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equipe:
Publicações
Redação: Moonlight Knight,
Todas as séries estão de Bryan Dias, Eirea, Mooner
volta, sem nenhuma estréia, Colaboradores: TAXD,
como sempre contamos com Hanzo
dois contos por Hanzo e Diagramação: Aero
Mooner
Artifinalismo: Aero
Edição: (vaga em aberto)
NOVIDADES

Essa edição estará disponível


para leitura online no
próprio site da revista e
o download constará em
mais um segundo servidor
(Rapid Share). Além disso
anunciamos o cancelamento
da mal iniciada série Hey
OH, Let's Go, por Arqueiro

OBSERVAÇÕES:
Gostaríamos de nos
Contato:
desculpar pelo intervalo
entre a Segunda e a Terceira projetoredacao@gmail.com
edição, esperamos que isso
não ser repita
Boa-Leitura.

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Sumário
Apresentação . ................................................................. 3

Sumário ........................................................................... 4

Sagas ............................................................................. 5
Chantel Capítulo 3 ........................................................ 5
World of Humans Capítulo 3 .......................................11
Guerreiros Predestinados Capítulo 2 .......................... 17
Dis Irae Capítulo 2 ....................................................... 22

Contos e Crônicas ........................................................ 26


O Despertar ................................................................. 27
Os Pássaros de uma História . ..................................... 31

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Chantel

Capítulo 3
Durante os três dias seguintes ao evento com o
monstro preto permaneci na enfermaria, me recuperando dos diversos
ferimentos. Nesse meio tempo aprendi muitas coisas, a grande maioria
através e Lisa Anderson, uma pesquisadora da Divisão Médica do
IPDM. Foi ela quem me falou sobre a importância do trabalho de um
mago, falou de como os problemas relativos à magia têm aumentado
nos últimos anos e de quão comum são as situações como a que ocorreu
comigo:
-Você não deveria ter se jogado tão impensadamente naquele
monstro.
-Não poderia simplesmente ter deixado uma garota ser atacado
por uma coisa daquelas. Se fosse uma pessoa normal ela teria sido morta.
-Acho que não tinha mesmo como você saber sobre a Chantel.
-Mesmo assim me sinto idiota por ter acabado assim.
-Foi idiotice mesmo. Mas você está bem e agora que sabe disso
não vai mais sair correndo sem pensar toda vez que ver alguém sendo
atacado por um monstro, certo?
- Não posso prometer nada.
Ela fecha os olhos e então sorri. Seu sorriso é totalmente
diferente do da Chantel. Há algo de calmante na aura de Lisa:
-Se continuar agindo assim você vai acabar se matando.
Ela senta na cama olhando através da janela:
-Já tivemos outra pessoa tão idiota quanto você aqui.
-E o que houve com ele?
-Subiu rápido na hierarquia daqui. Em dois meses já era
coordenador e estava cotado para ser Diretor. Se ele ao menos não fosse
tão cabeça-dura...
-Você o conheceu tão bem assim?
-Nós dois éramos jovens e entramos aqui na mesma época. Acho
que era natural...
Ouvindo-a falar desse jeito tão nostálgico sinto como se quem

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Chantel
está à minha frente fosse uma velha senhora e não alguém só um pouco
mais velha que eu. Seus olhos, perdidos no horizonte parecem procurar
algo. Olho na mesma direção, tentando talvez achar o que ela procura.

No dia seguinte saio da enfermaria. Mesmo ainda um tanto


dolorido tive de atender ao trabalho, afinal, no dia em que ia começar
acabei ficando três dias de cama. Se as coisas continuarem assim vou
acabar demitido.
Sigo por entre os corredores brancos do prédio das divisões de
pesquisa até chegar numa porta com uma placa na qual está escrito, com
tinta vermelha, “Divisão de Tecnologia de Mana Aplicada”. Respiro
fundo me preparando para a incursão no mundo louco que deve ser o
local de trabalho daquela garota.
Seguro na maçaneta, porém hesito em abrir a porta. Olho para
fora e vejo dezenas de pessoas andando calmamente pelo sub-pátio.
Como eu invejo a tranqüilidade que devem ser suas divisões. Respiro
fundo novamente e abro a porta.
Contra tudo que imaginei o lugar na verdade é extremamente
organizado e bem decorado. A sala é enorme e pintada de azul por três
lados e com vidro dando vista para a floresta e, mais ao fundo, para
as montanhas no quarto. Duas grandes mesas redondas abarrotadas de
livros ficam posicionadas ao lado de uma escada que leva a um nível
elevado e nelas estão duas pessoas, um homem alto e magro de cabelos
castanhos escuros e aparência séria e uma mulher ruiva um pouco menor
que eu, ambos usando um jaleco branco sobre suas roupas. E no alto
da escada, por trás de uma pequena mesa completamente bagunçada,
olhando para o cenário de fora está ela, a garota loira do vestido azul-
celeste e do jaleco branco: Chantel Lonelyheart Grace:
-Com licença... – Falo batendo na porta.
- Ah, Johan! – Diz Chantel se virando – Ei, pessoal! Conheçam
nosso novo colega!
Os dois se levantam enquanto ela desce as escadas arrumando o
jaleco. Por alguma razão estranha sinto que essa não é a mesma Chantel
que vi alguns dias atrás.
-Johan, esses são os membros da Divisão de Tecnologia de Mana
Aplicada, Mary e Dave. Vamos pessoal se apresentem!
-Sou Dave Bowman.– O homem alto estende sua mão para

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Chantel
o tradicional aperto de mãos. Sua firmeza e força são facilmente
perceptíveis mesmo nesse gesto simples, pois a força com que apertou
minha mão foi suficiente para fazer minha cabeça latejar.
- Você é forte!
-Todo mundo diz isso.
- Mary Hunter, aqui. –Diz a garota ruiva enquanto acena. –
Ainda está dolorido?
- Um pouco. Onde está o resto da divisão?
- Bem, nós somos uma divisão um tanto diferente das outras. –
Diz Mary desviando o olhar de mim.
- O que quer dizer?
- Nós somos... como posso colocar?
Chantel cruza os braços e me olha diretamente:
- Nós somos uma divisão onde todos os conhecimentos sobre
tecnologia e uso de magia são colocados à prova contra alvos definidos
pelos nossos superiores!
-Aplicação de conhecimentos e tecnologias contra alvos
definidos?
Um calafrio percorre minha espinha e, por um instante, perco
o equilíbrio. Olhando direito para os livros percebo que todos eles são
grimórios com uma análise mais atenta consigo notar facas, lanças, lupas
e quase todo um laboratório de investigação numa mesa no fundo da
sala:
-Essa é uma divisão de combate?
Chantel levanta uma sobrancelha numa expressão de confusão:
-Você pode colocar assim também. Queriam te colocar numa
dessas divisões de pesquisa, mas achei que fosse desperdício de talento
então consegui que te mandassem para cá. –Diz ela com orgulho na voz.
-Mas você mesma disse que minha magia foi ruim!
-E foi mesmo! Mas acontece que estamos precisando mesmo de
reforços.
-Na realidade estamos desesperados por reforços. –Diz Dave.
-Além do que sua magia não foi ruim. Seu encantamento sim é
que foi horrível.
-Como pode ter tanta certeza?
Ela sorri como se já esperasse aquilo. Irritado pela atitude sabe-
tudo a encaro olho-a-olho e sua expressão quase que instantaneamente

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Chantel
muda para um tom de confusão:
-Bem, vou te mostrar.
Ela aponta o dedo indicador para a janela e antes que possa dizer
algo Mary reage explosivamente:
-Ei, Chantel! Não quebre a janela! Aquele gorila que você
invocou já deu problemas o bastante para nós! –Grita ela, visivelmente
irritada.
-Não era um gorila.
-Não faz diferença!
- Você está ficando vermelha. – Diz Chantel, apontando para o
rosto ruborizado da outra garota.
-Não mude de assunto!
Minha cabeça começa a latejar e eu sento numa cadeira. Mas o
que diabos está acontecendo? Decidi fazer a prova para entrar no IPDM
porque haviam me dito que era um lugar tranqüilo, mas primeiro me
aparece um gorila gigante e depois isso? Olho para Dave implorando
por uma resposta:
-É assim todo dia. Bem vindo ao barco, colega.
Subitamente um homem entra correndo na sala. Seu rosto
completamente vermelho, a respiração pesada e a roupa molhada de
suor denunciam que algo muito importante está para acontecer:
-Wattson? Aconteceu alguma coisa? – Pergunta Chantel
assumindo o mesmo tom da primeira vez que a vi.
Não só ela, as expressões de Mary e Dave também não lembram
nem um pouco sequer a situação de instantes atrás. A atmosfera da sala
se tornou extremamente pesada e a sensação que tenho é que algo de
grave aconteceu:
-Encontramos mais um corpo!

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world of humans

Capítulo 3
“Estava em um quarto extremamente escuro, com
archotes de cabeças de fogo quase apagadas que iluminavam fracamente
e inutilmente o local. Thiago encontrava-se parado na lateral do local.
Ao centro pode ver um vulto negro de aparência frágil e delicada. Sua
face, fracamente iluminada mostrava cicatrizes que percorriam desde
sua testa até os seus lábios.
Uma onda de mistério e sensualidade percorreu o ambiente.
Thiago não se conteve e chegou mais perto dessa pessoa. Era uma
mulher. Seus cabelos eram negros como a sala naquele lugar no mesmo
instante, porém não se dava para saber seu comprimento exatamente.
Thiago colocara as suas mãos que estavam geladas e úmidas por causa
do medo e da excitação primeiro no seu rosto, depois foi descendo para
a roupa dela, que foi se desprendendo lentamente por seu corpo. Ao
ficar nua, Thiago percebeu que não era só o rosto que era coberto por
cicatrizes. Todo o corpo dela, da extensão de seu pescoço até a palma dos
pés, todas as cicatrizes que pareciam recém abertas demarcavam certo
tipo de desenhos de uma certa língua desconhecida. Thiago já havia
visto essas marcas em algum livro, só não lembrava em qual.
Seu rosto foi ficando mais próximo ao dela, podendo assim ouvir
as respirações de ambos, que batiam em um único ritmo. Thiago pode
ver os olhos azuis como a vastidão dos céus que transmitiam uma certa
paz para o garoto. Em contraste dos olhos azuis dela, os olhos verdes
dele puseram-se em conflito ao azul. Suas Iris pareciam comunicar-
se numa onda vista e sentida a quilômetros de distância. Seus lábios
estavam quase se tocando, uma sensualidade extravagante inundava o
recinto. Ele começou a demonstrar um tipo de pena sobre a garota, por
causa de suas cicatrizes, que recomeçaram a sangrar continuamente.
Porém em num décimo de segundo, tudo mudou. Os archotes
que inutilmente iluminavam o local apagaram-se por completo. Um
Grito frenético de dor e de medo inundou o ambiente. Ela gritava.
D’um pulo Thiago recuou.”
Estava numa cama “king size” com lençol de seda, mais
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world of humans
amplamente, estava num quarto bem iluminado com 2 portas , uma
entreaberta que revelava um banheiro , e outra semi-fechada , que tinha
um corredor atrás dela . Seu suor molhara totalmente a cama em que
estava. Pensara consigo mesmo. “Foi um sonho”!”“ Aquela mulher,
aquelas cicatrizes, será que os fatos anteriores a esse seriam um sonho
também? É o que vou descobrir”
Thiago levantou-se, meio tonto e fora no banheiro para checar
o espelho. Sentia-se tremulo e meio zonzo. Não conseguia visualizar
direito, uma tontura forte o possuíra.
Tomou-se de coragem e olhou ao espelho com medo do que
poderia visualizar. Ao olhar no espelho seu reflexo, viu o seu rosto coberto
de sangue com cicatrizes sangrando. Soltou um grito frenético e deu um
soco com toda a sua força no espelho. Num frenesi que o possuía agora,
fez-se agachar os joelhos e se equilibrar nas pontas dos pés; ao lado dos
destroços que ele causara. Ao longo de gemidos altos vindo do garoto,
uma mão quente tocou seu pescoço, que fez dar um pulo e levantar-se
do chão.
“Calma Menino, calma!” disse uma voz suave que pareciam curar
todas as feridas em seu rosto.
“M-Meu Rosto! Limpa! Limpa! Ele está cheio de sangue,
cicatrizes!” Vociferou Thiago ao meio de gritos
“Não está não, olhe aqui.” Disse a pessoa que pegou delicadamente
um pedaço grande de vidro dos cacos de vidro do espelho do banheiro e
colocou frente ao seu rosto.
Thiago pode ver seu rosto claramente, com duas pequenas
cicatrizes, sem sangue. As cicatrizes estavam totalmente fechadas, com
os pontos no ponto de retirar. Porém sua mão estava coberta de sangue
e com cacos enfiados por entre os dedos e a palma.
“Humm... essa sua mão está feia ein?” disse a pessoa, que agora
Thiago conseguira vê-la. Era uma mulher com lindos e lisos cabelos
loiros até os ombros que pareciam ter vida própria, de tão brilhante
que era; tinha olhos verdes de uma clareza esplêndida, que ao entrar
em contato com os de Thiago, pareciam cintilar de felicidade, carinho e
de entusiasmo. Tinha um nariz extremamente perfeito em comparação
ao seu rosto, além de lábios que pareciam e deveriam se encaixar
perfeitamente nos de Thiago. Sua estatura era mediana, nem muito
grande nem muito pequena. Aparentava ter a mesma idade que o Thiago,

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world of humans
porém com uns meses mais velha.
“Ah..desculpe-me , deixe-me apresentar a você...Sou a Kimberly!”
disse aquele ser perfeitamente perfeita , que a cada palavra fazia um pelo
de Thiago subir de arrepio.
“Ah..Você que tem que me desculpar...você já me viu nesse
estado deplorante já.”disse Thiago tentando se desculpar , com sua voz
meio rouca ainda. “Aliás, meu nome é Thiago!”
“Humm belo nome Thiago.” Disse ela com olhos límpidos e
meigos, acompanhados de um sorriso de meia boca olhando para ele.
Ao mesmo tempo ela abriu uma portinhola no banheiro e sacou um
pacote vermelho com uma cruz branca, que significa um kit de primeiros
socorros.
“Relaxa Thiago, eu sei fazer curativos, fiz enfermagem” Sorriu-a.
“Ufa, que bom!” disse Thiago, parecendo feliz, porém uma
lembrança veio-lhe a mente.
“Me diz uma coisa, o que DIABOS aconteceu com o
MUNDO?? , Foi você que me salvou daquela criatura não é? O que era
ela?” Perguntou Thiago que engasgara-se com a saliva no final da frase ,
de tão rápido que a disse.
“Calma Thiago ,fica tranqüilo , não fugirei tão breve! Irei
responder todas suas perguntas,conforme eu souber das respostas ,
lógico” disse ela com um sorriso estampado em seu rosto , que parecia
inundar o interior do garoto de felicidade. Ao mesmo tempo ela pegava
iodo e um algodão para limpar o ferimento.
“ Sim , foi eu que salvei você daquele monstro que até hoje eu
não sei realmente o que é , só sei que ele sai mais basicamente a noite , e
não gosta muito de conversar.Espere um pouco”
Ela saiu do quarto e momentos depois voltou com uma garrafa
de vinho e umas duas latas de cerveja.
“Tome isso , beba de uma vez , vai precisar!”
“Ok Kimberly , obrigado!” disse o garoto corado.
“Magina! Então , você está desacordado a mais ou menos 3
dias. Eu venho lhe alimentando e curando suas feridas todo esse tempo.
O que aconteceu com o mundo?” disse a garota agora pensando na
resposta ,agora com a agulha e com a linha já armadas , e ao barulho
dos cacos de vidros caindo. “Eu estava num local com uma galera , e ai
do nada eu fui levada a um local , só que não conscientemente , e sim

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world of humans
inconscientemente!”
“Eu também! Ai! “ exclamou o garoto ao meio de uma agulhada
que acabou de entrar em seu braço. Já tinha bebido as duas latinhas e
começado a garrafa de vinho.
“Nossa! Mais até agora eu não vi nenhum ser humano , a não ser
você. Espero poder encontrar mais alguém.”
Um silêncio se alastrou no ambiente. Podia-se ouvir somente o
barulho do termino das agulhadas. Até que por fim ela disse “Acabei” ,
que fora ofuscado por outra coisa.
Um forte ronco de motor de um carro estava a fora do local.
Pode-se ver por entre a janela. Estava anoitecendo. Uma série de
barulhos começaram a acontecer. Com um pulo , Kimberly levantou ,foi
de frente pra janela e vociferou :
“MEU DEUS! São aquelas CRIATURAS! Me ajude a fechar
tudo!”
Thiago pode ver pela janela. Estavam num prédio de uns cinco,
seis andares , um dos únicos que restaram em pé. Olhou para baixo
e se assustou. Mais ou menos uns vinte daquelas criaturas estavam
chegando no prédio. Kimberly fechou uma proteção de ferro , depois
a janela normal e depois uma outra proteção de ferro. Saiu do quarto e
com Thiago ao lado foram fechando todas as janelas do andar naquele
mesmo esquema: proteção de ferro , janela normal e outra proteção de
ferro.
“Nossa , esse prédio já tinha isso?” perguntou Thiago.
“Esse prédio tinha uma proteção de ferro já , eu que instalei a
outra proteção de ferro.” Disse ela com rapidez na frase.
Pegou as escadas e foi ver andar por andar. Cada andar tinha cerca
de 3 quartos. Todos os outros andares já estavam “lacrados” já. Ela foi
no último andar. Pelas contas de Thiago era o sexto andar. Abriu uma
portinha e pegou duas dozes e 2 calibres 38 , além de muitas munições.
“Tome , pega uma doze e outra 38 e um pouco de munições.
Poder ser que vá utilizar! Você sabe atirar?” disse ela olhando fixamente
para o Thiago ao se aproximarem do elevador.
“Eu me viro.” Disse Thiago colocando a 28 na cintura, as
munições no bolso da calça social de um dia normal de trabalho e a
doze no braço bom.
Foram em direção ao andar térreo. Estava tudo fechado , com

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world of humans
exceção da porta principal de entrada.
“NÃO! , EU ME ESQUEÇI JUSTO DESSA PORTA!” gritou
Kimberly que correu para fechá-la.
Thiago para não ficar atrás correu também , com a arma já
carregada.
Com uma pressa , ela fechou uma parte da porta e Thiago a
outra. Ao acabar lacraram tudo e o ambiente se encontrou numa extrema
escuridão. Com uma mão , ela foi tateando para procurar o interruptor
da luz até ligar a luz do pátio.
Ao ligar , Kimberly e Thiago se encostaram na porta , descansando
um pouco. A cabeça dela repousara no pescoço de Thiago , e seus olhos
direcionavam-se aos olhos dele.
Um forte estrondo vindo de fora interrompeu o “clima” ,
parecendo machadadas.
“Prepare-se Thiago , porque agora o bicho vai pegar!” disse ela
com a doze já carregada apontando para fora.
Outro estrondo mais forte ainda que o anterior seguiu-se.
“BUMMM”
Thiago apossara-se da sua arma , apontando-a para o centro da
porta aonde o barulho vinha.
“BUUUUMM”
Mais duas vezes o estrondo se seguiu , até que na última vez o estrondo fez
derrubar-se as 3 portas que guardavam o salão e as criaturas adentraram
em direção aos garotos.

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guerreiros predestinados

capítulo2
O Lobo vem furioso em direção a Hércules,
correndo como um ser humano comum, Hércu-les pula para o chão
desviando de um golpe desferido pelas garras das mãos do Lobo, mesmo
escapando, o golpe atinge Hércules de raspão na lateral de seu abdome,
o Lobo dá um salto e vem caindo em cima de Hércules; ele pega seu
punhal de aço e finca-o completamente na perna esquerda do Lobo,
enquanto rola para o lado para não ser esmagado pelo Lobo, que ferido
na perna cai no chão. O Lobo remove o punhal e joga-o no chão.
O Lobo então vem em direção de Hércules correndo, parece não
sentir tanto a ferida feita pelo punhal, porém Hércules já não consegue
se mover muito devido à ferida na lateral de seu abdome que dói muito.
O Lobo pega Hércules pelo pescoço e o levanta, Hércules pensa
que será seu fim, mas per-cebe algo ou alguém atrás do Lobo, seja quem
for, atravessa uma Espada de Prata pelas costas do Lobo, que ao urrar de
dor, larga Hércules no chão.
Ele vê um homem, com uma armadura: um Elmo de Ouro,
Braceletes de Prata, Botas de Bronze, Cinto de Aço, uma Espada de
Prata na Mão, um par de Adagas de Ouro no cinto e uma capa que
desce até os pés. Seus cabelos são verdes e longos, vão até os pés, por trás
da capa branca.
O homem diz:
-Hércules afaste-se.
Hércules, caído no chão afasta-se como pode, o corpo do homem
começa a brilhar em uma estranha cor verde, então ele grita:
-Magia Verde.
Sai das mãos dele um tipo de raio luminoso de coloração verde
escura, o raio de luz sólida atravessa o corpo do Lobo, que cai no chão
transformado em humano, ele veste uma armadura, Braceletes e Botas
de Aço e um cinto de Couro, possui cabelos verdes e curtos.
-Você está bem Hércules? – Pergunta o misterioso Guerreiro -.
-Sim, mas quem é você?
-Eu me chamo Leão Verde.
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guerreiros predestinados
-Como sabe meu nome e por que me ajudou?
-Sei seu nome porque é meu dever proteger a vida do Cavaleiro
Predestinado, eu também sou um Cavaleiro, como pode ver somos do
mesmo povo, o Povo das Folhas.
-Eu sou daqui? Pensei ter nascido na Terra! Aquilo que fez, era
magia?
-Sim, você é daqui, por isso que seus cabelos são verdes aqui, e é
por isso que você pode ser um cavaleiro. O que usei foi uma Magia de
Impacto, elas são como raios sólidos. Logo você também poderá usar a
magia desta terra. Eu preciso ir...
-Para onde, espere, eu tenho muitas perguntas...
-Eu sei, e elas serão respondidas com o tempo, por hora não
posso mais ficar, um dia você saberá o porquê.
Leão verde some em meio a uma neblina verde, deixando no
local apenas uma folha.
Hércules então ouve um gemido vindo do Cavaleiro que era o
Lobo, ele vai até o rapaz caído:
-Sinto muito por você!
-Não sinta... Agora... Estou liberto... Do feitiço de Hércule.
-Você foi enfeitiçado? Quem é esse Hércule?
-Ele é um guerreiro... Poderoso que vem dominando tudo em
Terak e nos outros... Planetas do sistema solar de Logal... Pegue esta
chave, guerreiro predestinado... O povo está preso na última casa da vila
ao oeste... Peça perdão a eles por mim...
O cavaleiro morre, parece haver um sorriso no rosto dele.
Hércules pensa:
-Quem será este Hércule, um homem com poder para enfeitiçar
alguém assim, transformá-lo em um animal e coloca-lo contra a própria
vontade. Deve ser um destino terrível.
Hércules pega a chave da mão do Lobo e vai até a casa, então ele abre
a casa e o povo re-almente está lá, um homem de cabelo verde bem
espetado lhe diz:
-Um guerreiro! Nós pensamos que fosse o Lobo de novo, todos
os dias ele devorava um de nós, pensamos que fosse nosso fim. Eu
sou Refnor, líder desta vila. Obrigado por nos salvar – Todos da vila
agradecem a Hércules -.
-Não fui eu, um outro Cavaleiro os salvou, e sumiu numa neblina

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guerreiros predestinados
estranha. Que vila é esta?
-Foi Leão Verde, não é? Ele só aparece muito de vez em quando,
e some bem rápido, nin-guém o compreende, não dá pra saber se ele está
do nosso lado ou contra nós! Esta é a Vila I, do Povo das Folhas.
-Vocês são uma raça de Cavaleiros não? Por que não se
defenderam?
-Nem todos do Povo das Folhas são cavaleiros, quem nasce
no Povo das Folhas pode se tornar um cavaleiro, mas é necessário
um treinamento, o único guerreiro que tínhamos nesta vila, Hércule
enfeitiçou, transformando-o no Lobo e nossos mestres Samir e Heymo-
re estão ausentes.
-Eu encontrei Heymore.
-Então você deve ser o Cavaleiro Predestinado, de quem ele foi
atrás!
-Sim, mas quando eu estava recebendo instruções, Heymore foi
petrificado.
-Isso é ruim, precisaríamos de um contra feitiço, ou de um
antídoto para a petrificação, on-de ele está agora?
-Na Floresta ao sul.
-Ao sul? Mas lá é a Floresta dos Muitos Caminhos, de lá se pode
ir para muitos lugares de Terak, é uma Floresta Encantada, não dá para
achar alguém lá sem um Bússola Mágica.
-Mas então, o que eu farei.
-Sinto muito, mas só Heymore sabia a função dos Guerreiros
Predestinados. Porém temos uma casa vaga ao leste da vila, pode ficar
lá quanto tempo quiser. Poderá se recobrar de seu ferimento lá com o
tempo.
-Obrigado, mas pretendo voltar logo ao meu mundo. Ah, sim, o
guerreiro que havia sido enfeitiçado, pediu perdão a todos.
Hércules vai para sua nova casa, ele demora a dormir, pensando
em tudo o que está acon-tecendo com ele, além da dor da ferida, mas
enfim cochila um pouco. Já é dia e o guerreiro é acordado por batidas em
sua porta. Ele sai para atender e se depara com uma mulher de cabelos
longos, até a cintura, cabelos vermelhos, seu filho que aparenta ter uns
16 anos, também de cabe-lo vermelho diz:
-Mãe é ele, ele que nos salvou ontem.
-Não rapaz – diz Hércules – quem os salvou, foi Leão Verde, o

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guerreiros predestinados
que querem?
-Você é o Cavaleiro Predestinado? – pergunta a mulher -.
-Sim!
-Eu sou Amesina e este é meu filho Theros, somos do Povo do
Fogo, mas moramos na Vila I, precisamos de sua ajuda.
-Desculpe, mas não me interesso em ser herói ou guerreiro, só
quero ir pra casa, não pos-so ajudá-los.
-Talvez possamos te ajudar, não é garantido, acho que sabemos
um jeito de você ir para a Terra, mas só falaremos se você prometer nos
ajudar.
-Como saberei se é verdade o que dizem?
-Não saberá, e é como eu disse, é só uma probabilidade não é
uma certeza, o que você diz, nos ajuda ou não?

“Devo ajudá-los? Que tipo de ajuda eles querem? Conseguirei retornar


a Terra?”.

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22
Dies Irae

Capítulo 2
Ele acordou em uma cabana simples. Em um canto,
Melian estava retirando uma panela do fogo, enquanto ao lado dele, a
mãe dela se preocupava em limpar e reaplicar um certo emplastro de
ervas, enquanto dizia algumas palavras e as mãos dela brilhavam. Ele
sente tudo embaçar e desmaia novamente.
Ele acordou. Estava em seu quarto, e Melian estava ao seu lado
velando o seu sono.
-Que bom que acordou! Todos ficaram preocupados... Seria
capaz de morrer caso me privasse de sua presença...
-Pois eu jamais deixaria a existência com algo tão belo me
prendendo ao mundo! – Ele ri, pois a vê enrubescer novamente. – Aliás,
devo agradecer por ter me resgatado.
-Não fui eu, foi minha mãe. E espero que não conte nada de
como ela o curou para ninguém. Como sabe, o uso da magia é proibido.
Então, caso o perguntem, Vossa Alteza sequer se feriu.
-Não se preocupe, minha amada. Manterei seu segredo a salvo,
assim não a tirarão de mim.
-Tenho que ir, mais afazeres me aguardam.
Ele sorriu. O recato dela era tão doce que o deixava
desnorteadamente alegre.

------------------------------------

Ele abriu os olhos. Estava em sua cama, como sempre. Era seu
vigésimo terceiro aniversário, mas os anos pareciam ser os mesmos.
Novamente acordou pensando nela. Haviam descoberto do uso de
magia pela família dela. Se ele a havia banido, foi para protegê-la. E se
não dissera o motivo de mandá-la embora, era para não feri-la ao fazê-la
entender o porquê de a mãe dela não haver voltado para casa. Ele era – e
ainda é – apenas o príncipe. As ordens vinham de seu pai, e ele não pôde
impedi-lo, por mais que houvesse tentado.
Ele suspirou, se vestiu, desjejuou, pôs a sua armadura, pegou o
23
Dies Irae
elmo em sua mão e saiu do castelo logo após resolver todos os seus
assuntos pendentes. Ao chegar ao estábulo, ele montou em Avalanche,
seu corcel branco, e foi de encontro ao exército.
Aquele era definitivamente o grande dia. Ele já havia lutado em
grandes batalhas, entretanto, pela primeira vez ele iria liderar sua tropa.
Seu pai já não é mais um jovem, então, já passou da hora de ele assumir
sua função de direito.
Seu pai o aguardava junto aos seus homens quando ele chegou.
Assim que ambos desmontaram, trocaram um rápido cumprimento.
Aos olhos de terceiros, pareceria ser um cumprimento muito frio para a
ocasião, mas ele sabia, sempre soube compreender o pai. Ele podia ver
nos olhos dele o orgulho de ver seu filho assumindo seus compromissos.
O Rei Halinard costumava parecer estranho àqueles a quem o
viam de perto. Após a morte de sua esposa, ele havia se tornado ainda
mais fechado do que costumava ser. E seu filho se tornou a única pessoa
que o compreendia por completo. Talvez por isso não o odiou ao ter
tomado a decisão de executar a mãe de sua amada: por entender a
necessidade dele de ser sempre justo, por mais cruel que a justiça fosse.
Assim como ele conseguiu notar o orgulho que ele sentiu ao saber da
engenhosidade dele de livrar a amada do mesmo castigo sem infringir
a lei, por trás das duras palavras de reprovação que foram ditas por ele.
Essa capacidade de compreensão que os fazia tão unidos.
Ele pôs o elmo, agora cobrindo seus cabelos dourados – que de
tão claros quase rivalizavam com a alvura dos do pai – e subiu novamente
no cavalo. Ele olhou para seus homens e refletiu por alguns instantes
sobre o quanto isso significava. Olhou para o rosto de cada guerreiro
que ali estava. Visualizou cada família ansiosa pelo retorno de cada um
deles, e teve a consciência de que muitos não iriam retornar.Ele sabia
que deveria falar algo que os encorajasse. Portanto, respirou fundo e
começou:
-Bravos guerreiros! Meus leais súditos! Há alguns dias recebi a
notícia de que o rei Baderon conseguiu, com sua feitiçaria, unificar todo
o leste, e vem avançando sobre o lado oeste, na tentativa de ocupar todo
o território. Jamais nos submeteremos a tal humilhação! Não somos
vassalos, somos senhores! E JAMAIS seremos dominados – Ele ergue a
espada, já está aos brados – Por isso, hoje, nós iremos nos encontrar com
nossos irmãos do oeste e vamos lutar pela nossa liberdade!!!!

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Dies Irae
Ele observou a seus companheiros gritando ao seu redor e se sentiu feliz
de ver a todos unidos com um só objetivo. Ele fez menção de puxar a
cela para sair a galope, todavia seu pai o deteve, o entregou um embrulho,
com instruções de apenas abri-lo no acampamento, e se afastou.
-Homens! Avante! – Ele gritou logo antes de disparar pelos
campos do reino, sendo seguido por todo seu exército.

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26
contos e crônicas

O Despertar
O calor era grande mesmo em meio à constante chuva
que caia sobre os bravos soldados brasileiros que se embrenhavam na
floresta amazônica a procura dos guerrilheiros que haviam invadido o
território nacional. O suor descia pela face dos soldados, misturando-se
com as gotas que caiam do céu e refrescavam momentaneamente o calor
da selva.
A chuva não demorou muito, assim como não demorou nada
para os insetos saírem de seus esconderijos e iniciarem o tormento contra
os ouvidos daqueles desafortunados que cruzavam seus caminhos.
O destacamento sobre o comando do Tenente Machado seguia
bravamente selva adentro a procura dos invasores. O progresso era lento
e cauteloso, não era fácil localizar os guerrilheiros quando esses estavam
camuflados na mata, mas se você se precipitasse seria alvo fácil para
aqueles que estavam à espreita.
Os pássaros cantarolavam tranquilamente até que o primeiro
tiro veio em direção ao grupo de soldados, dando cabo do Cabo Silva.
Logo o tiroteio havia começado, soldados corriam por todos os lados a
procura dos guerrilheiros, enquanto esses atiravam de seus esconderijos.
Em pouco mais de dez minutos oito dos nove combatentes
brasileiros haviam dominado ou matado o grupo de guerrilheiros que
havia iniciado o tiroteio, somente o Segundo Sargento Alves corria no
encalço de um dos guerrilheiros que havia fugido do campo de batalha.
O segundo sargento correu até que notou algo novo na floresta
e parou, surpreso com as coisas que acabara de notar. Não havia piado
nem canto de pássaro onde ele estava, nenhum silvar de cobra, nem se
quer um único inseto a lhe atazanar zunindo em sua orelha, nenhum
som chegava até seus ouvidos, a não ser o som de sua respiração. Ele
notou também que ali a mata era mais fechada e dificultava mais ainda
a penetração da luz do Sol.
Pedro Alves ficou apreensivo, não sabia onde estava o guerrilheiro.

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contos e crônicas
Abaixou-se a procura de rastros, mas parecia que de onde estava para
frente ninguém havia pisado há muitos anos, se é que alguém já havia
pisado ali. Olhou para o seu relógio de pulso com bússola para tentar se
localizar, mas acabou ficando mais surpreso ainda quando viu a bússola
girando em sentindo horário como os demais ponteiros do relógio, então
buscou o rádio, somente para perceber que ele devia ter caído durante a
corrida.
Um terrível sentimento começou a nascer nas entranhas do
Segundo Sargento Alves, ele estava perdido na selva com quase nada de
suprimentos, sem seu rádio e com uma bússola louca. Não sabia se estava
em território brasileiro, nem se estava em território dos guerrilheiros.
Foi quando começou a sentir que estava em grande apuro.
Alves saiu em disparada na direção contraria da que havia
percorrido na busca do guerrilheiro. Ele via vultos à espreita e mudava
sua direção, entrando cada vez mais e mais dentro daquele território
desconhecido e silencioso. Foi quando o chão cedeu ao peso do Segundo
Sargento e ele despencou, despencou para o que ele pensou que seria
uma queda infinita, uma queda até um rio dourado que corria abaixo da
superfície da floresta.
Ao termino de suas preces finais e pedidos de perdão a queda
desacelerou, para o sargento foi a mesma sensação de puxar a corda
do pára-quedas. Colidiu contra algo inimaginável em meio à floresta,
não havia como não reconhecer o barulho dos metais se chocando e
escorregando pilha a baixo. Eram moedas, moedas douradas, moedas
de ouro, moedas e mais moedas de puro ouro. A luminosidade era fraca
e entrava somente pelo buraco de onde Alves havia caído, mas mesmo
assim ele podia ver pilhas e mais pilhas do metal nobre e tão cobiçado
pela raça humana.
Silenciosa e sagaz como uma serpente, uma forma se movia nas
sombras da caverna. Recém despertado de seu sono milenar, a criatura
aproximava-se velozmente do homem. A pouca luminosidade não
permitia uma perfeita visualização da criatura e sua habilidade permitia
que ela fosse ignorada pelo homem, absorto em contemplar todas as
peças de ouro que havia encontrado, até que sentiu algo respirando
pesadamente em suas costas.
O segundo sargento girou nos calcanhares apontando seu fuzil

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contos e crônicas
para o que quer que estivesse nas suas costas. E ao ver o que o encarava,
Alves caiu sentado para trás, não acreditando no que seus olhos teimavam
em mostrar. A couraça verde contrastava com os olhos vermelhos em
brasa da criatura, grandes espinhos saiam de sua cabeça e desciam pela
espinha até quase o fim do rabo da criatura, todos interligados por uma
membrana esverdeada. A criatura movia-se sobre as quatro patas, patas
de garras afiadas, tão afiadas quanto os dentes. Ao longo do corpo asas
estavam encolhidas, mas eram facilmente reconhecidas, mesmo por
alguém que jamais havia visto criatura como aquela.
A bexiga de Alves não se conteve e suas calças ficaram
rapidamente molhadas. Sua cabeça gritava duas coisas, a primeira era:
estou morto?!; e a segunda era: isso é um dragão!?
O dragão o encarou por mais alguns segundos, seus olhos
vermelhos como o fogo miravam os castanhos molhados do sargento.
Ele estava na verdade absorvendo alguns conhecimentos do oficial
do exercito brasileiro, que como estava em choque por encontrar tal
criatura não oferecia nenhuma resistência ao “furto”. Foi então que a voz
do dragão ribombou por todo o covil.
- Humano, como forma de agradecer a você por me despertar te
darei todo esse ouro que podes ver. Mas para tanto você deve fazer mais
uma coisa.
Alves não conseguia responder nada, cada silaba que tentava pronunciar
seu maxilar tremia perigosamente, ameaçando arrancar-lhe uma parte
de sua língua. O dragão percebendo a situação em que se encontrava o
pobre homem, recitou algumas palavras no idioma mágico e assoprou
uma leve brisa no rosto do sargento que subitamente se sentiu revigorado
e cheio de coragem.
- E então humano? Esta pronto para fazer qualquer coisa por
todo esse ouro?
- Diga o que tenho que fazer dragão!
- Traga sua tropa até meu covil, nada mais do que isso será seu
dever.
- Mas como eu os encontrarei, estou perdido, sem meu rádio e
minha bússola não funciona mais.
- Siga a direção que sua bússola lhe indicar, ele o guiará
diretamente a sua tropa.
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contos e crônicas
Pedro Alves olhou sua bússola e ela apontava para o sudeste.
Seguiu sem olhar para o covil novamente. Passou por um portal e logo
viu a saída da caverna que servia de esconderijo para o dragão. A cada
passo que dava pela floresta sua bússola mudava de direção e assim
não demorou muito para ouvir novamente o cantar dos pássaros e os
zumbidos dos mosquitos.
Logo alcançou o acampamento improvisado que sua tropa havia
montado na floresta, alguns prisioneiros estavam amarrados e jogados
em um canto, sobre o atento olhar de um dos soldados. Logo viu o
Tenente Machado caminhando em sua direção e imediatamente bateu
continência.
- À vontade. Finalmente Sargento, já estávamos preocupados.
- Não há com o que se preocupar senhor.
- E então Sargento Alves, alcançou o guerrilheiro?
- Melhor que isso senhor! Encontrei um dos esconderijos
deles, mas não há muitos deles lá, acredito que podemos tomar se nos
movermos rapidamente.
- Quantos Sargento?
- Há umas seis pessoas, tenente.
- Soldado, fique de olhos abertos e sobre essa corja, nós não
vamos nos demorar. Enfrente homens! Marchem!

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contos e crônicas

Os Pássaros de uma História


Um dia em que o sol permanecia branco, a luz apontava à
uma garota, uma menina que se balançava no brinquedo de um parque,
com a face viva e cheia de alegria e seus cabelos longos e loiros indo
contra o vento...
Uma árvore com flores brancas e reluzentes sustentava o balanço
que a criança brincava.
Um botão de uma flor se soltou da árvore, e foi caindo até chegar
ao colo da menina...
Surpresa e feliz, parou de brincar e ficou observando a pequena
e linda flor. Após ela descer do brinquedo, ela pegou a flor e a pendurou
no cabelo.
A partir daí, os pássaros começaram a voar em direção ao sol.
Um tempo havia se passado, a garota cresceu e virou uma moça...
Com a flor, já crescida, no cabelo, ela começou a dançar... Seu rosto
feliz havia se tranformado em uma insatisfação, ela não sabia o que ela
precisava para se completar, ela só queria dançar...
Dançar e tentar se completar... Os pássaros ainda voando em
direção ao sol.
Em um dia nublado, uns anos se passaram. A cor da luz branca
se misturava com as cores das nuvens, dando em sensações misturadas e
completas de uma história.
A moça havia crescido junto com sua flor reluzente, ela se
apresentava com uma face séria e feliz...
Com um vestido branco...
Destacada junto com a paisagem colorida, ela completava aquele
lugar... Completava aquele homem...
E os pássaros alcançaram a luz infinita além das nuvens.

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A hipocrisia é uma palavra que me fascina há certo tempo. Desde
os nove anos de idade (ou seriam dez?), época na qual li essa palavra pela
primeira vez, reflito sobre ela. Confesso que a princípio a reflexão era
causada pela ignorância: eu pensava extensivamente e formulava teorias
sobre o seu significado, sem me dar ao trabalho de abrir um dicionário.
Apenas após me familiarizar com a expressão tive vontade de conhecer
a definição formal da palavra. Abri o dicionário Houaiss digital (que
adquiri após rasgar a capa do Aurelião de 1970 que minha família
mantém em casa), digitei a palavra (esperando uma definição gigantesca,
pra ponto nenhum botar defeito) e me decepcionei.
Tudo que havia era “Ato ou efeito de fingir, de dissimular os
verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade”. Revoltei-
me. Aquela definição era demasiadamente curta e simples para algo tão
complexo, abrangente e interessante. A hipocrisia não é um evento, não
é uma característica, mas sim um fenômeno inerente ao ser humano, um
ato que permeia a nossa sociedade, que nos faz ser o que somos.
Sugiro que leia o parágrafo acima com um pouco de consideração.
Não sou um maluco conspirador ou um moralista que perdeu as
esperanças na humanidade, mas sim uma pessoa que passou a observar
o dia-a-dia: cada vez que você dá bom dia para alguém que nunca viu
na vida, cada vez que você deseja boa sorte a um desafeto, ou expressa
uma opinião que no fundo não é sincera, você está sendo hipócrita.
A hipocrisia convive conosco, disfarçada de educação, delicadeza e
conveniência.
Após enxergar isso, declarei guerra a ela. Armei-me de princípios
e convicções, e mudei radicalmente a minha rotina. Passei a não dar bom-
dia ao porteiro, a não pedir desculpas sem estar realmente arrependido
e a dizer minha opinião o mais sinceramente possível. Durante esse
período, tudo que eu fiz foi analisado criteriosamente: se algo não fosse
completamente sincero, eu não o fazia.
Eu não passei a distribuir comentários depreciativos e a falar
mal das pessoas das quais não gosto gratuitamente, mas ainda assim,
a quantidade de olhares desaprovadores direcionados a mim e de
discussões nas quais entrei aumentou assustadoramente. Porém, como
estava convicto da autenticidade da minha moralidade, não me importei.
Pelo menos não até ler uma crônica do Luís Fernando Veríssimo sobre

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