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Trek Wars – Roberto Kiss  1  www.scriptonauta.com.

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Categoria: Jornada nas Estrelas. 
Conto: TREK WARS " Crossover "  baseado em Jornada nas Estrelas e Guerra nas Estrelas. 
Autor: Roberto Kiss. 
E­mail: roberto.kiss@uol.com.br 

TREK WARS 

Roberto  Kiss  nos  brinda  com  um  excelente  "Crossover",  que  gira  em  torno  de  dois  universos 
ficcionais  de  grande  sucesso, Jornada nas Estrelas ­ "Star Trek" e Guerra nas Estrelas ­ "Star 
Wars".  Ele  mescla  com  genialidade  os  personagens  destas  duas  sagas,  utilizando  para  isso  seu 
toque  pessoal.  Nesta  aventura  o  personagem  que  chama  mais  atenção  é  Jevlack,  que 
posteriormente  participa  de  outras  aventuras  do  mesmo  autor,  além  de  fascinante  ele  incorpora 
todas as qualidades de um líder carismático. 

Em um dia comum para a Frota Estelar, onde algumas das naves estão sendo usadas para o 
treinamento  de  Cadetes  e  Oficiais  recém  engajados,  algo  fora  do  comum  acontece  além  do 
Sistema  Solar.  Uma  estranha  anomalia  espacial  surge  sem  explicação  e  desaparece  trazendo  o 
presságio  do  perigo  e  da  ameaça  do  "Lado  Negro".  Estes  fatos  desencadeiam  uma  corrente  de 
acontecimentos  inesperados  que  são  mais  do  que  a  Capitã  Lisa  Donner  e  o  impetuoso  Jevlack 
esperavam em suas rotinas de comando. 

Enfim Trek Wars, é um exemplo de qualidade, fluidez, senso de humor e belíssimas imagens, 
algumas  criadas  pelo  autor  e  outras  por  seus  colaboradores.  Leia  sobre  os  agradecimentos  e 
colaboradores  nos  itens:  "Copyright "  e  Nota  Final  do  Autor.  Para  acompanhar  esta  obra, 
sugerimos que antes você leia o prefácio e a lista de personagens. 

Prefácio 

Algum tempo atrás, diga­se anos, havia uma inimizade forte entre fãs de Star Trek e Star Wars. 
Muitos comparavam os dois universos, tentando puxar o status de melhor para o seu lado. 

Bom,  gosto  dos  dois  mundos,  mas  uma  coisa  que  ambos  os  lados  devem  entender  é  o 
seguinte:  ELAS  NÃO  PODEM  SER  COMPARADAS  NO  AMBITO  DE  MELHOR  OU  PIOR!  Star 
Trek  tem  como  tema  base  a  exploração  do  espaço  pela  raça  humana,  Star  Wars  mostra  uma 
grande aventura, batalha, no espaço. George Lucas já disse no começo "Há muito tempo atras em 
uma  galáxia  muito,  muito  distante..."  Isso,  por  si  só  devia  coibir  as  comparações  depreciativas 
deste tipo. 

Já  faz  um  bom  tempo  que  não  vejo  nada  ligado  as  comparações  do  passado,  os  fãs de Star 
Wars,  inclusive,  parece  que  tem  um  universo  mais  coerente  com  as  limitações  tecnológicas 
impostas por George Lucas, do que os Trekkers, com algumas besteiras da Paramount, por isso, 
tomei coragem para finalmente mostrar este texto que fiz há um bom tempo, logo depois de a Fúria 
de Khan, em que comparo as tecnologias, não as trilogias, entre os dois universos, para mostrar, 
para  o  lado  Star  Wars,  como  funcionam  as  naves  da  federação,  porque são solitárias, e do lado 
Star Trek, porque existem certas coisas "estranhas", como geradores de escudos do lado de fora 
das naves ou como a estrela do morte poderia se movimentar pelo espaço sem motores visíveis. 

IMPORTANTE:  Para  ambos  os  universos,  todas  as  comparações  são  NÃO  CANÔNICAS, 
qualquer  respaldo  nas  comunidades  correspondentes  será  pura  coincidência.  O  texto  objetiva 
permitir uma fusão entre os dois mundos, especialmente porque escrevi uma aventura pessoal em 
que  duas  naves  da  Federação  acabavam  parando  no  universo  e  tempo  em  que  ocorreram  as 
aventuras de Star Wars. Como ambos os lados iriam me crucificar, deixei isso arquivado no meu
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velho XT até que, quando decidi dá­lo de presente aos meus sobrinhos dei um save nos dados que 
me interessavam. O texto a seguir é o prefácio da historia. 

O  Objetivo  deste  não  é  comparar  as  Trilogias  Star  Trek  e  Star  Wars,  mas  sim  permitir  um 
crossover entre eles. 

Primeiro  coisa:  Os  fãs  de  Star  Wars  que  me  perdoem,  mas em termos puramente técnicos, 
deixando  o  romantismo  e  aventura  de  lado,  a  tecnologia  apresentada  em  Star  Trek  é  superior  a 
mostrada  em  todos  os  filmes  de  Star  Wars  que  foram  ao  cinema,  basicamente  Teleportes, 
Sintetizadores,  Campos  de  Dobra,  Holodecks,  e,  principalmente  a  fonte  de  energia  matéria/anti­ 
matéria, que torna todos os outros possíveis. Entretanto, a eficácia da tecnologia em Star Wars me 
parece  ser  maior,  afinal,  um  mero  a­wing  com  quinze  metros  de comprimento tem seus próprios 
escudos e pode viajar no hiperspaço, bendito hiperdrive. 

Segunda  coisa:  Boa  parte  das  comparações  são  feitas  com  base  nos  jogos  da  Lucas  Arts  e 
Episódios de Star Trek. 

Em  Star  Trek  não  temos  naves  pequenas,  caças  para  combate,  por  isso  vamos  ver  as 
diferenças e eqüivalências das naves maiores. 

Objetivos da construção das naves. 

As naves de Star Trek tem como objetivo primário a exploração do espaço, e, como secundário 
de defesa e patrulhamento do território da Federação. 

Em Star Wars, as naves são, primeiro, muito maiores, um destróier imperial é 5.5 vezes maior 
que a Enterprise. São usadas para transportar tropas, armamentos e mercadorias. No jogo x­wing, 
temos  uma  nave  de  transporte  de  carga  com  quase  a  metade  de  um  Nebulon­b,  algo  como 230 
metros,  a  Enterprise  tem,  pelo  que  me  lembro  de  ter  lido  em  algum  lugar,  uns  300  metros.  São 
equivalentes a porta­aviões e super petroleiros dos tempos atuais. 

Outro motivo para as naves serem grandes, é para carregar suprimentos para a tripulação, pois 
ainda não foram concebidos os sintetizadores, nem os seus semelhantes, os teleportes. 

Defesa das naves 

Em  Star  Trek,  as  defesas da Enterprise são baseadas em escudos, ou seja, campos de força 


poderosos, que rodeiam a nave com um formato de bolha. 

Em  Star  Wars,  também  existem  os  campos  de  força,  mas,  observando  o  jogo  x­wing,  e  nos 
filmes  do  cinema,  creio  que  estes  campos  seguem  o  contorno  da  nave,  funcionando  quase  que 
como  um  espécie  de  "pele".  Ou,  como  vi  mais  recentemente  em  Star  Trek,  também  devem 
funcionar como campos de integridade das estruturas destas naves. 

Ataque 

Em  Star  Trek,  temos  apenas  torpedos  fotônicos  e  Phasers  como  armamento,  sendo  que  os 
torpedos  fotônicos  são  feitos  de  matéria  e  anti­matéria,  então  porque  o  nome  fóton  que  vem  de 
partículas  de  luz?.  São  potentíssimos  e,  numa  comparação  seriam  cerca  de  100  vezes  mais 
destrutivos que um torpedo próton de Star Wars, claro que diminuí esta proporção, senão não tem 
estória.  Os  Phasers  são  feixes  de  energia  coerentes  que  tem  a  velocidade  da  luz,  com  potência 
equivalente a dos torpedos. Podem ser usados de longa distância, mais de 40 mil quilômetros.
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Em Star Wars temos os turbolasers das naves, mísseis de concussão, torpedos próton, mísseis 
de  concussão  avançados,  torpedos  prótons  avançados,  torpedos  "pesados"  e  um  pouco  mais. 
Além dos caças da aliança rebelde e dos ties do Império. 

Observando  o  universo  Star  Wars  agora,  descobri  que  existem  estações  espaciais  com 
turbolasers  maiores  e,  por  conseguinte  bem  mais  poderosos,  as  naves  classe  Victory,  de  Star 
Wars,  tem  dois  destes  que  devem  disparar  com  muito  mais  potência  que  as  que  vi  nos  jogos. 
Vamos estipular que tenham dois terços da força de um disrruptor romulano. 

Velocidade 

Agora sim vem a parte difícil de conciliar, em Star Trek, as naves viajam em "campos de dobra", 
podendo  inclusive  modificar  a  extensão  deste  ao  redor  da  nave,  e  manobrar  no  hiperespaço.  O 
Conceito de "dobra" 1, 2, 3... Em que a dobra seguinte é uma progressão geométrica da anterior 
não possui paralelo em Star Wars. 

Em  Star  Wars,  sem  exceção,  todas  as  naves  podem  atingir  a  velocidade  da  luz,  grandes  ou 
pequenas,  graças  a  um  dispositivo  chamado  Hiperdrive.  Aparentemente  este  dispositivo  permite 
que  seja  gerado  um  "campo  de  dobra"  inicial  para  lançar  a  nave  no  hiperspaço,  mas,  uma  vez 
neste,  a  nave  não  pode  mais  ser  manobrada.  Dependendo  da  posição  do  destino,  não  se  pode 
fazer o salto de uma vez só, pois existe o risco de colidir com alguma estrela ou planeta que esteja 
no  meio  do  caminho.  As  naves  também  não  podem  ser  monitoradas  no  Hiperspaço.  Uma  outra 
analogia seria a de que o hiperdrive cria algo como uma "fenda espacial" específica para um ponto 
de destino, o que foi chamado de velocidade da luz. Seja como for, para efeito da estória que virá a 
seguir,  a "velocidade da luz" de Star Wars eqüivale a dobra 3 de Star Trek, e, na própria historia 
será tentado explicar como isso funcionaria. 

Capacidade de Manobras 

Apesar da Paramount insistir em vira e mexe mover as naves de Star Trek de forma lenta, elas 
na verdade tem velocidade máxima de impulso pouco menor que um y­wing de Star Wars, coisa de 
uns  600  Km/Hora,  obtidos  cronometrando  no  jogo  x­wing,  e  comparando  com  Star  Trek  motion 
quando a nave passeava por sobre V'ger. 

As  naves gigantes de Star Wars, a não ser quando no hiperspaço, são lentas em torno de 90 
Km. 

O  motivo  das  naves  da  Federação  andarem  solitárias  pelo  espaço  foi  retirado,  considerei  a 
explicação do . Daniel Takasugi bem melhor que a minha. 

Robôs & Droides. 

Agora é a vez de Star Trek ficar em desvantagem... COMO DIABOS NÃO EXISTEM ROBOS 
NESTE  UNIVERSO?  Na  nova  geração,  fomos  finalmente  agraciados  com  a  presença  de  Data, 
mas é só... 

Em Star Wars, robôs é que não faltam, tem até um mouse droid que age feito uma barata. Em 
compensação,  em  Star  Trek  temos  o  holodeck,  onde  podemos  criar  todos  os  robôs  que 
quisermos... Sem contar com certas fantasias... 

Bom,  agora,  o  que  aconteceria  em  um  confronto  TREK­WAR?  Considerando  o  tipo  de 
armamento de cada lado, a vantagem seria do lado Trek, mas este mesmo lado tem algo chamado 
Diretriz Primeira, além do que o Império tem muito mais naves que a Frota Estelar. Isso sem contar
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com um tipo de nave chamada Interditor, que incapacita os hiperdrives, impedindo que as naves 
possam fugir. Como isso afetaria os motores de dobra? 

OBS:  Claro  que  a  Enterprise  não  pode  resistir  a  Estrela  da  Morte!  Mas,  se  tivesse  tempo, 
abriria um buraco até o seu reator principal e a destruiria! Juntamente com ela. 

As  naves  da  historia  são  USS  Thunderbold,  Classe  Excelsior  e  USS  Starfleet,  Classe 
Constitution Reformada, uma nave de patrulha e uma nave de treinamento, respectivamente. Tem 
mais uma, mas é segredo. 

Do  Lado  de  Star  Wars,  não  temos  a  Milenium  Falcon  e  a  Estrela  da  Morte,  mas  haverá 
referências sutis as mesmas. 

Com exceção de Darth Vader, nenhum personagem é conhecido. Acho que não sou capaz de 
respeitar  a  personalidade  deles  que  já  ficou  consagrada  entre  os  fãs,  por  isso,  todos  os 
personagens,  de  ambos  os  mundos,  são  inéditos,  de  forma  que  posso  ter  toda  a  liberdade  para 
escrever como eu quero. 

Pouca  coisa  será  dita  sobre  os  dróides  de  Star  Wars.  Meu  interesse são as pessoas, e como 
não vai haver nenhum R2­D2, apenas unidades R2 comuns, e C3­PO, seria hipocrisia tentar criar 
novos  droides  que  agradassem  aos  fãs  da  trilogia.  Mas  tentarei  faze­los  aprontar  alguma  coisa 
com o pessoal da Federação. 

Agora, depois de postas as equivalências de ambos os mundos, vamos para a estória. 

Capítulo 1 

"Diário de Bordo, data estelar 3442.0, a nave estelar Starfleet aproxima­se do maior planeta deste 
sistema, o qual estamos encarregados de fazer sua completa análise e catalogação. O gigantesco 
planeta  é  gasoso,  e  tem  uma  peculiar  formação  atmosférica:  uma  tormenta  cujas  dimensões 
ultrapassam a do nosso próprio planeta de origem, a Terra". 

A  "Capitã"  Lisa  Donner  faz  assim  o  seu  primeiro  registro  no  diário  de  bordo  de  uma  nave 
estelar. Olha sutilmente para a sua esquerda para observar o verdadeiro Comandante da nave, o 
Almirante  Heim  Stolh,  esperando  encontrar  em  suas  feições  qualquer  indicativo  se  o  registro  foi 
satisfatório  ou  não.  Mas  este  apenas  observa  a  tela,  aparentemente  encantado  em  novamente  ­ 
quantas  vezes  ele  já  esteve  supervisionando  os  cadetes  aqui?  ­  ver  um  dos  belos  planetas  do 
sistema solar, Júpiter. 

Lisa  ainda  se  lembrava  da  primeira  vez  em  que  tinha  visto  o  planeta,  em  uma  viagem  de 
turismo  quando  tinha  12  anos  ­  ficara  encantada!  Foi  quando  havia  posto  na  cabeça  que  iria 
“incursar”  na Frota Estelar e comandar sua própria nave, viajando pela galáxia. 

­ Senhor Doller, inicie as análises do planeta ­ comandou ao "Oficial" de ciências. 

Entrara na Frota aos 17 anos, aos 19 estava no mesmo planeta em que se encontra agora, se 
bem  que no posto de navegadora, novamente apreciando uma bela vista deste e de sua famosa 
tormenta, que era atração turística desde o início do século XXII. Após formada, serviu por 8 anos 
na USS Seler, na qual evoluiu até ser "Primeira" ­ como insistia dizer ­ Oficial, tendo em algumas 
ocasiões,  assumido  o  comando  da  nave  quando  o  Capitão  saia  em  suas  freqüentes  missões  de 
diplomacia.  Belo  comando,  ficar  de  traseiro  chato  esperando  o  Capitão  voltar  e  mais  nada  para 
fazer...
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­  Capitã,  existem  partículas na atmosfera do planeta que são estranhas a sua composição ­ 


informara  Doller,  aparentando  perplexidade  ­  considerando  a  quantidade  de  partículas,  não  creio 
que possam ter vindo de uma "esteira de cometa". Suponho que possa se tratar de restos de uma 
colisão de um grande meteoro. Considerando a pressão atmosférica e gravidade, não acredito que 
seja  possível  encontrar  nenhum  vestígio  de  onde  pode  ter  sido  o  impacto,  isto,  se  ele  tinha 
dimensões suficientes para atingir a superfície antes de virar pó. 

­  Foi  o  cometa  Shumacher­Levi  ­  disse  o  Almirante  ­  atingiu  Júpiter  no  final  do  século  XX. 
Parabéns!  O  senhor  foi  o  primeiro  a  formar  tal  teoria  para  explicar  a  presença  destas  partículas 
como primeira opção. 

Era raro o Almirante fazer tal elogio ­ isso quando o fazia ­ Doller ficou com um sorriso bobo e o 
rosto corado. 

­  Prossiga  com  a  sondagem  senhor  Doller,  pode  pagar  bebidas  para  todos  depois,  para 
comemorar ­ disse a "Capitã" percebendo que Doller agora fazia parte do seleto clube de 8 ,OPA! 
Agora  são  9,  pessoas  que  receberam  um  elogio  do  Almirante  em  uma  missão  de  treinamento. 
Incluindo ela própria. 

Lisa  fora  indicada  para  o  seu  próprio  comando,  mas, devido a sua idade (27 anos) e pouca 


experiência, a Frota decidiu que ela deveria fazer um curso de reciclagem, comandando uma das 
suas  naves  de  treinamento  para  cadetes  mais  avançados.  Júpiter  era  apenas  o  aperitivo,  assim 
que  uma  nova  nave  de  escolta  fosse  selecionada  ­  a  USS  Denver  apresentou  problemas  nos 
motores  e  estava  nas  docas  ­  eles  partiriam  para  um  setor  recém  mapeado,  o  mapeariam 
novamente, e ambas as análises seriam comparadas para aferir a eficiência da tripulação. Como 
estariam em área pouco explorada, a escolta era essencial e obrigatória. 

No  painel  da  navegadora,  uma  luz  vermelha piscou por menos de um segundo, chamando a 


atenção desta. Olhando para o painel ela não viu mais nada. Fez uma checagem de nível 3 e nada 
apareceu. A Capitã percebeu. 

­ Senhora Nille, algum problema? 

­ Não sei Capitã, percebi um aviso de anomalia, mas foi tão rápido que não pude ver qual seria. 
Estava fazendo uma checagem para tentar descobrir o que houve. 

A Capitã pensou por alguns instantes. 

­ Computador, algum sinal foi apresentado no painel do navegador? 

"Ocorreu um comando incorreto da mistura de matéria e anti­matéria na câmara de cristais de 
dilítio,  o  erro  foi  automaticamente  corrigido  pelos  programas  gerenciadores"  ­  informou  a  voz 
feminina dos computadores. 

­ Engenharia! ­ Chamou a Capitã, demonstrando um certo desgosto pelo ocorrido. 

­ Sim Capitã? 

­  Parece  que  um  dos  seus  alunos  descansou  a  mão  indevidamente  sobre  os  painéis  de 
controle da câmara de fusão, poderia por favor pedir mais atenção do mesmo? 

­ Era o que eu estava fazendo agora. Eu esperava que não tivessem notado.
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­ Infelizmente para vocês, o pessoal da ponte está levando esta missão de treinamento mais a 
sério, é tudo. 

­  Muito  bom  Capitã  ­  disse  o  Almirante  desviando  a  atenção  de  Júpiter  ­  eu  não  sei  porque 
consideraram que o seu período na Seler não forneceu experiência suficiente. 

­ Almirante! ­ Lisa ficou ligeiramente corada ­ quantos alunos seus receberam dois elogios? 

­ Você é a segunda! 

­ Segunda? ­ Surpresa para todos na ponte ­ QUEM FOI O PRIMEIRO? 

­ Jevlack! Ambos na mesma missão de treinamento. Aliás, ele é o Capitão da nave que será 
nossa  escolta  amanhã.  ­  ele  mostrou  a  prancheta  que  sempre  levava  a  tiracolo  nas  missões  de 
treinamento para suas anotações ­ A Frota me informou há cinco minutos. 

­  Seria  incômodo  as  senhoras  e senhores voltarem aos seus afazeres? ­ perguntou a Capitã 


aos tripulantes da ponte, que ainda olhavam para ambos ­ Estamos aqui a serviço! 

Duas  naves  na  mesma  missão  cujos  Capitães  receberam  dois  elogios  em  vida  do  Almirante 
Stolh, isso sim era um evento inédito! 

Desta  vez,  sem  ninguém  perceber,  a  mesma  luz  voltou  a  piscar,  pelo  mesmo  período  de 
tempo. 

"Diário  pessoal  do  Capitão, data estelar 3368.10, depois de encerrada nossa patrulha de seis 


meses na fronteira entre Federação e o Império Klingon, estamos apenas aguardando a chegada 
da  USS  Nova,  que  irá  nos  render.  Nossa  próxima  tarefa,  como  acabei  de  saber,  será  escoltar  a 
USS Starfleet em sua missão de treinamento externo. Pessoalmente considero essa missão muito 
mais enfadonha que a última. Mas tem que existir um idiota para faze­lo!" 

Jevlack pensou um pouco sobre o diário que fizera... 

­ Computador! Retire a afirmação final e substitua por "Mas EU fui o idiota escolhido para faze­ 
lo". 

"Alteração efetuada" 

Ótimo! ­ pensou ­ a frota pode não gostar de meus comentários, mas são a pura verdade! 

­ Porque não muda para Nós fomos os idiotas escolhidos? 

O Capitão Jevlack olhou para a sua Primeira Oficial ­ com quem flertava nas raras ocasiões em 
que era possível, alias, esta era uma delas ­ e sorriu levemente. 

­  Tirvik,  confesso  ainda  que  não  estou  acostumado  a  uma  vulcana,  ainda  que  mestiça,  a 
demonstrar senso de humor. 

­  Com  todas  as  coisas  que  nós  ­  disse  abraçando­o  fortemente,  fazendo  uso  de  sua  força 
herdada da mãe ­ já fizemos, você só não está costumado com isso? 

Usando sua própria força cibernética, ele também a apertou firmemente.
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­ Ambos temos heranças de Vulcano, só que a minha é mais forte ­ apertou com grande força ­ 
e aquilo foi um comentário de ocasião. 

­ Não há nada que me obrigue a seguir a filosofia vulcana, afinal, sou geneticamente 62.221% 
humana e criada na terra desde que minha mãe morreu. Sorte sua! 

Porque vulcanos gostam tanto de precisão? 

"­  Capitão,  a  USS  Nova  chegou"  soou  a  voz  do  navegador,  que  ficara  no  comando,  pelo 
intercomunicador. 

­ Estamos a caminho ­ respondeu. 

Jevlack deu um beijo carinhoso na testa de Tirvik e ambos foram para a ponte. Considerando a 
missão  que  tinham  agora  pela  frente,  talvez não tivessem que esperar outras três semanas para 
um momento íntimo como o último... 

Assumindo  o  seu  assento,  fez  uma  saudação  ao  Comandante  da  Nova,  que  ainda  tentou  ­ 
inutilmente  ­  anima­lo  com  um  "depois vocês terão duas semanas de férias",  Jevlack  ordenou  a 
volta a terra em dobra máxima. Era melhor acabar com o "incidente" o mais cedo possível. 

­ Tirvik, quais as características da Starfleet? 

­  A  USS  Monitor  serviu  a  Frota  por  mais  de  42  anos.  Assim  como  todas  as  naves  da  classe 
Constitution,  foi  reformulada  e,  após  mais  um  período  de  10  anos,  foi  designada  para  nave  de 
treinamento e rebatizada como USS Starfleet, aparentemente por motivos políticos. Seus sistemas 
duotrônicos  foram  substituídos  assim  como  a  de  todas  as  naves  da  frota  pelos  atuais  chips 
isolineares, mas seus motores de dobra não foram atualizados, e, por questões de segurança, não 
pode ultrapassar a dobra 5. 

Dobra 5? 

­ Onde será feito o treinamento? ­ Perguntou dirigindo­se ao navegador. 

­  Em  Omicron  IV,  o  último  sistema  do  setor  a  ser  mapeado  ­  respondeu  após  uma  rápida 
consulta em seu terminal. 

­ 3.49 semanas em dobra 5, a partir da Terra ­ completou a Primeira Oficial Tirvik. 

O Capitão Jevlack recostou­se em sua poltrona e suspirou muito fundo. O resto da tripulação 
da ponte o invejava porque não se atreviam a fazer o mesmo. 

­ Navegador, reduza para dobra 6 pela próxima meia hora, Tirvik... 

­ Uma batida de coco saindo... 

­ Obrigado. 

Vai ser uma looonga viagem...
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A Capitã Donner acordou com o despertador ­ na verdade, o despertador teve de acordar ela ­ 
ainda sonolenta viu­se no espelho. Olhos vermelhos e o cansaço evidente eram a mostra da tarefa 
enfadonha  de  ontem,  de  ouvir  os  relatórios  sobre  a  analise  da  atmosfera,  das  amostras  de 
minerais  estudadas  no  laboratório,  classificação  e  documentação  total  do  planeta  e,  com  a  sua 
assinatura, o encerramento da primeira missão na qual ela comandava uma nave. 

Claro  que  para  os  outros  tripulantes  a  tarefa  até  tinha  sido  prazerosa,  era a primeira vez em 
que  faziam  isso  fora  dos  simuladores  da  academia,  mas  ela  já  tinha  acompanhado  o  mesmo 
diversas  vezes  na  Seler,  e  analisar  pela  segunda  vez  um  planeta  no  quintal  de  casa  era  bem 
chato, diga­se a verdade. 

Soou o sinal indicando que alguém pedia permissão para entrar. 

­ Um momento ­ disse enquanto se ajeitava para ficar mais apresentável. 

­ Pode entrar. 

­ Bom dia Capitã ­ disse o Almirante chegando. 

­ Bom dia! Espero que tenha tido uma noite melhor que a minha. 

­ Com o tempo, aprende­se a suportar tarefas não muito apreciativas. Bom ­ entregou­lhe um 
disco ­ estas são as ordens da Frota, a senhorita, como Capitã deve recebe­las. 

Era uma espécie de encenação, afinal ela já sabia quais seriam as ordens, só não conhecia o 
destino ainda. 

­  A  Thunderbold  chegará  em  algumas  horas,  como  ela  será  a  nossa  escolta,  cabe  a  você, 
como Comandante da missão, determinar os parâmetros que ela deve seguir. 

Lisa olhou assustada para o Almirante. Cabia a ela? 

­  Ora  Capitã  ­  o  Almirante  entendeu  a  surpresa  dela  ­  apesar  de,  na  prática,  eles  nos 
mandarem sair correndo em caso de emergência e ficarem para cobrir a nossa fuga, é a senhorita 
que  deve  dar  as  ordens  ao  Capitão  da  Thunderbold  sobre  a  que  distância  ele  ficará  de  nós,  se 
deve patrulhar a área ou simplesmente observar o nosso trabalho. Claro que Jevlack virá a bordo 
para discutir esse assunto, bem como oferecerá sugestões. Nossa partida está agendada para as 
16  horas.  Eles  devem  chegar  por  volta  das  14.  Falando  nisso,  não  se  esqueça  que  o  ponto  de 
encontro é em órbita da Terra. 

Dirigiu­se a porta, mas antes, acrescentou: 

­ A senhorita é a Capitã, eu e os outros oficiais professores ficaremos apenas observando e só 
iremos intervir em caso de necessidade. Para todos os efeitos a nave está nas mãos de vocês . 

O Almirante saiu dos aposentos deixando a Capitã com o coração acelerado. Logo depois, ela 
balançou a cabeça para espantar de vez o sono e acionou seu comunicador. 

­ Tenente Dewing?
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"­ Sim Capitã?" 

­ Reúna os oficiais na sala de reuniões em uma hora, vamos discutir a nossa missão. 

"­ Sim senhora" 

Vamos ver estas ordens. Pensou acionando o seu monitor e inserindo o disco. 

"Diário  de  bordo,  data  estelar  3369.210,  a  Thunderbold  chegou  ao  local  do  encontro  com  a 
USS  Starfleet  três  horas  mais  cedo  que  o  previsto.  Como  a  tarefa  que  temos  diante  de  nós  é 
altamente  rotineira  e  sujeita  a  varias  situações  monótonas,  permiti  que  toda  a  tripulação  ­  com 
exceção dos altos oficiais ­ pudesse descer a terra em turnos e relaxar um pouco. Confesso que, 
ao saber que a Capitã da nave é a tenente Comandante Donner, fiquei mais tranqüilo, pois já ouvi 
falar muito bem dela pelo seu último Oficial Comandante." 

Jevlack e os altos oficiais da nave estavam na sala de reuniões, discutindo ­ talvez seja melhor 
dizer jogando conversa fora ­ sobre a missão de escolta. 

­ Bem meus caros ­ dizia Jevlack ­ todos nós já estivemos do outro lado desta história, por isso, 
vamos  agir  como  se  fosse  uma  missão  conjunta  normal.  Aqueles  cadetes  estão  empolgados  e 
todos sabemos que esta é, sem dúvida, a parte do treinamento mais bem vinda da academia. 

­  Capitão  ­  replicou  o  tenente  Comandante  Oshiro  ­  há  de  convir  conosco  que  ficar  três 
semanas  e  meia  nos  arrastando  ao  lado  de  uma  nave  cheia  de  calouros  não  é  uma  algo  muito 
apreciável. 

­ Depois que a missão terminar ­ interveio Tirvik ­ nós iremos continuar com a exploração do 
setor.  Além  disso,  nossa  missão  secundária  e  fazer  um  levantamento  mais  detalhado  dos  seis 
planetas classe M mapeados em Omicron IV. 

­  Sim  ­  conformou­se  Oshiro  ­  vamos  ter  algo  para  nos  ocupar,  quando  estivermos  lá.  Não 
podemos usar o raio trator para puxá­los e ir na dobra máxima? 

Jevlack apenas sorriu como que para se consolar. 

­ Oshiro, se esta fosse uma reunião formal eu te daria um sermão agora! 

­ Desculpe­me senhor. 

­ Além disso, esta manhã, o Almirante já me disse que não. 

Oshiro  olhou  para  o  seu  Capitão,  espantado,  Tirvik  apenas  riu,  divertida.  Os  outros  oficiais 
disfarçaram como puderam. 

­ Tirvik, afinal que raios de "motivos de segurança" foram esses que impedem que eles atinjam 
mais que a dobra cinco? ­ perguntou o tenente Ícaro. 

­  Há  quatro  meses,  a  nave  de  treinamento  Hangler  por  pouco  não  invadiu  a zona neutra por 
erro de navegação. Estava em dobra sete e sua escolta teve muitas dificuldades para posicionar­ 
se e acionar o raio trator para detê­la. 

­ Erro de navegação? ­ Perguntou Oshiro não acreditando.
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­ Esta foi a explicação Oficial. Pessoalmente creio que o Capitão da nave respondeu a um sinal 
de  socorro  captado  e,  o  navegador,  não  atentou  para  o  fato  que  a  rota  traçada  violaria  a  zona 
neutra. 

­ Jeena, aproveite o tempo que nos resta antes do encontro, e verifique o nosso raio de tração ­ 
ordenou o Capitão a chefe de engenharia. 

­ Sim senhor. 

­ Senhora Nille, posicione­nos ao lado da Thunderbold. 

­ Sim Capitã. 

A Starfleet movimentou­se ­ muito rápido, na opinião dos tripulantes da Thunderbold ­ para o 
lado de sua nave escolta. 

­ Abra um canal para a Thunderbold. 

­ Boa tarde, Capitão ­ disse Lisa, assim que Jevlack apareceu na tela ­ sei que não deve estar 
muito animado com a situação, mas prometo que tentaremos nos comportar como "gente grande" 

­ Olá Capitã, Almirante, obrigado pela sua preocupação, mas pelo que o Comodoro Brand me 
disse, não creio que terei nenhum problema. 

­ Conheceu meu Comandante? ­ Lisa estava surpresa, ainda mais que Brand falara bem a seu 
respeito. 

­ Nos encontramos há uns dois anos, em Rigel II, numa conferencia de novas tecnologias. Foi 
quando me disse que você seria promovida a Primeira Oficial. 

­  Gostaria  de  vir  a  bordo,  para  discutirmos  a  missão?  ­  Lisa  achou  seu  convite  um  pouco 
destoado  dentro  do  rumo  da  conversa,  mas,  como  Capitã,  tinha  uma  missão  a  cumprir  ­  e  trinta 
minutos para começa­la. 

­ Com prazer ­ Respondeu o Capitão Jevlack sorrindo. 

­ Almirante? 

­ Falarei com Jevlack mais tarde, quando estivermos em curso. Pode ir recepciona­lo. 

­ Obrigada ­ Lisa dirigiu­se a sala de transporte. 

Por  uma  questão  de  cortesia ­ e para tranqüilizar os tripulantes da outra nave ­ o transportes 


dos  visitantes  foram  controlados  apenas  pela  Thunderbold,  o  encarregado  de  transporte  Sander, 
da  Starfleet,  ao  invés  de  se  sentir  ofendido,  ficou  aliviado.  Mesmo  com  todos  os  sistemas  de 
segurança, ele estava nervoso para faze­lo. 

­ Capitã ­ disse Jevlack assim que o teleporte terminara ­ permissão para a vir a bordo. 

­  Concedida,  Capitão,  este  ­  referindo­se  a  pessoa  ao  seu  lado  ­  é  o  meu  primeiro  Oficial 
Matias.
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­ Prazer em conhece­lo, e encantado em vê­la pessoalmente. 

­ Fico agradecida ­ Lisa ficou levemente corada. 

­ Desculpe­me, não pretendia embaraça­la, é que agir de forma galante era muito comum para 
mim no século XXI. 

Século XXI? 

­  Hum  ­  Jevlack  percebeu  a  estranheza  de  todos  na  sala  ­  vejo  que  não  conhecem  a  minha 
história. Pergunte ao Almirante depois, Capitã. Devemos partir em vinte minutos e a história levará 
mais que esse tempo. 

­ Certo, então vamos para a sala de reuniões. Se tiver a bondade de me seguir... 

­  O  prazer  será  meu  ­  disse  Jevlack,  esperando que o Almirante não comentasse nada a ela 


sobre  a  preferência  nacional  dos  brasileiros  que,  infelizmente  nas  décadas  em  que  ele  estivera 
"fora de circulação", ficaram muito menos acentuadas. 

O cadete de primeira classe Greyson ainda estava muito sentido com a bronca que levara do 
engenheiro chefe no dia anterior. Estava flertando com uma bela moça que supervisionava o painel 
de controle de fusão matéria / anti­matéria quando pôs sua mão espalmada diretamente no painel. 
Se  os  sistemas  gerenciadores  não  tivessem  corrigido  o  erro  imediatamente,  a nave com certeza 
teria  se  despedaçado  com  o  campo  de  dobra  assíncrono  que  teria  se  formado.  Mas  ainda  não 
estava  tranqüilo.  Não  porque  sua  ficha  ficaria  com  esta  mácula  para  sempre,  mas  sim  porque, 
segundo  os  registros  do  computador,  os  sistemas  gerenciadores  atuaram  mais  oito  vezes  para 
efetuar a mesma correção, sem nenhum motivo aparente, exceto que era necessário. 

Pensou  em  comunicar  ao  engenheiro  chefe,  mas  estava  com  medo  de  levar  outro  sermão 
sobre aqui não é praça pública para flertes. 

­  Computador,  checagem  de  nível  um  em  todos  os  sistemas  relacionados  ao  controle  da 
câmara de fusão. 

Uma checagem nível dois nada revelara. 

"A checagem completa nos sistemas indicados irá demorar dezoito horas" 

­ Execute ­ pediu. Se nada aparecesse iria comunicar ao engenheiro. 

­ Curioso ­ disse em voz alta o Oficial de ciências Terak, da Thunderbold ­ Comandante, nas 
últimas três horas registrei por duas vezes uma estranha flutuação em nossos geradores de fusão 
ao mesmo tempo em que isso ocorria na Starfleet. Não há nenhuma falha em nossos geradores, 
portanto  parece  que  eles  estão  refletindo  as  flutuações  vindas  da  nave  de treinamento, como se 
estivessem em ressonância. ­ Olhou para Tirvik esperando sua decisão. 

Sentada na cadeira de comando, Tirvik ponderava sobre a notícia. 

­ Esta flutuação afetaria nossa missão de alguma forma? 

­ Não. É insignificante dentro do campo de dobra e desprezível como conseqüência. Mas não 
poderia fazer nossos reatores reagirem desta forma.
Trek Wars – Roberto Kiss  12  www.scriptonauta.com.br 

­  Não  temos  tempo  para  determinar  as  causas  agora,  uma  vez  que  partiremos  em  alguns 
minutos.  Porém,  assim  que  possível  entre  em  contato  com  o  engenheiro  chefe  da  Starfleet,  e 
descubra o que esta causando esta flutuação. 

­ Sim Comandante. 

A Starfleet tem programas gerenciadores para evitar que os cadetes, inexperientes, cometam 
erros  perigosos.  Só  espero  que  não  surja  algum  imbecil  engenhoso  capaz  de  burlar  estes 
programas. 

­ O.k. Capitã, ficaremos a distância seguindo vocês, e, uma vez lá nos manteremos afastados a 
no máximo trinta segundos em dobra máxima, para o caso de qualquer inconveniente que possa 
ocorrer. 

Dessa forma, Jevlack encerrava a rápida reunião. Rapidamente chegaram a sala de transporte, 
e,  para  surpresa  de  todos,  ele  pediu  para  que  Sander  efetuasse  o  transporte.  Sander  ficara 
nervoso, mas se recusasse poderia ofender o Capitão. 

­ É só fazer como sempre. Pode até fechar os olhos. Pensando bem, não feche não. 

­ Não se preocupe senhor ­ Sander se acalmara com o comentário ­ Boa viagem. 

Teleporte efetuado, a Capitã retornou a ponte. 

­ Senhora Nille, traçar curso para Omicron IV, dobra um. Assim que sairmos do sistema Solar, 
vá para a dobra cinco. 

­ Curso traçado Capitã. 

Lisa olhou para o Almirante, este apenas sorriu. 

­ Engatar! 

­ Senhor Oshiro. 

­ Sim Capitão? 

­ Siga aquela nave ­ disse apontando para a tela. 

­ Com prazer senhor ­ respondeu com um sorriso. 

Assim,  começava  a  primeira  missão  oficial  da  Capitã  Lisa.  Bem  como  a  primeira  missão  de 
escolta do Capitão Jevlack. 

PS: A missão de Lisa em Júpiter não foi oficial, apenas de treinamento, portanto, a de Omicron 
IV é a primeira mesmo!
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Capítulo 2 

"Diário  de  bordo,  data  estelar  3445.225,  A  nave  estelar  Starfleet  iniciou  sua  missão  rumo  a 
Omicron  IV,  e  nós,  como  sua  escolta,  a  estamos  seguindo,  mantendo  uma  distância  grande  o 
suficiente  para  que  possam  manobrar  sem  terem  que  se  incomodarem  conosco,  e  pequena  o 
bastante  para  que  possamos  dar  suporte  em  qualquer  eventualidade.  Confesso  que  vendo­a 
manobrar ainda dentro do sistema Solar, em que devido ao grande tráfego de naves não podemos 
ultrapassar  a  dobra  um,  acredito  que  esta  seja  a  melhor  turma  de  cadetes  que  a  academia  já 
formou, e que talvez esta não venha a ser uma missão tão enfadonha, como tinha pensado antes. 
As aproximações que fazem dos planetas que estamos deixando para trás, fornecem belas visões 
dos mesmos" 

Aproximar­se  dos  planetas  de  dar  "rasantes"  nos  mesmos  era  quase  que  um  ritual  para  as 
naves  de  treinamento.  Os  cadetes  aproveitavam  a  baixa  velocidade  imposta  pelas  regras  da 
Federação  dentro  do  sistema  solar  para  ver  os  mundos  que  antes  só  visitavam  por  naves  de 
transportes pequenas. 

­ Sr. Oshiro, quanto tempo até a nossa primeira parada na estação espacial 26? 

­ Assim que sairmos do sistema solar, cerca de 32 horas. 

Como a viagem seria longa, devido ao novo limite imposto as naves de treinamento, seriam 
feitas paradas em pelo menos quatro estações espaciais, em que os cadetes e tripulantes da nave 
escolta  descansariam  um  pouco.  Estas  paradas  também  eram  aproveitadas  para  intercâmbio  de 
informações e experiências entre ambas as tripulações. Também era comum alguns cadetes irem 
para a nave escolta para conhecerem as tecnologias das naves de exploração da frota, uma vez 
que as das naves de treinamento, normalmente, não tinham os mesmos avanços. 

­ Um bom ângulo ­ comentou Oshiro a Tirvik, que estava ao seu lado observando as manobras 
­ A navegadora deles é excelente, a visão de Netuno ficou magnífica com esta aproximação. 

­ Concordo ­ replicou sem tirar os olhos da tela. 

­  Capitão  ­  chamou  o  Oficial  Terak  ­  devemos  informar  a  Starfleet  que  as  suas  luzes  de 
navegação estão apagadas? 

­  Não  senhor  Terak  ­  respondeu  com  um  leve  sorriso  ­  deixe­os  descobrir  isso  por  conta 
própria.

Terak  ergueu  as  sobrancelhas,  peculiaridade  comum  a  todos  os  vulcanos,  e  que  sempre 
intrigou­o.  Mesmo  Tirvik  tinha  esta  característica,  apesar  de  ter  sido  criada  na  terra,  entre 
humanos. 

­ Sairemos do Sistema Solar em quatro minutos, Capitão. 

­  Deixe­os  partirem  com  dois  segundos  de  vantagem,  depois  os  seguiremos.  Manteremos  a 
mesma distância que agora até a estação 26. 

­ Entendido senhor. 

Tirvik  observava  as  evoluções,  e  uma  ponta  de  saudosismo  bateu  nela.  Tinha  sido  nesta 
mesma nave em que tinha feito o seu treinamento final, antes da formatura. Servira como Oficial de 
ciências, mas percebeu que desejava mesmo um comando. Servira na USS Denver como Alferes,
Trek Wars – Roberto Kiss  14  www.scriptonauta.com.br 

onde fora promovida até tenente. Depois de um curso de especialização a Frota a designou para a 
Thunderbold  como  Primeira  Oficial,  onde  conhecera  Jevlack,  o  único  humano  a  ter  um  nome 
vulcano de que se tinha notícia. Apaixonara­se por ele, e tinha sido correspondida. Não era difícil 
separar  as  questões  pessoais  das  profissionais,  graças  a  sua  herança  vulcana  e  ao  fato  de  que, 
antes de recuperar a memória, o Capitão tinha sido aprendiz também em Vulcano. Aparentemente, 
era a única que sabia o seu nome verdadeiro. Jevlack gostou do nome que recebera quando fora 
encontrado e o adotou mesmo quando foi para a academia. 

­ Capitão! Mensagem codificada do Almirante Stolh para o senhor. 

­ No meu gabinete, Tirvik, assuma ­ disse levantando­se em seguida. 

­ Sim senhor ­ respondeu indo para a cadeira de comando. 

"No  meu  gabinete"  Tirvik  sorriu  consigo  mesma.  Ele  era...  diferente.  Em  várias  ocasiões 
durante  a  patrulha  na  fronteira  do  Império  Klingon,  ele  comandara  a  nave  da  sala  de  reuniões, 
onde  observava  mapas  holográficos  táticos  que  permitiam  uma  melhor  visão  da  situação.  Bem 
diferente  do  ensinado  na  academia.  Mas  o  que  realmente  ela  mais  apreciava  nele,  era  que  ele 
sabia como acariciar orelhas pontudas. 

­ A Starfleet entrou em dobra cinco, Comandante. 

­ O.k., vamos atrás. 

­  Computador,  decodifique  a  transmissão  do  Almirante  Stolh,  código  de  autorização  Jevlack, 
tesla ­ ômega. 

O símbolo da Federação apareceu na tela por alguns momentos, logo depois surgia o rosto ­ 
bem mais velho do que imaginara ­ do Almirante. 

­ Olá meu caro, faz muito tempo que não nos vemos... 

­ Como diria Tirvik : 13 anos, 4 meses, 8 dias e... Que horas são? 

A risada do Almirante foi jovial. 

­ Computador, especial do Capitão. 

O sintetizador de alimentos materializou um copo de batida de coco. 

­  Servido?  ­  disse  indicando  o  copo  ­  posso  transferir  a  estrutura  molecular  dele  para  a 
Starfleet. 

­ Como conseguiu fazer isso? 

­ Difícil mesmo foi o leite condensado, que ninguém mais sabia fazer quando despertei neste 
século ­ seu rosto ficou mais sério ­ o senhor não fez uma chamada codificada para bater papo.
Trek Wars – Roberto Kiss  15  www.scriptonauta.com.br 

­  Não,  não  fiz.  Eu  estou  preocupado.  Parece  que  ocorreram  flutuações  de  energia estranhas 
no sistema de Omicron no mês passado. Pedi que a frota enviasse uma nave para examinar, mas 
me responderam que não encontraram nada incomum. 

­ Mesmo assim a missão de treinamento será lá? ­ espantou­se Jevlack. 

­ Já tinha sido definido desde o começo. Só um evento concreto poderia mudar os planos. Foi 
por  isso  que eu escolhi a sua nave pessoalmente quando soube que a Denver não poderia ser a 
nossa escolta. Você é um excelente Capitão, e a Thunderbold, uma das naves mais modernas da 
Frota. 

­ Sua "Capitã" sabe disso? 

­  Não,  eu  gostaria  que  quando chegarmos a Estação 26 nós nos reuníssemos para discutir o 


assunto. 

­ Está bem Almirante, mas confesso que não gosto da situação. 

­ Eu também não, esta nave está cheia de calouros, e apenas 4 oficiais com experiência real 
em campo. Cinco se contarmos com a Tenente Comandante Donner. 

­ Que tal fazermos algumas manobras de guerra simuladas quando chegarmos a estação 26? 
Do tipo, "Bobeou, dançou?" 

­ Igual a suas no Kobayash Maru? 

­ Oras, eu ganhei, não foi? E SEM TRAPACEAR, como alguém que conheci. 

­ Sim mas, se fosse para valer, você não estaria aqui agora. 

­  Tudo  bem  ­  desistiu  ­  comunicarei  a  minha  tripulação  para  dar  aos  seus  alunos  toda  a 
experiência possível nas nossas paradas. 

­ Obrigado. E, quanto a bebida, me mostre na estação 26 como se prepara. 

Jevlack sorriu enquanto o Almirante terminava a transmissão. 

O que mais faltava acontecer? 

Doller observava com curiosidade seus registros. Não tendo nada para fazer, ficou analisando 
os  campos  de  dobra  da  Starfleet  e  da  Thunderbold,  tentando  determinar  as  diferenças  entre 
ambos. Mas o que ele observava era uma estranha sincronia. Cada pequeno ajuste feito no campo 
de sua nave para mantê­lo estável, era correspondido microssegundos depois pelo campo da nave 
de escolta, e vice versa. Para todos os efeitos, era um reflexo perfeito. Só que eram constantes e 
inversas! O campo de sua nave sofria sempre uma distorção de sobreposição, em que cada nacela 
repentinamente  gerava  seu  próprio  campo  de  dobra,  e  não  um  em  conjunto.  Havia  a correção e 
uma  distorção  idêntica  ocorria  na  Thunderbold. Esta corrigia e a Starfleet voltava a ter a mesma 
distorção inicial. Pareciam estar fazendo algum tipo de jogo. 

Talvez fosse um fato comum quando duas naves viajavam próximas, de qualquer forma, iria 
perguntar ao engenheiro chefe quando tivesse uma folga.
Trek Wars – Roberto Kiss  16  www.scriptonauta.com.br 

­ Bom ­ disse a Capitã ­ já que pelas próximas horas não há nada especial para ser feito, quero 
falar um pouco com o Almirante, Matias, assuma. 

­ Sim senhora. Hã, pode me fazer um favor? 

­ Sim? 

­ Me conte a história depois. 

­ Combinado! ­ ela fez um sinal de positivo com a mão e saiu. 

­ Computador ­ disse quando entrou no turboelevador ­ onde está o Almirante Stolh? 

"O Almirante Stolh encontra­se na área recreativa dos oficiais número 2." 

­ Deck 6 ­ comandou. 

Cumprimentou alguns tripulantes no caminho, agradeceu aos cumprimentos de outros. Todos 
os  que  viam  estavam  empolgados.  Alguns  ficavam  olhando  pelas  janelas  o  efeito  da  viagem  do 
campo  de  dobra.  A  sala  de  recreação  estava  bem  tranqüila,  apenas  cinco  oficiais  ­  apesar  de 
serem todos cadetes, pelas notas e pontuações eles tiveram postos honorários nesta missão ­ e o 
Almirante. Na grande janela via­se o efeito de estrelas sendo "esticadas" pelo campo de dobra, e, 
ao fundo, a Thunderbold. Era uma visão magnífica. Lisa nunca tinha visto como uma nave aparecia 
viajando em velocidade de dobra antes. 

Foi até a mesa em que estava o Almirante e sentou­se, pedindo licença. 

­ Capitã! ­ fingiu surpresa ­ já está abandonando o seu posto? 

­  Eu  decidi  que  preciso  achar  o  que  fazer  durante  a  viagem,  além  disso,  o  Capitão  Jevlack 
disse algo que me intrigou. 

­ E o que seria? 

­ Algo sobre ele ser do século XXI. Ele também disse para lhe perguntar sobre isso. 

O Almirante sorriu. 

­ Você já olhou nos arquivos? 

­ "Assunto confidencial, necessária autorização superior." ­ disse Lisa imitando a voz sintética 
do computador. 

­ É uma pena você não ser Capitã oficial. Mas posso ajudar um pouco. Em 2095, foi lançada 
uma  nave  com  um  novo  protótipo  de  motor  de  dobra.  Fora  criado  por  Zefram  Cochrane  quando 
este estava em Alpha Centaury. Por algum motivo, não temos o registro de quem era o piloto ou os 
seus  acompanhantes,  Sabemos  apenas  que  era  um  humano  e  dois vulcanos. Tudo o que temos 
de "oficial" foi que a nave desapareceu durante os testes. 

­ Algum motivo para isso?
Trek Wars – Roberto Kiss  17  www.scriptonauta.com.br 

­ Parece­me que houve sabotagem nos motores de dobra. Houve uma investigação e, depois 
dela,  quase  tudo  foi  retirado  dos  registros.  Mesmo  Jevlack  não  pode  informar  nada  sobre  o 
assunto, exceto que foi escolhido pessoalmente por Cochrane. 

­ Pessoalmente? ­ os olhos da Capitã se iluminaram ­ Preciso conversar com ele. 

­ Imaginei que diria isso. Crescemos ouvindo sobre o "grande visionário". 

"continuando,  vinte  e cinco anos atrás, uma nave de exploração vulcana encontrou a nave a 


deriva  no  espaço.  E,  para  surpresa  geral,  seus  tripulantes  estavam  vivos. Ocorreu uma falha na 
contenção  de  matéria  e  anti  matéria  e  o  sistema  de  segurança  tentou  conter  os  elementos  com 
campos de força, só que a tripulação ficou bem no meio daquela mistura. Seja como for, o campo 
de  dobra  continuou  funcionando,  porém  altamente  deturpado,  de  tal  forma  que  funcionou  como 
câmara de distorção temporal, em que o tempo dentro do campo passava muito mais lentamente 
do  que  fora,  coisa  de  1  segundo  por  década  ­  Aliás,  a  Federação  chegou  a  testar  esse  tipo  de 
animação suspensa, mas a dispensou por ser cara demais." 

"Desnecessário  dizer  que  eles  não  ficaram  intactos  nessa  história.  Afinal,  mesmo  em 
velocidade incrivelmente reduzida, os compostos de matéria e anti matéria os estavam atingindo e 
matando!" 

Lisa imaginou a cena por uns momentos, três pessoas imóveis como em uma holofoto, sendo 
consumidos pela antimatéria. Estremeceu. 

­ Conseguiram salva­los com teleporte sincronizado com o desligamento do campo de dobra. 
Um  dos  vulcanos  acabou  morrendo.  Jevlack  e  o  outro  sobreviveram  e  receberam  próteses 
vulcanas para substituir os órgãos e membros perdidos. Jevlack tem uma pele com sensores que 
dão  a  mesmas  sensações  que  nós  temos,  embora  possua  travas  de  segurança  para  evitar 
sensações fortes ­ como dor extrema. 

"Quando  despertou  não  se  lembrava  de  nada,  e  os  vulcanos  o  batizaram  de  Jevlack,  que, 
confesso, não sei bem o que significa, exceto que é uma onomatopéia fonética para "despertado". 
Mesmo quando recuperou a memória, não quis dizer o nome verdadeiro, alegando que quem vive 
de passado é museu!". 

­ Interessante. Pragmático como um vulcano. 

­ Ele recebeu treinamento da doutrina vulcana enquanto permaneceu seis meses na nave de 
pesquisas. Tem sentimentos como qualquer humano, mas os controla quando a situação o exige. 

­ E o que o levou a entrar para Frota? 

­  Ele  era  militar  antes,  contemporâneo  da  guerra  de  Alpha  Centary.  Nada  mais  lógico  que 
continuar com a carreira. Fez apenas um curso de reciclagem. E, na simulação da Kobayash Maru, 
foi o único a destruir as naves Klingons. Claro que não cumpriu com a meta, que era salvar a nave, 
voltar vivo e não causar uma guerra. 

­ Que parte ele não completou? ­ perguntou curiosa. 

­ Voltar vivo ­ respondeu o Almirante sorrindo ­ a nave ficou inoperante e sem suporte de vida. 
Todos  teriam  morrido.  Talvez  tenha  sido  por  isso  que  ele  pediu  mais  dois  reatores  de  fusão  na 
reforma da Thunderbold.
Trek Wars – Roberto Kiss  18  www.scriptonauta.com.br 

­ A Frota permitiu que ele especificasse alterações em uma nave espacial? 

­  A  Thunderbold,  quando  comandada  pelo  Capitão  Mendonça,  foi  atacada  por  duas  naves 
romulanas e sofreu sérias avarias. Jevlack, que assumira o comando quando da morte do Capitão 
nesta  batalha,  destruiu ambas e salvou a Thunderbold. Com isso foi promovido a Capitão e teve 
suas sugestões acatadas quando a nave foi rebocada para ser reparada. 

­ Um impressionante currículo ­ comentou Lisa. 

­ Sim, foi por isso que... 

Foi completamente sem aviso. Primeiro, toda a sala começou a vibrar, logo em seguida o sinal 
de alerta vermelho soou pegando a todos de surpresa. Os outros cadetes da sala se entreolharam, 
atônicos e sem saber o que fazer diante da situação. Lisa imediatamente gritou para que fossem 
aos  seus  postos  e  dirigiu­se  com  dificuldade  para  a  ponte.  Antes  de  sair  da  sala  ainda  ouviu  o 
Almirante dizer que não era nenhuma simulação. 

A nave realmente estava em stress, em perigo eminente de se despedaçar. 

­ Relatório! ­ gritou Jevlack acima do som da vibração que aumentava em escala crescente. 

­  Nossos  motores  de  dobra  perderam  a  sincronia,  cada  nacela  está  gerando  o  seu  próprio 
campo. Estão sobrepostos e a nave está exatamente no centro. O leme não responde. ­ respondeu 
Tirvik.

­ Desligar motores! ­ ordenou. 

­ Motores não respondem! 

­  Todos  os  sistemas  da  nave  estão  apresentando  falha  devido  a  distorção  dos  campos  de 
dobra ­ informou Tirvik de seu posto. 

­ Nossa velocidade está aumentando! ­ gritou Oshiro ­ vamos abalroar a Starfleet. 

­ Erguer escudos! Tenente Souza! Avise a Starfleet para mudar o curso. 

­ Eles não respondem! 

­ Comunicação automática de emergência! 

­ Entendido! 

Atendendo  a  comunicação  automática,  os  computadores  da  Starfleet  completaram  a  ligação 


mostrando sua ponte na tela. Jevlack ficou boquiaberto. A Starfleet estava em alerta vermelho, na 
mesma situação que eles. Lisa estava ouvindo as mesmas coisas que Terak e Tirvik lhe disseram. 
E estava ordenando a engenharia que parassem os motores mesmo que tivessem que destruir o 
reator principal. 

­ Capitão ­ chamou Terak ­ Os campos de dobra da Starfleet estão na mesma situação que os 
nossos, se nos aproximarmos mais os quatro campos ficarão sobrepostos.
Trek Wars – Roberto Kiss  19  www.scriptonauta.com.br 

Jevlack  viu  que  Lisa  devia estar prestando atenção também a sua tela e tinha ouvido Terak. 


Pois  logo  em  seguida  tinha  ordenado  a  engenharia  ­  da  Starfleet  ­  que  os  escudos  fossem 
expandidos ao máximo. 

Os  escudos  de  ambas  as  naves  colidiram,  causando  um  forte  impacto  em  ambas.  Oshiro 
chegou a perder o equilíbrio, mas conseguiu se agarrar ao seu console. 

­ Os escudos estão em grande pressão! Os emissores da Starfleet estão superaquecendo. Os 
sistemas gerenciadores estão reduzindo a expansão para compensar. 

Sem  controle  de  potência,  nem  de leme, a nave em aceleração e os escudos de ambas não 


agüentariam a pressão por muito tempo. 

­ Terak! Preciso de uma teoria agora!!!! 

Terak fez uma rápida análise nos dados de seu console. 

­ De alguma forma, os motores de dobra de ambas as naves estão conectados. O que pode ter 
causado a distorção simultânea, já que não funcionam de forma idêntica. Se conseguirmos parar 
um deles, é possível que o outro volte ao normal. 

­  Capitão!  Estamos  em  dobra  sete  e  subindo  em  uma  curva  de  aceleração  exponencial! 
Ultrapassaremos a escala em menos de um minuto. ­ gritou Oshiro. 

­  Sala  de  transporte  ­  disse  Jevlack  pelo  comunicador  ­  focalize  os  reatores  de  fusão  e 
teleporte­os para o mais distante possível da nave, SEM QUESTIONAR! 

­ Impossível executar ­ respondeu o operador ­ o sistema está inoperante! 

Jevlack olhou para a tela, Lisa deu a mesma ordem, e obteve a mesma resposta. Fechou os 
olhos. Só havia mais uma coisa a fazer. 

­ Armar torpedos fotônicos, travar no suporte das nacelas da Starfleet. 

Lisa arregalou os olhos. 

­ Torpedos armados e travados. Capitão. 

­  Capitão  ­  interveio  Terak  ­  eles  terão  de  baixar  os  escudos,  e  isso  nos  deixa  2.7  segundos 
antes dos campos se sobreporem. 

­  Tenente  Souza,  dispare  quando  possível  ­  Jevlack  dirigiu­se  a  tela  ­  Capitã,  abaixe  seus 
escudos. 

­ Mesmo assim ­ retrucou Lisa ­ as nacelas continuarão funcionando por algum tempo. Vocês 
serão destruídos. 

­ Minha missão é proteger vocês! OBEDEÇA A ORDEM IMEDIATO DONNER! 

Lisa abaixou a cabeça, o Almirante e todos na ponte da Starfleet aguardavam o seu comando. 
O comando que mataria a tripulação da Thunderbold.
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­ Senhor Doller ­ disse Lisa lentamente ­ abaixe os escudos. 

­ Sim, Capitã ­ respondeu, sentindo provavelmente o mesmo que ela. 

­ Armas inoperantes! ­ gritou desesperadamente Souza ao tentar disparar os torpedos. 

Jevlack  teve  o  que  julgou  ser  o  seu  último  pensamento  em  vida:  Ë,  não  foi  uma  viagem 
enfadonha... 

Capítulo 3 

Foi  como  ser  disparado  por  um  canhão!  A  tela  apagou­se,  e  a  luzes  de  emergência  se 
acenderam  no  mesmo  momento  em  que  todos  eram  arremessados  para  traz.  Oshiro  passou  ao 
lado da cabeça do Capitão colidindo com a parede logo atrás. Jevlack ­ graças as seus membros 
biônicos ­ conseguira se firmar no seu assento. Viu todos os sinais de alerta piscarem em todos os 
painéis, incluindo o do amortecedor de inércia e controle de gravidade. Isso explicava o porque da 
sensação de balançar de um lado para o outro. A única coisa que funcionava era o áudio, e tudo o 
que  ouvia  por  ele  eram  gritos  vindo  da  Starfleet,  somados  aos  próprios  gritos  dos  tripulantes  de 
sua nave. O estranho era que a aceleração não diminuía, continuavam sendo impulsionados para 
frente com uma velocidade crescente. 

Por que? ­ rugia sua mente ­ porque estamos acelerando? 

A  vibração  era  tanta  agora  que  tudo o que ele podia ver eram imagens borradas, mesmo de 


seu  próprio  corpo.  Um  novo  indicador  surgiu  no  painel  de  controle  de  armas,  os  escudos  da 
Thunderbold finalmente cederam. 

Bom, vamos bater e isso acaba. 

Ao contrário, a aceleração ficou ainda maior! Se as naves colidiram, nem foi possível sentir... 

Isso não acaba mais? 

Usando a força de suas próteses, Jevlack arrastou­se para o console do navegador, tinha que 
haver um jeito de parar os motores. Chegando lá, depois de muito esforço, digitalizou o painel de 
controle  de  fusão  neste.  Tentou  tudo  o  que  sabia  para desligar os motores, nada funcionava. Só 
podia controlar densidade do plasma pelos cristais dilítio. 

O que acontece se eu botar mais matéria que antimatéria? 

Teoricamente  a  nave  explodiria,  caso  os  sistemas  de  segurança  não  desligassem  o  reator. 
Mas os sistemas estavam praticamente todos funcionando em auxiliar. 

"Os  motores  de  dobra  estão  conectados  de  alguma  forma"  foi  o  que  dissera  Terak!  O  que 
diabos estava funcionando na nave que ainda podia permitir tal conexão? 

O controle de dominação! 

Sendo  uma  nave  escolta,  o  controle  de  dominação  da  Starfleet  foi  fornecido  a  eles  caso 
precisassem assumir o controle desta numa emergência! Jevlack comandou no painel a mudança
Trek Wars – Roberto Kiss  21  www.scriptonauta.com.br 

do código da Starfleet. Se tivesse alguma relação, a Thunderbold pararia de monitorar a Starfleet e 
os  sistemas  gerenciadores  desta  deveriam  por  tudo  de  volta  no  lugar.  Antes  de  terminar  o 
comando, porém, a situação se inverteu. 

Se  antes  era  como  ser  disparado  por  um  canhão,  o  que  aconteceu  quando  Jevlack  estava 
efetuando  o  comando  foi  o  mesmo  que  ter  atingido  uma  parede  de  concreto.  TUDO  foi 
arremessado  para  a  frente,  incluindo  ele  mesmo  e  o  painel  que  estava  segurando,  ambos 
arremessados  de  encontro  a  tela.  A  desaceleração  demorou  cerca  de  quatro  minutos  para 
encerrar­se. 

Jevlack  olhou  ao  redor  da  ponte,  e  viu  o  estado  de  seus  oficiais.  Terak  e  Oshiro  estavam 
desacordados, Souza sangrava pelas fraturas expostas em seu maxilar, Tirvik agarrava o ombro ­ 
podia­se ver que quebrara o braço e algumas costelas ­ Mesmo ele não estava em perfeito estado, 
seu  braço  esquerdo  formigava,  e,  ao  ver  melhor  notou  que  a  pele  sintética  fora  arrancada  e  os 
circuitos e mecanismos estavam expostos ­ e levemente danificados. Por uma fração de segundo, 
imaginou o estado do restante da tripulação, mas, logo em seguida, voltou a agir como o Capitão 
que vai direto ao assunto. 

Fez  uma  rápida  checagem  no  estado  da  nave,  para  ver  se  as  comunicações  internas  ainda 
funcionavam e se o sistema auxiliar de transporte podia ser utilizado. 

­ Aqui é o Capitão! Todos aqueles que tiverem condições, devem deixar os sistemas em modo 
automático  e  cuidar  dos  feridos  que  estiverem  próximos.  Aqueles  que  estiverem  próximos  das 
salas  de  transporte  devem  focalizar  os  feridos  mais  graves  e  transporta­los  diretamente  para  a 
enfermaria.  Os  demais  devem  evitar  atrapalhar  o  trabalho  dos  médicos  e  auxilia­los  assim  que 
possível. Engenharia, assim que possível quero saber o que é mais rápido ser reparado, sensores 
ou comunicações externas. 

Alguns minutos depois, Oshiro, Tirvik e Souza eram teleportados. Os outros não deviam estar 
em  grave  estado,  ou  deviam  estar  mortos.  Mas  isso  era  fácil  verificar.  Terak  estava  com 
hematomas,  talvez algum osso quebrado, mas vivo e respirando. O Alferes Dilow, que substituía 
Oshiro  quando  este  tinha  de  se  ausentar  da  ponte  estava  com  o  pescoço  quebrado,  Margô  ­ 
substituta de Terak ­ tinha uma torção nos quadris. 

Bom, a nave estava morta no espaço, ele precisava de Terak agora, assim foi acorda­lo. 

­ Capitão? ­ Terak disse após olhar ao redor ­ qual a nossa situação? 

­  Me  diga  você,  tudo  que  pude  descobrir  é  que  a  nave  está  estruturalmente  intacta  e  a 
tripulação deve estar muito mal. 

­ Baixas? 

­ Dilow!  ­ Jevlack estava cuidando de Margô com o equipamento de primeiros socorros ­ Mas 
com certeza teremos mais. 

"­ Capitão" ­ soou a voz pelo comunicador ­ "aqui é o auxiliar de Engenharia Anderson" 

­ Prossiga! 

­  A  Engenheira  Jeena  está  morta,  respondendo  a  sua  solicitação,  podemos  ter  10%  de 
sensores em 15 minutos.
Trek Wars – Roberto Kiss  22  www.scriptonauta.com.br 

­ Execute! 

­  Aqui  é  o  Capitão  para  todos  os  chefes  de  pessoal,  quero  um  relatório  da situação em uma 
hora. Doutor Simon, selecione alguns Alferes e os instrua a fazer a estatística clínica da tripulação, 
não quero atrapalhar o seu trabalho. 

­  Fico  agradecido!  ­  respondeu  o  doutor,  elevando  a  voz  para  ficar  acima  dos  lamentos  dos 
pacientes. 

­ Creio que todas as enfermarias estejam lotadas. ­ Comentou Terak, enquanto tentava obter 
dados sobre a situação da nave em seu console. 

­ Falando nisso, qual o seu estado? 

­ Melhor que o seu, posso garantir ­ respondeu referindo­se ao braço do Capitão. 

­ E, com toda certeza, melhor que a da StarFleet. Capitão! Ainda estamos em dobra 5! 

­  Desligue  imediatamente!  Qual  o  curso?  ­  Jevlack  olhou  para  o  console  arrancado  do 
navegador ­ Esqueça, me diga depois que o computador principal voltar a operar. 

**** 

O Comandante Soer patrulhava o setor em seu Assalt Gunboard, e estava satisfeito por não 
ter  detectado  nada  na  última  hora.  De  acordo  com  o  plano  era  vital  que  os  rebeldes  não 
soubessem para onde estavam indo. 

­ General Gala ­ chamou pelo rádio ­ O setor está limpo. 

­ Excelente ­ veio a resposta ­ aguarde a nossa chegada. 

Tirou  as  mãos  do  manche  e  desligou  os  motores.  Poderia  descansar  por  alguns  minutos. 
Súbito, soou o aviso de que uma nave desconhecida estava saindo do hiperespaço. Não acredito! 
Pensou. 

Olhou na direção em que vinha a nave e acionou o computador para tentar identifica­la, sem 
sucesso. Observando a nave localizada a 120 Quilômetros de distância, não conseguiu reconhecer 
o seu desenho. Tinha um disco grande e mais dois cilindros atrás, todos ligados a uma espécie de 
trapézio, pelo menos a forma com lhe parecia. Os sensores não conseguiam determinar o tipo de 
material que compunha sua fuselagem. Ligou para o General. 

**** 

Margô tinha acordado, e queixava­se de fortes dores. 

­  Terak,  quero  que  você  primeiro  descubra  o  que  aconteceu,  onde  estamos,  e  onde  está  a 
Starfleet. Pelo que lembro quando estava no posto de Oshiro, estávamos além de dobra 10. Vou 
querer saber como conseguimos uma energia "infinita" para fazer isso. ­ Jevlack não queria pensar 
sobre o quanto podiam estar longe da federação naquela velocidade.
Trek Wars – Roberto Kiss  23  www.scriptonauta.com.br 

­ Sim senhor. 

­ Forneça­me os dados iniciais em uma hora, na sala de reuniões. 

Margô foi teleportada para a enfermaria. Os casos gravíssimos já deviam ter sido atendidos ­ 
os que sobreviveram. 

**** 

O  Destróier  Estelar  Invictor  saiu  do  hiperespaço  45  minutos  depois  que  a  Thunderbold  fora 
localizada  por  Soer.  Como  ordenado,  Soer  mantivera  posição.  Na  ponte  de  comando, o General 
Gala ouvia os relatórios iniciais sobre a nave desconhecida. 

­  A  nave  não  respondeu  a  nenhuma  de  nossas  transmissões.  Tem  cerca  de  400  metros  de 
comprimento. Composição da estrutura: desconhecida, fonte de energia: desconhecida. Captamos 
anti  matéria  dentro  da  nave,  mas  não  conseguimos  identificar  como  ela  está  contida.  A  nave 
aparentemente  tem  escudos  em  sua  estrutura,  assim  como  os  nossos,  mas  são  de  um  tipo 
desconhecido.  Detectamos  um  hangar,  mas  parece  ser  pequeno,  em  relação  a  nave.  Desta 
distância, não podemos obter mais dados. 

­ Nossa posição para novo salto no hiperespaço fica a 3 quilômetros daquela nave. Vamos nos 
aproximar ­ ordenou ­ Tenente, deixe quatro esquadrões de Tie­Bombers preparados. 

­ Sim senhor! 

­  Avise  o  Comandante  Soer  para  ele  fazer  um  vôo  de  reconhecimento  sobre  a  nave.  E 
comunique­se com o comando do Império. Nossa missão é vital e não podemos nos desviar dela. 
Dentro de 17 horas devemos sair daqui! 

Soer  não  gostou  nem  um  pouco,  mas  ordens  eram  ordens.  Pôs  a  nave  em  2/3  de  força  e 
seguiu em direção a Thunderbold. Levaria cerca de 30 minutos para alcança­la. 

**** 

Na  hora  pedida,  Jevlack,  Terak,  um  enfermeiro  representando  o  doutor  Simon  e  o  agora 
Engenheiro  Chefe  Anderson  estavam  na  sala  de  reuniões.  No  centro  da  mesa  aparecia  um 
holograma do setor, pelo menos até aonde os sensores podiam alcançar no momento. A Starfleet 
não tinha sido localizada. 

­ Situação geral ­ pediu Jevlack. 

­ Estão inoperantes: sensores de curto alcance, escudos, capacidade de manobras, velocidade 
de  dobra,  comunicações,  63%  dos  sintetizadores  de  alimentos,  80%  dos  sintetizadores  médicos, 
75%  dos  sintetizadores  de  equipamentos,  8  turboelevadores,  a  trava  de  armas,  o  computador 
principal e o suporte de vida funciona no manual ­ informou Anderson. 

­ Agora me dê as boas notícias, se é que sobrou alguma. 

­ Não temos problemas estruturais, basicamente precisamos recuperar os chips isolineares de 
processamento  dos  computadores,  que  foram  seriamente  danificados.  Felizmente,  temos  os 
esquemas deles intactos, e a memória arquivada dos sistemas sofreu danos mínimos.
Trek Wars – Roberto Kiss  24  www.scriptonauta.com.br 

­ Quanto tempo para recuperar o computador principal? 

­ 23 horas ­ respondeu Terak. 

­ E os demais sistemas? 

­ Calculamos 4 dias para reparar tudo. 

­ Quero escudos e capacidade de manobras em uma hora. 

­  Capitão  ­  interveio  Terak  para  alívio  de  Anderson,  que  ainda  não  estava  acostumado  a 
pressões daquela natureza ­ é impossível sintetizar os chips necessários nesse período. 

­ Não pedi para sintetizar nada ­ disse Jevlack sério ­ disse que quero escudos e leme em uma 
hora. Temos um monte de chips nos sistemas auxiliares, monte alguma coisa com eles. 

Terak ficou pensativo. 

­  Se  sintetizarmos  apenas  os  chips  para  reparar  o  comando  manual  ­  disse  a  Anderson  ­ 
poderá ser feito a tempo. 

­ Sim ­ concordou ­ creio que sim. 

­  Ótimo,  depois  disso,  priorize  as  comunicações  e  os sensores de curto alcance. Quanto aos 


sintetizadores, cuide primeiro dos médicos, depois dos de equipamentos de reparos. Se não tiver 
mais nada, pode ir. Quero relatórios a cada hora. 

­ Sim senhor ­ disse Anderson, levantando­se e saindo da sala. 

­ Terak, em quanto tempo podemos determinar a nossa posição? 

­  Preciso  dos  sensores  100%  operacionais  para  isso.  Estamos  obviamente  em  área 
inexplorada ­ indicou o holograma ­ a área que podemos mapear não existe em nenhum de nossos 
bancos de memória 

­ Muito bem, enfermeiro Ferreson, qual o seu relatório? 

­  Tivemos  62  baixas,  44  estão  em  estado  gravíssimo,  218  em  estado  grave,  porém  fora  de 
perigo,  257  apresentaram  fraturas  diversas,  todas  já  medicadas,  os  73  restantes  ainda  não 
quiseram se apresentar na enfermaria, devem estar ilesos ou com ferimentos leves, como o senhor 
e o senhor Terak. O doutor pediu para que o senhor ordene a cerca de 120 tripulantes que foram 
dispensados para se recuperar em seus aposentos para que obedeçam as ordens médicas. 

­ Como? ­ Jevlack olhou interrogativo para ele. 

­  Bem  ­  ele  estava  embaraçado  ­  parece  que  todo  tripulante  que  é  dispensado,  ao  invés  de 
descansar  6  horas  nos  aposentos  se  apresentam  aos  seus  superiores  perguntando  o  que  podem 
fazer. 

Jevlack sorriu. 

­ Diga ao doutor que darei esta ordem quando possível.
Trek Wars – Roberto Kiss  25  www.scriptonauta.com.br 

­ Sim senhor! Posso ir agora? 

­ Já terminou o relatório? 

­ Desculpe­me, 60% da tripulação não terão condições clínicas para trabalhar pelas próximas 6 
horas.

­ Qual o tempo total para recuperação deles? 

­ Por três dias, teremos apenas 206. Pelas fichas clínicas. 

­ Obrigado, pode ir. 

­ Sim senhor. 

­62 mortes! 

­ Terak, baseado na nossa situação, como imagina que esteja a Starfleet? 

­ Posso apenas supor que, no mínimo, estejam na mesma situação que a nossa. No entanto, 
não devemos descartar a hipótese de que tenha sido destruída, e que, tenha sido justamente essa 
a causa de estarmos vivos. Pelos registros que consegui obter, nossos motores realmente estavam 
trabalhando em conjunto, apesar de forma errática. Também é possível que a própria intensidade 
da distorção dos campos de dobra tenha rompido este elo. Realmente não tenho mais o que supor 
logicamente com os dados que tenho. 

­ Em quanto tempo pode acionar o computador principal parcialmente? 

­ Em quatro horas. 

­ Execute. Ache a Starfleet, mas, primeiro, ache onde nós estamos. Dispensado. 

Terak saiu deixando o Capitão observando o holograma. 

**** 

Soer  já  estava  exausto  de  tanto  circundar  a  nave.  Nenhum movimento fora feito por ela nas 


últimas  6  horas.  Ao  aproximar­se  de  algumas  vigias,  tentava  ver  algum  sinal  de  vida,  mas  nada 
aparecia.  Era  como  uma  nave  fantasma.  O  Invictor  estava  parado  a  3  quilômetros  de  distância. 
Provavelmente aguardando ordens do Império sobre o que fazer com a nave estrangeira. 

­ Comandante Soer ­ chamaram pelo rádio ­ retorne a Invictor e apresente­se ao General Gala. 

Até que enfim! 

25 minutos depois, Soer encarava o General. 

­  Soer,  quando  partirmos,  você  ficará  vigiando  a  nave  até  que  chegue  um  Interditor.  Ao  que 
tudo  indica  esta  nave  tem  uma  tecnologia  que  interessa  ao  Império  e  está,  por  algum  motivo 
desabilitada.  Suas  ordens  são  para  desabilitar  a  nave  caso  ela  faça  algum  movimento.  Terá  um 
esquadrão de Assalt Gunboard para isso. É tudo. Descanse agora.
Trek Wars – Roberto Kiss  26  www.scriptonauta.com.br 

­ Sim senhor ­ respondeu sem nenhuma satisfação. 

Foi  aos  seus  aposentos,  jogou  o  seu  capacete  na  cama  e  socou  a  parede.  Ninguém  sabia  o 
objetivo da missão, muito menos quanto tempo duraria. O aparecimento desta nave não podia ter 
sido  em  pior  hora!  Ele  tinha  pressa  em  voltar  a  capital  do  Império.  Tinha  que  se  vingar  daquela 
escrava que ousou desafia­lo e fugir com os rebeldes. 

Soer  era  filho  de  nobres  do  planeta  Duran,  acostumado  a  ter  tudo  o  que  quisesse  desde  a 
infância,  era  mimado  e  extremamente  prepotente.  Mas  era  inteligente  e  habilidoso  também. 
Decidiu servir no Império, em parte para se sentir poderoso, podendo exigir e oprimir qualquer um 
que fosse seu subalterno, e em parte porque gostava de ser militar. A forma de agir do Império não 
era diferente da dele, todos são tolos, precisam ser comandados, a força se preciso. 

Mas aquela escrava ­ ele nunca se referiu a ela pelo nome, objetos não precisam ter nome ­ 
conseguiu  escapar  dele.  Tinha­a  recebido  como  parte  do  pagamento  de  uma  divida  do  pai  dela. 
Uma linda mulher de cabelos negros. 

Ela era sua propriedade, assim como os muitos servos na casa de seus pais, portanto poderia 
fazer com ela o que quisesse. E por anos o fez. Mas, um dia, ao chegar em casa, ela o atacara e 
fugira!  Soubera  depois  que  tinha  sido  resgatada  por  rebeldes,  e  que  agora  era  uma  de  suas 
Comandantes. 

Jurou  encontra­la,  acorrenta­la  e  dá­la  como  brinquedo  a  Jabba,  não  sem  antes  dar­lhe  o 
prêmio por sua ousadia. E iria faze­lo, assim que tivesse oportunidade. Era rico, havia contratado 
caçadores para localiza­la e captura­la. Mas queria assistir a tudo. Por isso queria voltar a capital. 
Eles  a  tinham  localizado  e  apenas  aguardavam  que  ele  estivesse  disponível  para  efetuar  a 
captura. Foi quando foi escalado para essa missão. 

Soer  era  prepotente,  mas  não  tolo.  Sabia  as  conseqüências  se  desertasse.  Assim  aceitou  a 
missão, com a promessa de ter um mês de folga para resolver seus "assuntos pessoais". Ordenou 
aos caçadores para não perde­la de vista até que retornasse. Pagou o dobro para isso. 

Deitou­se na cama e dormiu. Programou o computador para despertá­lo no horário. 

Capítulo 4 

A  Comandante Lauriel chegou ao hangar 15 minutos antes da hora marcada para sair, como 
era  de  costume.  Andou  lentamente,  observando  as  equipes  fazendo  o  seu  eterno  trabalho  de 
recuperar  os  caças  rebeldes,  que,  quando  retornavam  ­  isso  se  retornavam  ­  de  uma  batalha, 
sempre necessitavam de reparos. Sentiu o cheiro de solda no ar, de metal derretido, resíduos de 
plasma saídos de motores íons em reparos. Sentia­se em casa. 

­ “Olha só isso!" 

­“ Mais dois milímetros e acertavam o traseiro do piloto" 

Os comentários sobre as avarias eram sempre jocosos... 

Chegou defronte de sua nave, um a­wing do grupo vermelho, o rapaz da manutenção estava 
checando os sistemas.
Trek Wars – Roberto Kiss  27  www.scriptonauta.com.br 

­ Comandante ­ disse quando a viu ­ seu pássaro está pronto. 

­ Obrigada ­ respondeu cordialmente. 

Lauriel  pôs  o  capacete  e  testou  o  sinal.  Subiu  ao  cockpid  e  sentou­se.  Gostava  de  fazer  as 
verificações finais pessoalmente, e todos na nave Liberdade sabiam disso. 

Escudos,  turbolasers,  mísseis  de  concussão  avançados,  hiperdrive,  assento  ejetor,  leme... 
Mentalmente fazia um "check" em cada sistema que poderia precisar durante a missão. Teria mais 
um a­wing como acompanhante e três y­wings para dar cobertura em caso de necessidade. 

Olhou para o painel e viu o resumo da missão: 

"Duas horas atrás, em patrulha de reconhecimento, o esquadrão amarelo localizou uma nave 
desconhecida a cinco mil quilômetros de distância. A Liberdade não poderá ir em sua direção, pois, 
se o fizer, ficara a 6 horas de qualquer janela para o hiperespaço possível, e temos que estar na 
base de Tundra em dois dias, para integrar a frota de ataque." 

"O  Comando  rebelde  interceptou  transmissões  do  Império  e  descobriu  que  outra  nave  com 
design  similar  fora  localizada  por  eles.  Assim  como  esta.  Aparenta  estar  desabilitada  e  não 
responde a nenhuma transmissão." 

"Sabemos,  pelas  transmissões,  que  as  naves  não  pertencem  ao  Império,  e  são  totalmente 
estrangeiras. O Imperador pessoalmente ordenou que a nave por eles localizada fosse capturada e 
sua tecnologia analisada. Não podemos deixar que eles tenham mais essa vantagem sobre nós." 

"Dois a­wing e três y­wing serão enviados para observar a nave. Enviaremos a nave Exceler 
com material de pesquisa. Ela deverá chegar doze minutos após vocês estarem na área." 

"Não  devem,  em  hipótese  alguma,  provocar  quem  quer  que  esteja  a  bordo  da  nave 
desconhecida,  porém,  se  ela  tentar  escapar,  devem  imobiliza­la.  A  Exceler  está  sendo  equipada 
com computadores avançados para traduzir a linguagem dos alienígenas. Tentaremos estabelecer 
contato  e  negociar  um  acordo  de  trabalho  conjunto.  Eles  devem  estar  com  problemas,  só  isso 
justificaria essa estranha imobilização. Ofereceremos ajuda em troca de conhecimento." 

Novamente, Lauriel se questionou sobre o porque de ter sido escolhida para liderar a missão. 
Era uma guerreira, não diplomata! Se a tecnologia deles for realmente superior, qualquer erro na 
comunicação poderá faze­los atacar. 

Pensou como seria estar no lugar deles. Olhar pela escotilha e ver cinco naves desconhecidas 
rodeando­a, e, alguns minutos depois, uma nave tão grande quanto a sua, saindo do hiperespaço. 

Maneou a cabeça. Teria atacado se fosse com ela. Maldita guerra!. 

­“Comandante Lauriel?" 

­ Sim? ­ respondeu ao chamado do General Karakyr. 

­“Está liberada para partir, que a Força os acompanhe."
Trek Wars – Roberto Kiss  28  www.scriptonauta.com.br 

­ Obrigada! ­ ela não acreditava na Força, a única força que confiava, era a de uma arma. 

Soou  o  sinal  no  hangar,  pedindo  que  a  área  de  decolagem  fosse  liberada.  Sempre  existe 
correria nesse momento. Mecânicos, pilotos, droides, qualquer um que estivesse no caminho saia 
correndo. 

Fechou  a  carlinga  e  decolou,  levantando  os  trens  de  pouso  em  seguida.  Alguns  segundos 
depois,  sua  companheira  posicionou­se  ao  seu  lado.  A  direita,  um  pouco  abaixo,  os  y­wings  os 
acompanhavam, mantendo a formação 4. 

­ Silêncio no rádio. ­ comandou. 

Atrás deles, a nave Liberdade manobrava para entrar no Hiperespaço. 

Dentro de 9 horas, chegariam na USS Starfleet.

**** 

Lisa abriu os olhos e viu o rosto ­ com hematomas ­ do Engenheiro Chefe Carlos. Sentia dores 
no corpo e certa tontura. 

­ Senhor? ­ tentou se levantar, mas foi detida pela enfermeira. 

­ Tenha calma, você levou uma pancada forte na cabeça. 

Olhou  ao  redor,  agora tinha reparado nos lamentos que chegavam aos seus ouvidos. Estava 


na enfermaria. Todas as camas ocupadas, haviam pacientes com lesões menos graves sentados 
no  chão,  sendo  atendidos  por  toda  espécie  de  tripulante.  Alferes,  tenentes,  médicos,  não  havia 
distinção, parecia que bastava possuir conhecimento de primeiros socorros. Ainda foi preciso uns 
momentos para colocar os pensamentos em ordem e se lembrar do que tinha ocorrido. 

­ Estamos vivos? Como saímos da distorção de dobra? 

­  Destruímos  o  reator,  como  tinha  ordenado.  Os  phasers  de  mão  não  funcionavam,  por  isso 
teleportamos  uma  bomba  de  retardo  para  a  cúpula  externa  do  reator.  Foi  a  salvação,  logo  em 
seguida os transportes não foram mais capazes de focalizar nada. 

­ E a tripulação? ­ olhava novamente para os pacientes. 

­ Até o momento, 34 baixas, incluindo o Almirante. 

­ O QUE? ­ A enfermeira não pode conte­la desta vez ­ como? 

­ Tenha calma! Antes de morrer, ele a promoveu a Capitã. Todos os oficiais honorários foram 
efetivados  em  seus  postos.  Ele  forneceu­me  os  códigos  de  liberação  dos  sistema  gerenciadores 
para  que  tenhamos  o  controle  total  da  nave,  se  bem  que  temos  que  esperar  até  o  computador 
principal voltar a operar. 

Promovida?  Era  muita  coisa  para  assimilar.  Nada  na  academia,  nem  na  sua  experiência 
própria  a  preparara  para  uma  situação  como  esta.  Comandar  uma  nave  inoperante,  com 
provavelmente  toda  a  tripulação  com  ferimentos.  "Apesar  de  ser  humano,  ele  controla  suas
Trek Wars – Roberto Kiss  29  www.scriptonauta.com.br 

emoções  quando  a  situação  o  exige"  As  palavras  do  Almirante  lhe  vieram  a  mente.  Ela  era  a 
Capitã em definitivo agora, e tinha a responsabilidade de resgatar a nave. 

­ Qual a situação da nave? 

­  Todos  os  sistemas  principais  inoperantes,  15%  dos  auxiliares  também.  Temos  transportes, 
suporte de vida e escudos, mas não temos energia para mantê­los. 

­ E quanto ao reator? 

­  Sintetizamos  uma  nova  cúpula  e  a  estamos  instalando  agora.  Devemos  acabar  em  20 
minutos. Teremos 80% de força em uma hora. 

Lisa se levantou, apesar dos protestos da enfermeira. 

­ Vocês precisam de vagas ­ disse a ela ­ Tenente, algum sinal da Thunderbold? 

­ Não. Olhamos por todas as vigias disponíveis, e ninguém viu nenhum sinal deles. 

­ Qual a prioridade que tinha montado para depois que o reator voltasse a funcionar? 

­ Nenhuma ainda. Esperava que a senhora já estivesse desperta. 

­  Então  ponha  o  pessoal  disponível  para  consertar  as  comunicações  externas.  Precisamos 
saber  se  a  Thunderbold  sobreviveu.  Me  dê  um  relatório  dos  danos  e  os  tempos  estimados  para 
reparos. 

­ Terei em meia hora. 

­ Ótimo! A propósito, quanto tempo fiquei desacordada? 

­ Doze horas, Capitã. 

­ Obrigada. Volte ao seu serviço. 

­ Sim senhora. 

Bom, finalmente o primeiro comando por conta própria! 

­  Enfermeira,  peça  ao  doutor  para  compilar  a  situação  do  pessoal,  preciso  saber  quantos 
tripulantes estarão afastados, e por quanto tempo. 

­ Sim, Capitã. 

Considerando  tudo  o  que  passaram,  a nave estava em excelentes condições. A recuperação 


total foi calculada em 5 dias, sendo que em 20 horas estariam operacionais de novo. A Energia já 
estava restaurada, Lisa mandou que os escudos fossem levantados. 

Tudo o que faltava era recuperar as centenas de chips isolineares danificados. Em duas horas 
teriam visão externa, em cinco o leme, quase que ao mesmo tempo em que teriam os sensores de 
curto alcance. Os de longo alcance só seriam recuperados em vinte horas. O computador principal 
já  estava  parcialmente  recuperado.  Carlos  forneceu  os  códigos e os sistemas gerenciadores ­ os
Trek Wars – Roberto Kiss  30  www.scriptonauta.com.br 

que ainda funcionavam  ­ se desligaram. Os sintetizadores médicos eram prioridade no momento. 
As comunicações estavam semi ­ operacionais ­ Doller juntara alguns chips de sistemas auxiliares, 
misturara  com  outros  de  sintetizadores  e  conseguiu  achar  um  "atalho"  para  desviar  do  sistema 
danificado ­ porém não conseguiram até o momento ­ 19 horas depois do incidente ­ contato com a 
Thunderbold. 

No entanto captaram muitas outras transmissões, incompreensíveis. O Tradutor universal era a 
última  coisa  na  agenda,  Lisa  o  pôs  logo  depois  dos  sintetizadores.  Aquelas  transmissões  a 
lembrou que ninguém sabia aonde estavam ­ ultrapassaram a dobra 10 ­ mas que não era território 
deserto.  Além  disso,  dos  412  cadetes  que  estavam na nave, apenas 104 estavam em condições 
satisfatórias para efetuar os reparos. Teriam de esperar dois dias para terem mais 200. 

­ Tenente Carlos ­ chamou pelo comunicador ­ Como estão as armas e os sensores? 

­  Já  temos  os  torpedos  fotônicos,  os  phasers  vão  demorar  mais,  apesar  de  termos  energia. 
Quanto  aos  sensores,  podemos  ativa­los  em  cerca  de  40  minutos,  muitos  dos  tripulantes  que 
deviam ficar descansando estão ajudando. 

Lisa preferiu não pensar no que o doutor iria dizer se soubesse. 

­ A propósito Capitã, o tenente Doller pediu para que quando possível você o encontrasse no 
observatório. 

­ Entendido. 

Doller tinha se encarregado de determinar a posição em que se encontravam depois de ativar 
as comunicações. 

***** 

Lauriel estava pensativa. Ainda faltavam duasoras para alcançar a nave, mas nos últimos 20 
minutos  estava  captando  transmissões.  Transmissões  vindas  da  nave.  Talvez  estivessem  em 
código,  talvez  não,  mas  era  diferente  de  tudo  o  que  já  tinha  captado  antes.  Parecia  que  era 
enviada  pelo  subespaço,  mas  seu  equipamento  não  tinha  capacidade  para  confirmar  isso.  Seja 
como for, não conseguiu entende­la, se era em código não era muito sofisticado. Mas era mais que 
o suficiente para ser uma língua desconhecida. 

Um  movimento  ao  seu  lado  lhe  chamou  a  atenção.  Era  Ígnea,  sua  acompanhante.  Ela 
gesticulava apontando para o rádio, e Lauriel indicou era para permanecer o silencio que ordenara. 
De repente, Ígnea gesticulou, indicando algo a sua esquerda. 

Lauriel  se  virou,  e  viu  o  Comandante  Bernard  mostrando  uma  pasta,  onde  se  lia  "não 
deveríamos  avisar  ao  comando  que  a  nave  está  transmitindo?"  Ela  pegou  sua  pasta  e  escreveu 
"Se eles podem transmitir, também podem captar" e mostrou para ele. Ele fez um sinal afirmativo e 
voltou para a formação. 

Nada podiam fazer agora a não ser seguir em frente! 

­ Sim Doller? O que você quer que não podia ser dito pelo comunicador? 

Doller se virou para ela, estava com um binóculo de alta potência nas mãos.
Trek Wars – Roberto Kiss  31  www.scriptonauta.com.br 

­ Capitã ­ ele parecia extremamente preocupado ­ olhe na posição 3­3­22 

Lisa  pegou  o  binóculo  e  através  da  grande  janela  olhou  para  a  posição  indicada.  Viu  cinco 
pequenas naves vindo em direção a Starfleet. 

­ Enquanto analisava os registros de nossa viagem, notei algumas estrelas se movendo ­ disse 
Doller, enquanto ela ainda observava ­ Devem nos alcançar em menos de duas horas. 

Lisa devolveu o binóculo e ficou pensativa. Olhava para as estrelas fixamente. 

­ Capitã? ­ Chamou Doller. 

­  Engenharia  ­  disse  Lisa  pelo  comunicador  ­  quero  todos  trabalhando  em  sensores,  leme, 
armas , visão externa e o tradutor universal. Quero eles funcionando em 90 minutos! 

Lisa olhou para Doller. 

­  Bom,  parece  que  chegou  o  batismo  de  fogo  ­  comentou  com  um  sorriso  amarelo  ­  vamos 
para a ponte. 

"Diário  de  Bordo,  Data  estelar  desconhecida:  A  Starfleet  e  a  Thunderbold  entraram  em  uma 
dobra impossível devido a um problema ainda desconhecido nos motores de dobra de ambas as 
naves.  Mais  de  80%  da  tripulação  sofreu  ferimentos  devido  ao  forte  aceleração  a  que  fomos 
submetidos.  Tivemos  até  o  momento  35  baixas,  incluindo  o  Almirante  Stolh.  Não  temos  contato 
com  a  Thunderbold  desde  o  incidente,  estamos  em  um  setor  não  mapeado,  com  vários  reparos 
para serem executados nos sistemas da nave e detectamos naves desconhecidas se aproximando 
em  velocidade  sub­luz.  A  fuga  é  impossível,  pois  não  temos  como  manobrar  em  velocidade  de 
dobra. Uma vez que ainda não temos como nos comunicarmos com os alienígenas, estamos nos 
preparando para um possível confronto." 

"Meu primeiro registro sendo realmente a Capitã! Espero que não seja o último." Pensou lisa 
enquanto observava a tela com as naves se aproximando. Doller estava no posto de navegador, a 
Alferes  Diana  no  comando  das  armas,  o  Alferes  Lamark  no  painel  de  comunicações, Mateus no 
console do oficial de ciências, e Lisa em seu posto de Capitã. Não havia ninguém como suplente, 
na verdade não havia pessoal disponível.” 

­ Senhor Doller, situação de navegação. 

­ Leme respondendo, motores de impulso também. 

­ Alferes Diana? 

­  Torpedos  fotônicos  operacionais,  trava  de  armas  também,  dois  bancos  phasers  ainda 
inoperantes. Ainda não temos tático, sensores de longo alcance e mapeamento do setor. 

­ Mate us, o que temos sobre aquelas naves? 

­  Chegarão  em  15  minutos Capitã, os sensores ainda não tem eficiência suficiente para uma 


análise  mais  detalhada,  mas  elas  possuem  armas  de  design  paralelo  aos  disruptores romulanos. 
Sua fonte de energia é desconhecida, mas gera uma grande força para o seu tamanho. As naves 
maiores  tem  20  metros  de  comprimento  e  dois  tipos  de  disruptores,  não  tenho  como  precisar  o 
porque da diferença. Carregam 8 mísseis cada. As menores tem 10 metros, possuem 6 mísseis, de 
um tipo diferente. E, Capitã, elas possuem escudos.
Trek Wars – Roberto Kiss  32  www.scriptonauta.com.br 

Naves de 10 metros com escudos? 

­ Muito bem. Doller, toda força de impulso a frente. Vamos nos afastar. 

­ Sim Capitã. 

Lauriel  observou  atônita  quando  a  nave  começou  a  se  mover,  fugindo  deles.  Eram 
incrivelmente rápidos! 

­ Atenção todos! ­ Lauriel quebrou o silencio do rádio ­ a nave estrangeira está fugindo de nós! 
Bernard! Sabe o que fazer, desabilite aquela nave. 

­ Entendido, esquadrão amarelo, armar os torpedos próton, abaixem os escudos da nave. 

­  Lembrem­se  ­  avisou  Lauriel  ­  em  menos  de  dois  minutos  a nave Exceler chegará a frente 


deles. Com certeza imaginarão que é um ataque hostil! 

­  Capitã!  ­  informou  Mateus  ­  as  naves  aumentaram  a  velocidade  e  estão  se  aproximando! 
Tempo estimado ­ olhou para as leituras ­ dez minutos. 

­ Mateus, temos como disparar os phasers apenas o suficiente para abaixar os escudos deles? 

­ Creio que sim Capitã, mas eles têm que estar mais próximos para que eu tenha uma leitura 
precisa do nível necessário, senão os vaporizaremos. 

­ Me avise quando for possível. Alferes Diana, travar os phasers nas naves. 

­ Sim. Capitã! 

­ Capitã!  ­ disse Diana em seguida ­ uma nave está saindo de velocidade de dobra na nossa 
frente.

Lindo! ­ Pensou Lisa. 

­ A nave tem cerca de 400 metros de comprimento Capitã ­ acrescentou Matias. 

­ Análise! 

­  Um  momento  ­  Matias  usava  freneticamente  o  seu  painel  ­  A  nave  tem  vários  canhões 
disruptores  idênticos  aos  das  naves  menores,  porém  com  um  pouco  mais  de  potência.  Estou 
identificando outras naves pequenas dentro dela ­ Matias se virou para Lisa ­ Capitã, algumas são 
iguais as que estão nos perseguindo. 

­ Estão bloqueando o nosso caminho Capitã, e as outras naves estão muito próximas para nos 
desviarmos ­ informou Doller. 

­ Parada total. Matias, que danos as armas deles podem nos fazer? 

­ Nossos escudos podem resistir a elas. Mas tudo irá depender da intensidade do ataque.
Trek Wars – Roberto Kiss  33  www.scriptonauta.com.br 

­ Nesse caso, vamos esperar. O próximo passo será deles. 

­ Bernard! ­ chamou Lauriel ­ Eles pararam, cancele o ataque. Vamos circular ao redor deles. 

­ Entendido. 

A bordo da Exceler, o General Sornim ponderava sobre a situação. Estavam a 150 metros de 
distância de uma nave desconhecida que podia se mover quase tão rápido quanto um y­wing. 

­ Análise da nave ­ solicitou. 

­  A  nave  possui  escudos  poderosos,  não  identificamos  canhões  ou  armas  externas,  pelo 
menos  nada  que  se  pareça  com  os  nossos.  Parece  possuir  dois  lançadores  na  base  da  coluna 
dorsal  que  une  o  disco  ao  corpo.  Se  forem  mesmo  lançadores,  seus  mísseis  devem  ser 
devastadores para nós. 

O  General  estremeceu.  Ao  saírem  do  hiperespaço  cortaram  o  caminho  deles,  dando  a 
impressão de emboscada. O pior era que estavam bem em frente aos supostos lançadores. 

­  Captamos  anti  matéria  na  nave,  e  uma  incrível  energia!  Comparável  a  dos  geradores  do 
Executor.  Existem  6  pares  de  dispositivos  no  disco  da  nave  que  poderiam  ser  disparadores  de 
algum tipo, em pelo menos 4 deles existe uma fonte de energia ativa. 

­ E quanto as ­ ele não sabia como chamar aquilo ­ coisas também ligadas ao corpo da nave? 

­ Não sei dizer senhor, exceto que, no momento, parecem estar inativos. 

Sornim ficou olhando para o monitor, pensando em como proceder. 

­ Comandante Lauriel ­ chamou ­ alguma informação para nós? 

­ Sim General, captamos transmissões vindas da nave, creio que podemos nos comunicar com 
eles. 

­ Muito bem, tentaremos entrar em contato, espero que nossos tradutores funcionem. 

­  Capitã  ­  disse  Matias  ­  a  nave  maior  está  transmitindo  um  sinal  em  varias  freqüências  ao 
mesmo  tempo.  É  possível  que  estejam  tentando  se  comunicar,  mas  não  temos  como  traduzir  a 
mensagem. 

­ Talvez eles tenham, abra todos os canais. 

­ Pronto Capitã! 

­  Aqui  é  a  Capitã  Donner  da  USS  Starfleet,  da  Federação  dos  Planetas  Unidos,  não  temos 
intenções hostis. Estamos nesta área por acidente, se invadimos seu território, não foi intencional. 
Se podem nos compreender, respondam por favor. 

­  General,  eles  estão  transmitindo  algo  nas  mesmas freqüências que usamos, nosso tradutor 


conseguiu traduzir algo, vou por no áudio.
Trek Wars – Roberto Kiss  34  www.scriptonauta.com.br 

"....Federação .... Unidos ..... Hostis ..... acidente.... território .... intencional ... favor." 

­  A  língua  deles  é  muito  diferente,  mas  tem  pontos  em  comum  com  a  nossa.  Se  mandarem 
mais palavras, poderemos traduzir com certeza. 

­ Retransmita o que pudemos traduzir. 

­ Sim Senhor. 

­  Capitã,  estão  retransmitindo  parte  do  seu  comunicado,  parece  que  não  o  entenderam 
completamente. 

­ Nesse caso, transmita imagens e palavras correspondentes. Vamos torcer para que possam 
entender. 

­ Com o computador principal operando em 43% não vai ser muito rápido ­ comentou Matias. 

­  Bom,  não  temos  mais  o  que  fazer,  e  quando  acabar  a  transmissão,  estaremos  totalmente 
operacionais, incluindo o nosso tradutor. Transmita em código cifrado uma mensagem relatando a 
nossa situação para a Thunderbold e repita essa mensagem até segunda ordem. 

­ Entendido Capitã. A transmissão demorará... 4 horas. 

Lisa se lembrou do treinamento para contato com raças alienígenas, sobre a dificuldade de se 
comunicar  com  eles  no  caso  do  tradutor  universal  estar  inoperante  ou  a  linguagem  não  ser  em 
forma fonética. Se retornasse para casa, teria coisas novas para ensinar. 

Capítulo 5 

"Diário de Bordo, data estelar 3325.3, devido a um acidente ainda sem explicação satisfatória, 
ultrapassamos  a  dobra  máxima  e  agora  nos  encontramos  em território totalmente desconhecido. 
Temos  apenas  40%  de  pessoal  disponível  para  fazer  os  vários  reparos  necessários  em  nossos 
sistemas,  os  quais  necessitamos  para  determinar  nossa  posição,  localizar  a  USS  Starfleet  e 
encontrar  uma  forma  de  voltarmos  ao  espaço  da  federação.  Agravando  ainda  mais  a  nossa 
situação,  a  equipe  de  manutenção  enviada  para  reparar  os  sensores  de  curto  alcance  do  lado 
externo da nave, localizou uma nave desconhecida mantendo posição a cerca de três quilômetros 
de distância. Posso no momento apenas supor que invadimos o espaço de alguma raça alienígena 
e que esta nave foi enviada para nos observar." 

Jevlack  olhou  para  Tirvik,  que, contrariando as ordens médicas estava ajudando nos reparos 


dos sistemas da ponte. Estava com uma tala no braço ferido, e, por várias vezes, demonstrara dor 
ao  usa­lo.  Graças  a  interligação  de  todos  os  sintetizadores  da  nave  pelo computador principal, a 
capacidade  de  criar  as  peças  necessárias  se  multiplicou  enormemente.  Segundo  o  novo 
prognóstico, estariam totalmente operacionais em menos de duas horas.
Trek Wars – Roberto Kiss  35  www.scriptonauta.com.br 

O  mais  demorado  seriam  os  sensores  e  as  comunicações,  isso  porque  estes  equipamentos, 
além de terem os sistemas de controle danificados, também foram danificados externamente por 
estilhaços. Estilhaços estes identificados como sendo da Starfleet, mais precisamente da cúpula do 
reator.

­ Tente o circuito a­4 novamente ­ pediu o chefe da equipe que estava reparando os sensores 
do lado de fora a Tirvik. 

­ Agora está funcionando ­ respondeu ­ já podemos localizar a nave alienígena. 

­ O que pode obter sobre ela? ­ perguntou Jevlack se aproximando. 

Terak foi até o seu console e iniciou algumas leituras. 

­  Apenas  a  distância  e  dimensão.  Está  a  três  mil  e  duzentos  e  9  metros  de  nós  e  tem 
novecentos  e  quatro  metros  de  comprimento.  Capitão!  Existem  dezenove  naves  menores 
circundando a Thunderbold. 

­ Como? Na tela! 

Na tela via­se uma estranha configuração de nave. Era uma esfera ­ onde devia estar o piloto ­ 
ligada a dois painéis hexagonais. 

­ Todas as naves localizadas são variações desta ­ completou Terak. 

A tela foi dividida em três. Uma outra nave tinha dois cilindros ligados a painéis similares as da 
primeira. A terceira nave tinha como diferença significativa apenas os painéis, em forma de pinça. 

­ Nossas armas? 

­ Todas operacionais agora ­ respondeu o Alferes Thompson. 

­ Circuito a­8 ­ solicitou agora o chefe de manutenção. 

­ Testando. Operacional. Fontes de energia. ­ respondeu Tirvik olhando para o Capitão. 

­ Terak? 

­ Um momento senhor. 

Jevlack ordenara que os sensores fossem restaurados para poderem determinar o verdadeiro 
perigo  que  estavam  enfrentando.  Para  isso  precisavam  de,  no  mínimo,  calculo  de  distâncias, 
identificação espectrográfica de energia e análise de ressonância induzida. 

­  A  nave  possui  três  reatores  de  energia,  um dentro do casco e dois do lado externo. ­ disse 


Terak  após  uma  análise  inicial  ­ São as esferas no topo do que parece ser a ponte de comando. 
Possui escudos que seguem as linhas da nave, e estes escudos parecem ser mantidos pelos dois 
reatores externos. Seus escudos são comparáveis aos nossos. 

­ Não me parece ser uma boa estratégia ­ comentou Tirvik.
Trek Wars – Roberto Kiss  36  www.scriptonauta.com.br 

­  Creio  que  a  causa  seja  a  radiação  gerada  por  estes  reatores.  Se  estivessem  no  interior  da 
nave,  matariam  todos  os  tripulantes.  Aparentemente  eles  ainda  não  descobriram  os  campos  de 
contenção.  Existem  centenas  de  armas  parecidas  com  disruptores  ao  longo  do  casco,  inferior  e 
superior. Dois deles em especial são muito grandes. Todos estão energizados. 

­ Não estou surpreso ­ disse Jevlack ­ continue. 

­ As pequenas naves parecem ter como fonte de energia um reator de íon. Tem 10 metros de 
comprimento  e  parecem  ser  demasiado  frágeis.  No  entanto,  também  possuem  disruptores  e  são 
mais poderosos que nossos phasers de mão. Em uma analogia, diria que seriam caças protegendo 
um porta aviões. 

­  Capitão  ­  chamou  Thompson  ­  estou  captando  uma  outra  nave  com  o  mesmo  formato 
triangular desta se aproximando em dobra 3. Deve chegar em 40 minutos. 

Os  sensores  de  longo  alcance  foram  deixados  de  lado,  ainda  podiam  ver  apenas  10%  da 
capacidade total. Um risco calculado. 

­ Muito bem, quando poderemos falar com eles? 

­ Em mais 30 minutos senhor ­ respondeu Tirvik. 

­  Capitão,  as  naves  pequenas  estão  indo  embora,  retornando  para  a  nave  maior.  Estou 
captando  outras  naves  de  um  tipo  diferente  sendo  lançadas.  Parecem  possuir  lançadores  de 
mísseis. 

Jevlack nada disse, apenas observava na tela as naves partirem. 

­  Estão  se  movimentando...  entraram  em  velocidade  de  dobra.  Foram  embora  ­ disse Tirvik, 
incrédula ­ deixaram doze naves e partiram. 

­ Estas naves possuem escudos ­ Disse Terak. 

­  Quando  as  comunicações  estiverem  operacionais,  retire  o  nosso  pessoal  lá  de  fora.  E 
estejam prontos para partirem em dobra máxima. 

­  O  leme  ainda  não  está  operacional  em  velocidade  de  dobra.  ­  informou  Tirvik,  que 
temporariamente estava assumindo o posto de Oshiro. 

­ Engenharia! ­ chamou o Capitão pelo comunicador. 

**** 

Soer viu a Invictor partir e deixa­los para enfrentar a estranha nave. Tudo o que sabiam sobre 
ela era que tinha escudos poderosos, possivelmente dois lançadores e 22 dispositivos que deviam 
disparar algo parecido com os seus turbolasers. Suas ordens eram claras, deter a nave até que o 
Interditor  Cabriam  chegasse.  Tinham  40  minutos  para  isso.  A  missão  da  Invictor  devia  ser  de 
extrema urgência, pois não podiam se atrasar nem um pouco. 

Pela análise tática, se a nave tentasse fugir, teriam 15 minutos para dete­la antes que alcança­ 
se a janela para o hiperespaço mais próxima. Claro! Isto se a nave fosse um destróier estelar. Mas 
não  era.  E  se  ela  fosse  mais  rápida?  Impossível  ­  responderam  os  técnicos  ­  seus  motores  não 
podem gerar tanta potência assim.
Trek Wars – Roberto Kiss  37  www.scriptonauta.com.br 

­ Todos os caças, armar torpedos pesados! 

Abaixar  os  escudos  da  nave  para  facilitar  a  captura,  eram  as  ordens.  Como  seus  escudos 
eram  similares  a  da  Invictor,  apesar  da  diferença  de  tamanho,  oito  torpedos  pesados  deveriam 
fazer isso. Depois era disparar os canhões íons para garantir que ficassem inertes. 

­  Conforme  foi  planejado,  Alphas  1  a  8,  disparem  os  torpedos,  o  restante  siga  atrás  para 
desabilitar a nave. 

­ Capitão! As naves estão se aproximando velozmente, parecem estar em formação de ataque! 

­ Aguarde senhor Thompson, vamos ver. 

­ CAPITÃO! ­ Disse Terak ­ creio que estão travando seus mísseis em nós. 

Jevlack semicerrou os olhos. 

­ Qual a capacidade destes mísseis? 

­ Ainda não tenho como precisar. 

­  ALERTA  VERMELHO!  Sala  de  transportes,  traga  a  equipe  de  manutenção  para  bordo 
imediatamente. Tirvik, força máxima de impulso. Vamos fugir deles. 

­ Sim senhor. 

­ Anderson! Precisamos manobrar em dobra, AGORA! 

­ Preciso de vinte minutos senhor. 

­ Não temos esse tempo! Ponha todos para trabalhar nisso! 

­ Impossível! Temos que seguir as etapas. Não adianta arrumar nove mulheres que não se terá 
um bebê em um mês! 

­ Então faça um aborto! 

­ Teremos manobras horizontais em cinco minutos. 

­ Ótimo! Avise quando pronto. 

Soer  não  acreditou  quando  viu  a  velocidade  que  a  nave  podia  chegar!  Quinze  minutos??? 
Bastavam dois!!!!! Mandou a esquadra desviar energia dos escudos para os motores, os torpedos 
tinham que ser disparados próximos a nave, pois sua capacidade de manobra era muito baixa. 

­ Elas aumentaram a velocidade ­ Informou Thompson. 

­ Manter curso. 

­ Sim Capitão.
Trek Wars – Roberto Kiss  38  www.scriptonauta.com.br 

Jevlack  observava  na  tela  as  naves  se  aproximarem.  Quinhentos  metros,  quatrocentos, 
trezentos... 

­ Estão disparando mísseis! ­ Informou Thompson. 

­ Evasiva! 

A Thunderbold virou a bombordo, os mísseis a seguiram, diminuindo a velocidade para manter 
o alvo na mira. 

­ Senhor Thompson, travar phasers nos mísseis e dispare quando pronto! 

­ Entendido senhor. 

Soer viu a nave mover­se como um Tie­Bomber, agora sabia porque o Império a queria. O que 
aconteceu  em  seguida  o impressionou mais que tudo. Vários feixes de energia foram disparados 
por  aqueles  dispositivos  até  então  desconhecidos  da  nave,  destruindo  os  mísseis 
instantaneamente. Parecia um tipo de laser, porém de poder inconcebível. 

Se a nave parecer poderosa demais, deve ser destruída, analisaremos os destroços. 

­ Todas as naves, destruam a nave inimiga. 

Soer não acreditava que pudessem faze­lo, mas poderiam deixa­la ocupada o bastante até o 
Interditor chegar. 

Mais  26  torpedos  pesados  foram  disparados,  e  destruídos  oito  segundos  depois,  da  mesma 
forma  que  antes.  Era  hora  de  ir  para  o  mano  a  mano.  Soer  mudou  o  comando  de  armas  para 
canhões laser e atacou a nave, sabendo que se ela disparasse, nem teria tempo de ver isso. 

­ Estão nos atacando com os disruptores senhor. 

­ Nossos escudos? 

­  Não  estão  atacando  com  intensidade  suficiente  para  enfraquece­los  a  ponto  de  caírem. 
Apesar  de  poderosos,  os  disparos  dissipam­se  rapidamente.  Mas,  se  atacarem  todos  em  um 
mesmo ponto, teremos problemas. 

­ Anderson! E quanto a esse leme? 

­ Ainda tenho três minutos senhor. 

­ Muito bem. Terak, pode determinar o quanto seria necessário para abaixar os escudos deles? 

­ Sem problema senhor. 

­ Hora de fugir dos padrões de novo. Alferes Thompson, trave os phasers nas naves e regule 
para  a  intensidade  que  Terak  lhe  indicar,  sala  de  transporte,  vou  dar  mais  uma  vez  uma  ordem 
doida... 

Soer  não  podia  entender.  Por  mais  que  disparassem,  os  escudos  não  baixavam.  A  única 
explicação  era  que  assim como a nave dele, eles podiam reerguer os escudos. Também achava
Trek Wars – Roberto Kiss  39  www.scriptonauta.com.br 

estranho até agora não terem recebido nenhum contra ataque. Era como se não quisessem lutar. 
Seja  como  for,  já  haviam  demonstrado  que  doze  Assalt  Gunboad  não  podiam  fazer  nada  contra 
eles. Era hora de avisar ao General Mejev. 

­  Aqui  é  o  Comandante  Soer  chamando  o  Interditor  Cabriam.  A  Nave  alienígena  é  mais 


poderosa  que  imaginávamos,  pode­se  se  mover  e  manobrar  quase  tão  rápido  quanto  um  Tie­ 
Bomber, dispara feixes de energia semelhantes a laser, e até o momento não fomos capazes de 
causar qualquer espécie de dano aos seus esc.... 

Tudo  ficou  vermelho  de  repente!  Soer  sentiu  um  forte  impacto,  alguns  alarmes  soaram. 
Quando  viu  o  seu  painel,  notou  que  seus  escudos  se  foram,  tanto  frontais  como  traseiros.  Pelo 
rádio, ouviu que as outras naves estavam na mesma situação. Não conseguiu entender muito bem, 
mas percebeu que estava com problemas, decidiu se afastar até recuperar os escudos. Ia ordenar 
aos  outros  a  fazerem  os  mesmo,  quando,  desta  vez,  tudo  ficou  estranho.  Por  alguns  instantes, 
pareceu que as estrelas cintilaram, e depois mudaram de lugar. 

­ Comandante Soer ­ chamaram pelo rádio ­ olhe no seu painel e me diga se fiquei louco. 

Soer olhou e praticamente ficou em choque. Estavam agora a mil e setecentos quilômetros de 
distância da nave alienígena. 

­  Não  ­  respondeu após alguns momentos ­ você não está louco. De alguma forma, eles nos 
chutaram para bem longe. 

Realmente, eles não queriam lutar. Soer agradeceu aos seus deuses por isso. 

­ Alferes Lilandra, operou perfeitamente os transporte. Todas as naves ao mesmo tempo. 

­ Obrigada Capitão! 

­ Engenheiro Anderson, conseguimos mais tempo para vocês. 

­ Agradeço senhor. Podemos aproveitar e terminar as comunicações? 

­ Sim, vocês tem... ­ olhou para Terak. 

­ A nave chegará em 33 minutos. 

­ ... 33 minutos para isso. 

­ Estará pronto em 10! 

"Parece que ele entrou no clima agora" pensou Jevlack. 

Capítulo 6 

"Diário de Bordo, data estelar desconhecida. Estamos ainda em nossas tentativas de contato 
com  a  nave  que  bloqueou  o  nosso  caminho.  Agora,  com  o  nosso  tradutor  universal  operando, 
talvez possamos finalmente efetua­lo. Nossa situação ainda é de risco, mas temos uma esperança 
de resolve­la diplomaticamente."
Trek Wars – Roberto Kiss  40  www.scriptonauta.com.br 

­ Muito bem, abrir freqüências de saudação. 

­ Freqüências abertas Capitã ­ informou Diana. 

­ Aqui é a Capitã Donner da USS Starfleet, nave da federação dos Planetas Unidos. Se podem 
nos entender, por favor, respondam. 

O  tradutor  foi  alimentado  com  todas  as  transmissões  captadas,  pelo  menos  vinte  línguas 
diferentes puderam ser traduzidas. Agora tinham que conseguir contato. 

­  Aqui  é  o  General  Sornim  da  nave  da  Aliança  Rebelde  Exceler.  Oferecemos  nossas 
saudações. 

Lisa  notou  que  seus  subordinados  suspiraram  de  alívio.  Mas  ela  percebeu  algo  que  a 
incomodou. Aliança Rebelde. Teriam os tradutores errado? 

­ Agradecemos sua saudação e oferecemos a nossa. Quero aproveitar para dizer que estamos 
aqui por acidente, e, se foi o caso, não pretendíamos invadir o seu território. 

­ Este território não é nosso. Talvez seja mais prático conversarmos frente a frente. Podemos 
nos encontrar em shuttles. 

­  Não  creio  que  nossos  shuttles  tenham  forma  de  acoplamento  compatível  com  os  seus. 
Ofereço minha nave. Podem trazer uma escolta se preferirem. 

Houve um momento de silêncio, que Lisa aproveitou para considerar as informações obtidas. 
Não  era  território  deles,  mas  tinham  interesse  na  nave  estranha.  A  ponto  de  se arriscarem a um 
combate para isso. E ainda havia o fato de se chamarem de rebeldes. Fez sinal para Matias cortar 
o áudio. 

­ Diana, uma análise lógica, por favor. 

­ Eles sem dúvida alguma tem interesse em nós. Talvez em nossa tecnologia. Sugiro informa­ 
los de nossa primeira diretriz e não dar muito mais informações do que já possuem sobre nossas 
capacidades. 

Lisa ponderou um pouco sobre a sugestão. 

­ Matias, abra a áudio. 

O sinal indicou o canal aberto. Houve mais um pouco de silêncio. 

­  Perdoem­me  pela  demora,  estava  com  dificuldades  para  convencer  meus  conselheiros  de 
que a ida a sua nave seria uma prova de confiança de nossa parte. Vocês concordariam com uma 
escolta armada de seis guardas? 

­ Sim. Plenamente. 

­ Então partiremos imediatamente. 

­ Aguardarei o senhor com meus oficiais no nosso hangar.
Trek Wars – Roberto Kiss  41  www.scriptonauta.com.br 

­ Entendido. Exceler desliga. 

­  Matias,  fique  no  comando,  e  ache  alguém  para  ocupar  estes  postos  vagos.  Conduzirei  o 
General ao observatório. O resto, sigam­me até o hangar. 

Sornim seguiu com sua escolta até a entrada do shuttle. Deu as ultimas instruções ao tenente 
Rinander que comandaria a nave enquanto estivesse fora. Manter a Starfleet sob mira, e destruí­la 
em caso de movimento hostil. 

O  Shuttle  saiu  da  Exceler  e  logo  foi escoltado pelos a­wing de Lauriel e Ígnea. Eles também 


pousariam  na  Starfleet,  e  integrariam  o  time  de  escolta  do  General.  Os  outros  tres  y­wing 
pousaram na Exceler para uma descanso aos seus pilotos. Sornim sabia que Lauriel também iria 
querer  descansar,  mas  ela  era  a  pessoa  mais  indicada  para  acompanha­los.  Ígnea  disse  que 
preferia acompanhar sua Comandante e amiga. 

6.220  minutos  depois,  a  comporta  da  Starfleet  se  abria,  permitindo  que  as  naves pudessem 
pousar.  Não  havia  muito  espaço.  Todos  acharam  estranho  uma  nave  daquele  porte  não  possuir 
uma grande área para caças, na verdade, haviam apenas shuttles no hangar. Definitivamente, não 
era  uma  nave  de  guerra,  o  que  significava  que  o  Império,  com  certeza,  deveria  ter  capturado  a 
nave que localizaram. 

Sornim  ficou  surpreso  ao  ver  que  eram  humanos,  bem,  pelo  menos  a  maioria.  Estes  sem 
dúvida nunca tinham visto uma criatura como ele. Só mais tarde eles diriam que se parecia com 
um peixe ­ seja lá o que isso fosse. 

­ General Sornim  ­ disse uma das fêmeas humanas ­ sou a Capitã Lisa Donner, bem vindo a 
bordo da USS Starfleet. 

­ Obrigado ­ respondeu ­ é uma honra ser o primeiro de minha raça a conhece­los. Por favor ­ 
ele dirigiu­se a sua escolta ­ não fiquem com as mãos em cima das armas. Isso cria um ambiente 
muito tenso. 

Seus guardas relutantemente puseram as mãos longe das armas. 

­  Se  quiserem  me  seguir  ­  disse  a  Capitã  ­  temos  um  aposento  adequado  para  nossas 
conversações. 

­ Creio que dois de meus guardas irão querer ficar aqui para vigiar as naves. 

­  Compreendo  ­  disse  a  Capitã  ­  mas  o  senhor  deve  entender  que  terei  de  deixar  sentinelas 
aqui também. 

­ Ficaria surpreso se não deixasse ­ respondeu cordialmente. 

Ígnea  e  Nalo  ficaram  no  hangar,  ao  lado  do  shuttle  do  General,  a  distancia,  ficaram  dois 
seguranças da Starfleet. 

Sornim começou a estranhar os tripulantes da Starfleet. Todos muito jovens. Mesmo a Capitã. 
Era como se fosse uma nave só de cadetes.
Trek Wars – Roberto Kiss  42  www.scriptonauta.com.br 

Entraram em um equipamento que a Capitã indicou sendo um turboelevador, que usavam para 
se movimentar pela nave. Muito prático. Movia­se lateralmente e horizontalmente, ao contrário dos 
equivalentes da Exceler. Não cabiam todos de uma vez, assim foram divididos em dois grupos. 

Chegaram o local indicado pela Capitã. Havia quatro grandes janelas no fundo do aposento, e, 
próximo  ao  centro,  uma  grande  mesa.  Estranho,  não  parecia  haver  nada  naquelas  janelas  que 
impedisse que o vácuo do espaço os sugasse para fora. Sentaram­se a mesa e logo em seguida, o 
resto  da  escolta  do  General  chegou.  Os  quatro  se  posicionaram  nos  quatro  pontos  da  sala.  Na 
mesa  estavam  ele,  a  Capitã,  o  Oficial  de  ciências  Doller,  e  a  chefe  de  segurança  Diana.  Uma 
vulcana,  disse  a  Capitã  quando  notou  a  curiosidade  do  General  sobre  suas  características 
peculiares. 

­ Creio que podemos conversar ­ começou a Capitã ­ General, serei franca e direta. Disse que 
não  invadimos  o  seu  espaço.  Mas  a  forma  como  agiram  poderia  ter  causado  um  confronto 
desnecessário. O acidente que mencionei tinha cortado nossas comunicações. 

­ Entendo perfeitamente, mas não tínhamos muita escolha. Diga, outra nave veio com vocês? 
Com as mesmas características? 

A Capitã olhou para Doller, antes de responder. 

­ Sim, a USS Thunderbold. Vocês a localizaram também? 

­ O Império a localizou. Bom ­ ele respirou fundo ­ creio que terei que explicar a nossa história, 
para que entendam o porque de agirmos desta forma. 

Soer desceu de sua nave, e viu o General Mejev o encarando. Ele queria informações, e Soer 
não sabia como fornece­las. Foi em sua direção. 

­ General ­ começou. 

­ Analisaremos primeiro os seus registros. Reuna­se comigo na sala de treinamento em vinte 
minutos. 

­ Sim senhor ­ disse fazendo continência. 

Soer foi ao aposento que lhe foi designado, para tomar um banho rápido. 

Lauriel estava ao lado das janelas do aposento, estava curiosa. Podia ver alguns x­wing e a­ 
wing  patrulhando  a  distância.  Não  parecia  haver  vidro  ou  qualquer  outro  material  translúcido. 
Tentou por a mão através da janela e se surpreendeu ao ouvir um som alto, e surgir uma espécie 
de ondulação no local que tocara, como se tivesse jogado pedras em um lago. Rapidamente notou 
que sua ação interrompera a conversa do General. 

­ Desculpem­me ­ disse. 

­ É um campo de força ­ disse a Capitã ­ nós usamos esta sala também como observatório, e 
qualquer material translúcido poderia causar reflexos indesejáveis. 

Lauriel  maneou  a  cabeça,  concordando.  Voltou  a  olhar  as  estrelas,  tentando  não  prestar 
atenção  ao  que  o  General  dizia.  Sobre  como  tudo  o  que  a  galáxia  tinha  conhecido  tinha  sido 
guerras e guerras, até que surgiu um Império para tentar impor a paz. Uma paz militar.
Trek Wars – Roberto Kiss  43  www.scriptonauta.com.br 

Preferiu concentrar­se na Starfleet. Desde que chegara, no hangar, corredores, turbo­sei­la­o­ 
quê, TUDO era impecável. Tudo limpo, sem sinal de poeira de qualquer espécie. Parecia uma nave 
hospital. Isso exigia uma grande disciplina. Disciplina militar. 

Sentia­se  mal!  Estava  suada,  fedendo  e  com  o  cabelo  horrível.  Tinha  pilotado  sua  nave  por 
quase sete horas. Sentiu­se envergonhada ao ver a limpeza da nave. 

Continuando,  os  postos  da  tripulação:  Capitã,  Oficial  de  ciências,  Alferes.  Eram  títulos 
militares.  Mas  não  havia  caças  no  hangar,  apenas  4  shuttles.  Não  havia  turbolasers  ou qualquer 
coisa similar no casco externo da nave. Nenhuma comporta localizada em que as armas pudessem 
estar  ocultas.  Apenas  dois  lançadores  de  algum  tipo  e  dispositivos  que  poderiam  ser  armas,  ou 
simplesmente sensores. Baseado no que conhecia, Não se encaixava. Uma nave civil povoada por 
militares? Não! Podia ser uma nave de exploração, mas era militar, devia Ter armas, e poderosas. 
Tinham  detectado  uma  fonte  de  energia  com  um  poder  tão  grande  como  os  dos  reatores  do 
Executor. 

"Os Jedis foram exterminados por Darth Vader, que se tornou o maior Comandante do Império, 
abaixo apenas do imperador. Dominado pelo lado negro da força, fez o Império progredir de forma 
brutal, esmagando toda a resistência. Assim, a rebelião acabou sendo a única resposta possível. 
Uma aliança das raças que não estavam dispostas a aceitar a paz escravizadora que estava sendo 
imposta..." 

A  Capitã  e  os  demais  pareciam  absortos  pela  conversa,  mas  ela  já  conhecia  esta  história. 
Estava ajudando a faze­la. 

O Império! Uma nação poderosa que decidiu que a paz devia ser conquistada, e todos os que 
se opusessem a forma como era feita eram conquistados ou extintos. Se havia algum conflito em 
algum  ponto  da  galáxia,  a  Império  vinha  intervir  para  acabar  com  o  mesmo.  E  de  uma  forma 
prática! Se a diplomacia falhasse (apenas em 99% dos casos) usavam a força. Conquistavam os 
dois lados antagônicos e integravam estes governos ao dele. 

Bela  paz  essa.  Planetas  que  tinham  abolido  a  escravidão  voltavam  a  ter  esse  comércio, 
mundos unificados eram fragmentados por insurreições internas. Todas devidamente esmagadas. 
Claro que haviam os mundos que se aliavam a Império para obter vantagem. O seu foi um deles. 

O General falava rapidamente. Lauriel discretamente pressionou o seu dispositivo de contato, 
para que Ígnea reportasse se estava tudo bem. Luz verde acesa. Sim tudo bem. 

Fácil  demais,  limpo  demais,  tranqüilo  demais.  Estaria  ela  tão  acostumada  a  guerra  que 
momentos  de  paz  diplomática  eram  desgastantes?  Olhou  para  os  seus  companheiros.  Todos 
relaxados.  Suspirou  silenciosamente.  Pôs  as  mãos  para  trás  e  encostou­se  na  parede. 
Provavelmente os anos em que fora escrava a deixaram desconfiada de tudo. 

Soer  ouvia  atentamente  a  explicação  dos  analistas.  A  nave deveria Ter menos massa que a 


anteriormente  calculada,  só  assim  poderia  se  mover  tão  rapidamente  como  o  fez.  Suas  armas 
eram  feixes  de  energia  poderosos,  que  podiam  ser  direcionados  facilmente,  ao  contrário  dos 
canhões  laser,  que  disparavam  sempre  na  mesma  direção.  Quanto  ao  incidente  final,  ficou 
descartada  qualquer  espécie  de  mini­hiperpropulsão.  Os  Assalt  Gunboad  foram  realmente 
transportados de alguma maneira.
Trek Wars – Roberto Kiss  44  www.scriptonauta.com.br 

­  Comandante  Soer,  como  estava  no  comando  da  operação,  tem  algo  a  acrescentar  ou 
perguntar? ­ perguntou o General 

­  Sim  ­  disse  enquanto  se  levantava  ­  quinze  minutos  após  sermos  transportados,  a  nave 
partiu.  No  entanto,  não  estava  próxima  a  nenhuma  janela  para  o  hiperespaço.  Inclusive,  como 
poderão ver nos registros de minha nave, ela fez uma curva para a direita. Como isso é possível? 

O General olhou para o analista. 

­ Mostre este registro ­ ordenou. Estava obviamente irritado por essa informação não Ter sido 
comentada. 

Todos observaram as imagens holográficas. Claramente via­se a nave avançar rapidamente, 
como que partindo para o hiperespaço, e fazer uma curva para a direita. 

­ E então? ­ Perguntou o General, demonstrando impaciência. 

­  Não  temos  como  explicar  isso  ­  respondeu  o  analista  ­  a  não  ser que aceitemos a idéia de 


que não estavam usando o hiperespaço, pelo menos não da mesma forma que nós. 

­ Se ela pode manobrar no hiperespaço, não há como sabermos onde está agora. 

Soer tomou a palavra mais uma vez. 

­ Terine, se eles podem manobrar, devemos supor que também possam Ter sensores capazes 
de detecção no subespaço, do contrário colidiriam com alguma estrela ou planeta. 

­ Sim ­ concordou o analista ­ podemos supor isso. 

­ Muito bem, farei o meu relatório ao Imperador. Todos dispensados. 

Até  que  não  foi  difícil  ­  pensou  Soer  enquanto  ia  para  os  seus  aposentos  Ter  um  merecido 
repouso. 

­ Comandante Soer ­ chamou o General ­ tem uma mensagem para você no arquivo 332­1 

­ Obrigado senhor ­ respondeu. 

Foi a um terminal próximo e leu a mensagem. Eram dos caçadores. Informaram que sua antiga 
escrava estava no setor 0­4­9, em uma missão para contato com uma nave estranha que surgira 
por lá fazia quase 20 horas. Uma nave descrita como tendo um grande disco ligado a um cilindro. 

Soer sorriu maldosamente. Outra nave, e a sua escrava no mesmo local. Podiam chegar lá em 
seis horas, mas havia um posto do Império mais próximo, com um destróier estelar. 

­ General! ­ chamou ­ acho que tenho uma noticia que irá lhe interessar... 

Ígnea estava ficando com fome. Notou alguns tripulantes com feições similares as suas, que os 
seguranças  da  Starfleet  disseram  ser  orientais.  Orientais?  O  fato  de  serem  humanos,  e  terem 
características tão similares as suas e ra assustador.
Trek Wars – Roberto Kiss  45  www.scriptonauta.com.br 

­ Está com fome? ­ perguntou um dos seguranças. 

Balançou afirmativamente a cabeça. Se eram humanos, a comida deles não deveria fazer mal. 
O  segurança  aproximou­se  de  uma  espécie  de  mesa,  onde  disse:  Computador,  suco  de  laranja. 
Ígnea  ficou  impressionada,  e  seu  parceiro  Nalo  também!  Ali,  do  nada,  materializou­se  um  copo 
com suco de laranja. 

Quando  ele  foi  entregue,  notou  que  estava  frio,  e  com  o  aroma  de  que  tinha  sido  feito 
recentemente.  Ela  não  sabia  o  que  era  laranja,  mas  fora  fazendeira  por  um  bom  tempo  em  seu 
planeta natal, e podia reconhecer um suco de fruta feito na hora. Bebeu o líquido. Delicioso! 

­ Tem mais? ­ perguntou com um sorriso. 

­ Claro, minha linda ­ respondeu o segurança ­ me chame de Tobias. 

­ Meu nome é Ígnea. 

­ Bonito ­ comentou Tobias. 

Nalo e o outro segurança trocaram olhares, e ambos pareciam concordar em dizer ­ era só o 
que faltava! 

­ Como assim nós não vamos? ­ Soer estava desconcertado. 

­  Ordem  direta  do  Imperador!  ­  disse  o  General  ­  A  Giant  já  foi  enviada, mas com certeza a 
nave  alienígena  poderá  fugir  facilmente,  assim  como  a  última.  O  objetivo  será  capturar  a  nave 
rebelde que está com eles, e absorver qualquer informação que tenham obtido. 

Soer calou­se. Não gostou a informação. 

­  Instrua  o  seu  espião  a  deter  a  nave  rebelde.  Se  for  bem  sucedido,  será  regiamente 
recompensado. Iremos partir imediatamente para integrar a frota de Darth Vader. Dispensado. 

Soer afastou­se pa ra dar a ordem. Quando estava na porta ouviu o General dizer: 

­  Se  sua  antiga  escrava  for  capturada,  em  honra  aos  seus  serviços  ao  Império  ela  será 
entregue aos seus cuidados. 

Ele  nada  disse.  Queria  estar  presente  quando  acontecesse,  ver  a  surpresa  em  seus  olhos. 
Sentir  o  medo  ou  ódio  que  ela  expressasse  em  primeira  mão.  Mas  certos  prazeres  a  vida  não 
concede. 

Matias olhava as leituras do sensor de longo alcance que estava finalmente operacional. Sorriu 
satisfeito. 

­ Porth, assuma ­ disse ­ irei ao observatório. 

Seguiu  pelo  turboelevador  e  parou  em  frente  a  porta  automática,  solicitando  permissão  para 
entrar. Ao ouvir um "entre" da Capitã, entrou e disse baixinho em seu ouvido:
Trek Wars – Roberto Kiss  46  www.scriptonauta.com.br 

­ Os sensores foram recuperados, captamos a Thunderbold, vindo em dobra máxima. Deverá 
chegar em menos de 10 minutos. Mas também captamos uma outra nave, vindo da mesma direção 
em que a Exceler surgiu. Esta tem o formato triangular e um quilômetro e meio de comprimento. 

Notou que a Capitã ficou apreensiva com a notícia. 

­ Algum problema? ­ perguntou o General. 

Matias  olhou  para  ele.  Parecia  um  humanóide  com  cabeça  de  peixe.  Mas  não  demonstrou 
nada. 

­  Talvez.  ­  disse  a  Capitã  ­  Captamos  a  outra  nave  que  veio  conosco  no  mesmo  acidente. 
Chegará em dez minutos. 

A  surpresa  do  General  era  evidente.  A  guarda  que  estava  ao  lado  da  janela  pegou  uma 
espécie de comunicador e falou por ele. 

­ Exceler, aqui é a Comandante Lauriel, por que não fomos informados que uma nave está se 
aproximando? 

­ Não captamos nada nos sensores ­ foi a resposta. 

­ Nada? Ela chegará em dez minutos! 

­ Repetindo, nada nos sensores e nem no visual. Se tiver dispositivos de camuflagem, também 
deve poder ficar invisível. ­ Entreolharam­se 

­ Creio que posso explicar ­ disse Doller ­ a nave está vindo em velocidade de dobra, acima da 
velocidade da luz. Obviamente seus sensores não possuem esta capacidade. 

Os  visitantes  ficaram  emudecidos.  Matias  lembrou­se  do  conselho  de  Diana.  Agora  eles 
sabiam que a tecnologia a bordo da Starfleet era superior a deles. Pelo menos em sensores. 

­  Há  mais  uma  coisa,  captamos  outra  nave  se  aproximando  vindo  da  mesma  direção  que 
vocês. 

­ Outra nave? ­ perguntou o General ­ Não foi designada nenhuma outra nave para esta área. 

­  Com  licença?  ­  disse  Matias  se  aproximando  da  mesa  e  acionando  alguns  comandos  no 
console ­ pronto, esta é a nave. 

Surgiu um holograma da nave em questão. 

­ Um destróier Imperial! ­ exclamou o General. ­ Está vindo para cá? 

­ Chegará em duas horas ­ completou Matias. 

­  Senhor  Matias ­  disse  a  Capitã  ­  comunique­se  com  a  Thunderbold  e informe que estamos 


bem, e que estamos fazendo um primeiro contato com os seres que localizamos. Diga que irei falar 
com eles assim que o General voltar a sua nave. Temos duas horas. Vamos aproveita­las.
Trek Wars – Roberto Kiss  47  www.scriptonauta.com.br 

­ Sim Capitã! ­ disse Matias, Retirando­se em seguida. 

Mas ainda ouviu a Capitã falar antes de sair. 

­  Bem  General,  contou­me  sua  história,  e  posso  compreender  a  situação  de  vocês,  agora, 
vocês devem compreender a nossa. E principalmente da nossa Diretriz Primeira... 

A bordo da Exceler, uma figura furtiva saia da sala de controle do hiperdrive. Certificando­se de 
que  ninguém  o  vira,  pegou um comunicador imperial e informou que tudo estava pronto. Mesmo 
que a nave estrangeira pudesse fugir, o Exceler não conseguiria. 

Capítulo 7 

A Thunderbold surgiu repentinamente, vindo de uma posição inesperada. Rinander ficou sem 
ação  ao  ser  informado.  O  General  dissera  a  poucos  instantes  que  uma  nave  parecida  com  a 
Starfleet  surgiria  em  breve.  Deveria  manter  posição  e  não  provoca­la.  Mas  não  esperava  que  a 
mesma surgisse do hiperespaço posicionando­se tão próxima. 

Era maior que a Starfleet, e tinha um desenho diferente. Mas o estilo era sem dúvida o mesmo. 
Um  grande  disco  ligado  ao  corpo.  Motores  atrás  do  disco  e  um  hangar  na  cauda.  Seu  formato, 
contudo  era  mais  ameaçador.  Possuía  24  dispositivos  iguais  as  da  Starfleet,  e  dois  lançadores, 
localizados  também  na  dorsal  que  unia  o  disco  ao  corpo  da  nave.  Os  escudos  eram  mais 
poderosos, praticamente os mesmos de um destróier estelar. 

­ Distância da nave ­ pediu. 

­ 80 metros ­ foi a resposta. 

Cercados  por  duas  naves  de  poder  desconhecido,  com  um  destróier  estelar  a  caminho  e 
distantes 30 minutos da janela mais próxima. 

­ Deixe todos os caças de prontidão. 

­ Sim senhor. 

"Diário  de  Bordo,  data  estelar  3322.1,  Seguimos  o  sinal  captado  da  USS  Starfleet,  após  o 
reparo  de  nossas  comunicações.  Fomos  informados  pelo  Primeiro  Oficial  Matias  que  a  nave  de 
treinamento  estará  operacional  em  5  horas,  e  que  uma  outra  nave  se  aproxima  em  dobra  3. 
Segundo  informações  prestadas  pelo  representante  da  aliança  rebelde,  essa  nave  pertence  ao 
mesmo povo que nos atacou há pouco tempo. Portanto, temos que encontrar uma forma de tirar a 
Starfleet daqui, mesmo que seja necessário evacuar sua tripulação e destruir a nave, para evitar a 
violação da primeira diretriz." 

­ Matias, relatório, por favor ­ pediu Jevlack. 

Pela tela, Matias estava se sentindo pouco a vontade para falar. 

­ Só precisamos do leme para manobrar a nave em dobra, mas, pelo que pude apurar quando 
estava  no  observatório,  esse  povo  só  pode  fazer  detecções  em  sub­luz.  Bastaria  irmos  para 
qualquer lado que estaremos seguros.
Trek Wars – Roberto Kiss  48  www.scriptonauta.com.br 

­ Vocês estão precisando de mais pessoal para os reparos? 

­ Na verdade, precisamos de mais sintetizadores. 

­  Nesse  caso,  engenheiro  Anderson,  apresente­se  a  sala  de  transporte  e  vá  para a Starfleet, 
veja  o  que  eles  precisam  e  use  os  nossos  sintetizadores  para  isso.  Quero saber quanto tempo é 
preciso para mover aquela nave. 

­ Sim senhor. 

­  Terak,  acesse  o  computador  da  Starfleet  e  use  os  sensores  deles  em  conjunto  com  os 
nossos, para analisar essa nave, a Exceler. E analise também as que estão no hangar da Starfleet. 

­ Entendido Capitão. 

­  Tirvik,  venha  comigo, hora de uma tarefa diplomática, Alferes Thompson, devido a falta de 


pessoal... Bom, o comando é seu. 

­ Sim senhor ­ ele não pareceu muito contente. 

­ Senhor Matias, informe a Capitã que estamos indo a bordo para participar das conversações. 

­ Sim Capitão ­ respondeu Matias ­ Starfleet desliga. 

Jevlack  seguiu  com  Tirvik  para  a  sala  de  transportes.  A  noticia  da  morte  do  Almirante  o 
incomodou muito, mas não era hora de considerar isso. Tinha uma nave cheia de cadetes que de 
uma  hora  para  outra  se  tornaram  oficiais  e  tiveram  que  fazer um primeiro contato com um povo 
desconhecido, sendo que estavam em guerra por libertação. Pela primeira diretriz, não poderiam 
tomar  nenhum  partido,  e  deveriam  que  deixar  a  área  o  mais  rápido  possível,  pois  os  dois  lados 
deviam estar procurando por qualquer vantagem possível. Nesse caso, eles. 

Apesar da comandan... Capitã Donner ter servido com o comodoro Brand, Jevlack temia que 
sua inexperiência em diplomacia com povos desconhecidos causasse algum tipo de interferência. 
No caso, "infecção" cultural estava descartada, era um povo altamente tecnológico, embora ainda 
não  fosse  possível  determinar  se  sua  tecnologia  era  superior  ou  não.  Apesar  de  suas  naves 
aparentemente  alcançarem  no  máximo  a  dobra  três,  demonstrando  inferioridade,  as  naves 
pequenas  com  escudos  próprios,  armas  e  motores  potentes  alimentados  por  uma  única  fonte  de 
força  demonstrava  o  contrário.  Talvez  fosse  como  Terak  tinha  sugerido  durante  sua  análise 
primária, não deviam considerar superior ou inferior, apenas diferente. 

Nesse caso, o que ocorreria em uma combinação dessas tecnologias? Era algo assustador. Se 
estavam  em  guerra,  qualquer  lado  que  pudesse  ter  apenas  os  sensores  de  longo  alcance 
dominaria por completo o outro. 

Chegaram  a  sala  de  transporte.  Jevlack  ordenou  o  transporte  e,  após  alguns  instantes, 
estavam na Starfleet. Matias estava lá para recepciona­los. 

­ Permissão para vir a bordo, Comandante. 

­ Concedida senhor. Confesso que agora me sinto um pouco mais seguro. 

­  Não  deveria,  a  Thunderbold  não  está  em  melhor  estado,  não  temos  nenhum  sistema  de 
emergência para o caso dos principais falharem.
Trek Wars – Roberto Kiss  49  www.scriptonauta.com.br 

­ Então ­ disse Matias ­ estamos no mesmo barco. Por favor. 

Matias indicou para que o seguissem. Passaram por uma das enfermarias, Jevlack aproveitou 
para dar uma espiada. Aparentemente controlaram a situação assim como eles. 

­ Quantos oficiais professores estão na ativa? ­ Perguntou Tirvik. 

­ Apenas 1, os outros três morreram. 

­  Fizeram  um  bom  trabalho  ­  comentou  Jevlack,  evitando  falar  no  Almirante  ­  Quantos 
tripulantes estão aptos a trabalharem? 

­  Apenas  130,  pelo  que  o  seu  Engenheiro  disse,  nossos  danos  foram  menores,  talvez  pelos 
escudos estarem baixos. A ressonância da dobra não foi intensificada graças a isso. 

Sim,  tudo  o  que  estava  protegido  por  escudos  de  qualquer  tipo  sofreram  danos,  foi  por  isso 
que  os  chips  isolineares  de  ambas  as  naves  foram  devastados.  Automaticamente,  em  uma 
situação  de  emergência,  os  principais  circuitos  são  protegidos  por  campos  de  força,  mas  isso 
multiplicou o efeito de distorção, pulverizando­os. Apenas os sistemas que não tinham tal proteção 
ficaram operacionais. Infelizmente, quase nada. 

Entraram no turboelevador e seguiram para o deck 2, onde ficava o observatório. 

Havia  algo  que  Jevlack  queria  pedir  ao  General  Sornim,  na  verdade,  uma  troca.  Os  seus 
mapas estelares em troca dos dele. Precisavam determinar a sua posição urgentemente. 

Entraram na sala e foram apresentados por Matias, que retirou­se em seguida. 

­  General  Sornim  ­  começou  ­  como  já  está  a  par,  uma  nave  inimiga  de  vocês,  e,  até  onde 
pude sentir, inimiga nossa também, chegará em menos de duas horas. Creio que a Capitã Donner 
já lhe explicou sobre a nossa lei máxima, a primeira diretriz. 

­ Sim ­ respondeu ­ ela acabou de nos explicar. 

­  No  entanto,  para  nós,  estamos  em  terreno  inexplorado.  Mesmo  com  nossos  sensores  e 
cálculos,  não  fomos  capazes  de  determinar  a  nossa  posição  em  relação  a  nossa  origem.  Na 
verdade,  nem  sabemos  em  que  ponto  da  galáxia  estamos.  Nada  do  que  identificamos  combina 
com nenhuma referência que temos. 

­ Talvez porque vocês não estejam em sua galáxia ­ replicou Sornim. 

­ Como? ­ perguntou Doller. 

­ Nossa galáxia é totalmente mapeada ­ continuou ­ nunca tivemos notícia da Federação dos 
Planetas Unidos. Nunca vimos naves como as suas. Vocês não podem ser daqui. 

Todos ficaram sem saber o que dizer. Não estavam em sua galáxia? 

­ Comandante Terak ­ chamou pelo comunicador ­ localize em que curso se encontra a galáxia 
de Andrômeda.
Trek Wars – Roberto Kiss  50  www.scriptonauta.com.br 

A espera foi grande. 

­  Capitão  ­  veio  a  resposta  ­  não  localizamos  a  galáxia.  Nem  nenhuma  outra  que  esteja 
mapeada. De fato, nenhuma galáxia que possa ser vista combina com as que temos registradas. 

Mais alguns momentos de silêncio. 

­  A  que  velocidade  teríamos  que  estar  para  chegar  a um ponto em que nada que tenha sido 


mapeado passa ser visto? 

­  Teoricamente,  este  ponto  não  deveria  existir.  É  provável  que  as  galáxias,  vistas  de  outro 
angulo  e  distância,  não  se  pareçam  com  as  imagens  que  temos  arquivadas.  Seria  necessário 
comparar a posição que temos delas com simulações do computador. Levará duas semanas para 
todas as comparações possíveis. 

­ Veremos isso depois ­ Jevlack desliga. 

­  Bom  General,  precisaremos  dos  seus  mapas  desta  galáxia,  para  nos  poupar  tempo.  E  eu 
creio que irá querer algo em troca... 

**** 

Lauriel  ainda  tentava  se  recuperar  de tudo que vira na última meia­hora. A Capitã perguntou 


porque se sentia pouco a vontade, e ela cordialmente disse que gostaria de ter se lavado antes de 
vir.  Ofereceram  a  ela  as  dependências  da  nave para isso, além de uma consulta com o médico. 
Claro  que  se  recusou,  mas  o  General  ordenara  que atendesse, no interesse de estabelecer boas 
relações. Obviamente, era uma chance de obter qualquer espécie de informação. 

E que espécie de informação! Conhecera os sintetizadores, que podiam materializar qualquer 
espécie de alimentos e equipamentos, incluindo roupas. Eles tinham sintetizado novas roupas para 
ela, idênticas as suas antigas. Só que eram mais confortáveis. Pelo menos soubera porque a nave 
era tão limpa. Era auto­limpante! 

Foi convencida a fazer um exame médico, eles queriam saber até que ponto eram similares. 
Disseram que seria indolor. 

Tricorder acionado, o médico falava sobre as leituras que obtinha: Dois dedos artificiais da mão 
esquerda, alguns estilhaços no peito, 63 quilos, cabelos ruivos pintados de preto, deficiência visual 
no  olho  esquerdo  ­  conseqüência  de  uma  batalha  antiga  ­  algumas  torções  na  coluna. Tudo isso 
em um aparelho que cabia na palma da mão. 

O  médico  falava,  mas  não  havia  ninguém  anotando,  devia  estar  sendo  gravado 
automaticamente.  Todos  os  leitos  estavam  ocupados  por  pessoas  com  politraumatismo.  O 
acidente do qual a Capitã falou devia ter sido muito sério. 

Agora  estava  sendo conduzida de volta ao observatório, com a vista reparada, e sentindo­se 


ótima pela primeira vez em anos. Chegando lá, havia mais algumas pessoas na sala conversando 
com o General. Segundo informaram, eram Jevlack, Capitão da Thunderbold, e Tirvik, sua Primeira 
Oficial. Lauriel notou a tala que ela usava. Fez um sinal imperceptível ao General, indicando que 
descobrira coisas. Muitas coisas.
Trek Wars – Roberto Kiss  51  www.scriptonauta.com.br 

Jevlack  cumprimentou com a cabeça a Comandante Lauriel. Após esta assumir sua posição 
ao lado da janela, retomou sua conversa com o General. 

­  General,  a  primeira  diretriz  foi  criada  depois  que  tivemos  um  incidente  desastroso  com  os 
Klingons. Isso causou uma série de hostilidades que só há alguns anos foi resolvida. Compreendo 
o  ponto  de  vista  de  vocês,  mas  não  podemos  tomar  partido.  Não  cabe  a  nós  interferir  no 
desenvolvimento de nenhuma raça do universo. Ademais, podemos mapear esta galáxia. Vai levar 
mais  tempo.  Mas  no  momento  não há meios de lhe fornecer conhecimento tecnológico para que 
possam suplantar seus oponentes. 

Sornim abaixou a cabeça, demonstrando seu pesar. 

­ Capitão ­ era a voz do engenheiro Anderson no comunicador ­ A Starfleet poderá entrar em 
dobra em vinte minutos. 

­ Entendido. Quanto tempo até a chegada da outra nave? ­ perguntou a Lisa. 

­ Cerca de 40 minutos. 

­ General ­ interveio Lauriel ­ precisamos de 30 minutos até a nossa janela do hiperespaço. 

­ Mande a Exceler se movimentar, em breve retornaremos. 

­  Sim  senhor  ­  disse  Lauriel,  se  afastando  e usando o seu comunicador, que também estava 


impecável, agora. 

­ Sugiro continuarmos nossa conversa em outro local mais tranqüilo. Podemos fornecer nossas 
coordenadas para vocês nos seguirem. 

­ Não é necessário ­ disse Lisa ­ podemos segui­los no hiperespaço. 

­ Sim, tinha me esquecido. 

Jevlack acompanhou o General e sua escolta até o hangar, onde um dos pilotos da nave que 
tinha escoltado o seu shuttle estava beijando um segurança da Starfleet. 

­ Aham! ­ Fez Tirvik. 

Ambos se desvencilharam, surpresos e envergonhados de serem surpreendidos. 

­ Parece que estamos fazendo um bom relacionamento com eles ­ comentou a Capitã Donner. 

Jevlack nada disse. Tinha problemas demais para se incomodar com certas situações. 

O  Shuttle  partiu,  seguido  pelos  a­wings,  10  minutos  depois,  haviam  retornado  a  Exceler. 
Jevlack retornou para a Thunderbold. As três naves começaram a se mover, a Exceler indo para a 
sua janela para o hiperespaço, a Thunderbold e a Starfleet a escoltando. 

As demais naves que estavam patrulhando, foram, uma a uma pousando a bordo da Exceler. 
O piloto de uma destas, acionou um dispositivo que estava a bordo de sua nave.
Trek Wars – Roberto Kiss  52  www.scriptonauta.com.br 

­ Muito bem, o ultimo caça pousou, vamos partir. Segundo a Starfleet, o destróier chegará em 
cinco minutos. ­ Disse Sornim. 

A  Exceler  estava  prestes  a  entrar  no  hiperespaço.  Os  computadores  assumirão  o  controle, 
iniciando a seqüência automática. No instante que o hiperdrive foi acionado, A Exceler estremeceu 
um pouco. Um grande estrondo ecoou por todos os compartimentos. 

­ General Sornim? ­ era a Capitã da Starfleet no áudio ­ captamos uma explosão na sua nave. 

Havia  uma  correria  geral,  todos  acessando  seus  consoles  para  descobrir  o  que  tinha 
acontecido que os impedira de partir. 

­ Foi o hiperdrive! Foi destruído. ­ disse Rinander. 

­  Capitã  Donner!  ­  chamou  Sornim  ­  Fomos  sabotados,  estamos  impossibilitados  de  viajar. 
Fujam enquanto podem, vou ordenar a evacuação da nave. Exceler desliga. 

Ordenou que os caças fossem lançados para dar cobertura aos transportes. 

Os pilotos saíram correndo, Lauriel foi uma das primeiras a chegar ao hangar. Já estava indo 
em  sua  direção  quando  ou  viu  o  som  da  explosão.  Pegou  a  primeira  nave  que  viu,  um  x­wing! 
Nada de checar sistemas, era uma emergência, decolou rapidamente, seguida por outras 5 naves 
cujos  pilotos  estavam  tão  preparados  como  ela.  Ígnea  era  um  deles.  Os  primeiros  grupos  da 
evacuação já estavam embarcando em dois transportes no hangar. 

O  segundo  grupo  de  pilotos  estava  acionando  os  seus  motores.  Um  jovem cadete promissor 
pegou  um  y­wing  que  tinha  pousado  recentemente.  Ao  acionar  os  motores,  seus seis mísseis de 
prótons explodiram ao mesmo tempo. 

Parte  da  sustentação  do  hangar  desmoronou.  Os  escudos  que  mantinham  a  pressão 
atmosférica  no  hangar  ficaram  inoperantes,  causando  uma  violenta  descompressão que arrastou 
todos o tripulantes e naves que lá se encontravam ao vácuo sideral. 

Os escudos externos da nave foram acionados para envolverem a porta do hangar, impedindo 
a  completa  descompressão  da  nave.  Mas  o  hangar  já  estava  inutilizável.  Havia  várias  naves 
empilhadas,  destruídas  e  em  chamas,  muitas  ainda  explodiam,  apesar  dos  dispositivos  anti­ 
incêndio já estarem tentando apagar o fogo. 

­ Acabou ­ disse Sornim quando soube ­ seremos capturados. 

O destróier estelar Giant chegou, posicionando­se logo abaixo das três naves. 

**** 

A bordo da Thunderbold, Jevlack ponderava sobre a decisão a ser tomada. Interferir na batalha 
que  irá  se  seguir  e  violar  a  primeira  diretriz,  ou  partir  e  deixar a Exceler a própria sorte? Ou Ter 
uma cartada para negociar posteriormente? 

­  Atenção  todos  da  ponte,  estou  para  tomar  uma  decisão  que  pode  ser  encarada  como 
violação da primeira diretriz. Quem se opõe que diga agora, constará no meu diário. 

­  Se  é  uma  possibilidade  ­  disse  Terak  ­  então  dependerá  do  ponto  de  vista.  Não  tenho 
objeções.
Trek Wars – Roberto Kiss  53  www.scriptonauta.com.br 

O mesmo foi repetido por todos. 

­ Nesse caso, Tirvik, posicione­nos a frente da Exceler. Thompson, informe a Starfleet para nos 
seguir assim que partirmos, e para teleportar aquelas 5 naves que saíram para o seu hangar. 

­ Sim Capitão. 

­ Peça a Exceler para baixar os seus escudos... 

Todos os esquadrões do destróier estelar Giant estavam sendo lançados, 6 de cada vez. Tie­ 
bombers, Tie­Fighters, Assalt Gunboat, transportes de assalto, shuttles armados com canhões de 
ions,  etc.  A  ordem  foi  clara!  Capturar  a  nave rebelde de qualquer forma, a qualquer custo. E, se 
possível, as naves estrangeiras também. 

As coordenadas foram perfeitas, posicionaram­se a pouco mais de um quilômetro de distância, 
os  caças  poderiam  atacar  15  segundos  após  saírem  do  hangar.  Não  havia  como  fracassar.  Os 
poucos caças rebeldes que foram afortunados o bastante para decolar seriam facilmente abatidos 
pela vantagem esmagadora. O General Siy estava tranqüilo na ponte de comando. 

­ Senhor! ­ chamou um dos encarregados de monitorar o ataque ­ os caças rebeldes sumiram. 

­ Como? ­ foi em sua direção ­ entraram no hiperespaço? 

­  Não  senhor  ­  respondeu  ofegante  ­  pareceu  que  foram  envolvidos  por  alguma  espécie  de 
campo de distorção e sumiram. 

­ Senhor! ­ outro soldado chamou ­ os escudos da Exceler abaixaram e um feixe de energia foi 
disparado de uma das naves estrangeiras na sua proa. Parece ser um tipo de raio de tração. 

Não, não pode ser! 

­ As naves... partiram senhor, todas elas. 

Siy  olhou  pela  viga  da  ponte  de  comando.  Viu  apenas  seus  caças  manobrando  para  não 
colidirem entre si. 

Capítulo 8 

O  Executor  e  mais  cinco  destróieres  estelares  aguardavam  a  chegada  do  Interditor  Cabrian, 
que deveria integrar a sua frota. Na ponte de comando, Darth Vader aparentava apenas observar 
as  estrelas,  o  som  de  sua  respiração  podia  ser  ouvida  por  alguns  soldados  próximos,  e  estes 
sentiam arrepios de medo. 

­ Senhor, o imperador pede que entre em contato com ele imediatamente.
Trek Wars – Roberto Kiss  54  www.scriptonauta.com.br 

Vader imediatamente virou­se e foi até seus aposentos. Lá chegando, acionou o comunicador, 
um holograma do imperador apareceu. 

­ Meu mestre, o Interditor Cabrian irá chegar bem mais cedo. Partiremos imediatamente. 

­  Suas  ordens  mudaram.  Os  rebeldes  estão  com  as  naves  estrangeiras,  e  provavelmente 
fizeram algum tipo de acordo com eles. Segundo o General Siy uma das naves ajudou o cruzador 
rebelde  a  fugir.  Assim  que  tivermos  a  localização  deles,  você  deverá  partir  imediatamente  e 
destruir as naves. 

­  Mestre,  essas  naves não seriam  mais úteis se fossem capturadas? Têm o mesmo desenho 


daquela que apareceu há várias décadas, e o que conseguimos com ela nos permitiu a construção 
do Eclipse. 

­ Acha que pode captura­los? Elas são rápidas e já estão operacionais. 

­ Só teremos chance de captura­los se os enganarmos. E creio que sei o que podemos fazer. 
Se me permitir... 

O imperador ponderou por alguns momentos. 

­ Muito bem Vader, pode usar o que for necessário, mas, se não puder captura­las, destrua­as. 

A imagem apagou­se. Darth Vader voltou para a ponte. 

­ Comandante – disse – chame Quatronni. Diga que tenho um serviço para ele. 

A  nave  Liberdade  saiu  do  hiperespaço  e  manobrou  para  integrar  a  frota.  8  cruzadores 
Calamari, 4 Nebulon­B, incluindo ela própria, e 20 Corvetes. Assim que assumiu sua posição, um 
Shuttle com o General Karakyr e seis Almirantes de esquadra partiu em direção a nave comando 
da frota rebelde. 

Assim que pousou, o General foram conduzidos ao auditório em que estavam reunidos todos 
os  principais  Comandantes  da  rebelião.  Alguns  momentos  depois,  Safrã  posicionou­se  à  frente 
deles e começou a falar. 

­ Senhores, com certeza estão curiosos sobre o porque de estarem aqui e qual é o objetivo de 
nossa missão. 

Olhou  para  os  63  presentes  na  sala.  Comandantes  de  esquadra,  generais,  pilotos  de 
operações especiais, todos olhavam para ele atentamente. 

­  Nossos  espiões  nos  informaram  que  o  Império  se  encontra  no  final  da  construção  de  uma 
poderosa  nave.  Os  primeiros  informes  indicam  que  ela  teria  mais  de  quinze  mil  metros,  cem 
esquadrões de caças além de uma grande quantidade de AT­AT’s. Estamos falando de uma nave 
que pode conquistar planetas, sem o auxilio de outras. 

No painel atrás de Safrã, surgiu uma imagem da nova arma. 

­ Como podem ver, ela segue o estilo das naves do Império.
Trek Wars – Roberto Kiss  55  www.scriptonauta.com.br 

­ Aquela abertura na frente da nave, é um tipo de arma? 

­ Acreditamos que sim – Safrã apontou para a imagem – Baseados no que conhecemos, uma 
arma de tal porte poderia facilmente calcinar a superfície de qualquer planeta. 

Houve  murmúrios  de  comentários  na  platéia.  Comentários  temerosos  e  assustados.  Safrã 
prosseguiu. 

­  Existem  oito  destróieres  estelares protegendo a nave. É possível que existam mais quando 


estivermos prontos para atacar. 

­ Qual será o plano de ataque? 

­  Por  medidas  de  segurança,  o  plano  completo  só  será  explicado  momentos  antes  de  sua 
execução. 

Mais conversas desconexas, não gostaram do segredo. 

­ Senhores! Se Império concluir esta arma, não teremos nada que possa fazer frente a ela. É 
imperativo  que  seja  mantida  a  segurança  extrema.  Assim  que  as  naves  restantes  chegarem, 
atacaremos.  Se  não  os  detivermos  agora,  todos  os  mundos  livres  da  galáxia  se  curvarão  ante  o 
Império. 

­ Comandante! – chamou Karakyr – e quanto as duas naves estrangeiras? 

Um novo murmúrio de comentários ecoou pela sala. 

­  Ao  seu  tempo,  General.  A  última  coisa  que  soubemos  é  que  a  Exceler  se  encontrou  com 
ambas as naves e estavam em conversação. Mas não devemos nos animar. Nada garante que se 
unam  a  nossa  causa  a  tempo  de  ajudar  no  nosso  ataque.  Vocês  devem  preparar  seus 
comandados para uma grande operação. Por enquanto é só. 

Todos  começaram  a  sair,  para  retornar  as  suas  naves  e  iniciar  os  preparativos  para  que 
estivessem alerta para quando a missão começasse. 

­ General Karakyr! – chamou Safrã. 

O General foi em sua direção. 

­ Não faça nenhum comentário sobre aquelas naves a ninguém. Isso é uma ordem. 

Karakyr ficou observando enquanto Safrã saia da sala. 

Safrã  entrou  na  sala  de  operações,  assim  chamada  porque  era  lá  que  todas  as  operações 
eram planejadas e discutidas. 

­  Algo  grande  está  acontecendo  –  disse  um  dos  operadores  –  nos  últimos  dias  vários 
destróieres  estelares  do  Império  abandonaram  suas  posições  e  seguiram  para  rumo  ignorado. 
Sem nenhuma explicação.
Trek Wars – Roberto Kiss  56  www.scriptonauta.com.br 

­ Para onde seguiram? E quantas são? 

­ Cerca de 36 destróieres, 5 classe Victory e 40 Corvetes de assalto, e não foram para nenhum 
ponto convergente. 

Talvez estivessem fazendo manobras divisionárias, indo para um local apenas para despistar e 
partindo  em  seguida  para  o  objetivo  principal.  Se  for  esse  o  caso,  então  realmente  algo  grande 
está  acontecendo.  Algo  muito  bem  coordenado,  e  não  poderia  ser  paralelo  a  construção  do 
Eclipse. 

Os  espiões  foram  claros,  o  Eclipse  não  foi  criado  visando  esmagar  a  Aliança  Rebelde 
diretamente, seu objetivo era ser usado como arma de persuasão. Qualquer um que desafiasse o 
Império  seria  imediatamente  atacado.  Isso  sem  dúvida  poderia  com  o  tempo  desmantelar  a 
Aliança, assustando todos os que direta ou indiretamente a auxiliavam. 

­ Alguma notícia da Exceler? 

­ Não senhor, o ultimo informe dizia que iriam partir para o ponto secundário, momentos antes 
da nave do império chegar. Já deveríamos ter alguma notícia, pois isso foi há 6 horas. 

Sornim nada sabia sobre a operação, muito menos que a Liberdade viria para onde estavam. 
Mas  os  pilotos  que  lá  ficaram  sabiam.  Sabiam  que  estavam  indo  para  algum  local  integrar  uma 
frota de ataque. 

­  Estávamos  preparados  para  uma  eventual  perda  da  nave.  Nossos  probes  captaram  mais 
alguma notícia sobre o Eclipse? 

­  Apenas  que  ficará  operacional  em  dois  meses,  como  nossos  espiões  já  nos  tinham 
informado. 

Safrã sentou­se frente a mesa de hologramas. Um dróide de serviço lhe ofereceu uma bebida, 
que aceitou. A mesa mostrava a nave Eclipse. Gigantesca e poderosa. Pensaram que nada seria 
mais assustador que o Executor, mas novamente se enganaram. Conforme o tempo passava, mais 
rapidamente  o  Império  conseguia  fabricar  naves  gigantes,  e  a  Aliança  mal  conseguia  manter  as 
que tinha. Seus caças tinham marcas de tiros e vários remendos em sua fuselagem. 

O  desenvolvimento  do  a­wing,  uma  caça  leve  e  rápido  com  circuitos  de  uma  unidade  R2 
imbuídos foi um grande avanço, deixando­os livres da dependência dos x­wing e y­wing da Incon. 
Os b­wing e o mais recente k­wing os puseram em vantagem momentânea em operações rápidas 
de guerrilha. Mas agora o Império intensificou o uso de Tie­advanded e do novo Tie­defender. Uma 
nave extremamente rápida, com canhões de ions e que podia ir ao hiperespaço. 

Logo, com o Eclipse, o Império teria uma dependência muito menor dos Destróieres Estelares. 
Pôs o copo sem beber em cima da mesa. Estavam perdendo a guerra. Para destruir a nave, seria 
preciso uma operação de ataque total, e mesmo que fossem bem sucedidos, estimavam a perda 
de metade da frota. E ainda havia o fato da grande movimentação de destróieres. Se estivessem 
indo para a área de construção, talvez fossem esmagados por mais de 80 naves. 

Teriam que atacar nos próximos dias, antes de haver uma maior defesa ao redor do Eclipse. E, 
se possível, com as naves Thunderbold e Starfleet dando apoio. 

****
Trek Wars – Roberto Kiss  57  www.scriptonauta.com.br 

"Diário de Bordo, suplemento. Após o reencontro com a Starfleet, tivemos novamente de fugir, 
e,  desta  vez,  auxiliando  uma  nave  rebelde.  Apesar  de  poder  ser  considerada  uma  violação  da 
primeira  diretriz,  eu  pessoalmente  entendo  que  se  não  fosse  por  nós,  eles  não  estariam  lá  em 
primeiro lugar. Além disso, agora podemos ter os mapas desta galáxia." 

­ Capitão, chegamos ao local da plataforma espacial que o General Sornim indicou – informou 
Tirvik.

­ Muito bem, reduza para impulso, e libere a Exceler. Aferes Souza, abra um canal. 

­ Pronto senhor. 

­ General Sornim, estão livres do nosso raio trator. Pedirei para a Capitã Donner liberar suas 
naves para pousar na plataforma espacial. 

­ Agradeço a sua ajuda, Capitão. E, como pediu, forneceremos os nossos mapas. No entanto, 
não há espaço na plataforma para os caças que estão na Starfleet, e não temos como recebe­los 
no  momento.  Precisaremos  de  tempo  para  consertar  os  danos.  Além  disso,  não  temos  como 
consertar o nosso hiperdrive, o que nos obriga a pedir peças ao nosso comando. 

­  Se  nos  fornecer  a  estrutura  molecular  e  os  esquemas,  podemos  sintetizar  as  peças  para 
vocês. 

Houve um instante de silencio. 

­  Capitão!  Minhas  ordens  eram  para  oferecer  ajuda  em  troca  de  conhecimento,  e  a  situação 
acabou se invertendo. Da mesma forma que não querem fornecer sua tecnologia, eu também fico 
reticente  em  fornecer  a  nossa.  Além  disso,  nós  fomos  sabotados,  e  é  possível  que  o  sabotador 
ainda se encontre entre nós. 

­ Muito bem. Seus pilotos serão nossos convidados até que possam retirar seus caças. Vocês 
tem muito a fazer e nós também. Thunderbold desliga. 

­ Terak, qual tempo total para reparar os demais sistemas? 

­ Cerca de três dias, para ambas as naves. 

­  Muito  bem.  Não  temos  previsão  de  quando  será  possível  retornar  ao  nosso  espaço,  e  as 
naves estão fora de perigo e operacionais – Jevlack suspirou – é hora da tarefa mais desagradável 
do comando. 

**** 

Estavam  todos  alinhados  no  hangar,  como  se  fossem  aviões  prontos  para  decolarem  e 
fornecer  um  show  aéreo,  mas  eram  esquifes,  não  aviões.  37  esquifes  contendo  os  corpos  dos 
cadetes mortos da Starfleet. 

Toda a tripulação possível estava lá presente, arrumados e perfilados, formando dois grupos, 
um de cada lado do hangar, com os esquifes no meio. Os cinco pilotos da Exceler também lá se 
encontravam, um pouco mais afastados. No centro, estavam a Capitã Donner e o primeiro Oficial 
Matias.
Trek Wars – Roberto Kiss  58  www.scriptonauta.com.br 

Olhou  para  todos,  pensando  no  que  iria  falar.  Jevlack  se  oferecera  para  falar  em  seu  lugar, 
mas ela havia dito que cedo ou tarde teria de estar nesta situação, e era melhor que fosse cedo. 
Olhou  para  os  esquifes.  Trinta  e  quatro  morreram  sem  saber  o  que  estava  acontecendo,  e  mais 
três  foram  vítimas  dos  ferimentos,  entre  eles  o  Almirante  Stolh.  Todos  iriam  se  formar  em  duas 
semanas, contentes e felizes por terem conseguido. Agora estavam mortos, e os que sobreviveram 
não  tinham  nenhuma  esperança de poder voltar. Desaparecidos durante missão. Era o que iriam 
dizer aos seus pais, amigos, parentes e cônjuges. O que ela iria dizer para lhes dar confiança? 

Diga o que sente e o que precisa ser feito, tinha sido o conselho de Jevlack. 

­ Não vou mentir para vocês – começou – a morte deles foi apenas fruto de um acidente. Não 
uma batalha, ou uma grande causa. Todos estavam contentes em fazer a primeira viagem em uma 
nave  estelar,  e  não  imaginavam  que  isto  pudesse  acontecer.  Na  academia,  nos  explicaram  que 
viajar  pelas  estrelas  não  era  apenas  aventura,  mas  também  perigoso.  Muito perigoso. E a prova 
está ai – olhou para os esquifes. 

­ Porém, todos estavam em seus postos. Mesmo sem saber o que estava ocorrendo, estavam 
de prontidão para atender a qualquer ordem. E isto sim, pode ser considerada uma nobre causa. 
Trabalhar em conjunto para a sobrevivência de todos. E eles a seguiram até o fim, como qualquer 
um de nós teria feito. Como todos nós o fizemos. Conseguimos ficar operacionais sem a ajuda da 
Thunderbold.  Iniciamos  um  primeiro  contado  com  uma  civilização  alienígena  –  olhou  para  os 
pilotos  –  e  evitamos  um  combate  desnecessário.  No  que  toca  a  mim,  todos  estão  formados.  O 
próprio  Almirante,  antes  de  morrer  confirmou  isso.  Todos  nós  estamos  efetivados  em  nossos 
postos. 

Ficou em silêncio, observando a tripulação. A maioria estava de olhos fechados, mas nenhum 
mostrava nenhum sinal de abatimento. 

­  É  doloroso  termos  de  assistir  ao  enterro  de  nossos  companheiros,  há  alguns  dias  atrás 
brincávamos  juntos,  fazíamos  piadas,  deixávamos  nossos  professores  malucos  –  olhou  para  o 
engenheiro  chefe  Carlos,  ele  estava  esboçando  um  sorriso  –  mas  não  podemos  mudar  o  que  já 
ocorreu. – abaixou a cabeça, ficou apenas um momento em silêncio – mas – abriu os olhos, seu 
olhar  era  de  determinação  –  uma  coisa  podemos  evitar  –  sua  voz  se  elevava,  assim  como  sua 
cabeça  –  que  tenhamos  que  estar  aqui  novamente,  velando  outro  companheiro!  E,  para  isso, 
temos que agir como o que somos realmente agora, membros oficiais da frota estelar. E, se este é 
o nosso teste final, então iremos tirar nota máxima. 

Podia­se  sentir  no  ar  a  determinação  que  emanava  de  todos  ali.  Mesmo  os  pilotos  rebeldes 
pareciam ter absorvido as palavras de Lisa, que ela própria não sabia de onde as tinha tirado. 

­ ATENÇÃO! 

Todos  ficaram  em  posição  de  sentido.  A  porta  do  hangar  se  abriu  e  lentamente,  os  esquifes 
começaram  a  flutuar  em  direção  ao  vazio.  Pela  porta  aberta,  Lisa  viu  alguns  esquifes  que  já 
estavam flutuando, vindo sem dúvida da Thunderbold. 

O  último  esquife  saiu,  e  a  porta  começou  a  se  fechar.  Os  tripulantes  foram  dispensados.  O 
engenheiro Carlos aproximou­se. 

­ Capitã? 

­ Sim? – respondeu.
Trek Wars – Roberto Kiss  59  www.scriptonauta.com.br 

­ Foi excepcional, palavras de um verdadeiro Capitão. 

­ Obrigada, mas confesso que não sei como consegui faze­lo. 

­ Nenhum verdadeiro Capitão sabe – disse sorrindo. 

Carlos seguiu com os outros tripulantes, Ígnea, uma das pilotos dos rebeldes aproximou­se. 

­ Capitã? Eu... fiquei curiosa. A Senhora disse algo sobre eles estarem formados... 

­  Esta  é  uma  nave  de  treinamento,  em  sua  primeira  missão,  e todos aqui eram cadetes. Até 
ontem, pelo menos. 

Ela maneou a cabeça, expressando inconformismo. 

­ E vieram parar no meio de uma guerra. Mas vocês não agem como cadetes. E suas palavras 
não foram de um cadete. Foram poucas palavras, e diretas. São estranhos os desígnios da força. 

­ Obrigada. 

Lauriel se aproximou. 

­  Foi  um  bom  discurso  Capitã.  Creio  que  na  Exceler  o  mesmo  deva  estar  acontecendo. 
Segundo  me  informaram,  perdemos  mais  de  60  tripulantes.  Só  espero  que  quem  quer  seja  o 
orador tenha em mente o mesmo que a senhora. 

Isso já estava ficando constrangedor. 

­  Obrigada,  mas,  sem  querer  ser  rude,  a  nave  ainda  tem  reparos  a  serem  executados,  e  eu 
devo me encontrar com Jevlack para discutirmos nosso próximo passo. 

­ Nós entendemos Capitã. 

Lisa  saiu  rapidamente,  antes  que  mais  alguém  a  elogiasse.  Foi  direto  para  a  sala  de 
transportes,  onde  se  encontrou  com  o  Doutor  Cameron.  Ambos  foram  transferidos  para  a 
Thunderbold, onde foram recepcionados por Jevlack e o Doutor Sander. 

Ígnea retornou ao aposento que lhe forneceram, Lauriel a acompanhou. 

­ Computador, água – pediu ao computador. 

"Temperatura?" 

­ 10% da temperatura ambiente – era uma pena não haver calibração para suas unidades de 
medida, era difícil pedir água gelada. 

Pegou  o  copo  assim  que  este  se  materializou  e  o  bebeu.  Lauriel  se  recusou.  Sentaram­se  a 
mesa.
Trek Wars – Roberto Kiss  60  www.scriptonauta.com.br 

­ E então? – perguntou Lauriel – o que acha de tudo isso? 

Olhou  ao  redor,  uma  cama,  uma  janela  para  ver  as  estrelas  –  agora  podia­se  ver  a 
Thunderbold por ela – uma mesa para refeições e um lavatório. 

­  Posso  me  acostumar  com  isso,  sem  cozinhar,  música  a  vontade,  centenas  de  hologramas 
para assistir, cama macia, sem necessidade de sair em patrulha, pois os sensores captam coisas 
além da imaginação. Sinceridade Lauriel, não gostaria de voltar para a minha vida. 

Lauriel olhou divertida para ela. 

­ Tobias não tem nada a ver com esse seu desejo? 

­ Diria que é um prêmio tentador – seu rosto ficou sério – Lauriel, os últimos dez anos de minha 
vida foram apenas desgraças. Fui vendida e usada até conseguir fugir, junto com você e os outros 
escravos.  Mas  não  tenho  para  onde  ir.  Cada  dia  eu  acordo  pensando  que  será  o último, sempre 
esperando  ser  abatida  em  uma  missão.  Lutando  uma  guerra  que  a  cada  dia  fica  mais  difícil  de 
vencer. Sem descanso, sem relaxar, sem viver. 

­ Ígnea, eu nunca imaginei que você se sentisse assim. Porque nunca me disse? 

Olhou para a janela, agora apenas as estrelas apareciam. 

­ Porque foi só nestas últimas horas que notei o quão vazia eu me tornei. Foi só agora que eu 
pude  realmente  descansar. Quando nós fugimos da capital do Império, uni­me aos rebeldes com 
um  único  pensamento!  Matar!  Matar  os  imperiais,  todos  eles. Cada caça que eu abatia me fazia 
bem, e acho que você sentia o mesmo – olhou para ela. 

­  Sim,  no  começo  sim,  depois,  com  o  tempo,  aprendi  a  suportar  o  que  fizeram  comigo.  E 
descobri  que  gostava  da  causa.  Cada  grupo  de  refugiados  que  protegíamos,  as  crianças  das 
naves que protegemos sorrindo em gratidão. Me sentia bem. 

­ Você teve sorte. Com o tempo, assim como você, já não tinha mais tanto ódio, nem lembro 
mais de como era o meu... – ela hesitou em dizer ­ dono. Só que não tinha o que mais fazer. Não 
podia voltar para a fazenda de meu pai, e não havia mais para aonde ir. Todos os escravos libertos 
da capital do Império que se uniram a Aliança Rebelde são procurados por toda a galáxia. Se eu 
ou você aparecermos em qualquer planeta sem a devida proteção, seremos capturadas e enviadas 
de volta. 

­ Perguntou se podia ficar aqui? 

­ Há! E quanto a isso que você me disse de primeira diretriz? 

­  Bom,  isso  os  proíbe  de  interferir  em  nosso  desenvolvimento,  mas  não  impede  que  você 
possa  ir  embora  com  eles.  Não  iria  afetar  o  nosso  –  fez  um  gesto  com  as  mãos e uma careta – 
"desenvolvimento". 

­ Eu não sei. Tenho medo que a resposta seja não.
Trek Wars – Roberto Kiss  61  www.scriptonauta.com.br 

­ Quando eu era escrava, tinha medo de tentar fugir e não conseguir. Mas resolvi tentar porque 
percebi que o pior que podia acontecer comigo, era continuar a ser escrava. E acho que todos nós 
pensávamos a mesma coisa. 

Ígnea olhou para ela. 

­ Bom, dizem que o verdadeiro fracasso é não tentar. 

­ É isso ai, menina. Agora peça algo para comer, estou com fome e tudo o que pedi, esta coisa 
–  apontou  para  o  sintetizador  –  disse  que  "a  estrutura  molecular  deste  alimento  não  está 
disponível". 

­ Computador – pediu – cachorro quente e um hambúrguer, e dois sucos de tangerina. 

­ O que? – perguntou Lauriel. 

­ Tobias me mostrou. Você vai gostar. 

Lauriel olhou para ela com uma expressão de confidência. 

­ Tobias esteve aqui? 

­  Sim,  ele  se  ofereceu  para  me  mostrar  como  se  usa  estas  coisas,  veja,  música,  Love  me 
Tender. 

O aposento foi preenchido com a música solicitada. 

­ Hum! Uma música destas... O que você ensinou a ele? 

­ Não acha que está muito curiosa não? Além disso, não foi nada que ele já não conheça. 

**** 

­ Não vai me substituir? – Lisa estava incrédula – Mas se vai fornecer os seus oficiais para a 
Starfleet porque precisamos de gente experiente nas duas naves, porque não eu? 

­  Confesso  que  cheguei  a  pensar  nisso  ­  respondeu  Jevlack  sorrindo  –  mas  o  seu  discurso 
para  a  sua  tripulação  mudou  isso.  Você  é  a  Capitã  deles,  e  o  mais  importante,  eles  se  sentem 
como a sua tripulação. Se eu puser alguém em seu lugar, eles podem perder a confiança que têm 
agora.  Além  disso,  você  tem  o  instinto.  Agiu  de  forma  excelente  até  o  momento.  Mas  como 
experiência é importante, Tirvik será sua Primeira Oficial, para lhe auxiliar. E Matias virá para ser 
meu navegador, já que Oshiro ficara indisponível pelas próximas semanas. 

O  teor  da  reunião  era,  primeiro,  remanejar  as  tripulações  de  ambas  as  naves  para  que 
ficassem mais homogêneas. Estavam em terreno hostil e não podiam permanecer com uma nave 
com pessoal inexperiente. Por isso os médicos de ambas as naves também participavam. Metade 
do  pessoal  ainda  estava  nas  enfermarias, tinham de saber quem estaria disponível em três dias, 
data marcada para a partida. 

­ Tudo isso porque eu fiz um ótimo discurso.
Trek Wars – Roberto Kiss  62  www.scriptonauta.com.br 

­  Se  fosse  só  isso,  Tirvik  iria  comandar,  e,  aos  olhos  de  sua  tripulação seria o seu Imediato. 
Mas levando em consideração o que vi quando estávamos no começo daquela distorção do campo 
de dobra, e também ao fato de conseguirem estabelecer contato sem violar a primeira diretriz, você 
é  a  Comandante  da  Starfleet.  E,  quando  voltarmos,  com  certeza  comandará  uma  nave  classe 
Constelation ou até mesmo a nova classe Ambassor. 

­ Quando? – olhou interrogativamente para ele. 

­  Sim,  devemos  ser  otimistas  para  com  terceiros  e  realistas  para  nós  mesmos.  Vamos 
continuar. Doutores, quais os engenheiros que teremos disponíveis em três dias? 

Ambos  checaram  a  suas  listas,  forneceram  os  nomes  em  ordem  de  tempo  de  serviço  e 
capacidades  pessoais  registradas.  O  mesmo  foi  para  equipes  de  manutenção,  suplentes  para 
ponte de comando, encarregados de transporte, seguranças, etc. 

Durante  quatro  horas,  verificaram  nomes,  tempo  de  serviço  e  data  de  disponibilidade.  Os 
médicos varias vezes relutavam em liberar uma pessoa ou outra. Mas Jevlack tinha a palavra final. 
A  Segunda  pauta  seria  selecionar  uma  equipe  para  determinar  como  foram  parar  em  uma  outra 
galáxia, talvez do outro extremo do universo, e como fazer para retornar. Foi acertado que Terak, 
Doller,  Diana  e  Carlos  formariam  a  equipe  encarregada  de  determinar  se  havia  uma  forma  de 
retornar  a  Via­Lactea.  Ficariam  na  sala  de  análises  táticas  a  bordo  da  Thunderbold  para  isso.  O 
computador principal já estava quase que inteiramente operacional, permitindo que este trabalho já 
fosse iniciado. 

Haveria  ainda  uma  terceira  pauta,  com  base  nos  mapas  obtidos  com  a Exceler, localizariam 
um ponto distante de tudo para fundar uma colônia, caso o retorno fosse impossível. 

Foram  discutidos  alguns  outros  itens  menores.  Mas  ficou  terminantemente  acertado  que  as 
naves não iriam empreender nenhuma viagem sozinhas. 

Já era muito tarde. Encerraram a reunião e foram dormir. No dia seguinte, chegaria uma nave 
de  transporte  rebelde  com  os  equipamentos  necessários  para  os  reparos  da  Exceler.  Os  pilotos 
dormiriam na Starfleet. 

**** 

O Interditor Cabrian havia chegado, e Darth Vader solicitou a presença de Soer imediatamente. 

Soer estava frente a frente com Darth Vader. Estava com medo, não sabia por que tinha sido 
chamado a sua presença. Acreditava que o fracasso em capturar a nave rebelde seria imputado a 
ele.  Já  tinha  visto  outras  pessoas  sendo  punidas  por  falhas  antes,  morriam  sufocadas,  ou  eram 
esmagadas por gigantescas mãos invisíveis. Traidores sofriam as piores mortes. 

­ Comandante Soer, como conseguiu por um espião a bordo da nave rebelde? 

­  Era  ­  gaguejou  ­  para  resolver  um  assunto  particular,  nada  que  interferisse  em  minhas 
obrigações para com o Império. Ele estava apenas vigiando uma pessoa que eu pretendia capturar 
quando  tivesse  tempo  disponível.  É  um  caçador  de  recompensas,  só  tem  fidelidade  ao  dinheiro, 
por isso achei melhor não informar a ninguém sobre isso, pois, se o Império quisesse usa­lo para 
obter informações, poderia nos trair por uma oferta melhor dos rebeldes.
Trek Wars – Roberto Kiss  63  www.scriptonauta.com.br 

Vader olhava fixamente para ele, pelo menos parecia que olhava. Sua respiração artificial lhe 
causava um estranho mal estar. O fato de não poder ver seu rosto, contribuía para que seu medo 
aumentasse, não havia como imaginar o que estava pensando. 

­ Mesmo assim, ofereceu­o para deter a nave. 

­ De­deixei a decisão a cargo do General Siy. ­ estava ficando pálido e já suava frio há algum 
tempo. 

­ Foi uma boa decisão. Seu espião ainda se encontra a bordo da Exceler? 

Não esperava aquela reviravolta. Estava se preparando para ser morto, e foi elogiado? 

­ S­sim! Mas não poderá se comunicar por enquanto. Os rebeldes sabem que foram sabotados 
e  estarão  vigiando  qualquer  transmissão.  Mesmo  que  não  o  descubram,  terão  certeza  de  que  o 
sabotador ainda estará lá. Mas creio que em algumas horas ele lançará um dispositivo localizador 
junto com o lixo deles para transmitir sua atual posição. 

­  Não!  Informe­o  para  manter­se  oculto,  já  temos  a  posição  das  naves.  Não  podemos  nos 
arriscar a perder essa vantagem. Use os seus outros dois caçadores para capturar a escrava que 
você  tanto  deseja.  Deste  eu  irei  precisar  para  fazer  parte  de  um  projeto  que  já  se  encontra  em 
andamento. 

Outros  caçadores?  Como  ele  podia  saber  disso?  Não  havia  dito  para  ninguém!  Como  se 
tivesse adivinhado os seus pensamentos, e, provavelmente o fizera, Vader explicou. 

­  Um  de  seus  caçadores  programou  a  unidade  R2  de  um  y­wing  para  decolar  logo  após  a 
destruição  do  hiperdrive,  para  o  caso  de  ocorrer  alguma  falha.  Esta  nave  seguiu  imediatamente 
para o posto imperial mais próximo, e tinha em seus sistemas qual seria a localização da Exceler. 
Conforme o General Siy especificou a ele. 

Isso explicava porque tinha dito que foi uma boa decisão. 

­  Sabemos  que  um  transporte  com  um  novo equipamento de hiperdrive será enviado a eles. 


Provavelmente  chegará  lá  amanhã.  Quero  que  você  envie  uma  mensagem  para  um  dos  seus 
outros  homens  a  bordo  da  Exceler.  Temos  que  saber  de  que  setor  virá  esta  nave,  para  nós  a 
capturarmos  e  darmos  prosseguimento  ao  nosso  plano.  Não  é  uma  missão  crítica,  mas  será 
extremamente vantajoso para o plano geral. Caso a captura seja bem sucedida, eu pessoalmente 
me encarregarei de recapturar a sua escrava caso os seus homens não consigam. 

Vader em pessoa se dispondo a lhe fazer um favor pessoal? E isso para incentiva­lo a tornar 
uma  missão  não  crítica  um  sucesso?  Soer  não  estava  mais  com  medo,  na  verdade  não  sabia  o 
que sentia. Só sabia que não devia ficar apático por muito tempo. 

­ Passo usar o painel de comunicação, senhor? 

­ Perfeitamente ­ disse Vader, indicando o caminho com o braço. 

Estranho, suas voz metálica parecia que estava expressando uma certa satisfação. Foi até o 
console de comunicações, digitou a freqüência específica. Seria transmitida em código pela banda 
livre  dos  probes  espalhados  pela  galáxia e captada pelos implantes que os caçadores possuíam. 
Muito  discreto.  Pensou  em  qual  deles  escolher.  A  prioridade  agora  era  atender  ao  Império, 
escolheu o mais discreto. Começou a digitar a mensagem. "Uma nave contendo um equipamento
Trek Wars – Roberto Kiss  64  www.scriptonauta.com.br 

de  hiperdrive  será  enviada  amanhã,  enviar  provável  local  de  origem  pelo  método  dezoito.  Se 
possível, indicar melhor local para emboscada. Manter discrição, manter posição, enviar status do 
objetivo  do  Império  e  do  meu  objetivo."  A  mensagem  seria  repetida  por  três  horas  seguidas, 
independentemente  do  destinatário  ter  recebido  ou  não.  Felizmente,  os  implantes  gravavam 
qualquer  mensagem  recebida  para  posterior  audição.  Assim,  caso  estivessem  conversando  com 
alguém,  não  demonstrariam  que  estavam  "ouvindo  vozes".  Vader  disse  que  poderia  usar  seus 
caçadores para resolver sua questão pessoal. Mas achou prudente não o faze­lo agora. Não sabia 
o  que  ele  pretendia  fazer  com  a  nave  de  transporte,  e  a  tentativa  de  capturar  uma  Comandante 
rebelde poderia interferir com os planos dele. Só podia torcer para que ela continuasse viva após a 
explosão preparada no hangar da Exceler. 

­ Pronto ­ disse a Vader ­ Ele transmitirá no canal aberto, mas em um código que parece com 
estática. Este dispositivo ­ mostrou uma caixa ­ irá decodificar a mensagem. 

Entregou a caixa a ele. 

­  Excelente  ­  disse  Vader  ­  Selecione  o  melhor  dos  caçadores  para  eu  utilizar  e  depois  me 
explique  como  se  faz  para  se  comunicar  com  ele.  Os  outros  dois  você  poderá  usar  para  seus 
assuntos. Eu direi qual a melhor hora para isso. Se houver. 

­ Sim senhor! ­ disse Soer. Respirou aliviado, fizera bem em deixar sua vingança de lado. 

Capítulo 9 

A nave de Quattroni pousou no hangar do Executor. Após uma rápida checagem, foi liberado 
para falar pessoalmente com Darth Vader. 

­ Me disseram que você tem um serviço para mim. Quanto vai pagar? 

­ Um planeta inteiro, se for bem sucedido. 

Um planeta inteiro! Significava um serviço de extremo perigo. Não gostava de fazer negócios 
com o Império, mas Vader sempre pagou muito bem. 

­ Quem irei matar? 

­ Talvez ninguém. Preciso que use sua organização para preparar uma armadilha. 

Uma armadilha. Ao custo de um planeta! Várias vezes fez serviços que não condiziam com o 
preço oferecido. Mas, e foi isso que fez sua fama, nunca perguntava o porquê. 

­ Diga­me o que deseja. 

**** 

Quando acordou, Jevlack foi a ponte, encontrou um monte de painéis abertos e várias pessoas 
trabalhando por lá, achou melhor deixa­los trabalharem. Pelas próximas horas, se tivessem que ir 
para algum lugar, teriam de faze­lo da engenharia.
Trek Wars – Roberto Kiss  65  www.scriptonauta.com.br 

­ Capitão! A Comandante Lauriel deseja falar com o senhor. 

Lauriel?  Há  sim!  Uma  das  pilotos  que  estavam  como  hóspede  da  Starfleet.  Foi  a  sala  de 
transporte e seguiu para a outra nave. 

Desta vez, não havia ninguém para pedir permissão para vir a bordo, e francamente, se tivesse 
ele daria uma bronca. Estavam no mesmo barco furado para perder tempo com trivialidades deste 
tipo. Seguiu para os aposentos de Lauriel. 

­ Entre – disse após tocar a campainha. 

Ela estava sentada a mesa, tomando o café da manhã. Batata frita, hambúrguer e um suco de 
alguma coisa. Café da manhã? 

­ Vejo que está se dando bem com os sintetizadores. 

Ela riu. 

­ Como Ígnea disse, posso me acostumar com isso. 

­ Queria me ver? 

­  Sim  Capitão.  Desculpe  se  o  incomodei,  mas  tem  algo  que  gostaria  de  pedir  para  a  minha 
amiga. 

­ E o que seria? 

Ela levantou­se. 

­ Capitão, Ígnea gostaria de partir com vocês. 

Aquilo o pegou de surpresa. 

­ Não entendo. Porque? 

­ Bem – deu um suspiro – ela não esta gostando da vida que possui, e não tem lugar para ir. E 
quando digo que não tem, não tem mesmo. Eu e ela somos caçadas por toda a galáxia devido a 
umas coisas que fizemos e o Império não apreciou muito. 

Ficou pensando na situação. Não seria uma violação da primeira diretriz, mas seria algo pouco 
ortodoxo.  Se  bem  que  a  realidade  em  si  era  pouco  ortodoxa.  Em  nenhum  lugar  da  galáxia  ela 
estaria segura, e, partindo com eles, nunca mais seria incomodada. 

­ Ela conhece esta galáxia como ninguém, poderia ser muito útil enquanto estiverem por aqui. 

­  Você  compreende  que  não  é  um  pedido  que  posso  recusar  ou  aceitar  sem  ponderar 
bastante. E existe a possibilidade de não ser possível para nós voltarmos. Somos de outra galáxia, 
e mesmo que exista um jeito, considerando o que passamos para chegar aqui, pode ser que não 
sobrevivamos a uma outra viagem.
Trek Wars – Roberto Kiss  66  www.scriptonauta.com.br 

­ Aqui ela já está morta – disse impassível – Mais cedo ou mais tarde morrerá em uma missão, 
assim  como  eu.  Mas  eu  estou  preparada para isso. Ela quer ter uma vida novamente. Não pode 
considerar que ela esteja pedindo asilo? 

­ Por que ela mesma não me pediu isso? 

­ Porque ela não quer ouvir um não. 

­ Pelos próximos dois dias, não planejamos sair daqui. Darei minha resposta antes disso. 

­ Eu agradeço. E, se imagina que estou pedindo isso para que ela os espione para nós, pode 
mantê­la presa enquanto não retornarem ao seu mundo. 

­ Também levarei isso em consideração. Se me der licença. 

­ Tudo bem. Acho que em algumas horas retornarei a Exceler. 

Jevlack moveu­se para sair, quando lembrou­se de algo. 

­  A  propósito,  pelo  que  vi  nos  registros  da  Starfleet,  cinco  de  suas  naves  iniciaram  uma 
perseguição, e só depois a Exceler chegou. Vocês realmente acharam que cinco naves poderiam 
detê­la? 

­ Nossa nave base era a Liberdade, mas ela não poderia nos acompanhar, tinha uma missão 
urgente.  Assim  ,  cinco  naves  foram  lançadas,  as  que  podiam  ser  dispensadas.  A  Exceler  foi 
enviada caso precisássemos de apoio. 

Aquilo parecia familiar. 

­ Foi só uma curiosidade. Tenha um bom dia. 

**** 

Quattroni partiu do executor e seguiu para a sua base. De lá sairia com cinqüenta homens para 
o setor Triton, a área mais bem patrulhada do Império. 

Jevlack  seguiu  até  a  sala  de  análises  táticas.  Um  espaço  dentro  da  nave  Thunderbold,  logo 
atrás  do  defletor  principal  em  forma  de  esfera.  Quando  tinha  especificado  as  alterações  da 
Thunderbold para a sua reforma, pediu para implementar o sistema de escudos usado na série que 
foi inaugurada pela Enterprise­B, mas aconteceu uma coisa estranha. Iria sobrar espaço dentro da 
nave. Assim criou a sala. Dentro de suas paredes circulares, apareciam mapas estelares, onde se 
podia  fazer  uma  vasta  análise,  sem  as  limitações  de  um  holograma  com  trinta  centímetros  de 
comprimento. 

A Capitã Donner estava lá, conversando com Doller. Terak e Diana faziam o que os Vulcanos 
faziam  melhor,  analisando  dados  e  trocando  informações  lógicas.  Uma  conversa  muito  rica para 
qualquer  cientista  de  plantão.  Carlos  estava  a  bordo  da  Starfleet,  tentando  descobrir  o  que  tinha 
causado  o  problema  com  os  campos  de  dobra,  Tirvik  estava  aguardando  Matias  na  sala  de 
treinamento, onde iria educa­lo nas manobras a serem usadas na Thunderbold.
Trek Wars – Roberto Kiss  67  www.scriptonauta.com.br 

­ Bom dia Capitão. 

­ Bom dia Capitã – cumprimentou de volta. 

Seu braço esquerdo começou a tremer. 

­ Sempre nas horas impróprias – disse para ninguém em especial. 

Tirou  a  jaqueta  de  Oficial,  mostrando  os  circuitos  ainda  expostos  de  seu  braço,  pegou  um 
dispositivo  em  seu  bolso  e  começou  a  fazer  alguns  reparos,  o  braço  parou  de  tremer.  Vestiu  a 
jaqueta novamente. 

­ Desculpem, mas como meus sistemas estão funcionando bem, salvo este problema que irá 
ocorrer  ocasionalmente,  só  irei  fazer  os  reparos  definitivos  quando  tivermos  doze  horas  de 
tranqüilidade. 

Olhou para Lisa. 

­ Vejo que ao contrário de seu Oficial de ciências, a senhorita não ficou surpresa. 

­  Sim,  o  Almirante  me  contou  sobre  sua  história,  e  de  como  conseguiu  especificar  as 
mudanças em sua nave. 

Jevlack olhou ao redor, sorrindo. 

­  Sim  –  disse  –  aquelas  três  naves  romulanas  nos  deram  trabalho,  mas  a  Frota  soube 
recompensar isso. 

­ Três naves? O Almirante falou de duas! 

Olhou  para  ela,  demonstrando  surpresa.  Falara  demais,  e  agora  não  sabia  o  que  fazer. 
Percebeu  que  Terak  olhou  para  ele,  ele  também  sabia  da  história  real,  modificada  pelos  altos 
cargos da frota Estelar por motivos nunca explicados. 

­ Falei mais do que devia. Foram três naves sim. E uma nave Klingon. 

­ Capitão! – chamou Terak. 

­  Terak,  sabe  muito  bem  como  me  sinto  sobre  esta  história.  Muitos  amigos  meus  morreram 
naquela  batalha,  e  a  Frota  nunca  quis  explicar  o  porquê  de  querer  mudar  os  diários  da  nave,  e 
exigir  silêncio  de  todos  os  sobreviventes.  Só  sei  que  era  um  motivo  grande  o  bastante  para  me 
deixaram  remodelar  a  Thunderbold  da  forma  que  eu  bem  quisesse,  mas  mesmo  isso  acabou 
esbarrando em outro segredo. 

Olhou para Lisa e Doller. 

­  Meus  caros,  naquela  época,  eu  era  o  Imediato  desta  nave,  e  estávamos  fazendo  um 
levantamento de espigões de radiação próximos a fronteira romulana, quando capitamos um sinal 
de emergência de uma nave Klingon, que se dizia sob ataque. Fomos em direção a fonte do sinal e 
vimos  quatro  naves  descamuflando,  uma  klingon  e  três  romulanas.  Os romulanos disseram para 
não nos envolvermos, mas eles já estavam em território da federação, e tínhamos que manda­los 
de volta ou morrer tentando.
Trek Wars – Roberto Kiss  68  www.scriptonauta.com.br 

"O Capitão mandou um sinal para o comando da frota e partiu para o ataque. Duas das naves 
saíram da formação e foram em nossa direção. Atacaram violentamente a área da ponte, antes de 
manobrarmos o suficiente para que todos os phasers pudessem ser utilizados." 

"Metade  da  tripulação  da  ponte  morreu  naquele  ataque,  vítimas  de  estilhaços  que  foram 
desprendidos pelos impactos. Abriu­se um grande rombo do lado direito da ponte. Sugando duas 
pessoas antes que os escudos de contenção fossem acionados." 

"Estavam fazendo a volta para o segundo ataque. Os consoles da ponte estavam inoperantes, 
exceto o de navegação, eu era o único ainda capaz de se mover e não podia disparar de lá. Foi 
quando resolvi repetir o que fiz na simulação da academia." 

­ A situação de não vencer – disse Lisa. 

­ Sim. Só que agora era real, uma nave para ser salva, e três naves como oponentes. Comecei 
a  entrar  em  dobra  rumando  em  direção  a  uma  das  naves,  pedi  a  sala  de  transportes  para  que 
focalizasse  no  suporte  da  nacela  direita,  e  ordenei  que  teleportassem  uma  parte  dela  poucos 
instantes de entrarmos em dobra. 

Lisa  ficou  surpresa!  Usar  a  nacela  como  torpedo  era  algo  que  nunca  havia  sido  sequer 
cogitado nos treinamentos da academia. 

­ Bom, a nacela ficou livre, desviei e desliguei a dobra antes que fossemos destroçados, não 
preciso contar o que aconteceu com a nave romulana. Repeti a mesma operação com a outra nave 
e também foi destruída. 

"A terceira nave estava ocupada com os klingons, e eu não tinha mais nacelas para atingi­la. 
Mas tinha tempo, ordenei a engenharia que atacasse com tudo o que tínhamos. Felizmente, como 
estava com os escudos fracos conseguimos danifica­la. Depois disso ordenei a sala de transporte 
que  localizasse  a  fonte  de  energia  deles  e  a  teleportasse  de  lá.  Ela  ficou  morta  no  espaço,  não 
podia  nem  mesmo  se  auto  destruir.  Bom,  o  mesmo  ocorreu  com  os  klingons,  já  estavam  com 
muitas avarias para saírem de lá. Quanto a nós, bom, não tínhamos como chegar a lugar nenhum." 

"As três naves foram rebocadas. Nunca me disseram o porque das naves romulanas estarem 
perseguindo a nave Klingon, só sei que melhorou a nossa relação para com eles. Me promoveram 
a Capitão e, para me manterem de boca fechada, deixaram­me especificar as alterações da minha 
nave. Só que com isso também consegui esbarrar em algum outro segredo. Pedi o sistema defletor 
da  Enterprise,  só  que  surgiu  um  grande  espaço  vazio  dentro  da  nave  já  que  os  geradores  e 
bobinas controladoras do defletor estavam no anel externo da engenharia." 

­ Mas, porque? – perguntou Doller – A Enterprise possui algum dispositivo que a Thunderbold 
não possuía? 

­  Também  não  me  disseram,  só  falaram  que  eu  podia  usar  este  espaço  para  qualquer  coisa 
que quisesse, e que não devia fazer perguntas. Assim, criei esta sala, e mais uma de treinamento, 
para aproveitar o espaço vago. 

­ Só posso imaginar que a nave klingon devia estar em alguma missão altamente confidencial. 
– disse Doller. 

­  Provavelmente.  Na  verdade,  o  único  motivo  da  frota  assumir  que  eram  duas  naves 
romulanas,  foi  porque  os  destroços  ainda  se  encontravam  lá.  Mas  chega  de  falar  disso,  o  que 
vocês já descobriram?
Trek Wars – Roberto Kiss  69  www.scriptonauta.com.br 

­ Bom senhor – disse Diana – sabemos que não foi a sobreposição de dobras que nos trouxe 
aqui. 

­ Não foi? 

­  Não  senhor.  Atingimos  a  dobra 10.03, pelo menos nos primeiros momentos, explicado pela 


sobreposição. Mas motivo de termos viajado tão longe, ainda não foi descoberto. 

Terak entrou na conversa, com as suas informações. 

­  Analisamos  as  galáxias  ao  nosso  redor,  verificando  a  velocidade  com  que  se  movem,  e  o 
tempo  que  a  luz  emitida  por  elas  levou  para  nos  alcançar,  montamos  o  modelo  do  universo  do 
nosso novo ponto de vista. Computador, mostrar mapa número 36. 

No centro da sala, uma gigantesca holografia de vinte metros de formou, mostrando o universo 
conhecido. 

­ Sobreponha com mapa número quatro. 

Um outro universo, com as estrelas em vermelho,  surgiu. 

­ Estas são as galáxias que vemos de onde estamos. Este – apontou para a holograma – é o 
ponto  onde  estávamos  onde  tudo  começou,  e  a  nossa  atual  posição  está  sobreposta  a  esta. 
Computador, linkar ponto de origem e destino e ajustar os mapas para sobreposição total. 

O  universo  indicado  em  vermelho  começou  a  girar,  para  se  encaixar  no  branco,  uma  linha 
começou  a  ser  traçada,  à  partir  da  Via  Láctea.  Após  alguns  instantes,  as  estrelas  vermelhas  e 
brancas  se  uniram,  deixando  o  universo  unificado.  A  linha  formada  entre  a  Via  Láctea  e  onde 
estavam cruzava o centro do universo até chegar ao outro extremo. 

­ Levaria mais de cento e vinte mil anos para chegarmos aqui em dobra máxima. 

Jevlack observou melhor a galáxia onde estavam, agora, sem estar misturada a outra, a visão 
era mais nítida. Parecia um monte de poeira que tinha sido soprado ao vento. 

­ Forma estranha de galáxia. 

­ Sim – disse Doller – provavelmente distorcida por alguma outra galáxia que passou próxima. 

Jevlack ficou curioso. 

­ Temos mapeadas todas as galáxias e velocidades? 

­ Sim – respondeu Diana – temos. 

­ Computador – pediu Jevlack ­ retroceda mil anos por segundo no holograma e pare quando 
eu pedir. 

O  holograma  começou  a  se  animar,  as  galáxias  se  moviam  e  a  que  observavam  também. 
Conforme  era  simulado  o  retrocesso  do  tempo,  a  galáxia  ia  se  unindo, como um filme de poeira 
soprada ao vento rodado ao contrário. No entanto, surpreendentemente, nenhuma outra galáxia se 
aproximava desta.
Trek Wars – Roberto Kiss  70  www.scriptonauta.com.br 

Mas  havia  outra  surpresa  no  final,  após  um  minuto  e  meio,  as  estrelas  da  galáxia  formaram 
uma bola, depois, continuando o processo começaram a se expandir para o outro lado. 

­ Pare! – pediu – avance a simulação pelo mesmo padrão. 

A galáxia voltou a formar uma bola. 

­ Pare! – pediu novamente – Qual o tempo estimado? 

"Menos oitenta e seis mil anos." 

­ Uma esfera perfeita – sussurrou. 

Era estranho uma galáxia sofrer esse tipo de deformação sem um grande campo gravitacional 
que  o  justificasse. Talvez fosse um gigantesco buraco negro que passou a margem dela. A linha 
formada  anteriormente  ainda  estava  indicada,  Jevlack  a  seguiu  com  os  olhos  até  o  ponto  de 
origem. Nova surpresa, havia um espaço vazio na Via Láctea, aparentemente do mesmo tamanho 
da galáxia vista antes. 

Ficou olhando para ambas, por um bom tempo. 

­ Computador, sobrepor ponto de origem e destino, no display atual. Ampliar para visualizar as 
duas galáxias em questão. 

Conforme  o  computador  unia  as  galáxias,  o  holograma  era  ampliado.  Finalmente,  as  duas 
galáxias se encaixaram , de forma perfeita. 

­ Fascinante – disse Terak. 

­ Colorir estrelas da galáxia em que estamos em amarelo. 

Uma esfera em amarelo surgiu dentro da Via Láctea. 

­ Terak, o que poderia ter arrancado um pedaço da nossa galáxia e a posto do outro lado do 
universo? 

­  Não  tenho  certeza,  senhor,  mas  isso  explica  o  porque  dos  humanos  daqui  serem 
fisiologicamente  idênticos  a  vocês,  com  traços  asiáticos,  africanos  e  europeus.  Computador, 
indique a posição da Terra em azul. 

Um ponto azul surgiu na tela, extremamente próximo a esfera agora amarela. 

­  Talvez  tenha  ocorrido  uma  ruptura  no  continuum  espaço.  Isso  explicaria  como  foi  que  nós 
viemos  parar aqui. Atravessamos alguma fenda remanescente de um impressionante hecatombe 
galáctico.  Provavelmente  o  mesmo  que  sepultou  a  primeira  grande  civilização  desenvolvida  da 
Terra. Capitão, precisaremos de informações dos rebeldes. 

Lisa, que até então apenas observara, disse. 

­ Os planetas de Omicron IV que íamos mapear, tinham ruínas de civilizações extintas. Todas 
elas com cerca de oitenta e sete mil anos.
Trek Wars – Roberto Kiss  71  www.scriptonauta.com.br 

­ Computador, indicar o sistema de Omicron na simulação em verde. 

Vários pontos surgiram, todos na periferia da esfera. 

­  Sim.  Omicron  estava  próximo  quando  este  pedaço  da  galáxia  foi  arrancado.  E  estávamos 
indo  para Omicron quando ultrapassamos a dobra 10. A Distorção dos campos pode ter causado 
uma nova ruptura em uma região ainda instável da nossa galáxia. 

­  O  Almirante  me  disse  que  tinham  sido  detectadas  estranhas  flutuações  de  energia  em 
Omicron IV – comentou Jevlack. 

­  Então,  estamos  no  caminho  certo.  Capitão,  se  me  der  permissão,  gostaria  de  falar  com  os 
pilotos rebeldes a bordo da Starfleet. 

­ Concedida. Mas não faça acordos. 

­ Sim senhor. Oficial Doller, faça uma análise do espaço continuum ao nosso redor. Analise a 
curvatura do espaço e a compare com a que temos registrada do sistema Omicron. 

­ Certo. Diana, vamos trabalhar. 

Terak saiu da sala. 

­ Lisa, gostaria falar com você, em particular. 

Ela anuiu. Ambos seguiram para o gabinete de Jevlack. 

**** 

Carlos  analisava  os  dados  do  computador  sobre  a  disfunção  tecnicamente impossível a qual 


os  motores  foram  expostos,  causando  a  distorção  dos  campos  de  dobra.  Tinha  sido  chamado  a 
enfermaria pelo cadete Greyson, que finalmente despertara naquela manhã. Ele queria falar com 
ele com muita urgência. Tinha dito que a causa da distorção era culpa dele, por causa de Ter posto 
a mão no painel de controle. 

Tinha  dito  que  os  sistemas  gerenciadores  atuaram  varias  vezes,  para  corrigir  o  mesmo 
problema.  Nada  aparecia  nos  registros.  Era  como  se  alguém  tivesse  comandado  a  geração 
incorreta dos campos, mas ninguém poderia ter feito isso de forma tão eficiente e por tantas vezes 
seguidas.  A  não  ser  que  fosse  o  próprio  computador.  Decidiu  verificar  qual  o  comando  que 
Greyson, inadvertidamente acionou. 

Após  examinar  os  dados,  ficou  surpreso!  Não  era  a  toa  que  os  motores  ficaram  doidos. 
Quando Greyson espalmou a mão no painel, a emergência foi tão grande que antes dos sistemas 
gerenciadores  atuarem,  um  outro  protocolo,  o  de  emergência  extrema,  acionou­se  antes.  Este 
protocolo  fazia  os  computadores  entregarem  o  controle  a  nave  mais  próxima!  Fora  criado 
unicamente  para  as  naves  de  treinamento,  caso  ocorresse  tal  evento.  Mas  o  absurdo  foi  que  o 
computador  da  Starfleet  não  avisou  sobre  isso.  Algum  idiota  da  manutenção  da  doca  espacial 
esqueceu  de  ativar  o  aviso.  Continuou  examinando  para  saber  até  aonde  foi  a  falta  de  cuidado 
com os sistemas da nave. 

­ Comandante, estou detectando uma nave vindo em nossa direção, em dobra três.
Trek Wars – Roberto Kiss  72  www.scriptonauta.com.br 

­ Na tela – disse Matias. 

A  ponte  da  Starfleet  estava  a  mesma  confusão  que  da  Thunderbold,  mas  felizmente,  agora 
somente  do  lado  direito,  permitindo  que  fosse  possível  algum  comando.  Uma  estranha  nave 
apareceu, ,parecia duas caixas unidas por uma espécie de ponte. 

­ Mande a imagem para a Exceler, pergunte se é a nave que estão esperando. 

­ Sim senhor. 

Ficou observando a nave enquanto aguardava a resposta. 

­ Confirmado, realmente é a nave que esperam. Chegará em pouco mais de duas horas. 

­ Então, volte a analisar a estação. 

Com certeza, eles os estavam sondando, nada mais justo que sonda­los também. 

­  Eu  tenho  de  ir  a  Thunderbold,  assumir  o  meu  posto  lá.  Doller,  o  comando  é  seu  até  a 
Comandante Tirvik ou a Capitã Donner assumir. 

­ Entendido. 

­ Matias seguiu para a sala de transporte. 

Lisa  acompanhou  Jevlack  até  a  ponte. Havia ainda alguns painéis abertos, sendo reparados. 


Seguiu­o até uma porta ao lado direito e ambos entraram. Ele sentou­se em sua cadeira dentro do 
gabinete,  Lisa  sentou­se  logo  a  sua  frente.  Bem  que  a  Starfleet  poderia  ter  algo  parecido, assim 
não precisaria ir ao deck 2 e usar o observatório. 

Era bem simples, uma janela para ver as estrelas, uma mesa encostada a parede, um lavatório 
e um sintetizador. Havia dois modelos de naves, um que ela nunca tinha visto, mas era um pouco 
similar ao Phoenix, a primeira nave terrestre a alcançar a velocidade da luz, e um outro – este um 
holograma  ­  ,  que  sem  dúvida  era  de  uma  nave  classe  Constitution,  idêntica  a  Starfleet.  Só  que 
estava danificada! A sessão disco estava cortada ao meio, e as nacelas estavam rompidas. Havia 
várias  marcas  negras  em  sua  fuselagem,  como  se  tivesse  sido  bombardeada.  Decidiu  perguntar 
sobre ela se a ocasião permitisse. 

­ Sim – começou ela – qual é o problema? 

Ele estava sério. 

­  Acho  que,  além  de  termos  vindo  parar  no  outro  lado  da  galáxia,  no  meio  de  uma  guerra, 
também chegamos no momento em que algo muito grande está para acontecer. 

Ela nada disse. Com certeza a experiência dele estava sendo aplicada naquele instante. 

­  Quando estávamos inoperantes – prosseguiu ­ localizamos uma nave a três quilômetros de 
distancia.  Era  bem  parecida  com  aquela  que  quase  nos  pegou  ontem,  porem  bem  menor.  Ela 
deixou doze naves menores, e partiu. Aquelas naves pequenas nos atacaram. Bom, conseguimos 
resolver  o  problema  e  logo  depois  localizamos  o  seu  sinal.  E,  pelo  que  Lauriel  me  contou  esta 
manhã, os rebeldes fizeram a mesma coisa com a Starfleet, pois sua nave, a Liberdade, tinha uma
Trek Wars – Roberto Kiss  73  www.scriptonauta.com.br 

missão  urgente.  Ou  seja,  nem  os  imperiais,  nem  os  rebeldes  arriscaram  as  suas  naves  em  um 
possível  confronto.  E  as  naves  pequenas  só  se  lançaram  contra  nós  depois  que  a  nave  base 
partiu,  ficando  fora  de  possível  represália.  Com  certeza,  o  Império  também  tinha  enviado  outra 
nave. 

­ Faz sentido – disse ela – Se realmente os rebeldes e os imperiais estão tramando um grande 
ataque um contra o outro, é natural que não arrisquem naves que teriam funções estratégicas. E, 
provavelmente  deve  ser  uma  grande  operação,  próxima  a  onde  estávamos,  uma  vez  que  tanto 
uma nave rebelde quanto uma nave do Império "coincidentemente" estava na mesma área em que 
paramos. 

­  Não  deve  ter  sido  coincidência.  Deve  haver  várias  naves  naquela  área  manobrando  para 
suas "janelas" do hiperespaço, para chegar ao seu destino. Nós apenas cruzamos o seu caminho. 
Deve  ser  algo  muito  importante,  pois  se  aquela  nave  nos  tivesse  atacado,  não  estaríamos  aqui 
agora.

­ Importante demais para se arriscarem – acrescentou. 

­  Não  creio  que  os  pilotos  que  partiram  da  Liberdade  saibam  o  que  seria.  Não  os  deixariam 
para trás se soubessem. Lauriel falou que deixaram as cinco naves que estavam disponíveis para 
interceptar a Starfleet. Acho que foram os cinco pilotos que com certeza não conheciam o objetivo 
da missão. 

­ Então podemos vir a estar bem no meio de uma batalha global da rebelião e do Império? 

­ Talvez. Pelo sim e pelo não, não podemos confiar nos rebeldes. Eles precisam de qualquer 
vantagem  possível,  e  temo  que  não  hesitarão em nos atacar para conseguir nossos dispositivos. 
Só  com  os  sintetizadores,  poderiam  construir  quantas  naves  quisessem.  Isso  lhes  daria 
supremacia frente aos Imperiais. 

­ Acha que poderiam conseguir isso? 

­  Só  temos  duas  naves,  e  esta  galáxia  é  apenas  duas  vezes  e  meia  maior  que  o  espaço 
explorado pela federação. Não teríamos onde nos esconder. E não poderemos nos manter alheios 
a esta guerra por muito tempo, principalmente com os dois lados querendo por as mãos em nossas 
naves. Se não conseguirmos voltar, teremos que tomar partido, porque este será o nosso mundo 
então. E a primeira diretriz perderá o significado, pois faremos parte desta cultura. 

Lisa ficou pensando nas possibilidades. Não queria escolher nenhuma delas. Mas, se ficassem 
muito tempo ali, acabariam enfrentando um possível motim pela tripulação. 

­ E qual a sugestão no momento? 

­ Primeiro, descobrir se podemos voltar, e, se não pudermos, informar a tripulação, e deixa­los 
escolher o que fazer. Tentar ficar a margem, escolher um partido, ou criar um novo lado, o nosso. 
Você teria alguma outra? 

Pensou por um momento. 

­ E se tentarmos negociar a paz entre eles? 

Jevlack sorriu.
Trek Wars – Roberto Kiss  74  www.scriptonauta.com.br 

­ Duvido que algum dos lados saiba como isso realmente começou. Pelo que Sornim disse a 
você, e eu ouvi a gravação ontem a noite, esta galáxia sempre teve guerras. Esta de agora está 
apenas unindo as guerras menores em dois lados. Talvez esta seja a última. 

­“Capitão?" – era a voz de Terak no comunicador. 

­ Prossiga – disse Jevlack. 

­ Capitão, creio que consegui informações suficientes para descobrir como viemos parar aqui. 
Gostaria  de  marcar  uma  reunião  para  as  19  horas,  na  sala  tática,  e  também  convidar  o General 
Sornim. 

­ Porque o General deve participar? 

­ Creio que a informação também será de interesse a ele. 

­ Muito bem, pode informa­lo. 

­ Sim senhor, Capitão. 

­ Bem – disse Jevlack – Pelo menos uma boa notícia. 

Lisa anuiu. Mas isso não significava que poderiam retornar. 

**** 

Sornim não estava satisfeito. Quase vinte e quatro horas depois do atentado, ainda não tinham 
nenhuma  pista  de  quem  poderia  ser  o  sabotador.  Felizmente,  não  foi  detectada  nenhuma 
transmissão partindo de sua nave. Talvez ele tivesse morrido na explosão do hangar, talvez não. E 
agora tinha que pensar no seu relatório para o comando rebelde. 

E  o  que  iria  dizer?  Que  os  estrangeiros  podiam  sintetizar  qualquer  coisa?  Que  podiam 
transportar objetos? Que viajavam acima da velocidade da luz? Que tinham sensores capazes de 
captar outros objetos no hiperespaço? Que eram humanos idênticos a eles? 

Sim,  devia  dizer  tudo  isso.  E  como  aceitar  a  ordem  que  viria  depois?  A  de  tomar  esta 
tecnologia a força, já que eles não iriam fornece­la para eles? 

­ Senhor, o Oficial de ciências Terak deseja lhe falar. 

Pelo menos teria ainda algum tempo antes de tomar a decisão. 

Capítulo 10 

Tirvik  estava  com  Matias,  em  uma  sala  de  treinamento  dentro  da Thunderbold. Ela o estava 
treinando  para  que  estivesse preparado para os comandos rápidos que Jevlack dava, bem como 
nas estratégias que só eram usadas na Thunderbold. 

­ Giro rápido a bombordo ­ disse Tirvik.
Trek Wars – Roberto Kiss  75  www.scriptonauta.com.br 

Matias acionou os comandos, inclinando a "nave" a estibordo e logo em seguida girando­a ­ de 
forma  absurdamente  rápida  ­  em  130  graus  a  bombordo.  Quem  estivesse  perseguindo  a  nave 
pensaria que iriam a estibordo, apenas alguns instantes depois perceberiam que foram enganados. 

­ Coice de Mula! 

A  nave  simulada  fez  um  giro  extremamente  rápido,  de  360  graus,  cujo  centro  era  a  seção 
disco.  O  controle  de  gravidade  simulou  a  efeito  da  manobra  na  sala,  Matias  foi  violentamente 
pressionado  a  frente  contra  o  console.  Essa  manobra  era  para  atingir  naves  oponentes  que 
estivessem cercando a Thunderbold. Se bem que se estivessem muito próximos a outra nave, esta 
levaria um verdadeiro "coice", daí o nome. Claro que as nacelas seriam arrancadas, neste caso. 

­ Ataque máximo! ­ ordenou Tirvik antes que ele pudesse afastar­se do painel. 

Matias  manobrou  para  que  a  nave  inimiga  pudesse  ser  atingida  com  o  maior  número  de 
phasers  possíveis.  Esta  foi  a  primeira  manobra  que  Tirvik  ordenou  que  ele  tinha  aprendido  na 
academia. Todas as outras eram novidades, e, possivelmente só a Thunderbold era capaz de faze­ 
las, pois nenhuma outra ­ até onde ele sabia ­ podia fazer manobras tão rápidas assim. 

­ Muito bom para quem não tem nenhuma experiência, mas muito lento para o pode vir a ser 
necessário ­ disse Tirvik sorrindo. 

Muito lento? Ele ainda estava tonto pelos rápidos movimentos simulados. 

­  Comandante,  pode  me  dizer  como  a  Thunderbold  pode  fazer  estas  manobras?  E  o  efeito 
delas é realmente esse? Os amortecedores de inércia não são capazes de compensa­los? 

­  Você  com  certeza  reparou  que  nas  nacelas  do  Thunderbold  existem  algumas  aletas.  Por 
acaso não pensou que seriam só de enfeite certo? 

­ Bem, eu realmente não cheguei a pensar nisso. 

­ Assim como na Enterprise, essas aletas servem para melhorar as manobras em velocidade 
de  dobra,  pois  possuem  injetores  de  plasma.  Muito  pequenos,  é  verdade,  mas  podem  gerar 
campos  de  dobra  laterais  que  permitem  um  excelente  controle.  Cada  aleta  gera  um  campo. 
Infelizmente,  devem  ser  usados  apenas  em  situação  de  batalha,  pois,  as  bobinas  que  controlam 
esse fluxo precisam gerar campos de contenção muito estreitos e muito poderosos, e acabam se 
queimando  depois  de vinte minutos, mais ou menos. Jevlack apenas pediu para configurar estas 
bobinas para que pudéssemos usa­las em velocidade de impulso. E, com base nelas, criou estas 
manobras  meio  doidas.  Infelizmente,  os  amortecedores  de  inércia  não  foram  projetados  para 
compensar  esse  tipo  de  uso  na  seção  disco,  e  sua  eficiência  acaba  prejudicada  porque  não 
podemos  reconfigura­los.  Seria  preciso  reprojetá­los,  e  a  frota  não  quis  isso.  Na  verdade,  não 
aceitou nem a configuração que foi pedida. Foi feita sem autorização. 

Realmente, agora Matias começava a concordar com o que Lisa tinha lhe dito, Jevlack não era 
muito convencional. 

­ Existe ainda algumas manobras arriscadas ­ continuou Tirvik ­ o ataque final e a queima de 
escudo. 

­  Como?  ­  Matias  estava  mais  surpreso  que  antes,  quando  Tirvik  começou  a  lhe  ensinar  as 
manobras que acabara de fazer.
Trek Wars – Roberto Kiss  76  www.scriptonauta.com.br 

­ A queima de escudo funciona da seguinte forma: Contraímos os nossos escudos ao máximo, 
e aceleramos em dobra até estarmos a menos de cem metros da nave inimiga, O Capitão diz qual 
o escudo que deve ser "queimado", o navegador, no caso você, gira a nave de forma que o escudo 
indicado esteja de frente para a nave oponente, o escudo é desligado, e religado imediatamente de 
forma que quando ele se formar, se mescle aos escudos da outra nave. 

­ Mas isso irá queimar a bobina geradora de ambos os escudos – disse Matias, surpreso. 

­ Por isso o nome, queima de escudo. Logo em seguida, disparamos a queima roupa. 

­ Já fizeram isso alguma vez? 

­  Sim  no  dia  em  que  ele  a  desenvolveu  ­  disse  esboçando  uma  risada  contida  ­  Foi  até 
engraçado.  Quando  estávamos  de  patrulha  na  zona  neutra  romulana,  há  uns  oito  meses, 
captamos uma nave romulana que por algum motivo se descamuflou. Talvez para nos atacar de 
surpresa,  eu  não  sei.  O  Capitão  Jevlack  obviamente  entrou  em  contato  e  solicitou  "gentilmente" 
que saíssem do território da federação. 

­ Gentilmente como? 

­ "Ou comecem a guerra agora ou saiam de minha vista" ­ disse imitando a voz do Capitão. 

­ Nossa! ­ deu um assobio. 

­ Pois é! A resposta foi, "então comece com a guerra". 

Matias nada disse, estava ansioso para saber o que aconteceu. 

­ Bem, Jevlack cortou as comunicações e falou para Oshiro e o armeiro o que deviam fazer. 
Disse em voz baixa de forma que ninguém alem deles, e além de Terak e eu pudéssemos ouvir. 
Você sabe que a audição vulcana é muito apurada. 

­ Sim  ­ concordou, já tinha tido alguma experiência em primeira mão desta característica. Foi 
vergonhosa. 

­  Bem,  eles  olharam  para  ele  como  se  o  Capitão  tivesse  enlouquecido,  mas  nada  disseram. 
Jevlack  voltou  para  a  sua  cadeira,  e  disse  "Queima  de  escudo,  estibordo".  Diga­me  o  que  você 
acha que Oshiro fez. 

­  Configurou  as  coordenadas,  contraiu  os  escudos,  lançou­se  em  dobra,  parou  nariz  a  nariz 
com a outra nave, girou a bombordo, o operador das armas desligou os escudos de estibordo e os 
religou, queimando a bobina de ambas as naves, depois ele voltou a ficar nariz a nariz com a nave 
romulana e disparou. 

­ Quase! o Capitão não tinha ordenado para disparar. 

­ E o que ele fez? 

­ Apenas abriu um canal e disse "Sumam da minha frente ou morram", e começou a fazer uma 
contagem regressiva a partir de 5. 

­ E o que eles fizeram?
Trek Wars – Roberto Kiss  77  www.scriptonauta.com.br 

­ Quando a contagem estava no três, eles simplesmente sumiram. 

Matias começou a rir. Era uma incrível história. Mas também denotava que o seu novo Capitão 
era um grande estrategista, sacrificando recursos de sua nave para poder dominar a nave inimiga. 
Devia ser um excelente jogador de xadrez. 

­ Infelizmente, depois deste incidente a frota nos deu um castigo – continuou Tirvik ­ ficamos os 
últimos seis meses patrulhando a fronteira Klingon. Como se fosse necessário. 

Realmente,  depois  do  tratado,  não  havia  porque  patrulhar  esta  fronteira,  as  naves  da 
Federação e do império Klingon podiam atravessa­la livremente. 

­ É uma pena que nenhuma outra nave da frota tenha tal capacidade de manobras ­ comentou 
Matias, procurando evitar mais comentários a respeito das ordens do alto comando. 

­ E provavelmente não a terão. O alto comando é muito conservador. E míope. 

Bem, ele tinha tentado. 

­ De onde que ele tirou essa idéia de partir em dobra em um espaço tão pequeno? 

­  Acho  que  foi  um  comentário  de  um  cadete  que  fez  estágio  aqui, quando Jevlack ainda era 
Imediato. Creio que era francês. 

Não foi original, mas tinha aproveitado a idéia. 

­ E a outra manobra? O ataque final? 

­  Esta  é  automática,  apenas  o  Capitão  pode  aciona­la.  E,  justamente  por  isso,  ela  pode  ser 
mantida em segredo. Somente os altos oficiais a conhecem, e só o Capitão poderá explica­la. Se 
você estivesse aqui como Imediato, eu lhe diria. Mas posso dizer que qualquer objeto com mais de 
um metro que esteja a oitenta quilômetros de distância, em qualquer direção, será atingido. 

­ Qualquer objeto? 

­ Sim, claro que não será um grande dano, mas essa manobra dura por quinze minutos. Daria 
para destruir de cinco a seis daqueles destróieres estelares do Império. Mas não poderemos mais 
fazer  estas  manobras  rápidas  pelas  próximas  seis  horas,  que  é  o  tempo  que  as  bobinas  levam 
para serem esfriadas. E quanto mais destas outras manobras fizermos, por menos tempo o ataque 
final poderá ser utilizado. Por isso é chamado de ataque final. Ele põe um ponto final em nossas 
estratégicas  únicas.  Só  um  aviso,  se  o  Capitão  falar  ataque  final,  amarre­se  na  cadeira  com  os 
cintos de gravidade zero. Vai precisar. 

Depois de tudo o que vira até então, Matias nem por um instante precisou imaginar o porque. 

­ Ataque duplo, 100 graus – falou rápido Tirvik. 

Rapidamente deu o comando para a manobra, se preparando para a nova série de montanhas 
russas que ira enfrentar. Ainda bem que ele não tinha comido nada no café da manhã.
Trek Wars – Roberto Kiss  78  www.scriptonauta.com.br 

A  bordo  da  Exceler,  Sornim  terminava  o  seu  relatório.  Iria  envia­lo  assim  que  tivesse  a 
confirmação de que seis naves tinham decolado antes da explosão do hangar e que apenas cinco 
se encontravam a bordo da Starfleet. Se fosse verdade, isso poderia indicar que o sabotador partiu 
na nave desaparecida. Seria preciso avaliar os registros dos sensores da Starfleet, se a nave havia 
entrado no hiperespaço. Já havia feito um pedido formal, e assim que a Capitã estivesse disponível 
­ ela estava fazendo um check­up médico ­ teria a resposta. 

Rinander se aproximou, pôs a mão na cabeça, balançou­a um pouco, como que para espantar 
o sono, e disse: 

­ Senhor, o relatório final dos danos. O hangar ficara indisponível por mais um dia. Não foi só 
um y­wing que explodiu, parece que havia várias cargas explosivas colocadas estrategicamente no 
hangar,  de  forma  que  o  controle  de  gravidade  e  dutos  de  energia  estão  irremediavelmente 
destruídos. Teremos de substituí­los. A nave que chegará tem todo o material necessário. 

­ Há quanto tempo você não dorme? ­ Perguntou o General. 

­ Desde ontem, senhor. 

­ Então vá dormir. Não será útil se por um acaso cair no sono em seu posto. Isso é uma ordem. 

­ Sim senhor ­ disse ­ e obrigado. 

Rinander  saiu,  rumo  aos  seus  aposentos,  Sornim  ficou lendo o relatório dele. A nave não foi 


estruturalmente  afetada.  Se  tivessem  destruído  a  dorsal,  nem  a  Thunderbold  e a Starfleet juntas 
poderiam tira­los de lá. Perderam 68 tripulantes sendo que deste total, 27 estavam desaparecidos, 
provavelmente  os  que  foram  sugados  ao  espaço  depois  da  explosão  no  hangar.  A  bordo  da 
Starfleet, como hóspedes, estavam Lauriel, Ígnea, Bishop, Zander, e Ciandy. E as cinco naves que 
haviam  teleportado  para  lá,  dois  a­wing,  um  b­wing,  um  x­wing  e  um  y­wing.  As  naves  mais 
próximas  da  saída  do  hangar.  Acionou  o  seu  monitor  e  repassou  a  gravação  do  hangar  daquele 
momento. Viu seis naves decolando. Havia um y­wing a mais. Retrocedeu a gravação e travou a 
imagem nos y­wing. Avançou lentamente. Viu Ígnea entrar em um deles, o que significava que o 
desaparecido era o outro. Travou a imagem neste e retrocedeu até descobrir quem tinha entrado. 
De  repente,  quando  retrocedeu  até  cinco  minutos  antes  que  a  nave  decolasse,  a  monitor  se 
apagou. Nada aparecia, apenas uma imagem escura. Isso em todas as câmaras da nave. A faixa 
preta  durava  dezenove  minutos,  Tempo  suficiente  para  que  qualquer  um,  de  qualquer  parte  da 
nave pudesse chegar ao hangar. 

­ Tenente Hander, examine o computador e descubra se houve alguma alteração nos registros 
das imagens arquivadas da vigilância da nave, na hora que antecedeu a explosão do hangar. 

­ Sim senhor. ­ respondeu. 

Muito  bem  calculado.  Provavelmente  um  dispositivo  de  distorção  foi  posto  no  núcleo 
encarregado de armazenar as imagens, e disparou neste horário. Desta forma, com a quantidade 
de desaparecidos o sabotador escaparia sem ser descoberto. Mudaria de aparência e de nome e 
eles nunca descobririam quem poderia ser. Mas havia uma coisa de que ele se esquecera, poucas 
pessoas teriam acesso à área onde se poderia por o dispositivo para apagar as imagens. Bastaria 
avaliar os desaparecidos e determinar quais deles poderiam ter ido até lá sem levantar suspeitas. 
Se  conseguissem  identifica­lo,  saberiam  o  que ele teria dito aos imperiais, e mudar planos ainda 
não implementados.
Trek Wars – Roberto Kiss  79  www.scriptonauta.com.br 

­ Bem? – perguntou Lisa. 

­ Sua saúde esta satisfatória – respondeu o doutor. 

­  Ótimo  –  disse  demonstrando  um  certo  desagrado  –  agora  me  diga  porque  realmente  me 
convocou para esses exames. 

Cameron sorriu ternamente. 

­ Capitães têm o péssimo hábito, embora justificável, de demonstrar vitalidade e força, mesmo 
quando não podem. A única forma de eu ter certeza de que a senhora não o estava fazendo era 
obrigando­a a vir aqui e fazer os exames. 

­ Não precisava ter pedido a Jevlack para me ordenar isso. 

­ Você teria vindo se não tivesse recebido uma ordem? 

­ Apenas se eu julgasse necessário. 

Capitães também têm o hábito de não se deixarem ficar em situação constrangedora. E Lisa 
notou que realmente estava agindo como Capitã. Jevlack devia estar certo, ela tinha o instinto. 

Saiu da enfermaria e seguiu até o observatório. Era seu local favorito da nave. Aquelas quatro 
grandes janelas davam uma visão fantástica de sua maior paixão: As estrelas. Pena que não tinha 
uma lua para acompanha­las. 

Sentou­se  de  forma  a  ver  as  janelas  perfeitamente.  Podia  ver  algumas  das  naves  rebeldes 
patrulhando  a  distância.  A­wings,  x­wings,  shuttles.  Os  rebeldes  não  descansavam.  E  nem 
poderiam.  Em  um  constante  estado  de  guerra  contra  um  oponente  poderoso,  qualquer  distração 
seria  extremamente  fatal.  A situação que enfrentaram no dia anterior deixou isto bem claro. Mas 
uma coisa a incomodava. 

Se  eles  não  tinham  tecnologia  para  rastrear  naves  em  velocidade  de  dobra,  ou  hiperespaço 
como  eles  chamam,  como  aquele  destróier  se  posicionou  tão  perto?  Coincidência?  De  forma 
alguma.  Sem  dúvida,  foram  informados  da  posição  da  Exceler.  Mas  isso  deixava  outra  dúvida: 
Para isso, teriam que ter um espião na Exceler, até ai não muito excepcional. Mas ter um espião, 
na  nave  especialmente  designada  para  fazer  contato  com  eles?  Muito  estranho.  Outra 
coincidência? Porém, se não fosse, isso significava que tinham muitos espiões, em muitas naves. 
Poderiam fazer um ataque coordenado com base nas informações deles e acabar com a rebelião 
definitivamente. Isso não foi feito. Mas podia ser. 

Algo  grande  está  para  acontecer,  foi  o  instinto  de  Jevlack.  Talvez  estivesse  mesmo.  Mas 
esperava não estar mais ali quando ocorresse. 

A porta se abriu automaticamente. 

­ Oh, desculpe, não queria incomodar, Capitã. 

Era Lauriel. 

­  Não  está  incomodando,  na  verdade,  pode­se  dizer  que  eu  estava  tirando  um  momento  de 
folga. Pode entrar.
Trek Wars – Roberto Kiss  80  www.scriptonauta.com.br 

Ela  assentiu.  Sentou­se  em  uma  cadeira  não  muito  próxima  e  também  ficou  olhando  as 
estrelas. 

­ Vejo que aprecia estes pontos brilhantes no céu – disse Lisa tentando puxar conversa. 

­  Sim,  elas  me  dão  tranqüilidade.  Movendo­se  lentamente  pelo  universo,  sem  ninguém  as 
incomodar. Elas me lembram o que eu perdi muito cedo. A inocência. 

­ Posso lhe fazer uma pergunta? 

­ Sim? 

­ Por que se tornou uma rebelde? 

Ela riu. 

­ Desculpe, é que eu fiquei esperando por essa pergunta desde que vim para essa nave, alias, 
desde  que  apareci  nesta  nave.  Devia  ter  visto  minha  cara  quando  de  repente  apareci  no  seu 
hangar  com  a  nave  totalmente  desabilitada.  Pensei  que  tinha  morrido,  e  que  ia  ser  julgada  pelo 
que  fiz.  Foi  só  quando  Ígnea  bateu  em  minha  carlinga e falou para eu acordar que percebi onde 
estava. 

"Bom , acho que a melhor resposta é: não tinha mais o que fazer. Quando tinha doze anos, fui 
dada como escrava para um maldito qualquer. E, até aos vinte e dois fui sendo usada e deturpada 
como  uma  coisa.  Um  dia,  ocorreu  uma  insurreição  bem  na  capital  do  Império.  Alguns  rebeldes 
planejaram fazer um golpe para minar a arrogância do imperador, libertando todos os escravos. Eu 
fui  um  deles.  A  afronta  foi  séria,  o  imperador  baixou  um  decreto  dizendo  que  onde  quer  que 
aqueles escravos fossem encontrados, deveriam ser enviados de volta a capital, e quem o fizesse 
receberia uma gorda recompensa. Muitos foram recapturados graças a isso. Sendo assim, o que 
mais eu poderia fazer?" 

­ Parece que você esta muito acostumada a dar esta resposta. 

­  Fiquei  tão  acostumada  a  esta  pergunta  que,  confesso,  quando  fiquei  mais  de  um  dia  aqui 
sem ninguém faze­la, achei que não despertava mais a curiosidade de mais ninguém. 

­ Bom, esta é a explicação oficial, e qual seria a verdadeira? 

Franziu a testa, obviamente não esperava que sua história não a convencesse. 

­ Queria matar o desgraçado que tornou minha vida um inferno. 

­ Foi o que imaginei. Você me parece decidida o suficiente para determinar o seu destino, não 
me pareceu que tivesse aceitado se unir aos rebeldes por falta de opção. 

­ Sou tão transparente assim? 

­ Não. Acho que Jevlack estava certo, tenho instinto. 

Lauriel esboçou um sorriso. 

­ E você? Poderia lhe perguntar o que a levou a querer ser Capitã de uma nave?
Trek Wars – Roberto Kiss  81  www.scriptonauta.com.br 

Foi a vez dela rir. 

­  Um  sonho  de  infância.  Um  dia,  meu  pai  levou­me  para  visitar  um  mundo  próximo  ao  meu 
planeta natal, a Terra, então, fiquei encantada com o que vi. 

Lisa acionou o console e um holograma de Júpiter apareceu no centro da mesa. 

­ Bonito – comentou Lauriel. 

­ Sim  – concordou Lisa – bastante. Fiquei tão maravilhada que resolvi entrar na Frota Estelar 
apenas  para  conhecer  mundos  tão  belos  quanto  esse.  –  Mostrou  outro  holograma  –  Este  é 
Saturno, o único planeta em meu sistema natal com anéis visíveis do meu planeta. 

­ Temos planetas com anéis aqui também, mas este me parece ser mais bonito. 

­  Claro  que  é,  mas  eu  sou  suspeita  para  falar.  Assim,  entrei  para  a  frota,  me  formei  e,  no 
momento  sou  a  mais  jovem  Capitã  a  integrar  a  frota.  Uma  pena  ninguém  mais  saber  disso,  fui 
promovida aqui, pelo meu Comandante, antes dele morrer. 

­ Sinto muito – disse Lauriel. 

­ Eu também. Mas a vida continua. 

­ A vida deve continuar. 

­“Capitã" – era Soler no comunicador – "a nave de reparos rebelde acabou de chegar, pediram 
para nos afastarmos um pouco para lhes dar espaço para manobrar." 

­ Pode faze­lo – respondeu – e fique de olho nela. 

­ “Sim senhora" 

­ Depois do que passamos ontem – disse a Lauriel – não quero outra surpresa. 

­ Saiba que faz muito bem – concordou a outra – daria uma excelente Comandante rebelde. 

­ Hum... acho que não fico bem em uniforme laranja. É sexy demais. 

Ambas riram. 

**** 

Uma nave de transporte partiu da plataforma rebelde, uma vez que o hangar da Exceler ainda 
não podia ser utilizado. Ele iria ser carregado com os componentes e iria fazer uma conexão com a 
Exceler,  em  uma  de  suas  escotilhas  auxiliares.  A  prioridade  era  o  hiperdrive.  Depois  seriam 
transportados os materiais necessários a tornar o hangar operacional novamente. 

Fez a conexão na escotilha da nave Kanter, o piloto, Jorge, abriu a escotilha e entrou na nave. 
Lá  dentro,  já  haviam  pacotes  a  serem  transportados.  Chamou  seus  auxiliares  e  estes 
imediatamente começaram a carregar o transporte.
Trek Wars – Roberto Kiss  82  www.scriptonauta.com.br 

Soer estava na ponte do destróier estelar Dankan, ou, melhor dizendo, o General Soer estava 
na  ponte,  observando  as  estrelas,  sendo  incapaz  de  conter  sua  alegria.  Ainda  não  acreditava. 
Darth Vader dissera que tinha um novo posto vago, e que ele, por oferecer os meios necessários 
para o seu plano, era a pessoa indicada para ocupa­lo. 

Tudo fora perfeito. O transporte fora capturado quando fazia a baldeação entre as janelas do 
hiperespaço. Um distorcedor cuidara para que não pudessem avisar a ninguém do ocorrido. Agora 
estes  rebeldes  capturados  estavam  sendo  transportados  para  sua  posição,  para  serem 
interrogados  sobre  a  localização  de  sua  base.  Após  a  captura  da  Exceler,  ele  comandaria  uma 
operação de ataque a este posto. SEM PRISIONEIROS. 

Mas o que o deixava satisfeito era que, com a captura da Exceler, sua escrava também seria 
capturada. E, finalmente se livraria da mancha em sua honra. 

­ General Soer, esta chegando uma mensagem codificada do seu homem a bordo da Exceler. 

Foi  até  o  monitor  de  comunicações  para  ler  a  mensagem.  "O  transporte  chegou,  os 
equipamentos  já  estão  sendo  desembarcados  e  instalados. Previsão: oito horas" Soer sorriu. Em 
oito horas eles partiriam, em mais sete a armadilha se fecharia. E dois meses depois, Jabba teria 
um novo brinquedo. 

­ Chame os chefes de esquadrões, é hora de repassarmos nossa estratégia. 

­ Sim senhor. 

Voltou a sua posição, próxima a janela, de onde observava as estrelas. Agora entendia porque 
Vader fazia aquilo. Pelo reflexo no vidro, podia ver toda a ponte, e também pensar sossegado no 
que fazer. Mas agora estava divagando. 

Lembrava­se de seu planeta natal, onde tinha o título de príncipe e aprendera que sua posição 
o tornava superior aos outros. Onde quando o seu pai mandava punir seus serventes por falha ou 
desobediência diversas. Seu pai. Era muito tolerante, acreditava que podia fazer aqueles idiotas se 
portarem melhor apenas dando um sermão neles. Quando seu pai morreu e ele assumiu o trono, 
mudou  muitas  coisas.  Demitiu  os  serventes  e  aliou­se  ao  Império.  Primeiro,  porque  seu  planeta 
tinha  uma  posição  estratégica  para  um  possível  avanço  deste  em  seu  setor,  e,  segundo,  porque 
teria  muitos  soldados  que  seriam  gentilmente  oferecidos  a ele para manter seu status e posição. 
Só tinha que permitir que usassem seu planeta como base. 

Foi  logo  depois  que  revogou  a  lei  contra  a  escravidão  em  seu  mundo.  E  começou  a  cobrar 
dividas  que  alguns  poderosos  tinham  para  com  o  seu  pai.  Alguns  davam  seus  filhos  como 
escravos para a coroa, como o pai de sua escrava que hoje é Comandante dos rebeldes. Outros, 
que tinham pudores em fazer tal barbárie, como eles mesmo diziam, davam suas propriedades e 
saiam do reino. 

Era  uma  boa  vida,  e  teria  durado  até  a  atualidade.  Não fosse um certo objeto de prazer que 


resolveu ter idéias próprias. 

­ General, os Comandantes o aguardam na sala de conferência. 

­ Estou a caminho – disse. 

Ainda bem. Por pouco deixou que a raiva o controlasse.
Trek Wars – Roberto Kiss  83  www.scriptonauta.com.br 

Tirvik se materializou na sala de transporte da Starfleet. Pediu permissão para vir a bordo e 
foi  em  direção  ao  comando,  onde  assumiria  o  seu  posto.  Viu  mais  pessoas  andando  pelos 
corredores, o que era um bom sinal. A tripulação estava tendo alta. 

Chegou  a  ponte  e  notou  que  estava  ainda  um  pouco  vazia.  Apenas  um  navegador  e  outra 
pessoa na cadeira do Capitão. E algumas pessoas da manutenção reparando alguns painéis. 

­ Sou a Comandante Tirvik, nova imediato desta nave. 

­  Comandante  –  disse  a  pessoa  que  estava  na  cadeira  se  levantando  –  sou  o  Alferes  Soler. 
Bem vinda a bordo. 

­ Obrigada. Mas me parece que não há muito o que fazer aqui. 

­  Tem  razão  Comandante,  mas  temos  quatro  pessoas  na  engenharia de plantão para o caso 


de termos alguma emergência. 

­ Onde está a Capitã? 

­ Creio que está em seus aposentos. 

­  Bom,  falando  em  aposentos,  e  já  que não há o que comandar aqui, poderia me mostrar os 


meus? 

­ Perfeitamente. Mendes? Por favor, mostre a Comandante Tirvik o seus aposentos. 

O navegador se levantou, cumprimentou­a e pediu para que o acompanhasse. 

**** 

Sornim  não  esperava  que  o  espião  fosse  tão  esperto.  Nenhum  dos  que  desapareceram 
poderiam chegar até o local apropriado para por o dispositivo sem ser notado. Teria que considerar 
que  todos  eles,  os  desaparecidos,  eram  suspeitos.  Já  havia  enviado  o  seu relatório e aguardava 
instruções do comando sobre qual o seu próximo objetivo. Seu ordenança lhe avisou que deveria ir 
a Thunderbold para participar de uma espécie de palestra que Terak daria. Como o hangar ainda 
não poderia ser usado, teria que contar com o teleporte deles. 

Na  hora  indicada,  disse  que  estava  pronto.  Dois  de  seus  seguranças  iriam  junto.  Por  um 
instante, tudo o que via oscilou, depois surgiu a sala de transporte da Thunderbold. 

­  Bem  vindo  a  bordo,  General,  se  quiser  me  acompanhar  –  disse  o  segurança  que  o 
recepcionara. 

Sornim  e  sua  escolta  o  acompanharam  até  uma  sala de forma esférica, onde um holograma 


gigante  mostrava  uma  galáxia.  Lá  já  estavam  o  Capitão  Jevlack,  a  Capitã  Donner,  o  Oficial  de 
ciências  Doller  que  conhecera  em  sua  última  visita  a Starfleet, o Oficial de ciências Terak que o 
convidara e mais dois outros que não conhecia. Sendo um deles uma vulcana. 

­ Creio que podemos começar – dissera Jevlack.
Trek Wars – Roberto Kiss  84  www.scriptonauta.com.br 

Sentaram­se  em  uma  fileira  de  assentos próxima a parede, os seus dois seguranças ficaram 


uma  de  cada  lado  da  porta  por  onde  entrara.  O  fato  de  todas  as  portas  se  abrirem  assim  que 
alguém se aproximava dela ainda o surpreendia. 

Terak ficou a frente deles. 

­ Cavalheiros, e, senhoras. Formulei uma teoria para explicar o motivo de termos vindo parar 
aqui. E, através dela, também foi possível especular o porque da tecnologia que os nativos desta 
galáxia usam possuem conceitos tão diferentes da nossa. Convidei o General Sornim pois, certas 
informações necessitam ser de seu conhecimento, e creio que ele concordará que eles não devem 
utiliza­la. 

"Entrevistei os pilotos rebeldes a bordo da Starfleet, conforme o Capitão me permitiu. Perguntei 
sobre  suas  lendas,  sobre  algum  evento  longínquo  de  grandes  proporções.  Todos  me  falaram  de 
uma guerra global, envolvendo dezenas de facções ao mesmo tempo, em um único setor." 

Sornim conhecia esta lenda. Ela explicava a origem da força. 

­  Segundo  eles,  os  deuses  ficaram  enfurecidos  com  a  situação,  e  castigaram  todos  os 
envolvidos, deixando suas máquinas de combate e demais dispositivos de conforto inúteis. Levou 
milênios, na verdade, várias centenas de milênios até que uma raça conseguisse desenvolver algo 
que pudesse operar. Radicalmente diferente do que tinham antes. 

­ General Sornim. Nossas pesquisas nos revelaram que esta galáxia onde estamos, um dia já 
foi  parte  da  nossa.  E  que  provavelmente  um  impressionante  rompimento  no  continuum  espaço 
arrancou todas as estrelas, raças e planetas aqui existentes de lá. Estas imagens são de algumas 
ruínas  que  encontramos  em  mundos  que  um  dia  ficaram  na  periferia  desta  catástrofe.Surgiu  o 
holograma de um templo com algumas inscrições. 

Sornim não pode conter sua surpresa. 

­ Estas inscrições... São de meu povo. – ficou de pé ­ A língua dos antigos. 

­ Estavam em um dos planetas recém descobertos no limite de nossas explorações, em nossa 
galáxia. Pelo que foi possível traduzir. Diz que neste templo jaz os últimos remanescentes de um 
tolo povo que preferiu lutar para vencer e não pela paz. 

­ Sim, pode ser traduzido assim – disse Sornim, voltando a se sentar. 

Aquele estilo de arquitetura fora abandona pelos seus há mais de cinqüenta mil anos. 

­ Minha teoria, parte de algo que a frota está começando a estudar. O efeito que a viagem em 
dobra  causa  no  continuum.  Já  houve  casos  de  naves  que  retornaram  no  tempo,  graças  a  uma 
falha nos campos ou a presença de um objeto de gravidade maciça. É até possível que uma falha 
nos geradores de dobra da USS Defiant a tenha feito entrar em uma dimensão temporal. Esta foi a 
primeira nave que temos o registro de ter desaparecido de nosso continuum. – disse a Sornim 

"Acredito que todos as facções envolvidas usavam campos de dobra para viajar pelo espaço. 
E, na batalha global que ocorreu, aquelas milhares de naves distorcendo o espaço em um local tão 
reduzido romperam o tecido de nossa realidade, causando o efeito de ira dos deuses"
Trek Wars – Roberto Kiss  85  www.scriptonauta.com.br 

"No  entanto,  apesar  de  ser  plausível,  isso  não  explica  o  porque  de  uma  área  tão grande ter 
sido  afetada  por  este  acontecimento.  Não  deveria  passar  de  alguns  anos­luz.  Talvez  realmente 
existe algo mais nesta chamada ira dos deuses." 

Um holograma surgiu, de uma galáxia. Uma área esférica verde apareceu dentro desta. 

­ Esta foi a área afetada pela distorção. Computador, indique o planeta Terra em azul. Este é o 
planeta  natal  de  todos  os  humanos,  mesmo  de  vocês  –  disse  se  dirigindo  aos  seguranças  que 
estavam na porta. Como podem ver estava muito próximo a área que foi atingida, mas não em sua 
periferia.  Há  uma  teoria  de  que  os  humanos  tiveram  um  período  de  glória  no  passado,  mais  ou 
menos na mesma época em que esse evento ocorreu. Computador indicar área secundária. 

Em vermelho, uma outra esfera surgiu, englobando a primeira e ocupando mais trinta por cento 
da primeira área. 

­  Todos  os  sistemas  que  a  Federação  possui  hoje  ficariam  inoperantes  nesta  área.  Os 
terrestres da época voltariam a idade da pedra. Principalmente devido a destruição que as ondas 
de  choque teriam provocado. Mesmo em vulcano há algumas referências de uma época em que 
toda a vida no nosso planeta quase foi levada a extinção. O período em que isso teria ocorrido é 
compatível,  cerca  de  novecentos  mil  anos.  Provavelmente  as  estranhas  leituras  que  ainda  hoje 
temos  esporadicamente  na  área  conhecida  como  triângulo  das  bermudas  deve  ser  um  resquício 
deste  efeito.  Computador,  mostrar  a  Via  Láctea,  na  atualidade.  Indicar  área  em  que  ocorreu  a 
ruptura do continuum em vermelho. 

­ Um momento ­ disse Jevlack ­ Pelo que me lembro, o período seria de noventa mil anos. 

­ Sim Capitão, mas descobri outros fatores que me fazem acreditar que seriam de novecentos 
a dois milhões de anos. Chegarei a eles oportunamente. 

­ Muito bem. 

No holograma, uma área alongada na galáxia surgiu. 

­ Computador, indique em amarelo os locais em que distorções no continum foram detectados. 

Vários pontos surgiram. Todos eles dentro da área vermelha. 

­ Mesmo hoje em dia, os efeitos daquele evento podem ser sentidos. Nossos motores de dobra 
causam  distorções  no  espaço,  muito  menores  e  praticamente  insignificantes,  porém  de  efeito 
cumulativo.  Se  uma  rota  for  usada  centenas  de  vezes  durante  algumas  décadas,  efeitos  no 
continuum poderão ser detectados. Por isso a frota atualmente estuda novas formas de viajar sem 
correr este risco. 

"Nossos  motores  de  dobra  se  sobrepuseram,  e  isso  nos  levou  até  Omicron  IV  em  poucos 
minutos, pois atingimos a dobra 10.03. Computador, indique o sistema Omicron em azul. " 

No centro da maior área indicada em vermelho, surgiram quatro pontos azuis. 

­  Fomos  bem  para  o  centro  da  maior  área  que estava em nossa galáxia que concentrava os 


efeitos  da  distorção  antiga.  Com  nossos  motores  de  dobra  causando  um  leve  rompimento  no 
continuum,  fomos  sugados  por  uma  fenda  espacial  que  se  abriu  entre  nossa  galáxia  e  esta,  o 
pedaço  que  saiu  de  lá  no  hecatombe  já  mencionado.  Por  isso  sofremos  o  efeito  de  sermos
Trek Wars – Roberto Kiss  86  www.scriptonauta.com.br 

disparados.  A  destruição  do  reator  da  Starfleet  só  garantiu  que  a  distorção  de  nossos  campos 
parasse. Não foi ela quem parou a nossa aceleração. 

­ O que causou a distorção? – perguntou a Capitã Donner. 

­  Segundo  o  engenheiro  Carlos,  havia  uma  falha  no  sistema  gerenciador  dos  motores.  Eles 
foram  criados  originalmente  para  a  nave  classe  Eagle,  que  possui  uma  única  nacela  de  dobra. 
Quando foi acionado, cada nacela de dobra da Starfleet gerou o seu próprio campo, como se fosse 
a Eagle. Como outros sistemas controlam a sincronia das nacelas, estes interferiam e tudo voltava 
ao  normal.  O  motivo  da  Thunderbold  apresentar  o  mesmo  problema,  se  deve  ao  controle  de 
emergência ter sido acionado. A nave mais próxima assumia o comando dos motores da Starfleet, 
no  caso,  nós.  Só  que  o  sistema  gerenciador  com  defeito,  também  começou  a  afetar  os  nossos 
motores,  pois  os  nossos  sistemas  interpretavam  que  uma  das  nacelas  não funcionava.Quando o 
comando  de  emergência  é  acionado,  os  sistemas  de  ambas  as  naves  trabalham  em  conjunto. A 
falha do sistema se deve ao fato de que ele não informava ao computador principal de nenhuma 
nave  que  estava  sendo  executado.  Ou  seja,  os  computadores  interpretavam  a  assincronia  das 
nacelas como fato comum, até que foi impossível compensar a distorção. 

­ Nem quero saber as chances disto ter ocorrido, prossiga – disse Jevlack. 

­  General,  quando  esta  galáxia  foi  inaugurada,  a  distorção  no  continuum  era  total.  Nenhum 
veículo que se movesse em dobra poderia manobrar. Sistemas baseados em fusão de matéria e 
anti matéria ficariam inoperantes. Isso por mais de setecentos mil anos. 

"Teleportes não funcionariam, seria impossível sintetizar qualquer coisa. Tudo o que o senhor 
viu  nós  fazermos  seria  impossível  neste  período.  Pois  a  geometria  espaço­tempo  estavam 
alteradas.  Alias,  elas  ainda  se  encontram  alteradas.  A  velocidade  da  luz,  aqui,  equivale  a  nossa 
dobra três. Por isso suas naves viajam nesta velocidade. Sua tecnologia foi criada para operar em 
uma situação muito peculiar. Que ainda existe, mas já pode ser vencida por outros sistemas, como 
os nossos. Suas naves viajam baseadas em manipular as partículas de grávitons, modificando a 
gravitação ao redor da nave e compensando a aceleração com anti­gravidade, de forma correlata a 
nossa gravidade artificial." 

­ Não disse que a física está alterada aqui? – perguntou Doller. 

­  Disse  que  as  constantes  universais  foram  alteradas,  não  seus  inter­relacionamentos. 
General, se suas naves estivessem em nossa galáxia, que está muito mais estabilizada que a sua, 
elas seriam bem mais rápidas que agora, e mesmo os seus turbo­lazers teriam mais potência. 

­  Porque?  –  perguntou  Jevlack  –  Uma  vez  que  nós  também  estamos  aqui,  porque  nosso 
equipamento não foi afetado pela distorção ainda existente? 

­  Não  creio  que  nosso  equipamento  não  tenha  sido  afetado.  Na  verdade,  tenho  sérias 
ressalvas ao afirmar que as constantes foram alteradas.  Se elas realmente estivessem alteradas, 
nós  não  poderíamos estar vivos, pois viemos de uma realidade diferente. Desde hoje de manhã, 
quando o senhor fez o retrocesso no holograma para satisfazer sua curiosidade, reparei que algo 
estava errado. O computador disse que foram retroagidos apenas noventa mil anos, no entanto, tal 
cataclismo  não  poderia  ter  ocorrido  há  tão  pouco  tempo.  Pelos  meus  cálculos  de  movimentação 
das  estrelas,  deveria  ser  no  mínimo  de  dez  a  vinte  vezes  mais.  Fiz  alguns  exames  nos  nossos 
sistemas, e aparentemente nada está errado. 

"Talvez  a  única  explicação  aceitável,  é  que  na  verdade  a  nossa  dobra  três  esteja  agora 
equivalente a velocidade da luz, e não o contrário. É possível que a geometria tempo­espaço daqui 
afete de alguma forma desconhecida a calibração de nossos sistemas, e, no momento, não tenho
Trek Wars – Roberto Kiss  87  www.scriptonauta.com.br 

como  determinar  isso.  No  entanto,  posso  afirmar  que  fenda  que  nos  trouxe  até  aqui,  ainda  está 
aberta.  Segundo  os  dados colhidos pelo senhor Doller, o continuum daqui está sendo levemente 
estabilizado. Isso significa que algo está acelerando o processo, do contrário isso não poderia ser 
captado em um intervalo tão curto de tempo. Acredito que quando fomos sugados, parte de nosso 
continuum também foi, causando uma estabilidade maior aqui. Porém, foi mais do que ela poderia 
suportar, portanto, aproveitando a brecha que foi aberta, esta realidade está jogando o excedente 
de volta, pela mesma fenda. Como o impulso é extremamente violento, envia mais do que deve, e 
suga novamente o que falta. Ou seja, esta geometria espaço­tempo está respirando, e irá parar de 
faze­lo quando se estabilizar. Provavelmente em seis meses." 

­  General  –  prosseguiu  Terak  –  pelo  que  me  informei,  esta  galáxia  possui  milhões  de  naves 
que  podem  viajar  entre  mundos.  Mesmo  suas  naves  menores.  O  que  aconteceria  com  o  tecido 
desta  realidade  se  todas  elas  se  movessem  em  dobra,  como  nós?  Como  aquelas  milhares  de 
naves daquela guerra que criou esta galáxia? 

­ Que a força nos proteja – murmurou. 

­ Ambas as galáxias sofreriam os efeitos. Existe ainda alguma espécie de ligação entre ambas, 
a  prova  é  que  nós  estamos  aqui.  Talvez esta seria arremetida de volta, causando uma distorção 
que não pode ser avaliada. 

­  Então  –  disse  a  Capitã  Donner  ­  para  voltarmos,  temos  que  achar  a  fenda  que  nos  trouxe, 
esperar que esta galáxia "solte o ar", e pegar uma carona? 

­ Sim, tecnicamente seria isso. 

­ E onde estaria esta brecha? 

­  Computador,  mapa  setenta  e  cinco.A  galáxia  onde  estavam  apareceu,  e  havia  uma  área 
indicada em azul. 

­ Pelas nossas triangulações, em algum local da área indicada. 

­ Então – disse Jevlack se levantando – já temos um curso quando formos partir. Mais alguma 
coisa, Terak? 

­ Sim Capitão, teremos que fechar a fenda com uma explosão de energia. 

­ Por que? Não disse que a realidade daqui se estabilizara em seis meses? 

­  Sim,  mas  existem  duas  maneiras  para  isso  ocorrer.  Ou  esta  realidade  não  tem  mas 
capacidade para manter a fenda aberta, ou a equilíbrio será tal que a mesma será sugada de volta 
para  a  sua  origem.  Seus  planetas  e  estrelas  seriam  esmagados  pela  fenda,  e  sairiam  pelo  outro 
lado apenas como energia, o que também causaria muitos danos. 

­ Não entendi. Por que isso ocorreria? 

­  Capitão,  esta  galáxia  foi  arrancada  de  seu  local  de  origem  por  forças  que  provavelmente 
poucas espécies neste Universo seriam capazes de compreender. A mesma força, a qual nós não 
fazemos  a  menor  idéia  se  é  conhecida  ou  não,  permitiu  uma  nova  conexão entre ela e a nossa, 
talvez com nossa ajuda, talvez não. As leituras de energia que o Almirante falou podiam já ser o 
prenuncio de uma abertura inevitável. A geometria espaço tempo está sendo equilibrada por uma 
velocidade  inconcebível.  Na  verdade,  a  simples  teoria  de  que  tudo  isso  poderia  ocorrer  seria
Trek Wars – Roberto Kiss  88  www.scriptonauta.com.br 

inconcebível.  Mas  o  fato  é  que  esta  galáxia  está  sendo  sugada  de  volta,  só  isso  explicaria  a 
estabilização  rápida.  Mas  não  tenho  como  explicar  como  já  pode  estar  atuando  na  área  em  que 
estamos. A menos que a força básica envolvida seja algo que ainda não conhecemos. 

­ E como supõe fazer isso? ­ parecia pedir desculpas. 

­ Causando uma implosão nos campos de dobra de uma de nossas naves, a Thunderbold ou a 
Starfleet. A 

Thunderbold  seria  mais  indicada.  Isso  causaria  um  efeito  de  supernova  que  atingira  a  fenda 
com força suficiente para obliterar a estabilização do continuum, fechando­a. 

­ Pensarei nisto quando chegar o momento. General, tem algo a acrescentar? 

­ Sim, o comando rebelde, com essa informação, sem dúvida irá auxilia­los na tarefa. Se me 
der licença, gostaria de voltar a minha nave. 

­ Perfeitamente, Terak, por favor, acompanhe o General até a sala de transporte. 

Sornim retornou a Exceler. 

Capítulo 11 

A  Revenger  fez  a  aproximação  normal  para  pousar  na  sua  nave  base,  a  Storm.  Quattronni, 
como sempre, manobrou a nave com precisão. Sua escolta composta por dois x­wing pousou logo 
depois.  Os  transportes  que  levavam  seus  homens  já  tinham  pousado.  Acabavam  de  retornar  do 
setor  Triton.  Seus  homens  saiam dos transportes e seguiam imediatamente para os seus postos. 
Sua  força  composta  pela  nave  Storm,  uma  fragata  fornecida  pelo  Império  em  troco  de  serviços 
prestados, oito corvetes corelianos e uma fragata calamari receberam ordens de já se posicionar a 
menos  de  trinta  segundos  do ponto de partida para o próximo objetivo. Apenas aguardariam que 
ele desse a ordem. 

Houve um motivo para que ainda não tivessem partido. Fora descoberto um espião, alias, uma 
espiã,  entre  eles.  Não  importava  para  quem  estivesse  espionando,  ele  não  interrogava  espiões. 
Em seu conceito, espiões são as mais baixas formas de existência que se pode conceber. 

Soldados incompetentes ou idiotas eram simplesmente demitidos ou expulsos, dependendo do 
tamanho  da  besteira  que  tivessem  feito.  Traidores  recebiam  execução  sumária,  porém  rápida  e 
indolor.  Afinal,  um  traidor  nada  mais  é  que  um antigo aliado que mudou de opinião no momento 
errado. Espiões eram mortos de formas agonizantes. E ainda assim era muito bom para eles. Na 
sua concepção, um espião é alguém que finge ser seu aliado, desde o começo se preparando para 
apunhala­lo pelas costas. 

O ultimo fora fechado em uma sala com larvas de vermes cardorianos. Os vermes, apesar de 
possuirem quarenta centímetros de comprimento, eram inofensivos, mas as suas larvas adoravam 
carne. Carne viva! Demorou três dias para morrer. Esta de agora teria uma morte lenta também, 
mas não seria dolorosa, e sim angustiante. 

Blinter, seu braço direito e segundo em comando trouxe a espiã cativa. Ela estava vestindo um 
uniforme de piloto. Obviamente fora capturada quando tentava pegar um dos caças para fugir.
Trek Wars – Roberto Kiss  89  www.scriptonauta.com.br 

Ela o encarava em desafio, demonstrando que não tinha medo para o que tinha lhe reservado. 
Mas ele não estava interessado no que ela pensava ou sentia. Nem se ela iria chorar ou cuspir em 
seu  rosto.  Seu  único  pensamento  era  na  imagem  que  a  punição  dada  a  ela  teria  em  outros 
possíveis espiões. 

­ O esquife está pronto? – perguntou a Blinter. 

­ Perfeitamente senhor – respondeu maliciosamente – ainda incluí uma corrente para prender 
no pescoço dela. 

­ Não creio que seja preciso. Ela poderá abrir por dentro? 

­ Definitivamente não – respondeu sorrindo. 

Ela  olhava  para  os  dois,  ora  para  um,  ora  para  o  outro,  tentando  entender  o  que  estavam 
falando. 

­  Minha  cara,  para  mim  você  está  morta.  Não  me  interessa  para  quem  espionava.  não  me 
interessa  que  informações  passou.  Você  está  morta,  e  terá  um  funeral  decente.  –  virou­se  para 
Blinter – traga o caixão. 

Os  olhos  dela  se  arregalaram.  Devia  estar  agora  entendendo  que  tinha  lhe  sido  destinado. 
Começou a lutar contra as suas amarras, sem sucesso. 

­  Não  gaste  suas  energias.  Você  será  solta  para  poder  arranhar  a  tampa  do  caixão  –  disse 
Blinter maldosamente. 

O  esquife  foi  trazido  por  dois  guardas.  Era  negro,  com  uma  pequena  vidraça.  A  espiã  foi 
arrastada e posta lá dentro. Blinter prendeu um colar ligado a uma corrente em seu pescoço. Seus 
braços foram soltos. Ela tentava pular para fora mas o colar não permitia. A tampa do caixão foi 
posta lentamente. 

­ Quanto tempo vai durar o ar? – perguntou a Blinter. 

­ Temos um cilindro de oxigênio lá dentro. Deve agüentar umas seis horas. 

­ Bom. 

A  tampa  foi  fechada.  Quattroni  tinha  que  reconhecer  que  a  espiã  tinha  tutano,  em  nem  um 
momento gritou de desespero. 

­ Solte o colar – disse Blinter se dirigindo a um dos guardas. 

Um dispositivo foi acionado do lado de fora. Isso fez o colar que estava no pescoço da cativa se 
abrir. Dando­lhe mais liberdade para inutilmente tentar escapar. 

Aproximou­se para ver pela abertura. Ela estava golpeando o vidro com força, tentando quebrá­ 
lo.  Era  inútil,  mas  era  a  única  coisa  que  podia  fazer.  Blinter  ria  estridentemente.  Quattroni  no 
entanto,  não  encontrava  satisfação  naquilo.  Na  verdade  encarava  quase  que  como  um  estorvo. 
Algo muito incomodo que tinha que ser feito. Não que tivesse piedade pelas vítimas, mas porque 
tomava seu tempo que podia ser empregado em assuntos mais lucrativos.
Trek Wars – Roberto Kiss  90  www.scriptonauta.com.br 

­ Podem lançar – disse, se afastando para a ponte da nave. 

O  caixão  foi  lentamente  levado  para  a  porta  do  hangar.  A  nave  já  estava  se  movendo  para 
entrar  no  hiperespaço.  Foi  cronometrado,  dois  segundos  antes  de  partir,  o  caixão  foi  lançado, 
enterrando no espaço a infeliz espiã. Qual era mesmo o nome dela? Lia. Sim, era isso. "Descanse 
em paz Lia, depois de se exasperar até a exaustão". 

Na  ponte,  viu  o  "funeral"  se  encerrar.  Logo  em  seguida  a  nave  entrou  no  hiperespaço. Agora 
sim, podia ocupar a sua mente com coisas mais agradáveis. Tinha ido ao setor Triton para avaliar 
uma nave que o Império cederia a ele para a armadilha bem engendrada por Darth Vader. Levara 
seus homens lá para fazer as análises. Ela seria rebocada para o local apropriado, e eles deveriam 
se posicionar para o ataque surpresa. Era para onde se dirigiam agora. 

­ Senhor – disse Blinter assim que chegou a ponte – e quanto a nossa carga atual? Podemos 
dispensar algumas naves para entrega­la? 

­ Não. Nosso serviço é imperativo e deverá durar alguns dias. Não creio que teremos prejuízo. 

­ Bem, então, se me permitir, vou avaliar o material. 

­ Divirta­se – disse, sem realmente desejar isso. 

Quattroni era líder de um grupo de piratas, que se originou no setor Pestulon. Comercializavam 
de tudo, armas, roupas, escravos, droides, drogas e serviços pedidos pelo Império em geral. Sua 
carga  atual  eram  alguns  temperos  raros  que  foram  devidamente  confiscados  de  seus  donos 
legítimos e outra de escravos ­ talvez, dependeria da avaliação que Blinter iria fazer ­ formados por 
uma  princesa  qualquer,  uns  oitenta  guarda­costas  e  algumas  acompanhantes,  que  foram 
apreendidos  na  mesma  nave  que  os  temperos.  Era  esse  material  a  que  Blinter  se  referia.  Não 
fosse  pela  recompensa  que  Vader  iria  oferecer  pelo  seu  serviço,  com  certeza  não  deixaria  seu 
braço direito tão a vontade. Mas ele era bom para avaliar os riscos e a melhor forma de vender o 
produto. 

Foi até o seu escritório, uma cabina que podia ser acessada pela ponte com um console e um 
certo conforto. Sentou­se a sua mesa e começou a fazer uma avaliação dos gastos que tivera na 
sua última empreitada. Perdeu dois corvetes e o calamari teve um de seus motores danificados. A 
venda dos temperos raros por si só pagaria estes custos e já daria um certo lucro. 

Verificou  seus  serviços  em  andamento.  Tinha  alguns  homens  obtendo  informações  de 
prisioneiros rebeldes em Kashyyyk, um projeto de capturar um calamari do planeta Kilyx que seria 
implementado nos próximos dias, e doze caçadores alugados ao rei Soer. Quer dizer, Comandante 
Soer.  Ele  havia perdido a coroa depois do incidente na capital do Império. Era uma pena ele ser 
tão  cabeça  dura,  já  podiam  ter  cumprido  com  a  missão  há  semanas.  Mas  o  idiota  insistia  em 
assistir a tudo, bem, o dinheiro era dele. 

Começou  a  avaliar  os  riscos  de  sua  nova  tarefa.  Capturar  pelo  menos  uma  das  duas  naves 
desconhecidas  e  poderosas  que  apareceram  ninguém  ainda  sabia  de  onde.  Só  sabia  que  pelas 
imagens obtidas, eram sem dúvida do mesmo local que a nave que viu em Triton. Não havia mais 
o  que  descobrir  com  aquela  nave,  analisaram  por  décadas  e  não conseguiram faze­la funcionar. 
Mas  descobriram  como  acionar  outras  coisas.  Com  sorte,  os  tripulantes  daquelas  naves 
mostrariam como é que tudo funcionava.
Trek Wars – Roberto Kiss  91  www.scriptonauta.com.br 

­ Nossa! Que tesouro – comentou um dos guardas que estava com Blinter. 

Blinter avaliava o holograma de uma das acompanhantes da princesa, a quinta, alias. Acessou 
os dados de identificação e nada achou. Viu suas formas. Poderia dar um bom preço no mercado, 
mas a rara qualidade de sua carne também seria apreciada por algumas criaturas carnívoras que 
pagavam  bem  por  iguarias  raras.  Comparou  o  preço  da  carne  humana  atual  com  o  do  mercado 
dos escravos. Sim, estava em alta. Classificou a infeliz para ser abatida e seguiu para a próxima, a 
princesa. 

­ Tanta coisa para fazer, e vai fazer bife com ela – comentou o mesmo guarda. 

Blinter nada disse, apenas sorriu maliciosamente. Acessou o próximo holograma. 

­ Olha que coisa linda – disse outro dos homens que também observavam o holograma. 

Era  a  primogênita  de  um  rei  sem  muitas  posses,  porém  aliado  de  planetas  poderosos.  Pedir 
resgate  seria  muito  arriscado,  primeiro,  não  conseguiriam  muito,  seu  pai  não  tinha  grandes 
recursos,  segundo,  seus  aliados  sem  dúvida  iriam  usar  como  pretexto  para  caça­los.  Sua  carne, 
apesar de boa qualidade não tinha o sabor necessário para obter um preço vantajoso no mercado. 
Era uma princesa que se exercitava, e, por isso, tinha a carne muito dura. A opção mais lucrativa 
seria vende­la, mas seu preço seria baixo pois não era mais virgem. 

É, desta vez, a princesa vai valer menos que todo o resto. 

­ Leve­a para os meus aposentos – disse sem expressar emoção. 

­ Sim senhor – disse um dos homens, se retirando. 

Se  tivesse  sorte,  poderia  assusta­la  o  bastante  para  fornecer  alguma  rota  comercial  lucrativa 
que seu pai usasse. 

Para  Blinter,  não  havia  muitas  coisas  na  vida  além  de  matar,  negociar,  e  matar  de  novo.  Ao 
contrário de seus homens, não ficava atacando donzelas indefesas. Já tinha passado desta fase. 
O poder não o satisfazia, ele preferia exibi­lo. 

Várias  vezes  se  ofereceu  para  obter  informações  de  espiões  capturados  entre  eles,  mas 
Quattroni dizia que seus métodos desperdiçavam muita energia e tempo. Sem dúvida o seu chefe 
não apreciava a sensação de poder que existe em observar alguém que teme o que você decidirá 
fazer com ele. 

Era  bom  em  avaliar  lucros  e  tinha  um  faro  incrível  para  identificar  perigo,  mas  não  era 
extrategista,  era  péssimo  nisso.  Suas  obrigações  básicas  eram  manter  a  disciplina  quando 
Quattroni estava fora, e acompanhar o andamento de contratos em vigor. 

­ A princesa já está ao seu dispor, senhor. 

Com  um  suspiro,  pegou  uma  arma  de  treinamento.  Era  usada  em  combates  simulados,  não 
machucava  mas  causava  intensa  dor.  Saiu  para  fazer  mais  um  jogo  de  tortura  psicológica.  Mas 
não  estava  muito  animado.  Com certeza a pobrezinha não saberia de nada dos negócios de seu 
pai. Já a tinha classificado para ser vendida como parte de um lote. Nem seria dito que era uma 
princesa.
Trek Wars – Roberto Kiss  92  www.scriptonauta.com.br 

­ Lamento Comandante Lauriel, mas não posso abrir o hangar sem uma autorização superior. 

­ Mas é urgente! – clamou – preciso sair. 

­ Então, peça autorização a Capitã. 

Olhou para a frente, ansiosa. Já estava na carlinga de sua nave e desesperada para sair. 

­ Abra isso, agora! 

Acionou os motores e elevou a nave. Os tripulantes que lá se encontravam saíram correndo. O 
alerta  vermelho  da  Starfleet  soou  na  mesma  hora.  Abriu  as  asas  do  x­wing.  A  unidade  R2 
comunicou­se com ela pela tela de seu painel. 

"Eles não eram amigos?" 

­ No momento – disse ela – não posso pedir com gentileza. 

Sentiu  um  impacto  do  lado  direito,  ao  mesmo  tempo  em  que  seus  escudos  enfraqueciam. 
Estava sendo atingida pelas armas deles, os phasers de mão. 

­“Comandante Lauriel" – era a voz da Capitã Donner no comunicador de seu capacete – "O que 
pensa que está fazendo?" 

­ Capitã, desculpe­me, mas ou você abre esta porta, ou eu a destruirei. 

Acionou os seus mísseis. 

­ Tem cinco segundos – disse começando a contar. 

A  porta  do  hangar  começou  a  se  abrir.  A  Capitã  Donner  não  iria  arriscar  uma  explosão  ali. 
Partiu assim que houve espaço suficiente. 

"Os escudos da nave estão ativos" disse a unidade R2. Ela estava presa dentro dos escudos da 
nave.  "Os  outros  estão  saindo"  olhou  no  seu  painel,  mais  uma  nave  que  estava  no  hangar  saiu, 
provavelmente para pegá­la. Já sabia o que fazer. Rumou para a ponte da nave 

­ Capitã, ou me libera ou disparo a queima roupa. 

"Escudos livres" 

Ótimo, acionou as coordenadas e saiu para o hiperespaço. Sabia que a Starfleet poderia segui­ 
la, mas achava que não iriam fazer isso. 

Alguns  minutos  depois,  emergiu  do  hiperespaço.  Era  apenas  uma  tática  de  fuga  para não ter 
que  perder  tempo  lutando  contra  seus  camaradas.  Agora  sim,  programou  o  hiperdrive  para  as 
coordenadas definitivas. Precisaria seguir por quinze minutos até a janela correta. 

"Aonde vamos?" 

Lauriel não respondeu.
Trek Wars – Roberto Kiss  93  www.scriptonauta.com.br 

**** 

"Diário de Bordo, data estelar 3332.32, em nosso terceiro dia após o incidente que nos trouxe a 
esta galáxia, uma de nossos hóspedes, a Comandante Lauriel, da Aliança Rebelde, empreendeu o 
que se pode chamar de uma fuga, aparentemente, sem medir as conseqüências." 

­ Relatório! 

­ O x­wing da Comandante Lauriel seguiu para o curso 3­3­0 marco 5 – respondeu Tirvik. 

Lisa estava confusa. Por que ela sairia assim, sem mais nem menos? 

­ Capitã, o General Sornim está nos chamando. 

­ Na tela. 

­ Capitã, peço desculpas pelo comportamento irracional de minha Comandante. Estou pedindo 
para que os outros pilotos sejam transportados para a Exceler. 

­ Eles ainda são meus convidados General. E não creio que irão querer deixar suas naves aqui. 
E ainda não há local para pô­las. 

­ Capitã, os atos da Comandante puseram em risco o nosso atual relacionamento. Sua nave foi 
ameaçada por ela. 

­  Eu  estou  ciente  disto.  Mas  o  fato  é  que  se  enviarmos  os  seus  pilotos  de  volta,  onde 
colocaremos as suas naves? Não creio que irá permitir que fiquem aqui, sem serem vigiadas. 

­ Nosso hangar estará apto a recebe­las em três horas. 

­ Então, enviarei seus pilotos neste horário. Starfleet desliga. 

A tela se apagou. Fora rude, mas a situação o exigira. Não ia mandar os pilotos de volta antes 
de determinar se foi um incidente isolado ou alguma espécie de conspiração. Ficou olhando para 
tela  em  silêncio.  A  ponte  já  estava  completamente  funcional.  Tudo  o  que faltava consertar eram 
apenas equipamentos secundários. Poderia seguir aquele x­wing se quisesse, eram mais rápidos. 
Mas não poderia faze­lo sem autorização de Jevlack, que alias, já deveria ter entrado em contado 
com ela. 

Continuou olhando para o monitor, esperando. 

­ Ele não vai chamar – disse Tirvik. 

­ Como? – olhou para ela – porque? 

­  Bom,  ele  sem  dúvida  acompanhou  a  conversa  que  teve  com  o  General,  mas,  apesar  dele 
estar no comando desta frota de duas naves, ele não é o Capitão da Starfleet. Não irá interferir nas 
suas decisões no que tange a sua nave, a menos que isto afete a Thunderbold de alguma forma. 
E,  no  momento,  diria  que  sua  escolha  de  manter  os  pilotos  rebeldes  aqui  foi  acertada.  Não 
sabemos o que está acontecendo. 

­ Capitão, a Comandante Ígnea deseja lhe falar.
Trek Wars – Roberto Kiss  94  www.scriptonauta.com.br 

Pensou um pouco, com certeza ela iria tentar explicar o que aconteceu com a sua amiga. 

­ Peça­a para vir a ponte, desativar o alerta vermelho, mas mantenha o alerta amarelo. 

Jevlack  estava  deixando  o  assunto  em  suas  mãos,  ao  menos  por  enquanto.  Vamos  ver  se 
poderia segurar a batata quente. 

**** 

Ígnea saiu do turboelevador. Olhou para a ponte, ainda estava um pouco vazia, mas a Capitã 
estava em seu posto. 

­ Sim Comandante, deseja falar sobre a sua amiga? 

Ela estava séria, e não a culpava. Lauriel ameaçara sua nave, e foi uma ameaça real. 

­ Capitã, acho que sei porque Lauriel saiu desta forma. 

­ Estou ouvindo. 

­ Depois do incidente, fui até os aposentos dela, procurar por qualquer coisa que justificasse a 
sua saída. Achei isto. – mostrou um dispositivo, era uma pequena caixa com um visor, e um texto 
aparecia correndo por ele constantemente. 

A  Capitã  pegou  a  caixa  e  olhou.  Não  conhecia  a  escrita,  por  isso  mandou sua atual imediata 
traduzir no seu computador. 

­ É um dispositivo de comunicação – disse Tirvik – está retransmitindo um sinal automático. 

"Fui enterrada no espaço, ajude­me, ultima posição conhecida, 21­3­0 Lia. " 

­  É  sempre  a  mesma  mensagem  –  continuou  Tirvik – nós também a estamos captando. Está 


sendo retransmitida pelo probe dos rebeldes. O sensores mostram que o x­wing fugitivo está indo 
para as coordenadas indicadas. 

­ O que significa? – perguntou a Capitã. 

­  Lia  é  uma  espiã  rebelde  que  se  encarregou  de  vigiar  Quattroni,  um  mercenário  pirata  que 
muitas vezes faz serviços para o Império. Creio que ela foi descoberta e Quattroni cuidou dela. 

­ Enterrando­a viva no espaço? 

­ Combinaria com o estilo dele. Espiões nunca tem morte rápida, e nunca são interrogados por 
ele. 

A Capitã estava balançando a cabeça, não estava entendendo. 

­ Porque ela não avisou o General Sornim? Porque sairia assim, desta forma? 

­  Lia  é  praticamente  uma  irmã  para  ela.  E,  com  certeza,  deve  ter  avisado  ao  General. 
Provavelmente ele disse que não poderia ajudar e que ela também não o poderia.
Trek Wars – Roberto Kiss  95  www.scriptonauta.com.br 

­ Abra um canal para a Exceler – disse a Capitã. 

O General Sornim apareceu na tela. 

­ General, por que não disse que Lauriel provavelmente estava desesperada para resgatar sua 
amiga Lia? 

Fora  muito  direta.  Com  certeza  o General iria ficar sem ação. E ela levaria uma bela medida 


disciplinar deste. 

­ Capitã, isso é um assunto que interessa apenas aos rebeldes. 

­ Sua Comandante quase atacou minha nave, agora me interessa também. O senhor sabia que 
uma de suas espiãs estava em perigo? 

Ele ficou quieto por alguns instantes. 

­  Sim,  sabia.  Mas  não  poderia  fazer  nada  por  ela.  Não  temos  pessoal  para resgata­la porque 
todas as nossas naves estão ocupadas com uma grande operação, e também porque poderia ser 
uma armadilha. 

­ Disse isso a Lauriel e ela se ofereceu a fazer isso sozinha, certo? 

­ Sim, e eu a proibi. 

­ Obviamente ela não aceitou a sua ordem. Há mais alguma coisa que seria prudente eu saber? 

­ Não, dou minha palavra. 

­  Não  o  conheço  para  saber  se  sua  palavra  é  confiável.  Manteremos  o  alerta  amarelo  até 
sairmos daqui. 

­ Compreendo Capitã. A propósito, Informei os meus superiores das informações que me foram 
passadas ontem, na Thunderbold. Eles disseram que não vão mais incomoda­los. 

­ Obrigada. Starfleet desliga. 

Ígnea viu que a Capitã não estava tranqüila. E não era para menos. 

­  Comandante,  obrigada  pelas  suas  informações.  Jevlack  foi  informado  de  que  deseja  pedir 
asilo.  Ele  responderá  a  você amanhã. E, se já o conheço bem, esse incidente irá pesar bastante 
nisso. Um segurança ficara de guarda em seus aposentos e também de seus colegas. 

­ Entendo Capitã. 

Saiu da ponte e foi para os seus aposentos. Estava acostumada com estas situações, os dois 
dias  anteriores  foram  apenas  um  raríssimo  intervalo  para  descanso.  Agora,  graças  a 
impetuosidade de Lauriel, a Capitã iria considerar os quatro pilotos convidados a bordo da Starfleet 
como "pessoas suspeitas". Bom, não seria a primeira e nem a última vez.
Trek Wars – Roberto Kiss  96  www.scriptonauta.com.br 

Pediu uma bebida chamada whisky, deitou­se e bebeu de uma só vez. Muito fraca comparada 
as  que  estava  acostumada  a  beber.  Lauriel  fizera  o  seu  pedido  para  asilo,  mas  o  seu 
comportamento com certeza iria anula­lo. 

Isso  não  importava  agora,  dentro  de  algumas  horas seria expulsa da nave junto com os seus 


colegas. Era uma pena, agora Tobias não ia lhe fazer aquela visita... 

**** 

Podia ver as estrelas pelo vidro. Estava embaçado devido a sua respiração, e já estava ficando 
muito quente ali. Há quanto estava flutuando sem rumo no espaço? Quatro horas? Cinco? Lia não 
sabia dizer. Só sabia que tinha ouvido que Blinter falara que o ar iria durar seis horas. 

Foi uma sorte não ter sido revistada. Não acharam seu comunicador de emergência. Assim que 
foi lançada, tentou pegá­lo, mas devido ao pouco espaço existente, demorou muito para consegui­ 
lo. A escuridão total dali também não ajudava. Mesmo com o brilho das estrelas, foi difícil digitar a 
mensagem. 

Ainda havia a questão da sua localização. Sabia onde estava antes de ser capturada. Mas para 
onde  foram  durante  as  oito  horas  em  que estivera naquela cela? Não tinha como saber. Poderia 
estar  em  qualquer  lugar.  Devia  ter  se  suicidado  quando  teve  a  chance,  não  passaria  por  isso 
agora. 

Como foi tola! Infiltrar­se como espiã sem apoio. Apenas Lauriel sabia que ela estava lá. Safrã 
havia  dito  que  não  valia  a  pena  por  espiões  para  vigiar  Quattroni,  porque  nem  seus  homens  de 
maior  confiança  sabiam  o  que  ele  iria  fazer  até  que  não  fosse  mais  possível  dete­lo.  Mas  era 
teimosa, disse que iria espioná­lo nem que fosse fazer isso por conta própria. Lauriel a apoiou, e 
estava de posse do único receptor que poderia fazer contato. 

Começou a tossir, a garganta estava ficando irritada e seus olhos estavam lacrimejando. Seu ar 
devia estar acabando. Morrer sufocada em pleno espaço. Limpou o vidro para ver melhor, parecia 
que uma das estrelas estava se movendo. Não, alarme falso. Assim morre a melhor espiã rebelde 
que se tinha notícia. Já tinha se infiltrado no palácio do próprio imperador, como uma cozinheira. E 
quando  a  descobriram  era  tarde  demais,  já  tinha  cumprido  com  o  seu  papel.  Foi  por  isso  que 
achou que seria fácil espionar Quattroni. 

Realmente  foi  fácil,  mas  nunca  tinha  descoberto  nada  útil,  a  não  ser  quando  já  era  tarde. 
Tentou ser amante dele e nada conseguiu. Seu braço direito, Blinter, também não era do tipo de 
contar  vantagem.  Era  fácil  entrar  no  grupo,  e  também  fácil  de  sair.  Mas,  todos  os que entravam 
ganhavam um cinto que deveriam sempre usar. Esse cinto enviava um sinal de identificação, de 
forma  que  era  impossível  entrar  em  Qualquer  compartimento  sem  ser  anunciado,  e  se  tirasse  o 
cinto, os alarmes disparavam. 

Pelo  menos,  eram  leais  entre  si.  No  último  ataque  pirata  àquela  nave  de  carga,  sua  escolta 
tinha destruído algumas naves. Todos os sobreviventes – incluindo ela própria – foram resgatados 
e  medicados.  Logo  depois,  Quattroni  foi  chamado  por  Darth  Vader,  e  Blinter  estava  ocupado 
supervisionando a transferência da carga. Era a chance única de entrar no escritório de Quattroni e 
descobrir  algo.  Seu  cinto  fora  tirado  para  ser  medicada,  ela  não  iria  disparar  os  alarmes  e  não 
poderia  ser  detectada.  Tinha  se  preparado  para  a  ocasião,  estava  com  o  uniforme  de  piloto  e  já 
tinha  uma  nave  pronta  para  a fuga. Quanta presunção! Nunca imaginara que se fosse detectado 
algum movimento no escritório os droides de segurança seriam acionados. Foi capturada e levada
Trek Wars – Roberto Kiss  97  www.scriptonauta.com.br 

a  presença  de  Blinter,  que  apenas  disse  que esperava ter a chance de se divertir escolhendo de 


que forma ela iria morrer. 

Eles  a  prenderam  e  a  jogaram  em  uma  cela,  sem  interrogatório  e  sem  nenhum  mal  trato. 
Pensou que seria linchada, mas ninguém fez qualquer movimento para isso. Era como se não se 
incomodassem  dela  ser  uma  espiã,  obviamente  porque  sabiam  que  não  fora  capaz  de  descobrir 
nada. Ninguém nunca descobriu nada dos piratas de Pestulon, e provavelmente ninguém iria vir a 
descobrir. Safrã estava certo, era uma missão inútil. 

Bem,  ela  havia  descoberto  alguma  coisa,  havia  um holograma ativo no escritório, e deu uma 


boa olhada nele antes de ser capturada. Se fosse resgatada, talvez essa informação pudesse ser 
de alguma valia. 

Prestou atenção de novo nas estrelas, algo realmente se moveu lá fora! Tentou se posicionar 
para  Ter  uma  visão  melhor.  Suspense,  angústia,  havia  um  objeto  lá  fora  sim!  Limpou  o  vidro  e 
observou.  Decepção,  era  apenas  o  lixo  que  a  Storm  devia  ter  ejetado  antes  de  se  lançar  no 
hiperespaço. 

Já estava ficando sonolenta, e lá dentro estava muito abafado. O ar estava acabando. Blinter 
sem dúvida devia ter tomado o cuidado para revestir o caixão com material isolante, para que ela 
não  se  congelasse  antes  de  morrer  sufocada.  Quanta  consideração  a  detalhes.  Ela  tinha  que 
morrer do jeito escolhido por eles e ponto final! 

Ainda  havia  algo  que  podia  fazer,  mas  não  tinha  como!  Em  suas  botas,  havia  uma  injeção 
subcutânea. Iria coloca­la em coma, fazendo com que respirasse muito mais lentamente. Mas mal 
podia se mover lá dentro. 

Conforme  o  tempo  passava,  foi  aceitando  a  sua  sorte.  Fechou  os  olhos  e  respirava  devagar. 
Depois de algum tempo, algo bateu no seu esquife, mas não se incomodou, já estava desacordada 
há mais de uma hora quando aconteceu. 

Capítulo 12 

Lauriel saiu do hiperespaço e começou a usar seus sensores para vasculhar a área. 

"O que estamos procurando?" 

­ Um caixão, ou outro material similar – respondeu Lauriel. 

"Existe um objeto que poderia ser isso, esta rodeado de detritos, parecem ser lixo compactado 
que foi ejetado por uma nave" 

Verificou  o  que  a  unidade  R2  dissera,  sim,  poderia  ser.  Deu  força  máxima  nos  motores, 
desligando  as  armas  e  escudos.  Levaria  mais  uma  hora  para  chegar.  No  momento  estava 
pensando em como tirar Lia do caixão e como leva­la de volta. Ela não tinha um capacete extra, e 
no cockpit não havia lugar para as duas. 

Conhecera Lia enquanto estava na capital do Império, servindo o seu dono. Ela era uma espiã 
rebelde  e  estava participando do golpe que libertou todos os escravos que lá se encontravam. O 
Império  em  si  não  tinha  escravos,  não  precisava  deles.  Seus  droides  faziam  o  serviço  muito 
melhor. Lhe dera uma oportunidade e aproveitara muito bem. Depois disso, ela a ajudou a entrar 
para a Aliança Rebelde, ensinando­lhe táticas de guerrilha e combate no espaço.
Trek Wars – Roberto Kiss  98  www.scriptonauta.com.br 

Quase  nunca a via, mas acabaram ficando muito amigas, ela estava sempre espionando em 
algum  lugar.  Chegou  a  estar  no  Executor,  mas  saiu  de  lá  assim  que  percebeu  os  estranhos 
poderes de Darth Vader. 

Quando o último espião que a Aliança tinha posto para vigiar Quattroni foi descoberto, Lia se 
ofereceu  para  substituí­lo,  coisa  que  fora  sumariamente  negada  pelo  comando  rebelde.  Ela  era 
muito valiosa para que se arriscassem a perde­la em fazer o que nunca conseguiram, espionar os 
Piratas de Pestulon. Bom, ela os convencera, ou a deixavam ir, ou saia da rebelião. 

Para o comando da Aliança, ela já estava perdida. Não lhe forneceriam apoio, mesmo porque 
seria  impossível.  E  não haveria como se comunicar de dentro das naves dos piratas. Só poderia 
faze­lo uma vez, com um dispositivo de transmissão analógica de caracteres antigos. Lauriel tinha 
o  único  receptor  para  decodificar  a  mensagem.  Como  Lia  mesmo  disse  antes  de  partir,  "este 
receptor terá que ficar com alguém a quem eu confiaria minha vida" 

Ela lhe confiou a vida e não iria decepciona­la. 

O tempo passava, e já se aproximava do objetivo. 

"Por acaso sabe como tirar seu amigo de lá?" 

­ Estou aceitando sugestões. 

"Sugiro  que  ponha  uma  máscara  de  oxigênio  no  seu  companheiro  e  depois  o  coloque  no 
compartimento de carga. É vedado e aquecido." 

­ Droidezinho, eu te amo! 

"Eu sei" 

Nesse instante, pensou como era estranho que aquelas naves da Federação não possuíssem 
droides.  Por  que  seria?  Bom,  não  era  hora  de  pensar  nisso,  Estava  se  aproximando  do  caixão. 
Parou a nave a poucos metros dele e saiu. Chegou até o esquife e notou que tinha uma abertura. 
Malditos! Queriam que ela ficasse vendo que ninguém chegava! Olhou pelo vidro. Lá estava Lia, 
desacordada. Bateu no caixão, mas ela não se mexia. Olhou o encaixe, Havia algumas travas do 
lado  de  fora. Voltou para a sua nave e abriu o compartimento de carga. Tudo voou pelo espaço, 
pegou a máscara de oxigênio e voltou. Respirou fundo e abriu o caixão. 

A  tampa  foi  arremessada  com  a  descompressão,  Lia  também.  Felizmente,  com  os  jatos  de 
manobras em seu traje, conseguiu alcança­la., Pôs a máscara nela e retornou a sua nave jogando­ 
a  no  compartimento  de  carga  e o fechando, não podia ser muito gentil no momento. A operação 
não durou mais que trinta segundos. Sabia que os tímpanos dela deviam ter se rompido, e os seus 
globos  oculares  deviam  ter  se  congelado  e  rachado  no  frio  do  espaço.  Voltou  para  o  cockpit  e 
fechou a carlinga. 

"Ela está respirando, mas está em coma." 

­  Ela  está  viva!  –  disse  –  e  acho  que  qualquer  lesão  que  tenha  poderá  ser  reparada  pelos 
médicos da Starfleet. 

"Vai voltar para lá?" 

­ E para onde mais eu poderia ir?
Trek Wars – Roberto Kiss  99  www.scriptonauta.com.br 

Programou  o  curso  e  partiu.  Sabia  que  os  Sensores  daquelas  naves  a  captariam duas horas 
antes  de  chegar.  Também  sabia  que  seria  julgada  pelos seus atos. Mas os rebeldes não deviam 
abandonar  os  seus.  Ela  iria  deixar  a  rebelião  por  causa  disso,  mas  antes,  cuidaria  para  que  Lia 
tivesse todos os cuidados necessários. 

**** 

Sornim  observava  pelo  monitor  os  caças  rebeldes  saindo  da  Starfleet  e  entrando  no  hangar 
recém  operacional.  Perderam  metade  das  naves  na  explosão,  e,  segundo  ordens  superiores, 
deveriam  se  reunir  com  a  frota  que  iria  fazer  uma  grande  investida.  Para  tanto,  os  caças  da 
plataforma seriam levados a bordo da Exceler. 

Jevlack  lhe  dissera  que  Ígnea  pedira  asilo.  Não  iria  por  nenhum  obstáculo.  A  nave  que  ela 
tinha  usado  seria  teleportada  para  o  hangar deles, assim que as outras tivessem pousado. Ígnea 
ficaria  a  bordo  da  Starfleet  até  a  decisão  final.  Caso  o  pedido  fosse  negado,  seria  transportada 
para  a  Estação.  De  qualquer  forma,  a  Exceler  deveria  sair  de  lá  em  uma  hora.  A  Starfleet  e  a 
Thunderbold iriam partir amanhã, para localizar a fenda que os trouxera até ali. 

­ Rinander, como está o nosso hiperdrive? 

­ Completamente operacional, senhor. 

­ Programe o nosso curso, não quero me atrasar. 

­ Sim senhor. 

Bernard, um dos pilotos que vieram da Nave Liberdade iria ficar na plataforma. Pedira baixa do 
serviço e iria voltar ao seu planeta natal, para resolver um assunto particular. Era lamentável, ele 
era um bom soldado. E precisavam de todos os soldados disponíveis, agora. 

As  naves  pousaram.  Um  brilho  surgiu  no  hangar,  era o y­wing de Ígnea, sendo transportado. 


Se tivessem esta tecnologia, poderiam transportar os seus caças para fazer ataques relâmpagos. 
Mas,  se  isso  acontecesse,  o  Império  não  demoraria  muito  para  tê­la  também.  E,  com  certeza 
desenvolveria algo para transportar um destróier inteiro. 

Repassou as suas ordens novamente. Deveria recuperar todos os caças perdidos na atentado 
usando  para  isso  os  que  estavam  na  plataforma.  Partir  na  hora  indicada  para  integrar  a  frota de 
ataque no que estava sendo chamado de operação eclipse. 

A nave de carga Kanter iria acoplar na estação e deixar suprimentos lá. Na verdade, já estava 
se movendo para isso. 

Mas  estava  com  uma  estranha  sensação.  E  não  sabia  explicar  o  porque.  Já  havia  checado 
todos os tripulantes, todas as câmaras de gravação estavam em ordem, haviam guardas nos locais 
mais delicados da nave, motores, hiperdrive, hangar, sala de controle. 

Mesmo assim, sentia que iria acontecer algo muito ruim. 

O  Piloto  da  nave  Kanter  manobrou  para  o  acoplamento  no  gancho  da  estação.  Fizera  isso 
dezenas de vezes, e não estava nem um pouco preocupado com isso.
Trek Wars – Roberto Kiss  100  www.scriptonauta.com.br 

Estava ansioso. Deveria sair da nave assim que possível. Pegou a interface com a sua nave 
oculta  dentro  do  cargueiro.  Tudo  em  ordem.  Na  hora  indicada,  partiria  com  ela.  Os  outros 
tripulantes  não  sabiam  desta  parte  da  missão.  Sabiam  apenas  que  seriam  regiamente 
recompensados por se fazerem passar por rebeldes. Coitados. 

Manobra perfeita, a nave engatou na estação. 

­ Façam a transferência – disse pelo comunicador interno aos tripulantes. 

Respirou fundo, tentava se acalmar. O dispositivo já estava acionado. E não havia volta, tinha 
que escapar de lá em quatro horas. 

**** 

Tirvik estava no comando da Starfleet, acompanhando as leituras que captavam. Várias naves 
passavam ao largo dos sensores, mas nenhuma ia em sua direção. A maioria eram de cargueiros, 
grandes,  pequenos,  gigantescos.  Mas  todos  tinham  sempre  a  mesma  velocidade,  a  dobra  três. 
Uma vez ou outra captavam um destróier Imperial, mas não deviam informar isso aos rebeldes, a 
não  ser  que  estivessem  vindo  em  sua  direção.  A  Capitã  estava  supervisionando  os  testes  de 
sistemas da engenharia. Pensou em Jevlack e na saudade que estava começando a incomoda­la. 
Muita coisa aconteceu desde o último encontro de ambos. 

­ Comandante, estou captando um x­wing vindo em nossa direção. 

Um x­wing? Seria Lauriel voltando com a amiga? 

­ Na tela 

O x­wing foi mostrado. Tirvik observou as marcas de tiros na sua fuselagem. Eram as mesmas 
daquele que a Comandante Lauriel pegou. 

­  Capitã  Donner  –  chamou  pelo  comunicador  –  captamos  a  nave  da  Comandante  Lauriel 
retornando. 

­ Estou a caminho. 

Observou  a  nave.  Iria  demorar  cerca  de  duas  horas  para  alcança­los.  Realmente  era  muito 
vantajoso  para  eles  que  pudessem  captar  as  naves  duas  horas  antes  que  chegassem  a  sua 
posição.  Dificilmente  seriam  pegos  de  surpresa  agora.  Ambas  as  naves  estavam  totalmente 
operacionais,  e  só  estavam  adiando  a  partida  para  o  dia  seguinte  porque  os  sistemas 
necessitavam de testes extensivos. 

A ponte estava completa. A tenente Nille recebeu alta e estava no posto de navegadora, Doller 
estava  em  seu  posto  de  Oficial  de  ciências,  analisando  os  dados  colhidos  pelos  sensores  da 
estação  e  da  nave  Exceler.  O  armeiro  era  o  Alferes  Souza.  Os  substitutos  também  estavam  de 
prontidão  na  ponte.  O  mesmo  devia  estar  acontecendo  na  Thunderbold.  Todo  o  pessoal  estava 
sendo acostumado aos novos postos, e em alguns casos, a nova nave que serviam, como ela. 

Pessoalmente não sentia dificuldade nisso. A Starfleet era mais simples, principalmente por ser 
uma nave de treinamento. Pelo menos 70% de todo o pessoal já estava dispensado dos cuidados 
médicos, o que habilitava ambas as naves a trabalharem próximas as necessidades médias.
Trek Wars – Roberto Kiss  101  www.scriptonauta.com.br 

Todos  os  sintetizadores  estavam  reparados,  O  computador  central  estava  operacional.  Os 
sensores  foram  ampliados  com  circuitos  novos  feitos  por  Anderson.  E  o  mesmo  ocorreu  com  os 
escudos. Sua dissipação de calor ficou mais eficiente com a atualização dos sistemas de controle. 
Infelizmente a Starfleet não poderia fazer as manobras que a Thunderbold fazia. Apesar de possuir 
aletas em seus motores de dobra com injetores de plasma, estes estavam inativos. No caso deles, 
aquelas aletas eram apenas enfeites. Lamentável. 

Os pilotos rebeldes já tinham partido, apenas Ígnea ficou, aguardando a decisão de Jevlack. A 
Capitã Donner poderia decidir isso, já que ela era hóspede em sua nave, mas preferiu não chamar 
a  questão  para  si.  Pessoalmente,  ela  diria  não.  Havia  o  sério  risco  de,  como  Lauriel,  ocorrer 
alguma coisa que pudesse torna­la uma ameaça. 

Lauriel  estava  retornando,  talvez  trazendo  sua  amiga,  talvez  não.  Na  verdade,  não  havia 
espaço  naquele  caça  para  duas  pessoas.  Se  ela  tivesse  localizado  a  amiga,  como  iria  traze­la? 
Não  teria  como  rebocar  o  caixão  em  que  ela  estava,  e  provavelmente  ele  não  caberia  em  seu 
compartimento de carga. 

A  Capitã  chegou  a  ponte,  Tirvik  cedeu  o  assento  e  ficou  ao  seu  lado,  como  fazia  na 
Thunderbold. Não iria ser difícil se acostumar a servir na Starfleet. 

­ Quanto tempo para a chegada? 

­ Um pouco mais de duas horas. 

Chame o General Sornim. 

­ Sim Capitã. 

Alguns instantes depois, surgia o General Sornim na tela. 

­ Capitã? O que deseja? 

­ General, captamos o x­wing da Comandante Lauriel retornando. Deverá chegar em cerca de 
duas horas. 

Ele ponderou por alguns instantes. 

­ Se ela se aproximar de sua nave, pode abate­la. 

Tirvik ficou surpresa, a Capitã não. 

­ Existe a possibilidade dela estar trazendo a sua companheira. 

­ Ela é uma ameaça. Demonstrou isso. 

­ Talvez seja melhor decidir isso quando chegar a hora. Podemos entrar em contato com ela? 

­  Não,  quando  no  hiperespaço,  nossas  comunicações  não  funcionam.  Deixarei  a  decisão  ao 
seu cargo. 

­ Obrigada. Pensarei no que fazer.
Trek Wars – Roberto Kiss  102  www.scriptonauta.com.br 

A comunicação foi cortada. Tirvik notou que ela estava tensa. Jevlack não iria interferir em sua 
decisão, isso ela já sabia. Mas não iria se negar a aconselha­la se ela pedisse. 

­ Capitã? 

­ Sim, Comandante? 

­  Capitã,  se  Lauriel  está  retornando,  pode  indicar  que  achou  a  sua  colega  e  que  esta  pode 
precisar de cuidados médicos. Ela sabe que nós dificilmente recusaríamos isso. 

­ Estou considerando isso também, mas não descartei a necessidade de destruir a sua nave. 

Tirvik  não  disse  mais  nada.  Havia  coisas  nos  humanos  que  ela  não  entendia,  mesmo  sendo 
mais humana que vulcana. 

**** 

Lisa tinha seguido para o observatório depois de ter falado com o General, e estava lá desde 
os  últimos  quarenta  minutos.  Tinha  que  decidir  o  que  fazer  com  Lauriel,  caso  ela  quisesse  vir  a 
bordo.  E  provavelmente  o faria. Seus camaradas a consideravam uma traidora pela forma como 
agiu, e tinham razão nisso. Por mais nobre que fossem suas intenções, ela causou uma situação 
de extremo risco. 

Mas não podia deixar de pensar no que faria se estivesse no lugar dela. Se soubesse que um 
amigo  estava  em  dificuldades  e  recebesse  ordens  de  abandona­lo.  Se  bem  que  já  estivera  há 
pouco  tempo  em  uma  situação  similar.  Quando  estavam  com  os  campos  de  dobra  distorcidos. 
Jevlack  ordenara  que  abaixasse  seus  escudos  para  que  seus  motores  fossem  destruídos.  E  ela, 
mesmo sabendo que isso iria condena­los, obedeceu. 

Sim, provavelmente ela iria obedecer ordens. A não ser que não fizessem sentido. 

­ “Capitã" – era a voz de Tirvik – "o General Sornim esta partindo e deseja lhe falar" 

­ Transfira para o observatório – pediu. 

Um monitor se ergueu da mesa, nele apareceu o General. 

­ Pois não? 

­ Capitã, falei com Jevlack e ele disse que a decisão será tomada pelo Capitão a qual Lauriel 
se comunicar. 

Ela não estava surpresa. Segundo Tirvik, Jevlack não iria interferir no que ela decidisse. 

­ E qual seria essa decisão? 

­ Se a Comandante Lauriel pedir para levar Lia a bordo, o Capitão em questão decidirá o que 
fazer. Não tenho nada contra tratarem de Lia, mas peço que Lauriel seja mantida como prisioneira 
até que seja preparada uma cela pa ra ela na estação. E, assim que solicitado, que a transportem 
para esta. 

­ Sim, acho isso aceitável.
Trek Wars – Roberto Kiss  103  www.scriptonauta.com.br 

­  Foi  o  que  o  Capitão  Jevlack  disse.  Estou  partindo  agora  Capitã.  Que  a  força  esteja  com 
vocês. 

­ Obrigada. 

A comunicação acabou. Olhou pelas janelas e viu a Exceler acelerar e entrar no hiperespaço. 

O que significava isso de força? 

**** 

Um pouco mais de uma hora depois, Lauriel emergiu do hiperespaço. Segundo a unidade R2, 
Lia  estava  piorando  muito.  Precisava  de  cuidados  urgentes.  Notou  que  a  Exceler  não  mais  se 
encontrava na região. 

"Estão configurando para ataque." 

Olhou seu painel e viu que as naves de patrulha estavam vindo na sua direção, com o sistema 
de armas ativo. 

­ Aqui é a Comandante Lauriel para a USS Starfleet, solicito ajuda médica para a minha amiga! 
Por favor, serei atacada em breve. 

­  Comandante  Lauriel  –  era  a  Capitã  Donner  –  o  General  Sornim  solicitou  que  a 


mantivéssemos prisioneira, para o caso de fazer este pedido, aceita estas condições? 

­ Sim! Podem fazer o que quiserem, mas ajudem Lia! 

As naves rebeldes pararam o ataque. Posicionaram­se uma de cada lado e a escoltavam em 
direção a Starfleet. 

­ Capitã, detectamos a sua amiga em seu compartimento de carga, se abaixar seus escudos a 
teleportaremos diretamente para a enfermaria. 

Ela  desligou  os  escudos.  Alguns  segundos  depois,  a  unidade  R2  indicava  que  Lia  não  mais 
estava na nave. Só então ela realmente relaxou. Conseguira! 

O  hangar  da  Starfleet  se  abriu  e  ela  pousou.  As  Outras  naves  também  o  fizeram.  Os 
seguranças estavam lá para detê­la. Tudo bem, ela já tinha se disposto a isso. Provavelmente iria 
ser expulsa da Aliança, mas não se incomodava. 

Desceu do x­wing e foi escoltada pelos guardas até a sua cela. Não havia portas, era fechada 
por  um  campo  de  força.  Não  era  muito  diferente  de seus aposentos. Tinha um sintetizador, uma 
cama,  e  uma pia. Pediu que lhe informassem sobre Lia, mas os guardas disseram que apenas a 
Capitã poderia autorizar essa informação. 

Ficou andando de um lado para outro na cela. Estava ansiosa. Lia estaria viva ou morta? Se 
estivesse viva, a tecnologia deles poderia reparar os ferimentos que possuía? 

­ Comandante? 

Lauriel olhou em direção a voz. Era Tirvik.
Trek Wars – Roberto Kiss  104  www.scriptonauta.com.br 

­ Como está Lia? 

­ Muito mal, seus tímpanos foram rompidos, alguns órgãos entraram em colapso devido a falta 
de  oxigênio,  sua  retina  ocular  ficou  seriamente  danificada.  Mas  o  doutor  disse  que  se  ela 
sobreviver às próximas horas, irá se recuperar plenamente. 

Ficou um pouco mais aliviada. 

­ Quanto tempo ficarei aqui até que a Aliança venha me levar? 

­ Mais algumas horas. Provavelmente saberá se Lia ira sobreviver ou não antes que a levem. 

Pelo menos isso. Saberia se teve sucesso antes de seu julgamento. 

­ Por que veio até nós? 

­  Porque  eu  vi  que  vocês  estão  melhor  equipados  para  trata­la,  e  estavam  mais  próximos 
também. E Ígnea? Partiu com a Exceler? 

­ Não, ela está a bordo, mas confinada aos seus aposentos. A Capitã não quer correr o risco 
de que outra piloto rebelde aja da mesma forma que você. 

Desculpe Ígnea, mas fiz o que tinha de ser feito. 

**** 

Jevlack  estava  em  seu  gabinete  tomando  uma  batida  de  coco.  Finalmente  podia  relaxar  um 
pouco. Seus circuitos foram reparados durante a noite, e seu braço parou de formigar. Estava com 
o copo a dois centímetros de sua boca quando soou a campainha. 

A contragosto, pôs o copo na mesa. 

­ Entre! 

Terak entrou. 

­ Capitão, todos os sistemas estão reparados. Estamos apenas efetuando os testes de rotina. 
Poderemos partir assim que a Comandante Lauriel for teleportada a estação. 

­  Muito  bem  –  voltou  a  pegar  o  copo  e  bebericou  um  pouco  –  e  qual  o  curso  que aconselha 
seguirmos? 

­  Teremos  de  fazer  mapeamentos  para  identificar  onde  está  o  portal  com  exatidão.  Isso  irá 
levar alguns dias, mesmo que as duas naves se dividam para isso. 

­ Certo. O que sugere que façamos com o pedido de Ígnea e a rebelde que está sendo tratada 
na Starfleet? 

­ Não tenho muitos fatos para decidir. Creio que terá que usar a sua intuição humana. 

Uma das coisas que ele apreciava em Terak era a sua maneira polida de dizer problema seu!
Trek Wars – Roberto Kiss  105  www.scriptonauta.com.br 

­  Bem,  ainda  tenho  um  pouco  de  tempo  para  pensar...  –  notou  que  o  alerta  amarelo  foi 
acionado. 

­ Vamos – disse. 

Atravessou a porta e entrou na ponte, Matias tinha assumido o comando quando Terak saiu. 

­ Senhor Matias, qual a situação? – perguntou enquanto assumia o seu posto. 

­ Houve uma explosão no casco da nave Kanter, e uma nave saiu pela abertura feita. Segundo 
os  registros  que  recebemos  da  Aliança,  é  um  tie­advanced,  um  caça  imperial.  Ele  já  entrou  no 
hiperespaço e está se afastando de nós em dobra três, seguindo o curso 2­2­4 marco 6. 

Na tela via­se a estação e a nave acoplada a ela. 

­ Nossos sensores estão captando um acumulo de energia na Kanter, pode ser algum tipo de 
dispositivo explosivo – disse Terak. 

­  Senhor!  Os  caças  rebeldes  estão  bombardeando  a  Kanter,  e  existem  naves  de  transporte 
saindo da Estação. 

­ Se ela tem uma bomba armada, é a única coisa que podem fazer. 

­ Erguer escudos!  – disse Jevlack – Terak, diga a Starfleet para se afastar daqui. Navegador, 
tudo a ré ag...... 

A  tela  iluminou  a  ponte  com  uma  coloração  azulada,  ondas  de  impacto  atingiram  a 
Thunderbold  frações  de  segundo  depois.  Jevlack  não  precisava  proteger  os  seus  olhos  como  os 
outros fizeram. O impacto foi forte, mas possivelmente não grave. A luz azulada diminuiu, e na tela 
via­se as estrelas, a Starfleet, e algumas naves rebeldes girando sem controle. A estação e a nave 
de carga desapareceram. 

­ Relatório! 

­ Um momento Capitão – disse Terak – Todos os decks reportam que está tudo bem, nossos 
escudos suportaram o impacto. O mesmo ocorreu com a Starfleet. 

­  Não  há  sinal  da  estação  ou  dos  transportes  que  a  estavam  deixando  –  disse  o  armeiro.  ­ 
Tudo no raio de um quilômetro foi vaporizado. 

Fora aquela a nave que trouxera o equipamento necessário para que a Exceler pudesse viajar 
pelo  hiperespaço.  Um  caça  do  Império  estava  escondido  lá.  A  Estação  rebelde  foi  destruída  por 
ela, e com certeza era um alvo secundário. 

­ Ainda temos a Exceler em nossos sensores? 

­ Não Capitão, ela saiu do alcance há cerca de trinta minutos. 

A Exceler sem dúvida devia ter sido sabotada de alguma forma. E não havia como avisa­los. E 
a Primeira Diretriz não permitia que fossem atrás deles.
Trek Wars – Roberto Kiss  106  www.scriptonauta.com.br 

**** 

Sornim  repassava  a  situação  da  nave  enquanto  estavam  no  hiperespaço.  Todos  os 
esquadrões  estavam  completos.  Tudo  o  que  conseguiram  coletar  das  naves  estavam  bem 
seguros. Não se arriscou a transmiti­los a Safrã, com medo que pudessem ser interceptados pelo 
Império. 

­ General, estamos saindo do hiperespaço. 

Olhou para a janela, gostava de ver o efeito da saída. As estrelas encolhiam, como fachos de 
luz sendo apagados por uma borracha invisível. Então sua admiração virou estupefação, viu quatro 
naves imperiais. 

­ Meia volta! Caímos em uma cilada! 

Os  navegadores  começaram  a  fazer  a  programação  urgente  do  hiperdrive,  mas  nada 
acontecia.  Ele  simplesmente  não  aceitava  novas  coordenadas.  Começaram  fa  zer  diagnósticos, 
sem resultado. 

­  Senhor!  ­  disse  um  deles  ­  o  hiperdrive  não  está  aceitando  novas  coordenadas.  Estamos 
presos aqui. 

­  General  ­  disse  outro  ­  há  um  Interditor  na  área,  mesmo  que  o hiperdrive funcionasse, não 
poderíamos fugir. 

O hiperdrive fora sabotado novamente. Mas como? Não era hora de pensar. 

­  Identifique  nossos  oponentes,  preparar  os  caças  para  serem  lançados.  Preciso  do  mapa 
detalhado da situação! 

Uma vez que seu hiperdrive não poderia ser utilizado, sua prioridade era evacuar a nave. Mas 
para  isso  teria  que  destruir  o  Interditor  que  impedia  que  os  hiperdrives  destas  pudessem  ser 
usados. Precisava saber qual era a posição das naves do Império para formar uma estratégia que 
permitisse a fuga de alguns tripulantes, ao menos. 

O mapa tático surgiu após alguns segundos preciosos de análise dos sensores. Haviam cerca 
de  quarenta tie­bombers a pouco mais de um quilometro de distância. Longe demais para serem 
atingidos  por  eles,  mas  próximos  o  suficiente  para  alveja­los  com  os  mísseis.  Na  verdade,  já  o 
estavam  fazendo.  Os  operadores  dos  canhões  da  Exceler  já  estavam  tentando  detê­los  com  os 
mísseis  de  concussão  e  turbo­lasers.  Mas  era  uma  questão  de  tempo  até  seus  escudos  caírem. 
Próximos  a  estes  e  disparando  canhões  íons,  estavam  doze  tie­defenders.  Mais  distante  e 
aproximando­se a meia velocidade, estavam cinco transportes de assalto, obviamente um time de 
captura. Eles tinham uma chance! não queriam destruir a nave, e sim captura­la. 

­  Preparem  dois  esquadrões  de  a­wing  para  conter  estes  tie­bombers.  Todos  os  b­wing  e  y­ 
wing  serão  usados  para  destruir  o  Interditor,  quero  todos  os  x­wing  disponíveis  para  lhes  dar 
cobertura.  Todos  os  outros  devem  ser  usados  para  deter  os  tie­defenders.  Usem  os  shuttles  de 
assalto se for necessário. 

Os  Comandantes  de  esquadrões  foram  avisados,  dois  grupos  de  seis  a­wing  se  preparavam 
para serem lançados, do lado de fora, vários mísseis já estavam atingindo os escudos da Exceler, 
enfraquecendo­os. Oito b­wings e dez y­wing estavam sendo trazidos para o hangar. Os dois tipos 
de bombardeiros seriam carregados com mísseis pesados. Assim que o Interditor fosse destruído,
Trek Wars – Roberto Kiss  107  www.scriptonauta.com.br 

as naves de evacuação seriam lançadas. Se, acontecesse dos escudos da Exceler cederem antes 
disso,  elas  também  seriam  lançadas e protegidas pelos a­wing que estariam próximos.Os seis x­ 
wing que tinham iriam ser usados para dar cobertura aos bombardeiros e os dois k­wing restantes 
iram  ajudar  no  ataque  aos  tie­defenders.  Restavam  apenas  quatro  transportes  e  cinco  shuttles, 
para serem usados na evacuação. Sornim sabia que a Exceler não poderia ser salva. 

Ainda havia o fato de que estavam cercados por quatro destróieres. Com certeza um enxame 
de caças imperiais seriam lançados contra as suas naves. As chances de fuga eram mínimas, mas 
existiam. 

O primeiro esquadrão de caças foi lançado, mas não foram muito longe, antes de manobrar o 
suficiente,  os  tie­defenders  os  atingiram  com  uma  barreira  de  disparos  de  íons,  ficando 
desabilitados.  Quatro  a­wings  ficaram  fora  de  combate  antes  mesmo  de  começar.  Os  mísseis 
continuavam a atingir a Exceler, e seus escudos cederam em 60%. 

Fora  tudo  calculado!  Os  bombardeiros  estavam  na  posição  exata  para  ataca­los  quando 
emergissem  do  hiperespaço.  Agora  via  os  transportes  levando  as  tropas  de  assalto  que  iriam 
captura­los. Nenhum caça rebelde foi abatido. Mas porque? E, acima de tudo como souberam para 
onde  iam?  Olhou  para  as  coordenadas  em  que  estavam.  Estavam  erradas!  não  era  para  irem  a 
este  ponto!  Pensou  no  hiperdrive  que  não  aceitava  novas  coordenadas.  Como  poderiam  tê­lo 
sabotado?  Não  havia  como faze­lo, a não ser que ele já tivesse sido instalado sabotado! A nave 
Kanter! Ela estava acoplada a estação! Iria sabota­los também. 

Tentou se comunicar, mas não seria possível. Os imperiais saturaram todas as freqüências de 
longo alcance com estática. 

A segunda leva de a­wings partiu e esta teve mais sorte, saíram no momento em que os tie­ 
defenders  estavam  ocupados  com  os  dois  a­wings  que  escaparam  do  primeiro  ataque.  A 
prioridade  deles  eram  os  bombardeiros,  travaram  os  mísseis  de  dispararam  a  vontade. 
Conseguiram  destruir  quatorze,  depois  tiveram  que  fazer  manobras  evasivas  para  escapar  do 
ataque reorganizado dos tie­defenders. 

Sornim observava tudo do tático, ouvindo atentamente a comunicação dos pilotos. 

"Vermelho dois, pegue o da direita." 

"Amarelo cinco cuidado com a retaguarda." 

"Aqui  é  vermelho  seis,  meus  escudos  caíram,  atingiram  meus  sistemas,  as  armas  estão 
inoperantes" 

­ General, mais naves estão sendo lançadas pelos destróieres. 

"Faça evasivas até que o sistema seja recuperado, vou tentar dar cobertura." 

­ Quantas? 

"Vermelho seis?" 

­ No total, mais de trinta, todos assalt gunboat, e continuam lançando mais.
Trek Wars – Roberto Kiss  108  www.scriptonauta.com.br 

­ Nossos escudos? 

"Vermelho seis?" 

Ele demorou um pouco para responder. 

"Esqueça! ele está desabilitado" 

­ Agora em 24%. 

Muito  mal.  Se  fossem  desabilitados  agora,  não  poderiam  lançar mais naves. ainda restavam 


mais oito tie­bombers, e dez tie­defenders. Eram naves muito rápidas e tinham escudos tão fortes 
quanto aqueles dos a­wing. 

"Vermelho um, tem três na sua cauda, vá para a direita" 

O  que  eles  poderiam  fazer  agora?  Não  podiam  pedir  socorro,  e  não  poderiam  fazer  frente  a 
força que enfrentavam. 

"Meu leme não está respondendo, preciso de oito segundos para que seja reparado." 

Mesmo com as unidades R2 embutidas nos a­wing, elas não poderiam reparar a nave no caso 
de uma desabilitação total. E o mesmo acontecia com os outros caças. 

"Peguei! Vermelho um, desligue os motores para que passem por você." 

­ Estamos prontos para lançar o esquadrão de x­wings. 

­ Mande­os auxiliarem os a­wings enquanto os bombardeiros não são lançados. 

"Obrigado amarelo dois, meu leme voltou a funcionar." 

"Amarelo dois?" 

­ Caças lançados senhor, deveram engajar com os tie­defenders em quarenta segundos. 

"Amarelo dois?" 

"Amarelo dois???" 

"Eu o estou vendo, parece que o pegaram." 

"Mas que droga!" 

Precisavam de um milagre!
Trek Wars – Roberto Kiss  109  www.scriptonauta.com.br 

Capítulo 13 

Seu instinto provara novamente que estava certo, a princesa não sabia de nada. E era muito 
frágil  também,  pelo  menos  foi  a  primeira  impressão.  Nem  precisou  usar  a  arma,  assim  que  a 
encarou,  ela  se  atirou  aos  seus  pés  implorando  para  que  a  soltasse.  Dizendo  que  faria  qualquer 
coisa para isso. Falou que sei pai pagaria qualquer resgate e por ai foi. 

Para Blinter, aquilo foi uma decepção! Chamou os seus guardas e lhes disse para fazer o que 
quisessem  com  ela,  desde  que  não  a  deixassem  com  marcas.  O  seu  grito  desesperado  ainda 
ecoava em seus ouvidos. 

Mas  tivera  uma  agradável  surpresa  depois.  Assim  que  deixou  a  "coitada"  a  sós  com  três 
guardas, ouviu barulho de luta. Muita luta! Achou que eles estavam se divertindo até que ouviu um 
deles  gritar  de  dor.  Outro  gritou  um  "por  favor,  não"  .  Depois  disso  resolveu  entrar.  Um  guarda 
estava no chão, curvado e agonizando. Foi um chute certeiro. Outro estava morto, com a barriga 
cortada.  O  terceiro  apontava  seu  blaster  para  a  princesa  e  esta  segurava  uma  faca  que  pegara 
com um dos outros dois. 

Então a princesa não era tão frágil assim. Acertou­a com a arma de treinamento, e quando se 
debateu  de  dor,  foi  pega  por  ele  e  pelo  outro  guarda  que  conseguiu  ficar  incólume.  Agora  a 
adorável  princesa  estava  acorrentada  em  sua  cela.  Pensava  seriamente  em  vende­la  como 
gladiadora, agora. Pelo menos conseguiria um pouco mais. 

Estava  indo  ver  Quattroni  agora. Tinham acabado de emergir do hiperespaço para rebocar a 


nave que seria usada como isca, e estava curioso para ver como ela era. 

Quattroni  estava  em  sua  posição  característica,  mãos  nas  costas,  observando  a  janela. 
Demonstrava muita imponência assim. 

­ Senhor? 

­ Sim Blinter? Eu vi o seu relatório. Mas não concordo com a sua classificação para a princesa. 

Ele ainda não sabia que a princesa tinha muita personalidade. 

­ Bem, agora eu também não. 

Contou a ele o ocorrido. 

­  Interessante  –  disse  de  forma  pensativa  –  não  aprecio  prisioneiros  que  demonstram  tanta 
firmeza de caráter. 

Blinter aguardava que ele completasse o pensamento. 

­ Quando iniciarmos a nossa operação, provavelmente teremos um período de muita espera. 
Use esta princesa para entreter a tripulação. Mas sem marcas. 

­ Acho que até já sei o que fazer. 

Quattroni  voltou  a  olhar  para  as  estrelas.  Pelo menos era o que parecia, ao olhar na mesma 


direção que ele, viu uma nave que nunca vira antes. Tinha três cilindros e um disco.
Trek Wars – Roberto Kiss  110  www.scriptonauta.com.br 

­ Selecione os pilotos que irão conduzir os cargueiros de transporte – disse Quattroni – Iremos 
precisar de quatro. 

­ Sim senhor. 

Foi até o console mais próximo e convocou voluntários. Deveriam se apresentar ao chefe de 
operações para seleção. Voltou a olhar para a nave. Era absurdamente diferente do que conhecia. 

­ De onde veio esta nave? Se me permite perguntar. 

­  Tudo  o  que  sei,  é  que  foi  localizada  há  algumas  décadas,  a  deriva  no  espaço.  Toda  a 
tripulação estava morta. E a nave estava inoperante. Os cientistas do Império tentaram por anos 
decifrar  os  seus  sistemas  e  equipamentos,  sem  sucesso.  Claro  que  alguma  coisa  conseguiram 
descobrir, mas a sua fonte de força é desconhecida. Acharam algo parecido com um reator, mas 
não sabiam qual o combustível que geraria tanta energia para alimentar seus motores. Teorizaram 
que poderia ser anti matéria. 

Anti matéria? Por vários milênios centenas de mundos tentaram usar a anti matéria como fonte 
de  energia.  Todas  fracassaram  em  um  grande  cabum,  até  que  finalmente  definiram  que  era 
impossível usa­la. 

Observando  melhor,  viu  que  haviam  vários  destróieres  estelares  do  império  patrulhando  a 
área.  Observou  o  painel  tático.  Doze  destróieres  e  quatro  Interditores.  O  Império  não  queria  que 
soubessem o que tinham. Mesmo que alguém chegasse até ali, não teria como retornar. Haviam 
também  centenas  de  naves  em  patrulha.  Todas  tie­defender  e  tie­advanced.  Os  caças  mais 
rápidos e poderosos do Império. 

Haviam também quarenta corvetes modificados, com muitos canhões lasers, em contraste com 
os corvetes normais, com apenas dois. Quanto mais analisava as forças imperiais em patrulha ali, 
mais  se  impressionava.  A  área  total  em  patrulha  chegava  a  quinhentos  quilômetros  ao  redor  da 
nave. Ainda haviam vários satélites que interferiam maciçamente nas comunicações, mesmo nas 
internas. Não havia como se comunicar ali, a não ser que soubessem como filtrar a estática. 

Quattroni deveria saber, mas provavelmente não o diria. Tinha um código de honra que o fazia 
manter os segredos que lhe confiavam. Se qualquer um dos piratas sequer comentasse entre si o 
que  viram  aqui  depois  que  tudo  acabou  sem  necessidade,  seriam  executados  imediatamente. 
Incluindo ele mesmo. 

Apenas ficou observando, assim como Quattroni, enquanto se aproximavam da nave. 

­ Senhor Blinter, já selecionei os pilotos que pediu. 

­ Leve­os para o hangar e aguarde instruções. 

­ Uma nave do império virá busca­los – disse Quattroni sem se mover. 

­ Eles forneceram algum código de autorização? 

­ Sim, "Emperor".
Trek Wars – Roberto Kiss  111  www.scriptonauta.com.br 

­  Atenção  operações  do  Hangar,  uma  nave  do  Império  irá  solicitar  permissão  para  pousar,  o 
código será "Emperor" Confirme. 

­ Emperor – foi a resposta. 

­ Confirmado – disse Blinter, encerrando a comunicação. 

Quattroni ainda não se movia, e isto já o estava incomodando. Parecia o próprio Darth Vader. 

­  Blinter,  foi  o  próprio  Darth  Vader  quem  planejou  esta  operação,  não  preciso  dizer  que  ela 
deve ser executada a risca. 

Agora entendeu porque ele estava agindo assim. Estava preocupado. 

­ Entendo perfeitamente – disse. 

­ Não, não entende. O objetivo do contrato é compreender a tecnologia daquela nave. Temos 
vários meios para isso, e nenhum deles é garantido. É possível que esta nave seja destruída. Não 
importa realmente, desde que descubramos qual o fundamento que permite que se mova. Isso é 
tarefa para especialistas, mas não temos especialistas capazes de descobrir isso. 

­ Então, como faremos? 

­  Há  alguns  dias,  apareceram  mais  duas  naves  parecidas  com  esta  –  apontou  pela  janela  – 
funcionais. Com certeza, os tripulantes sabem como funciona. 

­ E devemos capturar estas naves? 

­  Se  possível.  Na  verdade,  temos  que  montar  uma  armadilha  que  atraia  estas  naves.  É 
possível  que estejam aqui procurando esta que se perdeu, ou então também se perderam, como 
esta. Nosso plano parte do princípio de que se localizarem esta nave, irão investiga­la. 

­ E como faremos para que a localizem? 

­ Tudo ao seu tempo, Blinter. Tudo ao seu tempo. 

Nada mais disse. O controle do hangar informou que um shuttle do Império forneceu o código 
correto  e  estava  pousando  no  hangar.  Blinter  foi  até  o  console  tático  para  observar  o  que  ia 
ocorrer. 

Foi  uma  operação  rápida,  a  nave  pousou,  os  pilotos  embarcaram  e  logo  em  seguida  a  nave 
partiu. Seguiu lentamente até alcançar uma nave de transporte de carga. Desembarcou um piloto e 
prosseguiu para a próxima. A mesma operação se repetiu por mais três vezes. Nenhum piloto fez 
nenhum movimento. Não sabiam o que era para fazer. 

Quattroni afastou­se da janela no momento em que o último piloto foi levado ao seu transporte. 
Foi  até  o  painel  de  comunicações  e  digitou  um  código,  provavelmente  o  que  permitia  que 
pudessem se comunicar ali naquela área. 

­  Aqui  é  Quattroni  –  disse  aos  pilotos –  vocês  devem  levar  estes  transportes  de  carga  até  o 
local que eu lhes indicar.
Trek Wars – Roberto Kiss  112  www.scriptonauta.com.br 

Ele colocou um disco com informações e as transferiu. 

­  Assim  que  acoplarem  na  nave  nas  posições  indicadas  deverão  por  as  naves  em  sincronia. 
Iremos  leva­la  para  um  local que já está programado em seus hiperdrives. Não tentem descobrir 
que local será. 

Blinter imaginou se algum deles seria tolo o suficiente para desafiar a ordem. 

Os  transportes  executaram  a  ordem  de  forma  impecável.  Assim  que  o  último  acoplou,  o 
controle de acionamento dos hiperdrives deles foi transferido para a Storm. 

­ Agora – disse Quattroni – me diga o que pensa em fazer com a nossa hóspede da nobreza. 

­ Bem – começou ele – já ouviu falar de um jogo que os orchinianos gostam? 

**** 

"Diário de bordo, suplemento. A nave Kanter que estava acoplada a estação espacial rebelde 
explodiu,  destruindo  a  si  mesma  e  a  estação,  bem  como  todas  as  naves  rebeldes  que  estavam 
próximas. Uma nave do Império foi detectada deixando o cargueiro, momentos antes da explosão. 
A  Starfleet  e  a  Thunderbold  escaparam  incólumes,  porém  nos  deixou  com  um  problema  para 
resolver. O que fazer com a Comandante Lauriel que ainda é prisioneira na Starfleet e com as oito 
naves rebeldes que sobreviveram a explosão?" 

Jevlack,  Lisa,  Terak  e  Tirvik  estavam  na  sala de reuniões da Thunderbold para definir o que 


fazer. Tinham uma prisioneira, uma rebelde pedindo asilo e oito pilotos de caças que não tinham 
oxigênio suficiente para ir a qualquer lugar. Todos posicionaram­se ao lado da Thunderbold e seus 
pilotos foram transportados para bordo. 

­ Quem tem a patente mais alta dentre eles? – perguntou a Terak . 

­ O Comandante Bernard. – respondeu. 

­ E o que ele diz sobre o que querem fazer? – perguntou a Capitã Donner a Tirvik, que tinha 
falado com ele. 

­  Bem,  pelo  que  ele  me  disse,  não  tem  no  momento  nenhum  lugar  para  ir.  Todos  as  bases 
rebeldes estão sendo transferidas de lugar, devido a alguma grande movimentação. Ninguém sabe 
quais  as  novas  posições.  E  as  comunicações  só  podem  ser  feitas  mediante  freqüências  que 
apenas os Comandantes de cruzadores podem ter acesso. 

­ Em suma, eles não tem para onde ir a não ser onde estão – concluiu Jevlack. 

­ Sim, exatamente isso. 

Primeiro, tinham que decidir sobre o que fazer com Lia e Ígnea, agora tinham onze convidados. 
Um deles na prisão, e outro em coma. 

­ Alguém tem alguma idéia sobre o que devemos fazer? 

­  Poderíamos  seguir  o  mesmo  curso  que  a  Exceler  e  dizer  a  eles  o  que  aconteceu.  E  então 
transferir os pilotos. – disse Tirvik.
Trek Wars – Roberto Kiss  113  www.scriptonauta.com.br 

­  Não  creio  que  a  Exceler  esteja  disponível  agora.  Creio  que  foi  sabotada  novamente  e  que 
pode muito bem ter sido destruída a esta altura. 

­ É mais provável que o interesse seja captura­la – afirmou Terak. 

­ Porque? 

­  Os  fatos  corroboram  para  isso.  Quando  aquele  destróier  chegou,  o  hiperdrive  dela  e  seu 
hangar foram destruídos. O destróier parou a distância mínima para lançar seus caças. E agora, a 
nave de carga, depois de fornecer os equipamentos necessários para os seus reparos, destruiu a 
estação. Se o alvo fosse a Exceler, teria explodido quando estava próximo a esta. Provavelmente o 
Império  deseja  os  dados  que  ela  compilou  a  nosso  respeito.  Já  sabem  que  podemos  fugir 
facilmente deles. É lógico que decidam obter informações através de um meio alternativo. No caso, 
a nave que esteve mais próxima a nós neste período. A destruição da estação provavelmente foi 
apenas para evitar que reforços pudessem ser enviados. 

Não havia manual  ou regra sobre o que fazer agora. Jevlack, por enquanto, teria que manter 
os pilotos com eles. Pelo menos isso adiava a decisão sobre Ígnea. Não tendo onde deixa­la, ela 
continuaria  com  eles.  Já  Lauriel  era  mais  difícil.  Era  uma  prisioneira,  mas  não  deles.  Se  não 
conseguissem contato com os rebeldes, teria que liberta­la em algum local. 

­ Deve existir algum planeta onde possamos deixa­los – disse – até lá, vamos mantê­los como 
convidados enquanto procuramos pela fenda. Quando a acharmos, a mapearemos e os levaremos 
ao planeta que quiserem, desde que isso não incorra em risco para nós. 

­ E, enquanto procuramos – disse Donner – podemos tentar estabelecer contato com alguma 
nave rebelde. 

­  Certo.  Esta  reunião  está  encerrada.  Terak,  transporte  àqueles  caças  para  o  nosso  hangar. 
Lisa, você tem três x­wing na Starfleet, certo? 

­  Sim,  um  de  Lauriel  e  dois  dos  que  a  escoltaram.  Mas  os  tínhamos  transportado  para  a 
estação para que voltassem em um transporte que levaria Lauriel. 

­  Pelo  menos,  isso  nos  deixou  com  naves  para  todos,  caso  não  tenhamos  onde  pô­los.  A 
propósito,  peça  ao  seu  engenheiro  chefe  para  que  faça  um  relatório  sobre  o  que  causou  a 
distorção. Acho que ele esqueceu de nos dizer. 

­ Sim Capitão, e eu esqueci de cobra­lo. 

Lisa e Tirvik retornaram a Starfleet. 

**** 

Não acreditava que ainda não tinham capturado os rebeldes. Tudo foi calculado com precisão 
estrema.  A  Exceler  sairia  o  hiperespaço  exatamente  a  mil  e  trezentos  metros  de  onde  os  tia­ 
bombers  estavam  posicionados,  e  a  oitocentos  metros  dos  tie­defenders.  Já  deveria  estar 
desabilitada. No entanto, não só ainda estava operacional como conseguira lançar dezoito naves. 

É  verdade  que  seis  foram  desabilitadas,  mas  antes conseguiram abater mais da metade dos 


bombardeiros e dois tie­defenders. Só podia ser explicado pela incompetência dos pilotos. Foi por 
isso  que  ordenara  que  sessenta  e  quatro  assalt  gunboat  fossem  lançados  e  circundassem  o 
nebulon­b rebelde. Não queria arriscar que algum deles conseguisse escapar.
Trek Wars – Roberto Kiss  114  www.scriptonauta.com.br 

­ General, perdemos mais dois tie­defenders. 

Impressionante.  A  única  explicação  era  que  os rebeldes não estavam tentando desabilitar as 


naves do império, o que lhes dava alguma vantagem. 

­  Envie  dez  levas  de  esquadrões  de  assalt  gunboat  para  ataca­los.  Prepare  os  tie­ 
interceptores,  se  alguma  nave  se  aproximar  a  me  nos  de  dez  quilômetros  de  qualquer  destróier, 
deve ser destruída. 

­ Sim senhor! 

Queria os pilotos vivos porque sem dúvida um deles era a sua escrava. Mas não ia arriscar a 
missão  por  ela.  Vader  não  seria  condescendente  com  isso  caso  algum  escapasse.  Suas  ordens 
foram  de  capturar  a  Exceler intacta, e o maior número possível de rebeldes vivos. Possível, não 
todos.

­ Mais dois a­wings e um x­wing desabilitados, senhor. 

­ A primeira leva de assalt os alcançou, dois estão avariados. 

­ Mande todos os que sofrerem danos retornarem. 

Não  iria  arriscar  a  muitas  baixas.  Já  perdera  vinte  e  seis  bombardeiros  e  cinco  caças. 
Observou no mapa tático a situação. Os sinais verdes eram os rebeldes, e os vermelhos as naves 
do Império. Havia tantos sinais vermelhos que dificilmente se via um verde. Como não conseguiam 
supera­los? 

­  Foram  lançados  b­wings  senhor,  estão  em  alta  velocidade  e  sendo  protegidos por todas as 
naves. 

Já chega! Pensou que seria uma operação rápida, mas aquilo estava levando tempo demais. A 
tenacidade  dos  rebeldes  era  realmente  incrível.  Usou  a  sua  caixa  de  comunicações  novamente. 
Ordenou  aos  seus  caçadores  que  ainda  estavam  a  bordo  da  Exceler  para  que  pusessem  em 
prática  o  plano  secundário.  Ele  mesmo  idealizou  esta  salvaguarda,  mas  não  imaginou  que  seria 
necessário. 

­ Quatro levas de assalt gunboat se engajaram com os rebeldes senhor, agora restam apenas 
dois a­wing para serem imobilizados. 

­ Apenas quatro naves para cada caça, todas as restantes devem imobilizar a Exceler. 

­  Dois  k­wing  foram  lançados,  partiram  muito  rapidamente.  Segundo  as  análises,  estão  com 
toda a potência nos motores. Senhor! Está o indo diretamente para o Interditor Cabriam. 

Pensou  um  pouco.  Sem  dúvida  era  um  ataque  do  tipo  tudo  ou  nada.  Iriam  lançar  todos  os 
mísseis assim que estivessem ao alcance. 

­  Lance  os  tie­interceptores  da  Cabriam.  Devem  destruir  os  k­wings  a  menos  que  sejam 
desabilitados antes. Se dispararem, destruam os mísseis. 

Os k­wing conseguiram desviar de dois esquadrões de assalt gunboat que tentaram intercepta­ 
los,  em  mais  alguns  segundos,  poderiam  disparar  os  mísseis.  Um  terceiro  esquadrão  se 
aproximou, um deles desviou, o outro não. Devia estar com o leme inoperante. Foi presa fácil.
Trek Wars – Roberto Kiss  115  www.scriptonauta.com.br 

­ A Exceler está inoperante! 

O ultimo k­wing conseguiu disparar todos os mísseis antes de ser desabilitado. Se atingissem 
o Interditor, ele seria destruído. Felizmente os tie­interceptores destruíram todos. 

Finalmente!  Todas  as  naves  rebeldes  estavam  inutilizadas, agora naves de captura estavam 


sendo enviadas para pegar os pilotos. E ele tinha certeza de que ninguém conseguiria escapar da 
Exceler. 

Sornim  olhava  para  o  Oficial  que  lhe  dissera  que  aos  transportes  estavam  inutilizados.  O 
sabotador  agiu  novamente.  Todos  os  caças  foram  inutilizados  e  o  mesmo  aconteceu  com  a 
Exceler.  Não  podiam  mais  lançar  caças,  e  nada  na  nave  funcionava  mais.  Os  canhões  íons 
colocaram  em  colapso  todos  os  sistemas  computadorizados.  Haviam  soldados  presos  nos 
elevadores,  e  estavam  sem  a  gravidade  artificial.  Todos  os  que  não  estavam  usando  as  botas 
magnéticas estavam flutuando na nave. E, em breve, a equipe de assalto chegaria. Tinham que se 
preparar. 

No  hangar,  a primeira linha de defesa estava montada. Sessenta homens esperavam que os 


transportes  de  assalto  tentassem  pousar.  Barricadas  estavam  sendo  preparadas  no  interior  da 
nave para dificultar a movimentação das tropas imperiais. Eles podiam estar condenados, mas não 
se renderiam. 

As  naves  se  aproximavam,  seis  delas.  Quando  estavam  a  menos  de  sessenta  metros  duas 
saíram de formação e seguiram para outros pontos da nave. Com certeza, para as comportas que 
eles já tinham lacrado. 

Estava aguardando na ponte o desfecho inevitável. Pela janela, via os transportes circundando 
a  nave.  Os  que  se  dirigiam  ao  hangar  estavam  sendo  alvejados  por  armas  de  mão.  Os  dois 
transportes que se separaram se ligaram magneticamente ao casco da nave, um na dorsal e outro 
na parte dianteira. Podia se ver um brilho surgindo por debaixo deles. Deviam estar perfurando o 
casco para invadir­los. 

­ General? 

Olhou na direção em que vinha a voz. Eram os dois pilotos que pilotavam os y­wing junto com 
Bernard e Lauriel, no dia em que encontraram a Starfleet. 

­ Sim? 

­ General, ordene que os seus homens se rendam ­ ele apontou a arma para ele. 

Eles  eram  os  espiões?  Não  podia  acreditar.  Chegaram  juntamente  com Lauriel e Ígnea. Não 
fazia sentido. 

­ Não ­ disse, sem demonstrar a sua confusão ­ podem me matar, se quiseram. 

­ Muita coragem. Mas não é a nossa missão. Devemos apenas acelerar a sua já certa derrota. 

Eles  estavam  certos.  Já  estavam  derrotados.  Mas  ainda  havia  esperança.  Deveriam  ter  se 
encontrado  com a frota rebelde, e, quando perceberem que não ia mais chegar, iam investigar e 
descobrir o que aconteceu. Apesar de, no momento, o comando não poder perder tempo com isso. 
A Exceler podia ser dispensada, foi chamada para integrar a frota apenas como reforço.
Trek Wars – Roberto Kiss  116  www.scriptonauta.com.br 

Atingiram­no em seu braço com um tipo de dardo. Ele tentou retira­lo, mas perdeu as forças e 
a consciência antes disso. Não viu a brava luta de seus comandados, conseguindo se defender por 
quase uma hora. 

Os  rebeldes  tentavam  deter  os  transportes  com  as  suas  armas  de  mão,  mas  era  inútil.  Um 
destróier já estava se aproximando deles, já se preparando para fazer a operação de acoplagem. 
Estavam condenados desta vez, e não havia nenhuma nave para reboca­los, agora. 

Os rebeldes eram alvejados com tranqüilizantes, queriam todos vivos. A fuselagem da Exceler 
foi aberta em vários pontos e milhares de metros cúbicos de gás foram injetados. Os afortunados 
que  conseguiam  máscaras  não  tinham  como  se defender da falta de visão provocada. Mas seus 
oponentes tinha visão infravermelha. 

Duas  horas  depois,  a  Exceler  estava  totalmente  vazia.  Todos  os  tripulantes  foram  levados 
como prisioneiros. Todos os dados armazenados em seus computadores seriam agora analisados 
por uma equipe especificamente designada para este fim. O General Soer tivera total sucesso em 
sua missão para o império. 

­ General Soer, o ultimo rebelde foi capturado. 

Não demonstrou nenhuma emoção, mas estava muito satisfeito. 

­ Nossas baixas? 

­ Trinta e oito naves e sete pilotos. Os outros foram resgatados. 

Um  elevado  número,  mas  devia  ser  levado  em  consideração  que  não  destruíram  nenhuma 
nave  rebelde,  e  que  todos  foram  capturados  com  vida.  Operações  deste  tipo  normalmente  são 
custosas. 

­ Prossiga conforme o planejado. 

Naves de transportes foram até a Exceler para levar os prisioneiros. Iriam permanecer sedados 
até que um cargueiro preparado para ser uma prisão chegasse, dentro de alguns minutos. Deveria 
ser  uma  operação  rápida,  para  não  se  arriscar  a  que  alguma  surpresa  desagradável  estragasse 
tudo agora. 

O cativo General Sornim estava sendo levado para a sua nave. Deveria leva­lo a Darth Vader 
assim  que  possível.  No  momento,  um  time  de  analistas  e  outro  de reparos estavam aguardando 
que a nave rebelde fosse limpa, para pô­la novamente em operação. Precisavam dela operacional 
para  analisar  quaisquer  dados  que  possuísse.  Os  prisioneiros  também  eram  úteis.  Caso  nada 
fosse descoberto seriam interrogados em busca que quaisquer informações sobre as naves. 

Foi a sala de controle e começou a verificar a catalogação dos prisioneiros. Queria aproveitar o 
seu tempo e localizar os seus caçadores para liberta­los e também o seu prêmio pessoal. 

**** 

Ígnea  chegou  ao  local  em  que  Laureil  estava  confinada.  Ela  estava  sentada  na  cama. 
Simplesmente esperando que algo acontecesse. 

­ Oi ­ disse.
Trek Wars – Roberto Kiss  117  www.scriptonauta.com.br 

­ Olá, e desculpe. Acho que minha ação acabou com a sua chance de ir embora com eles. 

Ela sorriu. 

­ Talvez. Mas não estou preocupada com isso agora. Vim dizer que Lia irá se recuperar. 

Ela respirou com alívio. 

­ Ótimo. Pelo menos ela poderá assistir ao meu julgamento. O que foi aquela trepidação que 
senti há algumas horas? 

­  Bem  ­  ela  não  sabia  como  dizer  ­  A  estação  explodiu.  Aquela  nave  de  carga  era  uma 
armadilha do Império. 

­ Como? E a Exceler? 

­ Provavelmente foi sabotada novamente. E desta vez, não há ninguém para ajuda­la. 

O  destino  era  estranho  as  vezes.  Se  Lauriel  não  tivesse  ido  salvar  Lia,  estaria  a  bordo  da 
Exceler agora, que provavelmente tinha caído em alguma armadilha. 

­ E o que vão fazer conosco? 

­ No momento, continuamos a ser hóspedes, com ais oito pilotos que sobreviveram a explosão. 
Bernard está entre eles. 

­ Bernard? Mas ele não iria embora com a Exceler? 

­ Isso é o que eu chamaria de sorte grande! Ele pediu dispensa para resolver alguns assuntos 
particulares em seu planeta natal. Seu pai morreu e sua família o chamou. Ele foi transferido para 
a Estação e iria aguardar o seu transporte. Enquanto estava lá resolveu dar uma última volta em 
um caça, fazendo a patrulha. Foi quando a nave explodiu. 

­ Sorte grande! Ele não gostaria de participar dos jogos em Hoth? 

­ Acho que não. No momento, é a patente mais alta, e está com muita coisa para pensar. 

­ E para onde vamos? 

­ Não sei. Só sei que partiremos amanhã. 

­  Mudam  as  naves,  mudam  os  Comandantes,  mas  a  constante  é  a  mesma,  nunca  sabemos 
para onde vamos ou porque. 

**** 

O  shuttle  chegou  ao  hangar  do  destróier  Dankan.  O  General  Soer  aguardava  os  seus 
convidados. Dois rebeldes ­ os caçadores ­ e o General Sornim. 

­ Onde está o outro?
Trek Wars – Roberto Kiss  118  www.scriptonauta.com.br 

­ Não sabemos, não o vimos depois que partimos da estação. 

Era uma pergunta meio de retórica. Não era o que realmente queria saber. 

­ Onde ela está? Morreu quando o hangar explodiu? 

­ Não, a última informação que tivemos foi que ela ficou na nave dos estrangeiros. 

Na nave dos estrangeiros! Algum deus devia estar brincando com ele. Maldição! Lutou contra a 
frustração  e  raiva  que  se  acumulavam.  Pelo  menos  poderia  descontar  nos  prisioneiros,  quando 
fossem ser interrogados. Dirigiu­se ao General Sornim. 

­ General, devo cumprimenta­lo pela sua defesa. 

Sornim não se dignou a responder. 

­  Se  quer  ficar  em  silêncio,  tudo  bem.  Não  serei  eu  quem  irá  interroga­lo.  Levem­no  para  a 
cela. 

Os guardas o levaram embora. Soer retornou a ponte, seguido pelos caçadores. 

­ Entre em contato com Quattroni ­ disse ao operador. 

Um  dos  caçadores  se  perdera.  Não  o  localizara  entre  os  rebeldes  capturados,  e  nem  a  sua 
escrava. Uma pena. Mas algo estava mudando nele. Até antes de se encontrar com Vader, vingar­ 
se tinha sido o único motivo que o mantinha na frota imperial. Agora, sendo um General e tendo 
completado sua primeira missão, já não estava mais com a mesma determinação. Claro que se ela 
fosse  pega,  ele  ainda  iria  ficar  profundamente  satisfeito.  Mas  isso  estava  deixando  de  ser  a  sua 
primeira prioridade. 

­  Senhor,  ele  não  responde.  Seu  contato  disse  que  está  fazendo  um  serviço  e  ficará 
indisponível pelos próximos dias. 

­ Muito bem, programe o nosso curso, temos uma entrega a fazer. E diga ao chefe da prisão 
para  já  deixar  preparados  os  droides  de  interrogatório  ­  virou­se  para  os  caçadores  ­  quanto  a 
vocês, creio que não mais poderão ser úteis. No entanto, ainda existem caçadores na Liberdade, 
correto? 

­ Sim ­ disse um deles ­ ainda têm dois. 

Talvez  ainda  pudesse  ser  útil  aos  planos  de  Vader.  Já  que  aqueles  seriam  inúteis  para  o 
contrato  original,  iria  usa­los  para  saber  onde  estava  a  Liberdade  e  qual  seria  a  missão  urgente 
desta, tanto que a Exceler foi chamada para que ela não se atrasasse. 

­  Vocês  estão  dispensados.  Não há como usa­los novamente. Peguem o shuttle no hangar e 


retornem  a  sua  base.  Informem  Quattroni  do  ocorrido. Ainda tenho um contrato com os dois que 
sobraram. Irei ver se posso usa­los. Digam isso a ele também. 

Eles anuíram e saíram em direção ao hangar. Assim que pegaram o shuttle, Soer deu a ordem 
para partirem. Cerca de vinte minutos depois, entraram no Hiperespaço.
Trek Wars – Roberto Kiss  119  www.scriptonauta.com.br 

Foi até os seus aposentos relaxar um pouco. Demorariam várias horas até chegar ao destino. 
Felizmente não teriam que fazer o caminho de volta. O planeta prisão do Império ficava próximo de 
onde iam. 

**** 

Sornim aguardava em sua cela. Pelo menos agora podia entender algumas coisas. Os espiões 
provavelmente vieram para a Exceler por golpe de sorte, sorte deles, bem entendido. Deviam estar 
na  nave  Liberdade  apenas  aguardando  a  chance  de  fazerem  algo.  Quando  a  nave  estranha  foi 
localizada, se ofereceram para participar e informaram ao Império. 

Acabaram  vindo  para  a  Exceler,  e  sabotaram  o  hiperdrive  para  que  não  pudessem  fugir. 
Depois  devem  ter  indicado  de  onde  viria  a  nave  de  reparos.  O  império  interceptou  esta  nave  e 
sabotou o novo hiperdrive também. Esta, com certeza iria fazer alguma coisa na estação, mas não 
tinha o que imaginar. 

O  novo  hiperdrive  instalado  estava  ajustado  para  chegar  às  coordenadas  onde  foram 
atacados. E todos os tripulantes foram capturados vivos! Tanto empenho se justifica. Com certeza 
queriam toda a informação possível sobre aquelas naves. 

E agora conseguiram. Todas as naves foram capturadas, e qualquer informação que possuam 
também.  No  entanto,  ele  ainda  tinha  um  trunfo.  Quando  percebeu  que seria impossível escapar, 
destruiu todos os registros que estavam armazenados na Exceler. Provavelmente era por isso que 
estava sendo levado em separado agora. Todos os outros foram levados para uma nave de carga 
que com certeza tinha como destino a prisão inescapável do Império. 

Nada a fazer a não ser esperar. Pelo menos algo o tranqüilizava, as naves da Federação não 
poderiam ser capturadas. Eram poderosas demais, muito rápidas e podiam detectar qualquer nave 
duas horas antes que chegasse. Mesmo Darth Vader não teria meios de alcança­los. 

Acabou dormindo. Foi acordado por dois guardas. O levaram até o hangar e embarcaram em 
um shuttle. De onde estava, não podia ver pelas janelas, a não ser um curto espaço, onde podia 
perceber que estavam indo para alguma outra nave. Provavelmente outro destróier estelar. 

Chegaram ao hangar desta nave e desceram. Era um hangar diferente, muito maior do que o 
último de onde saíra. Devia ser um outro tipo de destróier. Foi levado até a ponte. A porta se abriu 
e o encaminharam até o centro desta. Estremeceu! Ouviu um ruído de respiração alta, mecânica, 
ruidosa. 

­ General Sornim ­ disse uma voz metálica ­ é um prazer conhece­lo. 

Virou­se lentamente. Ali, na sua frente estava Darth Vader. 

­ Temos muito o que conversar ­ continuou ele ­ pelo que fui informado, todos os registros de 
suas nave foram destruídos. Mas acredito que ainda se lembre do que eles registravam. 

Ele só podia rezar para ter uma morte rápida.
Trek Wars – Roberto Kiss  120  www.scriptonauta.com.br 

Capítulo 14 

Ele digitou a seqüência de ativação e observou os quatro transportes entrarem no hiperespaço 
carregando  a nave. Depois, foi  pessoalmente ao controle do hiperdrive e entrou as coordenadas. 
Comunicou­se com as outras naves de sua frota. Deveriam ficar por ali até serem chamados. Em 
seguida, a Storm partiu, para um rumo ignorado por todos, menos por Quattroni. 

­ Por que os outros não estão vindo conosco? – perguntou Blinter. 

­  Por  que  nós  temos  que  fazer  algumas coisas naquela nave, e apenas eu, você e mais oito 


pessoas poderão saber o que é. 

­ Tudo bem, desculpe por perguntar. 

Blinter deixou a ponte. Quattroni ficou a observar o efeito da viagem no hiperespaço enquanto 
sua mente divagava. A nave em questão era dispensável, seu pessoal era dispensável, sua frota 
era  dispensável.  E  provavelmente  era  o  que  ocorreria  quando  tivessem  que  enfrentar  seus 
oponentes.  Há  algumas  horas  recebera  mais  informações  sobre  os  estrangeiros,  as  naves  eram 
Thunderbold e Starfleet, e tinham meios de detectar naves viajando no hiperespaço. Isso forçava a 
repensar o seu estratagema. Não poderia surpreende­los, portanto teria que camuflar as naves. A 
Revenger era capaz disso, mas as outras não. 

Teria  que  usar  a  sua  nave  pessoal  para  atingir  o  objetivo,  e  não  havia  garantias  de  que 
também  não  poderiam  detecta­la.  Precisava  de  uma  contingência.  Chamou  Blinter  e  disse  para 
que preparasse os droides inquisidores, e que pegasse vinte mouse droides, e que deveria acoplar 
um míssil bloqueador na Revenger. 

Precisava achar um meio de detê­los enquanto sua frota não chegasse, e o míssil era a única 
coisa que possuía para isso. Se funcionasse, impediria que eles pudessem fugir, se não, Vader o 
acharia e o mataria. 

Agora já achava que fora apressado em aceitar a tarefa, devia Ter ponderado mais. Não sobre 
os riscos, mas sim sobre a possibilidade de sucesso. Vader ofereceu um planeta pelo serviço, e ele 
aceitou. Nunca tinha falhado em completar um serviço antes. Não desde que se tornara um pirata, 
e sabia muito bem que o primeiro também seria o último. 

Antes  de  ser  um  pirata,  já  tinha  conhecido  a  derrota,  em  um jogo com um homem chamado 
Lando.  Neste  período,  Quattroni  era  um  contrabandista,  transportando  cargas  ilegais  nas  barbas 
do  Império  e  em  dezenas  de  outros  reinos  menores.  Como  de  hábito,  haviam  locais  específicos 
para aqueles que tinham esta profissão se encontrarem. Foi em um destes locais seletos que tinha 
aceitado  participar  de  um  jogo  com  cacife  muito  alto.  O  jogo  até  que  foi  bom,  pelo  menos  nas 
primeiras três horas. Ganhava e perdia, mas se mantinha estável. Talvez a culpa fosse do excesso 
de bebidas, ou então foi mesmo um jogo preparado, não que isto importasse agora. Ele tinha boas 
cartas  e  apostou  o  que  tinha  de  mais  valioso  na  época,  um  transporte  coreliano  muito  rápido, 
talvez o mais rápido de toda a galáxia. Lando ganhou e ficou com a nave, e ele nunca mais jogou 
desde então. Coincidentemente também parou de beber. 

No  entanto,  de  certa  forma  aquilo  foi  bom,  lhe  deu  uma  nova  determinação.  Sem  meios  de 
prosseguir  como  seu  próprio  chefe,  teve  de  aceitar  ser  subalterno  em  algum  outro  local,  pelo 
menos  até  conseguir  se  firmar  novamente.  Foi  convidado  para  entrar  em  uma  associação  de 
piratas e rapidamente, devido a sua capacidade de planejamento estratégico, acabou por assumir 
um dos postos mais elevados. Com o tempo, formou sua própria facção. Comprou uma nova nave, 
não tão grande quanto a antiga, mas que podia ser modificada para ter talvez a mesma velocidade. 
Fez muitas modificações nela e a batizou de Revenger. Mas era uma pena que Lando não tivesse
Trek Wars – Roberto Kiss  121  www.scriptonauta.com.br 

mais  a  sua  antiga  nave.  Nesta  época,  a  perdera  em um outro jogo. Talvez um dia, seu caminho 


acabasse cruzando com o novo dono desta. 

Mas  ele  ainda  sentia  uma  ponta  de  saudade,  talvez  por  isso  todas  as  suas  naves  de 
transportes fossem do tipo do Outrider, como a que ele usou quando foi até o Executor. 

A  Storm  veio  logo  em  seguida.  Um  poderoso  cruzador,  capaz  de  rivalizar  com  um  destróier 
estelar. Foi um bônus que recebera quando fez o seu primeiro serviço para o Império. A nave foi 
capturada em um combate feroz, e acabou ficando com ela para ser sua nova nave base. Foi só 
então que finalmente aceitou fazer qualquer espécie de serviço, com exceção de espionagem. Se 
Quattroni soubesse que Soer estava usando os seus caçadores para isso... 

Algum  tempo  depois  capturou  um  cruzador  rebelde  e  alguns  corvetes,  e  então  sua  fama 
começou  a  crescer,  e  também  o  número  de  espiões  que  passaram  a  ser  localizados  entre  seu 
pessoal.  O  Império  começou  a  contrata­lo  para  serviços  de  ocasião,  mas  cada  vez  mais  fazia 
contratos  mais  difíceis  e  mais  gratificantes  monetariamente.  Mas ele se aproveitava deles. Cada 
vez que enfrentava rebeldes ou outra força qualquer, procurava capturar algumas naves, foi assim 
que  conseguiu  vários caças x­wing e alguns b­wing também. Todo e qualquer prisioneiro rebelde 
era vendido ao Império, e se este não estivesse interessado, o mesmo era jogado no compactador. 

Ultimamente, passou a selecionar melhor os contratos. Quando alguém do Império chamava, 
ele  ia  pessoalmente  negociar  o  serviço,  e  sempre  avisava  que  nunca  aceitaria  um  serviço  que 
considerasse  impraticável.  Mesmo  que  Vader  o  pedisse.  Este  de  agora  pareceu  possível,  antes 
que fosse informado que as naves possuíam recursos até então não imaginados. 

Devia  ter  imaginado  isto  quando  foi  oferecido  um  planeta  como  pagamento.  E  a  única  coisa 
que tinha de descobrir era como as naves se movimentavam. Nada de armas, nada de tecnologia, 
apenas o conhecimento técnico. 

Ele nunca perguntou a nenhum contratante o motivo do serviço, mas agora queria perguntar. 
Talvez fosse hora de começar a mudar as suas regras. Começar a interrogar os espiões e fornecer 
serviços de espionagem. Talvez! 

­ Senhor, estamos chegando ao destino. 

Divagara por várias horas. Bom, era hora de preparar a armadilha. 

­ Blinter, leve oito homens até o hangar e me espere lá. 

Saiu da ponte e foi até o hangar, sabendo muito bem que Blinter já estaria lá com os homens. 

**** 

Aqueles  robozinhos  já  a estavam deixando doida! De quem foi a grande idéia de tira­los das 


naves? Vários tripulantes e oficiais comunicaram que as unidades R2 estavam fazendo confusões 
pela nave, abrindo painéis, tentando se ligar ao computador principal, e até fazendo brincadeiras. 
Na verdade, um deles estava na ponte quando chegou. 

­ Eu quero essa coisa de volta a nave dela. – foi o que tinha dito. 

Só que a "coisa" em questão estava com outras idéias. Quando tentaram tira­la da ponte, se 
agarrou  ao  console  de  ciências  com  uma  pinça  e  não  queria  mais  sair  de  lá!  E  os  rebeldes 
estavam todos na Thunderbold.
Trek Wars – Roberto Kiss  122  www.scriptonauta.com.br 

­ Computador, que diabos essa coisa está tentando fazer? 

"O  droide  de  serviços  gerais  está  tentando  fazer  uma  interface  com  a  memória  principal,  no 
entanto, devido a impossibilidade e estabelecer uma linguagem de interface padrão, o mesmo não 
esta sendo possível" 

­ Então diga a este "droide" para parar com isso. 

"A unidade aparentemente não possui este interesse." 

Isso já era ridículo. Interesse? 

­ Convença ele! 

Passado alguns instantes, a unidade R2 tremeu violentamente e foi jogada longe. Obviamente 
levara um choque extremo. Soltou alguns assobios que ninguém entendeu. 

"Não tenho a programação adequada para responder a altura" 

Bom, quase ninguém. A unidade emitiu mais alguns sons enquanto se dirigia ao turboelevador. 
Assim que entrou começou a balançar de um lado para o outro. 

­ Mas o que ele esta querendo? – perguntou. 

­ Acho que quer usar o turboelevador, mas o computador não esta atendendo. 

Mais  alguns  sons.  Então,  de  repente,  a  porta  se  fechou,  e  o  turboelevador  partiu  com  uma 
velocidade incrível em direção ao hangar. O som que o droide fez parecia­se muito com um grito 
de susto. 

"Tenha uma boa viagem e não se esqueça de não usar nossos serviços novamente." 

­ Tem certeza de que ele não conseguiu fazer a interface com o computador? ­ perguntou Lisa 
a Doller. 

­  Se  fez,  parece  que  o  nosso  computador  levou  vantagem.  Mas  o  que  me surpreende é que 
eles parecem possuir uma certa personalidade. 

­ E desagradável!  – completou Lisa – avise a sala de transporte para focalizar estas coisas e 
pô­las de volta ao seu lugar. 

­ Sim Capitã. 

Ela  tomou  a  seu  assento  e  ficou  a  pensar  na  situação.  Tirando  a  aparente  insurreição  dos 
droides, ela tinha que decidir o que fazer com Lauriel. Deveria deixa­la na prisão ou confina­la aos 
seus alojamentos? Terak estava examinando os mapas estelares da galáxia para verificar se havia 
algum planeta onde poderia deixar os seus convidados, Tirvik estava na enfermaria, esperando Lia 
despertar. E Jevlack devia estar dormindo a essa altura. Na verdade, ela também deveria dormir. 
Iriam partir no dia seguinte para tentar localizar a fenda que os trouxera.
Trek Wars – Roberto Kiss  123  www.scriptonauta.com.br 

­ Doller, ache o pessoal do turno da noite para assumir a ponte. É hora de dormir. 

­ Entendido. 

**** 

Lia  acordou,  ou  pelo  menos  pensou  que  tinha  acordado.  Abriu  os  olhos  mas  não  viu  nada. 
Tentou  se  mover  e  notou  que  estava  presa!  Procurou  prestar  atenção  aos  sons,  mas  nada! 
Começou  a  gritar, perguntando aonde estava e notou que sua garganta doía horrivelmente, alias 
agora  notou  que  todo  o  seu  corpo  estava  doendo.  Sentiu  que  alguém  a  segurava,  e  estava 
injetando  alguma  coisa  em  seu  braço.  Não  sabia  o  que  era,  mas  sentiu­se  mais  relaxada 
imediatamente. 

Sentiu  algo  no  seu  ouvido,  como  que  um  estalo.  Doeu  um  pouco,  depois  melhorou.  Então 
ouviu  uma  voz,  metálica,  fria.  "Está  se  sentindo  melhor  agora?".  Era  uma  voz  de  mulher  "Nós 
estamos cuidando de você, ficou muito ferida, mas tenha paciência, em breve poderá enxergar e 
ouvir novamente". 

Tentou sentir como estava. Havia dores no peito e região abdominal, suas pernas formigavam, 
e sua cabeça estava latejando. Não podia ver nada, e agora entendia o porque: Estava cega! E o 
motivo de ouvir uma voz metálica também estava explicado, também estava surda. Com certeza a 
imobilizaram  na  cama  para  não se ferir quando acordasse. Sentiu agora que estava sendo solta. 
"Tente não se mover, chamamos a sua amiga para conversar com você". 

Amiga? Devia ser Lauriel. Agora se lembrava do que aconteceu. Fora enterrada no espaço e 
tinha  perdido  os  sentidos.  Como  estava  cega  e  surda,  o  caixão  deve  ter  sido  aberto  e  a 
descompressão deve ter causado estes danos. Mas estava viva! Provavelmente receberia próteses 
para recuperar a visão e a audição, alias, para a audição já tinha alguma coisa, provavelmente um 
dispositivo simples apenas para que pudessem se comunicar com ela. 

O jeito era esperar. Começou a se sentir um pouco tonta, devia ser efeito do tranqüilizante. 

­ Quanto tempo fiquei desacordada? – perguntou, o que causou uma grande dor na garganta. 

"Umas dezesseis horas. Já chamei o Doutor, sua amiga deve estar sendo acordada." 

Acordada! Então era o período de descanso. Seu olfato devia estar afetado também, pois não 
sentia  cheiro  algum  dos  produtos  químicos  que  normalmente  estão  nas  enfermarias  das  naves 
rebeldes. 

Depois de algum tempo ouvindo apenas alguns poucos sons de pessoas se movimentando no 
local em que estava, finalmente reconheceu a voz de Ígnea. 

"Olá menina! Se acha que sofreu muitos ferimentos, espere só até ver o seu cabelo!" 

Era Ígnea, sem dúvida. 

­ Ainda bem que não posso ver! Foi você quem me salvou? Onde estou? 

"Lauriel a salvou, e você esta a bordo da Starfleet. Uma nave estrangeira."
Trek Wars – Roberto Kiss  124  www.scriptonauta.com.br 

­ Nave estrangeira? Onde está Lauriel? 

"Presa,  desobedeceu  ordens  para  te  salvar.  Ainda  bem  que  está  deitada,  porque  é  uma 
história meio complicada." 

"Talvez  seja  melhor  eu  explicar"  –  disse  a  mulher  que  falou  com  ela  anteriormente  ­  "Meu 
nome é Tirvik, sou a Primeira Oficial desta nave. Sua amiga Lauriel estava aqui como convidada 
nossa  quando  captou  o  seu  sinal  de  socorro.  O  superior  dela  negou­lhe  permissão  para  partir, 
alegando que além de ser possivelmente inútil, podia ser uma armadilha." 

­ E ele tinha razão. 

"Sim, mas ela não concordou. A prova de que estava certa é que você está aqui. A Exceler, o 
cruzador rebelde, não pôde esperar a chegada dela. Por isso nós concordamos em detê­la até que 
uma prisão fosse preparada na plataforma espacial." 

­ E essa prisão não ficou pronta ainda? 

"A  plataforma foi destruída. Comandante Ígnea, acho melhor explicar a sua amiga quem nós 
somos e em que ponto estamos." 

Durante  horas,  Ígnea  contou­lhe  sobre  a  Federação,  A  partida  da  Exceler  e  da  explosão  da 
plataforma. 

­ Então Lauriel está presa aqui... Mas o que vão fazer com ela? 

"Ninguém  ainda  sabe.  Só  me  disseram  que  por  enquanto  ela  ficará  aqui  até  que  encontrem 
uma  base  rebelde  ou  um  planeta  para  deixa­la.  Na  verdade,  o  mesmo  se  aplica  a  todos  nós. 
Somos em onze, tem três aqui e oito na outra nave." 

Ela bocejou, indicando o sono que sentia. 

"Agora descanse. Segundo o médico você vai sobreviver." 

­ Acho que podia responder isso sem a ajuda dele. 

"Você é muito mentirosa." 

**** 

Sornim caminhava lentamente, cambaleando até, escoltado pelos guardas do Império. Estava 
apático,  o  interrogatório  de  Vader  foi  muito  avassalador  para  a  sua  mente.  Lembrava­se 
vagamente  de  falar  algo  sobre  campos  de  dobra,  de  ter  sentido  o  seu  corpo ser comprimido por 
gigantescas mãos invisíveis, de existir outra consciência dentro de si. 

Estava indo ser executado, e isso seria mostrado pa ra os seus antigos tripulantes, como aviso 
a  eles  sobre  o  que  o  Império  faria  caso  não  colaborassem.  Uma  porta  se  abriu  e  os  guardas  o 
jogaram lá dentro, sem muita cerimônia. 

Olhou  ao  redor,  tentando  aparentemente  entender  onde  se  encontrava.  Sua  mente  estava 
muito confusa, ele mal entendia o que estava ocorrendo. Sabia apenas que estava em perigo, mas 
qual  e  como  enfrenta­lo  eram  pensamentos  que  apenas  com  muito  esforço  se  formulavam.  Viu
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uma  câmara  no  alto  da  cela.  Estava  sendo  observado.  Fez  menção  de  dizer  algo,  mas  naquele 
instante esqueceu­se de como articular as palavras. 

Nomes  vieram  a  sua  mente,  de  amigos,  inimigos,  conhecidos,  alguns  nem  sabia  o  que 
significava.  Mas  eram  nomes,  nomes  que  indicavam  força,  nomes  que  indicavam  derrota,  mas 
nenhum indicava esperança. Olhou novamente para o cubículo onde estava. Apenas paredes e a 
câmara, nada mais. Porque um condenado iria ter algo mais? Porque foi condenado? Onde estava 
agora? 

O esforço para ter pensamentos coerentes estava ativando memórias desconexas. 

Tirvik... quem era? Jevlack... amigo! Não... Acordado? Talvez... Lauriel, traidora. Mas quem ela 
traiu? Quem traiu ela? Milhares de pensamentos surgiam, mas apenas alguns eram notados pela 
sua consciência, pelo menos, o que sobrou dela. 

Acordado, sim, havia um pensamento seguindo esta palavra, o porque ele não sabia, o porque 
ele não tencionava saber. Olhou ao redor. Cubículo. Iria ser executado, seus homens iriam vê­lo. 
Darth Vader destruiu sua mente, Darth Vader escancarou portas de sua mente, Darth Vader era o 
lorde negro. Quem era Darth Vader? 

Sentou­se  no  chão,  os  pensamentos  soltos  estavam  começando  a  aliena­lo.  Foi  capturado, 
interrogado  e  agora  ia  ser  morto.  Isso  era  um  pensamento  coerente.  Acordado...  aquele  que 
despertou... isso era pensamento antigo, de lenda antiga. Tirvik... pensamento recente... vulcana... 
língua  vulcana.  Jevlack...  pensamento  recente,  pensamento  antigo,  língua  vulcana.  Mas  porque 
estes pensamentos podiam ser percebidos se os outros eram praticamente ignorados? 

"General Sornim, sua execução será efetivada em sessenta segundos." 

Quem era Sornim? Era ele! Foi ele. Não, ainda era ele antes que não fosse mais ele. 

"59, 58, 57, 56..." 

Contagem  regressiva,  um  lançamento.  Não,  contagem  regressiva,  seu  lançamento  fora  da 
vida. Agora sua mente começava a encontrar o elo rompido por Vader. 

"47, 46, 45, 44..." 

Ia  ser  morto, seus homens iam ver. Transmissão ao vivo! Estava sendo gravado. Ele estava 


acordado,  não,  despertado.  Não,  alguém  ia  ser  despertado,  ou  acordado.  Mas  porque  isso  é 
insistente? Porque pensar nisso quando se vai ser morto. 

"39, 38, 37, 36..." 

Pensamento  recente,  pensamento  antigo.  Donner,  humana  simpática.  Tirvik,  vulcana 


simpática,  Lauriel,  Comandante  simpática,  Comandante  teimosa.  "Aquele  que  despertou 
enfrentará... " o pensamento era insistente. Mas qual a relação? Porque estes nomes? Nomes de 
força,  nomes  que  significam  algo.  Donner,  potencial,  Tirvik,  conhecimento,  Jevlack,  despertado, 
Lauriel,  vingança.  Ígnea,  fogo  do  solo.  Sornim,  planejador...  Conseguiu  finalmente  encontrar  um 
motivo para estes nomes virem a sua mente. 

"28, 27, 26, 25..."
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Quando  Vader  invadiu  a  sua  mente,  de  certa  forma  ele  teve  acesso  a  alguns  dos  seus 
sentidos,  isso  mais  do  que  qualquer  coisa  que ocorreu depois foi o choque responsável pela sua 
consciência  ter  ficado  semi  catatônica.  Foram  estes  sentidos  que  forçaram  estes  pensamentos 
desconexos.  Eram  tão  poderosos  que  interrompiam  qualquer  outro  pensamento  coerente.  Agora 
estavam  enfraquecendo.  Não,  estavam  sendo  suplantados  pelos  instintos  primários  de 
sobrevivência. 

"19,18,17,16..." 

"Aquele  que  despertou..."  Sim!  Era  uma  lenda  antiga  que  seu  povo  recitava  em  cerimônias 
religiosas,  agora  podia  se  lembrar  das  palavras  exatas.  Ainda  estava  confuso,  mas  esse 
pensamento era claro. É hora de morrer. Já estava morto, mas podia dizer algo. Podia dizer o que 
devia.

"15, 14, 13, 12..." 

Levantou­se, olhou para a câmara e disse bem alto e sem nenhuma hesitação: 

"11..." 

­ Aquele que despertou... 

"10..." 

­ ...do passado, deverá enfrentar... 

"9..." 

­ ...seu semelhante de agora... 

"8..." 

­ ...para que o universo... 

"7..." 

­ ...não pereça. 

"6.." 

Estava feito! O porque ele não sabia, apenas sabia que tinha que dizer isso. Fez uma postura 
serena, igual a que fazia durante as cerimônias religiosas. Fechou os olhos e moveu a cabeça para 
baixo.  Ninguém  saberia  o  porque  dele  ter  dito  isso.  Nenhum  pensamento  surgiu  depois  disso. 
Agora ele sabia, sabia o que iria acontecer, sabia o desfecho, e sabia que o Império um dia cairia. 
Suas lendas estavam se concretizando. 

"2, 1" 

De  todas  as  paredes,  vários  feixes  de  energia  foram  lançados,  em  menos  de  um  décimo  de 
segundo, nada restava no local, exceto a câmara.
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Soer  tinha  acabado  de  assistir  a  execução.  As  últimas  palavras  de  Sornim  foram  estranhas, 
porém  pareceu  que  foram  dirigidas  a  Darth  Vader.  Bom,  não  era  problema  dele,  tinha  sua  nova 
missão: Destruir o posto rebelde de onde partiu a nave Kanter. 

­ Avise as naves da frota que devemos partir imediatamente. 

­ Sim senhor. 

Três  destróieres  estelares  e  um  Interditor  começaram  a  se  mover,  assumindo  formação. 
Entraram no hiperespaço e seguiram rumo ao destino, já com a estratégia traçada. O Interditor iria 
posicionar­se  a  dois  mil  quilômetros  de  distância,  para  evitar  ataques  dos  rebeldes, um destróier 
ficaria  entre  este  e  a  base,  para  garantir  a  sua  posição,  os  outros  dois  iriam  se  posicionar  a oito 
quilômetros. Era muito prático saber exatamente a posição da base e as suas defesas. 

Sem prisioneiros. O ataque começaria com tie­advanceds e tie­interceptores para controlar os 
quarenta caças rebeldes da base. Os bombardeiros atacariam os dezoito containeres e vinte e seis 
transportes de carga. 

Uma  operação  rápida  e  de  pouco  risco,  porém,  depois  que  vira  a  tenacidade  com  que  os 
rebeldes poderiam reagir quando tinham um forte líder, um batalhão completo de tie­fighters seriam 
lançados do terceiro destróier que seria posicionado mais atrás, e ficaria de patrulha, para o caso 
de caças rebeldes fugirem do cerco. 

Foi até a sua cabina, e ficou aguardando que saíssem do hiperespaço. Seriam várias horas de 
espera. Enquanto isso, iria beber alguma coisa de forma a comemorar a sua libertação! Sim, agora 
se sentia livre daquela obsessão que o perseguiu depois que fora humilhado na capital do Império 
com  a  fuga  dos  escravos.  Para  ele  que  foi  rei  de  seu  próprio  império,  ter  sido  atacado  por  uma 
mera  serviçal  e  ser  quase  morto  tinha  sido  uma  afronta  enorme.  Intolerável!  Sentia  que  se  não 
podia  controlar  seus  servos,  não  merecia  comandar  seu  planeta.  Renunciou  ao  trono  e  só  iria 
retornar depois que pegasse a megera que o tinha desmoralizado. 

Entrou para o Império para isso. Uma vez que tinha renunciado, não iria usar sua armada para 
atacar os rebeldes, eles tinha uma força maior. Como já foi dito, Soer era arrogante, mas não tolo. 
No  Império,  esperava  subir  de  posto  para  um  dia  cruzar  com  ela.  Mas  mesmo  depois  de  alguns 
anos, percebeu que as chances de que ela morresse em outro confronto qualquer eram grandes. 
Foi nessa época que Quattroni começou a fazer serviços para o imperador. Entrou em contato com 
seu  grupo  e  oficializou  o  contrato,  seriam  disponibilizados  caçadores  para  Soer,  porém  o  único 
objetivo destes seria localizar e capturar a escrava dele. Não deveriam ser usados para mais nada 
além  disso.  Claro  que  se  fornecessem  alguma  informação  que  pudesse  ser  de  valia  ao  Império, 
Soer  poderia  fazer  com  ela  o  que  bem  entendesse,  e  se  fosse  possível  qualquer  serviço  extra, 
desde  que  não  desvirtuasse  o  objetivo,  também  poderia  ser  feito,  com,  é  claro,  um  pagamento 
adicional. 

Mas  agora  percebeu  que  conquistou  uma  posição  por  si  só.  Aproveitou  os  caçadores  para 
fornecer serviços ao Império, comandou a captura da Exceler, e toda a estratégia foi desenvolvida 
por ele. E era simples, já que os rebeldes são mais combativos, melhor é sufoca­los por um ataque 
esmagador.  Mas  não  poderia  fazer  isso  sempre.  Era  melhor  ter  uma  estratégia  bem  feita  para 
evitar surpresas. Sua missão de agora e a anterior são basicamente testes de sua capacidade. A 
primeira  foi  difícil,  porém  conseguiu  o  sucesso  com  baixas  aceitáveis,  apesar  de  não  serem  as 
ideais.  Só  depois,  os  outros  generais  informaram  que  Sornim  era  um  dos  mais  brilhantes 
estrategistas rebeldes. Foi por isso que a vitória tinha sido tão custosa.
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O objetivo de seu ataque de agora era privar os rebeldes de possível envio de suprimentos. Os 
containeres  possuíam  material  para  montar  diversos  caças,  bem  como  vários  tipos  de  mísseis. 
Eram o objetivo principal, o secundário era destruir toda a força existente por lá. Havia um terceiro, 
capturar possíveis sobreviventes que tivessem se ejetado de seus caças, interroga­los e localizar 
outras  bases  desta  espécie.  Os  tripulantes  da  Exceler  seriam  usados  para  isso.  Na  verdade,  a 
própria  Exceler  seria  usada  em  uma  armadilha,  seria  entregue  a  ele  para isso. Basicamente sua 
frota seria usada para "limpar a área de reforço". 

Só  não  entendia  que  área  de  reforço  seria  esta.  Reforço  para  que?  Sabia  pelos  seus 
caçadores que a Aliança Rebelde estava preparando um ataque em larga escala, e sabia também 
que deveria ser com relação ao projeto secreto do Império. Não sabia o onde nem quando. Bom, o 
onde deveria ser em um local próximo da área a ser limpa. O quando... deveria ser breve. 

Ficou em uma posição mais confortável na cadeira. Pediu para ser avisado vinte minutos antes 
de chegarem ao destino. Podia até cochilar um pouco, se quisesse. E chegou mesmo a cochilar. 

Foi  despertado  no  horário  previsto.  Foi  a  ponte  e  repassou  a  estratégia.  Os  caças  estavam 
prontos,  o  Interditor  e  o  destróier  que  deveria  protege­lo  iriam  sair do hiperespaço primeiro. Eles 
sairiam poucos momentos depois. 

Ao sair do hiperespaço, os destróieres colidiram com algumas naves de patrulha, reduzindo o 
número  de  oponentes.  Os  caças  foram  lançados  como  planejado,  e  não  houve  surpresas. 
Ocorreram  alguns  casos  de  dois  ou  mais  caças  rebeldes  se  mostrarem  fortes  o  bastante  para 
causar algum problema, mas foram destruídos após uma saraivada de mísseis. Foram localizados 
alguns  pilotos  que  ejetaram,  todos  foram  capturados.  Agora  analisariam  os  destroços  para 
determinar  o  tamanho  real  da  perda  rebelde,  e  iriam  para  um  ponto  de  encontro  que  Vader 
especificou. Toda a operação durou apenas vinte e sete minutos. 

­ Capitão, a Starfleet informa que esta tudo pronto. 

Jevlack  agradeceu  a  Matias.  Ambas  as  naves  estavam  com  sessenta  e  oito  por  cento  do 
pessoal trabalhando. O suficiente para enfrentar qualquer surpresa. 

­ Senhor Matias, trace curso para as coordenadas iniciais de nossa busca, dobra sete. 

­ Curso traçado Capitão. 

­ Engatar. 

A Thunderbold e a Starfleet partiram para localizar a fenda espacial, e saírem do meio daquela 
guerra, antes que não pudessem mais se manter a margem dela. 

Capítulo 15 

"Diário de bordo, data estelar 3342.3, após oito dias de constante busca, ainda não foi possível 
localizarmos  nenhum  sinal  da  fenda  que  possivelmente  nos  trouxe  aqui.  Ainda  considero  a 
possibilidade  de  ter  de  dividir  as  naves  para  acelerar  a  busca  perigosa,  porém  talvez  seja 
necessário uma vez que segundo o nosso Oficial de ciências, a fenda deverá se abrir para a nossa 
galáxia em breve”.
Trek Wars – Roberto Kiss  129  www.scriptonauta.com.br 

­ Terak, já vasculhamos metade da área que você indicou, e nada foi detectado. É possível que 
a fenda esteja fechada? 

­  Não  propriamente  fechada,  Capitão.  Ela  pode  estar  no  estado  intermediário  entre  uma 
"respiração" e outra. 

­  Capitão,  estamos  capitando  um  sinal  de  socorro.  ­  disse  Diana  ­  É  um  sinal  automático,  da 
Federação. 

Outra nave chegou até onde estavam? 

­ Alguma identificação? 

­  Não  senhor,  apenas  que  este  tipo  de  código  já  não  é  usado  há  mais  de  dez  anos,  e  que 
possui uma falha na seqüência básica. Mas positivamente é um dos nossos. 

Mais de dez anos? 

­ De onde vem o sinal? 

­ Curso 1­17­6 marco 4. 

Alguma coisa estava errada. Nenhuma nave usaria um sinal já descartado, a não ser que não 
tivesse  sido  atualizada.  Só  que  todas  as  naves  da  frota  foram  atualizadas  nos  últimos  anos.  Se 
este sinal era mesmo de uma nave da frota, deveria ter se perdido antes deste período. 

­ A Starfleet está nos contatando senhor. 

­ Pode completar. 

A Capitã Donner surgiu na tela, com toda a certeza, era sobre o sinal que captaram. 

­ Capitão ­ disse ela ­ creio que também esta captando este sinal de socorro. 

­ Sim, estava pensando no que fazer a respeito. 

­ Pensando? Capitão, é um sinal de socorro da frota. É nosso pessoal. 

­ Sim, mas é um sinal que não é usado há anos. Se vem de uma nave que chegou aqui antes 
da  atualização  dos  códigos,  como  nunca  foi  detectada?  E  porque  só  agora  esta  enviando  este 
sinal?

­ Eu não sei ­ disse ela ­ só saberemos se investigarmos. 

­  Concordo,  mas  não  quero  arriscar  as  duas  naves  nisto.  Primeiro  quero  consultar  os  nossos 
convidados sobre o que existe na direção de onde vem o sinal. Eu a informarei de minha decisão. 
Thunderbold desliga. 

­  Diana,  peça  ao  Comandante  Bernard  para  se  encontrar  comigo  no  meu  gabinete,  Terak,  a 
ponte é sua.
Trek Wars – Roberto Kiss  130  www.scriptonauta.com.br 

Jevlack  levantou­se  e  foi  ao  seu  gabinete,  pensar  um  pouco  nas  possibilidades  enquanto 
aguardava a chegada de Bernard. Ao sentar­se em sua mesa, programou o console para indicar o 
provável local de origem do sinal em um holograma. 

­ Computador, indicar rotas comerciais no mapa em questão. 

"Não existem rotas comercias indicadas para o setor" 

Talvez  isso  explicasse  o  porque  da  nave  não  ter  sido  detectada,  caso  estivesse  ali  há  vários 
anos.

­ Computador, qual a quantidade de naves da Federação que poderiam enviar o tipo de sinal de 
socorro captado estão registradas como desaparecidas? 

"Existe  o  registro  de  vinte  e  oito  naves  que  poderiam  enviar  este  sinal e que desapareceram 
nos últimos setenta anos" 

­ Quantas desapareceram quando estavam indo em direção a Omicron IV? 

"Nenhuma  nave  foi  dada  como  perdida  enquanto  seguia  em  direção  ao  sistema  recém 
mapeado de Omicron IV" 

Interessante, outras fendas poderiam estar se abrindo entre as galáxias, em épocas diferentes. 
Épocas  diferentes?  A  fenda  é  um  rompimento  do  continuum  espaço.  O  tempo  faz  parte  deste 
continuum.  E  se  esta  fenda  também  estivesse  alcançando  o  passado?  Era  uma  possibilidade,  e 
explicaria muitas coisas. 

­Entre! ­ disse ao ouvir o som da campainha. 

­ Capitão ­ disse Bernard entrando ­ queria me ver? 

­  Sim  Comandante.  Nós  captamos  um  sinal  de  socorro  de  uma  nave  de  nossa  frota.  Pelas 
nossas leituras está em algum lugar do setor que vocês chamam de Gork. Existe alguma coisa por 
lá? 

­ Não. Fica longe dos grandes centros comerciais, e não tem planetas habitados. Gork significa 
"vazio". 

"Vazio". Uma área vazia de uma galáxia totalmente conhecida. Muito conveniente a nave estar 
lá. 

­ Bernard, irei transferir os rebeldes para a Starfleet, mas não poderei enviar suas naves porque 
não há espaço no hangar dela. 

­ Sim senhor. 

­ Pode ir. Avise aos seus para se dirigirem a sala de transporte. 

Bernard saiu, deixando Jevlack sozinho. 

­ Terak ­ disse pelo comunicador ­ venha ao meu gabinete.
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Alguns momentos depois, Terak entrou. 

­ Sim Capitão? 

­ Sente­se ­ cruzou os braços e virou­se em direção a janela que ficava atrás dele ­ Terak, quais 
são as nossas reais chances contra um destróier estelar do Império? 

­ Baseado nos dados que temos referentes aos dois últimos que pudermos sondar, muitas. Sua 
maior fraqueza, para nós, são os seus geradores de escudos localizados fora da nave. É verdade 
que  possuem  uma  blindagem  extremamente  sólida,  mas  seis  feixes  de  phasers  destruiriam  a 
blindagem e o gerador. 

Isso ele já imaginava. Mas havia uma questão não muito obvia. 

­ E depois? Essas naves tem de seiscentos a mil e seiscentos metros. 

­  Realmente,  seria  trabalhoso  destruí­las.  No  entanto,  sem  escudos,  podemos  disparar 
diretamente  em  seus  reatores  internos.  Creio  que  em  pouco  mais  de  um  minuto  o  atingiríamos. 
Talvez menos se usarmos todos os phasers em conjunto com os torpedos fotônicos. 

­ E quanto podemos agüentar no caso de estarmos cercadas por elas? 

­ Senhor? ­ ele parecia confuso. 

­ Se tivermos de enfrentar mais de dez destas naves, quanto tempo poderemos resistir? 

Terak ficou um pouco em silêncio. Pensando na pergunta. 

­ É possível suportar por pouco mais de trinta minutos. Isso se ficarmos fora do alcance de suas 
armas menores, voltadas para caças. As grandes, destinadas a naves de maior porte tem potência 
bem menor que o armamento para o qual nossas defesas foi projetado. Mas, porque pergunta? 

­ Apenas uma sensação que eu estou tendo. Nem sei bem porque. 

Na verdade, Jevlack tinha uma idéia do porque estar sentindo este presságio. Quando esteve 
preso  naquela  bolha  temporal,  teve  algumas  visões  estranhas,  algumas  relacionadas  com  as 
naves  da  frota.  Talvez  todas  as  falhas  do  continuum  estivessem  relacionadas,  não  importando 
onde e quando ocorressem, ou talvez ele simplesmente quisesse descobrir o que tinha acontecido 
com aquela nave. De qualquer forma, ele tinha que investigar o sinal. 

­ Terak, avise a Starfleet que iremos investigar o sinal de socorro, eles deverão continuar com 
as buscas da fenda. 

­ Sim senhor. Mais alguma coisa? 

Pensou um pouco. 

­ Acione o alerta amarelo, dispensado. 

­ Sim senhor.
Trek Wars – Roberto Kiss  132  www.scriptonauta.com.br 

Terak  saiu,  alguns  segundos  depois,  o  alerta  amarelo  foi  acionado.  Jevlack  levantou­se  e 
aproximou­se  do  holograma  da  nave  constitution  danificada.  Era  uma  lembrança  que  tinha  feito 
para  se  lembrar  de  um  estranho  acontecimento  que  tinha  presenciado  um  pouco  antes  de 
encontrar  as  naves  romulanas  perseguindo  a  nave  Klingon.  Não,  provavelmente  este  sinal  de 
socorro  não  tinha  nada  a  ver  com  o  incidente  anterior.  Mas  ele  desejava que tivesse. Ajudaria a 
responder algumas de suas perguntas pessoais. 

Lezam  foi  arrastado  sem  poder  fugir  para  o  shuttle  do  Império,  logo  em  seguida  foi  drogado. 
Quando  abriu  os  olhos  novamente,  estava  frente  a  um  droide  inquisidor.  Lembrava­se  agora 
vagamente  do  que  tinha  lhe  acontecido.  Devia  ter  falado,  não  se  lembrava  com  certeza.  Só 
lembrava  de  que  seu  posto  foi  atacado  por  uma  grande  força  imperial.  Dois  destróieres  e  um 
Interditor garantiram a total derrota. Só não entendia o porque de um ataque tão feroz. Não era um 
posto defensivo, nem mesmo estratégico, apenas de peças de reposição e reparos em geral. 

Não sabia nem mesmo porque ainda estava vivo, pois não sabia nada de útil sobre a rebelião. 
Foi quando os guardas chegaram e o carregaram para fora. Estava fraco, mal podia ficar em pé. 
Foi levado até a ponte, onde viu o General Soer em pé, bem no centro dela. 

Ele olhou em sua direção e fez um sinal para um dos guardas. Logo em seguida recebeu um 
golpe violento na cabeça, que o jogou no chão. Ouviu Soer dizer alguma coisa, mas não foi capaz 
de entender, estava atordoado. Sentiu que o carregavam novamente. Perdeu os sentidos. Quando 
acordou  pensou  que  estava  sonhando!  Estava  em  um  shuttle,  sozinho,  sem  nenhum  sinal  de 
qualquer nave do Império em parte alguma. 

Com  certeza,  estavam  monitorando  a  sua  nave.  Devia  ter  algum  sinalizador  escondido  nela, 
mas não ia funcionar, ia programar o hiperdrive para um planeta em que poderia desaparecer sem 
deixar rastro. Foi até a cabine de comando e teve uma nova surpresa, não havia nenhum controle 
lá. Nem manche, painel, nada! O que significava isto? Prenderam­no em um shuttle de onde não 
poderia sair, e nem ir a qualquer parte. 

Sentou­se  em  um  dos  assentos  dos  passageiros.  Sua  cabeça  ainda  doía,  e  precisava  pensar 
no que fazer. Estava preso no espaço em uma nave que não poderia usar, sem comunicações e 
mais nada. Por que? Porque mantê­lo preso ali? Era um esforço sem sentido, que realmente não 
valia a pena. Mas foi o que fizeram. 

Sentiu  que  a  nave  foi  movimentada  olhou  pela  janela  e  viu  um  calamari  e  alguns  a­wings, 
Estava  sendo  resgatado  pelos  seus  camaradas!  Mas  como  o  localizaram?  Achava  que  estava 
enlouquecendo.  Começou  a  olhar  o  interior  da  nave,  embaixo  dos  bancos,  abriu  painéis,  nada  a 
ser achado. 

O que ele não lembrava era que durante o interrogatório tinha dito que possuía um dispositivo 
de  localização  que  era  usado  pelos  rebeldes  em  perigo,  que  só  podia  ser  acionado  em  contato 
com o dna específico de seu dono. 

Eles  implantaram  o  circuito  em  sua  perna  enquanto  estava  desacordado,  e  o  puseram  no 
shuttle para ser resgatado. 

Ainda procurava por qualquer coisa dentro da nave quando ouviu que tentavam abrir a porta. Já 
devia estar dentro do hangar. Balançou a cabeça ainda tentando entender. Sentiu apenas um calor 
súbito. Foi a última coisa que sentiu na vida. Um poderoso explosivo dentro do shuttle destruiu o 
calamari. Soer conseguira uma terceira vitória desde que assumira o posto de General.
Trek Wars – Roberto Kiss  133  www.scriptonauta.com.br 

Bernard  saiu  da sala de transporte e, ao contrário de seus companheiros que foram conhecer 


os  novos  aposentos,  seguiu  em  direção  ao  hangar.  Lá  chegando,  notou  que  as  naves  estavam 
muito  bem  vigiadas.  Pegar  uma  delas  não  seria  fácil.  Não  estava  com  sua  arma  e,  depois  da 
incursão de Lauriel, ninguém poderia chegar próximo a elas sem autorização. 

Cumprir  com  a  sua  missão  seria  muito  difícil,  mas  Vader  fora  claro,  depois  de  garantir que a 
Exceler seria sabotada, deveria encarregar­se de capturar a escrava de Soer, de qualquer forma. 
Precisava pensar em alguma distração para captura­la, pegar uma nave e partir. Mas como levar 
duas  pessoas  em  uma  única  nave?  Teria  que  achar  uma  forma.  Podia  por  a  nave  em  piloto 
automático  e  envia­la  diretamente  para  as  coordenadas  que  tinha.  Soer  estará  esperando  por  lá 
pelos próximos dias. Sem considerar que levaria doze horas para chegar ao ponto de encontro. 

Que tipo de distração seria eficaz? Voltou para o turboelevador e seguiu para o seu aposento. 
Deitou­se  e  continuou  a  pensar.  Não  poderia  sabotar  nenhum  dispositivo  na  nave,  os  sensores 
internos  iriam  detecta­lo,  e  mesmo  porque  não  conhecia  nada  para  fazer  qualquer  espécie  de 
sabotagem.  Precisaria  de  outra  coisa,  algo  que  chamasse  a  atenção  de  todos.  Tinha  explosivos 
ocultos em uma de suas botas, podia por em algum local e detona­los. Mas teria tempo de captura­ 
la e sair da nave? Bom, para captura­la bastaria uma dose do gás sonífero da sua outra bota. Mas 
ainda  restava  determinar  como  sairia  da  nave.  Não  poderia  pegar  nenhum  caça,  e  mesmo  que 
colocasse  a  mulher  numa  deles  e  a  programasse  para  o  destino  correto,  ainda  havia  aquela 
unidade R2 que podia mudar o curso. 

Quanto a isso, poderia desativa­la facilmente. Ainda restava um detalhe: eles poderiam segui­la 
e liberta­la antes de chegar ao destino, e isso ele não teria como impedir. Em resumo, ele poderia 
criar  uma  distração  suficientemente  forte  para  desviar  a  atenção  de  todos  enquanto  pegava  a 
Comandante, poderia deixa­la inconsciente e coloca­la em um dos x­wings do hangar, desativar a 
unidade  R2  e lançar a nave em pilo to automático. Quanto a ele mesmo, pegaria a outra nave e 
partiria em direção oposta. 

Poderia  dar  certo,  mas  só  poderia  tentar  uma  única  vez.  E  ainda  precisaria  encontrar  uma 
arma.  Ninguém  andava  armado  em  nenhuma  das  naves,  com  exceção  dos  seguranças,  e  estes 
não seriam muito fáceis de se enganar. 

Ainda  havia  a  questão  de  quando  e  onde  agir,  ele  não  sabia  onde  ela  estava,  e  precisava 
descobrir,  sem  levantar  suspeitas.  Se  bem  que  não  iria  levantar  suspeitas  por  perguntar  aonde 
estava um de seus companheiros. Só tinha um problema: Não sabia o nome dela! Conhecia a sua 
aparência, mas eram os seus dois companheiros que conheciam o seu nome. Era ridículo, mas era 
verdade. Teria que fazer uma visita a uma delas para saber qual deveria ser capturada. 

Bom, Lauriel estava presa, então falaria com Ígnea. Assim que soubesse quem deveria pegar, 
agiria.Decidiu dormir no momento para estar em perfeitas condições quando fosse agir. 

­ Confirme isso ­ disse Safrã ­ quero certeza absoluta de que a Exceler foi capturada. 

­ Sim senhor ­ respondeu o operador de comunicações. 

O Império passara a frente de novo! Segundo seus espiões, a Exceler foi capturada, com todos 
os  tripulantes.  Não  conseguia  contato  com  o  posto  avançado  de  onde  partiu,  e  nem com a base 
que  foi  contatada  para  fornecer  material  de  reparos.  Desta  vez,  o  Império  foi  de  uma  eficiência 
extrema. Mesmo os espiões mais bem colocadas apenas informaram que uma nave nebulon­b foi 
capturada  pelo  novo  General  Soer,  e  que  Sornim  tinha sido executado. Como o único nebulon­b 
que não dava notícias era a Exceler, provavelmente era ela.
Trek Wars – Roberto Kiss  134  www.scriptonauta.com.br 

E isto também significava que o Império tinha todos os dados que foram coletados. As naves 
agora estavam em local ignorado, e o último relatório que recebeu de Sornim dizia que se usassem 
a tecnologia deles, poderiam causar um cataclismo na galáxia. Ele forneceria maiores informações 
depois. Só que o depois não iria ocorrer. 

A  frota  estava  pronta,  estavam  aguardando  que  a  Exceler  chegasse,  mas  não  poderiam 
esperar  mais.  Os  tripulantes  sabiam  onde  seria  o  ponto  de  encontro  e  com  certeza  o  Império 
enviaria naves até onde estavam. Tinham que selecionar um novo local para posicionar­se para o 
ataque. 

­ Avise a todas as naves! Devem parar com qualquer manobra de treinamento e se prepararem 
para partir para o hiperespaço imediatamente. 

­ Sim senhor! 

Não  haveria  muito  tempo  para fornecer as informações finais para o ataque, mas não tinham 


mais escolha. 

Dezenove  horas  depois  da  partida  da  Thunderbold,  Tirvik  estava  indo  para  a  enfermaria,  o 
doutor Cameron informou que a paciente rebelde queria conversar com alguma patente elevada. 
Seus canais auditivos já estavam plenamente reparados e sua visão já estava em adiantado grau 
de recuperação. Claro que ainda teria que usar um visor para proteção contra luzes fortes, mas era 
apenas temporário. 

Entrou na enfermaria e conversou com o doutor. Lia já estava sentada na cama, com o visor, 
lendo alguns dos textos históricos da biblioteca da nave. Foi em direção a ela. 

­ Como tem passado? ­ começou. 

­  Muito  bem,  obrigada  ­  respondeu  desligando  o  monitor  ­  creio  que  você  seja  uma  vulcana, 
andei  lendo  as  informações  de  seu  computador.  É  incrível  os  avanços  que  conseguiram  em 
apenas trezentos anos. 

­ Acho incrível você dominar a nossa língua e palavras em apenas alguns dias. 

­ Sou uma espiã, ter a mente aberta para certas coisas é fundamental, além disso, com tantas 
línguas nesta galáxia não foi muito difícil. Tem certa semelhança com a língua dos antigos. 

­ Então, sobre o que você queria falar? 

­ É algo que vi na nave de Quattroni antes de ser descoberta ­ ligou o monitor de novo ­ vi o 
holograma de uma nave lá, um tipo que nunca vi antes. 

Ela acessava os dados com rapidez, e Tirvik já estava imaginando o porque disto. 

­ Aqui está! Veja, esta foi a nave que eu vi ­ virou o monitor para ela. 

Tirvik ficou de boca aberta. Era uma nave classe constitution. 

­ Pensei que vulcanos controlassem suas emoções.
Trek Wars – Roberto Kiss  135  www.scriptonauta.com.br 

­ Sou meio vulcana ­ disse, controlando a surpresa ­ Você viu isto na nave de Quattroni? 

­  Vi  uma  muito  parecida  com  esta. Se bem que acho que algo na que eu vi estava diferente. 


Tive muito pouco tempo para observar detalhes. 

Outra  nave  da  Federação.  Isso  explicaria  o  sinal  de  socorro  que  captaram.  Mas  por  que 
Quattroni teria um holograma desta nave? Se ela tivesse passado pela mesma coisa que eles, com 
certeza estaria inoperante, e vulnerável a qualquer ataque. 

A  questão  era:  qual  nave  seria  esta?  Havia  apenas  quatro  naves  desta  classe  ainda  em 
operação: a Starfleet, a Intrepid II, a Potemkin e a Eldorado. De todas, a Starfleet era a única a ser 
usada  exclusivamente  para  treinamento.  E  as  outras  basicamente  para  missões  diplomáticas 
rotineiras. Nenhuma delas poderia ter passado por Omicron IV em situação normal. 

Tinham que avisar a Thunderbold disto. Podiam estar rumando para uma armadilha. 

Saiu da enfermaria e entrou no turboelevador em direção a ponte. No caminho, ele parou para 
a  entrada  de  outro  passageiro,  Bernard.  Ele  a  cumprimentou,  e  ela  cumprimentou  de  volta.  Foi 
quando ela notou que algo estava errado. 

Os  sentidos  dos  vulcanos  são  mais  sensíveis  que  os  dos  humanos.  Seu  olfato  tinha  captado 
um odor estranho, acre, quando Bernard entrou. Ele tinha pedido o deck dois para o computador, 
onde ficava o observatório. Assim que ele chegou em seu destino, Bernard saiu. Tirvik seguiu para 
a ponte, mas logo em seguida voltou. Desceu no deck dois e desabilitou a abertura automática da 
porta, não queria que fosse anunciada. Abriu a porta manualmente e entrou no observatório. 

Dentro do observatório o odor que sentira antes estava muito mais forte, mas ainda insuficiente 
para  ser  captado  por  humanos.  Bernard  estava  ao  lado  direito  das  janelas,  abaixado,  pondo 
alguma coisa no ponto em que a parede unia­se ao chão. Parecia uma espécie de pasta que ele 
estava espalhando por lá. 

Ela deveria ter pegado um phaser. Mas ele também não estava armado, e, como era bem mais 
forte que um humano, não deveria ter problemas. Ela se lembraria daquele pensamento infantil por 
muitos anos. 

Aproximou­se e agarrou­o pelo braço direito. Ele tentou se desvencilhar, mas obviamente não 
tinha força para isso. Então, pegou algo com o seu braço livre e jogou no seu rosto. Era um tipo de 
spray, causou uma irritação em seus olhos, e suas narinas e garganta ficaram como que em brasa. 
Mas durou pouco tempo, alguns segundos depois, caiu no chão, semi­inconsciente. 

Bom, ela ainda não tinha sucumbido, mas não podia se mover, seus músculos não obedeciam. 
Nem  seus  olhos  podiam  se  abrir.  Sentiu  que  estava  sendo  carregada,  e  não  havia  o  que  fazer, 
exceto se culpar por não ter chamado a segurança. 

Foi levada até o turboelevador. Imaginou que, com certeza, alguém a veria. Quando a porta se 
abriu,  ouviu­o  perguntar  a  alguém  onde  era  a  enfermaria,  Disseram  que  era  dois  decks  abaixo, 
logo  em  seguida  ouviu  sons  de  luta,  sentiu  ser  balançada  de  um  lado  para  o  outro.  Foi 
movimentada de novo por mais alguns minutos, e então foi posta no chão. Pelo menos parecia ser 
chão, ouviu como que uma porta se fechando e depois mais nada. Onde estava? 

Sua última referência era que estava dois decks acima da enfermaria, o que tinha de especial 
ali?  Apenas  áreas  de  lazer,  alojamentos  e  alguns  compartimentos  de  carga.  O  acesso  as 
comportas laterais também ficava lá. O barulho que ela ouviu podia ser de uma porta se fechando
Trek Wars – Roberto Kiss  136  www.scriptonauta.com.br 

ou a tampa de alguma caixa ou container. Ele podia tê­la posto dentro de um deles para deixa­la 
fora de vista enquanto achava um meio de fugir. 

Tentou  novamente  se  mover,  sem  sucesso,  tentou  ouvir  algo.  Tinha  audição  acurada  o 
suficiente  para  ouvir  o  coração  de  alguém  a  dez  metros  de  distância,  mas  agora  não  conseguia 
nada,  e  estava  ficando  cada  vez  mais sonolenta. Ouviu um barulho de alguma coisa se abrindo, 
acima  dela.  Algo  foi  posto  do  seu  lado,  emitia  um  som,  como  o  de  gás  sendo  liberado.  Depois, 
novamente o barulho de algo sendo fechado. Exceto pelo som do gás, nada mais podia ouvir. 

Ficou  assim  por  um  bom  tempo,  ficando  cada  vez  menos  consciente.  Percebeu  então  que 
estava se movendo, balançando de um lado para o outro. Já não tinha mais meios de determinar o 
tempo que estava sendo decorrido, não sabia há quanto tempo estava ali e nem há quanto tempo 
estava se movendo. Só conseguia perceber levemente que estava sendo levada para algum lugar. 
Finalmente, perdeu os sentidos. 

Bernard deixou a caixa contendo Tirvik no chão, ao lado de uma grande porta com acesso ao 
espaço.  Era  usada  para  acoplamentos  com  Shuttles muito grandes para o hangar ou com outras 
naves.  Era  na  verdade  um  remanescente  de  uma  outra  época,  quando  as  naves  da  Federação 
eram em quantidade reduzida, e os teleportes não tinham uma grande capacidade de operação em 
larga escala. 

Agora, o que ele iria fazer? Não tinha mais gás, e ainda não sabia a quem pegar. A única coisa 
que  tinha  era  alguém  que,  pelo  uniforme,  com  certeza  tinha  uma  patente  elevada  na  nave. 
Esfregou  o  seu  braço,  a  força  dela  era  terrível,  com  certeza,  sairia  daquela  caixa  facilmente 
quando  despertasse,  e  ainda  havia  a  questão  dos  tripulantes  que  nocauteara  pelo  caminho. 
Trancou todos em caixas, assim como ela. Felizmente, nenhum deles era vulcano, o que indicava 
que o seu problema era com esta daqui. 

Bom,  não  teria  meios  de  cumprir  sua  missão  de  agora,  mas  poderia  fornecer  algo  de  maior 
valor para Vader, um dos tripulantes da nave. Só que precisava achar uma forma de imobiliza­la. 
Provavelmente  os  seguranças  deveriam  ter  alguma  coisa  que  pudesse  ser  usada  para  esta 
finalidade. 

Ele não teria muito tempo, em breve dariam por falta dela. Na Thunderbold, algumas vezes viu 
que os tripulantes podiam localizar qualquer pessoa simplesmente perguntando ao computador da 
nave. Segundo lhe informaram, isso era possível graças à insígnia do uniforme, que eles também 
usavam para se comunicar. Abriu a caixa e retirou a insígnia dela. Olhando atrás desta, estava o 
nome, e posto do seu dono. Tirvik, Primeira Oficial. 

Pelo  que  se  lembrava  das  conversas  que  teve  ­  e  foram  muitas  durante  os  últimos  dias  ­  a 
hierarquia  das  naves  eram;  Capitão,  primeiro  Oficial,  tenentes  Comandantes,  tenentes,  sub 
tenentes e outras patentes menores. Ele tinha em mãos a segunda em comando da nave. Ira por 
aquela  insígnia  em  outro  local  para  ganhar  um  pouco  mais  de  tempo.  Faria  o  mesmo  com  os 
outros que deteve. 

Na  Thunderbold,  ele  não  teve  acesso  a  esquemas  técnicos  da  nave,  mas  observando  os 
tripulantes  operarem  os  consoles,  pôde  aprender  alguma  coisa  sobre  a  operação  de  certos 
sistemas, incluindo o tel eporte. Pretendia usa­lo para quando seu explosivo detonasse e pegar a 
sua  cativa.  Agora,  sem  o  gás  sonífero,  teria  que  pensar  um  pouco  em  uma  nova  estratégia. 
Primeiro: achar uma forma de imobilizar Tirvik, Segundo: Descobrir quem deveria capturar, tinha 
três x­wings no hangar, podia fugir e levar Tirvik e a outra. 

Saiu do compartimento de carga e foi até os seus aposentos. Lá chegando, tentou fazer o que 
deveria  ter  feito  em  primeiro  lugar.  Pediu  ao  computador  para  fornecer  uma  imagem  de  quem
Trek Wars – Roberto Kiss  137  www.scriptonauta.com.br 

estava  na  prisão.  Pessoalmente,  preferia  que  seu  objetivo  fosse  Ígnea,  pois  estando  livre,  seria 
mais fácil captura­la. O computador informou que a imagem não podia ser acessada por ele. Assim 
sendo, só restava pedir permissão a Capitã para visitá­la. Tinha que fazer isso e bem rápido, antes 
que notassem a falta da Primeira Oficial. 

Tocaram a campainha, deixando­o de sobreaviso. Disse que podia entrar. 

­ Comandante, gostaria de falar com o senhor ­ disse a piloto rebelde que entrou. 

Só  haviam  três  pilotos  rebeldes  mulheres  naquela  nave,  uma  estava  na  enfermaria,  e  não 
conhecia,  outra  estava  na  prisão  e  a  terceira  estava  em  liberdade de movimentos. A que estava 
presa era Lauriel, portanto, aquela deveria ser Ígnea. Um problema resolvido, agora sabia a quem 
pegar. Precisava apenas posicionar todos os recursos que tinha a mão para isso. 

­ Pois não, o que deseja? 

­ Falei com a Capitã, para permitir que Lauriel ficasse fora da prisão e fosse confinada em seus 
alojamentos,  ela  me  disse  que  poderia  pensar  no  assunto,  mas  o  senhor,  como  maior  patente, 
deveria solicitar isso a ela. 

­ E você veio pedir que eu fizesse esta solicitação, certo? 

­ Sim, senhor. 

Ele sentou­se na cadeira e indicou a ela para fazer o mesmo, ela aceitou. 

­  Foram  raras  as  vezes  em  que  eu  me  encontrei  com  a  Comandante  Lauriel.  Que  garantias 
posso fornecer a Capitã de que ela não agirá impetuosamente de novo? Ou que futuras ações dela 
não voltem a por em risco a segurança da nave? 

Ela abaixou a cabeça, obviamente não tinha nenhuma forma de indicar tais garantias. 

­  Calma  ­  ele  pôs  a  mão  em  seu  ombro  ­  veremos  o  que  podemos  fazer.  Vou  falar  com  a 
Capitã, espere aqui, ok? 

­ Sim senhor. 

Ele levantou­se e, quando já estava saindo, ela disse: 

­ Boa sorte! 

Ele  sorriu  em  resposta.  Boa  sorte!  E  que  sorte  estava  tendo.  Precisava  agir  rápido  agora. 
Precisava de alguma coisa para incapacitar sua futura cativa. Sem dúvida, a enfermaria deveria ter 
algo  para  deixar  alguém  inconsciente.  A  questão  era:  O  que  seria  este  algo?  Com  certeza,  se 
pedisse  os  compostos  que  conhecia, o computador diria o famoso "a estrutura molecular do com 
posto não está disponível...". Porém, como era capaz de entender ordens de até mesmo de inferir 
respostas, um simples pedido para uma seringa hipodérmica de sedativo seria suficiente. 

Ainda tinha alguns problemas em seu plano. Assim que seu explosivo detonasse, com certeza 
os  escudos  seriam  erguidos.  Ao  contrário  das  naves  deles,  as  da  Federação  não  andavam 
constantemente  com  os  escudos  levantados,  para  poupar  energia.  Mas  qualquer  alerta  de 
emergência  iria  aciona­los  automaticamente.  A  Explosão  teria  que  ocorrer  depois  que  estivesse 
fora da nave, com as suas duas prisioneiras.
Trek Wars – Roberto Kiss  138  www.scriptonauta.com.br 

Entrou no turboelevador, e já previu um novo problema. Segundo lhe informaram, Lauriel tinha 
partido daquela forma para resgatar uma amiga que esta espionando Quattroni. E havia uma séria 
possibilidade  de  que  esta  o  conhecia.  Se  isto  ocorresse,  teria  de  mata­la  e  a  todos  os  que  lá 
estivessem, para garantir o tempo necessário para cumprir a sua missão. 

Saiu do turboelevador e ficou parado um pouco. Uma nave daquele porte com certeza deveria 
ter  mais  de  uma  enfermaria,  mas  não  queria  se  arriscar  a  entrar  justo  na  que  estava  a  rebelde 
espiã  resgatada.  Andou  lentamente,  seguindo  o  corredor.  Perguntou  a um tripulante se ele sabia 
onde estava uma piloto rebelde em tratamento, ele lhe disse que era a enfermaria dois, e indicou o 
caminho, seria a sexta porta a direita. 

Ótimo! Bastaria entrar em outra enfermaria. Andando mais um pouco, perguntou onde seria a 
enfermaria  um  para  outro  tripulante,  ele  disse  que  tinha  de  voltar  e  entrar  na  segunda  porta  a 
esquerda.  Fez  o  caminho  indicado  e  entrou,  sem  se  anunciar.  Lá  dentro  as  camas  estavam  em 
uso, assim como na Thunderbold. Ele tinha ouvido comentários ainda na Exceler de que houve um 
acidente  e  muitos  tripulantes  estavam  sem  condições.  Agora,  apenas  quatro  das  dezoito  camas 
estavam ocupadas. Havia um enfermeiro ali que prontamente foi atende­lo. 

­ Pois não, o que deseja? 

Ele  sabia  que  não  poderia  achar  a  enfermaria  vazia,  mas  não  esperava  que  tivesse  tantas 
pessoas por lá. 

­ Gostaria de alguma coisa para dormir. Algo rápido e eficaz. 

­ Tentou os indutores de sono? 

­ Não confio nesta coisa ­ mentiu ele, nem ao menos sabia do que ele estava falando. 

­  Bem  ­  disse  o  enfermeiro  indo  em  direção  ao  sintetizador  ­  posso  pedir  algumas  pílulas 
tranqüilizantes. 

­ Prefiro algo gasoso, se possível e de efeito rápido. Sou muito ansioso, e drogas de efeito lento 
não funcionam. 

O enfermeiro voltou­se. 

­ Isso é um pedido um pouco estranho para mim. 

­  Por  favor,  se  eu  soubesse  o  nome  do  composto,  eu  mesmo  pediria  ao  sintetizador  de  meu 
quarto. 

­  Seu  não  faz  compostos  médicos.  Isso  é  para  evitar  que  alguém  venha  a  ficar  viciado  em 
drogas. 

Ele já sabia disso. 

­ Muito bem, computador, tercksona, cem miligramas. 

Uma ampola se materializou.
Trek Wars – Roberto Kiss  139  www.scriptonauta.com.br 

­  Cheire  isso ­ ele entregou a ampola a ele ­ é tiro e queda, mas o efeito dura cerca de trinta 
minutos, depois disso, se não estiver cansado, vai acordar de novo. 

­ Creio que será o suficiente. 

Saiu da enfermaria e foi depressa para o turboelevador. A essa altura, já fazia quase uma hora 
desde  que  capturara  Tirvik.  Foi  para  a  sala  de  transporte,  encontrou  uma  alferes  lá,  como  já 
esperava.  E  mais  ninguém.  Realmente,  eles  não  estavam  acostumados  a  um  estado  total  de 
guerra. 

Foi  muito  fácil,  começou  a  puxar  conversa  com  a  moça,  aparentemente  tentando  passar­lhe 
uma cantada, então, de repente, agarrou­a e a forçou a cheirar a ampola. Foi um pouco difícil, mas 
em menos de sete segundos ela estava estirada no chão. 

Cerca de trinta minutos, foi o que disse o enfermeiro. O tempo teria que ser suficiente. Olhou os 
controles  do  transporte,  eram  praticamente  idênticos  aos  da  Thunderbold.  Ótimo!  Começou  a  se 
familiarizar com os controles. Primeiro, focalizar alvo. De dentro da nave, era muito mais simples, 
pois  não  precisava  de  coordenação  com  os  sensores  externos.  Acessou  o  hangar  e  localizou  os 
seis  seguranças  que  lá  estavam.  Fixou  suas  coordenadas.  Depois,  tentou  localizar  Tirvik  no 
depósito  onde  a  deixara,  foi  fácil,  era  a  única  leitura  vulcana  de  lá.  Coordenada  fixada.  Agora, 
procurar  o  seu  objetivo  principal.  Procurou  por  todos  os  sinais  de  vida  que  não  tinham 
identificação. Apareceram as pessoas no depósito, ele mesmo na sala de transporte e mais alguns 
pontos dispersos. Isolou os da enfermaria. Tripulantes em tratamento não carregavam as insígnias 
para serem identificados. 

Achou nove pontos. O que estava no centro da nave deveria ser Lauriel. Mesmo que quisesse, 
não  poderia  transporta­la, pois os campos de força de sua cela impediriam isso. Felizmente, não 
era  ela  a  antiga  escrava de Soer. Achou o ponto que estava no seu quarto. Também fixou estas 
coordenadas. Pronto! 

Agora,  era  programar  o  transporte  e  agir  com  muita  rapidez,  com  certeza  algum  aviso  seria 
indicado de que o transporte estava sendo usado internamente. Se desse tudo certo, precisaria de 
cinco  minutos  para  fazer  tudo.  Primeiro,  uma  passagem  rápida  pela  sala  de  arsenal,  para  pegar 
algumas armas e dispositivos para imobilizar as prisioneiras que pretendia levar. Ele teria que pô­ 
las dentro dos x­wings, e não queria arriscar que pudessem manobrá­los. 

A programação estava pronta! Tudo tinha que ser perfeito. Não haveria como retroceder agora. 
Dentro de dois minutos tudo começaria. 

Lisa  acompanhava  as  leituras  de  Doller  na  tentativa  de  localizar  a  fenda.  Era  frustrante, 
nenhum sinal de nenhuma distorção no continuum. Ela queria uma folga, olhou ao redor da ponte e 
então percebeu que Tirvik ainda não tinha retornado da enfermaria. 

­ Computador, onde está a Imediato Tirvik? 

"A Imediato Tirvik se encontra na enfermaria um...” 

Estranho, ela tinha ido para a enfermaria dois. 

­ Senhora Nille, assuma a ponte. Estarei conversando com Tirvik na enfermaria um.
Trek Wars – Roberto Kiss  140  www.scriptonauta.com.br 

­ Sim Capitã. 

Pegou o turboelevador e foi para a enfermaria dois. Ao entrar, olhou ao redor e não a achou. O 
Enfermeiro que estava fazendo algumas análises levantou­se e foi atende­la. 

­ Pois não Capitã? 

­ Estou procurando Tirvik, mas acho que ela já saiu. 

­ A Comandante Tirvik? Estive aqui o dia inteiro e não a vi! 

­ Não a viu??? Computador, qual a localização da Comandante Tirvik? 

"A Imediato Tirvik se encontra na enfermaria um." 

Olhou para o enfermeiro e este demonstrava estar em evidente confusão. Começou a olhar ao 
redor, procurando pela Tirvik. 

­ Computador, com base na minha posição, onde está a Comandante Tirvik? 

"A Imediato Tirvik encontra­se a quatro metros, vinte e seis graus a sua direita." 

Olhou  na  direção  indicada  e  não  viu  nada,  exceto  um  gabinete  que  continha  amostras  de 
tecidos e colônias de bactérias sendo estudadas. Foi em direção a este e ficou parada em frente. 

­  Computador,  forneça  agora  a  posição  da  Comandante  Tirvik  com  base  em  minha  nova 
posição. 

"A Imediato Tirvik encontra­se a vinte centímetros de distância, diretamente a sua frente." 

Impossível! Não tinha nada lá! 

­ Em que altura? 

"Cento e quatro centímetros do piso." 

Cento e quatro centímetros, cerca de um metro. Levantou os vidros de amostras da prateleira 
que ficava a cerca de um metro do chão. Embaixo do quarto vidro, estava o comunicador de Tirvik. 

­  Computador,  quantifique  todos  os  que  estão  na  nave  e  não  estejam  usando  as  insígnia  de 
identificação, isole a áreas de enfermagem. 

"Foi identificada uma pessoa na área de segurança, cela doze, oito pessoas no deck sete, nos 
alojamentos 11, 12, 15, 16, 20, 29, 30 e 31, uma pessoa no deck 8, na sala de transporte, e seis 
pessoas na área de carga um." 

Sala de transporte e área de carga?
Trek Wars – Roberto Kiss  141  www.scriptonauta.com.br 

­ Quantos dos sinais são de vulcanos? 

"Apenas um." 

Era ela! 

­ Qual a localização? 

"Área de carga um." 

­ Segurança, envie uma equipe para se encontrar comigo na área de carga um, acelerado! 

Saiu da enfermaria e foi rapidamente a área de carga um. Ao chegar, aguardou a chegada da 
equipe de segurança solicitada. Cerca de vinte segundos depois, chegaram as cinco pessoas que 
compunham  a  equipe.  Realmente  o  pessoal  mais  experiente  que  tinha  na  nave agora fazia uma 
enorme diferença. 

Fez sinal para que ficassem em silêncio. Todos pegaram os phasers ­ menos ela, que não tinha 
­ e os regularam para atordoar. Aproximou­se do chefe da equipe e explicou ao seu ouvido qual a 
situação  que  a  fez  chamá­los.  Ele  indicou  que  entendeu  e  chamou  os  outros.  Um deles ficou ao 
lado dela por precaução, os outros quatro entraram na sala para verificar o que estava ocorrendo. 

­ Capitã ­ chamou o chefe da equipe após alguns minutos ­ está tudo limpo. 

Ela entrou, escoltada pelo outro segurança. Haviam apenas caixas lá dentro. 

­ Computador, quantos pessoas se encontram na área de carga um sem identificação? 

"Existem sete pessoas na área de carga um sem identificação" 

Sete? Eram oito antes. 

­ Alguma destas pessoas é vulcana? 

"Negativo, apenas sete pessoas humanas." 

A  equipe  começou  a  vasculhar  a  sala,  começaram  a  abrir  caixas,  procurando  pelas  pessoas 
que o computador indicou. 

­ “Capitã" ­ era Nille a chamando ­ "A segurança informou que a sala de transporte esta sendo 
usada, sem autorização, ninguém responde na sala, já enviei uma equipe para lá.” 

A sala de transporte estava sendo usada, e onde deveriam ter oito sinais agora tinham sete. 

­ Por acaso algo foi transportado da área de carga um? 

­ “Um momento Capitã." 

A espera era angustiante.
Trek Wars – Roberto Kiss  142  www.scriptonauta.com.br 

­  Capitã  ­  disse  um  dos  seguranças  ­  achamos  algumas  pessoas  presas  dentro  das  caixas, 
parece que foram atacadas. 

­ Enfermaria, envie uma equipe a área de carga um, imediatamente. 

­  “Capitã, realmente o transporte foi focalizado na área de carga um, aparentemente uma das 
caixas foi teleportada para o hangar." 

­ Soe o alerta geral, isole todos os decks, estou a caminho. Continue me mantendo informada. 

Saiu  correndo  e  tomou  o  turboelevador  em  direção  a  ponte,  quando  estava  a  meio  caminho, 
Nille voltou a lhe comunicar. 

­ “Capitã, os três x­wings do hangar foram teleportados para fora da nave, a distancia máxima 
de teleporte." 

­ Vá atrás deles imediatamente! 

Quando  disse  isso,  sentiu  uma  vibração,  e  o  alerta  vermelho  foi  acionado.  Chegou  a  ponte 
alguns  segundos  depois, assim que entrou viu que a tripulação estava voltando aos seus postos. 
Alguma coisa tinha acontecido. 

­ O que foi esta vibração? 

­  Parece  que  houve  uma  explosão  no  observatório  ­  respondeu  Doller  ­  como  estamos  bem 
acima dele, sentimos o impacto com muita força. 

­ Status da nave? 

­ Nenhum dano estrutural sério. 

­ Então vamos atrás deles. Agora! 

­ Eles já entraram no hiperespaço, Capitã. 

Eles tinham duas horas antes que eles estivessem fora do alcance. Como foram três x­wings, 
três pessoas deviam estar faltando na nave. 

­ Acompanhe­os com os sensores. Segurança, quero que localizem todo o pessoal e me digam 
quem  está  faltando.  Senhor  Doller,  verifique  os  registros  e  me  descubra  o  que  foi  teleportado. 
Equipe de reparos, siga para o observatório e me informem dos estragos. 

Ela queria todas as informações possíveis antes de partir atrás deles. 

­ Abra um canal para a Thunderbold. 

Jevlack  apareceu  na  tela  alguns  segundos  depois.  Ela  ficou  surpresa,  estavam  em  alerta 
vermelho. 

­ Capitão?! ­ começou ela.
Trek Wars – Roberto Kiss  143  www.scriptonauta.com.br 

­  Capitã  Donner,  lamento,  mas  estou  com  problemas,  e  pelo  que  estou  vendo  você  também 
deve  estar.  Bom,  você  agora  tem  uma  tripulação  plenamente  confiável.  Terá  que resolver o seu 
problema  sozinha,  como  todo  Capitão  tem  de  fazer.  Chamarei  depois,  se  Thunderbold  ainda 
existir. 

A tela se apagou. Se a Thunderbold ainda existir? 

­ Senhor Doller, já tem algo? 

­  Sim  Capitã,  primeiro  foi  teleportado  uma  pessoa  da  sala  de  transportes  para  a  sala  da 
segurança,  mais  precisamente o depósito, vinte segundos depois, essa pessoa foi teleportada de 
volta. Depois disso houve o teleporte de uma caixa da área de carga para o hangar, imediatamente 
após  os seguranças de lá foram levados para a sala de transporte. A pessoa que aparentemente 
estava  nos  controles  se  teleportou  para  o  hangar.  Logo  depois  houve  o  teleporte  de  alguém  dos 
aposentos do Comandante rebelde Bernard. U m minuto depois os x­wings foram teleportados. A 
explosão ocorreu quatro segundos depois. 

­ “Capitã, aqui é da equipe de reparos, os danos no observatório foram mínimos, os escudos de 
contenção  mantiveram  a  pressurização  da  sala.  Houve  apenas  um  rompimento  no  casco  com 
cerca de vinte centímetros." 

­ Pode reparar em velocidade de dobra? 

­ “Sem problemas." 

­ Então, execute, Equipe de segurança, já tem alguma posição? 

­  “Por  enquanto,  sabemos  que  estão  desaparecidos  dois  pilotos  rebeldes  e  a  Comandante 
Tirvik." 

Três pessoas e três x­wing. Era evidente aonde estas pessoas estavam. 

­ Quais são os pilotos rebeldes? 

­ “Comandante Bernard e Comandante Ígnea." 

­ Prossiga com a procura, me informe quando terminar. 

O teleporte foi focalizado nos aposentos de Bernard. Também houve teleportes para o depósito 
de armas da segurança. 

­  Chefe  de  segurança,  faça  um  inventário  total  dos  seus  equipamentos,  quero  saber  se  algo 
esta faltando. 

­ “Entendido Capitã." 

Com certeza, alguma arma estava faltando. 

­  Capitã,  a  equipe  que  foi  até  a  sala  de  transporte  informou  que  foram  encontrados  os 
seguranças que estavam de guarda no hangar, todos desacordados. 

­ Doller, mostre a gravação do que ocorreu no hangar durante os teleportes.
Trek Wars – Roberto Kiss  144  www.scriptonauta.com.br 

Ele acionou alguns comandos no seu console. 

­ Pronto Capitã. 

Na  tela,  apareceu  a  imagem  do  hangar,  via­se  os  seus  seguranças.  Se  moviam  um  pouco  e 
alguns estavam conversando entre si. Algo foi teleportado para lá. Assim que notaram isso, todos 
eles ficaram alertas e sacaram suas armas, apontando em direção a caixa que acabara de chegar. 
Momentos  depois  os  seis  foram  teleportados  de  lá.  Durante  alguns  segundos  nada  aconteceu. 
Então,  houve  outro  teleporte,  era  Bernard.  Estava  com  uma  phaser  de  mão  na  mão  direito  e 
carregava algo na esquerda. 

­ Amplie a imagem ­ pediu. 

A  imagem  foi  ampliada,  agora  podia  ver  o  que  tinha  na  mão  esquerda,  eram  algemas, 
provavelmente roubadas do depósito da segurança. Novo teleporte. Era Ígnea. Ela olhou surpresa 
ao  redor,  e  antes  de  perceber  que  Bernard  estava  lá,  este  a  atingiu com um tiro, provavelmente 
regulado para atordoar. Isso a deixou surpresa. 

­ Congele a imagem. 

A imagem ficou congelada na tela. 

­ Doller este teleporte foi o que ocorreu do aposento de Bernard? 

­ Sim Capitã, foi o penúltimo teleporte. 

­ Prossiga com a gravação. 

A imagem voltou a se animar. Bernard pegou as algemas e prendeu nos pulsos e tornozelos de 
Ígnea, depois a carregou até um dos x­wing. A pôs lá dentro e aparentemente programou algo no 
painel.  A  carlinga  se  fechou  após  isso  e  os  motores  foram  acionados.  Depois  ele  correu  para  a 
caixa, abriu­a e pegou as outras algemas, colocando­as em alguém que estava lá dentro. Lisa já 
imaginava quem seria. 

Ele tirou a pessoa de lá, pelo ângulo da imagem, não dava para ver quem era. A carregou para 
outro  x­wing  e  aparentemente  fez  a  mesma  programação  que  tinha  feito  no  ultimo.  Quando  se 
afastou,  Lisa  pode  ver  quem  era  a  segunda  pessoa,  era Tirvik. Depois ele correu para o terceiro 
caça. Dez segundos depois, as três naves foram teleportadas. 

­  É  o  bastante,  seqüestraram  um  dos  nossos,  e  também  levaram  armas.  Segurança,  quero 
todos  os  pilotos  rebeldes  confinados  aos  seus  alojamentos.  Senhora  Nille,  vamos  atrás  deles, 
dobra máxima. 

­ Sim Capitã. 

Bernard  seqüestrou  Ígnea  e  Tirvik.  Naquele  instante,  veio  a  sua  mente  a  lembrança  do  que 
tinha acontecido a Exceler, de como foi sabotada. Então Bernard provavelmente era o sabotador. 
Ele  deixou  a  Exceler  dizendo  que  tinha  de  resolver  um  problema  particular.  E  não  foi  pego  na 
explosão  da  estação  porque,  coincidentemente,  estava  fazendo  a  sua  última  patrulha.  Tudo  se 
encaixava  agora.  A  estação  foi  destruída  apenas  para  que  houvesse  um  pretexto  para  que 
pudesse ficar com eles. Mas porque seqüestrar Ígnea também? Teria algo a ver com ela ter pedido 
asilo?
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Capítulo 16 

"Diário  de  Bordo,  suplemento,  Depois  de  dezoito  horas  seguindo  o  sinal  de  socorro  que 
captamos, finalmente os nossos sensores detectaram a nave que provavelmente os está enviando. 
Aparentemente  é  da  classe  constitution,  porém  parece  ser  da  série  antiga,  de  antes  da 
reformulação." 

Matias  foi  deixado  no  comando,  enquanto  Jevlack  e  Terak  conversavam  no  gabinete  do 
Capitão  sobre  os  dados  obtidos  pelos  sensores.  Havia  algo  preocupante,  a  cerca  de  quinze 
minutos dali, em dobra 3, foi captada uma frota de naves, e não se sabia se eram rebeldes ou não. 

Pela  tela,  ele  via  que  a  nave  sem  dúvida  era  da  federação,  porém  era  incapaz  de  imaginar 
como  uma  nave  classe  constitution,  antiga,  poderia  ter  ido  parar  lá.  Bem,  em  cinco  minutos  a 
alcançariam  e  poderiam  analisa­la  completamente.  Mas  já  havia  quase  que  uma  certeza,  como 
não  houve  resposta  as  suas  comunicações,  e  o  sinal  estava  apenas  no  automático,  dificilmente 
haveria  alguém  vivo  nela.  Especialmente  porque  com  certeza  a  nave  deveria  ter  mais  de  cem 
anos. 

­ Comandante, captei flutuações esporádicas de energia a cerca de dois quilômetros da nave ­ 
informou Diana. 

Flutuações? 

­ De que tipo? ­ perguntou. 

­ Poderiam ser oscilações de um gerador, no entanto, os sensores não captam mais nada no 
momento. 

­ Alguma outra causa? 

­ Negativo. 

Interessante, e preocupante também. 

­ Alguma outra leitura da nave? 

­ Nenhuma, está flutuando a deriva e aparentemente não possui danos estruturais. 

Ele  gostaria  de  saber  o  que  Jevlack  faria  com  a  nave.  Pessoalmente  achava  que  deviam 
resgata­la, mas tinham um problema: Não tinham pessoal suficiente para opera­la, teriam que faze­ 
lo através do controle de dominação. Acontece que mesmo que soubessem que nave era aquela, 
não estavam ao alcance da Federação para obter os códigos necessários. Teriam que ir a bordo e 
tentar descobrir. Isso se o computador de bordo pudesse ser posto em operação novamente. 

Mas  seria  muito  arriscado.  Eles  estavam  em  uma situação extremamente delicada. Perdidos 


em outra galáxia, sem uma maneira ainda segura de retorno, e na corda bamba na fútil tentativa de 
não  violar  a  Primeira  Diretriz.  Fútil  porque  se continuassem por lá, seria impossível faze­lo. Pois 
toda vez que se defendessem contra um dos lados, o outro seria beneficiado. 

Ainda  havia  a  questão  de  impedi­los  de  obter  a  tecnologia  deles,  não  propriamente  porque 
representaria uma vantagem estratégica importante, mas sim porque isso poderia causar um novo 
rompimento no continuum, que teria conseqüências também para a galáxia deles.
Trek Wars – Roberto Kiss  146  www.scriptonauta.com.br 

Pelo que já tinha observado de Jevlack, este faria qualquer coisa para evitar isso, mesmo que 
implicasse em uma aliança com um dos lados, ou seja, violação intencional, e evitável, da Primeira 
Diretriz. 

­ Comandante, saímos da velocidade de dobra. 

­ Mantenha­nos a um quilômetro da nave. Diana, use o raio trator para estabiliza­la, e tentem 
descobrir qualquer indicação de que nave é esta. 

­ Sim, Comandante. 

­ Capitão, chegamos ao destino ­ disse pelo seu comunicador. 

"­ Comece com as análises, quero esta nave estudada centímetro por centímetro. Até a analise 
total não quero ninguém sugerindo aborda­la." 

­ Sim senhor. 

­  Comandante  ­  chamou  Diana  ­  consegui  o  número  de  registro,  NCC­1717.  Segundo  os 
nossos  bancos  de  dados  é  a  USS  Defiant,  desaparecida  na  fronteira  do  espaço  Tholiano  há 
setenta e dois anos. 

­ O que temos de sua arquitetura interna? 

­ Ao que tudo indica, está exatamente idêntico aos nossos esquemas desta classe de nave. No 
entanto,  parece  haver  algumas  diferenças  em  seus  dispositivos. Seus geradores de escudos são 
maiores,  e  de  configuração  diferenciada  do  padrão.  Também  os  emissores  de  phasers  parecem 
diferentes.  Estou  captando  também  centenas  de  cápsulas  de  torpedos  fotônicos  a  bordo,  todos 
inativos. Os cristais dilítio da engenharia estão deteriorados. Existe apenas uma pequena fonte de 
energia, na ponte. Deve ser o que permitiu a emissão do sinal de socorro. 

Depois de setenta anos sem operação, não seria de se surpreender. 

­ Mais alguma coisa? 

­ Sim, não estou captando nenhum resto mortal dos tripulantes. Segundo os últimos registros 
que temos da nave, sua tripulação morreu vítima de algo que os fez enlouquecerem e se atacarem 
mutuamente. Se a nave ficou a deriva por todo este tempo, os corpos ainda deviam estar lá. 

­ Não poderiam ter sido eliminados pelo sistema auto ­ limpante? 

­ Negativo, esta nave não possuía este recurso. 

Um belo mistério tinham nas mãos. Uma nave que desapareceu há setenta anos aparece em 
uma galáxia do outro lado do universo. Espere um pouco... 

­ Diana, disse que a nave desapareceu no espaço Tholiano. Desapareceu como? 

­ Segundo o diário de bordo da Enterprise, ela desapareceu em uma fenda dimensional.
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­ Outra fenda – começou a falar alto – Bem, parece que não somos os primeiros a chegar aqui. 

Chamou o Capitão, não havia mais o que fazer a não ser deixar a decisão ao cargo dele. 

De sua visão privilegiada, Quattroni observava a Thunderbold. Nos últimos dias, havia recebido 
mais  informações  sobre  os  estrangeiros.  Podiam  transportar  objetos  e  pessoas  a  distâncias 
imensas,  não  tinham  caças,  mesmo  porque  suas  armas tinham  poder  suficiente  para  devastar  a 
superfície de um planeta. E também não tinham nenhuma disposição em compartilhar a tecnologia 
deles. O porque ainda não tinham descoberto, ou melhor, não quiseram lhe contar. 

Sua  nave  estava  camuflada,  e,  conectada  a  ela,  estava  o  míssil  que  esperava  que  pudesse 
impedi­los  de  fugir.  A  questão  era:  Como  saber  a  hora  exata  de  lança­lo?  Eles  não  iriam  enviar 
nenhuma  nave  para  abordar a outra, iriam se transportar diretamente. Não precisavam de janela 
para o hiperespaço, já que podiam manobrar a nave neste. Só podia torcer para que as luzes da 
nave se acendessem quando eles recuperassem a energia desta. Isto é, se a recuperassem. 

Repassou mais uma vez o seu plano mentalmente. Tinha droides inquisidores e mouse droides 
ocultos e desabilitados dentro da nave, para que não pudessem ser localizados. Seriam acionados 
assim  que  detectassem  um  fluxo  de  energia  desta.  A  missão  dos  inquisidores  seria 
temporariamente atrasar e capturar as pessoas enviadas para ela. Os mouse droides iriam tentar 
registrar o que foi modificado na nave, para que no caso de não conseguirem sucesso em captura­ 
la ou qualquer tripulante que lá estivesse. 

Tinham  dados  suficientes  para  duplicar  cada  detalhe  da  nave,  mas  precisavam  saber  qual  a 
fonte de energia. Suspeitava­se de anti matéria, mas não sabiam como manipula­la. Era isso que 
precisavam descobrir. 

Segundo analise dos cientistas do império, aqueles dois nacelas geravam um poderoso campo 
energético,  que  poderia  muito  bem  reduzir  a  massa  da  nave,  o  que  talvez  possibilitasse  a  sua 
movimentação  em velocidades muito superiores as deles. Quanto a ser capaz de detectar naves 
no  hiperespaço,  nada  conclusivo  foi  descoberto.  Apenas  que  havia  um  sistema  de  captação  de 
takions que podia ser usado como sensor. 

Seu único objetivo era descobrir como aquelas naves se movimentavam. Se aqueles nacelas 
tinham algo a ver com isso, e era o que os cientistas acreditavam, a única forma de descobrir era 
permitindo que eles ativassem a nave. 

Acionou os jatos de manobras de forma que fosse impulsionado em direção a Defiant, queria 
ficar  o  mais  próximo possível. Até o momento, seu dispositivo de camuflagem havia funcionado, 
mas  ele  temia  que  captassem  a  energia  que  estava  usando  para  mantê­lo.  Sua  frota  estava  a 
cerca  de  quinze  minutos  de  distância,  e,  com  certeza,  fora  captada  pela  Thunderbold.  Se  eles 
tentassem  rebocar  a  nave  de  lá,  o  míssil  deveria  detê­los  por  quase  uma  hora,  tempo  suficiente 
para  que  sua  frota  chegasse  e  tentasse  cerca­los.  O  problema  era  se  teriam  poder  de  fogo 
suficiente  para  isso.  Segundo  dados  fornecidos,  suas  armas  haviam  demonstrado  que  podiam 
destruir um caça com um único disparo. 

Portanto,  qualquer  ataque teria que ser rápido e decisivo, a Storm deveria ter capacidade de 


fogo suficiente para conter a Thunderbold enquanto seus homens tentariam abordar a Defiant. E, 
quando conseguissem usariam as armas desta para poder enfrenta­los. 

Se a tomassem.
Trek Wars – Roberto Kiss  148  www.scriptonauta.com.br 

Seus  homens  deveriam  estar  de  prontidão.  O  silêncio  do  rádio  seria  quebrado  apenas  para 
chamá­los. Tinha que esperar agora. Poderia ter posto Blinder em seu lugar, mas preferiu faze­lo 
pessoalmente porque, se falhasse, nada mais daria certo. Se o míssil não fosse disparado na hora 
certa, ou se ele não funcionasse, nada mais seria preciso ser feito. Portanto, nada mais justo que, 
se fosse para ser condenado, que ele fosse o responsável. 

Estava  muito  próximo  agora,  cerca  de  trinta  metros  da  ponte  da  nave.  Acionou  os  jatos 
novamente  para  estabilizar  a  sua  posição. Súbito, a sua nave oscilou e começou a vibrar. Devia 
estar sofrendo os efeitos de um raio trator. Usou os jatos novamente para se afastar um pouco, a 
oscilação parou. Acionou um filtro espectroscópico e viu na sua tela que a Thunderbold estava com 
um raio trator focalizado na outra nave. Nem tinha imaginado que fariam isso. Repreendeu­se por 
seu  erro,  mas  agora  já  era  demasiado  tarde.  Manobrou  a  sua  nave de forma que a Thunderbold 
ficasse na mira do míssil. Só precisaria agora aciona­lo e rezar para que não pudessem detê­lo em 
menos de dois segundos, que seria o tempo necessário para atingi­la. 

Nada  mais  podia  fazer  agora,  acionou  o  seus  sensores  e  começou  a  fazer  sondagens 
passivas, apenas captando as emissões dos sensores da Thunderbold. Através deles, começou a 
perceber dados das naves que não tinha imaginado antes, como por exemplo um poderoso campo 
duplo  de  energia  rodeando  a  Thunderbold.  Aparentemente,  esses  campos  eram  gerados  pelas 
nacelas  da  nave. Interessante... Os escudos deles estavam abaixados. Se ele estivesse no lugar 
deles, não os deixaria assim. 

Uma grande varredura foi focalizada na sua nave, ficou suando frio. Eles deviam ter captado 
alguma coisa e estavam tentando descobrir o que era. Olhou para o seu painel, viu que agora os 
escudos se ergueram. Foram vários minutos de angústia, até que a sondagem terminasse. 

Jevlack  consultava  em  seu  gabinete  os  dados  levantados  pelos  sensores.  A  nave  estava 
intacta,  sem  nenhum  dano  detectado.  Sua  energia  estava  esgotada,  restando  apenas  um  ínfimo 
sendo usado pelo sinal automático. E estava totalmente vazia. Nenhum corpo foi localizado pelos 
sensores. 

Onde estavam os corpos? Se alguém os retirou, porque não ficou com a nave? Talvez o que 
tivesse  deixado  os  tripulantes  loucos  ainda  estivesse  agindo  na  nave.  Só  que  os  sensores  não 
captaram  nada.  Só  poderia  ter  alguma  resposta  enviando  um  grupo  avançado,  mas  não  estava 
disposto a isso. 

Não podia deixar aquela nave ali, dando sopa para que alguém a encontrasse e pusesse por 
terra  todo  o  esforço  que  estava  tendo  em  não  permitir  que  os  habitantes  daquela  galáxia 
acessassem  a  tecnologia  da  Federação.  Mas  também  não  poderia  ceder  parte  de  sua  tripulação 
para opera­la. 

Não há muito o que fazer – pensou. 

Levantou­se  e  foi  até  a  ponte,  Matias  reassumiu  sua  posição.  Terak  insistiu  em  enviar  um 
grupo avançado a nave, para reativa­la e leva­la de volta. Ele não tinha interesse nisso, não havia 
como convencer os Tholianos de que aquela era a nave que causou um incidente que perdura até 
a atualidade. Para todos os efeitos estava perdida, e ele preferia que ela continuasse assim. 

­  Senhor  Matias,  posicionar  para  ataque  total,  alferes  Diana,  energizar  phasers  e  travar  na 
Defiant. 

­ Capitão – chamou Terak – devo protestar sobre essa decisão.
Trek Wars – Roberto Kiss  149  www.scriptonauta.com.br 

­ Protesto anotado. 

­ Armas prontas Capitão. 

­ Capitão – insistiu Terak – posso ao menos saber o porque? 

Olhou para ele, seu rosto estava sério e com pouca paciência. 

­  Não  vou  arriscar  a  ficar  com  menos  tripulantes  na  situação  que  estamos,  e  não  vou  ficar 
rebocando  esta  nave  por  aí,  pois  se  tivermos  um  outro  encontro  com  Imperiais  ou  Rebeldes 
dificilmente poderemos mantê­la. Esta nave está desaparecida há setenta anos, e no que tange a 
mim, continuará assim. 

­  Mesmo  destruindo  a  nave,  restarão  destroços  que  poderão  ser  analisados.  Ela  está  sem 
energia, portanto não explodirá. A grande maioria de destroços conterão componentes intactos. 

Olhou  para  a  tela  em  silêncio,  ponderando  sobre  o  que  Terak  disse.  Queria  destruir  a  nave 
para  que  não  houvesse  chance  de  alguém  obter  a  tecnologia,  mas  os  destroços  realmente 
poderiam ser analisados. 

­ Alferes Diana, cancelar ordem. 

­ Sim Capitão. 

As armas foram desligadas. 

­  Muito  bem  Terak,  concordo  em  parte  com  você.  Diana,  forme um grupo com o engenheiro 
Anderson  e  explore  a  nave,  verifique  se  pode  reativa­la  em  quatro  horas.  –  olhou  para  Terak  – 
Independente  de  ser  possível  resgatar  os  diários  ou  não,  ou  de  ela  ficar  operacional, eu a quero 
rebocada para a estrela mais próxima e lançada nesta. Matias, a ponte é sua. 

Levantou­se e dirigiu­se ao turboelevador. 

­ Capitão, permissão para integrar o grupo avançado – pediu Terak. 

­  Negada!  Quero  você  tentando  descobrir  o  que  foram  aquelas  emissões  de  energia  que 
captamos se movendo próximo a nave. 

­ Sim senhor. 

Foi  até  os seus aposentos e deitou­se na cama. Este novo incidente o incomodou muito. Ele 


não sabia o que tinha acontecido com aquela nave. Mas a situação era estranha demais para ficar 
perdendo  tempo  ali.  Uma  nave  antiga  cujo  desaparecimento  causou  um  incidente  interestelar 
localizada em uma galáxia no outro lado do Universo, totalmente intacta. Com uma frota a cerca de 
quinze  minutos  de  distância,  e  com  estranhas  flutuações  de  energia  próximas.  Aquilo  estava 
errado! Não se encaixava, não se justificava. 

Farejava  armadilha,  mas  não  tinha  muita  escolha.  Uma  vez  que  destruí­la  com  as  armas 
estava fora de questão, não poderia evitar de enviar um grupo a bordo para pelo menos recuperar 
os diários, antes de lança­la em uma estrela, como planejara. Se retornassem, o comando da frota 
iria  querer  esses  registros.  Se  não  os  levasse,  fariam  muitas  perguntas,  e  só tinha o seu instinto 
para responde­las.
Trek Wars – Roberto Kiss  150  www.scriptonauta.com.br 

Se  pudessem  reativa­la  no  prazo  estipulado,  usariam  o  seu  controle  de  dominação  para 
arremessa­la em uma estrela, se não, a rebocariam para esse mesmo fim. 

Diana vestiu o traje espacial e testou as botas magnéticas. Com exceção do sinal automático, 
nada  mais  funcionava,  nem suporte de vida, e nem gravidade artificial. Foi até a sua posição na 
sala de transporte ao lado de Anderson e de mais quatro tripulantes. Apareceu na engenharia da 
Defiant. Como a nave estava totalmente inoperante, seria difícil se movimentarem por ela sem os 
turboelevadores, assim deveriam restaurar energia suficiente para aciona­los. 

Estava  tudo  escuro.  Acionaram  as  lanternas  e  dividiu­se  em  dois  grupos,  Anderson  foi  até  o 
console principal e ela seguiu para o reator. Segundo as leituras do tricorder, tudo aparentava estar 
em  boas  condições  para  uso  imediato.  A  atmosfera  estranhamente  estava  respirável.  Os  outros 
foram investigar o deck em que estavam. Anderson abriu o painel e conectou uma unidade portátil 
de  energia  no  local  apropriado.  As  luzes  da  sala  se  acenderam,  permitindo  uma  melhor  visão. 
Tecnicamente, os controles eram iguais a da Starfleet, tinham apenas uma configuração diferente 
–  e  muito  mais  espaçosa.  Não  eram  consoles  digitalizados,  o  que  talvez  explicasse  a  pouca 
deterioração captada. 

­ Senhor Anderson, o que acha? 

Ele estava fazendo uma análise dos sistemas. 

­ Bem, precisamos de cristais dilítio. Com isso podemos acionar a energia auxiliar em alguns 
minutos, reativando o suporte de vida e a gravidade artificial. 

Ele abriu o estojo que trouxe e retirou os cristais que trouxera. Foi em direção ao controle do 
reator,  abriu  os  painéis  e  começou  a  retirar  os  cristais  esgotados  e  substituí­los  pelos  novos. 
Estava usando um polidor phaser para deixa­los em uma forma mais compatível com os sistemas 
mais antigos da nave. Naquela época, o formato padrão dos cristais eram bem diferentes. 

Enquanto  isso,  Diana  aproveitava  a  energia  que  a  sala  possuía  e  tentava  obter  algumas 
informações técnicas sobre a nave. Os sistemas eram duotrônicos, como o esperado. A última data 
estelar registrada nos registros da engenharia eram de cinqüenta anos atrás. Quando a energia se 
esgotou totalmente. 

­ Voilá! – exclamou Anderson. 

O  reator  começou  a  operar,  e  os  suportes  de  vida  e  gravidade  artificial  começaram  a  se 
reativar automaticamente. O sinal de alerta vermelho começou a piscar. O que era muito estranho. 
Segundo  os  registros,  a  tripulação  foi  vítima  de  uma  doença,  e  não  sofreu  nenhum  ataque.  Ela 
subitamente  sentiu  o  peso  do  corpo  nos  pés.  Fez  uma  análise  da  atmosfera  e  confirmou  que 
estava respirável. 

­ Atenção todos – disse pelo comunicador – o suporte de vida está funcionando, podem retirar 
os seus trajes. 

­“Alferes Diana?" – era a voz de Terak. 

­ Sim Comandante – respondeu. 

­  “Nossos sensores detectaram que a energia auxiliar foi reativada, algum prognóstico para a 
recuperação da principal?"
Trek Wars – Roberto Kiss  151  www.scriptonauta.com.br 

­ Você dá um braço e já querem a perna – resmungou Anderson – uns cinco minutos, já posso 
inclusive  pré­aquecer  os  motores  de  dobra.  Na  verdade,  estou  estranhando  um  pouco  as 
condições dos sistemas, parece que andaram sofrendo alguma espécie de manutenção. 

­ “Entendido, perdoe­me por apressa­lo." 

Anderson seguiu para o painel de controle de fusão e começou a ativar o reator principal. 

­ Diana, pode satisfazer uma curiosidade? 

­ Pois não? 

­ Bem, o Capitão é humano mas tem nome vulcano, você é vulcana mas tem o nome humano, 
porquê? 

­ Quando minha mãe estava para me conceber, houve complicações no parto, uma humana a 
ajudou, salvando minha vida e a da minha mãe. O nome dela era Diana. 

Ele a observou de uma forma estranha. 

­ Me parece algo meio sentimental. 

­ Na verdade, é plenamente lógico. Eles estavam na Terra quando isso ocorreu, e já tinham se 
decidido a me dar um nome terrestre, só não tinham decidido qual. 

­ Deixe para lá. 

­ Irei para a ponte, para tentar acessar os diários de bordo. 

­ Divirta­se, o computador principal estará operacional em alguns minutos. 

­ Sou uma vulcana, não tenho necessidade de me divertir. 

Ele olhou irritado para ela. 

­ Eu só fiz um comentário 

­ Eu também. 

Foi  até  o  turboelevador  e  seguiu  para  a  ponte.  Era  peculiar  estar  um  uma  nave  estelar 
totalmente  vazia.  Ao  chegar,  fez  um  diagnóstico  nos  sistemas,  todos  estavam  começando  a  se 
ativar,  sensores,  leme,  motores  de  impulso,  a  nave iria ficar totalmente operacional em breve. E 
aquilo  era  estranho.  Assim  como  eles,  aquela  nave  também  deveria  ter  sofrido  a  destruição  de 
seus circuitos quando atravessou a fenda. Como estava tudo funcionando, estes circuitos deveriam 
ter sido reparados, o que indicava que a alguém esteve na nave. Ou então, que ao contrário dos 
registros, houve sobreviventes entre os tripulantes. Se foi isso, onde eles estavam agora? 

­ Computador? 

Nenhuma  resposta,  ainda  não  estava  operacional.  Foi  até  a  cadeira  do  Capitão  e  tentou 
acessar  os  registros  de  diário  de  bordo,  mas  seu  acesso  foi  recusado.  Claro,  os  sistemas  não 
tinham informação de quem ela era e muito menos se estava autorizada a ver estes registros. O
Trek Wars – Roberto Kiss  152  www.scriptonauta.com.br 

computador  principal  teria  de  ser  restaurado,  obter  dados  da  Thunderbold  e  só  então  os  diários 
ficariam  disponíveis.Aproveitou  e  desligou  o  alerta  vermelho.  Ainda  era  um  comando  totalmente 
manual nesta época. 

No  painel  de  controle  de  armas,  acionou  a  tela  para  obter  uma  visão  externa.  Viu  a 
Thunderbold. Ergueu as sobrancelhas, a imagem estava sofrendo alguma espécie de deformação. 
Fez um diagnóstico e os sistemas indicaram que estava tudo correto. Mas não era o que a imagem 
apresentava.  Parecia  que  algo  translúcido  estava  entre  eles  e  a  Thunderbold.  Provavelmente, 
devido ao tempo em que ficara inoperante, o sistema deveria estar com algum desgaste. 

Diana nunca tinha visto uma ave de rapina camuflada antes, se tivesse desconfiaria de que a 
distorção poderia ser causada por alguma nave neste estado. 

­ “Diana, o computador está operacional." 

­ Obrigada senhor Anderson. Computador pode detectar a nave próxima? 

"Afirmativo" 

­ Entre em contato com o computador desta nave e atualize os seus bancos de dados. 

"Aguarde...  O  computador  da  Thunderbold  foi  confirmado  como  sendo  da  federação.  A 
quantidade de dados a ser atualizada irá levar duas horas e dezessete minutos." 

Bem  abaixo  do  limite  de  quatro  horas.  No  painel  do  navegador,  viu  que  o  reator  já  estava 
operando e que em menos de dez minutos os motores de dobra poderiam ser acionados. 

­ “Emergenc.....ahhhhhhhhh!" 

Era alguém gritando no comunicador. 

­ Grupo avançado, reporte. 

Nenhuma resposta. 

­ Engenheiro Anderson, por favor responda. 

Nada. 

­ “Alferes Diana, a frota que captamos anteriormente está se movimentando em nossa direção, 
vamos teleportá­los imedi....." 

A  transmissão  foi  interrompida,  olhando  pela  tela,  viu  que  a  Thunderbold  estava  sendo 
envolvida por um campo de energia amarelado, e onde antes via uma distorção na imagem, estava 
uma nave. Pegou o seu phaser e certificou­se de que estava regulado para tonteio. 

Jevlack chegou a ponte tentando manter o equilíbrio, parecia que todos os sistemas da nave 
ficaram loucos, incluindo a gravidade artificial. O alerta vermelho estava acionado. 

­ Mas que diabos aconteceu?
Trek Wars – Roberto Kiss  153  www.scriptonauta.com.br 

­  Uma  nave  descamuflou  e  lançou  uma espécie de míssil em nós – respondeu Terak de seu 


console – a explosão liberou uma série de campos energéticos que estão interferindo com grande 
intensidade em nossos campos de dobra, e isto está causando interferência em todos os sistemas. 
Os sensores de longo alcance estão inúteis, agora. 

­ Se expandirmos nossos escudos, estes campos energéticos parariam de nos afetar? 

­ Talvez. 

­ Então faça. 

­ Sim senhor. 

A oscilação parou, mas os sistemas continuavam a apresentar problemas. 

­ Capitão, não podemos expandir mais os escudos, pois iriam atingir a Defiant. E também creio 
que seria inútil, pois os campos de dobra continuam sem poder se estabilizar. 

Droga! 

­ Desligar motores de dobra, totalmente. 

­ Capitão, devo lembra­lo de que se fizermos isso, precisaremos de vinte minutos até aquece­ 
los nov... 

­ Que diferença fará em nossa situação? – cortou ele – execute. 

­ Sim senhor. 

As luzes de alerta dos painéis pararam de piscar. Mas os sistemas ainda apresentavam muitos 
problemas. 

­ Os sistemas ainda estão tentando desviar a retroalimentação que sofreram – informou Terak 
– Teremos que reinicializar todos para que fiquem operacionais de novo. 

­ Quanto tempo? 

­ Cerca de vinte minutos. Controles parciais em dez. 

Vinte  minutos  esperando  que  os  sistemas  voltassem  a  operar,  e  sem  prognóstico de quando 
poderiam acionar os motores de dobra. Isto, se pudessem aciona­los novamente. 

­ Capitão? 

­ Execute – bufou. 

Tudo foi desligado, com exceção do controle de gravidade. A nave inteira ficou as escuras, e 
ficaria assim por mais dez minutos, pois, como o alerta vermelho estava acionado, as luzes seriam 
a  última  coisa  a  ser  reativada.  Sentou­se  na  cadeira  e  cruzou  os  braços.  Não  havia  nada  que 
pudesse  fazer,  exceto  esperar.  O  problema  era  que  não  tinham  mais  capacidade  de  dobra,  ao 
menos por enquanto.
Trek Wars – Roberto Kiss  154  www.scriptonauta.com.br 

­ Aquela frota que captamos estava vindo em nossa direção quando fomos atingidos. 

­ Uma armadilha – murmurou. 

­ Provavelmente. O senhor estava certo em querer destruir a nave. 

­ Diga isso na minha corte marcial. 

Terak  olhou  surpreso  para  ele,  não  entendeu  o  seu  comentário.  Mas  quando  os  sistemas 
voltassem  a  operar,  entenderia.  Lentamente,  escudos,  armas,  sensores,  transportes  e  todos  os 
demais  sistemas  começaram  a  se  ativar.  Foram  dez  minutos  muito  longos,  mas  agora  estavam 
30% operacionais. 

­ Sistemas operacionais, senhor. A nave que disparou contra nós está se escondendo atrás da 
Defiant.  Os  campos  energéticos  ainda  estão  ativos,  mas  estão  se  dissipando.  Enquanto  esta 
situação  se  manter,  não  poderemos  reativar  os  motores  de  dobra,  e  nem  usar  os  sensores  de 
longo  alcance.  Os  de  curto  alcance  também  estão  sofrendo  interferência,  mas  podemos 
compensar. Os escudos estão com retração máxima para aumentar a sua eficiência. 

­ Energizar todas as armas, travar na Defiant. 

­ Senhor, o grupo avançado ainda está lá! – disse Matias. 

­ É uma ordem. 

­ Si m senhor. 

A  ponte ficou silenciosa como em um enterro. ­ Capitão, os escudos da Defiant estão ativos, 
e... Não pode ser... 

­ O que foi? 

­ São duas vezes mais poderosos que os nossos. 

Uma nave de setenta anos com escudos mais poderosos que os deles? 

­ Não poderemos destruí­la antes que aquelas naves cheguem. 

­  Capitão,  segundo  minha  análise,  os  escudos  da nave possuem características semelhantes 


as  das  naves  imperiais  que  detectamos  antes.  Parecem  uma  fusão  entre  os  nossos  e  os  deles. 
Nossas  phasers  estão  apenas  com  40%  de  força,  levaremos  dezoito  minutos  para  vencer  seus 
escudos, a menos que esperemos pela capacidade total. 

Jevlack ficou olhando para a tela, observando a nave. 

­ Capitão? – chamou Terak. 

O que aconteceria se houvesse uma fusão destas tecnologias? 

­ Capitão?
Trek Wars – Roberto Kiss  155  www.scriptonauta.com.br 

Uma nave perdida em uma área vazia de uma galáxia totalmente mapeada, muito conveniente. 

­ Capitão, o senhor está bem? 

Gork quer dizer "vazio". 

­ Capitão? 

Uma nave antiga localizada em uma galáxia no outro lado do Universo, totalmente intacta. 

­ Capitão? 

Totalmente intacta. 

­ Capitão, suas ordens. 

Intacta. 

­ Capitão, devemos disparar? 

Um belo estratagema, acionar um sinal de socorro esperando que fossem investigar, e, depois, 
aguardar a ativação da nave. 

­ Fogo contínuo até segunda ordem! 

Todos os phasers foram disparados contra a Defiant, causando um forte impacto nesta, porém, 
seus  escudos  resistiam,  eles  não  só  eram  mais  poderosos,  mas  tinham  uma  capacidade  de 
dissipação de calor muito mais eficiente. Terak estava certo, no momento não tinham como destruir 
a nave, e a trava de torpedos fotônicos ainda estava inoperante. 

­ Senhor, estou captando algo... 

Houve  um  impacto  violento  que  jogou  todos  da  ponte  para  o  chão,  alguns  alertas  de  falha 
estrutural foram acionados. Outros impactos, menores, eram sentidos agora. 

­  Senhor  –  disse River, que estava substituindo Diana – fomos abalroados por uma nave, no 
lado  inferior  da  seção  disco.  –  fez  alguns  acessos  rápidos  no  banco  de  dados  –  é  um  corvete 
modificado. Existem doze deles ao nosso redor, e estão nos atacando. Nossos escudos ainda não 
estão com força total, não suportarão por mais de quinze minutos. 

As  naves  que  estavam  vindo  chegaram.  E  estavam  todas  começando  a  ataca­los.  Ficou 
pensando no que fazer. Não podia contar com suas manobras radicais, e nem poderia fugir dali. E, 
sem os campos de dobra, sua velocidade seria menor. Pelo menos, era uma faca de dois gumes, 
eles também não poderiam tirar a Defiant dali. Só gostaria de saber quem seriam eles. 

­ Estes campos de energia estão afetando os transportes? 

­ Eles podem atuar em um raio de quinhentos metros, no momento. 

Por que ele não confiou em seus instintos? Sabia que algo estava incoerente com a situação, 
mas  ignorou  o  que  sentiu  que  devia fazer e seguiu o manual. E, graças a isso, agora estava em 
uma situação problemática. Devia ter destruído a nave, ou ao menos reboca­la para um local mais
Trek Wars – Roberto Kiss  156  www.scriptonauta.com.br 

distante, para analisa­la com mais segurança. Pois bem: Doze naves disparando contra eles, um 
dano  estrutural  leve  na  seção  disco,  sem  motores  de  dobra,  sem  manobras  radicais,  escudos 
apenas em 54%. Ainda bem que eles não concentravam o seu poder de fogo em um só ponto. E 
porque não? Porque, talvez, isso não fizesse diferença para os escudos deles, mas para os seus 
fazia! 

­ Travar os phasers na nave mais próxima. 

­ Pronto senhor. 

Olhou para a tela, mostrava um corvete disparando em sua direção com todos os turbolasers 
possíveis. 

­ Fogo! 

Seis feixes de energia atingiram a nave ao mesmo tempo, destruindo­a em alguns segundos. 

­ Travar na mais próxima, todos os phasers possíveis, disparar quando pronto! 

Uma outra nave foi destruída. 

­  Capitão,  uma  outra  nave  chegou,  bem  diferente  destas,  e  não  temos  sua  identificação  nos 
arquivos que recebemos dos rebeldes. 

­ Na tela! 

Uma nave com hastes que tinham forma de meia lua surgiu, gigantesca! Começou a disparar 
contra  eles,  os  impactos  eram  violentos,  equivalentes  a  torpedos  fotônicos.  Não  fosse  pela 
característica da energia se dissipar rapidamente, já teriam sido destruídos. 

­ A Defiant está se movendo, está se afastando de nós. 

Mas como... não era hora para isso. 

­  Matias,  posicione  para  ataque  total  contra  esta  nave,  River,  dispare  tudo  quando  pronto, 
incluindo torpedos fotônicos. 

­ A trava ainda está inoperante senhor. 

­ Então capriche na pontaria! 

­ Sim senhor. 

Em  dois  segundos,  a  nave  estava  posicionada.  Tudo  o  que  era  possível  foi  disparado, 
incessantemente. Até receberem um novo impacto, causado pela colisão de outra nave. 

­ Perdemos os escudos de bombordo! 

­ Então dispare em todas as naves desta direção!
Trek Wars – Roberto Kiss  157  www.scriptonauta.com.br 

­ Sim senhor. 

Precisavam de suas manobras para sair disso. 

­ Energizar as aletas das nacelas. 

­ Capitão, isso... 

­  Quer  parar  de  falar  o  que  isso  ou  aquilo  vai  ocasionar?  Se  não  quiser  sair  vivo  daqui,  eu 
quero!

Terak acionou os comandos. Os sistemas voltaram a oscilar, mas não o suficiente para forçar 
a um novo desligamento. Os campos, afinal, eram menores. 

­  Capitão,  poderemos  opera­las  por  dois  ou  três  minutos.  Os  campos  de  energia  estão  se 
dissipando, poderemos reativar os motores em breve. 

Grande coisa! Iriam precisar de vinte minutos para isso. Acionou o console de sua cadeira, iria 
ativar o ataque final. Era a única coisa que podia lhes dar tempo. 

"Seqüência de ataque final acionada! Toda a tripulação deve ser preparar imediatamente." 

Matias  pegou  os  seus  cintos  de  gravidade  zero,  todos  na  ponte  fizeram  o  mesmo.  Tinham 
quinze segundos para isso. A seção de engenharia não tinha que se preocupar, os abafadores de 
inércia podiam compensar a movimentação rápida por lá. O sistema de armas entrou em controle 
automático, os consoles do navegador e do armeiro ficaram inoperantes. Nada podia agora impedir 
a ativação. 

Tudo  que  não  era  essencial  foi  desligado,  incluindo  os  escudos.  Os  quatro  reatores 
começaram  a  operar  em  potência  máxima,  os  micro  campos  de  dobra  gerados  pelas  aletas 
começavam  a  tencionar  a  estrutura  da  nave.  A  Thunderbold  começou  a  girar,  em  todas  as 
direções, dois segundos depois todos os phasers começaram a disparar rajadas curtas, porém de 
grande poder, suficiente para queimar os emissores, caso durassem mais que alguns décimos de 
segundo.  Na  velocidade  em  que  a  nave  girava,  para  um  espectador  a  distância  aqueles  feixes 
iriam parecer uma explosão de uma pequena estrela. 

A bordo da Defiant, Quattroni observava incrédulo o que estava ocorrendo! Sabia que a nave 
era poderosa, mas nunca imaginou que poderia fazer isso! Suas naves estavam sendo destruídas, 
mesmo aquela em que estava era atingida pelos disparos, e balançava assustadoramente. Cerca 
de  dois  minutos  depois  ela  parou,  e  ficou  inerte.  A  Storm  ainda  estava  lá,  danificada,  mas  os 
corvetes se foram. 

­ Senhor, estamos fora do alcance dos campos de energia. 

­ Ótimo, já sabe operar esse motor de dobra? 

­ Sim senhor, Anderson já disse o suficiente. 

­ Então vamos sair daqui! Temos um presente para o Império.
Trek Wars – Roberto Kiss  158  www.scriptonauta.com.br 

Observou entrarem em dobra. Não sabia em que estado estava a Storm, mas, como já tinha 
afirmado,  ela  era  dispensável.  Iriam  agora  encontrar­se  com  a  frota  de  Soer,  que  estava 
aguardando­os.  Queria  ver  a  rosto  dele  quando  descobrisse  que  agora  tinham  o  acesso  total  a 
tecnologia estrangeira. 

Sentou­se  na  cadeira  do  Capitão.  Nada  mal!  Muito  confortável.  Olhou  para  os  consoles  nos 
braços desta. Tinham muita coisa para aprender. Como tinha sido fácil! Queria a penas capturar as 
pessoas enviadas a bordo para saber como a nave se movimentava, e agora tinha a própria nave! 
E, pelo que percebeu, talvez fosse mais poderosa que a Thunderbold, pois foi capaz de resistir a 
um ataque que teria destruído um cruzador imperial. 

Não esperava que seu míssil tivesse aquele efeito na nave deles. Quando foi notificado que a 
nave  estava  com  energia  suficiente  para  operar  pela  ativação  dos  droides,  chamou  sua  frota  e 
disparou­o. A nave ficou totalmente inoperante! Quem imaginaria que os campos de dobra – agora 
sabia  o  que  eram  aqueles  campos  de  energia  que  captou  –  teriam  tal  reação  com  os  campos 
disruptores?  Esses  campos  impediam  que  o  hiperdrive  pudesse  operar,  pois  este  não  conseguia 
se  estabilizar  para  permitir  a  entrada  no  hiperespaço,  a  menos  que  tivesse  a  freqüência  de 
operação correta, que era uma faixa estreita entre os campos. 

A  desativação  da  nave  deu­lhe  tempo  para  entrar  na  Defiant  e  descobrir  que  o  computador 
poderia  fazer  praticamente  tudo!  Estranho...  como  ele  foi capaz de entender a sua língua? Bom, 
isso  não  importava.  Graças  aos  droides  inquisidores,  pôde  "persuadir"  aos  cativos  a  teleportar  a 
bordo  os  seus  homens  de  uma  das naves que tinham chegado. Como eles ficaram surpresos ao 
aparecerem  ali.  Ainda  bem  que  o  medo  que  tinham  dele  era  mais  forte  que  a  surpresa. 
Rapidamente se espalharam pela nave, em grupos. Cada um pegando um prisioneiro e forçando­o 
a  falar  com  a  ajuda  dos  inquisidores.  Os  mouse  droides  foram  úteis  também,  fornecendo 
informação sobre a operação dos sistemas. 

Agora  era  dissecar  a  nave  totalmente  para  saber  como  tudo  funcionava.  Era  impressionante 
que  nos  anos  em  que  ficara  em  poder  do  Império,  os  seus  cientistas  não  tivessem  feitos  muitos 
progressos em descobrir como funcionavam aqueles sistemas. Será que a fonte de energia correta 
era a única coisa que poderia ativa­los? 

Na Thunderbold, Matias – ainda um pouco tonto – ajudava a avaliar a situação da nave. 

­ Matias – perguntou o Capitão ­ o que conseguimos? 

­ Todas as naves, com exceção da maior foram destruídas. Ela parece estar muito avariada. 

­ Terak, como estamos? 

­ Sem escudos, alguns sistemas auxiliares danificados devido a retroalimentação dos campos 
energéticos  ocasionados  pela  sua  interação  com  os  micro  campos  de  dobra,  sensores  de  longo 
alcance  começando  a  operar,  porém  ainda  sofrem muita interferência. Dois bancos phasers com 
os  emissores  queimados.  Algumas  rachaduras  no  casco  inferior  da  seção  disco,  onde  fomos 
abalroados  pela  nave,  mas  não  é  nada  sério,  a  integridade  da  nave  está  assegurada.  De  resto, 
estamos operacionais. Creio que já podemos começar a aquecer os motores. 

­ Ótimo, faça isso. E, quanto ao que eu lhe disse antes... 

­ Não há por que se desculpar Capitão. O senhor tinha que agir e não podia permitir que fosse 
atrapalhado por observações desnecessárias.
Trek Wars – Roberto Kiss  159  www.scriptonauta.com.br 

Se estivéssemos mortos, queria ver você repetir isso, pensou. Então era assim o ataque final, 
E podia durar por quinze minutos!!! Nossa, que viagem seria. Como será que os outros tripulantes 
que foram transferidos da Starfleet encararam o carrossel? 

­ Não estamos localizando a Defiant senhor, e não há destroços dela no setor. 

­  Então  ela  partiu!  Terak,  nossos  sensores  estarão  operacionais  antes  que  ela  fique  fora  do 
alcance? 

­ Provavelmente. 

­ Então a seguiremos assim que possível! Somos mais rápidos e nossos sensores tem maior 
alcance. Não irão perceber. Vamos nos manter além dos sensores deles. 

Era incrível como tinham aprendido rápido a operar a nave. Provavelmente capturaram o grupo 
avançado e os obrigaram a lhes prestar informações. Uma coisa lhe chamou a atenção, no painel 
de Terak. 

­ Capitão – disse – nosso computador ainda está conectado ao da Defiant. 

­ Terak, veja como isso poderá nos ser úteis. 

­ Capitão, estamos recebendo um chamado da Starfleet, máxima prioridade. 

­ Na tela. 

A  Capitã  da  Starfleet  apareceu  na  tela,  e  seu  alerta  vermelho  estava  acionado.  Quando  as 
coisas acontecem, acontecem em levas mesmo. 

­  Capitão?!  –  disse  ela,  obviamente  surpresa  por  ver  a  ponte  as  escuras  e  com  o  alerta 
vermelho acionado. 

­  Capitã  Donner,  lamento  mas  estou  com  problemas,  e  pelo  que  estou  vendo  você  também 
deve  estar.  Bom,  você  agora  tem  uma  tripulação  plenamente  confiável.  Terá  que resolver o seu 
problema  sozinha,  como  todo  Capitão  tem  de  fazer.  Chamarei  depois,  se  Thunderbold  ainda 
existir. 

Fez sinal para cortar a transmissão. 

­ Capitão – disse – não acha foi um pouco pessimista? 

­ Senhor Matias, aquela nave tem escudos duas vezes mais fortes que os nossos. Como deve 
ter  acompanhado  durante  a  coleta  de  dados  dos  sensores,  seus  geradores  de  escudos  e  phaser 
possuíam  alterações.  O  que  acha  que  pode  ocorrer  caso  os  phasers  dela  também  tenham  sido 
modificados? Se tiverem o dobro da força, não será uma batalha fácil. 

­ Podemos tentar dialogar com eles – disse Terak. 

O Capitão sorriu. 

­ Infelizmente, já faz muito tempo que não acredito em contos de fada. O que podemos fazer 
com esta conexão?
Trek Wars – Roberto Kiss  160  www.scriptonauta.com.br 

­  Não  muito.  Podemos  determinar  o  seu  curso,  mas não temos acesso ao comando da nave 


sem os códigos de dominação. 

­ Vamos ver. 

O Capitão se aproximou do console e digitou alguns comandos. 

­ Computador, status. 

Duas vozes sintetizadas começaram a falar ao mesmo tempo. 

"Sistemas operacionais..." 

"Danos mínimos na estrutura..." 

­ PAREM! – gritou – Terak, desligue o áudio de nosso computador por enquanto. 

­ Pronto, senhor. 

­ Muito bem, computador, identifique­me. 

"Capitão Jevlack da USS Thunderbold, comissionada na data estelar..." 

­ Pare! Trancar todos os dados técnicos da USS Defiant. Autorização Jevlack Thesla – Ômega. 

"Dados trancados." 

­  Ótimo!  Terak,  tente  acessar  os  diários  de  bordo  e  veja  o  que  pode  descobrir  que  seja  útil. 
Pelo  menos  eles  não  poderão  acessar  os  dados  técnicos.  Evitará  que  tenham  acesso  a  nossos 
projetos sem terem de desmontar a nave. Matias, o comando é seu. Siga aquela nave assim que 
possível. Estarei na sala de reuniões. 

­ Sim senhor. 

Estranho,  fora  transferido  como  navegador,  apesar  de  ter  o  posto  de  tenente  Comandante, 
mas  o  Capitão  constantemente  o  tratava  como  Imediato.  Sentia­se  inseguro.  Estava  no  meio  de 
um monte de gente experiente que enfrentavam situações complicadas com uma certa constância. 
Ele  era  calouro  nisso,  apesar  de  já  ter  servido  em  uma  nave  antes,  ainda  era  oficialmente  um 
subtenente antes de voltar para a academia para um curso de especialização para então poder se 
tornar um tenente Comandante. Não esperava ter de assumir uma função destas tão cedo. 

­ Comandante – disse Terak – os campos energéticos se dissiparam o suficiente para que os 
sensores  de  longo  alcance  possam  funcionar,  já  podemos  captar  a  Defiant  agora.  E creio que já 
podemos entrar em velocidade de dobra. 

­ Já estamos além do alcance dos sensores deles? 

­ Sim. Isso se também não foram aprimorados como os escudos. 

­  Não  creio  que  saibam  como,  se  soubessem,  suas  naves  já  teriam  este  sistema.  Tenente 
Ícaro, vamos atrás deles, mantenha distância máxima de sensores.
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­ Sim Comandante. 

A  Thunderbold  partiu,  deixando  para  trás  os  destroços  das  naves  destruídas  e  a  Storm, 
aparentemente inoperante. Ninguém reparou no desaparecimento da Revenger... 

Capítulo 17 

Lisa andava de um lado para o outro na sala de reuniões. Estava nervosa e muito ansiosa. E 
não sabia como controlar isso. Doller, Lauriel, o infeliz encarregado de segurança – que recebera 
oito repreensões nos últimos quinze minutos ­ e os dois seguranças que lá estavam apenas para 
vigiar  Lauriel  a  olhavam,  com  medo  de  dizer  qualquer  coisa  –  e  com  razão.  Desde  que  os tinha 
convocado  para  determinar  o  que  estava  acontecendo,  tinha  demonstrado  estar  a  beira  de  um 
ataque de nervos. 

E por que não estaria? Não uma, mas por duas vezes ficou demonstrado que a segurança da 
nave  era  fraca,  senão  inexistente.  Como  alguém  poderia  seqüestrar  duas  pessoas  debaixo  do 
nariz  de  todo  mundo?  Por  que  os  novos  "convidados"  deixados  pela  Thunderbold  não  tiveram 
escolta  como  Ígnea?  Essas  perguntas  o  pobre  tenente  Sander  não  soube  responder.  Como  foi 
possível preparar uma explosão logo abaixo da ponte? 

A análise dos eventos e da gravação da segurança fora clara! Bernard sabia muito bem o que 
estava fazendo. Tirvik também errou, ao tentar detê­lo sem apoio. Segundo a imagem que viu, ela 
desconfiou de algo quando estava com ele no turboelevador. Ao invés de falar isso com ela, tentou 
investigar sozinha. E foi capturada neste instante. 

Chamou Lauriel para descobrir se havia um meio de parar aquelas naves, mas não havia. Não 
no hiperespaço. Já as tinham alcançado, estavam apenas a alguns segundos atras delas. Mas não 
podiam  disparar  os  torpedos,  pois  isso  as  destruiria.  Tinham  que  esperar  que  chegassem  ao 
destino e então ver o que podia ser feito. Segundo Lauriel, Bernard com certeza estava indo para 
algum  ponto  de  encontro.  O  motivo  de  pegar  Ígnea,  provavelmente  seria  para  receber  a 
recompensa que existia por ela, e Tirvik deveria ter sido uma mera oportunidade de negociar com o 
Império. 

Mas  isso  não  se  encaixava  com  o  que  pensara  antes.  Não  podia  ser  um  mero  caçador  de 
recompensas, se fosse, tinha tido muita sorte em escapar da explosão da estação espacial, dando 
o seu "ultimo vôo". Lauriel não soube o que dizer quando foi confrontada com isso. Parou de andar 
e ficou olhando para uma parede. 

Tirvik e Ígnea estavam indefesas naquelas naves. Nada poderiam fazer para se libertar, ele foi 
muito previdente quanto a isso. Os droides deviam estar com a programação adulterada, pois seria 
a  única  forma  de  impedir  que  Ígnea,  quando  acordasse,  desse  um comando verbal para que ele 
parasse. 

­ Doller, alguma sugestão? – disse virando­se para ele. 

Ele pensou um pouco, movendo os seus olhos de um lado para o outro. 

­ Bem Capitã, depois que eles pararem, podemos usar os phasers para derrubar seus escudos 
e teleportá­los de volta a nave. 

­ E se no local em que pararem, existirem outras naves? 

­  Podemos  fazer  isso  em  poucos  segundos.  Sairíamos  de  lá  antes  que  pudessem  esboçar
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qualquer reação. 

Foi o que ela tinha pensado, mas uma vez que Bernard tinha pensado em tudo com precisão, 
não acreditava que teria se esquecido dessa possibilidade. Devia estar imaginando alguma forma 
para que não fossem capazes de resgatar as suas cativas. 

­ “Capitã os sensores estão captando quatro destróieres estelares. O curso que os caças estão 
seguindo os levará diretamente a eles." 

­ Obrigada – respondeu. 

Isso  resolvia  uma  de  suas  dúvidas.  Eles  estavam  indo  para  um  local  com  naves.  Quatro 
destróieres,  mas  e  quanto  a  outra?  Bom,  se  estivessem  muito  próximos  às  naves,  teriam  que 
manter  os  escudos erguidos para se protegerem, e não poderiam teleportá­los. E isso Bernard já 
deveria saber. 

Não  poderia  contar  com  a  ajuda  ou  conselho  de  Jevlack.  Pelo  que  se  lembrava  quando  se 
comunicou com ele há algumas horas, estavam em alerta vermelho e a ponte estava com as luzes 
apagadas.  De  fato,  não  havia  garantias  de  que  estavam  vivos,  ou  disponíveis.  Se  estivessem, 
teriam entrado em contato, no mínimo para saber se ela já tinha resolvido o seu problema, como 
"qualquer Capitão tem de fazer". 

Sentou­se. Não podia fazer nada, a não ser jogar o jogo de Bernard. Foi então que arregalou 
os olhos, acabara de perceber algo! O jogo era dele, as cartas também poderiam estar marcadas, 
mas  era  ela  quem  estava  jogando,  e,  até  o  momento  fora  por  demais  passiva  em  todos  os 
momentos. Acionou o seu comunicador. 

­  Senhora  Nille,  siga  em  dobra  máxima  em  direção  as  naves  que  foram  captadas,  acione  o 
alerta vermelho e prepare todas as armas. Quero todos nos seus postos de combate. 

­“Sim Capitã." 

O  alerta  vermelho  foi  acionado.  Podia­se  ouvir  o  som  de  passos  no  corredor.  A  tripulação 
estava indo para os seus postos. 

­  Capitã  –  chamou  Doller  –  até  o  momento,  estávamos  nos  defendendo,  se  iniciarmos  um 
ataque contra eles, isso poderá ser encarado pelo comando da frota como ação desnecessária. 

­  Quem  disse  que  vou  começar  a  atirar?  –  disse  sorrindo  –  vamos  para  a  ponte.  Senhor 
Sander.  Cuide  da  segurança  com  mais  critério  agora.  Lauriel,  você  virá  conosco.  Seu 
conhecimento pode ser útil. 

­ Voltou a confiar em mim? 

­ Confio que deseja manter sua amiga viva, o que não ocorrerá se formos destruídos. 

**** 

Tirvik abriu os olhos e ficou piscando­os até compreender o que estava acontecendo. Estava 
na  carlinga  de  uma  das  naves  rebeldes.  Olhou  ao  redor  e  compreendeu  que  devia  estar  no 
hiperespaço.  Também  compreendeu  que  estava  com  as  mãos  e  os  pés  imobilizados.  No  painel, 
apareciam  caracteres  que  ela  não  conhecia.  Tinha  sido  seqüestrada!  Olhou  ao  redor,  tentando 
localizar a Starfleet, mas seria impossível, os fachos de luz que via ocultariam qualquer coisa que
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estivesse lá fora. Se fosse uma velocidade de dobra, seria mais fácil visualizar algo. 

Testou suas amarras. Muito firmes. Forçou o corpo contra o cinto de segurança e levantou os 
pés, na esperança de ver o que tinha sido usado para prende­la. Eram algemas da segurança da 
Starfleet. Recostou o corpo no assento e fechou os olhos. Não havia meios de abrir aquilo sem a 
chave  ou  um  phaser.  Pega  como  uma  caloura!  Devia  saber  que  Bernard  estaria  preparado  para 
uma eventualidade. Nunca devia tê­lo surpreendido sozinha. Não foi a toa que Jevlack disse que 
faltava­lhe um pouco mais de paciência para ser indicada para um comando. Agora ela entendia o 
que  estava  nas  entrelinhas  desta  frase.  Não  era  para  esperar  o  comando  chegar,  mas  sim 
desenvolver a paciência para ponderar sobre o que fazer em determinadas situações. Coisas que 
os  Capitães  precisam  fazer,  pois  em  suas  decisões  estão  em  jogo  as  vidas  dos  tripulantes  e  a 
segurança da nave. 

Mas até então não tinha percebido isso. E o principal motivo era justamente Jevlack! Em várias 
situações  de  crise  –  principalmente  naquela  em  que  mandou  disparar  os  torpedos  fotônicos  nas 
nacelas da Starfleet – ele sempre tomava decisões em segundos. Portanto, nada mais lógico que 
pensar  que  para  se  ter um comando, devia tomar decisões rapidamente. Bom, isso era verdade, 
mas agora finalmente percebeu que também devia ponderar as possíveis conseqüências destas. 

Se  saísse  desta  situação,  avaliaria  melhor  o  que  poderia  vir  a  ocorrer.  Começou  a  forçar  o 
corpo  contra  o  cinto,  tentando  pelo  menos  ficar  livre  do  assento.  Se  conseguisse,  poderia  tentar 
fazer  alguma  coisa  para  parar  a  nave.  Ou  pelo  menos  controla­la  quando  chegassem  ao  seu 
destino.  Tentou  insistentemente  por  vários  minutos,  então  parou  para  recuperar  o  fôlego  e 
observar que progresso conseguira. O controle de qualidade rebelde estava de parabéns, nem ao 
menos conseguira afrouxar as tiras do cinto. 

Se  houvesse  uma  forma  de  pedir  ajuda...  Mas  mesmo  que  tivesse  os  meios  e  descobrisse 
onde  estava  o  comunicador  da  nave,  ele  não  iria  funcionar  no  hiperespaço.  Espere!  Que  idiota 
fora.  Se  a  Starfleet  estivesse  próxima,  poderia  usar  o  seu  comunicador!  Bastaria  usar  o  seu 
queixo... 

­ DROGA – gritou em voz alta. Acabara de perceber que seu comunicador desaparecera. 

Olhou para o painel com mais cuidado. Havia um monitor um pouco a direita do centro. Acima 
deste  haviam  quatro  displays  horizontais  com  algumas  luzes  vermelhas,  como  se  fossem 
indicadores de potência de algum tipo. Havia um desenho da nave vista de cima do lado esquerdo, 
com  quatro  semicírculos,  dois  na  frente  e  dois  atrás.  Uma  luz  verde  iluminava  o  primeiro 
semicírculo  a  frente  e  o  primeiro  que  ficava  atrás.  Havia  uma  chave  logo  abaixo,  que 
aparentemente  podia  ficar  em  três  posições.  Acima  do  desenho  da  nave,  havia  três  displays 
verticais, um vermelho, outro azul e outro amarelo. Todos estavam na metade. Um pouco acima de 
seus joelhos, estava o manche. 

Mesmo  que  se  libertasse  do  cinto,  o  que  poderia  fazer  para  parar  a  nave?  Abaixo  do  painel 
parecia que existiam mais algumas chaves. Tentou alcança­las com os joelhos, sem sucesso. Não 
podia acreditar que não havia meios de se fazer algo. 

Paciência, tinha que ter paciência. Se não há nada que possa ser feito, então faça justamente 
isso! Nada. Era o que seu pai dizia. Fechou os olhos, encostou a cabeça no encosto, e relaxou. O 
que diria se seu pai estivesse ali agora? Olha papai! Olha a sua filhinha agora. Aquela que tirava 
sempre  as  notas  máximas  e  tinha  o  melhor  aproveitamento  de  sua  turma  da  academia.  Olha  a 
encrenca que arrumou por não seguir as regras!
Trek Wars – Roberto Kiss  164  www.scriptonauta.com.br 

Seu pai tinha morrido há alguns anos, pelo menos pôde ver quando tinha se formado. Estava 
orgulhoso,  e  tinha  um  sorriso  de  orelha  a  orelha.  Tinha  acabado  de  ser  promovida  a  tenente 
Comandante quando soube de sua morte. Fez o curso de especialização apenas para auxilia­la a 
não  pensar  na  dor  que  sentira.  Felizmente,  após  cerca de seis meses, aprendeu a conviver com 
ela. Mas toda vez que se lembrava dele, sentia algo desagradável no peito, uma vazio desolador. 
Melhor desviar a mente para outra coisa. 

O  que  a  Capitã  Donner  estaria  fazendo?  Com  certeza  a  seguindo,  pois  não  havia  como 
teleportá­la e muito menos deter a nave quando esta estava no hiperespaço. Os torpedos fotônicos 
não  poderiam  ter  a  "sutileza"  dos  phasers.  O  raio  trator  também  estaria  descartado,  e  não 
poderiam deter a nave envolvendo­a nos escudos, pois isso a colocaria no campo de dobra e era 
impossível  saber  o  que  aconteceria  se  a  nave  tentasse  entrar  no  hiperespaço  de  dentro  deste 
campo.  Poderia  atingir  uma  velocidade  tal  que  a  lançaria  no  tempo,  ou  simplesmente  implodir. 
Tentou novamente se soltar dos cintos. Desculpe pai, mas isso eu posso fazer. 

­ General Soer, a explosão do último shuttle foi confirmada. 

­ Ótimo, prepare as equipes para fazerem treinamento de combate simulado, podemos receber 
novas ordens a qualquer momento. 

­ Sim senhor. 

Os  pilotos  estavam  se  queixando  destes  treinamentos  diários,  mas  tinham  que entender que 
não eram nenhuma elite, como acreditavam. Se queriam vencer os rebeldes, tinham que ter uma 
equipe sempre pronta, bem treinada e com experiência. Mas era difícil ter experiência com tanta 
chance de ser abatido em combate. Um tie­fighter poderia ser destruído com apenas dois disparos. 
Mas  tinham  uma  capacidade  de  manobras  insuperável!  Portanto,  deveriam  aprender a usar esta 
vantagem. Não podiam ficar esperando que o Império trocasse todos pelos novos caças, eram de 
fabricação demorada e usados em situações específicas. 

Nos  dias  em  que  ficaram  parados  lá  aguardando  a  confirmação  das  suas  armadilhas  vivas 
espalhadas  estrategicamente  para  serem  resgatadas,  forçou  todos  os  pilotos  de  todos  os 
destróieres  a  fazerem  três  treinamentos  diários,  aleatórios  e  sem  aviso.  E  já  estava  tendo 
resultado.  Estavam  cada  vez  melhores.  Se  bem  que  nenhum  deles  ainda  era  páreo  para  a 
verdadeira elite dos pilotos do império, que ficavam baseados a bordo do Executor. 

Provavelmente,  no  próximo  combate,  teriam  pelo  menos  5%  a  menos  de  baixas.  Foi  até  a 
grande  janela  da  ponte  e  ficou  observando  os  caças  manobrando.  Realmente  acabara  adorando 
ficar  naquela  posição,  podendo  observar  a  ponte  pelo  reflexo  do  vidro  .  Fez  uma  expressão  de 
desagrado, os pilotos ainda não conseguiam fazer aquelas manobras com precisão, tinham medo 
de colidirem uns com os outros. Esse foi o motivo de não permitir mais o uso de simuladores. Eles 
tinham  que  estar  em  perigo  real  para  se  esforçarem  ao  máximo,  e  dar  uma  rasante  de  cinco 
centímetros em outra nave era um perigo bastante real. Por isso sempre se afastavam muito. Daria 
uma bela repreensão depois, quando se reunissem para avaliar os resultados. 

Vader o parabenizou pelo estratagema de usar os pilotos capturados para imputar mais baixas 
aos  rebeldes.  Sacrificara  dezesseis  shuttles  para  isso,  mas  conseguira  destruir  nove  cruzadores 
rebeldes.  Disse  que  ficou  satisfeito  ao  confirmar  a  sua  escolha.  Precisava  de  generais  que 
trouxessem resultados, e não de teóricos com ocasionais sensos de moralidade. Ele aproveitou a 
ocasião  para  dizer  que  com  o  seu  novo  posto  e  satisfação  conseguida,  estava  perdendo  o 
interesse naquela escrava. A resposta foi que poderia ter uma surpresa em breve. 

­  SENHOR!  Uma  nave  desconhecida  acaba  de  sair  do  hiperespaço,  e  posicionou­se  a  vinte 
quilômetros de distância.
Trek Wars – Roberto Kiss  165  www.scriptonauta.com.br 

Olhou  ao  redor.  Nave  desconheci  da?!  Localizou­a,  estava  ao  lado  direito  da  nave.  Era  a 
Starfleet. Tinha recebido dados sobre as naves após a interrogação dos prisioneiros da Exceler. E 
agora ela estava ali! 

­ Chame Darth Vader e informe­o que a Starfleet está aqui, e ponha todas as naves em alerta 
geral. Defesa oito! 

Tinha visto em primeira mão o que a outra nave poderia fazer, esta, com certeza, não devia ser 
inferior. 

­ Eles estão se comunicando, senhor, e estão usando os nossos protocolos. 

Aquilo não era esperado. Pensava que tinham feito um acordo com os rebeldes e que estavam 
lá para ataca­los, em represália aos ataques que fizeram. 

­ Complete a ligação. 

­ “Naves Imperiais, aqui é a Capitã Donner, da nave estelar da Federação USS Starfleet. Não 
estamos aqui para iniciar uma agressão, por favor, respondam." 

Olhou  pela  janela  e  viu  os  caças  sendo  lançados.  Ele  tinha  criado  estes  códigos  há  alguns 
dias,  a  defesa  oito  era  para  a  máxima  proteção  da  frota,  caso  estas  fossem  atacadas  por vários 
cruzadores, lançando todos os tie­advanced e tie­defenders que possuíam armados com torpedos 
pesados. 

­ Diga para as naves não atacarem ainda, mas para ficarem de prontidão. 

­ Sim senhor. 

Foi até o console e acionou a comunicação. 

­ Aqui é o General Soer, no comando desta frota Imperial. Minhas ordens são para captura­los 
ou destruí­los, caso isto não seja possível. Portanto, exijo a sua rendição imediatamente. 

Ficaram em silêncio. 

­ O interditor já pode operar? 

­ Precisamos de mais alguns segundos. 

Não sabia se o interditor poderia contê­los, e, se o fizesse, temia que não fosse uma boa idéia. 
Afinal, impedir que uma nave de extremo poder pudesse fugir o obriga­la a se defender não era o 
que  se  podia  chamar  de  decisão  inteligente.  Aqueles  feixes  de  energia  poderiam  facilmente 
destruir  qualquer  caça  antes  que  o  mesmo  estivesse  à  distância  de  tiro.  E  ainda  havia  o fato de 
que  podiam  transporta­los  para  bem  longe,  como  descobrira  pessoalmente  ao  enfrentar  a 
Thunderbold há alguns dias. 

­  “Não  temos  interesse  em  conflito  algum.  Caso  não  queiram  conversar,  partiremos 
imediatamente."
Trek Wars – Roberto Kiss  166  www.scriptonauta.com.br 

Olhou para seu assistente, ele soletrou "um minuto" com a boca. 

­ Muito bem, sobre o que desejam conversar? 

­ “Um de nossos tripulantes foi seqüestrado. A nave que o está trazendo para cá chegará em 
quarenta  minutos.  Como  não  podemos  detê­la sem destruí­la, ficaremos aqui esperando que ela 
chegue.  Estamos  armados  e  preparados  para  nos  defender.  Caso  façam  qualquer  movimento 
hostil, atacaremos sem nenhum aviso prévio. Fim da transmissão." 

­  Senhor,  eles  estão  se  afastando.  Velocidade  um  pouco  abaixo  de  um  Tie­bomber  –  disse 
surpreso. 

Se o interditor não funcionasse, não havia mais nada que pudesse fazer, exceto mandar seus 
pilotos para a derrota certa. 

­ General, Darth Vader disse que não é mais preciso capturar a nave. Devemos destruí­la se 
pudermos. 

Se pudermos. Pelo menos ele estava sendo compreensivo. 

­ O interditor está pronto senhor, os geradores estão com plena carga. 

­  Mande­os acionarem os campos de distorção, e já mande as naves se prepararem para ter 
que entrar no hiperespaço imediatamente. 

Todas  as  naves  estavam  a  dois  minutos  de  uma  janela  para  o  hiperespaço,  para  uma  fuga 
rápida.  A  questão  era:  Como  fugir  de  uma  nave  que  era  mais  rápida  e  que  podia  segui­los  no 
hiperespaço? 

­ Eles acionaram, senhor. 

Olhou para a Starfleet e ficou impressionado! Ao redor desta, uma bolha amarelada de energia 
se formou, balançando a nave e aparentemente deixando­a sem controle. Em alguns segundos o 
campo desapareceu e a nave ficou imóvel. 

­ O que aconteceu? 

­ Segundo nossos sensores, parece que todos os sistemas da nave ficaram em pane quando o 
interditor  acionou  os  geradores.  Agora  estão  de  volta  ao  normal.  Seus  escudos  estão  se 
reerguendo. Voltou a se mover, porém está mais lenta. 

Então eles não eram tão invencíveis assim... 

­  Iniciar  ataque  total!  Mande  o  interditor  se  movimentar  para  longe  dela.  Quero  os  três 
destróieres se posicionando entre o interditor e ela. Para evitar que o ataquem. 

­ General. A distância deles... 

­ Não faz a mínima diferença! Você ainda não os viu em combate, eu sim. 

Como  que  para confirmar o que tinha acabado de dizer, a nave estremeceu, e seus escudos 


caíram 12%. A Starfleet os tinha atingido com oito feixes de energia. Pelo que se lembrava, cada
Trek Wars – Roberto Kiss  167  www.scriptonauta.com.br 

feixe  podia  ser  disparado  por  pouco  mais  de  um  segundo.  Aparentemente  precisavam  de  outros 
três para se recarregar. Nesse ritmo, seriam destruídos em menos de um minuto. 

­ Posicione a nave para que não possam atingir os geradores de escudos, e avise aos outros 
destróieres para fazerem o mesmo! 

Ao  que  tudo  indicava,  foi  mesmo  uma  péssima  idéia  prende­los  ali.  Mas  o  confronto  apenas 
estava começando, e ele podia ao menos avaliar o verdadeiro poder que a nave possuía. Só não 
queria ser condecorado postumamente... 

Lauriel  finalmente  soube  o  que  eram  aqueles  dispositivos  que  estavam  ao  redor do disco da 
nave. Eram armas, e poderosíssimas! Se quisessem atacar a Exceler, quando se encontraram pela 
primeira vez, esta não teria a mínima chance. Pelo que ouviu, com o disparo de apenas oito deles 
os  escudos  do  destróier  caíram  quase  30%.  Só  não  entendia  por  que  não  atacaram  o  interditor, 
como  sugeriu.  Eram  dele  as  emissões  dos  campos  de  energia  que  quase  desativaram  a  nave. 
Graças ao engenheiro Carlos, que desligou os motores rapidamente, isso não ocorreu. 

­ Posição dos caças – solicitou a Capitã a Doller. 

­  Estarão  em  distância  de  disparo  de  mísseis  em  quatro  minutos.  Capitã,  como  nossa 
velocidade  está  reduzida  a um terço por não termos mais a redução de massa ocasionada pelos 
campos, não poderemos nos esquivar deles. 

­ Nossos sensores? 

­  Os  de  longo  alcance  continuam  sofrendo  interferência.  Os  de  curto  alcance  estão 
operacionais, mas não possuem muita precisão. A trava de torpedos está inoperante devido a isto. 
A  Trava  de  phasers  está  com  uma  margem  de  erro  de  aproximadamente  30  metros.  Não  nos 
atrapalha  para  disparar  contra  as  naves  grandes,  mas  contra  os  caças,  teremos  que  usar  mira 
manual. 

Seus  sensores  sem  dúvida  funcionavam  de  maneira  diferente  dos  que  conhecia.  Já  ficara 
várias  vezes  presa  por  um  interditor  e,  com  exceção  do  hiperdrive,  todos  os  outros  sistemas 
funcionavam perfeitamente. 

­ E quanto ao teleporte? 

­ Está operacional, mas não podemos focalizar com segurança além de quinhentos metros. 

­ Senhor Doller, quanto tempo até que os x­wings cheguem aqui? 

­ Cerca de trinta minutos, Capitã. 

­  Então  temos  meia  hora  para  expulsa­los  daqui,  antes  que  tenhamos que atacar para valer. 
Alguém tem alguma sugestão? 

­ Destrua­os – disse Lauriel. 

­  Não  vim  até  aqui  para  declarar  guerra.  Embora  confesse  que  não esperava que pudessem 
inutilizar nossos motores de dobra e reduzir as nossas capacidades. 

­  Capitã,  os  destróieres  estão  manobrando,  voltando  a  seção  inferior  para  nós,  mas  não 
imagino o porquê, eles têm menos canhões deste lado.
Trek Wars – Roberto Kiss  168  www.scriptonauta.com.br 

­  É  para  proteger  os  geradores  de  escudos  –  disse  Lauriel  –  se  forem  destruídos,  seus 
escudos caem imediatamente. São aquelas esferas no topo da ponte. Como já demonstraram que 
podem atingi­los desta distância, estão se precavendo. 

­ Muito bem, senhor Thompson, fogo contínuo nos geradores da nave mais próxima. 

­ Sim Capitã. 

Os  phasers  foram disparados em seqüência. O primeiro tiro acertou em cheio, dois disparos 


subseqüentes  erraram  o  alvo,  o  quinto  destruiu  o  gerador,  reduzindo  os  escudos  já  um  pouco 
enfraquecidos para 42%. O segundo gerador já estava oculto pela fuselagem da nave. 

­ Três minutos para os caças poderem disparar os mísseis – informou Doller. 

Num  lampejo,  Lauriel  percebeu  o  porque  de  não  terem  disparado  nos  caças  ainda.  Estavam 
com  uma  margem  de  erro  grande,  se  disparassem  agora,  iriam  errar  muitos  tiros.  Isso  seria  um 
ótimo  indicativo  aos  imperiais  de  que tinham uma chance contra a Starfleet. E uma chance boa! 
Dificilmente poderiam deter todos os torpedos que seriam disparados – eram muito pequenos – e 
seus escudos, apesar de formidáveis em comparação aos do império, não resistiriam ao disparo de 
muitos destes. 

­  Capitã  –  disse  – sugiro que destrua ou incapacite o interditor, é ele que está gerando estes 


campos que estão interferindo com os sistemas. Se o pararem, recuperarão a sua vantagem. Do 
contrário, não sobreviveremos. 

­ Qual a capacidade destes mísseis? – perguntou a Capitã a ela. 

­ Chamamos de torpedos. Existem vários tipos, de concussão, de prótons, torpedos pesados e 
os  recentes  torpedos  muito  pesados.  Provavelmente  aqueles  tie­bombers  estão  com  torpedos 
pesados.  Bastão  oito  para  derrubar  os  escudos de um destróier. Seus escudos, ao que notamos, 
tem poder equivalente. 

­  Mas  não  são  únicos  como  das  naves  deles – completou Doller. Temos seis escudos. Creio 


que se três ou quatro destes míss... torpedos atingirem um deles, ele irá cair. 

A Capitã abaixou a cabeça e ficou olhando para o chão, provavelmente ponderando sobre o 
que  fazer.  Era  evidente  que  não  queria  um  combate  pleno,  e  nem  causar  baixas  aos  imperiais. 
Mas  devia  estar  percebendo  que  não  tinha  escolha.  Cometeu  um  erro  ao  superestimar  as 
capacidades de sua nave frente as do império. Não contava – ninguém poderia imaginar isso – que 
os Interditores tinham meios de reduzir a vantagem que até então demonstraram ter. Ainda tinham 
o  seu  poder  de  fogo  intacto,  mas  uma  arma  invencível  é  inútil  se  não  puder  ser  apontada 
corretamente para o alvo. 

­ Dois minutos Capitã. 

Ela  levantou  a  cabeça  e  olhou  para  a  tela.  Sua  boca se moveu por várias vezes, mostrando 


que  queria  dizer  algo,  mas  parecia  que  mudava  de  idéia  antes  de  começar  a  falar.  A  tripulação 
devia estar imaginando o mesmo que ela, a Capitã não conseguia decidir o que fazer. 

­ Senhora Nille, curso 0 – 0 – 1, marco zero, manter estabilização da nave, máxima velocidade. 
Thompson, assim que o interditor estiver disponível, destrua os seus geradores de escudos e em 
seguida foque todos os phasers possíveis no reator principal. Doller, aproveite e faça uma análise 
deste tipo de nave.
Trek Wars – Roberto Kiss  169  www.scriptonauta.com.br 

A Starfleet moveu­se verticalmente, elevando­se acima do plano das naves do Império. 

­ Poderemos disparar no interditor em dois minutos – informou Thompson. 

­ Os caças poderão disparar em trinta segundos – disse Doller. 

­ Tenente Thompson, dispare nos mísseis assim que forem lançados, e retraia os escudos ao 
máximo. 

­  Com  a  margem  de  erro  que  temos  atualmente,  será  impossível  evitar  de  atingir  as  naves, 
Capitã. 

­ Estou ciente disso – respondeu. 

Enfim, ela tomou uma decisão. No painel atrás dela, em um esquema da nave vista de cima, 
estava  a  representação  da  forma  dos  escudos,  parecia  um  círculo  ao  redor  da  nave.  Quando 
Thompson os retraiu, eles tomaram uma forma alongada. Lembrou­se da conversa que teve com 
ela há alguns dias, quando disse que tinha o instinto de Capitã. Mas lhe faltava a experiência. Era 
melhor lhe dizer a sua análise da situação. 

­ Os tie­advanceds e defenders são muito mais rápidos e resistentes que os tie­bombers que 
se  aproximam,  pois  possuem  escudos.  Contra  um  inimigo  normal,  estariam  atacando  primeiro  e 
protegendo  os  bombardeiros.  Como  estão  afastados,  devem  saber  que  podem,  ou  poderiam, 
atingi­los facilmente. Com certeza estão carregando os escudos ao máximo, e quando os torpedos 
forem disparados, irão avançar para tentar cobrir os tie­bombers. O mesmo se aplicaria aos Assalt 
Gunboats. No entanto, assim que perceberem que não podem atingir os mísseis com precisão, irão 
disparar tudo o que tiverem, para garantir o maior número possível de impactos. 

­ Estão disparando Capitã. 

­ Senhor Thompson, dispare a vontade. 

­ Sim senhora. 

Os  phasers  inferiores  foram  disparados,  destruindo  cerca  de  um  terço  dos  torpedos.  Muitas 
naves,  como  Thompson  tinha  avisado, foram vaporizadas por estarem no caminho dos disparos. 
As outras começaram a fazer evasivas. Com certeza imaginavam que elas eram o alvo principal e 
não que se devia a uma impossibilidade de mira precisa. 

Uma  segunda  leva  de  disparos  destruiu  menos  torpedos,  e  mais  algumas  naves.  A  terceira 
leva começou a demonstrar a imprecisão da mira. 

­  Preparar  para  impacto!  –  disse  Thompson,  quando  percebeu  que  os  últimos  dois  torpedos 
não poderiam s er detidos. 

Lauriel agarrou o corrimão ao seu lado, a ponte refletiu dois fortes impactos consecutivos, as 
luzes  se  apagaram  e  luzes  vermelhas  –  provavelmente  de  emergência  –  se  acenderam.  Faltou 
pouco para que perdesse o equilíbrio. 

­ Relatório! – solicitou a Capitã. 

­  Um  momento  –  respondeu  Doller,  conferindo  o  seu  console  –  Escudos  inferiores  em  37%, 
danos mínimos no casco, todas as alas reportam que não há danos visíveis. Alguns condutores de
Trek Wars – Roberto Kiss  170  www.scriptonauta.com.br 

energia entre o casco primário e secundário se romperam, mas a perda não é crítica. O emissor do 
escudo  inferior  teve  suas  bobinas  um  pouco  danificadas.  O  sistema  de  controle  de  escudos 
também está sendo afetado pelos campos de distorção. Ele não está respondendo com velocidade 
suficiente  para  dissipar  tanta  caloria  em  uma  área tão estreita. Mais um impacto destes e ele irá 
queimar. 

Parecia que os interditores eram o ponto fraco dos sistemas da federação. 

­ Agora os sensores do império detectarão que os escudos inferiores estão mais fracos. E, com 
isso, vão descobrir que não são unificados como os deles. Irão atacar por lá. – Disse Lauriel para a 
Capitã. 

­ Capitã, todas as outras naves estão disparando agora. A maioria são de mísseis muito mais 
fracos, porém mais rápidos. – disse Doller. 

­ Os de chama vermelha são mísseis de concussão, úteis apenas contra caças; os azuis são 
torpedos prótons. São com os amarelos que devem se preocupar. – Comentou. 

­ Doller, o que tem sobre o interditor? 

­ Tem seiscentos metros, escudos com metade da força dos destróieres, e parece que são nas 
suas formas arredondadas que os campos de distorção são gerados. De fato, parece que há uma 
fonte de energia em cada uma delas. Infelizmente os sensores não tem a precisão necessária para 
confirmar isso. 

­ Tenente Thompson, quanto tempo? 

Ele  demorou  um  pouco  para  responder,  estava  ocupado  disparando  contra  os  torpedos  que 
eram lançados. Ela podia sentir umas poucas vibrações, que deviam ser do impacto de mísseis de 
concussão. 

­ Quarenta segundos, Capitã. 

­  Senhora  Nille,  entregue  o  controle  ao  armeiro,  Senhor  Thompson,  dispare  os  torpedos 
fotônicos continuamente em direção ao interditor, não importa se o destróier está no caminho. 

­ IMPACTO! – gritou Thompson. 

Novamente a ponte vibrou – agora apenas uma vez – algumas luzes vermelhas se acenderam 
nos vários consoles. 

"Escudos de integridade estrutural inoperantes nos decks 8 e 9" – informou o computador. 

Não sabia o que significava isso de escudos de integridade, mas se estavam inoperantes e o 
computador soou um alerta por causa disso, deviam ser importantes. 

­ Perdemos o escudo inferior – disse Doller ­ decks 8 e 9 com ruptura, alas 40 a 42 e 73 a 76. 
Os  campos  de  força  foram  ativados  nos  corredores  para  evitar  a  descompressão  dos  decks.  Os 
escudos de navegação estão inoperantes, dois bancos phasers tiveram os controles rompidos. Os 
sensores também foram levemente danificados. Se formos atingidos novamente com esta força, a 
seção disco vai se partir.
Trek Wars – Roberto Kiss  171  www.scriptonauta.com.br 

­ Vire a nave ao contrário – sugeriu Lauriel – os escudos superiores ainda estão intactos, bem 
como os seus phasers. 

Nille olhou para a Capitã. 

­ Execute – disse ela. 

Nille digitou o comando no seu console, se bem que, na tela, nenhuma alteração era visível. 

­ Pronto Capitã – disse. 

Outro  impacto,  este  muito  mais  forte.  Forte  o  bastante  para  fazer  todos  pularem  a  uns  dez 
centímetros  de  altura.  Sem  dúvida  era  porque  agora  estavam  mais  próximos  das  explosões  dos 
torpedos. Se não tivessem mudado a posição da nave... 

­ O interditor está liberado – disse Thompson. 

­  Dispare  tudo  o  que  ainda  temos,  Doller,  use  o  banco  de  phasers  cego  para  conter  estes 
torpedos, e aproveite para atingir aquelas naves. 

Cego? Há sim! Como os bancos estavam montados em um angulo de noventa graus, um deles 
não poderia ter a nave na mira. Olhou para o mapa tático que aparecia como um pequeno quadro 
dentro da tela grande. Viu que a nave estava sendo manobrada para que o maior número possível 
de phasers pudesse ser disparado. No caso, oito. 

**** 

Por um breve momento, Soer acreditou que iriam vencer. Mas agora que a nave virou de ponta 
cabeça  e  tinha  liberado  o  caminho  para  atingir  o  interditor,  viu  que  a  situação  estava  em  curso 
eminente de sofrer uma reviravolta. 

­ Interditor Cabriam  – chamou pelo comunicador – parta no hiperespaço agora! Eles poderão 
destruí­los em menos de um minuto. Transmita o resumo da batalha para o Executor assim que for 
possível. Tentaremos lhe dar cobertura. 

­ “General Soer..." 

­  É  uma  ordem!  O  Império  precisa  saber  que  existe  uma  forma  de  incapacitar  parcialmente 
estas naves estrangeiras. 

Enquanto falava, a Starfleet já tinha começado a disparar contra o interditor. E estava usando 
uma  arma  que  ainda  não  tinha  usado  antes.  Eram  disparadas  pelos  lançadores  que,  até  então, 
estavam sem serem usados. 

­ Destróier Giant e Colossus, estou lhes dando ordens para efetuar uma retirada. Transmitam 
os dados da batalha para o Executor. 

Olhou para a janela da ponte, viu o interditor sendo atravessado pelos disparos dos feixes de 
energia. Seus escudos já deviam ter caído. Percebeu que as torres com os reatores dos escudos 
tinham  sido  destruídas,  assim  como  uma  das  dele.  Duas  daquelas  armas  novas  que  estavam 
sendo  disparadas  atingiram­no  bem  no  centro,  causando  uma  reação  em  cadeia  que  fez  toda  a 
nave explodir em alguns segundos.
Trek Wars – Roberto Kiss  172  www.scriptonauta.com.br 

Não acreditava que tivesse sido um tiro de sorte. Eles deviam ter mirado diretamente no ponto 
mais vital da nave. 

­ Como a Starfleet está agora que o interditor se foi? – perguntou ao analista tático. 

­  Aparentemente  na  mesma  situação.  NÃO!  Agora  estão  destruindo  todos  os  torpedos.  Seus 
disparos estão com precisão absoluta. 

­ Mande os caças partirem, os que não tiverem hiperdrive devem tentar retornar. 

­ Todos eles têm hiperdrive, senhor. Os outros caças que não tinham foram destruídos. 

­ Então vamos embora. 

O  Destróier  Dankan,  comandado  pelo  General  Soer  manobrou  para  a  sua  janela  de  fuga 
previamente planejada. O Giant já tinha conseguido partir. O Colossus estava começando a ativar 
o hiperdrive, e eles precisavam de cinco segundos. 

Foram atingidos mais duas vezes antes disso. Partiram com os escudos em apenas 5%. 

**** 

Lisa  respirou  aliviada  quando  o  ultimo  caça  partiu.  Mas  não  havia  muitos  motivos  para 
comemorar. A Starfleet estava danificada, e o erro que cometeu ao julgar que poderia assusta­los, 
com certeza a levaria a uma corte marcial, se retornassem a sua própria galáxia. Deveria ter feito o 
que  sugeriu  Doller.  Seguir  os  x­wings,  e,  assim  que  chegassem,  abaixar  os  seus  escudos, 
teleportar os tripulantes e cair fora. Rápido, direto e com bem menos riscos. 

­ Senhor Doller, status da nave. 

­  Operacional,  Capitã. Os escudos inferiores serão reparados em breve. Os de integridade já 
estão operacionais. O controle de danos informa que será preciso quatro horas para os reparos no 
casco.

­  Capitã  –  chamou  Lauriel  –  é  melhor  ir  atrás  deles.  Eles  avisarão  ao  Império  que  os 
interditores podem afeta­los. 

­  Mesmo  que  eu  quisesse,  não  poderia.  Os  motores  de  dobra  foram  desligados,  e  não 
podemos usa­los novamente antes de aquece­los. Precisamos de alguns minutos para isso. Além 
disso,  sem  os  escudos  de  navegação,  não  temos  como  nos  orientar  no  sub­espaço.  E  não  vou 
partir sem esperar a chegada dos x­wings. Thompson, já pode capta­los? 

­ Sim Capitã. Chegarão em sete minutos. 

­  Muito  bem.  Senhor  Doller,  os  sensores  podem  agora ser usados para regular a intensidade 


dos phasers necessária para derrubar os seus escudos? 

Ele fez algumas verificações no seu painel. 

­ Acho que não, Capitã. Os danos que temos nos sensores não nos permitem precisar a força 
que seria necessária. Mas creio que temos uma alternativa. Podemos usar o raio trator com foco 
estreito diretamente sobre os seus escudos. Eles bloquearão a ação do raio, mas irão ceder frente
Trek Wars – Roberto Kiss  173  www.scriptonauta.com.br 

a sua força. 

­  Os  x­wings  são  mais  rápidos  que  vocês ­ interveio novamente Lauriel  ­ eles podem sair do 


alcance antes que os escudos caiam. 

­  É  verdade  ­  confirmou  Doller  ­  Não  poderemos  reativar  os  campos  de  dobra  antes  que 
cheguem, e, sem eles, nossa velocidade máxima continuará reduzida em um terço. 

­ E se expandirmos nossos escudos para envolver aquelas naves? ­ perguntou. 

­  Não  seria  uma  boa  idéia  ­  respondeu  Lauriel  ­  Bernard  atacaria  a  nave,  como  eu  ameacei 
fazer. Ademais, ele logo notaria que seus escudos inferiores estão inoperantes. 

­ Alguém tem alguma sugestão que pode funcionar? 

Todos  ficaram  em  silêncio.  Ela  tinha  menos  de  sete  minutos  para  encontrar  uma  forma  de 
capturar aquelas naves sem ferir seus ocupantes. 

­  Espere  –  disse  Lauriel  –  vocês  poderiam  regular  a  força  de  suas  armas  para  serem 
compatíveis com as dos turbolasers? 

Lisa olhou para Doller, esperando uma resposta. 

­ Sim  – respondeu após consultar o banco de dados – temos a potência registrada do ataque 
dos  Assalt  Gunboat  a  Thunderbold.  Podemos  regular  para  esta  intensidade.  Mas  de  que  nos 
adiantaria? 

­ Os caças podem suportar um certo número destes disparos. Bastaria disparar neles até que 
os  escudos  caíssem.  Provavelmente  cerca  de  vinte  disparos  consecutivos.  Regule  para  quatro 
vezes a força dos turbolasers, e dispare contra as naves. 

Doller ficou um pouco pensativo. 

­  Sim  –  disse  –  é  arriscado,  mas  poderia  funcionar.  Se  focalizarmos  a  área  dos  motores, 
evitaremos o risco de atingirmos os tripulantes caso os escudos cedam antes do previsto. 

Ficou pensando. Era um risco grande, mas podia funcionar. Porem, se não desse certo, seria a 
responsável pela morte de Tirvik, e, se não fizesse nada, seria responsável pela perda da mesma. 

­ Dois minutos Capitã. 

Capitã! Sim ela era a Capitã, e, pela primeira vez entendeu o peso que este posto tinha. Sentiu 
uma mão pressionando o seu ombro, era Lauriel, que lhe cochichou: A única coisa que você não 
pode  fazer,  é  demonstrar  indecisão  no  comando.  Olhou  para  ela.  Sua  expressão  de  indecisão 
oscilou um pouco, e então sumiu. 

­  Senhor  Thompson,  seu  antigo  Capitão  o  pôs  aqui  devido  a  sua  perícia.  Regule  os  phasers 
para a feixe mais fino possível, com máxima intensidade, e dispare no controle de hiperdrive e de 
escudos das naves. Creio que a Comandante Lauriel ficará feliz em dizer qual o ponto preciso.
Trek Wars – Roberto Kiss  174  www.scriptonauta.com.br 

Lauriel  sorriu  e  já  seguiu  para  o  painel  do  armeiro,  indicando,  na  sua  tela,  qual  a  correta 
posição  dos  dispositivos.  Aproveitou  para  informar  que  os  droides  provavelmente  não  seriam 
capazes  de  reparar  o  dano  que  esse  tipo  de  disparo  provocaria.  Mas  seria  arriscado  disparar  no 
controle de motores. 

­ Capitã estão chegando. 

­ Dispare ao seu critério – respondeu. 

Assim  que  chegaram,  os  caças  começaram  a  manobrar  para  uma  nova  entrada  no 
hiperespaço. A Starfleet manobrou para um disparo simultâneo de três phasers. Lisa tinha certeza 
de que tinham pouquíssimos segundos para isso. Bernard demonstrou uma incrível capacidade de 
planejamento, devia estar com uma rota de fuga pronta para uma situação destas. 

Quando  elas  começaram  a  se  mover  mais  rapidamente, Thompson disparou as armas, duas 


seqüências de três phasers, uma para os hiperdrives, e outra para os escudos. Era natural que os 
escudos  das  naves fossem incapazes de dissipar tal força, os phasers as atingiram como se não 
existissem. 

­ Pronto Capitã! 

­  Sala  de  transporte,  focalize  nos  tripulantes  dos  caças  e  os  teleporte.  Envie  os  que  forem 
humanos diretamente para as celas, Tirvik deve ser levada diretamente a enfermaria. Segurança, 
espero que desta vez estejam preparados. 

­ “Perfeitamente, Capitã." 

Pela tela, viu uma coloração azulada nas cabinas das naves, indicando que o teleporte estava 
em andamento. 

­ “Cameron, para a ponte, recebemos a Imediato Tirvik e ela está em perfeitas condições, mas 
ela pede que a tirem desta situação constrangedora." – ao fundo, podia ouvir Tirvik gritando: pelo 
canal aberto não! 

­  Entendido  doutor  –  sorriu.  Com  certeza,  receber  cuidados  médicos  estando  algemada  não 
devia  ser  uma  situação  lá  muito  fácil  de  se  controlar  a  vergonha.  Especialmente  para  uma  rara 
vulcana emotiva. 

­ Capitã – perguntou Doller ­ e quanto as naves? 

­  Faça  como  antes, teleporte­as para o hangar, e as deixe desabilitadas esgotando sua fonte 


de energia. 

Doller começou a coordenar os controles da sala de transporte para isso. 

­ Bem Comandante – disse a Lauriel – vamos libertar a sua amiga e falar com o nosso caçador 
de  recompensas.  Thompson,  o  comando  é seu. Envie um relatório completo para a Thunderbold 
sobre a nossa situação, e o que fizemos. Aproveite também para dizer que não farei objeções se 
ele pretender me destituir do cargo. 

­ Sim senhora – disse sem ocultar um olhar interrogativo. 

Lauriel, acompanhada dos seguranças, seguiu com Lisa até o turboelevador.
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Capítulo 18 

Não havia jeito, a Storm estava muito danificada. Quanto mais Blinter ouvia os relatórios, mais 
percebia  o  quanto  a  situação  era  desesperadora.  Estavam  com  um  incêndio  incontrolável  no 
segundo reator, varias rachaduras e sem comunicações ou hiperdrive. O hangar estava seriamente 
danificado,  de  forma  que  qualquer  evacuação  seria  impossível.  A  única  chance  era  a  equipe  de 
demolição  conseguir  instalar  os  explosivos  a  tempo,  para  abrir  um  rombo  no  casco  e  apagar  o 
incêndio. 

Quattroni  lhe  disse  que  tudo  e  todos  eram  dispensáveis,  incluindo  ele  próprio.  Não  tinha  se 
incomodado muito, não era a primeira vez que ouvia isso. Mas agora parecia que foi a última. 

­ Estamos prontos! – disse o encarregado dos reparos. 

­ Acione! 

A  Storm  mais  uma  vez  estremeceu  quando  as  cargas  explodiram.  As  portas  de  bloqueio 
automático  de  descompressão  também  estavam  minadas.  Uma  série  de  pequenas  explosões 
começou a ecoar no seu ouvido. Foram mais de cinqüenta. Olhou para o painel de danos. As luzes 
de incêndio se apagavam, na mesma medida em que as de compartimentos despressurizados se 
acendiam. O incêndio foi debelado, a nave ia se salvar. 

Assim  que  a  notícia  se  espalhou,  um  urro  de  alegria  foi  ouvido.  Eram  dos  sobreviventes  ao 
descobrir que não iriam morrer! Não naquele dia. 

­  Já  chega  –  disse  –  achem  uma  maneira  de  consertar  as  comunicações,  e  chame  nosso 
reforço. Quero esta nave de volta a nossa base em doze horas. Mandem trazerem um hiperdrive 
completo. 

Ninguém  ousou  falar  nas  dificuldades  de  se  cumprir  as  ordens.  Blinter  sabia  que  era  difícil, 
mas  sabia  também  que  era  possível,  do  contrário,  não  teria  dado  este  comando  a  eles.  Seguiu 
para o escritório de Quattroni para avaliar mais calmamente a situação. Pelo menos agora, podia 
esperar os reparos sem se preocupar com uma explosão eminente. 

Reviu  a  batalha  mentalmente.  O  poder  de  fogo  daquela  nave  era  fantástico!  Em  número, 
tinham bem menos armas, mas em poder eram insuperáveis. Em poucos segundos destruíram um 
corvete!  Possuíam  escudos  independentes,  como  os  caças,  mas  tinham  uma  fraqueza! 
Aparentemente  os  campos  energéticos  usados  para  incapacitar  os  hiperdrives  causavam 
anomalias  em  seus  sistemas.  Infelizmente  ficou  provado  –  como!  ­  que  estas  anomalias  eram 
insuficientes  para  deixa­los  indefesos.  O  último  ataque  deles  dizimou  toda  a  força  dos  piratas  e 
quase destruiu a Storm. 

Mas  conseguiram,  ou  melhor,  Quattroni  conseguiu  levar  a  nave  embora.  Quando  chegaram, 
ela estava sendo atacada, e o ataque só parou quando foram abalroados por um corvete que por 
algum  motivo  estava  desgovernado.  E  um  segundo  corvete  evitou  que  fossem  destruídos 
completamente. 

Pensou  um  pouco  na  princesa,  que  já  tinha  sido  levada  embora  para  ser  vendida  há  alguns 
dias. Tinha uma personalidade excepcional! Foi uma pena não poder faze­la participar do jogo que 
tinha planejado. Consistia de uma esfera solta no espaço e atingida por disparos de raios tratores 
para  move­la  entre  as  naves.  Quem  não  conseguisse  pegar  a  esfera  e  arremessa­la  para  outra 
nave  perdia  o  jogo.  Ele  pretendia  deixa­la  dentro  da  esfera.  Infelizmente,  não  houve  ocasião 
propícia  para  isso.  Mas  sabia  que  teria  oportunidade  de  fazer  isso  com  uma  outra  princesa 
qualquer.
Trek Wars – Roberto Kiss  176  www.scriptonauta.com.br 

­  Você  não  foi  tão  mal  assim  para  esperar  ser  destituída  do  posto  –  disse  Lauriel  a  Lisa 
enquanto estavam indo para a área de celas pelo turboelevador. 

­  Não?  –  disse  ela  com  uma  expressão  dura  –  coloquei  a  nave  em  um  risco  considerável, 
sendo que tinha escolha mais sensata, arrisquei a vida de Tirvik e de sua amiga Ignea, fui obrigada 
a fazer um ataque violento e possivelmente desnecessário contra o Império, para evitar de sermos 
destruídos. A mesma ação impetuosa forneceu a eles a informação de que podem nos incapacitar, 
ao menos parcialmente. Isso sem contar as possíveis baixas que tivemos neste conflito, que ainda 
não tive coragem de descobrir. Ainda acha que não fui tão mal? 

A  porta  do  turboelevador  se  abriu,  eles  seguiram  pelo  corredor  em  direção  a  área  de 
segurança. 

­ Capitã – disse Lauriel – o que acha que Jevlack faria no seu lugar? 

Ela pensou por alguns instantes. 

­ Provavelmente seguiria os x­wings, e tentaria reavê­los quando saíssem do hiperespaço. Se 
não fosse possível, destruiria aqueles geradores do interditor. Não a nave inteira. 

Pararam em frente a porta da segurança. Lauriel a encarou. 

­ Pois eu acho que ele teria simplesmente destruído os x­wing no hiperespaço mesmo. 

Entrou pela porta deixando a Capitã observando­a. Os seguranças a seguiram. 

­ Por que disse disso? – perguntou após alcança­la. 

­  Eu  conversei  com  ele  um  pouco,  quando  pedi  asilo  para  Ígnea.  Conheço  muito  bem  a 
expressão  de  um  soldado. E ele é um guerreiro! Sempre fará o que for necessário para atingir o 
objetivo. Se ele não tiver formas seguras de faze­lo, irá usar o que tiver. Mesmo a própria vida. É 
do tipo que joga para vencer, e se não puder, mudará as regras para isso. 

Chegaram  ao  setor  de  inspeção.  Lisa  perguntou  onde  estavam  os  prisioneiros.  Logo  depois, 
seguiu pelo corredor até o destino final. No caminho, passaram por Ígnea, ainda algemada. Pediu 
para que fosse libertada e que a levassem até a enfermaria. Depois, iria conversar com ela. Lauriel 
aproveitou para conversar um pouco, depois foram até Bernard. 

­ Como percebeu tanta coisa com apenas uma conversa? – retornou ao assunto. 

­ Bem, eu luto faz muitos anos, um guerreiro conhece outro, sempre pronto para a batalha. 

­ Mas o que você disse o faz parecer apenas uma máquina de vencer, a qualquer preço. 

Lauriel  parou  no  meio  do  corredor,  o  segurança  quase  a  atropelou  por  traz.  Olhou  para  a 
Capitã. 

­  Capitã  –  sua  voz  estava  incrivelmente  fria  e  inflexível  –  pode  até  ser  que  ele  seja  uma 
máquina, mas não de vencer, nem mesmo de lutar. Ele apenas faz o que tem de ser feito, usando 
o que for necessário para isso. Não seria como um fim justificando o meio. Seria mais como um rio 
procurando o melhor caminho para chegar ao mar, se tiver que derrubar uma montanha para isso, 
ele  o  fará.  Deste  que  tenha  –  frisou  ­  de  faze­lo.  Ele  está  preocupado  com  alguma  coisa,  e  não 
creio que seja com você, sua nave ou mesmo com a dele. Talvez nem seja com a possibilidade de
Trek Wars – Roberto Kiss  177  www.scriptonauta.com.br 

ocorrer  um  novo  rompimento  no  continuum,  caso  consigamos  a  sua  tecnologia  de  viajar  no 
espaço. 

­ Como sabe do rompimento? 

Ela sorriu de forma matreira. 

­ Vocês deixam os seus convidados acessarem muita coisa do computador da nave... 

"Incluindo os acessos que um Capitão faz." Pensou Lisa. Antes de ter sido presa, Lauriel com 
certeza  andou  olhando  os  arquivos  da  nave.  Não  podia  ter  acesso  a  dados  confidenciais,  mas 
podia  saber  quem  os  acessou.  A  Starfleet  não  estava  com  o  seu  computador  ajustado  para  a 
segurança normal de uma nave estelar naquele momento. Qualquer um poderia saber o que outra 
pessoa  estava  acessando,  isso  para  que  pudesse  imaginar  em  que  tinham  sido  baseadas  suas 
decisões em situações simuladas do treinamento. 

Mas  não estavam em treinamento agora. E os sistemas só foram corretamente programados 
oito horas antes de partirem. 

Seguiram adiante para a cela de Bernard. 

**** 

­ Quanto tempo? 

Matias olhou para Jevlack, com receio de responder. Tinha recebido a informação, há alguns 
minutos, de que as bobinas indutoras de plasma ficaram um pouco danificadas durante a ação do 
ataque final, e que se não parassem, elas ficariam irrecuperáveis. 

­  De  duas  a  oito  horas,  dependendo  do  estado  real  do  dano.  Se  foi  apenas  as  camadas 
superficiais,  basta  uma  troca,  do  contrário,  todo  o  conjunto  indutor  da  nacela  2  terá  de  ser 
substituído. Se nós a forçamos mais e ela se queimar, só com a ajuda da Starfleet poderemos nos 
mover de novo. 

O Capitão olhou para a mesa, na tela indicando o estado dos danos no sistema de injeção da 
nave.  Tinha  convocado  uma  reunião  com  ele,  Terak  e  o  engenheiro  Miranda,  que  estava 
substituindo Anderson. 

­ Terak, a interligação com o computador da Defiant pode ser refeita? 

­ Sem a autorização do Comandante desta, não. 

Ficou algum tempo em silencio. 

­  Muito  bem,  engenheiro  Miranda,  faça  os  reparos  e  tente  achar  uma  forma  de  manter  os 
campos de dobra para o caso de termos de enfrentar aqueles campos disruptores de novo. Pode 
ir. 

­ Sim senhor. 

Matias  viu  o  engenheiro  deixar  a  sala.  Obviamente  o  Capitão  queria  conversar  mais alguma 
coisa com ele e Terak.
Trek Wars – Roberto Kiss  178  www.scriptonauta.com.br 

­ Senhores – começou ele – já que pelo menos por duas horas teremos de ficar parados, quero 
saber como foi que a Defiant pôde ser seqüestrada. 

­ Segundo minha análise – começou Terak – eu acredito que a nave camuflada que disparou 
contra nós, invadiu a Defiant e, de alguma forma, dominou o grupo avançado. Análises posteriores 
da batalha que tivemos indica que a tripulação daquele Corvete que nos abalroou foi transportada 
para  a  Defiant,  pois,  segundo  os  sensores,  seus  escudos  estavam  baixos  e  ele  simplesmente 
continuou  vindo  em  nossa  direção.  Deve  ter  ocorrido  durante  o  período  em  que  desligamos  os 
nossos sistemas. 

Jevlack não parecia satisfeito. 

­ E como foi que controlaram a nave em tão pouco tempo? 

Terak ficou em silêncio. 

­ Bem – disse – Só posso imaginar que o grupo avançado foi persuadido a fornecer os dados 
de alguma forma. Talvez a nave tivesse alguma armadilha preparada para quando fosse ativada. 

­ O que nos leva a outra pergunta: Segundo informações do grupo avançado, a Defiant estava 
em excelentes condições, provavelmente preservada por alguém. Como não conseguiram ativa­la 
em setenta anos? 

­  Creio  que  nunca  saberemos  esta  resposta  –  disse  Terak.  Assim  como  nunca  saberemos 
como  foi  que  ela  veio  parar  aqui.  Segundo  nossas  análises,  chegamos  aqui  através  de  uma 
espécie  de  transdobra  que  abriu  uma  fenda  entre  esta  galáxia  e  a  nossa.  A  Defiant,  pelo  que 
temos registrado, simplesmente desapareceu em uma fenda interdimensional. O porquê, nunca foi 
esclarecido. 

­ Nem estou interessado – cortou Jevlack. 

"Capitão, mensagem prioritária da Capitã Donner para o senhor. Código dois." 

Ele acionou o console da mesa e a mensagem – escrita – apareceu. Leu de forma tão rápida 
que  Matias  julgou  que  seus  olhos  também  deveriam  ser  próteses,  e  que  sua  mente  se  adaptou 
muito bem a trabalhar com os sistemas que lhe foram instalados. 

­ Estão dispensados. Terak, baseado na última informação que teve do computador da Defiant, 
trace um curso para as suas coordenadas. Quero partir assim que os motores de dobra estiverem 
operacionais.  Até  lá,  Matias,  você  assume  o  comando.  Eu  estarei  analisando  as  possibilidades 
aqui. 

­ Sim senhor! – disseram ambos e saíram. 

O que será que Lisa tinha lhe mandado que o deixou tão irritado? 

**** 

Sabia  que  não  iria  conseguir  nada  com  Bernard,  mas  não  imaginou  que  Lauriel  ficaria  tão 
indiferente a isso. Ela demonstrou mais preocupação com Ígnea e se os caças iriam ser reparados. 
Se bem que para repara­los, "infelizmente" os engenheiros teriam de conhecer um pouco daquela 
tecnologia  ­  ao  menos  do  motor  de  íons,  já  que  do  hiperdrive  ninguém  sabia  como  funcionava, 
exceto os droides.
Trek Wars – Roberto Kiss  179  www.scriptonauta.com.br 

Acabou decidindo por não mais pô­la na cela. Ambas, Ígnea e Lauriel, foram alojadas juntas. 
Lia  teria  alta  em  breve  e  se  juntaria  a  elas.  Quanto  aos  outros  convidados...  Bom,  assim  que 
conversasse  com  Jevlack  iria  solicitar  –  se  ainda  fosse  a  Capitã  –  permissão  para  ir  até  a  lua 
Calamari  e  deixa­los  por  lá.  Ficou  sabendo  por  Lauriel  que  era  lá  que  eram  construídos  os 
cruzadores rebeldes. 

"Capitã  Donner,  chamada  codificada  com  prioridade  um  para  a senhora e a Imediato Tirvik." 


Informou o computador. 

­ Transfira para o observatório. E avise a Tirvik para estar lá. 

Bem, é hora de encarar, pensou enquanto seguia para o turboelevador. 

Assim  que  entrou,  aproveitou  para  verificar  os  reparos  que  foram  feitos  depois  da  explosão. 
Tudo  perfeito,  não  se  notava  nenhuma  diferença.  Cumprimentou  Tirvik  –  ainda  não  tinha 
conversado com ela sobre o seqüestro. 

­  Computador,  decodifique  a  transmissão  do  Capitão  Jevlack,  autorização  Donner  –  Lambda 


Charlie ­ era o código do almirante, que ela acabou herdando quando foi efetivada no posto. 

Depois de alguns instantes, Jevlack apareceu na tela, e não parecia nem um pouco tranqüilo. 
Na verdade parecia furioso. 

­ C­Capitão? – disse Tirvik, com medo evidente. 

­  Onde  diabos  vocês  pensam  que  estão?  Em  um  parque  de  diversões?  Não  estamos 
brincando  e  nem  passeando  pelo  espaço!  Estamos  em uma situação em que já ficou impossível 
ficar a margem da guerra entre os rebeldes e imperiais. 

­  Capitão  –  disse  Lisa,  com  a  voz  um pouco trêmula – eu apreciaria que me dispensasse de 


vez e deixasse seus comentários para a corte marcial. 

Jevlack ficou apenas olhando de forma um pouco cômica para elas. 

­ Ele não tenciona nos dispensar – disse Tirvik 

­ Como? 

­  Se  fosse  fazer  isso,  apenas  nos  diria  quem  iria  ficar  no  nosso  lugar,  não  perderia  tempo 
dando um sermão. 

Olhou para o monitor. O sorriso amarelo de Jevlack confirmava o que Tirvik disse. 

­ Quem eu colocaria no lugar de vocês? 

­ Mas meu erro... 

­ Oh! Meus parabéns! Cometeu o seu primeiro erro. Grande coisa. Você e sua tripulação ainda 
estão vivos, portanto, preparados para outros erros que virão. Acha que eu nunca errei? Eu tenho 
o  privilégio  de  ser  o  Capitão  que  errou  mais  rápido  após  assumir  um  comando.  E  você,  por 
enquanto,  é  a  Capitã  que  demorou  mais  tempo  para  isso.  Agora,  vocês  duas!  Tratem  de 
assumirem as desgraças que seus postos exigem, incluindo o de engolir os seus erros. No estado
Trek Wars – Roberto Kiss  180  www.scriptonauta.com.br 

em que estamos, não precisamos de culpados, mas sim de soluções. Reparem esta nave, achem 
aquela fenda e caiam fora daqui! E, se tiverem que destruir todo o Império ou a Aliança Rebelde 
para isso, vocês tem minha benção. Nossa principal vantagem é que nossas armas podem operar 
a longas distâncias, portanto, não cheguem perto de ninguém. E se cruzarem com a USS Defiant, 
destruam­na.  Estou  enviando  um  resumo  do  que  aconteceu  quando  nos  separamos.  Segundo  a 
triangulação de Terak, ela estava indo na sua direção. 

Lisa fez menção de dizer algo. 

­ Faça com os pilotos rebeldes o que bem entenderem – em seguida, desligou. 

Olhou para Tirvik, confusa. 

­ Ele é sempre assim? 

­  Curto,  direto,  e  sem  dar  chance  de  discussão?  Devia  ver  os  registros  das  duas  cortes 
marciais a qual foi levado. 

­ DUAS?!? – ela não acreditava. 

­  Da  destruição  das  duas  outras  naves  que  serviu  como  Comandante.  Na  verdade,  a 
Thunderbold  é  a  que  está  durando  mais  com  ele.  Foi  a  primeira  a  qual  não  destruiu  totalmente 
para vencer o oponente. 

­ Depois você me conta isso, vamos tirar esta nave daqui e voltar ao nosso serviço. 

Duas  naves?  Destruiu  duas  naves  para  vencer  oponentes?  Começou  a  imaginar  o  que 
passaram os seus oponentes naquela guerra do século XXI. E principalmente os seus superiores, 
sobre as perdas materiais as quais sem dúvida ele causava. 

Teve que deixar isso de lado. Tinha que ler o resumo da situação deles e saber quem diabos 
era essa Defiant e por que teria que destruí­la. 

­ Relatório! 

­ Bem General, recuperamos metade da força dos escudos, mas, sem o gerador numero um, é 
só o que podemos fazer. Vamos precisar de alguns dias para receber um novo gerador. As outras 
naves estão plenamente operacionais. Perdemos 80% de nossos caças bombardeiros e 40% dos 
interceptores.  Nenhum  assalt  gunboat  sobreviveu.  No  geral,  temos  20%  da  força  total.  Ainda 
precisamos esperar que os outros caças retornem. 

Soer sentou­se. Até que não estavam tão mal assim. Os três destróieres estavam sem danos 
estruturais. O problema foi a perda do Interditor. Muito rápida. Aqueles feixes de energia tinham a 
força  de  dois  torpedos  pesados,  e  abrangiam  uma  área  de  impacto  muito  grande,  causando 
grandes  oscilações  em  seus  escudos.  E  o  mais  assustador,  podiam  dispara­los  a  cada  três 
segundos. 

Já tinha enviado o resumo da batalha para o Executor, agora apenas esperava novas ordens. 
Para combate­los novamente iria precisar de mais um interditor, para ter novamente a vantagem 
dos  sistemas  da  Starfleet  ficarem  parcialmente  inoperantes.  Já  sabia  que  com  três  torpedos 
pesados  derrubaria  seus  escudos.  Um  deles,  ao  menos.  Mas  não  tinha  mais  bombardeiros  para 
isso. Na verdade, se cruzassem com qualquer cruzador rebelde, estariam com sérias dificuldades 
devido a falta de caças. Precisavam repô­los.
Trek Wars – Roberto Kiss  181  www.scriptonauta.com.br 

­  Patrulhas  extensivas,  todos  os  caças  disponíveis.  Quero  os  tie­bombers  restantes  prontos 
para  lançamento  imediato.  Deixe  metade  com  mísseis  para  caças  e  outra  metade  com  torpedos 
pesados. 

­ Sim General. 

Pelo menos, se alguém aparecesse, teria que enfrentar oitenta e dois caças rápidos. Foi tudo o 
que sobrou dos trezentos iniciais. 

Foi até a janela, desta vez, não para ficar em uma posição confortável, mas sim para ver os 
outros  dois  destróieres.  Podia  ver  os  caças  já  sendo  lançados,  grupos  de  três  e  quatro.  O  que 
Vader  iria  fazer?  Pelo  que  viu  da  força  da  Starfleet,  achava  que  tinham  que  destruí­la!  E  a 
Thunderbold  também.  Claro  que  se  tivessem  tal  poder  em  mãos,  a  Aliança  e  todos  na  galáxia 
finalmente seriam controlados. 

O problema do Império era que apesar da formidável frota que possuíam, ainda era insuficiente 
para  controlar  todo  o  seu  território.  Era  na  verdade  o  único  motivo  pelo  qual  ainda  não  tinham 
destruído  a  fábrica  rebelde  de  cruzadores.  Seria  preciso  uma  grande força para isso. E isso eles 
tinham!  Mas  deixariam  muitos  setores  desprotegidos,  sujeitos  a  muitas  deserções  e  insurreições 
internas. Era o típico caso de abocanhar mais do que se podia morder. 

O  surgimento  da  rebelião apenas atrapalhou as coisas um pouco. Representava um atraso – 


considerável  ­  no  projeto global, nada mais. Mas eram irritantes! E persistentes! Bastaria apenas 
esperar construir naves suficientes para ir em definitivo contra eles, até lá, cada setor se defendia 
como poderia. De fato, o único ponto fraco real do Império seria se o imperador fosse assassinado 
de alguma forma! Deixaria um grande vácuo no poder e o Império desmoronaria. 

Aparentemente era isso o que a rebelião desejava quando libertou os escravos. Provavelmente 
viram que era quase impossível faze­lo e optaram por uma vitória simbólica. 

Até  que  estas  naves  apareceram!  Quem  possuísse  a  tecnologia  daquelas  naves  ganhava  a 
guerra. Uma única nave foi páreo para três destróieres e mais de seiscentos caças! E isso porque 
foi parcialmente desabilitada. Se podem destruir uma nave do império em um minuto, a ameaça é 
por  demais  assustadora.  Isso  significava  que  o  desenho  de  seus  destróieres  teriam  de  ser 
modificados. Os geradores de escudos não mais podiam ficar expostos. 

Antes,  os  seus  oponentes  podiam  ser  contidos  com  os  caças,  pois  não  havia  nada  que 
pudesse atingi­los que não fosse possível deter. Mas aqueles phasers... Eram sem dúvida a maior 
de todas as vantagens. Não havia como detê­los ou desvia­los como faziam com os mísseis. 

Podem  manobrar  no  hiperespaço,  tem  grande  velocidade  e  podem  atingi­los  a  uma  grande 
distância.  Mas  possuem  suas  limitações.  Segundo  a  interrogação  dos  rebeldes  capturados  da 
Exceler,  eles  não  ficavam  com  os  escudos  constantemente  erguidos,  e  nem  com  as  armas 
energizadas.  Ou  seja,  não  tinham  energia  suficiente  para  manter  uma  condição  de  batalha  por 
muito tempo. 

Mas...  isso iria fazer diferença? 

­ General! Ordens de Darth Vader, devemos ir para o setor 12­3­3 para repor as perdas, e, se 
necessário,  requisitar  outra  nave  capitânia,  caso  os  reparos  não  possam  ser  feitos  em  um  dia. 
Depois devemos integrar a linha de defesa do projeto Eclipse. Em 5­23­9.
Trek Wars – Roberto Kiss  182  www.scriptonauta.com.br 

Outra nave capitânia? Ele conhecia aquele setor, era um poderoso posto avançado do Império, 
usado para reposição e reparos em naves. Tinha sempre dois destróieres de prontidão lá. Tinham 
peças  inteiras  pré­montadas,  de  forma  que  normalmente  em  um  dia  eram  capazes  de  fazer 
qualquer reparo em cruzadores. Reatores de escudos sempre estavam em estoque. 

­ Quanto tempo para chegarmos? 

­ Quarenta e seis minutos para a janela mais próxima e mais quatro baldeações. Uma viagem 
total de vinte e seis horas. 

­  Programe  o  hiperdrive,  postos  de  batalha  e  escolta  constante.  Todos  os  caças  que  não 
tiverem hiperdrive devem retornar agora, os outros serão revezados durante as baldeações. 

­ Sim General. 

Se  ele  tinha  carta  branca  para  trocar  de  nave  capitânia,  então  podia  escolher  qualquer  uma 
que  estivesse  no  posto  naquele  momento.  E  ele  acreditava  que  um  certo  super  destróier  estelar 
estivesse lá... 

Balançou  a  cabeça.  Apesar  da  carta  branca  não  devia  desfalcar  o  setor  de  sua  nave  mais 
poderosa.  Poderia  ter  gravíssimas  conseqüências  caso  os  rebeldes  descobrissem.  E  eles  iriam 
descobrir  isso,  mais  cedo  ou  mais  tarde.  Ademais,  o  Executor  já  tinha  seguido  para  a defesa do 
projeto Eclipse. Não havia a necessidade de outro. 

***** 

O  General  Karakyr  observou  todos  os  chefes  de esquadrões reunidos na sala antes de falar. 


Sabia que estavam todos impacientes e irritados. Ficaram muitos dias apenas fazendo manobras 
padrões  e  ainda  não  sabiam  o  porque  de  tantas  naves  rebeldes  estarem  reunidas.  Soube  que 
correram  rumores  de  que  fariam  finalmente  um  ataque  total  contra  o  Império,  mas  logo  foram 
substituídos por outros, que diziam que era a última chance de manterem a situação como estava. 
E estavam certos. 

­  Senhoras  e  senhores  –  começou  –  Finalmente  é  hora  de  saberem  o  que  vamos  fazer.  Os 
relatores  já  lhes  informaram  que  o  nosso  objetivo  será  destruir  a  nova  arma  do  Império.  O  que 
vocês ainda não sabem é qual arma é esta e como iremos faze­lo. 

Surgiu um holograma no meio da sala, mostrando o Eclipse. 

­ Esta é a nova arma, o Eclipse. 

Ficou observando suas reações. 

­ Não parece ser muita coisa. Um destróier com um turbolaser maior. 

­ Ele tem dezessete mil e quinhentos metros, mil esquadrões completos, duas bases terrestres 
pré fabricadas, uma centena de AT­ATs e um canhão de energia que, segundo últimos informes, 
pode  perfurar  a  crosta  de  um  planeta  até  o  seu  núcleo.  Possuí  diversos  sistemas  redundantes, 
vários  hiperdrives  e,  aparentemente,  nenhum  ponto  fraco  a  ser  explorado.  Seus  geradores  de 
escudos  são  internos,  e,  quando  não  estão  energizando  a  grande  arma,  podem  reerguer  os 
escudos com provavelmente mais velocidade do que podemos baixa­los.
Trek Wars – Roberto Kiss  183  www.scriptonauta.com.br 

Silêncio total. E uma admiração e medo extremamente palpáveis. 

­  E  como  em  nome  da  força  vamos  conseguir  destruir  isso?  –  perguntou  alguém  da  última 
fileira.

­  Com  muitos  sacrifícios  –  respondeu  –  Como  seus  escudos  são  sem  dúvida  muito  mais 
poderosos  que  os  dos  super  destróieres, seria suicídio tentar ataca­lo apenas com caças. Iremos 
dividir  a  nossa  frota  em  duas.  Eu  comandarei  a  segunda  divisão,  o  General  Safrã  comandará  a 
outra. 

Atrás do General, surgiu o mapa tático da situação. 

­ Acreditamos que existam pelos menos sessenta destróieres fornecendo proteção ao Eclipse, 
que  ainda  não  deve  estar  operacional.  Entre  eles,  claro,  existem  interditores.  A  frota  de  Safrã 
chegara primeiro, seu objetivo será destruir os interditores. Chegaremos trinta minutos depois, com 
o  armamento  mais  pesado.  Todos  os  caças  sairão  diretamente  do  hiperespaço  e  deverão  dar 
cobertura  aos  bombardeiros,  que  também  irão  atacar  qualquer  interditor  com  bombas  espaciais. 
Oito  grupos  de  a­wings  com  seis  caças  cada,  especialmente  modificados,  carregarão  estas 
bombas.  Sendo  nosso  caça  mais  rápido,  terão  maior  chance  de  sucesso.  O  mesmo  ocorrera  na 
frota de Safrã. Se, como espero acreditar, os interditores já tiverem sido destruídos, o alvo principal 
será o Eclipse. Usaremos naves de transportes e corvetes cheios de explosivos para colidirem com 
ele  em  entrada  para  o  hiperespaço.  Por  isso  é  de  vital  importância  que  os  interditores  sejam 
destruídos, do contrário, estaremos condenados. Todos os outros caças deverão dar cobertura aos 
bombardeiros  e  as  nossas  naves.  Estaremos  enfrentando  um  poder  em  condições  que  nunca 
ocorreram antes! Alguma pergunta? 

­ É tarde para pedir uma licença? 

Todos riram, sem dúvida, estavam muito nervosos. 

­ Muito bem, já chega! Preparem seus esquadrões, partiremos em algumas horas para o ponto 
de espera. A frota de Safrã já deve estar partindo. 

Saíram da sala, deixando­o sozinho. Olhou para o mapa tático, parecia fácil, explicado desta 
forma.  Mas  sabia  que  era  uma  tarefa  quase  impossível.  Souberam,  nos  últimos  dias,  que  suas 
naves de patrulha e diversas bases de suprimentos próximas ao Eclipse foram destruídas por uma 
esquadra do Império. Não teriam apoio nenhum. Além disso, há dois dias, o Ultimate foi localizado 
no  posto  avançado  imperial  distante  apenas  dezenove  horas  da  nave.  Se  ele  e  o  Executor 
juntassem forças, não faria a mínima diferença destruir ou não o Eclipse. Tal poder iria oblitera­los 
completamente. 

O plano era ataca­los em três dias, antes que mais reforço estivesse ao redor do Eclipse. Era 
quase certeza que a frota de Safrã iria fracassar, e caberia apenas a segunda divisão completar o 
que a primeira iria começar. 

­ Todos os sistemas operacionais Capitã – informou Tirvik. 

­ E os reparos no casco? 

­ Também estão encerrados.
Trek Wars – Roberto Kiss  184  www.scriptonauta.com.br 

Nave em perfeitas condições e os destróieres do Império já tinham partido há doze horas. Era 
hora de voltar para a busca. Poderiam ter partido algumas horas antes, mas Lisa preferiu esperar 
todos os reparos para verificar se a Defiant iria aparecer. 

­ Senhora Nille, trace curso para prosseguirmos em nossa busca, dobra 8. 

­ Sim Capitã. Curso traçado. 

­ Engatar. 

A  Starfleet  entrou  em  dobra.  Tiveram  muita  sorte,  nenhuma  baixa.  Pelo  menos  estavam em 
situação  melhor  que  a Thunderbold, que somente há pouco tempo reparou os motores de dobra. 
Com certeza devia ter sido uma batalha mais difícil que a deles. 

­  Tirvik,  gostaria  que  falasse  com  Lauriel  sobre  onde  gostaria  que  deixássemos  os  pilotos 
rebeldes. Com Bernard preso, ela é a patente mais alta agora. 

­ Sim Capitã. 

Tirvik  tomou  o  turboelevador  e  seguiu  para  os  aposentos  de  Lauriel.  Cinco  minutos  depois, 
Thompson começou a checar seu painel, fato que não passou despercebido pela Capitã. 

­ Senhor Thompson, algo errado? 

­ Bem Capitã, parece que havia uma nave no limite da capacidade dos sensores. Parece ser 
da classe constitution, mas agora sumiu. Pelo que pude perceber, nós a captamos quando estava 
mudando de curso. 

Lisa se pôs de pé. 

­ ALERTA VERMELHO! Senhora Nille, mudar curso para o último local em que esta nave foi 
detectada, dobra máxima. Thompson, deixe todas as armas de prontidão. 

­ Sim Capitão. 

Seguiram em dobra 9,1 para o local em que a nave tinha sido captada. 

­ Senhora Nille, esta nave provavelmente é a Defiant, uma nave constitution de setenta anos. 
Temos  ordens  de  destruí­la.  Baseado  na  velocidade  máxima  desta  nave,  quanto  tempo  temos 
antes que ela não possa mais ser localizada? 

Nille começou a fazer as análises no seu painel. 

­ Eu diria... cerca de uma hora. Se não a encontrarmos antes disso, não teremos mais locais 
para procura­la, pois terá tido tempo de seguir em qualquer direção. 

Tirvik retornou a ponte. 

­ Capitã, o que ocorreu? 

­ Bem, localizamos, pelo menos por alguns instantes, a Defiant. Mas como estava no limite de 
detecção, é possível que nos escape.
Trek Wars – Roberto Kiss  185  www.scriptonauta.com.br 

­ Capitã – chamou Thompson – já devíamos tê­la captado novamente, como não o fizemos, ela 
deve ter seguido para zero menos ou zero mais. Se escolhermos errado, provavelmente escapará. 

­ Siga para zero menos – comandou. 

Durante  trinta  minutos,  a  expectativa  de  localizar  a  Defiant foi diminuindo, até que se teve a 


certeza  de  que  iriam  mais  encontra­la.  Os  motores  já  estavam  sendo  forçados  há  um  tempo 
considerável, Nille chamou a atenção da Capitã para o fato. 

­  Muito  bem,  encerrar  busca.  Não  vamos  localiza­la.  Senhora  Nille,  retorne  para  o  curso 
anterior,  dobra  7.  Thompson,  transmita  os  últimos  dados  para  a  Thunderbold.  Com  sorte,  eles 
podem acha­la novamente. 

­ Sim Capitã. 

­ Bem Tirvik, acho que você pode voltar a fazer o que lhe pedi antes. 

­ Sim senhora! 

­ Engenharia, verifique os motores, espero não tê­los forçado por tempo demais. 

"­  Estão  perfeitos,  Capitã,  mas  aconselho  a  esperar  algumas  horas  antes  de  força­los 
novamente." 

­  Não  prometo  nada!  Continue  trabalhando  em  como  manter  os  motores  funcionando  com 
aqueles  campos  disruptores,  coordene  com  a  engenharia  da  Thunderbold,  acredito  que  devam 
estar procurando pela mesma solução. É só. 

**** 

A  Storm  tinha  chegado  a  base  temporária  dos  piratas  há  cerca  de  duas  horas  ­  a  base  fixa 
ficava em Pestulon, mas toda a forca foi movida para lá por motivos não explicados por Quattroni, 
fato muito comum. Os relatórios não eram promissores. Seriam precisos vinte dias para repara­la. 
Isso significava usar a segunda nave que tinham, para buscar Quattroni. Ele tinha sido claro nisso! 
Caso  a  Storm  não  pudesse  ser  utilizada  para  resgatar  os  homens  transportados  para  a  Defiant, 
deveriam usar a Hurricane para isso. Com toda a esquadra junto. 

­ Chame as naves que ainda estão no espaço imperial. Devem aguardar instruções e estarem 
prontas para partirem imediatamente. 

­ Sim senhor. 

A  Hurricane  era  uma  nave  conquistada  há  pouco  tempo,  na  verdade,  um  brinde!  Ela  estava 
junto  com  o  calamari  que  estavam  encarregados  de  capturar,  a  equipe  aproveitou  e  conseguiu 
capturar a nave também! Era do Império antes, e sua tripulação tinha desertado há pouco tempo. A 
nave, com pouca tripulação para defende­la foi presa fácil. Nos dias em que estavam aguardando 
o aparecimento daquelas naves estrangeiras, fizeram várias alterações nela – os piratas também 
eram conhecidos pela sua incrível capacidade de aperfeiçoar a capacidade bélicas das naves que 
tinham  –  dobraram  as  suas  defesas,  aumentaram  a  área  de  armazenamento  interno  de  caças, 
deixando  o  número  máximo  em  noventa  e  três  naves,  todas  t­wings,  ­  muito  mais  compactos  e 
fáceis de armazenar que as outras que usavam – e aperfeiçoaram a capacidade do seu radar, de
Trek Wars – Roberto Kiss  186  www.scriptonauta.com.br 

forma  que  poderiam  até  mesmo detectar a distancia, o conteúdo de um cargueiro. Tudo isso em 


alguns dias. Na verdade, em breve, eles teriam a sua própria fábrica de naves. 

Quattroni  iria  se  comunicar  em  breve,  para  informar  onde seria o ponto de encontro. Isso foi 


decidido  de  última  hora,  pois  não  esperavam  controlar  aquela  nave.  Tudo  foi  inesperado  neste 
serviço.  Parecia  que  poderiam  destruir  a  Thunderbold,  mas  ela  mudou  o  jogo  de  forma 
impressionante. Mas estaria pronto da próxima vez – ele esperava que não ocorresse uma próxima 
vez – teria pronto mais de cinqüenta mísseis disruptores. 

Começou  a  contabilizar  as  perdas.  Doze  corvetes  modificados  mais  trinta  e  seis  caças,  que 
estavam  a  bordo  destes.  Nem  tiveram  chance  de  serem  lançados.  No  hangar  da  Storm  haviam 
mais  dez, todos destruídos ou em estado irrecuperável. Estava considerando a própria Revenger 
como perda. Ela era grande demais para ser posta no hangar da Defiant. E ele não se lembrava de 
tê­la visto quando chegou. Será que ainda estava acoplada a comporta da nave? 

Bom, descobriria isso quando se encontrasse com Quattroni. 

­  As  naves  informam  que  estão  prontas,  e  que  Quattroni  já  se  comunicou  com  elas,  para  o 
caso do senhor não voltar. O ponto de encontro é no setor 5­23­9, toda a nossa frota. Ele acredita 
que  talvez  cruzemos  com  os  rebeldes  ou  com  aquelas  outras  naves  durante  a  recuperação  do 
pessoal, e quer garantias. 

­  Preparem  a  Hurricane!  Avise  as  naves  para  partirem  para  o  setor  imediatamente.  Iremos 
assim que possível. 

­ Sim senhor. 

Fez uma avaliação no sistema tático. Levariam algo em torno de trinta horas para chegarem. 
Aquela nave em que Quattroni estava ficaria zanzando de setor em setor até algumas horas antes 
da  hora  combinada,  para  evitar  serem  localizados  pelas  outras  duas  naves.  Haveria  tempo 
suficiente  para  transmitir  ao  império  o  que  o  contrato  exigia,  como  aquelas  naves  se 
movimentavam. 

Bom,  seguiu  para  a  comporta  mais  próxima  –  o  hangar  não  poderia  ser  usado  ­  para  pegar 
uma carona no transporte que estava retirando o pessoal da Storm para iniciar os reparos. Instruiu 
o piloto para deixa­lo no Hurricane. 

Capítulo 19 

O relatório estava perfeito! Segundo ele, devido a alguns problemas inesperados nos dutos de 
energia  do  disparador, haveria um atraso de duas semanas nos primeiros testes da grande arma 
do Eclipse. Enviou a mensagem para o Executor, que se encontrava a uma certa distância. Mesmo 
ele, parecia uma nave pequena perto do Eclipse. 

Agora,  era  só  esperar  os  espiões  rebeldes  fazerem  a  sua  parte.  A  armadilha  foi  muito  bem 
engendrada,  ninguém  que  estava  a  bordo  poderia  sair  ou  fazer  comunicações  de  qualquer 
espécie.  Dispositivos  estrategicamente  colocados  em  todos  as  salas  e  decks  captariam  qualquer 
transmissão  efetuada,  e  iniciariam  a  imediata  descompressão  da  sala  em  questão,  apenas  o 
suficiente  para  deixar  os  seus  ocupantes  desacordados.  Desnecessário  dizer  que  isto  ocorria 
diariamente. Já haviam pegado mais de oitenta possíveis espiões assim.
Trek Wars – Roberto Kiss  187  www.scriptonauta.com.br 

Os  rebeldes  espiões  a  bordo  deviam  estar  desesperados,  pois  sabiam  que  o  Eclipse  estava 
plenamente operacional, e que todos os relatórios eram mera desinformação. Um chamariz para a 
frota rebelde tentar destruí­lo enquanto era tempo. 

Mesmo  que  não  estivessem  operacionais,  com  a  força  estacionada  ali  era  improvável  que 
pudessem  fugir,  ainda  mais  com  tantos  postos  próximos  para  dar  apoio.  Em  cinco  minutos, 
poderiam receber mais de dez destróieres adicionais. 

­  General  Mirkyra,  o  último  carregamento  de  caças  foi  armazenado,  e  os  pilotos  também 
chegaram. 

­ Ótimo! 

Podiam  lançar  trinta  caças  ao  mesmo  tempo,  em  intervalos  de  quarenta  segundos.  Tinham 
mais de seis mil caças a bordo. Podiam enfrentar sozinhos a frota rebelde. Mas, segundo o plano, 
deveriam esperar até o último minuto para mostrar que foram enganados. 

Olhou para o mapa interno da nave. Tudo funcional. Depois de anos em construção, a primeira 
nave capaz de destruir sozinha um planeta estava pronta. Finalmente a rebelião seria rechaçada. 
Seu primeiro alvo já estava preparado, a lua Calamari. Iriam destruir finalmente a pedra no sapato 
do Império, a fábrica de cruzadores estelares rebelde. 

Desviou a atenção para o tático, apenas o Executor e um número considerável de interditores 
estavam na mesma área. Isso para não assustar os batedores rebeldes que sem dúvida chegariam 
primeiro  e  avaliariam  a  situação.  Era  uma  força considerável, mas passível de ser derrotada por 
toda  a  frota  inimiga.  Claro  que  assim  que  os  cruzadores  rebeldes  chegassem,  um  sinal  seria 
enviado  e  as  outras  setenta  naves  apareceriam.  Várias  frotas  já  estavam  de  prontidão,  a  uma 
distância considerável. Com certeza, eles saberiam de onde viriam reforços, mas não teriam idéia 
do tamanho deste. 

­ Pegue os últimos espiões capturados, é hora de mais um treino de tiro ao alvo. 

Como estavam pegando espiões em quantidade muito grande, estava ficando difícil decidir o 
que fazer com eles. Assim, achou uma forma de se entreter, interrogando cada um, e, depois de 
algum  tempo,  atirando  neles.  Não  conseguia  nenhuma  informação,  mas  sua  mira  estava 
melhorando muito. 

­ General! Um assalt gunboat não autorizado partiu do hangar. 

­ O que? 

Olhou  no  tático,  era  um  gunboat,  com  certeza.  Não  respondia  aos  chamados  da  sala  de 
controle. 

­  Ordene  aos  interditores  para alterarem a janela de disrupçao! Não quero esta nave fugindo 


da área. 

­ Sim senhor. 

Agora  tinha  que  pensar  bem  no  que  fazer.  Se  disparasse  contra  o  caça,  os  outros  espiões 
rebeldes nas outras naves ficariam desconfiados de algo. Se não fizesse nada, aquele caça ficaria
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fora do alcance dos interditores, e fugiria, estragando todo o plano. Se enviasse caças atrás deste, 
também ia ficar evidente para os espiões que algo estava errado. Ele estava seguindo em grande 
velocidade, devia estar jogando toda a energia nos motores. 

­  Avise  as  naves  que  lançamos  uma  nave  comandada  por  um  droide  para  testar  nossos 
lançadores. Informe ao controle de defesa para disparar mísseis a vontade contra o caça. 

Isso deveria cuidar da situação sem muito alarde. 

Diklov não entendia por que não enviavam naves para pagá­lo. Quando soube que o Eclipse 
estava  totalmente  operacional,  percebeu  que  a  única  forma  de  chamar  a  atenção  de  seus 
camaradas  a  bordo  das  outras  naves  seria  em  uma  ação  suicida.  Se  soubessem  de  um  caça 
imperial sendo atacado por outros – o tipo de notícia que se espalhava muito rápido ­ perceberiam 
que havia alguma coisa estranha. Mas isso de nada iria adiantar se não fossem contra ele. 

Tentou  usar  o  comunicador  da  nave  por  diversas  vezes,  sem  sucesso.  Os  novos  canhões 
bloqueadores  de  sinal  do  Eclipse  deviam  estar  apontados  para  ele.  Teria  que  seguir  por  mil 
quilômetros para estar fora do alcance. E mais seis mil para se livrar dos interditores. Ele já tinha 
tentado acionar o hiperdrive sem sucesso. 

Estava  com  os  motores  em  plena  força,  com  os  escudos  e  armas  sem  nenhuma  energia. 
Mesmo o suporte de vida estava no mínimo. Só tie­advanceds ou defenders poderiam alcança­lo 
agora.  Talvez  fosse  isso  o  que  o  General  Mirkyra  tivesse  planejado.  Deixa­lo  seguir  para  uma 
grande  distância  e,  depois,  lançar  os  caças  contra  ele.  Iria  parecer  apenas  uma  operação  de 
patrulha. 

Súbito, o alarme! Mísseis estavam sendo travados nele. Não poderia fazer nada enquanto não 
fossem  disparados.  Se  tivesse  conseguido  roubar  o  tie­defender  ao  lado  desta  nave,  seria  mais 
rápido que os mísseis. Mas não houve tempo. 

Os mísseis foram disparados! Fez ajustes no tático para seguir a rota deles. Eram três! Tinha 
um  minuto  e  meio  para  se  esquivar  antes  que  ficassem  sem  combustível  e  explodissem.  Pela 
aproximação, tinha vinte segundos antes que o alcançassem! Tempo mais que suficiente. 

Direcionou  energia  para  os turbolasers, o que fez a nave ir mais devagar. Não se preocupou 


com os escudos, pois além de demorarem muito para serem carregados, resistiriam apenas a dois 
mísseis.  Assim  que  as  armas  tiveram  energia  suficiente,  virou  a  nave  em  direção  aos  mísseis  e 
disparou, destruindo os três. 

Novo alarme! Mais mísseis lançados. Retornou a rota anterior e esperou que estivessem mais 
próximos.  Se  desse  tudo certo, em  breve estaria fora do raio de alcance deles. Não teriam outra 
escolha além de enviar caças contra ele. Novamente virou em direção aos mísseis e os destruiu. 
Voltou ao curso inicial. 

Mais uma vez, o sinal de mísseis sendo lançados contra ele. Não, eram muito mais! Estavam 
disparando  vários, a intervalos de alguns segundos. Já haviam oito em direção a ele, e vindo de 
direções diferentes, três vinham próximos da ponte do Eclipse, os outros cinco da parte dianteira. 
Não teria como manobrar a nave a tempo para atingir a todos, e suas armas também não estavam 
energizadas o suficiente para tantos disparos contínuos. 

Tinha que se desviar, e continuar desviando até que o combustível deles se esgotasse. Ficou 
atento ao tático, tinha que desviar quando estivessem a vinte metros. O problema, é que haviam 
duas levas de mísseis, podia se desviar da primeira, mas a segunda o alcançaria antes de se livrar 
desta. Bom, havia um jeito.
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Aguardou,  o  suor  frio  traía  a  sua aparente calma. No último instante, desviou a nave para a 


esquerda. Cinco mísseis passaram direto, sem poder desviar a tempo. Afastaram­se trinta metros 
e retornaram para uma nova investida. Novamente, Diklov desviou a nave no último instante. Mais 
uma vez o alarme! Mais mísseis foram disparados. 

Aproveitando  que  tinha  alguns  segundos,  apontou  o  caça  na  direção  da  segunda  leva  que 
estava  muito  próxima  e  disparou,  destruindo  todos.  Novamente  fez  uma  evasiva,  escapando 
novamente  dos  mísseis.  Durante  a  volta,  eles  ficaram  sem  combustível  e  explodiram.  Ajustou  o 
tático, precisava ver de onde estavam vindo os novos mísseis. 

Eram oito levas agora! Um míssil em cada. Chegariam provavelmente em intervalos de cinco 
segundos. Poderia escapar do primeiro, do segundo e até do terceiro, mas o quarto o atingiria no 
meio da evasiva, e não teria como posicionar a nave em sua direção. Segundo seus cálculos, teria, 
provavelmente, mais um minuto de vida. 

O primeiro se aproximava. Apontou a nave em direção a ele e aguardou a distancia certa para 
disparar.  Não  poderia  se  ejetar,  não  pegou  o  equipamento  completo  de  piloto  quando  roubou  a 
nave.  Disparou  quando  estava  a  menos  de  dez  metros,  desviou  antes  de  ter  a  confirmação  do 
computador  de  que  o  tinha  destruído.  Apontou  para  o  segundo,  disparou  novamente.  Fez  uma 
rápida  evasiva,  tão  fechada  que  os  alertas  foram  acionados,  a  nave  ficou  em  perigoso  nível  de 
stress.

Malditos  imperiais e sua fabrica de porcarias! Pensou enquanto aliviava um pouco a evasiva 
para  que  a  nave  não  se  partisse.  Tinha  conseguido  destruir  o  segundo  e  desviar  do  terceiro,  e 
estava de cara com o quarto míssil. Destruiu­o e fez nova evasiva para escapar do quinto. No meio 
desta, teve que mudar de rumo pois o terceiro já estava voltando. Novamente o aviso de stress. 

De  que  adianta  jatos  laterais  poderosos  se  a  nave  não  agüenta  o  uso  destes  em  força 
máxima?  Maldisse  novamente  enquanto  ignorava  o  alarme  –  muito  mais  enfático  agora  –  para 
tentar aproveitar e escapar do sexto míssil que já estava quase cutucando­o. 

Os  dois  mísseis  se  cruzaram,  a  poucos  centímetros  um  do  outro  e  a  poucos  milímetros  da 
vidraça da cabina. Ele teve a impressão de ter visto o número de série da ponta destes. Mas não 
tinha tempo para ficar impressionado. O sétimo já estava vindo e o quinto retornava para terminar o 
assunto  inacabado.  Decidiu  fazer  o  impensável!  Cortou  os  motores,  girou  a  nave  no  sentido 
longitudinal, e acionou os motores novamente. 

Nenhum piloto fazia este tipo de coisa, pois era quase impossível coordenar tudo em situação 
de combate, mas, como estava em franco desespero, não tinha muito a perder. 

O  Sétimo  e  o  quinto  míssil  colidiram  um  no  outro,  explodindo  a  menos  de  um  metro  dos 
exaustores  traseiros  do  caça.  Perto  o  bastante  para  que  ele  sentisse  ondas  de  impacto  dos 
estilhaços – e dos gases liberados ­ e perdesse por alguns poucos momentos o rumo da ação. 

Sabia que ainda estava vindo um oitavo míssil, e haviam outros dois que também deviam estar 
voltando para acabar com ele. Mas naquele instante ele ficou sem saber qual o rumo tomar. Virou 
a nave em qualquer direção e rezou para dar certo. 

O  Tático  indicou  que  um  dos  mísseis  estava  muito  longe.  Aquela  manobra  devia  ter 
desorientado ele por algum tempo. O outro estava na sua mira. Disparou e destruiu­o. Achou mais 
um – não sabia se era o oitavo, e nem se incomodou – na sua cola e fez uma evasiva espetacular, 
digna dos maiores pilotos da galáxia. Claro que foi pura sorte, pois tinha fechado os olhos quando 
o fez.
Trek Wars – Roberto Kiss  190  www.scriptonauta.com.br 

Abriu os olhos e viu que agora o míssil estava na sua mira, disparou e só sobrou um para se 
livrar. Procurou no tático. Onde estava ele? ALI! Diretamente acima!. Novamente cortou os motores 
e manobrou a nave para ficar apontada para o míssil. Foi fácil destruí­lo. 

Respirou um pouco e olhou no tático, procurando por mais mísseis. Tinham mais quatro vindo. 
Com toda a ação que tivera, nem percebeu o alarme avisando do lançamento dos novos mísseis. 
Iriam alcança­lo em doze segundos. Reativou os motores. 

Nada. 

Tentou novamente. 

Houve  um  princípio  de  ativação,  mas  depois,  com  uma  vibração,  os  motores  pararam,  e  o 
reator de íons também. Todos os sistemas agora estavam apenas com baterias de emergência. 

Desesperado  observou  o  controle  de  danos.  Havia  várias  avarias  na  parte  traseira  da  nave, 
próxima  aos  exaustores  .  Algumas estavam bem em cima do reator. Com certeza, causados por 
estilhaços  daquela  explosão  próxima.  Deviam  ter  feito  várias  pequenas  rachaduras  no  casco,  e, 
depois  de  algum  tempo,  o  frio  gélido  do  espaço  deve  ter  congelado  os  gases  que  ficavam  na 
câmara do reator, causando um choque térmico que deveria ter danificado este, ou então, um dos 
estilhaços acabou atingindo o reator, que acabou por ficar definitivamente danificado agora. 

Não que a causa interessasse, pelo tático, tinha agora cinco segundos de vida. 

Olhou apático para a frente. Tinha feito a sua maior demonstração de habilidade no comando 
de um caça, e nenhum de seus amigos iria saber. Esboçou uma risada. 

O primeiro míssil atingiu o caça diretamente na cabina, matando o piloto instantaneamente. Os 
outros apenas tiveram o trabalho de espalhar os destroços. Entre eles, havia um anel. Tinha sido 
um presente de Lauriel. 

Nenhum  dos  poucos  espiões  rebeldes  que  estavam  nas  outros  naves,  sequer  soube  que 
houve um teste de disparos de mísseis. O segredo estava assegurado. 

As  vinte  e  três  naves  comandadas  pelo  General  Karakyr  alinharam­se  para  entrar  no 
hiperespaço. Estavam apenas aguardando o sinal verde dos batedores que seguiram primeiro para 
o ponto de encontro para avaliar a segurança. 

Tinha  recebido  as  últimas  informações  dos  espiões  por  intermédio  de  Safrã,  que  já  se 
encontrava em seu destino. O ataque estava programado para ocorrer em dois dias. Nesse meio 
tempo,  ficariam  treinando  e  retreinando  manobras  de  combate  e  estratégias.  Todos  as 
comunicações estavam cortadas. 

Mas  ficou  um  pouco  preocupado.  O  informe  dizia  que  a  construção  do  Eclipse  sofreria  um 
atraso, mas, que devido a suas defesas estarem operacionais, a grande maioria dos destróieres lá 
existente partiu de volta aos seus setores, deixando apenas o Executor e alguns interditores. 

Caças enviados a postos imperiais próximos, para avaliação do reforço que podia ser enviado 
ao  Eclipse  nunca  retornaram.  Isso  indicava  que  o  reforço  devia  ser  grande!  Devido  a  isso,  de 
última hora, dois corvetes da frota de Safrã estavam sendo equipados com maciços bloqueadores 
de sinal, para evitar que fosse solicitado auxílio.
Trek Wars – Roberto Kiss  191  www.scriptonauta.com.br 

Os  corvetes  não  teriam  a  mínima  chance  contra  aquelas  naves.  Seriam  apenas  alvos  para 
estatística. Mas era tudo o que tinham. 

­ General, os batedores informam que a segurança do setor está satisfatória. 

­ Então avise a frota para partimos. 

As  naves  começaram  a  se  mover.  Um  a  um,  os  gigantescos  cruzadores  entravam  no 
hiperespaço. A nave capitania, por questão de segurança, seria a última. 

­ Alguma notícia do Ultimate? 

­ Nenhuma. O nosso pessoal de lá apenas disse que a frota de Soer chegou lá para reparos. 

Uma espécie de esperança começou a surgir em sua mente. 

­ Souberam o que aconteceu? 

­ Parece apenas que enfrentaram um oponente muito poderoso. Perderam o interditor e mais 
da metade dos caças. Pela quantidade de suprimentos que estão sendo repostos, eu diria que foi 
contra  uma  frota  inteira.  Mas,  tirando  nós  mesmos,  não  conheço  nenhuma  outra  potência  neste 
quadrante capaz de fazer isso. 

­ Eu conheço – disse de forma misteriosa – Acho que a força estará conosco. 

A nave partiu, rumo ao ponto de onde fariam o ataque. 

**** 

Sem  meios  de  achar  a  Defiant,  Jevlack  ordenou  o  reparo  total  da  sua  nave.  Durante  esse 
período,  o  engenheiros  da  Thunderbold  encontraram  uma  forma  de  vencer  –  parcialmente  –  os 
campos  disruptores.  Não  poderiam  entrar  em  dobra,  mas reduzindo a freqüência dos campos de 
dobra  quase  ao  ponto  de  desligamento,  poderiam  manter  70%  de  sua  capacidade  de  manobras. 
Quanto aos micro campos, não havia forma de faze­los funcionar nesta freqüência de forma que 
fossem úteis. 

A informação foi enviada a Starfleet, para o caso deles se depararem com o mesmo problema 
novamente.  A  questão  agora  era:  Como  achar  a  Defiant?  Eles  não  estavam  usando  sinal  sub­ 
espacial, e não havia meios de fazer o seu computador principal responder a um chamado deles, a 
não ser que este chamado viesse da própria Defiant. 

Só  podiam  esperar  que  alguém  do  grupo  avançado  que  devia  estar  prisioneiro  na  nave, 
encontrasse uma forma de se comunicar com eles. 

Jevlack  estava  na  sala  de  analises  táticas,  tentando  determinar  qual  o  provável  destino  da 
Defiant.  Havia  avaliado  no  holograma  vários  pontos  identificados  como  postos  imperiais 
avançados. Aproxima­se pouco além do que os sensores da Defiant poderiam identificar e lançava 
sondas para avaliação.
Trek Wars – Roberto Kiss  192  www.scriptonauta.com.br 

Tudo havia resultado em um grande nada. A única surpresa até então, foi a localização de um 
posto rebelde. Pelo menos, já sabia onde deixar os convidados a bordo da Starfleet. 

A  Thunderbold  tinha  lançado  mais  seis  sondas  estando  em  dobra  máxima.  Considerando  o 
tempo que elas poderiam manter o campo de dobra antes de ter que usar o próprio (que era pouco 
abaixo da dobra um) a primeira devia estar chegando ao destino agora. 

Observou as leituras enviadas para o computador. Ficou impressionado! Havia uma nave com 
mais de oito quilômetros de comprimento naquele posto, e cinco destróieres. Ficou muito curioso 
com uma nave de tal porte. Pediu para o computador identificar o tipo de nave. 

Segundo  os  registros  que  obtiveram  dos  rebeldes,  era  um  super  destróier  estelar.  O  nome 
combinava.  Tinha  cerca  de  trezentos  caças,  cento  e  vinte  bombardeiros,  e  vários  canhões 
destinados a alvejar naves grandes. Pela análise, tinham aproximadamente um quarto da potência 
de seus torpedos fotônicos. 

Fez mais algumas análises. Baseado no tamanho do disparo de energia, seus escudos tinham 
força  mais  que  suficiente  para  suportar  várias  dezenas  destes  disparos,  pois  abrangiam  uma 
grande  área  do  escudo,  o  que  facilitava  e  muito  a  dissipação.  Mas,  naturalmente,  nao  os 
suportariam por muito tempo. 

Isso  era  algo  que  o  intrigava  desde  que  teve  a  última  batalha.  Os  disparos  dos  oponentes, 
pareciam  ser  feitos  para  atingir  uma  grande  área  dos  escudos,  o  que  era  vantagem  para  eles. 
Porém,  os  disparos  dos  caças  –  apesar  de  mais  fracos –  representavam  uma  ameaça  maior,  já 
que afetavam uma área muito reduzida. 

Um  sinal  chamou  a  sua  atenção, era da segunda sonda que havia chegado ao destino. Mais 


naves do império. Sete destróieres. Estranho! Quanto mais iam na provável direção que a Defiant 
seguiu,  mais  postos  imperiais  reforçados  encontrava.  Outro  sinal,  da  terceira  sonda.  Ela  devia 
chegar ao destino em quarenta minutos. 

Arregalou  os  olhos!  A  sonda,  em  seu  caminho  para  o  destino,  cruzara  com  outro  posto  não 
mapeado. O que viu o deixou perplexo. Outra nave com oito quilômetros e mais uma, com mais de 
quinze! Segundo os registros dos rebeldes, não havia identificação para ela. Estava próximo a um 
sistema  chamado  Lear.  Comandou  a  sonda  para seguir em frente, mas ela não mais respondeu. 
As  análises  indicavam  fortes  campos  disruptores,  o  que  impedia  que  a  sonda  formasse  o  seu 
pequeno campo de dobra. Isso explicava o porque dela ter parado ali. 

­ Terak! 

­“Sim Capitão? " 

­  Comunique­se  com  a  Starfleet  e  veja  com  os  rebeldes  se  eles  sabem  de  alguma  coisa 
ocorrendo no setor – olhou para o console – 5­23­9. 

­ “Imediatamente Capitão." 

Aquele setor ficava bem no meio da área ainda a ser explorada para localizar a fenda. 

­Comandante, eu não preciso de instrumentos! Olhe só para aquela coisa! – disse Doller, com 
admiração profunda ­ Se isto não é uma fenda, me diga então o que é!
Trek Wars – Roberto Kiss  193  www.scriptonauta.com.br 

Na  tela,  via­se  a  forma  da  gigantesca  fenda  –  tinha  o  tamanho  da  órbita  da  Terra  ­  que 
provavelmente  os  trouxera  até  ali.  Tirvik  imaginava  que  ela  se  parecesse  mais  com  um  buraco 
negro,  com  muita  matéria  girando  ao  redor,  formando uma espécie de nebulosa. Ao invés disso, 
parecia­se mais com um funil, o que era uma impossibilidade em si! 

No  máximo,  deveria  se  parecer  com  um  disco.  Afinal,  se  por  aquela  fenda  a  matéria  –  e  o 
continuum – viajavam a velocidades inconcebíveis, a pressão gravitacional deveria impedir a saída 
de toda a luz de seu interior. A única explicação – também inconcebível – era que a singularidade 
da fenda não afetava ondas eletromagnéticas. 

Ou seja, para todos os efeitos, a fenda agia como um buraco negro, exceto o mais importante, 
a gravidade. 

­ Refaça as leituras de gravidade – pediu a Doller. 

­ Sim Comandante – já era a terceira vez que ela pedia isso. 

Após alguns momentos, Doller releu a análise dos sensores. 

­ Mesma resposta, não há massa. Não fui capaz de detectar nenhum campo gravitacional, seja 
direta ou indiretamente. A única coisa que essa fenda parece atrair é mesmo os quarks e táchions. 
Nada além disso. A luz que vemos é dos quarks colidindo entre si. Imagine então a quantidade que 
deve estar sendo atraída por ela. 

Mais  uma  coisa  inconcebível.  Quarks  são  partículas  praticamente  sem  peso  que  podem 
atravessar qualquer coisa, pois são muito menores que os átomos e passam facilmente por dentro 
dos orbitais dos elétrons sem atingir nada. Somente imensuráveis buracos negros são capazes de 
afeta­los – e isso ainda era teoria a ser comprovada. Para que exista a possibilidade de um quark 
colidir com outro, é preciso um número deles que não poderia ser escrito nem mesmo em um papel 
com as dimensões de uma galáxia. 

­ Não há nada além destas partículas primarias sendo puxadas para a fenda? 

­  Diretamente,  não.  Estou  captando  alguns  blocos  ferríficos  sendo  levados  em  sua  direção, 
mas é mais provável que estejam sendo levados pela torrente de quarks, e não pela gravidade. 

­  Se  não  há  gravidade,  e  nem  nada  mais  que  possa  movimentar  a  matéria  de  forma  eficaz, 
como foi que ela nos trouxe até aqui? 

­ Talvez ela tenha atraído os nossos campos de dobra, e não as nossas naves. 

­ Se fosse isso, na distância em que estamos, deveríamos ser atraídos também. Estamos na 
área de absorção destas partículas. Devíamos sentir algum tipo de impulso. 

Doller pensou um pouco. 

­ Pode ter sido a sobreposição de campos. Isso causa uma incrível geração de táchions. Que 
tal testarmos com uma sonda? 

­ Em quanto tempo pode preparar uma para isso? 

­  Basta  tirar  o  equipamento  e  instalar  um  segundo  gerador  de  campo.  Fica  pronto  em  duas 
horas.
Trek Wars – Roberto Kiss  194  www.scriptonauta.com.br 

­ Execute. 

Doller  se  levantou  e  foi  até  o  controle  de  torpedos  fotônicos.  Era  de  lá  que  lançavam  as 
sondas. 

­ Capitã! 

­ “Prossiga." 

­  Aparentemente,  a  formação  que  encontramos  é  mesmo  a  fenda  que  nos  trouxe  aqui.  No 
entanto, ainda não temos certeza. Faremos alguns testes adicionais. 

­ “Muito bem me informem dos progressos." 

Voltou  a  olhar  para  a tela. Pelo menos, era um belo espetáculo. Haviam­na achado por pura 


sorte!  Estavam procurando por anomalias gravitacionais. Nas ultimas horas, tudo o que acharam 
foram alguns pulsares, anãs pesadas e até mesmo um peculiar sistema de planetas que girava ao 
redor de uma espécie de buraco negro miniatura. Se Terak estivesse lá, iria sem dúvida entupir o 
Capitão sobre a extrema necessidade e investigarem tal anomalia. Ainda bem que ele não estava. 

Quando  Doller  notou  uma  concentração  incomum  de  táchions  naquele  setor,  sugeriu  que 
investigassem. Aparentemente ele estava certo. 

Entretanto, sendo parcialmente vulcana, não podia deixar de formular teorias. Se aquela fenda 
atrai apenas táchions e quarks, e o continuum daquela galáxia estava também sendo sugado pela 
fenda, qual a relação destes três elementos? 

O  que  quarks  e  táchions  tem  a  ver  com  a  geometria  do  espaço?  Haveria  alguma  força 
desconhecida que os englobaria? 

Balançou a cabeça. Ela era o Imediato, não oficial de ciências. Voltou a cadeira da Capitã. 

Mas, e se os quarks... 

­  As  únicas  coisas  que  sei,  Capitã,  é  que  neste  setor  havia  um  posto  rebelde,  que  foi 
totalmente  destruído  pelo  Império  há  alguns  anos.  Nossa  inteligência  mostrou  que  muitos 
equipamentos e naves seguiram para lá nesse período. Vários espiões foram enviados para lá, eu 
mesma, quase fui indicada, mas na época estava ocupada com um serviço no Executor. Só posso 
imaginar que algo muito grande está sendo construído lá. 

Lia tomou um copo de água. Tinha recebido alta há pouco tempo, e foi alojada junto com as 
suas amigas. Embora parecesse uma cortesia, ela sabia que era apenas uma forma mais prática 
de vigiar a todas. 

Na verdade, ainda estava impressionada ao descobrir que não lhe puseram nenhuma prótese! 
Simplesmente  pegaram  as  células  boas  dos  olhos  e  as  clonaram,  reconstruindo  totalmente  os 
globos  oculares.  O  mesmo  ocorreu  com  os  canais  auditivos.  Apesar  de  os  rebeldes  também 
possuírem esta técnica, ela era reservada a situações extremas, pois demorava muito para fazer a 
correta  clonagem  dos  tecidos,  e  era  um  esforço  que  não  podia  ser  dispensado  no  meio  de  uma 
guerra. Ali, foi feito em uma semana. 

A Capitã olhou para Lauriel.
Trek Wars – Roberto Kiss  195  www.scriptonauta.com.br 

­ Aquela frota a qual a sua nave original, a Liberdade iria integrar, teria algo a ver com isso? 

­  Capitã,  acho  que  o  motivo  de  terem  me  enviado  para  fazer  contato  com  vocês  devia  ser 
porque  era  certeza  que  eu  não  conhecia  o  caráter  da  missão.  Minha  especialidade  é  ser 
Comandante  de  vôo,  não  de  planejamento  de  retaguarda.  Sou  boa  para  coordenar  defesas  em 
situação de combate. 

­ É, eu já soube disso em primeira mão. 

Lauriel ficou ligeiramente ruborizada. A Capitã devia estar se referindo ao incidente que a fez 
ser salva. 

­ Muito bem senhoras, levarei estas informações a Jevlack. E depois disso, as desembarcarei 
no posto rebelde que a Thunderbold localizou. Em suas buscas. 

­ E quanto as naves na Thunderbold? – perguntou Ígnea. 

­ Falarei sobre isso com Jevlack também. Obrigada pelas informações. 

A Capitã as deixou. Lia ficou a imaginar o porque de Jevlack se interessar pelo setor 5­23­9, 
que os espiões seus amigos estavam chamando de "matador de rebeldes". 

**** 

Jevlack continuava em sua paciente busca por algum sinal da Defiant. 

­“Capitão! A Capitã Donner deseja lhe falar." 

­ Pode completar – respondeu. 

Uma imagem, como se fosse um holograma de uma tela, apareceu no meio da sala. A Capitã 
Donner apareceu nesta. Aparentemente, ela estava no observatório da Starfleet. 

­ Capitão, tudo o que os rebeldes sabem sobre aquele setor é que o Império está fazendo algo 
por lá. Enviaram muitos espiões para tentar descobrir o que seria. E aparentemente, localizamos a 
fenda. Vamos fazer algumas experiências para saber como poderemos atravessa­la. 

­  Finalmente  as  coisas  começam  a  dar  certo.  Quero  que  parta  com  sua  nave  assim  que  for 
possível. 

­ E vocês? 

­ Ficaremos por aqui por mais alguns dias. Se não acharmos a Defiant, iremos retornar. Nesse 
meio tempo, informe a Frota do ocorrido. 

­ Sim Capitão. Starfleet desliga. 

Agora  ele  sabia  o  que o Império fazia naquele setor. Devia estar construindo aquela nave. E 


isto também explicava o porque de todos os postos próximos estarem fortemente reforçados. Não 
queriam interferência. Com aquela nave, a Império teria forças para esmagar de vez a rebelião.
Trek Wars – Roberto Kiss  196  www.scriptonauta.com.br 

Mas  isso  não  era  assunto  dele,  ou  melhor,  era  um  assunto  que  queria  que  não  fosse  dele. 
Voltou  a  sua  busca.  Ordenou  a  Matias  que  seguissem  para  o  próximo  ponto  de  lançamento  de 
sondas. 

Tirvik cedeu o posto assim que a Capitã chegou. Ela tinha acabado de conversar com Jevlack. 

­ Como estamos indo? 

­  Estaremos  prontos  para  o  teste  em  alguns  minutos.  Enviamos  outras  sondas  para  fazer  a 
monitoração  e,  nos  últimos  oitenta  minutos,  nos  movemos  para  bem  longe.  Isso  porque  não 
sabemos  o  que  ocorrerá.  O  tenente  Doller  está  agora  testando  os  dois  geradores  de  campos  de 
dobra.

Doller virou­se para ambas. 

­  Aparentemente,  ambos  os  campos  estão  funcionando  perfeitamente.  O  computador  está 


enviando aos processadores dos geradores de ambos os campos, instruções para que seja feita a 
correta simulação da distorção que nossos campos sofreram. 

Ele voltou a olhar para o painel. Todos estavam na expectativa. 

­  Muito  bem,  todos  os  sensores  estão  focados  na  sonda  e  na  fenda,  vamos  ver  o  que 
acontece. 

O comando foi acionado. Pela tela, a imagem da sonda começou a ficar borrada. Uma luz azul 
começou  a  surgir  –  os  táchions  começando  a  ser  gerados –  de  repente,  em  um  clarão,  a  sonda 
sumiu, e a luz da fenda ficou, por alguns instantes, mais azulada. 

­  O  que  aconteceu?  –  perguntou  a  Capitã  se  levantando  e  indo  para  o  console  de  Doller, 
acompanhada de Tirvik – ela foi destruída? 

­ Não Capitã – respondeu analisando os dados – se tivesse, haveria destroços. 

Tirvik  estava  no  console  do  lado,  revendo  a  posição  dos  sensores.  Em  um  instante  a  sonda 
estava lá, no seguinte, simplesmente sumiu! 

­ Meu Deus – murmurou Doller – Capitã, descobri o que aconteceu. 

Ele se levantou. 

­  Eu  tinha  focado  os  sensores  em  uma  estreita  faixa,  abrangendo  a  sonda  e  a  fenda.  Dessa 
forma, a varredura era cerca de oito milhões de ciclos por segundo nesta área. 

Ele digitou alguns comandos, na tela aparecia a imagem da sonda. 

­ Esta é a ultima varredura que captou a sonda em sua posição, e esta – fez outro comando – 
é a posição da sonda na varredura seguinte. 

A  sonda  apareceu  já  bem  no  interior  da  fenda. Em dobra máxima, precisariam de três horas 


para percorrer a mesma distância.
Trek Wars – Roberto Kiss  197  www.scriptonauta.com.br 

Todos ficaram olhando para a tela, visivelmente impressionados. 

­  Calculo  que  ela  atingiu  algo  equivalente  a  dobra  50,  talvez  até  70!  É  difícil  precisar.  Mas, 
considerando  a  distância  que  avaliamos  ao  qual  se  encontra  a  nossa  galáxia,  nossa  velocidade 
média  deve  ter  sido  de  dobra  300.  A  essa  altura,  se  a  sonda  continuou a acelerar como ocorreu 
conosco, já deve estar do outro lado. 

­ Isso explica porque fomos arremessados – disse Tirvik – mas como vamos voltar sem ter que 
passar pela mesma situação? 

­  Bom  –  começou  Doller  ­  eu  acionei  a  distorção  de  uma  vez.  É  possível  que  com  uma 
distorção menor, o impulso também diminua. Capitã? 

­ Pode usar todas as sondas que tivermos. 

­ Obrigado. Acho melhor já fazer o teste com dez de uma só vez. 

Doller saiu novamente para preparar mais sondas. 

­ Podemos voltar para casa – disse Lisa baixinho, sabendo que apenas Tirvik poderia ouvir. 

Virou­se em sua direção. O sorriso dela indicava claramente que tinha ouvido. Mas tinham que 
se conter – por enquanto ­ para não pular de alegria. 

**** 

Quattroni terminou a refeição. Aquele tal de peru assado tinha um gosto muito parecido com o 
dos  leptôres  de  seu  planeta  natal.  Pôs  a  bandeja  no  painel,  e  apertou  o  botão.  Os restos  foram 
reconvertidos em energia que foi devidamente armazenada para uso posterior. 

Olhou para os seus "convidados", que estavam se retirando após a refeição. Todos um pouco 
catatônicos  devido  a  estarem  sob  influência  das  drogas  injetadas  pelos  droides  inquisidores.  Na 
verdade,  em  doses  que  matariam  qualquer  humano.  Apesar  de  serem  praticamente  idênticos  a 
eles, havia algo em sua fisiologia que os tornava muito tolerantes. 

Foi até o comunicador na parede e o pressionou. 

­ Comando! – disse – Raguer, alguma instrução do Império? 

­ “Ainda não senhor. " 

­ Continue de olho nos sensores. Se alguma daquelas naves aparecerem, avise! 

­ “Sim senhor." 

Voltou até a mesa e se sentou. Estava sozinho agora. Ainda estava impressionado com tudo! 
Mas o que mais o impressionava, era que descobriu que a tecnologia daquela nave era inferior a 
das outras duas. Segundo Anderson, até mesmo o sistema de computadores era diferente agora. 
Se  bem  que  essa  diferença  surgiu  há  pouco  tempo.  As  outras  naves  eram  mais  rápidas  e  mais
Trek Wars – Roberto Kiss  198  www.scriptonauta.com.br 

poderosas.  Por  isso  tinham  que  ficar  de  olho  constante  nos  sensores.  Se  aparecessem,  tinham 
que fugir imediatamente. 

Foi o que fizera desde o encontro com a Thunderbold. Usara o sistema de comunicações deles 
apenas uma fez, para avisar a Soer que estava chegando com a nave Este avisou de que a outra 
devia  estar  esperando  por  eles.  Era  incrível  como  podia  transmitir  em  velocidade  acima  da  luz, 
fazendo, em movimento, o que os probes de comunicação sub­espacial mal conseguiam estando 
arados e corretamente alinhados para enviar a transmissão através de manipulação dos gravitons. 

Depois,  achou  melhor  usar  o  sistema  deles  mesmo.  Aquelas  naves  poderiam  captar  o  seu 
sinal,  e  localiza­los  através  deles.  Ainda  não  sabia  como  o  computador  podia  reconhecer  a  sua 
língua,  mas  descobriu  –  de  forma  desagradável  –  que  podia  reconhecer  que  ele  não  era  o 
Comandante oficial desta. Tentou acessar os dados da nave e foi bloqueado. Nem os prisioneiros 
conseguiram. Era necessária a autorização de um Capitão da frota. Bom, o Império que se virasse 
para descobrir. Ele só queria entregar a nave, os prisioneiros, pegar sua recompensa e ir embora. 

Mas não pôde resistir a um teste de força da nave. Andaram destruindo alguns asteróides que 
acharam pelo caminho com os phasers. Depois, descobriu os torpedos fotônicos – mais poderosos 
que  bombas  espaciais  –  Com  a  ajuda  dos  prisioneiros,  recarregou  a  todos  e  testou­os  em  uma 
fragata  leve  que  cometera  o  erro  de  estar  no  caminho.  Destruição  total  garantida.  Com  apenas 
sete torpedos! 

Ele  ficou  tentado  a  ficar  com  a  nave,  mas sabia que o Império em peso viria atrás dele. Por 


isso queria os projetos desta. 

Pelo  menos  descobriu  por  que  nunca  a  fizeram  funcionar.  Sem  aqueles  cristais, não podiam 
controlar a reação matéria e anti­matéria. E realmente, apenas essa energia podia ativar os seus 
sistemas, devido a peculiar capacidade desta poder ser enviada – como ondas de rádio – para os 
sistemas da nave. 

Haviam  dutos  de  energia,  claro,  mas  não  havia  uma  conexão  direta  deste  para  os consoles, 
era feito através de uma interface. Sem a forma correta de energia, a interface era inútil. 

­“Quattroni! Por favor, responda." 

Ele foi até o comunicador na parede. 

­ Pode falar. 

­“Senhor,  os  sistemas  acusaram  novamente  que  alguém  tentou  mexer  nos  controles  dos 
motores de dobra." 

Desde que escaparam, algumas coisas fora do comum andaram acontecendo. Programações 
eram  alteradas,  controles  fixos  eram  modificados.  Até  mesmo  um  incidente  estranho  na  sala  de 
transporte ocorreu – o painel de controle tinha sido derretido, a ainda não foi reparado. 

­ Aumentem as equipes de busca. 

Provavelmente alguém da Thunderbold que percebeu a armadilha e se escondeu dos droides 
e  de  seus  homens.  Precisavam  de  no  mínimo  duzentos  homens  para  operar  aquela  nave  com 
extrema eficiência, ele só tinha cem. Não era possível vigiar todos os pontos delicados e operar a
Trek Wars – Roberto Kiss  199  www.scriptonauta.com.br 

nave ao mesmo tempo, assim, mandou os droides procurarem qualquer pessoa estranha. Tudo o 
que tinha conseguido até então, foi a perda de 10% destes, totalmente destruídos. 

Mesmo  os  phasers  capturados  foram  destruídos  –  menos  um,  o  que  tinha  pegado  para  si  – 
portanto,  era  alguém  que  sabia  o  que  estava  fazendo,  mas  até  o  momento,  não  fora  capaz  de 
causar maiores problemas. 

Pelo  menos,  com  os guardas nas principais áreas de risco – outra cortês informação forçada 


de Anderson – a nave não poderia ser deixada fora de operação. 

­ “Senhor Quattroni, ordens do Império. Devemos seguir para o setor 5­23­9 e entregar a nave 
a Darth Vader. " 

­ Muito bem, programe o curso e siga em dobra 6. 

Era  muito  vantajoso  não  precisar  de  janelas  para  entrar  em  dobra.  Podia  partir  na  hora  que 
quisesse. 

Saiu da sala e foi até a ponte. 

Alguns  minutos  depois,  Diana  saia  de  seu  esconderijo.  Um  painel  de  manutenção  para  os 
sintetizadores, que, na época em que a nave foi construída, ficavam nas paredes e precisavam ser 
operados por comandos manuais. O painel ficava logo abaixo destes. 

Ela pegou os equipamentos de reparos que ainda carregava e começou a fazer alterações nos 
sintetizadores.  Estes  eram  os  últimos  que  precisavam  ser  ajustados.  Depois  disso,  seguiu  pelo 
corredor  até  um  alojamento  vazio.  Lá  dentro,  estava  o  rádio  sub­espacial  que  estava  montando 
com  peças  retiradas  sorrateiramente  da engenharia. Já estava com as últimas peças. Depois, só 
precisava fazer uma conexão no controle do emissor da nave – através dos tubos de manutenção ­ 
e a Thunderbold poderia localiza­los. 

Jevlack  tinha  retornado  a  ponte  fazia  algumas  horas.  Já  acreditava  que  achar  a  Defiant  era 
uma tarefa que estava além do alcance deles. Uma vez que a Starfleet tinha localizado a fenda e 
que  em  breve,  encontraria  uma  forma  segura  de  atravessa­la,  cogitava  a  hipótese  de  partir, 
apresentar o relatório ao comando da frota, e depois eles que decidissem o que fazer. 

Afinal,  agora  que  havia  uma  forma  de  retornar,  não  estavam  mais  por  conta  própria.  E  a 
Primeira  Diretriz  voltava  a  falar  mais  alto.  Permanecer  ali  levaria  fatalmente  a  outro  confronto 
inevitável. Fosse com o Império ou qualquer outra facção. O correto seria dar o fora dali enquanto 
podiam. 

­ Capitão – chamou Terak – estou captando um sinal em nossa freqüência de emergência. 

­ Que tipo de sinal? 

­ Não sei dizer. Não parece fazer sentido. 

­ No áudio. 

Todos na ponte ouviram um irritando som de estática. 

­ Alguma idéia do que seria isso?
Trek Wars – Roberto Kiss  200  www.scriptonauta.com.br 

­  Acredito  que  seja  exatamente  o  que  parece,  estática.  Só  que  está  na  nossa  freqüência  de 
emergência. 

Quem  poderia  enviar  um  sinal  no  subespaço  justamente  na  freqüência  deles?  Os  probes 
daquele povo não podiam faze­lo. Restavam a Starfleet e... 

­ De onde vem o sinal? – havia urgência em sua voz. 

Terak começou a fazer uma triangulação. 

­ Vem da direção do setor 4­12­9. E sua fonte parece estar se movendo. Se for verdade, creio 
que posso precisar a posição da fonte. 

Vários  mapas  apareceram  rapidamente  no  console  te  Terak.  Com  exceção  do  Capitão, 
ninguém era capaz de vê­los em detalhes. 

­ Confirmado senhor, a fonte está se movendo, acredito que em dobra 6. Vindo da direção que 
já exploramos. No momento, deve estar no setor 4­13­9. Curso 1­3­0 marco 2. 

­ Curso 1­3­0? – murmurou o Capitão. 

Terak olhou para ele. Ele tinha ouvido. 

­ Para qual setor ele pode estar se dirigindo? 

Olhou novamente para os mapas. 

­ Pode ser o setor 5­20­10 ou... 

­ 5­23­9! – completou Jevlack. 

­ Sim senhor. 

­ Podemos interceptá­los a tempo? 

­ Negativo. 

Ela  estava  indo,  na  direção  em  que  a  sonda  localizou  aquela  gigantesca  nave.  Não  era 
coincidência. 

­ Quanto tempo até chegar ao destino? 

­ Cerca de oito horas. 

­ Muito bem. Alerta Vermelho. Senhor Matias, trace curso para o setor 5­20­10, dobra máxima. 

Seria  suicídio  enfrentar  a  Defiant  estando  ela  protegida  por  aquelas  naves,  isso  sem  contar 
que  os  interditores  iriam  impedi­los  de  fugir.  Mas  havia  uma  compensação.  Ela  também  seria 
afetada pelos campos do interditor. Portanto, não poderia sair de lá. E do setor vizinho, seria fácil 
monitora­la, de forma oculta, pois estariam além dos sensores dela.
Trek Wars – Roberto Kiss  201  www.scriptonauta.com.br 

­ Pronto senhor. 

­ Engatar. 

**** 

Tirvik  e  a  Capitã  estavam  no  observatório,  a  pedido  de  Doller,  que  iria  apresentar  o  seu 
relatório final. Assim que ele chegou, foi direto ao assunto. 

­ A boa notícia é: Podemos voltar para a nossa galáxia. 

Ambas quase não puderam conter as emoções. Para Tirvik, foi um pouco mais difícil. 

­ E as más? – perguntou. 

­  Praticamente  nenhuma.  Apenas  temos  que  calcular  corretamente  o  tempo  de aceleração e 


desaceleração.  Acelerar  é  fácil.  Basta  uma  curva  ascendente  exponencial  em  dobra  nove.  É  o 
suficiente  para  os  aceleradores  de  inércia  poderem  compensar.  A  diminuição  é  que  exige 
cuidados.  Ainda  não  sei  qual  a  extensão  exata  da  fenda,  e  não  temos  uma  medida  precisa  do 
tempo  em  que  ficamos  acelerando,  quando  chegamos  aqui.  Se  estivermos  muito  rápido  quando 
sairmos do outro lado, vamos sofrer a freada súbita novamente. 

­ Nesse caso, quando poderíamos partir? 

­  Temos  que  preparar  a  nave  antes.  Ajustar  os  controladores  dos  motores  para  gerar  um 
campo  distorcido  que  possa  ser  implementado  lentamente.  Para  evitar  que  os  chips  voltem  a 
serem  destruídos,  todos  os  campos  de  força  devem  ser  desligados,  incluindo  escudos  de 
integridade. E, provavelmente, a viagem de volta irá demorar muito mais, talvez uma hora ou duas. 

­ Por que? – perguntou Tirvik. 

­ Bem, A teoria de Terak com certeza estava certa. Nós não abrimos esta fenda, ela já estava 
lá.  Acontece  que  quando  os  campos  distorcidos  das  duas  naves  se  sobrepuseram,  e  fenda 
simplesmente nos sugou, devido aos táchions gerados. De acordo com os testes, aparentemente 
não  importa  a  que  distância  o  objeto  envolto  por  campos  distorcidos  esteja  da  fenda.  Ou  ele  é 
atraído  ou  não.  Quando  a  geração  de  táchions  atinge  um  certo  grau,  a  fenda  simplesmente 
começa a atuar sobre ele. Quanto mais distante, maior tem de ser a distorção para fazer efeito, e 
por conseqüência, maior será a aceleração. 

­ Qual a distância que temos de estar para partir? 

­  Creio  que  um  ano  luz  será  mais  que  suficiente  para  uma  partida  suave.  Mas  teremos  que 
programar esta partida para breve. A quantidade de quarks atraída está crescendo a tal nível, que 
poderá muito bem começar a afetar a matéria, rompendo os átomos. Nosso tempo limite seria seis 
dias. 

­ Quanto tempo até alterar os sistemas da nave? 

­ Segundo o engenheiro Carlos, doze horas bastariam.
Trek Wars – Roberto Kiss  202  www.scriptonauta.com.br 

Tirvik  olhou  para  a  Capitã.  Ela  estava  ponderando  sobre  o  que  fazer.  As  ordens  de  Jevlack 
foram claras. Achar a fenda e atravessa­la. Só faltou dizer para não olharem para trás. 

­  Segurança  –  chamou  a  Capitã  –  traga  todos  os  pilotos  rebeldes  até  o  observatório.  Menos 
Bernard. 

­“Entendido Capitã." 

Tinha  se  esquecido  dos  rebeldes  completamente.  Ainda  precisavam  decidir  o  que  fazer com 
eles.  Ela  tinha  esboçado  o  desejo  de deixa­los na lua Calamari, mas seriam mais de quatro dias 
para ir e voltar. Restava o posto rebelde próximo. Podiam estar lá em dezesseis horas. 

Os  pilotos  chegaram,  escoltados  por  seis  guardas,  que  ficaram  a  postos  na  porta.  Lauriel 
estava a frente deles. 

­  Bem  meus  amigos,  nós  achamos  nosso  caminho  para  casa.  Minhas  ordens  são  de  partir 
assim que possível. Isso poderá ser feito em algumas horas. Com exceção do Hiperdrive, as naves 
do hangar estão reparadas. Não posso fazer nada quanto àquelas que estão na Thunderbold. Um 
posto  rebelde  foi  localizado  próximo  de  onde  estamos,  no  setor  5­21­9.  Vamos  deixa­los  lá  e 
partiremos. E isso é apenas uma comunicação. Não vou aceitar contra­ofertas. 

Lauriel  respirou  fundo.  Não  devia  ter  gostado  de  ficar  sem  as  naves.  Estando  em  guerra  – 
ainda mais uma guerra como aquela – cada caça era importante. 

­  Pode  ao  menos  avisar  a  Thunderbold  para  entregar  as  naves  no  mesmo  posto  quando 
possível? – perguntou Lauriel. 

­ Sim. Eu farei isso. Na verdade, vou fazer isso agora. 

Pressionou  alguns  comandos  na  mesa,  uma  tela  se  ergueu.  Passados  alguns  momentos, 
Jevlack aparecia na tela. 

­ Sim Capitã? 

­  Capitão,  encontramos  uma  forma  de  passar  pela  fenda.  Enviaremos  os  dados  assim  que 
possível. Teremos de fazer alterações nos sistemas para garantir que sobrevivamos a viagem de 
volta 

­ Ótimo, faça isso imediatamente. 

­ Antes, irei levar os rebeldes até o posto que vocês localizaram. 

­ Negativo! Fica muito próximo ao posto imperial com aquela nave. 

­ Capitão – ela estava enfática – Eu não estava pedindo, apenas comunicando. Sou a Capitã 
desta  nave  e  eu  decidirei  as  prioridades, desde que isso não afete a sua nave ou missão. E não 
afeta! 

Ele ficou um pouco espantado. Depois sorriu.
Trek Wars – Roberto Kiss  203  www.scriptonauta.com.br 

­ Parabéns! Acaba de receber o seu diploma. 

­ Queria aproveitar e pedir – fez ênfase na palavra – para que assim que possível, deixar os 
caças rebeldes no mesmo posto. 

­ Se a Thunderbold existir... 

­ Já entendi. Starfleet desliga. 

­ Se existir? – perguntou Lauriel. 

­ Ele deve ter achado a nave que procurava, e espera um duro combate – respondeu Tirvik. 

­ Bom, vocês podem pegar suas coisas – disse aos rebeldes – dispensados. 

Eles saíram. 

­ Tenente Doller, envie os dados coletados para a Thunderbold. 

­ Sim Capitã. 

­ Tirvik, vamos levar os nossos convidados embora. 

E aquelas coisas também! Pensou Tirvik se referindo as unidades R2. 

Capítulo 20 

Os  caças  imperiais  seguiam  em  patrulha  rotineira  pelo  setor.  Seu  objetivo  básico  era 
simplesmente percorrer uma área em torno dos destróieres – cerca de cinqüenta quilômetros – e 
mais  nada.  Caso  alguma  nave  desconhecida  surgisse,  suas  ordens  eram  para  atacar!  Salvo 
comando enviado em contrário. 

Dois grupos que haviam encerrado o seu turno, estavam retornando ao Executor. Outros dois 
grupos  para  substituí­los  já  tinham  sido  lançados.  Estavam  para  se  cruzar  –  um  cumprimento 
padrão  dos  pilotos  –  quando  uma  nova  nave  completamente  desconhecida  apareceu  do 
hiperespaço há menos de dois quilômetros de distância. Imediatamente todos os caças a puseram 
como alvo e seguiram em sua direção. Uma espécie de campo amarelado a envolvia, logo depois, 
ele desapareceu. 

Para a surpresa dos pilotos, ela se movia muito rápido para o seu tamanho, cerca de um terço 
da  velocidade  de  um  bombardeiro,  ou  quatro  vezes  mais  que  uma  nave  imperial  de  porte 
equivalente.  Os  que  tinham  torpedos –  alguns  caças  especialmente  modificados – começaram a 
dispara­los,  já  sabendo  que  seriam  precisos  muitos.  Segundo  as  leituras,  os  escudos  dela  eram 
mais poderosos que os de um destróier. 

­ “Todos os caças, cancelar ataque! A nave é aliada nossa."
Trek Wars – Roberto Kiss  204  www.scriptonauta.com.br 

Os  cinco  pilotos  que  já  tinham  disparados  os  torpedos  entraram  em  pânico!  Mas,  para  seu 
alívio  e  surpresa,  feixes  de  energia  destruíram  a  todos,  quando  estavam  a  menos  de  trezentos 
metros  da  nave.  Os  caças  voltaram  a  sua  rotina,  como  se  nada  houvesse  acontecido.  Os  que 
tinham disparado, foram chamados de volta para recarregar. 

Quattroni respirou um pouco mais aliviado. Imaginava que seriam afetados pelos interditores, 
assim  como  a  Thunderbold.  Mas  não  esperava  que  seriam  atacados  de  forma  tão  rápida.  Olhou 
para  o  Eclipse  que  era  mostrado  na  tela.  Tinha  ouvido  rumores  sobre  ele,  mas  pensou  que  seu 
tamanho era exagerado. Agora via que na verdade tinham subestimado suas reais proporções. Ele 
era muito maior! 

A nave seguiu o curso fornecido – ao lado do Executor – Vader em pessoa iria a bordo, para 
efetuar  o  pagamento  e  receber  a  nave  e  os  prisioneiros.  Como  ele  teria  que  conversar  com  o 
imperador em breve, foi agendado a sua visita para dentro de oito horas. A conversa, pelo visto, 
seria muito longa. 

­ Armeiro, há algo que possa fazer contra essa imprecisão de mira? 

­  Não  senhor.  Alvos  precisos,  só  a  menos  de  trezentos  metros.  Devem  ser  os  campos  dos 
interditores.  E  esta  nave  não tem meios de ter as freqüências dos sistemas alteradas para evitar 
que sejam afetadas pelos campos. 

No entanto, a Thunderbold havia conseguido isso. Provavelmente, devido a sua tecnologia ser 
superior,  podiam  ter  um  alcance  mais  preciso  que  a  da  Defiant.  Por  outro  lado,  tinham  algumas 
vantagens.  Segundo  os  prisioneiros,  os  escudos  deles  estavam  alterados.  Sua própria equipe de 
reparos verificou, e encontrou dispositivos semelhantes aos deles nos geradores, junto com outros 
que  nem  imaginavam  como  funcionavam.  Estes  outros,  os  prisioneiros  conheciam.  Deram  um 
monte de nomes técnicos que ninguém entendeu. 

**** 

Os  cientistas  do  Império  deviam  conhece­los.  Alguém  fez  a  alteração.  Nos  escudos  e  nos 
Phasers. Como fizeram alterações em uma nave sem saber como ativa­la era algo que ele queria 
descobrir.  Talvez,  fosse  de  algum  cientista  que  desertou.  Ele  apostava  que  tinha  sido  o  mesmo 
que  desenvolveu  escudos  para  os  caças  tie­advanceds  do  Império.  Tinha  desertado  há  alguns 
anos  –  logo  depois  da  pesquisa  ser  encerrada  –  E  se  aliado  aos  rebeldes.  Fora  morto  pelos 
espiões do Império antes de lhes fornecer qualquer coisa útil. 

Com  isso,  o  Império  deve  ter  perdido  aquele  que  talvez  fosse  o  único  que  podia  dar 
prosseguimento a pesquisa. Podiam construir mais naves assim, mas não tinham como aprimorar 
os seus avanços. 

Ficou curioso. 

­  Tecaler,  analise  os  escudos  de  um  tie  defender  e  compare­os  com  os  nossos,  sobre  sua 
capacidade e consistência. 

Ele começou a mexer nos controles – ainda não devia estar acostumado com aquilo, era muita 
informação ao mesmo tempo – Olhou por uma espécie de periscópio, fazendo alguns ajustes.
Trek Wars – Roberto Kiss  205  www.scriptonauta.com.br 

­  Bem,  tirando  as  proporções  e  potência,  parece ser idêntico aos desta nave. Com a mesma 


capacidade  de  dissipação.  Respeitando  as  proporções,  claro.  Vou  tentar  vencer os escudos para 
analisar o emissor. 

­ É o bastante, pode parar. 

Sim, parecia que ele estava certo. 

Mas e quanto aos phasers? Teriam sido alterados só na Defiant? 

**** 

Jevar  virou  a  esquerda  e  cortou  os  motores.  O  x­wing  que  o  perseguiu  não  conseguiu 
acompanha­lo e passou reto. Manobrou para deixa­lo na mira e disparou. 

­ Te peguei! – gritou pelo rádio – me deve outra garrafa. 

O piloto do x­wing estava desconcertado. Era a quinta vez que era enganado nas manobras de 
treinamento de combate. Realmente, era muito difícil vencer um ás. Mais difícil ainda era chegar a 
ser  um,  pois  os  ases  normalmente  são  os  sobreviventes.  Era  raro  enviarem  calouros  para 
combate, salvo pela falta de pessoal – muito comum. 

Mas desta vez, mais de 30% seriam só de calouros, que mal tinham completado o treinamento 
básico.  Por  isso,  desde  que  a  frota  começou  a  se  reunir,  os  treinamentos  eram  severos  e 
constantes. Iriam precisar da maior capacidade possível. 

**** 

Safrã  lia  os  relatórios  dos  progressos  dos  pilotos.  Houve uma sensível melhora. A vantagem 


deles era que os caças inimigos tinham fuselagem frágil e poucos disparos bastavam para destruí­ 
los, mas eram rápidos, pequenos e muito mais manobráveis que eles. 

Havia também o fato de que a proporção era de cinco para um, e os caças sempre atacavam 
em  grupos  normalmente  de  quatro  ou  cinco.  Enquanto  seus  pilotos  tentavam  pegar  alguns,  os 
outros sempre os pegavam por trás. 

Deixou a avaliação dos pilotos de lado e reviu a sua estratégia. 

Os grupos de caças chegariam primeiro, doze esquadrões de a­wings, vinte de b­wings, vinte e 
um de y­wings, quatorze de k­wing e trinta de x­wings, para dar cobertura aos caças. 

Os  a­wings  equipados  com  bombas  espaciais  iriam  direto  para  os  interditores  –  segundo  o 
último  relatório,  sete  –  os  outros  com  armamento  padrão,  dariam  cobertura.  Os  caças 
bombardeiros – b­wings, y­wings e k­wings – atacariam os geradores de escudos do executor. Os 
que  tinham  armamento  mais  poderoso  ficariam atrás, dando espaço para os outros com bombas 
mais leves derrubarem os escudos deste. Os x­wings lhes dariam cobertura. 

Isso era necessário porque mesmo sem escudos, devido a dimensão do destróier, seria muito 
difícil  destruí­lo.  O  alvo  das  outras  naves  seriam  seus  motores  e  a  parte  em  que  estavam 
localizados os hiperdrives – uma nave daquele tamanho precisava de trinta deles. O Eclipse não 
seria o alvo principal da primeira leva de ataque.
Trek Wars – Roberto Kiss  206  www.scriptonauta.com.br 

Vinte minutos depois, chegaria um terço de suas forças. Nessa altura, pelo menos metade dos 
interditores  já  estaria  destruída.  Iriam  se  posicionar  a  distância,  para  evitar  os  bombardeiros 
inimigos. Lançariam os seus caças para defesa do perímetro. 

Mais  dez  minutos  e  o  resto  de  sua  força  estaria  lá.  Com  os  caças  daquela  leva  inicial  já 
assegurando  o  perímetro  das  naves  –  uma  área  de  vinte  quilômetros  –  todos  os  outros  seriam 
lançados  contra  os  interditores  restantes.  Assim  que  estes  fossem  destruídos,  os  corvetes  com 
explosivos fariam a sua parte. 

Esperava  que  já  estivesse  neste  ponto  quando  a  segunda  frota  comandada  por  Karakyr 
chegasse. Não haveriam comunicações para avisar as frotas que estariam em espera – já se sabia 
há muito dos bloqueadores de sinal. 

O início da operação iria ser em seis horas. 

Os pilotos estavam retornando para suas naves base. Aquele tinha sido o último treinamento. 
Todos  iriam  dormir  agora  –  a  maioria  já  estava  –  para  estarem  prontos  para  quando  fosse 
começar. Apenas os caças de patrulha ficaram do lado de fora. 

Ainda tinha que preparar o resumo tático final para os pilotos, a ser apresentado no momento 
de partirem. Com a ajuda dos operadores começou o árduo trabalho. Fornecer tudo picado para os 
pilotos, para que estes se preocupassem apenas com a batalha em si. 

Estava chegando ao final quando os alarmes soaram. 

­ O que esta acontecendo? – Perguntou chegando a mesa de controle tático. 

­ Uma nave desconhecida acaba de sair do hiperespaço há trinta quilômetros de distância, ela 
está  vindo  agora  em  nossa  direção  e  é  incrivelmente  rápida.  Tem  pouco  mais  de  quatrocentos 
metros e seu design é diferente de tudo o que eu vi antes. 

Nos hangares de todas as naves ali estacionadas, todas os caças estavam já em preparação 
final de emergência. Iriam começar a lança­los em menos de um minuto. 

**** 

Rokar armou os torpedos próton em disparo duplo. Todas as naves iriam fazer o mesmo. Na 
velocidade  que  o  inimigo  vinha,  iriam  estar  em  posição  de  disparar  qualquer  coisa  em  poucos 
segundos. Tinham que detê­la agora! 

Seus  dois  alas  estavam  um  pouco  mais  adiante.  Viu  que  um  deles  já  estava  disparando  os 
torpedos, antes de um enquadramento completo. Considerando a velocidade da nave, talvez fosse 
uma  boa  idéia,  mas  ele  não  pretendia  arriscar.  Ficou  observando  a  chama  azul  dos  torpedos 
lançados quando... mas o que aconteceu? As chamas cintilaram por um instante e simplesmente 
se apagaram. Será que os torpedos estão com defeito?A bordo da nave capitânia, os operadores 
trocavam  informações  freneticamente  entre  si,  as  outras  naves da frota e os caças que estavam 
indo  em  direção  a  nave  atacante.  Não  estavam  preparados  para  uma  situação  daquelas.  Seria 
preciso  de  cinco  a  dez  minutos  para  coordenar  um  ataque  simultâneo  como  aquele.  E,  pelas 
leituras, precisavam faze­lo em setenta e três segundos. 

­ Os caças que estavam de patrulha devem alcançar a nave em... O QUE?
Trek Wars – Roberto Kiss  207  www.scriptonauta.com.br 

No tático. Os ícones que indicavam a posição das naves desapareceram. O operador refez a 
varredura e as localizou. A mil quilômetros de distância. 

Nas  outras  naves,  os  caças  de  prontidão  estavam  sendo  lançados.  O  mesmo  estava 
acontecendo  com  eles.  Assim  que  saiam  do  hangar,  desapareciam  e  ressurgiam  centenas  de 
quilômetros atrás. 

­ Cancelem o ataque! – ordenou Safrã. 

Todos olharam para ele. Não compreendendo a ordem. 

­ Não ouviram? Cancelem o ataque imediatamente! Ordene a todos os caças que retornem a 
nave. 

Os  operadores  transmitiram  as  ordens.  Safrã  foi  até  o  painel  principal  e  abriu  todas  as 
freqüências. 

­  Aqui  é  General  Safrã,  Comandante  em  chefe  da  frota  da  Aliança  Rebelde.  Não  era  nossa 
intenção  ataca­los.  Seu  aparecimento  súbito  nos  pegou  desprevenidos.  Pedimos  desculpas  pelo 
incidente. Acredito que esta seja a USS Thunderbold, comandada pelo Capitão Jevlack. 

Todos  na  sala  ficaram  atônitos.  Ninguém  tinha  sido  informado  sobre  as naves da Federação 
que tinham sido localizadas há alguns dias. Karakyr e toda tripulação da Liberdade guardaram bem 
o segredo. 

­ “Aqui é o Capitão Jevlack. Aceitamos suas desculpas. Na verdade, sabíamos que tal situação 
poderia  ocorrer,  por  isso  os  seus  caças  foram  teleportados  para  a  distância. Iremos traze­los de 
volta agora." 

No  controle  tático,  os  ícones  das  naves  começaram  novamente  a  desaparecer  e  a  surgir 
próximos a eles. Há dois quilômetros de distância. Um a um, todos iam sendo transportados. 

­ Digam para os caças que saíram das naves para retornar, os outros devem continuar com a 
patrulha.  Programe  o  tático  para  reconhecer  esta  nave  como...  –  pensou  um  pouco  –  neutra, 
agora.

­  “General  Safrã,  seus caças estão sendo trazidos de volta. Viemos até vocês porque temos 


assuntos a discutir. Que interessam a ambos. Posso ir até a sua nave?" 

Olhou  para  os  conselheiros  e  operadores  que  ainda  tentavam  entender  o  que  estava 
acontecendo. 

­ Sim Capitão! Nós lhe damos as boas vindas. Nossos operadores irão transmitir a vocês onde 
podem atracar a sua nave. 

­ “Não precisamos de transporte, podemos nos teleportar a bordo. Só precisamos que baixem 
os seus escudos. Em alguns minutos, teremos as coordenadas necessárias para estarmos na sua 
ponte." 

Um dos conselheiros se aproximou para lhe falar em seu ouvido. 

­  General,  seria  muito  perigoso  baixarmos  os  escudos  diante  de  uma  nave  que  demonstrou 
tantas capacidades.
Trek Wars – Roberto Kiss  208  www.scriptonauta.com.br 

Ele apenas olhou para ele e sorriu. 

­  Meu  amigo,  pelas  informações  que  recebi  de  Sornim,  antes  dele  ser  capturado,  se  eles 
quisessem nos atacar, os escudos não fariam a menor diferença. 

­ Capitão Jevlack. Iremos baixar os nossos escudos. Eu o convido para vir a bordo. 

­ “Obrigado. Irei sozinho e desarmado." 

A comunicação foi cortada. 

­ Abaixem os escudos. 

­ Posso ao menos pedir que uma equipe de segurança esteja aqui? 

­ Não. Eles querem conversar, e confesso que estou muito curioso para saber o porque. 

Os  escudos  foram  desligados.  Em  alguns  segundos,  os  campos  que  se  formavam  junto  ao 
casco  da  nave  se  dissipariam  por  completo.  Iriam  precisar  de  quinze  minutos  para  reergue­los 
novamente. 

**** 

­ Status geral da nave. ­ solicitou. 

­  Salas  de  transporte  dois,  oito  e  nove  estão  inoperantes.  Duas  da  área  de  carga  também. 
Transportar  tantas  naves  com  escudos  erguidos  acabou  sobrecarregando  os  sistemas  para 
desarma­los. 

­ Um risco calculado – disse Jevlack – Não seria boa política disparar para baixar os escudos 
delas. 

­  Senhor  Matias,  a  partir  de  agora  eu  o  promovo  a  Primeiro  Oficial  desta  nave.  Eu  o  tinha 
deixado no posto de navegador para avaliar a sua capacidade. 

­ Err.. Obrigado senhor. 

Ele levantou­se. 

­ Irei para a nave rebelde, o comando é seu. 

­ Sim senhor. 

Saiu  da  ponte,  acompanhado  por  Terak.  Foi  até  a  sala  de  transporte  –  uma  que  estava 
funcionando. Dentro do turboelevador, Terak tentava dissuadi­lo da idéia. 

­ Capitão, não acredito que esta seja uma boa solução para o problema. E ainda insisto para 
que leve pelo menos um segurança com o senhor. 

­ Lamento, mas estou sem opções.
Trek Wars – Roberto Kiss  209  www.scriptonauta.com.br 

A porta do turboelevador se abriu. Jevlack continuou falando enquanto seguiam pelo corredor. 

­ Pense Terak. A Defiant está em um posto imperial protegida por poderosas naves. O mesmo 
posto está cercado por vários outros com muitas naves para fornecer reforço, chegando em alguns 
minutos. Não há como destruirmos a Defiant antes que eles nos destruam. Precisamos de alguém 
para manter os imperais ocupados enquanto fazemos isso. 

Entraram na sala de transporte. 

­ Mas por que acha que os Rebeldes concordaram em auxiliar sem receber nada em troca? 

Jevlack olhou para ele. 

­ Mas quem disse que não vão receber nada em troca? Iremos evitar que o Império consiga a 
nossa tecnologia. Alferes – dirigiu­se ao operador de transporte – já tem as coordenadas da ponte 
da nave comando rebelde? 

­ Os escudos cederam completamente há pouco tempo senhor, ainda estou procurando. 

­ E se não conseguirmos destruir a Defiant? 

­  Então  –  ele  abaixou  a  voz  –  a  federação  terá  que  intervir,  pois  fatalmente  o  Império  ira 
dominar a galáxia, e virá atrás da nossa, através da fenda. 

As  últimas  análises  vindas  da  Starfleet  indicavam  que  havia  a  possibilidade  da  fenda  se 
estabilizar  –  seriam  precisos  algumas  semanas  de  análises  para  se  confirmar  isso  ­  ficando 
eternamente em um fluxo e refluxo de continuum. Como um transporte de passageiros. 

­ Coordenadas fixadas Capitão. 

Jevlack posicionou­se para o transporte. 

­ Quais são as ordens, caso o senhor não retorne? 

­ Não coloquei Matias no comando desta nave à toa. Ele decidirá o que fazer. Energizar. 

O alferes efetuou o transporte. Em alguns instantes, Jevlack se viu na ponte da nave capitânia 
rebelde. 

­  Capitão?  Sou  o  General  Safrã.  Se  tiver  a  bondade  de  me  acompanhar,  iremos  para  um 
aposento onde poderemos conversar mais tranqüilamente. 

Ele  concordou.  Seguiu  o  General  por  alguns  corredores.  Seus  ouvidos  biônicos  captaram  as 
conversas  dos  outros  que estavam próximos: mas ele é idêntico a nós? Isso é uma armadilha; a 
massa corpórea dele é muito densa. Estão do nosso lado? Se não, eu passo para o lado deles! 

Comandou  mentalmente  o  seu  processador  interno  –  ele  odiava  usar  suas  capacidades 
cibernéticas  –  para  acionar  visão  infravermelha.  Deu  uma  rápida  olhada  no  General.  Muitas 
cicatrizes, e várias próteses. Assim como ele. Na verdade, tinha mais próteses ainda. Retornou a 
visão normal e desligou o processador. Era incômodo ficar aparecendo tantas informações diante 
dos olhos. Desde que aprendera a controlar toda a sua capacidade biônica, era muito raro usa­la – 
com  exceção  de  sua  força.  Além  de  não  gostar  dela,  no  comando  de  uma  nave,  era  algo  muito
Trek Wars – Roberto Kiss  210  www.scriptonauta.com.br 

inútil. Duzak – o vulcano que fora resgatado junto com ele – com certeza a usava constantemente, 
afinal, ele era um cientista solar, e poder fazer análises espectrais por conta própria, era muito útil. 

Entraram em uma sala. Dois seguranças ficaram do lado que fora, que o General disse que era 
apenas para garantir que não seriam perturbados. 

­ Bem Capitão. O que deseja conversar? 

Sentou­se. Esperou o General fazer o mesmo. 

­  Bom,  vou  enumera­las.  Primeiro,  uma  outra  nave  de  nossa  galáxia  apareceu  aqui,  e  foi 
capturada pelo Império. 

Safrã estremeceu. 

­  Segundo:  Esta  nave  está  junto  com  aquela  outra  que  vocês  pretendem  destruir.  Ficamos 
algum tempo a distância interceptando as suas comunicações. 

­ Como decodificaram? 

­ Aquelas unidades R2 que ficaram a bordo de minha nave, apesar de serem muito incômodas, 
gostam de ser prestativas quando confiam em alguém. Ainda mais, alguém que fala a língua delas. 

Levantou  a  braço  direito.  As  costas  de  sua  mão  se  levantaram  e  uma  ponta  foi  ejetada.  Era 
uma sistema de interface. 

­  Assim  como você, eu tenho muitas próteses. – Recolheu o dispositivo – mas só os uso em 
situações extremas. 

Safrã balançou levemente a cabeça, concordando. Ainda estava impressionado. 

­  Terceiro.  Proponho uma aliança temporária. Sornim deve ter lhe enviado os dados a nosso 
respeito. 

­  Não  muito,  ele  não  quis  se  arriscar  a  comunicação  ser  interceptada.  Infelizmente  a  nave 
inteira o foi. Foi executado há alguns dias. 

­  Uma  pena.  Bom,  com  aquela  nave  lá,  vocês  não  têm  chance.  Eles  já  demonstraram  que 
sabem  usa­la.  Nós  também  não  seremos  capazes  de  destruí­la  com  as  naves do Império por lá. 
Ainda mais com outras em condições de prestar auxílio baseadas tão próximas. 

­ Próximas? 

­  Segundo  nossas  análises,  existem  vinte  destróieres  que  poderiam  chegar  até lá em menos 
de dez minutos. 

Safrã ficou um pouco pensativo. 

­ Esperávamos mais. 

­  Talvez  existam,  não  tivemos  tempo  de  fazer  uma  análise  mais acurada. Minha proposta é: 
Seguimos junto com vocês quando forem atacar. Nós atacamos a nossa nave capturada deixando
Trek Wars – Roberto Kiss  211  www.scriptonauta.com.br 

vocês livres para cuidarem de seus oponentes. Nada mais, nada menos. E, se não quiser aceitar, 
simplesmente irei esperar que partam para o seu ataque e seguirei atrás. 

­ Não entendo por que não decidiu fazer isso. 

­  Porque  preciso  que  vocês  ataquem,  antes  que  o  Império  consiga  informações  técnicas  da 
nave e possam duplica­la. Conhece a nossa Primeira Diretriz? 

­ Sim, isso Sornim nos passou. Mas não seria também uma violação desta se aliar a nós? 

­ É o que o comando de minha frota irá dizer, quando me levar a corte marcial. Mas não é a 
Primeira Diretriz que me motiva. Aceita o acordo? 

Ele se levantou e ficou andando pela sala. Por longos minutos, o General nada disse. Apenas 
se movia um pouco, olhava para ele e se movia de novo. Por fim disse. 

­ A primeira leva parte em menos de cinco horas. 

Jevlack se levantou e apertou a mão do General. 

­ Obrigado. Daremos a cobertura que pudermos, enquanto a outra nave nos permitir. 

­ Eu quê agradeço Capitão. 

Pressionou o seu comunicador. 

­ Jevlack a Thunderbold. Um para subir, aguarde. 

­“Estamos prontos Capitão." 

­ Se não é pela primeira diretriz que está fazendo isso, pelo que é? – perguntou o General. 

Ele sorriu. 

­  Há  muitos  anos,  aconteceu  uma  coisa  comigo,  que  iria  demorar  muito  para explicar. Basta 
dizer que é parte de meu destino. Pelo menos uma parte que decidi cumprir. Talvez a única que 
valha a pena. Thunderbold, energizar. 

Jevlack retornou a Thunderbold. 

**** 

Dezessete naves seguiam juntas no hiperespaço, indo em direção ao setor 5­23­9. A Hurricane 
estava  no  meio  das  outras.  Blinter  sabia  que  Quattroni  já  estava  lá,  e  que  apenas  os  estava 
aguardando para encerrar o contrato com Vader. Mas então, por que levar toda a frota? Bastaria 
apenas  alguns  corvetes  para  pegar  a  ele  e  todos  os  homens  que  deviam  estar  a  bordo.  Não 
entendia  isso.  Farejava  uma  armadilha.  Quattroni  falou  algo  sobre  esperar  um  ataque  dos 
Rebeldes.  Mas  não  seria  preciso  enviar  uma  força  destas.  A  menos  que  o  ataque  fosse 
gigantesco!
Trek Wars – Roberto Kiss  212  www.scriptonauta.com.br 

Acontece que os rebeldes raramente usavam mais de um cruzador em suas operações. Suas 
táticas  eram  de  guerrilha,  rápidas  e  esquivas.  Sua  frota  principal  estava  sempre  se  movendo  – 
temiam encarar o Império e sofrer perdas grandes – pois era tinham uma produção muito pequena. 
Na verdade, a fábrica deles que iria começar em breve, seria talvez um quinto mais lenta que a dos 
rebeldes.  Já  tinham  até  escolhido  o  padrão  dos  primeiros  trinta  cruzadores.  Seriam  similares  a 
Storm. 

Aquela nave, com vários canhões – praticamente todos destinados a ataque contra destróieres 
– e lançadores de poderosos torpedos, era ideal para ataques contra comboios mercantes. 

Mas  isso  era  o  próximo  passo.  O  de  agora  era  simplesmente  o  de  pegar  Quattroni  e  seus 
homens de cair fora dali! Chegariam a ultima baldeação para janela do hiperespaço em três horas. 
Nesse  momento,  iriam  se  comunicar  pela  última  vez  com  o  seu  líder,  para  avaliar  a  situação. 
Esperava­se  que  neste  momento,  a  Storm  já  estivesse  operacional  o  bastante  para  retornar 
sozinha a base deles, em Pestulon. 

**** 

Seguia  pelo  corredor  rumo  ao  seu  aposento.  Não  sabia  quando  foi  que  começou  a 
compreender  a  sua  situação,  mas  o  fato  era  que  estava  se  livrando  do  controle  das  drogas. 
Primeiro,  recuperou  a  consciência  de  si  mesmo,  depois,  lentamente,  foi  recuperando  a  sua 
vontade.  As  vezes,  quando  tinha  oportunidade,  conversava  com  os  seus  companheiros,  eles 
diziam  a  mesma  coisa.  Tinham  decidido  continuar  colaborando  com  os  seus  captores  –  mesmo 
porque, ainda estavam muito suscetíveis as ordens deles – mas agora, ele já tinha certeza de ter 
recuperado plenamente a sua vontade. 

Anderson acreditava que a única explicação possível era Diana. Tinha sido a única a não ser 
capturada,  e  ela  deveria  ter  encontrado  alguma  forma  de  livra­los  do  controle  a  que  foram 
submetidos  por  aqueles  droides  que  os  pegaram  de  surpresa.  Possivelmente  uma  união  de 
mentes vulcana enquanto dormiam, ou algo no ar que respiravam. Fosse o que fosse, o motivo do 
despertar  ser  tão  gradual  devia  ser  intencional,  Justamente  para  que  não  percebessem  que 
estavam fora do controle deles. 

Não  sabia  o  que  andara  fazendo  antes  de  se  libertar  do  controle,  mas  devia  ter dado toda a 
informação  que  precisavam,  pois  eles  estavam  controlando  toda  a  nave.  Percebeu  que  alguém 
tinha bloqueado os acessos aos projetos da nave, tinha tentado acessar alguma coisa e descobriu 
que todos os dados estavam trancados. Devia ter sido o Capitão Jevlack quem o fez, enquanto os 
computadores estavam ainda conectados para atualização. 

Sorrateiramente,  fez  vários  acessos  furtivos  aos  sistemas.  Diana  andou  muito  ocupada. 
Descobriu  alterações  sutis  em  vários  sistemas.  Ao  menos,  os  teleportes  estavam  totalmente 
inoperantes.  Mas,  o  principal  –  o  controle  de  dominação  da  nave  –  ainda  não  tinha  conseguido. 
Notou que um dos consoles extras da engenharia estava modificado – não completamente – para 
interceptar  os  controles  da  ponte.  Diana  devia  estar  preparando  um  subterfúgio  por  lá.  Para 
mostrar  que  estava  totalmente  livre,  adiantou  muitas  das  alterações,  incluindo  inclusive  alguns 
controles para poder prender todos em suas salas. Diana com certeza perceberia isto. 

Entrou em seu alojamento e uma mão cobriu a sua boca. A surpresa foi inevitável! Tentou se 
esquivar e percebeu que seu oponente era muito forte. 

­ Sou eu, Diana.
Trek Wars – Roberto Kiss  213  www.scriptonauta.com.br 

Relaxou a tensão. Agora percebia que seus companheiros estavam todos ali, o esperando. 

­ Que susto você me deu. 

­  Foi  necessário.  Não  queria que os piratas percebessem algo. Para o nosso sucesso, é vital 


que continuem a achar que estão no completo controle da situação. 

Sim era lógico. O que esperar de uma vulcana? Não sendo Tirvik... 

­ Então, o que tem planejado? 

­ Terminei as modificações no console auxiliar da engenharia. Agradeço a sua ajuda, acelerou 
bastante o trabalho. Segundo minhas observações, a melhor hora para agirmos será quando forem 
entregar  a  nave  para  quem  os  contratou  para  captura­la.  Andei  monitorando  suas  transmissões. 
Infelizmente não existe tempo hábil para lhe por a par de tudo. Também preparei um sinal para ser 
enviado  em  nossa  freqüência  de  emergência,  o  que  deve  indicar  a  Thunderbold  onde  n  ós 
estamos. 

­ Que espécie de sinal? 

­  Apenas  estática.  Não  pude  obter  equipamento  suficiente  que  permitisse o envio de alguma 


mensagem.  Mas  acredito  que  Terak  irá  convencer  o  Capitão  a  investigar.  Agora,  eu  sugiro  que 
preparemos a nossa estratégia. Depois, retornem aos seus aposentos. Devemos estar preparados. 
Atacaremos em precisamente 3.22 horas. 

Diana  começou  a  explicar  o  seu  plano  inicial.  Anderson  deu  algumas  sugestões  para  tentar 
contornar  as  deficiências  que  ele  possuía.  Se  desse  tudo  certo,  a  nave  estaria  sobre  o  controles 
deles. Se não, estariam todos mortos, incluindo os piratas. O que não era de todo mal. 

**** 

­ Vinte e três naves? – perguntou a Capitã Incrédula. 

­ Sim senhora – confirmou Thompson – existe uma poderosa frota neste posto. E, segundo as 
transmissões  que  posso  captar  dos  caças  que  estão  em  manobras,  devem  estar  se  preparando 
para um confronto eminente. Provavelmente contra aquela base em e que a sonda da Thunderbold 
localizou aquela nave. 

Estavam  parados  a  quinze  minutos  de  distância.  Quando  os  sensores  captaram  uma  grande 
frota no posto, achou prudente fazer algumas análises primeiro. Chamou Lauriel para a ponte para 
ver se podia lhe fornecer mais dados. 

­ Podem me mostrar o que essa sonda captou? – perguntou. 

­  Tenente  Doller,  tente  pegar  a  freqüência  da  sonda.  Mostre­nos  como  as  coisas  estão  lá 
agora.

Após  alguns  rápidos  comandos,  a  tela  mostrava  as  naves  do  Império.  Incluindo  o  Executor, 
que fez Lauriel estremecer involuntariamente. Havia mais uma nave ali também, bem parecida com 
a deles.
Trek Wars – Roberto Kiss  214  www.scriptonauta.com.br 

­ Ho­ho – murmurou Doller. 

Olhou para a Capitã. Seus olhos estavam estreitados. 

­ Foi por isso que Jevlack comentou o "se a Thunderbold existir" – disse Tirvik. 

­ Doller, onde está a Thunderbold agora? 

­ Segundo o último informe de seu navegador, no setor 4­20­9. 

No setor oposto ao nosso ­ pensou Lauriel. 

­ Capitã, uma das transmissões diz que o ataque será em duas horas – informou Thompson. 

­  Nesse  caso,  senhora  Nille, trace curso para o setor. Melhor deixar os nossos convidados lá 


agora,  enquanto  é  tempo.  Isso  –  virou­se  para  Lauriel  –  se  vocês  quiserem  voltar  para  os  seus 
pouco antes de uma batalha feroz. 

­ Capitão – começou – foram boas férias, mas acho que todos querem voltar ao serviço. 

­ E Ígnea? Ainda quer voltar conosco? 

­ Acho que sim. Só ela pode dizer. 

­ Curso traçado, Capitã. 

­ Dobra máxima, engatar! 

Olhou  novamente  para  a  tela.  Aquela  devia  ser  nave  que  Lia  tinha  visto  pouco  antes  de  ser 
capturada. 

­  Comandante,  nossos  sistemas  podem  enviar  o  nosso  sinal  para  sua  frota.  Sugiro  que  fale 
com eles para que não pensem que nossas intenções sejam hostis. 

­ Se me disser como faze­lo. 

­ Senhor Thompson, abra um canal na freqüência rebelde. 

­ Pronto Capitã. 

­ É só falar. 

Só  falar.  Ainda  não  se  acostumava  a  tanto  conforto.  Na  verdade,  não  fosse  pelo  fato  que 
querer encarar uma briga – já era praticamente um vício – iria querer voltar com eles, assim como 
Ígnea.

­  Aqui  é  a  Comandante  Lauriel  chamando  a  frota  Rebelde  no  posto  Katra.  Respondam  por 
favor. 

Ficou  aguardando.  Com  certeza,  se  havia  alguém  lá  que  a  conhecesse – e isso era mais do 
que  provável,  pois  metade  de  frota  estava  lá  –  iria  demorar  para  entender  como  ela  podia  estar
Trek Wars – Roberto Kiss  215  www.scriptonauta.com.br 

transmitindo  na  freqüência  deles  sem  que  sua  nave  estivesse  a  vista,  e  sem  que  a  transmissão 
viesse por um probe. 

­  “Aqui  é  o  General  Karakyr,  Comandante  em  chefe  da  frota.  Onde  você  está?  Não 
conseguimos localiza­la em nossos sensores." 

Seu rosto se iluminou! Era o Comandante da sua nave, a Liberdade. Ele estava no comando? 

­  General!  Estou  chegando  ai  em  velocidade  de  do...  no  hiperespaço.  Estou  na  nave  dos 
estrangeiros,  a  USS  Starfleet.  Parte  do pessoal sobrevivente da estação também está aqui. Eles 
nos resgataram e estão nos levando de volta. 

Pôde  ouvir  muitos  murmúrios  do  pessoal  que  devia  estar  próximo.  Provavelmente  eles  não 
tinham sido informados sobre a missão dela e da Exceler. 

­ “Eles tem interesse em auxiliar em nossa causa?" 

Ficou um pouco em silêncio. A alegria de estar de volta aos seus virou uma súbita tristeza. 

­ Não senhor. Eles encontraram uma forma de retornar ao lar deles e, assim que nos deixarem, 
irão partir. 

Agora foi a vez de Karakyr ficar mudo. Com certeza foi um golpe para ele. Devia ter imaginado 
que  era  possível  uma  aliança,  já  que  a  estavam  levando  de  volta.  Agora  ela  foi  a  portadora  do 
balde de água fria. Uma verdadeira kirtromer. 

­ “Quando eles devem chegar?" 

Olhou para a Capitã. 

­ General! Aqui é a Capitã Donner. Chegaremos em alguns minutos. Como surgiremos muito 
rapidamente e próximos de sua frota, sugiro que avisem a seus pilotos que não somos hostis. 

­ “Entendido Capitã, fique despreocupado. Aguardo sua chegada, Comandante." 

­ Prepare a prisão, temos um espião que foi localizado entre nós. O Comandante Bernard. 

­ “Repita, por favor." 

­ O Comandante Bernard foi identificado como espião. 

­ “Queria ter certeza. Falaremos mais depois. Mas não temos muito tempo." 

­  Eu  sei  senhor.  Eles  podem  captar  suas  transmissões.  Sabem  quando  irá  começar  a  sua 
operação, e de que ela se trata. Fim de transmissão. 

O  sinal  foi  cortado.  Alguns  minutos  depois,  estavam  a  apenas  duzentos  metros  da  nave 
capitânia da frota de Karakyr. 

Foi uma operação rápida. Três pilotos foram selecionados para levar as naves e o restante foi 
teleportado.  Menos  Ígnea.  Ela  ainda  queria  ir.  Para  a  Capitã  ter  certeza  de  suas  intenções, 
ordenou a Tirvik que fizesse um elo mental com ela, desde que ela concordasse.
Trek Wars – Roberto Kiss  216  www.scriptonauta.com.br 

Lauriel decidiu ficar a bordo até a decisão final da Capitã, que seria alguns minutos antes da 
frota partir para o ataque. Lia foi embora – não sem antes pegar alguns compostos na enfermaria, 
uma  vez  espiã...  Infelizmente,  os  teleportes  podiam  identificar  o  que  estava  sendo  transportado. 
Cuidaram  para  que  os  compostos  voltassem  ao  local  de  origem.  Ela  gostaria  de  ter  visto  a  cara 
dela quando descobrisse. 

As ordens vieram do próprio Darth Vader. O General Soer deveria pegar o Ultimate para sua 
nova nave capitânia. Deveria seguir para o setor do projeto Eclipse e escoltar a nave capturada até 
a capital do Império. Onde esta seria cuidadosamente analisada. 

Foi  nesse  último  contado que soube que o espião a bordo da Starfleet tinha capturado a sua 


antiga  escrava  e  a  tinha  levado  –  junto  com  outro  tripulante  da  nave  –  até  a  sua  posição.  Isso 
explicava  o  porque  dela  ter  aparecido  e  tê­los  feito  aquele  aviso.  A  informação  de  que  os 
interditores podiam causar problemas em seus sistemas foi muito útil. Ele recebeu uma comenda 
por  ter  ordenado  claramente  a  qualquer  nave  que  sobrevivesse  para  passar  essa  informação 
adiante. 

Olhando  pela  janela  da  ponte  do  Ultimate,  Soer  mal  conseguia  divisar  o  vim  da  nave. E era 
toda  dele!  Teria  sua  própria  frota  e,  após  a  entrega  da  nave  na  capital,  iria  poder  escolher  os 
melhores soldados do império para ser a sua tripulação. 

Ele acabou fazendo um comentário a Vader que lhe rendeu um outro elogio, quando este disse 
que comandaria o super destróier. Disse que se aquelas naves voltassem a ataca­los, poderia ter 
de sacrificar o Ultimate para proteger a Defiant. Vader apenas disse para ele sair vivo para receber 
outra medalha. 

Chegariam ao local em noventa minutos. 

**** 

Os caças estavam a postos, a Thunderbold estava alinhada bem atrás deles. Não precisava ter 
pressa. Podia chegar ao setor do Eclipse em trinta minutos – os caças demorariam duas horas. Ela 
partiria uma hora depois deles, e chegaria dez minutos antes. Iria atrair o fogo inimigo e destruir o 
maior número possível de caças antes da chegada deles. Se a Defiant permitisse... 

Os  dados  da  sonda  foram  muito  úteis.  Agora  os  caças  sabiam  exatamente  aonde  aparecer 
para  atacar  as  naves.  Como  não  podiam  fazer  correção  de  curso,  projetaram  chegar  a  dez 
quilômetros da posição atual das naves. Cada grupo já tinha escolhido o seu alvo. Os interditores 
seriam destruídos no máximo em – acreditava­se – quinze minutos. Com isso , a Thunderbold iria 
recuperar toda a sua capacidade. Usaria o seu ataque final a queima roupa da Defiant e, essa era 
a  parte  do  lucro  dos  rebeldes,  causaria  sem  dúvida  uma  grande quantidade de danos nas naves 
imperiais.  Claro  que  os  caças  teriam  que  sair  de  lá  rapidamente,  para  não  serem  pegos  pelo 
ataque. 

Claro que tudo podia sair errado. Pelo sim e pelo não, a frota de Karakyr não foi informada da 
presença da Thunderbold. E a estratégia inicial prosseguia de forma normal. 

**** 

Todas as peças estavam posicionadas. Todos iriam acabar se encontrando no setor 5­23­9. O 
plano  de  Darth  Vader  fora  muito  bem  engendrado  e  calculado.  Queria  que  a  frota  rebelde  e  as 
naves estrangeiras estivessem no mesmo local.
Trek Wars – Roberto Kiss  217  www.scriptonauta.com.br 

O Eclipse atraiu os rebeldes, e a Defiant atrairia ­ mais cedo ou mais tarde ­ as outras naves. 
Quattroni não sabia que era esse o objetivo principal, por pelo menos uma daquelas naves lá para 
avaria­la  o  suficiente  para  a  dominarem.  Optou  por  esta  escolha  quando  soube  que  ele  havia 
conseguido operar a nave. Se capturassem mais uma, ótimo, se não, já tinham uma mesmo. 

E, se ambas fossem destruídas, não faria muita diferença, a rebelião também seria esmagada. 
E mesmo que o Eclipse fosse destruído e não tivessem conseguido nada, o Imperador finalmente 
iria enviar toda a armada para esmagar essa tola e incômoda rebelião, em represália. 

De qualquer forma, ele conseguia um ou mais objetivos. 

Os caças partiram. Começava o lance final. 

Capítulo 21 

"Diário pessoal do Primeiro Oficial. Estamos seguindo em direção ao um posto imperial, para 
entrar  em  uma  luta  que  não  deveria  ser  nossa,  unicamente  para  tentar  uma  última  chance  de 
garantir que o povo desta galáxia não venha a possuir nossa tecnologia. O Capitão no momento se 
encontra na sala de reuniões, analisando os dados coletados pela nossa sonda, uma vez que os 
nossos  sensores  de  longo  alcance  são  bloqueados  pelos  campos  disruptores  gerados  pelos 
interditores." 

"Apesar de nosso poderio ser superior aos de nossos oponentes, nossa última batalha sob o 
efeito  dos  campos  disruptores  nos  mostrou  o  quanto  esta  situação  é  precária.  Se  obtivermos 
sucesso, seremos levados a corte marcial pela Frota, pois ninguém expressou opinião contrária a 
decisão do Capitão. E, se falharmos, estaremos mortos ou capturados. " 

"Independente  do  resultado  da  batalha,  a  USS  Starfleet  já  deve  estar  empreendendo  as 
modificações  necessárias  em  seus  motores  para  permitir  a  sua  viagem  de  volta  a nossa própria 
galáxia,  pois  ela  não  responde  mais  aos  nossos  chamados,  e  o  seu  computador  principal  foi 
desconectado do nosso, provavelmente uma necessidade das alterações a serem feitas." 

Matias encerrou o seu diário e o armazenou o seu conteúdo na cápsula que seria ejetada para 
o  caso  da  nave  ser  destruída.  Todos  os  oficiais  estavam  fazendo  o  mesmo.  Muitos  dos  cadetes 
que estavam originalmente da Starfleet antes do remanejamento de pessoal que o Capitão fizera, 
estavam gravando mensagens para os seus amigos que estavam ainda naquela nave. O mesmo 
ocorria  com  os  membros  da  tripulação  da  Thunderbold  que  não  foram  para  a  outra  nave.  Havia 
uma sensação geral de que eles não iriam retornar daquele setor. 

Pelo menos, havia a certeza de que teriam baixas. 

­  Já  ultrapassamos  os  caças  rebeldes  Comandante.  Tempo  estimado  de  chegada  em  dois 
minutos. 

­ Obrigado – disse. 

­ Capitão! Chegaremos em dois minutos. 

­ “Estou a caminho."
Trek Wars – Roberto Kiss  218  www.scriptonauta.com.br 

Em alguns segundos, o Capitão entrou na ponte, vindo da sala de reuniões que ficava ao lado 
desta.  Matias  cedeu  o  assento  para  ele  e  afastou–se  um pouco. Queria fazer a sua última prece 
antes de chegarem. 

­ Aqui é o Capitão para toda a tripulação. Entraremos em combate em menos de dois minutos. 
Todos  a  seus  postos.  Lembrem­se  que  uma  vez  lá,  não poderemos sair enquanto os interditores 
nos bloquearem. 

Matias nem conseguiu começar a rezar. Sentia tanta ansiedade que não conseguia lembrar as 
palavras. 

­ Trinta segundos Capitão – informou Terak. 

­ É hora da festa. Todas as armas energizadas, temos de atacar a Defiant assim que sairmos 
de  dobra.  Como  da  posição  em  que  sairmos,  haverá  um  interditor  no  caminho,  teremos  que 
destruí­lo primeiro. Terak, o que conseguiu sobre a nave gigante? 

­ Por enquanto, que seus escudos são impressionantes. Cerca de seiscentas vezes os nossos. 
Também parece existir um orifício em sua proa, que poderia ser a abertura de um lançador ou um 
emissor de feixe de energia. Não posso descobrir muito mais com a sonda. 

­ Em vinte segundos saberemos com os nossos próprios sensores – disse Matias. 

­ Se Miranda estiver certo – completou Jevlack. 

Olhou  para  a  tela.  Lá,  do  lado  inferior  direito  estava  o  tático.  E  no  restante,  a  imagem deles 
saindo da velocidade de dobra. 

­ Sistemas oscilando – Informou Terak. 

Já  estavam  sofrendo  a  influência  dos  campos  disruptores.  O  Navegador  Singer  comandou  a 
redução  da  freqüência  dos  campos  de  dobra.  Em  poucos  segundos  os  sistemas  voltaram  ao 
normal. 

­ Velocidade máxima reduzida a três quintos – informou o navegador. 

Bem mais que o um terço que tinham antes. 

­ Precisão de mira prejudicada. Focalização exata limitada a quinhentos metros, como antes. 
Escudos  estão  com  capacidade  de  dissipação  em  90%.  Potência  dos  phasers  sofrerão  redução 
para a metade para alvos além de vinte quilômetros – Disse Terak. 

Esse havia sido um dos motivos da Defiant ter suportado o primeiro ataque. Aqueles campos 
disruptores tinham efeitos similares, embora menores, a da radiação hiperônica nos phasers. Eles 
se dispersavam muito rapidamente em presença deles, reduzindo o alcance. 

­ Interditor na mira, todas as armas possíveis. 

­ Disparar! – comandou Jevlack.
Trek Wars – Roberto Kiss  219  www.scriptonauta.com.br 

Quattroni estava cansado de ficar sentado esperando que Vader viesse reclamar a sua nave. 
Ainda  teria  que  esperar  uma  hora.  Sua  frota  chegaria  em  mais  alguns  minutos.  Estava  ficando 
cada vez mais ansioso para terminar o contrato. 

Ainda  não  tinham  achado  quem  era  o  causador  dos  pequenos  problemas  que  andaram 
enfrentando, mas isso agora seria problema do Império. 

­ SENHOR! A Thunderbold acaba de surgir em nossos sensores! 

Ficou completamente gelado! Os sensores de longo alcance estavam inoperantes devido aos 
interditores, portanto isso significava que ela estava perto. Perto o bastante para ataca­los! 

­ Erguer escudos! Energizar armas. Travar na Thunderbold. 

­ Há um interditor no caminho. 

Por isso não tinham sido atacados ainda. 

­ Estão disparando no Interditor. Ele... POR OKLARA! 

Na tela, agora aparecia o interditor em questão. Já estava sendo atravessado pelos phasers, e 
explosões surgiam em diversos pontos de seu casco. Eles seriam os próximos. 

­ Disparem contra a Thunderbold, agora! 

­ O Interditor ainda está no caminho... 

­ Mais uma razão! Não esperam isso! DISPAREM! 

Dois phasers foram emitidos. Atravessaram o casco do interditor que já se desfazia e atingiram 
a Thunderbold a meia nau. Tinham quase 50% a mais de força que os da outra nave. Os escudos 
dela sofreram um impacto mais forte do que seria possível dissipar, caindo em 20%. 

Logo em seguida, sofreram o contra ataque. Estava mais forte do que Quattroni se lembrava. 

­ Escudos frontais caindo em 10%. 

­ Eles estão manobrando, vão sair da frente do interditor. 

Na  tela  via­se  o  interditor  ainda  explodindo.  Acima  das  faíscas  e  gases  coloridos  ejetados, 
começava a aparecer o espectro da Thunderbold. Via­se também alguns clarões saindo dela. 

­ O Executor esta atacando a nave. 

Então era esse o motivo dos clarões. Pelo que sabia, os canhões do Império para cruzadores 
tinham uma força equivalente a um quarto dos torpedos fotônicos. 

­ Como estão os escudos deles? 

­ No geral, em 83%.
Trek Wars – Roberto Kiss  220  www.scriptonauta.com.br 

Tantos clarões e os escudos estavam ainda assim? 

A  nave  tremeu  violentamente.  Agora  que  o  interditor  não  podia  mais  atrapalhar,  os  torpedos 
fotônicos estavam sendo disparados. 

­ Caças imperiais estão sendo lançados. 

­ Respondam ao ataque, e afastem­se dela! 

­  Movendo­se  de  ré,  a  Defiant  disparava  contra  a  Thunderbold.  Estavam  a  apenas  seis 
quilômetros de distância, uma da outra. 

­ Ela está muito mais rápida que nós! Não poderemos fugir! 

­ Os escudos estão em 70%! 

­ Então vá em direção ao Executor! 

Pensou  em  usar  os  prisioneiros  como  barganha,  mas  mudou  de  idéia  logo  depois.  Eles 
queriam  destruí­los,  sacrificando  seus  companheiros.  Tinha  que  reconhecer,  eles  eram 
determinados. Entraram no meio de uma poderosa frota imperial apenas para destruí­los, sabendo 
que provavelmente não seriam capazes de escapar. 

­  Dois  corvetes  acabam  de  entrar  na  área.  São  rebeldes!  –  olhou  para  Quattroni  –  estão 
bloqueando todas as transmissões, e o Império ainda não pediu auxílio. 

Corrigindo,  preparando  uma  forma  de  escapar.  Se  o  Império  não  enviasse  reforço,  os 
interditores seriam destruídos, tão facilmente quanto o primeiro. E assim, a nave recuperaria toda a 
sua capacidade. 

­ Comecem a esquentar os motores! 

­ Mas os campos... 

­ Que se dane! Kara, o que está captando dos campos de dobra deles? 

­ Estão ativos, porém em freqüência muito baixa. 

­ Então ponha os nossos na mesma freqüência, deverá equiparar as cois... 

Quattroni foi ao chão, uma nova onde de ataques os atingira. 

­ Escudos agora em 60%. 

­ Eles estão virando! 

Olhou para a tela. A Thunderbold estava virando e disparando os phasers em outra direção. 

­ Em quem estão disparando?
Trek Wars – Roberto Kiss  221  www.scriptonauta.com.br 

­  Nos  torpedos  e  bombas  espaciais  lançados  em  sua  direção  pelos  caças  do  Império  – 
respondeu Kara. 

­ Então ataque­os. 

Antes  de  dispararem,  porém,  foram  atingidos  pelos  phasers  laterais  da  nave,  o  que  fez  o 
armeiro errar a mira. Ela podia disparar em quase todas as direções, e eles, apenas em frente, em 
uma abertura de trinta graus. 

­ Quanto tempo até o Executor? 

­ Mais oito minutos! 

­ E para os motores? 

­ Dezessete! 

Difícil,  mas  possível.  Sua  frota  estava  chegando,  e  a  Storm  tinha  um  poder  de  fogo  muito 
considerável. 

­  Caças  rebeldes  entrando  na  área!  Vários  grupos  estão  saindo  do  hiperespaço  próximo  aos 
interditores – disse Kara – Próximos a todos os Interditores! Alguns já estão disparando torpedos 
prótons  nos  geradores  de  escudos  destes.  Os  outros  estão  perseguindo  os  bombardeiros  que 
estão alvejando a Thunderbold. 

Se os interditores fossem destruídos, a Thunderbold teria plena força, e eles ainda precisavam 
esperar os motores se aquecerem. 

­ Disparem contra os caças que estiverem ao alcance! 

­ Senhor, a nossa mira... 

­ Esqueça a mira! Sendo alvejados, eles farão evasivas! 

­ Sim senhor. 

A  Defiant  começou  a  disparar  contra os caças rebeldes. Naquele momento, ambas as naves 


começaram a se ignorar mutuamente. 

**** 

Assim que saiu do Hiperespaço, a atenção de Jevar foi atraída pelos brilhos das explosões há 
alguns  quilômetros  de  distância.  Olhando  nesta  direção,  viu  a  Thunderbold  disparando  contra 
aparentemente nada. Pelas pequenas explosões que surgiam no comprimento dos raios, imaginou 
que deviam ser caças ou torpedos lançados contra ela. Logo abaixo, viu a carcaça de um provável 
Interditor. O ataque provavelmente foi tão intenso, que a energia de seu reator deve sido dissipada 
pelos phasers sem tempo de se expandir. Só isso justificava ele não ter sido feito em pedaços. 

Coberto pelas nuvens de gás e destroços do interditor, viu a Defiant. Foi informado sobre ela 
no  resumo  da  missão, pouco antes de partirem. Viu­a disparar feixes de energia semelhante aos 
da Thunderbold, aparentemente em direção a um outro interditor próximo.
Trek Wars – Roberto Kiss  222  www.scriptonauta.com.br 

Não podia perder tempo admirando o trabalho de outros. Tinha sua própria missão pela frente. 
Comandou  o  seu  grupo  de  y­wings  para  segui­lo  na  formação  dois.  Armou  os  seus  torpedos 
pesados e focalizou o seu alvo. O gerador de escudo direito do interditor mais próximo – cerca de 
dez quilômetros. Um de seus alas fez o mesmo, os outros dois travaram no outro gerador. 

Quatro torpedos pesados em cada gerador iria destruí­los, e ainda teria o suficiente para atingir 
os  motores  e  o  hangar,  facilitando  a  destruição  deste  pelo  outros  dois  grupos  mais  afastados. 
Olhou  para  o  seu  tático,  observando  as  naves  próximas.  Tie  interceptores  tinham  sido  lançados 
pelo interditor, mas eles poderiam disparar antes que chegassem até eles. 

Havia  dois  grupos  de  x­wings  mais  atrás,  encarregados  primeiramente  de  dar  cobertura  a 
segunda leva de ataque. Os a­wing estavam indo na direção do executor. Iriam descarregar todos 
os seus torpedos nos geradores dele antes de dar cobertura aos outros bombardeiros. 

O  sistema  estava  ainda  tracejando  o  alvo.  Precisava  de  alguns  segundos  para  trava­lo 
completamente. Quando pronto, disparou dois deles. Cada um de seu grupo fez o mesmo. Depois 
disso,  chaveou  o  comando  de  armas  para  turbolasers  e  estavam  esperando  os  ties  ficarem  na 
mira. 

­ “Aqui é púrpura um. Amarelo um, tem dois grupos de bandidos na sua direção." 

­ Já os vi, estamos nos preparando para combate­los. 

­ “Precisa de ajuda? " 

­ Se puder, não vou reclamar! Podemos pegá­los na aproximação, mas são muito mais rápidos 
que nós. 

­ “Estamos a caminho, agüente por cinco minutos. " 

­  Entendido.  Grupo  y­wing  amarelo,  vamos  engajar  com  os  ties  que  se  aproximam,  amarelo 
dois  e  três,  peguem  o  grupo  inicial,  sigam  em  frente  para  o  segundo  grupo,  cobriremos  a  sua 
retaguarda. 

­“ Entendido, amarelo um." 

Dois y­wing desviaram parte da energia das armas para motores e se adiantaram. 

Um brilho maior lhe chamou a atenção a sua esquerda, mas quando se virou, não viu nada. 

­ “Amarelo um, tie­bombers estão sendo lançados." 

­ Aguarde, ainda não podem nos mirar. 

Mudou  as  chaves  de  comunicação  para  ouvir  um  pouco os outros grupos de caças. O verde 


ainda estava muito longe para fazer mira, o vermelho ­ o mais famoso grupo de caças dos rebeldes 
–  já  estava  em  combate,  tinham  derrubado  os  escudos  do  interditor  deles  e  já  o  estavam 
destruindo.  Voltou  o  controle  para  a  sua  faixa,  os  ties  ficariam  em  breve  ao  alcance  dos  dois 
bombardeiros que se adiantaram. 

­ “Na mira, disparando."
Trek Wars – Roberto Kiss  223  www.scriptonauta.com.br 

Dispararam  contra  os  interceptores,  destruíram  dois  quase  que  de  imediato,  mais  um  foi 
destruído  quando  iniciava  uma  evasiva,  outro  ficou  aparentemente  seriamente  danificado.  Os 
outros dois se desviaram e estavam agora manobrando para pegá­los pelos francos. 

­ Amarelo quatro, pegue o da direita. 

­ “Entendido." 

Conforme  planejado,  os  dois  bombardeiros  que  vinham  atrás  destruíram  os  dois  ties  que 
escaparam do primeiro ataque. Aquele que estava danificado acabou explodindo sozinho. 

­ “Pegando o segundo grupo agora." 

­ “Aqui é púrpura um. Amarelo um, estamos passando por vocês agora." 

Procurou dos lados, viu quatro x­wings o ultrapassarem e seguirem em frente. 

­ Ótimo, dê cobertura aos dois que estão na frente, vamos seguir para os motores. Amarelos 
dois e três sigam para o hangar assim que passarem pelos ties. Cuidado com os bombardeiros. 

Pelo canal principal, começaram a surgir mensagens mais urgentes. 

­ “Tem dois bandidos atrás de mim! ME AJUDEM." 

­ “O que diabos foi isso?" 

­ “Parece que veio daquela nave." 

­ “Negro dois, evasiva, agora!" 

­ “Ahhhhh..." 

Neste último, pôde ouvir barulhos de explosões pequenas e metal sendo rasgado. 

­ “Aqui é amarelo dois! Estão travando mísseis em mim!" 

­ Tenha calma! lembre­se do treinament... 

Um  brilho  forte  ofuscou­o  por  alguns  instantes,  quando  viu  novamente,  os  y­wing  dois  e tres 
tinham desaparecido. Não havia destroços, nada! Apenas algumas nuvens de gas no local em que 
estavam. 

­ “Amarelo um, o que aconteceu?" 

Ele  ainda  não  sabia.  Começou  a  olhar  ao  redor,  tentando  saber  de  onde  tinha  vindo  aquele 
brilho.  Tinha  sido  muito  próximo.  Olhou  para  a  Defiant.  Ela  ainda  estava  disparando  feixes 
aparentemente a esmo, próximo aos interditores. Só podia ser aquilo. 

­ Deve ter sido a Defiant! Não há nada que possamos fazer, vamos prosseguir com a missão. 
Eu  irei  para  o  hangar  e  você  para  os  motores.  Um  torpedo  em  cada,  na  base  do  exaustor.  Não 
chegue muito perto.
Trek Wars – Roberto Kiss  224  www.scriptonauta.com.br 

­ “Entendido." 

Pelo seu tático, viu que o escudos do Interditor tinham caído. 

­ Grupo branco, os escudos do interditor caíram, preparem as suas bombas espaciais. 

­ “Aqui é branco um, entendido." 

O alerta avisou que mísseis foram lançados contra ele, preparou­se para fazer as evasivas. 

Kirrer  ainda  não  entendia  por  que  não  estavam  lançando  mais  naves.  Naquele  ritmo,  os 
interditores seriam destruídos em breve! Manobrou o seu tie­fighter para manter o a­wing inimigo 
na mira, seus escudos já estavam fracos e sua fuselagem só demonstrava os danos dos tiros que 
tinha recebido. 

Alguns tiros certeiros e pronto! Mais um destruído. Olhou no tático para verificar a nave mais 
próxima.  Clarões  de  tiros  ao  seu redor lhe chamaram a atenção, estava sob ataque! Começou a 
fazer evasivas ao mesmo tempo em que tentava localizar de onde vinha o ataque. 

Eram duas naves, um x­wing e outro a­wing. Sozinho, não tinha a menor chance. 

­ Aqui é theta dois, estou sob ataque! 

Preparou  o  seu  ejetor,  bastavam  dois  ou  três  tiros  certeiros  para  destruir  a  sua  nave.  Não 
precisou esperar muito para receber o primeiro, em seu painel solar direito. Um grande rombo se 
abriu, ao mesmo tempo em que vários alertas ecoavam em seus ouvidos. 

Um  outro  x­wing  apareceu  na  sua  frente,  e,  pelos  gases  que  emitia  e  faíscas  que  soltava, 
estava  prestes  a  se  despedaçar.  O  piloto  obviamente  tentava  disparar  os  mísseis  restantes  nos 
geradores de escudo do Executor. Bom, se ele caísse, não seria sozinho. 

Mirou o x­wing e disparou diretamente na cabine, matando o piloto. Não pôde comemorar, pois 
logo em seguida sua nave foi destruída e ele foi ejetado em segurança. 

Girava  sem  controle  no  espaço,  usou os jatos da roupa para estabilizar­se. Desligou os jatos 


em seguida. Havia apenas um combustível mínimo para se aproximar de naves resgate. Olhando 
ao redor pôde ter uma visão magnífica do combate. 

O Executor disparava contra os caças que o atacavam, e estes faziam muitas manobras para 
prosseguir com sua missão prioritária – destruir os geradores de escudos da nave – evitando um 
combate  direto  com as forças imperiais. Na direção da Defiant, estavam apenas os destroços do 
primeiro interditor destruído e a Thunderbold. Uma ignorando a outra, seus disparos eram dirigidos 
aos  caças  e  torpedos  lançados.  Da  última  vez  que  tinha  olhado,  os  escudos  da  Thunderbold 
estavam perto de 50%. Não era a toa que estava se preocupando com os torpedos que lhe eram 
direcionados. 

Na  direção  do  Eclipse  não  havia  nada.  Parecia  que  todos  tinham  juízo  suficiente  para 
manterem  distância  dele.  Mas  se  os  caças  rebeldes  não  o  estavam  atacando,  então,  qual  era  o 
objetivo deles ali? 

Nada  podia  fazer  além  de  assistir  a  batalha  de  camarote, junto com muitos outros pilotos na 


mesma situação, tanto rebeldes como imperiais.
Trek Wars – Roberto Kiss  225  www.scriptonauta.com.br 

Apesar da insistência de seus conselheiros, o general Mirkyra não queria usar o Eclipse contra 
os  dois  corvetes  que  estavam  bloqueando  as  suas  comunicações  externas.  Em  breve  os 
interditores seriam todos destruídos, a Defiant não era páreo para a Thunderbold, e os escudos do 
Executor  também  iriam  cair  em  breve.  Sem  poder  pedir  auxílio,  em  breve  todos  os  inimigos  se 
voltariam contra eles, e não podiam fazer muito contra aquela nave da Federação. 

Ele  estava  esperando  os  interditores  serem  destruídos.  Assim  o  principal  da  frota  chegaria. 
Devia  ser  só  o  que  estavam  esperando.  Quanto  àquela  nave,  seus  escudos  eram  mais  que 
suficientes para mantê­la ocupada por muito tempo. 

Não, ele iria esperar. Que o Executor fosse sacrificado para isso! Vader lhe tinha dito que não 
teriam  chance  melhor  de  esmagar  a  Aliança  Rebelde  que  agora.  Que  assim  seja!  Eles  que 
pensassem  que  tudo  estava  de  acordo  com  o  que  tinham  planejado.  Em  breve,  o  Ultimate 
chegaria,  dando  uma  boa  surpresa  neles.  Se  chegasse  depois  da  frota  rebelde,  tanto  melhor. 
Usaria a arma do Eclipse apenas quando a frota chegasse, não antes. 

**** 

­ Capitão, no momento não há mais torpedos contra nós, a Defiant se afastou bastante e seus 
motores estão se aquecendo. Calculo que em cinco minutos estarão em pé de igualdade conosco. 
Nossos  escudos  estão  perigosamente  baixos,  cerca  de  30%.  Não  suportaremos  muitos  mais 
disparos do Executor. 

­  Muito  bem,  mirem  nos  interditores  que  sobraram  e  destrua­os,  vamos  recuperar  nossa 
potência total antes deles. 

A Thunderbold virou de lado, todos os phasers superires e inferiores foram usados para atingir 
os quatro interditores que ainda restavam. Nenhum deles tinha escudos, e todos já estavam bem 
danificados.  Dois  deles  explodiram  imediatamente,  os  outros  dois  começaram  a  se  despedaçar. 
Dois minutos depois, os campos de distorsão não mais atuavam. 

­ Engenharia, elevar potência de motores para o nível normal. 

­ Escudos começam a se recuperar, Capitão – disse Terak. 

­ Capitão! Os sensores de longo alcance voltaram a operar. Estou captando a aproximação da 
frota rebelde, três grupos. O primeiro deve chegar em alguns minutos. Também estou captando a 
aproximação de outro super destróier, acompanhado de mais dois destróiers normais. E existe um 
outro grupo de naves também vindo nesta direção. Algumas são do mesmo tipo que nos atacaram 
antes.

­ Parece que está havendo uma reunião de todos os interessados. Onde esta a Defiant? 

­ Atrás do Eclipse. 

­ Nesse caso, vamos brincar de gato e rato. Senhor Singer, libere a mira para a Defiant. 

­ Sim senhor. 

A nave se moveu por sobre o Eclipse, para poder mirar na Defiant. 

­  “Todos  os  caças,  os  escudos  do  Executor  caíram  para  a  metade.  Graças  a  Thunderbold, 
estamos livres para ataca­lo. VAMOS EM FRENTE!"
Trek Wars – Roberto Kiss  226  www.scriptonauta.com.br 

Todos os grupos se moveram para atacar o Executor. Mas esse não seria presa fácil. Estava 
agora  lançando  tudo  o  que  podia,  caças,  transportes,  shuttles.  Tudo  o  que  tinha  armas  era 
lançado.  Nenhum  deles  estava  interessado  na  Thunderbold  ou  Defiant,  seus  alvos  eram  todo  e 
qualquer caça rebelde. 

**** 

A  primeira  parte da frota de Safrã chegou. Tinham dez minutos para controlar a área. Vários 
caças  que  saíram  do  hiperespaço  começaram  a  avançar  e  garantir  o  perímetro  de  vinte 
quilômetros  especificado.  Foi  muito  fácil,  todos  os  caças  imperiais  estavam  ocupados  com  a 
primeira leva de ataque. 

Súbito, a surpresa! Um novo super destróier surgiu do hiperespaço na frente deles. Os caças 
que  estavam  sendo  lançados  com  destino  ao  executor  receberam  ordens  de  engajar  com  essa 
nova força. Os sensores revelaram que era o Ultimate. Não esperavam por ele. E não tinham como 
avisar aos outros dois grupos que ainda se aproximavam o que estava ocorrendo. 

**** 

Soer ficou impressionado com o que viu. Havia uma guerra violenta no setor, e a Thunderbold 
estava lá, tentado atacar a Defiant que ficava circulando o Eclipse para escapar. Curiosamente o 
Eclipse não fazia absolutamente nada, e nenhuma nave do Império seguia rumo a Thunderbold. 

Uma  rápida  avaliação  no  tático  revelou  que  os  interditores  foram  destruídos,  os  escudos  do 
Executor  estavam  na  metade  e  que  uma  nova  força  de  ataque  dos  rebeldes  vinham  em  sua 
direção.  Não  havia  sinal  de  destroços  de  cruzadores  rebeldes.  Isso  significava  que  não  tinham 
sofrido nenhuma significativa perda, ainda. 

Ordenou  que  todos  os  caças  fossem  lançados.  Os  alvos  eram  os  cruzadores  rebeldes.  Seus 
destróieres  foram  movidos  em  direção  a  eles.  O  Ultimate  virou  na  direção  do  Eclipse.  Soer 
pretendia dividir as forças que atacavam o Executor. 

Enviou o sinal de emergência para as forças próximas, e foi bem a tempo! Logo depois, suas 
comunicações foram cortadas. Os relatórios indicavam que a causa era os dois corvetes mais atrás 
dos cruzadores. O alcance de suas comunicações ficou restrito ao setor. 

Ordenou que as novas levas de caças deveriam destruir aqueles corvetes. 

­ General! Mensagem do Executor, não devemos deixar nossas naves entre o Eclipse e a frota 
rebelde. 

Não deviam? Mas... CLARO! 

­ Muito bem, elevação! 

Os recém chegados moveram suas naves acima do plano do setor. 

­ General, outro grupo de naves está entrando! 

­ Aliados? 

­ Não, na verdade, não sei quem são. Mas há um cruzador calamari entre eles.
Trek Wars – Roberto Kiss  227  www.scriptonauta.com.br 

Olhou  para  os  sensores.  Não  conhecia  a  nave  maior,  mas  as  menores  eram  os  corvetes 
modificados dos piratas. De Quattroni! 

­ Eles são aliados, ou pelo menos neutros. Ordene aos caças para ignorá­los. 

Blinter  tinha  farejado  problemas  a  frente,  mas  não  sabia  bem  se  seriam  rebeldes  ou  os 
estrangeiros. Agora soube, eram ambos! 

­ Onde está a Defiant? 

­  Aparentemente,  usando  o  Eclipse  para  se  esquivar  da  Thunderbold,  mas  devem  ser  pegos 
em alguns minutos. 

­ Estamos ao alcance? 

­ Sim senhor! 

­  Então  dispare!  Ordene  a  todas  as  naves  para  atacarem  a  Thunderbold!  Lance  os  nossos 
caças com torpedos pesados! 

­ Capitão! A Defiant está para ativar os seus motores! E as naves que acabam de chegar estão 
vindo em nossa direção! 

Eles sem dúvida estavam muito acostumados a se esquivarem, pensou Matias. 

­  Eu  acho  que  estamos  em  uma  encrenca!  Senhor  Singer,  Vamos  sair  daqui  em  dobra  e 
retornar pelo outro lado! 

Não  houve  tempo  de  digitalizar  as  coordenadas,  a  nave  foi  atingida  por  poderosos  disparos 
concentrados vindos da Hurricane. 

­ Perdemos os escudos de popa, estamos com danos na nacela um – informou Terak. 

Não poderiam entrar em dobra agora. 

­ Caças estão vindo em nossa direção, estão armados com torpedos pesados. 

­ Senhor Singer, manobre a nave para fogo total! Destruam todos esses caças. 

Um impacto forte fez todos caírem no chão. A Defiant estava agora contra atacando. 

­ Escudos de proa se foram, Danos na seção disco. Dois emissores de phasers danificados. 

­ Responder ao fogo! Ataque máximo! 

Usando os micro campos de dobra Singer pôs a nave com força máxima de ataque em direção 
a Defiant. Todos os phasers possíveis foram disparados. A Defiant perdeu definitivamente os seus 
escudos, e sofreu muitos danos no casco principal. Um novo ataque a destruiria totalmente, mas 
sofreram um novo ataque da Hurricane. 

­ Suporte das nacelas atingido, porta do hangar avariada, dorsal com várias rupturas!
Trek Wars – Roberto Kiss  228  www.scriptonauta.com.br 

Jevlack digitou a seqüência em seu console. 

"Seqüência de ataque final iniciada!" informou o computador. 

Todos se prepararam. Matias – que agora não tinha uma cadeira fixa – sentou em uma mais 
atrás e se prendeu com os cintos de gravidade zero. Prendeu­se a tempo de se proteger de outro 
impacto. 

"Alerta cinco avariada, ataque final cancelado!" 

­ Ho­ho! – disse Jevlack. 

Quattroni  ordenou  que  voltassem  para  a  proteção  do  Eclipse,  o  ultimo  ataque  do  Hurricane 
evitou que fossem destruídos. Eles estavam agora sem escudos frontais e com vários danos. 

­  Senhor,  em  alguns  segundos  uma  grande  frota  rebelde  chegará,  existe  uma  outra  se 
aproximando pelo outro lado. E as naves do Império também estão vindo dos postos próximos. 

­ A outra nave dos estrangeiros está em algum lugar? 

­ Não, não estou captando nada referente a esta nave. 

­ Ótimo! Já tem muita gente aqui! 

A Hurricane não pôde continuar atacando a Thunderbold, agora tinha de se preocupar em se 
defender  dos  caças  rebeldes.  Isso  deu  a  Thunderbold  chance  de  posicionar­se  de  forma  que  os 
escudos remanescentes dessem alguma proteção. 

A  frota  principal  de  Safrã  tinha  chegado!  Sem  interditores,  e  com  todo  o  seu  perímetro 
protegido,  deram  início  ao  ataque  ao  Eclipse.  Os  corvetes  com  explosivos  prepararam­se  para 
partir em sua direção em dois minutos. A tripulação prudentemente abandonou a nave. 

O Eclipse que até então permanecera isolado de tudo o que ocorria ao seu redor, finalmente 
moveu­se, sua poderosa arma apontando para a frota rebelde. 

­  Capitão,  estou  captando  uma  grande  energia  sendo  emanada  do  Eclipse.  Parece  que  sua 
arma está sendo energizada. 

­ Avise aos rebeldes! É uma armadilha! 

Soer  viu  da  ponte  o  poderoso  raio  de  energia  que  foi  lançado  em  direção  a  frota  rebelde. 
Quatro naves foram  vaporizadas. Duas, que estavam próximas ao raio sofreram violentos danos. 
Mais da metade das tripulações morreram na hora. 

Mas o efeito mais inesperado ocorreu com a Defiant e com a Thunderbold. Elas foram como 
que sopradas ao vento quando ocorreu o disparo. Aparentemente, os campos de dobra de ambas 
foram atraídos pelo feixe, e elas foram arrastadas junto. 

A Defiant rapidamente retomou o controle, mas a Thunderbold continuou girando. Em direção 
ao Ultimate! 

­ General! A nave vai colidir conosco.
Trek Wars – Roberto Kiss  229  www.scriptonauta.com.br 

Ele não respondeu. Estava em choque! Não havia tempo de nada, nem de se esquivar, e nem 
de  destruí­la.  Com  a  fonte  de  energia  que  ela  possuía,  com  certeza  o  Ultimate  seria  destruído 
também. 

­ General! Devemos atacar? 

­ Evacuar a nave! 

O alerta foi dado, os hangares foram rapidamente abarrotados de pessoas desesperadas para 
sair  da  nave.  Se  você  está  em  uma  nave  com  oito  quilômetros  de  extensão  e  ouve  o  aviso  de 
abandona­la, não vai querer perder tempo em saber o que poderia a estar ameaçando. 

Quando  estava  a  menos  de  quinhentos  metros,  a  Thunderbold  se  estabilizou,  porém  ainda 
vinha  em  sua  direção.  Seus  phasers  foram  disparados,  assim  como  os  torpedos  fotônicos.  O 
primeiro alvo foram os seus geradores de escudos, alvejados por todos os phasers superiores que 
podiam  atingi­los.  Quando  foram  destruídos,  a  nave  moveu­se  para  focar  todas  as  suas  armas 
para o centro da nave. 

Sem escudos, e sem interditores para causar anomalias em seus sistemas, os phasers ­ todos 
direcionados para um único ponto ­ estavam cortando a fuselagem como se fosse água. 

**** 

Darth Vader observava impassível a Thunderbold atacar o Ultimate. Em um instante havia se 
livrado de seus escudos, e agora estava atravessando­a com os seus feixes de energia. Os outros 
da  ponte  que  também  observavam  não  eram  capazes  de  emitir  nenhum  som!  Como  achar  algo 
para descrever a cena dantesca que estavam vendo? Aquela nave estava abrindo um buraco bem 
no meio de um super destróier do Império! Girava no sentido longitudinal e disparava seqüências 
de phasers muito rápido, sempre no mesmo local. 

Em  alguns  instantes,  ela  desapareceu  por  entre  os  gases  e  faíscas  que  saiam  do  ponto  em 
que atacava a nave. Foi quando surgiu uma bola de fogo que em muito lembrava uma estrela. Esta 
bola  era  o  efeito  de  uma  explosão  fantástica  que  abalou  o  Ultimate,  o  que  causou  um  rombo 
gigantesco, tanto no deck superior como inferior. Por um longo momento – menos de um segundo 
– imaginaram que a Thunderbold tinha colidido com o Ultimate. Então a viram sair pelo outro lado. 
Várias  explosões  começaram  a  surgir  em  pontos  próximos  ao  ocorrido.  Ela  devia  ter  disparado 
contra  um  dos  geradores principais que ficava no meio da nave. Como haviam quatro geradores 
próximos,  todos  eles  devem  ter  entrado  em  colapso  ao  mesmo  tempo,  causando  a  poderosa 
explosão!. 

Apesar disso o Ultimate continuava a se mover – um buraco de trezentos metros não poderia 
fazer uma nave daquele porte partir­se em dois – caças ainda eram lançados de seus hangares, e 
seus turbolasers ainda atacavam os caças rebeldes. 

Ninguém se movia na ponte. Ficavam imaginando. O mesmo poderia acontecer com eles. Era 
só  uma  questão  de  tempo.  Se  não  atacassem  aquela  nave  agora,  ela  os  destruiria.  Por  que  ela 
estava sendo ignorada? Estavam com medo, quase em pânico. Até que Vader se virou. 

­ Voltem aos seus postos. 

Desnecessário  dizer  que  todos  obedeceram.  Apesar  do  que  viram  ser  impressionante  e 
assustador, Vader ainda era insuperável em causar medo.
Trek Wars – Roberto Kiss  230  www.scriptonauta.com.br 

**** 

Quattroni sabia que assim que pudessem disparar contra a Defiant, seria o fim. Seus escudos 
de navegação foram destruídos no último ataque, o que equivalia a dizer que não poderiam partir, 
pois  sem  eles não havia como se orientar em velocidade de dobra. Não estavam em posição de 
atacar  a  Thunderbold,  o  Ultimate  estava  na  frente  ­  ou  melhor  a  carcaça  do  Ultimate,  sofrendo 
muitas explosões e expelindo muito gás estava na frente. 

Estavam  voltando  para  detrás  do  Eclipse.  E  já  tinham  diminuído  os  campos  de  dobra  ao 
mínimo,  para  evitar  que  fossem  jogados  novamente  quando este voltasse a disparar. O que não 
demoraria muito. 

­ Travar phasers nos cruzadores rebeldes! 

­ Pronto! 

­ Disparar! 

A quase oitenta quilômetros de distância, um cruzador rebelde foi atingido , os phasers – muito 
mais potentes que os da Thunderbold – o atravessaram e ainda atingiram um outro cruzador, mais 
atrás. 

­ Tiro certeiro! Os escudos deles não foram capazes de resistir. 

Por que não? Pensou Quattroni. 

­ Senhor, a maioria dos cruzadores rebeldes está sem escudos, deve ser por causa do disparo 
do eclipse. 

­ Então, dispare a vontade! 

Sem  ninguém  os  incomodando,  a  Defiant  usava  as  naves  rebeldes  como  galeria  de  tiro.  Foi 
então  que  uma  delas  –  um  corvete  –  saiu  da  formação  e  acelerou  para  o  hiperespaço,  com  o 
Eclipse na frente! 

Acompanhando pela tela, viu a nave atingir o Eclipse e causar uma explosão muito maior que 
aquela feita no Ultimate. Foi tão grande que o Eclipse foi forçado a se mover. 

­ Escudos do Eclipse! 

­ Em... 92% senhor. – respondeu Kara. 

Outro corvete começou a se movimentar, seguindo o mesmo caminho que o outro. 

­ Destruam esse corvete! E todos os outros. 

Os phasers foram disparados. Após seis disparos consecutivos, o corvete foi destruído. A mira 
foi  desviada  para  os  outros  corvetes  da  frota  rebelde,  mais  um  foi  destruído,  logo depois soou o 
aviso! 

"Atenção! Cristais dilítio sofrendo retroalimentação!"
Trek Wars – Roberto Kiss  231  www.scriptonauta.com.br 

­ O que significa isso? 

"Se a retroalimentação continuar, os cristais serão danificados e a nave ficará sem energia." 

­ Engenharia, peguem Anderson e descubram o que está acontecendo com os cristais. 

A Defiant sofreu um novo impulso, o Eclipse voltara a disparar. 

Apesar  da  extensão  dos  danos,  na  ponte,  poucos  sentiram  algo  mais  que  uma  vibração.  O 
tamanho da nave acabou sendo sua própria proteção. Mas Soer sabia que a nave estava em sério 
perigo. Várias explosões continuavam a ecoar por dentro dela. Reatores de energia explodiam em 
seqüência, o que fatalmente iria destruí­la. 

­  Não  há  como  controlar  tamanha  área  afetada.  Desligamos  um  reator  e  outro  explode  no 
lugar. 

­ Continue lançando os caças – disse Soer sem se incomodar com o relatório. 

­ Os rebeldes estão atacando­nos com torpedos pesados. 

Ele não precisava que lhe dissessem isso. Já estava vendo em primeira mão os danos que os 
torpedos  causavam  em  sua  fuselagem. 30% da nave já estava perdida. Pelo prognóstico, teriam 
ainda  três  horas  antes  de  outros  reatores  principais  serem  atingidos  pelas  explosões  em 
seqüência. 

­ Como está a Thunderbold? 

­ Somente há poucos momentos eles diminuíram a marcha, acho que estavam sem controle, 
por isso vieram contra nós. Estão seguindo agora em direção ao Eclipse. 

Não! Eles queriam a Defiant. E já a teriam destruído não fosse por tantas interrupções. Aquela 
luta  estava  ficando  incontrolável.  Podia  ouvir  o  pessoal  tático  tentando  desesperadamente 
coordenar o ataque. Tinham agora mais de seiscentas naves mostradas na holo­mesa de controle. 

Um brilho lhe chamou a atenção. Era o Eclipse novamente. 

­ General! Estamos sem controle. Os jatos de manobras que estão operando são insuficientes 
para controlar o curso da nave. 

­ Desligar os motores. Todos eles! Quanto tempo até todos os caças saírem? 

­  De  trinta  a  quarenta  minutos.  Há  muita movimentação no hangar, o que esta dificultando a 


coordenação de lançamentos. 

­ Esqueça a coordenação, apenas os lance! Não se incomode com grupos. 

A ordem foi passada para a coordenação de lançamento. 

­ Mais da metade dos cruzadores rebeldes está seriamente danificada ou perdida.
Trek Wars – Roberto Kiss  232  www.scriptonauta.com.br 

A  situação  ainda  era  favorável  para  eles.  Em  alguns  minutos,  novos  interditores  chegariam, 
juntamente com toda a esquadra que estava próxima. Ainda que o Ultimate e o Executor fossem 
destruídos, ainda que as naves da federação também o fossem, a rebelião iria acabar ali. 

­ Em mais quinze minutos o hangar estará na área das explosões. 

Grande novidade. Ele e sua boca! Tinha de dizer que iria sacrificar o Ultimate? 

­ General! 

­ Sim? 

­ Acabo de calcular o nosso curso. Estamos indo em direção ao Eclipse. 

­ Quanto tempo? 

­ Quarenta minutos! 

­ Avise o Eclipse que ele pode destruir o Ultimate em trinta minutos. 

A  cacofonia  de  palavras  ditas  na  ponte  pelo  pessoal  de  coordenação  tática  ficou  muda  de 
repente. 

­ É UMA ORDEM! 

­ Sim senhor. 

Em alguns segundos, todos voltaram a suas tarefas. 

Foi  bom  enquanto  durou.  Pensou.  Pelo  menos,  tinha  feito  quase  tudo  o  que  se  propusera  a 
fazer. 

**** 

Safrã  tinha  se  sentado  na  sala  de  controle  tática.  A  situação  estava  fora  de  controle.  Não 
imaginava  que  o  Eclipse  podia  disparar.  Eles  foram  enganados!  E  não  havia  como  avisar  a 
segunda metade da frota que se aproximava. 

Antes  dos  bloqueadores  serem  ajustados  para  englobarem  as  novas  naves,  um  sinal  de 
socorro  foi  emitido.  Os  reforços  chegariam  em  breve.  Apesar  de  um  dos  super  destróieres  estar 
condenado, isso não os ajudava. Estavam em inferioridade. Sozinho, o Eclipse podia acabar com 
eles,  e  a  Thunderbold  não  poderia  fazer  com  ele  o  que  fez  com  o  Ultimate.  Os  geradores  de 
escudos eram internos. 

­ Lançar todos os caças, transportes, qualquer coisa! 

Já que aquela era a ultima batalha, então era melhor que fossem logo para o tudo ou nada. 

Os reforço do Império começou a chegar. Primeiro dois destróieres, depois mais quatro. Dois 
interditores  chegaram  a  acionaram  os  seus  campos  disruptores.  A  Thunderbold,  assim  como  a 
Defiant,  já  tinha  reduzido  a  freqüência  de  seus  campos.  Apesar  de  uma  das  nacelas  estar 
levemente danificada, os campos ainda podiam ser formados.
Trek Wars – Roberto Kiss  233  www.scriptonauta.com.br 

**** 

Jevlack  estava  percebendo  que  tinha  que  se livrar do Eclipse. Era um curinga inesperado. A 


frota  rebelde  não  poderia  dar  o  apoio  necessário.  Na  verdade,  ela  estava  quase  que  para  ser 
destruída. Mesmo o Segundo grupo que estava se aproximando, teria o mesmo fim que o primeiro. 

­ Matias. Lamento mas o seu posto vai ter vida curta. 

­  Foi  bom  enquanto  durou  –  respondeu  –  Só  acho  uma  pena  que  provavelmente  não 
saberemos o final. 

­ Terak, temos como derrubar os escudos do Eclipse? 

­ Sim, se tivéssemos umas duas horas para isso. 

­ Não temos duas horas. O que poderia fazer estes escudos caírem? 

­ Somente se eles o desligassem ou todos os seus sistemas sofressem uma pane inesperada. 

Todos os sistemas? Um sorriso começou a se formar no rosto do Capitão. 

­  Terak,  já  tinha  projetado  como  configurar  os  motores  para  aquela  implosão  que  planejava 
usar para fechar a fenda? 

­  Sim.  Na  verdade,  é  uma  operação  bem  simples.  Bastaria  fazer  os  controles  de  manobras 
tentar nos movimentar em todas as direções para forçar a expansão forçada do campo, e, logo em 
seguida inverter a direção de movimento. Isso faria o campo engolir a si mesmo, comprimindo tudo 
o que estivesse dentro dele, causando um efeito supernova. É claro que teríamos... 

­ Faça a programação agora! 

­ Capitão? 

­ FAÇA! 

­ Sim senhor. 

Terak começou a usar o seu console. 

­  Senhor  Singer,  rume  direto  para  o  meio  do  Eclipse.  Engenharia,  ao  meu  sinal,  quero  os 
campos de dobra a plena força e expandidos ao máximo! 

Terak e Matias olharam para ele. 

­ Eu sei muito bem o que vai ocorrer. E estou contando com isso. 

­ “Estamos aguardando, senhor." 

­ Um aviso senhor – disse Terak – uma vez iniciado, não há como voltar atrás. E a pressão que 
os  campos  irão  fazer  no  continuum  durante  a  expansão  forçada  não  deixará  que  nada  saia  de 
dentro dele.
Trek Wars – Roberto Kiss  234  www.scriptonauta.com.br 

­ Nem entrar? 

­ Nem entrar ­ respondeu. 

Ótimo! Agora, só precisava que os imperiais continuassem a ignora­los como tinham feito até 
agora.

­ Capitão? 

­ Sim Matias? 

­ É impressão minha ou vai fazer outra daquelas suas jogadas estratégicas? 

Ele olhou divertido para ele. 

­ A vantagem de se estar em uma situação em que não há nada a ser feito, é que você pode 
fazer qualquer coisa. Sem medo que não dê certo. 

­  Senhor,  antes  dos  interditores  chegarem,  eu  tinha  captado  a  segunda  metade  da  frota 
rebelde,  devem  chegar  em  alguns  minutos.  E  havia  algo  peculiar  na  nave  capitânia,  parecia  um 
pouco maior que a de Safrã. Como se tivesse um apêndice diferenciado. 

Vulcanos são ótimos para fazer comentários condizentes com a situação. 

­ Como está indo a programação? 

­ acabo de concluí­la. Como uma das nacelas está danificada, a movimentação do campo será 
feita apenas pela nacela dois, mas terá o mesmo efeito. 

­ Muito bem. 

Lá vem outra corte marcial pela destruição de uma nave. 

A Thunderbold ficou a apenas cem metros do Eclipse. Os campos de dobra foram expandidos 
até envolver a metade desta. Isso causou um estranho efeito nos seus escudos. Parecia que uma 
linha a estava atravessando. 

­ Acionar! 

O  campo  de  energia  amarelo  envolveu  o  Eclipse,  gigantescos  raios  aparentemente  elétricos 
começaram a sair de seus escudos. Ambas as naves oscilavam de forma incrível! 

­ Terak! Cause uma sobreposição entre os campos. 

­ As bobinas da nacela um irão se queimar devido... 

­ AGORA! 

Com  o  efeito  dos  campos  de  dobra  mais  os  campos  disruptores  dos  interditores,  e  destes 
campos  estarem  em  distorção.  Os  sistemas  do  Eclipse  ficaram  em  pane total! Reatores internos 
explodiam,  a  super  arma  que  estava  prestes  a  dar  um  novo  tiro,  parou  de  funcionar.  Na 
Thunderbold, todos os sistemas principais que seriam usados na implosão foram desligados para
Trek Wars – Roberto Kiss  235  www.scriptonauta.com.br 

evitar  a  sobrecarga.E  como  Terak  tinha  tentado  avisar,  as  bobinas  da  nacela  um  ficaram 
irremediavelmente danificadas. Eles não poderiam se mover sem uma grande reprogramação nos 
sistemas de motores para operar com apenas uma nacela. 

**** 

Safrã viu o que estava ocorrendo, e soube que finalmente teriam uma chance! Mas seu sorriso 
desapareceu no momento em que viu a Defiant. 

­  Os  escudos  do  Eclipse  caíram!  Seus  sistemas  também.  Há  várias  explosões  internas  – 
informou Terak ­ Também perdemos totalmente a nacela um. Apesar de ainda estar operacional, 
sem as bobinas controladoras de plasma ela ficou inútil. 

­ É aceitável. Engenharia desligar os campos, retorne­os para a freqüência baixa. E evacuem 
todos para a seção disco! Vocês tem um minuto! 

­ Capitão a Defia... 

Um  poderoso  impacto  foi  sentido  na  nave,  sua  nacela  um  fora  destruída  pela  Defiant.  Um 
duplo disparo phaser atingiu a região próxima a ponte, causando uma violenta – e mortal – chuva 
de destroços dos pedaços do casco interno sob os tripulantes. 

O impacto jogou Matias ao chão. Quando reparou, percebeu que foi atingido no braço por uma 
ponta  bem  fina  de  um  pedaço  que  antes  compunha  o  painel  de  Terak.  Ao  se  levantar  viu  que o 
Capitão estava caído, com vários ferimentos e danos. Podia ver os circuitos de seu braço e perna 
direitos. O lado direito de seu rosto estava com a pele sintética arrancada. Dava para ver alguns 
circuitos do olho e as engrenagens de sua mandíbula. Mas também havia sangue, principalmente 
no tórax. . Por isso ele estava vivo, O Capitão havia recebido a maior parte do impacto. 

**** 

Olhou ao redor. Terak estava no chão, com vários estilhaços pelo corpo. Parecia morto. Singer 
estava  largado  em  um  canto  em  estado  de  choque.  A  tela,  que  ainda  funcionava,  mostrava  a 
Defiant, dando a volta para terminar com o serviço. 

O  Capitão  estava  com  dificuldades  para  se  mover.  O  dano  em  seus  sistemas  devia  ter  sido 
grande. Ele era o único que estava em condições de fazer algo. Foi até o console auxiliar de Terak 
–  já  que  o  principal  dele  estava  espalhado  pela  ponte  –  e  verificou  a  programação  dos motores. 
Era só acionar. 

­ Ex,,,ploda a seçã.... 

Olhou para o Capitão. Ele queria dizer algo. Aproximou­se para ouvir melhor. 

­ Ex­plo­da a dorsal. Có­di­go seis. 

Era a evacuação da nave. Tinha que explodir a dorsal para liberar a seção disco da seção de 
engenharia.  E  sair  dali.  Teria  apenas  energia  auxiliar,  mas  daria  para  alguma  coisa. A Seção de 
engenharia seria usada para causar a implosão. 

Olhou  para  a  tela,  a  Defiant  estava  para  dar  a  volta.  Não  teria  tempo.  Mesmo  assim,  foi  ao 
painel  e  fez  a  programação.  Tinham  cinco  minutos  para  estar  bem  longe.  Muito  fácil  se  ali  não 
estivesse um verdadeiro engarrafamento de naves.
Trek Wars – Roberto Kiss  236  www.scriptonauta.com.br 

Um sinal no painel do navegador mostrou que outro grupo de naves estava chegando. Tinha 
muita gente querendo entrar naquela festa. Olhou para a tela. A Defiant iria entrar em posição para 
disparar em alguns segundos. 

Preparou­se para morrer. Não havia como se defender do tiro, nem de responder ao fogo. Ele 
não conseguiria digitalizar o painel do armeiro a tempo. Por falar nisso, onde ele e o painel foram 
parar?

Ia  começar  a  olhar  ao  redor  quando  uma  luz  na  tela  lhe  chamou  a  atenção.  A  Defiant  fora 
atingida por um disparo Phaser! E não era deles. E só havia mais uma nave naquela galáxia que 
poderia ter feito aquilo! 

Capítulo 22 

Lauriel ficou impressionada com o que viu assim que saiu do hiperespaço. O seu tático quase 
não conseguia dar conta de tantas naves se movendo por lá. 

Era líder de um grupo de seis x­wings. Lia, apesar de não ser uma ás, era a segunda de outro 
grupo de a­wings. Estavam na situação de terem caças sobrando e falta de pilotos. Até faxineiros 
estavam pilotando. 

Estava  pensando  em  Ígnea,  que  preferiu  partir  com  a  Starfleet.  Talvez  fosse  melhor  assim, 
tinha  séria  dúvidas  de  que  sairiam  vivos  daquela  missão.  Bom,  estas  dúvidas  agora estavam se 
transformando  em  certeza.  Visualmente,  haviam  vários  destróieres,  cruzadores,  dois  super 
destróieres –  talvez  seja  melhor  dizer  um  e  meio,  já  que  um  deles  estava  com  várias explosões 
ocorrendo em seu casco. Provável cortesia da Thunderbold. 

Localizou  a  Thunderbold,  estava  colada  do  Eclipse,  e  visualmente,  havia  uma  campo  de 
energia  os  envolvendo.  O  som  da  sua  unidade  R2  avisou­a  de  que  estava  sob  ataque.  Haviam 
saído muito próximos a zona de combate. Já havia um assalt gunboat e dois tie interceptores atrás 
dela. 

­“Lauriel! Cuidado com a retaguarda." 

Foi  bem  a  tempo,  um  míssil  foi  lançado  quase  a  queima  roupa,  desviou­se  para  que  ele 
passasse por baixo dela e já o destruiu assim que ficou na mira. Logo depois foi atingida por vários 
disparos dos três caças que a perseguiam. Seus escudos resistiram, mais caíram para apenas 8%. 
Outra saraivada destas e estava acabada. 

­ “Aqui é branco dois, fui atingido!" 

­ “Aqui é branco seis, preciso de ajuda aqui!" 

­ “Motores em apenas meia força! Ajudem­me!’ 

Ia pedir ajuda, mas, pelo que acabara de ouvir, ninguém ia estar disponível. 

­  Aqui  é  branco  um  –  disse  –  façam  evasivas  na  direção  de  seu  companheiro,  ajude­o  a  se 
livrar de seus perseguidores, assim todos nós escapamos!
Trek Wars – Roberto Kiss  237  www.scriptonauta.com.br 

Virou  na  direção  do  primeiro  colega  de  grupo  que  achou,  tinha  dois  ties­fighter  atacando­o, 
dois  de  seus  motores  estavam  soltando  faíscas.  Mudou  o  seletor  de  tiro  para  quádruplo,  acabou 
um caça no primeiro tiro, danificou o outro no segundo. Nesse meio tempo foi atingida novamente, 
seu comunicador e lançadores ficaram inoperantes. A unidade R2 já se pôs a começar os reparos. 

Pelo tático, viu que dois dos seus já tinham sido destruídos. Estavam no meio de um monte de 
inimigos. Foi o pior lugar possível para sair do hiperespaço, estavam bem em cima do Executor. 

Um brilho forte lhe chamou a atenção! Era algo atingindo o Defiant, que por sua vez, parecia 
ter  acabado  te  atacar  a  Thunderbold  – estavam saindo lampejos de explosões desta. Espere um 
pouco! Se a Thunderbold e a Defiant estavam lá na sua frente, quem disparou este raio que veio 
de traz? 

Olhou  o  tático,  procurou  naves  de  configuração  desconhecida.  A  Starfleet  estava  lá!  Tinha 
acabado de sair da traz da nave de Karakyr. 

Uma explosão de um a­wing ocorreu bem na sua frente! 

­ Lia, você está bem? 

­"Meio  chamuscada,  mas  sim.  Aquele  foi  o  Comandante  do  grupo, estou assumindo o posto 


agora." 

Um tiro na sua asa inutilizou um de seus turbolasers. Tinha que cuidar de si mesma! Mas ela 
não  queria  descobrir  que  tinha  passado  por  tudo  aquilo  para  salvar  Lia  apenas  para  vê­la  como 
estatística em um combate. 

**** 

­ Relatório! 

­  A  Defiant  ainda  está  operacional,  nosso  tiro  apenas  enfraqueceu  os  seus  escudos  de 
bombordo. A Thunderbold está com vários danos, inclusive na ponte. 

­ Abra um canal para a Thunderbold! 

Na tela, surgiu o rosto de Matias. Um calafrio passou por Tirvik, mais atrás, deitado no chão, 
estava Jevlack, com seus membros biônicos danificados e sangue escoando de seu peito, mas ele 
ainda  se  movia.  Ao  fundo  da  ponte,  estavam  os  substitutos  de  comandos,  todos  desacordados, 
havia uma pessoa que parecia estar encravada em um dos painéis. 

­ Por que demoraram tanto? – disse Matias – preciso que nos dêem cinco minutos para que eu 
possa  separar  a  seção  disco,  depois  disso,  vamos  ter  quinze  para  sair  daqui  antes  que  tudo 
exploda! 

­ Senhor Thompson, você ouviu! Continue a manter a Defiant ocupada. 

­ Sim senhora. Seus escudos dianteiros estão inoperantes, só preciso de uma boa posição. 

­ Senhora Nille? 

­ Já estou trabalhando, Capitã.
Trek Wars – Roberto Kiss  238  www.scriptonauta.com.br 

A imagem foi cortada, agora a tela mostrava novamente a Defiant tentado se ocultar por detrás 
do Eclipse, que os sensores mostravam como inoperante e sofrendo muitas explosões internas. 

**** 

Ígnea  também  estava  na  ponte.  A  Capitã  havia  decidido  seguir  a  frota  de  Karakyr  quando 
captaram  o  Ultimate  indo  em  direção  ao  setor.  Para  evitar  que  fossem  percebidos  pela 
Thunderbold  –  e  Jevlack  ordenasse  que  mudassem  de  curso  ­  desconectaram  o  computador 
principal  do  deles  e  praticamente  colaram  na  nave  capitania  da  segunda  frota,  de  forma  que  os 
sensores deles não poderiam diferenciar uma nave da outra. 

Vendo  tudo  aquilo,  ela  sabia  muito  bem  que  Lauriel  teria  poucas  chances  de  sobreviver. 
Gostaria de estar lá, pilotando um caça junto com eles. Pelo menos morreria entre amigos. 

A nave começou a balançar, estavam sendo alvejados pelos destróieres próximos! 

Phasers  foram  imediatamente  disparados  contra  seus  geradores  de  escudos,  em  seguida, 
deixavam o serviço para os caças rebeldes que estavam próximos. 

“Processador central ativado! Graves danos internos. Sistemas de coordenação motora e de 
interface mental entre próteses e consciência com retroalimentação devido a retrocarga de fontes 
de energia avariadas..." 

Para com essa conversa científica e dê um jeito de eu poder me mover de novo. 

"Você me deixou desativado por mais de seis anos, preciso saber o status do organismo para 
me situar..." 

O status é: Estou arrebentado e não posso me mover! Conserte! Ou pelo menos deixe minha 
boca funcionando! 

"Os  servo  motores  do  lado  direito  da  mandíbula  estão  recebendo  impulsos  desgovernados, 
essa é a razão de ser difícil falar" 

E de morder a língua também. 

"A solução mas rápida seria desativar qualquer impulso para estes servo motores, os músculos 
do  lado  esquerdo  do  crânio  ,que  ainda  são  orgânicos  poderão  movimentar  a  mandíbula 
corretamente, no entanto será preciso um maior esfor..." 

FAZ ESSA PORRA LOGO! 

"Seu linguajar não mudou nada. Efetuando rompimento de neuro conexão. Pode ocorrer algum 
espasmo..." 

­ AIII!! 

"... de contração da mandíbula, sugiro que recolha a língua o máximo possível por precaução." 

Obrigado  pelo  rápido  aviso,  embora acredite que tenha sido de propósito. Aproveite e faça o 


mesmo com os membros danificados, e depois, DESLIGUE­SE DE NOVO!
Trek Wars – Roberto Kiss  239  www.scriptonauta.com.br 

"Você realmente me odeia, não." 

Não, eu a­do­ro ter um computador interno, que só Deus sabe quem foi que colocou ele ai, que 
acessa  minhas  memórias,  que  sabe  tudo  o  que  eu  penso  e  faz  intermináveis  comentários  sobre 
qualquer porcaria. Principalmente em momentos íntimos ou desesperadores! 

"Está sendo sarcástico?" 

É uma pena eu não ser capaz de silenciar minha mente. Assim você não ficaria perguntando 
toda hora sobre o óbvio. 

"Mas  você  já  é  perfeitamente  capaz  de  coordenar  a  conversa  com  pessoas  e  comigo  ao 
mesmo  tempo,  aprendeu  o  poder  de  pensamento  paralelo  ilimitado  proporcionado  pelas  neuro 
conexões mentais de seus neurônios..." 

Já desativou os membros que não posso mais controlar? 

"Sim" 

Então, boa noite! 

"Segundo meu cronômetro interno, agora são quatro da tard..." 

CALE A BOCA! 

"Caso tenha novamente se esquecido, eu não tenho e nem necessito de aparelho fonético..." 

Toda vez que eu te ativo, eu me lembro porquê o desativo em seguida. Parece que demonstra 
prazer em me irritar! 

"Na verdade, prazer é... Processador central desativado." 

Gostei! 

­ Matias – disse Jevlack tentando se levantar – qual a situação? 

­  Capitão?  –  ele  estava  surpreso  –  já  ativei  o  programa  que  Terak  fez.  Em  menos  de  cinco 
minutos os motores irão funcionar. Depois disso, teremos cerca de quinze para sairmos de perto. 
Estou aguardando que a tripulação da engenharia chegue a seção disco. 

­ Ótimo – usando apenas a mão e perna esquerda, sentou­se na sua cadeira novamente – se 
não se importar, assuma o posto do navegador, acho que não posso fazer muita coisa com apenas 
metade do corpo. 

­ Sim senhor. 

Olhou para Terak, enquanto Matias se sentava no console danificado. Já tinha reparado aonde 
estava  o  armeiro.  Estava  colado  na  parede  do  outro  lado  junto  com  o  seu  painel.  Terak  parecia 
morto, mas notou que respirava – muito fracamente. 

Seus  olhos  estavam  abertos.  Sua  mente  já  estava  parando  de  funcionar.  Conhecia 
profundamente  a  cultura  vulcana,  e  sabia  o  que  tinha  de fazer antes que ele morresse. Mas não
Trek Wars – Roberto Kiss  240  www.scriptonauta.com.br 

podia.  Tirvik  não  estava  a  bordo,  e talvez não pudessem alcança­la antes de sua morte. Se isso 


ocorresse, tudo o que ele foi e podia vir a ser estaria perdido para sempre. 

­ Sala de transporte, teleportem todos os feridos da ponte, com exceção de mim e do Imediato 
Matias para a Enfermaria. 

­ “Transportes inoperantes Capitão." 

­ Enfermaria, envie uma equipe para a ponte, acelerado. 

­"Assim que possível, senhor. Não tenho pessoal disponível!" 

Não  quis  questionar.  Quase  nada  podia  ser  feito  por  Terak,  que  aparentemente  era  o  único 
gravemente ferido que ainda estava vivo. Olhou para a tela. Via o Eclipse, totalmente imóvel, e a 
Defiant  fugindo  de  disparos  phasers  –  com  certeza  vindos  da  Starfleet  –  Eles  estavam  fora  do 
páreo agora. 

­  Capitão!  Estamos  sendo  contatados  pelo  Executor.  E  todos  reportam  que  a  seção  de 
engenharia foi evacuada. 

Chegou a hora. Pensou. 

­ Complete a ligação 

Na tela, surgiu a figura de Darth Vader. Na verdade, apareceu apenas o capacete dele, já que 
nem  seus  olhos  eram  visíveis.  Ele  moveu  a  cabeça  de  uma  forma  que  demonstrou  surpresa, 
provavelmente por causa de seus circuitos expostos. 

­  Capitão  da  Thunderbold!  Sua  nave  está  inoperante,  e  a  frota  rebelde  e  a  outra  nave  não 
poderão resistir por muito mais tempo. Temos naves mais do que suficientes para subjuga­los, não 
importa quantas sejam destruídas. Não há motivo para continuar resistindo. 

Ele queria a Thunderbold também, não havia dúvida. Já tinha desconfiado disso ao notar que 
estava sendo tratado muito "suavemente" pelas forças imperiais. Houve vários momentos em que 
podiam ser destruídos, mas só foram atacados o suficiente para que seus escudos ficassem muito 
baixos. 

­ Eu até concordaria com você, se não fosse um pequeno detalhe – levou a sua mão esquerda 
para o seu console e digitou a seqüência de detonação da dorsal. 

­ E que detalhe seria esse? 

Sorriu. Imaginou como seu sorriso devia estar aparecendo, com partes mecânicas e orgânicas 
a mostra. 

­ EU TRAPECEIO! 

Ativou  a  seqüência  de  detonação.  Toda  a  seção  disco  vibrou  com  as  explosões  que 
percorreram  a  dorsal.  Em  um  instante,  a  seção  disco  moveu­se  a  deriva,  impulsionada  pela 
explosão  que  a  libertara.  Rapidamente  Matias  assumiu  o  controle  e moveu a nave em direção a 
Starfleet.  Seus  phasers  ainda  funcionavam  –  apesar  de  disporem  apenas  de energia auxiliar – e 
ele aproveitou e disparou alguns nas naves próximas ­ ele já devia ter configurado algum comando 
de armas para o painel.
Trek Wars – Roberto Kiss  241  www.scriptonauta.com.br 

Esperou  se  afastarem  um  pouco  –  alguns  segundos  –  e  pegou  um  estilhaço  próximo  e 
arremessou  no  console  que  Matias  usou  para  ativar  o  temporizador  que  iniciaria  a  implosão 
programada. Havia um comando para aciona­la imediatamente. Foi um tiro certeiro! Mira eletrônica 
ajuda.

Não  importava  o  fato  de  não  estarem  mais  fisicamente  conectadas,  não  haviam  fios  para  o 
envio de comandos de um lado ao outro da nave – esse era o motivo de nunca terem conseguido 
ativar  a  Defiant  –  o  computador  que  controlava  os  motores  da  seção  de  engenharia,  recebeu  a 
ordem e imediatamente acionou a dobra em todas as direções. 

Um  violento  campo  de  energia  envolveu  a  seção  abandonada  –  conseqüência  dos  campos 
disruptores dos interditores que estavam por lá, mas afetou os sistemas internos por muito pouco 
tempo. A torção no continuum ficou rapidamente tão grande, que o efeito foi isolado do interior do 
campo. Como Terak tinha dito, a uso de apenas uma nacela teve o mesmo efeito desejado. 

­ Matias, abra todas as freqüências. 

Ele se levantou e acionou o comando. 

­ Pronto senhor. 

­ Aqui é o Capitão da USS Thunderbold, a seção de engenharia de minha nave irá causar uma 
explosão equivalente a uma super nova em menos de quinze minutos, o processo é irreversível e 
não há como a destruírem agora. Sugiro que caiam fora daqui. Eu pretendo fazer isso. 

­  Matias,  tudo  a  frente.  Teremos  de  ser  rebocados  pela  Starfleet.  A  Defiant  não  poderá  ir 
embora  sem  os  escudos  de  navegação,  e  mesmo  que  parta,  não  poderá  escapar  da  Starfleet 
depois. 

­ Sim senhor – disse sorrindo. 

Apesar  de  não  terem  mais  campos  de  dobra,  os  motores  tinham  muito  menos  massa  para 
movimentar  agora.  Assim,  com  uma  velocidade  até  maior  do  que  um a­wing, a Thunderbold – a 
seção disco dela – alcançaria a Starfleet em alguns minutos. 

Vader ainda estava na tela. 

­ Não vai ser desta vez meu caro. 

­ Você é muito peculiar, Jevlack. Mas, sob muitos aspectos, somos semelhantes. De qualquer 
forma, eu já tenho o que realmente queria de vocês. Aguardarei o nosso próximo encontro. 

A tela se apagou. 

Só em sonhos, meu caro. Pensou. Acreditava que nunca mais o veria.
Trek Wars – Roberto Kiss  242  www.scriptonauta.com.br 

­  Estamos  captando  um  acúmulo  de  energia  de  extrema  magnitude  no  interior  da  nave.  O 
campo  que  está  se  formando,  em  breve  impedirá  que  possamos  obter  mais  dados.  Parece  que 
este campo está rompendo o próprio continuum! 

­ E o que significa? – perguntou Vader. 

­ Que não temos nada que possa atravessar o campo e destruir a nave antes da explosão. 

­ Abra um canal para todos os Destróieres. 

**** 

Apesar de todos terem recebido o aviso de Jevlack, a grande maioria estava ocupada com os 
combates. Lia já tinha recuperado parte dos escudos, mas nunca conseguia levanta­los a mais de 
30%. Sempre aparecia algum maldito para acerta­la novamente. 

Até  que  ela  estava  se  saindo  muito  bem,  apesar  de  ter  ficado  anos  sem pilotar um caça em 
combate. Provavelmente os pilotos do Império eram muito ruins. Mas não fazia diferença. Já tinha 
abatido  onze  cacas e agora se aproximava de mais um. Teve que evadir­se rápido pois este em 
especial tinha acabado de se virar e disparar um míssil. 

Assim  que  o  míssil  passou  por  ela,  enquadrou  a  nave  oponente  e  disparou  três  mísseis  em 
seqüência. Seus escudos não podiam protege­la de tal ataque. Foi destruída imediatamente. 

Manobrou para enquadrar o que foi disparado contra ela e o destruiu. 

Aproveitou o tempo enquanto procurava no tático a nave oponente mais próxima para pensar 
no aviso que Jevlack tinha dado. Como sair de lá com os Interditores funcionando? 

Uma explosão próxima lhe chamou a atenção. Era um interditor. Ainda podia se ver phasers o 
atravessando.  Seguiu  a  direção  de  onde  vinha  o  feixe  e  viu  a  Starfleet,  parecia  que  um  corvete 
tinha  acabado  de  bater  nela,  ela  girava  e  a  carcaça  do  corvete  girava  na  direção  oposta.  Mas  a 
Starfleet parecia bem, logo depois recuperou o controle e voltou a disparar. 

­ “Todos os caças, assim que possível, partam imediatamente para o hiperespaço, a Starfleet 
está destruindo os interditores." 

Eles iam vencer! Tinha visto o que tinha acontecido com o Eclipse, e logo depois, pelos seus 
sensores  –  os  sensores  dos  a­wings  são  os  mais  eficientes  entre  os  caças  rebeldes  –  que  o 
Eclipse estava desabilitado. Ele seria destruído na explosão. A missão seria um sucesso. 

Alerta  de  Escudos!  Estavam  enfraquecendo.  Estava  sob  ataque.  Iniciou  uma  evasiva  para 
cercar o agressor. 

­ “FUI ATINGIDA! AJUDEM­ME!" 

Era  Lauriel!  Ignorou  os  que  a  atacavam  e  seguiu  em  sua  direção.  Tinha  quatro  caças  atrás 
dela,  e  nenhum  aliado  tinha  como  ajuda­la  –  todos tinham os seus próprios problemas. Disparou 
contra  um  tie­fighter  próximo.  Não  o  destruiu,  mas  o  danificou  o bastante para que desistisse do 
ataque.  Partiu  para  o  segundo,  este  foi  fácil  acertar.  Antes  de  enquadrar  o  terceiro,  Lauriel  foi 
novamente atingida. 

­ “Estou com muitos danos! Não posso ejetar!"
Trek Wars – Roberto Kiss  243  www.scriptonauta.com.br 

Que  a  força  me  ajude!  Rezava  Lia  desesperada.  Disparou  um  míssil  sem  que  o  sistema  de 
mira  trancasse  o  alvo  –  era  a  única  chance  –  e  deu  certo!  O  Assalt  gunboat  com  seus  escudos 
enfraquecidos foi destruído na hora. O quarto atacante achou prudente dar o fora de lá. 

­ Lauriel, como você está? 

­  “Não  tenho  como  prosseguir,  minha  unidade  R2  foi  destruída,  lasers  e  lançadores 
inoperantes." 

­ Retorne a um dos cruzadores. 

­"Entendido, acho que agora estamos quites!" 

­ Na verdade, você ainda me deve algumas... 

Ia acompanha­la para lhe dar cobertura. Entrou em pânico quando viu disparos na direção de 
Lauriel! Eram do primeiro tie­fighter danificado que tinha fugido! 

Os disparos atingiram um dos motores do x­wing, causando uma explosão que o fez girar de 
forma descontrolada em direção ao Executor logo abaixo! Duas asas da nave foram arrancadas na 
explosão,  os  outros  motores  se  apagaram.  Não  havia  como  Lauriel  desviar  a  nave.  Destruiu  o 
atacante ao mesmo tempo em que gritava "EJETE! EJETE!" Depois se lembrou que ela não podia 
se ejetar! Ouviu o último grito dela no comunicador. 

­ HO NÃÃOOO! 

Assistiu, sem poder fazer nada, o x­wing de Lauriel colidir contra a torre do Executor. 

Nem  teve  tempo  de  chorar,  de  repente,  houve  um  clarão,  vários  sistemas  soaram  alarmes, 
ejeção, lançadores, hiperdrive, tático e um dos motores ficaram danificados! Aquele momento de 
distração foi o suficiente para que um míssil fosse lançado contra ela e a atingisse! 

Moveu  o  danificado  a­wing  para  se  esquivar  do  ataque  que  estava  recebendo.  O  grito  de 
Lauriel ainda ecoava em sua mente. No meio da evasiva viu outra nave. Atirou e a destruiu. O grito 
continuava.  Outra  nave  no  canto  do  olho  lhe  chamou  a  atenção,  virou  para  ela  e  disparou, 
destruindo­a  também.  Não  havia  nenhum  pensamento  em  sua  mente.  Havia  apenas  o  grito,  o 
último som emitido por Lauriel. Tudo o que Lia fazia era mirar, atirar, destruir. 

Mirar, atirar, destruir. 

Mirar, atirar, destruir. 

Mirar, atirar, destruir. 

Sempre ouvindo o grito de Lauriel. 

**** 

Quattroni estava preparando um plano de fuga. Ouviu – como todos – a mensagem de Jevlack, 
e não queria ficar por ali para saber se era um blefe ou não. Já tinha ordenado a sua frota – o que 
sobrou  dela  –  para  saírem  dali  assim  que  possível.  Era  só  esperar  que  os  interditores  fossem 
destruídos.
Trek Wars – Roberto Kiss  244  www.scriptonauta.com.br 

Tinha  recebido  a  mensagem  há  poucos  minutos  que  todos  os  prisioneiros  tinham 
desaparecido.  Pior!  Não  podia  mandar  ninguém  procura­los,  não  na  situação  que  estavam. 
Estavam usando cálculos manuais para entrarem em dobra quando possível em direção a algum 
lugar onde era certeza que não bateriam em nada. Se a explosão da nave seria equivalente a uma 
supernova, então teriam que ir para bem longe. 

Tinham  conseguido  escapar  da  Starfleet,  colocando  o  Eclipse  como  escudo,  se  bem  que  do 
jeito que estavam as explosões internas captadas, aquele escudo não ia durar muito. Será que o 
General era tão imbecil que não iria desligar os sistemas? Não que isso fizesse qualquer diferença, 
agora.

­ Senhor! Algo está errado! O leme não responde! 

­ O mesmo vale para o painel de armas. 

­ Comunicações internas inoperantes! 

As luzes se apagaram! Estavam sendo desligados! 

­ Muito bem, vamos embora! 

Todos  seguiram  para  o  turboelevador  em  direção  ao  deck  12,  e  bem  a  tempo,  assim  que 
saíram pela porta, os turboelevadores pararam de funcionar. Tudo estava sendo desligado! Devia 
ser obra dos prisioneiros, mas como se livraram do controle das drogas? 

Não havia como ajudar os outros, apenas eles podiam escapar agora. Abriram a escotilha de 
manutenção  –  para  reparos  do  lado  externo  da  nave  –  e  entraram  na  Revenger,  que  tinha 
permanecido camuflada e acoplada a nave desde o começo. Era a fuga de emergência que tinha 
planejado  caso  fosse  necessário.  Era  uma  pena,  mas  o  contrato  não  iria  ser  cumprido.  E 
provavelmente nem iria receber o ultimo pagamento de Soer, ele não conseguira sair do Ultimate. 
O hangar deste já tinha sido alcançado pelo incêndio, e os casulos de fuga não o deixariam longe 
da explosão. 

Fechou a porta atrás de si e ativou os controles. Iria continuar com a nave camuflada até que 
pudesse  partir  para  o  hiperespaço.  Olhou  no  tático.  Todos  as  naves  grandes  –  Rebeldes  e 
imperiais – estavam se posicionando para o ponto de fuga. Incluindo o Executor. Os caças ainda 
se  digladiavam,  mas  a  maioria  estava  indo  embora.  Não  deixava  de  ser  cômico.  Há  poucos 
minutos, não parava de chegar naves, agora, todos queriam ir embora, como se percebessem que 
o último transporte estava para partir. 

Vader ainda estava fazendo sacrifícios! Os oito interditores que tinham chegado não estavam 
se  preparando  para  partir.  Com  certeza  ele  queria  garantir  que  os  rebeldes  não  fugissem.  O 
problema era que isso garantia que eles também não conseguissem. 

­ Meu Deus! Como foi difícil – disse Anderson. 

­  Eu  não  esperava  que  acionassem  todo  o  sistema  de  armas  e  segurança.  Demorou  para 
desviarmos da segurança adicional que tivemos de enfrentar – justificou­se Diana.
Trek Wars – Roberto Kiss  245  www.scriptonauta.com.br 

Quando  o  ataque  começou,  perceberam  que  teriam  que  se  adiantar.  Anderson  procurou  os 
outros em seus aposentos e foram atrás de Diana. Só que não era fácil acha­la – ela era boa em 
se esconder – Além disso, tinham que se esquivar dos piratas. 

Felizmente,  com  sorte  e  uma  ajuda  adicional  de  Diana  com  seu  toque  de  vulcano  –  que 
ninguém  ainda  descobriu  de  esconderijo  ela saiu ­ conseguiram chegar a engenharia e ao painel 
modificado.  Porém,  devido  aos  sistemas  de  alerta  estarem  acionados,  não  poderiam  controlar  a 
nave  sem  que  percebessem  a  tempo  de  impedirem,  por  isso  foi  necessário  desviar­se  de  todos, 
para acionar de uma vez – ou quase – a desativação dos sistemas e o aprisionamento deles nas 
salas que estavam. 

­  Parece  que  uma  comporta  foi  aberta  no  deck  12  –  disse  Diana  –  mas  não  é  nenhum 
problema. 

­  Nesse  caso  –  Anderson  acionou  o  seu  comunicador  que  conseguira  recuperar  durante  as 
incursões na nave a procura de Diana, estava com a mão doendo de tanto dar socos – Anderson a 
Thunderbold! Responda por favor. 

­ “Engenheiro Anderson?" – era a voz do Capitão – "onde está?" 

­ Na Defiant, senhor, conseguimos controla­la agora. 

­ “Vocês tem controle total." 

Olhou para Diana, ele fez sinal afirmativo. 

­  Sim  senhor,  a  menos  que  sejamos  danificados  de  alguma  forma,  podemos  controlar 
navegação, leme e algumas armas. 

­  “Sigam  em  direção  a  Starfleet,  vou  pedir  para  que  os  envolvam  com  os  escudos.  Tente 
interligar  o  seu  computador  com  o  deles,  para  que  manobrem  em  dobra  usando  a  navegação 
deles. " 

­ Sim senhor, Anderson desliga. 

­ Bem, Diana, vamos tentar acessar os códigos de dominação desta nave. 

­ Sim senhor – respondeu ela. 

Bem que ela podia dar um sorriso! 

Soer  olhava  pela  janela  da  ponte,  o  estrago  de  sua  nave  avançando  em  direção  a  ele. 
Ninguém  mais  podia  sair  de  lá.  Alguns  desesperados  usavam os casulos de fuga. Grande coisa! 
Quem iria pegar eles? 

Vader  tinha  ordenado  que  partissem.  Bom,  eles  não  poderiam.  Não  podiam  fugir,  a  nave 
estava com um terço em chamas – uma bela figura de linguagem para expressar gases e faiscas 
de  explosões  sendo  lançados  ao  espaço  –  com  o  hangar  e  vários  dos  reatores  principais  já 
engolidos por elas.
Trek Wars – Roberto Kiss  246  www.scriptonauta.com.br 

Os  pontos  de  luz  que  eram  naves  explodindo  ainda  continuavam.  Tinham  diminuído,  é 
verdade,  mas  ainda  era  intenso.  Ainda  haviam  naves chegando devido ao pedido de auxílio que 
tinha enviado assim que chegou. 

Sob  seu  comando,  o  Ultimate  participou  de  uma  luta  por  poucos  minutos,  antes  de  ficar 
condenado.  Sua  onda  de  sorte  tinha  acabado  de  bater  em  algum  recife.  Tudo  desabou  de  uma 
hora para outra. Ou em cinco minutos, não fazia diferença. 

­ General? 

Olhou em direção a voz trêmula, era de um dos operadores do tático. 

­ Façam o que quiserem, não há para onde fugir, nem tempo para isso. 

A  moral  na  ponte  era  desoladora.  Na  verdade,  ela  tinha  de  se  elevar  muito  para  ser 
considerada  desoladora.  Que  moral  se  tem  quando  não  se  sabe  se  vai  morrer  queimado, 
despedaçado ou vaporizado, sem direito a quarta opção? 

Alguns saíram para os casulos, talvez alguém os resgatasse. Sim, algum suicida poderia tentar 
isso, mas ele não seria um deles. Voltou a olhar pela a janela. Um novo comunicado começou a 
soar no painel. Ficou assim por quase um minuto. Olhou para ver porque ninguém atendia e quase 
ficou surpreso. Não tinha mais ninguém lá. 

Foi até o console e recebeu a ligação, era de Vader. 

­  General  Soer,  existe  um  tie­advanced  de  emergência  em  um  compartimento  ao  lado  da 
ponte, é a porta seis. Use­o e saia daí! A freqüência dos interditores é 2231­88. 

A  ligação  foi  cortada.  Vader  se  interessando  em  salva­lo?  Uma  nova  explosão  próxima  – 
próxima  demais,  pois  conseguiu  joga­lo  ao  chão  –  o  fez  pensar  que  não  devia  considerar  os 
motivos dele agora. Foi até a porta seis e pôs a sua mão espalmada no painel de acesso. A porta 
se abriu quando o sistema o reconheceu! 

Lá  dentro  estava  um  tie­advanced  –  parecia  na  verdade ser uma versão do caça pessoal de 


Darth  Vader  melhorado  –  entrou  nele  sem  vestir  o  traje  de  piloto  –  as  explosões  estavam  mais 
próximas e a vibração do chão da ponte mais intensa – e ativou os sistemas. 

Painel,  armas,  seis  mísseis  em  cada  lançador  –  muito  poderosa  –  escudos  mais  fortes  – 
podiam ter o triplo de força comum – e quase um terço mais rápido que qualquer outro que já tinha 
pilotado. 

Muito  bonito,  mas  como  iria  lança­lo?  Olhou  para  o  painel.  Não  tinha  nada  de  diferente.  No 
manche também nada a mais. Olhou para o piso. Havia um pedal do lado direto. Pressionou­o com 
o pé. 

Devia  ter  posto  o  cinto  antes!  Foi  lançado  –  seria melhor dizer ejetado – para fora da ponte. 


Nem  tinha  ligado  os  motores  ainda,  estava  girando  sem  controle  no  espaço.  Ligou  os  motores  e 
estabilizou a nave. Ajustou o hiperdrive para operar na faixa permitida pelos campos e viu que teria 
de seguir por alguns minutos – poucos – até a sua janela. Ela ficava próxima do Executor.
Trek Wars – Roberto Kiss  247  www.scriptonauta.com.br 

Viu  a  Defiant  disparar  contra  um  Interditor.  Quattroni  não  queria  ser  deixado  para  trás.  Ele 
também  não  gostaria, mas já estava resignado a isto, quando Vader lhe deu uma chance. Olhou 
para  os  controles.  Havia  uma  diferença  nas  armas.  Um  tie­advanced  tem  quatro  turbolasers, 
aquele tinha dois e outros dois canhões de íons, para desabilitar outras naves. Tinha também um 
raio trator para poder rebocar ou reduzir o movimento de caças inimigos durante combate – ainda 
era  algo  que  seria  instalado  em  novas  versões,  mas  já  estava  testado,  tinha  lido  o  relatório  há 
alguns meses. 

Estava quase chegando a sua janela quando tiros laser vieram em sua direção, estava sendo 
atacado! Já fazia alguns dias desde a última vez em que pilotara um caça, de forma que levou um 
instante para reagir. Mas o fez a tempo. Pelo tático – ainda tinha um monte de naves por lá – era 
um a­wing, e bem danificado por sinal, um de seus motores estava quase inoperante. Só um louco 
iria ataca­lo nestas condições. 

O  a­wing  cruzou  a  sua  frente  e  ele  viu  que  o  piloto  era  uma  mulher.  Viu  pelos  cabelos  que 
saiam  do  capacete.  Na  verdade  parecia  até  conhecida.  Se  bem  que  conhecia  um  monte  de 
mulheres com cabelos grandes. Imaginou, por uns instantes que seria a sua antiga escrava. Sabia 
que não podia ser, mas nada como ter ainda uma pequena satisfação – ainda que de mentira. 

Bom,  ela  estava  quase  sem  escudos  e  com  o  sistemas  operando  precariamente,  decidiu 
brincar um pouquinho com ela, comutou as armas para canhões íons, virou para ficar por trás dela 
e disparou. Como estava muito mais rápido e tinha muito mais capacidade de manobras, foi fácil 
enquadrar o caça e atingi­lo, derrubando primeiro seus escudos e incapacitando os seus sistemas. 
Parou de disparar quando notou que provavelmente os controles de vôo estavam desabilitados – 
estava voando apenas em linha reta. 

Seria  divertido  desabilitar  totalmente  a  nave  e  encarar  a  piloto  de  frente,  antes  de  dar  os 
últimos tiros que a destruiriam. Completou a desabilitação da nave e usou o raio trator para para­la 
e  deixa­la  inerte  no espaço. Mudou de idéia, ia dar uma ultima rasante – bem devagar – apenas 
para  ver  se  a  piloto  era  bonita  e  para  dizer  adeus,  deixando­a  lá  para  ver  a  explosão  da 
Thunderbold de camarote. Olhou para o indicador de tempo do painel, ainda tinha oito minutos. Era 
melhor se apressar. 

Diminuiu a velocidade e começou a dar a volta para a despedida. 

**** 

A nave capitânia de Safrã estava com vários danos. Tinha perdido quase que inteiramente os 
escudos  quando  o  Eclipse  tinha  disparado  da primeira vez – o tiro passou relativamente perto, a 
cerca  de  um  quilômetro.  Logo  depois,  várias  naves  lançadas  pelo  Ultimate  logo  após  ter  sido 
atravessado pela Thunderbold caíram em peso contra ela. Os hangares estavam em chamas e os 
motores inoperantes. Estavam abandonando a nave em casulos que estavam sendo recolhidos por 
transportes dos outros cruzadores. 

Só  que  havia  um  enxame  de  caças  por  lá  –  todos  vindo  do  Ultimate  –  principalmente  de 
bombardeiros.  Que  não  deixaram  de  lado  a  chance  de  esvaziar  os  seus  lançadores  contra  os 
cruzadores rebeldes. Metade da primeira frota estava destruída. 

Os  caças  rebeldes  faziam  o  que  podiam,  mas,  com  tantas  naves  concentradas  em  um  só 
ponto,  era  muito  comum  colisões  e  por  conseqüência  a  perda  do  caça.  Percebendo  isso,  Safrã 
ordenou  que  todos  se  retirassem.  As  explosões  dentro  da  nave  eram  muito  intensas,  em  breve 
atingiriam o reator principal e pronto! Nave destruída.
Trek Wars – Roberto Kiss  248  www.scriptonauta.com.br 

Os  altos  oficiais  estavam  indo  nesse  instante  para  o  casulo  de  fuga  reservado  para  eles. 
Tinham  esperado  até  o  último  minuto.  Agora  achavam  que  tinham  esperado  demais.  Mais  trinta 
torpedos  pesados  estavam  vindo  na  direção  da  nave  quanto  deixaram  a  ponte,  iam  atingi­la  a 
qualquer momento. 

Safrã  tinha  acabado  de  entrar  no  casulo  e  estavam  fechando  a  porta  quando  ouviram  os 
impactos.  Estavam  muito  próximos.  Houve  uma  vibração  gigantesca  e  de  repente  ficaram  sem 
peso,  os  controles  de  gravidade  artificial  foram  destruídos.  Devido  a  esse  incidente  inesperado, 
ficou difícil acionar o botão que iria disparar o casulo para fora. 

Safrã apoiou o pé na parede atrás de si e impulsionou­se para a frente, em direção ao botão. 
Todos ficaram surpresos quando o botão ­ e a parede inteira – saíram da sua frente e ele acabou 
acertando a porta do casulo. 

Só havia uma explicação! A nave estava girando, e como eles estavam sem peso, a parede fez 
um movimento acompanhando o resto da nave e saindo do alcance de dele. Isso significava outra 
coisa, somente uma grande explosão poderia ter movido a nave – os motores estavam destruídos 
há algum tempo – e só restava a explosão de um dos reatores principais como opção. A emissão 
dos gases da explosão moveu a nave para o outro lado. 

Isso  também  significava  que  o  outro  reator  que  ficava  bem  abaixo  deles  era  o  próximo.  Um 
oficial agarrou­se no corrimão da parede e moveu­se para pressionar o botão. Conseguiu! Foram 
jogados para o chão devido a impulsão do casulo sendo disparado. 

Cerca de meio segundo após ter sido expelido, o segundo reator explodiu, lançando uma bola 
de gases que deu um novo impulso o casulo de Safrã, e a outros que foram lançados quase que 
ao mesmo tempo. 

Além do impulso, sua rota também foi desviada. Olhando pelas vigias, seus ocupantes viram 
tudo girando de tal forma que sentiram tonturas. Safrã, devido a ter olhos biônicos, não foi afetado 
pela movimentação rápida das estrelas. Mas gostaria que tivesse sido. Percebeu que estavam indo 
direto para um corvete. 

Dois segundos depois, o casulo de fuga de Safrã e seus oficiais foi esmagado ao colidir contra 
um  corvete,  que  também  estava  a  ponto  de  ser  destruído  pelos  torpedos  lançados  pelos 
bombardeiros do Ultimate. 

A  nave  de  Karakyr  e  sua  frota  estavam  ainda  com  poucas  perdas.  Como  chegaram  pouco 
antes  do  aviso  de  Jevlack,  os  imperiais não deram muita importância a eles. Já estavam na sua 
janela  e  avançavam  por  ela.  Apenas  esperavam  que  os  interditores  fossem  destruídos.  Muitos 
caças  voavam  próximos  a  eles ­  todos  ainda em combate ­ mas preparados para sair de lá bem 
depressa. Ainda faltavam cinco minutos. 

Mirkyra olhava da ponte a sua poderosa nave totalmente inoperante e condenada. Recusava­ 
se a aceitar o fato de que estava perdida. Em alguns segundos, tudo acabou! Os sistemas ficaram 
loucos e completamente descontrolados. Os que controlavam os reatores acabaram fazendo estes 
explodir ­ em rápida seqüência. 

Não dissera uma silaba desde então. Apenas via a nave ­ por fora, nada aparecia ­ e a causa 
de  sua  morte  prematura,  uma  esfera  negra  bem  ao  lado.  A  distorção  que  os  campos  estavam 
causando  já  impelia  há  algum  tempo  que  a  luz  do  interior  deste  escapasse.  Todos  na  nave 
estavam tentando fugir desesperados, mas era inútil! Nada funcionava, não podiam lançar naves 
de fuga, pois os hangares estavam inoperantes, os sistemas das que estavam para partir também
Trek Wars – Roberto Kiss  249  www.scriptonauta.com.br 

se  queimaram.  Não  havia  como  acionar  as  outras  sem  tirar  aquelas  do  caminho.  E  não  tinham 
como tirar aquelas sem os sistemas de lançamento funcionando. 

Milhares de casulos de fuga estavam sendo lançados. Uma última manobra desesperada para 
ratos que abandonam um navio sobreviver. Mas não iam sobreviver. Nenhum deles. Sentou­se e 
começou a rir. Não havia ninguém por perto para ouvi­lo. 

A mais poderosa nave do Império destruída em apenas alguns segundos. Aquilo tinha que ser 
engraçado para alguém. 

**** 

A Starfleet finalmente alcançou a seção disco da Thunderbold. Seus escudos estavam a ponto 
de  caírem  devido  a  serem  alvejados  por  qualquer  caça  próximo.  A  Defiant  se  aproximava 
rapidamente. 

Faltavam  dois  interditores  ainda.  Thompson  disparou  tudo  contra  um  deles,  em  um  minuto 
estava  destruído.  A  Defiant  estava  tentando  atingir  o  outro.  Diana  não  tinha um controle total da 
nave em nível de armas, e nem poderia faze­lo com aquele modelo antigo de computador. Ele não 
tinha meios de controlar as armas sozinho como os modelos atuais. 

­ Capitã ­ disse Doller ­ acabamos de receber o controle de dominação da Defiant. 

­  Ótimo!  Assuma  o  controle  dela!  Vocês  dois  aí  atrás,  peguem  um  painel  livre,  digitalizem  a 
navegação e armas da Defiant e a comandem! 

Os  dois  substitutos  de  comando  foram  até  a  parede  ao  lado.  Como  solicitado,  digitalizaram 
dois painéis para controlarem a Defiant a distância. O "navegador" teve mais dificuldade, pois tinha 
que dividir os sensores de navegação deles com a Defiant, que não poderia usa­los em dobra. O 
"armeiro"  travou  os  phasers  no  interditor  sobrando  e  disparou.  Com  a  ajuda  da  Starfleet  e  da 
Thunderbold ­ a seção disco ­ este foi destruído quase que imediatamente. Foi sorte seus escudos 
já terem caído com o ataque de caças rebeldes próximos. 

­ Estamos livres ­ disse Doller. 

­ Engenharia, campos de dobra em potência plena! 

­"Em um ou dois minutos, Capitã." 

­ Porque? 

­  “Alguns  sistemas  entraram  em  pane  quando  batemos  naquele  corvete,  estamos  ativando 
outros  no  lugar  e  precisamos  deste  tempo,  do  contrário,  a  nave  não  poderá  ser  direcionada  em 
dobra. " 

Ele se referia a um corvete praticamente destruído que colidiu contra eles enquanto estavam 
destruindo os interditores. 

­ Doller? 

­  Diria  que  temos  três  minutos,  se  bem  que  não há como saber o que está ocorrendo dentro 


daqueles campos.
Trek Wars – Roberto Kiss  250  www.scriptonauta.com.br 

Na  tela,  aparecia  uma  espécie  de  esfera  negra.  Era  na  verdade  a  distorção  no  continuum 
causada  pelos  motores  da  engenharia  da  Thunderbold.  Os  campos  amarelados  sumiram  sem  a 
presença dos interditores. 

­ Capitã, as naves imperiais estão partindo, e as rebeldes também. 

No  tático,  aquelas  centenas  de  pontos  começaram  a  desaparecer,  todos  os  que  já  tinham 
condições estavam caindo fora. 

­  Senhora  Nille,  quando  puder,  tire­nos  daqui  em  dobra  máxima!  E  ­  virou­se  para  os 
"tripulantes" da Defiant ­ o mesmo vale para vocês. 

­ Sim Capitã, na verdade, os campos de dobra da Defiant estão prontos. 

­ Seção disco da Thunderbold ao alcance do raio trator ­ disse Thompson. 

­ Alguém ainda esta nos atacando? 

­ Não senhora, assim que recuperei a mira total eliminei os poucos que ainda nos rodeavam, 
todo o resto está indo embora. 

Com  certeza  perceberam  que  os  destróieres  estavam  se  mandando  e  agora  acreditavam  no 
que Jevlack disse. 

­ Então, abaixe os escudos, se é que sobrou algo, e reboque­os. 

­ Sim Capitã. 

Feixes  de  raio  trator  foram  focalizados  na  seção  disco.  A  Defiant  posicionou­se  ao  lado  da 
Starfleet. Apenas esperavam os motores estar em condições para partir. 

­ Ainda temos dois minutos Capitã. 

Só temos dois minutos. Pensou. 

­  Capitã  ­  chamou  Doller  virando­se  para  ela  ­  raios  de  energia  estão  saindo dos campos da 
Thunderbold a atingindo o Eclipse. A Esfera também está se expandindo. A implosão é eminente. 

Nem dois minutos! 

­ Senhora Nille, tire­nos daqui! 

­ Motores não respondem! Ainda não terminaram os reparos. 

Nadaram  tanto  para  morrer  na  praia?  Que  irônico.  Súbito,  na  tela  surgiu  a  Defiant,  ela 
manobrou  e  lançou  um  raio  trator  neles.  Olhou  para  os  painéis  que  estavam  sendo  usados  para 
controla­la. Tirvik estava lá, ao lado dos operadores. Por que ela não pensou nisso? 

Tirvik olhava para ela e sorria. 

­ Quer um convite por escrito? Tire­nos daqui!
Trek Wars – Roberto Kiss  251  www.scriptonauta.com.br 

­ Engatar ­ disse ela para o "navegador" da Defiant. 

Na tela, a imagem da Defiant ficou subitamente verde ­ muito verde ­ era o brilho de alguma 
coisa  atrás  deles.  Com  certeza,  os  campos  de  dobra  iniciaram  a  expansão  máxima.  Em  alguns 
segundos, causariam a implosão. Logo em seguida partiram. 

Epílogo 

Jevlack estava observando na tela a imensa esfera que surgiu devido a expansão dos campos 
de dobra. Tinha as dimensões de uma pequena Lua. O Eclipse foi empurrado sem muita cerimônia 
durante  a  expansão,  sendo  torcido  e  fazendo  finalmente  as  explosões  internas  se  tornarem 
externas.  Outras  naves  que  ali  estavam  ­ como a carcaça do Ultimade e dois pobres destróieres 
que tinham acabado de chegar, simplesmente foram amassados como se fossem feitos de papel e 
explodiram de forma espetacular. 

Estavam  seguros  agora.  Fora  do  alcance  da  explosão,  e  seguindo  tranqüilamente  em  dobra 
seis, em uma espécie de trenzinho liderado pela Defiant. Já havia médicos levando Terak e outros 
dois atendendo a ele, que se recusava a ir a enfermaria. Não antes de ver o fim de sua nave. 

Foi  muito  rápido,  a  esfera  repentinamente  encolheu,  arrastando  o  Eclipse  amassado  junto  ­ 
provavelmente devia estar ocorrendo alguma tração gravitacional também ­ de tal forma que este 
se partiu ao meio durante a "sucção". 

Por  alguns  instantes,  parecia  que  tinha  acabado.  A  esfera  encolheu  e  simplesmente  sumiu! 
Então, passados alguns segundos ocorreu a esperada supernova. A tela ficou totalmente branca ­ 
ao menos para olhos humanos ­ Jevlack, usando o olho ainda operacional ficou maravilhado com 
os efeitos de luz que via. Alguns agiam de forma muito similar as manchas solares ­ porém muito 
maiores  ­  que  tinha  visto  durante  uma  visita  durante  o  seu  treinamento  como  cadete  ao  sol  da 
Terra. Tão rápido como começou, a luz desapareceu. Nada se via no setor. 

­ Capitão ­ chamou Matias, com surpresa e medo na voz ­ onda de impacto se aproximando. 

Onda de impacto? Já estavam a anos luz de lá! Como uma onda de impacto poderia alcança... 

Meu  Deus ­  pensou  ­  Aquele  efeito  supernova  foi  conseguido com uma compressão violenta 


dos campos de dobra! Isso significava, que algum resíduo deste campo poderia ficar ativo quando 
do momento da explosão! Ativo em quantidade e força suficientes para que uma onda de impacto 
em velocidade de dobra ocorresse! Ele foi o responsável por uma supernova que seria capaz de 
causar seqüelas em outros sistemas! Desta vez ele realmente exagerou. 

Estavam em dobra 6, isso significava que a onda de choque estava muito mais rápida, pois os 
estava  alcançando.  Só  esperava  que  uma  vez  que  os  campos  de  dobra  não  podiam  mais  ser 
mantidos, que a sua deterioração fosse rápida. 

­ Impacto em cinco segundos, 4, 3, 2, 1, 

Tudo balançou de um lado para o outro. A seção disco colidiu com a Starfleet e esta por sua 
vez abalroou a Defiant, em uma espécie de descarrilamento de trem espacial. Após a colisão, se 
esparramaram, cada qual em uma direção. 

Trinta  segundos  depois  do  impacto,  Jevlack  se  esforçava  para  ficar  de  pé.  Ainda  estavam 
inteiros! 

­ Situação das outras naves ­ solicitou.
Trek Wars – Roberto Kiss  252  www.scriptonauta.com.br 

­  Aparentemente  estão  bem, Estava muito dissipada quando nos atingiu, na verdade, a onda 


de choque já está se extinguindo. Se estivéssemos mais a frente, nem a sentiríamos. 

­ Atingiu algum planeta? 

­ Não creio, mas com certeza as naves rebeldes e imperiais não escaparam incólumes. 

Não deviam ter escapado, estavam mais atrás e com certeza receberam um impacto maior. Se 
bem que o maior problema deles era a direção. Aquela onda devia ter mudado o curso das naves, 
e,  como  eles  não  podiam  manobrar  no  hiperespaço  e  estavam  muito  próximas quando partiram, 
era  muito  provável  que  colidissem  umas  com  as  outras,  aumentando  em  muito  as  baixas  de 
guerra. 

­  Pode  captar  as..  as  ­  seus  músculos  da  mandíbula  estavam  falhando  devido  ao  tremendo 
esforço ao qual estavam sendo submetidos ­ as naves rebeldes? 

­  Sim  senhor.  Parece  que  estão  bem,  no  entanto,  elas  se  abriram  em  leque.  Provavelmente 
tiveram sua trajetória alterada pelo impacto. 

­ Então... acabou. Muito bem, podem me levar para a enfermaria. Matias, o comando do que 
sobrou da nave é seu! Boa sorte. 

­ Obrigado senhor. 

Jevlack,  assim  como  Terak,  minutos  antes,  foi  carregado  para  a  enfermaria. Deram­lhe uma 
injeção para dormir um pouco. 

Dois dias depois, o Executor e mais outros destróieres permaneciam reunidos no setor vizinho 
aguardando a chegada de caças imperiais que porventura houvessem escapado da supernova. Na 
verdade, o único motivo do Executor estar lá, era para aguardar a chegada de Quattroni, que tinha 
escapado também e estava compilando um banco de dados completo com todas as informações 
técnicas que tiveram dos prisioneiros enquanto estes permaneceram em seu poder. 

A  Revenger  descamuflou  na  porta  do  hangar, assustando os operadores. Assim que pousou, 


Quattroni e Blinter seguiram diretamente para a ponte. Vader já os esperava. Quattroni entregou a 
ele  o  disco  com  as  informações  técnicas.  Tinha  sido  o  contrato  original.  Foi  uma  pena  perder  a 
nave. 

­ Conforme o combinado, qual o planeta que deseja? 

Blinter arregalou os olhos, não sabia qual era o pagamento pela tarefa. 

­ Na verdade ­ respondeu Quattroni ­ troco este planeta por um super destróier estelar. 

Houve  silêncio.  Todos  na  ponte  esperavam  que  ele  pusesse  a  mão  no  pescoço  e  morresse 
asfixiado. 

­ Operador de comunicações, entre em contato com o super destróier mais próximo e mande­o 
seguir para cá. 

­ Obrigado. É mais barato e mais útil que um planeta ­ disse Quattroni. 

­ Darth Vader! O General Soer acaba de sair do hiperespaço, e está rebocando um a­wing.
Trek Wars – Roberto Kiss  253  www.scriptonauta.com.br 

Vader foi até o console e entrou em contato com Soer. 

­ General Soer? Este a­wing deve conter algo muito valioso para se arriscar a salva­lo. 

­ “Senhor Vader, o conteúdo deste a­wing é um presente meu para imperador, caso ele tenha 
interesse, obviamente." 

­ E o que contém este caça? ­ perguntou expressando curiosidade. 

­  “Bem,  ele  tem  uma  cozinheira  que  acho  que  o  imperador  deve  se  lembrar,  se  não,  eu  me 
lembro muito bem dela!" 

­ Entendo, creio que sei do que está falando. Aguardarei sua chegada e deixarei uma guarda 
esperando pelo seu presente. Acredito que o imperador ficará interessado. 

­ “Eu achei que sim." 

**** 

Quattroni se despediu de Vader, iria voltar a Revenger e esperar a chegada de sua frota que 
estava próxima ­ incluindo o recuperado Storm. 

­  Ele  realmente  ofereceu  um  planeta  apenas  pelos  dados  técnicos  da  nave?  ­  perguntou 
Blinter, enquanto retornavam ao hangar. 

­ Na verdade ­ respondeu ­ foi só pela informação de como elas se movimentavam, ou seja, os 
campos de dobra. Todo o resto eu dei de brinde. 

­  Mas  o  que  ele  fará  com  isso?  Não  sabemos  como  estes  campos  eram  gerados.  Sabemos 
apenas que usavam matéria e anti­matéria para isso. 

­  O  problema  é  dele.  Mas  com  certeza  é  valioso,  do  contrário  não  teria  nos  dado  um  super 
destróier. 

­ Sim ­ concordou em voz baixa. 

Chegaram ao hangar, e Quattroni viu Soer saindo de seu tie­advanced. Mais atrás estava o a­ 
wing que ele trouxera a reboque. 

­ General Soer ­ cumprimentou ­ fico feliz que esteja vivo. 

­ Assim posso pagar os atrasados? ­ riu ele. 

­  Na  verdade,  queria  saber  que  desejaria  usar  meus  recursos  para  montar  uma  rede  de 
espionagem entre os rebeldes. 

Blinter ficou boquiaberto. 

­  Interessante,  podemos  conversar  sobre  isso  em  uma  ocasião  mais  propícia,  no  momento, 
tenho uma premissa mais urgente. 

Como que para confirmar o que estava dizendo, ouviram o barulho de luta e gritos na direção 
do  a­wing.  Havia  uma  rebelde  lutando  contra  os  guardas  encarregados  de  tirá­la  da  nave.  Após 
muitos pontapés e palavrões, conseguiram dominá­la e algemá­la.
Trek Wars – Roberto Kiss  254  www.scriptonauta.com.br 

Começaram a arrasta­la, provavelmente em direção a uma cela. Quando passaram em frente 
a eles, ela ficou parada, fitando­os. Os guardas a forçaram a continuar se movendo, mas pararam 
quando Quattroni disse: 

­ Lia? 

­ Conhece ela? ­ perguntou Soer. 

­ Sim, pensei tê­la enterrado no espaço há alguns dias. Foi pega me espionando. 

O rosto de Blinter parecia mais uma máscara mortuária. 

­  Espionagem  é  o  serviço  dela.  Eu  me  lembro  de  quando  ela  se  infiltrou  no  palácio  do 
imperador  como  cozinheira.  Foi  a  responsável  pelo  levante  dos  escravos  que  ocorreu  depois. 
Podem leva­la. 

Ela foi arrastada pelos guardas para o corredor. 

­ Por falar nisso ­ disse Quattroni ­ ainda está interessado em recapturar a sua antiga escrava? 

­  Não  ­  respondeu  sorrindo  ­  realmente,  eu  perdi  totalmente  o  interesse  nisso.  Conversamos 
outro dia. Vou levar sua oferta a Vader e veremos o que ele diz. 

­ Estarei por perto. 

Observaram Soer partir, com certeza indo para a ponte. 

­ Vamos ­ disse ­ e feche essa boca! 

Blinter  ficou  vermelho.  Mas  não  podia  censura­lo.  Assim  como  ele,  nunca  imaginou  que  ela 
pudesse ter sobrevivido. Entraram na Revenger e partiram, após a liberação. 

­ Acha que ela escapa desta vez? ­ perguntou Blinter depois de saírem do Executor 

­ Da morte? Talvez. Mas não sairá sem algo para lembrar. Viu os olhos dela? 

­ Sim, e fiquei esperando que ela arrancasse os meus. 

­ Não sei o que aconteceu com ela depois que a deixamos, mas acho que teria sido melhor ela 
ter morrido do que encarar o que o imperador irá fazer. 

Não tocaram mais no assunto, de fato, pelo resto de suas vidas, em apenas uma outra ocasião 
se  lembrariam  do  incidente.  Ficariam  por  demais  ocupados  com  o  super  destróier  e  os  novos 
horizontes (e mundos) que essa nave proporcionaria. 

Darth Vader estava falando com o Imperador. 

­  Meu  mestre,  apesar  de  termos  perdido  o  Eclipse  e  várias  naves,  consegui  a  informação 
técnica que necessitávamos para o nosso projeto futuro. Poderemos movimentar a nossa Estrela 
da Morte pelas estrelas. 

­ Nesse caso ­ disse o Imperador ­ Continuamos com a nossa vantagem. A Perda do Eclipse é 
lamentável, mas ao menos os rebeldes sofreram perdas maiores.
Trek Wars – Roberto Kiss  255  www.scriptonauta.com.br 

Ígnea  estava  no  observatório  da  Starfleet,  observando  as  estrelas. Já se adaptara a idéia da 


morte de Lauriel e desaparecimento de Lia, segundo os registros da batalha que o general Karakyr 
gentilmente  permitiu  que  acessasse.  Foi  a  primeira  luta  que  ficou  totalmente  de  fora,  apenas 
assistindo. Mas não mudou de opinião, ainda iria embora com eles. 

Lauriel  e  Lia  sabiam  que  de  uma  hora  para  outra  podiam  morrer  em  combate.  A  hora  tinha 
chegado.  Não  havia  por  que  ficar  apática.  Era  apenas  a  rotina  dos  rebeldes.  Sempre  lutando, 
sempre  fugindo,  sempre  morrendo.  Sempre  esperando  vencer  a  guerra  invencível.  Sempre, 
sempre, sempre! 

Mas  para  ela  não  mais.  Agora  realmente  não  tinha  mais  nada  que  a  prendesse  ali.  Apenas 
suas duas amigas mais intimas podiam lhe deixar com saudades, e, agora que elas se foram, não 
ficaria imaginando como elas estavam, quando a saudade batesse. 

Quanto ao seu pai, ele podia muito bem se afogar em um vulcão. Belo exemplo de paternidade 
esse.  Usar  a  filha  para  pagar  uma  dívida  e  manter  suas  terras.  Felizmente,  não  tinha  irmãos. 
Ficaria preocupada com eles se tivesse. 

Levantou­se e foi para os seus aposentos. Tobias tinha lhe dito que iria lhe ensinar a dançar as 
músicas deles. Especialmente as românticas. Já que doravante aquele seria o seu mundo, e não 
haveria jeito de voltar, era melhor saber como os nativos agiam. 

**** 

Parte da frota rebelde ­ seis naves ­ estava reunida com a Starfleet. Estavam lá para receber 
os  prisioneiros  piratas  capturados  a  bordo  da  Defiant.  O  pessoal  da  Federação  não  sabia  o  que 
fazer  com  eles,  de  forma  que  os  rebeldes  se  ofereceram  para  retirar  este  incômodo  das  mãos 
deles ­  e  também  para descobrir qualquer informação útil que podiam ter sobre o funcionamento 
daquelas naves. 

O  general  Karakyr  estava  no  hangar  da  Starfleet.  Tinha  vindo  a  bordo  para  pessoalmente 
agradecer a eles pela ajuda prestada. E lamentar a sua partida. 

­ Novamente obrigado Capitã. Mais uma vez, a rebelião pode continuar. 

­ Pessoalmente, não vejo porquê está tão satisfeito. Vocês perderam dois quintos de sua frota, 
e considerando a grande dificuldade que têm de adquirir naves, diria que a vitória acabou sendo do 
Império. Ainda que eles tenham perdido o dobro, sempre terão a vantagem de recupera­las mais 
rapidamente  que  vocês.  Creio  que  tudo  o  que  conseguiram  foi  manter  a  situação  atual  por  mais 
algum tempo. 

­ Já é mais do que suficiente para ser comemorado ­ disse sorrindo ­ Adeus Capitã, faço votos 
de que seu retorno seja sem incidentes. 

Foi até o seu shuttle e partiu de volta a sua nave. Agora, com a morte de Safrã, ele era o novo 
Comandante em chefe da frota. Tinha muito no que pensar, principalmente no que a Capitã disse. 
Ela  estava  certa.  Tudo  o  que  realmente  conseguiram  foi  manter  a  situação  como  estava  antes. 
Nada mais, e possivelmente, muito menos. 

Sua  frota  partiu  dez  minutos  depois.  Ainda  tinham  uma  guerra  para  travar  e  ninguém  queria 
estar por perto quando a Defiant fizesse o mesmo que a Thunderbold, para selar a fenda.
Trek Wars – Roberto Kiss  256  www.scriptonauta.com.br 

Tirvik tocou a fronde de Terak. Ele não ia sobreviver e ela já tinha sido indicada por ele ­ anos 
antes ­  para  ser  sua  sucessora.  Quando  foi  questionado  pela  sua  família o porquê de dar a uma 
mestiça  que  usava  mais  o  lado  emocional  que  o  racional,  todo  o  seu  conhecimento,  ele  apenas 
respondeu: "por que é lógico". 

Doller e Matias estavam lá na enfermaria apenas observando. Não era bem um ritual. Era mais 
uma  continuidade.  Tudo  aquilo  que  Terak  foi  e podia vir a ser, agora seria passado a Tirvik. Era 
quase que como uma herança. Uma herança vinda da alma. Algo incrível para um povo que não 
demonstrava absolutamente nenhuma emoção. 

Jevlack  estava  lá  também.  Deitado  em  uma  cama,  com  sua  parte  orgânica  se  recuperando. 
Seus biônicos seriam depois trabalhados pelo engenheiro Anderson. Ele seria o terceiro a saber o 
que realmente ele era. 

Por alguns minutos, ninguém se moveu ou emitiu qualquer som. Era um silêncio ­ mesmo em 
uma enfermaria ­ que, sem usar nenhuma figura de linguagem, ensurdeceria qualquer um. 

­ Está feito ­ disse Tirvik, retirando a sua mão da testa de Terak. Ela tinha o seu katra agora. 

Ela  fez  uma  espécie  de  mesura.  Em  seguida,  saiu.  Doller  e  Matias  não  sabiam  bem  o  que 
fazer. Olharam para o Capitão, mas este apenas olhava fixamente ­ e amargamente ­ para o seu 
amigo. Eles decidiram sair da sala e deixa­los a sós. 

Sete horas depois, Terak, que suportou os seus ferimentos mortais por dois dias, morreu. 

Sem  nenhum  outro  incidente,  alguns  dias  depois,  Jevlack  estava  na  engenharia,  sendo 
devidamente consertado por Anderson. Ninguém mais estava na sala. 

­  Capitão  ­  disse  estupefato  Anderson  ­  eu  nunca  vi  uma  tecnologia  como  esta.  Parece  algo 
como metal vivo! 

Ele  estava  observando  os  esquemas  dos  circuitos  das  próteses  dele.  Os  motores  que 
simulavam  músculos  ­  fazendo  inclusive  as  "veias"  saltarem  ­  eram  impressionantes.  Mas  o 
assustador  era  a  rede  neural  conectada  ao  seu  cérebro.  Essa  tecnologia  não  podia  ser  da 
federação. Nem de nenhuma raça que ele conhecia. 

­ Talvez seja ­ comentara Jevlack ­ eu não sei. Não lembro de como isso foi parar ai. Quando 
fui achado pelos vulcanos, a única coisa que eles realmente instalaram em mim com tecnologia da 
Federação foi metade de minha mandíbula e parte do rosto. O resto, eu já tinha comigo. É verdade 
que  estava  bem  danificado  com  aquela  anti­matéria.  Mas,  com  a  ajuda  de  meu  processador 
interno, eles foram capazes de duplicar os sistemas. 

­ Quem teria tal conhecimento? E por que lhe fizeram isso? 

­  Já  faz  muito  tempo  que  perdi  o  interesse  em  saber  ­  mentiu  Jevlack. A cada noite em que 
tinha  seus  pesadelos,  agora  bem  mais  raros,  ele  se  fazia  esta  pergunta  ­  apenas  duplique  as 
peças  de  acordo  com  o  esquema.  E  isto  é  um  segredo  que  deve  ser  guardado.  Para  todos  os 
efeitos, essas próteses foram desenvolvidas pelos vulcanos daquela nave que me resgatou. 

­ Sim senhor ­ disse ­ pode ficar tranqüilo. 

Não  deixava  de  ser  verdade.  A  Federação,  após  ficar  examinando­o  por  anos,  desistiu  de 
tentar duplicar a sua rede neural. Foi declarado "livre" para seguir com a própria vida. E, atendendo
Trek Wars – Roberto Kiss  257  www.scriptonauta.com.br 

ao  seu  pedido,  nunca  registraram  o  fato  de  já  ter  aquelas  próteses.  O  vulcano  encontrado  junto 
com  ele,  recebeu  basicamente  os  mesmos  componentes  ­  os  vulcanos  da  nave  usaram  o  que 
aprenderem com ele no outro ­ mas sem uma rede neural totalmente integrada aos seus neurônios 
e muito menos um computador interno com idéias próprias. 

­ “Capitão? " 

­ Pode falar, Capitã. 

­ “Estamos prontos para lançar a seção disco." 

­ Obrigado, acompanharei daqui. 

Toda a tripulação da Thunderbold estava na Starfleet. O que não deixava de ser um problema. 
Afinal, a nave foi projetada para abrigar quatrocentos tripulantes. Os mil de trinta atuais tinham que 
dividir  os  aposentos  com  três  ou  quatro  companheiros.  Ele  divida  o  seu  com  Tirvik.  Um  grande 
sacrifício para um Capitão. 

Anderson  ligou  o  monitor  próximo.  Nele  aparecia  a seção disco da Thunderbold fazendo sua 


última viagem, indo em direção a uma estrela. Como não havia meios de leva­la de volta com eles 
­  o  raio  trator  provavelmente  ficaria  inútil  durante  a  travessia  de  volta  ­  era  melhor  destruí­la 
definitivamente. 

­ Funeral viking ­ comentou Anderson ­ acho apropriado. 

­ Morreu como um verdadeiro guerreiro. ­ comentou Jevlack ­ Valente até o fim ­ começou a rir 
­ Conseguiu incapacitar uma nave do tamanho de um cometa e não foi capaz de pegar uma outra 
setenta anos mais velha. Irônico. 

­ É ­ concordou Anderson. 

­  A  propósito,  aproveitou  o  tempo  em  que  estava  na  Defiant  para  prepara­la  e  descobriu  as 
alterações que fizeram nela? 

­  Sim  senhor  ­  disse  ele  voltando  a  mexer  com  o  sintetizador  e  ignorando  o  monitor  ­  vi  as 
modificações que fizeram em seus escudos e phasers, mas creio que sejam inúteis para nós. 

­ Por? 

­ Eles fizeram uma espécie de auto amplificador, de forma que o feixe phaser era usado para 
ampliar  a  si  próprio.  Só  que  esta  ampliação  causa  um  reflexo  nos  cristais  dilítio.  Eles  se 
retroalimentam porque a energia excedente dos phasers volta para eles. Não há como filtrar isso. 
Se  não  tivéssemos  dominado  a  nave,  os  cristais  iriam  se  danificar  e  a  Defiant  ficaria  morta  no 
espaço,  exatamente  como  antes.  O  mesmo  ocorre  com  os  escudos.  Esse  tipo  de  circuito  é  útil 
apenas com outras fontes de energia. Os cristais têm a desvantagem de não suportarem esse tipo 
de retrocarga. Acho que foi por isso que nunca a utilizaram. 

­ Faça de conta que eu entendi. 

Anderson riu. 

No monitor, a Thunderbold ficou vermelha e começou a se curvar. Uma labareda de fogo vinda 
da estrela se elevou e a abraçou, como uma mãe abraçando o filho. Assim que a labareda saiu da 
área mostrada pelo monitor, nada mais se via. 

­ “Capitão, a seção disco foi completamente vaporizada."
Trek Wars – Roberto Kiss  258  www.scriptonauta.com.br 

­ Eu vi ­ respondeu ­ mais um para a minha lista. 

­“Estamos  seguindo  agora  para  a  fenda,  a  Defiant  está  preparada e podemos partir de volta 


para casa quando quiser." 

­ A senhorita é a Capitã. No momento sou apenas um passageiro. Ou melhor, um equipamento 
em manutenção. 

­ “Arrume ele direitinho Anderson. Farei uma vistoria completa depois!" 

Era a voz de Tirvik. 

­ Quer dizer que vou ter que dar garantia do serviço? ­ comentou. 

­  Exatamente  ­  disse Jevlack ­ Tirvik é muito detalhista. A propósito, o que o Império poderá 
fazer com as informações que você lhe deu? 

­  Não  muito.  Enquanto  não  criarem  reatores  de  matéria  e  anti  matéria,  se  quiseram  usar 
campos  de  dobra,  terão  que  construir  um  reator  até  maior  que  aquela  nave,  o  Eclipse.  Só  os 
controladores  dos  campos  teriam  duas  vezes  o  tamanho  desta.  Se  realmente  quiseram construir 
uma  nave  assim  com  a  tecnologia  deles,  ela  será  do  tamanho  de  uma  pequena  lua.  Totalmente 
impraticável. 

­ Eu não duvido que eles façam isso... 

"Diário de bordo, data estelar 3399.0, a USS Nova, em sua observação da peculiar anomalia 
que se formou no sistema de Omicron IV, prossegue em suas análises, aguardando a chegada de 
uma nave de pesquisas especialmente designada para pesquisa­la." 

­ Alguma modificação? 

­  Não  senhor,  o  fluxo  de  táchions  e  quarks  continua  aumentando  no  mesmo  ritmo.  Não  há 
explicação nenhuma para isso. 

­  Há  alguns  dias,  essa  coisa  estava  sugando  táchions  e  quarks,  agora  os  está  mandando  de 
volta. E não há nada que possa explicar isso? 

­ Infelizmente, não há nenhum antecedente para isso, senhor. 

Desbravar  o  desconhecido  ­  pensou.  Seria  muito  bom,  se  fosse  possível  tornar  o 
desconhecido, conhecido. 

­  Capitão!  Algo  está  acontecendo!  O  Fluxo  de  táchions  ficou  mais  de  um  milhão  de  vezes 
maior!

­ Como? 

­ Algo esta acontecendo com a singularidade, parece que está se dilatando. 

Olhou para a tela. Realmente parecia que a gigantesca formação estava como que para expelir 
alguma coisa. Inesperadamente, algo foi lançado de dentro dela.
Trek Wars – Roberto Kiss  259  www.scriptonauta.com.br 

­ O que é aquilo? 

Ninguém  respondeu.  Continuou  olhando.  Tinha  saído  de  lá  muito  rápido  e  ainda  estava 
desacelerando. 

­ Capitão! É a USS Starfleet! 

A Starfleet? Ela havia desaparecido junto com a Thunderbold há quase duas semanas. Como 
foi que saiu de dentro daquilo? 

­ Eles estão nos contatando. 

­ Na tela! 

Na tela, apareceu a Capitã ­ pelo menos, estava sentada na cadeira ­ e, ao seu lado estava a 
imediato Tirvik. Lembrou­se dela quando havia conversado com Jevlack. 

­ Capitã! Poderia me expli... 

­ Não há tempo Capitão! Temos que sair daqui agora. 

­ Como? Porque? 

­ Capitão ­ era o seu navegador ­ A Starfleet partiu em dobra máxima. 

Ele não estava entendendo. 

­  Capitão!  Saia  daí!  Aquela  fenda  vai  sofrer  uma  violenta  explosão!  Não  sabemos  precisar 
quando. 

Fenda? Então era isso que aquilo era. Uma fenda! Isso explicava algumas coisas. 

­ Sigam a Starfleet! Dobra máxima. 

A USS Nova partiu seguindo a Starfleet. 

Quase uma hora depois, estando muito longe da fenda, uma violenta onda de energia saiu por 
ela ­ em velocidade de dobra ­ que chegou a balançar as duas naves. Depois de passada a onda, 
a  fenda  simplesmente  desapareceu.  Nenhuma  nave  enviada  para  investigar  depois  detectou 
qualquer coisa. 

Jevlack ­ totalmente reparado ­ observava pelas janelas do observatório a USS Nova, que os 
estava  escoltando  até  a  estação  espacial  mais  próxima.  Em  suas  mãos,  estavam  os  diários  de 
bordo da Defiant. Terak estava certo, eles eram muito importantes. 

A Capitã Donner entrou pela porta. 

­ Sim Capitã? 

­  Capitão,  estamos  nos  aproximando  da  estação.  Temos  ordens  de  deixar  a  nave  lá  e 
seguirmos na USS Nova diretamente para o quartel General da frota, para... nosso julgamento. 

Eles  já  tinham  enviado  um  relatório  completo  sobre  o  ocorrido  ao  comando.  Só  achava 
estranho demorarem tanto para decidirem sobre quando começar o julgamento.
Trek Wars – Roberto Kiss  260  www.scriptonauta.com.br 

­ Eu esperava por isso. E acho que você também. 

­ É ­ concordou ela ­ já esperava sim. Mas não tenho a sua experiência, e estou receosa. 

Ele sorriu para ela. 

­  Tome  ­  deu­lhe  os  diários  ­  eu  decodifiquei  os  dados  protegidos.  Dê  uma  lida,  vai  achar 
interessante. 

­ Capitão?!? O senhor leu os diários confidenciais da Defiant? 

­ Não escapei de duas cortes marciais apelando para a humanidade dos inquisidores. Foi com 
chantagem  mesmo.  Da  primeira  vez  ameacei  contar  ao  comando  Klingon  quem foi o verdadeiro 
responsável pelo incidente em Práxis. Da segunda, bem, da segunda o próprio comando Klingon 
me liberou. E isto aí ­ apontou para os diários ­ deve dar para nos livrar das próximas cinco cortes 
marciais. 

­ E o que tem aqui? ­ perguntou ela já ficando muito curiosa. 

­ Comece pelos últimos registros. Dizem o que realmente a Defiant estava fazendo no sistema 
dos Tholianos ­ disse saindo do observatório. 

A  Starfleet  seguiu  junto  com  a  USS  Nova  para  dentro  da  estação  espacial.  Finalmente, 
estavam em casa. 

**** 

Dados  extraídos  dos  registros  oficiais  da  Frota  Estelar  e  que  podem  ser  confirmados  em 
qualquer nave da Federação. 

A  USS  Thunderbold  sofreu  uma  anomalia  em  seus  campos  de  dobra,  o  que  a  destruiu 
completamente  sem  deixar  vestígios  na  data  estelar  de  3343.3  Foi  esta  anomalia  que  causou  a 
peculiaridade que a USS Nova estava investigando. Sua tripulação foi realocada para outras naves 
e postos. Foi levada em consideração a indicação de Tirvik para assumir o posto de Capitã de uma 
nave  estelar  da  Federação.  A  nave  que  irá  comandar  ainda  esta  para  ser  escolhida.  O  Capitão 
Jevlack foi indicado para o posto de almirante que gentilmente recusou. A tripulação de cadetes da 
Starfleet,  foi  formada  com  nota  máxima,  sendo  a  turma  mais  graduada  de  toda  a  história  da 
academia. A Capitã Lisa Donner foi oficialmente reconhecida e recebeu o comando de uma nave 
classe  Ambassador.  Infelizmente,  em  decorrência  da  destruição  de  sua  nave  escolta,  a 
Thunderbold,  o  almirante  Stolh  e  vários  cadetes  vieram  a  perecer.  Todos  foram  postumamente 
condecorados. 

**** 

Dados extraído dos boatos que se espalharam pela frota nos meses seguintes, e que ninguém 
irá confirmar. 

A Thunderbold e a Starfleet foram parar em outra galáxia, no meio de uma guerra e tomaram 
partido  para  poder  sobreviver  e  retornar.  A  Thunderbold  teve  de  ser  destruída  para  garantir  a 
vitória. Os Capitães de ambas as naves foram levados a corte marcial e rapidamente absolvidos, 
sem  maiores  explicações.  Tentaram  por  Jevlack  atrás  de  uma  escrivaninha,  promovendo­o  a 
almirante, mas este achou uma forma de escapar disso. Houve uma nova tentativa ­ secreta ­ de 
resolução diplomática do conflito que a Federação tinha com os Tholianos, sem muito sucesso. O 
Sistema  de  Omicron  IV  ficou  vários  meses  em  uma  espécie  de  quarentena.  Sendo  proibida  a
Trek Wars – Roberto Kiss  261  www.scriptonauta.com.br 

passagem  de  qualquer  nave  estelar  por  ele. Todos os sistemas de controle de motores de dobra 


sofreram  uma  revisão  completa.  Levantou  algumas  suspeitas,  mas  ninguém  nunca  soube  o 
porquê.  Uma  nova  cadete  formou­se  na  academia.  Não havia registro de seu planeta natal, mas 
era muito curioso que seus gostos por bebidas e fisiologia fossem ligeiramente diferentes. Parcos 
comentários que circularam no comando da frota diziam que ela tinha vindo de outra galáxia. 

Quanto a Jevlack, bem, ele recebeu o comando de sua quarta nave, bem como um espaço em 
sua ficha já reservado para quando essa fosse perdida ­ só faltava por a data estelar ­ Na verdade, 
até havia uma aposta nos corredores do alto comando para determinar quando isso iria ocorrer. 

Gostaria de dar algum palpite? 

NOTA FINAL DO AUTOR 

Bem,  antes  de  mais  nada,  eu  agradeço  a  todos  os  que  gostaram  ­  e  como  demonstraram 
isso  ­  deste  crossover  entre  Star  Trek  e  Star  Wars.  Foi o entusiasmo e elogios de todos que me 
incentivaram a fazer o possível para melhorar a estória. 

Na verdade, eu nunca imaginei que ela poderia ter tal repercussão entre os trekkers. Foi tão 
grande  na  verdade,  que fiquei com medo e segurei  ­ e muito ­ as atualizações que ainda viriam. 
Mudei muitas coisas e reduzi o Trek­babble o máximo possível, respeitando o mínimo necessário 
para  uma  boa  identificação.  As  imagens,  como  irão  reparar  a  partir  do  capítulo  15,  tiveram  um 
grande aperfeiçoamento em relação as primeiras(experiência ajuda). 

Esta aventura, foi inicialmente escrita uns oito anos atrás, quando eu ainda tinha um XT e a 
Internet, no Brasil, só existia em algumas poucas Universidades. Era a época de BBS ­ cheguei a 
montar  uma,  a  TREK­BBS.  Devido  a  não  ter  tempo  para  mantê­la,  ela  acabou  se  extinguindo 
justamente quando estava para começar a decolar. Fazer o que? É a sina de quem colabora com 
este site. 

Eu  não  a  tinha  terminado  na  época  porque  existia  tal  rivalidade  entre  os  fãs  de  ambas  as 
trilogias,  que  achei  prudente  não  pôr  mais  lenha  na  fogueira.  Quando  vi  as  imagens  do  André  e 
Henrique  em  Arte  Trekker,  e  lá  achei  um  link  para  os  meshes  das naves Star Wars e Star Trek, 
lembrei da estória que tinha começado, e decidi refaze­la. (foi por motivos de força maior, alguém 
ai já viu um tal de bad cluster no HD?) 

Bom, o resultado todos já viram ­ se não viram, podem começar a ler e depois voltem para 
cá!  ­  Uma  aventura  que  agradou,  boas  imagens  ­  valeu  André  e  Gustavo!  ­  Alguns  clips  ­ 
agradeçam  a  “encheção  de  saco”  do  meu  colega  de  serviço  por  isso,  sempre  falando  "mas  só 
cinco segundos?" 

Apesar de tudo isso, existem falhas na estória, com relação a ambas as cronologias. Do lado 
de  Star  Trek,  a  aventura  se  situa  um  pouco  depois  de  2350,  nessa  época,  já  não  havia  mais 
nenhuma classe Constitution operando. Do lado de Star Wars, ela se situa antes do primeiro filme 
que foi para o cinema, só que o Eclipse foi feito, segundo dados que andei obtendo. DEPOIS da 
Estrela da Morte, e não antes. 

Por  que  eu  a  fiz  assim?  Porque  só  descobri  isso  DEPOIS!  Como  ela  já  estava  sendo 
publicada, acabei decidindo usar uma espécie de "licença dramática" para pular esses problemas. 
Não ficou ruim, ficou? 

Só para encerrar, é impossível falar de Star Wars sem comentários a sua nave mais famosa, 
a  Millenium  Falcon.  Há  uma  referência  a  ela,  espero  que  tenham  notado,  e  também  a  Picard. 
Existem outras, mas estas vamos ver quem consegue localizar.
Trek Wars – Roberto Kiss  262  www.scriptonauta.com.br 

Agradecimentos especiais aos seguintes colaboradores (ordem aleatória) 

André  Fonseca  da  Silva  ­  Fez  as  belas  imagens  que  ilustram  a  estória  (tudo  bem,  eu 
também  fiz  algumas,  mas  não  se  comparam  as  dele).  Como  astrônomo  amador,  foi  um  ótimo 
consultor para certos aspectos da Trek­Babble (para não ficar muito absurdo) 

Tercio Willian Quatroni ­ Responsável direto pela existência dos clips e da estória ter ficado 
tão boa. Ele não conhece nenhuma das duas trilogias, e foi um bom leitor neutro para avaliação. 
Também me encheu tanto o saco para eu continuar escrevendo que criei um personagem com o 
seu nome :­). Mas não tive coragem de matá­lo, no final (deu coroa na moeda :). 

Henrique Silvério ­ Apesar de no momento ser o mais ocupado de todos os colaboradores, 
achou um tempinho para me dar algumas dicas de algumas ferramentas do 3D Stúdio. 

Site do Orgânia ­ Talvez o maior responsável de todos pela publicação da estória. Foi ele 
quem a pôs no ar antes de estar pronta, não me dando escolha nenhuma a não ser ir em frente. 
Principalmente depois da pequena cesta de mails que recebi. 

Gustavo Leão ­ Fez as imagens dos personagens e da situação interna das naves(incluindo 
o poster que é a capa da estória), possibilitando que todos pudessem ver como eu tinha imaginado 
os personagens, bem como detalhes que nunca comentei, como Matias ter pele escura. Também 
me indicou vários detalhes com relação as falhas de Star Trek que cometi. Uma pena que a estória 
já tinha avançado demais para que todas pudessem ser corrigidas. 

Aos autores dos meshes ­ Como está dito na página de créditos, se não fossem por eles, a 
estória ficaria muito mais pobre. 

A todos os que mandaram mails ­ GRATIAS! 

Alguns pedidos.... 

Pretendo  continuar  a  escrever  contos  de  Star  Trek,  mas  vou  pedir  ao  pessoal  do  Orgânia 
para montar uma enquête para determinar o que o público irá querer. 

Gostaria  de  saber se alguém estaria interessado em passar a estória para Inglês. O meu é 


péssimo, e não conheço as expressões da série nesta língua. Quem tiver vontade, nenhum tempo, 
e  com  a vida muito corrida, já preencheu todos os requisitos :­) Pergunte a qualquer colaborador 
do Site. 

Há sim! Talvez eu venha a fazer outro crossover, mas isso é coisa para um longo horizonte. 
(Quem sabe daqui a dois anos? ) 

Bem, é só o que eu queria dizer. Novamente obrigado a todos, e...ENGATE to the next tale! 

Lista de " Copyright "  ­ A César o que é de César. 

Todas as imagens apresentadas na história, foram feitas no 3D Studio R4. As naves chamdas 
também de modelos "Meshes" não são de minha autoria e seus autores somente liberaram o seu 
uso para fins pessoais e não comerciais.
Trek Wars – Roberto Kiss  263  www.scriptonauta.com.br 

Segue abaixo as naves e os seus respectivos autores, que, se não tivessem posto as suas 
criações a disposição, a história ficaria muito mais pobre. 

Nave de Treinamento USS Starfleet ­ Star Trek. 
Baseado no mesh da Enterprise­A. 
Modificações: Texturas modificadas para reduzir o efeito de contraste quando aparece junto as 
naves de Star Wars. 
Obtido no site da Wolf­356. 

USS Thunderbold ­ Star Trek. 
Baseado no mesh da Enterprise B. 
Modificações: Criados alguns bancos de phasers a mais. Dois novos reatores. Texturas 
modificadas para reduzir o efeito de contraste quando aparece junto as naves de Star Wars. 
Obtido no site da Wolf­356. 

Caça A­Wing ­ Star Wars. 
Modelado por Jose Gonzalez. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Bombardeiro B­Wing ­ Star Wars. 
Modelado por Harry H. Chang. 
Texturas adicionais por Jose Gonzalez. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Bombardeiro Y­Wing ­ Star Wars. 
Modelado por Harry H. Chang. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

K­Wing Planetary Assault Bomber ­ Star Wars. 
Modelado por Cmdr. Skywalker, não, não estou brincando, é o texto original de onde eu peguei. 
Texturas adicionais por Jose Gonzalez. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Caça Z­95 Headhunter ­ Star Wars. 
Modelado por Little Bill. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Caça X­Wing ­ Star Wars. 
Modelado por Little Bill. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Bombardeiro TIE ­ Bomber ­ Star Wars. 
Modelado por Marv Mays. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Caça TIE ­ Interceptor ­ Star Wars. 
Modelado por Leonardo Ceballos. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Caça TIE ­ Defender ­ Star Wars. 
Modelado por Reid L Rowan. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance.
Trek Wars – Roberto Kiss  264  www.scriptonauta.com.br 

Caça TIE ­ GT ­ Star Wars. 
Modelado por José Miguel Iñiguez. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Caça TIE ­ Advanced ­ Star Wars. 
Modelo por Chris Boudreaux. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Assault Gunboat ­ Star Wars. 
Modelado por Brian Steisslinger. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Nebulon B ­ na história aparece com os nomes de Exceler e Liberdade ­ Star Wars. 
Modelado por Ian Jones. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Destroier Estelar classe Victory ­ Star Wars. 
Modelado por Reid Rowan. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Destroier Estelar ­ Star Wars. 
Modelado por Stephan Meissl. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Shuttle classe Lambda ­ Star Wars. 
Modelado por Harry H. Chang. 
Texturas adicionadas por Jose Gonzalez. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Destroier Estelar Super Class ­ O Executor ­ Star Wars. 
Modelado por Nadav Smulian. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

O Eclipse ­ Star Wars. 
Modelado por Nadav Smulian. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Hapan Nova Battle Cruiser ­ aparece na história como Storm ­ Star Wars. 
Modelado por Grand Admiral Stone. Támbem não é brincadeira. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Plataforma Espacial ­ Star Wars. 
Modelado por Marv Mays. 
Conversão para 3DS por Andreas Engel. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

CloakShape Fighter ­ A Revenger ­ Star Wars. 
Modelado por Per Kjellkvist. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Outrinder ­ Star Wars. 
Modelado por Little Bill. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance.
Trek Wars – Roberto Kiss  265  www.scriptonauta.com.br 

Corvete Modificado ­ Gunship ­ Star Wars. 
Modelado por Jon Halter. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Nave de Carga ­ Star Wars. 
Modelado por Roman 'Mad Dragon' Deniskin. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

Piloto Rebelde ­ foi posto na carlinga das naves, preste atenção ­ Star Wars. 
Modelado por Andres Furlan. 
Obtido no site da 3D Modeling Aliance. 

E, finalmente, a minha merecida casquinha... Iluminação, roteiro e animação: Roberto Martim 
Kiss. Todas as imagens das naves Star Wars desta página foram obtidas no site 3D Modeling 
Aliance. 

OBS: A história ainda não acabou, caso eu use algum outro "Mesh", seu autor será indicado 
aqui. Preciso: o "Mesh" da Enterprise clássica. Se não for possível, terei que mudar a história. Star 
Wars e todos os seus personagens são marca registrada da Lucas Film e Star Trek e todos os 
seus personagens são marca registrada da Paramount. 

FIM 

Você pode copiar o material apenas para uso privado respeitando as leis de Direito Autoral. 

Autor: Roberto Kiss. 
E­mail: roberto.kiss@uol.com.br

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