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CAPÍTULO 1 

CARACTERÍSTICAS 
DAS FIBRAS 
ÓPTICAS 

 
CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
1.1. Alguns conceitos sobre a luz e sobre a teoria eletromagnética
Até o século passado, foram introduzidos os preceitos da Óptica Geométrica, que utiliza o
traçado de raios para analisar os fenómenos da propagação. O estudo de irradiação como
fenómeno representado por um conjunto de raios é válido quando as dimensões do meio forem
muito grandes comparadas com o seu comprimento de onda. Todavia, existem fenómenos que só
podem ser completamente estudados a partir da aceitação de uma característica de dualidade
onda-partícula. Esses fenómenos, incluindo a geração da luz, a emissão e absorção de energia
por átomos e moléculas, as interações com o meio e com partículas microscópicas carregadas,
tais como electrões e positrões, devem ser estudados Teoria Quântica da Irradiação. Essa teoria
estabelece que uma irradiação pode comportar-se como onda ou como partícula, dependendo das
circunstâncias ou do fenómeno a ser interpretado. A quantidade de energia correspondente é
múltipla de um valor fundamental denominado quantum (plural quanta), que actuaria como um
corpúsculo de massa nula associado ao campo eletromagnético. Quando a frequência da
irradiação estiver na faixa de luz, o quantum de energia é mais conhecido como fotão.
Segundo a lei de Planck, o quantum de energia é directamente proporcional à frequência f da
irradiação eletromagnética. A energia do fotão é:
                                                                                                                                              (1.1) 
sendo    6,626 10 . a constante de Planck.
1.2. Equações de Maxwell
Recordemos as equações de Maxwell para meios isótropos, não magnéticos e sem carga
livre:
0

0 (1.2)
Pode-se ver a similaridade destas expressões com a expressão geral de uma equação de
onda:
0 (1.3)

Portanto, para as equações de onda dos campos eléctricos e magnéticos:


(1.4)

O espectro óptico inclui frequências entre 450 THz e 750 THz, correspondendo ao extremo


inferior da faixa de infravermelho e o limite superior da faixa de ultravioleta. O interesse para
comunicações ópticas são as freqüências no infravermelho na faixa de 150 THz a 400 THz,
aproximadamente. São valores muito maiores do que os limites comuns de radiocomunicações.
De acordo com a teoria eletromagnética, em um ambiente aberto, sem fronteiras próximas,
os campos elétrico e magnético da onda são perpendiculares entre si e contidos em um plano
transversal à direcção de propagação. Esta solução das equações de Maxwell é referida como
onda eletromagnética transversal.

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 

Figura 1.1. Espectro electromagnético.

Medições e estudos mais confiáveis mostram que a velocidade da onda eletromagnética no


vácuo é de 2,99792 10  m. s 3 10  m. s , independentemente da frequência e do
referencial utilizado. Esta representa a máxima velocidade com que a energia poderá deslocar-se
em um meio ilimitado, sendo conhecida como velocidade limite.
Em outros meios ilimitados, a velocidade da luz será sempre menor do que o valor no vácuo.
O número que relaciona a velocidade no vácuo com a velocidade em outro meio, é o índice de
refração:
(1.5)
Usualmente, em lugar das frequências ópticas expressam-se os correspondentes
comprimentos de onda, que representa a distância necessária para que uma onda senoidal sofra
uma variação de fase de 2π radianos, em uma direcção especificada.
O valor pode ser calculado pela relação entre a velocidade de deslocamento da onda no meio
e a sua frequência. Se o meio não for especificado, considera-se como sendo o vácuo e o
comprimento de onda fica dado por:
(1.6)
A luz comum é constituída de diversas frequências próximas entre si, formando um sinal
composto pela superposição dos vários campos. Como as frequências são bem próximas, as
interferências entre elas darão origem a um sinal que apresentará valores resultantes da soma de
componentes em fase (interferência construtiva) e componentes em contra-fase (interferência
destrutiva). O sinal assim composto constitui um grupo de ondas que se desloca no meio. A
velocidade de propagação deve ser considerada como a rapidez de deslocamento do conjunto que
representa toda a irradiação e não a velocidade de uma única componente. Este deslocamento por
unidade de tempo é conhecido como velocidade de grupo. Existem meios nos quais a velocidade
de grupo é igual à velocidade de uma componente da onda.
São os meios não-dispersivos e um exemplo é o meio ilimitado sem perdas, como é o caso
do vácuo. Em meios dispersivos, a velocidade de propagação de cada componente depende da
frequência. Assim, as relações de fase que deram origem às interferências construtivas e
destrutivas em um certo ponto não são preservadas à medida em que o sinal avança na região.

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Como consequência, o formato resultante modifica-se ao longo do meio de propagação,
fenómeno denominado dispersão.
1.3. O guia de ondas óptico
Uma fibra óptica é um ducto formado por materiais que são suficientemente transparentes
para conduzir um feixe de luz visível ou infravermelho através de um trajecto qualquer. Em
geral, a fibra óptica é composta por dois cilindros concêntricos com diferenças de índice de
refracção, o que possibilita o fenómeno de Reflexão Total Interna na superfície entre a parte
central (núcleo) e o cilindro periférico (casca). Para que haja reflexão total, o índice de refracção
do núcleo, , tem que ser maior que o índice da casca, . Esta diferença no índice de refracção
esta relacionada com o perfil da fibra óptica, que pode ser composta por materiais dieléctricos
distintos ou por dopagem de materiais semicondutores na sílica.

n1 
n2 

Figura 1.2. Vista em corte longitudinal e em corte transversal de uma fibra óptica, apresentando o núcleo e a
casca sem as camadas de protecção externas.

Houve necessidade de se incluírem proteções, a fim de se garantir sua durabilidade.


Experiências comprovam que um cabo de fibra óptica é capaz de suportar um esforço de tracção
de 5000 MN. m contra 3000MN. m do fio de aço. Entretanto, na prática, é possível a
ocorrência de fraturas microscópicas na superfície, que se propagam rapidamente em direcção ao
núcleo, reduzindo dramaticamente sua capacidade de suportar tracções ou outros esforços
mecânicos.

 
Figura 1.3. Vista em corte transversal de uma fibra óptica, apresentando o núcleo, a casca e as camadas de
proteção. As dimensões indicadas estão em micrómetros.

A formação dessas microfracturas decorre de agentes externos, tais como humidade,


variações de temperatura, contactos com partículas ou substâncias químicas do ambiente, etc..
Por esta razão, a fibra moderna apresenta camadas de proteção externas, assumindo o aspecto da
figura 1.3. Neste modelo, entre a casca e a camada de plástico final estão incluídas duas outras
camadas que podem ser de resina silicônica ou de acrilato. A camada mais interna é um pouco

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mais macia, para actuar como elemento amortecedor de algumas agressões mecânicas externas.
As fibras com acrilato têm a vantagem de possuir um diâmetro final menor do que o modelo
representado na figura 1.3. Existem outros valores recomendados pelos organismos
internacionais que normalizam a fabricação das fibras ópticas e cabos.
As dimensões indicadas são para a denominada fibra multimodo. A fibra monomodo com
camadas de acrilato possui o diâmetro do núcleo inferior a 10 µ m e seu diâmetro total externo é
inferior a 0,4 µm.
1.4. Funcionamento do guia óptico básico
Pode-se obter um entendimento simplificado da propagação da luz na fibra através da óptica
geométrica ou teoria dos raios. Esta técnica é válida quando o núcleo da fibra tem o raio muito
maior do que o comprimento de onda de operação. Na técnica da óptica geométrica, a luz pode
ser considerada como consistindo de ''raios'' que se propagam em linhas rectas dentro do material
(ou meio), sofrendo reflexão e/ou refração na interface entre os dois materiais. A figura 1.4
mostra a interface entre dois meios com índices de refracção n1 e n2, sendo .

Meio 2 
 

Meio 1 

Figura 1.4. Reflexão e refracção na interface entre doie meios.

Um raio de luz do meio 1 incide na interface entre os meios 1 e 2. O ângulo de incidência θ1


é o ângulo entre o raio incidente e a normal à interface entre os dois meios. Parte da energia é
refletida para o meio 1, como raio refletido, e a energia restante (desprezando-se a absorção)
passa para o meio 2, como raio refratado. As leis da óptica geométrica estabelecem que   ,
e os ângulos do raio refratado e incidente obedecem a lei de Snell, dada por:
(1.7)
Quando o ângulo de incidência aumenta, o ângulo de refracção também aumenta. Se
pode-se ter 90°. Isto acontece quando (ângulo crítico). Para não
existe raio refractado e toda a energia da onda incidente é reflectida. Esse fenômeno é chamado
de reflexão total interna.
Da lei de Snell teremos então:
                                                                                                                                                    (1.8) 

Então, do ponto de vista da óptica geométrica, a luz se propaga na fibra devido a uma série
de reflexões internas totais que ocorrem na interface núcleo-casca, figura 1.5. Somente os raios
de luz que incidem para determinado ângulo na interface ar-núcleo (figura 1.6) sofrerão reflexão
interna total e então serão propagados.

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Figura 1.5. Transmissão do feixe de luz pelo núcleo da fibra óptica.

A partir da figura 1.6, o feixe de luz penetra no núcleo segundo um ângulo γ em relação ao
eixo longitudinal da fibra. Por causa da diferença de índices de refracção entre o ar e o núcleo, o
raio dentro do núcleo muda de direcção, o que determinará o ângulo de incidência na superfície
de separação com a casca. Se este ângulo for menor do que o valor crítico, o campo não será
totalmente refletido e parte de sua energia é transferida para a casca. O fato ocorrerá a cada nova
reflexão e após uma curta distância quase toda a energia terá escapado do núcleo e não será útil
para envio de mensagens em um enlace óptico.
Existe um valor máximo do ângulo de entrada na face da fibra, denominado ângulo de
aceitação (θa), para o qual   que permitirá a propagação da energia luminosa ao longo do
núcleo. Este ângulo depende dos índices de refracção do núcleo e da casca e define um
parâmetro denominado abertura numérica. Seu valor é calculado por:
, (1.9)
Por causa da simetria cilíndrica circular da fibra óptica, a abertura numérica define um cone
de captação na sua face. Um cone espacial chamado de cone de aceitação. Quando o raio
luminoso estiver dentro desse cone, existe condições favoráveis para ser guiado pelo núcleo da
fibra. Na outra extremidade, a irradiação também ocorre dentro de um cone com idênticas
características geométricas. Ou seja, no final da fibra óptica tem-se uma situação simétrica à
encontrada no ponto de excitação.

θ ,  

 
Figura 1.6. Propagação de raios de luz na fibra óptica por reflexão interna total

2 ,  

 
Figura 1.7. Conceito de abertura numérica e ângulo de aceitação na face da fibra óptica.

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1.5. Modos de propagação na fibras óptica
As equações de Maxwell estabelecem que a transmissão de energia num guia de onda pode
ser descrita a partir de distribuições bem definidas do campo eletromagnético. Cada distribuição
indica um modo de propagação, com características próprias (factor de fase, velocidade de
propagação, comprimento de onda guiada, velocidade de grupo, e assim por diante). Do ponto de
vista da óptica geométrica, cada modo corresponde a uma trajetória diferente do raio luminoso.
Em princípio, cada raio que for captado dentro do cone definido pela abertura numérica pode dar
origem a um modo de propagação, com um ângulo de incidência próprio na interface do núcleo
com a casca.
O campo resultante no interior da fibra é a soma de campos incidentes e reflectidos, que
determinam uma distribuição específica para cada caso no plano transversal à direcção de
propagação. As trajetórias da figura 1.5 representam esses modos de propagação, onde se
considera apenas a parcela da energia óptica no núcleo. A luz que for emitida por regiões da
fonte fora dos limites do núcleo são acopladas à casca e não contribuem para o campo útil
guiado. Além disto, mesmo com a fonte de luz acoplada directamente ao núcleo, somente os
raios que incidirem com um ângulo maior ou igual ao valor crítico poderá originar um modo
guiado no núcleo. Quanto maior for a abertura numérica melhor será a eficiência de acoplamento
e mais modos terão condições favoráveis de propagação.
A onda guiada em um determinado modo pode ser decomposta em ondas planas que
constituem uma onda estacionária no plano transversal à direcção de propagação. A cada onda
plana associa-se um raio luminoso, com direcção normal à sua frente de onda, que indica a
direcção em que essa onda está se deslocando.
Admitindo que sejam satisfeitas as condições para se aplicar a óptica geométrica,
identificam-se dois tipos de raios no núcleo: os raios meridionais e os raios inviesados. Os raios
meridionais são confinados aos planos que passam pelo eixo longitudinal do guia óptico. Parte
desses raios incide na interface do núcleo com a casca com um ângulo superior ao ângulo crítico
e representarão, em sua maioria, a energia guiada através do núcleo. São os raios captados na
face de entrada até o ângulo determinado pela abertura numérica da fibra óptica. A figura 1.5
utiliza os raios meridionais para explicação do conceito de modos guiados.
Os raios inviesados tendem a seguir um percurso inclinado dentro do núcleo. A formação
destes raios depende da maneira pela qual a luz é introduzida na fibra. A cada reflexão na
fronteira entre o núcleo e a casca ocorre uma mudança de direcção 2 , onde é o ângulo entre a
projecção do raio luminoso no plano transversal da fibra e o raio do núcleo no ponto de reflexão.
Como consequência, o feixe de luz não cruza o eixo longitudinal da fibra, mas representa uma
parte da energia guiada pelo núcleo. O ponto em que o raio inviesado emerge da fibra óptica
dependerá da quantidade de reflexões ao longo da trajectória de transmissão. Para uma excitação
com fonte óptica não uniforme existirão muitos pontos por onde saem esses raios. A
consequência é um campo óptico distribuído de maneira mais uniforme do que com os raios
meridionais. Cada um dos raios inviesados está, também, associado a um ângulo máximo de
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captação na face da fibra óptica. Este valor pode ser determinado por:

, (1.10)
A expressão demonstra que o ângulo máximo de captação do raio inviesado é maior do que
o limite fixado para os raios meridionais. A quantidade de modos propagantes aumenta com o
aumento do ângulo crítico na interface do núcleo com a casca e depende da relação entre os
índices de refracção dos dois materiais. Esta quantidade será tanto maior quanto maior for
diferença relativa de índices de refracção, descrita por:
∆ (1.11)
Costuma-se denominar modos de ordem superior aqueles cuja incidência ocorre com um
ângulo próximo do ângulo crítico. Os modos de ordem inferior são os de incidência bem acima
da condição de ângulo crítico, com trajetória próxima ao eixo longitudinal do guia óptico. O
modo fundamental é aquela cuja trajectória coincide com o eixo longitudinal da fibra. Os modos
de ordem superior tendem a transferir parte de sua energia para a casca, principalmente quando
ocorrer uma dobra ou uma curva na fibra. Isto significará uma perda adicional de potência
durante a transmissão.
Nos pontos de reflexão a onda reflectida sofre uma defasagem em relação à onda incidente,
sempre que a incidência ocorrer com um ângulo maior do que o ângulo crítico. Os modos
guiados são os que resultam em interferências construtivas no núcleo, computadas as diferenças
de fase causadas pela reflexão e pelo percurso da onda. Dependendo do ângulo de incidência, a
interferência construtiva ocorre na casca, representando modos de casca ou modos de irradiação.
Não serão úteis para a transmissão de mensagens pela fibra óptica.
Desta análise, deduz-se que existe uma quantidade finita de modos possíveis e úteis na
transmissão por fibra óptica. Para se determinar este número, define-se um parâmetro
denominado diâmetro normalizado ou frequência normalizada ou ainda, e mais comumente,
número  da fibra óptica. É dado por:

(1.12)

onde a é o raio do núcleo, λo é o comprimento da luz medido no vácuo, n1 e n2 são os índices de


refracção do núcleo e da casca. Portanto, este parâmetro é directamente proporcional à abertura
numérica da fibra óptica.
A quantidade de modos guiados e as distribuições do campo óptico dependem das condições
de lançamento da luz na face da fibra e das suas características geométricas e ópticas. Se o
diagrama de irradiação da fonte de luz for muito aberto, de forma que uma grande quantidade da
energia luminosa penetra na fibra com um ângulo elevado, excitam-se muitos modos de ordens
elevadas, com incidência próxima do ângulo crítico. Este tipo de propagação tende a introduzir
perdas de potência, principalmente em curvas e dobras da fibra óptica. Quando a fonte de luz
tiver um diagrama mais estreito, a energia acoplada ao núcleo fica distribuída em modos de
ordens mais baixas, permitindo uma transmissão com menor perda de potência. Ainda que a

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fonte de luz tenha um diagrama bem estreito, um desalinhamento em relação ao eixo da fibra
pode dar origem a modos de ordens elevadas, com as consequências discutidas.
1.6. Tipos básicos de fibras ópticas
Em geral, as fibras são fabricadas obedecendo determinados critérios de variação para os
índices de refracção do núcleo e da casca. Segundo especificações da Electronic Industries
Association (EIA) norte-americana, estes parâmetros obedecem às expressões:

1 2 1 ∆ (1.13)

para a região do núcleo, r .

√1 2∆  1 ∆ (1.14)
para a região da casca, , com Δ dado por:

∆ (1.15)
sendo n1 o máximo índice de refracção do núcleo, correspondendo ao valor em seu centro, n2 é o
índice de refração da casca, a é o raio do núcleo e r é a distância radial medida a partir do eixo
longitudinal do núcleo.
A lei de variação está na dependência do expoente g, da relação e do valor de Δ. Εste
último parâmetro é muito menor do que a unidade, uma vez que os índices de refracção do
núcleo e da casca são quase iguais. Desta maneira, as relações podem ser aproximadas das
formas indicadas sem erros apreciáveis.
Quando 1 o índice de refracção varia de forma praticamente linear com a distância
radial. Para ∞   o índice salta bruscamente de um valor constante no núcleo para o valor
especificado na casca. Representa a fibra óptica com índice em degrau. Para    2 tem-se uma
fibra com índice de perfil parabólico. Valores finitos para o expoente g identificam fibras com
índices graduais no núcleo. (figura 1.8). Com o valor 2 a fibra óptica apresentará uma
focalização periódica para a luz emitida a partir de uma fonte divergente em sua entrada. O guia
óptico age como se possuísse um sistema contínuo de lentes que refocaliza o feixe luminoso à
medida que se propaga pelo núcleo. O processo de refocalização tende a equalizar os
comprimentos dos diversos percursos. Desta maneira, as velocidades de grupo dos modos ficam
com um valor aproximadamente igual para todos.
A classificação conforme a variação de índice de refracção não define completamente todas
as propriedades das fibras ópticas. As características de propagação dependem da lei de variação
do índice de refração do núcleo e também da quantidade de modos guiados. Nas fibras
multimodos o núcleo possui um diâmetro bem grande comparado ao comprimento de onda da luz
guiada. Na fibra monomodo o diâmetro do núcleo é bem menor e apenas um modo é transmitido.
O comportamento da fibra como multimodo ou monomodo depende dos parâmetros ópticos
(índices de refração, abertura numérica, lei de variação do índice de refração do núcleo, etc.) , do
comprimento de onda guiada, do diâmetro do núcleo. Estas são grandezas reunidas no

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parâmetro V da fibra óptica.
Para a fibra com índice em degrau ser classificada como monomodo é necessário que
2,405. O projecto desta fibra exige ou uma redução no diâmetro do núcleo ou na diferença
entre os índices de refracção do núcleo e da casca. Fibras monomodos disponíveis
comercialmente apresentam diâmetros do núcleo da ordem de 10μm.

n  n  n n 
n1  n1 n1 n1 
n2  n2 n2 n2 

   
Figura 1.8. Categorias de fibras ópticas. (a) Fibra com índice em degrau. (b) Fibra com índice de refracção
gradual linear. (c) Fibra com índice parabólico. (d) Fibra monomodo de índice em degrau.

A fibra multimodo exige  2,405 para o comprimento de onda especificado. O


comprimento de onda que representa o limiar entre a condição de propagação de modo único e
de propagação multimodo é denominado comprimento de onda de corte (λc). Para comprimentos
maiores apenas um modo pode ser transmitido pelo núcleo.
Pode ser demonstrado que para 2
  ,405 em uma fibra de índice em degrau a quantidade
de modos guiados torna-se:
(1.16)
Nas fibras com perfil gradual de índice de refracção do núcleo a quantidade de modos
guiados dependerá do valor do expoente g. Nestes casos, costuma-se definir um valor efectivo
para V, calculado a partir da expressão:

2 (1.17)

sendo λo o comprimento de onda no vácuo. A quantidade de modos guiados dependerá do valor


encontrado nesta integração, substituído na expressão (1.16). Em termos aproximados, a
quantidade de modos guiados pela fibra com índice gradual é dado por uma das seguintes
expressões:
(1.18)
onde V é o valor máximo do diâmetro normalizado e:

(1.19)
sendo AN a abertura numérica tomada em relação ao centro do núcleo.
Com base nas relações discutidas, a quantidade de modos guiados na fibra com índice
gradual pode ser expressa como:

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(1.20)
onde n1 e Δ são valores referenciados ao centro do núcleo.
Uma comparação entre as expressões para a fibra com índice gradual e para a fibra com
índice em degrau de mesmo diâmetro de núcleo mostra que se 2 a primeira transmite a
metade dos modos da segunda. Isto terá uma consequência benéfica sobre a dispersão do sinal
guiado, permitindo uma maior largura de banda e uma maior taxa de transmissão.

n2 n2
n1 n1

(a) (b)
 
n2
n1

(c)
Figura 1.9. Relação Tipo de fibra x Perfil do índice x Propagação no núcleo: (a) Fibra multimodo de índice em
degrau, (b) Fibra multimodo de índice gradual, (c) Fibra monomodo.

1.7. Causas de atenuação na fibra óptica


Para as extensões envolvidas nos enlaces ópticos, a perda de potência determinará a
distância entre os repetidores ou entre os amplificadores ópticos. Esses equipamentos
intermediários representam uma parcela substancial do custo final do sistema. Por conseguinte, o
investimento total será fortemente influenciado pelos factores responsáveis pela degradação do
sinal óptico.
Portanto, uma fibra óptica com grandes perdas exigiria um aumento na quantidade de
repetidores. O conhecimento das origens da atenuação é importante para se estabelecerem as
formas de controle adequadas. Entre as causas mais importantes citam-se a absorção pelo
material, irradiação devido a curvaturas, espalhamento pelo material, perdas por modos vazantes,
perdas por microcurvaturas, atenuações em emendas e conectores, perdas por acoplamento no
início e final da fibra. Em meios homogêneos, estas perdas fazem com que a amplitude do
campo eletromagnético decresça exponencialmente com a distância percorrida.
Os parâmetros que influem na atenuação global da fibra óptica relacionam-se à qualidade na
sua fabricação, ao comprimento de onda da luz guiada, ao grau de pureza do material utilizado, à
perfeição das emendas e dos conectores, e assim por diante.
1.7.1. Perdas por Absorsão pelo material
A perda devido à absorção ocorre por que uma parcela da potência óptica guiada é dissipada
sob a forma de calor, tanto no núcleo quanto na casca. A proporção correspondente a cada parte
é determinada pela proporção entre os campos existentes nessas duas regiões. As causas dessa
perda são as vibrações das moléculas e a transição de electrões entre o níveis de energia do meio.
Em frequências próximas das vibrações naturais destes componentes o campo eletromagnético

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transfere energia a eles, reforçando suas oscilações. A absorção por parte das moléculas e iões,
de maior massa do que os electrões, ocorre em frequências de infravermelho.
As maiores interações do feixe óptico com as moléculas do meio ocorrem em comprimentos
de onda superiores a 7 µ m, mas sua influência estende-se até os valores que interessam para as
comunicações ópticas. Os electrões são responsáveis pela perda que ocorre nas proximidades do
ultravioleta quando forem excitados por fotões de alta energia e ocorrer a transição para estados
de energia mais altos. A quantidade de potência absorvida decresce exponencialmente com o
aumento do comprimento de onda. A razão deste decréscimo é que maiores comprimentos de
onda indicam fotões de menor energia, as vezes insuficiente para transferir electrões entre duas
bandas de energia do material. Em geral, o nível mais severo de absorção ocorre nos
comprimentos de onda entre 100 nm e 300 nm, sendo acentuadamente mais fraco entre 300 nm
e 1μm.
Além dos mecanismos descritos, que estão presentes mesmo em vidros perfeitamente
purificados, desde o início da produção de fibras ópticas verificou-se que iões de impureza que
existirem no meio de propagação são causas importantes de perda pela absorção de energia da
onda guiada. Uma concentração de impurezas em valores tão baixos quanto algumas partes por
milhão ou algumas partes por bilhão podem conduzir atenuações consideráveis. Além dos iões
metálicos, os iões hidroxila (OH−) são também responsáveis por perda de potência pela absorção.
As maiores perdas, neste caso, ocorrem em 720 nm, 820 nm, 945 nm e 2730 n m.

1.7.2. Perdas por irradiação devido a curvatura


Na curvatura de uma fibra óptica podem ser originados modos de ordens superiores, que são
mais fracamente guiados do que os de ordem mais baixa. A análise com a óptica geométrica,
mostra uma incidência com ângulo muito próximo do ângulo crítico ou mesmo inferior a ele e a
energia da luz é transferida para a casca. Apenas uma fibra perfeitamente reta estaria livre desta
perda durante a transmissão. Uma curvatura suave, porém, terá influência muito pequena sobre o
campo guiado.
Na interface do núcleo com a casca a componente tangencial do campo eléctrico e a
componente tangencial do campo magnético da luz guiada deverão ser contínuas. Isto exige um
ajuste automático da velocidade de propagação do campo fora do núcleo ao se encurvar a fibra.
Entretanto, a uma certa distância crítica, para que as condições de contorno sejam satisfeitas, a
velocidade do campo deve ser igual à velocidade da luz, por causa da maior trajetória percorrida
no mesmo intervalo de tempo. Por conseguinte, o campo de um modo guiado puro, contido em
uma distância maior do que o valor crítico deveria propagar-se na casca com uma velocidade
superior à velocidade da luz no vácuo. Como isto não é fisicamente possível, significa que para
uma distância radial maior do que o valor crítico o campo não pode ser constituído somente por
modos guiados, surgindo os modos de irradiação. Portanto, uma parcela da energia óptica é
perdida para o ambiente externo.
A perda por irradiação é directamente proporcional ao comprimento de onda da luz e

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inversamente proporcional à relação . Consequentemente, estas perdas serão reduzidas


quando a fibra for fabricada com uma maior diferença entre os índices de refração do núcleo e da

Perda

Figura 1.10. Perdas por irradiação devido a curvatura.

casca e quando operarem em comprimentos de onda menores. Esta perda pode ser
desconsiderada para os modos de ordem mais baixa, que estão fortemente confinados ao núcleo
da fibra.
1.7.3. Perdas por espalhamento da energia óptica
Outro mecanismo de perda é o espalhamento da energia óptica, que incluem reduções na
amplitude do campo guiado por mudanças na direcção de propagação, causadas pelo próprio
material e por imperfeições no núcleo da fibra. Citam-se a dispersão linear de Rayleigh, a
dispersão de Mie, a dispersão estimulada de Raman e o espalhamento estimulado de Brillouin.
Espalhamento linear de Rayleigh
O espalhamento linear refere-se a transferência de uma parcela da luz de um modo de
propagação para outros, quando a quantidade de energia transferida for directamente
proporcional à potência da luz guiada. Os novos modos podem ser do tipo de irradiação ou
modos muito fracamente guiados, de forma que a luz escapa para a casca. Para se justificar este
facto, considera-se que as irregularidades agem como se fossem pontos diferentes do meio,
dispostos ao longo do percurso de propagação. Quando a luz incide nessas minúsculas regiões
elas comportam-se como fontes secundárias de irradiação quase isotrópicas, espalhando a
energia em todas direções. Usando a óptica geométrica, pode-se entender que alguns raios
incidirão na fronteira entre o núcleo e a casca com um ângulo menor do que o ângulo crítico,
originando os modos de irradiação, ou muito próximo a ele, excitando os modos superiores
fracamente guiados.
O espalhamento linear de Rayleigh é um dos mais importantes, originado em defeitos sub-
microscópicos na composição e na densidade do material. Essas alterações podem surgir durante
o processo de fabricação da fibra ou em função de irregularidades próprias na estrutura
molecular do vidro. As dimensões físicas e a separação desses minúsculos defeitos são bem
pequenas comparadas ao comprimento de onda da luz no meio ( ). O resultado é uma
flutuação no valor do índice de refração do material ao longo da fibra. As irregularidades
decorrentes da composição do vidro têm sido controladas por um aperfeiçoamento dos processos
de fabricação. Mas as originadas por diferenças de densidade do material são intrínsecas ao vidro
e não podem ser evitadas. Portanto, se pudesse ser construída uma fibra óptica absolutamente
perfeita em termos de pureza, a perda de potência por este espalhamento persistiria. Logo, esta

REDES ÓPTICAS URBANAS  14  
 
CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
atenuação representa o limite mínimo teoricamente possível para a perda na fibra óptica. O valor
final da atenuação por ele causada é inversamente proporcional à quarta potência do
comprimento de onda e é independente da amplitude do campo óptico guiado. Uma das
consequências deste fenómeno é a luz retroespalhada, originando uma onda eletromagnética que
se reflecte em direcção ao início da fibra óptica.
O coeficiente de perdas por espalhamento é:
(1.21)
onde p é o coeficiente fotoelástico médio (0,286 para a sílica), βT é a compressibilidade
isométrica na temperatura fictiva e TF é a temperatura em que o vidro atinge o equilíbrio
termodinâmico.
Espalhamento linear de Mie
O espalhamento linear de Mie pode ser observado quando as irregularidades da fibra têm
dimensões comparáveis ao comprimento de onda da luz. Tipicamente, quando as imperfeições
forem maiores do que . Essas imperfeições são originadas por bolhas, minúsculos defeitos na
interface do núcleo com a casca, variações no diâmetro da fibra, sinuosidades no eixo conhecidas
como microcurvaturas, variações na relação entre o índice de refracção do núcleo e o índice da
casca ao longo da fibra, e assim por diante. Por estes fatos podem ocorrer espalhamentos do
feixe óptico dependentes do ângulo de incidência. As sinuosidades no eixo longitudinal são
causadas por forças laterais que agem na superfície externa da fibra. Representam um dos
principais causadores do espalhamento de Mie e são responsáveis por um acréscimo significativo
da atenuação global.
Espalhamento estimulado de Raman e de Brillouin
O espalhamento estimulado de Raman e o estimulado de Brillouin são efeitos originados por
elevados campos eléctricos da luz transmitida no núcleo. Esses fenómenos exigem um alto valor
da intensidade óptica dentro do núcleo e só ocorrem quando a potência guiada ultrapassa um
certo limite mínimo. As distorções causadas no campo óptico indicam o aparecimento de
frequências diferentes das aplicadas no início da fibra. Por isto, uma parcela da energia é
transferida de um modo para outro, em uma frequência diferente, ou mesmo acoplada ao modo
original. Os efeitos são observados em fibras monomodos de grandes comprimentos físicos. Nas
fibras multimodos os núcleos são de diâmetros muito maiores e dificilmente a densidade de
potência alcançará o valor crítico necessário para originar o fenómeno. Quando houver
transferência de energia para uma frequência diferente, a potência contida em um comprimento
de onda especificado sofrerá redução. Em algumas circunstâncias, estes efeitos podem ser
empregados para fornecerem um ganho de potência na luz guiada dentro da fibra óptica.
No espalhamento estimulado de Brillouin ocorre uma modulação da luz causado pela
vibração das moléculas do meio. O efeito Dopler-Fizeau resultante da interação da luz com as
vibrações do meio faz surgir bandas laterais, separadas da frequência original pela frequência de
vibração do meio. A elevada densidade de potência óptica, isto é, grande quantidade de fotões

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
por unidade de tempo por unidade de superfície, forçará o aparecimento de vibrações mecânicas
a nível molecular. A interação com a luz guiada causará um espalhamento, que dependerá do
ângulo de incidência em relação aos planos de vibração do meio. Parte da energia do
comprimento de onda original é transferida a essas bandas laterais. O espalhamento de Brillouin
é um fenômeno que excita uma onda retrógrada na fibra.
O efeito referido como espalhamento estimulado de Raman implica em transferência da
energia em bandas laterais mais separadas em relação ao comprimento de onda original. O efeito
dominante é no mesmo sentido de propagação e acontece quando a potência aplicada for
bastante grande, da ordem de 10 a 1000 vezes a do espalhamento de Brillouin.
1.7.4. Perdas por modos vazantes
Mesmo quando os níveis de potência são insuficientes para causar os espalhamentos
estimulados, pode ocorrer outro tipo de dispersão linear. As causas são a variação no diâmetro do
núcleo e modificações na diferença entre os índices de refracção do núcleo e da casca ao longo
da fibra. Essas irregularidades podem originar modos de ordens superiores fracamente guiados
que se irradiam para a casca. O facto é mais perceptível na parte inicial da fibra multimodo.
Felizmente, por causa da transferência de potência entre os modos guiados haverá uma
distribuição de energia entre eles que tende a se estabilizar após algumas dezenas de metros de
propagação.
Uma parte da energia guiada pode assumir um percurso helicoidal, e, ao girar radialmente,
em algum ponto essa componente terá o ângulo de incidência abaixo do valor crítico. A energia
da onda vai sendo gradativamente transferida para fora do núcleo. Esta forma de propagação é
denominada modos vazantes e também representará uma perda adicional de potência da onda
guiada. O fenómeno é semelhante ao causado pela curvatura da fibra, mas ocorre ao longo de sua
circunferência. Representa uma perda associada mesmo a fibras perfeitamente retas. Em fibras
com diâmetro normalizado de pequeno valor os modos vazantes irradiam rapidamente e só são
observáveis nas proximidades da fonte de irradiação. Quando o número V for muito grande há
muitos modos deste tipo e pode haver um vazamento superior a 50% dos modos guiados no
primeiro quilómetro de propagação. Para as fibras multimodos com 100, os modos vazantes
representam de 5% a 10% do total de modos excitados no núcleo.
1.7.5. Perdas por microcurvaturas
As minúsculas imperfeições conhecidas como microcurvaturas têm forma e distribuição
aleatórias. Mesmo quando esses defeitos forem tão pequenos quanto um comprimento de onda
ou ainda menor, responderão por um aumento na perda da potência guiada. Esta atenuação pode
Perda

Microcurvatura Perda
Figura 1.11. Perdas por microcurvatura.

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
variar com a temperatura e com o esforço de tracção no cabo de fibra óptica durante o processo
de instalação. Outro factor de influência é decorrente das variações na abertura numérica ao
longo da fibra. Verificou-se um efeito directamente proporcional ao quadrado da relação entre o
raio do núcleo e o raio da casca e inversamente proporcional à quarta potência da abertura
numérica.
1.7.6. Considerações finais sobre a atenuação
Pelas descrições, os mecanismos de perda são dependentes do comprimento de onda da luz
guiada. Por causa da absorção causada pelas vibrações dos electrões, em comprimentos de ondas
menores, e das vibrações de iões de impureza e moléculas, na região do infravermelho, haverá
um aumento na atenuação nestas duas regiões do espectro óptico. Em toda faixa útil para
comunicações, o efeito predominante é a atenuação pelo espalhamento de Rayleigh. As
impurezas, quando existirem, ocasionam aumento maior de perda em determinados
comprimentos de onda, produzindo picos localizados de atenuação. De uma maneira geral, a
atenuação total da fibra óptica em condições normais de operação, sem sofrer curvaturas
exageradas e sem a influência de irradiações que possam alterar sua transparência, pode ser
resumida em uma expressão do tipo:
(1.22)
sendo as constantes SR, A e Bn específicas para cada tipo de fibra.
A primeira parcela desta equação refere-se à perda causada pela dispersão de Rayleigh, o
segundo termo inclui um factor devido à absorção e a terceira parcela representa a perda pelas
microcurvaturas. A figura 1.12 mostra um perfil de variação típico de atenuação em função do
comprimento de onda conseguido em fibras multimodos. Para as recentes tecnologias de
fabricação, os picos de atenuação praticamente desapareceram, de modo que entre 1200 nm e
1700 nm tem-se baixa atenuação em toda a faixa. Na figura 1.12 estão destacadas as janelas de
baixa atenuação com os valores disponíveis comercialmente de perda por quilómetro de
transmissão.

 
Figura 1.12. Atenuação espectral típica em uma fibra óptica do tipo multimodo. Estão indicadas as janelas de
baixa atenuação, com valores típicos de perda por quilómetro de propagação.

A maior parte das fibras monomodos operam no comprimento de onda de 1300 nm, onde

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
apresenta baixa perda e pequena dispersão do sinal óptico guiado. A faixa de 1550 nm apresenta
perda de potência menor ainda, mas apresenta limitações em termos de dispersão. Sua
importância cresceu muito a partir do momento em que se desenvolveram os amplificadores a
fibra óptica dopada com érbio. Isto motivou o aperfeiçoamento de guias ópticos com baixa
dispersão também neste comprimento de onda.
1.8. Dispersão nas fibras ópticas
A dispersão é associada ao facto de que os modos de propagação são transmitidos através da
fibra óptica com velocidades diferentes. Portanto, atingem a extremidade de chegada em
intervalos de tempo diferentes. A consequência é que o sinal óptico, além da redução na
amplitude, sofre um alargamento temporal em relação ao sinal emitido no início da fibra. A luz
modulada com uma sequência de pulsos pode apresentar um erro na extremidade de chegada,
com a superposição de pulsos vizinhos deformados durante a propagação. A forma de se reduzir
este inconveniente seria separar mais os pulsos no domínio do tempo, implicando em uma
redução na quantidade transmitida por segundo. Isto é, reduzindo-se a taxa de transmissão do
sistema. Portanto, a dispersão é um sério inconveniente, que limita a capacidade do sistema,
refletindo-se no número possível de mensagens a serem enviadas.
1.8.1. Dispersão modal
Foi demonstrada a possibilidade da propagação no núcleo da fibra óptica por diversos
percursos, dependendo do diâmetro em relação ao comprimento de onda da luz guiada, da
abertura numérica e do perfil do índice de refracção. Cada percurso determina um modo de
propagação. Quanto maior a abertura numérica, melhor será o acoplamento entre a fonte de luz e
o núcleo e mais modos serão transmitidos nos núcleos de grandes diâmetros. Esta dependência
fica clara ao se analisar o crescimento do número V e o correspondente aumento na quantidade
de modos guiados. A existência de muitos modos dá origem à dispersão modal no sinal
transmitido, também conhecida como dispersão intermodal, dispersão multipercurso, dispersão
multimodo ou ainda dispersão monocromática. A última designação deve-se ao facto de que a
distorção do sinal guiado existirá ainda que a fonte de luz fosse absolutamente coerente,
irradiando apenas um comprimento de onda. É evidente que com a existência de muitas
trajectórias (figura 1.13) cada modo alcança a extremidade da fibra em instantes diferentes
devido a diferença de percurso óptico. A máxima diferença de tempo entre os percursos ocorrerá
entre um modo que se propaga paralelamente ao eixo da fibra e o raio que incide na fronteira

L3 Modo fundamental (L1)


L1
L2 Modos
Superiores
(L2 e L3)

Figura 1.13. Modos de propagação para diferentes percursos ópticos; . 

entre o núcleo e a casca com um ângulo igual ao valor crítico. Na fibras com índice em degrau,
seu valor será dado por:
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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
∆ (1.23)
onde se percebe que esta dispersão aumenta com a abertura numérica e com o comprimento do
enlace (L), resultando em uma menor largura de banda para a transmissão das informações.
Para as fibras multimodos de índice de refracção gradual por causa da equalização nos
percursos dos raios luminosos tem-se uma redução na diferença de tempo de chegada para os
vários modos. O valor total da dispersão é dado aproximadamente por:

∆ (1.24)

onde g é o expoente que determina o perfil de variação do índice do núcleo, n1 é o índice de


refracção no centro do núcleo e Δ é a variação relativa do índice de refracção. O parâmetro e é
um número bem pequeno, correspondente à relação
(1.25)
Na expressão (1.24), nota-se que se o valor de g for ajustado para 2 a dispersão
modal tende para zero em um comprimento de onda especificado. Sendo o valor de e muito
pequeno, conclui-se que nas fibras com índice gradual de perfil aproximadamente parabólico
esta dispersão fica bastante reduzida em relação às fibras de índice em degrau.
1.8.2. Dispersão material
O material que constitui o núcleo da fibra óptica apresenta índice de refracção variável com
o comprimento de onda guiado. Nos compostos de dióxido de silício, o índice de refracção
diminui com o aumento de λ. Desta maneira, se a fonte de luz não for absolutamente coerente e
possuir uma largura espectral Δλ, ocorrem diferenças entre os tempos de propagação, mesmo
dentro de um único modo, resultando no fenómeno conhecido como dispersão de material ou
dispersão intramodal. A velocidade de grupo é o inverso da taxa de variação do factor de fase do
modo (β) com a frequência angular:

(1.26)
onde β representa a variação de fase por unidade de deslocamento da onda. É relacionado ao
comprimento de onda e ao índice de refracção do meio por:
(1.27)
A relação entre a velocidade da luz no vácuo e a velocidade de grupo do sinal guiado
representa o índice de refracção de grupo:
(1.28)

que é ligeiramente maior do que o índice de refracção próprio do núcleo, uma vez que n diminui
com o aumento de λ. A comparação entre os dois índices de refracção está na figura 1.14. Os
valores numéricos dependerão da dopagem empregada na composição do vidro utilizado no
núcleo. Na faixa de comprimento de onda de interesse para comunicações ópticas o valores dos
índices de refracção estarão entre 1,52 e 1,40.

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
O gráfico da figura 1.14 demonstra que o índice de refracção de grupo assume valor mínimo
e sensivelmente constante em comprimentos de onda ao redor de 1300 nm. Então, os diversos
comprimentos de onda em torno deste valor propagam-se aproximadamente com a mesma
velocidade e a dispersão intramodal tende para um valor quase nulo.
Conhecida a influência do comprimento de onda sobre o índice de refracção, há necessidade
de se verificar de que maneira a largura espectral da fonte óptica pode influir sobre a dispersão
do pulso. O alargamento temporal será determinado por:
∆ ∆ (1.29)
onde a derivação em relação ao comprimento de onda mostra como o tempo de propagação varia
em relação ao comprimento de onda. O intervalo de tempo necessário para o sinal propagar-se
em um comprimento L da fibra é calculado dividindo-se esta distância pela velocidade de grupo:
(1.30)


ng
ng

 
Figura 1.14. Variação do índice de refracção do material e do índice de refracção de grupo para o material do
núcleo da fibra óptica. Observa-se a faixa de comprimento de onda na qual o índice de refracção de grupo é mínimo
e apresenta uma variação quase nula.

Derivando-se em relação ao comprimento de onda encontra-se o valor para o cálculo do


alargamento do pulso, causado pela variação do comprimento de onda da luz entregue à fibra
óptica. Sem dificuldades, o resultado procurado é:
∆ ∆ (1.31)
que se aproxima da situação ideal quanto menor for a segunda derivada indicada. O parâmetro
que caracteriza a maior ou menor dispersão de material é definido como:

σ (1.32)
L∆
medido em nanosegundos por quilômetro por unidade de largura espectral da fonte de luz
( . . ).
Na figura 1.15 tem-se a variação típica deste parâmetro, conforme o comprimento de onda
na fibra óptica. Para a sílica pura o parâmetro anula-se no comprimento de onda de 1270 nm.
Conforme a dopagem no núcleo e o perfil de variação do índice é possível deslocar-se o ponto de
dispersão nula para um novo comprimento de onda, mantendo-se quase o mesmo formato da
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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
curva original.
Existe outra consideração relativa à dispersão na fibra óptica. O factor de fase em uma
estrutura limitada transversalmente (β) depende do comprimento de onda do sinal. Ainda que o

 
Figura 1.15. Variação do parâmetro que determina a dispersão da material em um núcleo de fibra óptica. A
curva 1 refere-se a situação para a sílica pura e a curva 2 indica a possibilidade de deslocamento conforme a
dopagem e perfil do índice de refracção. 

índice de refracção não se altere com o comprimento de onda, o factor β sofreria modificações
quando a fibra fosse excitada por uma fonte de luz real, alterando-se a forma do sinal na saída
em relação ao aplicado na entrada da fibra. Esta dispersão poderá existir mesmo em uma fibra do
tipo monomodo. Nas fibras multimodos o fenómeno ocorrerá em cada um dos modos
transmitidos. Por este motivo, ocasionalmente é conhecida também como dispersão intramodal.
1.8.3. Dispersão de guia
O alargamento dum impulso que é transmitido através duma fibra óptica também pode
ocorrer por efeitos geométricos que dependem dos parâmetros do guia de onda. Comparado com
a distorção modal e com a dispersão do material, a dispersão de guia de onda é um efeito
pequeno que se torna importante apenas quando os outros fenómenos que provocam o
alargamento do impulso forem bastante reduzidos. Contudo é importante contabilizar a dispersão
da guia de onda para determinar o comprimento de onda para o qual a dispersão própria da fibra
é zero. A dispersão do índice de refracção com o comprimento de onda dá origem à dispersão do
material.
A dispersão de guia de onda dá origem à variação de ng com o comprimento de onda para
um diâmetro fixo de fibra, mesmo na ausência da dispersão do material. O índice de refracção
efectivo vem expresso por:
(1.33)
Recorde que θ1 é o ângulo de incidência na interface fibra/casca. Este ângulo varia entre 90°
e o ângulo crítico θc. Como o ângulo crítico é a razão entre então o índice de refracção de
grupo varia entre n1 ( 90°) e n2 ( ).
Assim o índice de refracção de grupo para um raio axial depende só do índice do núcleo e
para um raio segundo o ângulo crítico depende só do índice da bainha. A variação daquele índice
é pequena. Na figura 1.16 está representada esta dispersão de uma forma simbólica.
Para um dado modo, o ângulo entre o raio e o eixo da fibra varia com o comprimento de

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 

Figura 1.16. Dispersão de guia.


onda. Então o percurso dos raios e os respectivos tempos de percurso para dois comprimentos de
onda são diferentes dando origem ao alargamento do impulso. Quantitativamente a dispersão de
guia de onda pode ser expressa como:
∆ (1.34)
Resultados experimentais obtidos por Payne e Hartog indicam que nas fibras monomodos a
dispersão de material e a dispersão de guia de onda têm sinais contrários em comprimentos de
onda acima de 1200  nm. Então, é possível que os dois efeitos se cancelem, conduzindo uma
situação de dispersão nula.

 
Figura 1.17. Fibra com dispersão aproximadamente plana em uma faixa de comprimentos de onda entre 1250
nm e 1700 nm.

Inicialmente, demonstrou-se que existe um raio óptimo para o núcleo com o qual se obtém a
menor dispersão de guia de onda. Valores superiores apresentam maior dispersão de material do
que dispersão de guia de onda. As fibras com raio de núcleo menor do que o valor crítico
apresentam um rápido crescimento na dispersão de guia de onda. Esta característica foi bastante
explorada com o objetivo de controlar-se o comprimento de onda para dispersão nula. O segundo
factor investigado para o controle da curva de dispersão foi a dopagem da sílica com o dióxido
de germânio (GeO2). Modificando-se esta concentração de impurezas entre 0% e 15% o ponto
de dispersão nula deslocava-se entre 1070 nm e 1400 nm. Ao mesmo tempo, pesquisaram-se as
influências da diferença de índices entre a casca e o núcleo. Concluiu-se que a dispersão de
material decresce com o aumento da diferença entre os dois valores.
1.9. Principais vantagens e desvantagens das fibras ópticas
As fibras ópticas apresentam várias vantagens em relação aos meios de comunicação
convecionais. São constituídas de materiais com características dieléctricas, isto faz com que ela
tenha total imunidade a qualquer interferência de qualquer intensidade que venha do meio

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
externo, com isso independente do nível de ruído existente no local em que a fibra óptica esteja
instalada. O tráfego de informações esta garantido com total fidelidade.
A utilização de cabos ópticos totalmente imunes à interferência evita problemas com
aterramento de cabos e equipamentos devido ao isolamento eléctrico que os materiais que
constituem os cabos proporcionam.
Dimensões reduzidas. Uma das maiores vantagens dos cabos ópticos é a sua espessura. Não
levando em conta os revestimentos necessários para sua protecção, um cabo óptico chega a ser
20 vezes mais fino do que os cabos convencionais e com a mesma capacidade de transmissão.
Para termos uma idéia da espessura de uma fibra óptica típica, podemos compará-la com um fio
de cabelo (a fibra monomodo é 10 vezes mais fina que o fio de cabelo).
Segurança no tráfego de informações. A transmissão dos dados em um cabo óptico é feita
através de sinais luminosos o que dificulta e muito os “grampos” utilizados para obter
informações sigilosas. Para decifrar estes sinais e conseguir absorver alguma informação seria
necessário equipamento sofisticado e muito conhecimento por parte do operador. Por isso as
fibras são utilizadas em aplicações que necessitam de maior segurança, como aplicações
bancárias, militares e de pesquisa.
Maior alcance de transmissão. Devido ao baixíssimo índice de atenuação na comunicação
através das fibras óptica, a distância percorrida pelos cabos ópticos sem necessidade de
repetidores chega a até 250  km. Essa distância é cinco vezes maior que a alcançada em uma
comunicação feita através de microondas (50 km).
Maior capacidade de transmissão. A capacidade de transmissão está relacionada com a
frequência das portadoras ou com o comprimento da onda de luz. No caso das fibras ópticas,
dependendo do tipo (monomodo ou multimodo), pode-se encontrar valores de 160 MHz. km,
500 MHz. km ou centenas de THz. km. Por sua vez, os sistemas convencionais de microondas
estão limitados a 700 MHz. km. Isto demonstra a possibilidade de expansão do número de canais
de voz, vídeo e dados no mesmo meio de transmissão.
Relação custo/benefício. Dependendo da aplicação, os cabos ópticos têm maior relação
custo/beneficio do que os outros meios de comunicação utilizados. Um exemplo disto são os
sistemas de comunicação a longas distâncias, pois os cabos ópticos têm maior capacidade de
transmissão e maior alcance entre os repetidores, enquanto os meios convencionais de
transmissão por microondas têm sua capacidade de transmissão limitada a 50 km entre os
repetidores. Para pequenas distâncias os cabos ópticos são relativamente caros, mas se levarmos
em consideração as futuras expansões que deveram sofrer as instalações, o custo do cabo óptico
passa a ser competitivo devido a grande facilidade de expansão das fibras ópticas.
Ausência de interferências. As fibras ópticas não causam interferência entre si, eliminando
assim um problema comum enfrentado nos sistemas com cabos convencionais, principalmente
nas transmissões em alta frequência, eliminando necessidade de blindagens que representam
parte importante do custo de cabos metálicos.
Como todo meio físico de transmissão, as fibras ópticas também têm desvantagens:

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
Fragilidade. Uma fibra óptica e infinitamente mais frágil do que os cabos convencionais,
não podendo ser manuseada facilmente sem estar revestida.
Dificuldade de conexão. Por terem dimensões reduzidas, as fibras exigem alta precisão em
seu manuseio e na realização de conexões e junções.
Impossibilidade de alimentação remota de repetidores. Para alimentar um repetidor no
sistema de fibras ópticas é necessária uma alimentação eléctrica independente para cada
repetidor, impossibilitando uma realimentação através do próprio meio de transmissão.
1.10. Cabos de fibras ópticas.
Um cabo óptico é constituído da união de várias fibras de um mesmo tipo, revestidas de
materiais que proporcionam alta protecção e resistência às variações do ambiente externo. Em
todos os tipos de aplicações em que as fibras são utilizadas há a necessidade de uma protecção
especial por serem muito frágeis, ou seja, em todas as aplicações é necessário a utilização de
cabos ópticos. Além disso, os cabos ópticos proporcionam uma facilidade maior de manuseio na
instalação, sem o risco de danificar as fibras. A seguir serão descritos os tipos de cabos ópticos,
suas principais características e em que tipo de aplicações estes cabos são mais utilizados.
1.10.1. Cabo tipo Loose
Nos cabos do tipo Loose as fibras são acondicionadas em um tubo com diâmetro superior ao
das fibras, com isso as fibras ficam isoladas das tensões externas presentes nos cabos
convencionais de cobre. As fibras são protegidas da tracção, flexão ou variação de temperatura.
Por dentro deste tubo é aplicada uma camada de gel derivado de petróleo para isolar as fibras da
humidade externa. Este tipo de cabo é usado em sistemas de comunicações de longa distância e
ficam instalados em ductos, postes, enlaces suspensos, percursos sujeitos às variações externas
de temperaturas, enterrados ou na água.
1.10.2. Cabo tipo Tight
Nos cabos ópticos do tipo Tight as fibras são revestidas de plástico e acima deste
revestimento elas recebem um segundo revestimento de nylon ou poliéster que irá proporcionar
uma protecção maior para as fibras dentro dos cabos. Este tipo de cabo foi o primeiro a ser usado
para interligar centrais de telefonia, mas actualmente eles estão sendo usados em aplicações
internas de curta distância onde suas características de revestimentos se mostram muito
favoráveis.
1.10.3. Cabo tipo Groove
Nos cabos ópticos do tipo Groove as fibras ficam soltas nas ranhuras que possuem um
formato em “V” de um corpo de estrutura em forma de estrela que irá proporcionar uma melhor
acomodação para as fibras. Geralmente este tipo de cabo apresenta um elemento tensor em seu
centro e este elemento proporciona uma resistência mecânica maior ao cabo. Este tipo de cabo é
muito utilizado para aplicações que necessitam um número grande de fibras ópticas já que este
tipo de cabo está disponível com contagem de até 864 fibras.

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
1.10.4. Cabo tipo Ribbon
Nos cabos ópticos do tipo Ribbon as fibras são envolvidas por uma camada plástica plana
com formato de uma fita, onde estas camadas são “empilhadas” formando um bloco compacto.
Estes blocos são alojados nas ranhuras das estruturas estrelares dos cabos do tipo Groove. Logo
este tipo de cabo é uma derivação do cabo tipo Groove combinado com as fitas de fibras. Este
cabo é utilizado em aplicações de grande porte onde é necessário um número muito grande de
fibras já que um cabo do tipo Ribbon pode conter em seu interior até 4000 fibras.
1.11. Fibras ópticas modernas
O desenho de fibras tem sofrido melhorias com vista a satisfazer as necessidades dos
projectistas de sistemas. As fibras ópticas multimodo comercializadas nos finais dos anos 70 e,
no início dos anos 80, foram rapidamente substituídas por fibras monomodo devido à menor
atenuação e maior capacidade de transporte de informação. Actualmente, a União Internacional
de Telecomunicações (ITU) padroniza, especifica e homologa três tipos de fibras monomodo.
Além dessas, outros tipos de fibra não homologados estão disponíveis comercialmente.
Introduzida comercialmente em 1983, a fibra monomodo de dispersão padrão (SMF),
também, usualmente conhecida pelo nome da recomendação da ITU-T que a homologou, G.652,
tem o valor zero de dispersão cromática próximo dos 1310 nm e um valor de dispersão em
1550 nm de aproximadamente 17 ps. nm . km . Este valor coloca alguns obstáculos à sua
utilização em sistemas de longa distância e com elevados taxas dos componentes
optoelectrónicos para redes fotónicas de altas taxas de transmissão. Este tipo de fibra é, porém, o
mais utilizado actualmente pelos operadores.
Em 1985, foi introduzida a fibra com dispersão deslocada (DSF), homologada como G.653.
Este tipo de fibra coloca o mínimo da dispersão cromática na mesma região espectral do mínimo
da atenuação. Este alinhamento dos mínimos de dispersão e de atenuação, associado ao
aparecimento dos amplificadores ópticos na terceira janela de transmissão, levou à convicção
inicial de que a fibra DSF seria a ideal para sistemas de comunicações ópticas a funcionarem em
1550 nm. O subsequente entendimento e estudo dos efeitos não lineares presentes nas fibras
alterou radicalmente este ponto de vista. O mercado principal para a fibra DSF é em sistemas
submarinos de canal único.
Outro tipo especial de fibra baseada na fibra SMF é a G.654 que apresenta uma atenuação
muito baixa na região de 1550 nm, tipicamente de 0.18 dB. km . Devido ao seu elevado custo,
este tipo de fibra raramente é utilizado. A sua principal utilização é em sistemas submarinos sem
amplificação óptica. Apesar de a fibra DSF ser atractiva para sistemas de canal único, as suas
não linearidades colocam sérios obstáculos à transmissão de múltiplos comprimentos de onda na
terceira janela de transmissão. Por estas razões, o mercado das fibras DSF está a deslocar-se na
procura de novos tipos, como por exemplo, a fibra de dispersão deslocada não nula (NZDSF).
Em 1993, a empresa Lucent começou a produzir uma fibra NZDSF, com a designação de
TrueWave, desenhada especialmente para ser utilizada em sistemas WDM amplificados. Este

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CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS ÓPTICAS  
 
tipo de fibra foi padronizado em 1996 com a designação de G.655. A principal característica da
fibra NZDSF é apresentar uma dispersão cromática muito baixa mas não nula, de modo a
suprimir a mistura de quatro ondas, na região espectral entre 1500 nm e 1625 nm. A NZDSF
tem sido utilizada intensivamente em sistemas submarinos e terrestres de longa distância. Estas
fibras NZDSF de primeira geração eram, na realidade, fibras DSF com um mínimo de dispersão
próximo de 1500 nm. Apresentando, portanto, algumas características indesejáveis tais como a
dispersão cromática residual elevada, área eficaz muito pequena e declive da dispersão cromática
muito elevada. Estas características abriram o caminho ao aparecimento de uma segunda geração
de fibras NZDSF, como as TrueWave XL da Lucent, a LEAF da Corning ou a FreeLight da
Pirelli, com uma área eficaz superior às de primeira geração, permitindo reduzir a densidade de
potência na fibra e minimizar os efeitos não lineares.
Outras fibras recentemente introduzidas e designadas também como G.655 são a TrueWave
RS da Lucent e a TeraLight da Alcatel que são fibras NZDSF com um declive da curva de
dispersão cromática muito baixo (  0.045 ps. nm . km ), o que permite que em sistemas
WDM todos os canais estejam sujeitos, aproximadamente, ao mesmo valor de dispersão
cromática. Tal, reduz os custos de implementação de dispositivos para a compensação da
dispersão. Outro tipo de fibra, ainda que não homologado, é a AllWave da Lucent. Este tipo de
fibra é idêntico ao da SMF, mas é produzida de forma a eliminar o máximo de absorção devido à
presença de iões OH- que produzem um pico de elevada absorção em torno de 1385 nm. A
supressão deste pico de absorção, na prática, permite o aparecimento de uma janela de
transmissão em torno de 1400 nm, podendo-se utilizar toda região espectral entre os 1280 nm e
1625 nm para a transmissão.

Figura 1.18. Dispersão x Comprimento de onda em fibras modernas.


Apesar de os operadores discordarem de uma proliferação de diferentes tipos de fibra nas
suas infra-estruturas, também, pretendem limitar a instalação de fibras que coloquem
constrangimentos a um futuro aumento da largura de banda. No entanto, tornou-se evidente que
os operadores começaram já a introduzir a G.655 na sua infra-estrutura física. Esta solução é
mais satisfatória economicamente do que a utilização da G.652, devido aos custos associados
com a compensação da dispersão.

REDES ÓPTICAS URBANAS  26  
 
CAPÍTULO 2 

COMPONENTES 
OPTOELECTRÓNICOS 
DA COMUNICAÇÃO 
ÓPTICA 
 

 
COM
MPONENTES O
OPTOELECTRÓ
ÓNICOS DA COM
MUNICAÇÃO Ó
ÓPTICA 

2
2.1. Introodução
O início das
d comunnicações óppticas foi determinaddo pelo deesenvolvimento de dois d
compponentes esssenciais: a fibra ópticaa, como meeio de transpporte de infformação, e o laser (light
ampllification by
b stimulateed emissionn of radiattion) semiccondutor, ccomo fontee de radiaçção.
Posteeriormente, o aparecimmento de am mplificadorres ópticos permitiu o incremento o do ritmo de
transsmissão e da
d distância máxima dee propagaçãão. Neste capítulo,
c sãoo analisados os conceiitos
básiccos de funncionamento dos divversos com mponentes optoelectrón
o nicos de uma
u rede de
comuunicação ópptica.
2
2.2. Emisssores óptticos
O emissor óptico
ó é respponsável poor converterr o sinal elécctrico em siinal óptico que
q esse poossa
ser acoplado
a a uma
u fibra óptica.
ó Paraa sistemas de
d comuniccações via ffibra óptica, os emissoores
são dispositivos
d s à base de semiconduutor. As van ntagens no uso de disppositivos seemicondutoores
são muitas,
m entrre elas: tammanho comppacto, alta eficiência,
e b confiabbilidade, áreea de emisssão
boa
comppatível comm as dimennsões do núcleo n das fibras óptticas disponníveis com mercialmentee e
possiibilidade dee emissão em e comprim mentos de onda na faaixa de baixas perdas das fibras de
sílicaa.

Figura 2.1. Emissor


E óptico.

Os emissorres ópticos são composstos de umaa fonte de luz,


O l um moodulador e um
u acopladdor,
comoo mostra a figura 2.1. Existem basicamente
b e dois tipos de fontess óptica de luz: o Dioodo
Emisssor de Luuz (LED, Light L Emittting Diodee); que connsiste num ma junção polarizaada
direcctamente geerando luzz por emissão esponttânea; e o LASER ((Light Am mplification by
Stim
mulated Em mission of Radiation)) de semiicondutor, que gerallmente é composto de
heterroestruturass em múltipplas camaddas cujas faaces formam m uma cavvidade, gerrando emisssão
estim
mulada. O modulador
m reealiza a funnção de inseerir a inform
mação no sinnal óptico a partir do siinal
elécttrico de entrada. O sinnal óptico pode
p ser mo odulado direectamente ppela variaçãão da correente
elécttrica, ou exxternamentee, nos casoss de sistem mas em altass taxas de transmissão o de dados.. O
acoplador é umaa microlentee que focaliiza o sinal óptico
ó no plaano de entraada da fibraa óptica com
ma
máxiima eficiênccia possívell.
2
2.2.1. Dioodos Emisssores de Luz
L
Para entendder os fenóómenos da radiação
P r daas fontes óppticas de luuz é necesssário conheecer
conceitos de abssorção radiiação, emisssão de radia
ação e inverrsão de poppulação.
• Absorçãoo de radiaação: produuz-se quand do o electrãão passa ddo estado fuundamental
a um nívell energéticco mais eleevado. Paraa poder paassar ao esstado excitaado é preciso
R AS URBANAS 
REDES ÓPTICA  
28
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

absover fotão.
• Emissão da radiação: produz-se quando o electrão passa do estado excitado ao estado
fundamental, desprende energia em forma de fotão, ou seja, emite um fotão. Se a variação
de estado do electrão se produz de forma espontânea, sem que haja nenhuma causa que o
propicie, então se produz luz normal e o fenómeno se conhece com emissão espontânea. Se
a transição se produz por acção de um fotão de igual energia que o electrão, então estamos
diante de um processo de emissão estimulada, onde o electrão a desprender energia o fará
em forma de outro fotão coerente com o primeiro.

Figura 2.2. Processo de emissão espontânea e emissão estimulada.

Einstein mostrou que a probabilidade de que um fotão seja absorvido pelo primeiro átomo
situado em nível inferior, equivale a probabilidade de que tal fotão provoque a emissão
estimulada no átomo situado em nível superior. Como conseguir um aumento da probabilidade?
Fabrikant racionalizou que tudo depende da quantidade de átomos que há em cada nível. Se for
maior a quantidade de átomos em nível inferior, com maior frequência sucederá a absorção de
fotões e o raio de luz se debilitará. Mas se é maior a quantidade de átomos excitados, então
transcorrirá a emissão estimulada e o raio de luz se intensificará. Portanto, para que se
intensifique é necessário criar uma situação de inversão de população. A inversão de população
consiste em ter mais átomos excitados que átomos no estado fundamental.
O princípio de funcionamento do LED baseia-se no fenómeno da electroluminescência, quer
dizer, na emissão espontânea dos fotões devido a recombinação de portadores de carga, que são
injectados na junção pn. Como se sabe, os portadores de carga nos semicondutores são os
electrões na zona de condução e as lacunas na zona de valência. No regime activo (polarização
directa da junção pn) devido a corrente eléctrica cria-se a inversão de população de portadores de
carga, isto é surge o excesso dos electrões na zona de condução e das lacunas na zona de
valência, figura 2.2. A condição de inversão de população pode ser dada na forma:
         (2.1)
sendo EFn o nível de Fermi do semicondutor tipo n, EFp o nível de Fermi do semicondutor tipo p
e Eg é a energia da banda proibida.
O regresso ao estado de equilíbrio é acompanhado pela transição dos electrões da zona de
condução para a zona de valência ou para os níveis de impureza na zona proibida . Este
fenómeno é denominado recombinação. Dois tipos fundamentais de recombinação são dados na
figura 2.2: por emissão espontânea e por emissão estimulada.
Existem duas geometrias básicas dos LEDs em uso comercial: a de emissão por superfície e
a de emissão lateral. O diodo de emissão por superfície é mostrado na figura 2.3(a). Observa-se
que a luz é emitida numa direção normal ao plano da junção. Essa forma de emissão tem como
REDES ÓPTICAS URBANAS   
29
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

resultado altas perdas de abertura numérica. Para melhorar o acoplamento da fonte com a fibra, é
necessário melhorar a diretividade da fonte. Para isso é usada a geometria de emissão lateral,
mostrada na figura 2.3(b).

(a) (b)

Figura 2.3. LED por emissão por superfície e de emissão lateral.

Na configuração da figura 2.3(b), o canal formado pelas camadas de confinamento guia a


luz para produzir um feixe de saída estreito, com significante redução de perdas por abertura
numérica. A espessura da junção (camada activa) é da ordem de 1 µm a 2  µm. Uma fita de
contato restringe a largura da área para 10 µm a 20 µm. Este processo resulta numa área activa
retangular da fonte menor que o núcleo da fibra. Graças ao guiamento, a abertura angular do
feixe de luz fica reduzida a cerca de 30° no plano perpendicular ao plano da junção. No plano
lateral permanece a abertura lambertiana de 120°. A melhor directividade num dos planos é
suficiente para melhorar a eficiência de acoplamento com a fibra. Além disso, ela simplifica os
esquemas de focalização da luz através de lentes, que podem melhorar esse acoplamento até
determinados limites.
Característica estática do LED
A característica estática (corrente de entrada versus potência óptica de saída) para o LED é
aproximadamente linear, como mostra a figura 2.4. As potências de saída estão reduzidas a uma

Figura 2.4. Característica estática dos LEDs: (a) emissão por superfície e (b) emissão lateral. Os níveis de
potência óptica se referem à potência no ar.

Fracção da máxima potência óptica que poderia ser gerada para uma dada corrente injectada,

REDES ÓPTICAS URBANAS   
30
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

em virtude dos processos internos de recombinação não radiativa, reabsorção, recombinações


superficiais e reflexões internas.
Deve-se notar que embora os LEDs de emissão lateral gerem menos potência óptica no ar,
em virtude de sua menor eficiência quântica externa, eles são mais eficientes para colocar a luz
na fibra, em razão de sua maior diretividade.
Densidade espectral de luz do LED
Na prática, os LEDs operando na primeira janela apresentam larguras espectrais entre
25 nm e 40 nm. Para a segunda janela essas larguras se situam entre 50 nm e 100 nm. O
espectro de radiação emitida pelo LED é gaussiano, como mostra a figura 2.5. O aumento da
temperatura tende naturalmente a alargar esse espectro.

(a) Janela 850 nm (b) Janela 1300 nm 


Figura 2.5. Espectros de emissão típicos de LEDs.

As principais características do LED são: potência máxima de saída dos LEDs é menor que
– 10 dBm, emissão incoerente com largura espectral larga (entre 30 nm e 60 nm), baixa
capacidade de modulação (frequência máxima de modulação típica 100 MHz para LED de
InGaAsP) e divergência angular elevada gerando dificuldade para acoplamento em fibras ópticas
(eficiência de acoplamento máxima de 1 %). As aplicações mais importantes dos LEDs em
telecomunicações são em redes locais, cujas taxas de transmissão são menores do que 10 Mbps.
O uso de LEDs para comunicação normalmente é associado ao uso de fibras multimodo.
2.2.2. Diodo Laser
O laser é uma fonte óptica que opera com o princípio da emissão estimulada. Alguns fotões
viajando através de um meio excitado interagem com electrões e lacunas na região de
recombinação. Átomos são derivados do seu estado de alta energia para um estado de energia
mais baixa, liberando energia na forma de luz. Nesse processo, um único fotão é capaz de
produzir vários outros. Os fotões emitidos entram em uma cavidade ressonante e são reflectidos
para formar um intenso feixe monocromático coerente. Fotões emitidos em outras direcções são
eventualmente perdidos através das paredes da cavidade.
Ganho óptico
O ganho óptico é uma propriedade que adquirem os materiais semiconductores quando neles
se consegue a inversão de população, que permite que se produza o fenómeno de emissão
estimulada, e que este predomine frente a emissão espontânea. Para que um material tenha ganho

REDES ÓPTICAS URBANAS   
31
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

óptico a densidade dos portadores injectados na zona activa tem de superar um determinado
valor conhecido com valor de transparência, n0. Isto se consegue, por exemplo, injectando
electrões a uma junção pn polarizada directamente.
O ganho do material, sendo sua unidade o inverso de comprimento, (normalmente cm ) se
obtém a partir da seguinte expressão:
(2.2)

onde, representa a velocidade de grupo no material que compõe a zona activa, e

, são a taxas de emissão e absorção na zona activa do material. Em geral o


cálculo de g(ω) se realiza de forma numérica, obtendo-se curvas que mostram seu valor em
função da energia de radiação expressa em eV para diferentes valores de intensidade de
portadores injectados. Um exemplo deste tipo de curva é a figura 2.6. Para densidades inferiores
a n0 (valor de transparência, tipicamente 10  cm no caso das curvas da figura 2.6), o ganho
óptico é sempre negativo (abaixo de zero), e portanto, não se consegue emissão estimulada.
Pelo contrário, se a densidade dos valores injectados é superior ao valor de transparencia então
existem comprimentos de onda para os quais se produz emissão estimulada. Quanto maior é o
valor da densidade de portadores injectados, maior será a zona do espectro para a qual se obtém
amplificação óptica. Também se pode observar que o máximo valor do ganho se desloca até
comprimentos de onda mais curtos (maiores valores de energia) onde as curvas anteriores
mostram qua a partir de um determinado valor da densidade de portadores injectados o ganho
varia linearmente com n.
Segunda janela

Figura 2.6. Espectros do coeficiente de ganho tomando a densidade de portadores na zona activa como
parâmetro.

Destas curvas pode deduzir-se que quanto maior é a dopagem do semiconductor, mais
cresce o ganho óptico, porque aumenta a densidade de portadores. E vice-versa, quanto menos
impurezas injectarmos no semiconductor diminuem a quantidade de portadores e, portanto, o
ganho óptico diminui. Com isto e as formas de curvas, se conclui que o que interessa é trabalhar
nas zonas dos picos, onde se consegue um maior ganho com menos dopagem do semiconductor.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
32
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

Realimentação e efeito de limiar


Para explicar o funcionamento da cavidade ressonante em um laser semicondutor,
utiliza-se o modelo de laser mais simples: a cavidade Fabry-Perot. Na figura 2.7 pode-se ver o
esboço chave.

Figura 2.7. Cavidade Fabry-Perot

A cavidade Fabry-Perot se forma ao introduzir uma heteroestrutura entre dois espelhos


semiconductores, figura 2.7. A reflexão se produz devido a descontinuidade entre o meio
semiconductor e o ar. A reflectividade de potência destes espelhos se pode calcular aplicando as
fórmulas de Fresnel para incidência normal e resulta:

(2.3)
onde next representa o índice de reflexão do meio exterior, que na maioria dos casos será o ar
Em geral, o índice de refracção dos materiais semiconductores empregados ronda o valor
n 3,5, pelo que R   0,3 é suficiente para a maioria das aplicações.

Figura 2.8. Configuração geométrica de um laser de heteroestructura, mostrando suas dimensões longitudinal,
transversal e lateral.

Como pode apreciar-se na figura 2.8, a direcção por onde se forma a cavidade é paralela ao
plano da junção pn e está fisicamente localizada na zona activa do semiconductor. Por outra
parte, a inversão de população necessária na zona activa se consegue injectando electrões na
zona activa na direcção perpendicular ao plano da união pn. As dimensões típicas da zona activa
são, quanto a longitude, de 100 μm a 500 μm; quanto a largura, 5 μm a 15 μm e em espessura,
de 0,1 μm a 0,5 μm. Portanto, para todos os efeitos, pode-se considerar um guia de onda
dieléctrico plano. Mais especificamente, dentro da estrutura existem três tipos de modos:
1. Modos laterais, que são ondas estacionárias formadas na coordenada y da zona activa e
determinam a forma e o perfil do campo eléctrico na referida direcção.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
33
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

2. Modos transversais, que são ondas estacionárias formadas na coordenada x da zona


activa e determinam a forma e o perfil do campo eléctrico na referida direcção.
3. Modos longitudinais, que são ondas estacionárias formadas na coordenada z da zona
activa e determinam o espectro de frequências emitidas pelo laser.
Dos três modos, a combinação de 1 e 2 resulta nos perfis modais especiais do campo, ao
passo que os terceiros, determinam as frequências próprias da cavidade que se emitirão em forma
de radiação ao exterior desta.
A estrutura de cavidade Fabry-Perot, formada por dois espelhos reflectores separados por
uma distância L, o material compreendido entre ambos os espelhos é o meio amplificador e
possui uma constante de propagação dada por:
(2.4)
onde g é o ganho óptico do meio, ac representa as perdas por absorção e espalhamento no
material e b é a constante de fase. Uma onda óptica incidente (linearmente polarizada, por
exemplo, na direcção y) de amplitude de campo dada por Eiy sofre sucessivas reflexões em
espelhos que formam a cavidade, de forma que a onda de saída da estrutura está formada pela
interferência múltipla daquelas que vão saindo da cavidade depois de cada transição, como se
mostra na figura 2.9.
O campo eléctrico da saída da cavidade Fabry-Perot vem dado por:
∑ (2.5)
As condições de oscilação do laser Fabry-Perot conseguem-se ao forçar que haja saída na
ausência de sinal de entrada na cavidade, quer dizer, anulando o denominador da expressão (2.5),
e se obtém:
1 (2.6)
A equação 2.6 é complexa e pode decompor-se em uma parte real e outra imaginária:
• A parte real dá a condição de ganho de limiar necessária para conseguir-se a radiação do
laser:
(2.7)

Espelho 1 Espelho 2

Soma = Campo transmitido

Meio activo

Figura 2.9. Esquema e evolução do sinal na zona activa de um laser Fabry-Perot.

• A parte imaginária dá a condição de fase:

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34
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

 ;          (2.8)
A partir da condição de fase podem-se obter as frequências próprias da cavidade Fabry-Perot
ou modos longitudinais. Assim, as possíveis frequências de oscilação da cavidade vêm dadas
por:
  ;          (2.9)
´
As possíveis frequências são infinitas, e estão separadas entre si pela constante:
(2.10)

onde τL é o tempo de transição correspondente a uma volta completa a cavidade, e vale


aproximadamente 10 ps.
Apesar das frequências possíveis serem infinitas, nem todas cumprem a condição de
amplitude, pelo que o laser só emitirá um conjunto destas. Isto se explica graficamente na figura
2.10, onde se representa o espectro de frequências próprias da cavidade Fabry-Perot junto com a
curva do ganho do material e as perdas. Só aquelas frequências para as quais o ganho óptico é
maior que o ganho de limiar serão emitidas pelo laser.
Curva do ganho do Modos da cavidade
material da cavidade Fabry-Perot Espectro transmitido por um
laser Fabry-Perot
Ganho de limiar gth

Figura 2.10. Espectro de emissão de um laser Fabry-Perot.

Funcionamento do laser
Para a análise do funcionamento do laser há que partir das equações de emissão (no caso,
particularidades para o caso de lasers monomodo), que são a solução das equações de Maxwell
para o caso do laser:
(2.11)

(2.12)
onde P e N representam a quantidade ou número de fotões e portadores na cavidade, τp é o tempo
de vida dos fotões e τn é o tempo de recombinação dos portadores; Resp é a taxa de emissão
espontânea e G é a taxa de emissão estimulada ou ganho óptico da cavidade.
A definição ou o valor da cada um dos parâmetros que determinam o funcionamento do
laser é:
• A quantidade de fotões vem dada em função do campo eléctrico:
| | (2.13)
onde ε0 é a permissividade do meio, µ é o índice do modo, µg é o índice dos portadores induzidos
e ħω é a energia de um fotão.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
35
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

• O número dos portadores na zona activa se define como:


(2.14)
onde n é a densidade de portadores e é praticamente constante; é o volume da cavidade
sendo L a longitude, w a largura e d a espessura da mesma.
• O ganho óptico se define como:
(2.15)
onde Г é o factor de confinamento, vg é a velocidade de grupo calculada como egéo

ganho da cavidade cujo valor é , onde sg é o coeficiente do ganho diferencial, n0


é a densidade de portadores requerida para alcançar o nível de transparência e n é a densidade de
portadores.
• O tempo de vida dos fotões se define como:
(2.16)

onde αe são as perdas nos espelhos, αint outras perdas intrísecas a cavidade.
• O tempo de recombinação dos portadores é:
(2.17)
• A taxa de emissão espontânea, vem dada por:

1 (2.18)

onde todo o conteúdo dentro de colchetes se conhece como factor de inversão de população e Ef
é a energia de separação entre os níveis de Fermi.
Se à aquação (2.11) e (2.12) se junta a equação de emissão de fase, se tem o sistema de
equações de emissão dos lasers monomodo, equações (2.19).

(2.19)

Característica luz-corrente
Para achar a curva L-I se parte, como sempre, do sistema de equações de emissão (2.11) e
(2.12), em regime estacionário, isto é:
0  (2.20)

0 (2.21)
onde, na equação (2.20) pode-se ver que o aumento da quantidade de fotões (luz) é favorecido
principalmente pelo processo de emissão estimulada (GP) e um pouco, pela emissão espontânea
(Resp) graças a qual se desencadeia a primeira. Mas como , se poderia desprezar Resp
para implificar os cálculos. Logo, representa os processos de recombinações não radiativos,

REDES ÓPTICAS URBANAS   
36
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

quer dizer, são os fotões que se recombinam desprendendo calor e portanto, actuam diminuindo
o número de fotões, contrário ao que interessa. E na equação (2.21) vê-se que a quantidade de
portadores aumenta com o aumento da corrente injectada no laser, mas diminui por emissão
estimulada (GP) e por recombinação térmica . De (2.20) resulta:

(2.22)

Como já foi dito, Resp é uma quantidade muito pequena, praticamente nula, daí ou o
denominador deve ser nulo ou a cavidade não emitirá luz. Se 1 então 0ea
cavidade semicondutora funcionará como um LED em vez de como um laser. Quando 1,
se alcança uma quantidade apreciável de fotões, e o dispositivo começa a funcionar como um
laser, a emissão espontânea deixa de ser a maiorotária para dar lugar a emissão estimulada. A
esta situação se conhece como situação limiar, e o valor dos distintos parâmetros neste ponto de
funcionamento são:
• Valor limiar dos portadores (Nth):
(2.23)

Quando a cavidade alcança uma quantidade de portadores igual a Nth, começa a produzir-se
emissão estimulada, que como se vê, é maior que a quantidade de portadores necessários para
conseguir inversão de população (N0).
• Valor limiar da corrente de polarização (Ith):
(2.24)
onde q é a carga eléctrica do electrão. Os valores típicos da corrente limiar estão compreendidos
entre 10 mA e 50 mA.
Uma vez alcançado o estado limiar, a quantidade de portadores vai permanecer praticamente
constante mesmo que aumente a corrente injectada. Isto é devido a que o excesso de portadores
se recombinam por meio da emissão estimulada. E ao manter-se fixo o nivel de portadores,
também a taxa de emissão espontânea se manterá fixa. Portanto, o número de fotões gerados por
emissão estimulada por cima do valor limiar vai ser proporcional a , onde I é a corrente
aplicada.
• Valor dos fotões (P):
(2.25)
• A potência óptica de saída do laser é proporcional ao número de fotões gerados em seu
interior, e seu valor é o mostrado na equação (2.26).

(2.26)
onde αesp ng representa a taxa em que os fotões com energia hω abandonam a cavidade.
A figura 2.11 mostra uma curva L-I típica de um laser semiconductor. Na realidade se
representa a potência frente a corrente, mas como já dito, a potência é proporcional a quantidade

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37
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

de fotões (de luz) que há na cavidade. Como se pode ver na figura 2.11, para valores abaixo da
corrente limiar a potência de saida (a luz) é praticamente nula. Ao aplicar uma corrente igual ou
superior a corrente limiar a potência aumenta e, ademais, linearmente com a corrente segundo a
equação (2.28), até chegar a uma corrente em na qual o laser já não vai produzir mais luz mesmo
que se aumente a corrente: zona de saturação. Se se exige ao laser trabalhar muito tempo nesta
zona se queimará.

Fig. 2.11. Curva L-I típica de um laser semiconductor

2.2.3. Lasers DFB


Os lasers DFB (Distributed FeedBack) são montados com a colocação da grade Bragg
dentro da cavidade do laser FP. A presença da grade de Bragg causa uma variação periódica no
índice de refração da região dentro da cavidade ao longo do seu comprimento, e esta variação
causa pequenas reflexões. Quando um período da grade de Bragg é múltiplo inteiro de um
comprimento de onda de um feixe de luz, ocorre uma interferência construtiva e parte da luz é
refletida. Os outros comprimentos de onda sofrem interferência destrutiva e não podem ser
refletidos. Esse efeito é mais forte quando o período da grade de Bragg é igual ao comprimento
de onda da luz a ser selecionada. No entanto, o dispositivo funciona quando o período da grade é
um múltiplo inteiro de um comprimento de onda e somente um modo pode ser transmitido,
o modo que é compatível com o comprimento de onda da grade, figura 4.12.
Em dispositivos mais recentes, a aplicação da grade dentro da região ativa apresentou muita
atenuação, portanto, a grade foi movida para uma camada de guia de onda imediatamente
adjacente à cavidade. A cavidade onde a luz está se propagando, estende-se para dentro da
camada adjacente e interage com a grade para produzir o efeito desejado. A princípio, o laser
DFB não precisa de espelhos, pois a grade pode ser configurada para produzir reflexão suficiente
para o laser acontecer.
Uma forma de melhorar a eficiência do dispositivo é colocar um espelho final de alta
refletância em uma ponta da cavidade e um revestimento na outra ponta da cavidade. Neste caso,
a grade não precisa ser muito forte, mas o suficiente para garantir que um simples modo domine.
Como os lasers DFB são confiáveis nas freqüências nas regiões 1310 nm e 1520 nm a 1565 
nm, são compatíveis com os amplificadores EDFA e excelentes fontes em aplicações DWDM.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
38
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

Os lasers podem ser modulados com muita precisão e podem produzir potência
relativamente alta. Como a luz do laser é produzida em feixes paralelos, grande parte (50% a
80%) pode ser transferida para a fibra. Os lasers utilizados na operação de redes de comunicação
devem ter uma largura de banda espectral estreita, resposta rápida e ser capaz de acoplar uma
quantidade significativa de potência óptica em uma fibra. Os lasers são dispositivos
relativamente caros pois, em aplicações de longa distância, o controlo de temperatura e o
controle de potência de saída são necessários. O controlo de temperatura mantém um laser com
limiar estável, e o controle de potência garante que o detector possa receber um sinal estável.

Figura 4.12. Esquemático do laser DFB.

Em sistemas WDM, é necessário o transporte de muitos sinais ópticos multiplexados na


mesma fibra. Para fazer isto, é importante que cada sinal tenha a mais estreita largura espectral
possível e seja o mais estável possível. E os lasers Fabry Perot possuem uma largura espectral
relativamente grande para o uso nesta aplicação. Os lasers DFB são os mais indicados.
2.3. Modulação da portadora óptica
2.3.1. Modulação directa
A capacidade de modulação directa dos diodos lasers através da corrente aplicada é uma das
principais vantagens deste dispositivo. Nas sessões seguintes se analizam os formatos de
modulação directa do laser.
Modulação On/Off Keying
Este tipo de modulaçõa consiste em aplicar ao diodo laser uma corrente, ION, superior a sua
corrente de limiar para que tenha lugar a radiação quando se deseja emitir o bit 1. No caso de
transmitir um bit 0 a potência óptica emitida pelo laser deve ser nula, e portanto a corrente
aplicada, IOFF, deve ser menor que a corrente de limiar. Empregar uma corrente IOFF próxima a
zero tem a vantagem de que a potência residual associada aos bits 0 devida a emissões
espontâneas é mínima, incrementando o quociente de extinção e portanto reduzindo a
probabilidade de erro.

Figura 2.13. Modulação OOK.

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39
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

A figura 2.13 apresenta um exemplo de modulação OOK. Ao inicio de cada pulso óptico
aparecem umas escilações amortecidas (oscilação de relaxação) cuja origem está no processo
pelo qual os portadores e fotões tendem a seus valores de equilibrio.
Como tambem se observa na figura 2.13 existe um atraso em cada comutação (atraso de
arranque, tD) devido a lenta resposta dos portadores de carga para que se inicie a oscilação do
laser. Este atraso pode reduzir-se incrementando a quantidade de portadores existentes no laser, o
qual supõe empregar uma corrente IOFF, próxima a corrente de limiar do laser.
O valor concreto do atraso de arranque, tD, pode ser calculado como:
(2.27)

onde τe é o tempo de vida das combinações espontâneas.


Pulsação mediante comutação de ganho
Existem aplicações nas quais o diodo laser gera pulsos ópticos muito estreitos, cuja duração
é menor que o intervalo de tempo entre pulsos consecutivos. Nesta situação se aplica ao laser um
pulso de corrente que durante um breve intervalo de tampo está por cima da corrente de limiar
para a oscilação do laser. Se este pulso de corrente é suficientemente estreito o pulso óptico
emitido se corresponde com o primeiro pico das oscilações de relaxação vistas na figura 2.13.
Este método de operação se denomina comutação de ganho.
2.3.2. Modulação externa
A modulação externa consiste em um diodo laser emitindo uma potência óptica contínua
seguido por um dispositivo externo que realiza a modulação desejada. Isto permite evitar os
efeitos que provoca o chirp de frequência gerado ao modular a amplitude da potência óptica
gerada pelo laser, cuja origem se encontra na dependência existente entre o índice de refracção
do material semiconductor e a densidade de electrões.
Outra aplicação é gerar sinais RZ. A partir de uma sequência de pulsos periódicos gerados
por um laser, pela aplicação de uma corrente pulsada, o modulador não deixará passar os pulsos
ópticos que correspondem ao bit 0. Actualmente os dois tipos de moduladores externos são os
mais empregados.
Moduladores baseados em Interferómetros de Mach-Zehnder (MZI) e em materiais
electroópticos
O MZI é um dispositivo formado por um divisor, dois braços de fibra óptica e um
combinador, cujo funcionamento se baseia no fenómeno de interferência entre as ondas. O sinal
óptico de entrada se divide em duas partes iguais, cada uma das quais percorrendo um caminho
óptico distinto para combinarem-se depois. Esta combinação pode produzir uma interferência
construtiva se a diferença de fase dos sinais é nula, recompondo-se assim o sinal de entrada
(geração de um bit 1). Se a diferença de fase dos sinais combinados é diferente de zero, estes
sinais interferem de forma destrutiva e a saida não se obtém sinal óptico (geração de um bit 0).
Mediante o emprego num dos braços do MZI de um material electroóptico (como o niobato
de lítio), que tem a propriedade de poder variar seu índice de refracção segundo a variaçao de

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COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

tensão electrica que se aplica, se encontra a desfasagem entre os sinais que são combinados,
controlando-se assim a modulação.
Moduladores Electro-absorventes
Um material electro-absorvente tem a capacidade de absorver a radiação, e portanto permite
controlar a quantidade de potência que este deixa passar por meio da tensão existente entre seus
extremos. Nos materiais semicondutrores esta propriedade de controlar a radiação absorvida se
conhece como efeito Franz-Keldysh ou efeito Stark. Segundo este fenómeno as longitudes de
onda que podem ser absorvidas variam com o campo eléctrico aplicado.
Os moduladores fabricados com este tipo de materiais semicondutores têm a vantagem de
sua fácil integração junto com o diodo laser, reduzindo-se as perdas de acolpamento entre
ambos.
2.4. Perdas por acoplamento
Além da atenuação na fibra, o acoplamento na entrada contribui muito com as perdas do
sistema. Essas perdas estão relacionadas a Iluminação não interceptada, a Abertura numérica e
a Reflexão.
Em geral, a magnitude das perdas de acoplamento na entrada depende da característica
óptica e da geometria da fonte e da fibra. Parâmetros particularmente importantes são a área e o
perfil angular de emissão da fonte, a área do núcleo da fibra, o índice de refracção, a abertura
numérica e a distância entre a superfície de emissão e o final da fibra.
Perdas por iluminação não interceptada
Perdas por iluminação não interceptada resultam do descasamento entre a área da projecção
da iluminação da fonte (no plano de entrada da fibra) e a área do núcleo da fibra. Se a área de
emissão da fonte é maior do que a área do núcleo da fibra, parte da luz emitida não será acoplada
na fibra. Mesmo se a fonte é menor que o núcleo, ainda pode existir problemas como iluminação
não interceptada, figura 2.14. Qualquer separação entre a fonte e a entrada da fibra provoca uma
perda da luz emitida. Esta perda de iluminação não interceptada é dada aproximadamente por:
10 (2.28)
em que Ac é a área do núcleo da fibra e As é a área da projecção da luz no plano transversal à
entrada da fibra. A magnitude da perda de iluminação depende, basicamente, do perfil de
emissão angular da fonte, da distância entre a superfície de emissão da fonte e a entrada da fibra
e do diâmetro do núcleo.

Fonte de emissão
Cone óptico

Fibra óptica

Cápsula da
fonte
Figura 2.14. Perdas por emissão não interceptada

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COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

Todas as fontes pequenas têm feixes de radiação que divergem rapidamente. Então, para
evitar perdas intoleráveis, a separação entre a fonte e a entrada da fibra não pode ser maior do
que duas a quatro vezes o diâmetro do núcleo. A solução é construir um diodo não encapsulado
e, então, montar a fibra tão perto quanto possível da superfície de emissão, ou utilizar uma fonte
com um trecho de fibra já instalado pelo fabricante.
Perdas devido à abertura numérica
Este tipo de perda é devido aos raios de luz com ângulos de incidência fora do cone de
aceitação da fibra. Com a perda por iluminação não interceptada eliminada, podem-se considerar
as perdas associadas com o perfil de acoplamento. Especificamente, esta é uma redução da
potência devido à abertura numérica. A figura 2.15 mostra que uma considerável quantidade de
luz é perdida devido ao conflito entre o relativamente pequeno ângulo do cone de aceitação da
fibra (metade do ângulo da ordem de 10° a 14°) e a grande divergência do feixe de emissão do
LED ou Laser.

Fonte de
Luz Fibra

Perfil de emissão no Cone de aceitação de


plano perpendicular uma fibra de índice
da junção degrau
Fonte de
luz
Fibra

A luz emitida num ângulo


maior que α será perdida

Figura 2.15. Perdas por acoplamento.

Perdas por reflexão


Esta ocorre na entrada, em conectores e no final da fibra. Comparada às perdas por abertura
numérica, a perda por reflexão é quase desprezível. Ela é importante, contudo, nas emendas das
fibras. Luz incidindo na entrada da fibra sofre uma variação no índice de refracção na interface
ar-núcleo. Então, parte da luz é reflectida e é perdida. A proporção de luz que é reflectida, com
relação à incidente, depende do índice de refracção do núcleo.
2.5. Receptores ópticos
2.5.1. Introdução
Os receptores ópticos transformam os sinais ópticos em sinais eléctricos, na realidade é o
fotodetector o encarregado desta transformação. Na figura 2.16 se mostra o diagrama em blocos
genérico de um receptor para um sistema digital com detecção directa. A componente chave

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COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

é o detector de luz.
Os fotodetectores mais utilizados são os baseados em semicondutores. Os fotodiodos são os
mais adequados porque com eles é possível obter fotodetectores com alta sensibilidade,
rápida resposta, pouco ruído, baixo custo e uma alta fiabilidade. Os mais comuns são os
fotodiodos PIN e o fotodiodos de avalanche (APD).
Filtro Fotodetector Amplificador front-end Decisor

Figura 2.16. Diagrama de blocos de um receptor óptico básico de um sistema digital com detecção directa.

2.5.2. Fundamentos dos fotodiodos


Os fotodiodos se baseiam no processo de absorção estimulada de fotões. Suponhamos
uma junção pn polarizada inversamente como se mostra na figura 2.17.
Ao incidir um fotão sobre o semiconductor tal que a energia do fotão . é superior a
energia da banda proibida, Eg, este é absorvido gerando-se um par electrão-lacuna. Assim, as
longitudes de onda que podem ser detectadas são:
. ,
. (2.29)

Figura 2.17. Esquema de uma junção pn polarizada inversamente.

Devido ao campo eléctrico estabelecido pela tensão aplicada ao circuito, os electrões e


lacunas põe-se me circulação dando lugar a uma corrente eléctrica. Ao ser o fotodiodo
polarizado inversamente o campo eléctrico interno é mais intenso, portanto a aceleração que
experimentam os pares electrão-lacuna é maior, e a resposta do fotodiodo ante as variações da
potência óptica é melhor. A corrente resultante, Ip, é proporcional a potencia óptica incidente:
      (2.30) 
onde é a responsividade do fotodiodo. Este parâmetro, cuja unidade é A. W , representa a
capacidade do fotodiodo de gerar pares electrão-lacuna pela incidência de um sinal óptico. Outro
parâmetro importante num fotodiodo é a sua largura de banda. A largura de banda de um
fotodiodo determina a velocidade com que este responde ante as variações da potência óptica
incidente.
Se define o tempo de subida do fotodetector, Tr , como o intervalo de tempo transcorrido
desde que a corrente, Ip , aumenta desde 10% até 90% do seu valor final ante uma variação
abrupta da potência óptica incidente. Este intervalo de tempo desde a chegada de um pulso de luz
ao fotodiodo e a aparição da corrente se deve ao tempo que retardam o electrões e lacunas
gerados por absorção dos fotões em sair do fotodiodo ao circuito.

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Uma boa aproximação da largura de banda do fotodiodo em função do tempo de subida é a


seguinte expressão:
,
(2.31)
onde W é a largura de banda do fotodetector.
Junto com a responsividade e a largura de banda, um terceiro parâmetro dum fotodiodo é a
corrente de escuridão, Id. Esta corrente gera-se na ausência de um sinal óptico, tem sua origem
nos pares electrão lacuna gerados termicamente. Em um bom fotodiodo Id deve ser desprezível,
menor que 10 nA.
2.5.3. Fotodiodo PIN
A largura de banda de um fotodiodo está limitada pelo fenômeno da absorção fora da região
de depleção. Os electrões (lacunas) gerados na região p (região n) são difundidos através da
região de depleção. Este fenômeno de difusão é um processo lento e que distorce a resposta
temporal do fotodiodo.
O efeito de difusão se pode diminuir aumentando a largura da banda de depleção e
reduzindo as zonas p e n. Assim a absorção de fotões se produz maioritariamente no interior da
região de depleção. Este é o fundamento dos fotodiodos PIN.
Num fotodiodo PIN, como seu nome diz, intercala-se um material intrínseco na junção pn.
Desta forma simples se incrementa a região de depleção. Ao incrementar a região de depleção se
incrementa a responsividade pois o número de fotões absorvidos nesta zona aumenta. Como
aumenta , também se incrementa a eficiência do fotodiodo. A variação no tempo da resposta
aumenta uma vez que os electrões e lacunas gerados pela absorção tardam mais tempo em cruzar
a região de depleção.
Um fotodiodo PIN de uso comum é o fotodiodo PIN de InGaAs, mostrado na figura 2.18.

Figura 2.18. Estrutura de uma junção PIN de InGaAs.

Com este tipo de estrutura em que o material intrínseco está rodeado de camadas p e n de
distintos materiais semiconductores, se consegue que a absorção se produza unicamente na
camada intrínseca eliminando completamente o efeito de difusão. Para isso, se escolhe
convenientemente a energia da banda proibida para que o material seja transparente para as
longitudes de onda de trabalho.

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Como a energia da banda proibida da camada InP é de 1,35 eV, para as longitudes de


onda maiores que 0,92 μm este material é transparente, pois não se produz o fenômeno de
absorção dos fotões incidentes.
Os fotodiodos PIN se caracterizam por sua fácil fabricação, sua alta fiabilidade e baixo
ruído. Sua largura de banda é muito mais elevada. Na tabela 2.1 mostram-se os valores das
principais características dos três tipos de fotodiodos mais comuns.
Tabela 2.1. Características dos fotodiodos mais comuns
Parâmetro Símbolo Unidade Si Ge InGaAs
Comprimento de λ  µm 0,4 – 1,1 0,8 – 1,8  1,0 – 1,7
onda
Responsividade   A. W 0,4 – 0,6 0,5 – 0,7  0,6 – 0,9
Eficiência H  % 75 – 90 50 – 55  60 – 70
Corrente de Id  nA 1 – 10 50 – 500  1 – 20
escuridão
Tempo de subida Tr  ns 0,5 – 1 0,1 – 0,5  0,05 – 0,5
Largura de banda Δf  GHz 0,3 – 0,6 0,5 – 3  1 – 5

2.5.4. Fotodiodo de avalanche (APD)


Os fotodiodos de avalanche (APD) se aplicam quando a potência recebida pode ser limitada,
já que tem uma responsividade maior que os fotodiodos PIN. Isto se deve a que todos os
fotodiodos requerem uma corrente mínima para o seu funcionamento correcto, quer dizer,
requerem uma potência óptica mínima. Para isso são necessários fotodiodos com uma
responsividade alta, pois requerem menor potência óptica para o seu funcionamento.
Os APD´s se baseiam no fenômeno de ionização por impacto. Um electrão (igual que uma
lacuna) gerado por absorção de um fotão com suficiente energia cinética pode gerar novos pares
electrão-lacuna e dar lugar de sua energia a outro electrão de forma que este passe da banda de
valência para a banda de condução. Logo a corrente gerada por absorção dos fotões incidentes,
Ip, se vê incrementada por um factor M (ganho multiplicativo de corrente, isto é, a média de
electrões gerados por cada fotão):
(2.32)
Portanto, a responsividade de um fotodiodo APD é:
(2.33)
Os APD´s ao multiplicar a fotocorrente gerada na união pn consegue um aumento da
sensibilidade com relação ao fotodiodos PIN. Na tabela 2.2 se comparam as principais
características dos fotodiodos APD´s de Si, Ge e InGaAs.
O projecto dos APD´s difere principalmente num aspecto com relação aos fotodiodos PIN.
Se adiciona uma camada onde se originam os pares electrão-lacuna pelo fenómeno de ionização
por impacto. Para isso, esta camada se denomina camada de multiplicação. Nas figuras 2.19 se
mostra a estrutura de um APD de Si. Neste figura a camada de depleção alcança o contacto

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através das zonas de absorção e multiplicação.


Nos APD´s de InGaAs se empregam estruturas como as da figura 2.19(b) para conferir
maior performance ao fotodiodo. Na estrutura da figura 2.19(a) o fotodiodo seria perfurado
devido ao campo eléctrico intenso a que está submetido.
Tabela 2.2. Características dos fotodiodos APD
Parâmetro Símbolo Unidade Si Ge InGaAs
Comprimento de λ  µm 0,4 – 1,1 0,8 – 1,8  1,0 – 1,7
onda
Responsividade   A. W 80 – 130 3 – 30  5 – 20
Ganho APD M  - 100 – 500 50 – 200  10 – 40
Corrente de Id  nA 0,1 – 1 50 – 500  1 – 5
escuridão
Tempo de subida Tr  ns 0,1 – 2 0,5 – 0,8  0,1 – 0,5
Largura de banda Δf  GHz 0,2 – 1,0 0,4 – 0,7  1 – 3

O emprego de uma camada adicional de InP resolve este problema já que um campo
eléctrico intenso pode existir nesta camada sem perfurá-la. Esta estrutura se denomina
SAM, Separate Absortion Multiplication, figura 2.19(b).
O problema desta estrutura é a sua lenta resposta e sua pequena largura de banda devido a
grande diferença entre a energia da banda proibida do InP e do InGaAs que dificulta a circulação
dos electrões e lacunas. Isto se soluciona empregando outra camada entre as camadas de
absorção e multiplicação, de forma que sua energia de banda proibida tenha um valor intermédio
ao do InGaAs e InP. Estes fotodiodos APD´s se denominam SAGM, Separate Absortion Grading
and Multiplication.

(a) (b)
Figura 2.19.(a) Estrutura de um fotodiodo APD de Si. (b) Estruturas de APD de InGaAs que evitam o seu
perfuramento: a esquerda, SAM (Separate Absortion Multiplication) e a direita, SAGM (Separate Absortion
Grading and Multiplication).

Vantagem do APD vs PIN: Existência de uma ganho elevado na conversão ópticoeléctrica.


Desvantagens do APD vs PIN: A limitação do desempenho pode dar-se pelo ruído
quântico. (No PIN este é desprezável sendo a limitação geralmente imposta pelo ruído de
circuito); estrutura mais complexa (necessita da estrutura onde ocorre a multiplicação em

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avalanche). Portanto é mais caro; o desempenho fica limitado pelo ruído de circuito e não pelo
ruído quântico; sensibilidade elevada das suas propriedades (como o ganho) à temperatura;
requer tensões de polarização muito superiores (para garantir a multiplicação em avalanche).
2.5.5. Detecção
A detecção directa consiste em converter a potência óptica directamente em uma corrente
eléctrica proporcional a ela. Este método de detecção não permite a recuperação, para seu
processamento, da informação transportada em fase pela portadora óptica. Este sistema tem a
vantagem de sua simplicidade e baixo custo, frente ao sistema de detecção coerente, devido a
complexidade dos componentes que este inclui.
A detecção coerente se baseia na mistura não linear, no fotodetector, do sinal a detectar
com um sinal gerado num laser (oscilador local) no receptor, figura 2.20. Isto se pode realizar
mediante um acoplador de fibra 2x2.

Figura 2.20. Diagrama de blocos de um sistema de detecção coerente.

O campo magnético de entrada pode representar-se como:


(2.34)
onde se considera que este possui uma polarização linear na direcção do vector unitário us; Es é a
amplitude do campo; ωs é a frequência da portadora óptica e φs é a sua fase. Enquanto o campo
gerado pelo oscilador local, supondo também linear segundo a direcção do vector unitário uy,
pode expressar-se como:
(2.35)
onde EOL, ωOL, φOL, são amplitude, frequência e fase respectivamente do laser local; que a
diferença dos sinais de entrada são valores constantes. O campo de entrada pode decompor-se na
soma da componente na direcção do oscilador local e outra na direcção perpendicular:
(2.36)
Com:
e (2.37)
onde θ é o ângulo que formam os vectores de campo eléctrico do oscilador local e do sinal de
entrada. Portanto o campo total incidente sobre o fotodiodo na direcção y é:
(2.38)
O fotodiodo gera uma corrente eléctrica proporcional a potência do sinal incidente, ,
logo, como a potência do sinal incidente é:

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| | | | (2.39)
Portanto:
(2.40)
Desprezando o segundo somando por ser um sinal de muito baixo nivel de potência e salvo a
componente continua que depende do oscilador local, o resultado da mistura não linear
produzido no fotodiodo uma corrente com uma portadora de frequência igual a diferença entre as
frequências do sinal de entrada e do oscilador local, o mesmo que sucede com a fase desta
corrente. Se a frequência do oscilador local é igual que é a do sinal de entrada, o sinal se
translada em banda base. Isto é o sistema homodino. Se pelo contrário estas frequências são
distintas o sistema é heterodino. Neste caso o sistema se translada a uma frequência intermédia.
2.5.6. Demodulação
A demodulação consiste em detectar a presença ou ausência de luz durante o intervalo de
bit. Se não há luz se está recebendo um 0, caso contrário se está recebendo um 1. Isto é o que se
denomina detecção directa. Até mesmo em condições de ausência de ruido este processo não está
livre de erros devido a natureza aleatória da chegada dos portadores ao receptor.
Num sistema com recepção directa, quando se transmite um 0 não se produz nenhum erro.
Mas ao transmitir um 1, o receptor pode decidir que se recebeu um 0 se nenhum fotão chega
durante o intervalo de bit. Sendo B a taxa binária e supondo que a ocorrência de bits 1 e 0
durante um intervalo de tempo são equiprováveis, a taxa de erro de bit neste receptor ideal é:

(2.41)
Denotando como M o expoente da expressão de BER, a taxa de erro de bit pode ser expressa
como:
(2.42)
Esta expressão representa a taxa de erro de um receptor ideal, também chamado quantum limit.
Notar que para obter um BER de 10 se necessita uma média de M 27 fotões por bit.
2.5.7. Ruídos de detecção
Os receptores estão submetidos a varias formas de ruído que não os torna ideias.
• Ruído térmico. Causado pelo movimento aleatório dos electrões na resistência de carga
do fotodiodo:
(2.43)
onde, kB é a constante de Boltzman (1,38 10 J. K ). T é a temperatura absoluta, We é a
largura de banda eléctrica do receptor, RL é a resistência de carga do circuito receptor e Fn é a
figura do ruído do pre-amplificador no receptor. Vale realçar que o ruído térmico é o mesmo
quando se transmite um bit 1 ou 0.
;
onde Db é a taxa de transmissão ou débito binário. Tipicamente W    0,75D .
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• Ruído quântico ou shot. Tem origem no facto de a fotocorrente gerada pelo fotodiodo
ser um fluxo de electrões criados em instantes de tempo aleatório, pelo que a corrente não se
pode considerar contínua, senão como uma corrente formada por um conjunto de impulsos de
carga eléctrica. Esta variabilidade se modela como um ruido de variança, cujo valor para os
fotodiodos PIN é:
2 (2.44)
onde , é a corrente média gerada pelo fotodiodo PIN.
No caso de um fotodiodo APD:
2 (2.45)
onde o factor M é o ganho multiplicativo de corrente e F é o factor de excesso de ruido
dependente do material do fotodiodo e pode aproximar-se por, . O parâmetro x depende
do material e toma valores entre 0 (material pouco ruidoso) e 1 (material muito ruidoso).
• Ruido devido a corrente de escuridão. A corrente de escuridão, ID, se gera na ausência
de um sinal óptico e tem sua origem nos pares electrão-lacuna gerados termicamente. Devido a
sua natureza, ID se manifesta de forma aleatória, sendo um ruido de tipo shot. A variança de
corrente devida a este tipo de ruido é:
2 (2.46)
Como ID é uma corrente muito pequena, tipicamente 10 nA, a contribuição deste tipo de ruido
pode desprezar-se frente a outros casos.
• Ruido de Intensidade Relativa (RIN, Relative Intensity Noise). Tem sua origem nas
flutuações da potência provocadas pelo comportamento aleatório das emissões espontâneas
acopladas ao modo radiante de um laser. O receptor traduz estas flutuações de potência óptica
recebida em flutuações na fotocorrente que gera, sendo a variança deste tipo de ruido:
(2.47)
onde rI é o inverso da relação sinal/ruido da luz emitida pelo transmissor. A contribuição deste
tipo de ruido também se despreza frenta a contribuição dos dois primeiros. Portanto, o ruido
produzido no receptor é determinado pelo ruido térmico e pelo ruido quântico.
(2.48)

2.6. Emendas, conectores e acopladores


As emendas são utilizadas para unir comprimentos de fibras ou cabos, de forma definitiva.
Perdas, durabilidade e facilidade de confecção são as questões fundamentais a serem abordadas
em relação às emendas. O parâmetro fundamental a ser considerado nas emendas é a atenuação,
a qual se manifesta de duas formas:
• Perdas intrínsecas: oriundas das diferenças entre as fibra a serem emendadas, como
diferenças na variação dos índices, diferenças na elipsidade e na excentricidade do núcleo.
• Perdas extrínsecas: estão relacionadas com a natureza da própria emenda; dependem do
alinhamento entre as fibras, da contaminação, casamento do índice de refração entre as
extremidades, etc.

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Estas duas contribuições combinam-se gerando uma atenuação total menor que a soma
aritmética de ambas, apresentado níveis muito baixos.
A respeito dos tipos de emendas, tem-se basicamente:
• Emenda de Fusão: Consiste no derretimento das extremidades das duas fibras
juntamente, fundindo-as, obtendo-se emendas que apresentam perdas entre 0,05 dB e 0,2 dB (em
geral abaixo de 0,1 dB).
• Emenda Mecânica: As emendas mecânicas consistem na junção de duas fibras através
de estruturas de travamento ou de colagem de suas extremidades. Apresentam maiores perdas e
maior custo de consumo que as emendas de fusão, porém requerem equipamentos menos
sofisticados para serem efetuadas.
Os conectores são úteis na interligação temporária entre equipamentos que podem ser
rearranjados. Os conectores apresentam atenuação mais alta que a encontrada nas emendas,
situando-se, tipicamente, entre 0,2 dB e 0,8 dB. As perdas em uma conexão são dadas por uma
série de factores, advindos da maneira como a luz é guiada nas fibras, tais como sobreposição
dos núcleos das fibras, alinhamento dos eixos das fibras, abertura numérica da fibra,
espaçamento das fibras e reflexão na extremidades das fibras.
Em diversas situações faz-se necessária em um sistema de comunicações a conexão de
muitos terminais. Por exemplo no caso de uma rede local em anel, em cada ponto em que um
dispositivo é conectado à rede, o sinal precisa ser dividido em uma parte que é entregue ao
dispositivo e outra que deve continuar ao longo da rede. Esta tarefa é efectuada por acopladores.
Uma outra aplicação dos acopladores é como separadores ou combinadores em um sistema
WDM (multiplexação por divisão de comprimento de onda). Pode-se através de um acoplador
combinar sinais gerados em diferentes comprimentos de onda e transmiti-los em uma mesma
fibra.
Os acopladores sensíveis ao comprimento de onda são chamados de acopladores WDM,
enquanto os acopladores destinados apenas a divisão de potência em um mesmo comprimento de
onda recebem o nome de splitter.
Os acopladores, em sua maioria, são dispositivos passivos que dividem sinais entre duas ou
mais portas de saída, o que ocasiona as chamadas perdas de acoplamento. Além das perdas
características de acoplamento (em uma divisão do sinal, por igual, em duas fibras a perda
característica é de 3 dB), podem existir perdas adicionais dado que são componentes passivos.
Os acopladores podem ser classificados em direccionais e bidireccionais. Nos chamados
direcionais o acoplamento só funciona de forma eficiente em um sentido de propagação, um
sinal sendo transmitido em sentido contrário sofre grandes perdas, sendo praticamente
aniquilado.
2.7. Amplificadores ópticos
Os principais tipos de amplificadores ópticos são os SOA´s (Semiconductor Optical
Amplifier) e os DFA´s (Doped-Fiber Amplifiers).
O fundamento de um amplificador óptico é o processo de emissão estimulada igual a um
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laser. Sua estrutura é similar a de um laser salvo que não possui uma realimentação para evitar
que o dispositivo oscile, de forma que pode elevar o nivel de potência do sinal mas não gerar um
sinal óptico coerente. Na figura 2.21 mostra-se um esquema do funcionamento de um
amplificador óptico básico.
Fonte de
Bombardeio

Sinal de entrada Sinal de saída


amplificado

Amplificador
Óptico

Acopladores
Figura 2.21. Funcionamento de um amplificador óptico.

Uma fonte de bombeamento injecta uma energia na zona activa do amplificador. Esta
energia é absorvida pelos electrões que incrementam seus niveis de energia prduzindo-se a
inversão de população. Ao serem alcançados estes electrões pelos fotões do sinal óptico de
entrada caem a uns niveis energéticos mais baixos dando lugar a um novo fotão, isto é o
processo de emissão estimulada, produzindo-se assim a amplificação do sinal. A amplificação se
produz dentro de uma gama de frequências que dependem do material, assim, de sua estrutura.
Nos SOA a zona activa é construida com ligas de elementos semicinduteores como fósforo,
índio, gálio e arsénio. Nos DFA´s o nícleo da fibra óptica dopada com iões de elementos raros
como o érbio, o praseodimio, o iterbio e o neodimio.

2.7.1. Amplificadores Ópticos de Semiconductor


A estrutura de um SOA é muito similar a de um laser semiconductor mas sem a
realimantação que faz que este oscile. De acordo com o modo como se evita esta oscilação se
obtém três tipos de amplificadores.
• Amplificadores de engate por injecção. São os menos empregados e consistem em
lasers de semiconductor polarizados acima do limiar que se emprega para amplificar um sinal
óptico de entrada.
• Amplificador Fabry-Perot (FP). Sua estrutura é basicamente como a de uma laser
Fabry-Perot mas polarizado por baixo do limiar impedindo assim sua oscilação. Seu principal
incoveniente é a sua resposta em frequênciaconsiste em uma série de bandas espçadas
periodicamente.
• Amplificadores de ondas viajantes (TWSLA, travelling Wavw SLA). Neste se
eliminam as reflectividades dos espelhos de saida da cavidade, evitando assim a realimantação
do sinal, pelo que a amplificação se produz pela passagem do sinal uma só vez pelo dispositivo.
O amplificador TWSLA é o tipo de SOA mais empregado na actualidade devido as suas
prestações em saturação, largura de banda e ruido. Sua estrutura consiste em uma junção pn

REDES ÓPTICAS URBANAS   
51
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

polarizada directamente com os extremos da zona activa recobertos por um material


antireflector, como se mostra na figura 2.22. O esquema a esquerda consiste em situar o plano
activo em uma posição não ortognal as faces de entrada e saida. O objectivo disto é que o sinal
incidente sobre a superficie da saida não o faça formando um ângulo de 90 com esta, de forma
que o pouco sinal reflectido pela face de saida não se realimente. No último esquema, que tem a
mesma missão que a anterior, as faces extremas não estão paralelas entre si.
Suas principais vantagens são a possibilidade de integração devido ao seu tamanho reduzido,
a facilidade de construção a distintas longitudes de onda variando a composição do material.
Seus principais incovenientes são sua geometria rectangular produz perdas ao acoplar-lhe a fibra,
e não amplifica de forma igual as duas polarizações do sinal.
material antireflector

Figura 2.22. Estruturas de um SOA de onda viajante. No centro o meio activo se situa se forma ortogonal às
faces de entrada e saida; a direita as faces não são paralelas.

Quando os sinais transmitidos possuem certos niveis de potência aparecem fenómenos de


natureza não linear que produzem distorção e diafonia. Por exemplo, devido a saturação do
ganho do sinal de um canal pode modular o ganho instantâneo do amplificador de forma que a
informação deste sinal passe aos sinais dos outros canais, isto é a modulação cruzada do ganho
(XGM, Cross-Gain Modulation). Outro efeito similar ao anterior que pode produzir-se na fase é
a modulação do cruzamento de fase (XPM, Cross-Phase Modulation).
2.7.2. EDFA, Erbium Doped Fiber Amplifier
O EDFA é o amplificador de fibra dopado mais empregado na actualidade, já que possibilita
amplificar sinais na terceira janela de transparência (1550  nm). O motivo pode deduzir-se do
diagrama de níveis do érbio, figura 2.23.
Se pode ver no diagrama de niveis do érbio que a transição entre os níveis 4I13/2 y 4I15/2
corresponde a um comprimento de onda entre 1530 nm e 1560 nm aproximadamente. Logo ao
provocar uma inversão de população entre estes niveis se pode amplificar sinais na terceira
janela de transparência. O primeiro nivel excitado, 4I13/2, desde que as frequências de transição
correspondem com a terceira janela, tem um tempo de vida médio de 10 ms, enquanto que nos
dois superiores é de 0,001 ms, pelo que o nivel 4I13/2 é um estado meta-estável. Portanto todo ião
que chega a estes niveis por meio do bombardeio acabará caindo ao nível 4I13/2 por emissão
espontânea, e por sua vez cairá ao nivel fundamental por emisssão estimulada, produzindo assim
a amplificação.
Ao dopar com iões de érbio o nucleo de uma fibra se provoca um alargamento das bandas de
transição. Isto por sua vez provoca um alargamento condiderável da gama de comprimentos de
onda que podem ser amplificados. Este efeito pode melhorar-se acrescentando ao núcleo,
REDES ÓPTICAS URBANAS   
52
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

alumínio e óxido de germanio.


Os dois comprimentos de onda de bombardeio mais adequados são 1480 nm (mediante um
diodo laser InGaAs) e 980 nm (mediante um laser de InGaAs). O emprego de um ou outro
comprimento de onda depende de certas características do processo de absorção em cada um

Figura 2.23. Diagrama de nivéis energéticos do Érbio

destes níveis, derivados dos diferentes tipos de ruido a que podem originar-se, da disponibilidade
das fontes de bombardeio ou da saturação do ganho. O bombardeioa 1480 nm sumpõe um
amplificador mais ruidoso mas mais imune a saturação do ganho. Enquanto que o bombadeio a
980 nm proporciona um amplificador com prestações de ruido excelentes mas é mais propenso a
saturação do ganho. Em ambos os casos é possível obter ganhos entre 30 dB e 50 dB.
2.7.3. Configurações de bombardeio
Os elementos básicos para implementar um EDFA são:
• O meio activo onde se produz a inversão de população. Formado por um trecho de fibra
de SiO2 com o nucleo dopado com iões de érbio.
• A fonte de bombardeio óptico a 1480  nm ou 980  nm, formado por uma laser
semiconductor.
A figura 2.24 mostra as configurações possíveis do EDFA. A primeira configuração é a mais
empregada hoje em dia. O sinal que há que amplificar e o sinal de bombardeio são injectados no
EDFA combinados por meio de um acoplador. O primeiro isolador se emprega para impedir a
propagação para fora do EDFA de emissão espontânea (ruído ASE) que se gera e propaga em
sentido contrário ao da transmissão. O bombardeio e a amplificação se realizam no mesmo
sentido de propagação. A saida se coloca outro isolador que evita que a entrada ao EDFA e
portanto sua amplificação de qualquer sinal reflectido. Finalmente se emprega um filtro óptico
para filtrar o ruído ASE, gerado no amplificador, que se encontra fora da banda do sinal útil.
A configuração seguinte se diferencia da anterior em que o sinal de bombardeio se injecta ao
EDFA em sentido contrário a propagação. O isolador de entrada ademais de cumprir as funções
anteriores, tem a missão de evitar a propagação do sinal de bombardeio fora do amplificador. A
vantagem desta configuração é que permite ganhos maiores mas suas característicass de ruído

REDES ÓPTICAS URBANAS   
53
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

são piores.
A terceira configuração é uma combinação das duas anteriores. Consiste em um duplo
bombardeio pelo que se designa bombardeio dual ou bidireccional. O ganho portanto pode
chegar a duplicar-se. Este esquema é muito empregado na implementação de amplificadores
repetidores.

Figura 2.24. Configurações de um EDFA

2.7.4. Ganho de um EDFA


A figura 2.25 apresenta o ganho de um EDFA em função do comprimento de onda para
diferentes valores de potência de entrada com um sinal de bombardeio de 1480 nm. O EDFA
não apresenta ganho uniforme com o comprimento de onda. Devido a saturação, a medida que
cresce a potência de entrada diminui o ganho até chegar a um ponto em que se mantém
constante. O ganho máximo se obtém ao redor de 1530 nm e 1535 nm. Como pode ver-se na
figura 2.25 a potências altas a resposta em toda gama da banda C (1530  nm  –  1565  nm) é
bastante plano o que não sucede a potência de entrada mais baixos. Isto é um grande
incoveniente para os sistemas WDM, já que não todos os canais se amplificam de igual forma.
Como consequência da sua geometria cilindrica suas perdas de inserção nas junções com a
fibra são muito reduzidas. Devido também a sua geometria o seu ganho é pouco sensível
apolarização do sinal. Gera baixo ruído. A saturação do ganho não provoca distorção.
Seu principal incoveniente é que só operam na terceira janela, embora existam dispositivos
similares mais dopados com outros elementos que podem operar noutra janela. Outro problema é
que o seu ganho não é uniforme para todos comprimentos de onda, embora isto se resolva
REDES ÓPTICAS URBANAS   
54
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

trabalhando perto da sua saturação, pois a curva do ganho é mais plana.

Comprimento de onda (nm)


Figura 2.25. Representação do ganho de um EDFA com relação ao comprimento de onda.

A tabela 2.3 resume os parâmetros típicos de um amplificador EDFA.


Tabela 2.3. Características do amplificador EDFA.
Comprimento de onda de 1480 nm 980 nm 
bombardeio
Eficiência de bombardeio 5 dB. mW 10 dB. mW  
Figura de ruido 5,5 dB 3 dB – 4,5 dB 
Potência de saida de 20 dBm 5 dBm 
saturação
Ganho 40 dB 50 dB 
Potência de bombardeio 50 mW – 200 mW 10 – 20 mW 

2.7.5. Amplificadores de Raman


Este amplificador se baseia no efeito Raman, SRS, Stimulated Raman Scattering. Esta não
linearidade das fibras ópticas tem lugar quando esta é atravessda por uma radiação
mobnocromática de alta intensidade. Fora certas condições, a radiação interactua com o material
dando lugra a aparição de um novo comprimento de o onda. De maior intensidade que a inicial.
O efeito Raman estimulado, em principio é similar a uma emissão estimulada, fenomeno na
qual se baseiam os amplificadores de fibra dopada. Na emissão estimulada, o fotão que
interactua com o meio provocando a emissão estimulada de outro fotão continua presente. No
caso Raman estimulado, depois da interação entre o o fotão e o meio se gera um novo fotão de
menor energia (menor frequência) e a diferença de energia se transfere ao material dando lugar a
vibrações moleculares, desaparecendo o fotão inicial.
As frequências que podem ser geradas dependem das frequências características das
moléculas que compõe o material. Se durante a passagem pela fibra óptica do sinal de

REDES ÓPTICAS URBANAS   
55
COMPONENTES OPTOELECTRÓNICOS DA COMUNICAÇÃO ÓPTICA 

bomberdeio passa outro sinal com uma frequência característica do material, esta frequência será
estimulada. No caso de um material amorfo, como é uma fibra óptica, as frequências
características do material são ao todo quase contínuo, isto é, não são um conjunto de
frequências claramente diferenciados como ocorre com os materiais monocristalinos.

Curva do Ganho composto

Ganho de uma
fibra dopada
com érbio Ganho de um amplificador Raman

Comprimento de onda (nm)


Figura 2.26. Obtenção de um ganho constante em relação ao comprimento de onda, empregando EDFA junto a
um amplificador Raman.

Graças a este conceito se obtém um novo método de amplificar um sinal óptico. O sinal que
provoca a amplificação será o proprio sinal que transmite a informação. Ademais, se pela fibra se
transmite mais de um canal, cada um dará lugar ao efeito Raman em sua própria frequência,
produzindo-se a amplificação, sempre que estas frequências estão dentro da gama de frequências
características do material.
Os principais incovenientes que representam este amplificadores é a necessidade de uma alta
potência de bombardeio, cerca de alguns volts. Pelo contrário uma das suas vantagens é que
cobre uma margem de comprimentos de onda não coberto pelos EDFA, pelo que podem
empregar-se de forma complementar. A figura 2.26 mostra esse conceito graficamente. Como se
vê, empregando ambos amplificadores se obtém numa gama compreendido entre 1530  nm e
1600 nm uma curva praticamente plana. Em um sistema WDM, o amplificador óptico amplifica
todos os comprimentos de onda.
2.8. Esquema estrutural da comunicação óptica
O esquema estrutural dum sistema típico para a transmissão da informação através da fibra
óptica é composto de três partes fundamentais: emissor, receptor e o canal de comunicação,
figura 2.27.
O emissor é um conversor electro-óptico, que transforma o sinal eléctrico em sinal óptico.
Consiste de uma fonte luminosa e equipamento electrónico apropriado para a modulação e
multiplexagem de sinais. A fonte de luz dum sistema de comunicação óptica deve ter alto brilho
energético numa banda estreita na região de comprimentos de onda (λ) entre 0,8μm e 1,7μm. Os
parâmetros mais importantes destes dispositivos são rendimento do emissor, preço, segurança e
estabilidade da potência de saída.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
56
COM
MPONENTES O
OPTOELECTRÓ
ÓNICOS DA COM
MUNICAÇÃO Ó
ÓPTICA 

O canal de comunicaçção é um guuia de ondaas luminosass. Consiste dum cabo de d fibra óptiica,
de reepetidores e de sistemass de adaptaçção: fonte lu
uminosa-fibbra e fibra-ddetector ópttico.
O receptorr é um convversor opto--electrónico o. Consiste num
n detectoor óptico qu
ue proporcioona
a trannsformaçãoo do sinal ópptico em sinal eléctrico, e equipaamento electtrónico apro opriado parra a
demoodulação e demultiplex
d xagem do siinal.

Figura 2.27. Esquema


E estru
utural da com
municação óptiica.

Todavia, neeste momennto é instruutivo considerar as vaantagens prroporcionad


T das pelas
comuunicações ópticas
ó em comparaçãão com outtros sistemaas de comuunicações existentes
e p
pelo
munddo a fora. A experiênncia acum mulada com m o projeccto, constrrução e in nstalação dosd
sistemmas de communicação óptica
ó por toda
t parte do
d mundo permitiram
p confirmar a maioria dasd
expectativas quue neles se depositaramm. De form ma resumidaa, as vantaagens que alguém
a podderá
encontrar no usso dos sisteemas de coomunicação óptica são a grande llargura de banda, perddas
reduzzidas deviddo a baixa atenuação
a daas fibras óp
pticas, imunnidade às innterferênciass e isolamennto
elécttrico.

R AS URBANAS 
REDES ÓPTICA  
57
 

   

CAPÍTULO 3 

PRINCÍPIOS DE 
MULTIPLEXAGEM 
 

 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
3.1. Introdução
O custo do meio de transmissão (incluindo meio de transmissão e repetidores) é elevado, por
isso é conveniente aproveitar a largura de banda disponível para transmitir pelo mesmo meio
mais do que um canal telefónico. Os sistemas usados para este efeito são designados por
sistemas de telefonia múltipla (ou multiplexagem).
A multiplexagem é para os sistemas de comunicação, um dos factores mais importantes pois
viabiliza a partilha de um mesmo recurso, tornando assim possível a sua exploração de uma
forma mais eficiente. Para os sistemas ópticos, em particular, este factor torna-se ainda mais
relevante, já que a capacidade de informação nestes é de tal ordem que a sua partilha aumenta
significativamente a rentabilidade do sistema.
A multiplexagem é o processo pelo qual múltiplos canais de dados, provenientes de
diferentes fontes, são combinados e transmitidos através de um único canal de dados ou de um
único feixe de dados.

Figura 3.1. Sistema de Multiplexagem.

Existem canais de entrada num multiplexador (MUX). Este encontra-se ligado por uma
única conexão a um demultiplexador (DEMUX). O multiplexador combina (multiplexa) dados
provenientes de canais de entrada e transmite os dados por uma única ligação. O
demultiplexador aceita o fluxo de dados multiplexado, separa (demultiplexa) os dados e entrega-
os pelos canais de saída correspondentes (figura 3.1). A única ligação tem a capacidade de
transportar n canais de dados independentes.
Existem três formas de multiplexagem: a Multiplexagem por Divisão de Tempo – TDM, a
Multiplexagem por Divisão de Frequência – FDM e a Multiplexagem por Divisão do
Comprimento de Onda – WDM.
3.2. Multiplexagem por Divisão na Frequência
A multiplexagem FDM baseia-se no princípio de que o espectro de um sinal modulado
em amplitude é exactamente o espectro do sinal em banda base transladado para a banda de
frequências centrada na frequência da portadora. Assim, para transportar na mesma via de
transmissão diferentes sinais, basta que eles se encontram modulados por portadoras com
frequências tais que as diferentes réplicas espectrais não interfiram entre si.
Na figura 3.2 apresenta-se o esquema de blocos de um multiplexador FDM. Os sinais de
áudio presentes na entrada são filtrados de modo a garantir que o espectro desses sinais não
excede a banda entre os 300 Hz e os 3,4 kHz. Cada um dos sinais de áudio filtrado é em seguida
multiplicado (usando um modulador balanceado) por uma portadora com uma determinada
frequência. Tem-se, assim, uma modulação de banda lateral dupla com supressão de portadora.

REDES ÓPTICAS URBANAS  59  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
Para evitar interferência entre os diferentes canais essas portadoras distam 4 kHz entre si. A
fase seguinte do processo consiste em eliminar uma das bandas (no esquema da figura 3.2
eliminou-se a inferior) usando um filtro passa-banda, designado por filtro de banda lateral. Os
diferentes sinais resultantes desse tratamento são em seguida combinados de modo a originar um
sinal FDM.
Tabela 3.1. Hierarquia dos sistemas FDM.
Nome Número de canais Banda ocupada (kHz)
Grupo 12 60 – 108  
Supergrupo 60  312 – 552  
Grupo mestre 300  812 – 2044  
Super grupo mestre 900 8516 – 12338

A operação de demultiplexagem é realizada multiplicando cada um dos canais por uma


portadora com a mesma frequência e fase que a usada na multiplexagem, seguida de filtragem
passa-baixo.
A multiplexagem de um número elevado de canais telefónicos não é efectuada através de
uma única operação de modulação e filtragem, mas antes, através de etapas sucessivas, formando
uma estrutura hierárquica. O número de canais presentes em cada nível hierárquico é fruto de
normalização do ITU-T. Na tabela 3.1 indica-se a designação de cada nível, o número de canais
e a banda ocupada.
Filtro Filtro
Passa-Banda Multiplicador Passa-Lateral
Canal 1

Oscilador
Amplificador
Canal 2

Canal n

Figura 3.2. Esquema de blocos de um sistema de multiplexagem FDM.

Normalmente, para um melhor aproveitamento das capacidades dos meios de transmissão


usados no contexto da transmissão FDM (cabos coaxiais e feixes hertzianos), os diferentes

REDES ÓPTICAS URBANAS  60  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
grupos eram associados de modo apropriado. Por exemplo, a recomendação G.333 do ITU-T,
destinada à transmissão sobre cabo coaxial, apontava para a associação de 12 super grupos
mestre, o que corresponde a 10800 canais telefónicos e uma banda ocupada entre os 4,332 MHz
e 59,684 MHz.
Para terminar estas breves considerações sobre o FDM será de destacar que as redes
telefónicas modernas já praticamente não fazem uso desta técnica de multiplexagem. No entanto,
o FDM continua a ser a técnica dominante nas redes de distribuição de televisão por cabo, já que
a transmissão analógica continua a ser predominante nesta área.
No caso das redes híbridas (fibra/coaxial) o FDM aparece vulgarmente com a designação de
multiplexagem de sub-portadora (subcarrier multiplexing), o que se explica pelo facto de a
portadora principal nessas redes ser uma portadora óptica, funcionando as portadoras eléctricas
usadas para obter o sinal FDM como sub-portadoras.
3.3. Multiplexagem por divisão no tempo
De acordo com o teorema da amostragem um sinal banda-base com largura de banda B (Hz),
pode ser univocamente determinado a partir das suas amostras, desde que estas sejam tomadas
em intervalos de tempo uniformemente espaçados de . Como o sinal amostrado está em
estado desligado uma parte significativa do tempo, pode-se aproveitar esses intervalos sem sinal,
para transmitir as amostras correspondentes a outros sinais. De forma resumida é este o princípio
do TDM. Este princípio está ilustrado na figura 3.3. Segundo essa figura os sinais passa-baixo
correspondentes aos diferentes canais são amostrados usando portas lógicas, que são activadas
num curto intervalo de tempo, pela acção das sequências de pulsos representadas na figura
3.3(b). Todas as sequências têm a mesma frequência de repetição, mas estão desfasadas no
tempo. O sinal TDM resulta da interposição das sequências de pulsos moduladas pelos sinais
provenientes dos diferentes canais.
No demultiplexador as portas são activadas por sequências de pulsos sincronizadas com as
usadas no multiplexador. Assim, para além dos pulsos correspondentes aos canais de informação
é necessário transmitir um sinal apropriado para sincronizar os pulsos responsáveis pelo
controlo das portas lógicas do multiplexador e do demultiplexador. O sinal transmitido durante
um período de repetição Ta é constituído por um determinado número de janelas temporais
(time-slots) sendo, por exemplo, um destinado ao sinal de sincronização e os outros às amostras
dos diferentes canais. O sinal completo é designado por quadro e o sinal de sincronismo por
sinal de enquadramento de quadro.
O sistema TDM representado na figura 3.3 usa modulação de pulsos em amplitude (PAM,
Pulse Amplitude Modulation) daí designar-se por TDM – PAM. Este método de modulação é,
como se sabe, analógico, não sendo por isso apropriado para transmissão a grandes distâncias.
Como consequência, é usado na generalidade dos casos PCM (Pulse Code Modulation) para a
transmissão do TDM (TDM – PCM).
Têm-se duas técnicas para obter um sinal TDM – PCM. A primeira consiste em multiplexar
as amostras analógicas seguida de codificação. A segunda realiza primeiro a codificação e em
REDES ÓPTICAS URBANAS  61  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
seguida a multiplexagem dos bits correspondentes. No primeiro caso, a multiplexagem é
analógica e usa-se um codec (Codificador – Decodificador) comum para todos os canais
telefónicos, para realizar a digitalização do sinal multiplexer. No segundo caso, a multiplexagem
é digital, havendo necessidade de usar um codec por cada canal telefónico. Normalmente, nos
sistemas telefónicos usa-se o segundo método, ou seja, multiplexagem digital.
Filtro Porta de Porta de
Passa-Baixo Emissão Reposição
Canal 1 Canal 1

Relógio P1 Sinal P1
TDM
Canal 2 Canal 2

P2 P2

Canal n Canal n

Pn Pn
Multiplexador Demultiplexador

Sinal P1

Sinal P2

Sinal Pn

Ta
(b)
Figura 3.3. Principio do TDM.

Figura 3.4. Estrutura do quadro TDM.

Existem dois métodos para entrelaçar a informação relativa aos diversos canais telefónicos:
interposição de bit e interposição de palavra. No primeiro caso, a cada canal atribui-se um time
slot constituído por um único bit, enquanto no segundo caso atribui-se um time-slot mais longo,
constituído por vários bits (palavra). No caso particular em que a palavra é constituída por 8
REDES ÓPTICAS URBANAS  62  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
bits o entrelaçamento designa-se por interposição de octeto.
3.3.1. Sincronização dos elementos de rede
Os multiplexadores TDM, assim como a generalidade dos elementos das redes de
telecomunicações digitais, requerem uma fonte de temporização, ou por outras palavras um
relógio, de modo a sincronizar todas as operações realizadas por esses elementos de rede. Um
sinal de temporização é um sinal gerado por um relógio (usualmente 2048 MHz para sistemas
analógicos ou 2048 Mbps para sistemas digitais) e é caracterizado por ser um sinal periódico de
período T e frequência . As formas típicas usadas para descrever são ondas sinusoidais e
quadradas, como se representa na figura 3.5. Um sinal de relógio, ainda pode ser modelado por
uma sequência de pulsos espaçados de T e localizados em instantes significativos, ou seja, nos
instantes em que o sinal de temporização influencia o processo que controla.

Instantes significativos

Figura 3.5. Sinais de temporização dos instantes significativos.

Na figura 3.5, a sequência de instantes significativos é constituída pelos instantes de


passagem por zero no flanco ascendente dos sinais representados. Os sinais em que o intervalo
de tempo entre instantes significativos tem pelo menos em média a mesma duração, ou as
mesmas durações no caso desses intervalos serem múltiplos de um mais pequeno, designam-se
por sinais isócronos.
Os relógios reais são concebidos para operarem a uma determinada frequência nominal (f0).
Na prática, contudo, devido a limitações físicas o relógio opera a uma frequência real (fr), que se
pode afastar mais ou menos da frequência nominal. O parâmetro que contabiliza o desvio da
frequência real de uma relógio relativamente à sua frequência nominal designa-se por precisão
de relógio e é definido por
| |
ã (3.1)
sendo expresso usualmente em p.p.m (partes por milhão). Tendo em conta a precisão, define-se
usualmente uma hierarquia com quatro níveis (stratum), com os relógios com precisão mais
elevada (relógios atómicos) pertencendo ao stratum 1.
Tabela 3.2. Níveis de precisão dos relógios usados no sincronismo de redes.
Nível Stratum 1 Stratum 2 Stratum 3 Stratum 4
Precisão 1 10 1,6 10 4,6 10 3,2 10

REDES ÓPTICAS URBANAS  63  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
Outro aspecto a ter em consideração quando se analisa a problemática da sincronização de
elementos de rede é relação de temporização entre sinais. Dois sinais isócronos dizem-se
síncronos se tiverem a exactamente a mesma frequência e o seu desvio de fase for constante. Por
sua vez, dois sinais isócronos dizem-se plésiocronos se as suas frequências nominais forem
idênticas, mas as frequências reais são diferentes. Os sinais gerados por dois relógios oscilando
independentemente são sempre plésiocronos. Por isso, para gerar sinais síncronos é necessário

Figura 3.6. Exemplo de uma rede síncrona

que todos os relógios sejam sincronizados a partir de um relógio central. No caso específico das
redes de telecomunicações este relógio central é normalmente um relógio atómico (Césio ou
Rubídio) e designa-se por referência primária ou PRC (Primary Reference Clock). As redes em
que esta estratégia é seguida, designam-se por redes síncronas, e requerem a existência de uma
rede de sincronização, apropriada para distribuir o sinal de relógio proveniente da referência
primária a todos os elementos de rede,ver figura 3.6.
3.3.2. Sistemas de multiplexagem primários
Nos sistemas de multiplexagem primários (TDM – PCM) a sequência binária transmitida é
estruturada em quadros de duração igual a 125  μs (correspondendo a uma frequência de
amostragem de 8000 amostras por segundo). Cada quadro contém uma amostra codificada de
cada um dos canais de voz multiplexados, juntamente com bits adicionais para funções de
sinalização e de sincronismo de quadro.
A nível internacional são usados, normalmente, dois sistemas de multiplexagem primários,
que têm a particularidade de serem incompatíveis entre si: o sistema europeu designado por
CEPT1, definido pela Conference of European Post and Telecommunications (CEPT), e o
sistema americano designado por DS1 (Digital Signal-1). Ambos foram fruto de normalização
por parte do ITU-T (ver tabela 3.3).
O sistema CEPT1, hoje designado usalmente por E1, suporta 30 canais telefónicos, enquanto
o DS1 foi projectado para 24. Ambos usam uma frequência de amostragem de 8000 amostras
por segundo e 8 bits por amostra, mas enquanto o CEPT1 usa a lei de compressão A, o DS1 usa
a lei de compressão μ.
A estrutura do quadro de um sistema primário de 30 canais está representada na figura 3.7.
O quadro é dividido em 32 time-slots, cada um com 8 dígitos binários (octetos), de modo que a
taxa de transmissão total é de 8 8 32 kbps 2048 Mbps. O time slot 0, dos quadros

REDES ÓPTICAS URBANAS  64  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
ímpares, é destinado ao padrão de enquadramento de quadro (PET) e o dos quadros pares à
transmissão de um alarme. Os time slots de 1 – 15 e de 17 – 31 são destinados aos canais
telefónicos de voz. O time-slot 16 é alocado para a sinalização dos canais de voz. A sinalização é
transmitida canal a canal à razão de 4  bits por canal, possibilitando, assim, a transmissão da
informação de sinalização de dois canais em cada quadro. São necessários, deste modo, 15
quadros para transmitir a informação de sinalização dos 30 canais. A esses quadros é adicionado
Tabela 3.3. Sistemas de multiplexagem primários europeus e americano.
Sistema Europeu Sistema Americano
Parâmetros (Recomendação G.732) (Recomendação G.733)
Frequência de amostragem 8 kHz 8 kHz 
Número de níveis de quantificação 256 256 
Número de bits por amostra 8 8 
Taxa de transmissão por canal 64 kbps 64 kbps
Lei de quantificação A µ 
Característica de compressão 13 segmentos 15 segmentos
Número de time slots 32 24 
Número de canais telefónicos 30 24 
Número de bits por quadro 32 8 256 24 8 193
Taxa binária total 256 8 kHz 2048 Mbps 193 8 kHz 1544 Mbps
Enquadramento do quadro Em bloco Distribuído
Palavra de 7 bits no time slot 0 Sequência 101010…
dos quadros ímpares constituida pelo 193ésimo bit
dos quadros ímpares
Sinalização Time slot 16 à razão de 4 bits Oitavo bit de cada canal num
por canal repartidos por 16 quadro em cada seis
quadros (multiquadro)

um outro de modo a formar um multiquadro constituído por 16 quadros. O padrão de


enquadramento de multiquadro situa-se no time-slot 16 do décimo-sexto quadro. Em síntese,
neste sistema todos os canais de voz têm à sua disposição para sinalização 4 bits de 2 ms em 2 
ms (16 125µs). Esta técnica de sinalização corresponde à chamada sinalização de canal
associado. No caso da sinalização em modo-comum (ex: sistema de sinalização nº7), o time-slot
16 é usado para proporcionar uma via de sinalização a 64 kbps, usada conforme as necessidades
por todos os 30 canais.
O quadro básico de um sinal DS1 é constituída por 193 bits, a que correspondem os 24 time-
slots dos canais de voz (cada um com 8 bits), mais um bit adicional (bit F) para funções de
enquadramento de quadro. A taxa de transmissão total é assim igual a 193 8 kbps
1544 Mbps.
Nos quadros ímpares o bit F representa o padrão 1,0,1,0,1,…, que é usado para fins de
enquadramento de quadro. Repare-se que este enquadramento é distribuído em alternativa ao
enquadramento em bloco do sistema E1. A informação transportada no bit F dos quadros pares

REDES ÓPTICAS URBANAS  65  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
corresponde ao padrão 001110,…., é usada para definir um multiquadro de 12 quadros. No sexto
e duodécimo quadro de cada multiquadro, o oitavo bit de cada time-slot, é usado para transmitir
a informação de sinalização do correspondente canal. Nesse time-slot o canal de voz é codificado
só com 7 bits, o que conduzirá a uma ligeira degradação do desempenho devido ao aumento do
ruído de quantificação. Destaque-se que, neste sistema, para proporcionar uma via de sinalização
a 64 kbps para operação em modo comum, é necessário sacrificar um dos canais de voz, ficando
disponíveis só 23 canais para tráfego de voz.

Sincronismo de quadro Sinalização

Figura 3.7. Estrutura de um sistema TDM – PCM primário (E1) de 2048 Mbps.

3.3.3. Hierarquias de ordem superior


Os sistemas de multiplexagem primários de 30 e 24 canais são usados como bloco básico
para a construção de sistemas multiplex de ordem superior, estruturados segundo um esquema
hierárquico bem definido. Em cada nível hierárquico, diferentes sequências binárias conhecidas
como tributários são combinadas usando um multiplexador. A saída desse multiplexador origina
um sinal que funciona como tributário para o multiplexador de ordem seguinte da hierarquia.
Diz-se que a multiplexagem é síncrona, quando os diferentes tributários que servem de
entrada para um multiplexador de ordem superior têm todos exactamente a mesma taxa de
trasnmissão binária e além disso estão em fase. Contudo, na primeira geração de sistemas de
multiplexagem digitais de ordem superior os diferentes tributários não estão geralmente
perfeitamente sincronizados. Embora, todos tenham a mesma taxa de transmissão binária
nominal, como as suas fontes de origem são controladas por relógios distintos e independentes,
será de esperar ligeiras flutuações nessas taxas dentro dos limites impostos pela tolerância desses
relógios. Esses tributários designam-se, por isso, plesiócronos (do grego plésio significa quase) e
a hierarquia que lhes corresponde hierarquia digital plesiócrona. A segunda geração dos
sistemas de multiplexagem de ordem superior é já baseada em tributários síncronos e, por isso,
designa-se por hierarquia digital síncrona (abordada capítulo 4).
3.4. Multiplexagem por Divisão do Comprimento de Onda
Objetivando se tornar mais eficiente o uso de fibras ópticas, por volta de 1990, foi desenvolvida
a tecnologia WDM (Wavelength Division Multiplexing). Esta tecnologia consiste em juntar
numa mesma fibra vários sinais de luz, de diferentes comprimentos de onda, cada um gerado
por um laser separado. No receptor, os sinais de cores diferentes são novamente separados. Essa
técnica de multiplexação é realizada com o objetivo de aumentar a capacidade de transmissão e

REDES ÓPTICAS URBANAS  66  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
como consequência, usar a largura de banda da fibra óptica mais adequadamente. No entanto,
nos sistemas WDM, esse objetivo ainda não é alcançado completamente, pois é possível a
multiplexação de poucos comprimentos de onda.

Receptor óptico
Multiplexador Demultiplexador

Figura 3.8. Princípio do WDM

3.4.1. Características
Os sinais a serem transmitidos nos diferentes comprimentos de onda podem possuir
formatos e taxas de bit diferentes, o que promove uma maior transparência aos sistemas de
transporte. Cada sinal pode ser formado por fontes de dados (texto, voz, vídeo, etc.) diferentes e
é transmitido dentro de seu próprio comprimento de onda. Assim, o WDM carrega os sinais
de maneira independente uns dos outros, significando que cada canal possui sua própria
banda dedicada.
A grande vantagem associada ao WDM é a possibilidade de se modular o aumento da
capacidade de transmissão conforme o mercado e de acordo com a necessidade de tráfego. A
principal razão para a utilização destes sistemas é o baixo custo. Estes sistemas possibilitam o
alcance de uma melhor relação entre custos e bits transmitidos, sob determinadas condições.
Algumas análises mostram que, para distâncias menores que 50 Km, a solução de multi-fibra é
menos dispendiosa e para distâncias maiores que este valor, o custo da solução WDM é melhor.
Os sistemas WDM possuem algumas características básicas, apresentadas a seguir:
• Flexibilidade de capacidade: migrações de 622 Mbps para 2,5 Gbps e, a seguir para 10 
Gbps poderão ser realizadas sem a necessidade de se trocar os amplificadores e multiplexadores
WDM. Desta maneira, é possível se preservar os investimentos realizados;
• Transparência a sinais transmitidos: podem transmitir uma grande variedade de sinais
de maneira transparente. Como não há o envolvimento de processos elétricos, diferentes taxas de
transmissão e sinais poderão ser multiplexados e transmitidos para o outro lado do sistema, sem
a necessidade de uma conversão ópto-elétrica.
• Permite crescimento gradual de capacidade: um sistema WDM pode ser planejado
para 16 canais, podendo ter sua operação iniciada com um número menor de canais. A
introdução de mais canais no sistema pode ser feita simplesmente adicionando novos
equipamentos terminais.

REDES ÓPTICAS URBANAS  67  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
• Reutilização dos equipamentos terminais e da fibra: permite o crescimento da
capacidade, mantendo os mesmos equipamentos terminais e a mesma fibra.
• Atendimento de demanda inesperada: geralmente, o tráfego aumenta mais rapidamente
que o esperado e, neste caso, alguns sistemas podem não possuir uma infra-estrutura disponível
para suportá-lo. Os sistemas WDM podem solucionar este problema, economizando tempo na
expansão da rede.
Serão citadas algumas situações que favorecem a utilização de WDM: casos onde a rede
apresenta longas distâncias, especialmente redes ponto-a-ponto e em cadeia; situações onde o
aumento da capacidade requer a instalação de novos cabos e principalmente se não há espaço
para novos cabos na infra-estrutura existente; casos em que o aumento de capacidade deve ser
alcançado em curtos períodos de tempo.
É muito comum comparar os sistemas TDM e WDM, com a finalidade de se encontrar a
melhor solução. Após serem realizados alguns testes, chegou-se às seguintes conclusões: em
aplicações de distâncias pequenas, onde regeneradores e amplificadores não são utilizados, um
sistema TDM é a solução mais viável; em aplicações de longas distâncias, o sistema WDM se
torna mais barato, pois um mesmo regenerador óptico é utilizado para um grupo de canais, o que
reduz o número de regeneradores e fibras utilizados; em aplicações entre 120 km e 300 km, a
melhor solução é variável, dependendo do caso e também dos custos de implementação.
Foi visto que o WDM pode ser introduzido em sistemas já existentes de forma a ampliar a
capacidade de transmissão destes sistemas. Para garantir uma perfeita integração entre um
sistema antigo e o WDM, é necessário tomar ter uma noção geral do tráfego que é transmitido
pela rota, definindo seu formato e taxas de transferência, considerando que a existência de
tráfego analógico também deve ser examinada; ter uma visão da infra-estrutura existente, o tipo
de cabo óptico utilizado, comprimentos dos enlaces e pontos de regeneração; definir a
capacidade final de transferência do sistema; ter uma noção das interfaces ópticas disponíveis
nos terminais; definir se é necessário o uso de equipamentos adicionais, como, por exemplo,
transponders, módulos de compensação; definir a quantidade necessária de regeneradores;
migração do tráfego para novos sistemas após a instalação dos mesmos. A instalação causa uma
interrupção do tráfego, por um tempo indeterminado.
Os sistemas WDM necessitam de equipamentos capazes de combinar sinais que provêm de
várias fontes emissoras, para que sejam transmitidos por uma única fibra. Assim, os
multiplexadores convergem sinais de diversos comprimentos de onda em um único feixe. Nos
receptores, temos equipamentos demultiplexadores, que possuem a função de separar o feixe
recebido em suas várias componentes de comprimento de onda. A estrutura dos multiplexadores
e demultiplexadores é basicamente a mesma, mas em um enlace WDM, são colocados em
direções opostas.
Esses equipamentos podem ser classificados como passivos ou ativos. Se forem passivos,
são baseados na utilização de prismas, difração ou filtros. Se forem ativos, se baseam na
combinação de dispositivos passivos com filtros sintonizados. Nestes dispositivos, é

REDES ÓPTICAS URBANAS  68  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
necessário minimizar a interferência entre canais e maximizar a separação entre eles.
Existe um tipo especial de multiplexador denominado add/drop-multiplexer. Este
dispositivo, além de realizar a função de um multiplexador comum, permite a remoção de um
sinal e a inserção de um novo sinal, de mesmo comprimento de onda, em um enlace de
transmissão. Todos os outros comprimentos de onda passam através do multiplexador add/drop
com uma pequena perda de potência (geralmente alguns dB). Isso facilita a evolução de links
ópticos WDM ponto-a-ponto, pois nem todos os canais da transmissão possuem a mesma origem
e o mesmo destino.
3.4.2. Técnicas de multiplexação e demultiplexação
Uma maneira simples de multiplexação ou demultiplexação da luz poderia ser realizada
utilizando-se um prisma, figura 3.9 e figura 3.10.

Lente
Feixe multiplexado

Prisma
Fibra Lente

Figura 3.9. Multiplexação através de um Prisma

Fibras nos 
pontos focais   
Lente Lente
Prisma
Fibra
Figura 3.10. Demultiplexação através de um Prisma

Como o feixe de luz policromática incide paralelamente na superfície do prisma, durante a


demultiplexação, cada comprimento de onda é refratado diferentemente. Assim, cada
comprimento de onda é separado um do outro por um ângulo. Então, uma lente irá focalizar cada
feixe, de maneira que entrem adequadamente na fibra. Essa mesma técnica pode ser feita para
realizar a multiplexação de diferentes comprimentos de onda dentro de uma única fibra.
Uma outra técnica tem base nos princípios de difração e interferência óptica, figura 3.11 e
figura 3.12. Ao incidir numa grade de refração, cada comprimento de onda que compõe o feixe
de luz policromática é difratado em diferentes ângulos e, assim, para pontos diferentes no
espaço. Para focalizar este feixes dentro de uma fibra, pode-se usar lentes.
As grades de guias de ondas (AWG – Arrayed WaveGuide) são dispositivos que também se
baseam nos princípios da difração. O AWG, também é conhecido como roteador óptico de guia
REDES ÓPTICAS URBANAS  69  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
de onda e consiste de uma matriz de canais curvados com uma diferença fixa no caminho entre
canais adjacentes. Os AWG´s são conectados àos terminais de entrada e saída. Ao incidir no
terminal de entrada, a luz é difratada e entra na matriz de guia de ondas. Nessa matriz a diferença
de comprimento óptico de cada guia de onda produz uma diferença de fase no terminal de saída,
quando acoplado uma matriz de fibras. Isso resulta em diferentes comprimentos de onda
possuindo máximos de interferência em diferentes lugares, que correspondem às portas de
saídas, figura 3.13.

Fibras Lentes  
Comprimentos de
onda incidentes Grade de
difracção

Feixe multiplexado

Figura 3.11. Multiplexação através de Grades de Difração


Comprimentos
Fibras de onda
Comprimentos de onda difractados
demultiplexados

Feixe incidente Grade de difracção

Lentes
Figura 3.12. Demultiplexação através de Grades de Difração

Matriz Guia de onda de


saída
Matriz Guia de onda de entrada

Guia de onda de entrada


Guia de onda de saída

Sinal policromático

Sinais individuais

Figura 3.13. Demultiplexação através de AWG.

Figura 3.14. Concepção de filtros de filmes finos.

REDES ÓPTICAS URBANAS  70  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
Tem-se ainda uma técnica que utiliza filtros de interferência em dispositivos denominados
filtros de filmes finos ou filtros de interferência de múltiplas camadas, figura 3.14.
Essa técnica consiste em inserir filmes finos no caminho óptico, de forma que os
comprimentos de onda da luz policromática possam ser separados. Cada filme colocado no
caminho da luz deve transmitir um comprimento de onda e refletir todos os outros. Colocando
estes dispositivos em cascata, muitos comprimentos de onda podem ser demultiplexados.
3.4.3. Dense WDM – DWDM
O DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing – multiplexação densa por
comprimento de onda) é uma tecnologia WDM. Segundo a ITU (International
Telecommunications Union), os sistemas DWDM podem combinar até 64 canais em uma única
fibra. No entanto, podemos encontrar, na prática, sistemas DWDM que podem multiplexar até
128 comprimentos de onda. Além disso, foram realizados alguns testes que provaram ser
possível a multiplexação de até 206 canais.
O espaçamento entre os canais pode ser de 200 GHz (1,6 nm), 100 GHz (0,8 nm), 50 GHz
(0,4 nm), podendo chegar a 25 GHz (0,2 nm). Os sistemas DWDM utilizam comprimentos de
onda entre aproximadamente 1500 nm e 1600 nm e apresentam alta capacidade de transmissão
por canal, 10 Gbps, podendo alcançar 1 Tbps na transmissão de dados sobre uma fibra óptica.
Um sistema DWDM capaz de multiplexar 40 comprimentos de onda a 10 Gbps por canal,
possui uma banda total de 400 Gbps, o que é suficiente para transportar em uma única fibra o
conteúdo equivalente a mais que 1100 volumes de uma enciclopédia em 1 s. Sistemas DWDM
com 40  Gbps por comprimento de onda já são realizáveis, e a tendência é aumentar
continuamente tanto a densidade de canais multiplexados quanto a taxa de bits por canal.
O DWDM é a chave tecnológica para integração das redes de dados, voz e imagem de
altíssima capacidade. Além de ampliar exponencialmente a capacidade disponível na fibra, o
DWDM possui a vantagem de não necessitar de equipamentos finais para ser implementado. E
ainda, esta técnica de multiplexação obedece ao padrão de fibra G.652 (monomodo) que é
utilizado na maioria dos backbones de fibra óptica.
Atualmente, o DWDM é utilizado principalmente em ligações ponto-a-ponto. Nessa
tecnologia, é possível que cada sinal transmitido esteja em taxas ou formatos diferentes. Desta
forma, a capacidade de transmissão de sistemas DWDM podem ser ampliadas
consideravelmente e de maneira relativamente fácil. E ainda é capaz de manter o mesmo grau de
desempenho, confiabilidade e robustez do sistema.
Enlace DWDM
Nas redes ópticas emprega-se a utilização de um enlace DWDM ponto-a-ponto. Neste
sistema, emissores de luz lançam feixes de luz na entrada do multiplexador óptico. Este
multiplexador irá combinar os diferentes comprimentos de onda em um único caminho, sendo
então acoplados em uma fibra monomodo. No final do enlace, os canais ópticos são separados
pelo demultiplexador óptico e levados para os diferentes receptores. Para enlace de transmissão
que possuem longas distâncias, é preciso que os sinais sejam amplificados.
REDES ÓPTICAS URBANAS  71  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
Banda Óptica
Atualmente as bandas de freqüência óptica mais utilizadas em sistemas DWDM são:
• S - Band (Short Band) – 1450 nm a 1500 nm.
• C - Band (Conventional Band) – 1530 nm a 1570 nm;
• L - Band (Long Band) – 1570 nm a 1625 nm;
3.4.4. Coarse WDM – CWDM
O CWDM (Coarse WDM ou WDM Esparso) é uma tecnlogia WDM de baixa densidade e
seu princípio de funcionamento é o mesmo do WDM. Nesta técnica, a informação é agrupada em
até 16 canais entre os comprimentos de onda de 1310 nm e 1610 nm, onde a distância entre os
canais é de 20 nm (3000 GHz).
Esse sistema exige menos controle do comprimento de onda e possui elevada qualidade de
serviço. Além disso, essa tecnologia utiliza lasers como transmissores e é desnecessária a
presença de amplificadores ópticos. Isso faz com que seja preferível o uso do CWDM em redes
metro, devido a seu custo acessível.
Outra característica dos sistemas CWDM é que estes possuem flexibilidade suficiente para
serem empregados em conexões ponto-a-ponto. Também suportam tráfego Ethernet e
interconexão de SANs (Storage Area Networks). A taxa de transmissão suportada é de
1,25 Gbps, cobrindo distâncias de até 40  km. Além disso, oferece suporte para taxas de
2,5 Gbps, cobrindo distâncias de até 80 km.
Banda Óptica
Atualmente as bandas de freqüência óptica mais utilizadas em sistemas CWDM são:
• O - Band (Original Band) - vai de 1260 nm a 1360 nm;
• E - Band (Extended Band) - está na faixa de 1360 nm a 1460 nm;
• C - Band (Conventional Band) - vai de 1530 nm a 1570 nm.
3.4.5. DWDM versus CWDM
O CWDM e o DWDM, por serem tecnologias WDM, ambos apresentam o mesmo princípio
de funcionamento de combinar vários comprimentos de onda em uma única fibra, de forma a
aumentar sua capacidade. No entanto, existem algumas diferenças básicas que serão
apresentadas a na tabela 3.4.
Na tabela 3.4 vemos diferenças em algumas características das tecnologias CWDM e DWDM.
Além dessas diferenças, temos outras, que também serão citadas. Os sistemas DWDM requerem
que os lasers utilizados possuam temperaturas estáveis, além de necessitarem de filtros de banda
estreita. Já os sistemas CWDM não necessitam que os lasers utilizados possuam temperaturas
estáveis e os filtros utilizados são de banda larga. Assim, percebemos que a implementação de
sistemas DWDM é mais complexa, se comparado com o CWDM.
Geralmente, o DWDM é a melhor escolha para aplicações onde a densidade dos canais ou a
largura de banda são de maior prioridade. O CWDM, por sua vez, é uma excelente opção onde
os gastos devem ser considerados. Há uma estimativa de que o emprego do CWDM pode
economizar em até 30% dos gastos se comparado com o DWDM.
REDES ÓPTICAS URBANAS  72  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
Tabela 3.4. DWDM versus CWDM
Características DWDM CWDM
Número de comprimentos de onda que podem ser combinados 64 16
numa fibra
Faixa de comprimento de onda 1310 nm – 1610  1492,25 nm – 1611,79 
nm  nm 
Espaçamento entre canais 20 nm 0,8 nm
Bandas ópticas utilizadas O, E e C S, C e L
Áreas de aplicações Redes Aplicações ponto a
Metropolitanas ponto
Devido devido ao espaçamento entre os canais Baixa Alta

Figura 3.16. Faixa de Comprimento de Onda e Espaçamento entre Canais: CWDM versus DWDM

3.4.6. Outras Tecnologias WDM


Wide Wavelength Division Multiplexing – WWDM
O Wide Wavelength Division Multiplexing (WWDM) utiliza a janela óptica em 1310 nm e
possui um amplo espaçamento entre os canais multiplexados. O WWDM permite a combinação
de 4 comprimentos de onda em uma única fibra. Além disso, é uma tecnologia muito versátil,
pois suporta fibras multimodo para distâncias curtas (300  m) e fibras monomodo para longas
distâncias (10 km).
Tabela 3.5. Característiacas do WWDM
Meio de transmissão Banda Modal (MHz.km) Distância máxima (m)
Fibra multimodo 62,5 µm 500 300 
Fibra multimodo 50 µm 400 240 
Fibra monomodo ‐ 10000 

O Wide WDM é amplamente aplicado a LAN's (Local Area Networks - redes locais). Além
disso, é utilizado nas especificações 10GBase-LX4/LW4 do protocolo 10GE (10 Gigabit
Ethernet), aprovado em março de 2001 pelo comitê IEEE 802.3. Nestas especificações se usam
duas fibras monomodos ou multimodos com WWDM, no comprimento de onda de 1310  nm.
Neste caso, são multiplexados quatro comprimentos de onda em cada fibra, espaçados de 24,5 
nm. A tabela 3.5 apresenta alguns parâmetros desta especificação.

REDES ÓPTICAS URBANAS  73  
 
PRINCÍPIOS DE MULTIPLEXAGEM  
 
Ultra - Dense Wavelength Division Multiplexing – U-DWDM
O Ultra - Dense Wavelength Division Multiplexing (U-DWDM) é considerado como o
próximo estágio nas comunicações ópticas. Esta tecnologia combina 128 ou 256 comprimentos
de onda em uma única fibra óptica, sendo que cada comprimento de onda teria uma taxa de
transmissão de 2,5 Gbps, 10 Gbps e até 40 Gbps. No U-DWDM os canais estão espaçados de
10 GHz, o que corresponde a 0,08 nm.
Nos Laboratórios Bell, em Holmdel, New Jersey, conseguiu-se atingir uma transmissão de
1022 comprimentos de onda em uma única fibra óptica, utilizando-se U-DWDM. Nessa
transmissão experimental, cada comprimento de onda carregava informações distintas. Foi
utilizado um único laser de alta velocidade para gerar todos os sinais, ao invés de usar um laser
para cada comprimento de onda. como é feito nos sistemas WDM convencionais. Cada canal
carrega informações a uma taxa de 37  Mbps, totalizando mais de 37  Gbps. Pesquisadores
acreditam que esta taxa pode chegar a uma ordem de Tbps.
3.4.7. Considerações
Apesar de apresentar custo elevado em relação às tecnologias usadas atualmente, as fibras
ópticas nos oferecem muitas vantagens, como, por exemplo, imunidade não só a interferências
externas, mas também a freqüências de rádio e radar e impulsos eletromagnéticos. As fibras
ópticas também apresentam baixa atenuação, imunidade a ruídos externos e taxas de transmissão
maiores.
O WDM, por sua vez, é usado para ampliar ainda mais a capacidade de transmissão da fibra.
Essa tecnologia tem como princípio, combinar vários comprimentos de onda diferentes em uma
única fibra. O WDM possui uma série de variações como o CWDM, o DWDM e o WWDM.
Futuramente teremos também o U-DWDM, que irá multiplexar centenas de comprimentos de
onda em apenas uma fibra, alcançando taxas de transmissão na ordem de Tbps.
Com o aumento da procura por aplicações que exigem altas taxas de transmissão de dados,
acompanhado da crescente evolução das próprias fibras e das tecnologias aplicadas nas redes
ópticas, espera-se que, brevemente, os cabos metálicos sejam substituídos por cabos de fibra
óptica.

REDES ÓPTICAS URBANAS  74  
 
   
CAPÍTULO 4 

PRINCÍPIOS DE 
CONSTRUÇÃO DE 
REDES ÓPTICAS 
URBANAS  
 

 
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

4.1. Introdução à redes de telecomunicações


As redes de telecomunicações compreendem o conjunto de meios técnicos (de natureza
electromagnética) necessários para transportar e encaminhar tão fielmente quanto possível a
informação à distância. É constituída por nós e enlaces que possibilitam a interconexão entre
diferentes pontos de acesso à rede, tanto nacional como internacionalmente, podendo então ser
dividido em três ramos: transmissão – transporte fiável da informação à distância; comutação –
encaminhamento da informação (pôr em contacto dois utilizadores quaisquer, de acordo com as
suas ordens); controlo e gestão – responsável pela dinâmica (controlo) e pela fiabilidade (gestão)
das redes. A função de controlo é implementada através da sinalização.
As redes de telecomunicações devem garantir que a informação nas suas diversas formas
(voz, música, vídeo, texto, etc.) é transmitida com o mínimo de perdas e alterações assim como
assegurar um serviço permanente e sem falhas.
4.1.1 Elementos básicos de uma rede
As redes de telecomunicações são constituídas por uma infinidade de equipamentos
baseados numa grande diversidade de tecnologias e em muitos casos concebidos e instalados em
épocas muito diferentes.
Uma rede pode-se dividir em vias de transmissão (suporte de transmissão tais como cabos
de pares simétricos, cabo coaxial, fibra óptica, feixes hertezianos, etc., mais repetidores,
amplificadores, regeneradores) e elementos de rede que incluem equipamento terminal,
equipamento de transporte, equipamento de comutação e sistemas de sinalização e gestão que
são responsáveis por processarem a informação de sinalização e gestão.
4.2. Topologias de redes
A estratégia de interligação entre os nós designa-se por topologia da rede, ou de um modo
mais preciso por topologia física. Este refinamento na definição ajuda a distinguir o aspecto
físico do modo como a informação é distribuída na rede que define a topologia lógica.

Figura 4.1. Exemplo de uma rede e do seu grafo equivalente.

Tendo como exemplo a figura 4.1 pode-se admitir que o nó 1 funciona como nó distribuidor
e que toda a comunicação é feita directamente entre os diferentes nós e o nó 1. Como
consequência a topologia física e a topologia lógica são diferentes como se evidência na figura
4.2 através da representação dos grafos correspondentes.
Nas redes de telecomunicações encontra-se uma grande variedade de topologias. Essas

REDES ÓPTICAS URBANAS   
76
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Topologia física Topologia lógica

Figura 4.2. Comparação entre a topologia física e a lógica.

topologias condicionam à partida a estratégia de desenvolvimento e o tipo de serviços que a rede


pode fornecer e por isso a definição adequada da topologia constitui uma etapa importante no
processo de planeamento da rede. A topologia mais simples é a topologia em barramento (Bus).
Como se mostra na figura 4.3 nessa topologia o meio de transmissão é partilhada por todos os
elementos de rede.

Barramento Anel Malha

Figura 4.3. Grafos correspondentes às topologias em barramento, anel e malha.

Na topologia em anel cada nó só está interligado aos nós vizinhos. No caso de querer
comunicar com outros nós as mensagens terão de ser enviadas através dos vizinhos. Uma rede
em anel pode ser unidireccional ou bidireccional. No caso unidireccional toda a informação viaja
no mesmo sentido e cada nó só pode comunicar directamente com um vizinho, enquanto no caso
bidireccional a informação viaja nos dois sentidos e cada nó pode comunicar directamente com
os dois vizinhos. É a topologia mais popular pelo facto desta garantir graus de fiabilidade
elevados (resistência a falhas) com um consumo modesto de recursos de transmissão.
A topologia em malha é uma topologia com conexão total caracterizada por apresentar uma
ligação directa entre todos os pares de nós. Numa rede baseada nesta topologia o processo de
comunicação está muito facilitado, pois qualquer troca de informação entre dois nós não envolve
a intervenção de mais nenhum outro nó. A principal desvantagem desta solução reside na grande
quantidade de recursos de transmissão que exige o que faz com que essa topologia se torne
impraticável quando o valor do número de nós ultrapassa algumas dezenas.
A topologia em estrela é a solução, normalmente usada sempre que é necessário interligar um
elevado número de nós. Nesta topologia há uma diferenciação entre as funcionalidades do nó
central e as dos restantes nós, já que é este nó que controla as comunicações entre todos os
outros. A existência de um nó com responsabilidade acrescida, indica que nesta topologia o
controlo do processo de informação é centralizado. A solução em estrela tem sido muito usada
nas redes telefónicas, particularmente na rede de acesso, onde todo o fluxo de informação com o
utilizador é controlado pelo comutador local, permitindo concentrar o equipamento sofisticado e

REDES ÓPTICAS URBANAS   
77
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

caro na rede, e garantir que o equipamento terminal usado pelo utilizador é relativamente
simples.

Estrela Árvore
Figura 4.4. Grafos correspondentes às topologias em estrela e árvore.

A topologia em árvore surgiu associada a serviços distributivos, onde o objectivo é difundir


o mesmo sinal desde o nó onde é gerada para todos os outros nós. Esta perspectiva distributiva
faz com que nos vários pontos de divisão o sinal seja repetido até atingir o equipamento terminal
do utilizador. Esta solução foi desenvolvida no âmbito das redes de distribuição de televisão por
cabo, também referidas na literatura como redes de cabo. Com o desenvolvimento tecnológico
foi possível introduzir nestas redes um canal ascendente, garantindo, assim, a bidireccionalidade
requerida pelos serviços interactivos tais como serviço telefónico e o acesso à Internet.
4.3. Características das redes
4.3.1. Largura de Banda e Capacidade do canal
O termo largura de banda indica a diferença entre os limites inferior e superior das
frequências que são suportadas pelo canal. Por exemplo, um canal de voz, que admite
frequências da ordem de 300 Hz a 3400 Hz, tem uma largura de banda igual a BW
3400Hz –  300Hz   3100 Hz.
A largura de banda do sinal de audio é de 20 Hz a 20 kHz.
Para definir uma medida da eficácia com a qual um canal transmite informação e para
determinar seu limite superior, Shannon introduziu o conceito de “capacidade de um canal”, que
comummente se representa com a letra C.
O Teorema Fundamental de Shannon estabelece que se a velocidade de informação Vi da fonte é
menor ou igual que a capacidade C do canal, então existe uma técnica de codificação que
permite a transmissão sobre o canal com uma frequência de erros arbitrariamente pequena, não
obstante a presença do ruído. Quer dizer, se:
0   (4.1)
se pode transmitir sem erro, mas se     então não é possível transmitir sem erro.
A capacidade do canal é então a máxima velocidade na qual o canal pode transportar
informação confiavel até ao destino. A capacidade C se expressa em bits por segundo (bps).
Esta capacidade diminui como consequência dos erros introduzidos na transmissão causada por
sinais perturbadores ou ruido, e como consequência se produz uma perda de informação.
Se o canal tem uma largura de banda W, a potência média do sinal transmitido é S, e a
potência média do ruído no canal é N, então a capacidade do canal na presença do ruído é
REDES ÓPTICAS URBANAS   
78
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

dada por:
1   (4.2)
A este resultado se chama “Equação de Hartley-Shannon”.
A equação de Hartley-Shannon proporciona o limite superior para a transmissão de
informação confiável por um canal ruidoso, e relaciona os três parâmetros de importância em um
canal: a largura de banda do canal, a potência média do sinal útil e a potência média do sinal
perturbador.
Algumas vezes o comportamento do canal se pode caracterizar mediante as relações ou
definições seguintes:
• Redundância do Canal, Rc
 ;     0  (4.3) 
• Redundância Relativa, ρc
1 (4.4)
• Rendimento do Canal, ηc
ou % 100 (4.5)
Também,  1   donde    1 (4.6)
• Rendimento do Canal com relação a largura de banda, ηB
. (4.7)
Das expressões (4.2) e (4. 7), o rendimento máximo de um canal vem dado por
1       .    (4.8)
A razão entre a potência do sinal e a potência do ruído é conhecida como relação sinal-ruído,
normalmente sendo expressa em decibéis.

4.4. Tipos de redes


4.4.1. Redes fixas
Numa rede telefónica convencional o equipamento terminal é essencialmente o telefone que
é fixo. A estrutura mais simples que é possível conceber para uma rede telefónica comutada está
representada na figura 4.5 e consiste numa central de comutação telefónica directamente ligada
ao equipamento terminal dos utilizadores através de uma linha telefónica (central local) de
acordo com uma topologia física em estrela.
Quando a área coberta pela rede em estrela e o número de utilizadores por ela servidos
cresce, o preço da linha telefónica aumenta. Então, torna-se mais económico dividir essa rede em
várias redes de pequenas dimensões, cada uma delas servido pela sua própria central de
comutação telefónica. Nesse caso, o comprimento médio da linha de assinante decresce,
diminuindo o seu custo total, mas em contrapartida o custo associado à comutação aumenta.
Numa área servida por diferentes centrais locais, os utilizadores de uma central terão certamente
necessidade de comunicar com os utilizadores de outras centrais. É, assim, necessário estabelecer

REDES ÓPTICAS URBANAS   
79
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

ligações, ou junções, entre as diferentes centrais usando centrais Tandem, formando-se a rede de
junção. A presença desta central introduz uma estrutura hierárquica na rede, figura 4.6.

Figura 4.5. Rede em estrela com comutação centralizada.

Figura 4.6. Estrutura hierárquica das redes fixas.

As enormes limitações dos pares simétricos, nomeadamente a sua largura de banda muito
reduzida e a enorme susceptibilidade às interferências, têm levado os engenheiros de
telecomunicações a explorar outras soluções, sobretudo quando está em causa o acesso de banda
larga. A solução mais sólida é sem dúvida a que faz uso da fibra óptica, sendo de referir entre
outras as seguintes alternativas: ligação em fibra óptica entre a central local e um armário
exterior, ligando em seguida o armário às instalações do utilizador através da par simétrico (fibra
até ao quarteirão); ligar a fibra directamente até às instalações do utilizador (fibra até casa).
4.4.2. Redes móveis
A rede de telefonia móvel é uma rede de telecomunicações projectada para o
provisionamento de serviços de telefonia móvel, ou seja, para a comunicação entre uma ou mais
estações móveis. O conceito básico subjacente às comunicações celulares consiste em dividir as
regiões densamente povoadas em várias regiões de pequena dimensão, designadas por células.
Cada célula tem uma estação base que proporciona uma cobertura via rádio a toda a célula.
Como se mostra na figura 4.7(a) cada estação base está ligada a uma central de comutação de
móveis, designada por MSC (Mobile Switching Centre).
No extremo do sistema figura 4.7(b) temos a estação móvel ou MT (Mobile Terminal), que
para além da parte de rádio e funções de processamento para acesso à rede através do interface
rádio, deve incorporar o interface para com o homem (microfone, auscultador, visor, teclado, ...)
e ou o interface para interligação com equipamento terminal (computador pessoal ou fax). Outro
REDES ÓPTICAS URBANAS   
80
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

aspecto significativo da arquitectura da estação móvel, é o módulo do assinante, onde está


envolvido mais que uma simples identificação.

Figura 4.7(a). Estrutura básica de uma rede móvel.

NSS (Networking Switching System), o subsistema estação de base, ou BSS (Base Station
Subsystem), agrupa as infra-estruturas de máquinas que são específicas aos aspectos rádio
celulares. O BSS encontra-se em contacto directo com as estações base, através do interface
rádio, incluindo portanto o equipamento responsável pela transmissão e recepção do percurso
rádio e sua gestão. Necessitando de controle, o BSS encontra-se também em contacto com o
OMC (Operation and Maintenance Centre) através duma rede de comunicação de dados a
funcionar sobre X.25. Os equipamentos abrangidos por este subsistema são:
• BTS – Base Transceiver Station. A BTS compreende os dispositivos de transmissão e

Figura 4.7(b). Arquitectura de um sistema móvel.

recepção de rádio, incluindo as antenas, bem como o processamento de sinal específico da


interface rádio.
• BSC – Base Station Controller. O BSC é responsável por toda a gestão da interface
rádio, através do comando remoto da BTS e da MT, e principalmente da atribuição de canais de
rádio bem como o controle de handover. Está ligada por um lado ao Switching System (SS) e por
outro a várias BTS’s . Outro subsistema é o SS, que inclui as principais funções de comutação do

REDES ÓPTICAS URBANAS   
81
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

DCS (Dedicated Channel Suport), bem como as bases de dados necessárias para os assinantes e
para a gestão da mobilidade.
Dentro do subsistema NSS, as funções de comutação básicas são executadas pela MSC
(Mobile Switching Centre), que tem como principal papel a coordenação e estabelecimento de
chamadas de e para os assinantes do sistema. A MSC tem ligações com os BSS’s, com as redes
externas, com o OMC e com as bases de dados. Três importantes bases de dados do sistema
armazenam informação sobre os assinantes e equipamento. O HLR (Home Location Register),
guarda a informação sobre níveis de assinaturas, serviços suplementares e a posição actual, ou
mais recente, dos assinantes da própria rede. Associada a cada MSC existe um VLR (Visitors
Location Register), que conserva informação sobre níveis de assinantes, serviços suplementares
e a posição actual dos assinantes “visitantes” dessa área. Outra base de dados é o AuC
(Authentication Center), que contém toda a informação adequada para evitar as intromissões na
interface rádio e a utilização indevida do equipamento. Quanto ao sistema de operação e gestão
OSS (Operation and Suport System), este desempenha diversas tarefas, requerendo todas
interacção com as infra-estruturas, tal como com a BSS ou o NSS. As principais funções do OSS
são:
• Operação e manutenção das máquinas da rede. Responsável por este serviço está um
equipamento a que se dá o nome de OMC (Operation and Maintenance Centre), e que é
considerada a interface entre o homem e a rede, permitindo a este efectuar operações de
manutenção, assim como fazer a gestão de todas as máquinas do sistema.
• Gestão das assinaturas, taxação e contabilização. Normalmente é um equipamento
independente que se ocupa destas tarefas. Com ligação ao HLR para consulta e actualização de
dados referentes aos assinantes, assim como também para taxação. Este aspecto, de taxação e
contabilização, é um assunto para o qual não existem especificações dedicadas nas
recomendações do sistema, sendo assim um processo livre. No entanto tem-se verificado uma
convergência de princípios aplicados para uma mais fácil interligação de redes e uniformização
neste aspecto a nível internacional.
• Gestão do equipamento móvel. Parte desta tarefa é realizada na operação de rede pelos
equipamentos da infra-estrutura. Contudo, existe um equipamento, identificado como sendo EIR
(Equipment Identity Register), responsável pelo armazenamento dos dados relativos ao
equipamento móvel.
4.4.3. Rede Digital com Integração de Serviços
A Rede Digital com Integração de Serviços (RDIS) resulta da evolução natural da rede
telefónica. A rede telefónica foi projectada simplesmente para tráfego de voz sobre linhas
analógicas, mas na década de cinquenta foi introduzido o modem para transportar dados sobre
essa infra-estrutura. Contudo, devido às limitações das velocidades de transmissão e qualidade
dos modems, os operadores de telecomunicações criaram uma rede digital alternativa à rede de
voz, para suportar a transmissão de dados com maior velocidade e melhor qualidade, a rede
pública de dados.
REDES ÓPTICAS URBANAS   
82
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

A RDIS surge como tentativa de integrar todas as redes públicas (telefónica, dados, etc.)
numa única rede, com um acesso único ao assinante. Assim, o utilizador pode através de uma
única linha de assinante ter acesso a uma grande diversidade de serviços, como voz, dados,
imagem, texto, etc., com uma característica fundamental, que é a de todos serem digitais.
A evolução para a RDIS só é possível com a digitalização da linha de assinante (ou lacete de
assinante), o que permitiu eliminar o fosso analógico existente nas redes digitais integradas.
Como os débitos oferecidos pelo RDIS são relativamente modestos a ITU-T avançou com o
conceito de RDIS de banda larga e publicou uma série de normas no sentido de dar substância a
esse conceito. Com esta evolução a RDIS passaria a ter também capacidade para suportar
serviços de vídeo e de transmissão de dados a alta velocidade, para além dos serviços RDIS
tradicionais e o acesso do utilizador à rede seria efectivado a débitos de várias dezenas de Mbps.
Devido aos elevados custos, porém, o RDIS de banda larga nunca viu a luz do dia.
4.5. Redes ópticas
4.5.1. Redes Ópticas de Acesso
As Redes Ópticas de Acesso têm como função permitirem o acesso dos usuários finais (ou
clientes) localizados em residências e empresas de pequeno porte às Redes Ópticas dos
Provedores de Acesso e Operadoras de Telecomunicações. A topologia mais comum para este
tipo de rede é o ponto-a-ponto, pois conecta o usuário final directamente a um multiplexador da
Operadora ou do Provedor. Uma outra topologia utilizada é o anel que poderá agregar dois ou
mais clientes a um único multiplexador da Operadora. Um exemplo típico de uma Rede de
Acesso é ilustrado na figura 4.8, onde o multiplexador da Operadora multiplexa os tráfegos
provenientes de clientes residenciais conectados através de uma topologia ponto-a-ponto e de
clientes corporativos através de uma topologia anel e os encaminha para uma Rede
Metropolitana.

Figura 4.8. Diagrama de uma rede óptica de acesso.

4.5.2. Redes Ópticas Metropolitanas


As Redes Ópticas Metropolitanas têm como função permitirem o acesso de empresas de
médio e grande porte (por exemplo: clientes corporativos) e o transporte do tráfego das Redes

REDES ÓPTICAS URBANAS   
83
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Ópticas de Acesso. As Redes Ópticas Metropolitanas podem ser divididas em dois segmentos:
(1) Redes Ópticas Metropolitanas de Acesso (Metro Access Optical Networks) e (2) Redes
Ópticas Metropolitanas Centrais (Metro Core Optical Networks) conforme é ilustrados na figura
4.9. Esta divisão entre Redes Ópticas Metropolitanas de Acesso e Centrais nem sempre é fácil
identificar em campo, devido à complexidade das mesmas.
No entanto, em linhas gerais, identifica-se como sendo a Rede Óptica Metropolitana de
Acesso àquela que permite o acesso do tráfego proveniente das Redes Ópticas de Acesso e dos
clientes corporativos de médio porte. Ao passo que para a Rede Óptica Metropolitana Central
reserva-se o acesso de clientes corporativos de grande porte e transporte do tráfego local e
proveniente das Redes Ópticas de Acesso para as Redes Ópticas de Longa Distância e vice-
versa.

Figura 4.9. Diagrama de uma rede óptica metropolitana.

A topologia mais comum para as Redes Ópticas Metropolitanas é o anel, pois admite
diversos elementos de rede em uma única rede, apesar de existir uma tendência muito forte
destas redes migrarem para a topologia em malha. Nestas redes, observa-se o surgimento de
alguns elementos de rede locais com funcionalidade de comutação cruzada.
4.5.3. Redes Ópticas de Longa Distância
As Redes Ópticas de Longa Distância têm como função permitirem a comunicação de uma
ou mais Redes Ópticas Metropolitanas a longas distâncias (geralmente, considera-se “longa
distância” a compreendida entre 600 km e 1500 km e “ultralonga distância” a compreendida
entre 1500 Km e 4000 Km). As Redes Ópticas de Longa Distância são geridas pelas Operadoras
de Telecomunicações e têm como topologias mais comuns o ponto-a-ponto e o anel. Elas são
consideradas como o “núcleo das redes ópticas” (core ou backbone), pois não há conexão directa
com os usuários finais devido às altas taxas de transmissão que circulam nestas redes na ordem
de Gbps ou Tbps.

4.6. Concepção de uma Rede Óptica Urbana


4.6.1. Planeamento da Rede de Transmissão
O planeamento da transmissão, utilizando como dados de entrada matrizes de demandas por
serviços e/ou taxas de transmissão, tem por objectivo dimensionar o número e tipos de

REDES ÓPTICAS URBANAS   
84
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

equipamentos de transmissão, suas respectivas taxas de transmissão, além do meio de


transmissão (fibras ópticas).
A proposição do Planeamento da Rede de Transmissão é o assunto desta tese e será tratado
adiante. Antes, porém, descrevemos a tecnologia SDH utilizada neste planeamento.
4.6.2. A Rede de Transporte SDH
Este item não tem o objectivo de fazer uma descrição minuciosa e exaustiva da tecnologia
SDH, mas de enfatizar os aspectos que consideramos relevantes para a sua utilização no
Planeamento da Rede de Transporte. Para uma compreensão mais aprofundada desta tecnologia,
forneceremos uma extensa bibliografia. Os tópicos tratados ao longo deste capítulo serão:
• Características principais (princípios) da tecnologia SDH
• Conceitos básicos e formação dos sinais
• Elementos de rede e topologias
• Confiabilidade de rede
• Modelo em camadas
Vale referenciar primeiro os padrões europeus de sinais eléctricos. E1 é um padrão de linha
telefónica digital europeu criado pela ITU-T e o nome determinado pela Conferência Europeia
Postal de Telecomunicação (CEPT), sendo o padrão usado em Angola e na Europa; é o
equivalente ao sistema T-carrier norte-americano, embora o sistema T norte-americano utilize
taxas de transmissão diferentes.
O E1 possui uma taxa transferência de 2 Mbps e pode ser dividido em 32 canais de 64 Kbps
cada. A contratação de linhas E1 de 2 Mbps é conhecida como "E1 fraccionário".
Suas variantes:
• E2: 8,448 Mbps.
• E3: 34,368 Mbps.
• E4: 139,264 Mbps.
• E5: 565,148 Mbps.
• DS3: 44,736 Mbps.
4.6.3. Princípios da Transmissão Síncrona
A tecnologia de transmissão SDH (Synchronous Digital Hierarchy – Hierarquia Digital
Síncrona) é um padrão proposto pelo ITU-T (International Telecommunications Union –
Telecommunication Standardization Sector) e foi desenvolvida graças aos avanços tecnológicos
verificados na microeletrônica e na fotónica, com o intuito de suprir algumas deficiências da sua
predecessora, a tecnologia PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy). A SDH permite a
convivência de vários fabricantes de equipamentos em uma mesma rede. A ITU-T, através das
Recomendações G707, G708 e G709 busca uma padronização completa da SDH que inclui taxas
de bits de transmissão e funcionalidades dos equipamentos, interfaces de tributários e de linha,
estrutura de quadro e de multiplexação, mecanismos de protecção, interfaces e equipamentos de
gestão.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
85
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

A estrutura de formação dos sinais SDH possui características que facilitam a derivação e
inserção de tributários (sinais de taxas de bits mais baixas) do sinal agregado (sinais de taxas
maiores), permitindo que a rede SDH seja bastante flexível. A multiplexação de sinais, que é
realizada por entrelaçamento de bytes, enquanto que na PDH é realizada por entrelaçamento
de bits, favorece esta flexibilidade e permite que utilizadores da rede sejam atendidos mais
rapidamente e sob demanda.
As facilidades de derivação e inserção de tributários permitem também que novas
funcionalidades e configurações de equipamentos sejam viabilizadas. Estes equipamentos, por
sua vez, possibilitam que topologias de rede sejam mais protegidas contra falhas e, portanto,
mais confiáveis.
A estrutura de quadro SDH facilita a gerência da rede, na medida em que mais bytes são
reservados para esta função. A tabela 4.1 apresenta de forma sucinta e comparativa estas duas
tecnologias nos aspectos acima relatados.
Tabela 4.1. Comparação entre as tecnologias PDH e SDH
PDH SDH
Padrões de Estrutura de Quadro Três padrões: Americano, Japonês e
Europeu ITU – T
Interfaces de Linha Proprietárias Padronizadas
Funcionalidades de Gestão Proprietárias Três padrões
Derivação e Inserção de Tributários
Difícil Fácil
Capacidade de Gestão Baixa Alta
Mecanismo de Protecção Pouco Eficientes Eficientes
Funcionalidade dos Equipamentos Multiplexação, Inserção e
Multiplexação Derivação, Cross-connect

4.6.4. Formação dos sinais SDH


A analogia entre o transporte de sinais pela rede SDH e o transporte de carga numa rede
ferroviária será utilizada para ilustrar o funcionamento da tecnologia de transmissão.
O processo de multiplexação e formação dos sinais SDH, principal inovação desta
tecnologia, envolve dois conceitos fundamentais: enlace ou secção (section) e via (path). Uma
secção está relacionada com a trajectória da informação entre dois elementos de rede
(equipamentos) adjacentes ou vizinhos. Uma via está relacionada com a trajectória da
informação entre a sua origem e o seu destino, ou seja, os pontos onde as informações
transportadas são montadas/desmontadas no sinal SDH , o que pode envolver um ou mais
elementos de rede e, portanto, um ou mais enlaces.
O sinal básico de transporte em uma rede SDH é composto de quadros (frames) ou módulos
de transporte STM-N (Synchronous Transport Module – ordem N), que pode ser visto como um
vagão de um trem. O quadro STM-1 (figura 4.10) possui 2.430 bytes (270 colunas por 9 linhas)
que se repetem a cada 125 μ  (período do quadro), fornecendo uma taxa de 155,52 Mbps.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
86
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Figura 4.10. Estrutura do quadro STM-1.

Este sinal básico STM-1 é multiplexado através de entrelaçamento de bytes, gerando sinais
múltiplos (STM-N). O sinal multiplexado pode ser visto analogamente como uma composição de
vagões do trem. A tabela 4.2 mostra as taxas de transmissão dos sinais STM-N.
Tabela 4.2. Taxas de bits e capacidades dos sinais STM-N
Módulos de Taxa de Capacidade de Transmissão (em
Transporte SDH Transmissão (Mbps) canais de 2 Mbps)
STM-1 155,520 63 
STM-4 622,080 252 
STM-16 2488,320 1008 
STM-64 9963,280 4032 

Cada módulo de transporte STM-N pode, por sua vez, transportar como carga (payload)
vários sinais de taxas de transmissão mais baixas. As cargas ou sinais que serão transportados
são inicialmente embalados em caixas de diversos tamanhos denominadas containers.
A cada container é acrescentada uma etiqueta ou cabeçalho (bytes de overhead),
denominado POH (Path OverHead), que contém informações sobre desempenho, destino,
manutenção e alarmes da via percorrida pelo payload. O container acrescido do cabeçalho POH
compõe um container virtual (VC-Virtual Container).
Os VC’s transportam os sinais síncronos de 1,5 Mbps e 2 Mbps e permitem também o
transporte dos sinais PDH de 8 Mbps, 34 Mbps e 140 Mbps. Dependendo da taxa de
transmissão do sinal transportado, os VC’s são classificados em containers de baixa ordem
(LOVC – Low Order Virtual Container) e de alta ordem (HOVC – High Order Virtual
Container). A tabela 4.3 mostra as taxas de transmissão e os sinais que podem ser transportados
pelos VC’s.
A ITU-T define três tipos de VC: VC-12 para transporte de sinais de 2 Mbps, VC-3 para o
transporte de sinais de 34 Mbps e VC-4 para os de 140 Mbps. O VC-3 pode ainda transportar 21
VC-12, enquanto que um VC-4 pode conter 3 VC-3 ou 63 VC-12.
A próxima etapa do processo de formação do sinal SDH é “arrumar” ou “empacotar” (to groom)
os LOVC em containers VC-4. Por analogia, isto significa que as caixas menores (LOVC) são
colocadas dentro de caixas maiores (VC-4). Para indicar as posições dos VC de baixa ordem
dentro de um VC de ordem mais alta são utilizados ponteiros de TU (Unidade de Tributários).

REDES ÓPTICAS URBANAS   
87
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Estes são multiplexados formando Grupos de Unidade de Tributários (TUG). Ao VC-4 deve ser
adicionado também um ponteiro para indicar a sua posição dentro de um STM-N. Finalmente, é
acrescentado um cabeçalho para gerir os enlaces da rede denominado SOH (Section OverHead),
obtendo-se, desta forma, o STM-1. O SOH é dividido em dois campos, um para gestão dos
enlaces de regeneração (trecho entre um regenerador e um multiplexador), e outro para os
enlaces de multiplexação (trecho entre dois equipamentos multiplexadores adjacentes),
denominados respectivamente RSOH (Regenerator Section OverHead) e MSOH (Multiplex
Section OverHead).
Tabela 4.3. Tipo de conteiners virtuais
Classificação do Taxa de Transmissão Sinais Transportados
VC (Mbps)
VC-12 LOVC 2,240 2 Mbps 
VC-3 LOVC 48,960 34 Mbps
21 x VC-12
VC-4 HOVC 153,336 140 Mbps
3 x VC-3
63 x VC-12

As funções do SOH são prover comunicação entre os equipamentos instalados nas extremidades
do enlace, sincronizar quadros através de uma palavra de alinhamento, fornecer informações
necessárias à adaptação do nível de enlace ao nível de via (path) e perfazer as operações de
gestão e administração de facilidades no enlace da rede. O processo de formação do sinal
STM-N está mostrado na figura 4.11.

Figura 4.11. Estrutura de multiplexação do sinal STM-N.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
88
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

4.6.5. Funcionalidades da tecnologia SDH


Pelo que foi descrito na secção anterior, a formação dos sinais SDH pode ser decomposta
em duas funcionalidades básicas:
• Empacotamento dos sinais de informação em VC-4 e STM-1
• Multiplexação dos STM-1 em STM-N
Além das funcionalidades básicas descritas anteriormente (empacotamento e multiplexação),
a tecnologia SDH permite a realização de actividades de intercâmbio temporal de quadros (TSI –
Time Slot Interchange) e Cross-connnection.
A actividade denominada TSI permite que a posição relativa de um VC-4 em uma sequência
temporal de quadros STM-N seja alterada, conforme mostrado na figura 4.12(a). Seguindo nossa
analogia com o sistema ferroviário, essa funcionalidade corresponde a troca de posição entre
dois vagões de um mesmo trem.

(a) (b)
Figura 4.12. Funcionalidade da tecnologia SDH. (a) Funcionalidade TSI. (b) Funcionalidade Cross-connection

A Cross-connection (transconexão) é uma actividade que permite a troca de posição entre


tributários de diferentes agregados, conforme mostrado na figura 4.12(b). Essa funcionalidade é
implementada em 2 níveis por matrizes de comutação denominadas HPC (High-Order Path
Connection) e LPC (Low-Order Path Connection), que comutam, respectivamente, HOVC (VC-
4) e LOVC (VC-12 e VC-3). Analogamente ao sistema ferroviário, a transconexão acontece num
cruzamento entre dois ou mais ramais. Caixas dentro de vagões ou mesmo vagões inteiros dos
trens que se cruzam neste local podem ser trocadas de um vagão para outro ou de um trem para
outro.
4.6.6. Equipamentos de Transmissão
Os equipamentos de transmissão SDH, utilizados para interligar estações, são classificados
de acordo com as funcionalidades que são capazes de desempenhar e podem ser dos seguintes
tipos:
• LTM (Line Terminal Multiplexer - Multiplexador Terminal de Linha);
• ADM (Add/Drop Multiplexer - Multiplexador de Inserção/Derivação);
• SDxC (Synchronous Digital Cross-connect – Transconector Digital Síncrono).
Um equipamento LTM possui as funções de empacotamento e multiplexação de tributários
em um agregado, além da terminação de linha óptica (conversão do sinal elétrico em óptico e
vice-versa). Estes equipamentos diferem quanto ao tipo de interface de tributário que pode ser
PDH ou SDH. Já a interface do agregado é sempre STM-N.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
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PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Um equipamento ADM é constituído por 2 terminais de linha ópticos (agregados) e um


conjunto de tributários, conectados por uma matriz de comutação SDH, que executa operações
de inserção/derivação dos tributários sobre os agregados.
No ADM de acesso total, é possível a inserção/derivação de qualquer tipo de VC de
qualquer um dos dois agregados; caso contrário, temos um ADM de acesso parcial. Existe ainda
o ADM que permite a inserção/derivação apenas de HOVC (ADM tipo 1) e aquele que permite
também a retirada de LOVC (ADM tipo 2). O ADM tipo 1 pode ser entendido como uma
estação ferroviária, onde vagões são retirados e inseridos em composições, sem que se altere a
carga dentro dos vagões; no ADM tipo 2, parte da carga dos vagões podem ser
retiradas/inseridas.

Figura 4.13. Equipamentos SDH.

Um equipamento SDxC consiste num conjunto de matrizes de comutação SDH associadas a


um conjunto de tributários, de modo que sinais provenientes de um tributário podem ser
conduzidos a qualquer outro tributário diferente. Há dois tipos de SDxC que se distinguem em
relação ao nível dos tributários comutados.
O SDxC 4/4 permite apenas a comutação de HOVC entre os agregados e, portanto, é
implementado pela matriz HPC. Os SDxC que comutam LOVC são denominados SDxC 4/1
(comutação de VC-12), SDxC 4/3 (comutação de VC-3) e SDxC 4/3/1 (comutação de VC-12 e
V-3) e são implementados pela matriz LPC e HPC. A figura 4.13 ilustra estes 3 tipos de
equipamentos em uma configuração particular.

4.6.7. Topologias de rede


Os equipamentos SDH podem ser combinados para produzir diferentes topologias
elementares de rede, tais como: Enlaces ponto-a-ponto; Anéis de ADM’s; Cadeias de ADM’s e
Estrela. Os Enlaces ponto-a-ponto são constituídos por ligações directas entre 2 nós e podem ser
implementados por um LTM em cada extremidade do enlace. As Cadeias de ADM’s são
formadas por ADM’s nos nós intermediários e 2 LTM’s terminais.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
90
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Figura 4.14. Topologias elementares.

Figura 4.15. Fluxo de informações nos anéis.

Os Anéis de ADM’s podem ser representados como uma “cadeia fechada” formada por 3 ou
mais ADM’s. Existem 2 tipos de anéis: bidirecionais e unidirecionais. Nos anéis bidirecionais, a
informação pode trafegar nos 2 sentidos do anel (horário e anti-horário), enquanto que nos anéis
unidirecionais, apenas um sentido é permitido. Dependendo do número de fibras que interligam
os ADM’s, os anéis podem ser classificados em anéis a 2 fibras e anéis a 4 fibras.
Na topologia em Estrela, uma estação central (também chamado de hub) concentra e
distribui a demanda vinda ou originada das outras estações. Pode ser implementada por SDxC no
hub central e por LTM’s nas extremidades. A figura 4.14 mostra exemplos destas topologias
elementares. A figura 4.15 mostra como as informações flúem através de anéis bidirecionais e
unidirecionais.
4.6.8. Confiabilidade de rede
Na eventualidade de ocorrência de falhas, a rede deve assegurar níveis de confiabilidade
aceitáveis, sobretudo no que se refere aos grandes volumes de demanda. Tal comportamento é
alcançado pela redundância da topologia e/ou busca de conexões (ou caminhos) alternativas, ou
seja, tudo depende de uma criteriosa selecção dos equipamentos que integrarão a rede. As
topologias fornecem as conexões que devem assegurar uma maior confiabilidade da rede.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
91
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Diversos esquemas de protecção são combinados numa mesma rede SDH para torná-la mais
confiável. Descreveremos alguns deles, tais como:
• Anéis auto-regenedores (Self-Healing Rings);
• Redes baseadas em Cross-connect; e
• Proteção em Enlaces ponto-a-ponto e cadeias.
A proteção por Anéis auto-regeneradores é possível graças a dupla conectividade oferecida
pelo anel. Os ADM’s que compõem o anel possuem funcionalidades que permitem
reconfiguração automática na presença de falhas, em 2 processos conhecidos por Line Switching
e Path Switching.

Figura 4.16. Esquema de protecção em anéis (Line Switching).

No esquema de protecção Line Switching (comutação do enlace), geralmente utilizado em


anéis bidirecionais, quando ocorre uma falha num enlace óptico, o sinal STM-N é desviado por
um enlace alternativo. Essa falha é detectada pelos 2 ADM’s que interligam o enlace no qual
ocorreu a falha, daí o nome. Estes ADM’s é que serão responsáveis pela comutação da
informação pelo enlace alternativo, conforme podemos observar pela figura 4.16.
Já no esquema Path Switching (chaveamento do caminho), geralmente utilizado em anéis
unidirecionais a 2 fibras, os VC’s são duplicados e enviados por 2 caminhos alternativos,
conforme pode ser visto na figura 4.17. A falha em algum enlace do caminho utilizado é
detectado pelos ADM’s terminais deste caminho, que são responsáveis pelo chaveamento da
informação pelo caminho alternativo.
Os anéis podem ainda interligar-se entre si, aumentando a confiabilidade da rede. A
conexão de dois anéis dentro de uma mesma estação através de um ADM de cada anel não
garante a protecção contra falha no nó. A solução é duplicar esta conexão através da interligação
de dois ADM’s de uma estação a dois ADM’s da outra, uma configuração em Anéis
Biconectados.
Os equipamentos SDxC que compõem as redes baseadas em Cross-connects possuem alto
poder de comutação entre tributários, facilitando a busca de caminhos alternativos. Na
ocorrência de falha num determinado caminho, os SDxC’s são automaticamente reconfigurados,
comutando a informação por um caminho alternativo.
REDES ÓPTICAS URBANAS   
92
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Figura 4.17. Esquema de protecção em anéis (Path Switching).

Os esquemas de protecção em enlaces ponto-a-ponto e cadeias são geralmente realizados


pela duplicação dos componentes eletro-ópticos dos equipamentos e dos cabos de fibras ópticas.
Na duplicação de componentes eletro-ópticos, o sinal é duplicado na origem e enviado através de
pares de fibra óptica distintos. Uma cópia do sinal é enviada por um caminho e a outra é roteada
automaticamente por um caminho disjunto do realizado pelo primeiro par, conforme mostrado na
figura 4.18. Dois tipos de configuração são possíveis nesta estratégia: 1+1 e 1:N. Na
configuração 1+1, cada sistema de protecção é destinado a apenas um sistema de trabalho. Já na
configuração 1:N, N sistemas de trabalho compartilham um único sistema de protecção.

Figura 4.18. Protecção por caminhos disjuntos.

4.6.9. Camadas de rede


Uma estratégia eficiente de organizar uma rede de forma a suportar um crescimento cada
vez mais complexo e eficiente é dividi-la em camadas. Apresentaremos duas divisões possíveis,
a primeira baseada na taxa de transmissão dos enlaces, e a segunda baseada na funcionalidade
desempenhada por cada camada de rede (modelo funcional).
Divisão pela capacidade de transmissão dos enlaces
Pode-se pensar numa rede de rransporte em 2 níveis: uma de alta capacidade de transmissão
formada pelas estações mais importantes fortemente conectados (sub-rede backbone), outra de
baixa capacidade formado pelos nós menos importantes que se ligam ao backbone (figura 4.19).
A sub-rede backbone é minimamente formada pelos hubs, podendo incorporar outras estações

REDES ÓPTICAS URBANAS   
93
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

importantes.

Figura 4.19. Sub-redes backbone e de acesso ao backbone.

Modelo funcional e Camadas de Rede


A rede de transporte SDH pode ser considerada também a partir de uma concepção que
subdivide esta rede em camadas funcionais, onde cada camada realiza funções específicas e
transporta algum “conteúdo” específico de um ponto a outro. Nesta tese, propomos um modelo
composto por 4 camadas (figura 4.20):
• Camada de Circuitos;
• Camada de Vias subdividida em Baixa Ordem (VC-12 e VC-3) e Alta Ordem (VC-4);
• Camada de Enlaces (ou de Equipamentos);
• Camada Física (ou de Fibra Ópticas).

Figura 4.20. Camadas do modelo funcional.

A Camada de Circuitos traduz o tráfego dos serviços requeridos pelos usuários numa taxa de
bits equivalente. Esta taxa calculada para todos os enlaces da rede, fornece uma matriz de
demanda dos assinantes, que será utilizada como dado de entrada pelas outras camadas.
Os nós desta camada correspondem a estações, pontos de localização de centrais de
comutação telefónica e de acesso de usuários a outros serviços (dados, imagens, TV, etc), e os
arcos representam a necessidade de fornecer taxas de transmissão entre estes pontos para suporte
dos serviços.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
94
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

O tráfego gerado pela necessidade de comunicação entre os usuários é traduzido em


demandas entre as estações, cuja taxa de transmissão depende de cada serviço suportado:
• Circuitos de 64 Kbps da comutação telefónica, multiplexados em módulos de 2 Mbps;
• Linhas telefónicas privadas a 2 Mbps;
• Circuitos de TV a 34 Mbps;
• Dados PDH de 8 Mbps, 32 Mbps ou 140 Mbps;
• Células ATM de 58 bytes multiplexadas em módulos de 155 Mbps ou 622 Mbps.
Estes dados são apresentados na forma de matrizes de demanda entre as estações, uma para
cada tipo de serviço e/ou taxa de transmissão e repassados como dados de entrada para a camada
de vias.
Na Camada de Vias (ou Lógica), essas demandas são empacotadas em VC’s que, por sua
vez, serão roteados entre as estações. Esta camada é subdividida em 2 subcamadas, uma para os
VC’s de baixa ordem (VC-12, VC-3) e outra a de alta ordem (VC-4). Nesta camada são
definidos: (1) os números e tipos de VC’s entre as estações e (2) como os LOVC’s são mapeados
ou arrumados em HOVC’s. Esta última actividade é realizada por uma matriz de comutação
denominada LPC. A matriz de VC’s entre estações gerada por esta camada é repassada para a
Camada de Equipamentos.

PLANEAMENTO DA CAMADA DE CIRCUITOS


Elaborar previsão de demandas

2 Mbps, 8 Mbps, 34 Mbps, 140 Mbps

PLANEAMENTO DA CAMADA DE ENLACES


Rotear canais de 2 Mbps, 8 Mbps, 34 Mbps, 140 Mbps sobre STM-N

STM-N

PLANEAMENTO DA CAMADA DE VIAS


VC´s “Arrumar” canais de 2 Mbps, 8 Mbps, 34 Mbps, 140 Mbps em VC-12,
VC-3, VC-4 (LOVC).
“Arrumar” VC-12, VC-3, VC-4 nos STM-N (HOVC)

PLANEAMENTO DA CAMADA DE MEIOS FÍSICOS


Rotear STM-N sobre fibras ópticas

Fibras Ópticas

Figura 4.21. Fluxo de informações no Modelo em Camadas.

Na Camada de Enlaces (ou Equipamentos), os VC’s são multiplexados em STM-N,


definindo-se as taxas de transmissão do conjunto de equipamentos que serão instalados, como
estes equipamentos são combinados em topologias elementares para formar a topologia de rede,
e por quais equipamentos as demandas em VC serão roteados.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
95
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

A Camada Física trata da ligação entre as estações através de cabos de fibra óptica. Interessa
nesta camada a necessidade de regeneradores de sinais em alguns pontos. A necessidade de
transportar vários sinais ópticos em vários comprimentos de ondas dentro de um mesmo par de
fibras (WDM – Wavelenght Division Multiplexing). O diagrama da figura 4.21 mostra o fluxo
de informações entre as várias camadas do Modelo Funcional proposto.
4.6.10. Metodologias de planeamento
A subdivisão da rede de transporte SDH em camadas funcionais apresentada anteriormente
sugere que o planeamento também seja dividida em fases, embora a sequência de etapas
realizadas no planeamento não tenha que necessariamente coincidir com a sequência das
camadas do Modelo Funcional, como veremos adiante.
Na Metodologia a usar, o planeamento da Camada de Vias precede o da Camada de Enlaces,
ou seja, inicialmente “arrumaremos” os circuitos em VC-4 e posteriormente dimensionaremos os
equipamentos a partir destes VC-4. Finalmente, procedemos ao planeamento da Camada de
Meios Físicos.
4.7. Projecto de rede de fibra óptica em caxito.
4.7.1. Visão geral do estudo
Tendo em conta o desenvolvimento da rede estruturada de fibras óptica que esta a ser
desenvolvida em Angola, desenvolvemos um estudo, para o estabelecimento de uma rede de
fibra óptica para a cidade de Caxito, distribuída em quatro grandes centros habitacionais,
ocupando uma área de 6528 km . A cidade de Caxito possui pouco mais de 90 mil habitantes e
encontra-se situada no município do Dande.
Para o trabalho em causa será usada uma extensão de 30 km de fibra óptica que cobrirá o
anel a ser dimensionado. Este anel terá três nós que estarão localizados no Governo da Província
do Bengo, na Angola Telecom e no Condomínio Palmeiras. Com esta rede poder-se-á dar
cobertura as insituições como Governo da província, Administração municipal, bancos,
hospitais, etc.
O Nó SDH no Governo da Província do Bengo (Nó SDH A) dista 7,85 km do Nó SDH na
Angola Telecom (Nó SDH B); o nó SDH na Angola Telecom dista 8  km do nó SDH no
Condomínio Palmeiras (Nó SDH C); e este por sua vez dista 15 km do nó SDH no Governo da
Província do Bengo (Nó SDH A), figura 4.22.
Neste momento o sistema comporta uma rede com capacidade de 500 linhas, possuindo
apenas 160 assinantes, tendo uma capacidade de 200 linhas para a rede primária. A tecnologia
de transmissão é por microondas. Existe o serviço de telefonia sem fio com um total de 2500
linhas. Os serviços associados a tecnologia ADSL com uma largura de banda de 1  MHz, que
comportam 512 linhas não estão ainda comercializadas, a velocidade de Internet é de 153 Kbps,
está em implementação uma rede de cobre que permitira um maior número de acesso.
Constatamos um crescimento muito pequeno na utilização da rede fixa comparativamente a rede
de telefonia móvel. Concorre para este facto a quase inexistente oferta de outros serviços com

REDES ÓPTICAS URBANAS   
96
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

qualidade e preços baixos, por isso a integração dos serviços, o melhoramento da qualidade de
serviço a prestar e uma política de preços adequada em função dos rendimentos da população
poderão ser elementos catalisadores de adesão de um maior número de assinantes a rede de
telefonia fixa.
Pensamos que uma maior divulgação dos benefícios da rede e dos serviços e capacidade da
rede poderão servir como outro elemento de atracção de novos clientes. Será necessário a
implantação da rede as instituições de utilidade pública bem como a implantação de cabinas
públicas e formas expeditas de pagamento, o acesso a Internet deverá ser encarado como uma
forma de adesão aos serviços de telefonia fixa dado aos diversos serviços disponíveis.

Figura 4.22. Estrutura de rede óptica sob SDH em Caxito.

Para o trabalho usaremos fibras do tipo monomodo tendo em conta a obtenção de taxas de
transmissão cada vez mais altas. Propomos a comutação electrónica digital síncrona via SDH,
usando como fonte luz um laser. Para atendimento a demandas futuras o sistema deverá suportar
transmissão do sinal será usada com multiplexação por comprimento de onda WDM, oferecendo
serviços como: e-mail, vídeo de alta resolução, multimédia, TV e voz sobre tecnologia IP –
Internet Protocol. Actualmente as transmissões de dados utilizam meios de transportes sobre
circuitos de voz, o que se verifica como tendência é que a voz seja transportada sobre redes de
dados SDH, sobre camada óptica.
A rede proposta será em anel bidireccional a duas fibras, sendo um para a transmissão e
outra para a protecção do sinal, com uma taxa de transmissão de até 622  Mbps, capacidade
comparável a mais de 6000 conversações simultâneas. Um projecto de enlace óptico é
basicamente entendido como a selecção de três elementos básicos (transmissor, receptor, cabo

REDES ÓPTICAS URBANAS   
97
P
PRINCÍPIOS DE
E CONSTRUÇÃO DE REDES Ó
ÓPTICAS URBA
ANAS   

ópticco).
O objectivoo do planeam
mento é garrantir a info
ormação a uma
u dada diistância, a uma
u taxa dee
transsmissão especifíca e obbedecendo a critérios de
d qualidade (probabiliidade de errro de bit) e de
confi
fiabilidade (disponibili
( dade do siistema). É importante enfatizar que a metod dologia de
projeecto é basicaamente a mesma
m paraa enlaces de
d curto ouu longa distaancia dedicaamo-nos a
comuunicação diggital por serr a mais com
mum em traansmissão óptica.
ó
4
4.7.2. Dim
mensionam
mento dos enlaces e dos nóss da rede
U
Utilizaremo
os o sistemaa de grafos da
d rede prop
posta para Caxito:
C

Figuura 4.23. Locaalização geogrráfica das estaações ou nós dda rede.

Planeamen
P nto da camaada de enlaaces
N Camadaa de Enlacees, os VC-44 são multiiplexados em
Na e móduloss de transpo orte síncronnos
denoominados ST TM-N. Estee contém umu cabeçalh ho denominnado SOH ((Section Ov verHead) com
inforrmações addicionais paara gerir oss enlaces dad rede. Neesta camadaa definimos as taxas de
transsmissão do conjunto de
d equipameentos que serãos instalados, comoo estes equiipamentos são s
combbinados parra formar a topologia de rede, e por quais equipament
e os as demaandam em VC V
serãoo roteados.
O dados dee entrada quue serão usaados no plaaneamento da
Os d camada dde enlaces sãos as relaçõões
entree estações e a matriz de
d demandaa entre cadaa par de estaações em terrmos de sisttemas de
2 Mb
bps.
T
Tabela 4.4. Matriz de demanda
d mero de canaais de 2 Mbp
daada em núm ps
Estaçãão B Estação C
Estação A 100
0 100
Estação B ‐ 100

A partir da matriz de entrada podeemos calcullar a demandda total de ccada estação e a demannda
total da rede:
D
Demanda t
total de cad
da estação:
• Estação A = 200 cirrcuitos de 2 Mbps
2
• Estação B = 200 cirrcuitos de
• Estação C = 200 ciircuitos de
Demanda total
D t de: 300 circuitos de 2 Mbps
da red 2
O fluxo máxximo com possibilidad
p de de ser esccoado por cada rota da rede é:
B: 200 circuuitos de 2 Mbps;
• Rota AB M uso dee STM-4

R AS URBANAS 
REDES ÓPTICA  
98
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

• Rota AC: 200 circuitos de 2 Mbps; uso de STM-4


• Rota BC: 200 circuitos de 2 Mbps; uso de STM-4
Cada canal de 2 Mbps é “arrumado” em VC-12. Com isso tem-se 200 VC-12 em cada rota. 
Planeamento da camada de vias
O Planeamento da Camada de Vias tem por objectivo definir os VC-4 pelos quais as
demandas serão escoadas. Para isso, serão utilizados os resultados obtidos no Planeamento da
Camada de Enlaces, ou seja, uma solução de rede que contém as topologias seleccionadas e suas
respectivas taxas de transmissão (módulos STM-N).
Os arcos seleccionados possuem uma capacidade total (CAPTij) que depende da sua taxa de
transmissão, e uma folga total (FLGTij) que expressa a diferença entre a sua capacidade total e a
demanda prevista para cada rota.
A partir de CAPTij, podemos calcular o número de VC-4 disponíveis no enlace entre i e j
(VCij) sabendo que em um VC-4 cabem 63 VC-12:
(4.9)
A metodologia aqui proposta é baseada em regras criteriosas que buscam alocar toda a
demanda de canais E1 dentro dos VC-4 disponíveis nos arcos, objectivando minimizar as
actividades de transconexão ou cross-connection (troca de posição de tributários entre diferentes
agregados), actividades que necessitam de matrizes de comutação 4/1 ou matrizes LPC
(comutação de VC-12 ou de baixa ordem) para serem realizadas. Visando atingir tais objectivos,
esta metodologia propõe a criação de dois tipos de VC-4: directos e mistos.
O container VC-4 directo transporta demandas de uma mesma origem para um mesmo
destino e não é submetido a actividades de comutação 4/1 em pontos intermediários, sendo
montado e desmontado somente nas estações geradoras da demanda. Isto significa que as
demandas alocadas neste tipo de VC, terão apenas uma etiqueta POH ao longo de seu trajecto na
rede.
O container VC-4 misto transporta demandas de diferentes origens para diferentes destinos e
realiza comutação 4/1 em algum ponto intermediário. Portanto, essas demandas terão mais de
uma etiqueta POH ao longo de seu trajecto. Porém, se os VC-4 misto transportarem demandas
inter-relacionadas (demandas que possuem estações de origem/destino em comum), estas
actividades de comutação serão minimizadas.
A alocação para cada arco será:
CAPTij = 252 canais E1    4
FLGTij = 52 canais E1
Cada rota possui 200 canais E1, o que significa que três VC-4 estarão mapeados com 63
E1´s e um VC-4 estará mapeado com 11 E1´s. Na rede teremos um total de doze VC-4, quatro
em cada rota.

REDES ÓPTICAS URBANAS   
99
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Planeamento da camada de meios físicos 


Para o efeito de funcionamento de um sistema de transmissão em fibra óptica, é necessario
que o enlace óptico não atenue, nem distorça o sinal óptico, além do permitido (de acordo com a
potência transmitida e a sensibilidade do receptor), a fim de não se atingir a máxima taxa de erro
permitida para o enlace óptico, (BER – Bit Error Rate), que é da ordem de 10-10, ou seja, um bit
recebido com erro para cada 10 bilhões de bits transmitidos.
Os requisitos fundamentais na análise de qualquer sistema digital por fibra óptica são:
• Distância pretendida (ou possível)
• Taxa ou capacidade de transmissão
• Taxa de erros
Para preencher estes requisitos o projectista dispõe da escolha dos seguintes componentes (e
respectivas características associadas):
1. Fibra óptica
• Multimodo ou monomodo
• Largura de banda ou dispersão
• Atenuação
• Comprimento de onda
• Dispersão cromática
• Abertura numérica
2. Transmissor óptico
• Emissor óptico LED ou laser
• Potência óptica
• Comprimento de onda de operação
• Largura espectral da fonte
• Perdas de acoplamento com a fibra
• Taxa de transmissão suportada pelo transmissor óptico
3. Receptor óptico
• Fotodiodo PIN ou de avalanche (APD)
• Comprimento de onda de operação
• Taxa de recepção suportada pelo receptor
• Sensibilidade
Metodologia do projecto 
Duas análises são normalmente efectuadas para assegurar que o desempenho pretendido do
sistema é alcançado:
• Balanço de potência óptica. Através do balanço de potência óptica do sistema
determina-se qual o alcance do sistema (how far), tendo em consideração as perdas presentes na
ligação.
• Balanço do tempo de subida ou dispersão. A obtenção de um balanço de potência
óptica satisfatória não é condição suficiente para garantir o correcto funcionamento da ligação. É

REDES ÓPTICAS URBANAS   
100
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

necessário uma análise complementar do tempo de subida ou dispersão para verificar se o débito
pretendido (how fast) é suportado pelos componentes seleccionados.
Solução
Requisitos do sistema
• Distância máxima: D 20 km
• Taxa de transmissão: 622 Mbps 
• Taxa de erro: 10
Escolha dos componentes
1. Transmissor óptico com laser DFB
• Comprimento de onda de operação: λ 1550 nm
• Potência óptica acoplada à fibra: PT   5 dBm.
• Largura espectral do emissor: Δλ 0,001 nm 
• Penalidades: 3 dB
2. Fibra óptica
• Fibra monomodo de dispersão deslocada e não nula, NZ-DSF (G.655)
• Atenuação máxima da fibra: α 0,35 dB. km
• Dispersão cromática na banda C :  2,6 –  6,0 ps. nm . km    
• Dispersão cromática a 1550 nm: D 4 ps. nm . km
3. Receptor óptico com fotodiodo PIN
• Penalidades: 3 dB
• Largura de banda óptica do receptor: W 2,5 GHz
4. Conectores e emendas
• Perda de inserção: 0,7 dB
• Atenuação nas emendas: 0,3 dB
• Atenuação média nas emenda e conectores: α 0,5 dB 
5. Cabo óptico
• Loose de 2 fibras
No cálculo do balanço de potência, e no subsequente cálculo de dispersão assume-se a
aproximação designada por pior caso. Nesta aproximação, apenas são considerados os piores
valores para os diversos parâmetros dos componentes envolvidos numa ligação por fibra óptica.
Esta aproximação penaliza a distância de transmissão do sistema, mas garante a 100%, durante o
tempo de vida útil do sistema, que os valores da atenuação e da dispersão são inferiores aos
valores calculados para a ligação (e que constituem a especificação do sistema).
Balanço de potência
A camada física deve ser projectada de tal maneira a levar em conta uma série de
degradações, que resultam em penalidades de potência ao sistema. Será necessário que façamos
um estudo da distribuição das potências em um enlace óptico. Estes parâmetros são
características específicas dos componentes ópticos e electro-ópticos utilizados no enlace óptico.
As penalidades podem ser envelhecimento dos componentes, gorjeio do laser, absorção pela
REDES ÓPTICAS URBANAS   
101
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

fibra óptica, etc. Estas penalidades todas, além das emendas extras a serem introduzidas na fibra
por acidentes serão consideradas na Margem de Segurança.
PTx (dB)
Potência Óptica de Transmissão
(Potência óptica acoplada à fibra)

MDP (dB)
Margem Disponível para o Projecto
MDP PT PR MTD MS
MDP Atenuações
MTD (dB)
Margem Total Disponível
MTD PT S

PRx (dB)
Potência Óptica de Recepção
(Potência óptica acoplada ao detector
óptico) MS (dB)
Margem de Segurança
(Envelhecimento + penalidades + previsões
das emendas)
MS PR S
S0 (dB)
Sensibilidade Óptica de Recepção
(Menor potência de recepção)
Figura 4.24. Distribuição de potência num enlace óptico.

A distribuição de potência em um enlace óptico está representada na figura 4.24. O raciocínio


apresentado aqui para a distribuição de potência em um enlace óptico pode ser aplicado a
qualquer sistema de transmissão.
• Dimensionamento do enlace óptico
Para dimensionar o enlace óptico, necessitamos definir três dos parâmetros estabelecidos no
diagrama de distribuição de potência:
• Potência óptica acoplada à fibra – PTx
• Margem de Segurança – MS
• Sensibilidade óptica de recepção – S0
• Potência óptica de recepção – PRx
Estes parâmetros são definidos pelo projectista em função das características do projecto. O
sistema que está sendo projectado não é um sistema de longa distância, que necessitará de ponto
ou pontos de regeneração do sinal trafegado. Com o objectivo de garantir que estes pontos não
serão realmente necessários devemos fazer com que os pontos extremos estejam afastados dentro
da máxima distância possível.
A potência de saída de um laser varia de 1 mW a 10 mW. Podemos assumir uma potência
de emissão a meio desta faixa: 5 mW. A deteminação da potência óptica média acoplada à fibra
depende do tipo de codificação em banda base. Assim, para o caso geral teremos um sinal do
tipo ON-OFF NRZ (com igual probabilidades de 1 e 0) e a potência óptica média é dada por:

REDES ÓPTICAS URBANAS   
102
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

(4.10)
Como  , então:
(4.11)
 
2,5  4 
A Margem de Segurança deve prever o envelhecimento dos componentes utilizados nos
enlaces ópticos, as penalidades e a atenuação que poderá ser introduzida por emendas extras.
Desta forma estaremos definindo uma margem de 6  dB para o envelhecimento do laser e do
detector óptico (3 dB para cada um), 2 dB para as emendas extras e 2 dB para as penalidades,
totalizando 10 dB para a Margem de Segurança.
A sensibilidade do receptor que é a potência média que deve receber-se para obter a BER
para taxa de transmissão binária especificada. Num sistema que emprega sinais NRZ, supondo
que a transmissão de 1s e 0s são equiprováveis e que não se transmite potência óptica para se
transmitir um 0, a potência média no receptor é:
, , ,
(4.12)
As componentes do ruido do sistema, ao transmitir um 1 são devidas ao ruido térmico e
shot, ao passo que ao transmitir um 0 só se considera o ruido térmico já que ao receber um 0 o
fotodiodo não produz corrente. Logo:
, ,

, (4.13)
O BER está relacionada com um factor Q pela expressão:

(4.14)
√ √ √
O factor Q se define como:
(4.15)
onde I1 é a corrente média gerada pelo fotodetector quando recebe um 1 e I0 é a corrente média
do fotodetector quando recebe um 0; σ1 e σ0 são as varianças do ruido na presença de um bit 1 e
0 respectivamente.
Primeiro é determinado o valor ideal de Q que é necessário para uma determinada BER. A
partir da expressão (4.14), para BER 10 , teremos:

10 6,365

A corrente gerada pelo fotodiodo PIN será , . Então:

(4.16)
Incorporando as expressões (4.13) na expressão (4.16) obtém-se:
(4.17)
, , ,

REDES ÓPTICAS URBANAS   
103
PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Sabe-se que σth,0 = σth,1 = σth, e substituindo a expressão (2.48) na expressáo (4.17) e isolando
Prx obtém-se:

  , com .

Prx representa a mínima potência que se deve ter no receptor para que se alcance uma BER de
10 como especificado, ou seja, esta deve ser a sensibilidade do receptor, S0.
   (4.18)
Levando-se em conta as penalidades para os componentes prevista na margem de segurança, a
potência de recepção, PRx, deve ser:
(4.19)
Para valores típicos teremos F  3 dB   1,995; R L 500 Ω; W    0,75D    0,75
622 MHz 466,5 MHz ;    0,9 e T   300 K. A variança do ruído térmico será:
,
466,5 10 1,995 1,756 10  

e a sensibilidade será:
,
1,756 10 1,602 10 6,635 466,5 10
,
4,968 10 W
S 4,968 μW 23 dBm
A potência óptica de recepção (de acordo com a expressão 4.19) será PR 13 dBm.
Os valores aqui definidos não podem ser considerados padrões, pois poderão depender das
características do enlace a ser projectado. Assim ficaram definidos os parâmetros:
• PT 4 dBm  
• PR 13 dBm
• S 23 dBm
• MS   10 dB 
A Margem Disponível para o Projecto (de acordo com a figura 4.25) é dada por:
        ∑ çõ                                                                 (4.20)
MDP 4 dBm 13  dBm 17 dB                                                              
Podemos dimensionar cada um dos enlaces ópticos usando ou não amplificação óptica. É
claro que na condição de se usar a amplificação óptica teremos um alcance maior para cada um
dos enlaces e por consequência um menor número de pontos repetição regenerativa. Assim
podemos dimensionar o enlace óptico considerando o uso ou não dos amplificadores ópticos.
A Margem Disponível para o Projecto – MDP – representa na verdade a máxima atenuação
no enlace óptico. Assim para se conseguir a máxima distância entre dois pontos de regeneração
iremos, a princípio utilizar toda esta margem disponível.
Supondo que a distância máxima seja definida por Dmax, a atenuação total do
enlace óptico, AT, é dada por:
1 (4.21)

REDES ÓPTICAS URBANAS   
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PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

Nesta expressão, Lm representa a distância de cada troço de fibra, ou seja a distância entre
duas emendas consecutivas. Vamos assumir que as bobinas de cabos ópticos são fornecidas com
2 Km de fibra. Tomaremos como atenuação média nas emendas a média aritmética das
atenuações nos conectores e nas emendas, que no caso será 0,5  dB. Com estes parâmetros
substituídos na expressão (4.14) obtemos:
D
MDP 0,35D 1 0,5 17
D 29,17 km
Esta distância pode ser aumentada se os cabos de fibras de fibra possuirem comprimento
maior que 2  km.  Aumentando o comprimento das bobinas de cabos estremos diminuindo o
número de emendas no enlace e como consequência, diminuimos a atenuação. Por exemplo, para
cabos de fibra com 4 km de comprimento a distância se estenderia para 36,84 km.
Para o nosso projecto, a distância máxima é de 16 Km pelo que, com o resultado obtido, não
serão necessários regeneradores nem amplificadores ao longo dos enlaces. Realçar que na prática
as estações multiplexers já incorporam funções de amplificação.
Pode-se associar a relação sinal/ruido (SNR) com a correspondente BER através da
expressão (4.22):

; com (4.22)

Onde Wo é a largura de banda óptica do receptor e We é a largura de banda eléctrica do
receptor.
Passando Q para decibéis resulta Q 20logQ 20 log6,365 16 dB. Em seguida,
B
adiciona-se as penalidades (margem de segurança) de potência devido a cada degradação.
Q, B Q B MS 16 dB 10 dB 26 dB, ou Q 19,95.
Isolando o SNR na expressão (4.22), tem-se:

(4.23)
Com o valor da expressão (4.23), pode-se ter uma estimativa de quanto é a relação
sinal/ruido que um determinado sinal deve produzir no receptor para proverdeterminada BER.
Considerando os valores típicos W 466,5 MHz; W 2,5GHz; tem-se:
,
, , ,
,
82,885
,
10 10 82,885 19,185 

Balanço do tempo de subida (ou de dispersão)


Para assegurar o correcto funcionamento do sistema é também necessária uma análise da
dispersão total do sistema, que no caso dos sistemas digitais é equivalente a uma análise do
tempo de subida ao longo da ligação.
O tempo de subida do sistema é dado pela expressão:

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PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES ÓPTICAS URBANAS   

∑ (4.24)

onde:
tTO → tempo de subida do transmissor óptico
tRO → tempo de subida do receptor óptico
tf → tempo de subida da fibra devido a dispersão material

Tempo de subida do transmissor e do receptor óptico


Uma regra empírica relacionando o tempo de subida quer do transmissor quer do receptor
com as suas larguras de banda é dada pela expressão:
,
(4.25)
onde W é a largura de banda óptica do transmissor e do receptor. O tempo de subida poderia
ainda ser determinado experimentalmente, considerando pulsos quadrados na entrada,
determinando-se o tempo de subida correspondente ao intervalo de tempo que o sistema demora
entre 10% e 90% da amplitude do impulso (diferença entre o valor mínimo e máximo do
impulso).
Tempo de subida da fibra devido a dispersão material
O tempo de subida associado á dispersão material é dado pela expressão:
(4.26)
Onde, Δλs é a largura espectral da fonte; Dλ é o parâmetro da dispersão material da fibra; L é
o comprimento do enlace.
Associando às expressões (4.24), (4.25) e (4.26) as características do sistema obtemos:
,
2 (4.27)
,
t 2 0,001 4 10 20
,

t 39,2 10  s
t 198 10  s 198 ps
O débito binário ou taxa de transmissão suportado pelo sistema é da do por:
  [bps] (4.28)
Numericamente, para os parâmetros do sistema, temos:
D 5,05 10  bps 5,05 Gbps
Conclui-se, pois que com os parâmetros dos componentes sugeridos o sistema poderá
suportar uma expansão futura para uma taxa de transmissão de até 2,5  Gbps. Em cada enlace
óptico o BER é de 10 .

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