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DT. José dos ~antos •

(These inaugural)

DEFENDIDA EM 15 DE JUNHO DE 1929


,

Approvada - plenamente

RIO DE JANEIRO
Typ. do PatroDalo - Rua Real GraDdeza, 174
I9~9


Facul de de Medicina do Rio de Janeiro
.=

APRESENTADA Á

• •
,
acu a e e lCrna o O e anellO
Em 19 de Novembro de 1928
POR.
,

Na/ural de Agua! Vlr/uo3al - Mina!

Filho legitimo de João dos Santos e D. Clara Dina dos Santos


Afim de obter o gráo de Doutor em Medicina


DISSERTACAü:

• • • •

(Cadeira de Clinica Medica)

RIO DE JANEIRO
Typ. d. Patronato Rua Real Grande n. 174
1928
·A ULDADE DE MEDICINA DO 10 DE JANEIRO

llirector - DI. José Antonio de AIH('lI "ialho


Vi . Dircctol Dr Antonio Pacheco L.'50 o

Secretario DI' Eugenio do Espírito S,1II11J de M pnezet


o

1'1'OFESSORES CATIIED/{Á'llCOS
URSo

Franci. co Lafayetle Rodrigucs Pereira o Physíca


,\dclino da Silva Pinto o o o o o o • o. o o o o
r:himi(':J. organica e biologlâ
Jo,é de L,lrvalho Del V c(chio o o o o o o o o Chimica geral e mineral
ntollio 1';).chcco Leão .. o o •• o o o o o o o o o o Biologia g('ral e parasltolrJgia
Ah'aro Fróes da Fonseca o o o o o o o o o. o •• Anatomia humana (l' cadeira)
Alfredo Alberto Pereira Monteiro o o o o • Anatolllia lllllnana (2' cadeira)
Ernani Carlos de !lfcnezes Pinto o o o o o • Hi~to1r;.da
Oscar Frederico de Souza o o o. o o o o o • o Physiologia (1" cadeira)
Alvaro Osorio de Almeida. o o o o o • o o o • o Physiologia (2" cadeira)
Bruno Ah'arrs ria Silva Lobo o o o o • o o o Microbiologia
Ped ro A ugusto Pinto .. o o o o o o •• o •• o •• Pharmacologia e arte de formular
Agenor Guimarães Porto o o •••• o. o o •• o o Therapeuti('a
Franciscc) Pinheiro Guimarães . o • o • o o o Pathol0gia geral
Ugo de Castro Pinheiro Guimarães o o •• Pathologia cirurgica
Raul Leitão da Cunha ....... o o o o o o o o • Anatomia e physiologia pathologica.
João Benjamin Ferreira Baptista o o o o o • Medicilla operatoria
Julio Afranio Peixoto o o o o o. o o o o • o o o o o HY2itne
Henrique Tanner de Abreu o o • o • o •••• Medicina legal
Oswaldo Coelho de Oliveira o o o o o o o o o o Clinica medica (1" cadeira)
Clementino da Rocha Fraga Jun:or . o • Cl inica medica (2" cadeira)
Miguel de Oliveira Couto o. o o • o • o o o o o Clinica medica (3" cadeira)
Aluysio

de Castro o •• o o o o o o o o • o o • o o o • Clinira medica (4" cade::: .. )
Juvenil da Rocha Vaz ............ .. Clinica medica propedeutica
Augusto Brandão Filho o ••• o o o o o. o o o o Clinica cirnrgica (l" cadeira)
Alcindo cle Figueiredo Baella o. o o o o o • Clínica cirurgica (2" cadeira)
Augusto Paulino Soares de Souza o. o o CI inir:a cirllrgica (3" cadeira i
Fernando Augusto Ribo. de Magalhães Clinica obstetrira
Augusto de Souza Brandão o o o • o • o ••• Clinica gy necologica
Jo~é Antonio de Abreu Fialho ... o o o o' CI inica opht:t1mologica
João i\f arinho de Azevedo o o • o o o o o o o
Clinica oto-rhino-Iaryngolo~nca
Luiz Pedro Barbosa o o o o o o o •• o o o o ••
Clinica pediatrica medica e hygi~Dt
infantil
Antonio Benevides Barbosa Vianna o o
Clinica Pcdiatrica cirurglca e ottho-
pedica
Edtlard0 Rabello .. o o ••• o o •••••••••••••
Clinica dertnathologica e syphi:igra-
phica
A ntonio A IIst regcsil0 Rodrig-nes Lima Clinica l1eurologica
BenrirJl1C de Brito Bclfnrt Roxo o o o • o •
C'linica p~ychiatrica
Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas '. Mcoicina trovical
PROFESSORES SUBSTITUTOS
DRS,

7", .. - Mauricio Campos de Medeiros


S" . ". - José de Moura Muniz
9". - Renato Guimarães de Souza Lopes
14" . '1
José Thomaz N abuco de Gouvêa
17" . " - Octavio do Rego Lopes
18" . " - Francisco Eiras
19" . " - Faustino Espose!

PROFESSORES CATHEDRATICOS EM DISPONIBILIDADE


DRS .

.".ntoruo Augusto de Azevedo Sodré


Fernando Terra
Antonio Sattamini
Francisco Simões Corrêa
Luiz Antonio da Silva Santos
Tiburcio Valeriano Pecegueiro do Amaral
PROFESSORES CATHEDRA TICOS JUBILADOS

DRS.
Benjamin f"ranklin Ramiz Gal\'ão .... . PatItologia e Zoologia medicas
Marcos Bezerra Cavalcante ........... . Clinica cirurgica (2" cadeira)
Benjamin Antonio da Rocha Faria ... . Hygiene
A1Jgusto ~rant Paes Leme .......... . Clinica cirurgica (3" cadeira)
Antonio Maria Teixci ra ............. . Pharmacologia e arte de formular

--- - "...
O' '. - - -
J

I. .

QUERIDOS PAES,
Em 10 annos de lucta sem treguas, lucta exhaustiva, pen-
sando no vosso sacrificio e no meu f u~ uro, jamais faltei ao
cumprimento do dever.

A vós toda minha gloria na vida.

----------o~--------

Aos meus irmãos

o meu reconhecimento.

----------01----------

A' Conceição e Bea.t-ri::

um abraço.

----------01----------

A os me IAS pare 11 f es e

a 11Iinha amizade.
Aos Drs.

Benicio R. Chaves
Salathiel de Alrneiqa
e Prof. Francisco M oum Brasil

a minha gratidão.

---------Or-------·-

Aos meaicos e collegas da lOa Enfermaria. da Santa C sa e


Misericordía do Rio de Jal/eiro

grata. hom nagem .


J: medicos c CO/ltcrrallCOS

Drs . João Lisbôa Junior


José Nicolau JvIi/co
Jorge Bacha

uma lembrança.

---------. O~--------

Aos bondosos professores


Um abraço de gratidão.

---------0 .
Aos c01npanheiros de Universidade

José A. Pil1to
Oswaldo C. Lisbôa
Thicrs LC1110s FlcJIlillg
Etc/villo !1uCIIO de Oli7xira
M ozart Flfrtado NUllcs

U111 abraço d' Ie.'! di \l.


E- is a rcalisação de 1m1 ideal: findou-se a nossa
·z·ida academ/ca tão cheia de esjJc'rall(as e alegrias, 1nas
j

'(-,as/a de respollsabt7idades taes C01120 esta que assloni-


mos go ra o exercicio da Medicina.
r"'ence111Os esta lucta de tantos anllos pela f Oiça, de
,'ontade e esforços propr·zos) C01n o auxilio inestif'lavel
de b011 s 1nestres que tndo fi.,::era111 para nosso maior ca-
bedal scientifico. _
Essa victoria era o 1l0SS0 ideal e sua reali.\'(l('ão ti-
o

llhamos rogando fervorosamente a Deus .


GEN ERALI DADES

,.:'b(~lll diversa a siIU:I(,:;lo dus 1l1,·dic(Js dos gran-


de.; Cl'l1tws ou das ciclacks adc:Lntaclas, d'uquella dos
u11lr lS que exercem a ll1edicina /las peljuenas ciJ,!de.,
uH !->i1l1ples ptn'oaçücs.
1 :w têm estes nltinlOs, para confirmar ou C()!1lpl"-

t(l.r (> seu diagl1ostico, a ajuda elus b()ns lalJoraturiot'. a


pn.w a \'aliosissima, quasi infallivcl, elus Haios X; 1u-
rIam com as p1aiores di [[iculclacIes, fazendo e r'(Irç()~
sobrehumanos, "para concluirem pela propria iníciati-
\"a" aquillo que o clinico dos grandes centrns crmclue
dispendendo (do bolso do cliente) algumas dezênas ue
mil reis, ou, talvez, sem gasto algum.
Entretanto chegam estes desprotegidos hypc,cra-
tes a conclusões, sinão de certeza pelo menos de .:1ire-
ctriz a seguir, beneficiando na maioria das \'eze~ (t., d()-
ente e jamais prejudicando-o na minima causa.
De que valem essas sentinellas avançadas, :=;inã'J
dos elementos auxiliares que vão buscar no proprio do-
ente, na sua historia, no seu corpo?
D'ahi a importancia de todos os signaes mín1mo:
que sejam e despreziveis que pareçam, de cuia reunião
faz o medico uma prova, quasi sempre tão ~()n\'inccn­
te quanto uma reacção de \Vassennann, quanto a r:1.-
dioscopia ou apropria radiographia, etc.
Com que dif[iculclaclc chegam a tanto?! ...
. O diagnostico, tirado elo cnnjnncto ele syll1pt()1l1:l~
c S1 gl:acs que se ohservam em um elcterm i l1adn c: t:tll)
l11orblr!n, syl11ptC'l11aS c :,i~n(l('c; f[l1: 11:\0 c. 'i:k111 Cl'1 ('11-
-8-

tros estados tambun morbidos ou no estado hygido,


normal; havendo neste ultimo caso a ruptura 00 equi-
librio entre o er e o meio, equilibrio que caracteriza o
estado são,
O diagnostico, arma commum ao medico e ao do-
ente na lucta que ~e travou entre o organismo deste e
o agente infecciosu, ou qualquer outro factor morbl-
do, é tambem para o clinico o alar'me, o aviso de proba-
bilidade)) de \'ictoria ou de derrota do organismo en-
fermado,-
Da perfeição d'essa arma depende a sua efficacia,
E' no diagnostico que buscamos a indicação thera-
peutica, a mais adequada ao caso; e pelos nossos co-
nhecimentos actuaes concluimos logo, qual seja o prog-
nostico, .
,

Nem sempre, porém, o diagnostico é feifo, porque


grande numero de estados morbidos escapa á intelli-
gencia e sagacidade do medico, dada a semelhança de
symptomas em âiversas moles Li as, dada ainda a cons-
tante concomitancia de éstados morbidos differente:-. .
Toda vez que um organismo apresentar uma 1
são, grande ou pequena, antiga ou recente, 50 (ire elle
consequencias funestas q.n 5CU todo. Donde poder-se
observar repercussão prejudicial do melo [ul1cciona-
men do orgão ou parte, sohre a cconomia, vindo d'ahi
symptomas ú distancia c sympto1l1as g 'racs.
Quer estejam [>1' '~cntcs, S<'JIl1CtltC us '. Il1pt\lma:
gera s, quer unicamente os !ocacs, quer as duas l'Spl'
cies de symptol11as ali 1l1CS11I() kmj1(', () 1l1edi u que P!-i
(bs rvou vae intcrpn·tal I)S, c()onkn;l1 ()S, p :ll' :\ de ar
cordo com a physiolog-ia, dl't('rmil1:11' a ~(~ d(' t' ;t (,~pl'ri\'
da le ao, quando fil!' lmiea, fll1 (I:! kr.;;\11 111:1; . illll'pr1an -
te quando houv'r div'rsas.
- y" ,

t'lll !it'1l1pre asrOllsc<jul'llcias pathu)ogkas S?bre


:I totalidade dl) ()rgalli~1l1() fazl'1ll luz sC)J,~'<': () c;!lI1l11ho
q ut' D lllcdicu, rac1l)ci na mIo, jJr()C~l ra s~'gllJ r, "
CO!1l0 agir IH:ste casu? - ['.xal1111lar () duente _ e
capitr aeI cale -m", porquc de 11l11él ligei~'a perturbaçao
da sensi hi Iidade, ele U111 peq ttcnu gangllO doloroso ou
palpa\'el. ele uma cicatriz antiga, de uma asymetri~. de
uma postura especial, de uma desigllaldade plIp,r1!ar)
etc" tiramos 1)1'0\<1 bastante, ás vezes, para habIlitar
o medico ú sua responsabilidade s~mprc tremenda:
aquella de acertar o diagnostico, para seu bom conceito
profissional e, sobretudo, para nlaior pro\'cito do do-
ente.
Por este motivo um pequeno signaI a A l1isoco-
ria - vae constituir o assumpto deste trabalho:

((,o Valor Se111iotico da AlIisocoria".

Este trabalho não é original, mas significa o re-


sultados de observações feitas, quiçá por quem não sabe
ainda observar .
Não se cançam os bons mestres de chamar a atten-
ção dos seus alumnos para o valor enorme de uma ins-
pecção demorada e de um anamnése bem feita. Segui-
mos esse conselhos e lucrámos muito.
No Asylo e Hospital S. V. Paulo de Ag-uas \Tir_
tuosas (Minas) e111 período de feria e colares. ti,'e-
mos opportunidade de obsen'ar anisocoria em 2 doen-
tes: um d'elles tinha o figado ba tallk rOmprC\f11cttidn
e todos os seus sof[rimcnto. se relaciona\'am com dis-
turbios {ut1cciollacs cresse orgão: o outI'tl com pertur-
haçõcs da ev?cllaçf~o g-a:t rica, lesão c1uockno-pylorica e,
al1~hos. s~ff )')a111 dores 111\1.. nSélS no rJélt'lC\) (' hYPocol1-
dl'lo dJreltos, alem de outros s)'mptn1l1<ts, quc de bahi!\l,


-10-

se "'llúHltram Ilesse...; l'~lad(ls 1l1orbidus. i\dt'anle llrJS rc-


• •
ll'l·trt't1l\).'
, (31\ parte)
.
a estes 2 cas')~; cum mais millu-
elas.
:\prescnta\'J.m, dissemos, a clesigualdade pUl:jJ}ar:
pu pillo direita em mydriase; p1l pilla esq1lerda, 110t'mal;
estando a nwc1ria

e elo lado lesado .
Outras obs 'r\'ações pudemos fazer, ainda CJue Je
r:l~:J.gel11, até que Ul11J. autopse, ieita em aula Je .\1 e-
dicin:l Legal pelu Prof. H. Tanner, veio enriquecer,
1 •
<..te mw to, o nosso pequeno numero de GlSOS obstrva-
d()~ . .
1 ~o
cadaver autopsiado /w'uia 1nydr;n,~(' á dii'cita,
do iadü da lesão, pelo menos daquelle d8. lesão maxima
que o cadaver apresentava: ple1fri::: pllrillt-ll{() direito
c 111 serio compromettimento do pulmão di i'cito que se
:tl.,lla\'a recalcado pelo derrame .
Teste ultimo caso tivemos a mais imnort3nt e
.lo

úhsen"ação, pois que acompanhámos toda a autopse.


Cresceu C111 nós o interesse por essa seric :.·Ie obscr-
\ aç.ôes, algumas era~m ele casos lueticos, e procnr;'llnU3
(k~unH'l1tal-asJ <1ugmentanclo-as em numero e estuelan-
dl)-as com carinho.
Tivemos a satis[açào de encontrar, C0111 rebti\'J.
frequencia, em nosso 111eio hospitalar casos semelhan-
tes que vinham firmar e111 nosso cspirito o Cl11lceÍlo que
fizeramos, dc antc-J1l:'LO d'O I 'alo)" ,,,'c111iotico da ....f /li,I'()
coria, quc mais se patcnteava 110 correr das tl(lSS,\S
-
ohscrvaçl )cs .
J'All Sl1lllllJa: prd( ri 1110 . por issll o \ :11111' St'11lit)t i·
'o da ani oe'" ia para () a "111Jlpl() d' 111l~:"(l ,lrahalht) in·

vaço(' j:'t ilada,.


11

1', i l:t ~ 11 LI \' a 1I1l! 11 te :


l )/ls, n" I • A ('O/'fllSII/(( do [i!lado (fígado a~g-
111 'lltado, du]u}'()sU ;\ palpaç{w, Jlwr!1H.:nic no bordo tn-
l 'riur, onde havia Ilotaveis irregularidades em toda .a
', ' tensão palpavel, e11 iraquccil1lcnto rapido, etc.) (VI-
de 3 Parte. )
1l

Ha\'ia anisocuria:
Pllpilia direita em 11lydriase,
P/lpil/a esquerda) 110rmal,
-* '
Obs, n° 2 , Ulce1'a duodeno pylorica - (Vide 31&
Parte, )
Havia anisocoria:
Pupilla direita em myd1'iase.

FUfi/la esquerda, normal.
-* '
Obs. n° 3 Pleuriz pur1llento direito (com le-
sões do pu~mão correspondente). Presenciámo a au-
a
topse, (Vide 3 Parte.)

Havia anisocoria:
T'llpil/a di1'eita em 111'vdriasc,
-
Pllj>1'l!a esquerda) 1/ormal.
-* ...
Devemos salientar a concordancia de lado: onde
havia lesão, havia myclriasc correspondente.
No decorrer deste trahalho \"eremn~ ca~n~ onde
. se ()hscrva anis()c(lria nas SHas cliH'rsas vari;1l1tes (111yo-
-12-

se ou mydriase unilateral; myose de um lado e mydria-


se do outro, etc., etc.) em numero de 9.
Para maior exposição do assumpto, dividimos o
nos o trabalho em 3 partes:

1~ Parte: Definição da anisocoria, sua historia


na emiologia, seu mecanisp10.
R
2 Parte: a) Molestias onde a anisocoria é mais
commumente observada; b) anisocoria determinando
o lado da lesão, pelo menos ela lesão maxima; c) anis 0-
coria indicando tratar-se ele molestias mais ou menos
graves.
3" Parte 21 observações pessoaes que confirma-
rão o que foi dito nas partes anteriores.

---o '
1" PAR'II~

DEFI T( · O DA ANISOCORJA E SUA HISTO-


RI E 1 SEMIOLOGIA; SEU MECANISMO

Dend.mina-se anisocoria ou desigualdade pu-


pillar toda variação de forma e de dimensão de uma
pupilla isoladamente ou de ambas as pupillas asymetri-
camente.
Geralmente as pupillas têm dimensões e aspecto ou
fo rma normaes e identicas em ambos os olhos.
Cd,m dimensões e formas identicas porém augmen-
tadas mydriase, ou diminuidas myose, deixam a,
pupillas de ser normaes. mas não ha nestas condições a
desigualdade pupillar ha isocoria. Entretanto si as
dimensões e formas deixam de ser identicas na 2 pu-
pillas temos então a anisocoria que póde ser ob eryada
em uma das 9 variantes ou modalidades eguinte :

Pupilla direita normal Pupilla esquerda diminuida


Pupilla direita normal Pupila esqu~rda augmentada
Pupilla direita augmelltada Pup. esq. tambem augmentada
Pupilla direita augmentada Pupil\a normal
Pupilla direita augmcntada Pupilla esquerda diminuida
Pupilla direita diminuida Pup. esq. tambem diminuida
Pupilla direita diminuída Pup. esq. tambem diminuida
Pupilla direita diminuida Pupilla esquerda normal
Pupilla direita diminuida PupilJa ~squerda au m~ntada
_',o 14 _"

., C ()nsi~eranws C01ll0 media, normal, toda pupilla


de forma circular, regular, cuju <liametro seja de 4111111S .
. \ anisocoria desde longa data tem sido illtcn're"
!a la Cdnw signal de syphilis e jú foi hal>ito o pcnsa'r-se
lmmediatamcnte n'cssa 1110lcstia quando e111 presença
ele uma desig'ualdaclc pupi1lar,
1Ioje, entretanto, si é commUl11 a anisocoria nas

in fecç0es syphiliticas, é tambem verificada em outras


ai fecçõcs clinicas e até cirurgicas.
Emile Sergent tem estudado e salienta o valor da
anisncoria na tuberculose e neste anno publicou em 2S
de .\bril um trabalho original sobre uma syndrumc
"Phrenico"Pupillar" em companhia de Paul George,
• -:- os casos lueticos vê-se não somente anisocoria e

casos de aortite (ectasia); temos algumas observações


intercssantes onde a mydriase ou a myose estão do lado
da lcsão, i~to é do lado em que o augmento do vaso póde
e. "erccr compressão sobre os orgãos visinhos.
a
Veremos na 3 parte observações que confirmam
° que acabamos de dizer, isto é: a anisocoria não é pe-
culiar á Syphilís; existe C111 todos os processos morbi-
dos capazes ele promover desordens irido-motoras pelo
mc(.:anisrno que passamos a estudar.
Cada pnpilla nada mais é do (lue uma abertura de
forma circular ele um diaphragma a íris.
Portanto as suas variações de forma l' tamanho
dependem da~ alteraçõcs da iris.
As altcraçi)cs da iris correm por conta (róra <1a~;
lesões occularcs propriamcntc) ele pcrt nrhaçúcs nc1'\ o
as quer do ITr par, quer do 'ystd1lla SYIll!);lthiro,.
ma excitação unilat{ ral do S ,.lI11p;llhlcn rl'1"\1 "ti
" T
.
detcrmina uma anisocoria, como Sl' v' tllwtas n ZêS nos
pneumoni os (Gribl'r ). !1OS t llhl'1' :1l!(lS(lS (p()(.I tll'S,
S rg nt, Souqu s). (1'. HI ~ I algll'J Lavastlll' .
~ J.í
,

I LI !;lllllll'1l1 Ul1la alli (J( C/ria physiolog'ica quanoo


. (llha nhliqu:lIllc Ille ('] oUl"Jlay) . . .
Ca he na Illél i ori:l da~ vezes ao syl1l pat luco cervIcal
a anisncnri:\ nh..,erva(la.
T\.'tllos 2 sVl1droJl]('s principacs desse segmento
sy111p~thicn: a de C1al1dl' fkrnarc1-1 {ort1<'r e a syndro-
llll' de Poudour d Pctit.
primeira r U111a paralysia do ~ympathico cervi-
cal. havendo do lado (1:1 lesão. ptose palpchral, enoph-
talmia. retrac\ão ela renda palpehral, mynse sem altc-
r~çã() dos reflexos, hypo(onia do g-loh(J occllJar, pertur-
hações vaso-motoras, algumas vezes sudoraes e trophi-
cas da face (Laig-nel-Lavastine, Pag. 820).
<.

Muitas elas anisocorias observadas por nós devem


ser consideradas como essa syndrome incompleta.
A segunda synelrome (Pourfour de Petit) consis-
te em phenomenos inversos e é devida não a uma para-
Iysia sympathica e sim a uma excitação. Temos a ani-
socoria devida a mydriase do lado da excitação.
Temos tambem as syndromes splanchnica . cepha-
licas, cervicaes e thoracicas nas quaes tomam part(~
alem do sytmpathico cervical, o cephalico. o nen"o ver-
tebral, nervos cardiacos e pulmonares. Entre as per-
turbações occulares temos tambem a ani~ocoria mY(J-
se ou mydriase. -
As syndromes generalisadas do sympathico ou
sympathoses apresentam tamhem perturbações occulo-
pupillares.
Toda excitação do sympathico e toda paraIy ia ~ão
capazes de trazer perturbações pupillares.
Entretanto o sympathico pó de llão estar Ic, ~du c
a desigualdade pupiJlar existir.
Neste caso ha cOl11promettimento da innenaçã~)
feita pelo motor occular COl11t11Ul11 em conscqucncia de
· 16 -"

uma e cltaç~o havendo myose; ou uma paralysia __
hav nd~ entao mydriase. isto é, quer n'tim ou n'utltru
c~ deIxou ~e existir o equilibrio existente entre a ac-
çao 'ympathlca i rido dilatadora e a do motor uc"
cular commum iric1o-constrictora .
.\ pathologia elo s)~l11palhico está actualmentc cm
~ma pha 'e de deselwolvimenol e o seu estudo é ele uma
lmportancia consideravcl.
:i\ ani ~coria existe em consequencia da lesão sym-
pathlca ou sImples excitação, ou em consequencia de le-
ão ou excitação do motor occular commum.
Recordemos ligeiramente a anatomia elesse 11T11-
,'os nervo os:
Resumo da anatomia elo sympathico: 2 longos
cordões nervosos que se estendem ao long-o da colum-
na verteoral desde a In vertebra cervical á 1R vertebra
sacra. com os ganglios que têm de espaço a espaço e os
ra,mos nervosos que ahi vêm ter ou d'ahi partem cons-
tituem o systema grande sympathico.
"E' esse systema que preside silenciosamente e de
maneira continua á viela ele todos os orgãos e de todos
tecidos" .
De accordo com o segmento correspondente da cu-
lumna vertebral di vide-se o sympathico em 4 porções:
cervical, thoracico, lombar e sacro.
O .ystema sympathico ~em conne~ão intima. com o
systema nervoso central e ~ao os r a 111 I ~OI11I11U\l1Cantcs
que a fazem. Do syl1lpathlcO partem [detes nervos9 s
que vão ás visceras. \·a505,. gl,andulas e a sua cxten!";w
e importancia equivalem_hoJc a do S)'stl'llla nervoso cen-
trai ou ela vida de rc1açan. ~.
Sympathico ccrvical: E~ta pnrçao slft}ada 1\0 p.t's·

vaiCulo nervoso ah, ex! tente (c.u 01 ,d.l, )ug'ulal IIltct-


" 17-

1\:\ ( pm'tll11oga friclI) ( adl':tnte c!;t apIJnevro pr r


ll'h 1':t1 .
1~1ll lugar dt' :lprl'Sl'l1tar tantos gang-lios quanto
:1 , \ l'l'tebras C(IITC'SP()l1d('llies (l S) mpathico c rvical
:\prcscnta só111enÍt' 3, .
O 1 Iyang-tin· () cervical superiur. ,( ,I UI 11 oso SI-
ú
b ~ • 3-
tllado de cada lac111 <lo phar)' Ilg'e. na altura da 2 e
\ eriebras cer\'ica s.
!<.:;k ~'(lnFli() recebe rami cOnlllltll1icante d s 4
t... \. ,

primeiros pares cervicaes. Delle emergem: ramos .w-


periores ou craneanos ('111 numcro de 2 1 po teril r ('
outrn anteri or. O postcrior ou anas!tll1la1Ícn Cl 11 (l
lle r\'( )S pncun1ogaslrico, glosso-pharyngeo c 11y])' ,g-J' 11,
O anteri or scgue a caro tida interna formando o: ple-
xos caroticliano e ca ,'ernoso. Do plc. 'o carntidié.lll': 'ae
o nervo ele Jacobson e 1 filete que "ae ao ganglio phe-
no-pala tino.
D o plexo ca\'ernoso partem filetes que "ão aI) cor-
po pi tuitari o, ás meninges aos seios e'phenoidaes. ar,
ramos da caroticla interna e filetes anastomotico ~ para
os nen-os da orbi ta, ganglio de Gasser e arai::: sym!'(l-
tlúw do gallglio ofJhta171lico.
Ramos posteriores: para os l1lUsculos preverte-
nraes c vertebras cervicaes.
Ralll os ant eriores: formam no allo'u!o de Li furca-
ção da carotida primit i \Ta o plexo intercarotidialw.
Des te plexo ahem ramos que formam O~ pIe.·o
qu e seguem os ramos da carotiela externa.
Ramos i1UerJ/os Para as \ i 'ceras pro.·ima -.
Constituem alguns filetes o l1CrY() cardiac\) superi01-.
O 2" Ganglio - o cervical l11edi~\ :-;i1uadn 1M alt~l­
ra ela 6 vertebra cervical. Seus ra111i C~\l11mtmicante.
R

vêm dos 5°, 6° e 7° pares ccrvicaes.


_. 18- ,

Delle emer~~m: ramo thyroideano, ramos cardia-


(neryo carchaco mediu) e ramos anastomoticos com
o recurrente. '
, O 3° Gang'liu o cervical inferior situado no an-
gulO, formado pda aponevrose sub-clavea e aponevrose
cerVIcal .
.Seus rami c01l111lunicantes vem dos 2 ultimos pares
cerVIcaes.
Nestes rami-communicantes estão as fibras oc-
cuIa pupillares,
Os ramos eHerentes do ganglio cervical inferior
-
sao:
Ramos externos vão constituir os nervos vaso-
matare' do membro superior,
Ramos ascendentes vão constituir o nervo ver-
tebral.
Ramos inter/los anostomose com o recurrente,
Alguns constituem o nervo cardiaco inferior,
Os tres nervos cardiacos se reunem a tres yindo
do pneumogastrico formando o plexo cardíaco na base
do coração,
O tronco do grande sympathico se continua para
a parte inferior denominando-se, como vimos. de ac-
cordo com a região, Tem ainda caela porção os seus
• •
ganglios, os seus raml-Colllllltll1ICantes. os seus ~'al110s
efferentes que por sua \'l'Z formam plexos, depoIs ple-
xos menores até a i1Jtimidade dos orgãos c dos tecidos,
(Estas notas foram tiradas de L, Testnt Anatomic
Descriptivc) .
fntercs"a-ll f 15 1llais () syl11pathico cen'ieal porque
a fihras occll1o-pllpillarl's ahi estão incluídas,

constituem os lH.:rVtl' trldo-dtl,lt,H!OI CS.


-19-

"Estt nen'os têm ('U entro na medulla d sde a


V Li r l'\·i aI a III dorsal; estão superposto ao centro
ranho accelcraclar. Tem u nome de centro cílio espi-
nhal de udj. . .
. s fibras preganglionarcs V~11l ao gangho cerv~­
cal inferior, Passam pelo ramo anterior da alça de V,l-
eu ' sen c se dirigclll ao ganglio cervical superior. Da-
se ahi a synapse. Dahi os filetes pupíllo-dilatadores se-
guem o plexo carotidiano e cavernuso e dahi por anas-
tomose ao trigemeo e do nasal ao gangliu ciliar que
atra\'essam e, com o nome de nen'os ciliares longos.
vão innervar o dilatador da pupilla.
Vulpian diz tambem de fibras irido-dilatadura
vindas do bulbo e no ganglio de Gasser se reunem ás
medullares acima referidas. (P. Gilis).
Vimos o trajecto das fibras irido-ditatadoras. fal-
ta-nos estudar aquellas de acção opposta a irido-
constrictoras,
"Sob o nome de parasympathico approximaram-~e
do sympathico propriamente dito, fibras nervo~a cen-
trifugas cuja physiologia estabeleceu acção na \'ida or-
gano-vegetativa, Estas fibras têm por origem real nu-
cleos, ditos organ,icos situados no eixo encephalo-me-
dulla!", distinctos dos nucleos motores e en itivo da
vida de relação. Destes nucleos, uns estão ituado 110 •

tronco cerebral, outros formando uma columna parda


na medulla sacra.
. Os primeiros dão as fibra do parasympathico cra-
nlano; os segundos as fibras do parasvmpathico pel-
viana" (P. Gilis). •
O parasympathico craniano comprchende 5 ra-
mos.
O primeiro ramo é o que mais nos interessa - é
o ramo organico do lU par ou ra1110 pupillar.
-2C-
o ramo Pll pillar: •

.. ~() lluc1eu pupi Ila r do mesencephalo pa rlell1 cel-


lulas Ilngra<..k'rc. embryonarias que, seguindo o motor
o~~ular COll.l.1l1Um "ão formar o ganglio ophtalmico ou
~t:nt,ll1lum ramn coml1lU1l1cantc branco. As fibras que
partel1l do ganglio constituem os nervos ciliares curtos
que yão ter ao e 'phincter da iris e á porção annular do
musculo ciliar (a porção longitudinal ou musculo de
Rrücke é innen'ada pelo s)'mpathico). A porção an-
nular tem o ncmc de musculo de Rouget ou de Müller c
age sobre a accol1l0dação. A excitação do 1'a11/O pl/ pi/-
lar prO\'oca myose. (P. Gilis) .
"O III par que o ra1ll0 /Jllpillar segue tem seu 11U-
cle0 de origem proximo ao do pathetico e que está si -
tuado C/)1110 este ultimo para fóra e para baixo do aque-
ducto de Sy!yius, immediatamente acima da fita longi-
tudinal superior. Forma esse nucleo uma columna de
cerca de 1 cm. ele comprimento indo até o bordo poste-
rior do ventriculo medio. Representa a base do corno
anterior ela meelulla.
As fibras vi nelas cl'esse nucleo se dirigem para bai-
xo e para fóra descrevenelo lima c~lrva de c011c~vidadc
interna. Elias atravessam succeSSlvamente a fita lon-
gitudinal posterior, () nu.cleo vermelho,.o 10cus niger e
sahem cIo neuraxc ao 111 Vl'1 elu hordo I11terl1O elo pc-
duncu)o.
O Iluclco do I I I" par p{lcle ser dividido em peque-
nos nuclcos ent re os ljl1;[(': (J rell t]"o phnt n -,~l H>tnr p<1 ra a
iri~ c (I centro de aCCf1TlOda Çi"í().
O 11llc lco tom connexf!o cnlll IJ feixe gl'l1icul;Hl()
. I' . .
. : "()I·t'.
que u ) Iga ,t \. '-. co11l as "!aS all( Itl\' as l' ()pttr:l:-i {'
com o cerebeJJo.
-~j -

Em sua sahida dt) pt'dtll1Culfl dil igr-se para dean-


te e para f('lI'a sob a apII]>I1\','(' c1iIlIJid<.: pusteri(Jr, pe~­
lura a tlura111atcr, penetra 110 seio cavernoso, tranSl~oe
.\ fenda csphel1uic1al e cheg-a :l urlJita. ('amínha a pnn-
cipit) entre a arteria cerebral posterior e a cerebellar
superior, Occupa a pareele e,'terna elo seio cavernoso
:lcimél elo pathetico. Occupa a parte mais larg-a da f Ct1-
(1:\ csphenoielal e penetra no annel de Zinn e orbita. Re-
cebe raiz sensitiva do ophtalmico .
Di,'iele em 2 ramos principaes um superior. outro
interior. Este ultimo (b um ramo para o ganglio ()phtal-
mico que já ,'imos quando es( udamos o 1'a·1/1O p71pi/lar
do III par.
Eis ahi em breves traços a innervação da íris e
comprehendemos agora C01110 e dá a anisocoria em
qualquer das 9 variantes por lesão dos nervos irido di-
latadores ou por lesão dos nervos i rido C011 trictore..;.
Uma lesão no trajecto do sympathico pnxluzind.)
sua excitação trará mydriase; produzindo ua para!\--
sia trará myose (Syndrome de Claude Rernardc-l I~)­
mel') .
As me~mas considerações quanto ao ramo puPi/-
101' que cam1l1ha COI11 o I II par \'eremos nwo~e 110 10
caso e mydriase no 2° caso, isto é. acçc1cs oÍ)PO, ta ..
1 l\IOLESTL\S UN [) r~ A 1\1' I SOCOl{JA 1'.'
~L\ IS C0111\1 U1\l E l 'TE r·~NCO.'JT1<.AJ)A . . .
11 - ~ \ TlSOCORIA I. ' DI 'AL 'l)O THATAI{-S)'..,
DE CASO MAIS OU MENOS CHAVE.
III- .\NISOCORIA DET'EHMINA.'\J)() O LADO
D4 LESÃO, PELO MENOS DA LESÃO ~1A­
XI1IA.

Alo/estias o1lde a AlIisocoria é mais C011l11l1t11lcntc


e1lcontrada

Dominou durante muito tempo no espi ri to do~


obsen'adores a ideia de ser a Anisocoria peClt1Íar a . 'y-
philis, tal a sua frequencia nessa infecção, que é um dos
maiores flagellos da humanidade. Cabe-lhe porlant:1 o
10 logar em citação.
As psychoses tambem se acompanham fre'luente-
mente da Anisocoria. Ha 1 these em nossa Faculdade
- A Anisocoria nas Psychoses, onde o autor a e.-
tuda cuidadosamente nestes casos. (Vide 3" Parte).
A Tuberculose que entre nós ceifa milhare e mi-
lhares de vidas, se faz acompanhar frequentemente da
A ni socoria e é tão importante a pre ença deste sig:nal
nesta infecção que Sergent insiste e com razão na sua
importancia para o diagnostico des a enfermidade.
Nas molestias infeccio as, ainda no apparelho re:-
piratorio: pneumonias, pleurisias, syphilis: ou t~)'i ':1"
- esclcrose, a Ani socoria existe grande numl'ro c1 "e-
les .

-24-

Em I lUt ras I11nlest ias e clt' outros apparl'lhos quc


nflo o appar~lho rl'spiratorio encontramos nfto mui ra-
ramente a Anisncuria: infecções <-!~astro cnteric.ls, zo-
na, tunwrcs do mediastino (aneurysmas, neoplasmas.
adenite:-;, etc.) nu; tlllll(WeS abdominaes; nos tumores
do pescoço: nas f ract mas da base do craneo; nas hepa-
to ou esplenomcgalias; em traumatismos, etc.
Parecerft -e111 iml)ortancia um signal que p . ~dc DC-
ClnTer nt)S casos os mais variados quer da clinica medi-
ca quer da cirurgia; não é entretanto_
Veremos o \,("1lor semiotico da Allisocoría em tu--
dos os casos desde que a interpretemos cuidadosamentc_
E' tão importante ao diagnostico um pC(lueno sig-
na} corno a Anisocoria que Chauffard dedicou uma de
suas aulas inauguraes, inteiramente, ao estudo dos pe-

quenos slgnaes_
Sergent (' P _ George descrc"eram uma no\-a syn-
drome "Phrenico Pupil1ar" (Prcs~e Medicale de 28 de
Abril de 1928) observada nos casos de comprometti-
mento simultanen do sympathico e do phrcnico nas le-
sões tuberculosas dos apices pulmonares_
Actualmcnte a A nisocoria é encontrada e citada
em diversas affecçõcs do apparelho rcspiratorio_
Sergent examinando 64 doentes encontrou 14 com
desigualdade pupillar e to~los es?cs 14 ;ll:rcsentél\"am a{-
fecção do apparelho rcsplratnno - I1a:'la n111ros dtWll-
tes desse mcst11(J apparelh() ( 10) mas nan apresenlaY;Ull
Anisocoria.
Dos 14:
C-<.'llnfll'lIJ" ..,('111 IJrec!()1l1il1;llwia IIllil:lkr:\L
2 rmp h y" ( - _ I I)
(rt I . 1I s )S'
"/ t t1 )('lTl () I • /- ('0111 l11\'dl'1:l~l'
~
do la( I) k,:l< 11;

do Ja(1o contrariO, I \.'11111 111\'r1ria -I' \·..;q\\l;rda.
1 plcurc ia <,cca (''i( jll('1"( :1 •
" " 25 -

) I \"pltiros.
;\1I l' P1"('''('11 'a ela AnislI('oria na mo ,
a!JS(dllla :t
ll'~tias dl) :lpparl'lh() l'espil at()J"i(), ma' a porcentagem l:
h;L' tallll.' L'()I1~idl'ra\'l'I. Dos 24 casos 14 apresenta-
• ~ Ou u
\':l11l, lst(l 1.." ;:1("1 •

J)t)S typhicns I tinha Immchitc bilateral· Pup,


E maior que Pup. D; () mttrtl uma congestão da ba e
direita Pup. I'~ maior que Pup. D,
J la 1 ~ annns que Sergcllt vem observando a Ani-
sl)coria nas a i fccçôes pleuJ"o-pulmonarcs e lembra a
complexidade desse signal, até entãu considerado comI)
signal pathognomonico de Lues quando associado a(,
Argyll Robertson.
ElIe se refere a casos de mydriase de transformar
em myose homologa com o progredir da lesão e temo
. uma obsen-ação pessoal que nos convenceu de tal facto.
"Um signal por si só não teria um valor absoluto
pathognomonico; elle chama a attenção e convida a pes-
quizar outros signaes que unidos a elle, constituem uma
syndrome, cuja significação toma uma probabilidade.
depois uma quasi certeza, após eliminação da. causa:---
do erro". (E. Sergent).
No mesmo livro Novos estudo clinico e ra-
diologicos sobre a Tuberculose e as doenças do appa-
relho respiratorio 1926 Sergent se refere a ferimcn-
tos thoracicos causando Anisocoria.
Referindo-se este autor á complexidade do \"alof
semiotico da Anisocoria diz quc nem todos os anisoco-
ricos são syphiliticos e diz da sua frcquencia com () sin"
nal de J\rg-yll Roberlsol1. Diz ainda que a cnncnrda~­
('ia de
, lado COI11 a lesão, dada a origem de te phenome-
1l(), e a regra.

I'~amond 0111 uma ele sua" conferencias falandn dll


cancer dn ac~()phag(} Iemhra a pllssihilid;\<k <h' prn]la-
-26-

gaC;ão .aos orgàns visinhos, attingindo o sympathico


produz1lldo então perturbações pupillarcs por irritaçfto
ou compressão desse tronco nervoso.
Em I !3 dos casos de cancer do a~sophago M. Loe-
per encontrou desigualdade pupillar que citou entre ou-
tro e'tigmas lueticos.
Nos casos de formas dolorosas gastralg icas puras
das crises tabidas encontramos entre os poucos sig naes
a Anisocoria (Vide 3" Parte) .
Ramond fala da Anisocoria nas cri ses gastricas ta-
betiformes. Este mesmo autor em suas con fe rencias de
clínica medica sempre se referia ao aspecto das pupil -
las.
Em muitas affecções, as tuberculosas, por exem-
plo. a Anisocoria existe sem Argyll Robertson.
O Prof. Vieira Romeiro cita desordens occulo-pu-
pillares devidas á compressão d? syn:pathico. nos casos
de aneurysma da aorta. (SemlOlog1a Medica, P ag.
401). . ' , '
Nas hemorrhaglas mel1lngeas se observa , as vezes,
a Anisocoria.
Ramond se rcf ere a um epileptico que tjn~ a de~-
igualdade pupillar. Os exames provar~m a eXlstencla
de Lues. Disse tambem ser necessano pensar-se em
meningite tuberculosa quando entre outros phcnome-
nos a Anisocoria se faz presente.
O Prof. F. Esposei e.'altando o "alor (~as pe rtu~-

nha Anisocoria. .
adv('rlHlo p()r Poulcl1
. . ,. ., '
d. se (otn (lll ti
Ramon(1 (jtlC " l' ,. . .
J • t' 'o do 'sttldo do olho ( 17. qm . 11111.\ 111.\ -
. e e uma pa ( . .
olho, ool18tl tu 111 S •

l \11 dlllllll syphilitico l'údc llãu apr s ntar a Ani-
Sl) 'uria; quanc1u esta c 'iste dá-nos mais firmeza no
lia l"tluslico.
Finaltllente grande é () lltllllcro de estadus morhi-
dl)S que podem ler comsigu a desigualdade pupillar.
1>0 corpo humano é Ulll todo e o olho, o ouvido, as
"ias urinarias, as vias c1igesti vas etc, nãu têm autono-
mia diante da mole tia, suas reacç[)es morbidas não sãn
muitas "ezes sinão a expressão local de processos pa-
thologicos geraes extensos a economia inteira", (I{a-
l110nd Il-Pag" 53)
Ali isocoria indicando traI ar-se de caso mais Oli
menos grave
Vejamos em ordem o que nos diz a Anisocoria
quanto a gravidade do mal. "
N o que se refere a syphilis devemos considerar 2
factos : ou ha compromettimento do systema nervoso
central e deduzÍmos logo a maior gravidade do caso,
mormente "quod valitudinem" do doente; ou não ha
compromettimento do eixo encephalo medullar e neste
caso, sem deixar de ser grave, o prognostico é entretan-
to mais benigno. "
No 10 caso basta citarmos a Paralysia Geral e no
2 uma aortite, um aneurysma, uma radiculite, etc,) .
0

Não teremos nestes casos difficuldades em buscar


na Anisocoria valioso auxilio.
Nas Psychoses o valor diagnostico da Anisocori; ,
não carece de tantos cuidados, porquanto interes. amai.
ao especialista. Entretanto não nos esqueça,mo da Ani-
socoria quando circumstancias especiae no tran for-
marem em psychiatras.
Na Tuberculose não poc1emos c1t1\'ieb r elo \'alor se-
miot.ico da Ânisocoria; Scrgcnt já disse h:lstantc l.'ll1


-28-

di\· rsos dos sell~ (rab:dhos e a sua experiel1cia e sen-


:'atez <.ll)(.'11l11cr:tam cahalmente a lmportancia da des-
l~lalc1adt' pupll1ar e bem assim nas infecções e affcc-
çoes pleuro-pulmonares,
~abe~nos da gravidade da Tuberculose pulmonar,
do::; ,plel1flzes, das pneumonias, etc" e o auxilio diag ·
nO't:cn que nos deu a Anisocoria é inestima\'el quer ao
n~c~hct) q~lcr ao doente na certeza do diagnostico e prc-
YlSéltl maIS certa do que ha ele acontecer,
Em umma: não carece de mais exaltação o valor
da Anisocoria; traduz quase sempre a mais seria e mais
C':-palhada infecção do apparelho respiratori o a Tn-
berculose pulmonar,
Xas fracturas de cranio, nos tumores íntracrania-
n05. em neurites (não as do III par incluídas nos ca-
sos lueticos) nos tumores intrathoracicos, intraabdo-
mi l1a(;::, , do pescoço, juxta-vertebraes, etc" \'em a Ani-
SClcoria trazer-nos. noção mais cqmpleta da
_ . . ..- intensidade
quer elo traumatIsmo, compressoes, lrntaçoes, etc"
quer do compromettimcnto maior deste ou daquellc
tronco nervoso, isto é. dos irido-dilatadores ou dos iri -
d('-Col1strÍctores,
Em ohservações, na nossa J' Parte, veremos con-
firmações quer radiologicas quer ~le au~opse ,do que t i-
nhamos prc\'is(n baseados na l\111socona eXIstente em
cada caso. , '
Nestes 11Iti.~n()s casos a Alllsocona cOlllplct.:tllCh) a
lra
. ·t .... ncl'l ch C'lllsa pt o\'(lcad·"\l a IJm t I ,U ,l-
cuz
1 a 1fl1!)lJI" , ' ( ( " ... ' , "1
'I "Z'I !1(111CCl lesIva ao olg.111ISI1l11 (m,l!(l .
mcnt(' (l' 1 ll" 111 C -' . .
é'' (I('("'l sitlt's dcvel110s ohscl'\'ar a . \ 11l"()~
J',Jl1 t ()( 1a., ,I-, .' , ' -
, .. I cui(hd()s:U1H'11I' as sitas rd:lçm'" rI 1111
('ona proC'llI ,lIH II . ' ,
. I' I,' J'(,t:;I'Ilt:lrla I)('I() paCll'llte porque, (' ' \'t'
'l en f crtlll( ,I( ( .1 P " " I
( I" I'Ll' t:lJa qt1a SI SI'II1Pl'l' I' (lI !g"IIl:\\ : \
ptuada a l' ell) (·t \I. ,
,_2927'

tlt'S":1 111 SI11:J . 1 1t' . Pen. aI'em( )~


cn f CI'Il11f:te tI;] (IJindden-
cid 'm ultimo 1ng;11'.
Si a nah'sa rmos Illai s rdlret idalllen t e C) CíI soS ql!e
;;\ '~:jlalll()S, ','crctlIus a gravidade l1Iais ()u menos sena
e a in~í.!rabjlid~.clc q!lasi inl'::.!T'll .1e cada 11111 d(;s ca '.JS .
.\ Syphi1is nCI"\'osa não se cura; attenú<~-s('. re-
i;ll'Ja-~" a ~l1a marcha, c, {lS "cz~s CIJlltCl1IplJrtZé1· se ()
lll;d iú (·'(i~t(·nte (' nada mais.
·Uma psychosc faz -nos pell :.;ar do m~sl.l](J. modo.
,\ Tuberculose nào esconde a-,tlél nJal!gmd~!de c
ctU'1l1r!n II .'\.ni soco ria a acompanha resta au medico e
• • •
~lI) docntf.' a triste confirmação uma carrclr:.t maIs
( " L~ menos verti~'ir,r)~'a do processo 11If)rbido at.f c des-
enlace fatal.
1\OS pleurizes a Anisoeoria coni irn1a os nossus
dados clinicos habituaes e todas as observaçi)es que te-
mos de casos assim, são pleurizes tuberculoso .
O prognostico é ainda dos mais, ombrios quanto
;l "ida, ,'alidez e cura do paciente.

Nos aneurysmas que, sabemos, jamais re~Tid1.1n a


ponto do vaso tornar-se o que era Jlltej-;orm.eme fica a
Anisocoria como indicio da irritação 'mais r;u meno
constante ou da destruição de fibras irido-motoras, Sa-
bemos o prognostico dos aneurysma (. empre da aor-
ta ou vasos mais importantes que d'ella emergem).
Os tumores intrathoracico ou intrabdominae'
(ll1e ás "ezes produzem Anisocoria. excluido o aneu-
rysmas, a gr~vidadc é ainda grande porquanto. apezar
elos progressos ela cirurgia, uma laparatomia é intel--
"cnção scria, uma thoracothomia seri sima e quando
se trata ele J?eopl~tsl11as estas inteJ"\'ellç0cs são perigo-
, sas alem de InutcIS. Talvez mclhore um pouco nos ca-
sos de tumores elo pescoço onde é mai s acccssi yel ú in-
tervenção' quando indicada.
- 30-.

~m ttma ohsen'ação de pneumonia notá mos a Ani-


ocona de ~e ,o começo da i n f ecção até a convalescen-
ça. Com a 111iecção se foi a \nisocoria.
Allisocoria determinando o lado da lesão pelo 1/lCIlOS da
lesão lIlaxill/a
Temos na 3" Parte deste trabalho a prova da 110S-
~ a 'erção que a palavra alltorizada de Scrgent já con-
flmlOu: ha concordancia de lado é a regra".
Toda as nossas observações de casos de aneurys-
mas proyadamente á esquerda dão-nos a Anisocoria
com perturbação da pupilla do lado correspondente á
lesão. isto é: mydriase ou myose esquerda, conservan-
do a outra pupilla suas dimensões normaes.
Aquellas dos tumores hepaticos tem a perturbação
da pupilla direita; o mes'mo facto se dando quer nos ca-
sos de pneumonias. pleurizes, etc., do lado direi to. As
perturbações da pupilla esquerda em aHecções identi-
cas do lado esquerdo substituido o figado pelo baço são
concordantes tambem.
Nos bocios, nas fracturas do cranco, 110S trauma-
tismos em geral, a Anisocoria bem interpretada, está de
accordo a pupilla mais lesada com o lado da lesão ma-
..
xuna. a
Temos uma observação interessante na 3 Parte
que nos fez guardar a COl1cordancia da myose ou 111y-
driase mais pronunciada num ou outro olho com o lado
mais lesado.
E' o caso de um doente CPIl1 esclcrosc pulmonar a
principio no pulmão esquerdo (t1lydrjas~ esquerda belll
pronunciada) c que aos pOtlCf2S se ll1a.\llfesl~)tl.l1n pul-
mão direito (apparccenc!o cnlao mydl'lase dIreIta tam-
bem, embora menos pr()t1l1l1ciad;~ que a e~qlll'nla) .
Todas as nossa nhservaçocs C~H1 fIrmam cahal-
mente essa concordancia de ladll (Im I1l)'1ll' vcremos.
3: PARTE

INTRODUCCÃO

Do que di sem s acima nas partes anteriores resta


aprc entar a confirmação.
. ~ão é grande o numero de observações; le.mbra~os
entretanto que foram colhidas sómente em enfermanas
de Clinica Medica e que foram interpretadas a propor-
ção que appareciam. Em todos os casos observados ti-
vemos sempre motivo para chegar ás nossas conclusões
quanto ao valor semiotico da desigualdade pupillar.
Lembramos tambe'il11 que não procurámos revelar
por meio de agentes medicamentosos uma anisocoria la-
tente; seria adeantarmo-nos por um terreno mui delica-
do. Todas as observações eram de anisocoria bem per-


ceptivel a qualquer observador .
Encontrámos em individuos não hospitalisados ca-
sos de an1socoria, dos quaes não nos foi po sivel encon-
trar a causa. Lapersonne e Cantonnet e referem ás
anísocorias congenitas que elles attribuem a perturba-
ções durante a vida intra-uterina.
Não ha novidades, dissemos no inicio, na no a
asserções, mas julgamos uteis as nossas conclusões que
adeante exporemos.
Sempre lembrada pelos profe sore é a ani ocoria
ora citada, ele passagem, na anamnése, de permeio a ou-
tros signaes. ou c~aclos clil1i~os; ora 00 cn'ada como ~ ig-
nal de maxuna lmportancla em determinados e tados
-" 32"-

morbidos. principalmcnte nas ctCfecções do systema ner-


vo o.
Exemplifiqucmos ligeiramente: O Prof. O. Clark

em u~la ele suas aulas na Policlínica elo Rio de Janeiro
:xaIll1l1~lt?elo um doente lembrou-nos a possibilidade de
lazer o dlagnustico em poucos momentos: () doente apre-
s~nta\'a ani~()coria mais dysarthria era um paraly-
ttco geral.
Cada obsen'ação será valiosa documentação da
importancia diagnostica de lima desigualdade pupillar
quanto ao factor etioJogico, algumas \'ezes; quanto ao
org~lO lesado: quanto a localisação da lesão.
Facil de ser pesCJuisada e (lUando patente telll um
valor extraordinario, foi sem grande difficuldade que
interpretámos todas que vimos.
Quando houver necessidade de ser pro\'ocada para
.c manifestar. o seu \'alor é muito menor para o clinico.
porque nessas condiçnes a anisocoria não se expôz illtt-
. ' . , ..
minando o dIagnostico e a sua pesqUlza esta sUjeIta a
causas ele erro que sé) () especialista pódc afastar.
1 -as en f ermarias de cl i 1lica geral vimos ns nossos

casos c, dentro ela clillica l11C'dica. os estudamos C0111


pro\"( illJ para li cliagnostic 1) que ao clinico geral é pcr-
llli tt id,) f <Lzer .

___ o { ) _ __

o bse rvações


(>lISEPV ACOl',S:

p - Tabcs (crises g-ast ricas) 111,\,driasc di-




-
reita.
2" - ll<:l1ry~l11as da aorta thuracica - 111)'dria-
se esquerda.
3 it
AncurysJ11as aorticos (cfussa c a. ahdumi-
nal) c ela caroticla primitiva esquerda. 11lJ'ose es-
querda.
-tu Myelite transversa 1/l)'dl'iase direita,
sa Insufficiencia aortica e aortite 111 "driase
-
esquerda.
a
6 Aneurysma aortico (crossa da aort;t) pro-
nt111ciando-se para a direita 11l)'driase direita.
a
7 Aneurysma aortico (porção trans\'er a)
llL'\'driase
- esque1'da.
ga _ Aneurysma aortico (aorta thoracica descen-
dente) driase esquerda.
1n'J 1

Arthrite intervertebral luetica - 1/1 \'driase


esquerda. -
100. Esclerose cerebral - l/l'\'driase
- direita.
1P - Esclerose pulmonar allisorol'ia 7.'al'ia't,cl
a
12 - Pneumonia lobar direita e pericardite (all-
topsc) - m')'driase esq/lerda.
a
13 Pnel~1110nia direita lll\'driasc direita.
149. Plcuriz direito " IIIJ'driasc direita.
-·36-
8
IS Pleuriz purulento (Autopse) my-
driase direita.
8
16 Pneumonia esquerda 11lydriase esquerda.
a
17 Pulyneurite alcoolica JIl)'driase direita.
a
18 Ci 1'rho e hypertrophica 111 ydriase di-
reita.
8
19 Ulcera duodeno pylorica - Lues - /I 1\'-
driasc direita. -

N"cnplasma do fígado .;-. Jl/ydriasc direita.


Traumatismo do olho esquerdo - /lI -\'-
driase esqucrda.
Estas observações são pessoaes. As autopses fo-
ram presenciadas por nós.

---0"'-- •
OUSF/{VAC ES

1'1\ ~
()l Iscrí'uçuo: fIo"
\ 1<~11
- r"rmaria
'- Leito 26
- elll 1928).

.\ . . 45 annos, brancu, portllgllcz, CúptlrO,

re ' idcntc nesta cidade.


Ila I anno, mais ou mcnos, começou a sua molés-
tia. principio clôrcs pouco intensas no hypocondrio
direito e região epigastrica; cram tambem espaçadas.
De 2 mezes para cá as dôres augmentaram em intensi-
dade e freq llencia . As dôres são periodicas. Neste es-
tado procurou este serviço onde entrou accusando pri-
são de ventre e as referidas dôres que eram intensi si-
mas na bocca do est01nago.
Nada informa elas moles tias communs á in[ancia.
Ha 20 annos teve blenorrhagia . Ha 12 anno soffreu
rheumatismo nos membros inferiores. Cancro em 1922.
Sempre magro, porém disposto.
Pae vivo e forte; mãe morta de carbunculo em
Portugal, era sadia. Irmãos tambem sadios. •

Exame geral Facies abatida, emaciaelo: gan-


• •
glios palpaveis, indolores, augmentados; muco a n 1-
veis pouco descoradas.
Em iniervallos mais ou meno curto tornalld~)<e
a(flicto leva as mãos de encontro ao epigastro fazeml)
compressão nes a região; são as crises d010r sa~ qu' ~)
surprchendcl11 n'essas ocC'asi()cs.
-38-

Exame dos A pparelhos

App. Rcspiratorio Nada de notavel sinão al-


gun estertores bronchicos.
App. Circ/llatorio 4
Clangor da 2 bulba no fóco
aortico e arterias palpa "eis endurecidas constituem o
que ha de anormal.
,.ilpp. Digcsti'i'o Prisão de ventre; apezar de
não ser intensa a dor á palpação, ha deÍeza muscular
na região epigastrica.
Figado impalpavel com 9 cms. na linha ma-
millar.
Baço impercutivel e impalpavel.
A pp. Gellito-lIrinario Impotencia ha 4 mezes.
Urina 2 a 3 vezes ao dia e vagarosamente. Nada mais
se observa para o lado desse apparelho.
'Orgãos dos sentidos Normacs ao exa'm c directo.

S'vstcma
- ller-uoso.
Reflexos: patc1lares, achilcanos, munheca, triceps,
abdorninaes ausentes; cremasteninos diminuídos . Ib-
binskv ausente em ambos os lados, Romberg esboçado.
~

Argyll Rohertson presente em ambos os lados .


O doente apresenta paresthesias nos membros in-
feriores.
Apresenta anisocoria: pupilla direita mai or que
pupilla esquerda. normal. Fundo de olhn 11ormal.
Exames complementares: Reacçãll <!t- \ \asscr-
mann no liquido rephalo-racheano positi\'a.
Diagnostico: Tabcs (cri ses gast ricas) .
O Prof. F. Esposei salientou sempre a i1111)(11'1:111 -
da do rcflex(l~ c (', clllpli ficou, rdrrin<1ll-se :\ll~ <1 :1 pu
_. 30-

PdCl'ill-st' !;l11!1ll'lll ri :llli:i(Jl'IJri:l; p()is I)('s~a JlleS~l1a aula

)'-R.)R)
_ (.-l .

--0--


2" Obser'l'octTo:
, - (10 En [crl11aria -
U
Leito 2 -
em 1928) .

V. C. B. 51 anllOS, branco, hespanhol, \'ltl\'O,
typographo, residente nesta capital.
Ha mais de um anno o p:.;r.iente sentiu uma ferroa-
da na altura do rebordo costal esquerdo e que o moles-
ta até hoje. A principio localisacla, tornou-se a pouco e
pouco diffusa abrangendo hypoconclrio, flanco es-
querdos e na parte latero-inferior do hemithorax do
mesmo lado; tornou-se fraco e tem cansaço facil. A
dôr se intensifica na posição de decubito lateral esquer-
do. Nestas condições procurou este serviço.
Teve variola, blenorrhagia, cancro, adenite . Ta-
bagista e ethylista.
Paes mortos de causa ignorada; não conheceu i r-
mãos. Perdeu a mulher e 2 filhos por occasião da pal1-
demia de 1918.
Exame Geral Facies não caracteristica: postu-
ra em decuhito lateral direito; paniculo adiposo e I11tl~­
culatura reduzida.
. .Apres,en~a uma cic~tríl na glande, outra na préga
lllgUlnal <111'c1ta. GangllOs supcrficiacs ]I<11pa\'<..'i .. : hi-
cnrc1 prescnte ('111 ambos ns bdns: t ihialcria,
,,
-·40-

E:came dos A pparellios:

.App. R.espiratorio Respiração typo abdominal


e rUtdo resplratorio fraco . •

App. Circll!afort'o . Nada de notavel sinão clan-


g~r da 2 bulba n? fóco aortico; pulso rithmico 76 por
R

mmuto; pulso rachal esquerdo é mais fraco.


App. Di9,esti-;'o Dôr expontanea e á palpação
no hypocondno e flanco esquerdos. Fígado com 10
cms. na linha mamillar.
Baço impalpavel e impercutivel.

App. Gellito-urinario . -
Nada de notavel stnao
dôr á palpação na altura do rím esquerdo.

Orgãos dos sent'idos - Nada de notavel.


Systema nervoso Reflexos: achílleanos, patel-
lares diminuidos; cremasterínos e abdominaes presen-
tes; biceps, triceps e punhos normaes. Babinsky au-
sente; Romberg negativo. Reflexos occulares normaes.
Sensibilidade normaes, notando-se apenas dôr ú palpa-
ção nas panturrilhas.
Apresenta anisocoria: pupilla esquerda ll11jnr que
pupilJa direita, normal.
Exames cOmple1l1flltaress Hadioscopia c radio-
graphia:
Sacco~ ancurysmaticos diversos na crossa c aorta
descend nte. • •
Diagnostico: Saccos a lH'll rV~1l1a t 1('( IS :\nrt H'OS U

polyncuritc alcooJica.
_,o 4] -

.)" ( hscl"\açao
1 - __ ( lO" 1'11[""111:11°,°,'1
. '- • ' J 'ito 14 em
9-1 (_ ).
J .--.
. . l\ [.
1 ' , sul tei ru, brasi-
."),. 6 aJl1lOS,
hn.llco
leiro. uperario, residente nesta capital.

DADOS CLrN 1COS

sua doença comcçára, havia 1 mez mais ou me-


nos depois de uma quéda de andaime, vindo a sentir
depois desse accidente muitas dores no lado esquerdo e
que permaneceram até esta data. .
Nada informa das molestias communs na mfan-
cia; teve cancros quando moço e grippe; é tabagista.
Paes fallecidos de causa ignorada; tem uma irman
que é forte ..
Exame Geral Facies soffredora; estado geral
pessimo; postura em decubito dorsal e recostado; ede-
ma dos membros inferiores; manchas ecchimoticas nos

braços e ante-braços; circulação collateral cervico axil-


lar bem pronunciada no lado esquerdo. Ha um tumor
liso duro pulsatil, sem expansão nitida. Temp. 36°;
extremidades frias. Ganglios epitrochleanos e ingui-
no-cruraes palpaveis '.
Exatne das A pparelhas :
A pp. Circ1 dataria: Dyspnéa; a vmetria do:
hemithoraces, havendo abahulamento do -lado direito
C.augmentado e~n todo~ os sentidos). Fosseta pronun-
cIadas , ~remIto abolIdo ~m toda a parte inferior da
face. antenor do thorax; diminuído 11a parte posterior:
maClSSCZ c?mpleta e.m .uma zona correspondcndo ú ba-
se. do hemlthorax c1ll·el~o. cpigastro. flanco e hypocon-
dr~o esquerdos. A maClssez da base do hemithora . di-
reIto se confunde com a do fio-ac!n. Suh-maci .'sez 11a
- 42-

ba' do hemithnrax direito (parte posterior) e nos 20


e 3" c·'Inços intl'rcllstaL's eS<lucrclos até a linha mamil-
lar. ~Iurll1urio rcspiratorío ahulido na parte inferior
do hemithurax direito (anteriormente.) e diminuído na
face posterior; diminuido na face anterior elo hemitho-
ra.· esquerdo, Estertores sub-crepitantes onele se con-
,egl.le otn'ir o ruido respiratorio. ,
A pp. Cirel/latoria Sopro systolico no fóco aor-
tico; desdobramento da 1;1 bulha; bulhas abafadas; ar-
terias flexuosas C0111 pareeles endurecidas; pulso COI11 93
batinh.nto~ pCor minuto e circulaç:io collateral já citada.
Ap/,. Digcsti'<.'o O mais notanJ é a presença de
um tumor no abdomen, palpavel duro, de superficie lisa
e111 certos pontos, irregular em outros, occupando toda
a parte supra-umbelical.
Ap/,. Gellito-lIrúzario Normal ao exame directo.
S,\,stel11a llCr'L'OSO Sensibilidades normaes.
Anisocoria: pupilla esquerda em myose.
São estes os dados clinicos, incompletos porque o
estado grayj 'simo do doente não pennittio exame mais
minucioso c perfeito.

DADOS D,\ AUTOPSE


A pcza r de I<'st,('s ohser vadas ('111 out ros orgãos taes
como congest(;cs nas bases pull1lonares (estasC') c l1e-
h"t chronica, justi ficando a Illyose esquerda n ra-
a\cr .lprc
" tr L
15 (!c I"
11r('I) lrç()(,'s C,· 1.t()1
- -]', "'l'11:l
( IIl,lll, ~
~H)r-
aort IC a c' (ltl / ' .
::t )nrt(· t JlUI .ac.'IC,"l "\... 1"1 rl<' :thdollllllal a<l
I
Il1C~11H) (c111-
) nrmanr (I 1 , .
" a ~ VI11) I I M

b naçao {' VI,l(J • , ,


43 -

tarllIl) f\'ll·('i<l() pelo li~::ldo (' tl'alllll:lti-":lJld f l todo ()


(l

l\l".lllS
, . \ isill!H\S U "\'llIp;tthic() ('sljl1<:rc!() soffr u .tam-
hCIIl. h,l' t'l1du sua par:tly~i:t (' '(/11SlfI11('IJIt' pr ·dollllllan
'ia dll 111 p:l1'. (bhi a Jll)'()-"t' c:sqIH.:rda.
\ll(OpSC l'1l1 5-IO·92H.

--()--

~ ti () hsc1"\,:t<.)u· (1 O" I~Jl r Tll1ari ti - Leitu 13 C1Jl


-1928) .
. F. 36 annos, pardu, bras i1 c:i ro, mecanico,
rc iclcnte nesta capital.
té cinco mezes passados gosava saúde. Sentiu
nessa occasião uma forte dôr rheumatica na perna di-
reita, a qual cedeu em poucas horas; appareceu depoi
formigamento na perna esquerda que desapparecetl
quando se estabeleceu a paralysia que o obrigou a prl -
curar este serviço. Isto ha um mez.
Conta que em 10 lagar foi tocada a perna e quer-
da e no fim de poucos dias, indo a um con ultorio me-
dico, quando tentou apanhar um jornaL cahio obre a
perna esquerda. No dia seguinte, a perna extremamen-
te pesada, tendo necessidade de Ltl11a bengala para 10-
comover-se. No 2° dia tornou incapaz de mo\'imcntar
ambas as pernas. Nesse dia urinava sem querer (uri-
na sôlta) . Esta incontinencia de 'appareceu 110. dia.
segui n tes sendo desde então sllbsti (llida por rctenç~lt),
não podendo emittir a urina scm o aU.-ili de sondas.
1 esse estado procurou este erviço.
1 ;w tcve doenças na in [;1l1cia : ten' paludisl1l11 111
1908; e\11 1912 teve cancros '·Cl1cr\.'()s: hlenl)lTha~:6:l,
tabagista e ethylista llloderac1n. '
p,]f' rallccic10 ele causa ignorada. milc ,"j":l c i(."-
te c 9 irl11i'ins rallcciclnc.; ele C:lu...;a (lHe t:ullh1'11l i"'llnr'l ~ t.
-·44 _.

E. -ame Geral . Facies não característica; esta-


?o g ral mau; pO,stura em decubito dorsal, cunstituiçüo
fra~a, emmagreCldo; ha uma escara na região sacra;
flacidez muscular nos membros inferiores; edema pou-
co pronunciado nos pés; g-ang-lios de H..icord presentes;
axillares palpu\"eis e os inguillo-cruraes bem augmen-
tados, duros; fala vagarosamente.
Exame dos Apparclhos:
App. Respiratorio Thorax magro, bem con-
formado; fremito thoraco-vocal levemente augmenta-
do; ha hypersonoridade; estertores hum idos de medias
- c gro 'sas bulhas, sibilos e roncos; respiração soprosa
no pulmão direito, 19 incursões respiratorias por mi-
nuto, o

A pp, CirclIlatorio: Ictus impalpavel na posíção de


dccubito dorsal. Bulhas normaes.
Arterias de paredes levemente endurecidas; pulso
cheio,• rithmico, 90 batimentos por minuto ..
A pp. Digestivo: Língua saburros~; a~d?men
pouco doloroso á palpação no hypocondn? dIreito e
epigastro onde se sentem as pulsações aortlcas.
Fígado e Baço impalpaveis.
, ' . ' N~lO
App. cIClllto-/lrl1larzo ' <- teIl1 1)oteI1cia c 11a
retenção urinaria.
Orgãos dos SClll idos 110rmacs.
rot uli;1-

nos, I I
Sensibilidades clllllplctallH'nl' :lhu ll;l lloS 111<.'1\1-
bro inferiores,
1\'J I't )'!'!'llS'\
Diagnostico: ,iV yt' J t.' ( I , • SYllhilitica de 11líl\'-

a ccnd nt(',
-·45 -'

S' bscn'ação (10' Enfermaria ' Leito 14 em


5-1928) .
• •
. . V. S. 51 a11l10S, portug-uez, VIUVO, cor
hranca. ajudante ele electricista, residente nesta capital.
Sua molestia começou com fraqueza nas perna .
. ensação de crescimento cIo abdot11cn c falta de ar e tos-
se que lhe produziam afflicção. Doente. ha um anno,
os seus soffrímentos se intensificaram (le 1 mez para
cá. Come bem, porem sente-se mal após as refeições.
ensação de peso no estomago e tem eructações fre""
quentes. Evacuações irregulares. Sente pezo na cabe-
ça e tontura quando faz movimentos rapidos. Nesse •

estado procurou este serviço onde entrou em 18-4-28.


Tabagista e ethylista moderado, nada informa das
molestias da infancia. Teve blenorrhagia, cancros e
adenites em 1901. Alguns annos mais tarde teve rheu-
• •
matIsmo; teve gnppe.
Paes mortos de causa ignorada; irmãos forte :
mulher fallecida (erysipela): tem um filho sadio.
Exame Geral Facies inexpressiva. postura no
leito indifferente; estado geral regular; cicatri-
zes escuras nas pernas: mucosas pouco coradas: gan-
glios inguino-cruraes palpaveis, duros. indolores: Ri-
cord presentes; esternalgia.
Exame dos A pparelhos:
App. Respiratorío Nada revela de importante
ao exame directo.
App. Cil'ClIlato1'ÍoIctus cordi no 6° e paço inter-
costal e para fora cIa linha mamillar. Bulha~ rithmi-
cas, enfraquecidas com sopro diastolico no fóco aortico.
Arterias COI11 paredes espessada .
Aorta perceptivel na furcula esternal.
_o 46 o ..

:J.pp. Digesti'('o - .\penas phCI1UI11CI1I) ' dyspt'pti -


citado..
. App.
dlrect T-
GCl/ito:llril/(1rio T
1 (l(
1
a revela ao exame
ll. • an Íl'm PUÍl'l1cia.
Grydo.\' dos st'l/tidos 110rlllaes.
-,'s/dl/a l/er,'Oso indell111c.
Reflexos fI/filiares normaes.
na ~e . < em my-
Exame' complementares Radioscopia c rac1in-
graphia: ..-\ugmento global do coração com predol1li-
nancia do ventrículo esquerdo .
Diagno tico: Insufficiencia aortica e aortite.

--01--

a
7 Observação: (2" Enfermaria Leito 22 em
11-1928) .
J. 1\1. A. 42 annos, pardo, brasileiro, pintor,
residente nesta capital.
Ha I allllO que est{t docnte: dôrcs no thorax, can-
saço facil e desde então vcio fnrmando-se um tumor
junto a borda e ternal direit.a, tUlllor que puls;1 c que tem
a dimen ão de 4 cme;. de chame! ro em sua hase.
Tcm pas ado ve I1Crt::O <jU ' COIl fe~~a com Indos os
detalhe .
Ganglios de Hicord, est< rnalg-ia. etc.
~xccpt() () apparclhn .ciJ'ct1lat n ri(l, no outros 11;1<1:1
aprc ntam de anormal. (nraçao g-ral1(k', pllllla dl' III
cada para a S<JU rda.
-"7-,

Of(jllns dos .\'('1/1 ido \. - Ilnrmacs . Tão pode, cn-
(rdant(;. fL'ar a vista por longo klllpO.
,) \'stc/IIa I/Cfe'OSO --- 11(In11al .

Reflexos jJl/jJillares l1ormacs. .


.\presenta (/lIisocoria: pl1pilla direita em l1ly(h?~sc.
T
Heacção de Vv asscl ,malll1
J
[l'allcaJllClltC. pos/117'{:'
Radioscopia A11Cl1rysma da crussa (Joelho dI-
reito) .

--01--

n n
7 Observação: (2 Enfermaria - Leito 21 em
11-1928) .
A. B., 52 annos, solteiro, trabalhador portugl.lez .

Ha 2 annos que está doente: falta de ar e muita
dôr na parte anterior do thorax.
Conta passado venereo cdmpleto; syphili conge-
nita e adquirida.
Está na enfermaria por causa de um tumor puI. a-
til na parte direi ta do esterno, de grande dimensôes e
que o faz soHrer muito e por causa de 'ua facil fati-
gabilidade ao menor esforço.
O exame dos apparelhos nada re\'ela de mai,' im-
portante.
Orgàos dos sCl/lidos ele accordo com a idade.
S'\,stclIla
- IICl"i'OSO - normal.
Reflexos pupillares - 11or111ae ..
Apresenta anisocoria - pupilla esquerda em fl1\'- •
driase.
Peacção de \Vas er111anl1 tral/canil'lIft' fositi';.'a.
Hac1i()scnpia: Ectasia sacci forme da aorta a, ce11-
dente (' rtlsifurmc das porções tran '"rr a c descendente.
- 48-

ga Observac;ão: (2~ Enfermaria _ Leito 24 em


11-1928) .
. C,. T. B. ' 48 annos, casado, brasileiro, opera-
rIO, re ldente nesta capital.
Doente ha 1 anno mais ou menos.
. ega •

A. passado venereo. Tem estigmas lueticos,


ganghos engorgitados, tibialgia, esternalgia, etc. .
ApparclllOs: nada de importante ao exame directo.
Orgãos dos selltidos normaes.
S\'stcma
- ncr'voso normal.
Apresenta allisocoria pupilla esquerda em my-
driase.
Reacção de Wassermann francamente positi'va.
Radioscopia: Dilatado o coração, ectasia da aorta
thoracica e descendente.
•I

• --0--

Observação: (lOR Enfermaria - Leito 2 em 5-


1928).
J. A. S4 an110S, hra?co, so1teir~, portllguez,
lavrador, residente em stlhurhlO desta capItal.
Conta que no fim do <111110 passado, quando tra-
balhava na roça, scntio uma dór fórte. na t~egião lom-
bar que lhe tolheu a marcha c () fel cah!r. F!.cotl em rc-
pouw durante algumas horas voltando depOIS aos S('l1
affazeres.
Pouco tempo depois a.s suas pcrn~s se ~lIdulrm.":
começou a sentir fort s d()re~ nas arhculaçocs. aSSIIll
.. 49 .

r '11 lu dm ante R dias. Foi elltão qu , em bus-


pl'rtllt1.11
ca c1 \ alli\'io, procurou esta nfer,maria e111 28-12-1927,
Tc\'c coquClllch , ,'ariula, paluclisllHJ. Nega ~)assa
du \ <.'l1creo. Tabagista e cthylista moderado.
Paes 1110rtos de causa ignurada. Tem 2 irmãu que
guzam saudc.
Exame Geral Facies não caracteristica; esta-
tura baixa; cOllsti tuição forte; postura 110 leito in-
differente. Ganglios superficiaes palpaveis. Os epitro-
chleanos são dolorosos á palpação. Notam-se os mu:,-
cuIas lombares em estado de contracção; ha uma ligei-
ra escoliosc esquerda.
Exame dos A pparelhos :
App . Respiratorio Nada de notavel.
App. CirClllatorio "Ictus cordis" imperceptível
á inspecção; fraco á palpação. Hyperphonese e clan-
gor da 2 bulha no fóco aortico. Pulso rithmico. pouco
ft

tenso.
App. Digestivo Normal ao exame directo.
A pp. Genito-urilla rio Impotencia: nada mais
accusa e nem se nota.
Orgãos dos seI/tidos Normae .
S)'stema 11ervoso Reflexos rotuliano e achi-
leos exaltados. Nada mais apresenta de notavel.
Apresenta allisocoria pupilla direita em lTI\'-
driase.
-
Exames complementares:
Destruição completa do disco qu separa a 3& da
ft
4 vertebra lombar; d'ahi compressã da raíze' pro-
duzindo os phenomenos ci tac10s .
Diagnostico: rthri te inter\'ertebral Juctica, radi-
culite por compressão.
- 50 _ .


10· Ob~('n'ação: (lon Enfermaria - Leito 21 em
10-1928) .

J. F. S.' S6 annos, branco. brasileiro lavrador


ca ado. ' ,
.Tia 1 anno que esttl doente. Dá informações illl -
precI:,a' subre n scu estacJo de saúde. Estado mental
pertt1rba~10 e c1ysarthria. l\J archa difficil , micções in-
\"olt1nt~lnas. Entrou assil1l para este serviço.
eg-a antecedentes \'enereos. Dizem os seus filhos
que elle era tr~lbalhador e que gozava saúde anterior-
mente.
~ .,. ada informa dos antecedentes familiares: os fi-
lhos conhecido por nós não gozam saúde; são de C011
tituicão
, fraca.
Exame Geral E' um individuo de constitui-
ção mediana; não apresenta ganglios. nem deformida-
des. Tem um lig-eiro desvio da commissura labial di-
rei ta. Hypertnnia dos muscu10s do membro superior
esquerdo que tem os movimentos mais francos que o
homologo direito. Paraplegia do membro superior di-
reito. paraplegia dos membros in feri ores. que se acham
em extensão: prs em e."tcns;to tamhem.
Exame dos .A pparcllws:
A pp. R cs pira to rio N aela ele nota vc 1 ao c."ame
directo .
.A 1'1'. CircII!a!nrio /\ pCllíl" c1ang{)r da 2" 1.Hl1ha
no fllCO a(Jrtico. A rI ni;ls C( ,111 pa redes Clldlll"l'Cldas.
A 1'1'. ni[/cstÍ1.l() Nada rcvela no l' "amc din.'r!\l.
Ap/,. (;c"i!n-lIrillflritl Jllljlrl/(,llcia l' P(,l"l11l'h:l -
çf'JCs urinaria (r('larltaJ11cllt.) dos ('p1t)'l1c1t're~) .
Or,f}not; do 'i ,t'Jlfirlo\ ~ad:t r(,\'l'lalll de :111111'111:\1.
- 51 . "

, -"slema I/t'I~'l'()S() Refle.'os (' 'altados; perturha


(lU; das scnsihilidades -- paresthl'~ias; Nãl) tem Ar-
g-yll Pnbcrtsoll; marcha cerebellosa; ([Ilisocoria: pu-
pilla direita em myc1riase.
E 'ames complementares:
'\Tas -e!"111al111 negativo.
lIypothcses: Tumor cerebral não, porque o fundo
de olho stú, normal e os symptamas são relativos a ter-
renos li versos, não se lhes póde dar uma localisação:
paralysia geral tambem não, pois que os exames com-
plementares feitos tambcm no Hospicio para onde foi
transportado o doente foram negativos em relação a
Lues .'
Restava a esc1erose cerebral e poucos dia' após a
remoção do doente para aquel1e serviço o Prof. Hen-
rique Roxo apresentou-o em aula e diagnosticou: es-
clerose cerebral.
,

--0--

11 a Observação: (10" Enfermaria - Leito 3 em


1-1928) .
F. M. 24 al1l10S, portuguez, branco. solteiro.
operario, residente nesta capital.
Sua molestia começou ha 1 mez; a principio to e
fraca, que aos poucos tornou-se forte e inc01111110da e
com ella veio dôr no peito. A dór cdmeçou na parte cor-
respondente ao esterno, estendendo-se depois para os
lados do thoI'ax e, ás vezes, repercutindo no d(11"sl..1.
Esta dôI' sempre constante mais (lU menos intensa
não está 10calisac1a. Falta de ar, dôrcs nas perna~, dô-
res de cabeça, diminuição de appctitc. To se empre
.
52 -

,eguida d ~ escarros é1marellos, gros. os, raiados ele sal1-


g-u~; sua\"a muito e sentia fraqueza geral. Procurou
aS,lm este, eni\o.
. E~h:lista n1l)d~raclo; ha 1 anno que está no Bra-
sIl. FOI upel:ado, de h.crnia inguinal dupla. Teve grippe.
Paes e Irmaos \'l vos e fortes. Perdeu um com pou-
cos meze' de idade.
Exame Geral Facies inexpressiva, estado geral
bom; po'tura elll ckcubito lateral direito, constituição
robu 'ta. ?\Iuco'a regularmente coradas. Acrocyano-
,'c e hyperhydrose.
Exame dos Apfarellzos:
A fr. Respiratorio A inspecção nada revela.
SOl1(ridade ligeiramente obscurecida no apice esquer- •

do" Respiração mais forte no pulmão direito; algun s


estertore' sub-crepitantes no apice esquerdo. Typo rcs-
pirataria costo-cliaphragmatica . .Tachypnéa 62 ex-
cur~ões respiratorias por minuto.
App. CirclIlatorio "Ictus cordis" invisivel c
impalpavel. Bulhas enfra(!ucciclas ~obretudo no fóco
aortico e na base do appcnc11cc xyphOlde.
Arterias C(!I11 paredes 1110lles c dcprcssi\'cis, Pul-
so deprc"sivel c()m 100 batimentos por minuto.
A rf. Digcsti7'O Normal apparcntc11lC'lltc.
_ iJ1lpalpa vel com 10 C111S, na linha 1l1J.-
Fígado
milIar.
Baço -, illlpalpan.J, i111pcrcutivcl.
Cllito-lIriJ/(lrio Nor11lal ao 'xal11l' di-
1p . G
P
recto.
Orfjil(H dos \Cu tidos

tema 11 1,'(1 (I - illckll1llc.


S~ -

. prcst:lI!a :llli. Ut'()1 ia \'ada \'el. (1)


I~;tllll'" Clllllpkllll'lltarcs; .
E 'ame radiosc()pic(I: 1,,~p(SaJl1Clltl) d()s hdos pul-
11lona rcs .
I \lsteriUIl1ll'l1tc a ':.cleruse invadiu am!>,)s (JS pul-
-
IllUl'S .
Diag-Iwst ;co: Esclcru'lc (" brollchedasia em ambos
os pulmões.

--0--

12'1 Observação: (10: Enfermaria -


1
Leito 19 em
9-1928) .
A. P., 64 annos, branco, sulteiro, brasileiro, ope-
raria, residente nesta capital.
Está doente ha 1 mez mais ou menos; trabalhava
na estrada do Pedregoso. Depois de ter jantado. dor-
mia logo e, pela madrugada, acordou '('aI'ia Jld O. C0111
muita febre, dôr de cabeça, pontadas na altura elo re-
bordo costal direito e na lossa supracla\'ic111ar do l11e~­
mo lado, ,muita tosse, catarro amarello, falta de ar:
evacuações e micções mais ou menos normaes. Desde
então a febre não o abandonou (sic). 1 T;lO oh ervamos •
elevação de temperatura desde CJue entrou para e~te

serV1ço.
Sarampo, catapora, paludismo, blenorrhagia. can-
cros, aden i tes .
• Paes mortos ele cama ignorada. l ' ào tem outro
parentes.

(1) ;\ :lnisocori:t cr; , Cll1 hast1h: \ :lria,," ('l)m :l 111: rell:l d,)
procc .<; () - fira 111:- dI j;I~l' direita. ()r:! 111yd 'i'l C c"'<lt1crda.
54 '

E.'ame erraI Ilacies afflictiva côr terrosa em-


. 1 "
nlagTeClt n. g-anglios super Iiciaes palpa veis.
E ~tado geral máo. Temp. 37°,1.
Exame dos ri pparelhos:
.L1 p p. Rcspiratorio ;Thorax bem conformado;
apresentando abahulamento no hemithorax direito.
Dyspnéa; frenlito augmentado na base direita; percus-
'ào revela sub-macissez nessa mesma base onde se ou-
viam tlluitos estertores crepitantes, Escarros côr de vi-
nho e abundantes,
App. Circulator-Ío Coração com bulhas abafa-
das, rithnlicas, porém frequentes.
Dos apparelhos restantes nada ha de notaveL
Orgãos dos sentidos - normaes relativé\;mente á
idade.
Systema nervoso indemne,
Apresenta a1lisocoria: pupilla direita em mydriase,
Diagnostico Pneumonia lobar direita e pericar-
dite que os Raios X demonstraram.
Foi feita a alltopse que confit~mou in tOtU111 o dia-

Feito o exame bactenoSCoplCO: pOSItIVO para PIlI!U -

mocoCco.

-~ (l , , '.
55 -

1.)' ()l>.'l'l'Vaç~ll: ( 1()" r


l'JIl I.:rt1laria· Leito 28 em
l1 - 1t)2~) .
11. n. 2·1 ;(111101.1, pr('((), solt( irIJ, pedreiro, rc
sidcl1lé llcsta capital.
~ua 11101L'st ia cC 11l1CÇ0t1, 11a ("el'ca de 10 dias mai ou •
Illenns cum lllui ta lehrc, c1/)1' d . ral)cça, Jl(Jt1tadas I11) hc-
ll1ithurax elirlitll, fraqm:7.a. pelo que "oi ()brigado a
prllCl1rar este scn'içn. onde csít:\'c cum delirio fcbril,
tosse. escarro rosca.
"Ie'i'e sarampo, coqucluche e blenurrhagia.
Paes fortes e irl11àos tamhcm. .
Examc Geral: Jacles ahatida, emmagrccido. au-
-encia de ganglios de Ricorcl; alguns apcnas palpa\'eis
nas regiões inguino-cruraes. "Iypo mcsoesthenico.
Exame dos Apparelhos:
A pp. Respiratorio "Ihorax magro, bem c\l11to1'-
mado, não apresentando c1ôr [t palpaç[lO em ponto aI·
gum. Fremito thoraco-vocal le'i'cmcntc augmcntado
nos 2'3 inferiores do hemithorax direito; normal n
pulmão esquerdo.
Sub macissez nessa parte referida do hcmithorax
direito.
A escuta revela cstertores ele retorno na pari in-
ferior do pulmão direito.
App. Circl/latorio 1 aela de: l10tanJ sin:io cl1!'ra-
quecimel1to elas bulhas; Ri hatimentos por minuto; h~
relativa hyperpho11C>sc ela 2" hulha no fúcn j>ulJl1nn:u
sobre a 2" bulha 110 f<)co aortico.
ApPare/11O c/ir/estia) ~orll1al :ln ( -,\111' di r\.' 't().
Figado cnm 9 rl11~. 11a linha 11l:1Il1illar.
D:1.('1l i1l1palp;l\"'1 ' il1l l,Cl"cuti\t'l.
- S6-

.lpp. Genito-lirinario Tem potencia 11rl'na be


, na(1'" _, . < , 111
, "apl esenta ao exame dlrecto.
Orgãos dos scntidos normaes.
S:ystcl1la Ilcr','oso indemne.
Reflexos pupillares normaes .
•~ nisocoria: pupilla direita em mydriase. •

Exames complementares, do escarro: negativo


quanto a B. Koch e positivo quanto a pneU1110COCCU~,
Diagnostico: Pneumonia lobar direita.

---,0---

(1O~
ft
14 Observação: Enfermaria Leito 14
em 1928).
I. T. ' Ha cerca de mez c meio, ficou doente;
resfriou-se sentindo então febre, dôr de cabeça, fra-
queza, impossibilidade de tossir e até de respirar habi-
tualmente. porque sobrevinha ltma pontada furte na
parte posterior do hemithorax direito e que o doente di-
zia vir até o figado. Internou-se neste hospital em bus-
ca de alJivio a seus males.
E' gemeo, teve coqueluche; não teve a grippc ele
1918; teve blenorrhagia, ha 2 annos, Não é tabagista,
nem ethylista.
Pae vivo soffre do coração (sic); mfie murreu ele
affecção cardíaca (tinha hronchite asthmatica (sic.))
Os irmãos vivos ~ão fortes os outros l1lorreram CI11 ten-
ra idade e o doente não sabe a causa.
Exame geral I'acic5 não caracte,ristic.a; P()S(l~-
ra índi ff erente; estado geral" bom. (la nglt os rt'I'\'l-
pequenos depressivcis: ~)S. gallg-l,ins das oufras :'c.
giõe com a mesma caractt'n 'tlca, 1 cmperatl1ra 38 .5,
, , .57 #$'"

h.t'tllllt' dos /l/>/'llrel/IO.';':


.I1pj.>. [{('s/>ira/or,o Thorax de aspecto norma).
Ligeiro abahl1Jamcllto na parte »ostcro-inferior do he-
mi thora - di rei to. Frellli tu thoracú- vocal di 111 i Iluido em
toda a arca pulmunar c Cjuasi abolido na lJasé du hémi-
thora." direito n'tllna alil1ra que vae da base até 2 cms,
abaixo do angulo da omoplata correspondente,
Sub-macissez na partes btera e pústero in (criares
elo hemithorax direito.
Ausencia quasi completa elo murmurio vesicular na
area onde ha sub-macissez. Diminuição do munnurio
vesicular na parte superior do pulmão direito e respi-
ração vicariante no esquerdo.
App. CiteI/lataria ,Nada revela de importante
- 80 pulsações por minuto.
App. Digestivo Nada de interessante, si não
tympanismo exagerado. Ligeira anorexia.
Figado l~mite superior não foi possivel delimi-
tar com precisão; o inferior excedia de 112 em" a re-
borda costal direita. ,

Baço impalpavel, impercutivel.


App. Genito-uri11ario Normal ao exame di-
recto.
Orgãos dos sentidos Normaes.
S)'ste1l1a nervoso: indemne,
Apresenta anisocoria: pupilla direita maior que
pupilla esquerda, normal.
. Foi !eita uma thora~cntcse e obteve-se liquido que
rOl examl11ado NegatiVo quanto ao H, de KoC'h
Rivalta negativa, .
D~rrame. cnnfirl11acl0 pela racli 0s cnpia.
Diagnostico Pleuri7 direi (u.
- 58-

o doel~te. estcve em tratamento obtendo poucas me-


lhoras perslstmdú entrelanto os signaes locaes .
.N~ta. ~{a?ioscopia dos pulmões: opacidade de
11 ~ 1l1teno:' chrelto com limite obliquo de cima para
btll.XO, de fora para dentro; cinematica phrenica dimi-
muda. Opacidade ligeira do apice direito, talvez reli-
l1uat de pleurite.

---0---
-
S
15 Observação: (17 Enfermaria em 5-1928).
rt

R. R .. branco, uruguayo, 40 annos, solteiro.


Doente ha 15 dias; veio de Bananal; febre, vomi-
tos. dôr no hypocondrio direito, dôr á palpação.
I'eito o diagnostico de abcesso sub-phrenico; fize-
nun a operação sendo então verificada a communica-
ção da cavidade abdominal com a thoracica.
O doente falleceu e a sua autopse foi feita pelo
Dr. Oswino Penna que attestou como "causa mortis":
Pleuriz purulento direito, abcesso sub-phrenico e peri-
tonite.
Esta antopse foi persenciada por nós e constituía
o assumpto ric aula do Pro f . TI. Tanner em 30-S-192R.
Apresentava anisocoria: pupilla direita em 111)'-
driase.

__--0---
-= 5~-

lU' Obst:J'\'aç;tu: (10 1',lIrenllaria - L .j f/) 3 cm


L -1(28) .
. T., 21 anl1us, brasikiro, !Jranc{), lavrad()r.
, .
1 aua informa quant() a l11ulcstias CIJ1l1ll1UIlS a 1Jl-

faneia. Teve blcnorrhagia, cancro e ac1enitc.


Paes e irmàos [orles.
Estú nesta enfermaria accomettido de pneumonia
esquerda e apresenta anisoeoria: lJupilla eS4uerda em
mydriase.

_··-o~-

17 Observação: (10 Enfermaria -


ft 11
Leito 19 em
12-1928) . ,

A. D., 35 annos, branco, solteiro, pintor, polo-


nez, residente nesta capital.
Está doente ha 2 annos quando começou a sentir
dormeneia nas extremidades: pés, mãos, que a pouco e
pouco se accentúou sobrevindo depois caimbras, pertur-
bações da marcha; vomitos matinaes. Procurou este
serviço porque está impossibilitado de trabalhar pois
que a marcha é quasi impossivel e as caimbras são fr("-
quentes e mui to o martyrisam.
Teve sarampo, infecção intestinal (sic), cancro e
adenite suppurada ha 14 annos, paludi mo. Ethyli 'ta
confesso e inveterado.
Paes vivos e fortes. irm;105 sadil)~. todos actual-
mente no Brasil. •

Exame Geral ' Facies de a1c()olatra. E' um in-


diviclllO de constituição rohl1sta. hem corado, llutrição

-60-
~t:g~llar. ausencia de gallglios paIpan:i-; . l\ 1l'IllIJros in -
tenores emmagrt'cidos. poucos pelI os. peJ[c branca exan-
gue. ~ ~;lp apresenta dcfor!midades.
1.:..1'l1lIlC das .ipparclllOS:
- JI'p. Rcspiratorio Nada de importante.
A Pl'· Cirel/latorio Bradycardia, pul so tenso .
~ fada mai s de nota \'el .
. 1pparclho digcstii.'o Tem crises de diarrhéa ús
vezes. \Y omitos matinaes . Figado doloroso .
• lpparclho gCllito-urillario P otencia um pouco
d:nlinuida. Urina bem.
Orgilos dos sentidos Apenas sente turvaçflo da
visão quando procura fixaI-a com attenção .
S\'stema
- ller7/OSO Reflexos achill eanos abolidos..
patellares abolidos, Babinsky ausente; Romberg ausen-
te. não tem Argyll Robertson . Reflexos pupillare.,; pre-
sentes normaes.
Apresenta anisocoria: Pupilla direita em 111 )'- •

<.1riasc. .
Diagnostico: Polyneurite alcoolica comprometten-
do nervos peri}Jhericos c 1 ramo do II r par.

- - 01- -

lW Observação ' (10" Enfermaria - Lei(o ü ('111

1928) .
C. D. 36 a11110S. pardo. hra ileiro, ra: ado,
guarda-freios, residente nesta capital.
Está doente, ha 11 mezes.
A íncipio teve acce SIIS fchris ql1e, pela hi::;(oria.
a os. n sele l' 'sa l'pocha (1 sel1 l' '!.ldll til'
-' 61

S:Ltltle p orou c()nsidcr~l\'dm(,llte. Fraqu za inten a noS


membros inf('rinJ'es. qU:lsi ill1p()ssihilitand()~Ihe a mar~
(ha. ' otOtl 110 fim de certo telll»() que seu fígado esta-
\:1. ill cllllJl do. Fstcvc 110 rJ. S. F. Assis (Jnde olJtcve
melhoras. Dei .'ou n ref cri no hospital c pouco tempo
tkpois se aggra\'ou novamente u seu estado de saude
sentindo nessa occasiào. além c1n figado incItado, aglfa
lia lJlrri[ja c c1ôres no figac10 cmfjuanto se accent~ava a
f rallueza geral. Neste estado procurou este servIço.
Tabagista, nega ethylismo actual. dizendu tcr usa.-
elo aleool até a idade de 11 annos (?! ... ). Sarampo,
blellorrhagia, cancros e adenites.
Pae morreu de molestia do coração. mãe victima
da grippe; tem um irmão vivo e forte.
Exame Geral Facies abatida, emaciado. postu-

ra indifferente, mucosas visiveis descoradas. Ganglios
inguino-cruraes palpaveis e indolores. Ligeira scoliose
esquerda.
Exa17le dos Appa1celhos:

A pp. Rcs pirataria Thorax bem conformado .
Iossetas pronunciadas; abahulamento da parte inferior
do hemithorax direito. Não ha pontos dolorosos. Fre-
mito diminuido na base direita: sonoridade diminuida
na area do mesmo lado; sub-macissez na base do hemi-
thorax direito. Respiração fraca '.
App. Cirel/lataria Bulhas enfraqtlecida~. rith- •
micas; arterias radiaes com paredes endurecidas.
Figado com 12 C111S. na linha l11amillar; bordo in-
f crior excedendo o rebordo costal cerca de 2 cms. Este
bordo, é doloroso á palpação; o lobo esquerdo é palpayel
no eplgastro.
Baço illlperclltivel. il11palpavel.
App, GCl/ito-lfril/aria Potellcía diminuída, l. ri-
na bem, muitas vezes an dia. Sente dôres apalpação
nos pontos renaes, prOl1tll1ciadamcnte Ú direita,


- 62-

Oruaos dos st'l/tidos fada rcn:la (lO c.'amc di-


recto: nada sente.
ystellla I/Cl'l'OSO:Reflexos normaes. sensibilida-
dl'S normacs. Rc fie, 'os occulares 110rtnaes .
. . \prescnta anisllcuria: pupil!a direita m:tior (lue
Pllpllla (.S'lth rda. normal:
E, 'ames complementares: Foi feita a reacçãu de
Dtltcllh) resultado negativo.
Diagno ,tico: Cirrhose hypertrophica.

- - - 01- - -

19" Observação A . S. V . Paulo ' Agua s Vir-


tuosas em Janeiro de 1928) .
A, G. M. 28 annos. branco. brasileiro. viuvo,
lavracior. residente em S. G. Sapucahy.
Sua molestia data de 2 annos mais ou menos; con-
siste em prisão de ventre. dôres no estomago horas após
a r~feição. vomi tos.
Sarampo. catapora. g-rippe. blenorrhagia. Nada
informa sohre os antecedentes familiares.
Exame geral Facies abatida. emmagrecido. pal-
lino. postura: coxas em flexão sohre a bacia em decuhi -
to lateral direito ClU esqucrdo. Ricord presente .
E:mmc dos A pparellws:
A"". Respira/o,-io c A 1'1'. Cil'cIIlatorio no1'-
maes.
A pp. Diyesfi7'o Língua hUl11ida, saburrosa. de-
glutição perfeita.
A e cavado, paredes fl:u'idas c. 'ct'pt(l n;l
r gião py]orica onde ú palpação ha rigidt'7. Illuscular .
dilatado, a roga t ria. Pri -ão dl' \'l'llt rc.
. o fi~ _o

Figadn llol'l11al ;'[ pc]"ctlssã,) c illlpal1Javcl.


o

Baço it1lperctlt i \el (O ílllpalpa v ·1 "


. I PP" ( 'C"11/f U 1/ n .1/ aJ'/"
I U ' I 'elll po t <.: Ile,"'clt tll",'fl,'l IJell1,
ha niduria.
OrfJí"ios dos sel/fidos· J1orJJlac:s.

Rdl<:xos !10rmac:s; allsenCla
5,'\'stclJla }/('I"'l'OSO
de \ rg'ylI Robcrtsoll; anisocoria: pupilla direita lIlai, ir
que pupi l1a esquerda, normal. "
Diagnostico: Ulcera duodeno pyJonca"
Foi feito tratamento symptomatico e antiluctico"
O doente senti o-se melhor e se afastou do Asylo"
Ti\'emos, entretanto, informações de que os seus
~üH rimentos continuam"


---0---

11
20 Observação (A. S. V. Paulo - Aguas Vir-
tuosas em Janeiro 1928) .
A. S, D 69 annos, branco, hespanhol, pedrei-
ro, casado, residente no município acima citado.
Sua moJestia data de. pouco tempo a principio dô-
res pouco pronunciadas CJue o doente não sabialocali-
sar bem; tornaram-se mais intensas acompanhadas de
prisão de ventre e de sensação de plenitude gastrica"
A proporção que os seus males progrediam se ac-
centuava a sua fraqueza e o emmagrecimcnto era ra-
pido.
Assim entrull para o s)'10 onde nos foi possh"el
obter os poucos dados seguintes:
Nada informa quanto a molestias da infancia. O
mesmo a respeito dos antecedentes hereditarios,
-64-

·:>nlc Gi>r:>!
E ....
,"'H '- " -- F'le,'" 'I'
,,"'S cl ),\ t'd
,
1 a, C1ll111a g r ec llll Cl1 to
muito pronunciado, cór sub-ieteriea; gangl ius apenas
palpawis,
Lxall/C dos .·lpparc/hos:
.-11'1', Respiratorio e ~ ll)P. Cirel/latorio n Of-
mae' ,
A pp, Digcsti'l'o Lingua saburrosa. secca. Pri-
são de ventre: fezes em eybalos. Abc10mcn volumow,
pa redes tensas deixando ver ci rculação collateral, typo
pnrta: doloro, o á paI pação .
Figado Enormemente augmentado, palpavc1
dentro da massa liquida ascitica, doloroso quer expon-
taneamcnte quer á palpação; apresentando irregul ari-
dades em toda a extensão palpavel verdadeiras bos-
sas,
Baço impalpavcl, impercutivel,
A pp, Ceni! o-urillario Impotente, urina pouco e
difficilmente (urina turva). clôr nos rins.
Orgãos dos seI/tidos normaes, em relação com
a idade do paciente,
S"stcma llC1'7'OSO indcmne.
- .
Apresenta anisoeoria: pl1pilla direita nla]( 'r que
pupilla esquerda, normal:
Diagnostico: ncoplas1I1a do figado.

--~o'"",--

21- Observação: (10" Enfermaria - Leito 1 ('111

10-1928) (Ie ão occular).


A. D. M., 54 portuguez, branco,
ro, •
, . 65 -,

Este doente que esteve nesta en fcrttlaria acco-


• • •
mettldo de grippe intesti1lal apl e t'lltava <lllls(}(;.()na:
pttpilla e querela em mydriase.
Não nos foi possivel ligar esse signal apresentado
pelo doente a nenhuma ar fecção ou infecção. 13uscá-
mos a explicação arguindo o doente sobre a sua capa-
cidade visual.
Disse-nos que, annos antes, havia soffrido um trau-
matismo no olho esquerdo e desde então tornuu-se di-
minuida a capacidade funccional desse orgão.
Havia portanto anisocoria em consequencia .::t uma
lesão occular.
,

- ------------::-------------
-


Conclusões
3 1 •

Do es t ndo que f i 7cmos das observações ci tadas, da


Anisocoria c sen valor st'miotico tirúmos as seguintes
conc1u ôes que muito nos servirão na }Jratica:

1.-CONCLUSÃO:
A /lisocoria mais alguns estigmas lucticos, passado
venereo, etc., vaI e por 1f11W reacção de Wassermann
positiva.
ft
2. CONCLUSÃO:
Anisocor·ia associada a manifestações 11lOrbidas do
s)'ste711a nervoso é indiâo serio do seu comprometti-
menta) tal como se verifica na Tabes, Paralysia Geral.
Esclerose Cerebral, etc.

• 3. CONCLUSÃO:
ft

Anisocoria sl:mples nas affecções do apparelho res-


piratorio fala) com mais frequ,encia) favor da Tu-
berculose) na maioria das ve:;es /ocalüada no apice ou
nas pleurisias não tuberculosas; nas pneumonias, etc".
a
4. CONCLUSÃ.O:
N a A 11 isocoria bem il1tcrpretada a anomalia al'-
I

parente) temos a indoicação do lado da lesc1o. pelo metf.o


da lesão ma x i111 a.
-70- •

s.e CONCLUSÃO:

.A /lisocoria teJll sempre o mes,1JlO 7/alor semiotico


dI! localisaçüo) lIlesmo /las 11l0/estias não infecciosas.
Poderiamos falar ainda das Ani socorias perma-
nentes paralyticas, ou das transitorias ou espasmo-
dicas. As primeiras indicam a chronicidade 01l maior
dllraçílo da mo/estia . as segllndas indica1ll a actualida-
de da llIo/estia e se referem ou estão em relação ao esta-
do agudo. passageiro.
Não é regra absoluta, ahi fica porém a lembran-
ça desse facto .
Devemos, portanto. interpretar devidamente toda
Anisocoria.
Terminando o nosso trabalho inaugural estamo
cunvencidos do

VALOR SEMIOTICO DA ANISOCORIA

-~'-o' .
• HIBLlO .HAl'llIA:

~ "l l l 1. . • • • •

re (1 q26) . . .
E. SCygc lI1 e P. Gcoryc -, Le syndrome phrellhlue p~ptl­
[aire dans les affections pleuro-pulmonéiire.:i (Presse Medlcale
.2~ Abril 1928 ) .
LOHis Ra,lllolld Conferenees de Clinique -:\ledicale Prati-
q1Je (T-II-III-IV-V-VI series).
CIl . H. May . Manuel des maladies de I'oeil (1923).
F. Lo persoJlne et 'A. Cantonllet - Manuel de neurologie
oculaire (1923).
L. T estut Preeis d' Anatomie Deseriptive (1922).
P. GiNs Anatomie Elementaire des centres nerveux et
du sympathique chez l'homme (1927).
Collet Pathologie Interne· I e II tomos (1926).
R. S . T eix evra Mendes Manual de Semiotica Nervosa
(1926) .
R . S. T eixeira M e1ld es Elementos de N evriatia (1923).
JaHuorio Cicco - Um medico de Provinciü (1928 J •
Notas de aulas: de neurologia, de clinica medica, de psy-
chial,ria .
Pitrcs, Vaillard, La.igl/cl-LavastÍIlC Müladies des nerf
peripheriques et du sy'mpathique (1924).
M ol/teiro Roças Al1isocoria nas psychoges (The e 1902).
,
\ TISTO. Secretaria da Faculdade de Medicina. do
Rio de Janeiro, 19 de Novembro de 1928.

Ribeiro de Almeida.

Pelo Secretario.

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