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mavignier

max bill
wollner
max bill mavignier wollner
max bill mavignier wollner

60 anos de
arte construtiva
no brasil
juan manuel bonet

1ª edição
São Paulo
Dan Galeria
2010

4
sumário

apresentação 9
peter cohn

bill-brasil: uma história transatlântica 11


juan manuel bonet

da construção à desconstrução 30
ferreira gullar

max bill 33

biografia de max bill 60

almir mavignier 63

biografia de almir mavignier 74

wollner 77

galáxia gestalt 78
andré stolarski

entrevista com wollner 79


andré stolarski

biografia de alexandre wollner 104

max bill
variation 4
detalhe

7
60 anos de arte construtiva
a dan galeria, já há alguns anos, tem direcionado suas
exposições e eventos para artistas do movimento
construtivista brasileiro. publicou o livro lothar charoux,
a poética da linha, com uma exposição simultânea ao
mam, ambas premiadas pela apca. expôs lygia clark,
fiaminghi, sacilotto, mavignier e a coletiva arte concreta
e neoconcreta, da construção à desconstrução.
neste ano de 2010, em que se comemora os
60 anos de arte construtiva no brasil, a dan galeria
propôs-se a realizar uma mostra que remete à gênese
deste movimento, reunindo obras de max bill e de
dois de seus alunos brasileiros da escola de ulm:
mavignier e wollner.
são dois mestres do design e da pintura concreta,
artistas exclusivos da dan galeria e integrantes do grupo
de artistas hoje objeto de estudo e reconhecimento
pela crítica e colecionismo internacionais.
assim como a escola de paris foi fundamental
para a história do modernismo brasileiro, a chegada das
obras de max bill em 1950, sua exposição retrospectiva
do masp em 1951 e o 1º prêmio da bienal de são paulo,
no mesmo ano, configuram o momento histórico do
recém iniciado movimento construtivo, como muito
bem se lê no abrangente estudo de aracy amaral, em
seu livro projeto construtivo brasileiro.
um dos aspectos mais sedutores da arte
construtiva está na explicitação do belo, através da
harmonia das relações matemáticas, subjacente a toda
realidade visível. o construtivismo substitui a mimese
naturalista, indo ao âmago das estruturas.
ponto, linha, plano, construções geométricas,
estruturas subjacentes a tudo que nos rodeia, são
tomados e nos remetem ao belo, em sua gênese.
esta exposição simultânea à 29ª bienal de
são paulo dá sequência às mostras construtivas
na dan galeria apresentando pinturas, serigrafias e
plottergrafias históricas e atuais, num total de 52
trabalhos e várias mídias.
há que destacar nossos agradecimentos pela
colaboração especial da editora cosac naify, de
andré stolarski, de augusto de campos, de alexandre
wollner e de ferreira gullar que, com seus trabalhos,
cooperação e autorizações, ajudaram a viabilizar a
mostra e esta publicação.
maviginer
brasil rotação
detalhe peter cohn

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bill-brasil: uma história transatlântica
juan manuel bonet

país onde as vanguardas conheceram um importante e primeiro diretor do mam, inaugurou o museu em
desenvolvimento a partir de 1922 – ano da semana 1949, com a extraordinária coletiva do figurativismo
de arte moderna de são paulo – o brasil não esteve, ao abstracionismo, na qual participaram, entre outros,
no entanto, na linha de frente no que se refere à arp, jean-michel atlan, calder, waldemar cordeiro,
abstração. na realidade, sua entrada aqui se deu muito robert delaunay, jean dewasne, cícero dias,césar
lentamente. a primeira obra abstrata e construtivista domela, samson flexor, hans hartung,auguste
brasileira, também em 1922, não foi um quadro, mas herbin, kandinsky, kupka, fernand léger, alberto
um trabalho tipográfico: a capa anônima e de forte magnelli, miró, francis picabia, serge poliakoff, alfred
“sabor” russo da revista modernista paulista klaxon, roth, sophie taeuber-arp, georges vantongerloo, victor
órgão de um grupo capitaneado por mário de andrade, vasarely, jacques villon...
connoisseur das vanguardas européias, incluindo o uma das exposições mais arrojadas do masp,
futurismo e o l’esprit nouveau. em sua primeira fase, foi a dedicada ao suíço max
e, recontando as relações do brasil com o bill em 1951. o artista, que não pôde comparecer à
construtivismo, o que segue acontece no campo inauguração, deixou instruções precisas para a sua
da arquitetura, na expressão dos pioneiros gregori montagem que incluía pinturas, esculturas, obra gráfica,
warchavchik, o também pintor flávio de carvalho, lúcio cartazes, objetos, maquetes e fotografias de edifícios.
costa, oscar niemeyer... bardi conheceu max bill na milão de 1945. geraldo
sempre em sintonia com o l’esprit nouveau, temos ferraz, um dos poucos críticos brasileiros receptivos
que recordar, em 1937, o ministério de educação à mostra, escreveu uma resenha no periódico carioca
e saúde no rio, uma obra na qual colaboraram o jornal e a revista habitat, de lina bo bardi, em cujo
lúcio costa, oscar niemeyer e le corbusier – muito segundo exemplar aparecia o artigo de max bill
vinculado ao brasil – como supervisor do projeto que “beleza provinda de função e beleza como função”,
é complementado por azulejos de candido portinari e naturalmente também apoiou a mesma.
pelos jardins de roberto burle max. quanto à bienal, reencontramos, nas glórias de sua
o terceiro salão de maio paulista foi em 1939, primeira edição, o nome de max bill que obteve o grande
um marco no conhecimento da abstração pelo público prêmio de escultura com a unidade tripartida (1948-
brasileiro. flávio de carvalho, personalidade marcante e 1949), uma peça de aço inoxidável baseada na cinta de
multifacetada do modernismo brasileiro, conseguiu trazer moebius, que hoje faz parte da coleção do mac/usp.
entre outras, obras de josef albers, alexander calder, hans em 1952, niomar moniz sodré, diretora do mam
erni, jean hélion, carl holty e alberto magnelli. rio, visitou max bill em seu atelier de zürich e adquiriu
um grande impulso para a configuração definitiva duas esculturas para a coleção do museu.
da modernidade brasileira acontece no pós-guerra. quando triunfou na bienal de são paulo, max bill
a criação do museu de arte de são paulo (masp), (winterthur, 1908 - berlim, 1994) tinha quarenta e três
encabeçada pelo recém chegado italiano pietro anos e uma já importante carreira. formado como
maria bardi, e o museu de arte moderna (mam), ourives na kunstgeverbeschule (escola de artes e
iniciativa de francisco matarazzo, no qual teve lugar ofícios) de zürich (1924-1927), conheceu le corbusier em
wollner
sem título
a primeira bienal de 1951, modificam o cenário 1926 numa de suas conferências e passou rapidamente
detalhe brasileiro das artes. leon degand, o critico belga ao bauhaus (1927-1929) então em dessau, onde foi

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aluno de kandinsky, paul klee, moholy nagy e oskar visión de tomás maldonado. um pouco mais tarde, que para alfredo hlito, o citado kosice, juan melé, lidy morar no conjunto do pedregulho”. em conferência
schlemmer, entre outros. em 1930 se estabeleceu seria um dos entrevistados por kosice em seu livro prati e outros artistas da vanguarda portenha, o suíço aos estudantes de arquitetura paulistas, o suíço seguiu
como arquiteto em zürich. durante os anos seguintes geocultura de la europa de hoy (buenos aires, losange, era, para ele, naquele momento, um clarão de luz. em sua linha de ataque contra o que considerava
participou como pintor – um pintor interessadíssimo 1958). outra publicação relevante daqueles anos, à em 1955, maldonado foi autor de uma monografia o “academicismo moderno” brasileiro: demasiada
em matemática – nas principais iniciativas destinadas qual esteve vinculado, foi a espetacular spirale (1953- sobre max bill, publicada em seu editorial nueva visión. forma orgânica e gratuita imitada de arp e le corbusier,
a consolidar uma frente construtivista na europa, entre 1964), de berna. dirigida por marcel wyss, contou rapidamente a relação entre os dois se deteriorou e o demasiadas curvas utilizadas de maneira “puramente
elas a abstraction-création de parís, na qual se tornou com a participação de eugen gomringer (nascido na argentino terminou sendo um dos causadores de sua decorativa”, demasiado “pan de verre”, demasiado
grande amigo de um de seus criadores e executores, bolívia) e secretário de max bill por um tempo) e dieter saída da escola, na qual permaneceu inicialmente como “brise-soleil”, demasiados pilotis...
georges vantongerloo, que muito influenciou algumas roth. e, na área das artes plásticas, com colaborações membro de um grupo reitor e mais tarde como seu nessa ocasião, seu principal motivo de irritação
de suas obras concretas durante os anos 40. originais de albers, arp, max bill, lanfranco bombelli responsável máximo – até seu fechamento em 1968. foi outra obra de niemeyer, a galeria califórnia, que
com o tempo, max bill compatibilizou a arte dos (que, com o tempo, muito fez para a difusão da obra desnecessário dizer que max bill não perdoaria considerou terrível, “o fim da arquitetura moderna”.
pincéis com a escultura (as baseadas na cinta de billiana na espanha), camille graeser, leo leuppi, verena o que considerou uma traição e assim, na entrevista a causa, o uso “fantasioso” dos pilotis que comparou
moebius, como a premiada em são paulo), com o loewensberg, richard paul lohse, vantongerloo, mary madrilenha disse o que queria: “em maldonado a “uma floresta virgem da construção”, perguntando-
desenho industrial (incluindo o relógio junghans), com vieira e friedrich vordemberge-gildewart. um grupo também havia muito orgulho, uma vontade incrível se como podem existir no brasil “construções tão
uma excepcional obra tipográfica (são seus os desenhos sem dúvida suíço em sua maioria, mas que também de desempenhar sempre um grande papel, um selvagens”. tudo isso, incluindo sua antes aludida
dos primeiros volumes da obra completa de le corbusier, incluiu alguns alemães, um belga e uma brasileira, a blefe, convenhamos, com toda a sua terminologia defesa de uma arquitetura “modesta e clara”, foi
assim como o do muito conhecido livro de alfred roth escultora mary vieira, membro do grupo allianz, esposa pretensamente criadora”. registrado no nº 14 de habitat, já em1954, ano em que
sobre a nova arquitetura), com a pedagogia, o ensaio, a de carlo belloli, que desenvolveu na cena suíça a principal no âmbito brasileiro, os contatos de maldonado bill retornou a são paulo.
cenografia e com uma produção arquitetônica reduzida, parte de sua carreira. com seus pares foram adiantados, o que na nueva o escândalo se tornou internacional, quando esse
mas de grande qualidade, sempre com base numa tudo que foi dito até agora nos permite apreciar visión se traduziu na presença de bardi ou de geraldo registro foi incluído no “report on brasil” do número
percepção “modesta e clara” já manifestada em sua a hiperatividade de max bill (que o autor destas linhas de barros, com suas buscas fotográficas, assim como de outubro da londrina architectural review, na qual
própria casa em zürich (1932-1933). entrevistou em 1980 para o jornal madrilenho el país, na participação do argentino, em 1951, no curso de arte também se encontravam outras opiniões de walter
artista completo, transitou em códigos por ocasião de sua retrospectiva no museo español moderna, organizado em teresópolis, pelo compositor gropius, do japonês hiroshi ohye e de ernesto rogers.
internacionais sem nunca deixar de lado a política de arte contemporáneo), seu profundo conhecimento hans joachim koellreutter, já presente nas páginas de em madrid, o texto foi reproduzido naquele
suíça. entre 1967 e 1971 chegou a ser membro da tradição à qual associava seu projeto (nessa arte madi universal. mesmo ano no nº 163 da revista nacional de
do parlamento, fazendo parte do grupo dos entrevista falou com admiração sobre torres-garcía), em 1953, o mam do rio apresentou uma mostra arquitectura, que o recuperou da revista de arquitectura
independentes. em 1936 obteve, com seu desenho e seu caráter batalhador. este teria a oportunidade dos concretistas argentinos, precisamente em maio de de buenos aires. além de niemeyer, max bill estava,
do pavilhão suíço, o prêmio de honra na trienal de de manifestar-se em seu trabalho entre 1953 e 1956, 1953. graças a um convite de niomar moniz sodré, na realidade, atacando seu admirado antecessor
milão. é belíssima a sua série quinze variations sur na condução da hochschule für gestaltung (escola max bill finalmente visitou o brasil, pronunciando le corbusier, o único nome próprio citado naquela
un même thème (parís, cahiers libres, 1938), de título superior da forma) de ulm, escola conhecida pela sigla conferências no rio de janeiro e em são paulo. conferência.
e atmosfera tão musicais: “se um tema estrutural hfg, e que seria considerada como a continuadora no rio, onde “topou” com maldonado, sabemos o debate resume tudo muito bem, incluída a ácida
nasce cumprindo uma lei de desenvolvimento e não mais direta do bauhaus. escola, cujo austero e que conheceu manuel bandeira, roberto burle marx, resposta do próprio niemeyer em sua revista módulo
arbitrariamente, admite uma multiplicidade infinita de confortável edifício, foi obra sua e na qual confluíram lúcio costa, oscar niemeyer, abraham palatnik, lygia e o capítulo “a afirmação de uma escola” do livro de
possibilidades”. em 1944 organizou, desenhando talentos muito diversos. em alguns casos como pape, affonso eduardo reidy e os irmãos roberto. em hugo segawa arquiteturas no brasil: 1900-1990 (são
também seu cartaz, a coletiva konkrete kunst na professores integrados ao seu “claustro” (otl aicher, são paulo encontrou os bardi, geraldo de barros, sergio paulo, 1998, edusp). ainda sobre o tema, também
kunsthalle de basiléia, para a qual retomou, como vinha inge aiger-scholl, josef albers, max bense, karl gerstner, milliet, mário pedrosa, alexandre wollner... devem ser vistos o ensaio de maría amalia garcía “max
fazendo há alguns anos, o conceito de arte concreta johannes itten, tomás maldonado, abraham moles, entrevistado por flávio de aquino na popular bill on the map of argentine-brazilian concrete art”, em
criado por theo van doesburg. walter peterhans, friedrich vordemberge-gildewart), revista manchete, manifestou-se contra o emblemático building on a construct: the adolpho leirner collection
no ano seguinte editou as 11 configurations de e em outros como conferencistas (reyner banham, e corbusiano ministério de educação e saúde, incluindo of brazilian constructive art at the mfah, houston, the
arp, um de seus inspiradores, muito embora não herbert bayer, os eames, r. buckminster fuller, seus pilotis e os azulejos de portinari, e contra o museum of fine arts, 2009, e o artigo da mesma
demonstrasse as mesmas inclinações ou o seu sentido walter gropius, mies van der rohe, joseph rickwert, conjunto da pampulha de niemeyer, que considerou autora: “tensões entre tradição e inovação: as críticas
de humor. em 1947 expôs com anton pevsner e karlheinz stockhausen, norbert wiener). uma lista de “um barroquismo excessivo” com suas “curvas de max bill a arquitetura moderna brasileira”, em
com vantongerloo na kunsthaus de zürich, tendo sido enorme de nomes, embora só enumere aqui alguns caprichosas e gratuitas”. do ponto de vista social, concinnitas, nº 16, rio de janeiro, junho de 2010.
novamente o autor do cartaz da mostra. na paris exemplos que falam da continuidade relativa à bauhaus criticou como demasiadamente luxuoso o bloco de max bill é sempre fascinante, mesmo quando
de 1951, aimé maeght editou sua monografía sobre e também da capacidade de conexão com uma nova apartamentos de lúcio costa no parque guinle do rio. equivocado, como é manifestamente o caso frente
kandinsky. coincidentemente, naquele mesmo ano e safra, especialmente pelo lado científico. entre os o único edifício que encheu seus olhos foi uma à arquitetura brasileira. releio uma vez mais minha
naquela mesma cidade, recebeu o prêmio que levava alunos, cinco brasileiros: frauke e elke koch-weser, almir obra de reidy, o conjunto residencial de pedregulho, entrevista de 1980 com ele e, enquanto seu ataque
o nome do artista russo. no âmbito latino-americano, mavignier, alexandre wollner e mary vieira – que em seu também no rio. contra os cinéticos, aos quais qualifica de circenses me
cabe mencionar a presença, à distância, deste suíço, país natal havia sido aluna de guignard e que permaneceu à crítica do barroquismo, lúcio costa respondeu parece previsível, a admiração que manifesta por giorgio
na buenos aires concreta dos anos 40. seu nome e por muito pouco tempo em ulm. com ironia à própria manchete: “não descendemos de morandi me surpreende positivamente. lembro-me
sua obra aparecem sucessivamente em importantes tomás maldonado, um dos pintores mais relojoeiros, mas de fabricantes de igrejas barrocas”. então que, no ateliê deste último em bolonha, girava no
revistas como arte madi universal de gyula kosice, significativos da cena geométrica argentina, fundador os elogios a pedregulho foram repetidos por max bill no teto uma leve escultura do suiço, de quem também, na
ciclo de aldo pellegrini, ver y estimar de jorge romero em 1945 da asociación de arte concreto-invención, jornal tribuna da imprensa, numa entrevista intitulada biblioteca, certamente havia algum livro com dedicatória.
brest, contemporánea de juan jacobo bajarlía, e nueva conheceu max bill na zürich de 1948. da mesma forma pelo romeno stefan baciu de “max bill gostaria de alexandre wollner (são paulo, 1928), a partir

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de 1950, havia se formado no instituto de arte lo na extensa entrevista concedida a andré stolarski entre os conferencistas, alguns nomes já mencionados – e 1958; e onde foi especialmente sensível aos
contemporânea do masp. o excepcional corpo docente (alexandre wollner e a formação do design moderno da escola alemã: aicher, max bense, maldonado, ensinamentos de albers, com quem aprendeu a amar o
daquele centro incluía, além de bardi, seu fundador e no brasil: depoimentos sobre o design visual brasileiro, moles... quadrado. sua primeira individual européia aconteceu
diretor, criadores e intelectuais tão interessantes como são paulo, cosac naify, 2005), emprega palavras pouco indiscutivelmente, wollner, um dos grandes em 1955, na galerie 33 de berna. construção e
roger bastide, lina bo bardi, leopoldo haar, aldemir amenas (“ele era terrível; as pessoas sofriam porque nomes do design brasileiro,que fez contribuições intuição dialogam em nove quadrados (1956). em
martins, flávio motta, jacob ruchti e roberto sambonet. ele bronqueava, chutava, xingava”), e até mesmo extensamente difundidas na vida cotidiana do país, 1957, um “one man show” no museum ulm, e outro
o primeiro contato de wollner com a obra de max reconhece que herdou essa legendária dureza billiana. alexandre wollner que se destacam por sua simplicidade e eficácia na galerie gänsheide 26 de stuttgart, este com um
cartaz para a coletiva
bill, que ele recorda como algo de tão excepcional desse período é o cartaz verde-amarelo de wollner brasilianischer künstler, gráfica, depois de ulm, como já mencionei, nunca catalogo prefaciado por max bense, responsável pela
importância, que sua primeira sensação foi de absoluta para a coletiva brasilianischer künstler, celebrada em haus der kunst de retornou à prática da pintura - à qual fez tão brilhantes sala. na düsseldorf de 1958, expôs com o grupo zero.
münich, 1958
paralisia, aconteceu precisamente em 1951, quando 1958, na haus der kunst de münich. contribuições antes de sua estadia alemã. 1964 o viu participar na documenta de kassel, e –
bardi lhe pediu para colaborar na instalação da já no ano seguinte, já no brasil, mencionemos outro o outro discípulo brasileiro de max bill e de dentro do pavilhão brasileiro – na bienal de veneza, uma
mencionada retrospectiva do suíço. da mesma forma magnífico cartaz seu, anunciador do congresso da ulm, almir mavignier (rio de janeiro, 1925), residente dobradinha que se repetiria quatro anos depois. em
foi impactado, naquele mesmo ano, por outra mostra aica, que se celebrou em brasília, rio e são paulo, sob o desde 1965 em hamburgo, de cuja hochschule 1965, foi incluído na coletiva do moma nova-iorquino
no masp dedicada ao cartaz suíço. as primeiras significativo lema a cidade nova, síntese das artes. für bildente kunst foi professor, compatibilizou, no the responsive eye, que marcou o apogeu do “op
realizações tipográficas do “caçula”, algumas delas para conhecer em profundidade a obra de wollner entanto, o trabalho no âmbito da pintura com notáveis art”, uma tendência com a qual mavignier manifestou
para a filmoteca do mam, revelam a ênfase que ele como designer, dispomos de diferentes monografias, contribuições no campo do design, especialmente como pintor, naquele momento, certa afinidade. em
deu à influência de tudo aquilo, especialmente às a mais importante das quais é a publicada em 2003 do cartaz. seu primeiro professor de pintura foi o 1968, apresentou sua obra na kestner-gesselschaft
considerações de max bill. geraldo barros - pintor e pela cosac naify, sob o título design 50 anos que, entre húngaro arpad szenes, refugiado no rio durante os anos de hannover, com catálogo novamente prefaciado por almir mavignier
cartaz para a retrospectiva
fotógrafo - foi colaborador ocasional em algumas dessas outros textos contém um vasto e autobiográfico escrito da segunda guerra mundial, junto com sua mulher, a bense. gomringer, assessor artístico da empresa de vordemberge-gildewart
realizações, nas quais também dava seus primeiros do próprio artista e um texto breve, mas perfeito de um portuguesa maria helena vieira da silva, dois nomes de porcelana rosenthal, incorporou naqueles anos o no museum-kunstverein
de ulm, 1955
passos. graças a ele, wollner tornou-se um pintor de seus pares, o poeta concreto décio pignatari, que muito queridos para o autor destas linhas, que os brasileiro ao seu programa, da mesma forma que a
concretista e passou a integrar-se no pioneiro grupo emoldura seu caso no contexto dos brilhantes fifties alexandre wollner conheceu ainda menino e que com eles conviveu max bill e a muitos outros artistas de vanguarda. em
ruptura, fundado em 1952, e do qual também faziam brasileiros: “anos 50, a mais extraordinária década cartaz premiado, com frequência por muitos anos. naquele tempo, 1973, expôs em düsseldorf, na sala conjunta de denise
terceira bienal de
parte o citado, lothar charoux, waldemar cordeiro, construtiva do brasil internacionalista: bienal, masp, são paulo, 1954 mavignier dirigiu um atelier de artes plásticas para rené, a grande galerista da geometria do pós-guerra, e
kasmer féjer, leopoldo haar, judith lauand, mauricio vera cruz, brasília, arte e poesia concreta, indústria internos no hospital do engenho de dentro. suas hans mayer. em 1985, ano em que recebeu o prêmio
nogueira lima, luiz sacilotto e anatol wladyslaw. automotiva, futebol. e a liberdade, que tudo envolvia, primeiras tentativas abstratas, entre o geométrico e o anton stankowski, sua obra pode ser contemplada,
com o ruptura inicia-se a aventura do concretismo criando aura e clima para grandes surtos abdutivos, orgânico, datam de 1947 e, seus contatos com milton sucessivamente, em dois espaços alemães chave para
brasileiro. dos extraordinários quadros, com os quais depois da mortífera barbárie hitlerista”. em seu texto dacosta, abraham palatnik, o crítico mário pedrosa, os artistas da tradição construtiva, o bauhaus-archiv de
wollner contribuiu, feitos com esmalte sobre duratex, autobiográfico, wollner recorda que conheceu pignatari ivan serpa, e mary vieira se intensificaram. em 1949, berlín, e o josef albers museum, de bottrop.
mencionemos o de 1953 que foi propriedade de em ulm, de onde havia chegado procedente de paris, passando pelo rio, conheceu maldonado. em 1951, é espetacular o trabalho de cartazes de
adolpho leirner e que hoje está, como o restante dessa e onde lhe apresentou gomringer. também recorda também se impressionou com a retrospectiva max mavignier. seu cartaz horizontal de 1955 para a
coleção, no museum of fine arts, de houston. que, quando retornou ao brasil, fundou com geraldo bill do masp. naquele mesmo ano participou – tal retrospectiva de vordemberge-gildewart no museum-
outra grande experiência para o aprendiz de de barros, rubens martins e outros, a forminform. qual serpa, que recebeu um prêmio de aquisição – da kunstverein de ulm pode ser qualificado de obra
pintor foi sua colaboração, em 1953, nas tarefas de nos textos, teve a colaboração de pignatari, com bienal de são paulo e foi para paris, onde conheceu prima pré-minimalista: um fundo vermelho e duas
montagem da segunda bienal. ali, teve a oportunidade quem voltaria a contar em múltiplas ocasiões. da vantongerloo e estudou na grande chaumière com linhas de tipografia, ambas em caixa baixa; a primeira
de contemplar obras primas da vanguarda internacional, mesma maneira, o poeta o convida para dar forma jean dewasne. sua abstração evoluiu do orgânico ao camada em branco e a segunda, em um tipo menor,
alexandre wollner
muitas pertencentes a artistas inscritos no horizonte ao formidável suplemento semanal invenção, que cartaz premiado em sistemático, sem renunciar de todo ao intuitivo. no combinando novamente essa camada em branco
da geometria, com destaque para as obras dos neo- publicava no correio paulistano com os irmãos augusto concurso internacional, ano seguinte, seu encontro com max bill aconteceu e umas quantas palavras em preto. destaca-se
quarta bienal de
plasticistas holandeses. presente nessa edição da e haroldo de campos e com mário chamie. são paulo, 1957 em zurich, por intermédio de mário pedrosa e mary sua colaboração, nos finais daquela década, com
bienal, com três de seus quadros, recebeu o prêmio de do discurso mais teórico de wollner nesse vieira. o pintor não só lhe mostrou seu ateliê como o museum ulm, para o qual cria um tipo de cartaz
pintura jovem revelação flávio de carvalho. e seriam interessantíssimo livro, destaco o que faz referência também o introduziu aos ateliês de camille graeser, que ele mesmo qualifica de modular, no qual certos
seus os cartazes da terceira (1955) e quarta (1957) à mencionada capa construtivista de klaxon, verena loewensberg e richard paul lohse. também em elementos compositivos e cromáticos se repetem
bienais, realizados desde ulm. considerando-a como a pedra fundamental do companhia de pedrosa o brasileiro visitou morandi em como constantes, dando lugar a uma arte da variação.
durante seus anos de ulm (1954-1958), wollner desenho gráfico brasileiro e reproduzindo a de seu bolonha. inicialmente, max bill não aceitou mavignier da mesma forma, destaco seu belíssimo cartaz de
realizou seu sonho de aprender com o mestre suíço primeiro número. como aluno - está claro que era um professor que 1958, para uma dupla exposição em munique sobre
e grande herdeiro da bauhaus, inicialmente reticente em 1963 era inaugurada no rio, a escola superior começava dizendo que “não”- o que o levou a optar brasília, utopia então em construção, e sobre burle
em aceitá-lo como aluno. o brasileiro, que em ulm de desenho industrial (esdi) dirigida por maurício por estudar em stuttgart com willi baumeister. marx. gosto muitíssimo de outro cartaz seu, de
abandonou a pintura, optando pelo design, tirou roberto, grande figura da arquitetura modernista finalmente, mary vieira intercedeu por seu 1960, novamente horizontal, que fez para divulgar uma almir mavignier
cartaz para dupla
muitas e boas fotografias da hfg, de seus professores brasileira – como seus irmãos marcelo e milton – que compatriota, que pôde incorporar-se a ulm, onde exposição de antonio calderara no studio f, também exposição sobre brasília e
– sempre se sentiu em dívida com aicher, em cuja representava, não sem dificuldades, a adaptação das esteve entre 1953 – ano em que enviou obra ao de ulm, o maravilhoso pintor italiano antonio calderara. burle marx em munique,
alemanha, 1959
aula fez um bonito esboço de cartaz para a panair do propostas ulmianas ao meio brasileiro. ali presentes alexandre wollner salon des réalités nouvelles de paris, um dos temos que recordar a monografia (milán, all’insegna del
cartaz cidade nova,
brasil – e de seus condiscípulos. relembra de muitos estavam wollner e pignatari, dois outros ulmianos, karl síntese das artes, principais encontros para aqueles que, naqueles anos pesce d’oro, 1965), a ele dedicada pelo grande poeta
anunciando o congresso
ocorridos ulmianos e dos conflitos que desembocaram heinz bergmiller e paul edgard decurtins e, durante um de esmagador predomínio informalista, seguiam e conhecedor de arte murilo mendes, também amigo
da aica, brasília, rio de
na já mencionada saída do criador max bill. para evocá- tempo, a bibliotecária da escola alemã, andrea schmidt. janeiro e são paulo, 1959 empenhados em empunhar a bandeira da geometria de mavignier, a quem em 1963, fez expor em roma e

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sobre quem escreveu em 1964, no catálogo do citado livro breve e feliz, alimentado por quatro viagens
envio brasileiro à bienal de veneza. sucessivas entre 1961 e 1964.
de 1960 é, em preto sobre branco, form, o bense-brasil são os poetas concretos. o alemão
primeiro dos “additive plakate” ou “cartazes aditivos” colaborou em invenção e divulgou na europa o trabalho
de mavignier, de “poderosa visualidade”, como coloca de seus amigos brasileiros. haroldo de campos
aracy amaral. há uma fotografia daquele ano em que prefaciaria sua pequena estética (são paulo, perspectiva,
se pode comprovar quão bem funcionam na rua, vários 1971). bense-brasil são o aleijadinho, diante do qual
exemplares justapostos daquele cartaz, à base de cuja confessa não sentir a admiração que sentia por mário
acumulação se cria uma potente estrutura de repetição. de andrade, os arquitetos (lúcio costa, niemeyer, reidy,
max bill, alexandre wollner, almir mavignier: três de quem admira seu modo de utilizar… os pilotis),
artistas totais, três grandes figuras da segunda onda da a engenheira carmen portinho, alfredo volpi, sobre
abstração geométrica e três grandes nomes também do quem diz coisas especialmente sutis, bruno giorgi,
desenho gráfico e, no caso dos dois primeiros, industrial. waldemar cordeiro, lygia clark, ferreira gullar e outros
as peças reunidas pela dan galeria para a mostra neo-concretos, mira schendel, os designers, mário
que o presente catálogo documenta, nos falam do pedrosa, brasília (“incontestável proclamação brasileira
interesse e da vigência de suas respectivas obras. da inteligência cartesiana”), visitada em companhia
um exemplar do original quinze variations sur un même de joão cabral de melo (na contracapa desta edição almir mavignier
“additive plakate” ou cartazes
thème, e um admirável conjunto de seis quadros, de brasileira se reproduz seu poema. ”acompanhando aditivos, 1960
extrema pureza, exatidão, beleza e perfeição, realizados max bense em sua visita a brasília,1961”), um
por max bill entre 1959 e 1975, dentro de uma poética memorável almoço carioca com guimarães rosa e
em grande medida devedora do neo-plasticismo, e que, clarice lispector, e os jardins de um burle marx que vê
expostos no stand da galeria paulista na última arco como um raro herdeiro do cartesiano andré le nôtre...
madrilenha, constituíram uma ilha de quietude e uma das precisamente o diálogo entre o cartesiano e o tropical,
melhores surpresas da feira. entre o orgânico e o geométrico, foi o que seduziu max
do período concreto de wollner, um quadro bense –muito diferente nisso de max bill – no brasil, país
acompanhado pelas vinte plottergrafias que compõem para ele de singular “clareza intelectual”, onde o rio era
o ciclo formulação, interação, articulação, (2005-2009), “a cidade como prolongamento da natureza habitável”,
no qual retoma o motivo que lhe havia inspirado uma e brasília “a cidade como prolongamento da inteligência
constelação de seis pinturas (1953), documentada em emancipada”. no livro de max bense estão também,
sua monografia de 2003; e um conjunto de quatro é claro, o próprio max bill, alexandre wollner – autor de
quadros quadrados – os quatro de um metro por um um texto sobre o alemão, incluído na orelha do volume
metro – de mavignier, escalonados entre 1973 e 2008, e almir mavignier. juntos novamente nessas páginas, e
aos quais se acrescenta outro ciclo de cinco serigrafias agora nesta mostra da dan, como no ulm fifties onde se
vibrantes e de grande dinamismo, rotação brasil (1992). haviam entrelaçado, na hfg, os destinos dos quatro.
composições que trazem à nossa memória o neste ano de 2010 se celebrou, no zentrum
que aracy amaral escreveu a propósito do quanto für kunt und medientechnologie de karlsruhe, outra
brasileiro é o pintor, desde o ponto de vista cromático: mostra, intitulada bense und die künste – “bense
“no pigmento puro, a luminosidade do país tropical e as artes”. assim, no plural – na qual estavam
permanece”, algo que também está claro em seu representados bill e mavignier, juntos a, entre outros
cartaz de 1957 para uma exposição de cândido (em sua maioria vinculados à historia que se tratou
portinari em munique. de contar aqui) lygia clark, waldemar cordeiro,
se bill-brasil derivou eventualmente em um augusto e haroldo de campos, bruno giorgi, mathias
desencontro, no que se refere à arquitetura, outro goeritz, gomringer, aloísio magalhães, françois
ulmiano, max bense (strasbourg, 1910 - stuttgart, morellet, pignatari, dieter roth, mira schendel e anton
konkrete kunst
1990) ficou absolutamente fascinado pelo país, tal stankowski; embora seja interessante sinalizar que capa e quarta capa do
como se pode deduzir de alguns de seus poemas compartilhavam cartazes com artistas inscritos em catálogo com a relação dos
artistas concretistas da
e sobretudo de seu livro em forma de diário outras linhas de trabalho, como georges mathieu, henri exposição. junho/agosto
brasilianische intelligenz: eine cartesianische reflexion michaux, ou wols, cujas presenças contribuíam para de 1960 zurique, suiça

(wiesbaden, limes, 1965 – capa com o símbolo do fazer entender a amplitude do olhar bensiano.
quarto centenário do rio por aloísio magalhães).
livro que agora finalmente pude ler na tradução
portuguesa de tercio redondo: inteligência brasileira:
uma reflexão cartesiana (são paulo, cosac naify, 2009,
com um interessante posfácio de ana luiza nobre).

16 17
konkrete kunst
páginas, 27, 31, 39 e 43 do
catálogo, com obras de
max bill, alexandre wollner e
almir mavignier, entre outros.

18 19
revista habitat nº 2
max bill - beleza
provinda de função e
beleza como função -
pp 61-65, são paulo,
janeiro-março, 1951

20 21
noigandres nº 1 antologia noigandres nº 5
a campos, d pignatari, a campos, d pignatari,
h campos h campos, josé lino
capa: décio pignatari grünewald, ronaldo azeredo.
1952 capa: homenagem do
grupo noigandres a alfredo
volpi, primeiro e último
grande pintor brasileiro
1962

poetamenos, 1953-1973
augusto de campos
edições invenção
são paulo, brasil -1973

22 23
poetamenos paraíso pudendo
poema do livro poema do livro
homônimo poetamenos

24 25
lygia fingers nossos dias com cimento
poema do livro poema do livro
poetamenos poetamenos

26 27
eis os amantes dias dias dias
poema do livro poema do livro
poetamenos poetamenos

28 29
da construção à desconstrução
ferreira gullar

a arte concreta e neoconcreta pertencem hoje para a nova experiência artística que, no rio, sob a
à história da arte brasileira e sobre elas já muito se influência de mário pedrosa, mobiliza jovens artistas
refletiu e escreveu, em função mesmo do papel que como ivan serpa, almir mavignier e abrahão palatnik.
desempenharam no curso dessa história. já desde o início, verificam-se diferenças entre os
por determinadas razões a crítica e os amadores de grupos paulista e carioca, mostrando-se este mais
arte costumam associar esses dois movimentos como eclético, conforme se verifica na composição do grupo
se um fosse uma variação do outro, quando na verdade frente, que já então reúne, artistas tanto de linguagem
são contraditórios e conflitantes. geométrica quanto figurativa ou abstrato-expressionista
a arte neoconcreta poderia, sob certos aspectos, e até mesmo pintores naives. já o grupo ruptura, de
ser vista como anticoncreta, se se leva em conta que são paulo, é mais coerente na sua opção concretista.
surgiu da negação dialética da arte concreta. talvez esteja aí a explicação para o desenvolvimento
não obstante, aquela não teria existido sem esta, diferente que terão as idéias concretistas num e manifesto ruptura,
são paulo, 1952
mesmo porque a própria expressão “negação noutro grupo. mas isso só se explicitará, mais tarde,
dialética” implica o envolvimento com o que é quando o nascimento da poesia concreta incute
negado. de fato, a arte concreta, ao surgir no brasil novo entusiasmo no movimento, de que resulta a I
no começo dos anos 50, provoca uma ruptura com exposição nacional de arte concreta, inaugurada em
a tradição modernista que se mantinha hegemônica são paulo, em dezembro de 1956 e transferida para o
desde 1922. essa ruptura consistiu em propor ao rio, em fevereiro do ano seguinte. essa junção das
artista brasileiro novas questões relativas à concepção obras dos dois grupos, numa mesma mostra, tornou
artística e à linguagem da arte, pondo de lado como evidentes as diferenças entre eles.
superados os valores que o modernismo impusera.
em lugar da temática nacional ou regional, em lugar fragmento do texto homônimo originalmente publicado
da linguagem figurativa, uma temática universal, no catálogo arte concreta e neoconcreta, da construção
racional e uma linguagem geométrica. à desconstrução - dan galeria - são paulo - 2006
foram essas novas propostas que, por fazerem da
questão formal o próprio tema da obra, precipitariam
um processo estético radical, cujo desfecho foi
a negação delas. contribuiu para isso, de modo
decisivo, o surgimento da poesia concreta que
estendeu para o campo literário propostas semelhantes
às do concretismo plástico. também aqui a negação
dialética da visão concretista gerou a busca de
soluções estéticas novas, que tiveram influência direta
no curso da arte neoconcreta.
a presença das idéias concretistas no brasil se dá
como parte do reatamento do intercâmbio cultural com
poema manuscrito de
a europa, interrompido em função da segunda guerra ferreira gullar
mundial, de 1939 a 1945. o fim do conflito provocou 1956

uma onda de otimismo e renovação que se refletiu capa do suplemento


no campo artístico. a exposição de max bill em são dominical do jornal
do brasil, rio de janeiro,
paulo, em 1950, gerou o primeiro vínculo com a arte do março de 1959
grupo de ulm, herdeiro de algumas idéias da bauhaus
e, mais particularmente, dos conceitos emitidos por
van doesburg, em seu manifesto da arte concreta,
publicado em 1936. esse vínculo novo punha fim a
uma longa dependência da arte brasileira com a escola
de paris. em são paulo, vários artistas, entre os quais
geraldo de barros e waldemar cordeiro, voltavam-se

30 31
max bill

32
gelbe und weisse zone - 1974-75
óleo/ tela
114 cm

34 35
radiation du jaune - 1972-73 sem título - 1972
óleo/ tela acrílica/ tela
33,5 x 33,5 cm 33 x 33 cm

36 37
weiss in grün - 1959-62 strahlung in gruen - 1972-73
acrílica/ tela óleo/ tela
48 x 48 cm 40 x 40 cm

38 39
rote basis - 1959
acrílica/ tela
34,7 x 34,7 cm

40 41
quinze variations sur
un même thème
serigrafia
éditions des chroniques
du jour - paris - 1938
32 x 30,8 cm

42 43
thème variation 1

44 45
variation 2 variation 3

46 47
variation 4 variation 5

48 49
variation 6 variation 7

50 51
variation 8 variation 9

52 53
variation 10 variation 11

54 55
variation 12 variation 13

56 57
variation 14 variation 15

58 59
max bill

1908 max bill nasce em 22 de dezembro em 1932-36 membro do grupo de paris abstraction- uso e ocupação do solo) liderado pelo 1951 grande prêmio de escultura na I bienal de 1967-71 representante do parlamento federal.
winterthur. création e participação em suas atividades. arquiteto hans schmidt na feira nacional suíça arte de são paulo.
em zurique. 1967-74 professor de design ambiental na
1924-27 ingressa no ofício da ourivesaria no 1933 publicação do texto uber 1951-56 reitor da hochschule fur gestaltung em ulm. hochschule fur bildende kunste, em hamburgo.
kungstewerbeschule de zurique. gebäudebeschriftungen. publicação do livro le corbusier & pierre
jeanneret, oeuvre complete, band 3, 1934-1938. designer do pavilhão suíço na IX triennale 1968 prêmio de arte da cidade de zurique;
1925 viagem de estudo a paris para a exposition max bill se une ao grupo de designers di milano. discurso sobre o tema contentment in the
internationale d’art, na qual estava exposto o gráficos que inclui aloit carigiet, richard 1941 criação da allianz publishing house. provincial state.
pavilhão l’esprit nouveau de le corbusier. paul lohse, herbert matter, heinrich steiner, 1952-69 prêmio anual e exposição da campanha
hans trommer e outros da sociedade de 1942 nascimento de seu filho jacob. die gute form iniciada por bill em 1949, 1972 membro da akademie der kunste, berlim.
1927/28 estuda na bauhaus em dessau. designers gráficos independentes, da qual, sob o patrocínio do werkbund suíço.
em 1938, surge o sindicato de designers 1944 criação da revista abstrakt/konkret. 1979 großes verdienstkreuz – grande cruz de
1929 retorna a zurique. começa a trabalhar como gráficos suíços. 1953 viaja ao brasil como membro do júri da bienal mérito da república federal da alemanha.
designer gráfico, arquiteto, designer de 1944/45 leciona a disciplina formlehre (teoria da de são paulo
exposições, pintor, escultor e, a partir de 1934 publicação do texto ausstellungs-reklamebauten: forma), no kunstgewerbeschule de zurique. recebe o título de doutor honoris causa,
1944, como designer industrial. em 1934, halb prospekt, halb architektur. 1955 novo lançamento do livro de wassily da universidade de stuttgard.
desenvolve vários trabalhos de design 1946 publicação do ensaio über typografie. kandinsky, punkt und linie zu fläche.
comercial, a façade signage – identidade 1935 primeira versão da escultura unendliche 1979-83 pavilhão-escultura no bahnhofstrasse,
visual – e designs de exposição para os schleife. 1947 produção em larga escala da escultura publicação dos ensaios essays über em zurique.
grandes projetos do circulo arquitetônico kontinuität no züka; obra destruída em kunst und künstler de kandinsky.
internacional avant-garde de zurique, como 1936 design do pavilhão suíço para a iv triennale 1948 pelo artista. 1985 presidente do bauhaus-archiv, em berlim.
wohnbedarf, a associação (werkbund) di milano; bill recebe vários prêmios participação na documenta 1.
de urbanização ‘neubuhl’, zett-haus, internacionais e é prestigiado pelo conceito criação do institut für progessive culture i.p.c. commandeur de l’ordre dês arts et letters,
corso-theater, pestalozzi & co. do pavilhão. 1957 organização da exposição die unbekannte frança.
1948 palestra schonheit aus funktion und als gegenwart nas vitrines das lojas globus em
1930 publicação do bill-zurich, seu primeiro texto participação na grafa international, funktion na conferência do werkbund suíço zurique, basiléia, st. galen, chur e aarau. 1988 morte de binia bill.
sobre tipografia e design gráfico comercial. exposição de design gráfico comercial na na basiléia, onde a campanha die gut form e,
basiléia, com seus trabalhos. em 1952, o livro form surgiram. 1959 publicação do texto katalogue fur 1990 recebe o helmut-kraft-preis fur bildende
1930-62 membro do werkbund suíço swb. kunstausstellungen 1936-1958. kunste, stuttgard.
participação na exposição histórica 1949 conceito, design e organização da primeira
1931 casa-se com a violoncelista e fotógrafa zeitprobleme in der schweizer malerei und apresentação especial de die gut form na membro da bsa (bund schweizer architekten). 1991 casa-se com angela thomas.
binia spoerri. plastic na kunsthaus de zurique; design do feira da basiléia, também apresentada em
cartaz e catálogo; publicação do texto teórico colônia e outras cidades. participação na documenta 2. 1993 recebe o praemium imperiale, japão.
participa da exposição do círculo neue konkrete gestaltung também no catálogo da
werbegestalter em amsterdã. exposição. publicação do ensaio die mathematische 1960 organização da exposição konkrete kunst, 50 1994 max bill morre no dia 9 de dezembro,
denkweise in der kunst unserer zeit dentro jahre entwicklung no helmhaus de zurique. em berlim.
cria o cartaz da exposição de arte rupestre 1937 bill junta-se ao sindicato de artistas da perspectiva da exposição pevsner,
africana negerkunst, prähistorische felsbilder suíços modernos, allianz. vantogerloo, bill no kunsthaus de zurique. 1961-64 concepção e construção da seção bilden
und gestalten, na feira nacional suíça expo ’64,
südafrikas para o kunstgewerbemuseum publicação do texto die typografie ist publicação do livro robert maillart. em lausanne.
de zurique. der grafische ausdruck unserer zeit (...).
conclusão da série moderne schweizer 1961-68 membro do conselho municipal da cidade
1931/32 realiza a escultura well-releif; em chapa 1938 publicação das litografias quinze variations architekture 1925-1945, sistematicamente de zurique.
pintada de branco. sur un même thème em paris. apresentada a partir de 1938.
1964 membro honorário do american institute
1932/33 design e construção de sua casa-atelier em membro do ciam (congrès internationaux 1950 primeira grande exposição da obra completa of architects.
zürich-höngg com a colaboração do arquiteto d’arquitecture moderne), do qual sigfried de bill em são paulo, brasil, seguida de várias
robert winkler. giedion foi secretário. exposições do mesmo tipo. participação na documenta 3.

1932-34 design da revista information. 1939 design gráfico do städtebau und planejamento do programa e edifícios para 1967/68 design e construção de sua segunda casa
landesplanung (planejamento urbano e de o hochschule fur gestaltung em ulm. e atelier em zumikon.

60 61
mavignier

62
rotação na paralela branco - 1981
óleo/ tela
100 x 100 cm

64 65
interpenetrações vermelho/
verde/ azul/ lilas - 1975 penetração branco/ amarelo - 1973
óleo/ tela óleo/ tela
100 x 100 cm 100 x 100 cm

66 67
branco - 2008
acrílica/ tela
100 x 100 cm

68 69
rotação brasil - 1992
serigrafia/ papel
84 x 59,5 cm

70 71
azulverde sobre marrom - 1978
verde sobre violeta - 1978 óleo / tela
óleo / tela 77 x 52 cm
80,5 x 49 cm

72 73
almir da silva mavignier

1925 nasceu no rio de janeiro. 1958-64 participou do grupo zero com heinz mack,
otto piene, günther uecker, lucio fontana e
1945 terminou o curso colegial científico. piero dorazio, entre outros.

1947-48 estudos de pintura com arpad szenes, 1960-61 projetou, organizou e deu o título para a
axel v. Ieskoschek e henrique boese. exposição novas tendências (“nove
tendencije”) de zagreb.
1951 paris, atelier de la grande chaumière.

1952 viagem com mario pedrosa, visitando em trabalhos


zurique os pintores concretos - max bill,
richard paul lohse, camille graeser, verena 1949 aquarela concreta.
loewensberg - e em bologna, giorgio morandi.
1952-53 paris, pinturas geométricas.
1953-58 hochschule für gestaltung, ulm.
1954 ulm, quadro com pontos.
estudos com josef albers, max bill,
vordemberge-gildewart, otl aicher, tomás 1956 pinturas com retícula, apresentando cor e
maldonado, entre outros. estrutura como fenômenos de percepção visual.

1958 recebeu o diploma no departamento de 1957 pinturas monocromáticas.


comunicação visual.
1959-61 realizou as serigrafias permutações -
1965 casamento com sigrid quarch. programa de multiplicação, que liberta a obra
do controle do artista.
nomeado como professor de pintura na
hochschule für bildende künste (escola de 1962 côncavo-convexo - quadros branco e preto.
belas artes) de hamburgo.
1963 cartazes aditivos, onde a estrutura
1968 nascimento do filho delmar. programada pode adicionar-se
indefinidamente.
2008 vive em hamburgo.
1974 séries de pinturas mono-policromáticas.

atividades artísticas 1975 estruturas monocromáticas que refletem


luz e sombra.
1946-51 iniciou o atelier de pintura e modelagem
no centro psiquiátrico nacional do engenho 1981 divisão e rotação, série com dez pinturas
de dentro, no rio de janeiro, descobrindo os monocromáticas.
artistas: arthur amora, emygdio de barros,
fernando diniz, raphael domingues, adelina 1985 primeiro cartaz onde a informação escrita se
gomes, isaac liberato, carlos pertuis. apresenta em cada lado, permitindo nas ruas
quatro variações
1949 participou do primeiro grupo de arte concreta
no rio de janeiro com ivan serpa, abraão
palatnik e mario pedrosa.

1950 organizou com leon dégand e lourival gomes


machado a exposição 9 artistas do engenho
de dentro no mam de são paulo. apresentou
o cinecromático de palatnik na vernissage.

74 75
wollner

76
galáxia gestalt trechos da entrevista concedida a andré tudo mundo dizia que eu desenhava bem, então me mais de trezentas pessoas, entrei e fui imediatamente
stolarski em seu livro alexandre wollner e a dediquei ao desenho. quando terminei o ginásio, quis procurar o aldemir martins e o poty lazarotto. eles me
andré stolarski formação do design moderno no brasil - aprender pintura. fui procurar um curso na escola de acharam engraçado, logo ficamos amigos. como eu
editora cosac naify - 2005 belas artes. a primeira pergunta que minha mãe fez ao não tinha com o que me ocupar, ficava lá o dia todo
diretor foi: “a escola dá diploma?”. ele respondeu que trabalhando, tentando fazer gravuras. começaram
não. “então nem pensar”. minha mãe queria que eu as aulas: tecnologia da madeira, das pedras, do ferro,
a expressão “fechar a gestalt” significa, grosso poderíamos chamar de uma complexidade regulada.  o que os seus pais faziam antes de chegar ao brasil? fizesse arquitetura, mas eu só queria saber de desenho. fotografia, laboratório. eu não sabia nada.
modo, completar a figura, caracterizar o todo de uma forma, cor, tamanho, contraste, ritmo, tensão, a família do meu pai sempre foi estranha para mim. cheguei a iniciar um curso de belas artes na
percepção. no design gráfico, o fechamento da gestalt escala, textura – enfim, todos os elementos nunca consegui chegar perto. nunca entendi exatamente galeria prestes maia, mas não me interessei pelo você esperava isso?
pode ocorrer em muitos níveis. fecha-se a gestalt constitutivos da linguagem visual – estão ali, não em o que meu pai fazia, mas sei que ele era comerciante e método. então fui cursar o científico no colégio não, só queria desenhar. comecei a perceber meu
de um cartaz, de uma página, de uma marca, de um estado de dicionário, mas de laboratório original, como gostava de futebol - era juiz e treinador. ele era muito caetano de campos. minha mãe conseguiu bolsa de talento na gráfica e fui contratado pela filmoteca do
complexo programa de identidade. num big bang do olhar. o conjunto dessas gravuras, de ligado à colônia iugoslavo-italiana. estudo para mim e para minha irmã, mas eu repetia museu de arte moderna - que ficava ao lado - para
as gravuras desta exposição, são, nas palavras de fato, mostra como wollner se debruça insistentemente quando veio da iugoslávia para o brasil, não definiu de ano, não freqüentava a escola, jogava bilhar, estava fazer os cartazes das sessões das terças e sextas-
alexandre wollner, uma busca pelo fechamento de sua sobre a mesma progressão, investigando os matizes de bem o que fazer, mas se associou a alguém do ramo e totalmente fora do esquema. feiras. fiz o cartaz de uma exposição do saul
própria gestalt. iniciadas como uma série de pinturas sua judiciosa reorganização formal e cromática. passou a coordenar a parte comercial de uma tipografia. steinberg. utilizei letras vermelhas e uma seta preta.
no início da década de 1950, serviram de mote para como designer, alexandre wollner produziu uma nessa época, eu vivia com ele no trabalho. foi uma foi nessa época que você começou a fazer jornal? não sei por quê, ele ganhou a simpatia de algumas
o cartaz da 3ª bienal de são paulo. foram um dos obra extremamente sofisticada do ponto de vista fase muito importante para mim - o cheiro da máquina, eu fazia o jornal do caetano de campos. mas, quando pessoas. uma delas foi o geraldo de barros.
últimos pontos de contato entre a carreira de pintor e formal. quem teve o privilégio de acompanhar seu os tipos que caiam no chão e que eu ficava olhando, meu pai vivia, já tinha feito um jornal no grupo escolar. em 1952, ele ganhou o concurso do IV centenário
a pioneira atuação como designer – uma das principais processo de trabalho, testemunhou a profundidade interessado. de são paulo, e foi contratado para fazer os cartazes
responsáveis pelo amadurecimento da profissão no país. com que seu olhar perscruta aquilo a que chamamos você conhecia o modo de impressão dos jornais? do festival internacional de cinema e da revoada
como muitos trabalhos de matriz construtiva, essas gestalt, varrendo incessantemente o espaço que ele montou uma tipografia em são paulo? sim. na gráfica, eu via como eram produzidos. internacional. como viu que eu sabia e tinha paciência
gravuras são compostas de progressões. conjuntos vai do todo à parte e da parte ao todo, e lentamente montou uma tipografia e foi dono de várias gráficas. eram feitos com linotipo, amarrados, e depois para cortar letras, me pediu ajuda.
de triângulos de diferentes dimensões, que deixam ajustando as relações dessas esferas em si e entre si. passavam por um processo de impressão plana.
entrever os quadrados dos quais se originam, articulam- estas gravuras podem ser vistas como uma você passou a infância trabalhando com ele? gostava muito do cheiro. sobrava jornal, eu pegava essas letras eram recortadas?
se pelo toque de seus vértices. a estabilidade desses ampliação existencial desse raciocínio. no retorno eu ajudava, levava originais para compor textos e ia vender na rua. eu desenhava jornaizinhos para todas recortadas, com papel colorido, não ficavam
quadrados é posta em marcha num vaivém dimensional ao trabalho artístico e à pura investigação formal, o na linotipia. a turma, desde o grupo escolar. como eu ficava graficamente bem feitas, mas não importava: naquele
pelas movimentadas diagonais dos triângulos. designer reafirma não apenas seus métodos, mas trata vermelho com facilidade, meu apelido era “cebolão”. tempo, ninguém reparava nessas coisas.
os pontos de partida e chegada desse vaivém são o próprio trabalho como uma alegoria de sua vida. ele não tinha linotipos na gráfica? por esse motivo, o jornal acabou batizado com
intercambiáveis. nas bordas, o conjunto oscila entre o a coincidência de datas entre esta exposição e a 29ª não. era tudo feito fora, na rua da abolição, no bexiga. esse nome. era uma coisa intuitiva, mas as pessoas e o que aconteceu depois?
predomínio dos triângulos grandes e a diluição sugerida bienal de são paulo não é, portanto, uma coincidência, eu levava os originais para fazer a digitação dos tipos gostavam muito, ficavam na expectativa. como o geraldo não podia pagar direito pelo serviço,
pelos pequenos. no meio, a diluição ocorre na escala mas uma alusão significativa à 3ª bienal, às mudanças e devolvia os blocos de chumbo prontos para ele. vivia ofereceu aulas de pintura. nós trabalhávamos no
intermediária, mas produz como resto triângulos de rumo de sua carreira e às relações que então na gráfica o dia todo. eu gostava muito, ficava com o e o hábito de desenhar para os professores na sala estúdio dele, perto da rua 25 de março - ele me
de dimensões idênticas aos menores das pontas – estabeleceu com figuras do porte de max bill e meu pai e a gente se divertia. de aula, também surgiu nessa época? ensinou a mexer com pincéis, tintas, e eu comecei
indicação de que, apesar da aparente confusão, há um almir mavignier. isso foi no mackenzie. eu tinha catorze anos e, a fazer pinturas concretas - a essa altura, os artistas
pleno domínio proporcional e modular em ação. os ciclos de uma vida não se fecham com a morte, como foram seus primeiros anos na escola? durante a aula, desenhava no caderno os diagramas concretos já começavam a se reunir e constituir um
em que pese a rigidez geométrica sugerida mas com o reconhecimento de suas totalidades. difíceis. eu tinha dificuldade de pensar de corpos humanos que a professora de ciências mos- movimento. foi nessa época que ganhei algum nome
pelos triângulos e a precisão da composição, o todo é esse é o pano de fundo desses trabalhos: totalidades abstratamente. não conseguia entender as aulas de trava nos livros. ela viu e pediu que eu reproduzisse como pintor.
caracterizado sobretudo pela fluidez. de início, somos que se afirmam e logo se desfazem para em seguida aritmética e gramática. os professores ficavam com os desenhos no quadro-negro durante o recreio.
levados a pensar que ela é fruto de sobreposições reafirmarem-se noutra escala, e assim por diante. pena de mim. minha mãe me vestia com camisa “você perde o recreio mas garante uma nota seis, e e esta foto, o que é?
complexas, mas se deixarmos que nosso olhar se de início contidas, crescem e nos ultrapassam. de jérsei, calça de veludo e eu ia todo chique para eu vou pedir ao meu marido” - que era o professor de é o meu primeiro escritório, no porão da casa onde eu
detenha um pouco mais, veremos que ela resulta primeiro aos poucos, depois inexoravelmente, a escola. os professores pensavam que eu era de matemática - “que ‘dê uma força’ para você”. tudo que morava no tempo
antes das relações proporcionais entre os conjuntos de tomam, por fim conta de tudo, deixando tempo e classe média e me davam mais atenção. ficavam ela dava na aula eu fazia no quadro-negro. e aprendi do museu, na frei caneca. eu já juntava fotografias
triângulos, que não são mecânicas, mas orgânicas. espaço para trás e dando sentido ao nosso universo. preocupados, perdiam o recreio me explicando a a desenhar em pé. desenhar no papel é uma coisa, de revistas look, life - de que gostava muito e comecei
intuídas nos trabalhos de sessenta anos atrás, com seus trabalhos, wollner nos mostra que esse matéria. tanto que, no quarto ano do primário, uma desenhar na vertical é outra, as proporções mudam a aprender quem eram paul rand e alexei brodovitch.
essas relações passaram, nos últimos anos, a se sentido é urdido por analogias e conhece o poder de das professoras chamou meu pai e disse: “seu filho totalmente. comecei a perceber essas coisas e a
basear abertamente na proporção que governa a seu alcance. daí seu batismo cósmico: constelações. não está acompanhando a classe. acho melhor ele orientar melhor minhas proporções, meu eixo. como eram as aulas?
sequência de fibonacci, uma formulação matemática repetir o ano”. meu pai disse que não, que eu ia as coisas estavam normais, eu cursava o científico o bardi dava aulas teóricas sobre o significado do
baseada na observação empírica de padrões de melhorar, e ela não me reprovou. mais tarde, pensei: e me preparava para estudar arquitetura. mas eis design, sobre a bauhaus. eu não conhecia nada
organização e crescimento encontrados na natureza. será que eu era autista naquele tempo? que vejo um anúncio no diário de são paulo: “o museu daquilo. muita gente não conhecia a bauhaus
nessas novas séries de gravuras, essa investigação meu pai morreu quando eu estava na primeira de arte de são paulo vai abrir o instituto de arte naquele tempo por causa da censura política imposta
desdobrou-se em pelo menos três sentidos série do ginásio. eu não compreendia o que estava contemporânea e está abrindo concurso para o ingresso pelo nazismo, pelo fascismo e também em razão do
importantes: no uso das cores, na multiplicação das acontecendo. talvez seja pesado dizer isso, mas com de trinta alunos”, eu pensei: “arte contemporânea? marketing cultural francês. o desenho começava a
progressões e na sua sobreposição. o resultado é a morte dele eu comecei a deslanchar e a perceber as é tudo que eu quero!”. nunca havia pensado em tomar um outro aspecto, mas eu ainda não entendia
o enfrentamento contínuo e obstinado daquilo que coisas, pois fiquei sem proteção. design, nem sabia o que era isso. fiz o concurso com isso completamente.

78 79
o roberto sambonet dava aula de desenho à mão de uma cultura latina e chegar a um país como a jantar, na happy hour, além disso, tinha que explicar comunismo. quando a escola de ulm foi fundada, as quem eram os estudantes brasileiros?
livre. também era muito interessante. um dia, vi uma alemanha. como sou judeu, minha mãe se preocupou minhas idéias para um grupo de pessoas. ficava com pessoas da cidade se perguntavam: “será que não eram o almir mavignier, duas moças de origem alemã
vitrine cheia de potes egípcios, astecas, e, ao lado de com a possibilidade de perseguição política, o que criou medo, achava que iam me malhar por eu não fazer as são comunistas?”. até mesmo a expressão visuelle que viviam no paraná, frauke e iise koch-weser, e a
diversas outras antiguidades, uma máquina olivetti. em mim uma certa ansiedade. achava que iam fazer coisas certas, mas nada disso acontecia; as pessoas kommunication, nova na língua alemã, soava como mary vieira, que não terminou o curso. ela desistiu
fui falar com o flávio motta, que era assistente do pizza de mim. mas eu estava querendo ir mesmo, me incentivavam. coisa de comunista. porque ficou claro para ela e para a turma de pintores
bardi: “acho que esqueceram uma máquina de escrever fazer o que fosse, cair no precipício, ir, ver e me arriscar aí começaram as matérias abstratas: física, além disso, havia o problema do dinheiro. e escultores que em ulm não se enfocava a arte só
na vitrine .:”, o bardi se interessou pelo sujeito que havia em todos os sentidos. geometria, matemática, aritmética, semiótica, o governo norte-americano, por meio do plano como arte, nem se formavam alunos para que depois
dito aquilo e veio me explicar que a máquina de escrever eu não tinha certeza de ser alguém suficientemente significados, percepção. eu mergulhei totalmente marshall, concedeu um aporte financeiro para a montasse um ateliê.
era a mesma coisa que o pote na época do pote: um desenvolvido para freqüentar uma escola daquele tipo, naquilo; foi deslumbrante. comecei a fazer fotografia construção da escola, mas, em contrapartida, exigiu
objeto útil, que fazia parte da cultura de um grupo mas como o max bill tinha conversado com outras com o rolf schroeter, um grande colega, fotografo que o governo alemão fizesse o mesmo. um milhão mas você não era pintor?
primitivo, assim como hoje a máquina faz parte do nosso pessoas antes de me aceitar, adquiri confiança. suíço de quem eu fiquei muito amigo. o mesmo de dólares por um milhão de dólares. os primeiros era, mas logo desisti. a comunicação visual que
grupo. foi então que comecei a perceber essas coisas. ele exigiu que eu chegasse lá seis meses antes do aconteceu com o max graf, que era arquiteto em alunos que vieram pagavam a escola - e não era aprendíamos substituía a pintura. para nós, pintar
eis que um dia o bardi vem à sala de aula e me início do curso. saí daqui em julho de 1954. st. galten, na suíça. conheci também o karl heinz barato. essa primeira turma, formada antes mesmo era fazer algo que tivesse um conceito e uma função
pergunta se eu estava disposto a ajudar na montagem quando o navio chegou à frança, aconteceu o suicídio bergmiller, com quem me divertia muito, além de da inauguração, era composta pelos artesãos e para as pessoas, que mostrasse um progresso e
de uma exposição, claro que eu estava. “então venha. do getúlio. houve inúmeros problemas diplomáticos e fui discutir os assuntos da escola. arquitetos que construíram a escola. uma relação entre cores e formas. fazendo projeto,
vamos fazer a exposição de um designer suíço obrigado a ficar um bom tempo em paris. depois, peguei foi uma explosão, mudei totalmente a minha fazíamos a mesma coisa. não havia necessidade de
famoso”, ele disse. “um designer?”, perguntei. “é, um o trem e fui para a alemanha. já era setembro e o curso vida. virei outra pessoa. comecei a fazer projetos o max bill foi convidado por essa fundação para dividir o esforço entre duas profissões.
designer, um sujeito que faz cartazes. vai ser o seu ia começar em outubro, embora a inauguração oficial fotográficos. os professores de fotografia me estruturar a escola? o almir, como bom carioca, conseguiu amenizar.
primeiro trabalho profissional. você vai ganhar por ele”. fosse em fevereiro de 1955. incentivavam e diziam que meu talento era para a sim. o josef albers veio para ensinar cores, tema que o aicher, o maldonado e vários outros professores
foi a primeira exposição individual abrangente do max fotografia, que eu deveria trabalhar com jornalismo ao também era abordado por johannes itten e por nonne queriam mandá-io embora, porque ele passava o tempo
bill. na montagem, comecei a perceber que o desenho você estava sozinho? voltar ao brasil. fiquei também muito amigo do max schimdt, esposa de joost schmidt. walter peterhans todo às voltas com a pintura. mas ele, muito esperto,
tinha funções que não estavam muito claras para mim, não, estava com a minha primeira esposa. bill, além do otl aicher, com quem conversava sempre. deu aulas para a turma anterior à minha. era um núcleo acabou ficando.
que podia adaptar-se para criar produtos, formas novas. ele tinha mais ou menos a minha idade e foi fácil bauhausiano. em 1937, ele, o albers e o moholy-nagy
fiquei paralisado. foi um choque. nesse momento, você foi direto para ulm? ficarmos amigos. tinham fundado, em chicago, a new bauhaus, mas o quando você fez as suas pinturas?
saí da idade das trevas. quando cheguei a ulm, entrei em contato com a escola projeto não deu certo. eu participei da bienal de 1953, em que recebi o prêmio
e disse que estava preocupado, pois não falava alemão, os professores tinham a mesma idade dos alunos? flávio de carvalho na categoria revelação. comecei a
o max bill veio para a montagem? apenas inglês. fui aconselhado a fazer o curso do alguns sim. o tomás maldonado era um deles. a bauhaus não tinha a inclinação científica de ulm? pintar em 1951.
ele não pôde vir porque já está envolvido na criação da goethe institut e a trabalhar no escritório do otl aicher. já professores como max bill e walter zeischegg não. não havia curso de matemática, nem de física nem
escola de ulm. ficava lá o dia todo, limpando as mesas, fazendo eram bem mais velhos. os professores convidados nada. o que é extraordinário para mim, que não pensava como foi o fim da escola?
ele só veio ao brasil em 1953. nenhum crítico desenhos. ulm comemorava mil e cem anos, era também. um deles era o norbert wiener, o inventor abstratamente, foi que comecei a perceber a relação o fechamento de ulm foi uma coisa totalmente mal
comentou a palestra que ele fez contra o niemeyer. preciso fazer um folheto e ele me deu essa tarefa. da cibernética, que trabalhou num projeto do qual que cada profissão estabelecia com o projeto. aprendi orientada, resultado de uma atuação puramente
seu auxiliar técnico, fritz ouerenqâsser, pegava as também participamos no departamento de desenho que o projeto não era simplesmente uma idéia, que para tecnológica, política, organizada pelos intelectuais
coisas, dava para mim e dizia: “leve essa arte ao fotolito industrial. nós nos dávamos muito bem. não havia fazer a forma era preciso informar-se. às quartas-feiras, de origem latina: franceses, italianos, argentinos e
escola de ulm e mande fazer isso e aquilo”. eu respondia que não aquele ranço do professor imaculado, que pega uma íamos ao instituto albert einstein, um instituto de física brasileiros.
sabia falar alemão. “vire-se”. foi assim que comecei pastinha e fica na mesa, chamando, perguntando, na cidade, para aprender física quântica. às terças-feiras,
a exposição do max bill tinha relação com a a aprender. em seis meses, pude entender o que a sério. não havia isso em ulm. a interação entre alunos íamos à volkshochschule para aprender literatura e poesia você inclui o tomás maldonado nisso?
divulgação da escola de ulm? turma falava. comecei a frequentar disciplinas sobre as e professor era total. com professores importantes de toda a alemanha. de certa maneira, embora ele tenha saído da escola
não, era para divulgar os trabalhos dele, mas o próprio quais não tinha a menor ideia e a participar de tudo que foi uma experiência maravilhosa não apenas para mim, antes do fechamento e tivesse um nível intelectual
bardi falou da escola no texto de apresentação. podia. via os outros trabalhando com mais facilidade de quem foi a iniciativa de fundar ulm? mas para muita gente. muito elevado. ele era muito inteligente e fazia as
quando o max bill veio ao brasil, perguntou ao bardi que eu, competia com eles, fazia trabalhos abstratos foi de inge aicher-scholl e de otl aicher, que era marido coisas com bastante clareza. isso é visível na carta
se algum brasileiro poderia ir à escola de ulm, ao que totalmente idiotas. percebi então que não se tratava dela. eles trabalhavam juntos na volkshochschule, a estrutura da escola baseava-se no trabalho em que sugeria uma nova orientação para o curso
ele respondeu: “tem o geraldo de barros ... “ - que só de fazer o que se gosta, mas de procurar saber se uma escola particular patrocinada pela prefeitura. individual? fundamental da escola depois da saída de max bill, que
trabalhava no laboratório de fotografia do museu, tinha aquilo de que se gosta realmente vai funcionar. era uma escola de alto nível literário e filosófico, de jeito nenhum. você aprendia a trabalhar em equipe, os intelectuais consideravam um ditador, uma pessoa
mais envolvimento com projetos de design, tinha que pretendia restaurar uma cultura muito afetada respeitando a opinião de todo mundo. ulm era um com a qual não era fácil se relacionar.
vencido o concurso de cartazes do IV centenário - “e quando você começou a perceber isso? pela guerra. ele fazia os cartazes e participava das convento: cento e cinqüenta pessoas de manhã, à o próprio bill, que tinha um poder tremendo
tem o alexandre aqui.” o geraldo foi escolhido mas não nos primeiros seis meses. como não havia notas, os discussões; ela era a diretora. seu pai havia sido tarde e à noite, tomando café, almoçando e jantando como designer e havia participado da bauhaus, não
pôde ir: era recém-casado, tinha acabado de voltar de alunos eram avaliados pelo que aprendiam. eu estava prefeito da cidade. junto - inclusive os professores. você trabalhava 48 frequentava muito a escola porque a mulher dele não
uma temporada de estudos em paris, era funcionário do sendo avaliado positivamente e aquilo aumentava seus irmãos envolveram-se com o movimento horas por dia. o albers, por exemplo, continuava a dar queria ir para ulm. ele morava na suíça, vinha uma
banco do brasil e não queria perder a aposentadoria. minha confiança, minha vontade de aprender. antinazista weibe rose [rosa branca] e acabaram aula até de noite. vez por mês ou a cada quinze dias. foi a deixa para o
então o bardi e o geraldo me indicaram. fiz uma de manhã, tínhamos aulas teóricas. à tarde, as fuzilados. em homenagem a eles, otl e inge tiveram pessoal da fundação tirá-lo da escola, o que provocou
pequena entrevista e - não sei por quê - fui aprovado. aulas práticas, de oficina e projetos. e à noite havia a idéia de, por meio da fundação irmãos scholl, eram alunos do mundo inteiro? a ruptura definitiva - e essencial - com a bauhaus.
palestras e outras atividades. os professores moravam fazer ressurgir a bauhaus, que, por ser simpática ao sim, mas principalmente da suíça alemã e francesa. com toda a evolução da ciência, da tecnologia e do
como foi chegar a ulm vindo do brasil? lá, nós morávamos lá. eu conversava constantemente comunismo, também havia sido fechada pelo nazismo. eram do japão, da itália, dos estados unidos, da áustria... conhecimento, não era possível manter a mesma
naturalmente, fiquei muito impressionado ao sair com todo mundo: no café da manhã, no almoço, no a alemanha tem um problema sério com o mentalidade de dezenas de anos antes.

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sem título - 1953
esmalte/ placa
60 x 60 cm

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constelação a1 - 2010 constelação a2 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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constelação b1 - 2010 constelação b2 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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constelação nº b3 - 2010 constelação b4 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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constelação - 2010 constelação c2 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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constelação c3 - 2010 constelação c4 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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constelação c5 - 2010 constelação c6 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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constelação d1 - 2010 constelação d2 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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constelação nº d3 - 2010 constelação e1 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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constelação e2 - 2010 constelação e3 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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constelação e4 - 2010 constelação e5 - 2010
série formulação. série formulação.
interação. articulação. interação. articulação.
50 x 50 cm 50 x 50 cm
plottergrafia plottergrafia

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alexandre wollner

1928 nasce em são paulo sp br, 16 setembro. recebe bolsa do itamaraty, do ministério educadores de escolas de arte, porém sem 1997 a convite do designer wolfgang weingart,
da educação e do capes para frequentar a conhecimentos da função e necessidades de conduz workshop e palestras na basel
1950 inscreve-se e é aceito na seleção de hochschule für gestaltung, ulm, alemanha. uma escola de design. junto com seu colega kunstgewerbeschule, suiça e, a convite de
candidatos a frequentar o instituto de arte de ulm, karl heinz bergmiller, define o programa herbert kapitzki, em rotis, alemanha.
contemporânea, primeira escola de design no 1954/58 inicia e completa seus estudos de para a implantação de uma escola de design no
brasil, do museu de arte de são paulo, por comunicação visual e design gráfico na brasil, cujo conceito é aceito pelo ministério da 2008 palestra em homenagem ao centenário de
pietro maria bardi, lina bo bardi e jacob ruchti. hochschule für gestaltun em ulm, Alemanha. cultura. max bill e sobre o significado de sua
influência na arte concreta e design no brasil,
aluno de roberto sambonet, flavio motta, durante os quatro anos de curso tem 1960 a convite de max bill participa de uma no museum haus konstruktiv, zurich, suiça.
leopoldo haar, salvador candia, aldemir martins, contato com programas da teoria e ciência exposição coletiva no helmhaus, zurich, suiça
roger bastide, carlos nicolaiesky, gastone das cores: joseph albers, johannes itten, “konkrete kunst, fifty years of a convite do museum of fine arts,
novelli, poty lazazaroto, wolfgang pfeiffer. helene nonné-schmidt, aemilius müller; development/1960” com albers, kandisnsky, houston, usa, participa de uma palestra
geometria construtiva: hermann von klee, bill, malevich, mondrian, itten, sobre seu roteiro como artista e designer,
colega de luiz sadaki hossaka, estella aronis, baravalle; trabalhos visuais e projetos: max vantongerloo, schwiters, moholy-nagy, os abordando o tema “art and design: discovery
emilie chamie, antonio maluf, mauricio nogueira bill, otl aicher, tomás maldonado, hans concretos brasileiros e outros. and attitude” onde comunica seu
lima, ludovico martino. gugelot, vordemberg- gildewart; tipografia: retorno à pintura.
anthony fröshaug, fritz querengässer; 1963 carlos flexa ribeiro, diretor cultural do mam-rj,
paralelamente, desenvolve grandes fotografia: ernest scheidegger, ernest hahn, na gestão de niomar sodré bittencourt, 2009 workshop e palestras em singapura, na
amizades no campo de aprendizagem do thomas rago, wolfgang siol, christian staub; é nomeado secretário de cultura estadual, nanyang technological university.
desenho com aldemir martins, goebel weyne, integração cultural, metodologia, teoria pelo governador carlos lacerda e em 10 de
geraldo de barros. cientifica, semiótica e sociodinâmica da junho é inaugurada, no rio de janeiro, a lançamento do livro “building on a
cultura: max bense, tomás maldonado, escola superior de desenho industrial, construct”, produzido por wollner, sobre a
1951 recebe convite de pietro maria bardi para abraham moles, josef richwert, hans-günter seguindo as recomendações de wollner e coleção adolpho leirner, arte construtiva
auxiliá-lo na montagem da exposição de sperlich, waltter zeischegg; metodologia bergmiller, dirigida pelo arquiteto maurício brasileira, para o museum of fine arts de
max bill no masp. aplicada, percepção visual: herbert vesely, roberto, agregando designers como aluísio houston, usa.
merwin wiklliam perrine. magalhães e goebel weyne.
1952 é solicitado por geraldo de barros para,
conjuntamente, desenvolver cartazes para a 1957 recebe o prêmio internacional do cartaz da 1965 a convite do icsid, international council
comemoração do quarto centenário da cidade quarta bienal do museu de arte moderna de of industrial design, é convidado a participar,
de são paulo e como pagamento recebe aulas são paulo. representando o brasil, na hfg em ulm,
de pintura e pelos trabalhos associa-se aos alemanha, de um grupo de trabalho sobre
artistas concretos do grupo ruptura, com 1958 em outubro retorna ao brasil e abre o recomendações de programas e métodos de
waldemar cordeiro, lothar charoux, luis primeiro escritório brasileiro de industrial e ensino do desenho industrial em nível superior.
sacilotto, kazmer fejer, judith lauand, maurício graphic design com geraldo de barros, ruben
nogueira lima, antonio maluf, anatol wladyslaw martins e walter macedo: a forminform. 1968 com o mesmo grupo e assunto participa de
e leopoldo haar. participam desse escritório, como uma reunião em buenos aires, argentina.
colaboradores: décio pignatari, ludovico
1953 participa de concurso e é premiado pelo martino, german lorca, e seu colega de ulm, 1970 é eleito presidente (70/72) pela abdi,
cartaz da terceira bienal de são paulo. karl heinz bergmiller. associação brasileira de desenho industrial.

inscreve quatro pinturas de arte concreta 1959 através de niomar sodré bittencourt, 1972 reeleito (72/74) presidente da abdi.
na terceira bienal e é premiado como jovem diretora do museu de arte moderna do rio
pintor revelação por um juri internacional, de janeiro, é convidado, por indicação de max 1973 participa, a convite do governo brasileiro, do
que inclui mario pedrosa e max bill. max bill, tomás maldonado e otl aicher, a organizar congresso do icsid 73 in kyoto, japão: soul
bill solicita de pietro maria bardi a indicação a réplica da hochschule fuer gestaltung a ser and material things.
de um possível jovem candidato brasileiro implantada no mam-rj.
para participar de um grupo internacional de 1980 exposição wollner design gráfico, no museu
estudantes para a escola, baseada na bauhaus, por questões financeiras e políticas, de arte de são paulo, e no museu de arte
em ulm na alemanhaocidental. é indicado por essa função é transferida ao ministério da moderna do rio de janeiro, nessa exposição é
bardi e entrevistado e aprovado por max bill. educação e cultura, liderada por simeão lançada a nova identidade visual do banco itaú.
leal, com um grupo de importantes

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diretores
gláucia cohn
peter cohn
flavio cohn

coordenação editorial
ulisses cohn

apresentação
peter cohn

texto crítico
juan manuel bonet

traduções
andrea tissenbaum
john norman
agnes l. velloso
anthony doyle

fotografia
sérgio guerini
jose antonio carrillo

assessoria de comunicação
mariana amaral comunicação

projeto gráfico bonet, juan manuel


maína junqueira
max bill, mavignier, wollner: 60 anos de arte construtiva no brasil / apresentação
designer assistente: debora motoki
de peter cohn; textos de juan manuel bonet; ferreira gullar; andré stolarski –
são paulo :dan galeria, 2010.
produção gráfica p. : il.
mai design
isbn: 978-85-620-7902-3
tratamento de imagens e provas digitais
ricardo tilkian – ponto e meio de comunicação
1. construtivismo (arte moderna) 2. artes gráfica 3. bill, max, 1908-1994.
4. mavignier, almir, 1925- . 5. wollner, alexandre, 1928- . I. cohn, peter, apres.
impressão II. gullar, ferreira, 1930- . III. stolarski, andré. IV. Título
gráfica ipsis
crb/8 : 4032 cdd 709.04057
tiragem
1.500 exemplares em português
500 exemplares em inglês

nossos agradecimentos
alexandre wollner
andré stolarski
angela thomas schimd
augusto de campos
dr. jacob bill
editora cosac naify rua estados unidos, 1638
erich schimd 01427-002 são paulo sp
ferreira gullar www.dangaleria.com.br

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