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Salvador - Bahia - junho, julho e agosto de 2007 ANO 1 - Nº 01

Primeira parada: Cachoeira

Conheça a riqueza histórica e


cultural desta cidade do
Recôncavo Baiano: engenhos,
artesanato, festas, maniçoba,
igrejas...
JOTA
FOTÓGRAFO

FREITAS
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Av. Concêntrica, 10 Tel/Fax: 71 3622-3457


Camaçari de Dentro Cel.: 9122-5726
Como chegar
a Cachoeira

Acesso Rodoviário: Saindo de Salvador pela BR-324, são 59 km até o


entroncamento da BR-420, percorrendo mais 11km em direção a
Santo Amaro. Daí, segue-se para a cidade de Cachoeira pela
mesma BR-420, por mais 38 km. Outra opção é pela BR 101, que liga
Cachoeira a Feira de Santana e cidades do sul do Estado.
Diariamente partem ônibus da Estação Rodoviária de Salvador para
Cachoeira. A empresa que opera a linha é a Santana. Outra opção é
a Empresa Jauá, que faz a linha Salvador/ Maragojipe via Cachoeira.

Acesso Hidroviário: a viagem é feita pelo Rio Paraguaçu, navegável


da sua foz até Cachoeira, com trechos de belíssimas paisagens, com
áreas de vegetação de Mata Atlântica e manguezais, principalmente
Lagamar do Iguape. O transporte é oferecido por agências de
viagem, em lanchas e escunas, saindo de Salvador.

Fonte: www.icachoeira.com

03
Editorial

C
C
aro leitor, esta edição descreve as
inúmeras atrações da histórica cidade
de Cachoeira, situada no Recôncavo
Baiano, às margens do Rio Paraguaçu. Esta
revista te levará a conhecer um pouco do
Foto: Jotafreitas

Índice
apaixonante panorama cultural e arquitetônico
da antiga Vila de Nossa Senhora do Rosário do
Porto da Cachoeira.
Capa (Ponte D.Pedro II, sobre o Rio Paraguaçu) 01
Perfeitos para a visitação de turistas e
Festas tradicionais 06
estudiosos, os casarios, sobrados, ladeiras e em Brincando com as palavras 08
especial o povo, transportam qualquer ser Artesanato 11
Samba de roda 12
humano ao bucólico passado que possui um
História de Cachoeira 14
inestimável valor para o Brasil. A singularidade Entrevista com Sine Calmon 16
da cultura e do folclore servem como convite Turismo 20
para uma agradável viagem. Engenhos 22
Gastronomia 26
Esta é a primeira de uma série de reportagens
Crônica 28
que irão focar a cada trimestre uma cidade
diferente do Estado Baiano. A primeira parada da
revista Expedição foi no município de Cachoeira, Expediente
considerada Monumento Nacional e tombada
Revista trimestral Expedição
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico EDIÇÃO DE LANÇAMENTO
Nacional (IPHAN). Ano 1, nº 1, Junho / Julho e Agosto de 2007

Você que gosta de apreciar boas paisagens, Diretoras responsáveis: Andressa Costa e Thaiane Magalhães
Reportagem: Andressa Costa e Thaiane Magalhães
curte momentos de descanso, tem curiosidade Diagramação e Arte final: Maurício Sotto Maior e Marcio Rocha
Supervisão editorial: Bernardo Carvalho
de saber mais sobre culinária, arte, dança e Fotografias: Jotafreitas, Andressa Costa e Thaiane Magalhães
folclore, não perca tempo e desfrute a nossa Sugestões, comentários, anúncios e críticas, informações: de
revista que foi criada especialmente para você. segunda-feira a sábado pelos telefones (71) 8821-4447 ou
8733-9515 e através do nosso e-mail:
Boa leitura! revistaexpedicao@gmail.com.

04
Cachoeira BA - Cachoeira da Villa Rial - FOTO JOTAFREITAS
Festas Tradicionais
As festas cachoeiranas fazem parte da riqueza histórica do Estado. Além de todas alimentarem a fé
religiosa da população, o comércio da cidade se expande, principalmente, nos festejos de Nossa Senhora da Boa
Morte, São João e na festa de Nossa Senhora D'Ajuda.

Confira as principais manifestações de Cachoeira:

Foto: Jotafreitas/Bahiatursa

Festa de Nossa Senhora da Boa Morte


A centenária festa da Boa Morte traz todos os anos uma
grande legião de devotos para a cidade. Durante toda a
segunda semana do mês de agosto, milhares de fiéis,
turistas e curiosos se concentram no Largo D'Ajuda, para
celebrar os rituais religiosos de um festejo que une
elementos da religião afro brasileira com solenidades
cristãs a Assunção de Nossa Senhora.
Vestidas a rigor, as 23 mulheres pertencentes à
Irmandade louvam Nossa Senhora pelas principais ruas
de Cachoeira. A Irmandade da Boa Morte data do século Dona Anália,
XIX e a confraria zela fielmente por suas tradições. integrante da
Irmandade da
Sociedade fechada e feminina, só é permitido ingressar na Boa Morte
Irmandade à mulher que tenha mais de 45 anos de idade,
pele negra, que tenha sempre se dedicado à preservação
da festa e, principalmente, seja devota de Nossa Senhora
da Boa Morte.
De acordo com o historiador Manuel Passos Pereira, a
organização teve início na Igreja da Barroquinha, em
Salvador. Fundada por mulheres escravas ou
descendentes diretas, a Irmandade tinha o objetivo de Segundo Dona Anália, integrante da Irmandade, durante todo
angariar fundos para a compra de cartas de alforria de o mês de agosto, as irmãs se dedicam integralmente às
negras importantes raptadas da África, assim como para
dar proteção aos escravos fugidos. festividades pela Assunção de Maria. “Não tem filho, marido,
Rituais místicos são praticados pelas componentes da família ou trabalho que impeça a gente de se dedicar
confraria. Não se sabe ao certo como são realizados os exclusivamente à Nossa Senhora. É uma grande festa, que
procedimentos religiosos que antecipam a festa. É um merece toda a atenção”, diz ela.
verdadeiro mistério quem tem atraído turistas de todas as Por fim, o autêntico samba-de-roda do Recôncavo toma conta
partes do mundo. Durante a época, todo o Recôncavo da festa da Boa Morte. Vestidas a caráter, com coloridas saias,
dedica-se ao grande festejo. “Toda a cidade se enche de batas engomadas e sandálias de couro, as irmãs - junto com
magia, as diferentes etnias se unem para saudar Nossa as sambadeiras - se reúnem pelas ruas e becos da cidade para
Senhora da Boa Morte e a Irmandade que transmite toda a mostrar toda a ginga, beleza e sensualidade do samba. Elas
sua pluralidade cultural”, afirma Valmir Pereira, agitam o público que, ao som da sanfona, pandeiros, violas e
administrador da Boa Morte.

06 cavaquinhos, se delicia com a mais pura música da Bahia.


Feira do Porto / São João
Iniciado no século XVIII, a festa de São João traz uma grande quantidade de visitantes à cidade. Precedida pelo projeto
Esperando o São João, que se inicia um mês antes, a tradicional Feira do Porto abre oficialmente a festa, unindo os diversos
artesãos e agricultores do Recôncavo Baiano para vender seus produtos.
Com o apoio da Prefeitura Municipal de Cachoeira e do Governo do Estado, a festa tornou-se um verdadeiro palco de
músicos e artistas nacionais. É uma combinação de misturas e credos, sem esquecer do antigo costume da queima de fogos,
quadrilhas, barracas de comidas, bebidas típicas e casas decoradas para visitação.

Licor para animar


É no bar O Oceano da rua Rodrigo Brandão que Roque Ferreira Pinto prepara o famoso licor de Cachoeira. Filho da terra, o
empresário de 71 anos aprendeu a fazer a bebida com seu pai. De acordo com Roque, o período junino é a época em que
mais vende o produto para fora da cidade. “Já vieram muitos turistas estrangeiros comprar meu licor”, relata animado.
Mais de seis mil garrafas são vendidas no São João. Hoje, são produzidos cerca de 20 sabores, sendo o campeão de vendas
o licor de jenipapo. Segundo Roque Pinto, as grandes atrações deste ano são os licores de chocolate com pimenta e pimenta
pura. “Deve ser uma queimação só esse de pimenta aí”, brinca Saulo Anselmo, cliente do bar.

O historiador e escritor Manuel Passos destaca que o objetivo


principal era concentrar forças contra o severo regime
português para então proclamar a nacionalidade brasileira.
“Por ter iniciado as batalhas, a cidade ganhou o honrado título
de 'Heróica Cachoeira', através da lei Provincial nº 43 de 13 de
março de 1837”, afirma.
Nos dias de hoje é celebrada uma missa solene, há palestras
educativas e, nas praças, apresentações de capoeira, bumba-
meu-boi, trança-fitas, bandas musicais, samba-de-roda . As
filarmônicas Minerva Cachoeirana e Lira Ceciliana dão show
O famoso e tradicional na festa, encantando centenas de pessoas para o tradicional
licor de jenipapo, o festejo da “Heróica Cachoeira”.
mais vendido por
Roque Pinto nos
festejos juninos Nossa Senhora D'Ajuda é homenageada por Cachoeira
A Festa D'Ajuda é uma das mais expressivas, tendo origem na
Elevação de Cachoeira a categoria de cidade devoção a Nossa Senhora D'Ajuda. Os festejos se realizam na
O dia 13 de março é o mais importante no calendário de primeira quinzena do mês de novembro, contando com a
eventos cívicos, pois se comemora a elevação da Vila de participação de todos da cidade, jovens, crianças, adultos e
Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira à idosos. A festa começa com o desfile do bando anunciador,
categoria de cidade Heróica, através da Lei Provincial nº pessoas fantasiadas que saem em carroças, caminhonetes,
43 de 1837, devido as ações em favor da Independência motos e bicicletas, acompanhados das bandas locais,
do Brasil. As comemorações são em grande estilo: é distribuindo a programação da festa, duas semanas antes da
realizada uma missa na Igreja Matriz e depois uma mega- abertura oficial. O principal acontecimento é a grande
estrutura recebe grupos folclóricos da região e bandas homenagem dos fiéis a Nossa Senhora D'Ajuda, a lavagem
nacionais. que acontece na porta da sua igreja. No dia seguinte a
população participa da lavagem da lenha, considerado um ato
Semana Santa simbólico, recordando os tempos em que não existia luz
A tradição é comemorada com uma missa na Igreja do elétrica. Com rezas, e outras manifestações religiosas, uma
Rosário, na quinta-feira, com a participação de grande procissão percorre as ruas principais da cidade.
autoridades locais. Depois há a Procissão de Ramos. Na Anunciando oficialmente o último dia de festa, uma alvorada
sexta-feira, partindo da Igreja da Ordem Terceira do de fogos, as 5 horas da manhã, convida os fiéis para se reunir
Carmo, é realizada a Procissão do Senhor Morto. O em frente à Casa da Câmara e Cadeia saindo pelas ruas até o
sábado é o ápice da festa. São realizadas em quase todas largo D'Ajuda, animando os turistas com atrações da cultura
as ruas as “Queimas de Judas”, momento muito apreciado local.
pela população.

25 de junho: Data Magna


De grande importância para a cidade, a data marca o fim
das batalhas que levaram o Brasil a separar-se
definitivamente de Portugal. É um inesquecível fato
histórico.
De acordo com o professor Carneirinho, a data é o grande
exemplo de bravura do povo cachoeirano que, com
ousadia, soube retirar toda a tropa do General Madeira de
Mello, que encontrava-se ancorada às margens do Rio Professor
Paraguaçu parar guerrear com a população de Cachoeira. Carneirinho é
Depois a população da cidade partiu para a praça da especialista na
Regeneração (atual Aclamação) para assistir a uma história de
Cachoeira
reunião da Câmara que proclamou D.Pedro como
Regente Perpétuo do Brasil.

07
Brincando
com
as
palavras
I
I
naugurado em janeiro de 2000, o Pouso da Palavra
tem atraído muitas pessoas a Cachoeira. Nascido a
partir da recuperação de um antigo sobrado de número
oito, na praça da Aclamação, o Pouso partiu da idéia do
jornalista, poeta, produtor cultural e fotógrafo Damário
Dacruz.
escritor sente-se realizado por ter criado o Pouso da Palavra.
“O espaço foi cuidadosamente planejado para ser um centro
cultural, visando o despertar da criatividade nas diferentes
formas de linguagem”, disse Damário.
O poeta descobriu a literatura aos sete anos enquanto
trabalhava na empresa do pai, o Empório Sul Americano.
Considerado um espaço de difusão da cultura e “Aproveitava os jornais velhos que serviam para enrolar barras
comunicação, de acordo com o empreendedor, o local já de sabão, com o intuito de aprender um pouco mais sobre a
recebeu mais de 80 mil pessoas. Composto por uma maravilha que são as palavras”, recorda Damário Dacruz.
galeria de arte, biblioteca, café literário, ateliê e uma área Além de receber várias premiações, a exemplo do Concurso
arborizada no fundo do casario, apta para eventos sociais, Nacional de Poesia, Damário também já teve seus poemas
o ambiente desenvolve diversos projetos para a revertidos para o teatro.
divulgação e ampliação da cultura.
Há dois anos, Damário vem promovendo visitas técnicas
para escolas e universidades, com o objetivo de esclarecer
a história da antiga Vila de Nossa Senhora do Rosário do
Paolo Brenno e
Porto da Cachoeira. “O Pouso é um verdadeiro foco da Rosimeire de
Sena adoraram o
cultura brasileira. As empresas privadas deveriam Pouso da Palavra
espelhar-se para fazer algo semelhante”, afirma Paolo
Brenno, estudante de engenharia civil. Já a turismóloga
Rosemeire de Sena acredita que tal empreendimento veio
a beneficiar o turismo da cidade, atraindo um público mais Sambando na Poesia
intelectualizado. E é no compasso doSambando
samba que personalidades
na Poesia e anônimos da
terra
E é nosecompasso
reúnem no
doPouso
sambadaque
Palavra
personalidades
aos sábados,
e anônimos
para tomar
da
Um sonho concretizado a
terra
velha
se reúnem
cachacinha
no Pouso
do Recôncavo,
da Palavra aos
regada
sábados,
a muita
parapoesia.
tomar
Nascido no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, centro Enquanto
a velha cachacinha
o samba soa
do Recôncavo,
bem suave regada
e ritmado,
a muita
amantes
poesia.
da
histórico de Salvador, aos 15 anos, Damário Dacruz fugiu literatura
Enquantorecitam
o samba
um pouco
soa bem
da história,
suave ederitmado,
amores eamantes
desilusões
da
de casa e pegou um ônibus, fascinado apenas pelo nome através
literaturaderecitam
poesia.um pouco da história, de amores e desilusões
da cidade. Assumidamente apaixonado por Cachoeira, o através de poesia.

08
globalizaCão
Quanto mais sonho
com Cachoeira
mais amanheço
em Nova YORK

Apaixonado por Cachoeira, Damário


Dacruz, aos 15 anos, fugiu de casa - no
centro histórico de Salvador - em busca de
um sonho: a criação de um centro cultural.

09
ASA DOS
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Perfumaria
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Bijuteria
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Comemorando 1 ano com você
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Foto: Jotafreitas
Candomblé
inspira artesão Foto: Jotafreitas
Um rico artesanato em madeira revela
os segredos da cultura popular baiana

O
O
universo de formas e tamanhos da escultura em
madeira será sempre pequeno comparado à
criatividade do escultor Celestino Gama da Silva,
mais conhecido como “Louco Filho”. Ele, que trabalha com
a arte desde os sete anos de idade, quando resolveu se
dedicar aos ensinamentos do pai, Boaventura da Silva
Filho. Suas primeiras peças foram sacras, cabeças de
Jesus Cristo, depois foi aprimorando a criatividade e hoje
se dedica à profissão, fazendo de tudo em madeira.

Segundo Louco Filho, “A inspiração vem da própria


natureza, pois a madeira muitas vezes já tem formas
interessantes”. Não existiria artesanato que emociona se
não houvesse, junto à população cachoeirana, tradições
culturais. É por causa dessas tradições que suas obras
tomam formas. Elas já são conhecidas em outros países,
como os Estados Unidos e o Canadá, onde houve
exposições.

A inspiração religiosa que predomina é do candomblé, a


qual incentiva o artesão a transformar um pedaço de pau
em orixás, sendo essa a obra de arte mais vendida para os
turistas, com o custo de R$ 30,00 a R$ 150,00. As peças
também são muito procuradas pelas casas de Candomblé,
na época de agosto, por causa da tradicional festa da Boa
Morte.

Louco Filho acredita que a escultura em madeira faz parte


da cultura baiana, e que pode ser levada a sério como
forma de ganhar a vida. Por isso à vontade de ensinar
aqueles que acreditam na riqueza da natureza. “Se eu
tivesse um apoio faria uma escola de arte”, afirma.

Flor
Barro de
Inspirado nos mais velhos, o artista mostra a essência
do artesanato baiano

Florisvaldo Ribeiro Santos, mais conhecido como Flor de Barro, é o reflexo do artesanato popular de Cachoeira.
Observando seus pais no trabalho diário com a criação de objetos de argila para vender, Flor iniciou suas primeiras
obras aos cinco anos, com o barro do quintal da sua casa.
Sua arte é inspirada nos costumes e nas tradições do Recôncavo Baiano, de acordo com os movimentos corporais,
instrumentos musicais e dança. Assim como seu tio Cândido Xavier, o popular Tamba, Flor se aperfeiçoou não apenas
na técnica de inventar variadas formas com a argila, como também no acabamento do seu trabalho com a pintura.
“Tá no sangue o amor que tenho pela arte. Através da natureza, do sincretismo e dos contos da heróica Cachoeira, me
dedico cada vez mais ao meu trabalho”, afirma Florisvaldo. Famoso por criar o Navio de Exu (foto), capoeiristas e orixás,
Flor tem seu trabalho divulgado em várias regiões do País.

11
Samba de lei
Quem nunca ouviu um bom samba-de-roda não conhece a alma do Recôncavo

E
E
vem aí o samba-de-roda! Com toda a magia e
sedução das mulheres com vestimentas coloridas,
trazendo no sorriso a verdadeira alegria de um povo
que tem no sangue a tradição do passado, rico em
originalidade e descontração.
Ele foi declarado Patrimônio Imaterial e Oral da
Humanidade pela Unesco, em novembro de 2005. Nas
nome.Composto por 12 integrantes, o grupo mantém viva a
memória dos cânticos das senzalas e dos antigos agricultores.
Os Filhos do Caquende trazem nos shows dois estilos do
samba: o Corrido e o Barravento. O samba Corrido é tocado
sem pausas, com a participação de baianas em tempo
integral. Já no estilo Barravento, as músicas são intercaladas
com brincadeiras e as baianas entram e saem de acordo com
variadas festas, lavagens, reuniões e praças da cidade, as letras.
pode-se avistar uma das manifestações culturais mais
antigas do Brasil. São mulheres e homens de diferentes
faixas etárias que dão o compasso das músicas e canções
vindas dos seus antepassados.
Na cadência do samba, os grupos pedem doações a quem
estiver assistindo para ajudar na confecção das roupas
criativas, instrumentos musicais e futuras apresentações.
Varre Estrada, Filhos do Caquende, Samba do Vale do
Iguape e Esmola Cantada são alguns dos principais grupos
que preservam a herança do passado.
Presente nas principais manifestações de Cachoeira, o As sambadeiras
grupo de samba-de-roda Filhos do Caquende nasceu de em pleno
exercício da
uma brincadeira de amigos residentes no bairro de mesmo profissão

12
Casa de Barro
Ações Culturais
Organização não governamental liderada pelo
poeta João de Morais Filho
aproximação da população com esse patrimônio. Instalada
em estilo casa massapé, ela é uma criação que busca
promover as manifestações artísticas que fazem parte e
completam o patrimônio cultural do Recôncavo baiano.
Este projeto é uma oficina de Investigação e Criação
Literária Poesia Ouvida de arte-educação que envolve a
escuta e a interpretação de variados textos, poemas,
contos, lendas, promovendo assim o entendimento da
criação literária artística através da análise dos mais

A
A Idéia da criação da Casa de Barro Ações Culturais trouxe
benefícios para os estudantes do ensino básico, entre a idade
de 7 a 16 anos, crianças e adolescentes que têm o dom da
poesia, mas que precisam de um apoio para construir esta
arte. Além de descobrir talentos, colabora também para a
diminuição do índice de escolaridade precária na Bahia.
A Casa de Barro não surgiu à toa, foi mais uma das criações
do poeta João de Morais Filho, 30 anos, nascido em
Cachoeira, graduado em Letras, professor de literatura e arte-
variados fatores que colaboraram para a prática da mesma.
A importância desta criação para a realização da oficina foi
identificar a leitura e a escrita como itens fundamentais para
a formação humana, tendo como proveito rodas de leitura
falando das produções textuais dos participantes, trabalhos
nas comunidades para tratar sobre a seriedade da leitura
em centros comunitários e escolas, a concretização de
sarau literário em várias ruas da cidade, e a apresentação
dos poemas produzidos pelas crianças e adolescentes da
oficina, através da rádio comunitária local e da Emissora FM
educador. Vencedor do prêmio Brasken de Cultura e Arte, que abrange toda a região do Recôncavo Sul da Bahia.
autor do livro Pedra Retorcida, da Fundação Casa de Jorge Segundo João de Morais, em Cachoeira encontram-se a
Amado, publicou ainda um livro intitulado quatro poemas Associação dos Artistas, O Ponto de Cultura, O Pouso da
menores (Edufba / Pet) e Concerto Lírico a 15 vozes. O poeta Palavra, o grupo de apoio ao menor, Gotas de Esperança.
é ainda coordenador de publicação do Pouso da Palavra, Ações que trabalham com a finalidade de oferecer à
Casa de Arte, Cultura e Comunicação, de Damário Dacruz, população cachoeirana melhores condições de vida para
poeta e jornalista. Localizada em Cachoeira, na Bahia, “A que possam cultivar os seus bens culturais.
Casa de Barro” atua através de influências sociais, artísticas e
profissionalizantes que permitem de modo criativo a

Cardápio
amparada por doações e convênios e pelo apoio dos
sócio-colaboradores voluntários. Ela desenvolve
atividades de acompanhamento psicossocial de
adolescentes e crianças, com ensino fundamental e
creches, e de capacitação de jovens e adultos para

social
ingressarem no mercado de trabalho, através dos cursos
profissionalizantes, podendo assim gerar mais renda e
empregos para o município.
A Escola Paroquial Dom Antônio Monteiro (EPDAM)
recebe crianças e adolescentes para o ensino
fundamental, proporcionando-lhes qualidade na
Além de saborear a deliciosa comida baiana, educação, preparando estas pessoas para a vida. As
os turistas ajudam os mais necessitados aulas de Informática oferecem ensino tecnológico às
crianças que não têm acesso a esse tipo de educação.
Num restaurante de Cachoeira os turistas, além de se deliciar Além disso, funciona o Hospital de Base, localizado em
com um tempero típico, contribuem para uma instituição um dos distritos mais pobres e com o maior povoado do
beneficente, pois toda a renda arrecadada no Restaurante município, prestando serviço de enfermagem e
Rabbuni é repassada para a Obra de Assistência Paroquial de ambulatorial.
Cachoeira. Sem fins lucrativos, essa instituição atende, O Centro de Hospitalidade Rabbuni prepara profissionais
segundo a coordenadora pedagógica Cristina Soares, cerca no ramo da culinária, organiza eventos e encontros entre
de 220 crianças. Isso é que faz do Rabbune uma instituição eles. Foi pensando nestas necessidades que a instituição
diferenciada. colocou em prática a idéia de criar um centro para
O restaurante oferece pratos tradicionais com qualidade: capacitação de profissionais de Moda e de Artes,
maniçoba, feijão fradinho, caruru, vatapá... Proporciona um chamada de Unidade de Produção Comunitária São
ambiente agradável, com um bom atendimento, pois acredita Miguel, que proporciona às pessoas matriculadas meios
que recepcionando bem seus clientes, estará ajudando as de crescimento na renda profissional. A importância desta
crianças que dependem deste trabalho. Além da colaboração iniciativa fica evidente diante de tantos projetos que
dos freqüentadores do Rabbuni, a Assistência Paroquial é mudaram a vida de muitas pessoas.

13
Cachoeira:
Tesouro da Bahia
Fotos: Jotafreitas

S
S
ituada na margem esquerda do Rio
Paraguaçu, Cachoeira é considerada
monumento nacional e foi tombada em 1971
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN). As igrejas, sobrados e casarios
possuem o segundo acervo arquitetônico do estilo
barroco mais admirável na Bahia, só perdendo para a
capital, Salvador.
No final do século XVI, através da expedição de
Encantador e misterioso rio

De origem indígena, o nome Paraguaçu significa “O Mar


Grande”. Curiosamente, os moradores mais antigos
escrevem de diferentes formas, como Paraguassu,
Martim Afonso de Souza, chegaram os Rodrigues Paraosu, Paraguassú e Peruassu. É uma dúvida que
Martins e Dias Adorno, registrados como os primeiros cerca a população e não há uma só forma correta.
proprietários da localidade, onde criaram uma Grande acesso para o transporte comercial no período
fazenda, um engenho e em 1606, a Capela de Nossa colonial, o rio Paraguaçu é o segundo maior da Bahia,
Senhora da Ajuda. Foi nessas terras que tudo se perdendo apenas para o São Francisco. Principal centro
transformou durante os séculos XVIII e XIX. de abastecimento para a região da Bacia do Iguape, é
através dele que milhares de pessoas sobrevivem
Cachoeira tornou-se o povoado mais rico do
vendendo os mais apetitosos caranguejos e camarões.
Recôncavo e um dos mais importantes do Brasil.
Com 520 km de extensão, o Paraguaçu esconde
Inicialmente, o local foi denominado como “Freguesia
histórias interessantes e curiosas. “Aqui na beira do rio
de Nossa Senhora do Rosário do Porto da
eu conquistei grandes amores. Saía de barco à noite
Cachoeira”, devido à chegada de navios de médio e para mostrar a formosura dos mangues, das florestas
pequeno porte que atracavam para abastecer o que ficam na margem e terminava era arranjando uma
entorno baiano. A nomeação para “Vila de Nossa namorada”, lembra empolgado Aurélio de Lisboa, 92
Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira” só se deu anos, pescador antigo do Iguape.
em 27 de dezembro de 1693, época que se iniciou a
construção das estradas para Minas Gerais,
Passeio de barco
Maranhão e o sertão. Ótimo programa para o fim de semana é fazer um
Cachoeira já foi a vila de maior destaque econômico passeio de barco rumo a São Francisco do Iguape. Além
do País. Os engenhos de cana-de-açúcar marcaram de apreciar a beleza natural do Rio Paraguaçu, você
a época gloriosa, assim como a criação de gado, que pode ter uma visão privilegiada das cidades de São Félix
trouxe imigrantes dos mais variados países. Filhas e Cachoeira, visualizando desde os grandiosos
ilustres como Maria Quitéria e Ana Nery exemplificam monumentos até as ladeiras mais íngremes das duas
a garra de um povo batalhador, que lutou bravamente localidades. Outra bela opção é ir até o Engenho da
a favor da Independência da Bahia e na Guerra do Vitória e conhecer o majestoso símbolo do auge
Paraguai. açucareiro. Vale a pena conferir!

14
C A R T Ã O P O S TA L DO
RECÔNCAVO
“Uma verdadeira obra-prima”. Assim resumiu
Samanta Frutuoso, turista e engenheira de
produção. A ponte D. Pedro II é o grande símbolo
material de Cachoeira e São Félix. De qualquer
ângulo pode-se ter uma bela visão do centenário
monumento que foi inaugurado no dia 7 de julho
de 1885.

Com 365 metros de comprimento e 9 de largura, a


estrutura de ferro, foi importada da Inglaterra e
possui grandes pedaços de madeira para a
passagem de automóveis e pessoas.
Considerada por muitos anos a construção mais
importante da América do Sul, tornou-se cartão
postal do Recôncavo Baiano.

15
Sine Calmon
Conheçam um pouco sobre o cachoeirano e
regueiro que conquistou todo o Brasil.

S
S
ine Calmon começou a carreira em Cachoeira, aos
15 anos. Participou de bandas como Estúdio Cinco e
Remanescente. Com o primeiro grupo, foi indicado
em 1988 para o Troféu Caymmi, como instrumentista
revelação de cordas do ano. Por fim, o cantor formou sua
própria banda, a Sine Calmon & Morrão Fumegante.
Lançou dois Cds Fogo na Babilônia, uma versão para War
de Bob Marley, e Rosa de Saron. Em conversa com as
repórteres Andressa Costa e Thaiane Magalhães, Sine
falou sobre sua vida e a sua carreira.
reunidos em meu nome, estarei presente”. E esta é a
verdadeira igreja. Na verdade o candomblé é católico, isso é
uma farsa, uma armadilha do Satanás para confundir as
pessoas que não estão firmes na rocha. Porque Jesus Cristo é
a rocha. Resumindo, tudo é igual.

O que Cachoeira representa para você?

Representa a terra em que eu nasci, ela tem toda história da


minha infância. Também me inspiro muito em Cachoeira, no
Rio Paraguaçu, foi assim que fiz músicas como “Rua da Feira”,
“Maluco que Sabia”... É uma fonte de inspiração abaixo de
Deus.
Qual a sua idade? Você é casado, tem filhos? Algum dos
filhos quis seguir sua profissão? Qual foi à música que marcou a sua carreira?

Tenho 41 anos, sou casado há 18 anos e tenho cinco filhos. “O Maluco que Sabia”, que conta a história da minha infância.
A minha filha faz back vocal em uma banda, tem aptidão
para a música, mas eu não forço não. E todos estudam. Qual o local mais diferente em que você cantou? Quando isso
aconteceu?
Quantos anos você tem de carreira profissional?
Na estância Alto da Serra, em São Bernardo do Campo, São
Comecei tocando em uma banda de bailes em escolas, aos Paulo. Já fiz uns dez shows lá, é uma casa country onde o
15 anos de idade. Carreira solo junto a minha banda reggae entrou depois do forró universitário. É uma casa toda
Morrão Fumegante, tenho 10 anos. Eu já acompanhei em madeira, uma fazenda na verdade, com lagos para pescar,
cantores, tocando guitarra, porque também sou três ambientes diferentes, um na beira da piscina onde cabem
instrumentista, depois que disseram que eu cantava, aí eu cerca de dez mil pessoas e mais outros dois salões. Para mim
acreditei (risos). foi o local mais interessante em que já toquei.

Em quem você se inspira quando compõe? Traduza o que significa Bob Marley pra você...

Eu leio muito a Bíblia, me inspiro nela, no Evangelho, a Meu Bob Marley é Luiz Gonzaga. Como diz a banda
criação. Morrão é da Bíblia, do Evangelho de Mateus, Estakazero: meu Bob Marley se chamava Luiz, é o som da
significa a Tocha Fumegante, a Tocha do Espírito Santo. terra...(risos).
Falando da fé que a pessoa tem, e que não pode morrer. “A
cana quebrada não esmagará e não apagará o morrão que Você curte outros estilos musicais?
fumega, até que se faça triunfar o juízo”. Porque o reggae
fala muito disso, de Jesus, paz, espiritualidade. Santana, B.B.King...Quem vê meu show entende do que eu
gosto, o que eu curto. Porque ver o show não é o mesmo que
Por residir em uma cidade cujas religiões predominantes ouvir o CD. No show eu toco guitarra no dente, e as pessoas
são o candomblé e a católica, você se considera parte de dizem que não sou regueiro, sou roqueiro (risos). Aí respondo,
alguma delas? também. Por isso eu faço a diferença.

Eu sou cristão. Eu creio em Jesus como salvador. Mas não Como você define o reggae? Você acredita que as letras do
freqüento denominação nenhuma. Eu sou da igreja reggae conseguem transmitir de fato as suas mensagens?
invisível, como a Bíblia diz: “Onde estiverem dois ou mais

16 Com certeza, 100 %. Eu só gravo o que acho que vai transmitir


e Morrão Fumegante

mensagens que estão na palavra. Até as músicas de Bob Qual a música que te fez crescer no meio artístico?
Marley, quando eu escolho uma pra cantar, eu procuro
saber a letra, para ver se encaixa com a minha forma de A música que me deu mais grana, considerado o apelo
pensar, se tiver coisa de rastafari eu não canto, porque popular, foi a Big Blues. Ela também meu deu o troféu Dodô
rastafari idolatra um homem, aí é mudar a imagem do Deus e Osmar, por ser a música mais escutada do carnaval da
vivo. Bahia, no meio do axé music, cantada por Ivete Sangalo,
Bel Marques, e cantei com Tatau do Araketu, Daniela
Como funciona o processo de criação musical? Mercury. Foi o hino daquele ano de 98, eleito pelo povo.

Geralmente eu faço primeiro a melodia. Eu não sou O que você acha da pirataria de CD e DVD?
compositor, eu acertei em algumas composições. Gravei
música de Bob Marley, de Edson Gomes, de Nengo Vieira, Pirataria acho legal, tem que aumentar mais. O meu
gravei “Lilás” de Djavan em outro arranjo que fiz... Eu faço trabalho, o povo ouvindo está bom. Se o governo fosse
lá, lá, lá no violão, a harmonia, depois eu encaixo a letra. sério, se o dinheiro arrecadado realmente não fosse pra
bancar paraísos fiscais dos políticos, operação
Quantos álbuns você já fez? navalha...Claro que o certo seria não existir a pirataria, mas
para que isso aconteça, é preciso combater primeiro a
Quatro: Sob a Babilônia, Roda de Saron, Eu Vejo e corrupção política.
Guerreiro Mô.

17
Orléo
Organização de Móveis e Eletrodoméstico Ltda.
Praça Dionízio Cerqueira - n° 20 Bairro: Centro - Castro Alves- BA - Tel: (75)3522-1124

Castro
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Castro Alves - BA
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Travessa Rafael Jambeiro Tel: (75) 3522-2622
Tel: (75) 3522-1370
Belezas da região
Fotos: Jotafreitas

Praça Rui Barbosa - São Félix Rio Paraguaçu

Fórum de Cachoeira

São Félix vista de Cachoeira

19
Paixão à
primeira vista
Lazer com
segurança
E
É
comum encontrar nas agências de turismo roteiros
que exijam cinco dias de visita ou até mais,
dependendo da distância. Ao contrário do que se
possa imaginar, para conhecer o centro histórico de
Cachoeira é necessário apenas um dia. O ambiente
tranqüilo e pacato faz qualquer visitante se encantar diante
da beleza arquitetônica singular dos séculos XVII e XVIII.
Indo pelo município de Santo Amaro, ao chegar à zona
Programe-se antes de encarar uma viagem de carro

Viajar de carro é um dos passeios mais agradáveis para se


desfrutar. Acordar cedinho, tomar um belo café sertanejo na
estrada, deparar-se com o friozinho da manhã ou parar para ver a
paisagem são alguns dos atrativos que esse tipo de viagem
oferece.
Escolhido o local, é necessário prevenir-se de alguns probleminhas
que podem acontecer, então, mãos à obra! Cheque quanto tempo
irá durar o passeio, procure o máximo de informações sobre o lugar
rural de Cachoeira, ele se depara com um vasto canavial através de fotos, textos, mapas, sites, revistas e também
que lembra a era de ouro dos engenhos. Seguindo em providencie um kit de primeiros socorros, leve somente o básico,
frente, passa por Belém, bairro onde Frei Galvão residiu não esquecendo do traje de banho e de uma roupa de frio, e acima
durante a adolescência, no convento ao lado da Igreja de de tudo, faça uma revisão no carro para não ficar parado no meio
Nossa Senhora de Belém. Mais adiante, o Recôncavo da estrada!
oferece outra surpresa que é avistar Cachoeira do alto da Verificados todos os itens acima, não esqueça de pôr na mala
montanha, podendo se ver de perto a neblina matinal utensílios de lazer como jogos, livros, além de cd's e dvd's para
ouvir no percurso. “Sempre que viajo de carro, não me preocupo
cobrindo os casarios antigos. com a hora de chegar. Marcar o tempo só desgasta a viagem”,
A sede provisória da Universidade Federal do Recôncavo conta a jornalista Patrícia Martins, que já conheceu quase todo o
da Bahia (UFRB) é logo avistada, seguida da feirinha que Nordeste de carro.
atrai compradores de todo o entorno de Cachoeira. É Embora viajar de carro impeça que o motorista planeje o tempo
curioso que, mesmo com a evolução industrial, a cidade exato da chegada ao local, é fácil prever um horário aproximado do
permanece com um ar antigo, preservado pelos sobrados, percurso através das polícias rodoviárias estaduais ou federais
ruas estreitas calçadas de pedras, ladeiras e uma mais próximas, que podem dar informações sobre o estado das
arquitetura que o tempo não apagou. É como se rodovias.
voltássemos ao passado, tendo uma vaga lembrança do
DICAS PARA UMA BOA VIAGEM
Pelourinho de Salvador.
A população parece não se preocupar com o tempo. - Verifique se o carro está em dia;
Trabalha, estuda, se diverte com calma, naquele ritmo - Consulte um mapa atualizado para traçar a viagem;
tranqüilo de uma cidade do interior. Você irá encontrar - Procure informações sobre onde comer, onde dormir, postos de
pessoas das mais diferentes culturas e etnias que, com um combustíveis e bancos 24hs;
jeitinho próprio, fazem questão de apresentar cada - Paradas de descanso são essenciais para uma viagem tranqüila;
centímetro da antiga Vila de Nossa Senhora do Rosário do - Crianças devem ficar no banco traseiro;
Porto da Cachoeira. Daí você descobre que, em um só dia, - Prefira roupas leves e que não amassem com facilidade;
você pode se apaixonar profundamente pela Heróica - Durma à noite e siga a viagem de manhã bem cedo;
- Livros, cd's, dvd's e joguinhos são uma ótima pedida.
Cachoeira.

20
Serviços
ao turista
Fotos: Jotafreitas

O que levar:
Roupas: bermudas, tênis, camiseta, trajes de banho,
bonés, chapéus e um agasalho bem leve para a noite.

Objetos pessoais: Filtro solar, repelente, óculos


escuros e creme hidratante, cópia do RG e CPF,
carteira de motorista, mapas, receitas de
medicamentos que estiver usando e cartão de plano
de saúde.

Diversos: Livros, máquina fotográfica e filmes,


binóculo, kit de primeiros socorros e de costura.

Empresas de ônibus:
Empresa de Transporte Santana e São Paulo
Endereço: Terminal Rodoviário de Salvador
Telefone: (71) 3450-4951
Endereço: Rua Lauro de Freitas / Viação Santana Pousada D' Ajuda
Telefone: (75) 3425-2303 Apartamentos com TV e ventilador
Telefone: (71) 3450-4951 End.: Ladeira D' Ajuda, 02 - Cachoeira - BA
Fone: (75) 3425-5278
Onde dormir:
Camping -Vale das Cachoeiras Club Camping Pousada Rio Doce
A p a r t a m e n t o c o m v e n t i l a d o r, t v, f r i g o - b a r,
Hotéis e Pousadas - Pousada do Convento do Carmo estacionamento.
Apartamentos com Ar-condicionado, TV, Frigo-bar End.: Praça Inácio Tosta, 01 - São Felix -BA
Piscina, Restaurante, Estacionamento, Lavanderia e-mail: pousadariodoce@bol.com.br
End.: Praça da Aclamação, s/n - Cachoeira - BA Fone: (75) 3438-3484
e-mail: pousadadoconvento@hotmail.com
site: www.pousadadoconvento.com.br Onde comer:
Fone: (75) 3425-1716 Restaurante A Confraria Pousada do Convento
(75) 3425-1716
Pousada Paraguassú Restaurante Beira Rio Rua Manoel de Paulo Filho
Apartamentos com TV, Ar-condicionado, frigobar, (75) 3425-5055
serviço de restaurante e pizzaria, bar e lanchonete, Restaurante Baleia Praça Ivone Bessa Ramos
estacionamento privativo. (75) 3425-3045
End.: Avenida Salvador Pinto, 01 - São Félix - BA Resort Vale das Cachoeiras
Fone: (75) 3438-3386 / 3438-3369 (75) 3425-1125
Restaurante Rabunni (comida a quilo)
Pousada do Guerreiro (75) 3425-3178
End.: Rua 13 de maio, 14 - Cachoeira - BA Pousada Paraguassú (São Félix)
Fone: (75) 3425-4509 / 8804-6350 (75) 3438-3386

Fontes: Bahiatursa e icachoeira.com 21


Tempos áureos do açúcar

Engenho da Vitória
em dois tempos:
Fotos: Jotafreitas Séculos XIX e XXI

A
A
história da indústria açucareira no Brasil
representou o auge das atividades políticas,
econômicas e sociais do Estado da Bahia. Em
1549, com a criação do governo-geral, inicia-se o processo
de colonização com vistas à instalação do complexo
agroindustrial da cana-de-açúcar. O historiador Raimundo
donos), senzala e a capela.
O Vale do Iguape, zona rural da cidade, foi o grande local
para a produção açucareira. Com início no século XVI, a
produção do açúcar em Cachoeira teve seu declínio no fim
do século XIX devido à concorrência da produção européia
e à Abolição da Escravatura.
Cerqueira afirma que, em meados do século XIX,
Cachoeira tinha mais de 15 engenhos produzindo em alta
escala para todo o país e exterior.
As indústrias de açúcar foram de extrema importância Confira abaixo os principais engenhos e suas estruturas
para a colonização e o desenvolvimento de Cachoeira. A arquitetônicas:
partir disso, variadas fábricas (de papel Tororó,
Charqueada Modelo e Charutos Poker) se instalaram por Vitória do Paraguaçu
toda a região, ajudando a formar durante todo o século Criado no fim do século XIX, o engenho é considerado um
XIX e também durante o XX a época de ouro da “Heróica símbolo da agroindústria do açúcar brasileiro. Foi campo de
Cidade”. intensa rebelião dos negros escravos, que mais tarde
formaram quilombos próximos a Cachoeira. Hoje, quase não
O engenho se vê o riquíssimo engenho que foi um verdadeiro pólo
Em termos gerais, o engenho era o conjunto territorial de açucareiro gerando centenas de empregos para o Recôncavo
todo o processo da cana-de-açúcar. Era dividido em: Baiano. “Aqui tinha 2 bares e mais de 14 vendas. Foi um sonho
fábrica, lavoura, a sede ou casa-grande (residência dos trabalhar no engenho da Vitória pois 'nóis' tinha tudo do

22
Arquitetura
colonial dos
engenhos é típica
melhor”, lembra Raimundo Santiago, 95 anos e ex- do Recôncavo
Baiano
operário do engenho.

Da Ponte
Hoje, apenas é visível no local a Capela Nossa Senhora da
Conceição. Erguida no século XVII, é conservada pelos
poucos moradores que residem nas proximidades do
local.
Localizada no alto do engenho, a capela possui uma
arquitetura clássica de época. É decorada com azulejos e
tem uma torre com formato triangular. Velho
Localizado na Bacia do Iguape, o conjunto do Engenho Velho
Acutinga do Paraguaçu foi uma das localidades mais importantes da
Considerado um dos principais da região, permanece indústria de cana-de-açúcar do Recôncavo Baiano, no século
preservado pelos moradores do entorno. Mas a antiga XIX.
plantação de cana-de-açúcar deu lugar aos dendezeiros. Foi muito utilizado na vigilância contra os invasores da época.
Nele, fica a Capela de São João Batista. A cada 24 de Apesar de estar em mau estado, a capela possui uma rica
junho é festejado o dia do noviço que batizou Jesus Cristo combinação de ladrilhos e madeiras, típica estrutura do estilo
no rio Jordão. barroco.

23
Fotos: Jotafreitas

O esplendor
da fé
R
R
econhecida em toda a região do Recôncavo
Baiano, a religião católica prevalece em Cachoeira,
tanto na educação quanto na fé do povo. O poder da
igreja, unido ao poder político, refletiu o contexto da
colonização do Brasil.
Em meados do século XVI, os jesuítas da Companhia de
Jesus chegaram a Cachoeira para atuar ativamente na
educação dos primeiros habitantes. A partir disso, foram
fundados os povoados de São Tiago do Iguape e Belém
como distritos da cidade. A população foi crescendo aos
Capela Nossa Senhora D'Ajuda
Criada no século XVII, foi a primeira grande construção da
cidade. Erguida propositalmente no alto de um monte, para
agrupamento de combatentes em defesa de Cachoeira,
possui uma visão privilegiada do Rio Paraguaçu.
Sua fachada lembra as edificações do passado e o interior
possui acabamentos, móveis, imagens, altar e outros objetos
que lembram a arte barroca. A capela foi dedicada a Nossa
Senhora do Rosário.
Em agosto e novembro, o clima dos arredores da capela muda,
poucos e aumentou a chegada de jesuítas, franciscanos e com uma alegria ímpar, devido aos festejos da Irmandade da
carmelitas. Boa Morte e da Nossa Senhora D'Ajuda.
Logo após os jesuítas se instalarem na cidade para educar
e catequizar a população, vieram os franciscanos que Igreja Matriz Deus Menino
construíram a Igreja de Santo Antônio e os carmelitas, que É inevitável destacar a importância desse templo para a
fundaram a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e o região. Com uma localização privilegiada, a igreja chama a
Convento. atenção e curiosidade de todos que vêm a Cachoeira. O
O povo cachoeirano da época continuou a construir outros santuário celebra a fé em Deus, nos traços de Jesus criança.
templos e igrejas na área urbana. A religiosidade prevalece No dia 25 de dezembro, quando é comemorado o nascimento
no cotidiano de uma sociedade que busca dia-a-dia de Cristo, um cortejo acompanhado de uma orquestra percorre
vitalizar as tradições da fé e devoção a um passado jamais as principais ruas de São Félix para saudar esse dia tão
esquecido. importante no calendário de festas da cidade.

Conjunto do Carmo Igreja Senhor São Félix


A Igreja de Nossa Senhora do Carmo e o Convento No final do século XVIII, na antiga Freguesia de Nossa
marcam o auge da prosperidade de Cachoeira, nos Senhora do Desterro do Outeiro Redondo, pertencente até
séculos XVIII e XIX. Construídos pelos carmelitas, esses então à cidade de Cachoeira, iniciou-se a edificação de uma
monumentos retratam fielmente o estilo colonial europeu. Casa de Oração, cujo objetivo era criar um centro de devotos a
Destaca-se também a Ordem Terceira do Carmo, fundada São Félix.
em meados do século XVIII. Ela teve grande influência A partir da fundação da igreja, a Freguesia ficou denominada
social, econômica e política para a região do Recôncavo como Senhor Deus Menino. No entorno do templo,
Baiano. Instituída por leigos, a Ordem tem como objetivo admiradores de São Félix e pessoas de diferentes regiões do
preservar toda a infra-estrutura da Igreja de Nossa Brasil começaram a residir devido às transformações
Senhora do Carmo, a fim de conservar a memória de um econômicas da cidade, formando assim uma vila. Mais tarde, a
grande marco para a cidade que é o Conjunto do Carmo. localidade foi separada de Cachoeira e nomeada como São
Morada dos frades nos séculos XVIII a XX, o Convento foi Félix.
sede da Casa da Moeda, local de refúgio para escravos
fugitivos e quartel-general no período da Revolução dos Conceição do Monte
Federalistas. Segundo a história da cidade, através de um sonho da freira

24
Cachoeira possui as mais
belas igrejas da região

Belarmina nasceu a Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte. Filha de uma família nobre, a jovem freira pediu a seu
pai que construísse a igreja. No entanto, seu pedido foi negado.
Inquieta com o fato de não conseguir o desejo que lhe foi transmitido pela santa, Belarmina abandonou o convento e em 1780
conseguiu erguer a igreja. Sede da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição do Monte, a congregação também atua
diretamente na produção dos festejos a Santa Cecília e São Benedito.

Igreja Nossa Senhora de Belém


Fundada no final do século XVII pelo padre Alexandre de Gusmão, a igreja é o retrato fiel de um educador que sempre buscou
passar um pouco dos seus conhecimentos acadêmicos para o povoado de Cachoeira.
Sua ideologia em educar através do latim era conhecida mundo afora. Conseguia reunir centenas de pessoas de diferentes
etnias e idades na suas palestras. O santo Frei Galvão estudou durante sua adolescência no Seminário de Belém.
No entanto, em 1749, com a expulsão dos jesuítas, seu trabalho foi totalmente abolido e apenas a igreja de arquitetura
colonial sobrou. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), a restauração da Igreja foi de grande
importância para os moradores de Belém de Cachoeira. “Com a canonização de Frei Galvão, centenas de turistas já vieram
conhecer a igreja que encontra-se 100% restaurada. É um orgulho ter esse patrimônio na cidade”, disse Marcelo Alvarez,
residente de Belém.

Matriz do Rosário
Sinônimo da fé católica do Recôncavo Baiano, a igreja ainda preserva os principais eventos religiosos de Cachoeira.
Destacam-se a celebração do dia 25 de junho e as festividades homenageando a padroeira Nossa Senhora do Rosário, no
mês de outubro.
A arquitetura da igreja mostra a crescente riqueza econômica da época em que foi construída, no fim do século XVII. Sua
fachada é composta por três vias de acesso, um grande portal, e em seu interior, há diversas imagens de Nossa Senhora do
Rosário, em meio a outras.

Conjunto de Santo Antônio do Paraguaçu


O conjunto composto pelo Convento e Igreja de Santo Antônio do Paraguaçu exemplifica a passagem dos franciscanos em
Cachoeira. Criado no século XVII, o local foi doado pelo padre Pedro Garcia de Araújo aos frades da ordem franciscana a fim
de formar novos seguidores.
A sede teve como expansão de obras sociais um hospital, que foi fundamental para o tratamento de uma epidemia de febre-
amarela que devastou a região do Recôncavo Baiano no fim do século XVII.

25
Tem, tem maniçoba tem, história em Cachoeira tem...

Ivanildo Néri e
Valdira Ribeiro
escrevem o
cardápio do
Maktub

C
C
achoeira também se destaca através da sua culinária,
com tradições gastronômicas típicas. O preparo
delicado do alimento atrai turistas e representantes de

toda a região para conhecer o que é que a Bahia tem. E foi


pensando em melhor atendê-los que o proprietário e chefe de
cozinha do restaurante, lanchonete e sorveteria Maktub, Ivanildo
para aperfeiçoar ainda mais o atendimento ao cliente, no mês de
maio, o restaurante implantou o atendimento delivery para a cidade
de Cachoeira. A funcionária Valdira Santos Ribeiro, 32 anos, chefe
de cozinha, é a pessoa com quem Ivanildo trabalha desde o início de
seu projeto, e ela é uma das responsáveis pelo delicioso tempero
baiano .O Maktub apresenta um variado cardápio. “Minha filosofia de
Paulo Néri, 29 anos, colocou a mão na massa, para deixar trabalho é acompanhar os meus concorrentes”, diz Ivanildo, que
saborosa a comida de mais saída do local, a maniçoba. acredita no sucesso do seu restaurante.
Segundo Ivanildo, o Maktub já se tornou referência por servir a
maniçoba mais procurada pelos turistas estrangeiros. Com a Receita da Maniçoba:
experiência de sete anos, o restaurante oferece em primeiro lugar INGREDIENTES
Para 15 bolos de Maniçoba
um cardápio rico em tradição, que permite ao cliente Carne salgada:
2 kg carne de sertão
experimentar os mais variados sabores da comida baiana. Nas ½ de calabresa defumada
2 paios
datas comemorativas, como a festa da Boa Morte, a melhor 2 pés de porco defumado
½ kg de toicinho MODO DE PREPARO:
época de faturamento, o Maktub costuma colocar em seu espaço ½ de bacon
½ de carne de porco salgada A folha de mandioca é triturada e pré-
música ao vivo, para que os clientes e visitantes encontrem um ½ de costelinha de porco lavada, em forma de bola. Depois faça
300g de chouriço de porco três lavagens, ferventando por 30 min.
ambiente descontraído. Carnes frescas: Escorra, esprema para sair o sumo
6 kg de peito bovino verde. A seguir faça o mesmo processo
O atendimento é outro fator muito importante na casa. O Maktub 2 kg de músculo por mais 10 min, passe pela água
1 pé de mocotó corrente e coloque na panela para
conta com a colaboração de seis funcionários bem treinados. E 1 kg de bucho fresco cozinhar, deixando por 12 horas,
200 g de camarão seco mexendo. Finalmente está pronta a
20 g de pimenta de cheiro maniçoba.

26
A carne mais apetitosa da região

O barzinho Pkt Relever existe há 20 anos e é conhecido por servir a tradicional Carne do Sol. Quem a prepara é Zé Miúdo,
proprietário do local, que garante servir a melhor Carne do Sol de Cachoeira.
Cerca de 40 a 50 pessoas freqüentam o barzinho por dia, incluindo turistas de todo canto do mundo. O Pkt Relever trabalha
para atender aos mais variados paladares. Além da tradicionalíssima Carne do Sol, Zé Miúdo prepara um Camarão a Alho e
Óleo.
É na Festa D'Ajuda e no São João que o barzinho recebe uma maior quantidade de turistas, apesar do espaço pequeno. Zé
Miúdo fala da sua vontade de ampliar o local, mas por causa do patrimônio histórico da cidade não tem como realizar este
serviço, pois as casas e casarões não podem ser reestruturados pela população.

Restaurante oferece bons pratos e passeios turísticos

Localizado às margens do Rio Paraguaçu, o restaurante Beira


Rio tem um ambiente tranqüilo e agradável. O cardápio oferece
78 opções, tendo como principal prato português o Bacalhau a
Gomes Sá. O lugar é bastante freqüentado por turistas.
Seu Duarte comanda o Beira Rio
Os pratos regionais mais pedidos são a moqueca de camarão e o
badejo. Podendo ser acompanhados, na sobremesa por uma
mousse de maracujá ou pela ambrosia. Um prato curioso é o
frango afrodisíaco ao creme de maracujá. O Beira Rio trabalha
com bebidas variadas, tendo como costume oferecer seus mais
saborosos vinhos, conservados em uma adega climatizada.
Seu Duarte, proprietário do estabelecimento fundado há cinco
anos, investiu no turista. Ele oferece passeios fluviais turísticos
para os distritos vizinhos, sendo o mais pedido, a visita a São
Francisco do Iguape. No barco do restaurante cabem 16 pessoas
mais os dois tripulantes.

27
Profissão:
Turista
E
E
u bem que podia trabalhar como jornalista
de uma revista de turismo. Essa parece a
forma perfeita de ganhar a vida. Mas não
deve ser tão fácil quanto aparenta. São
necessários alguns anos de esforço físico,
paciência, sacrifícios. Pode ser que o candidato
a viajante profissional tenha que encarar trilhas
pedregosas e íngremes no mato, filas de espera
para embarcar, atendimentos de qualidade
duvidosa, refeições insalubres, ou tenha que
forjar elogios falsos em páginas de jornal e
oportunidade de morar em outra cidade. Morei três
anos e meio em São Paulo, que eu já conhecia de
visitas breves e me assustava tanto quanto
fascinava, justamente por ser tão diferente do
mundo que eu conhecia até então. Durante o tempo
que passei lá, minha visão de mundo precisou se
adaptar à dinâmica própria de uma metrópole
mundial e ganhou uma noção ampliada de
horizonte de possibilidades, tanto nos aspectos
pessoais quanto nos profissionais. Acredito que
esse é um dos ganhos que o turismo proporciona:
revista. As recompensas virão aos poucos, em uma amostra de como é a vida num lugar que não é
quartos de hotel, paisagens, encontros e o nosso.
emoções inesquecíveis.
Agora sou um jornalista em tempo integral, a
Confesso que durante algum tempo quis me serviço de um aeroporto internacional que tem
preparar para essa profissão. Tive o melhor taxas de crescimento de 20% ao ano,
exemplo dentro de casa. Entre os 8 e os 12 anos impulsionadas principalmente pelo turismo. Os
de idade, percorri vários estados do Brasil corredores do Aeroporto de Salvador respiram
acompanhando meus pais, que sempre turismo, nas agências e casas de câmbio do térreo,
gostaram e continuam gostando de viajar. nas lojas de artesanato e moda afro do primeiro
Nessas viagens, de carro (por Pernambuco, piso, nas filas diárias dos check-ins dos vôos
Bahia, Paraíba, Ceará, Piauí, Espírito Santo, Rio internacionais. Esse é um turismo que ultrapassa o
Grande do Norte e Alagoas) ou de avião (para Centro Histórico e Sauípe, e vai muito além, pelo
São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba), comecei a interior e pela costa da Bahia. Sei de muita gente
desenvolver o gosto por conhecer lugares que chega pelo aeroporto e, sem nem pisar na
novos, pessoas diferentes e tradições culturais capital, vai direto pra outras praias, ilhas, baías.
diversas.
Quero finalizar esse depoimento manifestando que
A vocação estava no sangue e, depois dos 20 dedico ao Recôncavo baiano um profundo respeito,
anos, peguei a estrada sempre que juntava típico de um turista profissional (ou profissional do
algum dinheiro: Chapada Diamantina, Recife, turismo) por um roteiro que ainda não conhece. É o
França. A cultura e a história de cada lugar, além respeito de um explorador diante de um tesouro
da diversão, é claro, foram sempre o que mais intocado. Não vejo a hora de investigar suas
me atraiu nessas viagens. Numa guinada da reentrâncias.
vida, acabei aceitando um emprego só pela

*Wladimir Cazé publicou "A filha do Imperador que foi morta em Petrolina" (folheto de cordel, 2004) e
"Microafetos" (poemas, 2005).
Contato: www.silvahorrida.blogspot.com

28
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Passeios Turísticos no Rio Paraguaçú

Localizada à margem direita do rio


Paraguassú, com aptos. tv, ar e ventilador,
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Foto: Jotafreitas

CACHOEIRA
CIDADE HEROICA
Visite Cachoeira
E MONUMENTO
NACIONAL
Hino de Cachoeira- BA
Letra: Sabino de Campos
Música: Manuel Tranquilino Bastos

Mocidade vibrante e altaneira


Revivei, constelada de sóis
Toda glória de nossa Cachoeira
De seus filhos amados,
Soldados e heróis.

Daquele sangue bendito


Que deram nossos avós
Ao prédio, em transe inaudito
Ainda existe e ferve em nós!
Em nós (Bis).

Façamos grande
Nosso porvir,
E a essa voz que se expande,
Devemos seguir,
Marchar! Marchar!
E progredir! Lutar! (Bis)
Florir! (Bis)

Revivei, terra heróica e fremente,


Que, com sangue denodo e vanglória
Encrevestes o nome eloqüente
Nos anais de ouro eterno (Bis)
Superno, Da história.

Exaltemos nossa terra


Sempre forte e varonil
Legionária de uma guerra (Bis)
Que engrandecera o Brasil
Brasil!

Terra adorada
Pelo valor,
Sereis sempre desvelada
Pelo nosso amor
Nosso amor (Bis)
Abrasador!
Libertador!

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