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Para facilitar seus estudos:

 Leia atentamente os módulos e se achar necessário responda


NO CADERNO as atividades propostas. Elas não são
obrigatórias.

 Consulte o dicionário sempre que não souber o significado das


palavras. Se necessário, utilize o volume da biblioteca.

 Se você tiver dúvidas com a matéria, consulte uma das


professoras na sala de História.

IMPORTANTE:

NÃO ESCREVA NA APOSTILA, POIS ELA SERÁ


TROCADA POR OUTRA.

A TROCA SÓ SERÁ FEITA SE A APOSTILA ESTIVER EM


PERFEITO ESTADO.
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Bem, você mora no Brasil, e provavelmente nasceu aqui. Sabe que o


Brasil é um país que tem aproximadamente 180 milhões de habitantes e mais
de 08 milhões e 500 mil Km2.

A língua que você fala é a portuguesa – herança cultural do colonizador


português. Os usos e costumes que você pratica são resultados da mistura de
várias culturas, principalmente indígena, africana, européia e asiática.

Você já se preocupou em saber, por


que o país onde nós vivemos,
apresenta essa mistura de raças?

Será que sempre teve esse


tamanho e o mesmo número de
habitantes?

Já sei! Se voltarmos no tempo (até os fins


do século XV), poderemos descobrir se o
Brasil sempre teve essas mesmas
características!
Vamos lá!

Bem, oficialmente, os portugueses chegaram no Brasil durante a


expansão marítima, nos fins do século XV, sob o comando de Pedro Álvares
Cabral, no dia 22 de abril de 1500.

Nos primeiros anos, após a chegada de Cabral, a preocupação dos


portugueses foi a de extrair pau-brasil, com o auxílio dos índios para mandar à
Europa, onde a madeira era negociada.
Mas, a prioridade dos portugueses era continuar explorando e
vendendo as especiarias (cravo, pimenta, canela...) da Índia, na Europa.

A bem da verdade os portugueses não se animaram


muito com a nova possessão.
Justificavam que uma terra que só tinha
pau-brasil e aves exóticas não proporcionaria os mesmos lucros
que as especiarias da Índia - no Oriente.

2 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Assim, somente a partir de 1530, quando as especiarias deram sinal de


esgotamento, é que a Coroa Portuguesa iniciou de fato a colonização do Brasil.

Portugal, um pequeno país, se vê diante da tarefa de


ocupar uma colônia gigantesca como o Brasil !
Quanto custaria isso em gente e em dinheiro?

Ciente disso, o rei de Portugal, D. João III, encontra uma saída para não
arcar com as despesas da colonização. Sabendo que os nobres portugueses
sonhavam em possuir grandes extensões de terra, decidiu em 1534, dividir o
Brasil em 15 grandes faixas de terras (mapa ao lado) e entregá-las à senhores
de razoáveis condições financeiras.
Surgiram as capitanias hereditárias.
O nobre donatário recebia apenas o direito de posse, mas não se tornava
proprietário da capitania – o proprietário era o rei. Se a administração da
capitania fosse boa, seria transferida hereditariamente aos herdeiros do
donatário. Se fosse ruim, o rei dava a posse para outro nobre.
Bem, os nobres gastariam muito dinheiro para montar a produção
açucareira, construir engenhos e portos, transferir os colonizadores para o
continente americano, lutar contra índios e piratas, enquanto o rei ficava na
confortável posição de cobrador de impostos sobre as atividades econômicas
implantadas na Colônia.
A maioria das capitanias fracassou por vários motivos: poucos
investimentos (por falta de recursos ou de interesse dos donatários), freqüentes
ataques dos indígenas, grande distância entre as povoações e entre o Brasil e
Portugal.

CEESVO 3
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Terras pertencentes à Espanha Terras pertencentes à Portugal

Interior, PERNAMBUCO
sertão...
para onde se
dirigiam os
bandeirantes...

SÃO VICENTE

Dessa forma, somente as capitanias de Pernambuco e São Vicente


deram lucros, porque seus donatários souberam resistir aos ataques indígenas e
investiram muito dinheiro para dotar as capitanias de engenho, bois,
instrumentos agrícolas, soldados etc. O rei de Portugal não desistiu das
capitanias, mas resolveu melhorar o sistema. Para controlar os donatários e
ajudá-los na colonização, D. João III nomeou, em 1548, um governador-geral
para o Brasil, que era um representante do rei na colônia, a quem os donatários e
todos os colonos deviam obedecer. A instalação do governo-geral significou a
centralização administrativa da colônia. O primeiro governador-geral Tomé de
Sousa, fundou Salvador, a primeira cidade e capital do Brasil. Trouxe gado e
instalou vários engenhos de cana-de-açúcar.

“Os escravos negros eram as mãos e


os pés do senhor do engenho”

4 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

A colonização do Brasil compreendia a fixação de colonos na terra e


uma produção que atendesse ao mercado europeu, com fins lucrativos.

Assim, a colonização no Brasil teve a cultura da cana-de-açúcar como o


seu primeiro produto agrícola, e para produzir açúcar, foram trazidos negros da
África como mão-de-obra. A produção deveria ser em grande escala,
pois este produto era raro na Europa e, portanto, caro.

Responda em seu caderno:


01. Portugal decide efetivamente ocupar a colônia portuguesa na
América, somente em 1530. Explique com suas palavras, o motivo.

• ESCRAVISMO
O sistema econômico montado
na América foi o escravista.
O escravismo é um sistema
social e econômico no qual o agente
de produção é predominantemente o
escravo, que é comercializado, sendo
vendido, comprado ou trocado como
uma mercadoria ou objeto.

Os motivos da utilização da mão-de-obra escrava na América foram:


• escravismo proporcionou a montagem do tráfico internacional de
escravos gerando lucros fabulosos aos traficantes;
• os escravos supriam a mão-de-obra no trabalho dentro das colônias em
lugar dos colonizadores europeus.

O escravismo, na época moderna, não era uma novidade, pois já havia


escravidão entre povos da Antigüidade, como por exemplo, entre os gregos e
romanos.

O escravismo era aceito e justificado pela Igreja e pela sociedade


como uma prática normal e lucrativa,
pois, tanto os traficantes como à Igreja
ganhavam grandes porcentagens com o tráfico de negros.

A igreja impedia que o índio fosse escravizado, pois estava interessada


em sua catequese e como mão-de-obra nas aldeias jesuítas, mas, ao mesmo
tempo, continuava justificando a escravidão do negro.

CEESVO 5
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Assim, os
colonizadores, utilizavam o
negro como escravo,
aumentando o volume do
tráfico africano e
conseqüentemente as
vantagens e lucros obtidos
por quem promovia esse
comércio.
Escravidão e preconceito
persistem no século XXI.

A proteção ao índio era relativa, pois ao mesmo tempo em que se proibia


legalmente a sua escravização, o governo permitia que a mesma ocorresse
através das “guerras justas”.

...e o que eram essas


“guerras justas?”

quelas feitas com licença do rei ou do governador-geral contra os povos


indígenas que combatiam os portugueses, impediam o comércio ou que
fizessem aliança com outras nações européias. Os índios capturados nessas
guerras justas eram levados para aldeias de repartição e distribuídos entre os
colonos por tempo determinado”. (Azanha, G. Senhores destas terras. Atual, 1991).

Os padres jesuítas eram grandes defensores da não escravização do


índio pelos colonos, no entanto, os jesuítas faziam uso da mão-de-obra indígena
para os diversos trabalhos nas missões, além de desestruturarem a sua cultura
quando lhes impunham os costumes e a religião do colonizador português,
através das catequeses.

Reação Negra e Indígena ao Escravismo

Tanto o índio como o negro


foi dominado e escravizado pelos
brancos europeus. Os negros
foram trazidos do Continente
Africano, pela força, para servir de
mão-de-obra escrava no trabalho
braçal na lavoura, minas e
serviços domésticos.

Desde a captura na África,

6 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

já eram separados de suas famílias e nações para que chegassem na América


desunidos e sem disposição de reagir ao cativeiro. Eram transportados para
o Brasil nos porões dos navios negreiros também chamados “navios tumbeiros”,
nas piores condições possíveis, o que provocava a morte de mais de 50% dos
negros durante as viagens, entretanto, nem negros e nem índios aceitaram
passivamente essa dominação.
O desmonte da cultura indígena e da cultura negra africana, além de
outros motivos, ocorreu porque o colonizador português não permitiu a
manifestação religiosa desses povos.
 Índios: o colonizador português foi introduzindo ao cotidiano novos
conceitos religiosos que foram impostos como parte da salvação de suas
almas.
 Negros: apesar da proibição de culto religioso, feita pelo colonizador
branco português, criaram uma mistura da religião africana com a religião
católica como forma de burlar essa proibição.
Com a colonização, os portugueses impuseram tanto aos índios, quanto
aos negros, sua forma de organização social, econômica e política. O índio,
mesmo reagindo, foi sendo exterminado ou se misturando à cultura branca. O
negro fugia para os quilombos; entretanto, se recapturado, era levado de volta
aos engenhos e forçado a se adaptar culturalmente, ou morria, devido aos
castigos físicos.

Responda em seu caderno:


02. O que você acha da chamada “guerra justa” defendida
durante a colonização do Brasil?

• BANDEIRAS

A capitania de São
Vicente foi o primeiro
núcleo povoador de nosso
país. Mas, apesar de ter
sido bem administrada,
num segundo momento,
começou a ter problemas
econômicos e os
investidores não mais se
interessavam pela
capitania.
São
Índios soldados de Bandeirantes, escoltando índios selvagens aprisionados.
O primeiro grande ciclo bandeirista teve a finalidade de apresamento de indígenas.

CEESVO 7
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Vicente, Santos, Santo André, São Paulo – cidades dessa capitania, tornaram-se
tão pobres, que deixaram de ter atrativos para manter os seus habitantes, assim,
qualquer esperança de melhoria de vida bastava para que alguns decidissem
sair de seus lares - eram os bandeirantes. A pobreza da capitania de São Vicente
explica a expansão bandeirante paulista pelo sertão.

Quando os holandeses invadiram Pernambuco, decidiram também invadir


as regiões africanas que “exportavam” escravos para o Brasil.
Isso prejudicou terrivelmente os donos de engenho da Bahia, que, sem ter
como comprar escravos negros, a saída encontrada por esses proprietários foi
bem simples: utilizar escravos indígenas, que seriam capturados no sertão e
vendidos pelos bandeirantes.
Os bandeirantes, que eram pobres, mas não eram ingênuos, sabiam que
era muito difícil capturar índios no meio da mata. Por isso invadiram as reduções
jesuíticas, onde os índios já estavam catequizados, habituados às atividades
agrícolas, agrupados e, o que é melhor, desarmados pelos padres jesuítas.
O aprisionamento de indígenas se manteve enquanto os holandeses
mantiveram seu domínio sobre Pernambuco.
Com a volta da utilização do escravo negro, após a expulsão dos
holandeses, os bandeirantes passam a procurar ouro e pedras preciosas no
interior do território brasileiro. Os resultados econômicos foram muito pequenos,
mas, devido a isso, o território brasileiro foi muito além daquele estabelecido pelo
Tratado de Tordesilhas.

Alguns anos após a expulsão dos holandeses, os portugueses


constataram um fato preocupante: os negros, em grande quantidade, haviam
fugido de seus engenhos! O pior é que se organizaram em quilombos,
fortaleceram-se economicamente, conquistaram uma invejável unidade social.
Dessa forma os quilombos passaram a atrair os escravos, que agora tinham
grandes esperanças de sobreviver à fuga. Qual a única maneira de evitar o
crescimento das fugas de escravos? Destruindo os quilombos.

Quem seria capaz de destruir os quilombos? Os bandeirantes! E eles


fizeram o serviço com terrível competência. Mesmo o maior dos quilombos,
Palmares, foi totalmente destruído.
Os bandeirantes recebiam por O bandeirante, Domingos Jorge
Velho, carrasco de Palmares,
escravo quilombola morto. Para provar
levou ao governador nada menos
que realmente o negro havia sido morto, que 30 mil pares de orelhas dos
era necessário apresentar à autoridade negros que executara!!
pagadora um par de orelhas de negro.

Responda em seu caderno:


03. O que você acha da atividade realizada pelos bandeirantes no período
colonial?

8 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Você já deve ter ouvido falar sobre a libertação dos escravos e que esse
fato foi possível devido uma lei assinada por uma pessoa.

Estamos falando da Lei Áurea (1888) e da princesa Isabel. Não fica a


impressão de que os escravos somente conseguiram liberdade devido à
bondade dessa gentil integrante da família real?

É, mas esquecem de dizer que o ato da princesa foi apenas o último, e


talvez o menos importante, de uma longa jornada na qual quem principalmente
lutou foram os maiores interessados na questão: os escravos.
Desde o momento em que eram capturados na África e trazidos à força
para trabalhar como escravos no Brasil, os africanos se rebelavam. Primeiro
tentando evitar a captura, depois, já em território brasileiro, lutando contra a
condição de escravo que lhes era imposta.
Muitas foram as formas de resistência: da fuga pura e simples ao suicídio.
Ficava evidente que a opção era: melhor morrer com dignidade do que morrer
como escravo.

No caso das fugas, imagine: o que fazer ou para onde ir numa terra
estranha? O melhor lugar era o mais distante possível do local de cativeiro. Mas,
apenas isso não bastava.
Tinha também de ser um local que dificultasse a chegada dos caçadores
de escravos fugitivos.
As serras do interior muitas vezes reuniam as condições adequadas, e foi
numa delas, no interior da região que hoje faz divisa entre os Estados de
Pernambuco e Alagoas, que se ergueu o mais imponente dos redutos de
escravos que fugiam para a liberdade. Locais assim foram denominados de
quilombos, e aquele a que nos referimos é o de Palmares.
O Quilombo de Palmares, na Serra da Barriga, am Alagoas, chegou a
abrigar aproximadamente 30 000 pessoas.

Foi o maior quilombo brasileiro. Como muitos outros de que se formaram


de norte a sul do Brasil, não abrigava apenas escravos fugidos. Na verdade, a
maioria dos quilombos eram sociedades miscigenadas, que davam abrigo
também para indígenas e mesmo brancos pobres.

CEESVO 9
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Organizados nos moldes africanos, Palmares


não era uma pequena aldeia e sim um grupo de
cidades, denominadas de mocambos.

Cada mocambo tinha um chefe.


Juntos elegiam o rei do quilombo, um dos
mais conhecidos foi ZUMBI, chefe
guerreiro, assassinado pelas forças de
repressão da coroa portuguesa em 20 de
novembro de 1695.

As forças dos mocambos se uniam


sempre que ocorria algum tipo de ataque
ao quilombo ou quando eram formadas
expedições guerreiras para libertar escravos
das fazendas. Palmares era uma sociedade
complexa, onde se praticavam a agricultura e a
criação de animais.

Os palmarinos também fabricavam armas e ferramentas, visto que


conheciam a arte da metalurgia trazida da África pelos negros. Enfim, Palmares
era uma nação dentro de uma colônia portuguesa.
Símbolo máximo da luta pela liberdade, Palmares existiu por cerca de 100
anos (1597 a 1694) antes de ser destruído pela voracidade impiedosa daqueles
que tratavam seres humanos como se fossem COISAS.
Quem prova o gosto da liberdade não volta facilmente para a condição de
escravo. Quem nunca foi escravo, e somente tinha referência da escravidão por
meio das histórias que eram contadas, como era o caso daqueles que nasceram
e viveram em Palmares, não tinha a menor intenção de experimentar a
degradação que havia sido imposta a seus antepassados ou aos ex-escravos
com os quais conviviam.
Os nascidos em Palmares, por sua vez, agiam como um irmão mais novo
para o qual as portas já foram abertas pelos direitos conquistados pelo mais
velho.
Dessa forma, nenhum dos habitantes do quilombo aceitaria outra opção
que não fosse a liberdade. Para manter essa condição, contava com o difícil
acesso ao quilombo e também com o número imenso de habitantes que lá viviam
para poder defendê-lo.
As matas impediam manobras de cavalaria e a inexistência de estradas
dificultava o transporte de armamentos pesados, como os canhões.
Os habitantes de Palmares, por sua vez, evitavam confrontos abertos e
desfavoráveis, preferindo minar a resistência dos portugueses utilizando-se de
emboscadas e ações que, atualmente, poderíamos denominar de guerrilhas, ou
seja, pequenos ataques surpresa com retirada logo a seguir.
Mas a partir de 1670, os portugueses intensificaram as expedições contra
Palmares. Chegar lá não era tarefa fácil.

10 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Zumbi fez seu próprio exército e começou a reorganizar a comunidade da


Palmares. As lutas continuaram e, em 1693, o governo estabeleceu como
prioridade a destruição do quilombo.
Aproximava-se a batalha final para a qual haviam sido contratados
mercenários de uma região distante: os bandeirantes paulistas. Esses chegaram
em Alagoas para ali organizar os preparativos do ataque a Palmares, que daria
início ao capítulo final da existência do quilombo. Com canhões e mais de 10 000
militares, o chefe da expedição, também paulista, o bandeirante Domingos Jorge
Velho, conseguiu realizar o massacre em Palmares - era a barbárie. Morria ali a
nação livre com a qual os escravos e tantos outros sonharam.
Zumbi, embora ferido, conseguiu fugir. Dois anos depois, as tropas
militares o assassinaram, após capturar e torturar um dos membros do seu
grupo.
Sua morte ocorreu no dia 20 de novembro de 1695. Foi esfaqueado,
degolado, tendo sua cabeça exposta em praça pública. Por essa razão, o
Movimento Negro Brasileiro instituiu essa data como Dia Nacional da
Consciência Negra.
Mas, o percurso para a liberdade, ainda que esta demorasse a chegar,
estava aberto, com muito mais esforço do que o simples levantar da pena pelas
mãos de uma princesa.
(Texto adaptado: Projeto Escola e Cidadania - Movimentos Sociais no Campo, pág.12-16, Ed. do Brasil, 2000).

Se algum dia você acreditou em


HEROÍSMO DE BANDEIRANTE, é melhor refletir de novo!

E o que SOROCABA
tem a ver
com os bandeirantes?

Bem, para começar, Sorocaba foi fundada por um bandeirante,


Baltasar Fernandes, nascido em 1580, no atual bairro do lbirapuera,
em São Paulo.
Ele e seu irmão participaram ativamente da caça ao índio,
tomando parte, entre 1629 e 1630 na destruição das últimas reduções
jesuítas da região e na conseqüente captura dos indígenas.
Com sua família e mais 400 índios escravos, estabelece
moradia nessas terras, às margens do rio chamado
pelos índios Sorocaba, onde constrói sua casa e uma capela, dedicada a
Nossa Senhora da Ponte.
Essa capela, atualmente dedicada à Santa Ana, junto com o

CEESVO 11
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Mosteiro de São Bento, são as mais antigas construções de Sorocaba.


Daqui de Sorocaba partiram diversas bandeiras rumo ao interior e numa
dessas, Pascoal Moreira Cabral encontrou ouro na região do rio Cuiabá; fundou
a vila de Nossa Senhora da Penha de França e com isso, ocorreu um enorme
deslocamento de pessoas para aquela região, sendo necessário criar um
sistema de transportes, para levar pessoas e mercadorias, usando
principalmente os rios em épocas de cheias.
Essas expedições, chamadas Monções, partiam principalmente da atual
Porto Feliz, descendo o rio Tietê usando embarcações indígenas. Sabe-se que
várias monções partiram de Sorocaba, principalmente para levar mercadorias
para a região de Cuiabá.
O Raposo Tavares era bandeirante e virou até nome de uma
importante rodovia estadual.
Contin
uando...

• A ECONOMIA COLONIAL
O Brasil foi colonizado por Portugal e, como tal, esteve envolvido por um
sistema colonialista cujo objetivo principal era fazer da colônia fonte fornecedora
de matérias-primas e produtos tropicais para a metrópole, além de mercado
consumidor de produtos vindos de além-mar. Denominou-se Sistema Colonial a
maneira pela qual as colônias americanas foram exploradas economicamente
pelas suas metrópoles européias.
Observe o gráfico abaixo:

Observe o gráfico e veja que existia uma relação de dependência entre a


Colônia e a Metrópole. Essa relação denominou-se “Exclusivo Colonial”, ou

12 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

seja, monopólio da metrópole sobre a colônia.


Pelo exclusivo colonial, a colônia deveria:
• Fornecer metais preciosos e vender produtos agrícolas a preços baixos
para a metrópole.
• Comprar escravos e produtos manufaturados a preços altos, da
metrópole.
Desta forma, toda a economia foi organizada com o objetivo de atender
aos interesses do Estado e da burguesia de Portugal e das elites coloniais,
transferindo para a metrópole a maior parte dos lucros.
Um pequeno grupo detinha a posse da terra e das riquezas, explorando a
mão-de-obra livre de brancos, escravos, índios e negros. Assim, os negros,
índios, mestiços e brancos pobres ficaram completamente marginalizados.
Essa situação de dependência fez com que a economia do Brasil, até
recentemente, se baseasse em períodos de predomínio de um determinado
produto, como por exemplo: o açúcar, o ouro, o algodão, para citar os principais,
e como davam apenas lucros para as camadas dominantes de Portugal, eram
incentivados na colônia.
Somente a partir de 1950 nossa economia passou a ser mais diversificada
através da industrialização.

COLONIZAR

Significa ocupar uma terra, explorando de modo sistemático e constante


tudo o que ela possa produzir. Quem coloniza acaba impondo seus costumes,
sua língua e sua religião aos nativos.
Dessa forma, a terra brasileira foi ocupada pelos portugueses, fato que
gerou problemas que continuam até hoje, como por exemplo, a problemática
da terra, ou seja, grandes propriedades de terras improdutivas nas mãos de
poucas pessoas, ao mesmo tempo em que muitas pessoas que podem
produzir, não possuem terra alguma.

Então, o sistema colonial foi organizado com o objetivo de atender os


interesses da metrópole.

, ainda hoje, a economia brasileira é caracterizada pela dependência do


capital estrangeiro. Para você entender é só se lembrar da nossa dívida
externa com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Responda em seu caderno:


04. Na economia colonial, a preferência do comércio era da
colônia ou da metrópole?
O
declínio do Antigo Sistema Colonial

CEESVO 13
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Nos fins do século XVIII, começaram a surgir conflitos nas colônias


americanas contra as metrópoles.

No Brasil colônia, século XVI a XIX, houve muitos conflitos internos que
em conjunto com outros fatores externos (conflitos políticos) pesaram para
desencadear a crise do sistema colonial implantado pelos europeus em toda a
América, em vigor desde o século XVI, período em que a Coroa Portuguesa
começou a ter um rigor maior na cobrança de impostos.
Essa situação promoveu uma forte reação da população que não podia
arcar como peso dos impostos cobrados por Portugal e os altos preços
manipulados pelas Companhias de Comércio.
Assim, desde fins do século XVII, e por todo o século XVIII, ocorrem em
várias partes do Brasil, movimentos que assumem a forma de lutas armadas,
que mostram a insatisfação generalizada da população.
Essa insatisfação foi manifestada principalmente pela camada
privilegiada constituída por senhores de engenho, comerciantes e grandes
mineradores da sociedade colonial, as quais se uniram momentaneamente às
camadas inferiores (trabalhadores de engenhos e vilas, pequenos proprietários,
escravos).

Os principais movimentos contra a metrópole portuguesa

Revolta de Beckaman (1684)


Observe no mapa ao
lado, os locais onde
ocorreram as rebeliões. Revolta dos Mascates (1710)
Rev. Pernambucana (1817)

• Revolta chefiada
por Beckman: em
1684, no Maranhão.

Finalidade: forçar a
Cia. de Comércio a diminuir
os preços dos produtos e Conjuração Baiana
escravos. (1798)

Resultado: os
revoltosos foram vencidos e Revolta de Vila Rica (1720)
seu chefe executado pelas Conjuração Mineira (1789)
autoridades.
Revolta dos Emboabas
(1708-1709)
• Guerra dos

14 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Emboabas: em 1708, na região das Minas (atual Minas Gerais).


Finalidade: Os mineiros pobres pretendiam ter o mesmo tratamento e
direitos dos mineradores ricos, que eram privilegiados na região das minas, por
ficarem com as maiores e mais rendosas minas.
Resultado: esse conflito terminou desfavorável aos mineradores pobres
que foram massacrados traiçoeiramente no episódio chamado “Capão da
Traição”.

• Revolta de Vila Rica:


em 1720, na região
das Minas.
Finalidade: fechar as
Casas de Fundição e forçar a
baixar do custo de vida.
Resultado: essa revolta
foi reprimida com violência
pelas autoridades que
mandaram executar Felipe dos
Santos acusado de ser um dos
líderes da mesma.

Casa de Fundição: forno e


balança – usada para
transformar
ouro em barras e
controlar a arrecadação
do imposto real.

• Guerra dos Mascates: em 1710, entre Olinda e Recife.


Finalidade: os senhores de engenho de Olinda, liderados por Bernardo
Vieira de Mello se revoltaram contra a elevação de Recife à categoria de vila, o
que deixaria os olindenses sem receber os impostos pagos pelos comerciantes
portugueses sediados em Recife.
Resultado: as autoridades confirmaram a elevação de Recife à categoria
de vila, o que desgostou profundamente os senhores de engenho.

• Inconfidência Mineira: em 1789 - Vila Rica.

CEESVO 15
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Finalidade: separar as regiões das minas, do domínio português. Foi um


movimento de elite da região (comandantes militares, intelectuais, padres),
contra a cobrança dos impostos atrasados (derrama). O movimento foi
influenciado pelos ideais iluministas e pela independência das colônias inglesas
da América do Norte.
Resultado: os conspiradores, na grande maioria pertencentes a elite
social, foram denunciados e condenados à morte, mas no final apenas Joaquim
José da Silva Xavier, o Tiradentes, que era o mais pobre, foi enforcado. Os
outros inconfidentes tiveram sua pena mudada para degredo perpétuo na África.

• Conjuração dos Alfaiates ou Conjuração Baiana: 1798 - Salvador.


Finalidade: separação do Brasil de Portugal, implantação de uma
república, fim da escravidão, liberdade de comércio. Esse movimento teve uma
base constituída por idéias revolucionárias tomadas da revolução Francesa, e
teve participação de pessoas pertencentes às camada populares (alfaiates,
soldados, negros libertos) e da elite (advogados, médicos e padres). Houve
influência da maçonaria. Foi o primeiro movimento em que se falou mais
claramente em separar o Brasil de Portugal.
Resultado: seus líderes foram descobertos, presos e condenados à forca,
mas só foram executadas pessoas das camadas populares como João de Deus
Nascimento Luís Gonzaga das Virgens, Manoel Faustino dos Anjos. Os
membros da elite, ou seja, da classe privilegiada foram perdoados.

Responda em seu caderno:


05. Explique porque ocorreram revoltas nas populações da colônia.

Apesar de não terem conseguido atingir seus objetivos, esses movimentos


serviram para demonstrar que havia uma insatisfação generalizada
na população brasileira contra a política de Portugal,
a partir da segunda metade do século XVII.

E qual era essa política?

Você já estudou que essa política era baseada no absolutismo que


concentrava todo poder nas mãos dos reis permitindo que os mesmos tivessem

16 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

também o controle total da economia (mercantilismo).


Assim todas as regras políticas e econômicas para as colônias eram
determinadas e fiscalizadas pelas metrópoles.
Entretanto, a partir do século XVIII, esses mecanismos já não eram mais
do interesse da burguesia que se via envolvida em seus negócios.

Bem, você já deve ter visto na televisão a rainha


Elizabeth da Inglaterra, os príncipes (seu marido, seu
filho e netos), a princesa Diana (em memória), e outras
pessoas que fazem parte da Corte Inglesa do mundo
atual, certo!?

Saiba que o Brasil em 1808 também teve a corte Portuguesa


instalada no Rio de Janeiro.

Nessa época, o que será que mudou no nosso país,


em relação a Portugal?

O período em que a Corte Portuguesa ficou no Brasil (1808-1821), foi


decisório para a separação do Brasil de Portugal.
Uma das características das relações de Portugal com o Brasil era o
monopólio comercial. Imagine se o seu país fosse obrigado a fazer comércio
somente com um país mais poderoso. Será fácil concluir que o seu país se veria
obrigado a comprar e a vender produtos pelos preços que lhe fossem impostos.
Outra proibição de Portugal sobre o Brasil era de que aqui não podiam
funcionar indústrias, para que a população consumisse produtos
industrializados, na maioria ingleses, que Portugal mandava para cá.

CEESVO 17
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Mas, em 1811, D. João


inaugurou a Fábrica de Ferro do A Fábrica de Ferro do lpanema
lpanema. Fundada em 1811, em Campo Largo,
As proibições de Portugal hoje Araçoiaba da Serra. Atualmente a
se faziam sentir também na vida fundição está no município de lperó.
cultural, pois obras literárias só Essa fábrica misturava o minério de
circulavam na colônia quando ferro que existe no morro de Ipanema, com
permitidas pela Coroa pedras de carvão de madeira, pedra cal,
pedaços de madeira de fácil combustão e
portuguesa e a imprensa era levava ao forno. Dessa mistura era
proibida de existir. produzido o ferro líquido que depois de
endurecido ia para a forja. Na forja, adquiria
Na época colonial, não formas de ferraduras, aros de carroças,
interessava ao governo fogões, utensílios domésticos, etc. A
português que o povo brasileiro fundição terminou em 1990. Hoje ainda
se tornasse crítico. Por esse existem os fornos.
motivo foram proibidas as (Aluísio de Almeida - História de Sorocaba para crianças,
1980 - adaptado)
manifestações literárias.

Na época em que a Corte esteve no Brasil, o rei convidou uma missão


francesa para retratar o Brasil através da pintura.
Essas pinturas deveriam mostrar o Brasil sob o ponto de vista europeu,
destacando somente com a beleza, sem estimular a racionalidade, para que não
promovesse qualquer compreensão crítica da realidade brasileira.
Durante os séculos XIV e XVII, na Europa surgiu um movimento cultural
denominado Humanismo que tinha como objetivo a valorização do homem.
Esse movimento foi característico das artes, da literatura, da música e
procurava dar ênfase à razão e não a fé para explicar os problemas terrenos.

Os movimentos Humanismo e Renascimento, não tiveram tanta


influência no Brasil-colônia devido às proibições e censura da Metrópole
Portuguesa que objetivava a alienação da população colonial, a fim de evitar
possíveis tentativas de independência.

MUDANÇAS NA COLÔNIA
Observe que, quando há uma repressão do governo há sempre uma
reação do povo. Entretanto, mesmo que o Brasil quisesse reagir ao governo
português, no período da colônia, não tinha infra-estrutura, ou seja, condições
para isso. Somente a partir de 1808, com vinda da Corte no Brasil, começou a
ser formada essa infra-estrutura:
• O primeiro ato do então príncipe regente D. João foi declarar abertos os
portos do Brasil às nações amigas. Ou seja, a partir daí o Brasil poderia
comercializar com qualquer país, acabando assim o monopólio
português, ao mesmo tempo que beneficiava a Inglaterra que era o país
de comércio mais expressivo na época.

18 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

• Em 1810 foi assinado um tratado entre Portugal e Inglaterra que


dava privilégios aos ingleses, pois os produtos ingleses pagavam
tarifas alfandegárias (taxas pagas por um país quando seus
produtos entram em outros países) de 15% levando vantagem sobre
todos os demais países que pagavam 16% (Portugal) e 24% (os demais
países). Esse tratado foi renovado mais tarde, por ocasião do
reconhecimento da separação Brasil/Portugal. Essa medida foi uma
espécie de complementação da abertura dos portos.

• Além da abertura dos portos, foi decretada a liberdade de instalação de


manufaturas, embora o Brasil não tivesse condições favoráveis para
tanto. Também foi criada a imprensa régia que permitiu o funcionamento
da imprensa e circulação do primeiro jornal.

• Outras medidas foram tomadas tais como: fundação do primeiro Banco no


Brasil, o Arsenal da Marinha, Jardim Botânico, Faculdade de Medicina
além de outras.

Essas medidas foram muito importantes para que o Brasil pudesse se


libertar de Portugal em 1822.

Entretanto, as medidas tomadas pela Corte, eram favoráveis à uma


pequena parcela da população.

A maioria do povo continuava na situação de pobreza, desnutrição,


analfabetismo.

Os portugueses residentes no Brasil continuavam controlando a


exportação e importação. Por isso as manifestações contrárias ao governo
português continuavam a ocorrer na colônia.

Dessa forma, o Brasil estava cada vez mais consciente da necessidade


da separação de Portugal, bem como já possuía condições sócio-econômicas e
culturais para formalizar essa separação.

Pressionada, a Corte Real voltou para Portugal em 1821. Governando o


Brasil, D. João deixou o seu filho D. Pedro como regente.

A partir daí começaram a se precipitar os acontecimentos que acabaram


levando à separação definitiva do Brasil de Portugal, no dia 07 de setembro de
1822.

Responda em seu caderno:


06. Portugal proibiu a criação de industrias na colônia brasileira.
Explique o motivo.

CEESVO 19
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Bem, até aqui você aprendeu que...

O Brasil colônia estava descontente com as pressões que Portugal fazia,


dominando a política, a economia e a sociedade local. Com a vinda da família
real portuguesa para o Brasil, o país passou por várias transformações:

• Reações às medidas de repressão à cultura, porque não se podia ter


liberdade de expressão.
• Reações às medidas político-econômicas como a imposição de impostos
pesados.
• Formação de uma infra-estrutura desenvolvida pelos próprios interesses
do rei português, que possibilitaria a Independência do Brasil.

O Brasil se separou de Portugal em 07/09/1822. Ao se separar, o Brasil


passou a ser um país, que deveria ter suas próprias leis e governantes próprios.
O Brasil adotou o regime imperial que teve início em 1822 e terminou em 1889.
Nesse período, houve dois reinados, sendo imperadores D. Pedro I (1822-1831)
e D. Pedro II (1840-1889).

20 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

O BRASIL APÓS A INDEPENDÊNCIA


• 1º Reinado ( 1822-1831) – D. Pedro I
• Período Regencial (1831-1840)
• O Tropeirismo em nossa região

Você votou nas últimas eleições para


presidente da República?
O voto é uma conquista de um povo, porque através
dele é feita a escolha do indivíduo que vai governá-lo.
O Brasil é uma República e como tal os governantes
são escolhidos através de eleições em todos os níveis -
federal, estadual e municipal.
Entretanto, nem sempre foi possível escolher os governantes do Brasil porque
no tempo da colônia o povo brasileiro era governado pelos representantes da
Coroa Portuguesa. No tempo do Império só havia eleição para deputados e
senadores, nessas eleições só participavam cidadãos que tinham renda superior
a 100 mil réis anuais.
Com a vinda do príncipe regente D. João para o Brasil em 1808, o país passou
a ter condições para possuir um governo próprio. Por isso, as idéias de liberdade
se desenvolveram e quando D. João voltou para Portugal em 1821, vários
políticos brasileiros iniciaram um processo de apoio e ao mesmo tempo de
pressão a D. Pedro I, que estava governando o Brasil no lugar de D. João VI.
A idéia era separar definitivamente o Brasil de Portugal, tendo como chefe de
governo D. Pedro I.

RESPONDA EM SEU CADERNO:

1. Compare as diferenças entre a escolha dos governantes do Brasil na


colônia, no Império e atualmente.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A INDEPENDÊNCIA


A independência política do Brasil não foi acompanhada
por mudanças importantes na sociedade e na economia
brasileira, porque foi o resultado de um arranjo político entre
as classes dominantes e D. Pedro I.
A organização política do Brasil depois da separação de
Portugal diferenciava-se da dos outros países
latino-americanos que haviam se tornado independentes
aproximadamente na mesma época. O Brasil adotou a monarquia como forma
de governo, enquanto as ex-colônias espanholas adotaram a república. Além
disso, o Brasil foi o único país que, ao se tornar independente, passou a ser
governado por um membro da família real de sua ex-metrópole.
A economia continuou dependente do capital e dos mercados externos e

CEESVO 21
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

permaneceu o modelo colonial de produção, isto é, o SISTEMA ESCRAVISTA,


rural e exportador.
A aristocracia (camada social constituída dos grandes proprietários de terra)
permaneceu como classe privilegiada e as demais camadas populares,
compostas por mestiços e brancos pobres, continuaram vivendo
miseravelmente, sem direito de votar e escolher seus representantes.
O arranjo político entre D. Pedro,
aristocratas e grandes comerciantes,
para que a independência política
fosse concretizada por um membro da
família real, foi feita porque a classe
dominante estava apavorada com os
movimentos populares em prol da
independência, e pela conseqüente
instalação de um governo que
acabasse com os seus privilégios.
Essa é a razão de, após a
independência, a elite ter apoiado a
adoção da monarquia. A monarquia
era a forma ideal de governo para a
classe dominante, porque lhe
asseguraria os privilégios, defenderia
seus interesses, e manteria as
camadas populares marginalizadas e
sem possibilidade de participação
política. E o que era fundamental para
os grandes proprietários, manteria a
ESCRAVIDÃO.

O GOVERNO DE D. PEDRO I
Logo no início de seu governo, D. Pedro I teve que enfrentar uma série
de problemas. Um deles era fazer com que a independência fosse aceita por
todos os brasileiros. Como na época não havia rádio, telefone ou televisão,
as informações demoravam um pouco para chegar aos lugares mais distantes.
Portanto, demorou um certo tempo para que os habitantes dessas regiões
ficassem sabendo da independência.
Nessas regiões ainda havia muitas tropas do exército português que
ainda não aceitavam a idéia da separação. Foi preciso combatê-las e
expulsá-las do País.
Havia um outro problema: o Brasil não tinha um exército. Como posse
portuguesa, as terras brasileiras eram defendidas por exércitos de Portugal.
Como a situação estava grave, D. Pedro I contratou oficiais, exércitos e navios
estrangeiros para combater as tropas portuguesas que ainda estavam no Brasil
e não aceitavam a independência.
Cerca de um ano após a independência, esses problemas no nordeste já
estavam resolvidos.
• O RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA

22 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Os outros países demoraram um pouco para reconhecer o Brasil como


um país livre, independente de Portugal. Por isso, estava difícil comercializar
com eles. Na Europa, países como a Inglaterra, por exemplo, esperavam uma
reação portuguesa para a questão. Já na América, países que haviam se
tornado independentes antes do Brasil, como o Chile e a Argentina,
desconfiavam do novo governo brasileiro.
O primeiro país a reconhecer a Independência do Brasil foi os Estados
Unidos, em 1824. Na época, esse país era governado por James Monroe.
Segundo ele, os países do continente americano não deveriam aceitar qualquer
interferência dos países europeus. Esta idéia estava clara no seu lema, que era
“A América para os americanos”. Dessa forma, os
Estados Unidos procuravam ajudar os demais países
do continente americano a se separarem
oficialmente de suas metrópoles européias. Essa
atitude ficou conhecida como Doutrina Monroe.

Portugal aceitou a independência em 1825,


quando reconheceu o Brasil como um país livre. Para
isso, o Brasil teve que pagar 2 milhões de libras
(moeda inglesa) como indenização.
Como não tinha esse dinheiro, o Brasil pediu
emprestado para a Inglaterra (essa foi a 1ª dívida
externa do Brasil independente).

• AS CONSTITUIÇÕES DO lº REINADO

O Brasil já não pertencia mais a


Portugal e, portanto, não precisava mais Constituição - Lei maior que rege
seguir as leis e as regras portuguesas. Era um país. Documento no qual
preciso escrever as suas próprias leis estão estabelecidos os princípios
para que se tornasse um país realmente de organização e funcionamento
independente.
da vida social, econômica e
Naquela época, os estados eram política de um povo.
chamados de províncias. Cada
província elegeu seus representantes,
Constituinte - Reunião de
que formaram a primeira Assembléia representantes do povo para
Nacional Constituinte, com o objetivo de elaborar uma Constituição.
elaborar a primeira Constituição brasileira.

Os representantes eleitos nas províncias eram chamados de “deputados”.


Eram, na maioria, filhos de grandes e poderosos fazendeiros, ou então
ricos comerciantes.

CEESVO 23
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Os deputados estavam divididos em dois partidos:


• Partido Brasileiro: defendia que o Brasil deveria ser um país livre e que seu
governante não deveria ter todos os poderes concentrados em suas mãos.
• Partido Português: defendia que o Brasil deveria possuir um governante que
centralizasse todos os poderes em suas mãos, como acontecia com o rei de
Portugal.

Logo nas primeiras reuniões da Assembléia Nacional Constituinte, os


deputados do Partido Brasileiro (que eram maioria) apresentaram diversas
propostas que limitavam os poderes de D. Pedro I, que ficou preocupado com
essa questão.

Ao perceber que estas propostas Constituição Outorgada -


poderiam ser aprovadas, D. Pedro Não é feita pela Assembléia
mandou as tropas do exército Constituinte, ou seja, pelos
cercarem o prédio e dissolveu (desfez) deputados eleitos pelo povo.
a Assembléia Nacional Constituinte. É uma Constituição
encomendada pelo governante,
Poucos dias depois, D. Pedro atendendo aos seus interesses.
convocou um grupo limitado de pessoas A Constituição Outorgada é
de sua confiança, que ficaram imposta à nação.
encarregadas de elaborar a Constituição A Constituição de 1824 foi
brasileira. outorgada porque D. Pedro
encomendou-a a um grupo de
No dia 25 de março de 1824, D. amigos, atendendo aos seus
Pedro I finalmente anunciou a Primeira interesses como imperador,
uma vez que ele havia se
Constituição do Brasil, que tinha como
desentendido com os
principais características o seguinte: deputados na Assembléia
• a forma de governo seria a Constituinte, mandando
dissolvê-la.
monarquia hereditária, o poder
máximo estava nas mãos do imperador e deveria ser passado de pai para
filho;
• a religião oficial do Brasil seria o catolicismo; qualquer outro culto ou
religião estavam proibidos;
• eleições apenas para deputados e senadores;
• o voto seria censitário, ou seja, para votar o eleitor deveria ter alguma
riqueza, e para se candidatar também (ser proprietário de terras, por
exemplo);
• A ESCRAVIDÃO FOI MANTIDA.
Atualmente o direito de votar
está garantido pela
Constituição, promulgada em
1988, a todos os cidadãos
maiores de 16 anos.

24 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Além destas características, a Constituição apresentava QUATRO


PODERES:

• Poder Moderador: exercido pelo imperador. Estava acima de todos


os outros e, portanto, o imperador poderia intervir nos outros poderes,
recusando qualquer proposta que não lhe agradasse, ou impondo aquilo
que fosse de sua vontade.
• Poder Executivo: exercido pelo Imperador e pelos ministros do
Império, que executavam as leis aprovadas pelos deputados e
senadores.
• Poder Legislativo: exercido pelos deputados e senadores, que
elaboravam as leis. O cargo de senador era vitalício, isto é, uma vez
eleito, continuaria sendo senador até morrer. Já o deputado era eleito
para um mandato de 4 anos. A constituição do império (1824) garantia a
cidadania política somente a quem tinha renda pessoal superior a 100 mil
réis anuais, para ser eleito, e exigia renda de 400 mil réis anuais, para
poder ser candidato a deputado.
• Poder Judiciário: exercido pelos juízes, que fiscalizavam e julgavam a
aplicação das leis.

CEESVO 25
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Como podemos ver, essa Constituição manteve D. Pedro I como um


governante muito poderoso. Manteve também o poder político nas mãos
das camadas mais ricas da população. Para os mais pobres e escravos,
praticamente nada mudou.

Observe!
A Constituição brasileira atual é promulgada porque foi elaborada pelos deputados e
senadores eleitos pelo povo para formar a Assembléia Constituinte, representando os
interesses do povo brasileiro. Ela estabelece:
• Brasil: República Federativa Presidencialista;
• Forma de governo: presidencialismo, sendo o cargo de presidente eletivo e
temporário;
• Estabelece três poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário. Os poderes, embora
independentes, devem agir com coerência e compatibilidade;
• Brasil dividido em Estados Federativos, isto é, com Constituições autônomas, desde
que não firam a Constituição Federal;
• Garante a cidadania sem distinção de cor, sexo, credo religioso, facção política ou
qualquer outro motivo que discrimine uma pessoa em relação às demais.

NÃO BASTA VOTAR PARA TER UMA PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA E INFLUIR NA


VIDA DO PAÍS. É PRECISO QUE ACOMPANHEMOS O TRABALHO DOS NOSSOS
REPRESENTANTES, EXIGINDO QUE ATUEM PARA O BEM DO PAÍS.

RESPONDA EM SEU CADERNO:

02. Estabeleça as diferenças entre a Constituição atual e a Constituição de


1824.

• CONFERAÇÃO DO EQUADOR E GUERRA DA CISPLATINA

Essa Constituição não foi tão bem recebida pelo povo, como D. Pedro I
esperava. Em vários pontos do país surgiram manifestações e revoltas.
A Constituição deveria ser jurada nas câmaras municipais de todo o país.
Em Pernambuco, um grupo de liberais radicais de Olinda e Recife se recusou a
jurá-la e também não aceitou o presidente da província (hoje seria o governador)
nomeado por D. Pedro I para governar a província. Essa oposição ao governo
imperial cresceu e, em julho de 1824, desencadeou uma revolta separatista e
republicana. O movimento se alastrou por outras províncias. Pernambuco,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí se declararam separados do Brasil
e formaram a Confederação do Equador.
D. Pedro agiu com rapidez e violência, mandando navios e tropas. Após
três meses de combates sangrentos, os rebeldes foram derrotados. Dezesseis
líderes foram condenados à morte, entre eles o popular frei Caneca.
No ano seguinte, em 1825,
Oriental D. PedroCom
do Uruguai. I declarou
essa guerra inglória
guerra e impopular,
à província Cisplatina que reivindicav
o Império brasileiro ganhou apenas enormes dívidas, que
aprofundaram a crise financeira do país.

26 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

• ECONOMIA DO BRASIL DURANTE O 1º REINADO

A economia brasileira continuava dependendo quase


exclusivamente da produção de gêneros agrícolas destinados à
exportação, principalmente açúcar e algodão. Mas, nessa
época, os países consumidores de açúcar podiam comprar o
produto de outros fornecedores, como Cuba e Jamaica, e,
na Europa, começava a fabricação do açúcar de
beterraba.

O algodão, que tinha se tornado um produto de


grande consumo devido ao desenvolvimento da indústria
têxtil, sofria a concorrência da produção norte-americana desde o final da Guerra
de Independência.
A produção de café, embora estivesse aumentando, ainda não
representava um volume muito grande nas exportações.
Assim, o Brasil não tinha, naquele momento, nenhum produto de
exportação capaz de equilibrar sua economia. Essa situação se agravava ainda
mais porque, ao mesmo tempo que as exportações estavam em crise, o volume
das importações aumentava constantemente.
As baixas taxas alfandegárias (impostos sobre produtos que entravam no
Brasil) cobradas aos países estrangeiros causaram uma verdadeira “avalanche”
de mercadorias nos portos brasileiros. Esses produtos precisavam ser pagos, e
para isso seria necessário que as exportações correspondessem às
importações, o que não acontecia. Para compensar a diferença, o império se
endividava, pedindo empréstimos aos bancos estrangeiros.
Outra conseqüência da entrada ilimitada de mercadorias estrangeiras no
Brasil, vindas principalmente da Inglaterra, foi a falta de estímulo para a criação
de manufaturas no país. Quem se arriscaria a montar uma fábrica, se os
produtos ingleses eram encontrados nas lojas a preços tão baixos?
Assim o país, embora tivesse se tornado independente de Portugal,
continuava com as mesmas características econômicas de uma colônia, agora
submetida aos interesses da Inglaterra.

• O FIM DO 1º REINADO

Em 1831, a crise interna do país começou a se agravar a ponto do Imperador


passar a ser desacatado em público. Sua vida pessoal era criticada até pela
imprensa, cuja maioria estava na oposição.
Os choques entre os partidários do imperador e seus opositores já
estavam ganhando as ruas. Percebendo não ter mais condições de
continuar no cargo, o Imperador resolveu abdicar do trono, em favor de
seu filho, ainda uma criança de 5 anos, em 7 de abril de 1831.
Com a abdicação de D. Pedro I, teve início o Período Regencial.

CEESVO 27
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

A REGÊNCIA NO BRASIL (1831-1840)

Chamamos de período
regencial o período em que o
Brasil foi governado por
regentes, que deveriam dirigir
o país até que D. Pedro de
Alcântara tivesse idade
suficiente para se tornar
imperador. Como Pedro de
Alcântara ainda tinha 5 anos
de idade, a Constituição
determinava que três regentes,
eleitos pelos deputados,
deveriam governar até que ele
completasse 18 anos de idade,
ou seja, até que atingisse a
maioridade.O Brasil teve
quatro regências: duas
regências trinas (governo de
três regentes) e duas
regências unas (um só regente).
Esse período foi muito agitado devido às lutas partidárias e às revoltas que
ocorreram em diversas províncias.

Em algumas delas, o povo estava descontente com a exploração dos


grandes latifundiários e isso motivou também agitações, tal como a
Cabanagem, no Pará. Em outras províncias, os revoltosos chegaram a
implantar um governo republicano, desligado do governo regencial. Foi o
caso do Rio Grande do Sul, onde a Guerra dos Farrapos ou Revolução
Farroupilha transformou-se numa verdadeira guerra civil, que durou dez
anos, durante a qual foram proclamadas duas Repúblicas que provocaram
inclusive, a separação do Rio Grande do Sul do restante do país.

28 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

OBSERVE AS REVOLTAS QUE OCORRERAM NESTE PERÍODO:

TRADIÇÃO DE RESISTÊNCIA: os escravos da Bahia


A revolta dos Malês
A situação dos escravos em Salvador era diferente da de outros lugares do Brasil.
A maioria deles era compota de africanos convertidos à religião muçulmana e vinha da
África Ocidental (atual Nigéria, Togo e Daomé). Eles representavam cerca da metade da
população da cidade, e muitos exerciam pequenos ofícios: eram alfaiates, carpinteiros,
vendedores ambulantes, acendedores de lampião. Estes, conhecidos como escravos de
ganho, tinham a possibilidade de ficar com uma pequena parte do dinheiro que
ganhavam. No entanto, eram obrigados a dar a maior parte a seus donos. Em alguns
casos, com o dinheiro ganho, o escravo comprava a sua alforria ou mesmo outro escravo.
Entretanto, mesmo libertos, os negros eram tratados com desprezo e não tinham
qualquer possibilidade de ascensão social. Essa situação levou-os a se revoltarem
diversas vezes contra os dominadores brancos e seus subordinados mulatos.
A mais importante dessas revoltas ocorreu em janeiro de 1835. Organizada por
africanos de formação muçulmana – os malês –, a rebelião foi dizimada pelas tropas do
governo, com o apoio das classes dominantes baianas.
Muitos negros foram proibidos de circular à noite pelas ruas da capital e de praticar
suas cerimônias religiosas. Outros foram presos,torturados e assassinados.
(História Total – José Jobson Arruda)

CEESVO 29
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

RESPONDA EM SEU CADERNO:

03. Com base no texto da página anterior, escreva as diferenças dos


escravos malês e dos outros escravos desse período.

Observe no mapa atual do Brasil, as províncias que se


rebelaram contra o governo regencial.

Todas essas rebeliões, e outras menos importantes, foram sufocadas pelo


governo central, isto é, pelos regentes, muitas vezes com a morte de muita
gente.

30 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Foi mantida, assim a unidade do território brasileiro. Crescia, porém, a


distância entre aqueles que defendiam a continuação do regime monárquico,
reunidos no Partido Conservador, e aqueles que desejavam a implantação do
regime republicano, membros ou simpatizantes do Partido Liberal.

• A ECONOMIA NO PERÍODO REGENCIAL

A partir do século XIX o café avançou pelo Vale do Paraíba, no


Rio de Janeiro, trazendo o desenvolvimento de diversos
povoados e cidades. Essa expansão foi possível graças ao
aproveitamento dos recursos existentes: terras, equipamentos,
tropas de mulas e mão-de-obra escrava.
A economia, no entanto, continuou voltada para
exportação de produtos gerados pelo trabalho escravo, predominando as
atividades agrícolas.

O período regencial durou até 1840, quando a


Câmara dos Deputados aprovou uma lei especial
que considerava D. Pedro II, com 14 anos de
idade, apto a assumir o trono.
A partir daí tem início o 2º Reinado que vai
abranger o período de 1840 a 1889, quando foi
proclamada a República.
O golpe da maioridade objetivava evitar as
lutas provinciais que poderiam levar a uma
fragmentação do Estado brasileiro.
Desta forma, a aristocracia continuaria no
poder.

RESPONDA EM SEU CADERNO:

04. Por que houve regências no Brasil?


05. Explique como ficou a economia brasileira nesse período.

TROPEIRISMO

Você já ouviu falar sobre o tropeirismo?

Ele tem muito a ver com a nossa região.


Por volta de 1695 foi descoberto ouro na região das Minas Gerais. Com
isso, criou-se uma verdadeira febre do ouro: milhares de pessoas, vindas
de todos os lugares da colônia e de Portugal se dirigiram para as minas, a
procura de riqueza fácil.

CEESVO 31
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

O problema que surgiu era abastecer toda essa


gente, levando mercadorias para o interior e
trazendo para o Rio de Janeiro o ouro encontrado.
O meio de transporte ideal para isso era o muar, ou
seja, a mula, resultante do cruzamento do jumento
com a égua ou do cavalo com a jumenta.
No lombo das mulas transportava-se gêneros
alimentícios para as minas de ouro de Goiás,
Mato Grosso ou Minas gerais; sal para criação
de gado de corte nas fazendas de Itapetininga e Itapeva, ou desciam aos
portos de Santos e Ubatuba as produções de açúcar, aguardente e fumo.
Nesses tempos, era impensável outro meio de transporte de
mercadorias, dada a precariedade das vias de comunicação: pequenas
picadas abertas a facão, em meio às densas matas que, quando muito,
deixavam passar esses animais, um a um. Vem daí à procura dos muares e
seu alto preço de mercado.
Sorocaba transformou-se em entreposto de compra e venda de animais,
e era para esta cidade que afluíam mineradores, plantadores de cana,
peões e todo tipo de gente ligada a esse comércio: de seleiros a
domadores, de ferreiros a fornecedores de gêneros. Instalou-se ali a
conhecida Feira de Muares não domesticados, estrategicamente colocada a
meio caminho entre os campos do sul e as plantações de cana de
Campinas e Itu ou das minas de ouro das Gerais e Goiás.

 Os muares eram criados nos campos do sul, onde hoje é a Argentina,


Uruguai e Rio Grande do Sul. Em 1733, Cristóvão Pereira de Abreu, vindo
da Colônia do Sacramento, no Uruguai, passa por Sorocaba trazendo
uma tropa xucra com centenas de mulas e cavalos. Estava assim aberto o
Caminho das Tropas, a rota que trouxe os muares do sul, que foram
usados como animais de carga por todo o Brasil.
 Logo, o governo Português viu a oportunidade de lucrar com esse
comércio de tropas e em 1750 instalou, junto à ponte sobre o rio
Sorocaba, no final da atual rua 15 de Novembro, o Registro de Animais,
onde se recolheria o imposto sobre cada muar que passasse. E por que
esse Registro foi instalado aqui em Sorocaba? Porque em toda a região,
até os campos de Curitiba, aqui estava a única ponte, obrigando os
tropeiros a passar por aqui. Como o imposto tinha que ser pago aqui, era
aqui que os tropeiros, que vinham trazendo os muares do sul, vendiam
para os interessados. Assim, Sorocaba acabou se tornando ponto de
reunião, onde se encontravam aqueles que traziam as tropas e aqueles
que as levavam para o resto do Brasil. Todo ano acontecia então a Feira
de Muares.
 Entre 1841 e 1842, os impostos recolhidos no Registro de Animais de
Sorocaba geravam quase 30% do total de impostos da Província de São
Paulo. Um dos impostos cobrados no Registro de Animais serviu para
ajudar na reconstrução de Lisboa, destruída por um terremoto em 1755.
Mesmo depois de reconstruída, o dito imposto continuou a ser cobrado

32 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

até o início da República, na década de 1890!


 A feira trouxe grande riqueza para Sorocaba, pois a cidade se
transformava quando acontecia a feira. A reunião de compradores e
vendedores criava um clima para atividades comerciais de todo tipo, de
sofisticados arreios a alimentos caseiros. Havia uma enorme oferta de
diversões — espetáculos teatrais e circenses, casas de jogos e bebidas,
etc.
 A riqueza também trouxe prestígio político. O brigadeiro Rafael Tobias de
Aguiar, nascido em Sorocaba, cuja família era ligada ao comércio de
tropas, foi presidente da Província de São Paulo por algumas vezes, além
de liderar a Revolução Liberal de 1842. Por ser um dos homens mais ricos
de São Paulo em seu tempo, era apelidado de “reizinho de São Paulo”.
 Pelo Caminho das Tropas, diversas cidades surgiram nos pontos de
pouso dos tropeiros. Cidades como Viamão, Cruz Alta e Passo Fundo, no
Rio Grande do Sul; Lajes e Mafra, em Santa Catarina; Rio Negro, Lapa,
São José dos Pinhais, Guarapuava, Palmeira, Ponta Grossa, Castro e
Jaguariaíva, no Paraná e ltararé, ltapeva, Buri, ltapetininga, Alambari e
Campo Largo (atual Araçoiaba da Serra), em São Paulo.

A Feira de Muares decaiu a partir da inauguração da estrada de ferro


Sorocabana, em 1875 e chegou a desaparecer em 1897, com as epidemias de
febre amarela, que aconteceram durante a realização das feiras. Mesmo assim,
o transporte de muares do Rio Grande do Sul para São Paulo aconteceu até
meados da década de 1950, tendo como um dos centros mais importantes a
cidade de ltapetininga, na qual, entretanto não chegou a haver feira.

RESPONDA EM SEU CADERNO:

06. O que você achou mais interessante sobre o Tropeirismo?

CEESVO 33
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Você já parou para pensar nos produtos


que você consome diariamente?

No seu dia a dia, você utiliza diversos produtos e, muitas vezes, vários produtos que nem seria

Mas, porque usamos o que não precisamos?


Se o produto não é necessário, por que o
compramos?

É simples, isto acontece porque as pessoas estão condicionadas a


consumir sempre mais, mesmo que não precisem daquele determinado
produto.
O que acontece com você, quando vai a supermercados ou ainda em
lojas pelo centro de sua cidade, depois de assistir comerciais na TV e em outros
meios de comunicação, sobre determinado produto?
Será que a propaganda não cria em você o sentimento de necessidade
de possuir os produtos visualizados nos comerciais e nas lojas?
Certamente isso ocorre com muita freqüência! Na maioria das vezes, o
consumo exagerado é resultado, não de necessidades do consumidor, mas sim
de um processo de propaganda e marketing que atende aos interesses dos
grandes empresários, que visam somente o lucro.

Consumir é comprar tudo


o que é anunciado?

Consumir é ato tipicamente humano, que atende à maioria das nossas


necessidades, não somente as essências, isto é, de caráter orgânico, para

34 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

nossa sobrevivência, mas, também aquelas ligadas ao nosso crescimento como


indivíduos pertencentes e aceitos em uma sociedade.
Nesse sentido o ato de consumir depende da sociedade em que estamos
inseridos, além, é claro, da relação particular que cada indivíduo ou cada grupo
dessa sociedade mantém com o consumo.
Diante dessas reflexões, podemos dividir o ato de consumo em
não-alienado e alienado.
O consumo alienado é o
mais freqüente, pois as
necessidades de consumo de
uma pessoa não são reais. São
artificialmente estimuladas,
sobretudo, pelas propagandas
dos comerciais da TV, novelas,
revistas, ou seja, pelos meios de
comunicação de massa: o
consumo, portanto, torna-se
consumismo.
É interessante refletir
sobre isso para percebermos se
realmente temos necessidade
daquilo que nos é oferecido.
Será que não estamos sendo influenciados?
O consumo não-alienado é aquele em que o indivíduo se torna um
consumidor com possibilidades de livre escolha, ou seja, de escolha consciente;
mesmo diante de propagandas, ele prioriza suas necessidades, preferências ou
ainda opta por consumir ou não, determinado produto.
Bem, não é possível negar que a Revolução Industrial e a constante
inovação tecnológica do sistema de produção estiveram a serviço do
desenvolvimento da própria humanidade. Mas, no que diz respeito ao
CONSUMO, em muito aumentou e estiveram a serviço do poder capitalista de
produção e comercialização.
Esse processo leva-nos a refletir sobre a autonomia do pensar: será que
nossos pensamentos realmente estão livres das garras da ideologia capitalista?
É a garantia do exercício da cidadania que nos dá o direito de decidir
livremente sobre o nosso consumo. É preciso ter bem claro o conceito do que é
consumo, para podermos, então, decidir quanto às nossas verdadeiras
necessidades: seja, de consumir ou não consumir determinados produtos.
O exercício pleno da nossa cidadania nos diferencia de meros consumistas
para consumidores conscientes.
Isso quer dizer que o direito a emprego e salário descente, livre acesso às
informações e às condições de compreendê-las (boa educação), garantia de
saúde e de boa qualidade de vida, bem como amparo legal para que tudo isso
ocorra, são pré-requisitos para o consumo consciente.

Ser cidadão não é simplesmente ter o direito de consumo, e sim ter

CEESVO 35
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

condições para o consumo consciente e direcionado para o nosso bem-estar.

Então, para os empresários (burguesia), a ideologia do


capitalismo é incentivar o consumo desenfreado de
todo e qualquer produto; a meta é produzir mais e mais,
para vender mais e mais, para lucrar mais e mais.

• Não são apenas os empresários de nossa época que


pensam em lucros. Em diversos períodos da história da
civilização houve pessoas ou grupos que tinham como principal
objetivo o acúmulo de riquezas. As grandes navegações foram
produto desse pensamento (século XV).
• Muitas das mercadorias, consumidas diariamente, não
fazem parte do consumo da maioria da população, mas sim, de parte da
população que tem poder aquisitivo maior.
• O processo de produção
industrial, iniciado no século XVIII,
trouxe lucros para os empresários e
proporcionou um grande número
de empregos para a classe
operária. Entretanto, a partir do
momento em que ocorreu a
mecanização da produção, as
máquinas passaram cada vez mais
a substituir o trabalho do homem,
causando o mal do desemprego, já
no século XIX.
• Atualmente, o grande
problema do mundo se concentra no desemprego, gerando graves flagelos
sociais.

No que se refere às relações de trabalho, a Revolução Industrial foi o


processo que tornou predominante as relações assalariadas de produção.

36 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Mas o que são as relações de produção capitalistas?


Ou, mais simplesmente, o que é o trabalho assalariado?

É uma relação de compra e venda do trabalho. Um indivíduo vende


livremente a sua capacidade de trabalho, ou sua força de trabalho, por um
determinado período de tempo mediante um pagamento previamente
combinado. O que ele vai fazer, a hora de começar e de terminar a jornada
(duração diária) de trabalho, a hora e a duração do intervalo para a refeição são
combinados entre o indivíduo que VENDE (trabalhador) e o que COMPRA
(patrão, empresário).
É o que chamamos de contrato de trabalho. Veja bem! O trabalhador
não vende a sua pessoa, pois isso seria o mesmo que a escravidão. O
comprador não pode dispor do vendedor como bem queira, pois ele foi
contratado para fazer um determinado trabalho, especificado no contrato, e não
outro qualquer.

 Comprar e Vender Trabalho

Por que alguém teria interesse em comprar a força de trabalho de outra


pessoa? Essa compra, na sociedade capitalista, é feita com o objetivo de obter
lucro produzindo mercadorias para serem vendidas no mercado.
O empresário possui os meios de produção: as terras, as máquinas, os
equipamentos, as instalações, ou seja, tudo aquilo que é necessário para
produzir, mas o empresário não pode possuir a força de trabalho necessária para
que os meios de produção sejam utilizados e se efetive a produção de
mercadorias. Ele não pode mais ter escravos e ninguém mais é obrigado a servir
outra pessoa, pois as leis consideram as pessoas livres e iguais. Dessa forma, a
única maneira de se obter força de trabalho é comprando-a.

E por que alguém estaria disposto a


vender a sua força de trabalho?

O camponês que possuía terra e


equipamentos trabalhava para si mesmo. Produzia para o seu sustento e o da
sua família e, eventualmente, para vender no mercado e com isso obter dinheiro
para comprar o que não produzia.
O mesmo ocorria com o artesão que possuía a sua oficina e seus
instrumentos de trabalho. Ambos, camponês e artesão, trabalhavam para si
mesmos com seus próprios meios de produção.
Mesmos os servos da sociedade medieval possuíam os seus
instrumentos de trabalho e o direito de usarem um lote de terra para plantar.

CEESVO 37
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Tinham direito também ao uso coletivo das terras, embora devessem obrigações
para os senhores feudais e do clero, produziam para si mesmos.
O trabalhador que está disposto a vender a sua força de trabalho é aquele
que não tem condições de produzir para si mesmo. Tem a sua força de trabalho,
mas lhe faltam os meios de produção.
Assim, mesmo sendo livre do ponto de vista jurídico, não é
verdadeiramente livre do ponto de vista econômico, pois se vê obrigado a vender
a sua força de trabalho. É obrigado a trabalhar para outro para poder sobreviver.
Assim, as relações de trabalho capitalistas dependem da existência de
uma massa de pessoas sem os meios de produção. Só com a existência dessa
multidão de pessoas sem posses se forma um mercado de mão-de-obra.
Como o trabalhador assalariado vende a sua força de trabalho por um
determinado período de tempo de cada dia, nada do que ele produz nesse tempo
é dele. Os capitalistas são os donos de todos esses produtos.
Mas como os capitalistas não compraram força de trabalho nem
equipamentos e matérias-primas para produzir bens de subsistência (feijão,
arroz, batata...), e sim para produzir mercadorias e vendê-las no mercado com
lucro, precisam transformar os produtos em dinheiro.
Os trabalhadores, por sua vez, receberam dinheiro, mas precisam
comprar os bens necessários à sua subsistência. Foi para isso que venderam a
força de trabalho. Trocam, então, o dinheiro por aquilo que eles próprios
produziram.
Cada vez
mais rico! Os trabalhadores não
produzem apenas bens de
consumo (comida, roupas,
geladeiras...), mas também meios de
produção, ou seja, máquinas
equipamentos, ferramentas, que serão
usados futuramente na produção.
Grande parte dessa produção
serve apenas para substituir o desgaste,
quebra etc. dos meios de produção, mas
uma parte serve para aumentar a
capacidade produtiva.

Essa parte da riqueza que foi


acrescentada pelo aumento dos meios de
produção e que não foi consumida
constitui o lucro do capitalista.
Não é difícil perceber que, na
medida em que o capitalista vai
acumulando lucro, a capacidade de
produção também cresce, pois aumenta a
quantidade de meios de produção. A qualidade desses meios também pode
melhorar, quando o capitalista investe na inovação técnica.

38 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

 Ciência e a Inovação na indústria

No aspecto técnico, a Revolução Industrial é um processo contínuo. O


reinvestimento do lucro e a competição entre os capitalistas individualmente e
entre os países capitalistas entre si provocam constantes inovações e
competições.
A partir de um determinado momento, houve um verdadeiro casamento
entre desenvolvimento da ciência e a inovação na indústria.
Descobrimentos da ciência se transformavam rapidamente em novas
máquinas, novos produtos e novas fontes de energia. A lista dessas inovações é
infindável: eletricidade, petróleo, motor a explosão, produtos químicos, alimentos
enlatados e pasteurizados, refrigeração, energia atômica, raio laser, informática,
robótica, sementes híbridas, vacinas...
No aspecto social, as relações que os indivíduos mantém uns com os
outros para produzirem os bens necessários à sobrevivência da sociedade
recebem o nome de relações sociais de produção.
Os cientistas sociais deram nomes às diversas sociedades antigas e
atuais a partir das relações de trabalho que encontraram nelas. Assim, temos
relações de trabalho comunitárias, como nas diversas sociedades indígenas
brasileiras do passado e mesmo do presente; relações de trabalho feudais,
como na Europa medieval; relações de trabalho assalariadas ou capitalistas,
como no Brasil atual, nos Estados Unidos e em vários outros países.

Para responder em seu caderno:


07. Explique porque o trabalho assalariado é uma relação de produção.
08. Nas sociedades capitalistas, o empresário está disposto a comprar a
força de trabalho e o trabalhador a vendê-la. Por que isso ocorre?

O capitalismo é um sistema em que toda a produção (inclusive o


trabalho humano) e todas as atividades comerciais (compra e venda de
mercadorias) são voltadas para a obtenção de lucro. Dessa forma
estabeleceu regras de mercado visando a divisão:
 Da sociedade - em classes sociais (uma classe se diferencia da outra
à medida que tem mais dinheiro).
 Dos países - em exploradores e explorados, ou desenvolvidos e
subdesenvolvidos, ou ricos e pobres.

Esse sistema, portanto, definiu os padrões de riqueza e acentuou as


diferenças entre as nações.

CEESVO 39
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Mas, voltando à questão da industrialização,


qual foi o pontapé inicial do
processo da Revolução Industrial?

Cabe definir, antes de qualquer coisa, o significado das palavras


revolução e industrialização.

 Revolução: significa uma mudança radical. No caso da Revolução


Industrial as mudanças foram em diversos setores:
• Na forma de produção: passou de manual para mecanizada.
• Na organização social: definindo as duas classes sociais: burguesia e
proletariado.
• Na própria organização econômica: surgimento de bolsas de valores,
grandes empresas.
• Nos meios de transporte: navios a vapor, ferrovias.

 Industrialização: é a transformação de matéria-prima em produto


trabalhado para ser consumido pelo homem.
A Revolução Industrial pode ser definida como a passagem do trabalho
manual (manufatura) para o trabalho realizado com máquinas (maquinofatura),
utilizando-se num primeiro momento a energia a vapor.
Com o passar do tempo e um maior desenvolvimento tecnológico,
passou-se a utilizar outras formas de energia como: eletricidade, motor a
combustão, até nossos dias com a energia nuclear, solar.

Bem, por que a Revolução Industrial aconteceu na


Europa, no século
século XVIII?
Porque houve o favorecimento de várias condições que proporcionaram
novas relações sociais no Continente Europeu.

Quais foram essas condições?


• Ampliação dos mercados consumidores;
• Existência de capital proveniente da atividade comercial, concentrado nas
mãos da burguesia, especialmente da burguesia inglesa;
• Existência de matéria-prima; inovações técnicas;
• Grande quantidade de mão-de-obra disponível.

40 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

DESDOBRAMENTOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, durante o século XVIII, e


se espalhou por diversos países da Europa.
A maioria das fábricas se instalou próximas das minas que forneciam
fonte de energia para o funcionamento das máquinas (como por exemplo,
carvão) e dos portos que facilitavam a embarcação para exportação dos
produtos.
A mecanização da produção proporcionou diversas mudanças na Europa:

1. No aspecto econômico
• Com a Revolução Industrial, a máquina foi instalada em vários setores da
produção industrial. Com isso, se pôde produzir cada vez mais, em menos
tempo.
• O espírito capitalista
dominou as grandes empresas
industriais. Essas empresas,
preocupadas com a obtenção
de lucros, passaram a dominar
importantes áreas comerciais
de todo o mundo, através da
livre concorrência.
Assim, elas dominaram
os mercados fornecedores
de matéria-prima e os
consumidores de produtos
industrializados.
• Criaram-se companhias
de comércio, bolsas de valores; modernizaram-se os transportes.

2. No aspecto político
• O controle da vida política passou a ser exercido pela burguesia. Esta,
para se manter no poder, criou o voto censitário. Segundo essa modalidade de
voto, apenas as pessoas que possuíam certos rendimentos poderiam participar
da vida política. Dessa maneira assegurou-se à burguesia toda a representação
no governo e afastou-se qualquer tipo de representação popular.
• As leis sociais eram formuladas lentamente e eram manobradas, em
função dos interesses dos grandes empresários industriais (burguesia).

CEESVO 41
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

3. No aspecto social
_Eu burguês e você
• As cidades cresceram rapidamente com a proletário.
migração da mão-de-obra do campo para a
cidade.
• As fábricas alteraram a paisagem e o
equilíbrio do meio-ambiente com a poluição das
suas chaminés.
• Definição de duas classes sociais: de um
lado a burguesia que constitui a classe,
dominante, e de outro o proletariado, classe dos
trabalhadores urbanos assalariados,
encarregados da produção nas fábricas. As
condições de vida da classe proletária eram
péssimas.

A jornada
de trabalho era de
quinze horas; não
havia lei trabalhista ou qualquer regulamentação
para o trabalho de mulheres e crianças.

As manifestações dos operários eram


reprimidas pela polícia. Os salários eram baixos e
a alimentação precária, o que provocava a
disseminação de doenças que muitas vezes
levavam à morte.

nquanto isso, a burguesia se


enriquecia cada vez mais com a
exploração dos trabalhadores
em suas fábricas.

Assim, aumentou a distância entre ricos e pobres (burguesia e


proletários), gerando conflitos entre classes e provocando o surgimento das
idéias socialistas, contrárias à desigualdade e exploração provocadas pelo
capitalismo.

A idéia dos pensadores do socialismo era de formar um sistema


político-econômico que trouxesse uma igualdade entre as classes sociais,
tendo o Estado como poder centralizador e regulador de todas as atividades
econômicas.

42 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Observe no quadro abaixo as diferenças da ECONOMIA no sistema


capitalista e no sistema socialista:

SOCIALISMO CAPITALISMO
Atender as necessidades
básicas da população com
alimentação, saúde, Lucro
educação, emprego,
 Objetivo moradia.
principal

 pertencem a sociedade e
geralmente são controlados
pelo Estado;
 a pequena propriedade
propriedade  pertencem às
 Meios de
produção rural continua existindo; pessoas;
como:  os bens como
terras,  as empresas
automóveis e eletrodomésticos
máquinas, são propriedades
indústrias, são propriedades particulares
bancos, individuais. (privadas)
etc.

Saiba que a burguesia capitalista acabou adotando


adotando o
liberalismo como ideologia.

Então,

LIBERALISMO: É o conjunto de idéias que pregam a liberdade individual


nas atividades econômicas e políticas, com a interferência mínima do Estado.
Segundo o liberalismo, o Estado deve ser um mero mediador das atividades
desenvolvidas pela sociedade. A propriedade dos meios de produção deve estar
nas mãos de particulares (propriedade privada).

SOCIALISMO: Ideologia revolucionária que prega a tomada do poder


pelo proletariado, cujos representantes deverão dirigir o Estado incorporando os
meios de produção, máquinas, terras, escolas, hospitais, deverão estar
disponíveis a toda a sociedade.

CEESVO 43
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

Atualmente, o liberalismo está sendo reativado em várias partes do


mundo, com o nome de neoliberalismo (o significado é o mesmo). Isso
começou a ocorrer a partir do pós-guerra (mais ou menos por volta de 1947).
Hoje está mais acentuado com a globalização da economia.

Para responder em seu caderno:


09. Com suas palavras, explique o que foi a Revolução Industrial.
10. Explique uma conseqüência da Revolução Industrial.

A presença do estilo de vida capitalista dos Estados Unidos no Brasil é muito


marcante.
No dia-a-dia de quase todos nós, podemos comprovar a invasão dos
hábitos, costumes e produtos norte-americanos: bebemos coca-cola;
praticamos surf; curtimos rock; vestimos jeans, lanchamos no Mac
Donald’s; as crianças brincam no play-ground; escovamos os
dentes com close-up; adoramos hot dog, milk-shake,
sundaes e chicletes.
Estes hábitos importados são apenas uma pequena amostra da
dominação estrangeira no Brasil.

Francisco Matarazzo, imigrante italiano e


criador do império industrial da tradicional família
Matarazzo da cidade de São Paulo, iniciou sua vida em
Sorocaba, com uma fábrica de banha no Cerrado e um
armazém na rua da Penha.

44 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

No Brasil existe, o “mito da democracia racial”, isto é, que existe na


sociedade brasileira igualdade de oportunidades para brancos, negros e
mestiços, mas, o preconceito existe sim no nosso país - daqueles que o sofrem,
uns o percebem de forma sutil e outros abertamente. A democracia racial no
Brasil é um “mito”.

E como se apresenta esse preconceito


no mercado de trabalho brasileiro?

Os dados do "Mapa da População Negra no Mercado de Trabalho",


publicado pelo INSPIR (Instituto Sindical Interamericano Pela Igualdade Racial)
em 1999 - estudo realizado nas regiões metropolitanas de São Paulo, Salvador,
Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Distrito Federal - e de uma pesquisa
realizada no município de São Carlos em 1996, fornecida pelo Núcleo de
Pesquisa e Documentação da Universidade Federal de São Carlos, mostra que
há uma predominância do sexo masculino no mercado de trabalho em todas as
regiões estudadas, com uma maior participação da faixa etária de 25 a 39 anos,
e maior taxa de empregados com curso universitário.
Também em todas as regiões a maior taxa de desemprego entre
trabalhadores negros está entre os que possuem Ensino Médio incompleto.
O tempo e a procura por emprego demonstraram ser parecido em todas
as regiões estudadas, observando que:

 Em São Paulo, um trabalhador branco consegue um posto de trabalho em


menos tempo que um trabalhador negro quando ambos são analfabetos.

CEESVO 45
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

 Em todas as regiões, os trabalhadores negros com maior estabilidade no


emprego, são aqueles que tem curso universitário completo.

 Em todas as regiões o trabalhador negro recebe um salário menor do que


um trabalhador branco com o mesmo nível de escolaridade. Um caso
extremo foi observado em Salvador onde um trabalhador negro recebe
53% do salário de um trabalhador branco em média.

Concluímos que, apesar, de observarmos melhores condições de


trabalho entre pessoas com curso universitário completo, os salários recebidos
pelos trabalhadores negros é menor que do trabalhador branco. Nas regiões
metropolitanas, a situação agrava-se entre trabalhadores analfabetos onde as
diferenças são gritantes.
Estudos realizados em 2004 mostram que a situação é a mesma.
A constante divulgação do “mito da democracia racial” na sociedade
brasileira, que insiste em dizer que isso é “coisa do passado”, que já superamos
essa “bobagem de desigualdade”, que “existe uma convivência muito
harmoniosa com os negros”, que “policiais cumprem o seu dever quando fazem
‘revista policial’ e jamais encaram o negro como suspeito”, permitiu esconder as
desigualdades raciais, que eram e são constatadas nas práticas
discriminatórias de acesso ao emprego, nas dificuldades de mobilidade social da
população negra, que ocupou e ocupa até hoje os piores lugares na estrutura
social, que recebe remuneração inferior à do branco pelo mesmo trabalho, tendo
a mesma qualificação profissional.
Texto adaptado. (A mestiçagem no pensamento brasileiro – Kabengele Munanga e site Universidade Fed.
de São Carlos).

46 CEESVO
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

BIBLIOGRAFIA

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documento:imagem e texto – São Paulo. FTD, 2002.
 PEDRO, Antonio. História por eixos temáticos. São Paulo:
FTD, 2002.
 CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O racismo na História do
Brasil – Mito e Realidade. São Paulo: Editora Ática, 2001.
 BORGES, Edson. Racismo, preconceito e intolerância.
São Paulo: Atual, 2002.
 CARMO, Paulo Sérgio do. História e ética do trabalho no
Brasil. São Paulo: Moderna,1998.
 PILETTI, Nelson. História e vida integrada. São Paulo:
Ática, 2002.
 MORAES, Robson Alexandre de. História: Ensino
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 SARONI, Fernando. Registrando a História: Idade
Moderna e Idade Contemporânea. São Paulo: FTD, 1997.
 BENTO, Maria Aparecida. Cidadania em Preto e Branco:
Discutindo as relações raciais. São Paulo: Editora Ática,
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 STAMPACCHIO, Léo. Projeto Escola e Cidadania: História- São
Paulo – Editora do Brasil, 2000.
 MUNANGA, Kabengele. A mestiçagem no pensamento
brasileiro. Texto extraído do livro: Rediscutindo a mestiçagem
no Brasil – Identidade Nacional versus identidade negra- Minas
Gerais. Ed. Autêntica, 2004.
 APOSTILAS DO CEES DE SOROCABA
 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – Ensino
Fundamental
 DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO DAS
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E PARA O ENSINO DE HISTÓRIA
E CULTURA AFRO- BRASILEIRA E AFRICANA.
 Sites da Internet

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 7ª série

ESTA APOSTILA FOI ELABORADA PELA


EQUIPE DE HISTÓRIA DO CEESVO
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO SUPLETIVA
DE VOTORANTIM

PROFESSORAS: DENICE NUNES DE SOUZA


MEIRE DA SILVA OMENA DE SOUZA
ZILPA LAURIANO DE CAMPOS

COORDENAÇÃO: NEIVA APARECIDA FERRAZ NUNES

DIREÇÃO:

ELISABETE MARINONI GOMES


MARIA ISABEL R. DE C. KUPPER

VOTORANTIM, 2005.
(Revisão 2007)

OBSERVAÇÃO

MATERIAL ELABORADO PARA USO


EXCLUSIVO DO CEESVO,
SENDO PROIBIDA A SUA COMERCIALIZAÇÃO.

APOIO

PREFEITURA MUNICIPAL DE VOTORANTIM

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