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EPIDERMÓLISE BOLHOSA

http://www.picarelli.com.br/o_povo_na_tv/report04052003c.htm

O que é

Epidermólise Bolhosa (EB) é uma doença grave e rara, não contagiosa, que se caracteriza por uma
sensibilidade muito acentuada na pele e mucosas com formação de bolhas nas células epidérmicas,
especialmente nas áreas de maior atrito, como resposta a qualquer acidente doméstico ou casual, ou
mesmo mudanças climáticas.

Tarefas simples, como engatinhar, caminhar, utilizar determinados tipos de roupas ou sapatos
demandam esforços suficientes para provocar a formação de bolhas. As bolhas de maior profundidade
formam cicatrizes que têm a aparência de uma queimadura.

As repetidas cicatrizes levam a complicações como a pseudosindactilia, uma condição na qual o


crescimento das cicatrizes causa a perda do movimento dos dedos do paciente, evoluindo para uma
distrofia, especialmente nas mãos.

Isto pode ser retardado se a família procurar a orientação de um médico ortopedista, ou um


fisioterapeuta, que tenham conhecimento da doença, fazendo exercícios recomendados e tendo os
devidos cuidados para evitar a perda dos movimentos muito precoce.

Essa perda de movimentos pode ser corrigida via cirurgia plástica, mas a operação deve repetir-se a cada
vez que a distrofia avança.
Nos pacientes com formas mais severas de EB, as bolhas podem também afetar as membranas mucosas
como a boca e o esôfago.

O simples ato de alimentar, torna-se, problemático. Neste caso, é necessário muito cuidado. Um dos
sintomas mais frequentes, que pode ocorrer, é a desnutrição. Os pacientes com EB perdem grandes
quantidades de vitaminas e proteínas quando as células da pele se rompem formando as bolhas. Os
nutrientes exauridos devem ser constantemente repostos para manter a saúde do paciente.

Pacientes com EB podem perder as unhas. Isto ocorre porque as unhas são feitas dos mesmos
componentes celulares que formam a pele e que são "perdidos", no rompimento das bolhas.

Os portadores de EB podem nascer com bolhas em algumas áreas, podem vir a ter bolhas imediatamente
após o nascimento, ou podem nascer com ausência total de pele em algumas regiões do corpo. Isto os
torna muito suscetíveis a sérias complicações secundárias como infecções. Podem, ainda, nascer com
complicações nos olhos, ou mesmo perda de visão.

Os portadores de EB podem nascer de pais que são primos, de pais que não têm nenhum grau de
parentesco; de famílias que tiveram antecedentes com EB, ou mesmo de famílias que nunca viram ou
ouviram falar na doença em parentes anteriormente.

Até o momento a EB não tem cura. A genética tem trabalhado no assunto, mas a cura ainda é vista como
um fato a acontecer no futuro. Com o avanço da Ciência na área de genética, tem-se a esperança de
cura dentro de alguns anos.
Tipos de EB

Existem três tipos de EB: simples, distrófica e juncional, numa classificação geral, cada um dos três tipos
tem os seus subgrupos

A forma simples se caracteriza por formação de bolhas nas áreas de maior atrito como mãos, pés,
joelhos, cotovelos. As bolhas cicatrizam e às vezes não deixam marcas.

Na EB distrófica as bolhas saem por quase todo o corpo, na boca e esôfago. As bolhas que formam no
esôfago cicatrizam causando estreitamento no esôfago, que leva a dificuldades para se alimentar. Há
perda das unhas, e, quase sempre há distrofias nas mãos e pés.

A EB juncional se caracteriza por formação de bolhas por todo o corpo, boca, esôfago, com dificuldade
para engolir. O mais grave problema é a má absorção dos alimentos, que evolui para a desnutrição,
dificultando a cicatrização, e, quase sempre, levando os pacientes a óbito.

Tratamento

Atualmente não há drogas nem terapias que curam ou mesmo controlam a formação de bolhas de forma
definitiva. Todos os tratamentos atuais objetivam a prevenção da formação de bolhas mais graves, de
infecções ou deficiências nutricionais. As bolhas são drenadas, com material estéril para diminuir a dor e
o inchaço e tratadas com cremes e pomadas para reduzir o risco de infecção.

O paciente requer tratamento constante através do uso de pomadas, curativos para os ferimentos, além
de vitaminas e uma alimentação diferenciada, rica em proteínas e calorias, necessários para os
portadores terem condições de sobreviver.

A alimentação adequada é muito importante para evitar a desnutrição, a baixa resistência, a infecção e
outras complicações. Por isto os pacientes devem ser acompanhados por um nutricionista.

Em alguns casos, os pacientes são acometidos por bolhas no esôfago e estas ao cicatrizarem causam
estreitamento no órgão. O estreitamento pode ser corrigido com cirurgias, mas como acontece com as
mãos, as cirurgias se repetem sempre que se fizerem necessárias.

Os pacientes de EB necessitam de um equipe de médicos de diversas especialidades, principalmente:


pedriatria, dermatologia, oftalmologia, ortopedia, gastroenterologia e de outros profissionais de saúde:
nutricionista, psicólogo, odontólogo, fisioterapeuta, etc.

Pode ocorrer de pessoas leigas, curiosas ou "bem intencionadas" receitarem remédios ou tratamentos
diversos, mas que não devem, sob hipótese alguma, serem aceitos.
Como é um portador de EB

Os portadores são seres humanos muito especiais, muito inteligentes. Necessitam de muito amor,
carinho, dedicação, mas não necessitam de superproteção.

Apesar da fragilidade da pele, podem vir a ter uma vida quase normal. Em torno dos 07 (sete) anos a
criança começa a aprender a se defender e se proteger, e a ocorrência de bolhas pode começar a
diminuir.

A vida escolar pode ter pequenos transtornos no início, mas com o apoio dos pais e da escola, a criança
vai adquirindo confiança e segurança para enfrentar um meio social diferente, que aos poucos vai se
tornando normal para ela.

Temos exemplos de vida como a Cláudia Maria Portela Eleutério, 42 anos, residente em Belo Horizonte,
que é presidente da Associação de EB de Minas Gerais, é condutora de automóvel, dirige o seu carro por
toda a cidade. Em Brasília, a Anna Carolina Ferreira da Rocha, nascida em 31/05/83, é professora de
inglês e está cursando Ciência da Computação na Universidade de Brasília - UnB.

A criança deve saber desde cedo o nome da doença da qual ela é portadora, que não é contagiosa, que a
doença não a impede de se relacionar com outras pessoas, que a pele é muito frágil mas que não impede
de dar e receber um abraço, de brincar com outras crianças, desde que seja com cuidado para não se
ferir, pois é muito grande o questionamento da sociedade. Quando se explica do que se trata a doença o
medo ou discriminação das pessoas geralmente diminui ou acaba.

Como é um problema sério e raro de saúde, muitas vezes o paciente tem dificuldade de conviver com a
doença. Neste caso, a ajuda de um psicólogo torna-se essencial, não somente para o paciente, mas
também, para os familiares.

Fonte: Associação dos Parentes, Amigos e Portadores de Epidermólise Bolhosa Congênita (Brasília, DF)
MANIFESTAÇÕES ORAIS NA EPIDERMÓLISE BOLHOSA: RELATO DE UM CASO.

http://www.hcnet.usp.br/otorrino/arq5/epid.htm

INTRODUÇÃO

Epidermólise bolhosa congênita (EB) representa grupo heterogêneo de patologias de caráter genético
caracterizada pela formação de bolhas na região cutâneo-mucosa, após trauma mínimo, como resultado de
fragilidade mecânica do epitélio1,2,7. Há, também, uma forma adquirida que não é relacionada à que
descreveremos5.

Mais de 20 subtipos têm sido descritos, de acordo com o tipo de padrão genético, distribuição regional das
lesões e aparência individual destas, presença ou não de atividade extracutânea e achados ultraestruturais
e imunohistoquímicos.

Estes subtipos são divididos em três categorias: eb simplex, EB juncionalis e EB distrófica6. Alguns dos
subtipos são relativamente comuns, porém outros são bastante raros como a forma juncional progressiva,
com apenas 18 casos na literatura. É imperativo que estas crianças sejam acompanhadas, já que elas
podem apresentar obstrução de vias aéreas superiores e/ou disacusia.

RELATO DE CASO

Apresentamos criança com 18 meses de idade, sexo feminino, procedente de São Paulo, cujos pais são
primos em segundo grau. Não há relato de casos semelhantes na família, nem história de descendência
européia. A criança apresentava bolhas hemorrágicas na boca e disfonia, desde os primeiros dias de vida.
Na evolução, as bolhas apareceram também na face, tronco e mãos, além de distrofia ungueal e cáries.
Não havia relato de surdez por parte dos pais.

O exame físico revelava bolhas hemorrágicas na face, tronco e extremidades (Figura 1). Havia atrofia da pele
no dorso das mãos, com perda parcial de impressões digitais e hiperqueratose em mãos e pés.

Na cavidade oral, apresentava lesões bolhosas polimórficas nas regiões jugal, vestibular e vermelhidão nos
lábios (Figura 2). O esmalte dentário era defeituoso, com cáries. O exame endoscópico revelou processo
inflamatório não característico na mucosa laríngea, sem formação de bolhas. A audiometria de tronco
cerebral era normal. A criança era pequena em relação à idade e nenhum acometimento sistêmico foi
encontrado.

A biósia de pele revelou EB juncionalis progressiva. À microscopia óptica, encontrou-se formação de bolha
dermoepidérmica com conteúdo seroso (Figura 3). Notou-se, também, vasodilatação e infiltrado inflamatório.
A microscopia eletrônica mostrou separação entre o estrato basal e a lâmina lúcida cacterizando este tipo
de patologia (Figura 4).

A criança evoluiu com aparecimento de vários ciclos de formação de bolhas, geralmente com infecção
secundária.

DISCUSSÃO

EB progressiva é raro subtipo de epidermólise bolhosa, descrita inicialmente por Gedde-Dahl6. EB simplex é
mais prevalente, enquanto a forma juncional é bastante rara . A forma simplex é transmitida de maneira
autossômica dominante; a juncional de forma autossômica recessiva e a distrófica tem padrão variável5.

Fisiopatologicamente, é causada pela adesão anômala entre os componentes do epitélio, o que pode
ocorrer em diferentes níveis, depedendo do subtipo em questão. Na forma juncional, a ruptura ocorre na
lâmina lúcida da membrana basal e, na distrófica, na lâmina densa. Devido à pequena coesão, há formação
de bolhas após trauma mínimo.
Para o otorrinolaringologista, as formas juncional e distrófica são importantes porque podem ocorrer lesões
nas vias aéreas e esôfago. Na forma juncional, raramente, pode ocorrer disacusia.

As primeiras manifestações geralmente ocorrem na infância ou adolescência, e são caracterizadas pela


formação de bolhas na pele, difusas pelo corpo, principalmente onde o atrito é maior, como ocorre em
nosso caso. Com exceção da forma distrófica, na há cicatrizes. Distrofia ungueal pode ocorrer nas formas
juncional e distrófica4 .

Nestes dois subtipos, a cavidade oral é susceptível a injúrias, como erosões, bolhas e eventual
desnudamento da língua12, além de anquiloglossia e microstomia. A presença de acometimento do esmalte
dentário é característica da forma juncional10,12.

No caso apresentado, notamos presença de lesões polimórficas na mucosa oral e na língua. Não havia
evidência de desnudamento da língua, nem anquiloglossia, talvez por tratar-se da forma mais branda de
acometimento, ou devido ainda ao pequeno tempo de evolução.

O envolvimento laríngeo, usualmente, ocorre nos primeiros dois anos de vida e pode ter caráter indolente ou
severo. Inicialmente, manifesta-se como rouquidão intermitente e pode levar à estenose laríngea, sendo a
traqueostomia necessária nestes casos4. Lesões laríngeas típicas não foram encontradas em nosso caso.
Alguns pacientes podem desenvolver lesões no trato digestivo, onde estenose esofágica ou bolhas
perianais podem aparecer3,8,11.

Apesar das manifestações clínicas sugerirem o diagnóstico, ele só é confirmado pelo estudo
histopatológico, onde o plano de clivagem indica o subtipo envolvido. A EB juncional mostra, à microscopia
óptica bolhas subepidérmicas e perda das papilas dérmicas; na microscopia eletrônica, ruptura na região da
lâmina lúcida. Não são encontrados depósitos eletrodensos em todos os casos. Os hemidesmossomos
podem estar em número diminuído ou ausentes1,9.

Na primeira descrição desta patologia, por Gedde-Dahl, o paciente apresentava disacusia neurossensorial e
o autor acreditou que seria parte da síndrome. Porém, outros estudos mostraram que a disacusia era
entidade diferente, ligada a outro gene, mas transmitida de forma intimamente ligada ao gene da
epidermólise na população norueguesa. Por isto, é importante avaliar se há presença de hipoacusia nestes
pacientes. Em nosso caso, a audição revelou-se normal.

O tratamento é multidisciplinar e, infelizmente, nenhum tipo específico de terapêutica existe. Deve-se evitar
traumas cutâneo-mucosos; as infecções secundárias devem ser tratadas com antimicrobianos tópicos e/ou
sistêmicos e a dieta rica em proteínas, ferro e zinco. Acompanhamento odontológico é imperativo. O uso de
difenilhidantoína e vitamina E é baseado em estudos em que se assinala a inibição da síntese de colágeno,
mas seu uso é controverso6.

Os otorrinolaringologistas devem estar familiarizados com esta patologia no diagnóstico diferencial de


lesões bolhosas da cavidade oral e vias aéreas superiores e também no diagnóstico das disacusias.

REFERÊNCIAS

1. Bircher, A. et al. - Epidermolysis Bullosa Juncionallis Progressiva in three siblings. British Journal of dermatology. 128:
429-435 (1993).

2. Eady, R. A. J. - The Classification of Epidermolysis Bullosa. In: Priestley, G C; Tidman, MJ; Weiss J B, Eady, RAJ.
(1990) A Comprehensive Review of Classification, Management and Laboratory Studies. Growthom. Debra. pp1-9

3. Feurle, G. E.; Weisdauer, H.; Bauldauf, G.; Brancs, T. - Management Of Esophageal Stenosis in Recessive
Dystrophic Epidermolysis Bullosa. Gastroenterol). 87: 1376-80 (1984)

4. Fine, J. - Inherited Epidermolysis Bullosa. In: Fine, J (1992). Bullous Diseases. Igakushoin. New York-Tokyo (1992)
ppl. 135-153

5. Fonseca, J. and Obadia, L. - Epidemólise bolhosa: Recentes Avanços. An.Bras. Dermatol. 65: 171-174 (1990).

6. Gedde-Dahl, T. - Epidermolysis Bullosa: A Clinical, Genetic and epidemiological Study. Baltimore. The Johns Hopkins
Press (1971) pp135-153
7. Gedde-Dahl, T. Jr. - Epidermolysis Bullosa. In: Emery, A E H; Rimson, DL. Principles and Practices of Medical
Genetics vol 1. New York. Churchill Livingstone (1983) ppl. 672-87

8. Gryboski, D. et al. - Gastrointestinal Manifestations of epidermolysis Bullosa in Children . Arch Dermatol. 124: 746-
521(1988).

9. Haber, R. et al. - Epidermolysis Bullosa Progressiva. Journal of the American academy of dermatologv. 16:195-200
(1987).

10. Nowark, A. J. - Oropharyngeal Lesions and their Management in Epidermolysis Bullosa. Arch Dermatolol 124:742-45
(1988).

11. Tidman, M. J. et al. - Oesophageal Web Formation in Dystrophic Epidermolysis Bullosa. Clin Exp Dermatol. 13: 279-
81(1981).

12. Wright, J. T.; Johnson, L. B. - Oral Soft Tissues in Hereditary Epidermolysis Bullosa. Oral Surg Oral Med Oral Pathol.
71: 440-44(1991).
EPIDERMÓLISE BOLHOSA DISTRÓFICA

http://www.dcfmusp.com.br/ligas/relato/11.pdf

Introdução: Compreende um conjunto de afecções bolhosas hemorrágicas e erosões, de


caráter hereditário. Evolutivamente, surgem cicatrizes e cistos tipo milium. Existe uma especial
fragilidade cutânea que se traduz pela formação de bolhas aos mínimos traumatismos. A
nutrição é dificultada por cicatrizes sinequiantes decorrentes de lesões na mucosa oral e de
lesões esofágicas, que podem resultar em estenoses graves. As mãos e pés podem
apresentar-se notavelmente deformados, com fusão total dos dedos por sinéquias, unhas
hipoplásicas e contraturas, levando à inutilização funcional das extremidades. O tratamento se
baseia em medidas paliativas. Possui baixa incidência (1:1.000.000); encontra-se somente um
caso na Baixada Santista.
Objetivo: Descrever um caso de Epidermólise Bolhosa Distrófica na sua forma Recessiva e
relaciona-lo com a literatura.
Relato de Caso: J.P.L.M., 9 anos, branco, do sexo masculino. Apresentou bolhas difusas pelo
corpo ao nascer, inclusive nos órgãos internos, e que não cicatrizavam. Com o tempo, passou
a apresentar sinéquias com fusão dos dedos das mãos, e aos três anos fez sua primeira
cirurgia de correção, visando a separação dos dedos. Pelo fato de ainda não existir cura, a
doença evoluiu e atualmente o paciente perdeu parte dos movimentos do joelho, apresenta
pseudosindactilia, lesões nas costas, região glútea e pernas, além de retração da gengiva. O
tórax encontra-se inclinado anteriormente devido à lesões na virilha.
Pseudosindactilia, característico da forma recessiva.

Conclusão: De acordo com a literatura, o caso apresentado pode ser diagnosticado como
Epidermólise Bolhosa Distrófica Recessiva.

Referências: Minelli L. et al., 1996; Sampaio S. et al., 2000; Primo L. et al., 2001; Du Vivier A.
et al., 1997; Arnold H. et al., 1994
Epidermólise bulhosa epidermolítica
http://www.orpha.net/static/PT/epidermolise_bulhosa_epidermolitica.html

• Epidermólise bolhosa das mãos e pés


• Epidermólise bolhosa herpetiforme, tipo Dowling-Meara
• Epidermólise bolhosa simples - distrofia muscular das cinturas
• Epidermólise bolhosa simples com anodontia - alterações dos cabelos e unhas
• Epidermólise bolhosa simples, tipo Koebner
• Epidermólise bolhosa simples, tipo Ogna
• Epidermólise bolhosa simples, tipo Weber-Cockayne
• Epidermólise bulhosa simples com distrofia muscular
• Epidermólise bulhosa simples com pigmentação variegada (forma rara)
• Epidermólise bulhosa simples tipo Dowling-Meara (epidermólise bulhosa simples
herpetiforme)
• Epidermólise bulhosa simples tipo Köbner
• Epidermólise bulhosa simples tipo Weber-Cockayne

• Anodontia/oligodontia
• Cabelo fino
• Cabelo quebradiço
• Cabelo rarefeito/ausente (generalizado)
• Hereditariedade autossómica dominante
• Miopia
• Máculas/pápulas
• Vesículas
• Alterações do esmalte dos dentes
• Anemia
• Anomalias da língua/gengiva/mucosa
• Anomalias das unhas
• Anomalias dos dentes
• Atraso de crescimento intrauterino
• Atrésia duodenal/estenose/pâncreas anelar
• Cicatrização anormal
• Clinodactilia dos dedos do pé
• Dificuldades na alimentação no lactente
• Estenose pilórica
• Estrutura corneana anormal
• Fístula traqueo-esofágica
• Hereditariedade autossómica recessiva
• Hiperqueratose
• Hipoplasia/atrofia cutânea
• Infecção cutânea crónica
• Infecções recorrentes
• Língua com fissuras
• Megaureter/hidronefrose
• Nado morto/morte neonatal
• Neoplasia/cancro
• Poliidrâmnios
• Sindactilia dos dedos do pé
• Unhas displásicas/grossas/sulcadas
• Unhas dos pés displásicas/grossas/estriadas
• Unhas pequenas/ausentes
• Surdez
• Unhas anormais
Reconstrução da mão na epidermólise bolhosa*

http://www.varosoft.com.br/clientes/rbo/web/materia.asp?mt=767&idIdioma=1

EMYGDIO JOSÉ LEOMIL DE PAULA, RAMES MATTAR JR., MÁRCIA ARIMA3, RONALDO JORGE AZZE

INTRODUÇÃO

Descrita por Von Hebra em 1870(1), a epidermólise bolhosa (EB) é uma doença congênita
rara, que se caracteriza primariamente pela formação de bolhas na pele após traumatismos
mínimos. Mais de 20 subtipos de EB já foram descritos, mas usualmente é classificada em três
grupos principais:

1) EB simplex (EBS): é o tipo mais comum; é pequena a formação de bolhas, que são
intradérmicas, acometendo principalmente mãos e pés. É transmitida por gene autossômico
dominante e geralmente não causa cicatriz ou marcas.

2) EB juncional (EBJ): acomete predominantemente a transição derme-epiderme, levando à


formação generalizada de bolhas por todo o corpo. Apresenta uma forma grave, denominada
“tipo Herlitz”, que é letal em 100% dos casos ainda na infância. É transmitida por gene
autossômico recessivo e não leva à formação de cicatrizes.

3) EB distrófica (EBD): sua principal característica, além de bolhas, é a formação de cicatrizes


em qualquer região do corpo que apresente revestimento epitelial ou mucoso. A forma mais
grave é transmitida por gene autossômico recessivo (EBDR) e sua prevalência é de 1/300.000
nascimentos; a forma autossômica dominante (EBDD) tem melhor prognóstico e sua
prevalência é de 1/50.000.

As manifestações clínicas da EB estão presentes ao nascimento. As bolhas aparecem


primeiramente nos locais submetidos a qualquer tipo de atrito e, com o passar do tempo, nas
áreas de atrito mais freqüente, como as mãos, cotovelos, joelhos e pés. Essas ulcerações
levam à formação de cicatrizes que culminam com contraturas dos dedos, pseudo-sindactilias,
destruição da matriz ungueal nos pés e mãos, que, se não forem tratadas, culminam com o
“encasulamento” da mão, assumindo a forma de “luva de boxe”(2).
O surgimento da pseudo-sindactilia e a perda progressiva da elasticidade da pele na região
palmar da mão, sem o acometimento articular, são os primeiros sinais do início da instalação
das contraturas em flexão dos dedos e adução do polegar nos pacientes portadores da EB.
Estas contraturas acometem primeiramente as articulações interfalangianas dos dedos mais
ulnares (fig. 1a) que, se não tratadas, evoluem para deformidade em flexão dos dedos (fig.
1b). O atrito entre os dedos leva a ulcerações que evoluem para as pseudo-sindactilias (fig.
1c), levando a um desvio ulnar dos dedos. Instalada essa deformidade, o paciente passa a
realizar uma pinça lateral, que propicia a ocorrência da deformidade em adução da primeira
comissura, com o encurtamento progressivo dos músculos adutor curto do polegar e primeiro
interósseo dorsal, levando a perda progressiva da função da mão (fig. 1d). Com o passar do
tempo ocorrem as deformidades articulares, que se iniciam, preferencialmente, nas
articulações interfalangianas distais.

Nas mucosas, as bolhas levam à formação de sinequias, causando estreitamento esofágico,


alterações na arvore brônquica, nas pálpebras, com o surgimento de ectrópio, e até em valvas
cardíacas(3).

Dada a perda crônica de eletrólitos e proteínas pela constante formação de bolhas e associada,
na grande maioria dos casos, à desnutrição crônica, as alterações sistêmicas como anemia
ferropriva e deficiência protéica são freqüentes(4).

O primeiro relato do tratamento cirúrgico para a correção das deformidades nas mãos de
pacientes portadores de EB pertence a Kitlowski e Banfield(2), que consiste na simples
remoção do casulo epidérmico. Esta técnica mostrouse ineficaz devido à rápida recorrência das
deformida-(2,3,4,5,6,7). Esses mesmos autores indicaram que, além da necessidade de
dissecção dos planos dermais entre os de-dos e a liberação das articulações contraturadas,
havia a necessidade da enxertia de pele e artrodese das articulações interfalangianas
proximais e distais com intuito de manter a correção obtida. Mesmo assim, a recidiva das
deformidades, após alguns meses, era freqüente. Com o intuito de retardar o surgimento das
recidivas, Greider e Flatt(8) mantêm as correções com a fixação das articulações utilizando fios
de Kirschner presos a uma armação em forma de ferradura que fica ao “zênite”, por um
período de duas a três semanas, seguidas da utilização de órtese de termoplástico,
confeccionada no momento da retirada do aparelho.

Neste trabalho, os autores apresentam um método de tratamento cirúrgico para a correção


das deformidades nas mãos utilizando uma órtese por eles idealizada, que é préconfeccionada
e instalada imediatamente após o ato cirúrgico. Apresentam um protocolo de tratamento
baseado na experiência adquirida e os resultados preliminares em sete pacientes, perfazendo
um total de 11 mãos operadas.

CASUÍSTICA E MÉTODO
No período de novembro de 1997 a dezembro de 2000, 20 pacientes portadores de EBDR, com
diagnóstico confirmado através de biópsia de pele e microscopia eletrônica, foram submetidos
à correção cirúrgica das mãos, perfazendo um total de 30 mãos operadas. A idade variou de
três a 23 anos, com média de 9,2 anos. Doze pacientes eram do sexo masculino e oito do
feminino. O tempo de evolução das deformidades variou de dois a 19 anos, com média de 7,2
anos.

As deformidades foram classificadas segundo Terrill et (9), que consideram as contraturas, em


flexão ou extensão, das articulações acometidas (quadro 1).

Todos os pacientes apresentavam deformidades nas duas mãos. Nos pacientes com idade
inferior a sete anos e não classificados como do tipo “A”, a correção das duas mãos foi
realizada no mesmo ato cirúrgico. Nos pacientes portadores de deformidade do tipo “A”,
optou-se pela correção de uma só mão, dada a sua gravidade.
Nesta casuística, quatro mãos operadas apresentavam deformidade do tipo “A”, 16 mãos com
deformidade do tipo “A2”, 10 mãos com deformidade do tipo “A1” e quatro mãos com
deformidade do tipo “B1”, todas com pseudosindactilia dos dedos e contratura em adução do
polegar.

Técnica cirúrgica
Todos os pacientes foram submetidos à anestesia geral inalatória associada ou não a
ketamina(10). Apesar de apresentarem anemia crônica importante, os pacientes estavam
compensados do ponto de vista hemodinâmico, não havendo necessidade de transfusões pré-
operatórias. Devido à necessidade da liberação dos músculos primeiro interósseo dorsal e
adutor do polegar para a abertura da primeira comissura, utilizamos o garrote pneumático com
esvaziamento sanguíneo por elevação para não criar novas lesões com a passagem da faixa
elástica. O procedimento foi sempre iniciado com a liberação do polegar e abertura da primeira
comissura, com a secção do “casulo dérmico” que envolve os dedos e determinação do plano
de clivagem subdermal que existe entre eles, realizando a liberação através de dissecção
romba e suave, não havendo, nesta fase, preocupação com o feixe neurovascular dos dedos.
As contraturas em flexão são tratadas da mesma maneira e por meio da extensão passiva das
articulações acometidas. Nos casos em que, durante essa manobra de dissecção, ocorra
exposição do feixe vasculonervoso, geralmente no ápice das pregas de flexão, deve-se realizar
a enxertia de pele. Nos pacientes portadores de deformidade do tipo “A” (fig. 2, a e b), realiza-
se a enxertia de pele em todas as áreas liberadas no mesmo ato cirúrgico. Após a liberação
das pseudo-sindactilias e contraturas dos dedos, as articulações IFP e IFD de cada dedo são
transfixadas no eixo longitudinal com fio de Kirschner que, além de manter essas articulações
estendidas, serve para apoio da mão na órtese (fig. 2, c e d).

A órtese consiste de uma armação tubular de termoplástico em forma de “raquete de tênis”,


que apresenta perfurações na sua parte inferior para o encaixe dos fios de Kirschner que foram
passados nos dedos. Na sua porção proximal existe um apoio para o antebraço e punho que
fica acoplado ao paciente, por meio de enfaixamento com ataduras de crepe.

A órtese pré-confeccionada é então ajustada para a melhor disposição dos dedos, mantendo-
se o espaço das comissuras e o alinhamento dos dedos (fig. 3, a e b). Após a sua instalação, é
adicionada uma estrutura circular, também confeccionada de termoplástico, que é presa
perpendicularmente, dando forma esférica a todo o conjunto, de forma que a mão operada
fique suspensa no seu interior, sem que haja contato do curativo sobre as áreas
desepitelizadas ou enxertadas (fig. 3, c e d).

Esta órtese é fixa (não removível) e permanece na mão do paciente por duas a três semanas,
período necessário para epitelização das áreas liberadas cirurgicamente, quando, então, o
paciente é submetido a sedação e a órtese e os fios de Kirschner são retirados. Durante o
período em que permanece com a órtese, o paciente é submetido a curativos semanais em
regime ambulatorial, que consistem na lavagem da mão com soro fisiológico aquecido e
gotejamento com vaselina líquida, que facilita a retirada das crostas que impedem a
epitelização.

Tratamento pós-operatório
Na última semana de utilização da órtese, é desenhado um molde da forma da mão para a
confecção de luvas de proteção. Estas serão utilizadas pelo paciente após a retirada da órtese.
Nessa data também é realizado um molde de toda a mão que servirá para a confecção de uma
órtese noturna de acrílico (fig. 4).

Após a retirada da órtese, os pacientes são estimulados a iniciar a movimentação dos dedos e
encaminhados ao serviço de terapia da mão, onde permanecem no programa de reabilitação
até estar aptos para realizar as atividades de vida diárias. Durante todo o período de
reabilitação, os pais e pacientes são conscientizados da importância da utilização das luvas e
da órtese noturna com o intuito de prevenir e retardar a recidiva das deformidades (fig. 5).
Critérios de avaliação

Déficit da flexão e apreensão


Déficit de extensão (angulação entre a cabeça do metacarpiano e a falange distal)

Déficit de flexão (distância entre a ponta da falange distal e a palma da mão)

Grau de adução do polegar

Grau 1 – polegar com limitação da abdução, porém não empalmado (funcional)

Grau 2 – polegar aduzido e empalmado.

Grau de pseudossindactilia residual(11)

Grau 0 – sem fusão

Grau 1 – fusão até a IFP

Grau 2 – fusão até a IFD

Grau 3 – fusão de todo o dedo

Foi fornecido um questionário aos pais dos pacientes, para avaliação subjetiva, constando
capacidade para realização das atividades diárias correspondentes à faixa etária de seus filhos.

RESULTADOS
Após seguimento pós-operatório mínimo de seis meses e máximo de 30 meses, com média de
20 meses, observamos melhora significativa do déficit de extensão dos dedos (fig. 5a), bem
como a manutenção da correção obtida, com um déficit de extensão final que foi em média de
–10º. Com relação ao déficit de flexão final, a média da distancia polpa/palma foi de 4,3mm
(fig. 5b).

Houve melhora da abdução do polegar em todos os ca-sos com a manutenção da correção,


com grau 1 de deformidade em adução (fig. 5c), com retorno do movimento de oponência em
16 mãos (fig. 5d). A manutenção da correção das pseudo-sindactilias foi a que alcançou os
melhores resultados, com grau 0 em oito mãos e grau 1 nas 22 mãos restantes.
Com relação ao questionário, todos os pacientes, com exceção de um, apresentaram, segundo
os seus pais, melhora da qualidade de vida, com recuperação da capacidade de realizar a
preensão e algumas tarefas da vida diária, como alimentar-se sem auxilio, desenhar ou
escrever e até mesmo vestir-se sem ajuda (fig. 6).

No caso do paciente que referiu dificuldades para executar as tarefas que realizava
anteriormente à cirurgia, elas foram devidas à não correção total da deformidade; foi proposta
uma nova cirurgia para melhorar o posicionamento dos dedos.

Complicações
Houve recidiva da deformidade em flexão dos dedos ulnares (4º e 5º) em dois pacientes, que
se tornaram incapacitantes após um período de 16 meses e foram submetidos a procedimento
de liberação desses dedos, porém sem a necessidade de utilização da órtese.

DISCUSSÃO
A razão principal para a procura do tratamento pelos familiares dos pacientes portadores da EB
é a perda da função associada à deterioração progressiva da aparência, com efeitos
devastadores no desenvolvimento psicossocial dessas crianças. O tratamento cirúrgico só deve
ser considerado quando as deformidades são incapacitantes e existe a compreensão,
principalmente dos responsáveis, de que as deformidades recidivam e que é fundamental a
cooperação deles e do paciente, durante a fase pós-operatória e no esforço para a manutenção
das correções obtidas.
Até o presente momento, não existe cura para a EB, sendo o principal objetivo do tratamento
cirúrgico melhorar a função da mão e retardar ao máximo a recidiva das deformidades. Esta
recidiva é inevitável, havendo referências de intervalo de um mês a até seis anos entre a
primeira e uma segunda cirurgia(10,11).

Tradicionalmente, para a restauração das comissuras, os dedos são separados através de


incisões volares e dorsais até a identificação do plano dérmico que se encontra inalterado sob
o “casulo epidérmico”. As contraturas em flexão dos dedos são desfeitas com o auxílio de
incisões de alívio e após esta liberação é realizada enxertia de pele, que geralmente é retirada
da região ântero-medial da coxa (5,6,12,15). Alguns autores advogam a utilização de pele
sintética, obtida a partir de cultura de queratinócitos ou de fibroblastos, com bons
resultados(16). Essa técnica é complexa e cara, não estando disponível em nosso meio.

Em nossa casuística optamos por realizar a enxertia de pele somente nos casos classificados
como tipo A. Nesses pacientes, devido ao longo tempo de evolução sem tratamento, ocorre a
perda do plano de clivagem dérmico, que é substituído por tecido cicatricial ou gorduroso sem
potencial de reepitelização. Nos casos de menor gravidade e com pouco tempo de evolução,
concordamos com outros autores que a enxertia de pele é desnecessária, devido à existência
desse plano dérmico de clivagem bem definido, com grande potencial de reepitelização, que
ocorre, em média, após duas semanas(9,15).

Ao começarmos a tratar esses pacientes observamos que, quando os curativos


tradicionalmente utilizados eram trocados, além da necessidade de sedação ou até mesmo
procedimento anestésico, parte da pele neoformada se descolava com facilidade da derme,
devido à própria doença, com o surgimento de nova área cruenta, que propicia a formação de
novas aderências, além do retardo no início da reabilitação.
Dessa maneira, idealizamos a órtese por nós utilizada, que dispensa qualquer tipo de curativo
em contato direto com a pele, facilitando, conseqüentemente, a realização do curativo, que se
torna praticamente indolor. São necessários apenas curativos semanais para a remoção de
crostas, que se soltam após a aplicação de vaselina líquida estéril. Outra vantagem da órtese é
que ela permite ajustes no posicionamento dos dedos, mesmo após a sua instalação,
possibilitando a manutenção da correção das contraturas e, principalmente, do espaço da
primeira comissura, que é fundamental para a recuperação da função de pinça(6).

Outro aspecto que deve ser considerado é que a recidiva das deformidades está diretamente
relacionada à não utilização de órteses, independente do tipo de cirurgia realiza-(11,12). O
tratamento pós-operatório com o uso prolongado de órteses traz várias limitações, sendo,
inclusive, um fator de piora da rigidez articular, principalmente nos pacientes adultos. Outro
inconveniente é que seu uso se torna muito desconfortável quando existem áreas cruentas na
mão(14,15,16).

Conseguimos contornar esse problema desenvolvendo uma luva tipo “de motorista”,
confeccionada com um tecido que dissipa o atrito e pouco aderente à pele, minimizando,
assim, os traumatismos e a formação de bolhas na mão durante as atividades diárias. Essa
luva, além de não trazer nenhuma limitação, mantém as comissuras abertas e é bem aceita,
sendo de uso diuturno e trocada uma vez ao dia. Mesmo assim, deve ser dada atenção
constante às condições da pele, que deve sempre ser tratada com cremes à base de uréia para
retirada das crostas que se formam sobre as áreas lesadas que, dependendo da sua
localização, propiciarão a recorrência das deformidades.

Com o intuito de minimizar essa tendência, associamos à luva o uso de uma órtese noturna,
que foi moldada com a correção obtida quando da retirada da órtese fixa. A função dessa
órtese é impedir o contato entre os dedos durante o sono, o que evita a formação de pseudo-
sindactilias ou a recidiva da deformidade quando ocorrem lesões da pele. Os dois pacientes
que evoluíram com recidiva, por nós considerada como precoce, não estavam mais utilizando a
órtese noturna.

Em nossa casuística, observamos que nos pacientes mais novos, sem patologia articular
associada, os resultados com relação à flexo-extensão dos dedos foram melhores.
Acreditamos, a despeito de relatos na literatura(14), que o período de duas a três semanas
com os dedos em extensão, mantidos pelos fios de Kirschner, pouco interfere com a
recuperação da mobilidade. É nossa impressão de que a dificuldade para movimentar os dedos
esteja mais relacionada com o grau de atrofia e encurtamento, por desuso, da musculatura
flexora.

Outro aspecto que deve ser considerado é que esses pacientes, em sua grande maioria, são
carentes, o que torna ainda mais difícil o tratamento, do ponto de vista social, psicológico e
econômico, havendo a necessidade de uma equipe multidisciplinar, com especialistas de todas
as áreas da saúde familiarizados com a doença(10,13,14,15,16). Em nos-so serviço, iniciamos
a formação desse grupo multidisciplinar e já contamos com a ação integrada de vários setores,
o que facilita sobremaneira o atendimento desses pacientes de forma global.

Quanto ao aspecto socioeconômico, uma das nossas preocupações principais foi com o custo
do tratamento, no que se refere à manutenção das correções obtidas, como a confecção da
órtese noturna e das luvas, que devem ser repostas conforme as necessidades.

CONCLUSÃO

Apesar do seguimento pós-operatório curto, nossos resultados têm-se comparado aos da


literatura pesquisada, utilizando um método de tratamento adequado às condições de nossos
pacientes e do nosso país.
Finalizando, essas crianças levam uma vida de sofrimento e, a despeito da perspectiva de que
novas cirurgias serão necessárias, elas são extremamente gratas e felizes com o retorno,
mesmo que temporário, da capacidade de usar as suas mãos.

REFERÊNCIAS

1. Von Ebra, apud Robin A.J.E.: “Current and differential diagnosis in epi- dermolysis bullosa”
in Epidermolysis bullosa: basic and clinical aspects. New York, Springer-Verlag, 4-15, 1992.

2. Kitlowski E., Banfield E.E.: Epidermolysis bullosa hereditaria. Report of a case with unusual
associated deformities. Plast Reconstr Surg 3: 481-485, 1948.

3. Rees T.D., Swinyard C.A.: Rehabilitative digital surgery in epidermoly- sis bullosa. Plast
Reconstr Surg 40: 169-174, 1967.

4. Horner R.L., Wiedel J.D., Braliar F.: Involvement of hand in epidermol- ysis bullosa. J Bone
Joint Surg [Am] 53: 1347-1356, 1971.

5. Zarem H.A., Pearson R.W., Leaf N.: Surgical management of hand deformities in recessive
dystrophic epidermolysis bullosa. Br J Plast Surg 27: 176-181, 1974.

6. Cuono C., Finseth F.: Epidermolysis bullosa: current concepts and man- agement of the
advanced hand deformity. Plast Reconstr Surg 62: 280- 285, 1978.

7. Cough M.J., Page R.E.: Surgical correction of the hand in epidermolysis bullosa dystrophica.
Hand 11: 55-58, 1979.

8. Greider Jr. J.L., Flatt A.E.: Care of the hand in recessive epidermolysis bullosa. Plast
Reconstr Surg 72: 222-228, 1983.

9. Terrill P.J., Mayou B.J., Pemberton J.: Experience in the surgical management of the hand in
dystrophic epidermolysis bullosa. Br J Plast Surg 45: 435-442, 1992.

10. Boughtlon R., Crawford M.R., Vonwiller J.B.: Epidermolysis bullosa a review of 15 years
experience, including experience with combined gen- eral and regional anaesthetic techniques.
Anaesth Intensive Care 16: 260- 264, 1988.

11. Colville J.: Syndactyly correction. Br J Plast Surg 42: 12-21, 1989.

12. Ciccarelli A.O., Rothaus K.O., Carter D.M., Lin N.A.: Plastic and re- constructive surgery in
epidermolysis bullosa: clinical experience with 110 procedures in 25 patients. Ann Plast Surg
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13. Laad A.L., Kibele A., Gibbons S.: Surgical treatment and postoperative splinting of
recessive dystrophic epidermolysis bullosa. J Hand Surg [Am] 21: 888-897, 1996.

14. Fallopa F., Caporrino F.A., Santos J.B.G., Albertoni W.M.: Tratamento da sindactilia na
epidermólise bolhosa. Rev Bras Ortop 31: 217-220, 1996.

15. Carter D.M., Lin A.N., Varghese M.C., Caldwell D., Pratt L.A., Eisin- ger M.: Treatment of
junctional epidermolysis bullosa with epidermal autografts. J Am Acad Dermatol 17: 246-250,
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16. Eisenberg M., Llwelyn D.: Surgical management of hand in children with recessive
dystrophic epidermolysis bullosa: use of allogenic com- posite cultured skin grafts. Br J Plast
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17. Mullet F.: A review of the management of the hand in dystrophic epider- molysis bullosa. J
Hand Ther 11: 261-265, 1998.
Um Método de Fisioterapia para pais de crianças com Epidermólise Bolhosa
Distrófica

http://paginas.terra.com.br/saude/ampapeb/apost_fisioterapia.htm

Prefácio

Esta apostila foi especialmente montada para chamar a atenção dos pais de crianças com
Epidermólise Bolhosa quanto à necessidade das atividades físicas.
Após o nascimento da sua criança, você descobrirá, através do seu médico, qual forma da
doença seu filho apresenta. Esta apostila refere-se, principalmente, à Epidermólise
Bolhosa Distrófica, para a qual a fisioterapia freqüentemente é mais importante do que
para outras formas da doença.

A necessidade do movimento

A maioria das pessoas utilizam e movimentam, diariamente, todas as suas articulações e


não se mantêm em uma rígida posição (exceto quando apresentam uma lesão). Na
Epidermólise Bolhosa Distrófica formam-se freqüentemente bolhas (as quais por sua vez
cicatrizam) na região das articulações. As crianças tentam então evitar a dor decorrente do
movimento da parte corporal afetada. A repetição desse comportamento contribui para a
rigidez da articulação afetada ou de um membro. A cicatrização repetida também
atrapalha, freqüentemente, a flexibilidade. Por causa disso é extremamente importante
movimentar as partes corporais e articulações acometidas por bolhas, sobretudo, para
manter a capacidade de movimentação dessas mesmas estruturas.
É indiscutível para cada uma de nós, proteger as crianças de ferimentos e dores. Para os
pais de crianças com Epidermólise Bolhosa Distrófica é especialmente difícil: nós, pais
afetados pelo problema, tendemos sempre a habituar nossas crianças a serem inativas e
pouco “aventureiras”. Esse fato é compreensível, mas nossas crianças devem descobrir
seu universo da mesma forma que as outras crianças e se desenvolverem normalmente.
Exatamente isso as ajuda manter suas articulações móveis e as prepara para,
posteriormente, sentar, correr e realizar outras atividades.

Como eu seguro uma criança com Epidermólise Bolhosa Distrófica?


Basicamente vale sempre: levante a criança sempre com uma mão sob a cabeça (ou
costas) e a outra mão sob as nádegas (ou os joelhos). Nunca erga a criança agarrando-a
por debaixo dos braços, porque isso leva com freqüência à formação de bolhas. Você
como pai e/ou mãe saberá melhor como se ergue sua criança e vocês informarão as
outras pessoas, quando necessário.

De bruços ou não?

Bebês com Epidermólise Bolhosa Distrófica NÃO devem ser colocados de bruços para
dormir. A posição ventral, em conjunto com outros fatores, aumenta o perigo de “morte
súbita” na criança. Por outro lado essa é uma boa posição inicial para brincar. Por isso,
encoraje seu filho diariamente, por longo tempo, a ficar de bruços para brincar. A criança
rapidamente tirará proveito disso. Crianças mais velhas utilizarão, com freqüência, a
posição de bruços para ver televisão, ler ou para dormir.

Contraturas

O que são contraturas? Como já foi mencionado, alguns pacientes com Epidermólise
Bolhosa Distrofica sofrem com o enrijecimento das articulações, um fenômeno que se
estabelece através da formação de bolhas, da cicatrização e da posição incorreta. Quando
nada for feito contra isso, tendões, músculos, como também o tecido ao redor da
articulação sofrerão um encurtamento. A pele se tensiona devido às cicatrizes e então,
com o tempo, a restrição dos movimentos aumentará e alguns movimentos e variadas
atividades serão, para sempre, impossíveis.

Quando você constatar que seu filho não é capaz de dobrar ou esticar completamente
uma articulação (mesmo quando se tratar de apenas uma pequena limitação), reaja
imediatamente! Encoraje sua criança a utilizar essa parte corporal acometida e faça com
ele alguns dos exercícios descritos neste manual. Utilize-o como um livro de receitas e
procure os exercícios que sejam exatos para a parte corporal afetada no seu filho. Solicite
a seu pediatra que o encaminhe a um fisioterapeuta. Ele estará em melhores condições de
avaliar os progressos de seu filho e também poderá montar um programa de exercícios
para serem feitos em casa, adequados às dificuldades especiais da criança. Ele poderá
também aconselhar exercícios próprios para problemas específicos.

Quando será exercitado?

Tão logo o menor sinal de rigidez for notado, deve-se começar imediatamente. Pode-se
tratar de uma rigidez passageira, decorrente da formação de bolhas naquela parte do
corpo, mas é muito importante evitar o enrijecimento permanente. Quando uma limitação
do movimento já for existente, seria adequado treinar várias vezes por dia. Quando não for
este o caso, você deve observá-lo durante o banho, a troca de curativos, etc. Com
crianças bem pequenas e bebês freqüentemente não é possível fazer os exercícios como
programados. Você pode ajudar sua criança quando estimula o movimento brincando e,
com as suas mãos, alonga e estica suas articulações até o limite.

Os exercícios mais importantes!

TODAS as crianças com Epidermólise Bolhosa deveriam DIARIAMENTE deitar de bruços


(Bebês não devem dormir nesta posição!). Exercícios para a boca são para as crianças
com Epidermólise Bolhosa um dever, porque a abertura bucal, freqüentemente, devido à
formação de cicatrizes, fica reduzida. Fique permanentemente atenta às mãos do seu filho.
Tão logo uma rigidez seja notada, consulte de imediato seu pediatra e um fisioterapeuta.

Algumas indicações:

Costas:
As costas enrijecem com freqüência, especialmente quando a criança fica muito sentada.
Deitar de bruços diariamente ajuda a alongar as costas (enquanto a criança deita-se
paralela sobre a cama ou sobre o chão, sem deformar seu corpo). Todos os exercícios
devem ser, cada um, repetidos 10 vezes. Discuta estes exercícios domésticos também
com seu fisioterapeuta.

Exercício 1:

De bruços com os braços esticados para frente. Eleve a perna esquerda. Repita o mesmo
com a perna direita.

Outra opção:

Este exercício pode ser feito também de pé. Apoiada no encosto de uma cadeira, empurre
a perna esquerda (não estique o pé) para trás. Repita isto com a perna direita.

Joelhos:

Os joelhos também podem perder flexibilidade. Quando se permanece em posição


flexionada por longo tempo, pode acontecer de não se conseguir esticá-lo completamente.
A posição de bruços poderá, nesse caso, em parte, ajudar a impedir. Quando há
dificuldade em esticar o joelho, deve-se realizar diariamente os exercícios 2, 3 e 4.

Exercício 2:

Deitar de costas. Estique o joelho e puxe os dedos dos pés para cima (em direção ao
joelho). Conte até 5. Repita.

Exercício 3:

Deitar de costas. Estique completamente um joelho e faça força para baixo. Eleve esta
perna lentamente, cerca de 20 a 30 cm do chão. Deixe-a também lentamente baixar até o
chão. Faça o mesmo movimento com a outra perna. (Por favor, nunca eleve as duas
pernas ao mesmo tempo, isso pode levar a problemas de coluna).

Outra opção:

Este exercício pode também ser realizado sentado numa cadeira. Elevar uma perna,
contar até 5 e, lentamente, deixá-la descer. Cuidado! As costas devem, neste exercício,
estar retas e em relação à perna que foi erguida, formar um ângulo de 90?. A criança pode
se segurar lateralmente na cadeira, porém não deve se curvar para frente.

Exercício 4:

Quando para se dobrar o corpo o joelho fica rígido, os seguintes exercícios podem ajudar:
Deitar de costas. Dobre o joelho direito e o leve em direção à barriga. O calcanhar direito
deve ser trazido até as nádegas. Repetir com a perna esquerda. Este exercício pode ser
feito também de lado, caso a criança, por qualquer motivo, não consiga se deitar de
costas.

O pescoço

Alguns acometidos pela Epidermólise Bolhosa sofrem com o enrijecimento do pescoço. O


próximo e simples exercício pode impedir isso.

Exercício 5:

Mantenha os ombros retos e gire a cabeça uma vez , totalmente, para a esquerda e uma
vez, totalmente, para a direita.

Exercício 6:

Olhe para a frente, incline o ouvido direito em direção ao ombro direito. Repita do outro
lado.

Exercício 7:

Olhe para o teto e então de volta para o chão. Repita.

A boca

A maioria das crianças acometidas pela Epidermólise Bolhosa desenvolvem


estreitamentos da cavidade oral, freqüentemente acompanhadas de impedimentos dos
movimentos da língua. Isso deixa a higiene bucal bastante difícil. É muito importante
começar os exercícios bucais, abaixo apresentados, bem cedo com a criança. O melhor
seria desenvolver uma rotina de cuidados com os dentes, em que os exercícios com a
boca fossem logo integrados. Os pais deveriam começar bem cedo com esses exercícios,
independente do fato da boca de sua criança apresentar ou não estreitamentos ou
imobilizações.

Exercício 8:
Estique a língua o máximo que puder para fora da boca e movimente-a para cima e para
baixo, para e direita e para a esquerda, o máximo que conseguir. Experimente fazer isto
mesmo que a língua não consiga se movimentar muito.

Exercício 9:

a) Abra a boca o máximo possível e diga “iiiiiiiiiiii”. Se o seu filho for bastante cauteloso, ele
pode, com os dedos indicadores, movimentar o canto dos lábios para os lados, ao mesmo
tempo, cuidadosamente.

b) Abra a boca ao máximo e diga “oooooooooo”.

Esses exercícios são muito importantes para manter a capacidade de movimento dos
lábios e poderão simplificar muito as visitas ao dentista. Se os lábios e os cantos da boca
facilmente “racham”, seria aconselhável utilizar um creme nos lábios antes dos exercícios.

Outros exercícios para a língua:

1) Esticar a língua o máximo possível para fora da boca e, então, de novo para dentro da
boca, seguidamente, tão rápido quanto possível.
2) Esticar bastante a língua para baixo, até o queixo e então esticar a língua para cima, até
a ponta do nariz. (ou o máximo que for possível).
3) Com a ponta da língua lamber os lábios em círculos. Pode-se também passar mel ou
geléia sobre os lábios e lamber os mesmos, da forma escrita anteriormente.
4) Aperte a ponta da língua na bochecha pelo lado de dentro, então deve-se tentar ,com
um dedo pelo lado de fora da boca, pressionar a língua. Experimentar dos dois lados da
boca.
5) Apertar a língua para cima contra o céu da boca (estalar a língua).

Vários destes exercícios podem ser feitos de maneira divertida com as crianças.

Ombros:
Como as roupas podem provocar bolhas e os curativos escorregam freqüentemente, evite
erguer os braços das crianças com Epidermólise Bolhosa Distrófica acima da cabeça,
porque assim as roupas e os curativos esfregam a pele e podem induzir à formação de
bolhas. Isso pode levar a enrijecimentos permanentes. A criança deve ser encorajada a
fazer os exercícios 8 e 9, tão logo o menor sinal de rigidez dos ombros seja notado.

Exercício 10:

Abrir os braços, esticados, na altura das axilas, então erguê-los até as orelhas e abaixar
de novo. Repetir.

Exercício 11:

Esticar os braços à frente do corpo, então elevá-los até a altura das orelhas e de novo
abaixá-los. Repetir.

Cotovelos
Cotovelos podem igualmente se tornar enrijecidos. Algumas vezes pode se tornar difícil
girar as palmas das mãos para cima, estando com os braços esticados. Quando este for o
caso, comece imediatamente com o exercício 10.

Exercício 12:

Dobrar os cotovelos e tocar os ombros com as pontas dos dedos, então abrir lateralmente

os braços com as palmas das mãos para cima. Fique atento, para que os punhos possam
se movimentar corretamente para cima e para baixo.

Mãos
Várias crianças com Epidermólise Bolhosa têm problemas com alguns dedos e com as
mãos. Controle regularmente se seu filho pode colocar os dedos esticados sobre uma
superfície lisa, por exemplo, sobre uma mesa. Quando os dedos, mesmo que bem pouco,
estiverem curvados, comece imediatamente com exercícios diários. A aderência dos
dedos (“dedos colados”) começa sempre pelas mãos. Não é ainda claro se os exercícios
isoladamente podem impedir estas aderências. Métodos específicos de compressas para
os curativos têm uma influência muito boa. Se as mãos estiverem muito comprometidas,
deve-se começar bem cedo com a fisioterapia.

Exercício 13;

Alongar cada dedo individualmente, estando com os dedos levemente esticados. Observe
se todos os dedos podem, igualmente, ser colocados retos sobre a superfície de uma
mesa.

Pés
As bolhas, que acometem os pés, podem induzir seu filho a correr cada vez menos. Fique
atento para que os sapatos tenham o mínimo de costuras, sendo que os calçados de
couro são os melhores indicados. Os pés não devem suar de jeito nenhum, porque isso
favorece o aparecimento de bolhas. Os curativos não devem ser colocados muito justos
nos dedos , pois isso dificulta o crescimento dos mesmos. Certifique-se de que sua criança
não se movimente sempre sobre o calcanhar ou sobre a parte da frente dos pés. Caso
você perceba um enrijecimento, comece logo com o exercício 14.

Exercício 14:

Deitado sobre as costas: esticar as pontas dos dedos dos pés para cima, em direção aos
joelhos, então esticá-las para baixo. Repetir.

Caminhar e Correr

Fique atenta para que seu filho corra diariamente um trecho, mesmo que este seja curto e
mesmo que os pés tenham bolhas. Se os pés estiverem muito feridos, encoraje sua
criança a utilizar um velocípede ou bicicleta, para que ele próprio se movimente.

Talas
A utilização de talas é, com freqüência, menosprezada. As talas serão utilizadas para
manter uma articulação na posição correta ou para melhorá-la. Elas podem ser muito
eficientes quando correspondem à indicação do médico. Se uma tala provocar doloroso
atrito ou ficar muito pequena, ela deve ser modificada ou substituída.
Natação
A natação é um esporte fantástico para a criança com Epidermólise Bolhosa Distrófica.
Quando ele é iniciado bem cedo, a criança não terá nenhum problema em acompanhar as
crianças da sua idade. Discuta antecipadamente possíveis problemas com o
dermatologista e com o pediatra. Tome cuidados para que a pele do seu filho não
resseque.

O objetivo desta apostila é deixar claro para você, que as articulações do seu filho podem
ser mantidas em bom estado através de exercícios e manutenção. Quando você tiver
dúvidas, discuta com um fisioterapeuta ou com o pediatra. Para crianças pequenas você
pode fazer vários dos exercícios através de brincadeiras, para que eles não pareçam uma
tarefa. Faça os exercícios junto com a criança e, sempre que possível, diariamente, para
instituir uma rotina. Os exercícios devem conscientemente fazer parte da vida da criança,
da mesma forma que várias outras atividades.
VOCÊ QUER SABER MAIS SOBRE A EPIDERMÓLISE BOLHOSA?

http://paginas.terra.com.br/saude/ampapeb/saber_mais_eb.htm

Texto1

"A Epidermólise Bolhosa"

Texto original fornecido pela "Associação Alemã para Epidermólise Bolhosa"

Prefácio

Eu sempre quis entender melhor a Epidermólise Bolhosa, porém a dificuldade em conseguir informações
sobre ela era muito grande. Certa vez, fui à biblioteca de Escola de Medicina da UFMG e encontrei um livro
que falava o que era a doença e suas características principais. Nada mais do que isso. Quais os
tratamentos que existiam, como cuidar das lesões da melhor maneira, as causas da doença e várias outras
perguntas continuaram sem resposta.

Demorei muito a encontrar outro paciente igual a mim. Por isso, achei necessário fazer uma apostila para
que vocês tenham mais informações sobre a doença Epidermólise Bolhosa. Aproveitando a oportunidade de
ter uma amiga que está morando na Alemanha e pesquisou junto à "Associação Alemã para a Epidermólise
Bolhosa", obtivemos este material que foi traduzido para o português e adaptado para as nossas condições
no Brasil.

Espero que esta apostila seja útil para vocês, portadores, familiares, amigos e profissionais da área de
saúde.

Com carinho,

Cláudia Portela

Presidente da AMPAPEB

Introdução

A seguinte apostila editada pela Associação para a Pesquisa da Epidermólise Bolhosa Distrófica - DEBRA da
Alemanha em 1993, teve a sua tradução pela médica Dra. Natércia Luisa de Almeida Ramos e a sua
divulgação pela Associação Mineira dos Parentes, Amigos e Portadores de Epidermólise Bolhosa -
AMPAPEB, autorizadas pela Instituição Alemã.
O objetivo dessa brochura é aconselhar pais e cuidadores sobre os problemas que se apresentam quando
do tratamento de crianças com Epidermólise Bolhosa. Dentro do termo "Epidermólise Bolhosa" são
agrupadas várias raras doenças hereditárias da pele, que são caracterizadas por uma grande sensibilidade
da pele e das mucosas e que, através de leves ferimentos, levam à formação de bolhas. Os tipos de
Epidermólise Bolhosa podem se apresentar bastante variados, embora alguns sejam bem mais graves do
que outros. Esta apostila descreve o que, nos casos mais graves de Bolhosa, pode acontecer. Isso não
significa que todas as crianças com Epidermólise Bolhosa terão estes problemas. Se você se preocupar,
após ter lido este texto, nós aconselhamos que você converse sobre o assunto com seu dermatologista,
pediatra ou clínico ou faça contato com a nossa associação - AMPAPEB.

Hereditariedade

Para alguém que é acometido ou que tenha parentes próximos ou distantes acometidos, é muito importante
ser aconselhado por um especialista em Genética Humana, quando existir o desejo de uma gravidez. Assim
ficará claro, se existe o risco de se ter uma criança com Epidermólise Bolhosa. Aconselhamento genético
existe em universidades e, também, em várias grandes cidades. Pergunte ao seu dermatologista ou à
associação.

Em geral, as formas leves de Epidermólise Bolhosa (Epidermólise Bolhosa Simples) são passadas de uma
geração para a seguinte, ou seja, transmissão dominante. Nesse caso, o risco de se ter uma criança com
EB, para casais nos quais um dos parceiros è acometido, é de 50% para cada gravidez.

As formas graves de Epidermólise Bolhosa como a 'Distrófica' (Epidermólise Bolhosa Distrófica) ou a


'Juncional' (anteriormente conhecida como 'Letal') são transmitidas através de herança recessiva. Isso
significa, que ambos os pais trazem o gen para a doença, embora eles próprios não sejam acometidos.
Nesse caso, o risco de se conceber uma criança com Epidermólise Bolhosa Distrófica, é de 25% em cada
gestação. Quando um dos pais portadores recessivos de Epidermólise Bolhosa Distrófica tem uma criança,
não existe nenhum risco para as crianças, porém sob a condição prévia, de que o parceiro não seja portador
do gen para a doença. Essa possibilidade é improvável, devido à raridade da doença, mas não deve ser
completamente excluída.

Atualmente, não é possível comprovar se uma pessoa é portadora de Epidermólise Bolhosa Distrófica. Sobre
esse problema vêm sendo feitas pesquisas. Também existe a possibilidade de um exame diagnóstico ainda
no feto, para se reconhecer formas graves da Epidermólise Bolhosa Distrófica já na gravidez.

Quando você precisar de outras informações sobre hereditariedade ou diagnóstico pré-natal, entre em
contato com a associação.

A formação das bolhas

Bolhas existem geralmente já ao nascimento ou se formam alguns dias depois. Em algumas formas de
Epidermólise Bolhosa Simples a doença se apresenta mesmo somente na adolescência. Nos estágios
iniciais pode-se confundir a doença com uma infecção da pele e, somente quando a formação de bolhas é
detida, após demorada cura ou após a formação de cicatriz, é que fica claro o diagnóstico. Através da
análise de uma pequena amostra de pele em microscópio eletrônico, pode-se comprovar qual o tipo de
Epidermólise Bolhosa do qual a criança sofre.

Nas primeiras semanas de vida, o recém-nascido pode permanecer com freqüência no hospital porque
problemas como infecções, anemia, baixo peso e carência protéica devem ser tratados.

Nos primeiros dias o bebê pode ser cuidado, sem roupas, em um quarto com medidas de proteção, para
diminuir o risco de uma infecção.O bebê deve ficar deitado sobre uma espuma de borracha estéril, coberta
com um lençol de seda ou de algodão macio, para diminuir a pressão, para permitir a circulação do ar e para
possibilitar que o bebê seja levantado, sem o contato direto. Além disso , é algumas vezes razoável, manter
braços e pernas unidos, para que o bebê não se machuque através dos seus próprios movimentos.

Deve-se estar atento para que os lençóis sejam macios, porque os lençóis provenientes das lavanderias de
hospitais podem ficar ásperos. Para se manter a espuma de borracha limpa, pode-se colocar um anexo para
aspiração entre o lençol e a espuma.

Na Epidermólise Bolhosa Simples, a formação de bolhas surge com freqüência na infância, mas diminui,
para a maioria, no começo da puberdade. Um adulto com Epidermólise Bolhosa Simples tem freqüentemente
menos problemas, embora a tendência para a formação de bolhas permaneça por toda a vida.

O Banho

Para manter a pele macia e flexível, pode-se colocar na água do banho um complemento oleoso (óleo de
banho). Mantenha o bebê cerca de 10 minutos na água - seja bastante cuidadoso porque a criança e a
banheira podem ficar bem escorregadias. Não o banhe com freqüência! A pele ficaria mais macia e, por
causa disso, mais sensível ainda.

Após o banho, envolva a criança suavemente em uma toalha limpa e macia e aplique pequenos toques, de
leve ou, melhor ainda, seque a pele com um secador de cabelos comum.

Não esfregue a criança! Caso as bolhas ainda necessitem ser limpas, pode-se usar um pedaço de algodão,
embebido em Soro Fisiológico. Se as bolhas forem muito grandes, pode-se utilizar uma agulha estéril (pode
ser fervida em água) para se esvaziar o conteúdo delas. Para isso, fura-se ligeiramente a bolha e,
cuidadosamente, faz-se pressão com uma compressão descartável de algodão, para que o líquido da bolha
saia através daquela pequena abertura. Deve-se ficar bem atento, para que a criança não se movimente
subitamente.

Cuide para que o horário do banho seja relaxante e agradável.

Para impedir que a criança escorregue, pode-se utilizar um pequeno tapete de borracha.
Materiais para curativos

Comumente a criança esfrega a pele. Caso isto conduza à formação de mais bolhas, é necessário um
curativo. Por isso deve-se estar atento, pois curativos muito justos podem roçar a pele e levar a novos
ferimentos! Consulte seu médico.

Primeiro deve-se limpar as bolhas. Se elas forem pequenas, pode-se deixá-las secar, sem abri-las. No
entanto, se as bolhas se modificarem no dia seguinte, deve-se abri-las com uma agulha descartável. Para
fazer o curativo, deve-se colocar uma compressa. Pode-se utilizar também as compressas entre os dedos
das mãos e dos pés, para evitar aderência entre eles, o que pode acontecer nas formas graves de
Epidermólise Bolhosa Distrófica. Tudo deve ser coberto por gaze e seguro por uma atadura. Para colar o
curativo não se deve nunca usar esparadrapo sobre a pele porque, na retirada do curativo, a pele pode ser
esfolada. Se um adesivo for realmente necessário porque nenhuma faixa consegue ser colocada, o mesmo
deve ser amolecido com água morna e sabonete.

Para crianças pequenas, que caem muito ainda, proteja os joelhos e cotovelos com um curativo adicional de
espuma.

Os curativos devem ser trocados diariamente ou tão logo eles estejam sujos. Curativos aderidos não devem
nunca ser arrancados da pele e sim, de acordo com as possibilidades, serem amolecidos.

Pais e cuidadores não devem se esquecer de lavar as mãos antes de manusear os curativos. Também os
ferimentos e materiais de curativo devem ser sempre mantidos limpos.

Quando a criança estiver maior, os pais já terão acumulado bastante experiência e encontrado suas próprias
maneiras de manter o bem-estar da criança.

Medicamentos para uso externo são obtidos apenas com receita médica e devem ser utilizados o menos
possível.

Infecções

Especialmente para bebês, as infecções se apresentam como um grande problema porque eles são mais
susceptíveis devido à grande superfície exposta da pele.

No hospital podem ser feitas coletas de material para exame e, assim, reconhecer uma possível infecção e,
se necessário, receitar o antibiótico adequado.

Aqueles que têm uma infecção de pele ou um ferimento nas mãos não devem manusear a criança.
Os pais devem buscar auxílio médico quando o bebê parece doente, quando ele apresenta febre constante,
quando ele não aceita nenhum alimento ou apresenta diarréia.

Alimentação

Especialmente para as crianças fortemente ameaçadas por infecções é muito importante que a mãe seja
encorajada a amamentar ou, pelo menos, retirar o leite com uma bombinha e oferecer à criança na
mamadeira e assim, se beneficiar das vantagens que o leite materno tem em relação aos outros leites. Em
caso de problemas, a mãe pode se aconselhar em grupos de amamentação locais.

Surgem bolhas na boca, o sugar pode transcorrer lentamente. Nesse caso, um bico de mamadeira macio,
para o recém-nascido, com um orifício relativamente grande, pode ajudar (a abertura do bico da mamadeira
pode ser aumentada com uma agulha quente). Muito cuidado para que o bebê não engasgue, já que o leite
fluirá mais depressa.

Quando a boca do bebê está muito ferida, ele pode se negar a sugar. Nesse caso, o alimento será oferecido
com uma pequena colher ou um grande conta-gotas, até que a boca esteja curada.

Para a utilização de alimentação industrializada, deve-se manter a exata especificação do fabricante. É


desaconselhável a utilização de sonda gástrica no hospital, pois essa pode provocar a formação de bolhas,
cicatrizes ou estreitamentos esofágicos.

O uso de chupetas também é desaconselhável porque esse pode roçar a mucosa oral , o que produzirá
feridas.

A alimentação é muito importante para uma doença, na qual a perda constante de secreção através da pele
leva à perda de proteínas e sangue. Por isso deve-se oferecer ao bebê, adicionalmente, bastante líquido, por
exemplo, mais alimentos lácteos, chás ou água fervida misturada a sucos. Alimentos como leite em pó
desnatado não devem ser dados, porque muita proteína para um bebê com menos de 4 meses de idade
pode provocar danos.

Pode ser necessário oferecer a uma criança um cuidadoso e calculado suplemento protéico. O médico pode
prescrever suplementos de zinco, vitaminas e ferro. Quando a criança não ganha peso ou não cresce
suficientemente, deve-se procurar aconselhamentos com um nutricionista ou com o pediatra, para se decidir
qual o alimento que deve ser dado.

Quando a criança já tem 4 meses de idade, pode-se oferecer, gradativamente, uma comida normal e
nutritiva. Alimentos que contêm ferro e vitaminas extra, como papinhas de frutas, legumes e carne,
especialmente fígado, devem ser gradualmente incluídos na dieta.

A variedade, quantidade e consistência devem ser aumentadas à medida que o bebê cresce e quanto maior
for a aceitação dele. Após 6-8 meses de idade a alimentação do bebê pode ser substituída conforme a
orientação do seu médico.
Leite em pó, sorvete e ovos são alimentos adicionais nutritivos para crianças mais velhas. Pode-se utilizar
legumes, carnes e frutas da alimentação normal da família e dilui-los. O médico pode receitar produtos
seguros, com alto valor calórico como polímeros de glicose, que em alguns casos são indicados.

Alimentos crocantes como batatas fritas e torradas podem, algumas vezes, provocar bolhas. Porém existem
várias crianças que podem saborear esses alimentos sem problemas. De modo geral, tudo o que é saudável
para todas as pessoas, pode ser dado para uma criança com Epidermólise Bolhosa. Deve-se apenas estar
atento, para que a comida seja de tal forma preparada, que a criança não se machuque. Por isso é melhor
começar com purês e alimentos diluídos e então, gradativamente, substituir por alimentos sólidos, quando a
criança os tolerar bem.

Na escolha dos alimentos deve-se preferir alimentos ricos em fibras, como pão de centeio, pães integrais,
frutas frescas e legumes, para que não se tenha problemas de digestão. Crianças maiores de 2 anos podem
receber farelos (de trigo) como suplemento.

Problemas de deglutição

Para crianças com dificuldade de deglutição, a alimentação pode vir a ser uma tortura porque, primeiro, é
dolorosa e, segundo, pode durar muito tempo. Por isso é adequado introduzir-se apenas pequenas porções
de refeição, 5 a 6 vezes por dia. Essa comida deve ser diluída, mesmo quando a criança ja é maior.

Se a criança se recusar a comer, devido à dificuldade de engolir, isso pode levar a um ciclo vicioso.
Alimentação insuficiente provoca pequeno crescimento e má cicatrização das feridas. Este ciclo pode
conduzir também à anemia. Regra importante: comer, comer e comer de novo!

Surgem bolhas na boca e no esôfago, deve-se buscar conselho médico. É comum as bolhas obstruírem
parcialmente o esôfago, o que leva a ataque de sufocamento e dor. Nesse período o esôfago deve,
naturalmente, ser protegido. O esôfago pode se curar espontaneamente, no entanto, permanece comumente
estreitamento e cicatrizes que dificultam o trânsito normal do alimento. A criança deve, então, se submeter a
uma dilatação do esôfago sob anestesia, quando esse problema se mantém. Algumas crianças podem
permanecer alguns dias no hospital. Pode-se aplicar uma infusão intravenosa para que o esôfago seja
mantido em repouso e se recupere, antes que o paciente volte a receber a dieta diluída ou purês.

As relações com os pais

Compreensivelmente os pais ficam assustados, quando eles reconhecem que seu bebê sofre de uma rara,
grave e hereditária doença de pele. A mãe precisa de muita assistência e apoio para cuidar de seu bebê.
Durante este período difícil deve-se exercitar a paciência até que se sinta o impulso de cuidar da criança. É
muito importante, que os familiares disponíveis se habituem a visitar a mãe e a criança no hospital.
A responsabilidade com o cuidado da criança deve ser dividida entre o pai e a mãe, para que a mãe relaxe e
possa também passear. Seria bom, desde o início, deixar a criança sob os cuidados de alguém, talvez um
dos avós, tios ou um amigo ou amiga de confiança.

Se a criança tiver que ficar um longo período no hospital, seria adequado que a mãe também pudesse
permanecer lá.

Embora o bebê deva ser tratado cuidadosamente por outras pessoas, os pais e enfermeiras não devem
deixar de acariciá-lo. Quando o bebê for erguido, não se deve pegá-lo nos braços porque isso pode levar à
formação de bolhas. É melhor erguer o bebê com uma mão apoiando a cabeça e os ombros e a outra mão
sob a região glútea. Para isso a criança não deve ser muito apertada. Enquanto a criança estiver no hospital,
pode-se ergue-la com a espuma de borracha, acariciá-la e alimentá-la.

Durante o cuidado com a criança, não se deve usar relógios de pulso ou similares. O bebê precisa do
mesmo carinho e estimulação que uma criança normal e isso deve começar já no hospital. Brinquedos
macios e objetos coloridos, que possam ser apalpados e ouvidos, são essenciais para o normal
desenvolvimento.

Vestuário

Teoricamente parece mais adequado tratar do recém-nascido sem roupas, ou seja, nu numa incubadora ou
sob uma lâmpada de aquecimento, porque as feridas expostas ao ar secam mais rapidamente e podem se
curar. Mas a prática tem mostrado, que o bebê, através do seu próprio movimento, facilmente pode se ferir.
Por isso pode ser melhor imobilizar o recém-nascido, como uma proteção contra si mesmo.

Na ida para casa ele deve vestir roupas de algodão macias (sem etiquetas, costuras ásperas - como fio de
nylon - ou elásticos apertados). Não corte as etiquetas e sim desfaça a costura para retirá-las.
Macacõezinhos e casaquinhos devem ser sem punhos elásticos nos pés e nos braços, porque eles podem
marcar a pele e provocar ferimentos. Além disso, as roupas não devem ter botões nas costas porque eles
podem comprimir a pele, quando o bebê está deitado e provocar a formação de bolhas.

Coloque a camisa sempre por dentro da calça, para evitar bolhas na cintura.

Evite peças de roupa como suéteres apertados, que são difíceis de vestir porque tem-se que retirá-los pela
cabeça. Deixe o botão superior aberto para que o colarinho não raspe na pele.

Pode-se usar fraldas de algodão macias e calcas plásticas. A maior parte dos bebês usa 8 a 9 fraldas por
dia. Deve-se trocar a fralda tão logo ela esteja molhada. Para isso são necessárias 12 a 14 fraldas
diariamente, para evitar erupções na pele e a formação de bolhas.

Utilize fraldas finas, que não retêm a urina e não fraldas espessas, que acumulam a umidade. Dessa forma,
mantém-se a pele seca e impede-se erupções. Preste bastante atenção para que a calça plástica não seja
apertada e que os botões não machuquem a pele. Seque as fraldas, se possível, num secador de roupas.
Utilize um sabão em pó que mantenha a calça plástica macia, o que impede o atrito com a pele. Se a criança
não tem alergia, pode-se utilizar o mesmo sabão em pó para as fraldas e as roupas. Caso contrário,
despreze a calça plástica. Fique atenta para que a calça plástica não encoste na pele, por exemplo, da
cintura ou das pernas.

Quando a criança é maior, é mais confortável que ela mesma escolha suas roupas.

Ao comprar sapatos, procure comprar calçados macios e com poucas costuras. Para impedir o atrito num
determinado ponto, escolha variados tipos de sapatos, por exemplo, pantufas, chinelos de pano, tênis
macios, com um número maior.

Móveis feitos de couro ou material plástico podem ralar a parte de trás das pernas ao sentar. Por isso, a
criança deve sentar sobre uma coberta de lã.

Constipação intestinal

É freqüente a formação de bolhas e fissuras na região anal, levando à evacuação bastante dolorosa, de tal
forma que a criança tende à "prisão de ventre". Isso pode produzir um ciclo vicioso. Prolongada, a
constipação intestinal pode conduzir a mais fissuras anais, mais dores e à recusa em esvaziar o intestino.

A melhor forma de ajudar é oferecer uma alimentação rica em fibras, bastante líquido, frutas e legumes.
Quando, apesar dessas medidas, a constipação intestinal acontece, deve-se buscar conselho médico para
que um laxante seja dado, o que amolece as fezes. Aqui deve ser alertado, que o uso regular de laxativo
leva a uma rápida adaptação do intestino ao medicamento, ficando dependente dele.

Os olhos

A córnea é a parte transparente da região anterior dos olhos. Distúrbios nos olhos acontecem através da
fricção. Essa conduz à formação de bolhas nas pálpebras, à escoriações da córnea e à inflamação.

Colírios e pomadas devem ser cuidadosamente utilizados e, melhor ainda, quando os olhos estão abertos.
As pálpebras não devem ser abertas com força, o que pode provocar novas bolhas. É necessária muita
paciência.

Normalmente a limpeza regular com Soro Fisiológico ajuda, pois os olhos lacrimejam. Devido ao impulso que
os bebês têm de esfregar os olhos, pode-se prender o braço da roupa ao casaco, com um alfinete de falda,
de forma que o bebê ainda consiga se movimentar, mas sem conseguir alcançar os olhos.
Importante para a proteção dos olhos é manter a criança afastada de vento, calor seco ou luz forte, para
impedir a irritação, coceira e o esfregar dos olhos. Ocasionalmente, pomadas para os olhos e o uso de
óculos podem ajudar como prevenção.

O cuidado com os dentes

Devido ao fato de que as escovas de dentes podem provocar a formação de bolhas e a inflamação das
gengivas, a presença de cáries é freqüente, especialmente porque o esmalte dentário na criança com
Epidermólise Bolhosa não é bem formado. A criança deve, tão cedo quanto possível, ser habituada a uma
rigorosa limpeza bucal. O constante chupar de balas e outras guloseimas deve ser desaconselhado. A
criança deve ir regularmente ao dentista, preferivelmente naquele que tem experiência e conhecimentos
sobre essa doença.

Para a limpeza dos dentes utiliza-se, primeiramente, um cotonete e, depois, uma escova de dentes macia.
Pasta dental a criança pode utilizar a partir do 3° ano de vida. A criança deve ajudar a encontrar um creme
dental, que não produza ardor nas lesões abertas da mucosa oral. Seria bom que o creme dental contivesse
flúor.

Deve-se buscar conselhos sobre produtos para a higiene bucal. Existem várias soluções antissépticas que
podem ser utilizadas para reduzir as bactérias nocivas na boca. Aqui também deve-se ficar atento para que a
solução antisséptica não provoque ardência. A extração dentária deve ser o tanto quanto possível evitada,
pois dentes artificiais, pelo menos para crianças com formas graves de Epidermólise Bolhosa, não devem ser
considerados.

Para se evitar as cáries, deve-se oferecer à crianca colutórios, gotas ou tabletes com flúor, pelo menos até
os 16 anos de idade. O dentista fornece informação sobre a dose exata porque essa depende do conteúdo
de flúor da água potável. Consulte o seu dentista ou a Associação.

Deficiência auditiva

A deficiência auditiva na Epidermólise Bolhosa é rara, mas acontece para algumas crianças. Acredita-se que
a causa seja a formação de bolhas no ouvido interno. Encoraje sua criança a utilizar um aparelho auditivo,
quando esse for vantajoso, o que pode ser bem difícil por causa do atrito.

Milium

São pequenos nódulos brancos que, na Epidermólise Bolhosa, aparecem especialmente sobre cicatrizes.
Não é necessário nenhum tratamento especial porque elas, freqüentemente, reduzem de tamanho e
desaparecem espontaneamente com o tempo.
Aderência dos dedos

Isso acontece somente com as crianças que sofrem de formas graves de Epidermólise Bolhosa. A aderência
acontece quando ocorre a formação constante de bolhas entre os dedos dos pés e das mãos. Algumas
crianças perdem todas ou várias unhas.

Para evitar a aderência é aconselhável agir logo, aplicando-se, cuidadosamente, gaze com vaselina entre os
dedos dos pés e das mãos e, para encerrar, colocar faixa e uma tala especial. Deve-se ficar atento para que
essa não friccione a pele.

É bom retirar, diariamente, as talas e os curativos para estimular a criança a movimentar os dedos.

Quando o problema da aderência surge de novo, existe a possibilidde de um tratamento cirúrgico. Um


transplante de pele pode ser feito por um cirurgião experiente e, admiravelmente, o tecido transplantado é
muito bem aceito pelo organismo. Operar crianças muito jovens é, por experiência, desaconselhável porque
as mãos ainda crescem.

A criança deve usar talas especiais todas as noites, para manter os dedos separados e na posição correta.
Alguns médicos aconselham também, o uso de talas durante todo o dia. Por isso, cada um deve decidir por
seu próprio filho, pois a crianca ficará limitada em sua movimentação e, conseqüentemente, em seu
desenvolvimento. Com o tempo os dedos podem se soldar e ser necessária uma intervenção cirúrgica.

É também vantajoso, diariamente, aplicar um creme nas mãos e fazer uma massagem por cerca de 10 a 15
minutos, claro, sem utilizar muita força. Consulte seu médico ou a Associação.

Dores e prurido (coceira)

Às vezes as bolhas podem ser bastante dolorosas e deve-se, então, buscar conselho médico. Paracetamol
pode ser utilizado para aliviar a dor, conforme a receita médica. Também não se deve esquecer, que a
codeína pode provocar "prisão de ventre" e a aspirina pode provocar irritação da mucosa gástrica, o que,
obviamente, deve ser evitado.

Criancas com Epidermólise Bolhosa têm tendência a desenvolver prurido. Acontece freqüentemente ,
quando a criança sente calor. Por isso deve-ser ter atenção, para que a criança nao fique excessivamente
vestida. Para manter a pele da criança flexível, pode-se adicionar à água do banho, uma emulsão oleosa.

Medicamentos como os antihistamínicos podem aliviar o prurido. Idealmente a criança deve ingerir o
medicamento à noite porque ele pode produzir sonolência. A criança deve receber uma pequena dose
durante o dia, quando a coceira levar à formação de bolhas. Consulte seu médico ou a Associação.
Crescimento e desenvolvimento corporal

Várias crianças que sofrem da grave Epidermólise Bolhosa Distrófica parecem relativamente pequenas para
a sua idade. O motivo para isso não é sempre claro. Com frequência a causa pode ser uma pequena
ingestão alimentar, devido à dificuldade de deglutição ou uma anemia, por deficiência de ferro ou não. Em
alguns casos a causa pode ser o uso de esteróides, que levam à redução do crescimento. A puberdade pode
acontecer tardiamente.

Apesar disso deve ser enfatizado, que muitas crianças com essa doença podem ter um desenvolvimento
normal. Epidermólise Bolhosa não tem nada a ver com redução da capacidade intelectual ou deficiência
mental.

Encoraje seu filho a fazer as coisas ele próprio, tanto quanto possível. Eduque-o da mesma maneira que
faria com uma criança saudável. Tente conduzi-lo a aceitar sua condição de saúde. Converse abertamente
com ele sobre sua saúde.

A vida escolar

Tanto quanto possível, as crianças com Epidermólise Bolhosa devem freqüentar a escola normal. A sua
inteligência não é afetada pela doença. Os professores e os colegas devem ser informados sobre a doença,
para que se comportem adequadamente e para que saibam, que a Epidermólise Bolhosa não é contagiosa.
Uma boa formação escolar é muito importante para as crianças acometidas por Epidermólise Bolhosa
porque mais tarde, devido à doença, as oportunidades profissionais serão reduzidas. Quando a criança ficar
mais velha, ela será consciente das suas limitações corporais. Alguns tipos de atividades esportivas são
inadequados. Para isso elas recebem um atestado médico.

Fisioterapia

A fisioterapia é muito importante para o reforço das articulações, através do trabalho com as cicatrizes da
pele na região das grandes articulações. Existem exercícios especiais para a melhora da movimentação,
para o reforço da musculatura e para o aprendizado correto do caminhar.

Para a prevenção de infecções das vias aéreas existe uma ginástica especial para o aparelho respiratório.
Informe-se sobre isso com um fisioterapeuta experiente.
Vacinação

Em acordo com o médico, as crianças podem receber quase todas as vacinas. Desaconselháveis são
apenas as vacinas nas quais a pele será irritada como, por exemplo, na vacina contra a varíola.

As vacinas são extremamente importantes para as crianças com Epidermólise Bolhosa porque todos os
micróbios podem facilmente penetrar no corpo, através das lesões da pele. Conselho: uma vacina importante
é aquela contra a catapora. Consulte seu médico ou a Associação.

Título original: "Epidermolysis Bullosa"


Tradução livre: Dra. Natércia Luisa de Almeida Ramos (clínica médica e bióloga)
Revisão: Dra. Maria Aparecida de Faria Grossi (dermatologista) e Dra. Marisa Bicalho Pinto Rodrigues
(pediatra)
Apostilas originais fornecidas pela "Associação Alemã para Epidermólise Bolhosa" - I.E.B. Debra
Deutschland
Lahn-Eder-Strabe 41
35216 Biedenkopf
Telefone: 0 64 61 / 8 70 15
Telefax: 0 64 61 / 98 96 27
E-mail: ieb@ieb-debra.de

Texto2
"A Criança com Epidermólise Bolhosa"

Texto original fornecido pela "Associação Alemã para Epidermólise Bolhosa

Introdução

Para os pais de uma criança com diagnóstico de Epidermólise Bolhosa talvez seja muito
difícil, no início, visualizar um futuro para essa criança. Se a sua criança deve crescer tão
normal quanto possível, então você deve acompanhá-la, degrau por degrau,
corajosamente. Cada avanço que a criança alcança, é tão importante para ela quanto para
seus pais.. Nós devemos mostrar à criança, que aprender é divertido.

Bebês e pequenas crianças

Um recém-nascido deve se sentir seguro em seu novo ambiente. O ato de levantar e o ato
de acariciar um bebê com Epidermólise Bolhosa não são iguais como para um outro bebê.
Nós devemos adotar medidas de segurança e retirar, por exemplo, jóias, alianças, etc,
antes que nós tenhamos a criança nas mãos. Isso vale, sobretudo, para os primeiros anos.
Quando você quiser erguer seu bebê, ou fazer carinhos nele, levante-o com o travesseiro,
com uma manta ou com o seu colchãozinho de espuma. Assim você evita que a criança
entre em contato com botões, fecho-eclairs e roupas. Bebês adoram ouvir vozes,
especialmente a da mãe. Eles talvez não entendam o que é dito a eles, mas uma voz
carinhosa pode ser bastante estimulante e tranqüilizadora. Quando você conversar com
ele, deve procurar manter contato visual. O bebê se sente seguro, quando ele sabe que
existe realmente alguém com ele.

Alguns bebês se sentem muito inseguros, quando todos os seus curativos são retirados.
Aproveite este momento para intensificar seus laços maternos com ele. Beije e faça
carinhos em seu bebê sempre que for possível; os dedos podem acariciar suavemente as
pernas, braços e o corpo, naturalmente de acordo com a situação da pele. Você pode
também soprar suavemente seu bebê.

Todas as brincadeiras possíveis com os dedos, podem ser feitas com o bebê, também
como as brincadeiras de “esconde-esconde” (ex.: se esconder atrás de um pano e
perguntar a criança: ‘cadê a mamãe?’) e a de “roubar uma parte do corpo” (ex.: esconder a
mão e perguntar para a criança onde está). Naturalmente os irmãos também podem
brincar. Esse é apenas o começo de uma expressiva comunicação entre eles, o bebê e
seus irmãos.

Cuidado especial você deve tomar com os brinquedos utilizados. Não dê nenhum
brinquedo que tenha cantos cortantes, como também aqueles que possam irritar a pele.
Movimentos brutos e rápidos podem ferir sua pele.

Porém nós devemos pensar sobre o quanto é importante a estimulação para um bebê. Ela
fará com que o bebê utilize seus sentidos. Um ambiente claro, colorido, com muitos
quadros e móbiles, é bastante estimulante para a criança. Brinquedos que tocam música,
por exemplo durante a troca dos curativos, podem trazer um efeito calmante para o bebê.

Em clínicas e hospitais o ambiente é, freqüentemente, estéril. Fique atenta para que a sua
criança tenha lá suficientes objetos coloridos em torno dela. Decore seu espaço com
móbiles, brinquedos coloridos, etc, mesmo que ela não consiga brincar com eles. No
carrinho de bebê você pode prender, na parte interna, brinquedos macios. Caso você
tenha protegido todo o em torno da cama com espuma (por favor, com coberturas
multicoloridas, laváveis e de algodão macio), ainda assim você pode prender, com
alfinetes de segurança, brinquedos macios sobre ou próximo do bebê.

Existem ótimos brinquedos ativos, que você pode colocar acima do bebê. Preste atenção
para que o bebê não tenha que se esticar para alcançar o brinquedo. Se os objetos
dependurados forem prejudiciais para as mãos dele, substitua-os por alternativas. Balões
e bolas macias são brinquedos ótimos para esta idade.

Quando a criança é um pouco mais velha, fica mais simples encontrar brinquedos para
ela. Telefones são sempre apreciados e, além disso, estimulam o desenvolvimento da
linguagem. Prefira os telefones de teclas. Livrinhos para o banho, feitos com plástico
macio ou espuma são também macios e leves para se carregar. Muito bons são
videocassetes, que tanto podem mostrar fitas divertidas como também ser uma forma de
aprendizado.

Para muitas crianças a troca de curativos dura um longo tempo e seria uma boa idéia,
durante este procedimento desgastante, mantê-las tranqüilas e relaxadas com a ajuda de
vídeos. Quando não existe um vídeo cassete disponível, toca-fitas com músicas ou
estórias podem ajudar.

Um “chiqueirinho” é aconselhável porque os pais também precisam de uma pausa, devido


à constante observação que seus filhos exigem. Coloque nele uma manta bem macia,
como também brinquedos interessantes, que sejam fáceis para a criança alcançar. Você
pode colocar brinquedos também, em volta do “chiqueirinho”, porém, utilize prendedores
flexíveis e macios, que não possam ferir a criança. Compre o “chiqueirinho” tão grande
quanto possível!

Este é também o tempo em que sua criança está constantemente em movimento. Fique
atenta sobretudo aos móveis que tenham cantos afiados. Eventualmente, seria útil
proteger os cotovelos e os joelhos, durante este período. Algumas quedas e pequenos
acidentes não serão possíveis de evitar, durante este período.

A língua das crianças com Epidermólise Bolhosa Distrófica é, freqüentemente, menor do


que a das crianças normais. As laterais da língua podem se aderir e a cavidade oral,
através de cicatrizes, pode ficar menor. Cante bastante com a sua criança, porque para o
cantar a boca se abre mais do que para o falar e esse exercício é muito importante para a
criança. O espelho é um objeto muito útil para essas crianças. Deixe a criança fazer
caretas e anime-se a fazê-las junto com ela. Brincando pode-se alcançar uma grande
mobilidade da língua e da boca. Experimente lamber geléia da ponta do nariz e soprar
bolhas de sabão, o que pode ser muito divertido. Cantar provoca uma maior abertura da
boca, em relação ao falar e, sobretudo junto com outras pessoas, pode ser muito divertido.
Pode-se estimular a criança com essas brincadeiras, sem que ela veja essas atividades
como “trabalho”. Abrir a boca o maior possível é especialmente importante para a criança,
quando ela tiver que ser operada, no futuro, e necessitar de narcose. Apesar de todos
estes exercícios como brincadeiras, freqüentemente a criança precisará de um
fonoaudiólogo. Consulte seu médico ou a Associação.

Experiências com a alimentação

Existem sempre problemas, quando as crianças começam a aceitar alimentos sólidos.


Deve-se pesquisar o que a criança prefere, como ela deve ser alimentada e como se pode
experimentar com a alimentação sem que, logo em seguida, tenha-se que limpar toda a
casa.. Você tem o problema adicional de não permitir que se formem bolhas e de manter
os curativos limpos. Apesar disso, é necessário permitir que a criança experimente novas
consistências e novos sabores. O caos talvez não seja completamente impedido, mas aqui
os compromissos são! Talvez seja necessário, para esse tempo, comprar um avental de
manga comprida. Quando as mãos da criança não estiverem muito acometidas, deixe-a se
alimentar com calma e faça os curativos logo depois. Experimente com pequenas sacolas
plásticas: corte aberturas para os dedos e coloque as sacolas sobre os curativos.

Comece com alimentos pastosos, como purês de batatas ou de bananas. Mais tarde,
aumente gradativamente a consistência do alimento. Quando a pele da boca e ao redor
dela estiver muito acometida, deve você mesma alimentar sua criança, para impedir novos
ferimentos. Você perceberá, rapidamente, quais alimentos sua criança come sem
problemas. Algumas coisas ela não conseguirá mastigar ou engolir. A capacidade de se
alimentar sozinho é o primeiro degrau para a auto-suficiência. Aqui começa a construção
da autoconfiança. Para bebês prefira pequenas e estreitas colheres de plástico. Para
grandes problemas na boca, você pode experimentar com as colherzinhas de bonecas
(cozinhas de brinquedo). No início, em caso de extrema necessidade, utilize a ponta do
seu dedo mínimo! Colheres largas, de metal, são indicadas para crianças mais velhas.

Devido ao fato das crianças acometidas por Epidermólise Bolhosa terem a boca e o
esôfago sensíveis a ferimentos, e este ser ainda o período do aparecimento dos dentes e
de pequenas doenças, o hábito alimentar pode ser influenciado e as crianças comerem
pouco.

Neste ponto é sempre importante frisar, o quanto é importante um bom padrão alimentar
para uma criança com Epidermólise Bolhosa. É muito importante, o mais cedo possível,
apresentar um bom exemplo nas refeições. As crianças precisam de mais calorias e
proteínas do que as outras crianças, devido às condições da doença e, para os distúrbios
alimentares que aparecem agora, você deve buscar aconselhamento profissional. As
crianças percebem rapidamente os medos dos adultos e, nos dias mais difíceis, você deve
tentar não transmitir seus medos para a criança. Não alimente nunca a criança à força!
Algumas vezes a simples visão de um prato cheio estraga o apetite da criança.
Experimente apresentar o prato de maneira prazeirosa (com purês de cores variadas) ou
ofereça milk-shakes com cores diferentes. Freqüentemente isso anima a criança a comer.
A “boca cheia” é melhor do que nada.

O problema de uma cavidade oral inflamada pode aparecer quando o bebê começa a
colocar tudo dentro da boca. Aqui também você deve buscar um equilíbrio entre o instinto
de colocar tudo na boca, com o fim de obter preciosas experiências de sabores e
sensações com materiais diferentes, e, do outro lado, a prevenção de infecções. Não
impeça o bebê de colocar objetos na boca. Isso é útil para o seu desenvolvimento e ele
aprende muito com estas experiências. A língua fornece ao cérebro informações sobre a
estrutura da superfície, gosto, calor e frio, e a boca sobre o tamanho e a forma do objeto.
Fique atenta para que o bebê coloque na boca apenas brinquedos com superfícies
arredondadas e lisas ou brinquedos de tecidos, que não soltem fibras na boca. Brinquedos
de borracha flexível são aconselháveis, enquanto eles não levarem à formação de bolhas
na boca. Evidentemente você deve intervir, quando o brinquedo em questão provocar
muitos danos. Isso dependerá do quanto a pele da criança for sensível.
Algumas boas dicas e exercícios para seu filho

Tome cuidado para que as mãos da criança não fiquem sempre enfaixadas. Ele deve
aprender a segurar os objetos com as mãos e a manuseá-los, para poder desenvolver seu
controle motor fino. Caso muitas bolhas se desenvolvam no joelho, pernas e região das
costas, fique atenta para que a criança não fique sempre muito sentada. A causa destas
lesões pode ser contraturas musculares. A criança deve se movimentar! Muitos brinquedos
com movimento, como balanços e cavalinhos-de-pau, são possíveis de ser construídos ou
acolchoados, se adequando para crianças com Epidermólise Bolhosa. Você encontrará
caminhos e possibilidades.

Existem alguns exercícios bons e divertidos para seu filho, por exemplo, quando sentado.
Objetos bem leves e macios ou balões podem ser levantados, isso ajuda no alongamento
dos joelhos. Balões enchidos pela metade com hélio são igualmente bons porque se tem
imediato sucesso audiovisual, ou seja, pode-se vê-lo e ouvi-lo.Devido ao risco de
sufocamento, não deixe nunca seu filho sozinho com balões. Experimente estimular o
movimento das pernas da criança, pendurando pequenos sinos próximo aos pés dela.
Também interessantes podem ser pequenas, coloridas e divertidas meias. Você mesma
pode prender, temporariamente, coisas interessantes nessas meias, por exemplo, fios
prateados, caixinha vazias, copinhos de iogurte, bonequinhos de plástico, etc. Os bebês
vão experimentar alcançar os dedos dos pés com as mãos e, assim, treinam suas pernas
e a musculatura da barriga ao mesmo tempo. Para estimular o alongamento e o
movimento dos braços, pendure brinquedos acima e perto do assento do bebê. Muitas das
crianças acometidas por Epidermólise Bolhosa Distrófica desenvolvem um estreitamento
da cavidade oral, freqüentemente associada a reduzida movimentação da língua. Isso
torna a limpeza dos dentes e a visita ao dentista muito complicadas. O melhor seria
desenvolver uma rotina de limpeza bucal onde, ao mesmo tempo, são integrados
exercícios para a boca , tendo ou não a sua criança estreitamentos ou redução dos
movimentos da cavidade oral. É aconselhável já, antes do primeiro ano de vida, começar
com exercícios leves para a boca e a língua. Esses podem ser feitos com brincadeiras e
trazerem muito divertimento para a criança.

Ouvir e comunicação

Você poderá constatar, durante as brincadeiras e a comunicação com seu filho, da mesma
forma que para outras crianças, se a sua capacidade auditiva está comprometida ou não.
É possível, em casos raros, que a audição de crianças com Epidermólise Bolhosa esteja
prejudicada, devido à formação de bolhas. As cordas vocais também podem estar
acometidas, assim como a boca e a laringe. Quando a criança começa a falar, a família
estará apta a entender o que ela fala. É importante não esperar demais do seu filho,
quando ele começa a se comunicar com os outros. A criança precisa de tempo para
ampliar seu vocabulário e sua gramática, antes de poder se comunicar com outras
crianças. Leia sobre o assunto também no capítulo “Bebês e crianças pequenas”.
Constipação intestinal

Aquilo que por cima entra, tem que, mais cedo ou mais tarde, sair por baixo. Aqui se
apresenta um outro problema. Para qualquer pessoa, a “prisão de ventre” pode ser
desagradável; para uma criança com Epidermólise Bolhosa ela pode ser ainda mais
desagradável e dolorosa. Não se pode dizer com certeza, se a constipação intestinal da
criança é conseqüência do tipo de alimentação, das bolhas e da sensação de dor
associada ou da contenção que acontece devido ao medo de sentir dor. Para seu filho isso
não faz a menor diferença. Por favor, busque ajuda o mais cedo possível, e não depois
que o problema já se tornou crônico. Constipação intestinal em crianças com Epidermólise
Bolhosa pode ser resolvido!

Banho é divertido

O banho é, diariamente, um importante momento, durante o curto período em que o bebê


fica acordado e, quanto maior o prazer que ele tem, melhor é a experiência para o bebê.
Quando o seu bebê está relaxado dentro da banheira, então você também está relaxada.
E quando você esta relaxada, o seu filho percebe isso e o círculo se repete. Brinquedos
para o banho podem ser utilizados, porém fique atenta para que os mesmos se
mantenham limpos, sem cremes ou gordura, porque este estado pode levar ao
desenvolvimento de infecções. Brinquedos que espirram água são divertidos e, além
disso, o bebê se acostuma a receber espirros de água na pele. Mais tarde este método
pode ser utilizado para amolecer curativos aderidos.

O período do banho pode ser utilizado, quando o bebê estiver maior, para se fazer
exercícios contra contraturas musculares. Os músculos se relaxam na água quente e as
extremidades serão utilizadas, através da água. Músicas adequadas ou estórias ritmadas
relaxam o ambiente e apóiam os exercícios. Deixe buchas de espuma e balões nadarem
na água, para que a criança tente os alcançar com os pés. O “pontapé” deve atingir os
brinquedos que estão boiando ou, caso não seja propício para a pele, a própria água.

E agora, direto para a cama...

Também os bebês saudáveis se acostumam, rapidamente, com os padrões e costumes


ruins para o sono. Para crianças com Epidermólise Bolhosa pode-se, ainda mais rápido,
cair neste caso. Com gradativa auto-confiança, porém, pode-se alcançar um bom ritmo. À
noite, quando não existe um bom motivo para o choro, pode ser suficiente acalmar um
bebê que chora, com palavras bem suaves e, talvez, com leves toques ou carinhos nas
costas. Se a criança está molhada, com fome ou precisa de um novo curativo, então tente
fazê-lo com o mínimo de esforço e conversa, para que seu filho não confunda a hora de
dormir com a hora de brincar e, no dia seguinte, fique muito cansado. Crianças com a pele
normal acordam no meio da noite, por isso não veja nisso um grande problema.
Obviamente você se preocupa, apesar disto, tente reagir adequadamente.

Faça uma pausa!

Cada um dos pais precisa de uma pausa! Tão logo você tenha desenvolvido uma rotina,
“empregue” um pequeno círculo de familiares e/ou amigos, que estejam dispostos a
aprender com você. Essas pessoas devem ficar, durante um tempo, junto com você e o
bebê, para que ele próprios adquiram confiança e desenvolvam competência para cuidar
da criança. Então chega o primeiro grande momento, quando você pode entregar sua
criança ao cuidados de outra pessoa, por um curto espaço de tempo – mesmo que seja
por apenas uma hora. Muitos pais desenvolvem um sentimento de culpa – por favor, não
faca isto! O cuidado de uma criança com Epidermólise Bolhosa pode ser muito cansativo.
Pequenas e grandes pausas do cuidado darão tempo para que você se encontre, relaxe e
reúna forcas para continuar os cuidados. Seu filho precisa de você descansado e
descontraído! Além disso, pode acontecer que você adoeça e você ficará mais tranqüilo,
durante essa ausência, quando você estiver preparado para qualquer eventualidade e
puder confiar em uma segunda pessoa para os cuidados com o bebê. Se tiver que recorrer
a um serviço de enfermagem, discuta com o pessoal sobre o assunto.

A idade escolar

Os pais devem ser encorajados, bem cedo, a deixar seu filho com Epidermólise Bolhosa
Distrófica brincar com outras crianças. É atrativo manter a criança afastada de outras,
devido ao risco de ferimentos, mas é absolutamente necessário deixar a criança crescer,
da maneira mais normal possível. Amizades e conversas, diversão e risadas trazem, com
certeza, equilíbrio para a dor e a irritação.

Capacidade mental e conhecimentos serão, mais tarde, vantajosos na vida profissional


porque as atividades corporais serão, eventualmente, limitadas. O objetivo deve ser criar
uma equilibrada, bem informada e bem formada personalidade, ao invés de um indivíduo
introvertido, amargo e nervoso. Na idade de 3 ou 4 anos, o objetivo deve ser grupos de
brincadeiras ou jardim de infância.. Um dos pais pode, no início, acompanhar a criança
para eliminar as dificuldades do começo, informar o pessoal sobre o cuidado da criança e
tornar o mais fácil possível essa passagem para a criança. Depois os pais devem se
manter afastados desse campo; a criança precisa de auto-suficiência, não de
dependência.

Para algumas crianças é necessária uma pessoa que as acompanhe no jardim de infância
ou na escola. Essa pessoa pode ser um assistente social ou voluntário, que ofereça
serviços sociais.

Procure informações com o seu médico, pediatra ou no serviço social da sua cidade. Este
cuidado deve ser realmente “visível”, quando a criança precisar dele ou para troca de
curativos ou semelhante ajuda. Ele não deve tirar do seu filho atividades que ele próprio
possa fazer. O objetivo principal é a integração da criança, não se deve obter privilégios.

Quando a criança chega ao jardim de infância ou à escola, um professor ou assistente


social deve ser esclarecido sobre o problema de saúde da criança. Algumas explicações,
compatíveis com a idade, devem ser dadas também aos colegas de turma. Com o passar
do tempo, os colegas de turma irão entender cada vez mais seu filho, o desconhecimento
e o medo da doença serão eliminados e uma aceitação e interação geral serão
estabelecidos. As outras crianças poderão ficar, de maneira construtiva, do lado do seu
filho, sem preconceitos e sem medos e ele será incluído nas brincadeiras, com todas as
medidas de segurança necessárias.

A maioria das crianças freqüenta escolas normais, poucas são melhor acomodadas em
“escolas para deficientes”. Em ambos os casos a integração é questão importante, pois
sempre existe espaço para as restrições especiais da criança. É preferível dar tempo para
a própria criança com Epidermólise Bolhosa obter resultados e levar suas atividades com
sucesso até o fim, ao invés de lhe oferecer ajuda desnecessária.

Também deve-se tomar em consideração, que a criança se cansa rapidamente,


especialmente se, por exemplo, ela sofre de anemia. Apesar disso deve-se constatar, se a
criança na verdade está cansada, se ela realmente não está em condições de participar ou
se ela busca uma desculpa para se separar do grupo. O objetivo é possibilitar uma vida
normal, com boa integração.

Crianças com Epidermólise Bolhosa podem realizar um grande número de atividades que
as crianças normais realizam. Algumas vezes são necessárias algumas adaptações. A
capacidade dela pode ser diferenciada de um dia para o outro, mas não se esqueça
nunca, que a exclusão pode produzir tantos danos quanto a inclusão. Quando a sua
criança, por exemplo, fica sentada no horário da ginástica, isso pode significar,
eventualmente, um agravamento da tensão do corpo e, com isso, serem necessárias mais
horas de fisioterapia. Estabelecer o horário da ginástica de tal forma que a criança com
Epidermólise Bolhosa possa participar, mesmo que parcialmente, é melhor do que não
tentar nada. A participação da criança na vida diária será estimulada e o sentimento de ser
um “estranho” será reduzido. Se o professor ficar temeroso, seria uma boa idéia, arranjar
uma conversa entre ele e o fisioterapeuta.
Bicicletas podem e serão freqüentemente utilizadas, mesmo também quando os joelhos e
os pés não estiverem bem. Por favor, não deixe a bicicleta substituir completamente os
próprios pés. Crianças mais velhas adoram treinar com a bicicleta e também se
interessarem por competições contra outras crianças. Muitas crianças cavalgam, apesar
da sua doença, e várias nadam. Você encontrará uma grande quantidade de atividades
esportivas para seu filho, que poderão ser exercitadas tanto na escola quanto em família.
Essas atividades estimularão a criança a passar parte do seu tempo livre com outras
crianças.

Quando uma criança freqüenta uma escola regular e, durante esse horário, não pode ficar
sem acompanhamento ou sem a troca de curativos, ela poderá ter ao seu lado um cuidado
do serviço público. Informe-se com seu médico, com o serviço social do seu estado, etc.

Recursos auxiliares

Algumas crianças com Epidermólise Bolhosa precisam de recursos auxiliares especiais.


Sempre e onde for possível, os instrumentos de trabalho do dia-a-dia devem ser
modificados. Isso vai minimizar o “ser diferente”, quando comparado com outras crianças.
Objetos que são muito estreitos para serem segurados, podem ser recobertos com
espuma ou similar. Para os lápis existem tubos de borracha especiais; informe-se em uma
boa casa de produtos médicos ou com o seu fisioterapeuta. Lápis coloridos ou pretos,
grossos, são mais fáceis de serem segurados do que os finos. Pode-se obtê-los também
em forma triangular. Existem várias canetas feitas com material antiderrapante.

Quando a criança não pode segurar uma tesoura, deve-se dar a ela uma tesoura bem
afiada e com o punho acolchoado. Existem tesouras especiais, que são bem leves para se
manusear.

Quando a criança não consegue caminhar um longo trecho a pé, ele deve utilizar um
carrinho de bebê. Existem carrinhos especiais para crianças maiores.

Caso cirurgias sejam planejadas, arranje tudo de tal forma que a criança, tão rápido
quanto possível, e sem restrições, volte à sua vida normal.
Jovens e adolescentes

Muitos de vocês devem pensar que ainda levará muito tempo até que se chegue neste
ponto, mas este período se apresenta como um dos mais importantes na vida do seu filho.

Uma alimentação rica e um máximo de movimento corporal, de preferência com ajuda de


um fisioterapeuta, são muito importantes neste período. Na escola, muitas crianças
deverão ter acesso a um computador, caso elas tenham muita dificuldade para escrever.
Dependendo do planejamento da escola, essas crianças poderão utilizar o computador até
para as provas. Evite, porém, qualquer dependência do computador, porque ele poderá
intensificar o problema de escrita da criança.

Quando seu filho, numa época qualquer, acreditar que ele é a única criança com este
problema, converse com ele sem demora e honestamente. Enumere as coisas positivas
que ele é capaz de fazer sozinho. Essa conversa poderá ser bastante dolorosa. Se você
achar que não é capaz de vencer esse obstáculo sozinha, busque ajuda! Freqüentemente
é positivo que a criança ou o adolescente tenha contato com outros acometidos pela
doença, que tenham a mesma experiência ou que já a tenham tido. Os jovens, com
freqüência, se comunicam melhor com outros da mesma idade do que com os familiares.
Isso é normal – não se sinta desprezada!

A dignidade e a autoconfiança

Algumas crianças não têm nenhum problema em se estabilizarem, outras, ao contrário,


não conseguem. Você, como pai/mãe, deve prestar atenção nas mudanças, expressões e
desvios do seu filho. Isso pode ser discutido com a ajuda de um psicólogo, terapeuta ou
professor da criança.

Estes especialistas têm condição de estimular a dignidade e auto-confiança de seu filho,


na medida em que eles o integram, por exemplo, a um grupo de conversação com outras
crianças, onde cada um pode falar sobre seus sentimentos e onde eles sabem que sempre
haverá alguém para escutá-los, alguém com quem possam conversar.

Disciplina

As crianças com Epidermólise Bolhosa só conseguem desenvolver seu completo


potencial, com a ajuda e apoio constantes dos seus pais. Essa pode ser uma inquietante
visão para os pais, mas não isole seu filho numa bolha, deixe que ele próprio descubra o
que o mundo tem para oferecer e onde ele pode encontrar seu lugar nele.

Para parentes distantes e para amigos é, freqüentemente, bem difícil não ir sempre ao
encontro da criança. Isso coloca você também sob pressão, por fazer o mesmo. É
importante trazer a criança sob uma orientação positiva e querer o melhor para eles, mas
também esperar o melhor para a criança.

Todas as crianças precisam, em algum momento, ter limites estabelecidos. Todas as


crianças precisam de disciplina; para crescerem dentro de um ambiente seguro e
estruturado. Quando disciplina não for exigida da criança desde cedo, ela acreditará que
estará livre de punições e isso poderá conduzir a outros problemas. Crianças podem se
sentir muito inseguras, quando estão fora do controle. Castigos físicos não devem ser
indicados. A punição pode vir na forma de perda de privilégios como, por exemplo, não
receber guloseimas, ficar no quarto por um período limitado de tempo, ficar sentado numa
cadeira especial ou no degrau de uma escada, etc. Discuta a disciplina também com os
professores e com o coordenador da escola de seu filho.

Por que eu?

Chegará um tempo na vida de seu filho, que ele se perguntará: “por que justo eu?” Ele
quer uma explicação sobre o porquê ele é diferente das outras crianças. Isso pode ser
bastante doloroso para os pais, contanto que você responda à pergunta dele honesta e
claramente. A criança aceitará a sua resposta até que a sua inteligência exija mais. Mais
tarde a criança poderá , talvez, ficar amarga por causa das restrições que a doença
determina. Reserve tempo para falar sobre este problema, reforce os progressos da
criança e mencione o seu potencial para o futuro. Se você se sentir sobrecarregada com o
problema, procure ajuda especializada ao invés de se afastar dele e deixar seu filho sem
resposta.

Pensamento positivo

As melhores informações, idéias e conselhos podem vir apenas dos pais de crianças
acometidas pela doença. O constante apoio mútuo é inigualável, da mesma forma que a
ajuda e o apoio dos especialistas em Epidermólise Bolhosa. Mantenha contato com a
Associação, visite, junto com seu filho, os encontros arranjados pela Associação. Vários
dos associados se tornam amigos para toda a vida! A experiência e o conhecimento dos
pais, que têm a mesma ou parecida experiência é uma ajuda imensa. Esses pais não têm
apenas bons conselhos, eles oferecem apoio moral, assim como todos os profissionais da
Família dos Portadores da Epidermólise Bolhosa.

Juntos podemos ver o futuro com muita esperança e entusiasmo. Acredite em você e em
seu filho!

Texto 3
"Apostila de fisioterapia"

Texto original fornecido pela "Associação Alemã para Epidermólise Bolhosa"

Prefácio

Esta apostila foi especialmente montada para chamar a atenção dos pais de crianças com
Epidermólise Bolhosa quanto à necessidade das atividades físicas.
Após o nascimento da sua criança, você descobrirá, através do seu médico, qual forma da
doença seu filho apresenta. Esta apostila refere-se, principalmente, à Epidermólise
Bolhosa Distrófica, para a qual a fisioterapia freqüentemente é mais importante do que
para outras formas da doença.

A necessidade do movimento
A maioria das pessoas utilizam e movimentam, diariamente, todas as suas articulações e
não se mantêm em uma rígida posição (exceto quando apresentam uma lesão). Na
Epidermólise Bolhosa Distrófica formam-se freqüentemente bolhas (as quais por sua vez
cicatrizam) na região das articulações. As crianças tentam então evitar a dor decorrente do
movimento da parte corporal afetada. A repetição desse comportamento contribui para a
rigidez da articulação afetada ou de um membro. A cicatrização repetida também
atrapalha, freqüentemente, a flexibilidade. Por causa disso é extremamente importante
movimentar as partes corporais e articulações acometidas por bolhas, sobretudo, para
manter a capacidade de movimentação dessas mesmas estruturas.
É indiscutível para cada uma de nós, proteger as crianças de ferimentos e dores. Para os
pais de crianças com Epidermólise Bolhosa Distrófica é especialmente difícil: nós, pais
afetados pelo problema, tendemos sempre a habituar nossas crianças a serem inativas e
pouco “aventureiras”. Esse fato é compreensível, mas nossas crianças devem descobrir
seu universo da mesma forma que as outras crianças e se desenvolverem normalmente.
Exatamente isso as ajuda manter suas articulações móveis e as prepara para,
posteriormente, sentar, correr e realizar outras atividades.

Como eu seguro uma criança com Epidermólise Bolhosa Distrófica?


Basicamente vale sempre: levante a criança sempre com uma mão sob a cabeça (ou
costas) e a outra mão sob as nádegas (ou os joelhos). Nunca erga a criança agarrando-a
por debaixo dos braços, porque isso leva com freqüência à formação de bolhas. Você
como pai e/ou mãe saberá melhor como se ergue sua criança e vocês informarão as
outras pessoas, quando necessário.
De bruços ou não?
Bebês com Epidermólise Bolhosa Distrófica NÃO devem ser colocados de bruços para
dormir. A posição ventral, em conjunto com outros fatores, aumenta o perigo de “morte
súbita” na criança. Por outro lado essa é uma boa posição inicial para brincar. Por isso,
encoraje seu filho diariamente, por longo tempo, a ficar de bruços para brincar. A criança
rapidamente tirará proveito disso. Crianças mais velhas utilizarão, com freqüência, a
posição de bruços para ver televisão, ler ou para dormir.

Contraturas
O que são contraturas? Como já foi mencionado, alguns pacientes com Epidermólise
Bolhosa Distrofica sofrem com o enrijecimento das articulações, um fenômeno que se
estabelece através da formação de bolhas, da cicatrização e da posição incorreta. Quando
nada for feito contra isso, tendões, músculos, como também o tecido ao redor da
articulação sofrerão um encurtamento. A pele se tensiona devido às cicatrizes e então,
com o tempo, a restrição dos movimentos aumentará e alguns movimentos e variadas
atividades serão, para sempre, impossíveis.
Quando você constatar que seu filho não é capaz de dobrar ou esticar completamente
uma articulação (mesmo quando se tratar de apenas uma pequena limitação), reaja
imediatamente! Encoraje sua criança a utilizar essa parte corporal acometida e faça com
ele alguns dos exercícios descritos neste manual. Utilize-o como um livro de receitas e
procure os exercícios que sejam exatos para a parte corporal afetada no seu filho. Solicite
a seu pediatra que o encaminhe a um fisioterapeuta. Ele estará em melhores condições de
avaliar os progressos de seu filho e também poderá montar um programa de exercícios
para serem feitos em casa, adequados às dificuldades especiais da criança. Ele poderá
também aconselhar exercícios próprios para problemas específicos.

Quando será exercitado?


Tão logo o menor sinal de rigidez for notado, deve-se começar imediatamente. Pode-se
tratar de uma rigidez passageira, decorrente da formação de bolhas naquela parte do
corpo, mas é muito importante evitar o enrijecimento permanente. Quando uma limitação
do movimento já for existente, seria adequado treinar várias vezes por dia. Quando não for
este o caso, você deve observá-lo durante o banho, a troca de curativos, etc. Com
crianças bem pequenas e bebês freqüentemente não é possível fazer os exercícios como
programados. Você pode ajudar sua criança quando estimula o movimento brincando e,
com as suas mãos, alonga e estica suas articulações até o limite.

Os exercícios mais importantes!


TODAS as crianças com Epidermólise Bolhosa deveriam DIARIAMENTE deitar de bruços
(Bebês não devem dormir nesta posição!). Exercícios para a boca são para as crianças
com Epidermólise Bolhosa um dever, porque a abertura bucal, freqüentemente, devido à
formação de cicatrizes, fica reduzida. Fique permanentemente atenta às mãos do seu filho.
Tão logo uma rigidez seja notada, consulte de imediato seu pediatra e um fisioterapeuta.
Algumas indicações:

Costas:
As costas enrijecem com freqüência, especialmente quando a criança fica muito sentada.
Deitar de bruços diariamente ajuda a alongar as costas (enquanto a criança deita-se
paralela sobre a cama ou sobre o chão, sem deformar seu corpo). Todos os exercícios
devem ser, cada um, repetidos 10 vezes. Discuta estes exercícios domésticos também
com seu fisioterapeuta.
Exercício 1:
De bruços com os braços esticados para frente. Eleve a perna esquerda. Repita o mesmo
com a perna direita.
Outra opção:
Este exercício pode ser feito também de pé. Apoiada no encosto de uma cadeira, empurre
a perna esquerda (não estique o pé) para trás. Repita isto com a perna direita.

Joelhos:
Os joelhos também podem perder flexibilidade. Quando se permanece em posição
flexionada por longo tempo, pode acontecer de não se conseguir esticá-lo completamente.
A posição de bruços poderá, nesse caso, em parte, ajudar a impedir. Quando há
dificuldade em esticar o joelho, deve-se realizar diariamente os exercícios 2, 3 e 4.
Exercício 2:
Deitar de costas. Estique o joelho e puxe os dedos dos pés para cima (em direção ao
joelho). Conte até 5. Repita.

Exercício 3:
Deitar de costas. Estique completamente um joelho e faça força para baixo. Eleve esta
perna lentamente, cerca de 20 a 30 cm do chão. Deixe-a também lentamente baixar até o
chão. Faça o mesmo movimento com a outra perna. (Por favor, nunca eleve as duas
pernas ao mesmo tempo, isso pode levar a problemas de coluna).

Outra opção:
Este exercício pode também ser realizado sentado numa cadeira. Elevar uma perna,
contar até 5 e, lentamente, deixá-la descer. Cuidado! As costas devem, neste exercício,
estar retas e em relação à perna que foi erguida, formar um ângulo de 90?. A criança pode
se segurar lateralmente na cadeira, porém não deve se curvar para frente.

Exercício 4:
Quando para se dobrar o corpo o joelho fica rígido, os seguintes exercícios podem ajudar:
Deitar de costas. Dobre o joelho direito e o leve em direção à barriga. O calcanhar direito
deve ser trazido até as nádegas. Repetir com a perna esquerda. Este exercício pode ser
feito também de lado, caso a criança, por qualquer motivo, não consiga se deitar de
costas.

O pescoço
Alguns acometidos pela Epidermólise Bolhosa sofrem com o enrijecimento do pescoço. O
próximo e simples exercício pode impedir isso.

Exercício 5:
Mantenha os ombros retos e gire a cabeça uma vez , totalmente, para a esquerda e uma
vez, totalmente, para a direita.
Exercício 6:
Olhe para a frente, incline o ouvido direito em direção ao ombro direito. Repita do outro
lado.

Exercício 7:
Olhe para o teto e então de volta para o chão. Repita.

A boca
A maioria das crianças acometidas pela Epidermólise Bolhosa desenvolvem
estreitamentos da cavidade oral, freqüentemente acompanhadas de impedimentos dos
movimentos da língua. Isso deixa a higiene bucal bastante difícil. É muito importante
começar os exercícios bucais, abaixo apresentados, bem cedo com a criança. O melhor
seria desenvolver uma rotina de cuidados com os dentes, em que os exercícios com a
boca fossem logo integrados. Os pais deveriam começar bem cedo com esses exercícios,
independente do fato da boca de sua criança apresentar ou não estreitamentos ou
imobilizações.

Exercício 8:
Estique a língua o máximo que puder para fora da boca e movimente-a para cima e para
baixo, para e direita e para a esquerda, o máximo que conseguir. Experimente fazer isto
mesmo que a língua não consiga se movimentar muito.

Exercício 9:
a) Abra a boca o máximo possível e diga “iiiiiiiiiiii”. Se o seu filho for bastante cauteloso, ele
pode, com os dedos indicadores, movimentar o canto dos lábios para os lados, ao mesmo
tempo, cuidadosamente.
b) Abra a boca ao máximo e diga “oooooooooo”.

Esses exercícios são muito importantes para manter a capacidade de movimento dos
lábios e poderão simplificar muito as visitas ao dentista. Se os lábios e os cantos da boca
facilmente “racham”, seria aconselhável utilizar um creme nos lábios antes dos exercícios.

Outros exercícios para a língua:


1) Esticar a língua o máximo possível para fora da boca e, então, de novo para dentro da
boca, seguidamente, tão rápido quanto possível.
2) Esticar bastante a língua para baixo, até o queixo e então esticar a língua para cima, até
a ponta do nariz. (ou o máximo que for possível).
3) Com a ponta da língua lamber os lábios em círculos. Pode-se também passar mel ou
geléia sobre os lábios e lamber os mesmos, da forma escrita anteriormente.
4) Aperte a ponta da língua na bochecha pelo lado de dentro, então deve-se tentar ,com
um dedo pelo lado de fora da boca, pressionar a língua. Experimentar dos dois lados da
boca.
5) Apertar a língua para cima contra o céu da boca (estalar a língua).

Vários destes exercícios podem ser feitos de maneira divertida com as crianças.

Ombros:
Como as roupas podem provocar bolhas e os curativos escorregam freqüentemente, evite
erguer os braços das crianças com Epidermólise Bolhosa Distrófica acima da cabeça,
porque assim as roupas e os curativos esfregam a pele e podem induzir à formação de
bolhas. Isso pode levar a enrijecimentos permanentes. A criança deve ser encorajada a
fazer os exercícios 8 e 9, tão logo o menor sinal de rigidez dos ombros seja notado.

Exercício 10:
Abrir os braços, esticados, na altura das axilas, então erguê-los até as orelhas e abaixar
de novo. Repetir.

Exercício 11:
Esticar os braços à frente do corpo, então elevá-los até a altura das orelhas e de novo
abaixá-los. Repetir.

Cotovelos
Cotovelos podem igualmente se tornar enrijecidos. Algumas vezes pode se tornar difícil
girar as palmas das mãos para cima, estando com os braços esticados. Quando este for o
caso, comece imediatamente com o exercício 10.

Exercício 12:
Dobrar os cotovelos e tocar os ombros com as pontas dos dedos, então abrir lateralmente
os braços com as palmas das mãos para cima. Fique atento, para que os punhos possam
se movimentar corretamente para cima e para baixo.

Mãos
Várias crianças com Epidermólise Bolhosa têm problemas com alguns dedos e com as
mãos. Controle regularmente se seu filho pode colocar os dedos esticados sobre uma
superfície lisa, por exemplo, sobre uma mesa. Quando os dedos, mesmo que bem pouco,
estiverem curvados, comece imediatamente com exercícios diários. A aderência dos
dedos (“dedos colados”) começa sempre pelas mãos. Não é ainda claro se os exercícios
isoladamente podem impedir estas aderências. Métodos específicos de compressas para
os curativos têm uma influência muito boa. Se as mãos estiverem muito comprometidas,
deve-se começar bem cedo com a fisioterapia.

Exercício 13;
Alongar cada dedo individualmente, estando com os dedos levemente esticados. Observe
se todos os dedos podem, igualmente, ser colocados retos sobre a superfície de uma
mesa.

Pés
As bolhas, que acometem os pés, podem induzir seu filho a correr cada vez menos. Fique
atento para que os sapatos tenham o mínimo de costuras, sendo que os calçados de
couro são os melhores indicados. Os pés não devem suar de jeito nenhum, porque isso
favorece o aparecimento de bolhas. Os curativos não devem ser colocados muito justos
nos dedos , pois isso dificulta o crescimento dos mesmos. Certifique-se de que sua criança
não se movimente sempre sobre o calcanhar ou sobre a parte da frente dos pés. Caso
você perceba um enrijecimento, comece logo com o exercício 14.

Exercício 14:
Deitado sobre as costas: esticar as pontas dos dedos dos pés para cima, em direção aos
joelhos, então esticá-las para baixo. Repetir.

Caminhar e Correr
Fique atenta para que seu filho corra diariamente um trecho, mesmo que este seja curto e
mesmo que os pés tenham bolhas. Se os pés estiverem muito feridos, encoraje sua
criança a utilizar um velocípede ou bicicleta, para que ele próprio se movimente.

Talas
A utilização de talas é, com freqüência, menosprezada. As talas serão utilizadas para
manter uma articulação na posição correta ou para melhorá-la. Elas podem ser muito
eficientes quando correspondem à indicação do médico. Se uma tala provocar doloroso
atrito ou ficar muito pequena, ela deve ser modificada ou substituída.

Natação
A natação é um esporte fantástico para a criança com Epidermólise Bolhosa Distrófica.
Quando ele é iniciado bem cedo, a criança não terá nenhum problema em acompanhar as
crianças da sua idade. Discuta antecipadamente possíveis problemas com o
dermatologista e com o pediatra. Tome cuidados para que a pele do seu filho não
resseque.

O objetivo desta apostila é deixar claro para você, que as articulações do seu filho podem
ser mantidas em bom estado através de exercícios e manutenção. Quando você tiver
dúvidas, discuta com um fisioterapeuta ou com o pediatra. Para crianças pequenas você
pode fazer vários dos exercícios através de brincadeiras, para que eles não pareçam uma
tarefa. Faça os exercícios junto com a criança e, sempre que possível, diariamente, para
instituir uma rotina. Os exercícios devem conscientemente fazer parte da vida da criança,
da mesma forma que várias outras atividades.

Texto 4
"Aspectos Psicológicos"

Autora:

Flávia S. Beaumord (Psicóloga)

Aspectos Psicológicos da Epidermólise Bolhosa

O mundo vem passando por inúmeras transformações sociais, culturais, tecnológicas,


comportamentais. Estuda-se, debate-se sobre a Ética, mas a realidade é bem diferente. A
estética corporal e ambiental, o poder encontra-se sobrevalorado em detrimento das
relações humanas. Os portadores e familiares da Epidermólise Bolhosa deparam-se com
tais estereótipos, incompatíveis com a batalha travada diariamente.
A mídia, que invade o inconsciente coletivo sem pedir licença, contribui de forma ativa nas
atitudes e pensamentos do homem. Os desenhos infantis atuais reforçam a beleza
estética, a força física, o poder. Walt Disney, no filme “A Bela e a Fera”, consegue retratar
o contrário. O feio e o assustador, representado pela Fera, é onde se encontra o respeito e
a dignidade. Distingue-se que nem tudo que é belo, relaciona-se ao bem.
Ao fazer uma analogia com essa história, os portadores de Epidermólise Bolhosa
espelham-se na Fera. As feridas, cicatrizes e deformações espalhadas ao longo do corpo
causam estranheza, repugnância, horror. No primeiro momento, a tendência é de fuga. As
pessoas não gostam de ver o que é feio, nojento, pois no inconsciente equivalem ao ruim,
contagioso, causa medo. Num segundo estágio, desenvolve-se o sentimento de dó e
piedade – destruidor da auto-estima.
Além de lidar com a rejeição e vulnerabilidade social, o portador submete-se a um
tratamento clínico (na maioria das vezes invasivo) que limita e adequa a alimentação, o
vestuário, as brincadeiras infanto-juvenis. A patologia de caráter crônico – não curativo -
reforça o sofrimento físico e emocional.
Ao se sentirem diferentes, esses indivíduos tendem ao retraimento e à revolta. Tentam
negar a patologia, querendo fazer tudo igual a uma pessoa saudável, ou fecham-se para o
mundo, não aceitando o processo de socialização. A baixa da auto-
-estima é inevitável, oscilando conforme a estrutura egóica do sujeito e a base familiar.
Essa é de fundamental importância para o fortalecimento do enfermo. Inicialmente, ela se
desestrutura a fim de haver uma reorganização saudável. Depara-se, no entanto, com
famílias que não conseguem achar o equilíbrio, pois as mudanças são inúmeras – dos
cuidados básicos ao indivíduo, o relacionamento com os outros irmãos e o orçamento
familiar.
A falta de orientação profissional adequada corrobora para a eclosão dos sentimentos de
impotência, insegurança, desorientação, revolta, até chegar à depressão. O núcleo sem
base não conseguirá nortear um caminho saudável ao filho doente. Percebe-se três
direcionamentos de vida assumidos pelas famílias: crescimento, estagnação e
superproteção.
O primeiro é a atitude mais salutar, porém muito difícil. O portador precisa de cuidados
especiais, mas o processo educacional assemelha-se aos demais irmãos. Deveres,
responsabilidade, respeito, apoio, luta e o não à discriminação constituem o lema familiar.
Dentro das possibilidades físicas, vive-se normalmente, pois a capacidade cognitiva está
preservada.
O segundo, a estagnação, representa o papel da vítima. A impotência, a insegurança e o
estado depressivo aliados à convivência com pessoas que demonstram dó e piedade
frente à situação, reforçam o comportamento de “pobre coitada... digna de dó”. Em
conseqüência , a comunidade, parentes, amigos mobilizam-se para ajudar. Doam algumas
necessidades básicas, medicação, roupa a fim de amenizar o sofrimento pessoal do
portador e família. Mas o principal não é feito – estimulá-los a buscarem ajuda e recursos
nos setores apropriados, em prol da autonomia e crescimento. O núcleo acomoda-se e fica
a esperar os suprimentos dos voluntários , sem fazer o mínimo de esforço. Como o
comportamento dos filhos espelha-se ao dos pais, aqueles assimilam as mesmas atitudes,
na maioria das vezes.
A superproteção leva à discriminação do portador entre os irmãos e a sociedade. Como o
próprio nome diz, há um exagero nos cuidados. Tudo que se consegue ou compra-se é
para ele. Por outro lado, esse se sente no direito de coordenar o funcionamento do lar de
acordo com os seus desejos, que são imediatamente realizados. Há uma inversão de
valores. Quando a vida lhe impõe limites, a revolta e a cólera emergem, podendo ocorrer
atitudes inadequadas: brigas, automutilação, até o suicídio.
Excluindo todos os fatores sócio-econômicos, que oneram muito a condução adequada do
tratamento, na estagnação e superproteção, costuma-se ocorrer o boicote do receituário
clínico. A melhora da saúde física e emocional pode diminuir a quantidade de donativos,
necessitando haver um movimento do que está estagnado. A restrição alimentar, lúdica,
vestuário e o repouso pós-operatório ignorados, porque o portador não os aceita,
acarretará na perda de procedimentos e piora da saúde.
Segundo Elisabeth Kluber-Ross , tanto o indivíduo doente quanto a família passam por
cinco estágios, podendo ocorrer em concomitância ou distintamente. São eles: a negação,
a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. Para se alcançar o último patamar, muitas
vezes, será necessário a ajuda de profissionais especializados ao portador e à família.
Quando estes negam os recursos ou inexistem, o núcleo pode permanecer estratificado,
no segundo ou terceiro tipo de direcionamento de vida, citados anteriormente.
Outro aspecto importante a salientar é a identificação do indivíduo com a doença. Diante
da dor, limites físicos e sofrimento, não consegue perceber que há um mundo cheio de
vida. Entre ele e a doença, não há distinção. Apesar do dia-a-dia difícil, é um ser cheio de
capacidade inovadora e produtiva. Possui uma patologia, mas não é uma bolha,ferida,
cicatrizes... Resgatar o sujeito dessa imersão constitui um dos primeiros passos
fundamental em favor da saúde.
Os profissionais que estiverem assistindo aos portadores precisarão disponibilizar uma
escuta apurada das queixas oriundas da família. Inicialmente, promove integração,
confiança e segurança de ambas as partes. Segundo, facilita perceber a origem dos
conflitos e barreiras. Assim possibilitará sensibilizar o grupo e o doente; quebrar rotinas,
hábitos e preconceitos; encaminhar aos especialistas, para aderirem de forma de forma
consciente ao tratamento.
O meio de comunicação também poderá ser ajustado. Deparar-se-á com indivíduos de
diversos níveis intelectuais e aprendizado. Não adianta fazer curativos se as pessoas não
conseguirem entender o motivo. Caso necessário, desenhos, tabelas, linguagem coloquial
serão imprescindíveis e de grande auxílio. Evitará constrangimento diante das dúvidas,
pois sentirão que o profissional não os repreenderá por causa de uma pergunta.
Sabe-se que, diante de doenças crônicas, é difícil obter resultados favoráveis com ações
focais e isoladas. Não adianta cuidar só da depressão, se está faltando comida ou remédio
para dor. Não resolve forçar a ingestão de alimentos, onde há um severo estreitamento de
esôfago. A interdisciplinaridade é o ideal.
O encaminhamento para a reabilitação do sujeito torna-se imprescindível. Na Epidermólise
Bolhosa, além dos cuidados clínicos, o portador necessitará no desenrolar da vida, de
acompanhamento fisioterápico e da Terapia Ocupacional. A Fisioterapia ajudará na
manutenção do alongamento das fibras musculares, na parte motora dentre outras. A
Terapia Ocupacional auxiliará na preservação da A.V.D. (atividades da vida diária); na
adaptação de brinquedos e objetos a baixo custo. Corroboram com a melhoria da
qualidade de vida e, conseqüentemente, diminui o nível de depressão.
Promover a integração social do portador/família; a inserção da criança e orientação à
escola sobre a patologia; o lazer ,o brincar e a leitura propiciará o resgate de um sujeito
desejante. A auto-estima recuperar-se-á e lidará de maneira mais saudável com as
limitações da doença, seja a Epidermólise Bolhosa ou qualquer outra.
Como o adoecer refere “à perda de” , finalizo com a citação de Judith Viorst:

“As perdas na vida são um tema universal. Não se referem apenas à morte das pessoas
que amamos, à separações e às partidas, mas também à perda consciente ou
inconsciente de sonhos românticos, expectativas impossíveis, ilusões de liberdade e
poder. E ainda a perda de nosso próprio eu jovem, o eu que se julga imune para sempre
às rugas, invulnerável e imortal”.
“Mas olhar para as perdas é ver como estão definitivamente ligadas ao crescimento. E
começar a perceber como nossas respostas às perdas moldaram nossas vidas pode ser o
começo da sabedoria e de uma mudança promissora”.
Belo Horizonte, 17 de fevereiro de 2005.

Flávia S. Beaumord
Psicóloga Clínica e Hospitalar
E-mail: fafabeaumord@terra.com.br
Telefone: 31- 33370155 (Clínica Agir )

Texto 5
"A Epidermólise Bolhosa"

Texto extraído da
"Revista Nursing - Revista Técnica de Enfermagem"

A EPIDERMÓLISE BOLHOSA

Numa época de "stress", "violência", "medo", doenças fatais, como hepatite 4 e SIDA, e
tantos outros problemas actuais, há que desmistificar, informar problemas raros com
"palavrões caros", como "epidermólise bolhosa", para que se enriqueça o caráter da
sociedade e não se marginalizem mais umas vítimas de doenças e/ou aquelas que são
fisicamente diminuídas, mas que podem ter muito para dar. Afinal, se não houvesse
deficientes, quem seriam os não deficientes ou normais? Sem doenças, quem falaria de
saúde?

Identificar a epidermólise bolhosa


"Bolhas" e vesículas ocorrem como um fenômeno secundário em muitas condições e
afecções não relacionadas, como por exemplo na infecção pelo vírus herpes, na dermatite
espongística, eritema poliformo e queimaduras térmicas. Porém, existe ainda outro tipo de
afecções, as denominadas "doenças bolhosas", que tal como o nome indica, são afecções
onde a presença de vesículas ou bolhas constitui um aspecto primário e característico da
doença, produzindo lesões clínicas, por vezes visualmente dramáticas, e ainda, em alguns
casos (como no pênfigo, por exemplo), uniformemente fatais, se não forem reconhecidas e
tratadas a tempo.

As doenças bolhosas podem dividir-se em inflamatórias e não inflamatórias. E é neste


último grupo que encontramos doenças como a porfiria (que muitos já conhecem) e a
epidermólise bolhosa.
O que é epidermólise bolhosa?
A Epidermólise Bolhosa (E. B.) corresponde, portanto, a uma afecção primária
caracterizada por vesículas e bolhas, não sendo, no entanto, mediada por mecanismos
inflamatórios.

Ao abordar o tema "epidermólise bolhosa", a primeira reflexão dirige-se necessariamente à


designação e ao que ela significa.

Contrariamente ao que a expressão sugere, trata-se de um grupo de doenças em que


apenas algumas se caracterizam pelo fenômeno patológico de Lise Epidêmica. Noutras, a
clivagem cutânea que origina as bolhas situa-se na união dermo-epidérmica e noutras
ainda ela é subepidérmica.

Desta forma, torna-se importante definir "epidermólise bolhosa" em termos clínico-


patológicos como grupo de doenças hereditárias raras, caracterizadas essencialmente por
fragilidade cutânea, que origina formação de bolhas por disjunção dermo-epidérmica em
conseqüência de pequenos traumatismos ou de fricção.

A designação de dermatoses mecano-bolhosas, criada em função das características


clínicas atrás descritas e utilizada, sobretudo, por autores norte-americanos, não
encontrou aceitação geral. A problemática da nomenclatura complicou-se ainda mais face
à doença designada de epidermólise bolhosa adquirida, afecção não integrável neste
grupo porque não apresenta determinação genética e é provavelmente de natureza auto-
imune.

A heterogeneidade das afecções do grupo nosológico é ampla, devido a diversos fatores,


hereditários, clínicos e patológicos, que constituem os parâmetros a aplicar na formação
do diagnóstico.

Deste modo, sobressai, em primeiro lugar, o tipo de transmissão genética, autossômica


dominante ou recessiva; em segundo lugar, a gravidade clínica e evolutiva, condicionada
pela maior ou menor facilidade de formação de bolhas, sua extensão e tipo de cicatrizes
delas resultantes, atróficas ou distróficas; em terceiro lugar, sob o ponto de vista histo-
patológico, é de considerar o nível e tipo de disjunção: epidermolítico, funcional ou
dermolítico.

No referente à transmissão genética, nos quadros de disjunção epidermolítica tem-se


hereditariedade autossômica dominante e na disjunção funcional a hereditariedade já é
recessiva.

Nas formas dermolíticas, podem-se observar ambos os tipos de hereditariedade.


Porque aparecem as bolhas
Distrófico = cicatricial; epiderme = cama superior ou externa da pele; lise = ruptura;
bolhosa = com bolhas; derme = camada inferior ou interna da pele.

O entender destes termos é significante para se perceber porquê, como e onde aparecem
as bolhas na Epidermólise Bolhosa (E. B.).

A pele é constituída por várias camadas ligadas entre si por fibras protéicas de colágeno.
Na E. B., estas fibras de união não funcionam eficazmente, sendo que as várias camadas
de pele se separam facilmente.

O espaço que se forma entre as camadas é preenchido por soro ou por fluído rico em
proteínas, surgindo, assim, uma bolha.

Na E. B. Distrófica, a separação das camadas localiza-se abaixo da junção da epiderme


com a derme, onde se encontram vasos sangüíneos e nervos. Deste modo, as bolhas
podem ser profundas, dolorosas e com sangue. Algumas bolhas são mais superficiais. As
unham têm tendência a deslocar-se e a cair.

Infelizmente, na E. B. Distrófica, as bolhas tendem a aumentar de volume. Usualmente,


procede-se à sua abertura para efetuar o tratamento, esvaziando, assim, o seu conteúdo.
Isto origina uma ferida, que pode cicatrizar satisfatoriamente, mas que, com freqüência,
infecta, causando problemas.

Estes doentes têm, em geral, uma rotina diária (de manhã e à noite) para o tratamento das
bolhas - semelhante ao das queimaduras -, usando pensos de:

- Gaze gorda coberta com gaze seca, ou


- Penso não aderente, fixado com ligadura

O adesivo não pode nem deve ser utilizado, porque pode causar lesões graves quando
colocado diretamente sobre a pele.

Como aparecem as bolhas?


Um impacto brusco, momentos ocasionais laterais ou o simples ato de agarrar podem
originar bolhas em qualquer parte do corpo.

Uma queda pode provocar imediatamente bolhas, em todos os pontos de contato.


Nas salas de aula, no recreio, na vida profissional, etc., devem tomar-se todas as medidas
e precauções, quer pelo indivíduo com E. B., quer pelos seus colegas e amigos, evitando
pontapés, empurrões, palmadas ou puxões.

Se a criança tiver de se levantar, após uma queda, devem segurá-la por baixo das
nádegas e nunca por baixo dos braços. Entre os casos de E. B. Distrófica há grande
variação individual, desde a muito moderada à grave. O tratamento varia, pois, conforme o
tipo de E. B. em causa.

Cuidados primários e disciplina


Educar e informar
A gravidade excepcional de muitos doentes com epidermólise bolhosa, face à ausência de
qualquer medicação curativa de utilidade comprovada justifica que a atitude clínica de
suporte seja programada a partir de equipes pluridisciplinares que promovem a orientação
e acompanhamento em relação aos doentes e pais das crianças com E. B..

Estas equipes pluridisciplinares devem incluir, além de médicos e profissionais de


enfermagem, também técnicos de fisioterapia, recuperação funcional e nutricionismo,
psicólogos e assistentes sociais.

O aconselhamento genético ocupa um lugar de primeiro plano. A biopsia cutânea in útero


por feteroscopia, orientada por ultra-sonografia, entre as 18 e as 20 semanas de gestação,
constitui um método importante, quer na perspectiva de diagnóstico pré-natal quer na
comprovação da ausência da doença, perante a possibilidade de genética. Necessita,
contudo, do recurso a centros especializados.

Perante a suspeita de nascimento de uma criança com E. B., impõe-se cesariana, com
cuidados especiais de manipulação do recém-nascido. A assepsia rigorosa é
indispensável, com eventual isolamento do nascituro durante algum tempo.

A mãe necessita de ser devidamente instruída e informada sobre a E. B., nomeadamente


no que se refere a evitar quaisquer manobras que originem fricção cutânea. A roupa deve
ser larga e macia, a limpeza suave, cuidadosa e anti-séptica, com produtos bem tolerados,
utilizada, quando necessário, em erosões ou áreas de deslocamento epidérmico. O
acompanhamento médico é imprescindível durante toda a vida. A colaboração do
psicólogo e assistente social é indispensável na resolução dos inúmeros problemas do seu
âmbito. O nascimento de uma criança com E. B. afeta profundamente a família e acarreta
conseqüências graves de ordem psíquica. O fator econômico agrava inevitavelmente a
situação.

Material escolar e/ou de trabalho diário


As mãos das crianças e adultos com E. B. estão constantemente sujeitas a traumatismos,
podendo posteriormente adquirir deformações.
Há que conseguir um equilíbrio entre proteção e participação. Se, por um lado, se devem
restringir os desportos muito violentos, por outro lado, devem estimular-se a leitura e a
participação completa noutras áreas, como ofícios e música. Pode usar-se qualquer
auxílio, mecânico ou elétrico, que evite o contato da pele com instrumentos. O xilofone
elétrico, acionado por varetas muito afiadas e de cabo de plástico, é um dos exemplos
possíveis. Pelo contrário, os instrumentos rombos necessitam de maior pressão dos
dedos.

São também úteis os tubos moles de borracha como invólucros para canetas, lápis e
ferramentas.

Com imaginação, podem encontrar-se soluções que permitam aos indivíduos com E. B.
várias operações manuais, como os misturadores de alimentos e os tornos elétricos.

Em relação ao uso do barro, tintas ou plasticina, depende da condição diária das mãos,
deve sempre ser aplicado um creme gordo, que o indivíduo deve ter permanentemente na
sala de aulas ou no trabalho, dado que a pele excessivamente seca estala com facilidade.

Também as proteções de espuma ou de pele de carneiro são indispensáveis para proteger


"assentos" de cadeira, sanitas, bordos de secretárias.

Exercício e desenvolvimento físico


Do ponto de vista físico, a criança com E. B. D. pode estar exausta (independentemente
do seu repouso noturno) pela depressão das suas reservas, resultante de:

- perda de proteínas e ferro (anemia) pelas bolhas da pele e das feridas;


- cicatrização das feridas;
- combate à infecção;
- sofrimento pela dor e pruridos;
- alimentação insuficiente, palas lesões da boca e garganta;
- possível efeito sedativo dos medicamentos.

As crianças com E. B. D. são freqüentemente mais pequenas que a média.

Atividades como andar, escrever e comer podem ser lentas, pelo esforço necessário, por
contraturas cutâneas ou pela dor que provocam, em alguns casos de E.B. Apesar de tudo
isso, muitas crianças com E.B.D. têm boa agilidade mental, destreza surpreendente e,
sobretudo, uma enorme coragem.

Deve-se deixar as crianças participar o mais possível nos jogos e desportos, mas há que
evitar a exposição excessiva do corpo ou banhos de chuveiro prolongados. São excelentes
os exercícios de braços e tronco, sem mobilizar os pés, como por exemplo na dança pop
ou jazz. Nos movimentos no chão, a criança deve sentar-se ou deitar-se numa almofada
de espuma. É importante a rotação dos tornozelos e a flexão dos dedos dos pés. Deve
evitar ajoelhar-se, saltar ou suspender-se pelas mãos, o que pode provocar imediatamente
bolhas. É absolutamente necessário que todas as articulações sejam fletidas e estendidas
com suavidade, a inclusão destes exercícios nas aulas de educação física dará um
benefício permanente a estas crianças. Há tendência de as cicatrizes cutâneas
provocarem contraturas na pele que rodeia todas as articulações, como nos dedos, mãos,
punhos, cotovelos, pescoço, ombros, virilhas, joelhos e tornozelos. É também necessário
fazer a extensão suave destas áreas, após a sua correta lubrificação com um creme
gordo.

O fato de estarem sentados numa cadeira durante longos períodos pode provocar
deformações do corpo.

Jogos que envolvem movimentos rápidos, ou segurar violento com as mãos, são
imprudentes. Aconselham-se as atividades de pares, em que os pulsos estão apenas
levemente apoiados.

A água não oferece fricção, pelo que a natação é um desporto ideal. O cloro parece ter
efeito benéfico na cicatrização das feridas.

Nalgumas áreas as crianças podem ainda alargar o seu campo de atividades. Podem, por
exemplo, usar os serviços de equitação para deficientes, pondo pele de carneiro sobre a
sela e rédeas muito macias, com os traumatismos.

A par do desenvolvimento físico e da tentativa de evitar traumatismos, pode-se ainda


corrigir deformações das mãos e de pés, como a junção dos dedos (sindactilia), através de
cirurgia plástica.

Podem fazer-se as vacinas usuais, sob controle médico, pois a cicatrização da pele pode
ser difícil.

Se surgir na escola um surto de varicela, o pediatra e o dermatologista devem ser


consultados, na medida em que podem aconselhar uma injeção preventiva (como
gamaglobulina), que permite imunização temporária.

Alimentação
A alimentação pode ser dificultada por lesões nas mucosas da boca e garganta. A dieta
mais adequada é a mole, com carne finamente içada ou raspada, ou pratos à base de
soja. Uma alternativa são os sanduíches sem côdea, com recheios ricos em proteínas
(ovos, queijos, pastas de peixe ou de carne) e tomates pelados. Se lembrarmos que as
crianças a média, isto pode ser minimizado beneficiando-as de uma dieta rica em
proteínas vitaminas e ferro.
São adequadas as sobremesas de iogurte, gelados, bolos moles ou compotas. Devem
evitar-se tostas, bolos duros ou frutas muito fibrosas.

Algumas crianças precisam que toda a refeição seja liquefeita.

É necessária a ingestão simultânea de líquidos para ajudar a deglutição. A dificuldade na


deglutição pode variar de dia para dia.

Por vezes, torna-se necessário uma dieta quase líquida até que as lesões da orofaringe
cicatrizem.

Suplementos de leite, leite com ovos e batidos de glicose podem ser úteis.

Os adultos com E. B. D. têm de fazer múltiplas vezes dilatação esofágica por endoscopia,
devido à tendência para estenose esofágica. Quando já não é possível essa dilatação, há
que recorrer à cirurgia.

No hospital
Os indivíduos com E. B. sujeitos a internamentos em hospital e cirurgias obrigam a
cuidados mais específicos da parte médica e sobretudo de enfermagem.

Integração Social
Todos os indivíduos com E. B. têm necessariamente uma fragilidade, que implica que as
suas rotinas, nomeadamente escola, trabalho e vida diária, tenham de estar rodeadas de
cuidados especiais e de algumas regras proibitivas.

Todos temos alguma fraqueza física e na criança com E. B. ela está localizada na pele,
sendo apenas mais visível. Será útil explicar abertamente a todos os colegas, por mais
jovens que sejam, exatamente o que está errado. Essas explicações evitarão comentários
do tipo "que pele horrível que você tem!", "isso pega-se?", "não encoste em mim, não me
toque!". Se for divulgado o "fenômeno" como sendo um problema cutâneo, de origem
genética e não infecciosa, ao invés de uma doença cutânea, talvez as pessoas
reconheçam e mudem as atitudes, tornando-as mais positivas, realistas e estimuladoras
de autoconfiança. Isto decerto contribuirá para o bem estar e melhor integração de
qualquer indivíduo, criança ou adulto com E. B..

Bibliografia
- Patologia Médica, Faculdade de Medicina Lisboa, p. 1081
- J. Méd. Genética 1993, Dec. 1; H.E.M. - e Faculdade Medicina, Biblioteca Central, Lisboa - J. Pedriaty 1993
- Julho, Agosto; 15 (4): 242-B, Faculdade Medicina Dentária.
- Dermatologia 1993 - Setembro 12 - p. 173/90; Faculdade Medicina de Lisboa.
- Acta Médica Portuguesa 1991 - artigo de revisão "Epidermólise bolhosa e zona de junção dermo-
epidérmica clínica dermatológica universitária", H.S.M., Lisboa.
- Doenges Moor House, Aplicação do Processo de Enfermagem e do Diagnóstico de Enfermagem,
Lusodidáctica, 1984.
- Medicina (Janeiro - Maio - 1994).

Autoras
Ana Bela Diniz e Luísa Vieira são enfermeiras graduadas no Hospital de São José. Apresentaram pela
primeira vez este tema (Epidermólise Bolhosa) num audiovisual no Congresso de Enfermagem do Hospital
de São José.

Fonte
Texto extraído da "Revista Nursing - Revista Técnica de Enfermagem" - Nº 94 - Novembro de 1995 - Ano 8 -
Edição Portuguesa (Portugal)

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