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Obtuso

Gotas vermelhas, verdes e azuis,


Pingam no chão; pálido do meu peito;
E explodem como larvas de um vulcão em erupção;
Conflitos obtusos de sentimentos que não; querem calar.
Fazer, não fazer, ser, sentir, viver... Sei lá!
É tudo tão grande que parece nem existir.
Quantos palmos nos separam neste tablado?
A que distância me encontro de você; no ringue?
Talvez perto o suficiente para enxergar sua indiferença mórbida.
Ou, quem sabe, tão longe que nem me notas carmim.
Bela, boca, batom... Bobagens.
Solida solidão no mármore frio de um caminhar errante,
Por meio a flores e espinhos.
Sol suado de tanto amanhecer,
Cansado de tanto esperar bom dia... Boa noite.
Chega de até mais vê!
Por que brilhar amanhã, se hoje posso iluminar-te o rosto?
Por que me arrancar às alegrias não vividas?
Sonhos de cristal quebrado.
Bendita seja a lâmpada elétrica!
É só apertar o botão e você se convence que a luz se faz presente.
Mas é só ilusão.
Miragem turva de face feliz.
Fio de faca fincada.

Odália Araújo

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