25 Julho 2008 27

OPINIÃO
Oitenta milhões EDITORIAL J
Por
N OÃO DE ORONHA

de pobres na Europa A liberdade do lápis azul

Por JOSÉ BANDEIRA
josebandeira@hotmail.co.uk
Cerca de 16% da população europeia, segundo a
Eurostat, sobrevive abaixo do limiar de pobreza apesar
da imagem “idílica” que as autoridades comunitárias
tentam projectar.
A UE (União Europeia) considera pobre o cidadão
com rendimentos inferiores a 60% da média nacional
de cada país membro. Este índice só por si não pode
dar um retrato fiel dos níveis de pobreza em todo o
território europeu, como aliás esclareceu o porta-voz da
Rede Europeia Anti-Pobreza, Audrey Gueudet.
Nestes termos, o limiar da pobreza na Roménia é de
558 euros anuais, enquanto no Luxemburgo é de
17.887 euros. Assim na Roménia está em risco de
pobreza aquele que vive com menos de 2 euros por dia,
enquanto na Bulgária, Letónia e Lituânia está em risco
de pobreza quem vive com menos de 4 euros por dia,
acrescentou Gueudet.
Apesar das diferenças de país para país acredito que
se o porta-voz Gueudet se encontrasse em qualquer das
situações referenciadas não se iria sentir em risco de
pobreza – iria, isso sim, sentir-se completamente pobre.
Afinal, o que é ser pobre na UE? Ser pobre na UE é
o mesmo que ser pobre noutras zonas do nosso
planeta? De acordo com Gueudet, a pobreza na UE é
quase sempre relativa e afecta principalmente aqueles
que vivem abaixo das médias nacionais e que “não
participam na vida económica, social e cultural da
sociedade.”
Mais uma vez me parece que Gueudet conhece
menos bem a realidade europeia e para não ir mais
longe basta referir as diferenças dos benefícios sociais
existentes em países como Portugal e o Reino Unido
para nos apercebermos das enormes diferenças entre os
europeus e a pobreza de uns e de outros.
No espaço europeu continuamos a poder encontrar
situações de pobreza absoluta, é verdade que não têm a
mesma dimensão que têm nos países africanos,
asiáticos e da américa-latina, mas são apesar de tudo
uma realidade difícil de aceitar e reconhecer por
governantes que tentam passar uma imagem de bem-
estar que as populações sentem cada vez menos.
A crise instalada e que os analistas afirmam ir manter-
se até ao final de 2009, os aumentos nos preços e
previsivelmente no desemprego, bem como a entrega,
por falta de pagamento, de cerca de 50 casas por dia aos
bancos só em Norfolk, são dados que nos dão uma
imagem clara do retrocesso na luta contra a pobreza.
“A pobreza é um fenómeno que tem muitas formas e
que é difícil de entender”, segundo um relatório da
Fundação Schuman, eu acrescentaria que é difícil de
entender principalmente para quem não é pobre. As
necessidades básicas como a comida, vestuário e
habitação já não são suficientes. É necessário saber que
comida, que vestuário e que habitação, é necessário
saber se os países podem continuar a ignorar e a
desperdiçar o seu principal recurso – as suas populações.
Muitos de vós, provavelmente, não se lembrarão do poder que
o lápis azul tinha sobre os jornalistas e a imprensa em geral, em
Portugal, durante a ditadura. Muitos de vós nunca ouviram falar
da censura, que impedia o direito de informar e o acesso à
liberdade e à diferença. Muitos de vós já não se lembrarão de
quando a verdade era escondida para defender interesses
instituídos, que ninguém podia contestar ou denunciar.
Hoje, o poder encoberto do lápis azul instalou-se e quer calar
todos aqueles que possam pôr em causa os benefícios
distribuídos por “cunhas” e troca de favores na nossa
comunidade. Hoje, protege-se um “cartel” há muito instalado na
nossa comunidade, que nada fez por ela, para além de viver à
sua custa...
Agora, vai-se mais longe!!
As autoridades portuguesas em Londres movimentam uma
“task force” que contacta os nossos anunciantes, pedindo-lhes
que retirem a publicidade do nosso jornal. Como motivo imvocam
a nossa “linha editorial”.
Voltou, pois, o lápis azul. E, na verdade, com sucesso – pois
perdemos alguma dessa publicidade que, acreditem, nos faz
muita falta. Só que, custe o custar, manteremos a mesma linha e
a mesma vontade em denunciar seja quem for, como bem podem
constatar através destas linhas...
Não nos amedrontam as ameaças nem a concorrência, pois
temos vivido há mais de dois anos com elas à nossa porta. Nem
os rumores. Nem os faxes. Nem as histórias. Nem a
maledicência quanto à minha pessoa e aos nossos
colaboradores. Nem sequer as demagogias ou os oportunismos.
Publicaremos sempre, seja com 40 ou com 4 páginas. Aliás,
a periodicidade, a honestidade, a verdade e a qualidade são
marcas que sempre caracterizaram o nosso jornal.

Solidariedade com os países lusófonos radicados no Reino Unido

PREZADOS AMIGOS E CIDADÃOS
DE MUITAS PÁTRIAS,
Os que partem não calculam, nem
deliberam, tampouco se resignam, palavras
que nos ajudam a explicar a coragem de
milhares de seres humanos que se
aventuram a deixar para trás os Países onde
nasceram não sabendo o calvário que terão
que atravessar nos Países de acolhimento,
quando muitas vezes, não é o eldorado que
ansiavam e tudo foi uma ilusão! No entanto,
a maioria destas pessoas não desistem,
antes, pelo contrário, persistem
encorajando-se e aconselhando-se
mutuamente uns aos outros vencendo todas
as espécies de obstáculos que se levantam
tendo como baluarte e refúgio o Santo de
Israel que habita no meio daqueles que O
louvam dia após dia! Na verdade, devemos
conclamar a plenos pulmões, porquanto já
chega de derrotismo e de inércia entre nós,
porque muitas Comunidades Emigrantes,
muito mais recentes do que as nossas já
estão num ponto mais avançado e mais
PUB.
sensibilizadas para qualquer eventualidade
que possa surgir, enquanto que nós
continuamos de costas viradas uns contra os
outros dando vantagens desta incúria a essas
mesmas Comunidades!
Perante tal descalabro convém questionar
a quem de direito, o que têm estado a fazer
durante todos estes anos, porquanto nada
vemos feito senão meterem palha na
albarda? Não quiseram ser incomodados?
Onde estão esses deuses e deusas
omnipotentes que alardearam aos quatro
ventos da Terra a protecção ao Trabalhador
Imigrado, impulsionados pelo cântico da
sereia comunista? Infelizmente e
vergonhosamente, têm vindo artigos no
www.portugalclub.org da autoria de Oficiais
Superiores das Forças Armadas
Portuguesas, onde se vêem humilhados por
algumas elites partidárias reinantes em
Portugal que de um certo modo pode
perigar com o sistema democrático já
estabelecido desde 1974!
Além disso, tem havido comentários na
internet acerca da “Diáspora”, alegando a
pés juntos que em Portugal o cidadão
emigrado é detestado e como prova disso
temos o repúdio aquando das eleições para
o Conselho das Comunidades, quando
alguns autoritários meteram o nariz onde
não eram chamados, fazendo com que
fossem excluídos o restante dos cidadãos
que vivem noutras Regiões
Metropopolitanas com maior percentagem
do que a que presentemente vive em
Londres! Igualmente, se pergunta às
Congregações Evangélicas de Lingua
Portuguesa, que têm estado a fazer ao longo
destes anos? Tiveram receio de sujar as
vossas vestes de santidade ? Como nos diz
Luis Vaz de Camões: Cessem do sábio
Grego e do Troiano/ As navegações grandes
que fizeram;/Cale-se de Alexandre e de
Trajano / A fama das glórias que tiveram;/
Que eu canto o peito ilustre Lusitano, / A
quem Neptuno e Marte obedeceram! Calem-
se todos esses heróis e heroínas que
levantam boatos e calúnias e aprendam a
História de oito Países que se dignam falar a
Língua de Camões que nos diz: Já tinha
vindo Anrique da conquista/ Da
Hierosólima sagrada,/ E do Jordão a areia
tinha vista! Daqui se pode concluir de que o
pai do primeiro Rei de Portugal fez parte de
uma das cruzadas que libertou Jerusalém do
jugo dos infiéis! E nós cidadãos de oito
Países Lusófonos que temos feito e o que
estamos a fazer que não temos passado da
cepa torta? Portanto, também nós,
desembaraçando-nos de todo o tédio que tão
tenazmente nos assedia, corramos resolutos
com perseverança a carreira que nos está
proposta, lutando a tempo e fora de tempo,
porquanto é urgente trabalhar em união a
fim de aglutinar desde já todas as
Comuninades Portuguesas que fazem parte
integrante da “C.P.L.P.”, radicadas no
Reino Unido e ilhas do canal de Jersey e
Guernsey, pois a nossa acção começa onde
outros já fracassaram!
Saudações Lusíadas,
F. Gonçalves da Silva