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Carta aos dirigentes das Centrais sindicais

Ao Secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva

Ao Secretário-geral da UGT, João Proença

Caros camaradas,

Melhor do que ninguém vocês têm consciência da gravidade da situação que se vive
em Portugal – um país economicamente arrasado, em consequência da aplicação,
durante dezenas de anos, das políticas ditadas por interesses estranhos à maioria da
sua classe trabalhadora e da sua população.

São as instituições que representam esses mesmos interesses que agora vêm redobrar
o castigo sobre a maioria do povo português, como se este fosse responsável por um
défice que passou, em dois anos, de 2,8% para 9,8%, um défice resultante da
canalização de milhões e milhões de euros – saídos da riqueza de quem trabalha,
retirados aos salários e às pensões de reforma, ou aos serviços públicos e à produção
– para tapar os buracos dos bancos causados pela especulação.

Vocês não aceitam o desastre que esta política impõe ao povo português e uniram-se
num apelo aos trabalhadores portugueses, para um forte dia de greve geral, a 24 de
Novembro.

Estamos seguros que milhões de trabalhadores vão responder ao vosso apelo, pois tal
como disse João Proença: “É preciso que esta greve seja bem sucedida”.

Uma greve geral será bem sucedida se começar a inverter este processo de
desmantelamento dos direitos e das condições de quem só pode viver do seu trabalho,
ou das pensões de reforma.

Uma greve geral bem sucedida será um passo em frente na concretização, pela
positiva, do que está contido nos cartazes que a convocam. É tempo de inverter esta
situação. Exijamos:

 A garantia imediata da manutenção do emprego dos trabalhadores da


Groundforce, a quem o Governo quer impor um despedimento colectivo, para os
substituir por trabalhadores precários, bem como a tomada das medidas
necessárias para impedir os despedimentos, em todas as outras empresas,
nomeadamente na Mactrading, na Valsan e nas Páginas Amarelas/PT.

 Pagamento dos salários por inteiro aos funcionários públicos e aos trabalhadores
do sector empresarial do Estado.

 Aumento das pensões de reforma, desde já as mais degradadas, e do salário


mínimo a partir de Janeiro de 2011, com que o Governo e os patrões se
comprometeram.
 Redução drástica da pobreza, permitindo a realização – através de um trabalho
com direitos – das centenas de milhar de trabalhadores no desemprego, através
da concretização de um plano de reconstrução da economia nacional e, por aí
mesmo, o aumento da riqueza do nosso país.

 Vinculação dos trabalhadores precários no sector público e privado.

 Garantia dos subsídio de desemprego e dos apoios sociais para quem precisa.

Todos temos consciência que a greve geral de 24 de Novembro não irá certamente
conseguir, no dia seguinte, a realização destas exigências legítimas.

Mas, pode abrir o caminho para a sua satisfação; pode garantir que se inverta a
situação, que os trabalhadores, com as suas organizações sindicais (pela voz dos seus
dirigentes), afirmem em uníssono: «Se o Governo não quer ouvir as nossas
exigências, para parar com os despedimentos, garantir os salários por inteiro,
garantir no Estado o que resta do seu sector empresarial e renacionalizar os
sectores estratégicos, então não contem com as Centrais sindicais para negociar
“Pactos para o Emprego”, pois eles serão pactos para aumentar o desemprego.»

E que, ao mesmo tempo, vocês se disponibilizem publicamente para ajudar a criar


as condições para uma greve geral dos trabalhadores de toda a Europa,
convocada sobre a linha destas reivindicações.

Não será isto possível?

A CGTP afirma: “É neste caldeirão social em que nos movimentamos, no qual somos
actor importante, que se geram as condições para as alternativas políticas”;
acrescentando que “é preciso tomarmos nas nossas mãos o destino do país, pois não
se pode continuar pelos caminhos em que nos encontramos, porque por aí vamos para
o abismo”.

Caros camaradas,

Vocês sabem, tal como todos nós sabemos, que os trabalhadores só podem contar
consigo próprios e com a sua organização. Contem connosco, para ajudar a construir
uma rede de militantes que, a partir de cada sector, ajude a construir a frente unida que
faça da greve geral um sucesso, no dia 24 e nos dias seguintes.

Os participantes no Encontro
Adélia Gatoeiro (dirigente do STIV-CGTP); Adélia Gomes (SPGL-CGTP); Adilson Fernandes (estudante da FLUL);
Aires Rodrigues (dirigente do POUS); Ana Sofia Cortes (delegada sindical do STFPSA-CGTP); Ana Tavares Silva
(membro da Coordenadora dos professores contratados do SPGL); Antoine Laurain (professor de francês); António
Chora (Coordenador da CT da Autoeuropa); António Dores (SNEsup); Carlos Melo (SBSI-UGT); Carmelinda Pereira
(dirigente do POUS); Cláudio Lordelo (vidreiro da Ifavidro); Daniel Gatoeiro (Sindicato dos Químicos); Emanuel
Rodrigues (SPRC-CGTP); Helena Carvalho (SINTAP-UGT); Isabel Pires (dirigente do SPGL); Jaime Crespo (SPGL /
membro da Comissão pela Proibição dos Despedimentos); Joaquim Carpinteiro Vaz (vidreiro da Ifavidro); Joaquim
Pagarete (membro da Coordenadora dos professores aposentados do SPGL); Luísa Martins Garcia (SPGL);
Margarida Pagarete (estudante da FPUL); Mª da Luz Fernandes (func. pública aposentada); Mª do Rosário Rego
(SPGL); Paula Montez (membro da Comissão pela Proibição dos Despedimentos); Vladimir Rodrigues (pintor).

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