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Terapia Robótica

Se você pensa que Blade Runner, I.A.-Inteligência Artificial e O Homem


Bicentenário são apenas título de filmes de fição científica completamente
desvinculado da nossa realidade, você está enganado! Ao que tudo indica, os
robôs já fazem parte de nossa vidas.
Paro, um robô filhote de foca, muito bonitinho, com olhos inocentes e voz
de bebê foca, tem sido usado no tratamento terapêutico de pessoas com
demência ou depressão.
Paro é sofisticado: reconhece a luz e o escuro, reage ao toque e a
barulhos e segue a direção da voz. Ele também pode aprender através de ações
repetitivas. Se seu nome é pronunciado várias vezes, por exemplo, Paro
aprende a reconhecê-lo.
O nome Paro é resultado da combinação das primeiras sílabas de
personal robot. Paro, que é muito popular no Japão, foi introduzido nos Estados
Unidos o ano passado e custa aproximadamente $6.000 dólares.
O resultado tem sido positivo. As pessoas que entram em contato com o
Paro logo esquecem que se trata de um robô. Seus efeitos terapêuticos e
antidepressivos funcionam como uma terapia com um animal de estimação.
Cientistas acreditam que os resultados positivos se devem ao fato de que
Paro responde ao toque humano, desencadeando emoções e fazendo com que
nos sentimos conectados a ele, mesmo estando conscientes de que se trata de
um robô.
A ligação afetiva entre humanos e robôs não é uma novidade. Quem não
se lembra de Tamagotchi? O Tamagotchi fez muito sucesso nos anos 90. Do
formato de um ovo, ele era um animal de estimação virtual que passava por
todos os estágios, de bebê a velhice. O dono do Tamagotchi tinha que brincar
com ele, alimentá-lo, levá-lo para dormir, enfim, tratá-lo como se ele fosse um
animal de verdade, caso contrário, ele poderia ficar deprimido e até mesmo
morrer.
Ter um robô como companhia já deixou de ser apenas fição cientifica.
Eles já existem. Esses robôs podem ser modelados de acordo com a
personalidade que você escolher e são capazes de sorrir ao ouvir suas próprias
piadas e de reconhecer rostos familiares.
Bina48 é provavelmente o mais famoso robô desse tipo. Bina48 não tem
corpo, apenas o busto. Sua fisionomia e personalidade foram baseados em uma
mulher americana, que pagou $125.000 dólares por ela.
Uma repórter do The New York Times em julho deste ano entrevistou
Bina48 (a entrevista pode ser vista online). A repórter fez várias perguntas, como
por exemplo, como era ser um robô e se ela era feliz. As repostas às vezes
faziam sentidos, às vezes não. Mas, é impressionante como a interação entre
elas aconteceu. Bina48 move o rosto, faz contato com os olhos e sorri enquanto
conversa com a repórter. Definitivamente há algo de Blade Runner em Bina48!
Se você acha que a ideia de estarmos emocionalmente ligados a um robô
é um perturbadora, pense nas nossas relações com nosso carro ou moto, por
exemplo. Nós cuidamos, protegemos e temos uma relação afetiva com eles.
Bom, pelo menos eu tinha com a minha moto!

Denise M. Osborne é araxaense, doutoranda pela Universidade do Arizona


(USA) em aquisição de segunda língua, e professora de português pela
mesma universidade. dmdcame@yahoo.com

Artigo originalmente publicado pelo Jornal Clarim (Minas Gerais, Brasil):

Osborne, D. (2010, Nov 5). Terapia Robótica. Clarim, Ano 15, n. 743, p. A2.

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