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Secção de Basquetebol
Construção do Ataque
Luís Araújo
Abril de 2010
Construção do Ataque – Luís Araújo
Introdução
Fundamentação
Chegámos à construção de uma proposta de ataque considerando as dificuldades que as equipas de
formação apresentam quando são retirados aos jogadores espaços no ataque, sendo esta situação
provocada pela colocação de um jogador interior do lado da bola. Efectivamente os jogadores
exteriores do lado da bola perdem iniciativa de forma clara e constante.
Numa etapa de formação dos jogadores em basquetebol a iniciativa é um elemento fundamental de
forma a proporcionar experiências a todos os jogadores e estimular a criatividade.
Propomos uma simples alteração na estrutura 2-2-1, passando o jogador interior do lado da bola para
o lado contrário criando espaço do lado da bola.
Além da vantagem apresentada que se prende com a criação de espaço podemos indicar ainda as
seguintes:
mudança de mentalidade: agressividade e liberdade a atacar o cesto; espaço e liberdade; ou
apenas por ser diferente;
sendo que no basquetebol em 75% dos lançamentos falhados o ressalto cai do lado oposto
desta forma colocamo-nos em situação vantajosa para o ressalto ofensivo.
É para nós muito importante a correspondência entre o ensino no treino e a sua aplicação no jogo e
assim tentámos a partir da construção desta estrutura conseguir um ligação entre o processo de
treino e a correspondência com o jogo 5x5.
Mais do que uma jogada ou estar a construir um movimento pretendemos revelar a partir desta
estrutura uma filosofia, a nossa forma de ensinar o jogo. As nossas palavras-chave desde o 1º dia são:
liberdade, iniciativa, ritmo, intensidade, leituras, agressividade.
Conseguimos, em progressão, ensinar conceitos de 2x2 do lado da bola:
passar e cortar;
penetrar e assistir;
aclaramento;
passar e bloquear;
passar e ir à mão;
Para posteriormente conseguirmos uma ligação ao lado fraco (lado de 3) e apresentar e praticar os
conceitos de 3x3:
bloqueios indirectos (verticais, horizontais e cegos);
bloqueios directos e continuação (pick´roll, pick´pop, high-low…);
triangulação.
Estrutura inicial
Possibilidade de estruturar o trabalho em 2x2 lado da bola e 3x3 lado contrário (Fig.2):
Nota: Quando iniciámos a introdução de todas estas ideias no ataque da equipa o posicionamento
do extremo do lado da bola era no prolongamento da linha de lançamento livre. Após esta etapa
inicial e por influência do estudo do Ataque Drible Drive Motion (DDM) experimentámos a colocação
do extremo no canto logo à chegada. Esta opção revelou simultaneamente vantagens e
desvantagens.
Vantagens:
a) O espaço para o jogador com bola jogar 1x1 é muito maior, aumentado o espaço que o
defensor da ajuda tem de percorrer;
b) O trabalho de recepção (agora em linha recta) parece-nos mais agressivo – “querer receber”;
c) O defensor do extremo para impedir a recepção tem de cortar efectivamente a linha de passe
o que proporciona o corte nas costas com mais frequência e mais importante com um ângulo
de passe muito melhor;
d) Na sequência, o extremo não recebendo e não havendo passe para o corte nas costas,
entramos directamente em “aclaramento” (bloqueio indirecto ao interior no lado contrário).
Desvantagens:
a) A entrada em ataque de posição revelou-se mais lenta;
b) Como o espaço livre é maior, o jogador com bola penetra muito mais vezes, proporcionando
situações de conflitos por “individualismo”.
Princípios fundamentais
2. Corredores laterais
Ser ofensivo à chegada implica que o jogador com bola (base) tenha iniciativa (Fig.4). Pretendemos
utilizar o espaço livre no poste baixo do lado da bola para criar uma vantagem. Obrigamos
sistematicamente o adversário a entrar em ajudas. A partir da penetração obrigamos os nossos
restantes jogadores a reagir às penetrações.
O base passa e corta. A posição de base é reposta pelo interior do lado contrário (Fig.5).
Usamos um bloqueio vertical para mudar o lado de jogo (Fig.6) e após o passe temos 2 opções:
a) Passador faz bloqueio directo (Fig.7);
b) Passador faz bloqueio indirecto ao extremo do lado de 2;
Chamar a atenção para a colocação dos extremos (fig.7) temos como objectivo ocupar a maior
largura de espaço possível, libertando lançadores nos cantos.
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
3. Aclaramento
Quando são negadas as linhas de passe, o base dribla para a posição de extremo e o extremo vai
bloquear o jogador interior do lado contrário.
Privilegiamos a saída do jogador para cima da linha de lance livre libertando o espaço para a
penetração pela linha final (Fig.11).
Figura 11
A continuação do movimento e ligação ao lado contrário é feita, tal como nas outras soluções, com
um bloqueio vertical e mantendo as continuações de triângulo do lado 3 e bloqueio indirecto do lado
2 (Fig.12).
Figura 12
4. Passe ao lado de 3
Quando nos negam a linha de passe no lado de 2 (à chegada ao ataque) optamos por uma mudança
do lado de jogo para o lado de 3. Aquando da mudança temos como soluções:
a) Bloqueio indirecto – exterior vai libertar e interior e jogamos 2x2
b) Bloqueio indirecto “cego”
c) Na mudança do lado de jogo criamos outro bloqueio indirecto do lado de 2. Assim
simultaneamente criamos 2 linhas de passe
As situações criadas nesta mudança privilegiaram quase sempre situações de 2x2 entre extremo e
interior. No lado contrário trabalhávamos sem bola, reagindo ao passe interior.
Figura 16
Figura 17
Figura 18
I. Princípios
Saída em Drible:
Em primeiro lugar é para nós um elemento fundamental no ensino do jogo a conjugação entre
“iniciativa” e “desenvolvimento da capacidade” e escolhemos a saída em drible como forma de passar
essa mensagem. Após recuperação de bola – roubo de bola ou ressalto defensivo – o jogador com
bola quando não tem oposição deve sair em drible.
Os nossos primeiros exercícios são então baseados em situações de ressalto defensivo e saída em
drible (1x0), olhando a:
rodar sobre pé exterior;
levantar a cabeça e olhar procurando um passe longo;
sair em drible, utilizando soluções de arranque directo ou cruzado, um drible de saída longo,
ganhando espaço;
e por fim atravessar o campo no mínimo de dribles possível.
Utilizar sempre exercícios com transições (1, 2 ou 3) nunca realizando exercícios apenas em meio-
campo;
Este princípio acreditamos ter sido a principal razão do sucesso e da qualidade do jogo da equipa.
Residindo no facto de no treino todos os exercícios implicarem transições, transições ofensivas,
transições defensivas, ataque em superioridade e defesa em inferioridade. Aumentamos a velocidade
de reacção aos ganhos e perda de bola. Esta dinâmica esteve presente na construção de todos os
exercícios.
Contextualizar os exercícios
Construir os exercícios de técnica individual contextualizados nos movimento ofensivos
Figura 19
i. passar e cortar
Figura 24 Figura 25
Figura 26
Dinâmica semelhante aos anteriores, utilizávamos base, extremo e interior lado contrário.
f) 4x0 – 2x2
Execução de parciais do ataque, normalmente recorrendo a estas opções quando pretendíamos
introduzir uma mudança do lado de jogo, procurando triangulações do lado de 3 ou a continuação
do “pick´roll”.
g) 5x0 – 3x2
Execução dos movimentos ofensivos na totalidade, obrigando sempre a uma mudança do lado de
jogo e/ou que todos os jogadores tocassem na bola e após o lançamento, o lançador e último
passador transformavam-se em defensores dos restantes 3 colegas que seriam atacantes.