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Nos trinta anos que antecederam a 1910, o México sofreu uma reestruturação que
redefiniu inclusive as suas fronteiras. Isso rendeu um crescimento estrondoso do
investimento norte-americano, que foi transferido para a ferrovia e para a mineração.
(pág 15) Entre o final do século XIX e o início do XX, não só a população, mas também a
economia, a renda nacional, a importação e a exportação (esta ainda mais) sofreram
um grande crescimento. A bancarrota das finanças se transformou em superávit em
1895.
Os autores utilizaram esses exemplos para mostrar que a Revolução Mexicana não foi
baseada na miséria, e sim da desordem que o progresso gerou, pois:
A resistência do clero data do século XIX, assim como a das comunidades locais. O
clímax foi com as leis de desamortização das propriedades de 1856, que foi sancionada
no período juarista pós-intervenção francesa.
Em 1895, Porfirio abriu uma nova onda de desamortização (liberação, para alienação,
dos bens de mão-morta), com a Lei das Terras Devolutas e Ociosas, que era a denúncia
e a apropriação de terras improdutivas.
Caminhos fechados
Entre 1900 e 1910, houve diversos fatores para o embarreiramento das classes média
e operária:
A inflação alta (dos investimentos estrangeiros) e as isenções fiscais fizeram o
governo criar novos impostos;
A consolidação das oligarquias diminuiu o espaço das classes médias;
As principais posições sociais começaram a ser ocupadas por amigos e
familiares dessas oligarquias, o que acabou criando uma rede de monopólio.
Os autores citam Benjamin Hill, que era um dos preteridos por conta dessas oligarquias
que ressugiram.
Por conta da queda dos investimentos estadunidenses e pela contração dos mercados
do mesmo, as fábricas de Cananea fecharam suas portas em 1907 e só reabriram em
1908, quando o maderismo já estava em marcha.
(pág 22) Os grevistas soltaram prisioneiros e, para conseguir armas, marcharam para
Nogales, onde também saquearam a sede municipal, libertaram mais presos e
prosseguiram com o estandarte de Juárez.
As greves de Cananea e Rio Blanco mostratam a Porfirio Díaz que o establishment não
funcionava sem repressão.
(pá g 23) O Despertar do Norte
A pax porfiriana despontou o surto capitalista no México. Bancos que facilitavam o
crédito, o boom do petróleo no Golfo, boom da mineração em Sonora, Chihuahua e
Nuevo León, boom industrial em Monterrey, entre outras coisas, trouxeram estímulo
material para uma dupla e efetiva incorporação: o mercado estadunidense e a rede da
República Mexicana. O Norte agora era um foco de investimentos.
O norte serrano foi o mais afetado quando da crise da mineração e da queda dos
preços do prata.
(pág 26) Os porfirianos chegaram ao poder através de uma rebelião militar em 1876.
Sua pretensão era a destruição dos enclaves que o período juarista construiu. Pouco a
pouco, os porfiristas e as classes que foram prejudicadas pelo establishment do
governo anterior tomaram conta da maioria dos estados mexicanos. No início do
século XX, os herdeiros do período juarista tentaram mudar o curso dos fatos.
Luiz González y González afirma que à medida que Porfirio envelhece, sua força de
vontade perece. Com isso, há a ascensão do maderismo.
(pág 28) O ano de 1908 foi um dos principais antecedentes da Revolução Mexicana por
conta da falta de estabilidade na economia.
Segundo Luis González y González, a crise em 1908 se deu por conta da baixa na
agricultura, da queda na produção industrial e da desvalorização da prata.
A relação com os EUA também estava ruim, pois Porfirio negociou a empresa El Aguila
com o capital britânico na intenção de conter a expansão econômica estadunidense.
Também em 1908, Porfirio gerou uma instabilidade política ao declarar que era a favor
de uma oposição.
Ao mesmo tempo que Reyes saía de cena, em 1909 se fundava o Clube Central Anti-
Reeleição, que trazia Madero como liderança. Ele era membro de uma grande família
latifundiária de Coahuila e ativo organizador de grupos oposicionistas que viajavam
pelo México com o slogan “o povo não quer pão, mas liberdade”.
(pág 31) Durante as viagens, esses grupos faziam comícios e fundavam grupos
antiporfiristas e anti-reeleição. O reyismo, abandonado, via no maderismo uma
salvação.
As únicas coisas que não mudavam na política porfirista eram seus métodos, suas
aspirações e, após 1900, sua obsolência complacente.
A fissura na represa
Os que apoiavam Madero foram os fazendeiros das antigas oligarquias, professores
revoltados pela miséria, políticos e militares em conserva. Os estadunidenses também
apoiavam Madero, uma vez que Porfirio estava negociando com a Inglaterra e
mantendo contatos com o Japão.
(pág 33) O apoio a Madero ia crescendo cada vez mais, fazendo com que a polícia
porfiriana voltasse seus olhos a ele. Os porfiristas prenderam Madero a fim de que ele
se mantivesse calado durante o período eleitoral. Diaz foi reeleito. Como o Ministro da
Fazenda de Porfirio fora amigo pessoal de Madero, este conseguiu liberdade
condicional. Violando a liberdade condicional, cruzou a fronteira e liderou uma
insurreição.
O Levante
Francisco Xavier Guerra localiza o levante nas serras mineiras do Norte.
(pág 35) Os principais pontos do levante são de um México setentrional com uma
agricultura precária. É o México das minas.
(pág 37) No mês de maio, a Revolução triunfa. No dia 21, os maderistas assinam um
acordo que legitima o Governo Provisório. Ainda assim, tropas maderistas invadiram as
cidades que ainda não estavam sob seu controle. A fase militar da Revolução
Maderista chegou ao fim em junho de 1911.
Domando o tigre
Quatro dias depois da assinatura dos tratados de Ciudad Juarez, Dom Porfirio assinou a
sua renúncia.
(pág 39) Apesar de prometer aliviar as necessidades das classes mais baixas, Madero
não anunciou melhorias salariais. Também provocou os empresários, dizendo que não
poderiam mais contar com os privilégios de outrora.
As eleições de outubro foram marcadas pela revolta vazquista, que contava com o
apoio de alguns caudilhos ex-maderistas. Madero sofre uma queda de popularidade.
Com isso, Bernardo Reyes propõe o adiamento das eleições. O Congresso recusa.
(pág 41)
Durante o governo maderista, houve movimentos sociais que buscavam o seu próprio
caminho. Houve muita resistência das guerrilhas maderistas à desmobilização. O
Exército Federal atuava em nome da legalidade, do novo governo e do próprio
Madero.
(pág 42) A guerrilha iria moldar a organização do Sul do México durante a década
seguinte. O Exército Federal os combatia como o fazia com os maderistas na era
porfiriana.
Ultrajes no Sul
Madero venceu as eleições de outubro de 1911 com 98% dos votos. Inicialmente,
governou sobre um modelo democrático no México.
Após as eleições, Madero virou as costas para seus apoiadores e impôs seu candidato à
vice-presidência através de uma eleição totalmente manipulada em alguns estados da
República. Acionou o Exército em uma campanha de “pacificação”; claramente contra
as aldeias meridionais e os bandos maderistas do ano anterior. Trouxe ao seu governo
conservadores ligados à ditadura porfiriana e não empreendeu nenhuma reforma
agrária que prometera.
(pág 44) O Plano de Ayala foi um exemplo claro do que a contradição maderista estava
causando. Foi uma clara ruptura com o maderismo.
O Plano se limitava a nomear Pascual Orozco como líder da Revolução e Zapata como
uma alternativa. Dizia que aldeãos e camponeses recuperariam a propriedade dos seus
bens, ainda que tivesse que mantê-las sob as armas. Seria o programa oficial da luta
agrária no México. Para eles, era obrigação dos usurpadores demonstrarem a sua
propriedade perante os tribunais. 1/3 das terras, montes e águas seriam expropriados,
uma vez que eram usados por proprietários ociosos, que monopolizavam a terra.
Nacionalizariam os bens de todos aqueles que se opusessem ao Plano de Ayala.
A pedra do arrieiro
A revolta zapatista durou até 1913, quando se fundiu com a onda insurrecional de
1913. Porém, essa revolta de Pascual Orozco foi uma indicação de que o governo
maderista estava tentando equilibrar suas relações com seus dois adversários.
(pág 45) Seus adversários eram a corrente revolucionária radical e, do outro lado, a
restauração das forças contra-revolucionárias. A rebelião de Orozco começou em
março de 1912 e foi lentamente incubada nos erros e indecisões do maderismo.
Em janeiro de 1912, Orozco renuncia seu posto em Chihuahua, pois Madero lhe havia
pedido que pressionasse o Legislativo para dar poderes especiais ao Governador
interino e que aniquilasse a frente zapatista. Ele não podia aceitar principalmente o
último pedido, uma vez que suas relações com Zapata lhe remetia à sua origem rural e
ela havia lhe dado o artigo 3º do Plano de Ayala, que era a liderança da Revolução.
Orozco renuncia seu posto, porém Madero não aceita. Em fins de fevereiro, a revolta
se espalha e o governo aceitou a renúncia de González, nomeando Orozco para conter
a rebelião.
(pág 47) Aceitar o cargo seria afrontar seus antigos camaradas. Orozco já tinha tomado
a decisão de romper com Madero.
Vendo o envaidecimento de Madero, Orozco se dispôs para lutar contra aqueles que o
haviam deixado de lado.
Um Exército triunfante
No dia 25 de março, a rebelião orozquista encontrou seu código no Plano da
Empacadora. Este plano consistia na condenação de Madero e tinha um antinorte-
americanismo. O tráfico de armas impediu o apoio norte-americano, fazendo com que
o movimento não saísse do lugar.
A maior parte de Chihuahua ficou na mão dos orozquistas antes que o governo
pudesse reagir.
Em outubro, um sobrinho de Porfirio Díaz, Félix Díaz, dizendo que a honra do Exército
foi pisoteada, propôs um golpe de Estado – que não foi aceito. No mês seguinte, o
rebelde, assim como Reyes, foi para uma prisão militar.
(pág 50) No outono daquele ano, o zapatismo não era mais uma ameaça para Madero.
Reyes e Félix Díaz estavam presos e a derrota do orozquismo livrou as montanhas do
Norte de uma oposição armada.
A democracia golpista
Depois de um ano de insatisfações dos trabalhadores (principalmente no setor têxtil de
Vera Cruz), o governo fez algumas concessões aos trabalhadores:
(pág 54) Wilson boicota um cessar-fogo que ele mesmo propôs e admitiu que tinha
comunicação permanente com Félix Díaz e Huerta. Em 17 de fevereiro, conclui as
negociações com as forças golpistas.
Wilson propôs ao corpo diplomático que apoiassem Huerta e Díaz. Sugeriu que Huerta
fosse presidente interino do México e instruiu a todos os cônsules estadunidenses que
se submetessem ao novo governo.