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O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO

Análise de uma dissertação de mestrado

Ana Marmeleira, António Pedro Pereira, Eduarda Rondão, Joaquim Pinto, Margarida Marmeleira

Metodologia de Investigação em Contextos Online


Universidade Aberta
Outubro de 2010

INTRODUÇÃO

No âmbito do Tema 1 da unidade curricular Metodologia de Investigação em Contextos Online – O


PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO – procedemos à análise da dissertação de mestrado E-Portefólio: Um
estudo de caso, de Ana Paula Alves.

Atendendo a que o objectivo central deste tema é conduzir-nos à identificação e compreensão dos
paradigmas e métodos de investigação em Educação, das etapas do processo investigativo e das
características dum relatório de investigação, partimos da pesquisa e do estudo da literatura sobre esta
questão e analisámos a dissertação em causa com base nessas grandes linhas orientadoras. Em
Metodologia da Investigação, de Hermano Carmo e Manuela Malheiro Ferreira, são destacados vários
aspectos que devem ser levados em conta numa análise crítica:

- O problema está convenientemente definido?

- A justificação do estudo é convincente? É lógica? É suficiente? É indicado como é que os resultados do


estudo terão implicações tanto ao nível teórico como prático?

- As questões ou hipóteses de investigação estão claramente formuladas? São apropriadas? É possível


responder-lhes? Podem ser testadas?

- Os conceitos utilizados e termos empregues são claros e não oferecem qualquer ambiguidade na
interpretação?

- A investigação realizada anteriormente acerca do mesmo assunto é convenientemente referida? Existe


articulação entre ela e o texto da presente investigação?

- O plano de investigação está bem apresentado e descrito? Parece adequado à investigação que foi
realizada?

- Se o tipo de estudo exigiu ou foi aconselhável a constituição de uma amostra, que tipo de amostra foi
utilizada? É uma amostra aleatória? Se não o for, está claramente definido o processo de selecção

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utilizado? O autor recomenda implícita ou explicitamente a generalização dos resultados a uma dada
população? No caso afirmativo, a população está bem determinada? São discutidas as eventuais
limitações do estudo, nomeadamente no que respeita à generalização dos resultados?

- As técnicas e os instrumentos de pesquisa utilizados estão devidamente caracterizados? São indicadas


a sua validade e fiabilidade? Em que medida é que inferências baseadas nos instrumentos merecem
credibilidade científica?

- O autor faz uma descrição pormenorizada das actividades realizadas?

- Quais as ameaças evidentes à validade interna do estudo? Foram devidamente controladas? Ou, pelo
menos, discutidas?

- Os dados estão sintetizados e foram apresentados com clareza? As estatísticas (descritivas e


inferenciais) foram bem utilizadas? A sua interpretação é correcta? São discutidas as respectivas
limitações?

- Os resultados e a discussão dos mesmos estão claramente apresentados?

- As conclusões são satisfatórias? O autor integra o estudo num contexto mais vasto? Reconhece as
suas limitações? Apresenta explicações e interpretações para os resultados consistentes com os
conhecimentos existentes?

- O autor apresenta sugestões pertinentes para futuras investigações?

- A linguagem é clara e rigorosa?

- A apresentação gráfica é adequada?

- A bibliografia relevante para o tema é citada? As referências bibliográficas aparecem convenientemente


apresentadas, respeitando o adequado ordenamento sequencial?

- Nos anexos estão incluídos todos os documentos necessários para que se possa fazer um juízo crítico
dos procedimentos adoptados e dos resultados a que o autor chegou?

Todas essas questões são importantes e nortearam a nossa análise, cuja apresentação decidimos
estruturar em cinco tópicos principais:

1. Os paradigmas seguidos pela autora da tese;

2. A definição do problema e das questões a desenvolver;

3. A metodologia de estudo de caso;

4. A organização do relatório;

5. A citação das fontes.

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A ANÁLISE DA OBRA

1. Os paradigmas seguidos pela autora da tese

A investigação está associada a paradigmas. A distinção entre paradigmas diz respeito à produção de
conhecimento e ao processo de investigação e pressupõe existir correspondência entre Epistemologia,
Teoria e Método. Cada tipo de método está ligado a uma perspectiva paradigmática distinta e única.

Existem dois grandes paradigmas de investigação educativa, o paradigma positivista e o paradigma


interpretativo que se contrapõem tanto a nível ontológico, como epistemológico e metodológico.

A escolha deve ter em atenção:

- A matéria a investigar;

- A relação existente entre investigador e investigado;

- Os métodos a usar na investigação.

A investigação positivista ou quantitativa postula uma concepção global positivista, hipotética-dedutiva,


particularista, orientada para os resultados.

A investigação interpretativa ou qualitativa postula uma concepção fenomenológica, indutiva, estruturalista,


subjectiva e orientada para o processo.

Na dissertação desta tese, considera-se que a investigação seguiu uma abordagem mista, uma vez que, os
dados quantitativos foram muitas vezes incluídos na escrita qualitativa, na forma de estatística descritiva.

Na dissertação da tese analisada foi aplicado o paradigma interpretativo ou qualitativo, uma vez que do
ponto de vista ontológico, procurou-se penetrar no mundo pessoal dos sujeitos e tentar perceber e
compreender como estes reagiram à utilização de uma nova metodologia em sala de aula.

A investigação foi do tipo naturalista e hermenêutica pois observou-se a interacção entre todos os
intervenientes.

Do ponto de vista epistemológico o papel do investigador foi o de observar e procurar interpretar a


realidade, recolhendo o máximo de informação diversificada. A nível metodológico a investigação baseou-se
no método indutivo porque se pretendeu estudar o desenvolvimento da implementação do portefólio de uma
forma sistemática e holística.

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Nos estudos qualitativos é muito importante que o investigador tenha a capacidade de aumentar a
credibilidade do seu estudo. Para tal, recorre a diversas triangulações ou diferentes processos
complementares para chegar às mesmas conclusões.

No que se refere à fiabilidade, na investigação qualitativa, não se relaciona com a presunção de que outros
obtenham os mesmos resultados, mas com o facto de atendendo aos dados, perceber que os resultados
fazem sentido.

Dadas as características da investigação pretendida parece-nos que a opção por uma abordagem mista é
correcta.

2. A definição do problema e das questões a desenvolver

Enquadramento teórico

A tese/investigação em análise, incide sobre um estudo a nível de práticas educativas na área da


Matemática, incluindo um estudo sobre a inserção de novas tecnologias na educação, de modo a tentar
perceber se existem vantagens em relação a uma prática educativa que não as utilize.

Perante uma sociedade que se encontra cada vez mais em rede, a autora da tese, destaca as
necessidades de a sociedade comunicar em rede, já que é neste meio que, “o conhecimento e a inovação
tecnológica são fontes de riqueza e poder, exige a emergência de políticas que promovam projectos
científicos e tecnológicos, de educação e de formação, as quais permitam o desenvolvimento da
capacidade educativa do cidadão, de transformar, num curto espaço de tempo, a informação recebida em
conhecimento e o conhecimento em acção. Ou seja, as reacções just-in-time aos sinais do mercado,
impõem a troca do conceito de aprender, pelo de “aprender a aprender” ou de “aprendizagem ao longo da
vida”.

Assim, de acordo com o Plano Tecnológico em Portugal, houve a necessidade de implantar novos
metodologias de trabalho, onde a tecnologia passará a ser as principais ferramentas de aprendizagem e de
avaliação.

Promover a modernização do ambiente escolar, providenciando ambientes de trabalho virtuais para os


estudantes, documentos de apoio em formato electrónico, e sistemas de acompanhamento dos alunos por
pais e professores assim como a participação sistemática em projectos de colaboração em rede com
entidades externas, nomeadamente promovendo a generalização do dossier individual electrónico (portfolio)
do estudante que termina a escolaridade obrigatória, onde se registarão todos os seus trabalho mais
relevantes, se comprovarão as práticas relevantes adquiridas nos diferentes domínios (artístico, científico,
tecnológico, desportivo e outros) e se demonstrará o uso efectivo das tecnologias de informação e
comunicação nas diversas disciplinas escolares (Programa Nacional para a Sociedade de Informação –
LigarPortugal, in http://www.ligarportugal.pt )

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No seguimento destas medidas, a autora desta tese fez um estudo sobre a implementação e criação de
ambientes virtuais de aprendizagem colaborativa, utilizando os portefólios electrónicos.

Fontes para a definição de problemas

- O interesse e a experiência do investigador

- A vontade de testar a aplicação de uma teoria a um problema educativo

- A replicação de estudos prévios

- A identificação de resultados e/ou conclusões contraditórias em estudos prévios

Fonte: http://grupo4.te.googlepages.com/Oproblemadainvestigao.pdf

Como professora de Matemática, esta investigadora tentou inovar nas suas metodologias no ensino da
matemática. Para isso, inicialmente aplicou o uso de portefólios em formato de papel a turmas do 8.ºano de
escolaridade. Com esta aplicação pretendeu diversificar os seus instrumentos de recolha de dados e criar
condições para um maior envolvimento e responsabilização dos alunos na sua avaliação.

No final do ano veio a constatar que os resultados esperados não satisfizeram os seus objectivos, já que
houve pouca ou insuficiente dedicação por parte dos alunos para a elaboração dos seus portefólios através
de fracas e insuficientes reflexões. Detectou também, problemas no transporte dos próprios portefólios,
entre casa dos alunos e professores e a escola. Também verificou a falta de trabalho colaborativo, já que a
maioria dos alunos tinha dificuldade em observar os portefólios dos colegas.

Deste modo, pode-se analisar que a investigadora tinha fundamentos para realizar um estudo de
investigação, pois tinha um problema em mão que poderia ser investigado. Pois ela já conhecia o problema,
encontrava-se interessada em resolvê-lo e já tinha um conjunto de resultados e avaliações e conclusões
que serviriam de base à sua investigação.

Estes factos constatados, foram os principais problemas que levaram a investigadora a desenvolver este
estudo. Contudo, o objectivo a atingir passaria a ser a aplicação da mesma metodologia às mesmas turmas,
agora no 9.º ano, um novo programa de portefólios em formato electrónico, denominados e-portefólios.

Para a aplicação destes novos portefólios foi necessária a existência da iniciação da utilização da
plataforma Moodle na escola onde estudo foi aplicado. Com o uso deste sistema resolveu-se um dos
problemas das condições técnicas para a implementação do estudo.

Uma investigação envolve sempre um problema, seja ele (ou não) formalmente explicitado pelo
investigador. De uma maneira geral, na investigação que adopta uma metodologia de cariz quantitativo, a

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formulação do problema faz-se via de regra numa fase prévia, seja sob a forma de
uma pergunta (interrogativa), seja sob a forma de um objectivo (afirmação).

Assim, o problema de investigação é fundamental porque:

- Centra a investigação numa área ou domínio concreto

- Organiza o projecto, dando-lhe direcção e coerência

- Delimita o estudo, mostrando as suas fronteiras

- Guia a revisão da literatura para a questão central

- Fornece um referencial para a redacção do projecto

- Aponta para os dados que será necessário obter.

Fonte: http://grupo4.te.googlepages.com/Oproblemadainvestigao.pdf

Nestes aspectos citados anteriormente, a investigadora centrou a sua investigação na área de Matemática,
incluindo também a área das TIC. (pág. 35- 43) Organizou a sua investigação na medida de saber a
potencialidade dos portefólios electrónicos na Matemática escolar é exequível. (Capítulo 3) Apresentou um
uma revisão de literatura que fundamentou os pressupostos da sua investigação (Capítulo 2) Apresentou os
seus objectivos a atingir durante a investigação. (pág. 30) Teve a preocupação de mostrar até onde iria o
seu trabalho, através das fases de desenvolvimento do trabalho (pág. 135-152)

No seguimento da investigação a investigadora propôs-se dar resposta às seguintes questões:

1. Como é que se pode organizar e implementar um programa de e-portefólios no contexto da disciplina de


Matemática?

2. Como se desenvolverá a participação e o envolvimento dos alunos na construção do respectivo e-


portefólio?

3. Que vantagens/desvantagens poderão estar associadas à selecção do ambiente Moodle na aplicação do


programa de e-portefólios no contexto da disciplina?

Para dar resposta às perguntas principais e orientadoras da investigação a investigadora definiu os


seguintes objectivos:

- Organizar e implementar um programa de portefólios electrónicos numa turma de alunos do ensino básico,
no contexto da disciplina de Matemática;

- Analisar a participação e o envolvimento dos alunos na construção dos respectivos e-portefólios;

- Perceber as vantagens/desvantagens do ambiente Moodle na aplicação de um programa de e-portefólios


no contexto da disciplina de Matemática;

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Tendo em conta os frutos a retirar deste estudo, para utilizar em futuros estudos, a investigadora propôs-se
a atingir o seguinte objectivo.

- Identificar aspectos essenciais a ter em consideração aquando da implementação de e-portefólios na


educação, nomeadamente a alunos do ensino básico ou secundário.

Critérios para avaliação de problemas de investigação

Segundo MacMillan e Schumaker (1997) os critérios a considerar na avaliação dos problemas de


investigação são:

1. Exequibilidade (feasibility): o problema tem de ser concretizável, ou seja, tem de poder ser respondido
mediante a recolha e análise de dados.

2. Relevância: o problema tem de ser importante para o estado actual do conhecimento. Isso é o mesmo
que dizer que o problema e os resultados têm de ter importância teórica e prática.

3. Clareza: o problema tem de ser formulado sem termos vagos ou confusos; deve ser uma pergunta
inequívoca, evitando ambiguidades na interpretação, deve ser curto, preciso e mostrar a intenção (objectivo)
da pesquisa.

4. O problema deve dar pistas para o tipo de investigação, ou seja, a linguagem que o explicita deve indicar
qual a orientação metodológica do estudo a realizar (se o estudo é experimental ou descritivo, etc).

5. O problema deve fazer referência à população ou à amostra, ou seja, precisar com quem se vai fazer a
investigação.

6. O problema deve fazer referência explícita às variáveis a investigar num nível moderado de
especificidade.

Fonte: http://grupo4.te.googlepages.com/Oproblemadainvestigao.pdf

Seguindo os critérios anteriores de avaliação de problemas de investigação, pode-se analisar que os


critérios desta tese, foram exequíveis, pois a investigadora conseguiu implementar e avaliar a participação
dos alunos na construção dos e-portefólios nesta turmas de 9.ºano. Os problemas também foram
relevantes, pois vão de encontro aos objectivos da educação em Portugal, ou seja, aumentar a literacia a
nível das TIC. A leitura dos problemas propostos não indiciam interpretações dúbias, sendo por isso clara a
sua construção. Os problemas criados remetem a sua investigação para uma investigação experimental e
descritivo, já que pretende-se saber a participação dos alunos e por contrário as suas vantagens e
desvantagens da utilização de e-portefólios. O problema em si explica a população de estudo e não a

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amostra. Também faz referência às variáveis de estudo: participação/ não participação /// vantagens e
desvantagens na construção e participação dos e-portefólios.

Grau de especificidade do problema

Na opinião de Cardona Moltó (2002), é desejável que a definição do problema seja o mais específica
possível contendo os aspectos essenciais do estudo, ou seja, fazer referência ao que se estuda (objecto de
investigação), com quem se vai levar a cabo a investigação (sujeitos) e como se estuda o problema
(variáveis).

Segundo a mesma autora os objectivos de investigação podem ser exploratórios (descritivos) ou analíticos
(explicativos ou preditivos). Os objectivos exploratórios ou descritivos aproximam-nos a problemáticas
pouco conhecidas e implicam:

- Identificar e/ou descrever características ignoradas até ao momento.

- Quantificar a frequência de algum fenómeno educativo.

- Seleccionar problemas ou áreas de interesse para a investigação.

Os objectivos analíticos estudam a relação entre variáveis (a variável independente ou causa) e a


dependente (ou efeito); a dimensão da relação antecipa-se através de hipóteses que são imprescindíveis
neste tipo de estudos. Regra geral os objectivos analíticos permitem:

- Contrastar ou verificar hipóteses.

- Confirmar relações entre variáveis

- Comparar a eficácia de, ao menos, duas intervenções/tratamentos

- Compreender as causas ou factores subjacentes.

Fonte: http://grupo4.te.googlepages.com/Oproblemadainvestigao.pdf

Segundo a análise feita à dissertação, a investigadora criou objectivos de investigação que foram
analisados de uma forma exploratória (descritivos) como de uma forma analítica (explicativos ou preditivos).

A nível dos objectivos exploratórios, a investigadora apresenta um capítulo (4.3), onde apresenta a
frequência de envolvimento dos alunos na construção do e-portefólio, como a adesão ao uso da plataforma
Moddle, levando à quantificação de um acontecimento.

A nível dos objectivos analíticos, a investigadora apresenta no mesmo capítulo(4.4) avaliações dos
contrastes das variáveis em estudo, comparando resultados da sua execução.

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3. A metodologia de estudo de caso

Depois de analisada a dissertação E-portefólio: um estudo de caso, de Ana Paula Alves, foi possível
compreender de forma mais concreta em que consiste um estudo de caso. De seguida, vamos dar conta
dessa análise, centrando-nos nos seguintes aspectos: adequação da metodologia aos objectivos da
investigação, objectivos definidos, definição do caso, tipo de estudo de caso, implementação e
desenvolvimento do estudo.

De acordo com a literatura referente aos estudos de caso, esta metodologia de investigação é uma das que
mais se adequam à investigação em educação, atendendo ao facto de que se analisam variáveis que de
outro modo dificilmente poderiam ser estudadas. Nesta dissertação, o que está em causa é precisamente a
análise de uma prática educativa – a implementação de portefólios electrónicos como forma de trabalho e
avaliação na disciplina de Matemática. Acompanhar os alunos na implementação desta prática, observar as
suas reacções e analisar os efeitos da experiência foi um processo que se adequou perfeitamente ao
estudo de caso.

Os objectivos de um estudo de caso são muito semelhantes aos da investigação educativa em geral,
nomeadamente explorar, descrever, explicar, avaliar e/ou transformar, mas mais especificamente, ainda,
relatar ou registar os factos tal como sucederam, proporcionando conhecimento acerca do fenómeno
estudado.

É exactamente isso que aconteceu nesta investigação, tal como a própria autora refere: «O objectivo desta
investigação prende-se com a avaliação da implementação de um programa de portefólios em formato
electrónico, envolvendo uma turma de alunos do ensino básico, no contexto da disciplina de Matemática.»;
«Por outro lado, sendo a investigadora a professora dos alunos, houve a oportunidade de observar, de
investigar e de revelar o “caso”.» (páginas 30 e 106, respectivamente). Neste caso concreto, a autora
definiu três objectivos mais específicos para o curso da investigação:

«Neste contexto, definimos os seguintes objectivos principais deste trabalho de investigação:

• Organizar e implementar um programa de portefólios electrónicos numa turma de alunos do ensino básico,
no contexto da disciplina de Matemática;

• Analisar a participação e o envolvimento dos alunos na construção dos respectivos eportefólios;

• Perceber as vantagens/desvantagens do ambiente Moodle na aplicação de um programa de e-portefólios


no contexto da disciplina de Matemática.» (pág. 30)

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Justificou-se o recurso a esta metodologia de investigação pelo facto de não existir ainda nenhum estudo
sobre esta questão específica: «Um outro aspecto do carácter único, diz respeito ao factor inovador da
experiência, uma vez que esta consistiu na aplicação de um programa de portefólios a turmas de alunos do
ensino básico, usando um suporte electrónico. De facto, não conseguimos identificar na literatura
consultada, registos de estudos centrados na utilização de portefólios electrónicos em contexto da
Matemática escolar.» (pág. 106)

Posto isto, a autora definiu o caso em estudo, indicando tratar-se de um estudo de caso único: «No
presente estudo, a estratégia de pesquisa, refere-se ao “estudo de caso”, com tipologia de “caso único” de
características descritivas (…) e exploratórias» (pág. 106) e delimitando-o de forma muito clara, como lemos
na página 118: «A parte empírica deste estudo centrou-se na análise do processo de desenvolvimento de
portefólios em formato electrónico por alunos de uma turma do 9º ano de escolaridade na disciplina de
Matemática, ao longo do ano lectivo 2006/07.»

Para além de se tratar de um estudo de caso único, tratou-se também de um estudo observacional, uma
vez que a investigadora desenvolveu uma observação participada enquanto investigadora, implementadora
do projecto e professora da turma simultaneamente («Observou participativamente, de dentro do ambiente
da sala de aula, tendo a possibilidade de presenciar e anotar alguns aspectos relacionados com a
implementação do e-portefólio às turmas (as emoções e as dificuldades sentidas pelos alunos, a nível de
acessos à plataforma, a nível de interacção no grupo, a nível de envolvimento e desempenho nas
actividades propostas, entre outras), que de outra forma seriam impossíveis de identificar.» - pág. 113).

Isso permitiu um envolvimento muito próximo da investigadora, bem como a garantia de que a experiência
se pudesse desenvolver numa ambiente natural, que não levasse os alunos a alterar o seu comportamento.
(«A aproximação da investigadora aos alunos foi natural e decorreu num ambiente de não constrangimento
em relação à observação que se quis produzir (ou seja, os relatos dos alunos foram autênticos, desprovidos
de preconceitos quando se pronunciavam acerca das suas dificuldades concretas)» - pág. 113). Podemos
verificá-lo na página 107: «Convém também referir que as actividades propostas na sala de aula aos alunos
(quer as que envolveram o software dinâmico de geometria Geometer‟s Sketchpad, ou as calculadoras
gráficas ou os materiais manipuláveis), não foram diferentes das que usualmente eram propostas pela
professora aos alunos do 9º ano de escolaridade. (…) Os portefólios em formato papel já tinham sido
experimentados no ano lectivo anterior com a maioria dos alunos da turma (à excepção dos alunos novos
na turma) (cf. A. Alves, 2006), portanto, a grande novidade para a professora e também para os alunos, foi
o facto dos portefólios se desenvolverem em ambiente electrónico.»

Um estudo de caso deve ainda recorrer a várias fontes de dados e essa preocupação foi evidente na
investigação desenvolvida pela autora, que baseou o seu estudo não só na observação directa dos alunos,
como na análise dos portefólios produzidos, nos registos de acesso ao Moodle e em questionários
aplicados aos alunos («Os métodos de recolha de dados desta investigação referem-se essencialmente (1)
à observação participante; (2) aos documentos produzidos pelos alunos; (3) aos registos automáticos dados
pela plataforma Moodle; e (4) ao questionário de opinião proporcionado aos alunos.» - pág. 112). As etapas
de recolha desses dados foram também apresentadas na página 115: «A implementação do programa de e-

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portefólios de Matemática à turma C de alunos do 9º ano de escolaridade, decorreu durante todo o ano
lectivo. Na tabela (3.4) mostramos o cronograma do processo de recolha de dados, que se concentrou nos
dois períodos lectivos (primeiro e segundo período lectivos de 2006/07), de 18 de Setembro de 2006 a 10
de Abril de 2007, com a observação final dos portefólios individuais dos alunos, que se realizou no término
do ano lectivo (8 de Junho).»

É por vezes apresentada como limitação ao estudo de caso a falta de rigor que pode existir, mas neste caso
concreto, houve uma preocupação de rigor e objectividade, como podemos confirmar nos seguintes
excertos: «A análise dos documentos produzidos pelos alunos, permitiu também levantar algumas questões
cujas respostas seriam obtidas através de outras técnicas e instrumentos como foi o caso dos questionários
aplicados aos alunos e dos registos automáticos fornecidas pela plataforma Moodle. Com este
procedimento, efectuou-se uma triangulação de fontes, essencial para assegurar o rigor do nosso estudo.»
(pág. 113), «Relativamente à validade externa, ou seja, à transferibilidade dos resultados deste estudo para
outros casos similares, e numa perspectiva de utilidade do estudo na preparação de outros estudos
propusemo-nos, ainda, trabalhar no sentido de atingir o seguinte objectivo: Identificar aspectos essenciais a
ter em consideração aquando da implementação de eportefólios na educação, nomeadamente a alunos do
ensino básico ou secundário.» (pág. 30).

Aliás, a investigadora não informou os alunos de que estavam a ser alvo de uma observação, o que, no
nosso ponto de vista, contribuiu para evitar que estes pudessem alterar o seu comportamento, levando a
um falseamento dos dados, («Também gostaríamos de referir que não consideramos relevante, neste caso
concreto, informar os alunos que a sua experiência com os portefólios electrónicos seria objecto de estudo,
uma vez que os portefólios electrónicos surgiram, com a concordância dos alunos, e com objectivos muito
definidos relativamente à aprendizagem e à avaliação dos alunos no contexto da disciplina. Como referimos
anteriormente, a aplicação dos portefólios à turma já era considerada uma situação “normal” para o
presente ano lectivo, a posição de curiosidade e vontade de experimentar os “portefólios electrónicos” por
parte dos alunos e da professora levaram à tomada de decisão de que os portefólios para o presente ano
lectivo seriam em formato electrónico e não em formato papel. (…) Importa ainda referir que a opção de
não informação dos alunos encontra-se de acordo com outros estudos nos quais a situação de investigação
é mantida em completo segredo» -pág. 108). Houve também a preocupação de identificar os envolvidos na
investigação, com a devida autorização dos Encarregados de educação, conforme indicado na página 109.

Este tipo de estudo reveste-se de um forte carácter descritivo, tal como se pode verificar pela leitura da
dissertação em causa, em que todo o processo de implementação do projecto e todo o seu
desenvolvimento são descritos minuciosamente ao longo do terceiro capítulo, permitindo-nos, se assim o
entendêssemos, reproduzir a experiência.

De acordo com o artigo «O estudo de caso na investigação em Tecnologia Educativa em Portugal», de


Clara Pereira Coutinho e José Henrique Chaves, publicado na Revista Portuguesa de Educação, em 2002,
da Universidade do Minho, há vários aspectos que devem estar bem definidos num estudo de caso, parte
deles já referenciados atrás. Assim, para terminarmos esta parte da nossa análise, vamos esquematizar os
aspectos que considerámos mais pertinentes:

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- A definição clara do “caso” e a delimitação das suas “fronteiras”;

A implementação do eportefólio da Moodle a uma turma de Matemática do 9º ano, no ano lectivo 2006/2007

- Descrição pormenorizada do contexto em que o caso se insere;

Nas páginas 116 e 117, foi feita uma caracterização da turma e da escola, referindo todas as condições que
poderiam interferir na implementação do projecto. Foi igualmente feita uma descrição da plataforma Moodle
e, em particular, da ferramenta que permitiu a construção do portefólio electrónico, nas páginas 93 a 99.

- Justificação da pertinência do estudo e quais os objectivos gerais que persegue (o seu foco);

A autora explicou a importância da alteração da prática educativa em Matemática para melhor se ajustar
aos objectivos do programa e das novas orientações metodológicas para a disciplina, apresentando o
portefólio como uma boa ferramenta, especialmente o portefólio electrónico, uma vez que vivemos numa
era cada vez mais informatizada. Referiu, como já mencionámos acima, não haver nenhum estudo sobre o
assunto, pelo que definiu, como objectivos, verificar a utilidade desta ferramenta educativa e da plataforma
Moodle, bem como o envolvimento dos alunos.

- Identificação da estratégia geral, justificando as razões da opção por caso “único” ou “múltiplo”;

Tal como já referido, a autora clarifica que optou pelo paradigma interpretativo, realizando uma investigação
do tipo naturalista e hermenêutica baseando-se no método indutivo. Optou pelo estudo de caso único,
fazendo uma abordagem observacional e apresenta as razões da sua escolha.

- Definir qual vai ser a unidade de análise (ou unidades de análise);

Atendendo ao carácter qualitativo da sua investigação, a autora explicou que não teria como unidade de
análise uma amostra, mas que se constituíam como grupo de informantes, todos os alunos da turma do
9ºC da investigadora» (pág. 160).

- Fundamentação dos pressupostos teóricos que vão conduzir o trabalho de campo;

Todo o capítulo 2 explica a evolução do trabalho feito na aula de Matemática, da avaliação, da criação e
implementação de portefólios, mostrando-se que todo esse processo assentou em pressupostos teóricos
bem definidos, como lemos na página 137: «As ideias de que (i) a avaliação é parte integrante do currículo;
(ii) a avaliação é parte integrante da aprendizagem; (iii) as diferentes aprendizagens de cada aluno podem
ser avaliadas; (iv) a avaliação deve ser um processo transparente; e (v) a avaliação deve basear-se em
várias fontes de informação, estiveram presentes durante todo o desenvolvimento deste estudo. Com efeito,
as decisões sobre os objectivos dos portefólios a aplicar às turmas, as actividades a propor aos alunos e a
própria metodologia de sala de aula nortearam-se por todas estas questões importantes a levar em conta
num processo de avaliação.»

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 12


- Descrição clara de “como” os dados serão recolhidos, “de quem” e “quando”;

Todo o subcapítulo 3.6.1 Métodos e instrumentos de recolha de dados (pág. 112-115), explica o processo
de recolha de dados, calendarizando-o e apontando a investigadora como principal agente dessa recolha.

- Descrição pormenorizada da análise dos dados;

Todo o capítulo 4 consiste na análise pormenorizada dos dados recolhidos, nomeadamente o conteúdo dos
portefólios, os registos de actividade e de acesso no Moodle, os questionários e a observação na aula.

Posto isto, consideramos que a dissertação em análise constitui um bom estudo de caso, que segue os
procedimentos recomendados para esta metodologia de investigação.

4. A organização do relatório

Um dos aspectos que vamos analisar prende-se com a organização de um relatório de investigação. Assim,
vamos analisar a organização desta dissertação que aborda a implementação de um programa de
Portefólios Electrónicos a uma turma de 9º ano, no contexto da disciplina de Matemática.

Na organização de um relatório de investigação podem ser considerados elementos pré-textuais, textuais e


pós-textuais.

ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

1. Capa /Folha de Rosto

Observando a capa e a folha de rosto (página 1) desta dissertação verifica-se que apresentam:

a) o nome do autor (Ana Paula Andrade Lima);


b) o título (E-Portefólio: Um estudo de caso);
c) o local de publicação (Universidade do Minho, Instituto de Educação e Psicologia);
d) o ano de publicação (Julho de 2007);
e) o nome de outros intervenientes na publicação (sob a orientação da Doutora Maria João da Silva).

Há outros aspectos não obrigatórios que não aparecem. Por exemplo:

a) quanto ao número da edição, por ser a primeira, não é obrigatório, por isso não é citado

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nem na capa nem na folha de rosto;
b) o número do volume, por se tratar de uma obra de apenas um volume, não é apresentado na capa
nem na folha de rosto.

Em suma, os itens apresentados tanto na capa como na folha de rosto estão estruturados de forma a
facilitar a leitura da informação e a folha de rosto contém toda a informação apresentada na capa da
dissertação, tal como é recomendado na bibliografia sobre o assunto.

2. Resumo

O resumo deve ser apresentado também noutra língua. Neste trabalho, a autora apresenta o resumo do
texto em português e francês (páginas 5 e 6). O resumo deve apenas conter no máximo 500 palavras o que
foi respeitado pela autora.

3. Agradecimentos e dedicatória

Os agradecimentos são apresentados na página 4. Quanto à dedicatória, é de carácter facultativo, no


entanto a autora opta por fazer uma breve dedicatória na página 3: “Dedicada especialmente ao Pedro, à
Bárbara, ao Nuno e à Joana”.

4. Índice Geral

A autora apresenta na sua dissertação o Índice Geral nas páginas 7 a 10, que dá conta da divisão em cinco
capítulos:

CAPÍTULO 1 – Introdução
CAPÍTULO 2 – Portefólios electrónicos em Matemática escolar
CAPÍTULO 3 – Metodologia adoptada e descrição do estudo
CAPÍTULO 4 – Apresentação e análise dos dados
CAPÍTULO 5 – Conclusões

Embora não sendo obrigatório, a autora opta por apresentar um Índice de Figuras nas páginas 14 a 16, de
acordo com os capítulos apresentados. Apresenta também um Índice de Gráficos na página 13, indicando
em que capítulos se introduziram gráficos. A autora apresenta, por fim, outro índice que considerou
necessário e pertinente, como um índice de Anexos, que remete para os instrumentos de recolha de dados

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 14


utilizados, os documentos utilizados na Organização dos Portefólios da Matemática e os documentos
apresentados aos Encarregados de educação (página 17).

5. Siglas e Abreviaturas ou Glossários

Por não ser obrigatório, a autora opta por não apresentar este item na sua tese.

CORPO DE TRABALHO

A formatação do corpo do texto é muito variável e dependente do tema do projecto e da abordagem


adoptada. No entanto a Introdução, o Desenvolvimento e a Conclusão devem ser respeitados em todos os
trabalhos, podendo ainda existir uma divisão em capítulos lógicos. O corpo de trabalho desta tese foi
(1)
dividido de forma lógica destacando aspectos como: a tomada de conhecimento do problema e da sua
(2) (3)
envolvente; a selecção de alternativas para a sua resolução, e aplicação da(s) melhore(s); a análise
dos resultados, crítica e proposta de trabalhos futuros.

1. Introdução

A parte introdutória pode ser composta pela apresentação do problema e da necessidade do trabalho, pela
identificação dos objectivos do trabalho, e até pela revisão do estado do conhecimento. Estes tópicos
podem, ou não, dar origem a capítulos individualizados.

Assim, na parte Introdutória (páginas 18 a 32), a autora apresenta a contextualização do presente estudo
(páginas 21 a 26); as motivações pessoais e iniciais para o desenvolvimento do estudo em causa (páginas
26 a 27); o caso em estudo (página 28); a importância do estudo (página 29); e os objectivos da
investigação (página 30). Também apresenta as três questões principais de pesquisa que orientam este
estudo de caso (página 30) e quais os objectivos principais deste trabalho de investigação: «Para melhor
operacionalizar a investigação definimos três questões principais de pesquisa que orientaram este estudo
de caso: 1. Como é que se pode organizar e implementar um programa de e-portefólios no contexto da
disciplina de Matemática? 2. Como se desenvolverá a participação e o envolvimento dos alunos na
construção do respectivo e-portefólio? 3. Que vantagens/desvantagens poderão estar associadas à
selecção do ambiente Moodle na aplicação do programa de e-portefólios no contexto da disciplina? Neste
contexto, definimos os seguintes objectivos principais deste trabalho de investigação: Organizar e
implementar um programa de portefólios electrónicos numa turma de alunos do ensino básico, no contexto
da disciplina de Matemática; Analisar a participação e o envolvimento dos alunos na construção dos

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 15


respectivos eportefólios; Perceber as vantagens/desvantagens do ambiente Moodle na aplicação de um
programa de e-portefólios no contexto da disciplina de Matemática.»

2. Desenvolvimento

A presente dissertação organiza-se em cinco capítulos e de forma abreviada expõe os principais assuntos a
serem abordados em cada capítulo (páginas 33 a 222).

No desenvolvimento deve-se ter em conta aspectos como:

2.1. Teoria e técnica (revisão da literatura)

Deve efectuar-se um enquadramento teórico do assunto, destacando o estado da arte (estado do


conhecimento de uma determinada área científica). Com base em leituras realizadas sobre o assunto, em
resultado da pesquisa bibliográfica e selecção das fontes mais relevantes, deve ser feita revisão da
literatura numa perspectiva crítica.

2.2. Métodos e materiais

Deve explicar-se qual o procedimento experimental usado para a investigação. Deve ser feita uma
descrição dos métodos e procedimentos utilizados, de uma forma suficientemente clara e explicita, de modo
a possibilitar a sua reprodução por outros interessados.

2.3. Resultados

Deve apresentar-se as descobertas baseadas nos métodos, explicando quais os dados obtidos na
sequência do procedimento experimental seguido. Todas as ilustrações, gráficos e tabelas que sejam
essenciais para a compreensão dos resultados devem ser incluídas nesta parte do texto (os restantes
devem ser incluídos em apêndice). Esses elementos devem ser numerados e legendados, devendo
aparecer o mais próximo possível do local onde são citadas ou discutidas.

2.4. Discussão

Deve ser feita uma interpretação e comentário sobre os dados obtidos na investigação realizada, indicando-
se o grau de exactidão e o significado dos resultados da investigação descritos.

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 16


Esta dissertação respeita esta organização. O capítulo 1 corresponde à Introdução, como já referimos, o
capítulo 5 às Conclusões, sendo que os capítulos 2 a 4 correspondem aos aspectos que acabámos de
mencionar:

O capítulo 2 - Portefólios electrónicos em Matemática escolar – faz uma análise da literatura sobre o ensino
da Matemática, sobre a avaliação nesta disciplina, sobre a importância de portefólios e sobre portefólios
electrónicos.

O capítulo 3 - Metodologia adoptada e descrição do estudo – explica todos os procedimentos adoptados


para a implementação do projecto e para o desenvolvimento da investigação, explicando e justificando a
metodologia adoptada e descrevendo os instrumentos utilizados.

O capítulo 4 - Apresentação e análise dos dados – analisa, discute e interpreta os resultados obtidos,
fazendo-o de forma objectiva de modo a poder compreender-se se há ou não benefícios na utilização de
portefólios electrónicos.

Por uma questão de clareza, a autora desta dissertação, para além de ter dividido o texto em capítulos,
apresenta uma breve introdução a cada um deles, bem como um sumário final. Vejamos, como exemplo, o
capítulo 2 (página 33 a 99):

(introdução ao capítulo)
«CAPÍTULO 2 – Portefólios electrónicos em Matemática escolar
Neste capítulo apresentamos a revisão de literatura que serviu de suporte ao desenvolvimento do
presente projecto de investigação. Iniciamos o capítulo com uma análise, baseada na literatura
disponível, acerca da evolução da praxis educativa portuguesa em Matemática escolar (2.1). De
seguida discutem-se aspectos referentes à problemática da avaliação das aprendizagens em
Matemática escolar (2.2); mencionam-se as potencialidades dos portefólios em Matemática escolar
(2.3.); e apontam-se alguns aspectos referenciados na literatura relativamente à concepção,
implementação e avaliação de um programa de portefólios em Matemática escolar (2.4.). Numa
segunda fase, abordamos a revisão de literatura que consideramos relevante para a aplicação dos
portefólios electrónicos no âmbito escolar (2.5). Considera-se primeiramente o conceito de portefólio
electrónico (2.5.1) e alguns aspectos referentes à concepção dos portefólios em formato electrónico
(2.5.2). De seguida, apontam-se as etapas de desenvolvimento dos portefólios electrónicos (2.5.3);
abordam-se as principais tecnologias de suporte à implementação de portefólios electrónicos (2.5.4); e
discutem-se as potencialidades específicas dos portefólios electrónicos (2.5.5), especialmente, as
referentes aos e-portefólios suportados pela tecnologia Moodle (2.5.6).»

(sumário do capítulo)
«O Capítulo 2 – Portefólios electrónicos em Matemática escolar da nossa dissertação centrou-se
primeiramente nas principais considerações que fundamentam a aplicação dos portefólios na educação
escolar na área da Matemática e numa segunda fase nas questões que permitem a concepção, a

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 17


organização e o desenvolvimento de e-portefólios em contexto educacional. Os aspectos considerados
universalmente como fundamentais para o ensino da Matemática, encontram-se bem explícitos na
literatura e documentação que apoia a implementação dos programas e orientações curriculares
vigentes. Um ensino de Matemática de qualidade promove a riqueza e a variedade de experiências de
aprendizagem que desenvolvem e estimulam a capacidade do aluno em pensar, investigar e comunicar
em termos matemáticos. Uma avaliação exemplar, deve acompanhar a natureza das aprendizagens e
deve ser parte integrante da aprendizagem. Promover situações de aprendizagem que todos possam
desenvolver, para que as aprendizagens de cada um possam ser avaliadas, estabelecer expectativas
elevadas e diversificar os instrumentos de avaliação, não se centrando unicamente nos tradicionais
testes de avaliação, são aspectos relevantes que devem ser levados em conta quando se pretende
implementar um programa de portefólios a turmas de alunos em Matemática escolar. Num programa de
portefólios escolares aplicados ao ensino da Matemática, é possível observar globalmente a evolução
do trabalho do aluno, regular o ensino aprendizagem dos alunos, obter uma maior comunicação entre
professores, alunos e pais e contribuir para a mudança das práticas pedagógicas. No entanto, é
necessário estabelecer uma boa planificação (definir claramente os objectivos, orientar os alunos,
definir a estrutura dos portefólios, o tipo de materiais, a avaliação, entre outros) para que os portefólios
cumpram a sua verdadeira função. A escolha do formato do portefólio (formato papel, formato
electrónico ou portefólios acessíveis na web) deve ser ponderada, considerando as actuais
potencialidades tecnológicas de sistemas de suporte à criação de portefólios. Na concepção de um e-
portefólio de aprendizagem/avaliação, o sistema tecnológico deve permitir que o aluno tenha o seu
próprio arquivo digital para armazenamento dos seus artefactos (“working portfolio”) e o seu espaço de
reflexão pessoal (“portefólio reflexivo”), além de outros aspectos de gestão e armazenamento de
informação. Além disso, o professor interessado em implementar os portefólios electrónicos deve
atender a vários factores (objectivos do programa de portefólios, condições tecnológicas da escola,
conhecimentos tecnológicos dos alunos, entre outros) para que a escolha da tecnologia seja a mais
adequada à situação, uma vez que esta pode restringir ou potenciar todo o processo de
desenvolvimento de um programa de portefólios.»

3. Conclusão

Na Conclusão são analisados os resultados à luz do exposto na Introdução. Deve conter uma síntese do
trabalho, com os resultados mais importantes e a sua relação com os objectivos propostos e com os meios
usados. A conclusão geral do trabalho deve apresentar recomendações e sugestões, resultantes do
trabalho realizado, sempre que tal se aplicar.

No capítulo 5, a autora apresenta as conclusões, onde faz: uma síntese das principais conclusões do
estudo (página 225); uma reflexão final sobre a participação e o envolvimento dos alunos na construção do
respectivo e-portefólio (página 225); algumas considerações adicionais (página 237); sugestões para uma
investigação futura (páginas 239 a 240).

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 18


Para além de sintetizar todo o projecto, aponta para os constrangimentos que se foram sentindo
pela dificuldade de acesso à internet e pela pouca divulgação que se deu aos portefólios individuais dos
alunos. Apresenta algumas dúvidas que este estudo lhe suscitou, como as seguintes:

«- Como evoluirão as atitudes dos alunos ao longo de um período de tempo grande no que concerne à
realização de portefólios electrónicos? Quais serão as consequência do desaparecimento do factor
“novidade”? Quais serão as consequências da evolução das competências TIC dos alunos no que se refere
à forma como desenvolvem os seus portefólios?

«- Qual será o impacto que a realização de um portefólio electrónico poderá ter em alunos com dificuldades
na aprendizagem da Matemática escolar? Como reagirão em termos e motivação e interesse pela
disciplina? Que novas competências conseguirão mobilizar e demonstrar?»

Finalmente, aponta para estudos futuros onde se poderiam explorar os seguintes aspectos:

«Uma questão que foi também surgindo na nossa mente, na sequência até de algumas das reflexões e dos
trabalhos dos alunos, foi a possibilidade de se desenvolverem portefólios inter ou transdisciplinares. Que
vantagens poderão trazer? Como se poderão organizar? Que tipo de dificuldades se encontrarão? Que
vantagens poderão daí decorrer?

«Pensamos também que seria interessante desenvolver estudos centrados nas perspectivas e expectativas
dos professores no que concerne ao papel que os portefólios poderão desempenhar enquanto formas
alternativas e/ou complementares enquanto estratégia de ensino e de aprendizagem bem como enquanto
instrumento e métodos de avaliação. Quais são as perspectivas dos professores? Que dificuldades
perspectivam quanto à possibilidade de desenvolverem programas de portefólios? Quais os principais
factores que condicionam a adopção dos portefólios enquanto estratégias de ensino-aprendizagem por
parte dos professores?»

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

Referências Bibliográficas

Incluem-se nas referências bibliográficas apenas as citações feitas no texto. A bibliografia das obras
consultadas mas não citadas não é obrigatória, por isso, nesta dissertação, são apresentadas as
Referências Bibliográficas (páginas 243 a 255).

O Índice remissivo

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 19


Não sendo obrigatório, não foi incluindo nesta dissertação.

Anexos

Nos Anexos são colocados documentos, listas exaustivas, cálculos de pormenor, figuras e quadros que não
sejam fundamentais no corpo do texto, mas que devem constar do trabalho. No Anexo compilam-se apenas
os documentos que são da autoria do autor do relatório.

A autora optou por apresentar os seguintes anexos:

Anexo I – Instrumento de recolha de dados


I – Questionário de opinião dos alunos (página 261).

Anexo II – Documentos utilizados na organização dos portefólios de Matemática


I – Guião para a estrutura do Portefólio Individual (página 267);
II – Guião dos Materiais a inserir no Portefólio Individual (página 268);
III – Guião para as Reflexões a inserir no Portefólio Individual (página 269);
IV – Critérios de avaliação dos Portefólios de Matemática (página 270).

Anexo III – Documentos para o Encarregado de Educação


I – Informação aos Pais e Encarregados de Educação (página 273);
II – Autorização dos Pais e Encarregados de Educação (página 274).

Em suma, de acordo com esta análise que efectuámos, podemos afirmar que esta dissertação foi
organizada de acordo com as recomendações para este tipo de textos, constituindo, desse ponto de vista,
um bom relatório de investigação.

5. A citação das fontes

Para verificar se a autora da tese citou correctamente as fontes, consultamos as Normas Portuguesas NP
405-1, NP 405-2, NP 405-3 e NP 405-4. Por uma questão de comodidade de leitura, utilizamos também os
seguintes documentos:

Peixoto, Paulo (2010), "Como citar as fontes consultadas", http://www4.fe.uc.pt/fontes/citar, página


consultada em 24 de Outubro 2010.

Correia, Paula (2007), "Guia para a elaboração de referências bibliográficas"


http://biblioteca.esjbv.pt/ficheiros/dossier_professor/refencias_bibliograficas.pps, página consultada em 24
de Outubro 2010.

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 20


FADE.UP, Conselho Científico – Serviços de Documentação (2009), Porto "Referências bibliográficas,
citações e exemplos, guia para consulta rápida",
http://www.fade.up.pt/biblioteca/_arquivo/BibliografiaCitacoes.pdf, página consultada em 24 de Outubro
2010.

Universidade do Minho (2010), "Guia para a elaboração de referências bibliográficas Normas Portuguesas",
http://www.sdum.uminho.pt/Default.aspx?tabid=4&pageid=72&lang=pt-PT, página consultada em 24 de
Outubro 2010.

Constatamos que a autora da tese seguiu as normas portuguesas no que respeita às citações e às
referências bibliográficas.

No texto que se segue vamos colocar a [castanho] o número da página da tese e a cor roxa as frases
retiradas da tese e que vamos utilizar como exemplo.

Citações

Sempre que fez uso de texto, dados, ou outros elementos de terceiros, citou a fonte. Fez esta citação por
introdução do nome dos autores e da data da fonte referida no corpo do texto. São exemplos de citação:

Directa:

[tese, página 56]

Os portefólios suportam um método de avaliação muito focalizado nos pontos fortes do aluno, nas
realizações que este escolhe como sendo os seus melhores trabalhos, promovendo positivamente a auto
imagem do aluno, além de se mostrarem muito apelativos para estudantes com diferentes estilos de
aprendizagens (Crowley, 1993).

[tese, página 21]

A sociedade em rede é para Castells (2004) um novo modelo de sociedade que se move através das
comunidades virtuais

Indirecta:

[tese, página 61]

“talvez o argumento mais importante para o uso dos portefólios seja o seu poder em levar a cabo a
mudança” (Kuhs; 1994:335).

As citações foram feitas na forma: Autor (Data); ou Autor Data quando feitas de forma directa. De forma a
evitar citações demasiado longas, a autora escreveu as citações que teriam mais de dois nomes de autores
numa das seguintes formas: quando eram apenas dois nomes ligou-os com um e comercial, &; quando

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 21


eram mais de dois nomes, citou apenas o primeiro autor acrescentando a expressão et all, em itálico.
Vejam-se os exemplos:

[tese, página 56]

Dou mais importância ao portfolio que aos testes, porque num teste nem sempre o que sai é o nosso
melhor. Num portfolio é como se fossemos nós a explicar a matéria. (Lourenço & Paula, 2003:14)

[tese, página 167]

A ideia era que todos os alunos pudessem controlar o sucesso do seu trabalho (Abrantes et all, 1997: 118).

Quando teve necessidade de citar vários trabalhos do mesmo autor utilizou uma vírgula para separar os
anos; para citar trabalhos de diversos autores utilizou o ponto e vírgula. Os anos e autores foram ordenados
alfabética e cronologicamente. Vejam-se o exemplos a seguir:

[tese, página 58]

Vários autores referem que durante o desenvolvimento de um programa de portefólios existe uma maior
possibilidade de comunicação entre os professores, os alunos, os pais e outros agentes educativos acerca
das aprendizagens e expectativas dos alunos (Asturias, 1994; Crowley, 1993;Lambdin & Walker, 1994;
Stenmark, 1991).

Quando teve necessidade de citar vários trabalhos do mesmo autor e do mesmo ano colocou uma letra
minúscula imediatamente a seguir ao ano. As letras corresponderam às respectivas referências
bibliográficas. Exemplos:

[tese, página 77]

Os autores Tosh e Werdmuller (2004a; 2004b) referem ainda que o sistema de suporte à criação de
portefólios deve permitir que o aluno tenha um completo controle e gestão do seu e-portefólio.

[tese, página 77]

Além disso, estes autores (2004b) reforçam a ideia de que ...

Quando não foi possível consultar uma determinada obra, mas sentiu necessidade de referi-la a partir de
outro autor, colocou a referência a este na citação. Veja-se o exemplo:

[tese, página 74]

"transformar a informação em conhecimento e o conhecimento em acção” (Dutton, 1999, citado em Castells,


2004:300).

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 22


Citações em língua estrangeira

Sempre que citou trabalhos em língua estrangeira teve o cuidado de traduzir para português a ideia do
trecho citado. Teve ainda o cuidado de colocar na sequência do texto que a tradução era da sua
responsabilidade. Como nos exemplos:

[tese, página 91]

Maior motivação e maior envolvimento dos alunos na construção do portefólio O maior benefício apontado
para os portefólios electrónicos é o facto de se conseguir um maior envolvimento e motivação do aluno no
processo do portefólio (Barrett, 2005b:15).

A major challenge today with electronic portfolios is to maintain learner intrinsic motivation to willingly
engage in the portfolio process. The use of multimedia tools is one strategy that involves and engages
learners; another technology that is engaging young people today is the web log or "blogs" and "wikis."
(Barrett, 2005b:15)

[tese, página 71]

Tabela 2. 2 – Tópicos orientadores do processo de reflexão dos alunos em relação aos seus portefólios
(traduzido e adaptado de Lambdin e Walker (1994:94)

Relativamente às referências bibliográficas:

As referências bibliográficas apresentadas na tese estão numa secção autónoma da tese designada por
"referências bibliográficas" - ver tese página 241

Estas seguem as Normas Portuguesas, como se podem ver nos seguintes exemplos:

referência a publicação em cdrom:

[tese, página 249]

GOMES, Maria João (2005a). E-Learning: reflexões em torno do conceito. In Paulo Dias e Varela de Freitas
(orgs.), Actas da IV Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação –
Challenges‟05, Braga: Centro de Competência da Universidade do Minho (pp. 229-236) [cdrom]

referência a tese não publicada:

[tese, página 251]

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 23


MEIRINHOS, Manuel (2007). Desenvolvimento profissional docente em ambientes colaborativos de
aprendizagem a distância: estudo de caso no âmbito da formação contínua. Universidade do Minho:
Instituto de Estudos da Criança (tese de doutoramento não publicada).

documento consultado na Internet

[tese, página 254]

SEACOAST PROFESSIONAL DEVELOPMENT CENTER (2007). Moofolio: A Digital Portfolio for Moodle.
http://www.k12opensource.org/spdc/moofolio/SPDC_Portolio_Presentation-121206.pdf (Consultado na
Internet em 10 de Janeiro de 2007)

referência a uma revista:

[tese, página 255]

VELOSO, Eduardo (1991). Reflexões sobre uma reforma “perdida”. Educação e Matemática, 19/20, pp. 27-
29.

referência a livros:

é de notar que em algumas referências surge o ISBN e em outras não,

[tese, página 253]

SÁ-CHAVES, Idália (2005). (org.) Os „‟Portfolios‟‟ Reflexivos (também) trazem gente dentro. Edições
CIDInE, Porto: Porto Editora. ISBN 972-0-34737-6

[tese, página 248]

FREITAS, Varela L. & FREITAS, Varela C. (2003). Aprendizagem cooperativa. Lisboa: Asa.

[tese, página 255]

YIN, Robert K. (2005). Estudo de caso: planejamento e métodos. 3ª edição. Porto Alegre: Bookman. (obra
originalmente publicada em inglês sob o título, Case study research: design and methods, 1989)

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 24


CONCLUSÃO

A partir de toda a análise que realizámos, podemos concluir que esta dissertação de mestrado
cumpre as normas para a elaboração e apresentação de trabalhos de investigação científica. Além disso,
esta análise permitiu-nos aprofundar os nossos conhecimentos e revelou-se uma excelente forma de
podermos associar a teoria à prática, verificando como se concretizam as recomendações apresentadas na
literatura sobre a realização deste tipo de investigação.

O processo de investigação (Equipa Almada Negreiros) pág. 25

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