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PESQUISA MONOGRAFIA PELA INTERNET

Fonte:

http://www.scribd.com/doc/16757129/Gestao-Ambiental-e-Sustentabilidade

HISTÓRIA DA GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES


Sustentabilidade Ambiental

Gestão Ambiental e a sociedade


Professor Luis Felipe Nascimento

PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Carlos Eduardo Bielschowsky
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS EM
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – DPEAD
Hélio Chaves Filho
SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
Celso Costa
COMISSÃO EDITORIAL DO PROJETO PILOTO UAB/MEC
Marina Isabel Mateus de Almeida (UFPR)
Teresa Cristina Janes Carneiro (UFES)
ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDO
Luís Felipe Nascimento
PROJETO GRÁFICO
Annye Cristiny Tessaro
Mariana Lorenzetti
DIAGRAMAÇÃO
Annye Cristiny Tessaro
Victor Emmanuel Carlson
REVISÃO DE PORTUGUÊS
Patrícia Regina da Costa
Sumário
Apresentação..................................................
.. 09
PARTE 1 – A Sustentabilidade no Macroambiente
UNIDADE 1 – Uma Contextualização da Questão
Ambiental
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Do Velho Oeste à chegada até a Lua................................. 15
Constituição histórica das questões
ambientais............................17
Resumo........................................................................
.... 26
UNIDADE 2 – Impactos no Macroambiente
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 29 O Efeito
Estufa...................................................................... 29
Protocolo de
Quioto..................................................................31
Destruição da Camada de
Ozônio................................. 38 Chuva
ácida................................................................... 39
Resumo........................................................................
.... 41
UNIDADE 3 – Agenda 21
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 45 Agenda 21
Global................................................................... 45
Agenda 21
Brasileira................................................................... 46
Agenda 21
local...................................................................47
Conferência de
JoanesburgRio+10.............................................48
Produção e Consumo
Sustentável................................................50
Resumo.................................................................. 52

PARTE 2 – A Sustentabilidade no Microambiente


UNIDADE 4 – Gestão Ambiental Pública
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 57 Os órgãos encarregados da Gestão Ambiental
Pública......................57 Instrumentos de
Política...................................................................58
Licenciamento
Ambiental...................................................................58
Instrumento de
Planejamento.............................................................60
Instrumentos
Econômicos.............................................................60
Educação
Ambiental.............................................................60
Resíduos Sólidos
Urbanos.............................................................61 Agenda
Ambiental na Administração Pública –
A3P............................63
Resumo........................................................................
.... 65
UNIDADE 5 – Emissão Zero
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
69
Histórico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
69 Os princípios e o objetivo do programa
ZERI............................70 Emissão Zero – o caso da
produção de papel..............................71 O programa de
emissões zero pode ser aplicado em todas as indústrias....73
Um plano de
ação............................................................. 74
Resumo........................................................................
.... 76
UNIDADE 6 – Produção Limpa
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.. 79
Histórico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.. 79
Conceito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.. 80 Os quatro elementos da produção
Limpa..............................81
Resumo........................................................................
.... 83
PARTE 3 – A Sustentabilidade no Ambiente Interno
UNIDADE 7 – Permacultura
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 89
Histórico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 90 Permacultura: origens, conceitos, objetivos e
filosofia....................91 Princípios da
Permacultura.............................................................94
Resumo........................................................................
.... 96
UNIDADE 8 – ISO 14000 e Sistema de Gestão
Ambiental
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 99
Histórico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 99 Objetivos das Normas ISO
14000.....................................................101 Sistema de
Gestão Ambiental.......................................................103
Certificação ISO
14000.............................................................103
Resumo........................................................................
.... 105
UNIDADE 9 – Produção mais Limpa
Introdução. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. . .. .. . .. .. .. . .. .. . .. .. .. . .. .. . .. .. .. . .
109 Conceituando e diferenciando a P +
L....................................109 Benefícios em investir em P +
L.....................................................113 Barreiras à
implementação da P + L.............................. 114 Um
exemplo de aplicação de P + L.............................. 117
Resumo........................................................................
.... 121
UNIDADE 10 –E c o d e s i g n
Introdução. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. . .. .. . .. .. .. . .. .. . .. .. .. . .. .. . .. .. .. . .
125 Evolução doE c o d e s i g
n................................................................125 As definições e
aplicações doE c o d e s i g n ..............................126 As Fases
da ferramentaE c o d e s i g n ..............................129
Aplicação das Estratégias do E c o d e s i g
n ..............................139 A Teia das Estratégias do E c o d e s
i g n ..............................140
UNIDADE 11 – Marketing e os Selos Verdes
Introdução......................................................
.......... 147 O que é Marketing
Verde?..............................................................1
47 A Imagem da
Organização.........................................................
.148 três Princípios Básicos do marketing
Verde..............................148 Comunicação
Verde............................................................. 14
9 Selos
Verdes..................................................................
...............149 características dos produtos
verdes..............................150 Selos verdes
indicarão..............................................................
.....151
Resumo..............................................................
.............. 151
UNIDADE 12 – Gestão Ambiental Doméstica
Introdução......................................................
.......... 155 Consumo de
Água....................................................................
....155 Consumo de
energia...................................................................
.....162
Lixo........................................................................
.......................166
Toxidade......................................................
.......... 171
Resumo..............................................................
.............. 173
Referências.................................................................
....................175
Minicurrículo.............................................................
........................190

Apresentação
O que você vai encontrar neste livro?
Prezado Estudante!
O conteúdo aqui desenvolvido é resultado de
mais de uma déca- da de pesquisas nesta área.
Nessa trajetória houve colaboração de muitos
colegas e orientandos de graduação,
especialização, mestrado e doutorado.
Agradecemos em especial à Angela Denise da
Cunha Lemos e Maria Celina Abreu de Mello,
minhas co-autoras do livro Gestão
Socioambiental Estratégica, a Cláudio Senna
Venzke, meu co- autor na Unidade sobre E c o d e s
i g n publicado no livro Abordagens e Ferramentas
de Gestão Ambiental nas Organizações e à
Paola Schmitt Figueiró pelas suas contribuições.
Este livro é um instrumento dirigido a alunos
do curso de Gra- duação em Administração,
modalidade a distância. O tema Gestão
Ambiental e Sustentabilidade é abordado numa
linguagem simples, buscando a interatividade
entre o leitor e os colegas.
Os conteúdos estão divididos em três
ambientes: o Macroambiente, que é o local mais
distante e é caracterizado pelos efeitos globais; o
Microambiente, quando os fatos e as
organizações estão próximos, nesse ambiente é
possível nos comunicar e ter alguma ingerência
nas decisões; e o Ambiente Interno, que ocorre
dentro dos muros da organização onde
trabalhamos ou dentro da nossa casa, onde
temos quase que completo poder para fazer
alguma coisa. Os três Am- bientes formam o que
chamamos de “Ecossistema de Mercado”.
Portanto, iniciamos o conteúdo fazendo uma
constituição histó- rica das questões ambientais.
A proposta é a de que “viajemos” até o espaço
para entender porque ocorre o efeito estufa e o
que está cau- sando o buraco na camada de
ozônio, também trataremos dos princi- pais
responsáveis pelo aumento na temperatura
global e conseqüentes alterações climáticas na
Terra. Depois voltaremos para a nossa cidade e,
por fim, para a nossa organização e para a
nossa casa.

Você encontrará aqui os conceitos


fundamentais e poderá testar os seus
conhecimentos nos exercícios propostos. Cada
Unidade reme- te a leituras complementares e
sugere a ampliação e a constante atua- lização
dos conteúdos por meio do acesso a sites
especializados. Apre- sentamos uma legenda
com ícones, fotos e questões, tudo para tornar a
sua leitura mais agradável.
Além do material que você está recebendo,
poderá acessar o site <www.portalga.ea.ufrgs>
para fazerd o w n l o a d s de teses, dissertações,
artigos e muitas informações sobre Gestão
Ambiental e Sustentabilidade. Nesse portal você
terá acesso a um CD sobre Produ- ção Mais
Limpa, contendo jogos, conteúdos e testes para
você verifi- car o seu desempenho. Sugerimos
como leitura complementar o livro de nossa
autoria, Gestão Socioambiental Estratégica .
Estamos cientes de que alguns dos sites
indicados, ou parte dos conteúdos, poderão não
mais estar disponíveis nos próximos anos, mas
acreditamos que o importante é que você
complemente o seu aprendi- zado pesquisando
também em outros sites que disponibilizem
conteú- dos sobre os temas abordados.
Esperamos que você aproveite a leitura e
realize os exercícios propostos pelos
professores, mas, principalmente, desejamos
desper- tar o seu interesse em aprofundar esse
tema que figura como uma exi- gência para os
profissionais de todas as áreas.
Saudações fraternas e sustentáveis!
Professor Luís Felipe Nascimento

Parte 1:

A sustentabilidade no Macroambiente
A sustentabilidade no Macroambiente é
apresentada em três Unidades,
iniciando com o Desenvolvimento
Sustentável, em que é feito uma
contextualização das preocupações
ambientais até os dias de hoje. A
segunda Unidade trata dos Impactos
Ambientais Globais, demonstrando
também como funciona o comércio
dos créditos de carbono. E a
terceira Unidade aborda a Agenda 21
e documentos importantes para a
promoção da sustentabilidade.
Confira!
UNIDADE 1

Uma Contextualização da Questão Ambiental

Objetivo

Esta Unidade apresentará uma


contextualização histórica acerca do
Desenvolvimento Sustentável com o
que ocorreu nos últimos séculos
através de uma narrativa comparativa
entre a vida no Velho Oeste e a
vida em uma espaçonave e como surgiu o
conceito de Desenvolvimento
Sustentável; trará aspectos que são
abordados na discussão da
construção do desenvolvimento
sustentável, levando em consideração
os conflitos entre crescimento econômico
e ambiente natural; analisará a
constituição dos fatos a partir da década
de 1960, considerada um
marco na história da gestão ambiental,
com a publicação do livro A
Primavera Silenciosa; tecerá comentários
referentes à rápida deterioração
do ambiente natural, à destruição da
camada de ozônio, às alterações
climáticas e ao efeito estufa; explicará o
tripé básico no qual se apóia a
idéia de desenvolvimento sustentável –
atividade econômica, meio
ambiente e bem-estar da sociedade,
pois isso trata-se de um termo
simples, porém com implicações
profundas; e, finalmente,
proporcionará o conhecimento de
novos conceitos e tendências sobre
Desenvolvimento Sustentável, já que
hoje o foco passou a ser o
aperfeiçoamento de todo o processo
produtivo, buscando reduzir o
impacto ambiental e, neste século, as
empresas tendem a incorporar a
gestão ambiental em suas práticas,
não apenas de forma reativa, mas
pró-ativa.

Introdução

Caro estudante!
Certamente você já ouviu muitas vezes alguém
falar em “Desenvolvimento Sustentável”, mas o
que ele significa para você? Qual é o
sentimento que você tem quando ouve o termo
Desenvolvimento Sustentável? Medo? Espe-
rança? Pessimismo? Um futuro melhor? Bem,
para enten- der por que o tema
Desenvolvimento Sustentável passou a ocupar
espaço diário na mídia e a fazer parte das
nossas con- versas, causando diferentes
sentimentos nas pessoas, é preci- so analisar
as mudanças ocorridas nos últimos séculos.

Do Velho Oeste à chegada até a Lua


Vamos voltar no tempo e imaginar como era a
vida dosc o w b o y s no velho oeste dos Estados
Unidos. Os filmes nos mostram que o meio de
transporte utilizado na época eram os cavalos e
as diligências, com carros puxados por cavalos.
Vamos imaginar um filme mostrando três
vaqueiros que resolveram viajar até uma cidade
distante e embarca- ram numa diligência. A
diligência não oferecia serviços de bordo e era
preciso viajar várias horas para chegar a um
povoado onde tivesse um bar ou um hotel, onde
os passageiros poderiam se alimentar e pernoi-
tar. Para passar o tempo e enfrentar o tédio da
viagem, os vaqueiros beberam uma garrafa de
uísque. E o que fizeram com a garrafa vazia?
Jogaram pela janela! E o cocô dos seis cavalos
que puxavam a dili- gência onde foi depositado?
Ao longo do caminho e nas ruas da cida- de por
onde passaram!
Para descansar dos solavancos da diligência, foram
feitas algu-
mas paradas ao longo de um rio e nas pequenas
cidades que passaram,

16
Curso de Graduação em Administração a Distância
quando então os vaqueiros puderam desfrutar
dos serviços do restau- rante e dormir numa
cama de hotel. Na manhã seguinte, descansados
e tendo reposto os mantimentos, a diligência
seguiu viagem. Podemos ver desperdício de
água no banho e de comida no restaurante, pois
era barato e fácil de obter. Ao longo do caminho,
quando estragou a roda do “veículo”, o próprio
cocheiro, o condutor da diligência, foi capaz de
repará-la, pois a tecnologia era simples e de
domínio dos usuários.
Agora vamos avançar no tempo e ver outro
filme, o que mostra o transporte dos primeiros
três astronautas que chegaram à Lua. Eles
viajaram na cápsula da espaçonave, um espaço
semelhante ao de uma diligência. Mas na
espaçonave, além de não ter serviço de bordo,
não existia a possibilidade de descer para
espichar as pernas e lavar o rosto nas águas do
rio, ou de dormir numa cama de hotel. Repor os
manti- mentos na manhã seguinte, de que forma?
Todos os suprimentos ne- cessários para a
viagem tiveram que ser levados da Terra.
Desperdiçar água ou alimentos? De jeito
nenhum! Os recursos eram limitados, se algum
deles comesse um pouco mais do que a ração do
dia, faltaria comida ao final da viagem. E os
resíduos gerados com as refeições, urina e fezes
dos astronautas, onde foram armazenados? Sim,
porque diferentemente dos vaqueiros da
diligência, os astronautas não podi- am jogar os
dejetos pela janela.
Enquanto no velho oeste existia uma área
enorme desabitada, os recursos eram
abundantes, a tecnologia era simples e o
consumo de energia era pequeno, na
espaçonave acontecia justamente o contrário. O
espaço físico dentro aeronave era mínimo, os
astronautas trabalha- vam, comiam, faziam suas
necessidades fisiológicas e dormiam no mesmo
local. A tecnologia era a mais sofisticada da
época. A energia dos cavalos foi substituída por
sofisticados equipamentos para colocar e manter
a espaçonave no trajeto entre o Planeta Terra e
seu satélite, a Lua. E, muitos produtos e
equipamentos foram desenvolvidos exclu-
sivamente para permitir a sobrevivência dos
astronautas nesta viagem.
O exemplo da vida no velho oeste e na
espaçonave ilustra as mudanças ocorridas nas
últimas décadas em nossas vidas. Se compa-
rarmos como viviam nossos avós e como
vivemos hoje, iremos perce- ber que: diminuiu o
espaço com o aumento da população e a
formação
Módulo 6
17
das regiões metropolitanas; diminuíram as
reservas de recursos não- renováveis, como o
carvão, o petróleo e outros minerais; aumentou o
consumo de energia e de lixo per capita e está
cada vez mais difícil encontrar um local
adequado para armazenar os resíduos gerados.
Em outras palavras, podemos dizer que o
desenvolvimento se tornou me- nos sustentável,
ou insustentável, pois os recursos não-
renováveis irão acabar dentro de mais alguns
anos; o consumo e o preço da energia vêm
aumentando e poderá chegar num ponto em que
se torne insufici- ente para atender à demanda e;
o lixo gerado viaja cada vez para mais longe.
Além do problema de espaço, de consumo de
energia e da ge- ração de lixo, existem vários
outros aspectos que são abordados na discussão
da construção dod e s e nvo l v i m e n t o s u s t e n
t á ve l *.
Você acredita que o nosso modelo de
desenvolvimento é
realmente insustentável?
18
Curso de Graduação em Administração a Distância
No final dos anos de 1960, um grupo de
cientistas que assesso- rou o chamado Clube de
Roma, utilizando-se de modelos matemáti- cos,
alertou sobre os riscos de um crescimento
econômico contínuo, baseado em recursos
naturais não-renováveis. O relatório Limites ao
Crescimento, elaborado pelo grupo de cientistas e
publicado em 1972,
foi um sinal de alerta que incluía projeções, em
grande parte, não cum- pridas, mas teve o mérito
de conscientizar a sociedade para os limites da
exploração do planeta. O documento do Clube de
Roma foi muito importante para despertar a
consciência ecológica mundial, pois cola- borou
para que, em julho de 1972, fosse realizada a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, em Esto- colmo,
na Suécia.
A década de 1970 ficou conhecida como a
década da regula- mentação e do controle
ambiental, ou seja, a época do “comando-con-
trole”. Após a Conferência de Estocolmo, em
1972, as nações come- çaram a estruturar seus
órgãos ambientais e a estabelecer suas legisla-
ções, visando o controle da poluição ambiental.
Poluir passou a ser considerado crime em
diversos países. Na mesma época, a crise
energética, causada pelo aumento do preço do
petróleo, trouxe à dis- cussão dois novos temas
que, mais tarde, ajudaram, e muito, a luta
daqueles que se preocupavam com a proteção
do meio ambiente. Ou seja, foram discutidas
questões relativas à racionalização do uso de
energia e à busca por combustíveis mais puros,
oriundos de fontes renováveis. Ao mesmo tempo,
as primeiras tentativas de valorização energética
de resíduos unem dois dos temas de maior
evidência nessa década: meio ambiente e
conservação de energia. O conceito de de-
senvolvimento sustentável começa a surgir no
painel de temas em dis- cussão. Assim, em 1978,
na Alemanha, surge o primeiro selo ecológi- co, o
Anjo Azul, destinado a rotular produtos
considerados ambientalmente corretos.
Na década de 1980, entrou em vigor uma série
de legislações específicas que visavam controlar
a instalação de novas indústrias e estabelecer
exigências para as emissões das indústrias
existentes. Nes- sa época surgem as empresas
especializadas na elaboração de Estudos deI m p
a c t o A m b i e n t a l * e de Relatórios de Impacto
Ambiental.
GLOSSÁRIO
*Impacto ambiental
– Segundo Resolu- ção do CONAMA nº 001/86,
art. 1º, trata-se de qualquer alteração das propri-
edades físicas, quí- micas e biológicas do
ambiente natu- ral, causada por qualquer forma
de matéria ou energia resultante das ativi- dades
humanas que, direta ou indireta- mente, afetam a
saú- de, a segurança e o bem-estar da popu-
lação; as atividades sociais e econômi- cas; as
biotas; as condições estéticas e sanitárias, do am-
biente natural; e a qualidade dos recur- sos
ambientais. Fon- te:
CONAMA
(2008).
Módulo 6
19
Contudo, o maior enfoque era dado sobre o
controle da polui- ção no “final do tubo”, ou seja,
tratava-se o efluente, o resíduo ou a emissão.
Essa atitude apresentava o controle ambiental
como um cus- to adicional para a empresa. Os
resíduos perigosos passam a ocupar lugar de
destaque nas discussões sobre a contaminação
ambiental. Al- guns acidentes de grande impacto,
como a explosão de uma indústria química na
Índia (Bhopal, em 1984), o vazamento na usina
nuclear na Ucrânia (Chernobyl, em 1986), na
então União Soviética; o derrama- mento de
petróleo no mar do Alasca (Exxon Valdez, em
1989), e a constatação da destruição progressiva
da camada de ozônio que cir- cunda a Terra e a
protege de algumas faixas de radiações solares,
tra- zem finalmente a discussão dos temas
ambientais para o dia-a-dia do homem comum.
Ainda na década de 1980, a proteção
ambiental, que era vista sob um ângulo
defensivo, estimulando apenas soluções
corretivas ba- seadas no estrito cumprimento da
legislação, começa a ser considera- da pelos
empresários como uma necessidade, pois reduz
o desperdício de matérias-primas e assegura
uma boa imagem para uma empresa que adere
às propostas ambientalistas.
A década de 1980 se encerrou com uma
globalização das preo- cupações com a
conservação do meio ambiente. Dois exemplos
dessa preocupação global são o “Protocolo de
Montreal”, firmado em 1987, que bane toda uma
família de produtos químicos (os
clorofluorcarbonos ou CFCs) e estabelece prazos
para sua substituição, e o “Relatório da Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento”, ins- tituído pela Assembléia
Geral das Nações Unidas. Este último, tam- bém
chamado de Relatório Brundtland, em razão do
nome de sua co- ordenadora, foi publicado em
1987, sob o título de Nosso Futuro Co-
mum, que permitiu disseminar mundialmente o conceito
de Desenvol-
vimento Sustentável.
O Relatório Brundtland é considerado um
marco no processo de debate sobre a
interligação entre as questões ambientais e o
desenvol- vimento, pois ele faz um alerta para a
necessidade de as nações uni- rem-se na busca
de alternativas para os rumos vigentes do
desenvolvi- mento, a fim de evitar a degradação
em nível planetário. Afirma tam-
20
Curso de Graduação em Administração a Distância
bém, que o crescimento econômico que não
melhora a qualidade de vida das pessoas e das
sociedades não poderia ser considerado desen-
volvimento. De forma paralela, o Relatório
Brundtland também mos- tra que seria possível
alcançar um maior desenvolvimento sem des-
truir os recursos naturais, conciliando
crescimento econômico com conservação
ambiental.
No Relatório Brundtland foi definido o conceito de D e
s e nv o l v i -
mento Sustentável como sendo aquele que atende às
necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade das
gerações futuras aten- derem às suas próprias
necessidades. Esse conceito, que foi desenvol-
vido no final da década de 1980, só ganhou força
a partir da Confe- rência Mundial de
Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada no
Rio de Janeiro, em 1992. Após a Rio-92, como
ficou conhecida a conferência de cúpula da ONU,
a sociedade em geral e as empresas em
particular passaram a compreender a
necessidade de implementar uma nova visão de
desenvolvimento econômico, algo que pudesse
garantir a produção de bens e serviços e, ao
mesmo tempo, atender às necessidades básicas
do ser humano e preservar o meio ambiente. Em
síntese, o conceito de desenvolvimento
sustentável é composto por três importantes
dimensões: a econômica, a social e a ambiental.
Podemos dizer que o desenvolvimento
industrial, ao longo dos anos, trouxe impactos
positivos, mas, também, diversos impactos ne-
gativos à sociedade. Hoje, o planeta sente e se
ressente desses impac- tos negativos. A rápida
deterioração do ambiente natural, a destruição da
camada de ozônio, as alterações climáticas, o e f
e i t o e s t u f a *, a chu- va ácida, a destruição das
florestas, a morte dos lagos, a destruição das
regiões de montanha, o lixo em excesso, os
desperdícios de toda or- dem, a pobreza, a
miséria e a fome são apenas alguns dos itens
que precisam ser considerados na atual agenda
de prioridades do planeta Terra. Portanto, esse é
o lado negativo do desenvolvimento industrial
que precisa ser equacionado.
Utilizando o conceito de Desenvolvimento
Sustentável, o Rela- tório Brundtland tentou
considerar os dois lados da questão relativa ao
desenvolvimento econômico. Em seu sentido
mais amplo, a estratégia de desenvolvimento
sustentável visa promover a harmonia entre os
GLOSSÁRIO
*Efeito Estufa– é
um fenômeno natu- ral que tem a função proteger o
planeta do esfriamento de- masiado que impe- diria
a vida na Ter- ra. Se não estivesse envolvido pelos
ga- ses que o mantém aquecido, nosso pla- neta
estaria conge- lado. Porém, a emissão de gases
tem aumentado a espessura desta ca- mada e isto
vem causando um aque- cimento demasiado, que
ameaça o equi- líbrio climático da Terra. O efeito
estu- fa, causado pela po- luição atmosférica,
dificulta a saída de calor da Terra au- mentando a
sua tem- peratura e as conse- qüências do aqueci-
mento global vão desde os buracos na camada de
ozônio, chuvas ácidas, até o aumento do nível do
mar que coloca em risco regiões litorâne- as no
mundo inteiro. Fonte: AIE (2008).

Saiba mais...
Módulo 6
21
seres humanos e entre a humanidade e a natureza. A
busca do desen-
volvimento sustentável requer:
um sistema político que assegure a efetiva
participação dos
cidadãos no processo decisório;
um sistema econômico capaz de gerar excedentes e k n
ow-
how técnico em bases confiáveis e constantes;
um sistema social que possa resolver as tensões
causadas por
um desenvolvimento não-equilibrado;
um sistema de produção que preserve a base
ecológica do
desenvolvimento;
um sistema tecnológico que busque constantemente
novas
soluções;
um sistema internacional que estimule padrões
sustentáveis
de comércio e financiamento; e
um sistema administrativo flexível e capaz de se auto-
corrigir.
 Para saber mais sobre Desenvolvimento Sustentável,
acesse:
<http://www.economiabr.net/economia/
3_desenvolvimento_sustentavel_conceito.html>
A partir da definição de desenvolvimento
sustentável pelo Rela- tório Brundtland, em 1987,
é possível perceber que tal conceito não diz
respeito apenas ao impacto da atividade
econômica no meio ambi- ente. Desenvolvimento
sustentável se refere, principalmente, às con-
seqüências dessa relação na qualidade de vida e
no bem-estar da soci- edade, tanto presente
quanto futura.
Atividade econômica, meio ambiente e bem-
estar da sociedade formam o tripé básico no qual
se apóia a idéia de desenvolvimento sustentável.
A aplicação do conceito à realidade requer, no
entanto, uma série de medidas, tanto por parte
do poder público como da inici- ativa privada,
assim como exige um consenso internacional.
Figura 1: Desenvolvimento Sustentável – equilíbrio entre o
econômico,
o social e o ambiental
Fonte: Elaborada pelo autor.

22
Curso de Graduação em Administração a Distância
Segundo o Relatório Brundtland, uma série de medidas
deve ser
tomada pelos Estados nacionais:
1. limitação do crescimento populacional;
2. garantia de alimentação em longo prazo;
3. preservação da biodiversidade e dos
ecossistemas;
4. diminuição do consumo de energia e
desenvolvimento de
tecnologias que admitem o uso de fontes
energéticas
renováveis;
5. aumento da produção industrial nos países não-
industriali-
zados para a base de tecnologias ecologicamente
adaptadas;
6. controle da urbanização selvagem e integração entre
cam-
po e cidades menores; e
7. satisfação das necessidades básicas.
Internacionalmente, as metas propostas pelo Relatório
são as
seguintes:
1. as organizações do desenvolvimento devem adotar
a es-
tratégia de desenvolvimento sustentável;
2. a comunidade internacional deve proteger os
ecossistemas
supranacionais como a Antártica, os oceanos e o
espaço;
3. as guerras devem ser banidas; e

4. a ONU deve implementar um programa de


desenvolvi-
mento sustentável.
Como foi possível observar, o conceito de
desenvolvimento sus- tentável é uma frase
simples, mas suas implicações são profundas.
Entretanto, seu maior significado é o seguinte:
devemos colocar nosso modo de vida atual em
um alicerce que seja baseado em gerar r e n d a e
não em terminar com os a t i v o s (WILLUMS;
GOLÜKE, 1992).
Portanto, o desenvolvimento sustentável trata
de como aprender a valorizar, manter e
desenvolver o nosso patrimônio ambiental (ou
capital natural) de tal maneira que possamos
viver de sua renda e não de seu capital.
Ainda nos anos de 1980, mais precisamente
em 1989, em Basi- léia, Suíça, é firmado um
convênio internacional que estabelece as regras
para os movimentos transfronteiriços de
resíduos; dispõe sobre o controle da importação
e exportação e proíbe o envio de resíduos para
países que não possuam capacidade técnica,
legal e administrati- va para recebê-los. É a
Convenção de Basiléia, já ratificada por mui- tos
países, criada, entre outras razões, para coibir o
comércio de resí- duos tóxicos que são
descartados em países menos desenvolvidos.
 Para saber mais sobre a Convenção da Basiléia,
acesse: <http://
bo.io.gov.mo/bo/i/99/34/decretolei37.asp#ptg>.
Na década de 1990 , a sociedade se encontrava
um pouco mais preparada para internalizar os
custos da qualidade de vida e pagar o preço de
manter limpo o ambiente em que vive. As
pessoas passaram a se dar conta da
importância de manter o equilíbrio ambiental e
de entender que o efeito nocivo de um resíduo
ultrapassa os limites da área em que foi gerado
ou disposto.
A “Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento”, conhecida
também como Cúpula da Terra ou Rio- 92,
realizada de 3 a 14 de junho de 1992, na cidade
do Rio de Janeiro,
resultou em dois importantes documentos: a
Carta da Terra (também conhecida como
Declaração do Rio) e a Agenda 21, sobre a qual
fala- remos na Unidade 2.
Em 2002, ocorreu a Rio+10, em Joanesburgo,
na África do Sul. Eventos como esse mostraram
que, no final do Século XX e início do Século
XXI, a questão ambiental ultrapassou os limites
das ações iso- ladas e localizadas, para se
constituir em uma inquietação de toda a
humanidade. A preocupação com o uso
parcimonioso das matérias- primas escassas e
não-renováveis, a racionalização do uso de
energia e a opção pela reciclagem, que combate
o desperdício, convergem para uma abordagem
mais ampla e lógica do tema ambiental que pode
ser resumida pela expressão “qualidade
ambiental”.
Portanto, nos anos de 1990, pudemos
perceber que ocorreu uma mudança de enfoque
com a gestão ambiental ou gestão ecoeficiente.
Pudemos observar que o foco passou a ser
otimizar todo o processo produtivo, buscando
reduzir o impacto ambiental. Surgiu o conceito de
prevenção, fazendo uso de tecnologias mais
limpas*, menos poluentes ou perigosas, assim
como o conceito do “ciclo de vida” do produto,
que é a busca por tornar-se ecologicamente
correto, desde o nascimento do produto até o seu
descarte ou com o reaproveitamento do mesmo.
Ocorreu o surgimento doE c o d e s i g n, que passa
a ser inse- rido como uma importante ferramenta
para uma produção sustentável.
A introdução de novos conceitos, como:
Certificação Ambiental, Atuação Responsável e
Gestão Ambiental, tende a modificar a postu- ra
reativa que marcava, até recentemente, o
relacionamento entre as empresas, de um lado, e
os órgãos de fiscalização e as ONGs atuantes na
questão ambiental, de outro. Uma nova postura,
baseada na res- ponsabilidade solidária, começa
a relegar a um segundo plano as pre- ocupações
com multas e autuações, que vão sendo
substituídas por um maior cuidado com a
imagem da empresa.
A década de 1990 assistiu, também, entrar em vigor,
em 1992,
as normas britânicas BS 7750 – Specification for
Environmental
Management Systems (Especificação para Sistema de
Gestão
Ambiental), que serviram de base para elaboração de
um sistema de
normas ambientais em nível mundial. Entrar em vigor
essas normas
GLOSSÁRIO
*Tecnologias Mais
Limpas ( Cleaner
Tecnologies) – con-
junto de soluções que começam a ser
estabelecidas e dis- seminadas, por sua ampla
utilização, a fim de prevenir e resolver problemas
ambientais, seguin- do o princípio de proteger e
conservar o ambiente natural, evitando o
desperdí- cio de recursos e a d e g r a d a ç ã o
ambiental, almejan- do o desenvolvi- mento
sustentável. Fonte: CEBDS (2001).

Módulo 6
25
internacionais de gestão ambiental, que
constituem a série ISO 14000, e a integração
entre elas e as normas de gestão da qualidade,
série ISO 9000, foi o coroamento de uma longa
caminhada em prol da conser- vação do meio
ambiente e do desenvolvimento em bases
sustentáveis. Assim, para as empresas, a questão
ambiental deixa de ser um tema- problema, para
se tornar parte de uma solução maior: a
Credibilidade da Empresa junto à sociedade
através da qualidade e da competitividade de
seus produtos.
No Século XXI, ocorreu em Joanesburgo, na
África do Sul, a Conferência Rio+10, com objetivo
de avaliar os resultados obtidos nos dez anos
seguintes à Conferência do Rio de Janeiro. As
repercus- sões das iniciativas estabelecidas no
evento, então, envolveram gover- nos e
empresas com metas de alcançar o
Desenvolvimento Sustentá- vel no Século XXI.
Normas ambientais internacionais, como as da
série da ISO 14000, e o estabelecimento de
conceitos como Respon- sabilidade Ambiental
Corporativa e Ecoeficiência são exemplos de
ações no meio empresarial. As discussões sobre
o Protocolo de Kyoto, para redução das emissões
de gases com impactos negativos como o efeito
estufa, sinalizam esforços governamentais.
É nesse contexto de discussões que,
paralelamente, é articulada e desenvolvida a
chamada gestão ambiental. No meio empresarial,
ela evolui de forma a, inicialmente, atender às
regulamentações do setor público e,
posteriormente, às exigências dos s t a k e h o l d e r s
* e da soci- edade como um todo. A questão
ambiental é vista, então, não mais como uma
forma de responder a questões legais, mas como
fator de competitividade, conquista de mercado e
manutenção, em médio e lon- go prazo, da
produção.
No Século XXI as empresas tendem a
incorporar a gestão ambiental em suas práticas,
não apenas de forma reativa, mas pró- ativa. O
efeito da produção é avaliado desde a seleção da
matéria- prima até o descarte dos resíduos pelo
consumidor, passando pelo melhor
aproveitamento dos insumos e resíduos lançados
no ambiente. Esse tipo de perspectiva na
produção, mais do que trazer resultados em
termos ambientais, é uma gestão que reduz
desperdícios de recur- sos e, em geral, diminui
custos, derrubando o conflito entre economia
e ecologia, ou seja, o mito de que uma gestão
ambientalmente respon-
sável é incompatível com o aspecto econômico.
RESUMO
Nesta Unidade pudemos ver que, do ponto de
vista eco- nômico, o crescimento tem que ser
definido de acordo com a capacidade dos
ecossistemas em suportar o uso e se restaurar
(maior eqüidade e aumento da eficiência
econômica). É o de- senvolvimento sustentável
preservando a biodiversidade e man- tendo o
respeito aos limites do ambiente natural,
preocupando- se em promover a coesão e a
mobilidade social, respeitando a identidade
cultural de cada mercado, pois, enquanto existem
coisas em comum na evolução dos movimentos
ambientalistas, existem também diferenças
fundamentais.
Concluímos que os movimentos em prol do
ambiente na- tural ainda são fragmentados e
suborganizados, com vários subgrupos
representando de forma isolada seus próprios inte-
resses, de acordo com suas especificidades
regionais. Porém, essas exigências deverão ser
ampliadas em médio e longo pra- zo, à medida
que mais e mais organizações forem aderindo ao
conceito de proteção ambiental, reforçando as
exigências dos consumidores, dos grupos
ambientalistas e dos governos locais. Isso
provocará o surgimento de novas regras sobre a
gestão ambiental nas organizações e na interação
entre ciência econô- mica e ambiente natural,
requerendo soluções específicas em cada região,
à luz dos dados culturais e ecológicos; mas,
também, exi- girá padrões internacionais, como já
vem acontecendo em diver- sos setores, devido à
emergência do mercado internacional.

Unidade 2: Impacto no Macroambiente

Objetivo
Esta Unidade apresentará as
definições e as informações relativas
aos
impactos ambientais globais, como: o
Efeito Estufa, a Destruição da
Camada de Ozônio e as Chuvas
Ácidas, causadores de impactos no
macroambiente, já que afetam o
planeta como um todo e não
diretamente em quem os gerou;
mostrará as possíveis causas da
destruição da Camada de Ozônio e
suas principais conseqüências;
explicar como é formada a chuva
ácida e quais os danos que pode
causar; definirá e contextualizará o
“Protocolo de Quioto”, bem como
seus mecanismos de flexibilização,
utilizados para cumprir os
compromissos firmados. Dentre
esses trataremos, em especial, os
Mecanismos de Desenvolvimento
Limpo; e, por fim, exemplificará de
forma prática o cálculo de créditos de
carbono.
Objetivo

Introdução
Módulo 6
29
Olá estudante!
Nesta Unidade veremos como os impactos
ambientais po- dem ser: locais, regionais ou
globais. Analisaremos, ainda, alguns dos
principais impactos ambientais globais, como o
Efeito Estufa, a Destruição da Camada de
Ozônio e as Chu- vas Ácidas. Visando reduzir
os gases causadores do Efeito Estufa foi
ratificado o Protocolo de Quioto, que é uma
ino- vadora, mas também contestadora forma
de tentar resolver esse problema. Então,
abordaremos o assunto a seguir.
O Efeito Estufa
O Efeito Estufa é um termo dado ao
aquecimento do Planeta Terra devido ao
espessamento da camada de gases localizada
na at- mosfera (ver Figura 2). Esse Efeito é um
processo natural e importan- te para manter a
vida na Terra, mas nas últimas décadas houve
um aumento dessa camada de gases,
provenientes das emissões de gases dos
automóveis (CO2), das indústrias e queimadas,
entre outros. O resultado disso é que parte dos
raios infravermelhos refletidos pela superfície
terrestre é absorvida por essa camada e parte é
refletida no- vamente para a terra, aumentando
assim a temperatura do Planeta.
30
Curso de Graduação em Administração a Distância
O IPCC – Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáti- cas projeta que para os
primeiros anos do Século XXI haverá uma
duplicação da quantidade de gases de efeito
estufa na atmosfera. Por menor que seja o
aumento da temperatura, haverá uma elevação,
ge- rando o derretimento das calotas polares
(ver Figura 3) e, por conse- qüência, a elevação
do nível do mar. O aquecimento global causa
de- sastres naturais e danos para a saúde dos
seres humanos e para a eco- nomia como um
todo.
Figura 3: Derretimento do gelo nos pólos
Fonte: <http://www.fuggire.it/desktop/Perito-Moreno-
1024.jpg>.
Acesso em: 4 set. 2008.

Protocolo de Quioto*
Preocupados com o aumento da temperatura
do Planeta, já na Conferência das Nações Unidas
para o Desenvolvimento e Meio Ambiente,
realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi discutida
a neces- sidade de ações para reduzir a emissão
de CO2, o principal causador do Efeito Estufa.
Outras conferências foram realizadas e esse tema
foi ganhando importância, até que em 1997 foi
firmado o Protocolo de Quioto, no Japão. Mas,
somente em fevereiro de 2005 o Protocolo entrou
em vigor. Tal Protocolo visa reduzir 5,2%, entre
2008 e 2012, em relação aos níveis de emissão
de 1990, os gases que geram o efeito estufa.
O Protocolo de Quioto instituiu três mecanismos
de
flexibilização: Emissions Trade, Joint Implementation e
CDM.
Emissions Trade (comércio de emissões) – são utilizados
en-
tre países industrializados do Anexo I (ver Tabela
1). Através desse mecanismo, um país que tenha
reduzido suas emissões acima de sua meta,
pode transferir o excesso de suas reduções para
outro país que não tenha alcançado tal condição.
Joint Implementation (implementação conjunta) – é outro
“mecanismo flexível” pelo qual os países do
Anexo I podem fazer uso para reduzir suas
emissões sem tomar medidas no próprio país. O
mecanismo possibilita a um país do Anexo I
realizar projeto de redução de gases do efeito
estufa* em outro país do Anexo 1, contabilizando,
a seu favor, as emis- sões reduzidas.
MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL): é um dos mecanismos de flexibilização
criados pelo Protocolo de Quioto para auxiliar o
processo de redução de emissões de gases do
efeito estufa (GEE) ou de captura (ou seqüestro)
de carbono por parte dos países do Anexo I. O
Brasil propôs a criação do Fundo de
Desenvolvimento Limpo, formado por meio de
contribuições dos países desenvolvidos que não
cum- prissem suas metas. O fundo seria utilizado
para desenvolver projetos em países em
desenvolvimento. Entretanto, em Quioto, a idéia
do fundo foi transformada, estabelecendo-se
GLOSSÁRIO
*Protocolo
de
Quioto – É um tra-
tado internacional que estabelece com- promissos
para a re- dução da emissão dos gases que pro-
vocam o efeito estu- fa, considerados como a
principal causa do aqueci- mento global. Os
países desenvolvi- dos que são signatá- rios deste
Protocolo têm a obrigação de reduzir a emissão
de gases do efeito estufa em, pelo me- nos, 5,2%
em rela- ção aos níveis de 1990 no período en- tre
2008 e 2012. Fonte: Nações Uni- das no Brasil
(2008).
*Gases do Efeito
Estufa (GEE) – No
âmbito do Protoco- lo de Quioto, os se- guintes
GEEs são regulados: dióxido de carbono (CO2),
metano (CH4), óxi- do nitroso (N4O),
hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcar- bonos
(PFCs) e hexafluoreto de en- xofre (SF6). Fonte:
Nações Unidas no Brasil (2008).

32
Curso de Graduação em Administração a Distância
o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, definido
no arti-
go 12 do Protocolo. O CDM – Clean Development
Mechanism , traduzido para MDL (Mecanismo de
Desenvol-
vimento Limpo), tem como objetivo a diminuição
da emis- são dos gases causadores do efeito
estufa, criando um meca- nismo através do qual
as partes não incluídas no Anexo I, enquanto
buscam alcançar o desenvolvimento sustentável,
auxiliam os integrantes do Anexo I no
cumprimento de suas metas de limitação de
emissões, de modo que seja atingido o objetivo
do Protocolo.
A intenção do artigo 12 do Protocolo de
Quioto, que institui o MDL, é a de que aqueles
países responsáveis pelas maiores emissões de
CO2 possam, enquanto não conseguem diminuir
suas próprias emis- sões, investir capitais na
produção de sistemas agrícolas fixadores de
carbono da atmosfera, em países que tenham
potencial para isso. En- tão, as nações ricas, até
que consigam ter o tempo suficiente para
reconversão do seu sistema de produção para
sistemas de menor emis- são de gases nocivos,
poderão pagar para que países menos desenvol-
vidos criem sistemas de sumidouros de carbono.
A redução das emissões deverá acontecer
em várias atividades econômicas. O protocolo
estimula os países signatários a cooperarem
entre si, através de algumas ações básicas:
Reformar os setores de energia e transportes;
Promover o uso de fontes energéticas renováveis;
Eliminar mecanismos financeiros e de mercado
inapropriados
aos fins da Convenção;
Limitar as emissões de metano no gerenciamento de
resíduos
e dos sistemas energéticos; e
Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.
O Protocolo que Quioto dividiu os países
membros em dois gru- pos. Os países
industrializados, que são os maiores
responsáveis pelo efeito estufa, formam o grupo
denominado Anexo I. O segundo grupo é
formado pelos demais países, ou seja, os países
subdesenvolvidos
ou em desenvolvimento. A Tabela 1 apresenta os
países integrantes do Anexo I, quanto cada país
emite de gases e o quanto isso representa
proporcionalmente da emissão total.
Parte Fonte: Protocolo de Quioto para a Convenção-
Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima. Disponível em:
<http://www.onu-
brasil.org.br/doc_quioto.php>. Acesso em: 23 out. 2008.
Tabela salva na ptabela salva na pasta

Fonte: Protocolo de Quioto para a Convenção-Quadro


das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima. Disponível em:
<http://www.onu-
brasil.org.br/doc_quioto.php>. Acesso em: 23 out. 2008.

PTabela 1: Total das emissões de dióxido de carbono das


Partes do
Anexo I em 1990
Fonte: Protocolo de Quioto para a Convenção-Quadro
das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima. Disponível em:
<http://www.onu-
brasil.org.br/doc_quioto.php>. Acesso em: 23 out. 2008.
O Brasil não faz parte do Anexo 1, pois suas
emissões de GEEs são recentes. Os principais
responsáveis pelas emissões no Brasil são os
desmatamentos e queimadas (ver Figura 4), que
representam apro- ximadamente 75% e a
queima de combustíveis fósseis, que represen-
tam 22% do total de emissões.
Figura 4: Queimadas das florestas
Fonte: <http://www.pvceara.org.br/noticias>. Acesso em:
4 set. 2008.

Os projetos de MDL podem ser baseados em


fontes renováveis e alternativas de energia,
eficiência e conservação de energia ou reflo-
restamento. Existem regras claras e rígidas para
aprovação de projetos no âmbito do MDL. Esses
projetos devem utilizar metodologias apro- vadas,
devem ser validados e verificados por Entidades
Operacionais Designadas (EODs) e devem ser
aprovados e registrados pelo Conse- lho
Executivo do MDL. Além disso, devem ser
aprovados pelo gover- no do país anfitrião
através da Autoridade Nacional Designada
(AND), assim como pelo governo do país que
comprará os CERs (Reduções Certificadas de
Emissões – Créditos de Carbono). No Brasil, a
Co- missão Interministerial de Mudança Global
do Clima, estabelecida em 1999, atua como
AND.
O primeiro projeto de MDL, mundialmente
aprovado pela ONU, foi o do aterro sanitário de
Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro, que
utiliza tecnologias de engenharia sanitária, sendo
que os créditos de carbono gerados foram
negociados diretamente com a Holanda.
A quantidade de CO 2, ou outros GEEs
economizados ou se- qüestrados da atmosfera,
é calculada por empresas especializadas de
acordo com determinações de órgãos técnicos
da ONU.
Um exemplo prático de cálculo dos créditos de
carbono
A seguir será exposto um exemplo de cálculo
dos valores que uma empresa reflorestadora
pode obter. Estabelecemos as seguintes
premissas:
a empresa projeta a produção de 100 toneladas de
madeira,
por hectare, em um ciclo de sete anos; e
a cotação atual de um crédito de carbono é US$10,00.
As empresas especializadas estabeleceram
que 100 toneladas de madeira, em um ciclo de
vida de sete anos, seqüestram 64,4 toneladas de
dióxido de carbono-equivalente.
Logo, a receita do projeto será:
1 ha x 64,4 ton CO 2 equivalente/7 anos x US10 = US$92,00
por ha, ao ano. As quantidades de gases
causadores de efeito estufa são calcula- das,
levando em consideração as quantidades
equivalentes de CO2. Em outras palavras, os
GEEs são quantificados de acordo com seu
potencial de aquecimento global em relação ao
dióxido de carbono. Por essa razão, os créditos
de carbono são cotados por tonelada de dióxido
de carbono-equivalente (CO 2e). A relação entre o
CO2 e ou- tros gases responsáveis pelo efeito
estufa é demonstrada na Tabela 2.
As empresas poluidoras compram em bolsa,
ou diretamente das organizações
empreendedoras, as toneladas de carbono,
seqüestradas ou não emitidas, através de um
bônus chamado Certificado de Redu- ção de
Emissões (CER). Em agosto de 2006, cada
tonelada de carbo- no estava cotada entre €15,00
e€18,00. Em 30 de novembro de 2007, a cotação
estava em€22,35. O valor deve, segundo a
estimativa, vari- ar entre€30,00 e€40,00, entre
2008 e 2012, quando a redução de 5,2%, que foi
imposta pelo Protocolo, se tornará obrigatória.
Existem empresas especializadas na
elaboração de projetos e na venda dos créditos
de carbono no mercado internacional. Há
também os selos que oferecem uma identificação
pública de que produtos, ser- viços, ações,
instalações, eventos, etc. tiveram seus
respectivos volu- mes de emissões de GEEs
neutralizados. Para receber e utilizar esses selos
é necessário que os organizadores de um
evento, por exemplo,
GÁS DE EFEITO ESTUFA
CO2 – Dióxido de Carbono 1

CH4 – Metano 21
N2O – Óxido nitroso 310
HFCs – Hidrofluorcarbonetos 140~12000
PFCs – Perfluocarbonetos 6500~9200
SF6 – Hexafluoreto de enxofre 22200
CRÉDITOS DE CARBONO (por tonelada)
Tabela 2: Equivalência entre o CO2 e demais Gases do
Efeito Estufa
Fonte: Iniciativa Verde. Disponível em: <http://
thegreeninitiative.org.br/en/duvidas#glossario> e
Soluções
Ambientais. Disponível em:
<http://www.co2solucoes.com.br/co2/
glossario>. Acesso em 30 out. 2008.

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