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ARGUMENTATIVOS DO ARTIGO
JORNALÍSTICO
Por
O argumento de Truman foi definitivo: a Constituição estabelece que os militares têm que
se subordinar ao comando civil. Se não demitisse MacArthur, estaria faltando ao juramento
que fizera, de sustentá-la e defendê-la. O general McChrystal, com toda a sua importância,
se encontra a anos-luz da personalidade de MacArthur.
São difíceis as relações entre militares e o poder civil, em todos os tempos e em todas as
latitudes. Já se tornou lugar-comum lembrar o aviso de Clemenceau de que a guerra é
assunto muito grave para ser confiado aos militares. Mas há momentos em que o homem de
Estado se vê obrigado a suportar militares petulantes. Nas discussões de ontem sobre o caso
McChrystal, a historiadora Doris Kearis lembrou a desfeita sofrida por Lincoln, em 1862.
Percebendo que o general McClellan, comandante das tropas da União contra os
confederados, não estava atuando de acordo com suas diretrizes, resolveu visitar o chefe
militar em sua residência, em companhia de dois auxiliares, para uma conversa amistosa. O
general não estava, e os visitantes esperaram mais de uma hora. McClellan chegou, viu-os,
passou por eles sem os cumprimentar, subiu as escadas, e mandou avisar que já se recolhera
ao leito. O grande presidente engoliu a ofensa: não lhe convinha demitir logo o insolente
militar, porque não tinha como substituí-lo no comando. Esperou dois anos para fazê-lo.
McClellan estava sendo eficiente na luta, e chegou a ser chamado de Little Napoleon.
Quando começou a esmorecer, foi facilmente substituído.
Os militares, pela própria natureza de sua formação, de seu trabalho e de sua posição na
sociedade, sentem-se diferentes da população em geral. Em grande parte – e este é o caso
do general McChrystal – são filhos de militares, passam a infância em companhia de
crianças da mesma origem e se acostumam, desde cedo, a viver separados da sociedade
civil.
O general George Marshall foi tido como o exemplo de discrição, de tal maneira que,
segundo seus contemporâneos, evitava rir das anedotas de Roosevelt, para não demonstrar
intimidade com o presidente. Nunca revelou os conselhos que, como o militar de mais alta
posição nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, dava ao chefe de Estado.
Mas nem todos agem assim.
O objetivo deste trabalho é analisar algumas das táticas características desse tipo de
discurso. Para esse fim, será dissecado o artigo Os militares e a política (JB Online,
23/06/2010), publicado por Mauro Santayana em seu blog Coisas da Política. Será, ainda,
feito um apanhado geral em torno do estilo e do posicionamento assumido pelo autor. A
escolha do texto em questão teve como critério o seu gênero, por ser pertinente ao tema
proposto, além do fato de Santayana possuir um histórico profissional de mais de 40 anos, o
que o torna uma autoridade em sua área de atuação: o jornalismo político.
Considerações finais
Abreviando a análise feita, é plausível afirmar que Mauro Santayana utilizou como
estrutura primordial de seu artigo a argumentação pelo exemplo, através da citação de
episódios históricos, tendo ela diversos efeitos e métodos persuasivos no desenrolar do
texto. É fundamental a percepção do foco jornalístico na opinião indubitável do autor. Foi,
ainda, presumível inferir que o objetivo da veiculação de tais reflexões foi formar opiniões,
o que não é o mesmo que impô-las, e, por isso, o mesmo fato foi abordado de maneiras
distintas.
Referências Bibliográficas