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A biblioteca escolar: espaço de

ensino e aprendizagem

Ester Rosa (CEEL/UFPE)


Carmen Bandeira
Irze Keline da Silva (SEEL)
A biblioteca escolar no Brasil – seu acesso e
distribuição

• Segundo o censo escolar de 2008, apenas 39,3% das


escolas públicas de ensino fundamental possuíam
biblioteca, o que indica que será necessária a
construção de 25 bibliotecas/dia para universalizar
esse equipamento até 2020 (Lei n.12.244/2010);
• Apenas 18,2% das escolas municipais de educação
infantil e 22,9% das de ensino fundamental tinham
bibliotecas;

• No Brasil, 79% dos municípios possuem ao menos


uma biblioteca pública em funcionamento, sendo
utilizadas prioritariamente (65% dos frequentadores)
para pesquisa escolar (cf. Censo das Bibliotecas
Municipais, 2010).
A biblioteca escolar no Brasil – seu espaço e acervo

• Avaliação diagnóstica do PNBE (2005) – 196 escolas em


19 municípios e 8 estados (MEC/SEB, 2008):
o espaço físico precário, fechado a chave, depósito de
livros amontoados; salas pequenas, mal iluminadas ou
“armariotecas”;
o espaço vulnerável, usualmente vira depósito de
materiais ou é transformado em sala de aula;
o acúmulo de livros didáticos, acervo desorganizado e
disposição pouco atrativa ao leitor;
o faltam recursos financeiros para conservar e ampliar os
acervos;
o leitura e biblioteca não integram o projeto pedagógico
das escolas.
A biblioteca escolar no Brasil – seus profissionais

• Faltam professores designados especificamente


para as bibliotecas;
• Rotatividade dos profissionais;
• Falta formação para o desempenho da função;
• Predominam professores “readaptados”;
• Ausência de concurso público para bibliotecário
escolar;
• Gestores e professores pouco informados sobre o
PNBE e possibilidades de uso do acervo disponível
na escola.
A biblioteca escolar como espaço
pedagógico – f0rmação de leitores

“ O ideal é que a escola tenha um local destinado ao


armazenamento de livros e de outros suportes impressos
que permita aos alunos vivenciar a experiência da leitura em
um espaço privilegiado como a biblioteca ou a sala de
leitura. (...) Uma biblioteca bem organizada, especialmente
construída ou reformada para acolher livros e seus leitores é,
com certeza, o primeiro estímulo para a leitura (...) de forma
a oferecer a alunos, professores e à comunidade escolar um
lugar agradável e prático para a leitura e guarda organizada
de livros e periódicos.” (MEC/SEB, 2005)
Biblioteca escolar como espaço pedagógico
– letramento informacional

“A biblioteca escolar é parte integral do processo


educativo devendo promover a literacia e/ou
competência na leitura e escrita e no uso da
informação, no ensino e aprendizagem, na cultura.
(...) Deve cumprir o objetivo de oferecer
oportunidades de vivências destinadas à produção e
ao uso da informação voltada ao conhecimento, à
compreensão, à imaginação e ao entretenimento”
(Manifesto da UNESCO/IFLA, 1994)
A biblioteca escolar como espaço
pedagógico – letramento informacional

“Educar para a informação supõe um deslocamento


de foco de um simples uso da biblioteca (pesquisa
documental) para uma concepção multiforme que
inclua uma diversidade de mídias (textuais, visuais,
áudio, etc.), dos saberes técnicos que incluem
cooperação e apropriação e das disposições
cognitivas para produzir, trocar e transformar as
informações” (La lettre d’information, INRP 2006)
A biblioteca escolar e os saberes
informacionais

“Estação do Conhecimento é um ambiente


especialmente preparado para a apropriação sistemática de
saberes e fazeres informacionais indispensáveis aos
processos de construção de conhecimento e cultura na
contemporaneidade. (...) Em meio à profusão de signos,
faltam-nos quase sempre ferramentas cognitivas e
socioculturais para lidar com o excesso, para dar sentido aos
signos, para construir conhecimento e cultura. Por meio de
vivências culturais múltiplas (...) a Estação constitui-se em
espaço de aprendizagem e conhecimento, de criação de
condições e saberes indispensáveis ao protagonismo
cultural” (Perrotti, 2008)
Bibliotecas escolares - projetos, práticas e
aprendizagens na formação de leitores

• Em Recife, através do Programa Manuel Bandeira


de Formação de Leitores (2006) a SEEL
implementa:
o reestruturação física de bibliotecas e
o lotação de professoras selecionadas para a função
docente naqueles espaços

• A biblioteca escolar está cumprindo a função


pedagógica de formar leitores e de mediar saberes
informacionais através da intervenção pedagógica
de professores?
Pesquisa narrativo-colaborativa

• Em 2009, grupo com 11 professoras que atuam em


bibliotecas escolares na RMER e 8 membros da equipe
gestora da SEEL, tendo como procedimentos:
o Observação da “vida” de bibliotecas escolares (38 protocolos – 4
professoras)
o Grupo Operativo (6 encontros) com foco na leitura compartilhada de
textos de referência e documentos orientadores de políticas; na
mediação de leitura de textos literários e na narrativa oral de práticas
pedagógicas vividas nas bibliotecas.
• Em 2010, 6 dessas professoras integram o grupo
operativo (12 encontros), tendo como foco a produção
escrita de relatos de práticas de ensino vivenciadas nas
bibliotecas escolares e explicitação de seus princípios
pedagógicos.
Estratégias de ensino na biblioteca escolar

• Ao iniciarem sua atuação na biblioteca, as professoras


priorizam a formação de leitores através da literatura,
realizando: mediação em rodas de leitura, contação de
histórias, declamação de poesias, encontros com escritores,
acesso e empréstimo do acervo;

• Com a experiência, passam a incluir a coordenação de


projetos didáticos, em articulação com a sala de aula, com o
laboratório de TIC e com agentes culturais dentro e fora da
escola;

• Tanto as atividades cotidianas com a literatura quanto os


projetos envolvem três eixos do ensino da língua –
oralidade, leitura e escrita.
Formação de leitores de textos literários: a importância do
espaço físico, intersubjetivo e de palavra

“Além da organização do acervo, a ambientação do espaço


de leitura é de grande importância para assegurar tanto o
acolhimento quanto as melhores condições para a realização
de diversas formas de mediação de leitura. Cada atividade
desenvolvida requer uma organização do ambiente (...) para
que tudo fique adequado e os leitores possam entrar no
‘clima’ do que é proposto. (...) Trazer histórias aos
estudantes e ouvi-los sobre suas impressões, seja oral ou
através de produção de textos e expressões plásticas,
contribui para tornar esse espaço escolar um lugar onde os
estudantes gostam de estar, reconhecem como seu.” (Márcia
Fontana)
Projetos didáticos na biblioteca e a pesquisa
escolar

“Na biblioteca, é possível iniciar o debate sobre o


tema, quando normalmente selecionamos livros do
acervo para acesso dos estudantes e professores,
como também organizamos apresentações utilizando o
data-show (nessa ocasião, todas as turmas da escola
circulam pela biblioteca) e posteriormente os
professores fazem o aprofundamento do tema a partir
do perfil de cada disciplina, além de também ficarmos
responsáveis pela sistematização das produções e
imagens durante o projeto, com o apoio da professora
multiplicadora e o estagiário do laboratório de
informática visando o produto final, quer seja um livro,
um vídeo, uma exposição, etc.” (Valéria Fonseca)
Projetos didáticos na biblioteca e a pesquisa
escolar
“O que observamos hoje parte do pressuposto de uma
biblioteca escolar aberta, dinâmica, de livre acesso à
leitura e ao conhecimento, voltado também para
produção cultural, trazendo experiências da cultura
local para dentro de seu espaço físico e utilizando-as,
estrategicamente, na disseminação do conhecimento.
Através dessa ação, a biblioteca estará formando um
acervo cultural, não só com materiais já existentes,
mas também com materiais produzidos pelo próprio
estudante.” (Ivana Cavalcanti Silva)
A oralidade, a leitura e a escrita na biblioteca

“Sei que o papel da professora de biblioteca não é,


propriamente, ensinar as crianças a ler e a escrever,
porém existe uma preocupação em produzir material
de leitura a partir da linguagem e da capacidade de
elaboração das crianças. Depois de vivenciarem essas
experiências de produção de linguagens, verem
documentadas por escrito e ilustrado o que
inicialmente contaram lá atrás, certamente fará muito
mais sentido para elas se voltarem para esse material,
refletirem sobre a produção e entenderem a lógica da
estruturação das palavras e da construção dos textos.”
(Márcia Fontana)
A oralidade, a leitura e a escrita na biblioteca

“Outro aspecto que considero importante no


desenvolvimento do trabalho de mediação é o
incentivo ao diálogo, o aluno valoriza o diálogo e sente
necessidade de ser escutado. (...) A mediação deve
ser o espaço de aprendizagem que o aluno tem para
ter acesso ao mundo da escrita e da leitura e para
troca de informações. (...) A escuta do educador faz
muita diferença na forma como o aluno vai se
comportar diante dos desafios de ler diante do seu
grupo.” (Eliara Miranda)
“muitas vezes o(a) professor(a) que tem sua prática na
sala de aula, diante de todo o currículo para dar conta,
deixa para segundo plano a exploração deste trabalho
com a leitura compartilhada.(...) Neste sentido a
professora de biblioteca se torna de grande
importância, uma vez que é garantida uma
continuidade no trabalho com leitura envolvendo os
diversos aspectos que ela abrange. (...) Um aspecto
motivador na biblioteca é a garantia do contato que o
estudante tem semanalmente com obras literárias.”
(Isis Fragoso)
Identidade profissional da professora na
biblioteca – desafios e possibilidades
• A professora de biblioteca precisa diversificar seu
repertório pedagógico e não apenas transpor sua
experiência de sala de aula para o espaço da biblioteca;

• O tempo pedagógico na biblioteca inclui o planejamento e


a leitura como parte da ação docente, no espaço escolar;

• Não é somente a função de ensinar que é mobilizada,


pois a atuação pedagógica passa a se circunscrever num
dispositivo (BE) que tem outras representações,
expectativas e engendra práticas pouco usuais na sala de
aula.
Identidade profissional da professora na
biblioteca escolar – desafios e possibilidades

• A organização da rotina na biblioteca envolve a mediação


de aprendizagens na área da linguagem: apropriação de
textos, letramento literário e saberes informacionais;

• A formação docente precisa incluir demandas da


intervenção educativa na biblioteca escolar;

• Os saberes profissionais tradicionais do campo da


educação são insuficientes para que a biblioteca escolar
se coloque como dispositivo cultural e de articulação com
redes de informação.

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