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Ana Marmeleira, António Pedro Pereira, Eduarda Rondão, Joaquim Pinto, Margarida Marmeleira
INTRODUÇÃO
Atendendo a que o objectivo central deste tema é conduzir-nos à identificação e compreensão dos
paradigmas e métodos de investigação em Educação, das etapas do processo investigativo e das
características dum relatório de investigação, partimos da pesquisa e do estudo da literatura sobre esta
questão e analisámos a dissertação em causa com base nessas grandes linhas orientadoras. Em
Metodologia da Investigação, de Hermano Carmo e Manuela Malheiro Ferreira, são destacados vários
aspectos que devem ser levados em conta numa análise crítica:
- Os conceitos utilizados e termos empregues são claros e não oferecem qualquer ambiguidade na
interpretação?
- O plano de investigação está bem apresentado e descrito? Parece adequado à investigação que foi
realizada?
- Se o tipo de estudo exigiu ou foi aconselhável a constituição de uma amostra, que tipo de amostra foi
utilizada? É uma amostra aleatória? Se não o for, está claramente definido o processo de selecção
- Quais as ameaças evidentes à validade interna do estudo? Foram devidamente controladas? Ou, pelo
menos, discutidas?
- As conclusões são satisfatórias? O autor integra o estudo num contexto mais vasto? Reconhece as
suas limitações? Apresenta explicações e interpretações para os resultados consistentes com os
conhecimentos existentes?
- Nos anexos estão incluídos todos os documentos necessários para que se possa fazer um juízo crítico
dos procedimentos adoptados e dos resultados a que o autor chegou?
Todas essas questões são importantes e nortearam a nossa análise, cuja apresentação decidimos
estruturar em cinco tópicos principais:
4. A organização do relatório;
A investigação está associada a paradigmas. A distinção entre paradigmas diz respeito à produção de
conhecimento e ao processo de investigação e pressupõe existir correspondência entre Epistemologia,
Teoria e Método. Cada tipo de método está ligado a uma perspectiva paradigmática distinta e única.
- A matéria a investigar;
Na dissertação desta tese, considera-se que a investigação seguiu uma abordagem mista, uma vez que, os
dados quantitativos foram muitas vezes incluídos na escrita qualitativa, na forma de estatística descritiva.
Na dissertação da tese analisada foi aplicado o paradigma interpretativo ou qualitativo, uma vez que do
ponto de vista ontológico, procurou-se penetrar no mundo pessoal dos sujeitos e tentar perceber e
compreender como estes reagiram à utilização de uma nova metodologia em sala de aula.
A investigação foi do tipo naturalista e hermenêutica pois observou-se a interacção entre todos os
intervenientes.
No que se refere à fiabilidade, na investigação qualitativa, não se relaciona com a presunção de que outros
obtenham os mesmos resultados, mas com o facto de atendendo aos dados, perceber que os resultados
fazem sentido.
Dadas as características da investigação pretendida parece-nos que a opção por uma abordagem mista é
correcta.
Enquadramento teórico
Perante uma sociedade que se encontra cada vez mais em rede, a autora da tese, destaca as
necessidades de a sociedade comunicar em rede, já que é neste meio que, “o conhecimento e a inovação
tecnológica são fontes de riqueza e poder, exige a emergência de políticas que promovam projectos
científicos e tecnológicos, de educação e de formação, as quais permitam o desenvolvimento da
capacidade educativa do cidadão, de transformar, num curto espaço de tempo, a informação recebida em
conhecimento e o conhecimento em acção. Ou seja, as reacções just-in-time aos sinais do mercado,
impõem a troca do conceito de aprender, pelo de “aprender a aprender” ou de “aprendizagem ao longo da
vida”.
Assim, de acordo com o Plano Tecnológico em Portugal, houve a necessidade de implantar novos
metodologias de trabalho, onde a tecnologia passará a ser as principais ferramentas de aprendizagem e de
avaliação.
Fonte: http://grupo4.te.googlepages.com/Oproblemadainvestigao.pdf
Como professora de Matemática, esta investigadora tentou inovar nas suas metodologias no ensino da
matemática. Para isso, inicialmente aplicou o uso de portefólios em formato de papel a turmas do 8.ºano de
escolaridade. Com esta aplicação pretendeu diversificar os seus instrumentos de recolha de dados e criar
condições para um maior envolvimento e responsabilização dos alunos na sua avaliação.
No final do ano veio a constatar que os resultados esperados não satisfizeram os seus objectivos, já que
houve pouca ou insuficiente dedicação por parte dos alunos para a elaboração dos seus portefólios através
de fracas e insuficientes reflexões. Detectou também, problemas no transporte dos próprios portefólios,
entre casa dos alunos e professores e a escola. Também verificou a falta de trabalho colaborativo, já que a
maioria dos alunos tinha dificuldade em observar os portefólios dos colegas.
Deste modo, pode-se analisar que a investigadora tinha fundamentos para realizar um estudo de
investigação, pois tinha um problema em mão que poderia ser investigado. Pois ela já conhecia o problema,
encontrava-se interessada em resolvê-lo e já tinha um conjunto de resultados e avaliações e conclusões
que serviriam de base à sua investigação.
Estes factos constatados, foram os principais problemas que levaram a investigadora a desenvolver este
estudo. Contudo, o objectivo a atingir passaria a ser a aplicação da mesma metodologia às mesmas turmas,
agora no 9.º ano, um novo programa de portefólios em formato electrónico, denominados e-portefólios.
Para a aplicação destes novos portefólios foi necessária a existência da iniciação da utilização da
plataforma Moodle na escola onde estudo foi aplicado. Com o uso deste sistema resolveu-se um dos
problemas das condições técnicas para a implementação do estudo.
Uma investigação envolve sempre um problema, seja ele (ou não) formalmente explicitado pelo
investigador. De uma maneira geral, na investigação que adopta uma metodologia de cariz quantitativo, a
Fonte: http://grupo4.te.googlepages.com/Oproblemadainvestigao.pdf
Nestes aspectos citados anteriormente, a investigadora centrou a sua investigação na área de Matemática,
incluindo também a área das TIC. (pág. 35- 43) Organizou a sua investigação na medida de saber a
potencialidade dos portefólios electrónicos na Matemática escolar é exequível. (Capítulo 3) Apresentou um
uma revisão de literatura que fundamentou os pressupostos da sua investigação (Capítulo 2) Apresentou os
seus objectivos a atingir durante a investigação. (pág. 30) Teve a preocupação de mostrar até onde iria o
seu trabalho, através das fases de desenvolvimento do trabalho (pág. 135-152)
- Organizar e implementar um programa de portefólios electrónicos numa turma de alunos do ensino básico,
no contexto da disciplina de Matemática;
1. Exequibilidade (feasibility): o problema tem de ser concretizável, ou seja, tem de poder ser respondido
mediante a recolha e análise de dados.
2. Relevância: o problema tem de ser importante para o estado actual do conhecimento. Isso é o mesmo
que dizer que o problema e os resultados têm de ter importância teórica e prática.
3. Clareza: o problema tem de ser formulado sem termos vagos ou confusos; deve ser uma pergunta
inequívoca, evitando ambiguidades na interpretação, deve ser curto, preciso e mostrar a intenção (objectivo)
da pesquisa.
4. O problema deve dar pistas para o tipo de investigação, ou seja, a linguagem que o explicita deve indicar
qual a orientação metodológica do estudo a realizar (se o estudo é experimental ou descritivo, etc).
5. O problema deve fazer referência à população ou à amostra, ou seja, precisar com quem se vai fazer a
investigação.
6. O problema deve fazer referência explícita às variáveis a investigar num nível moderado de
especificidade.
Fonte: http://grupo4.te.googlepages.com/Oproblemadainvestigao.pdf
Na opinião de Cardona Moltó (2002), é desejável que a definição do problema seja o mais específica
possível contendo os aspectos essenciais do estudo, ou seja, fazer referência ao que se estuda (objecto de
investigação), com quem se vai levar a cabo a investigação (sujeitos) e como se estuda o problema
(variáveis).
Segundo a mesma autora os objectivos de investigação podem ser exploratórios (descritivos) ou analíticos
(explicativos ou preditivos). Os objectivos exploratórios ou descritivos aproximam-nos a problemáticas
pouco conhecidas e implicam:
Fonte: http://grupo4.te.googlepages.com/Oproblemadainvestigao.pdf
Segundo a análise feita à dissertação, a investigadora criou objectivos de investigação que foram
analisados de uma forma exploratória (descritivos) como de uma forma analítica (explicativos ou preditivos).
A nível dos objectivos exploratórios, a investigadora apresenta um capítulo (4.3), onde apresenta a
frequência de envolvimento dos alunos na construção do e-portefólio, como a adesão ao uso da plataforma
Moddle, levando à quantificação de um acontecimento.
A nível dos objectivos analíticos, a investigadora apresenta no mesmo capítulo(4.4) avaliações dos
contrastes das variáveis em estudo, comparando resultados da sua execução.
Depois de analisada a dissertação E-portefólio: um estudo de caso, de Ana Paula Alves, foi possível
compreender de forma mais concreta em que consiste um estudo de caso. De seguida, vamos dar conta
dessa análise, centrando-nos nos seguintes aspectos: adequação da metodologia aos objectivos da
investigação, objectivos definidos, definição do caso, tipo de estudo de caso, implementação e
desenvolvimento do estudo.
De acordo com a literatura referente aos estudos de caso, esta metodologia de investigação é uma das que
mais se adequam à investigação em educação, atendendo ao facto de que se analisam variáveis que de
outro modo dificilmente poderiam ser estudadas. Nesta dissertação, o que está em causa é precisamente a
análise de uma prática educativa – a implementação de portefólios electrónicos como forma de trabalho e
avaliação na disciplina de Matemática. Acompanhar os alunos na implementação desta prática, observar as
suas reacções e analisar os efeitos da experiência foi um processo que se adequou perfeitamente ao
estudo de caso.
Os objectivos de um estudo de caso são muito semelhantes aos da investigação educativa em geral,
nomeadamente explorar, descrever, explicar, avaliar e/ou transformar, mas mais especificamente, ainda,
relatar ou registar os factos tal como sucederam, proporcionando conhecimento acerca do fenómeno
estudado.
É exactamente isso que aconteceu nesta investigação, tal como a própria autora refere: «O objectivo desta
investigação prende-se com a avaliação da implementação de um programa de portefólios em formato
electrónico, envolvendo uma turma de alunos do ensino básico, no contexto da disciplina de Matemática.»;
«Por outro lado, sendo a investigadora a professora dos alunos, houve a oportunidade de observar, de
investigar e de revelar o “caso”.» (páginas 30 e 106, respectivamente). Neste caso concreto, a autora
definiu três objectivos mais específicos para o curso da investigação:
• Organizar e implementar um programa de portefólios electrónicos numa turma de alunos do ensino básico,
no contexto da disciplina de Matemática;
Posto isto, a autora definiu o caso em estudo, indicando tratar-se de um estudo de caso único: «No
presente estudo, a estratégia de pesquisa, refere-se ao “estudo de caso”, com tipologia de “caso único” de
características descritivas (…) e exploratórias» (pág. 106) e delimitando-o de forma muito clara, como lemos
na página 118: «A parte empírica deste estudo centrou-se na análise do processo de desenvolvimento de
portefólios em formato electrónico por alunos de uma turma do 9º ano de escolaridade na disciplina de
Matemática, ao longo do ano lectivo 2006/07.»
Para além de se tratar de um estudo de caso único, tratou-se também de um estudo observacional, uma
vez que a investigadora desenvolveu uma observação participada enquanto investigadora, implementadora
do projecto e professora da turma simultaneamente («Observou participativamente, de dentro do ambiente
da sala de aula, tendo a possibilidade de presenciar e anotar alguns aspectos relacionados com a
implementação do e-portefólio às turmas (as emoções e as dificuldades sentidas pelos alunos, a nível de
acessos à plataforma, a nível de interacção no grupo, a nível de envolvimento e desempenho nas
actividades propostas, entre outras), que de outra forma seriam impossíveis de identificar.» - pág. 113).
Isso permitiu um envolvimento muito próximo da investigadora, bem como a garantia de que a experiência
se pudesse desenvolver numa ambiente natural, que não levasse os alunos a alterar o seu comportamento.
(«A aproximação da investigadora aos alunos foi natural e decorreu num ambiente de não constrangimento
em relação à observação que se quis produzir (ou seja, os relatos dos alunos foram autênticos, desprovidos
de preconceitos quando se pronunciavam acerca das suas dificuldades concretas)» - pág. 113). Podemos
verificá-lo na página 107: «Convém também referir que as actividades propostas na sala de aula aos alunos
(quer as que envolveram o software dinâmico de geometria Geometer‟s Sketchpad, ou as calculadoras
gráficas ou os materiais manipuláveis), não foram diferentes das que usualmente eram propostas pela
professora aos alunos do 9º ano de escolaridade. (…) Os portefólios em formato papel já tinham sido
experimentados no ano lectivo anterior com a maioria dos alunos da turma (à excepção dos alunos novos
na turma) (cf. A. Alves, 2006), portanto, a grande novidade para a professora e também para os alunos, foi
o facto dos portefólios se desenvolverem em ambiente electrónico.»
Um estudo de caso deve ainda recorrer a várias fontes de dados e essa preocupação foi evidente na
investigação desenvolvida pela autora, que baseou o seu estudo não só na observação directa dos alunos,
como na análise dos portefólios produzidos, nos registos de acesso ao Moodle e em questionários
aplicados aos alunos («Os métodos de recolha de dados desta investigação referem-se essencialmente (1)
à observação participante; (2) aos documentos produzidos pelos alunos; (3) aos registos automáticos dados
pela plataforma Moodle; e (4) ao questionário de opinião proporcionado aos alunos.» - pág. 112). As etapas
de recolha desses dados foram também apresentadas na página 115: «A implementação do programa de e-
É por vezes apresentada como limitação ao estudo de caso a falta de rigor que pode existir, mas neste caso
concreto, houve uma preocupação de rigor e objectividade, como podemos confirmar nos seguintes
excertos: «A análise dos documentos produzidos pelos alunos, permitiu também levantar algumas questões
cujas respostas seriam obtidas através de outras técnicas e instrumentos como foi o caso dos questionários
aplicados aos alunos e dos registos automáticos fornecidas pela plataforma Moodle. Com este
procedimento, efectuou-se uma triangulação de fontes, essencial para assegurar o rigor do nosso estudo.»
(pág. 113), «Relativamente à validade externa, ou seja, à transferibilidade dos resultados deste estudo para
outros casos similares, e numa perspectiva de utilidade do estudo na preparação de outros estudos
propusemo-nos, ainda, trabalhar no sentido de atingir o seguinte objectivo: Identificar aspectos essenciais a
ter em consideração aquando da implementação de eportefólios na educação, nomeadamente a alunos do
ensino básico ou secundário.» (pág. 30).
Aliás, a investigadora não informou os alunos de que estavam a ser alvo de uma observação, o que, no
nosso ponto de vista, contribuiu para evitar que estes pudessem alterar o seu comportamento, levando a
um falseamento dos dados, («Também gostaríamos de referir que não consideramos relevante, neste caso
concreto, informar os alunos que a sua experiência com os portefólios electrónicos seria objecto de estudo,
uma vez que os portefólios electrónicos surgiram, com a concordância dos alunos, e com objectivos muito
definidos relativamente à aprendizagem e à avaliação dos alunos no contexto da disciplina. Como referimos
anteriormente, a aplicação dos portefólios à turma já era considerada uma situação “normal” para o
presente ano lectivo, a posição de curiosidade e vontade de experimentar os “portefólios electrónicos” por
parte dos alunos e da professora levaram à tomada de decisão de que os portefólios para o presente ano
lectivo seriam em formato electrónico e não em formato papel. (…) Importa ainda referir que a opção de
não informação dos alunos encontra-se de acordo com outros estudos nos quais a situação de investigação
é mantida em completo segredo» -pág. 108). Houve também a preocupação de identificar os envolvidos na
investigação, com a devida autorização dos Encarregados de educação, conforme indicado na página 109.
Este tipo de estudo reveste-se de um forte carácter descritivo, tal como se pode verificar pela leitura da
dissertação em causa, em que todo o processo de implementação do projecto e todo o seu
desenvolvimento são descritos minuciosamente ao longo do terceiro capítulo, permitindo-nos, se assim o
entendêssemos, reproduzir a experiência.
A implementação do eportefólio da Moodle a uma turma de Matemática do 9º ano, no ano lectivo 2006/2007
Nas páginas 116 e 117, foi feita uma caracterização da turma e da escola, referindo todas as condições que
poderiam interferir na implementação do projecto. Foi igualmente feita uma descrição da plataforma Moodle
e, em particular, da ferramenta que permitiu a construção do portefólio electrónico, nas páginas 93 a 99.
- Justificação da pertinência do estudo e quais os objectivos gerais que persegue (o seu foco);
A autora explicou a importância da alteração da prática educativa em Matemática para melhor se ajustar
aos objectivos do programa e das novas orientações metodológicas para a disciplina, apresentando o
portefólio como uma boa ferramenta, especialmente o portefólio electrónico, uma vez que vivemos numa
era cada vez mais informatizada. Referiu, como já mencionámos acima, não haver nenhum estudo sobre o
assunto, pelo que definiu, como objectivos, verificar a utilidade desta ferramenta educativa e da plataforma
Moodle, bem como o envolvimento dos alunos.
- Identificação da estratégia geral, justificando as razões da opção por caso “único” ou “múltiplo”;
Tal como já referido, a autora clarifica que optou pelo paradigma interpretativo, realizando uma investigação
do tipo naturalista e hermenêutica baseando-se no método indutivo. Optou pelo estudo de caso único,
fazendo uma abordagem observacional e apresenta as razões da sua escolha.
Atendendo ao carácter qualitativo da sua investigação, a autora explicou que não teria como unidade de
análise uma amostra, mas que se constituíam como grupo de informantes, todos os alunos da turma do
9ºC da investigadora» (pág. 160).
Todo o capítulo 2 explica a evolução do trabalho feito na aula de Matemática, da avaliação, da criação e
implementação de portefólios, mostrando-se que todo esse processo assentou em pressupostos teóricos
bem definidos, como lemos na página 137: «As ideias de que (i) a avaliação é parte integrante do currículo;
(ii) a avaliação é parte integrante da aprendizagem; (iii) as diferentes aprendizagens de cada aluno podem
ser avaliadas; (iv) a avaliação deve ser um processo transparente; e (v) a avaliação deve basear-se em
várias fontes de informação, estiveram presentes durante todo o desenvolvimento deste estudo. Com efeito,
as decisões sobre os objectivos dos portefólios a aplicar às turmas, as actividades a propor aos alunos e a
própria metodologia de sala de aula nortearam-se por todas estas questões importantes a levar em conta
num processo de avaliação.»
Todo o subcapítulo 3.6.1 Métodos e instrumentos de recolha de dados (pág. 112-115), explica o processo
de recolha de dados, calendarizando-o e apontando a investigadora como principal agente dessa recolha.
Todo o capítulo 4 consiste na análise pormenorizada dos dados recolhidos, nomeadamente o conteúdo dos
portefólios, os registos de actividade e de acesso no Moodle, os questionários e a observação na aula.
Posto isto, consideramos que a dissertação em análise constitui um bom estudo de caso, que segue os
procedimentos recomendados para esta metodologia de investigação.
4. A organização do relatório
Um dos aspectos que vamos analisar prende-se com a organização de um relatório de investigação. Assim,
vamos analisar a organização desta dissertação que aborda a implementação de um programa de
Portefólios Electrónicos a uma turma de 9º ano, no contexto da disciplina de Matemática.
ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS
Observando a capa e a folha de rosto (página 1) desta dissertação verifica-se que apresentam:
a) quanto ao número da edição, por ser a primeira, não é obrigatório, por isso não é citado
Em suma, os itens apresentados tanto na capa como na folha de rosto estão estruturados de forma a
facilitar a leitura da informação e a folha de rosto contém toda a informação apresentada na capa da
dissertação, tal como é recomendado na bibliografia sobre o assunto.
2. Resumo
O resumo deve ser apresentado também noutra língua. Neste trabalho, a autora apresenta o resumo do
texto em português e francês (páginas 5 e 6). O resumo deve apenas conter no máximo 500 palavras o que
foi respeitado pela autora.
3. Agradecimentos e dedicatória
4. Índice Geral
A autora apresenta na sua dissertação o Índice Geral nas páginas 7 a 10, que dá conta da divisão em cinco
capítulos:
CAPÍTULO 1 – Introdução
CAPÍTULO 2 – Portefólios electrónicos em Matemática escolar
CAPÍTULO 3 – Metodologia adoptada e descrição do estudo
CAPÍTULO 4 – Apresentação e análise dos dados
CAPÍTULO 5 – Conclusões
Embora não sendo obrigatório, a autora opta por apresentar um Índice de Figuras nas páginas 14 a 16, de
acordo com os capítulos apresentados. Apresenta também um Índice de Gráficos na página 13, indicando
em que capítulos se introduziram gráficos. A autora apresenta, por fim, outro índice que considerou
necessário e pertinente, como um índice de Anexos, que remete para os instrumentos de recolha de dados
Por não ser obrigatório, a autora opta por não apresentar este item na sua tese.
CORPO DE TRABALHO
1. Introdução
A parte introdutória pode ser composta pela apresentação do problema e da necessidade do trabalho, pela
identificação dos objectivos do trabalho, e até pela revisão do estado do conhecimento. Estes tópicos
podem, ou não, dar origem a capítulos individualizados.
Assim, na parte Introdutória (páginas 18 a 32), a autora apresenta a contextualização do presente estudo
(páginas 21 a 26); as motivações pessoais e iniciais para o desenvolvimento do estudo em causa (páginas
26 a 27); o caso em estudo (página 28); a importância do estudo (página 29); e os objectivos da
investigação (página 30). Também apresenta as três questões principais de pesquisa que orientam este
estudo de caso (página 30) e quais os objectivos principais deste trabalho de investigação: «Para melhor
operacionalizar a investigação definimos três questões principais de pesquisa que orientaram este estudo
de caso: 1. Como é que se pode organizar e implementar um programa de e-portefólios no contexto da
disciplina de Matemática? 2. Como se desenvolverá a participação e o envolvimento dos alunos na
construção do respectivo e-portefólio? 3. Que vantagens/desvantagens poderão estar associadas à
selecção do ambiente Moodle na aplicação do programa de e-portefólios no contexto da disciplina? Neste
contexto, definimos os seguintes objectivos principais deste trabalho de investigação: Organizar e
implementar um programa de portefólios electrónicos numa turma de alunos do ensino básico, no contexto
da disciplina de Matemática; Analisar a participação e o envolvimento dos alunos na construção dos
2. Desenvolvimento
A presente dissertação organiza-se em cinco capítulos e de forma abreviada expõe os principais assuntos a
serem abordados em cada capítulo (páginas 33 a 222).
Deve explicar-se qual o procedimento experimental usado para a investigação. Deve ser feita uma
descrição dos métodos e procedimentos utilizados, de uma forma suficientemente clara e explicita, de modo
a possibilitar a sua reprodução por outros interessados.
2.3. Resultados
Deve apresentar-se as descobertas baseadas nos métodos, explicando quais os dados obtidos na
sequência do procedimento experimental seguido. Todas as ilustrações, gráficos e tabelas que sejam
essenciais para a compreensão dos resultados devem ser incluídas nesta parte do texto (os restantes
devem ser incluídos em apêndice). Esses elementos devem ser numerados e legendados, devendo
aparecer o mais próximo possível do local onde são citadas ou discutidas.
2.4. Discussão
Deve ser feita uma interpretação e comentário sobre os dados obtidos na investigação realizada, indicando-
se o grau de exactidão e o significado dos resultados da investigação descritos.
O capítulo 2 - Portefólios electrónicos em Matemática escolar – faz uma análise da literatura sobre o ensino
da Matemática, sobre a avaliação nesta disciplina, sobre a importância de portefólios e sobre portefólios
electrónicos.
O capítulo 4 - Apresentação e análise dos dados – analisa, discute e interpreta os resultados obtidos,
fazendo-o de forma objectiva de modo a poder compreender-se se há ou não benefícios na utilização de
portefólios electrónicos.
Por uma questão de clareza, a autora desta dissertação, para além de ter dividido o texto em capítulos,
apresenta uma breve introdução a cada um deles, bem como um sumário final. Vejamos, como exemplo, o
capítulo 2 (página 33 a 99):
(introdução ao capítulo)
«CAPÍTULO 2 – Portefólios electrónicos em Matemática escolar
Neste capítulo apresentamos a revisão de literatura que serviu de suporte ao desenvolvimento do
presente projecto de investigação. Iniciamos o capítulo com uma análise, baseada na literatura
disponível, acerca da evolução da praxis educativa portuguesa em Matemática escolar (2.1). De
seguida discutem-se aspectos referentes à problemática da avaliação das aprendizagens em
Matemática escolar (2.2); mencionam-se as potencialidades dos portefólios em Matemática escolar
(2.3.); e apontam-se alguns aspectos referenciados na literatura relativamente à concepção,
implementação e avaliação de um programa de portefólios em Matemática escolar (2.4.). Numa
segunda fase, abordamos a revisão de literatura que consideramos relevante para a aplicação dos
portefólios electrónicos no âmbito escolar (2.5). Considera-se primeiramente o conceito de portefólio
electrónico (2.5.1) e alguns aspectos referentes à concepção dos portefólios em formato electrónico
(2.5.2). De seguida, apontam-se as etapas de desenvolvimento dos portefólios electrónicos (2.5.3);
abordam-se as principais tecnologias de suporte à implementação de portefólios electrónicos (2.5.4); e
discutem-se as potencialidades específicas dos portefólios electrónicos (2.5.5), especialmente, as
referentes aos e-portefólios suportados pela tecnologia Moodle (2.5.6).»
(sumário do capítulo)
«O Capítulo 2 – Portefólios electrónicos em Matemática escolar da nossa dissertação centrou-se
primeiramente nas principais considerações que fundamentam a aplicação dos portefólios na educação
escolar na área da Matemática e numa segunda fase nas questões que permitem a concepção, a
3. Conclusão
Na Conclusão são analisados os resultados à luz do exposto na Introdução. Deve conter uma síntese do
trabalho, com os resultados mais importantes e a sua relação com os objectivos propostos e com os meios
usados. A conclusão geral do trabalho deve apresentar recomendações e sugestões, resultantes do
trabalho realizado, sempre que tal se aplicar.
No capítulo 5, a autora apresenta as conclusões, onde faz: uma síntese das principais conclusões do
estudo (página 225); uma reflexão final sobre a participação e o envolvimento dos alunos na construção do
respectivo e-portefólio (página 225); algumas considerações adicionais (página 237); sugestões para uma
investigação futura (páginas 239 a 240).
«- Como evoluirão as atitudes dos alunos ao longo de um período de tempo grande no que concerne à
realização de portefólios electrónicos? Quais serão as consequência do desaparecimento do factor
“novidade”? Quais serão as consequências da evolução das competências TIC dos alunos no que se refere
à forma como desenvolvem os seus portefólios?
«- Qual será o impacto que a realização de um portefólio electrónico poderá ter em alunos com dificuldades
na aprendizagem da Matemática escolar? Como reagirão em termos e motivação e interesse pela
disciplina? Que novas competências conseguirão mobilizar e demonstrar?»
Finalmente, aponta para estudos futuros onde se poderiam explorar os seguintes aspectos:
«Uma questão que foi também surgindo na nossa mente, na sequência até de algumas das reflexões e dos
trabalhos dos alunos, foi a possibilidade de se desenvolverem portefólios inter ou transdisciplinares. Que
vantagens poderão trazer? Como se poderão organizar? Que tipo de dificuldades se encontrarão? Que
vantagens poderão daí decorrer?
«Pensamos também que seria interessante desenvolver estudos centrados nas perspectivas e expectativas
dos professores no que concerne ao papel que os portefólios poderão desempenhar enquanto formas
alternativas e/ou complementares enquanto estratégia de ensino e de aprendizagem bem como enquanto
instrumento e métodos de avaliação. Quais são as perspectivas dos professores? Que dificuldades
perspectivam quanto à possibilidade de desenvolverem programas de portefólios? Quais os principais
factores que condicionam a adopção dos portefólios enquanto estratégias de ensino-aprendizagem por
parte dos professores?»
ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
Referências Bibliográficas
Incluem-se nas referências bibliográficas apenas as citações feitas no texto. A bibliografia das obras
consultadas mas não citadas não é obrigatória, por isso, nesta dissertação, são apresentadas as
Referências Bibliográficas (páginas 243 a 255).
O Índice remissivo
Anexos
Nos Anexos são colocados documentos, listas exaustivas, cálculos de pormenor, figuras e quadros que não
sejam fundamentais no corpo do texto, mas que devem constar do trabalho. No Anexo compilam-se apenas
os documentos que são da autoria do autor do relatório.
Em suma, de acordo com esta análise que efectuámos, podemos afirmar que esta dissertação foi
organizada de acordo com as recomendações para este tipo de textos, constituindo, desse ponto de vista,
um bom relatório de investigação.
Para verificar se a autora da tese citou correctamente as fontes, consultamos as Normas Portuguesas NP
405-1, NP 405-2, NP 405-3 e NP 405-4. Por uma questão de comodidade de leitura, utilizamos também os
seguintes documentos:
Universidade do Minho (2010), "Guia para a elaboração de referências bibliográficas Normas Portuguesas",
http://www.sdum.uminho.pt/Default.aspx?tabid=4&pageid=72&lang=pt-PT, página consultada em 24 de
Outubro 2010.
Constatamos que a autora da tese seguiu as normas portuguesas no que respeita às citações e às
referências bibliográficas.
No texto que se segue vamos colocar a [castanho] o número da página da tese e a cor roxa as frases
retiradas da tese e que vamos utilizar como exemplo.
Citações
Sempre que fez uso de texto, dados, ou outros elementos de terceiros, citou a fonte. Fez esta citação por
introdução do nome dos autores e da data da fonte referida no corpo do texto. São exemplos de citação:
Directa:
Os portefólios suportam um método de avaliação muito focalizado nos pontos fortes do aluno, nas
realizações que este escolhe como sendo os seus melhores trabalhos, promovendo positivamente a auto
imagem do aluno, além de se mostrarem muito apelativos para estudantes com diferentes estilos de
aprendizagens (Crowley, 1993).
A sociedade em rede é para Castells (2004) um novo modelo de sociedade que se move através das
comunidades virtuais
Indirecta:
“talvez o argumento mais importante para o uso dos portefólios seja o seu poder em levar a cabo a
mudança” (Kuhs; 1994:335).
As citações foram feitas na forma: Autor (Data); ou Autor Data quando feitas de forma directa. De forma a
evitar citações demasiado longas, a autora escreveu as citações que teriam mais de dois nomes de autores
numa das seguintes formas: quando eram apenas dois nomes ligou-os com um e comercial, &; quando
Dou mais importância ao portfolio que aos testes, porque num teste nem sempre o que sai é o nosso
melhor. Num portfolio é como se fossemos nós a explicar a matéria. (Lourenço & Paula, 2003:14)
A ideia era que todos os alunos pudessem controlar o sucesso do seu trabalho (Abrantes et all, 1997: 118).
Quando teve necessidade de citar vários trabalhos do mesmo autor utilizou uma vírgula para separar os
anos; para citar trabalhos de diversos autores utilizou o ponto e vírgula. Os anos e autores foram ordenados
alfabética e cronologicamente. Vejam-se o exemplos a seguir:
Vários autores referem que durante o desenvolvimento de um programa de portefólios existe uma maior
possibilidade de comunicação entre os professores, os alunos, os pais e outros agentes educativos acerca
das aprendizagens e expectativas dos alunos (Asturias, 1994; Crowley, 1993;Lambdin & Walker, 1994;
Stenmark, 1991).
Quando teve necessidade de citar vários trabalhos do mesmo autor e do mesmo ano colocou uma letra
minúscula imediatamente a seguir ao ano. As letras corresponderam às respectivas referências
bibliográficas. Exemplos:
Os autores Tosh e Werdmuller (2004a; 2004b) referem ainda que o sistema de suporte à criação de
portefólios deve permitir que o aluno tenha um completo controle e gestão do seu e-portefólio.
Quando não foi possível consultar uma determinada obra, mas sentiu necessidade de referi-la a partir de
outro autor, colocou a referência a este na citação. Veja-se o exemplo:
Sempre que citou trabalhos em língua estrangeira teve o cuidado de traduzir para português a ideia do
trecho citado. Teve ainda o cuidado de colocar na sequência do texto que a tradução era da sua
responsabilidade. Como nos exemplos:
Maior motivação e maior envolvimento dos alunos na construção do portefólio O maior benefício apontado
para os portefólios electrónicos é o facto de se conseguir um maior envolvimento e motivação do aluno no
processo do portefólio (Barrett, 2005b:15).
A major challenge today with electronic portfolios is to maintain learner intrinsic motivation to willingly
engage in the portfolio process. The use of multimedia tools is one strategy that involves and engages
learners; another technology that is engaging young people today is the web log or "blogs" and "wikis."
(Barrett, 2005b:15)
Tabela 2. 2 – Tópicos orientadores do processo de reflexão dos alunos em relação aos seus portefólios
(traduzido e adaptado de Lambdin e Walker (1994:94)
As referências bibliográficas apresentadas na tese estão numa secção autónoma da tese designada por
"referências bibliográficas" - ver tese página 241
Estas seguem as Normas Portuguesas, como se podem ver nos seguintes exemplos:
GOMES, Maria João (2005a). E-Learning: reflexões em torno do conceito. In Paulo Dias e Varela de Freitas
(orgs.), Actas da IV Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação –
Challenges‟05, Braga: Centro de Competência da Universidade do Minho (pp. 229-236) [cdrom]
SEACOAST PROFESSIONAL DEVELOPMENT CENTER (2007). Moofolio: A Digital Portfolio for Moodle.
http://www.k12opensource.org/spdc/moofolio/SPDC_Portolio_Presentation-121206.pdf (Consultado na
Internet em 10 de Janeiro de 2007)
VELOSO, Eduardo (1991). Reflexões sobre uma reforma “perdida”. Educação e Matemática, 19/20, pp. 27-
29.
referência a livros:
SÁ-CHAVES, Idália (2005). (org.) Os „‟Portfolios‟‟ Reflexivos (também) trazem gente dentro. Edições
CIDInE, Porto: Porto Editora. ISBN 972-0-34737-6
FREITAS, Varela L. & FREITAS, Varela C. (2003). Aprendizagem cooperativa. Lisboa: Asa.
YIN, Robert K. (2005). Estudo de caso: planejamento e métodos. 3ª edição. Porto Alegre: Bookman. (obra
originalmente publicada em inglês sob o título, Case study research: design and methods, 1989)
A partir de toda a análise que realizámos, podemos concluir que esta dissertação de mestrado
cumpre as normas para a elaboração e apresentação de trabalhos de investigação científica. Além disso,
esta análise permitiu-nos aprofundar os nossos conhecimentos e revelou-se uma excelente forma de
podermos associar a teoria à prática, verificando como se concretizam as recomendações apresentadas na
literatura sobre a realização deste tipo de investigação.