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Poder Judiciário
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
Trata-se de Apelação Cível interposta por Pedro Soares de Azevedo Júnior
contra sentença prolatada, às fls. 60/64, pelo Juízo da Vara Única da Comarca
de Jardim do Seridó/RN, que julgou procedente o pedido formulado na Ação de
Indenização por Danos Morais proposta por Maria José Medeiros de Araújo em
desfavor do apelante.
Inicialmente, a apelada buscou reparação por dano moral tendo em vista ter
sido acusada do furto de um aparelho celular pelo apelante, ocasião em fora,
inclusive, aberto inquérito policial, o qual restou arquivado por falta de prova da
autoria.
O Ministério Público, ás fls. 79/80, por sua 20ª Procuradoria de Justiça, deixou
de opinar no feito, tendo em vista tratar-se de interesse de natureza
exclusivamente privada, prescindindo, portanto, de intervenção ministerial.
É o relatório.
VOTO
Segundo o disposto no artigo 186 do Código Civil, "aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito", sendo indiscutível
que o legislador, ao mencionar nesse dispositivo a expressão dano, no geral,
abrangeu tanto o dano material quanto o moral ou estético, impondo, em
qualquer caso, o dever de reparar o ilícito.
Com efeito, o exercício regular do direito não pode justificar o abuso do direito.
A credibilidade da ação penal, pública ou privada, pressupõe fundamento na
motivação justa, que redunda no suporte mínimo da prova da imputação, de
modo que ninguém pode ser denunciado sem que existam elementos mínimos
suficientes a apontar a sua responsabilidade pelo ato criminoso.
Cinge-se a prova do referido dano à ocorrência do ato ilícito em si, eis que o
dano moral atinge bens incorpóreos, tais como, a imagem, a honra, a
privacidade, a auto-estima, razão pela qual dispensa-se a demonstração em
juízo dessa espécie de dano, considerando-o in re ipsa.
Nesse ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que o dano
moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. (...)
Em outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do
próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está
demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural, uma presunção
hominis ou facti que decorre das regras de experiência comum." (in Programa
de Responsabilidade Civil. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 100).
É como voto.