeto  ram  erguer  empreendimentos 
modelo  de  desenvolvimento,  GNU.  Com  o  surgimento  da  comerciais com base no mode­
ou os inúmeros softwares impor­ Internet, torna­se muito mais fá­ lo  tradicional  de  distribuição  de 
software:  vendendo  "cópias" 
de  software  livre.  O  que  só  foi 
possível  dada  a  dificuldade 
que se tinha de adquirir os pro­
      Quem utilizou as  gramas, embora aquilo que es­
tivesse  sendo  comercializado 
primeiras distribuições GNU/Linux  ali  fosse  radicalmente  diferente 
de sua contraparte proprietária.
deve se lembrar muito bem de  Mas  a  Internet  veio  e  mu­
como era difícil conseguir "uma  dou  tudo.  Se  ela,  por  um  lado, 
em  parte  inviabiliza  um  modelo 
cópia" do sistema operacional.  de  negócio  que  se  baseava  na 
dificuldade  de  se  adquirir  algo 
Distribuições como o SuSe e a  que  podia  ser  compartilhado, 
por  outro  alarga  os  limites  da 
brasileira Conectiva conseguiram  comunidade  do  software  livre 
para  horizontes  nunca  antes 
erguer empreedimentos comerciais  enxergados.  Não  apenas  a  co­
com base no modelo tradicional de  munidade  de  desenvolvedores 
expande­se,  uma  vez  que  não 
distribuição de software... só  os  programadores  amado­
res  passam  a  contribuir  de 
Kemel Zaidan igual  para  igual  com  pesquisa­
dores  profissionais,  mas  cres­
ce  também  o  universo  das 

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FORUM ∙ ISAAC NEWTON E O SOFTWARE LIVRE

contribuições:  tradutores,  artis­ acredito  eu  ter  exposto  aqui,  Apesar de os dois últimos 


tas  gráficos,  escritores  e  toda  passa a influenciar outros movi­ terem  rompido  com  respostas 
a  gama  de  outros  profissionais  mentos  similares.  Um  exemplo  técnicas  a  questões  sociais,  é 
e  amadores  passam  a  contri­ como  o  movimento  de  Cultura  na dimensão de movimento so­
buir  com  o  desenvolvimento;  Livre,  cujo  Creative  Commons  ciopolítico  e  não  meramente 
não  especificamente  do  códi­ é  a  expressão  máxima,  tem  al­ tecnicista  que  a  contribuição 
go,  mas  daquilo  que  o  cerca:  to nível de afinidade com as mo­ de  ambos  ganha  importância. 
tradução,  gráficos,  documenta­ tivações  e  valores  do  Quando  iniciativas  como  estas 
ção. movimento  de  software  livre  e,  passam  pelos  portões  das  uni­
Além  disso,  a  base  de  mais  do  que  isso,  compartilha  versidades  e  ganham  as  ruas 
usuários  expande­se,  uma  vez  com ele também parte das mes­ da  sociedade  é  que  se  tornam 
que  o  software  livre  encontra  o  mas  origens,  uma  vez  que  foi  contribuições para a humanida­
seu canal definitivo de distribui­ "engendrado"  dentro  dos  mu­ de.  Mas  isto  eu  creio  que  seja 
ção. Algo que se encaixa como  ros da academia, mais especifi­ assunto  para  um  próximo  tex­
uma luva: o software livre é cria­ camente  nas  pesquisas  de  to. Para uma primeira participa­
do para estimular o compartilha­ Lawrence  Lessing,  professor  ção  na  Espírito  Livre,  me 
mento  e  encontra  em  outra  de direito da universidade ame­ considero  mais  que  satisfeito  e 
ferramenta  criada  para  o  mes­ ricana  de  Stanford  e  criador  ansioso  por  saber  o  que  aque­
mo  fim  (a  Internet)  o  canal  das  licenças  do  Creative  Com­ les  que  leram  este  texto  acha­
mais  adequado  para  cumprir  mons. rão  dele  até  aqui.  Portanto, 
um de seus objetivos fundamen­ A  própria  comunidade  de  comentários  e  contribuições 
tais. P2P,  que  compartilha  não  ape­ são mais do que bem vindos.
O  aumento  da  base  de  nas  código  e  programas,  mas 
usuários dá origem a um círcu­ qualquer  tipo  de  arquivo,  pas­
sando  por  músicas,  texto  e  fil­ Referências e notas:
lo virtuoso em que estes pressi­
onam  os  desenvolvedores  por  mes,  é  herdeira  direta  do  1. Optei por colocar a palavra "cópia" 
melhorias  nos  programas,  rela­ paradigma  de  compartilhamen­ entre aspas pelo simples fato de que o 
tando  bugs,  requisitando  recur­ to  criado  pelo  movimento  de  conceito de cópia só faz sentido dentro 
do universo do software livre.
sos  e  testando  o  software  Software Livre, fazendo uso ex­
produzido  de  uma  maneira  co­ tensivo da Internet e muitas ve­
mo  era  impossível  de  se  fazer  zes  de  protocolos  abertos  e 
enquanto ele encontrava­se res­ programas open­source.
trito  ao  universo  acadêmico  e  É  claro  que  a  ciência,  o 
dos desenvolvedores. compartilhamento  e  a  cultura 
Encontram­se  descritos  existiam  muito  antes  de  pesso­
KEMEL ZAIDAN aka 
Legendario tem 
até aqui os pilares do movimen­ as  como  Isaac  Newton,  Ri­ formação em artes 
to de software livre: a comunida­ chard  Stallman  e  Lawrence 
cênicas. É ator, 
educador, contador 
de  e  o  compartilhamento.  Ou,  Lessing  surgirem  e  não  há  na­ de histórias, tradutor 
se  quisermos  resumir  tudo  em  da de inovador nisso; no entan­ e coordenador da 
comunidade Ubuntu­
uma  coisa  só,  o  compartilha­ to,  criar  ou  simplesmente  SP, onde atua como 
mento comunitário. perceber  os  modelos  que  con­ ativista em prol do 
templem  e  propiciem  o  fomen­ software livre. 
Esse modelo de comunida­ to  de  uma  perspectiva  de  Comentários podem 
ser feitos através de 
de, de comunidade de comparti­ comunidade,  isso  sim  é  inova­ kemelzaidan@gmail.
lhamento,  cujas  origens  dor. com.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |69
FORUM ∙ UBUNTU PARA TODOS NÓS

UBUNTU PARA TODOS NÓS


Por André Noel

Estamos em plena Copa do Mundo, fato


que mexe com todas as áreas do cotidiano de
um brasileiro, goste ele de futebol ou não.
Nesses dias, vemos até pessoas reclamando
(principalmente pelo twitter) de que não
aguentam mais ouvir falar da Copa na televisão.
Mas não podemos negar que nesses dias as
emissoras têm produzido algumas reportagens
muito boas sobre a África e, mais
especificamente, sobre a África do Sul.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |70


FORUM ∙ UBUNTU PARA TODOS NÓS

Uma dessas reportagens, que repercutiu Aproveitando a estrutura do Debian, e com


muito entre os "informautas", foi do Jornal uma filosofia similar em algumas áreas, além do
Nacional falando sobre o que significa "ubuntu", Live CD que foi popularizado pelo Knoppix, em
que é uma palavra de origem africana. A outubro de 2004, foi lançada a primeira versão
reportagem foi muito boa para falar do peso e do do Ubuntu. Minha primeira reação, na época, foi:
significado que a palavra carrega, e nós usuários "pra que outra distribuição?" e me lembro que
de software livre ficamos felizes com a filosofia disse para um amigo que estava muito feliz com
que o sistema Ubuntu traz junto com o seu o meu Debian para ir testar outra distribuição.
nome.
Mas, a primeira coisa que me chamou a
A filosofia atenção no Ubuntu foi o
apresentada pelo slogan: "Linux para
Ubuntu me O Ubuntu começou seres humanos". Até
convenceu a então, o Linux era um
conhecê­lo e adotá­lo. no caminho inverso, sistema muito pouco
Comecei com o Linux buscando introduzir o Linux difundido entre pessoas
no ano 2000, na fora do contexto da
universidade, usando aos usuários finais através informática (pessoas
velhas máquinas (até normais), apesar de ser
para aquela época)
de um sistema que se muito usado e confiável
com AIX, mas me apresentasse de forma em servidores. O
considero um usuário Ubuntu começou no
Linux a partir de amigável e simples de usar, caminho inverso,
2002. para depois se preocupar buscando introduzir o
Linux aos usuários
Ao começar com em prepará­lo para finais através de um
o Linux, aprendi sobre sistema que se
a filosofia e a
servidores. apresentasse de forma
distribuição que mais amigável e simples de
me agradou foi o André Noel usar, para depois se
Debian, pelo seu preocupar em prepará­
propósito de ser lo para servidores.
sempre livre (nada a ver com o absorvente), ser
estável, confiável, etc. Também me agradou A segunda coisa que me chamou a
muito o foco em usabilidade do GNOME. atenção foi o fato de o Ubuntu vir com tudo que
é necessário para um usuário, mas não mais
Em 2003/2004, o Knoppix fazia muito que isso. Antes do Ubuntu, era comum usar
sucesso ao trazer o Linux para usuários de vários CDs de instalação para instalar uma
sistemas operacionais proprietários sem a distribuição, o que permitia que você instalasse
necessidade de instalação, rodando direto do programas para todo o tipo de uso. Acredito que
CD. Pouco depois surgiu o Gnoppix, que trazia a era uma forma de mostrar que o Linux tinha
mesma ideia, porém com a interface do programas para tudo. Mas era muito chato, por
GNOME, mas não ficou muito conhecido, pois exemplo, escolher dentre vários visualizadores
logo foi agregado ao Ubuntu. de PDF instalados só para ver um documento.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |71


FORUM ∙ UBUNTU PARA TODOS NÓS

Por isso, o Ubuntu selecionou os Linux aos seres humanos com qualidade.
programas mais populares, deixando apenas um Gostaria de encerrar esse texto da mesma forma
para cada propósito, e a ideia era que todo o que o repórter do Jornal Nacional: "Ubuntu para
sistema pudesse ser instalado com apenas um todos nós!"
CD, tendo programas adicionais disponíveis em
repositórios na Internet. Isso simplificou muito,
não exigindo muito espaço em disco, nem uma Mais informações
instalação demorada e maçante.
Site Oficial Ubuntu:
Então a minha conclusão foi: "é essa http://www.ubuntu.com
distribuição que eu quero usar". Nunca fui
preguiçoso quanto ao Linux e sempre gostei de Site Comunidade Ubuntu­br:
aprender, mas ao ver uma distribuição "para http://www.ubuntu­br.org
seres humanos" foi nela que apostei para
difundir o Linux para pessoas que estão Link para reportagem sobre o significado da
começando ou que ainda estão longe do palavra Ubuntu:
software livre. http://miud.in/6xL

Voltando ao significado da palavra, o Site Distrowatch:


software livre tem tudo a ver com o significado http://distrowatch.com
de ubuntu, pois "sou o que sou pelo que nós
somos" resume a ideia de que a comunidade
toda se beneficia com o compartilhar e a
comunidade toda está aberta para ensinar e
aprender mutuamente. A terceira boa surpresa
no Ubuntu foi justamente uma comunidade
acolhedora e que não tem preguiça de
esclarecer dúvidas ou documentar guias para
ANDRE NOEL é bacharel em Ciência da
todo o tipo de necessidade. Computação/UEM, desenvolvedor web,
usuário e entusiasta do Ubuntu.
Por fim, vemos que não é à toa que desde
2005 o Distrowatch registra o Ubuntu como a
distribuição Linux mais usada, pois tem
conseguido fazer jus ao seu nome e trazer o

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FORUM ∙ USE SOFTWARE LIVRE, NÃO USE SOFTWARE PIRATA

Use Software
Livre, não use 
Software Pirata
Por Alexandre A. Borba

Pirataria  é  o  assunto  do  dos  tem  grandes  empresas  co­


momento.  E  a  desculpa  mais  mo  mantenedoras.  Para 
comum  que  ouvimos  é  que  ela  ilustrar  isso  juntarei  neste  arti­
acontece  por  causa  dos  altos  go  vários  programas  para  uso 
preços  das  licenças.  Dizem  até  em  pequenas,  médias  e  até 
que  sem  a  pirataria  as  peque­ mesmo  grandes  empresas.  To­
nas  empresas  deixariam  de  dos eles são gratuitos e de có­
existir,  pois  não  conseguiriam  digo  aberto,  e  dispensam 
arcar  com  essas  despesas.  definitivamente  o  uso  de 
Com essa desculpa muitas pes­ softwares piratas.
soas/empresas pirateiam, princi­
palmente,  sistemas 
operacionais,  suítes  de  escritó­ Primeiro  cenário  ­ 
rio e aplicativos de edição audi­ empresa  adquire  máqui­
ovisual. nas  novas  e  com  siste­
ma  operacional 
Essa desculpa já está fura­ Windows já licenciado
da  faz  tempo.  Hoje  as  comuni­
dades  de  software  livre  estão  Numa  pequena  empresa 
cada  vez  mais  organizadas,  e  precisaremos  basicamente  de 
muitos dos projetos desenvolvi­ uma  suíte  de  escritório.  Isso  é 
facilmente  solucionado  insta­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |73
FORUM ∙ USE SOFTWARE LIVRE, NÃO USE SOFTWARE PIRATA

lando  o  BrOffice.org  para  Win­


da sua máquina, deixando ela li­ Segundo  cenário  ­ 
dows  ­  uma  suíte  completa  vre  para  outras  funções  e  tor­ empresa  adquire  máqui­
que  possui  todos  os  aplicativos 
nando  o  compartilhamento  de  nas  usadas  para  come­
para  um  escritório,  desde  edi­
documentos  entre  sua  equipe  çar suas atividades
tor de textos até editor de apre­
de  trabalho  mais  fácil,  visto 
As  empresas  devem  ficar 
sentações.  que todos os seus documentos 
atentas ao fato de que os siste­
Uma vantagem muito gran­ estarão  acessíveis  de  qualquer  mas  operacionais  de  máquinas 
de  da  BrOffice.org  com  lugar onde se tenha uma cone­ usadas  sempre  ficarão 
relação  às  outras  é  que,  em  nome  dos  seus  pri­
além  de  ser  gratuito  e  meiros  proprietários.  O 
de  código  aberto,  possui  S.O é pessoal e intransfe­
suporte  a  todas  as  ex­
tensões  de  documentos 
         As empresas  rível.  O  computador  será 
seu,  mas  o  sistema  utili­
de  texto  nativamente  devem ficar atentas zado  será  considerado 
desde  .odt  até  .pptx.  ilegal.  Uma  solução  fácil 
Não  será  preciso  insta­ ao fato de que os  pra  isso  é  a  instalação 
lar  nada  adicional  para  de  um  sistema  opensour­
que  ela  suporte  arquivos  sistemas operacionais ce.  O  Ubuntu  oferece  um 
do  MS­Office  2007,  por  suporte  muito  bom,  é  de 
exemplo.  de máquinas usadas  fácil  uso,  e  vem  com  to­
Outro  programa  sempre ficarão em nome  dos  os  seus  aplicativos 
nativos.
também  essencial  para 
o  funcionamento  de  dos seus primeiros  Para  suite  de  escri­
qualquer  empresa  é  um  tório  vem  o  OpenOffi­
bom  cliente  de  e­mails.  proprietários. O S.O. é  ce.org,  que  é  um 
Também  conseguimos 
resolver  isso  facilmente 
pessoal e intransferível.  programa  que  serviu  de 
base  para  o  BrOffice.org 
instalando  o  Mozilla 
Thunderbird  para  Win­
O computador será  que  citamos  acima.  Ele 
vem  também  com  leitor 
dows,  um  ótimo  cliente  seu, mas o sistema  de  pdf's  padrão  chamado 
de  e­mails  com  suporte  Evince,  cliente  de  e­mail 
a  vários  complementos  utilizado será considerado  chamado  Evolution  (mas 
para  customizar  o  seu  ele  também  possui  uma 
uso,  inclusive  a  aparên­ ilegal... instalação em seu reposi­
cia. tório para o Mozilla Thun­
Outra  opção  é  usar  Alexandre A. Borba derbird),  navegador  de 
os  serviços  disponíveis  internet padrão Mozilla Fi­
na  "nuvem".  Os  aplicati­ refox,  dentre  outros  vári­
vos  do  Google  Docs  podem  xão  com  a  grande  rede. A  des­ os programas já nativos.
substituir a suíte de escritório e  vantagem  disto  é  que  se  você  Desta  forma  fica  fácil  per­
o Gmail substitui o cliente de e­ por  acaso  fique  sem  conexão,  ceber  o  quão  fácil  é  montar 
mail.  A  vantagem  do  uso  des­ todos  os  seus  documentos  fi­ uma  pequena  empresa/escritó­
sas  ferramentas  na  "nuvem"  é  cam automaticamente inacessí­ rio  sem  precisar  piratear  ne­
que você tira o peso do proces­ veis. nhum tipo de aplicativo.
samento  dessas  informações 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |74
FORUM ∙ USE SOFTWARE LIVRE, NÃO USE SOFTWARE PIRATA

Terceiro cenário ­ em­ gostam  de  usá­la  em  desk­ As duas opções são de fá­


presa  precisa  montar  tops. Nada contra!). É uma dis­ cil  configuração  e  manutenção, 
uma rede com um peque­ tribuição  muito  estável  com  um  que requerem mão de obra um 
no servidor ciclo de vida bacana. pouco  mais  especializada,  o 
Sabemos  que  uma  licen­ A  outra  opção  que  temos  que não deixa de ser bom para 
sua  empresa,  já  que  seus  da­
ça  de  um  sistema  operacional  e  que  eu  particularmente  gosto 
dos ficarão neste servidor.
Windows  para  servidores  não  muito  é  o  CentOS,  que  seria 
é das mais baratas. E no quesi­ uma espécie de versão commu­ Essas  são  algumas  das 
to "empresa pequena começan­ nity  do  Red  Hat.  É  uma  distro  possibilidades de como se utili­
do  sem  muita  grana"  os  S.O.'s  muito estável e fácil de configu­ zar  softwares  opensource  ou 
para  servidores  da  Red  Hat  rar,  não  devendo  em  nada  pa­ gratuitos  no  lugar  de  softwares 
também  ficam  um  pouco  ca­ ra  o  Debian.  Na  verdade,  piratas.  Fazendo  isso,  além  de 
ros. O que fazer então?  quando  se  pergunta:  Debian  ajudar a diminuir a pirataria vo­
ou  CentOS?  A  resposta  vai  fi­ cê  também  trabalha  dentro  da 
Uma das opções é a distri­
car a cargo do gosto do sysad­ lei.
buição Debian, muito usada pa­
min  ou  do  dono  da  empresa, 
ra servidores (na verdade ela é  *  Este  artigo  teve  a  contribui­
pois ambas são excelentes dis­ ção de Larissa Ventorim
voltada  para  servidores,  porém 
tribuições.
alguns  mais  frenéticos  também 

      A outra opção que 
temos e que eu particularmente 
gosto muito é o CentOS, que seria 
uma espécie de versão community 
do Red Hat. É uma distro muito 
estável e fácil de configurar, não 
devendo em nada para o Debian. 
ALEXANDRE A. 
Na verdade, quando se pergunta:  BORBA é 
desenvolvedor de 
Sistemas Web em 
Debian ou CentOS? A resposta vai  PHP, Eestudante de 
Ciência da 
ficar a cargo do gosto do sysadmin  Computação e 
grande entusiasta e 
defensor do 
ou dono da empresa... Software Livre. 
Participa da 
comunidade TUX­ES 
Alexandre A. Borba e ainda contribui na 
gestão das mídias 
sociais da Revista 
Espírito Livre.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |75
FORUM ∙ AS ORIGENS DO SOFTWARE LIVRE

As origens do
Software Livre
Por Wilkens Lenon

Alxa.ru

Meus  caros  leitores/as  vou  logo  avisando: 


este é um texto um pouquinho longo, mas que vale 
a  pena  ler  até  o  fim.  Perdoem  seu  colunista  pela 
falta  de  modéstia,  mas  não  se  preocupem,  no  final 
vocês vão gostar. Boa leitura!
Vamos  lá?  Na  última  coluna  fiz  uma 
introdução  a  esse  assunto  que  considero 
extremamente  importante  para  uma  melhor 
compreensão  da  sociedade  contemporânea.  Afinal, 
vivemos  em  um  novo  modelo  de  sociedade  cujo 
principal ativo é o conhecimento.
Na  Era  da  Informação  o  conhecimento  é 
moeda,  talvez  mais  do  que  isso  [   conhecimento  é 
riqueza. É justamente por isso que o Software Livre 
é  importante!  Porque  é  o  paradigma  da  liberdade 
de  acesso  aos  saberes,  da  produção  em  rede 
através do compartilhamento das ideias.
Existe  muita  gente  contra  a  prática 
colaborativa,  mas  geralmente  são  pessoas  e 
instituições que se beneficiam do modelo do código 
fonte  fechado.  Modelo  esse  que,  por  enquanto, 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |76
FORUM ∙ AS ORIGENS DO SOFTWARE LIVRE

domina  o  mercado  de  software,  e  por  tabela,  de  multinacionais  do  mercado  de  tecnologias 
do  conhecimento/produção  cultural,  numa  digitais. 
parceria  nefasta  com  a  indústria  do 
A  experiência  mais  interessante  nas 
entretenimento.  Interessante  que  lá  atrás,  na 
origens  do  Software  Livre  foi  realizada  dentro 
origem da moderna informática, todo mundo se 
da  academia  (universidades  e  institutos  de 
beneficiava  das  práticas  colaborativas  com  o 
pesquisa).  O  Sistema  Operacional  UNIX  que, 
intuito de dominar as tecnologias emergentes.
inicialmente,  tinha  seu  código  fonte  aberto  foi 
Só  lembrando  que  CÓDIGO  FONTE  são  criado por Kem Thompson e Dennis MacAlistair 
as  instruções  escritas  pelo  programador  do  Ritchie,  ambos  funcionários  do  Centro  de 
computador e que são compreensíveis a toda e  Investigação  de  Ciências  Computacionais  dos 
qualquer pessoa que saiba ler na linguagem de  laboratórios  Bell  em  1969.  Naquela  época 
programação  em  que  o  software  foi  estudantes,  professores  e  pesquisadores 
escrito/desenvolvido.  Nada  demais  para  quem  faziam  esforços  para  melhorar  o  conhecimento 
se  dedica  ao  assunto.  Um  detalhe  importante:  tecnológico  e  o  UNIX  era  um  protótipo  para 
com  o  software  livre  qualquer  pessoa  vários  outros  projetos  existentes.  O  Berkley 
interessada  pode  ter  acesso  a  esse  Software  Distribution  (FreeBSD),  que  é  um 
conhecimento.  O  código  fonte  fechado  torna  sistema  operacional  livre  extremamente 
essa  possibilidade  simplesmente  impossível.  robusto,  é  resultado  de  um  desses  projetos 
Quando  o  código  é  fechado  só  a  máquina  realizado na universidade de Berkley, California 
entende  tais  instruções,  porque  o  que  existe,  ­ USA.
nesta  fase  da  programação,  é  apenas  um 
Em  1979  a  AT&T  fechou  o  código  do 
conjunto  de  informações  binárias  ininteligíveis 
UNIX  anunciando  ao  mundo  que  a  partir 
ao  ser  humano.  Só  compreensíveis  pelo 
daquele momento o conhecimento iria sofrer as 
computador. 
limitações  do  modelo  proprietário  de 
Bem,  continuando  nossa  história...O  desenvolvimento  de  software.    E  foi  isso  o  que 
período de 1950 a 1960 foi muito produtivo em  aconteceu.  Todavia,  não  sem  uma  resposta 
termos de criação de tecnologias digitais. Havia  contundente da comunidade hacker da época. 
troca  de  códigos  fontes,  sem  restrições,  entre 
empresas  como  a  IBM,  os  laboratórios  Bells,  o  A liberdade de ser executado

Eftspain
MIT  e  várias    universidades  (AGUIAR  et.  al.,  para qualquer fim.
2009).  Algumas  grandes  empresas  da  área, 
nanicas  na  época,  se  beneficiaram  da 
colaboratividade dos hackers.
Interessante que alguns caras pálidas que 
Não
hoje  tem  seus  bilhões  investidos  em  Wall 
importa
Street,  como  fruto  do  atual  modelo  proprietário 
onde e
(fechado)  de  software,  criticavam  as  indústrias 
nem
de  hardware  (a  parte  física  do  computador) 
como.
porque  não  haviam  aberto  os  projetos  das 
máquinas  que  até  então  estavam  sendo 
produzidas  como  arquiteturas  fechadas. 
Queriam  a  abertura  das  arquiteturas  das 
máquinas para colocar em prática o que temos  O importante é que seu usuário
hoje,  um  modelo  de  código  fechado  de  poderá utilizá- lo onde, como e
software  que  beneficia  apenas  meia  centena  quando desejar.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |77
FORUM ∙ AS ORIGENS DO SOFTWARE LIVRE

Em  1983  Richard  Metthew  Stallmam,  um  Mas,  o  que  é  Software  Livre  de  acordo 
jovem  cientista  do  MIT,  se  rebela  contra  essa  com  a  FSF?  Respondendo:  é  qualquer 
nova  situação  e,  junto  com  outros  hackers,  software  que  possua,  simultaneamente,  as 
pública  o  manifesto  GNU.  Buscando  o  retorno  quatro liberdades:
do  modelo  anterior  ele  cria  a  Free  Software 
Foundation  (FSF)  [   a  Fundação  do  Software 
Livre  a  partir  da  qual  lançou,  no  mesmo 
período,  os  fundamentos  conceituais  do 
Software Livre.

Primeira:  A  liberdade  de  ser  Segunda:  A  liberdade  para  qualquer 


executado  para  qualquer  fim.  Não  pessoa  estudar  como  o  programa 
importa  onde  e  nem  como.  O  funciona,  poder  adaptá­lo  para  as 
importante  que  seu  usuário  poderá  suas  necessidades.  Para  que  isso 
utilizá­lo  onde,  como  e  quando  seja  possível  é  preciso  ter  acesso  ao 
desejar.  código fonte.

Terceira:  A  liberdade  de  poder 


distribuir  as  cópias  do  software  de 
modo  que  possa  ajudar  ao  seu  Quarta:  A  liberdade  de  modificar  o 
próximo.  Isso  não  impede  o/a  programa  e  liberar  estas 
usuário/a  de  empacotar  um  Software  modificações  de  modo  que  toda  a 
Livre de forma personalizada e vendê­ comunidade  se  beneficie.  Acesso  ao 
lo.  Não  é  uma  questão  de  preço,  mas  código­fonte  é  um  pré­requisito  para 
de  liberdade  para  usar,  estudar,  esta liberdade.
conhecer,  aperfeiçoar  e 
distribuir/redistribuir como desejar.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |78
FORUM ∙ AS ORIGENS DO SOFTWARE LIVRE

abertura  do  conhecimento  através  dos 


Softwares  Livres.  Depois  da  GPL  apareceram 
Pode usar o muitas  outras  licenças  para  uso  de  quem 
quisesse  tornar  um  software  livre  (da  lei  do 
copyright).
Linux sem Veja  que,  novamente,  é  uma  questão  de 
liberdade.  Quando  eu  invento  alguma  coisa, 
medo nenhum seja  lá  o  que  for,  eu  não  tenho  o  direito  de 
compartilhar nada porque o copyright, da forma 
como  está  definido,  impede­me  de  fazê­lo.  O 
porque o copyleft  ,  por  outro  lado,  me  liberta  das 
imposições  da  lei  do  copyright.  O  Copyleft  me 
sistema é bom, permite  fazer  o  quiser  com  o  meu  software, 
menos fechar o código.

bonito e barato. Dessa  maneira,  todo  autor/desenvolvedor 


de  software  que  desejar  tornar  seu  código 
aberto  (livre)  pode  licenciá­lo  sob  GLP,  ou  sob 
algumas  das  outras  licenças  livres  existentes 
como  a  Creative  Commons,  a  LGPL,  ou  outra 
Richard Stallmam foi um marco na história  licença do gênero, que garanta a liberdade e os 
do  conhecimento  porque  inventou  o  conceito  direitos do autor e também dos usuários/as. 
jurídico  de  conhecimento  compartilhado.  E  Em  1987  aconteceu  um  fato  interessante. 
como fez isso? Criando o COPYLEFT ­ cDireito  Um  desenvolvedor  chamado  Andrews 
de  executar,  copiar,  estudar  e  Tanenbaum  lançou  um  UnixLike  (um  sistema 
distribuir/redistribuir  as  cópias  aperfeiçoadas  derivado  do  UNIX)  e  o  batizou  com  o  nome  de 
dos projetos de softwaresd. MINIX. O código fonte do Minix que rodava em 
Copyleft  é  isso  mesmo  [   direito  de  Pcs  da  IBM,  Mac  da Aple,  amiga  e Atari  da  ST 
compartilhar  conhecimento  na  forma  de  era  aberto.  Isso  possibilitou  que  muitos 
programa  de  computador!  Esse  instituto  estudantes  tivessem  acesso  ao  código  do 
jurídico  ficou  estabelecido  através  das  Minix.  Não  deu  outra!  Linus  Torvalds  que,  na 
LICENÇAS  LIVRES  que  definem  as  regras  época,    estudava  ciência  da  computação  na 
para  a  utilização  dos  softwares  livres  pelos  universidade  de  Helsinki,  Finlândia,  utilizou  o 
usuários/as.  Para  isso,  foi  lançada,  na  mesma  MINIX  para  criar  um  sistema  que  pudesse 
época, pela Free Software Foundation, a GPL [   conectar  o  seu  computador  com  os  servidores 
General  Public  Licence  (a  Licença  Pública  da universidade. Ele conseguiu. 
Geral). A GPL tornou­se a garantia legal de que  Diz a lenda (rsrsrs) que "após seis meses 
um software livre, uma vez livre (licenciado sob  de  confinamento  em  seu  quarto",  elaborando 
GPL),  seria  livre  para  sempre.  Humm,  mas,  seu  projeto  de  conclusão  de  curso,  conseguiu 
isso queria dizer o que exatamente? Seguinte: desenvolver  um  kernel  de  sistema  operacional. 
A  partir  de  então  todo  software  licenciado  Kernel  é  um  conjunto  de  instruções  (linhas  de 
nos  termos  da  GPL  e  também  todo  software  programação) que forma o coração do sistema. 
derivado  ou  aproveitando  qualquer  pedaço  de  Linus pegou o resultado desse trabalho inicial e 
um código sob GLP não poderia mais ter o seu  fez algo que mudou a história do conhecimento 
código  fechado.  Foi  a  forma  como  Stallmam  e  para  sempre.  Ele  compartilhou  o  que  havia 
seus  parceiros  imaginaram  preservar  a  criado  com  a  comunidade  de  hackers  através 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |79
FORUM ∙ AS ORIGENS DO SOFTWARE LIVRE

das  redes  BBS  e  USENETS  (os  "fóruns"  de 


discussão  da  época).  Como  retorno,  pouco 
tempo  depois,  obteve  contribuições  de  hackers 
do  mundo  todo  com  um  nível  de 
aperfeiçoamento  surpreendente  em  cima  do 
projeto  que  iniciara.  Em  1991,  Torvalds  tinha 

Archieoi
em  mãos    um  sistema  operacional  (SO),  digo 
um kernel de invejável robustez que seria difícil 
alguém  sozinho  ou  um  pequeno  grupo  ter 
desenvolvido em tão pouco tempo. 
Dos  contatos  que  Linus  Torvalds  fez 
certamente  o  mais  importante  foi  o  realizado 
com  o  Stallmam.  Nosso  hacker  do  MIT,  junto 
com os parceiros da FSF já havia desenvolvido 
uma  gama  de  aplicativos  para  o  projeto  GNU, 
mas  ainda  faltava  o  kernel...o  resto  da  história 
é fácil de deduzir. O kernel chegou e completou 
um  dos  mais  complexos  e  robustos  sistemas 
operacionais  conhecidos  atualmente,  o 
GNU/Linux.  
O  GNU/Linux,  como  ficou  conhecida  a 
união  dos  projetos  de  Stallmam  e  Linus 
Torvalds,  possui  uma  comunidade  de  mais  ou  você acessa um site é muito provável que seja 
menos  150000  colaboradores  espalhados  por  o  apache  o  servidor  web  a  lhe  disponibilizar  a 
todo  o  mundo.  É  uma  comunidade  página que aparece na tela do seu computador. 
extremamente  organizada,  produtiva  e  Lembre­se  disso  enquanto  estiver  lendo  esta 
disciplinada.  São  comunidades  como  essa  que  Coluna :).
estão  transformando  o  nosso  mundo  através  O  google  possui  a  base  das  suas 
das práticas colaborativas em rede.  aplicações  desenvolvidas  em  cima  de  software 
Daquela  época  pra  cá,  os  projetos  de  livre.  No  celular,  no  PDA,  no  palmtop,  no 
software livre se multiplicaram aos milhares. Só  smartphone,  no  foguete  da  Nasa,  na  maioria 
no  www.sourceforge.net  são  mais  de  140000  dos  supercomputadores  existentes,  no 
projetos  de  softwares  livres  registrados.  Algo  laboratório científico da faculdade, enfim, numa 
realmente  surpreendente  em  termos  de  infinidade  de  equipamentos  tem  software  livre 
inventividade, pesquisa e desenvolvimento. Por  rodando.  Sobretudo,  no  funcionamento  da 
isso, é importante lembrar que quando usamos  Internet existem os protocolos, os padrões e os 
um  software  livre  "de  graça"  devemos  tudo  a  formatos  baseados  em  software  livre.  Sem  os 
boa  vontade/DÁDIVA  desses  "loucos"  hackers  protocolos  de  comunicação  como  o  TCP/IP 
que  colocam  seu  talento  a  disposição  da  (que  é  livre)  não  haveria  Internet.  Não  nos 
sociedade na rede. moldes  abertos  como  a  Internet  é  hoje,  apesar 
dos ataques às liberdades na rede.
O  melhor  e  mais  robusto  servidor  web  do 
planeta  é  o  Apache.  É  um  software  Livre  que  Cada  dia  mais  o  software  livre  está 
ganhou  tal  fama  por  conta  da  sua  comunidade  presente  em  nosso  cotidiano.  A  resistência  é 
de colaboradores que trocam conhecimento em  grande  por  conta  da  colonização  tecnológica 
torno  do  seu  desenvolvimento.  Toda  vez    que  que  sofremos  por  mais  de  duas  décadas  e 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |80
FORUM ∙ AS ORIGENS DO SOFTWARE LIVRE

meia  em  nosso  país.  Mas,  isso  está  mudando.  Na  próxima  coluna  falarei  sobre  as 
É  uma  questão  de  tempo.  Nada  vai  parar  a  distribuições  (os  sabores)  do  GNU/Linux  mais 
onda do compartilhamento.  conhecidos. Tem sabores para todos os gostos. 
Nesse  looonnngo  texto  eu  quis  Pagos.  De  graça.  De  graça  e  pago.  O  mais 
contextualizá­lo/la  em  relação  às  origens  importante  é  que  você  pode  escolher  e  até 
históricas  do  Software  Livre.  Isso  é  importante  rejeitar  se  quiser.  No  mundo  do  Software  Livre 
para que saibamos fazer a correta leitura dessa  sempre  tem  uma  opção  do  seu  agrado.  Até  a 
sociedade  do  conhecimento  na  qual  todos  próxima!
estamos  inseridos.  E  como  sempre  digo  que 
não tenha medo de ser feliz. Pode usar o Linux  WILKENS LENON
sem  medo  nenhum  porque  o  sistema  é  bom,  É  funcionário  do  Ministério 
Público  na  área  de  TI. 
bonito  e  barato. Algumas  vezes  sai  de  graça  e  Licenciado  em  computação  pela 
não  é  pirata  como  o  seu  windows  de  casa.  Universidade  Estadual  da 
Acertei?  Tudo  bem.  Então,  conheça  as  opções  Paraíba.  Usuário  e  ativista  do 
e  experimente.  Eu  indico  o  Ubuntu  para  quem  Software  Livre  tendo  atuado 
deseja  experimentar!  Aprenda  e  mude  para  como  Conferencista  e  Oficineiro 
no  ENSOL,  FLISOL,  Freedom 
uma  tecnologia  que  trás  em  seu  bojo  as  ideias 
Day,  etc.  É  líder  da  iniciação  de  Inclusão  Sócio­Digital 
e a prática da liberdade.
Projeto Edux. www.projetoedux.net

REFERÊNCIAS

Esse link é de um dos melhores livros que li sobre o assunto [  agora, compartilho com vocês: Aguiar, Vicente Macedo de et. al. 
Software Livre, Cultura Hacker e Ecossistema da Colaboração. Ed. Momento. São Paulo. 2009. in http://softwarelivre.org/livro
Sobre a Cultura hacker in:  http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=951
Site da Free Software Foundation: sobre a definição d Software Livre http://www.fsf.org/licensing/essays/free­sw.html 
Para entender o que a Internet tem a ver com tudo o que venho falando na coluna: Silveira, Sérgio Amadeu. et. al. DIVERSIDADE 
DIGITAL E CULTURA. 2007. em http://www.cultura.gov.br/site/2007/06/20/diversidade­digital­e­cultura­por­sergio­amadeu­e­
associados/ 
Sobre as licenças de software livre: http://pt.wikipedia.org/wiki/Licen%C3%A7a_de_software_livre 
Sobre a GPL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Licen%C3%A7a_P%C3%BAblica_GNU

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |81
FORUM ∙ COMO ATUAR NUM GRUPO DE USUÁRIOS?

Como atuar num grupo de 
usuários?
Por Flávia Suares e Hailton David Lemos

Stephanie Hofschlaeger ­ sxc.hu

Para  iniciarmos  este  assunto  precisamos 


saber  o  que  é  grupo  de  usuários.  Um Grupo  de 
Usuários  é um grupo de  pessoas  que  comparti­
lham um  interesse  comum  por  um  determinado 
assunto a fim de trocar ideias e informações.
Um grupo geralmente tem uma lista de dis­
cussão  ou  um  fórum  para  realizarem  as  discus­
sões. Discussão  é  todo  questionamento, 
dúvidas ou notícias postadas pelos membros. Al­
guns grupos possuem  líderes,  outros  não.   Cha­
mamos  de  comunidade  todo  o  grupo  de 
usuários.
Alguns  grupos  realizam  eventos,  encon­
tros,  outros  ficam  apenas  nas  discussões  virtu­
ais.  A  estrutura  de  um  grupo  é  formada  por 
líderes  e  membros.  O  criador  da  lista  é  chama­
do moderador. 
Existem  grupos  de  diversos  assuntos, que 
podem  variar  de  tecnologias  simples  a  avança­
das, livres ou proprietárias ou ainda uma junção 
dessas  vertentes. Fazendo  parte  de um  grupo 

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |82
FORUM ∙ COMO ATUAR NUM GRUPO DE USUÁRIOS?

de usuários, podemos trocar  conhecimentos, ex­ apenas dos líderes, mas também de você.
periências  e/ou  informações com  profissionais  Os líderes, no seu papel, ocupam uma po­
que  atuam  no  mercado,  além  de  acadêmicos. É  sição  de  linha  de  frente.  Quando  se  ocupa  uma 
um  processo  de  simbiose,  "um  ajuda  ao  ou­ posição  desta,  a  comunidade  espera  muito  de­
tro".  Você  posta  uma  dúvida  sobre  um  assunto  les.
e  alguém  te  responde.  Outra  coisa  legal  é  ficar 
por dentro de eventos e novidades. Um grupo se fortalece quando se tem líde­
res  empenhados  e  uma  comunidade  interessa­
Atuar  numa  comunidade, ou estar  engaja­ da.  Pense  nisso!  Contribua  com  o  crescimento 
do  num  grupo vai muito  além  de  responder  uma  do seu grupo, você pode muito mais do que vo­
pergunta  na  lista ou  ficar  apenas  como  "abelhu­ cê pensa! Interaja e que tal começar isso hoje?
do", lendo as mensagens postadas. Estar engaja­
do   é  dedicar  um período  do  seu  dia, horas  do 
seu  tempo  para  fazer  um  trabalho  voluntário,  é 
acreditar, abraçar e seguir em frente no projeto.
Fazer  parte  de  um  trabalho  assim  ajuda  a  Para mais informações:
desenvolver  o lado  humano,  o  instinto  humano  Artigo na Wikipedia sobre Lista de Discussão
colaborativo.  Além  disso,  com  o  tempo,  você  http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_discussão
cria  laços  de  amizades.  Aprende  a  desenvolver 
as  relações  interpessoais,  aprende  a  lidar  com  Artigo na Wikipedia sobre Networking
pessoas  em  diferentes  situações  e  a  trabalhar  http://pt.wikipedia.org/wiki/Networking
em equipe. 
Você pode divulgar seu(s) trabalho(s) na co­
munidade,  e  novas  oportunidades  de  trabalho 
ou  freelance  podem  chegar  até  você,  uma  vez 
que você também esta criando uma rede de rela­
cionamentos, fazendo networking.
Com  o  tempo,  todos  passam  a  conhecer 
FLÁVIA SUARES (flaviasuares@hot­
seu trabalho na comunidade, e o reconhecimen­ mail.com) é Jug Leader do Gojava ­ 
to será fruto de todo seu esforço. Outro fator im­ www.gojava.org, desde 2008.
portante  é  você  ver  seu  projeto  no  futuro  ser 
reconhecido  e  você  ver  que  fez  parte  dele,  ou 
ajudou a crescer.
Mas como ajudar ou participar disso tudo?
Manifeste­se  na  lista,  responda às  discus­
sões  (tente  ajudar), tente  interagir  com  os  líde­ HAILTON DAVID LEMOS (hailton@ter­
res  do  grupo.  Prontifique­se  como  voluntário.  ra.com.br) Bacharel em Administração de 
Empresas, Tecnologo em Internet e Re­
Por  exemplo, você  pode  ajudar  o  grupo  na cria­ des, Especialista em: Tecnologia da Infor­
ção de sites,  programas, eventos, palestras, arti­ mação, Planejamento e Gestão 
Estratégica, Matemática e Estatistica. Tra­
gos  e  até  mesmo  na  gestão.  Sempre  há  um  balha com desenvolvimento de Sistema 
lugar para você se encaixar. há mais de 20 anos, atualmente desenvol­
ve sistemas especialistas voltados à pla­
É importante que os grupos realizem even­ nejamento estratégico, tomada de 
tos e criem oportunidades para a comunidade in­ decisão e normas ISO utilizando platafor­
ma Java e tecnologia Perl, VBA, OWC, é 
teragir. A comunidade precisa e espera isso, não  membro do GOJAVA (www.gojava.org).

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |83
GRÁFICOS ∙ DESMISTIFICANDO A COMPUTAÇÃO GRÁFICA LIVRE

Desmistificando a Computação
Gráfica Livre
Por Milla Magri

Comecei minha jornada fascinante pela computação grá­ Assim sendo, esse artigo será de extrema relevância pa­
fica logo depois de conhecer meu companheiro RazGriz. ra quem quer conhecer e para os leigos que estão inician­
Com isso comecei a comparecer com maior assiduidade do seu aprendizado neste segmento.
aos eventos de computação gráfica e de Software Livre.
Entendendo os Dois Mundos
Já conhecia o SL desde 2006 e realizei algum eventos no
DF. Dessas idas e vindas e depois de várias conversas Computação gráfica
com amigos percebi uma coisa muito nítida. Não ouvia mui­ Denomina­se Computação Gráfica a geração de ima­
to se falar sobre a História da Computação Gráfica e das gens digital, volumétricas em geral, ou a recriação daquilo
suas ilhas. Daí então surgiu meu interesse particular em que vemos (mundo real). É utilizada por diversos segmen­
começar a pesquisar sobre esse tema. Comecei a buscar tos, inicialmente pela própria informática para a criação de
na internet e através dos amigos algumas informações re­ interface de software, sistemas operacionais, sites, anima­
levantes para compartilhamento. ção e jogos e também em artes, arquitetura, cinema, en­
Mas antes de irmos a fundo é necessário deixar a no­ genharia, geoprocessamento, medicina, design visual e
menclatura computação gráfica vs. design gráfico de lado. etc.
Sabendo que há uma certa rixa entre esses dois pólos pro­ Alguns conceitos relevantes da computação gráfica são:
fissionais por defenderem opiniões diferente, porém um ­ Imagem: imagem comum desenho ou fotografia.
não sobrevive sem o outro. ­ Pixel: são pontos de cor que formam uma imagem. To­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |84


GRÁFICOS ∙ DESMISTIFICANDO A COMPUTAÇÃO GRÁFICA LIVRE

do o formato de vídeo que vemos hoje em monitores, te­


levisores, celulares, cinema são formados por pixels.
­ Gráfico: representações visuais em uma superfície e ,
pode ser bidimensionais ou tridimensionais.
­ Renderização: gerar uma imagem a partir de modelos
em um mundo tridimensional.
Alguns softwares de computação gráfica livre: Inkscape
(desenhos vetoriais), GIMP (editor de Imagem), Ocad
(CAD), Cinelerra (edição de vídeo), Blender (modeladores
3D).

Design Gráfico
Resumidamente é a forma de se passar um conceito,
uma ideia sobre algo de maneira impressa ou digital. Atu­ Interface do GIMP

ando nos seguintes segmentos: identidade corporativa, de­ para muitos e assim se perdeu muito da visão contempo­
sign de embalagens, design editorial, sinalização, tipogra­ rânea do design gráfico. Tanto que hoje a falta de capaci­
fia. Na verdade o profissional de design gráfico é uma tação para geração de bons profissionais é um grande de­
mente criativa que visa utilizá­la para a comunicação visu­ safio a ser enfrentado pelo segmento.
al.
Softwares Livres e a Computação Gráfica
O design gráfico começou na pré­história com as pintu­
ras nas cavernas, como as de Lascaux e se estende atra­
Livre
vés do tempo até as luzes de Ginza. Desde o inicio o ho­ Claro que teria inúmeros software aos quais poderia fa­
mem tinha necessidade de se expressar, de transmitir lar, mas como tema central da minha pesquisa optei pelos
suas ideias. 3 que estão envolvidos diretamente com o meu trabalho.

Design Industrial GIMP


Piet Mondrian é considerado o pai do design gráfico. Os Criado em 1995 por Spencer Kimball e Pette Mattis, foi
seus grids são usados até hoje em anúncios, impressos e feito como projeto de faculdade, hoje é mantido por um
diagramações da web. Em 1849, Henry Cole se tornou grupo de voluntários e licenciado pelo GNU­GPL.
um dos maiores educadores de design no Reino Unido. Foi criado inicialmente como projeto de faculdade mas
Os livros mais importantes são de William Morris. Ele foi hoje é usado como uma boa solução para quem não quer
um dos pioneiros na separação de design de produção e uilizar o Adobe Photoshop. Ainda é pouco utilizado por
de arte. Seu legado indiretamente foi responsável pelo de­ gráficas e agências, muito pela falta de conhecimento e
senvolvimento do design gráfico no século XX. cultura.
Foi um dos pioneiros em software livre voltados para
Design do Século XX
usuários finais, abrindo precedente para outros projetos
­ Walter Groius: Fundador da primeira escola de design como GNOME, KDE e Mozilla.
do mundo : a Bauhaus. É utilizado para criar ou manipular imagens e fotografias,
­ Hebert Bayer, Laszlo Moholy, Nagy e El Lissitzky são composição de imagens, alterar decores, fazer pequenos
os pais do design gráfico moderno. ajustes e converter arquivos de diferentes formatos, dentre
outras utilidades.
Design do Século XXI
Algumas desinformações em relação ao GIMP
Ouve uma queda de grande impacto. Os grandes revolu­
cionários da época não conseguiram servir de inspiração Incompatibilidade com modo CMYK: para solucionar is­

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |85


GRÁFICOS ∙ DESMISTIFICANDO A COMPUTAÇÃO GRÁFICA LIVRE

so foi criado um Plugin ( Separate) que converte o Modo


RGB para CMYK. Hoje as gráfica mais modernas ( Bureau
de impressão, Gráficas de grandes formatos e etc) já es­
tão equipadas com impressoras capazes de executar a
conversão sem que seja necessário alguma interversão.
Para a impressão digital, a conversão, desde os seus pri­
mórdios era desnecessária.
Pantone: na realidade é uma empresa que produziu um
sistema de cores baseado em cartões. Este só funciona
com o modo CMYK. Para a utilização da escala Pantone é
necessário que seja comprada independente de se usar
software livre ou proprietário.
Incompatibilidade com outros sistemas operacionais li­
vres ou proprietários: o GIMP funciona sem nenhum proble­
ma de desempenho em todas as plataformas conhecidas : Interface do Inkscape
Mac Os X, Windows (a partir do XP).
Do nome: Inicialmente a sigla significava: General Image Inkscape
Manipulation Program, foi mudada em 1997 para GNU Ima­ O Inkscape é um Fork do Sodipodi, criado no final de
ge Manipulation Program, integrante oficial do Projeto 2003 por quatro desenvolvedores do próprio Sodipodi:
GNU. Bryce Harrington, MenTaLguY, Natan Hurst e Ted Gould. É
utilizado como software de editoração de imagens e de
O GIMP e seu ecossistema
documentos vetoriais (imagens interligadas por pontos). É
Hoje possuímos uma gama enorme de informações e tu­ um software relativamente novo, tem uma equipe de de­
torias disponíveis na internet. O Portal O GIMP senvolvedores muito rápidos, o que garante extrema com­
(http://www.ogimp.com.br) é o portal brasileiro do software petitividade com os software proprietários que dominam o
que visa difundir os trabalhos e conhecimentos de GIMP mercado.
no Brasil. Outros links interessantes: El Diablo Criativo A missão era criar uma ferramenta de desenho que im­
(http://razgrizbox.worpress.com), GIMPLAB (http://gim­ plementasse completamente o formato SVG, que fosse
plab.wordpress.com), fórum mais movimentado do Brasil escrita em C++, com uma nova interface, mais amigável e
sobre o GIMP (www.gimp.com.br) e o meu blog Casal de código aberto, usando um processo de desenvolvimen­
GIMP voltado para os iniciantes na utilização do software to orientado à comunidade.
(http://casalgimp.wordpress.com).
Significado do nome Inkscape
Principais colaboradores nacionais
É a junção das palavras em ingês : "ink" e "scape".
­ Guilherme RazGriz: Atual mantenedor do portal O Ink: que significa tinta, é um tipo de substância comum
GIMP e do Blog El diablo Criativo. Vem dando sua con­ quando se fala em desenho. É usada quando o trabalho
tribuição através do artigos que escreve e participando está pronto para ser permanentemente fixado no papel.
de eventos de Software Livre. Daí vem a ideia de que o inkscape está pronto para o tra­
­ João Bueno: contribui para a tradução do programa já balho em produção.
há vários anos ,atua também como palestrante de even­ Scape: é uma visualização de um grande número de ob­
tos difundindo a usabilidade do software. É o único bra­
sileiro que atua como desenvolvedor . Wilber (o cachorro) foi criado em 1997 por
Tuomas Kuosmanen, conhecido como tigert, já
­ Anderson Prado: fundador do portal O GIMP teve várias edições aparecendo com pincel na
boca, chápeu e etc. É o mascote oficial do
­ Mozart Couto: Mestre, ilustrador brasileiro que utiliza o programa.
GIMP para pintar quadrinhos.

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GRÁFICOS ∙ DESMISTIFICANDO A COMPUTAÇÃO GRÁFICA LIVRE

jetos, tais como uma paisagem (em inglês: ção no Blender e juntando a sequencia
landscape) ou o mar (em inglês: oceans­ no GIMP, da mesma forma pode ser usa­
cape). Isto alude à natureza orientada a do o mesmo processo para imagens as
objetos das imagens em vetor. quais o Blender não suporte.
Diversos filmes e animações utilizaram
Raio X
o Blender como por exemplo: Elephants
O Inkscape Brasil (www.inkscapebra­ Dream, Homem­aranha 2, Shrek, A Era
sil.org) é a comunidade brasileira do do Gelo e Toy Story 3.
software, liderada pelos desenvolvedores
O Blender no Brasil
brasileiros do programa Aurium e Felipe
Sanches (Juca). Comunidade essa consi­ Hoje existe no brasil a Comunidade
derada bastante ativa e atuante nos even­ Blender Brasil (www.blenderbra­
Big Buck Bunny, personagem
to de software livre, geralmente focadas principal da primeira animação livre sil.com.br) entidade sem fins lucrativos
nas áreas de cultura digital. que visa difundir o Blender no país. Dos
O núcleo de desenvolvimento do Inskscape é bastante sites relacionados podem se destacar na minha opinião:
democrático, pois qualquer desenvolver interessado que ti­ http://www.procedural.com.br, Cícero Moraes, pra mim um
ver 2 patches aceitos passa a integrar o time de desenvol­ dos melhores profissionais de Blender do Brasil
vedores do programa. (http://www.ciceromoraes.com.br) e também de um grande
amigo Érick Góes (http://erickgoes.blogspot.com).
Blender
Finalizando, poderíamos até escrever um livro sobre a
Foi desenvolvido para modelagem, animação, texturiza­ computação gráfica livre e suas inúmeras facetas. Mas fi­
ção, composição, renderização, edição de vídeo e criação co por aqui incentivando a todos os interessados a conti­
de aplicações interativas em 3D, como jogos, apresenta­ nuarem buscando informação sobre esse caminho fasci­
ções, etc. nante que descobri.
É utilizado na arquitetura, design gráfico, engenharia, ani­ Só um adendo referente ao mercado de trabalho, seja
mação. É um programa multiplataforma, ou seja, compatí­ para profissionais de computação gráfica ou para desig­
vel com diversos sistemas operacionais. ner: existe um número bem seleto de bons profissionais e
uma demanda suprimida pelo mercado. Para quem deseja
História
aí está uma bela carreira.
Originalmente o programa foi desenvolvido pelo estúdio
holandês NeoGeo e "Not a number tecnologies", empresa
fundada em 1998 por Ton Roosendall, produtor do curta­ MILLA MAGGRI é coordenado­
metragem Big Buck Bunny. ra do Cria Livre(www.crialivre.­
O Blender foi inicialmente distribuído como produto pro­ com.br) e instrutora, primeira
prietário com uma versão gratuita, mas em 2002 a NaN fa­ escola de computação gráfica
liu. Atualmente é desenvolvido pela Blender Foundation e do Brasil. Contribui com o
mantido por doações e venda de materiais relativos a ele. Software livre desde de 2006
Na época os desenvolvedores concordaram em liberar o quando participou da organiza­
código pelo valor de 100.000 euros. E no mesmo ano o có­ ção do FSL­DF, analista de marketing tornou­se SysAdmin
digo foi liberado. Hoje está disponível sob a GNU/GPL. por curiosidade. Hoje colabora com o Portal O GIMP, pos­
Uma curiosidade: o Blender é usado pela Peugeot para sui algumas publicações em sites importantes de SL e ain­
seu concurso de Design de carros, o Peugeot Design Con­ da mantem o blog: Casal GIMP voltado para o ensino de
test. novos aprendizes.
É possível também criar GIFs animados utilizando o
Blender em conjunto com o GIMP. Construindo a anima­

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ESCRITÓRIO LIVRE ∙ CRIANDO PAPEL TIMBRADO NO BROFFICE.ORG

CRIANDO PAPEL TIMBRADO NO

www.broffice.org
Por Klaibson Ribeiro

Esse é meu primeiro artigo aqui na Revista Espírito Li­


vre. Ano passado trabalhei na revista ajudando na seção
de parceria, trocando banners com diversos sites/blogs.
Agora ensinarei como criar um papel timbrado no BrOffi­
ce.Org. Papel timbrado, para que não sabe, é aquele pa­
pel que vem com a logotipo da empresa e os dados como
localização, site e telefone.
Primeiro, precisamos criar um cabeçalho, para inserir o
nome da empresa e logotipo. Para isso, vamos no menu
Inserir > Cabeçalho > Padrão.

empresa, colocar em Negrito, Sublinhar, mas nada muito


fantasioso, pois tem que ser algo profissional.
Depois vamos colocar a logotipo dentro do cabeçalho.

Agora com o cabeçalho criado, vamos digitar o nome da


empresa e inserir a logotipo. O nome da empresa usei
"Brasil Participações LTDA", nome fictício. Para inserir lo­
gotipo, clique em Inserir > Figura > De um arquivo.
Neste caso, usarei a bandeira do Brasil para exemplifi­
car. Selecione o arquivo na sua pasta de imagens.
Vai ficar dessa forma. Você pode centralizar o nome da

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ESCRITÓRIO LIVRE ∙ CRIANDO PAPEL TIMBRADO NO BROFFICE.ORG

Depois disso, vamos criar o Rodapé. Para isso, vamos


clicar no menu Inserir > Rodapé > Padrão. No rodapé va­
mos colocar os outros dados da empresa como email, tele­
fone e site.

para ver se a imagem foi para o plano de fundo.

Vamos digitar o endereço, email, site, telefone, fax e ou­


tros dados.

Agora, pressione as teclas Ctrl + Enter para criar mais


uma página e verificar que as configurações se repetem
nas páginas seguintes.

Todo papel timbrado que se preze, tem que ter marca KLAIBSON RIBEIRO é formado em Admi­
d'água, ou seja, a logotipo de forma transparente ao fundo, nistração de Empresas, se especializando
sem atrapalhar o que for digitado. Para realizar este proce­ em Gerência de Projetos de TI. Líder do
dimento, insira uma figura como foi feito anteriormente. Gubro­SC (Grupo de Usuários BrOffi­
Em seguida, clique sobre a imagem. Habilitará a caixa ce.Org de Santa Catarina). Professor de
de diálogo figura. Clique em Padrão e depois em Marca BrOffice.Org no Senai São José/SC, em
D'água. diversos cursos técnicos e turmas de
A logotipo ficou transparente, mas temos que colocar ela aprendizagem industrial. Autor do blog
no plano de fundo. Esse procedimento é feito com o botão www.brofficeparaleigos.org, que dá dicas diárias aos usuários so­
direito do mouse, opção Quebra Automática, item No pla­ bre o aplicativo. E­mail: klaibson@openoffice.org.
no de Fundo.
Para verificar se está tudo certo, digite um texto qualquer

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MULTIMÍDIA ∙ L
MULTIMÍDIA LINUX
INUX PARA
PARA ENTRETENIMENTO
ENTRETENIMENTO

Linux para entretenimento


Como ter um media center movido a Linux
Por Rodrigo Carvalho

Divulgação
Com a miniaturização dos computadores, cada vez Se você gostou e está pensando em ter um
mais eles vêm ocupando lugares onde nunca havíamos aparelho destes em sua sala de estar, saiba que existem 2
pensado antes. Há algum tempo alguém pensou que seria opções: montar um por conta própria ou comprar um
interessante ter um computador dedicado ao pronto. Em ambos os casos você terá opções baseadas
entretenimento, como assistir vídeos, ouvir música e ver em Linux e/ou demais softwares livres e deverá escolher
fotos, seja a partir de conteúdo que a pessoa já qual a opção mais adequada a sua necessidade e disposi­
previamente possuía ou através da Internet. A este tipo de ção.
computador foi dado o nome de media center e, com um
equipamento deste em sua sala de estar, você poderá Media centers montados
aposentar seu aparelho de DVD e ter muito mais opções Inicialmente, a única opção para quem queria um
de lazer para toda a família. media center era montar por conta própria, já que ainda
não existiam aparelhos prontos para este propósito. Desta
Um media center é um computador como qualquer
forma, algumas pessoas simplesmente utilizavam um
outro e sua diferença para um computador pessoal é a
computador comum, instalavam nele algum software para
forma de uso. Ele provê uma interface de aparelho
este propósito e o ligavam à TV.
eletrônico comum, acessado pela TV com um controle
remoto, sem necessidade de mouse e teclado, de forma a Sempre existiram várias soluções livres sendo que
atender o usuário da maneira mais natural possível. a primeira a se popularizar foi o MythTV. Com várias
Apesar de ter capacidade para tal, você não verá neles capacidades multimídia, algumas pessoas resolveram
opção para, por exemplo, editar arquivos textos ou montar distribuições Linux neste software, como por
planilhas eletrônicas, simplesmente porque ele se destina exemplo o Mythbuntu que é baseado no famoso Ubuntu
a outro uso. Linux.

Além de tocar os seus arquivos e acessar sites No entanto o tempo foi passando e a interface do
multimídia, com uma entrada de vídeo ou de antena, você MythTV foi ficando um pouto datada e outras opções mais
poderá gravar programas de TV em exibição e até modernas foram aparecendo, como o XBMC. Atualmente
pausar/retroceder/avançar a programação! existe também o Boxee, que é baseado no XBMC

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MULTIMÍDIA ∙ LINUX PARA ENTRETENIMENTO

Figura 1: XBMC em ação

adicionando algumas funcionalidades sociais, e algumas Figura 2: Boxee, um media center baseado no XBMC

outras opções menos famosas.


menos potente, o que pode atrapalhar na exibição de um
A grande vantagem de se montar um media center filme em full HD, já existem algumas placas vídeos de alto
por conta própria é a liberdade de poder fazer tudo ao desempenho integradas a placas­mães voltadas para
próprio gosto: usar um gabinete do seu próprio gosto e nettops e netbooks, como, por exemplo, as placas com a
que combine com os demais eletrônicos da sala; escolher tecnologia ION da Nvidia.
o hardware que suporte todas as necessidades ou deixar
de comprar o que não for de interesse; e instalar o Para quem quer ter total flexibilidade e liberdade
software que mais te agrade e poder configurá­lo e para "hackear" (hackear no sentido de modificar,
modificá­lo da maneira que bem entender. personalizar) a vontade, esta é a melhor opção. Você terá
uma solução poderosa, bonita e ecologicamente correta.
No entanto, um computador comum ao lado da TV
tem grandes desvantagens, pois é grande demais para Produtos prontos
ficar esteticamente bonito, consome muita energia elétrica Se não quiser ter o trabalho de montar um media
e gera um ruído desagradável. Além disso, a montagem center por conta própria e sim ter um aparelho funcional
do media center não é tarefa para leigos, pois você terá o que atenda suas expectativas para entretenimento, você
trabalho de montar todo o equipamento; instalar, deve optar por produtos prontos. Eles normalmente já são
configurar e manter atualizado e funcionando o software, o feitos com hardware silencioso e de baixo consumo de
que pode gerar algumas dores de cabeça. Por fim, energia e totalmente configurados para você precisar
também é provável que esta solução acabe ficando um apenas ligar à TV e ao seu sistema de som e aproveitar.
pouco mais cara no final.
O grande problema é que não conheço nenhum
Nettops: um passo adiante aparelho que está disponível no mercado brasileiro, o que
Ainda para aqueles preferirem ter controle total significa que deverá importar ou comprar numa viagem ao
sobre o equipamento e montar tudo por conta própria, exterior.
existe uma opção mais estética, algumas vezes mais
barata, que irá consumir menos energia e gerar menos Alguns dos modelos disponíveis que são baseados
ruído que é a utilização de um nettop. Um nettop é um em Linux e/ou software livre são:
computador muito pequeno (do tamanho de um DVD
­ WD TV Live Plus: produto top de linha da Western
portátil), com o hardware mais limitado e, normalmente,
Digital, baseado em diversos softwares livres, inclusive o
sem um HD grande (exigindo um dispositivo de
kernel Linux, mas com algumas partes proprietárias, é
armazenamento externo). Apesar de terem um hardware
barato (custando apenas US$ 150,00, ou seja, menos de

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MULTIMÍDIA ∙ LINUX PARA ENTRETENIMENTO

R$ 300,00) e com suporte a full HD; campo dos media centers é o recém­anunciado Google
TV. Ele é um software que está sendo desenvolvido pela
­ Mvix Ultio Pro: produto top de linha da Mvix gigante das buscas, utilizando como base o sistema
(empresa um tanto desconhecida, mas com produtos de operacional Android que, por sua vez, é baseado no kernel
qualidade), também é baseado em diversos softwares Linux. A ideia é fabricar aparelhos para ligar à TV e até
livres, kernel Linux e com algumas porções proprietárias, mesmo TVs com o sistema instalado. Alguns fabricantes
um pouco mais caro que o anterior (US$ 170,00), mas de peso, com Sony, Logitech e Intel, já anunciaram
com muito mais funcionalidades, incluindo gravação da TV parceria e deverão lançar produtos assim que sair a
e HD interno (não incluso); primeira versão do software.

­ Neuros OSD: produto da Neuros Technology,


quase totalmente software livre e na mesma faixa de preço Conclusão
(US$ 180,00), mas sem suporte a full HD; As opções estão aí e tudo depende do uso que
você pretende fazer do equipamento. Se deseja apenas
O WD TV tem uma comunidade razoavelmente ativa um eletrônico de alta tecnologia para sua sala de estar,
que faz vários "hackeamentos" nele. O Ultio Pro é o mídia prefira um produto pronto, escolhendo o modelo baseado
center que eu possuo e a única desvantagem que vi em nas especificações e na opinião de outros compradores (e
relação ao WD TV é que sua comunidade não é tão ativa conseguindo uma forma legal de importar o aparelho).
(que vai me obrigar a aprender sozinho a "hackeá­lo" :P ), Mas se desejar fazer melhorias, deixando o equipamento
mas é muito poderoso. do seu jeito, tirando máximo proveito do software livre, o
melhor talvez seja montar seu próprio media center. Uma
O produto da Neuros merece um pouco mais de
opção intermediária seria pode comprar algum produto
explicação, pois ele já está um pouco ultrapassado e a
pronto que tenha uma comunidade grande que já esteja
empresa já tem outro aparelho mais poderoso, o Neuros
estudando formas de modificar e melhorar o aparelho,
LINK. No entanto, ele pertence a outra categoria de
como o WD TV, ou um que já seja "aberto" de fábrica,
equipamento, destinado a ser mais computador do que
como o OSD. De qualquer forma, não se esqueça de
produto eletrônico, além de ser muito mais caro (US$
prestar atenção nas especificações técnicas. Se aguentar
330,00). Mas a grande vantagem do OSD é que ele conta
esperar, aguarde pela ótimas novidades que estão por vir,
com uma documentação oficial do fabricante para quem
pois elas certamente mudarão bastante o mercado e o
quiser "hackeá­lo", pois quase todo software está
deixarão muito mais livre.
disponível como software livre.

Futuro
O futuro nesta área é altamente promissor,
principalmente para o software livre. A Neuros
Techonology já está trabalhando na versão 2.0 do OSD,
que deve manter a "filosofia livre" da versão atual, mas
com uma atualização tecnológica para competir de igual
com as opções da WD e da Mvix. A empresa por trás do
software Boxee está trabalhando num equipamento dela RODRIGO CARVALHO é analista de
que se chamará Boxee Box, com previsão de lançamento sistemas com experiência pessoal e
para novembro deste ano. profissional com software livre e membro
ativo na divulgação do software livre no
No entanto a grande expectativa do momento no Rio de Janeiro através do grupo SL­RJ.

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |92


QUADRINHOS

QUADRINHOS
Por Luis Gustavo Neves da Silva, Fernando Alkmim de Almeida e José James Figueira Teixeira

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |93
QUADRINHOS

OPEN OFFICE

FERNANDO ALKMIM DE ALMEIDA

DEPARTAMENTO TÉCNICO

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |94
AGENDA ∙ O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

 AGENDA

JULHO AGOSTO

Evento:  BotecoNet  4Linux  ­  Evento: Jornalismo 2.0 Evento: IX PythOnCampus


Novidades  sobre  o  Post­ Data: 09/07/2010 Data: 14/08/2010
greSQL Local: Cachoeira/BA Local: Vila Velha/ES
Data: 01/07/2010
Transmitido pela internet Evento:  Fórum  Internacional  Evento: PHP'n Rio
Software Livre (fisl11) Data: 20 e 21/08/2010
Evento:  Hora  Livre  ­  Firewall  Data: 21 a 24/07/2010 Local: Rio de Janeiro/RJ
invisível,  aumente  sua  segu­ Local: Porto Alegre/RS
rança sem alterar sua rede Evento:  II  Fórum  Amazônico 
Data: 03/07/2010 de Software Livre
Local: Campo Grande/MS  Data: 31/08 a 03/09/2010
Local: Santarém/PA
Evento:  BotecoNet  4Linux  ­ 
Java  ­  Programando  para  fá­ Evento: LinuxCon 2010
brica de software Data: 31/08 e 01/09/2010
Data: 08/07/2010 Local: São Paulo/SP
Transmitido pela internet

ENTRE ASPAS ∙ CITAÇÕES E OUTRAS FRASES CÉLEBRES SOBRE TECNOLOGIA

          Eu sempre quis que o meu computador 
fosse tão fácil de usar como o meu telefone, o 
meu desejo foi realizado pois eu já não consigo 
descobrir como usar o meu telefone.
Bjarne Stroustrup, conhecido como o pai da linguagem de programação C++

Fonte: Wikiquote

Revista Espírito Livre | Junho 2010 | http://revista.espiritolivre.org |95

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