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Disciplina: Biologia, Evolução e diversidade I

Cursos: Biologia
Biologia e Geologia

Insectos Sociais

Docente:Ana Maria Rodrigues

Organização social evoluiu em 2 ordens de insectos: Isoptera (inclui as térmites)


e Hymenoptera (inclui formigas abelhas e vespas)

Todos os insectos sociais exibem algum grau de polimorfismo – castas

macho
fêmea (ou rainha)
obreiras
soldados

A determinação das castas é um fenómeno de desenvolvimento regulado pela


presença ou ausência de certas substâncias, fornecidas como alimentos, nos
estágios imaturos por membros da colónia

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Ordem: Isoptera
Mais de 2600 espécies; diversidade superior em
África (cerca de 1000 espécies - América do Norte 50
espécies; Europa cerca de 10); regiões tropicais
podem ter até 10.000 ind/m2

Antes de acasalar e iniciar uma nova colónia, reis


e rainhas (alados) saem da colónia
Após poisarem no solo, perdem as asas acasalam e
procuram um local para iniciar o ninho.
A rainha inicia a postura e o par assegura o
desenvolvimento das primeiras ninfas e obreiras
(desenvolvimento é hemimetabólico).
Fornecem-lhes comida pré-digerida até que possam
alimentar-se por si. Posteriormente são elas que
alimentam o casal reprodutor
Térmites vivem num ninho que pode
Térmites alimentam-se de celulose e possuem ser estruturalmente muito complexo.
microorganismos que as ajudam na digestão; É usualmente construído no solo e
algumas espécies produzem celulases pode ser de grandes dimensões

O’Toole C. (ed.) 2002 The New Encyclopedia of Insects and their Allies. Oxford University press, 240 pp.

Comunicação: estímulos tácteis, químicos, Soldados: Têm grandes


sonoros; visão existe só no par reprodutor (na cabeças e fortes
maioria das espécies), soldados e obreiras vivem mandibulas; não têm
asas e não são capazes
nos túneis e perto da comida e não têm olhos
de se alimentar sózinhos
– defesa da colónia

Obreiras: É a casta mais


abundante; inclui indivíduos
estéreis de ambos os sexos e
podem ser juvenis ou adultos.
Não têm asas; constroem e
cuidam do ninho; tratam do
par reprodutor e dos
soldados, dos ovos e dos
juvenis; procuram alimento ou
mantêm os jardins de fungos

Rainha: põe os ovos (+ de 1000 Macho: É um membro permanente da


por dia); alimenta e cuida das colónia; Acasala intermitentemente
primeiras ninfas e obreiras, com a rainha; cuida das primeiras
coordena a vida da colónia ninfas e obreiras
Luck, S. et al (trad. M.E. Vidigal) 1995 – O grande Livro da Natureza, Circulo dos Leitores, 360 pp

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Térmites utilizam dois tipos de
materiais de construção:
solo amassado com saliva:
estrutura exterior e túneis
principais

produtos fecais amassados


com saliva (cartão): divisórias
internas, mais finas

Luck, S. et al (trad. M.E. Vidigal) 1995 – O grande Livro da Natureza, Circulo dos Leitores, 360 pp

O’Toole C. (ed.) 2002 The New Encyclopedia of Insects and their Allies. Oxford University press, 240 pp.

O calor gerado pelas térmites e os fungos aquece o ar e este sobe;


movimenta-se através de canais próximos da superfície e arrefece.

O ar exterior mais frio e rico em oxigénio difunde-se para o interior da


termiteira e circula no sentido oposto

Por vezes são construídos túneis até toalhas de água subterrânea para
garantir humidade na termiteira

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Ordem: Hymenoptera

Espécies de formigas (Família: Formicidae) são todas sociais


O ninho é constituído usualmente por um conjunto de galerias, no solo, madeira
ou entre pedras

Castas

Tal como nas abelhas e vespas os soldados e


obreiras das formigas são sempre fêmeas
estéreis

Asas estão presentes durante o voo nupcial


em machos e fêmeas reprodutoras

Desenvolvimento holometabólico
Luck, S. et al (trad. M.E. Vidigal) 1995 – O grande Livro da Natureza, Circulo dos Leitores, 360 pp

Na construção dos ninhos


algumas formigas dobram
folhas que posteriormente
“colam” utilizando seda
produzida por larvas que são
estimuladas para tal, pelas
formigas

Luck, S. et al (trad. M.E. Vidigal) 1995 – O grande Livro da Natureza, Circulo dos Leitores, 360 pp

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Comunicação e Defesa:

Sistemas de comunicação diversos; o mais importante é a produção de


feromonas. A produção pode ser através de glândulas cloacais, de Dufour, da
região posterior do tubo digestivo, de veneno, rectais, esternais e mesmo tibiais.
Muitas podem produzir químicos altamente voláteis para sinalizar alarme

A posição do alimento é indicada através de trilhos químicos deixados por


formigas que voltam ao ninho

A comida é regurgitado e passada a outros indivíduos

Toques com as antenas seguem a passagem do alimento

Toques mais violentos podem ser usados como alerta (que é dado sobretudo por
substâncias químicas emitidas)

Elementos de outra colónia ou da mesma são reconhecidos pelos componentes


químicos da cutícula
Defesa da colónia é feita pelos soldados utilizando quer as fortes mandíbulas
quer substâncias químicas (ácido fórmico é comum)

Alimentação: À medida que a organização social evolui nas diferentes


espécies também as estratégias para assegurar o alimento à colónia se
modificaram
Formigas que recolhem sementes
Formigas predadoras
Formigas que “pastam afídeos”
Formigas que usam os abdómens de algumas obreiras para
armazenar néctar
Formigas que plantam e tratam de “jardins de fungos”

Algumas colónias de formigas têm subcastas


indivíduos com grandes cabeças
para partir sementes
soldados com morfologia especial
para tapar a entrada do ninho

As tarefas das obreiras podem variar ao longo Formiga “pote de mel”


do tempo conforme a necessidade
O’Toole C. (ed.) 2002 The New Encyclopedia of Insects and their Allies.
Oxford University press, 240 pp.

Algumas formigas roubam pupas de outros formigueiros que posteriormente se


comportam e são tratadas como membros da colónia – formigas esclavagistas
Algumas colónias são nómadas

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Ordem: Hymenoptera
Apis mellifera
Pensa-se ser uma espécie originária de África: (contrariamente às colónias de
vespas e outras abelhas) mantém-se activa durante o Inverno
Vive em colmeias que podem conter até 80 000 indivíduos, e que possuem alvéolos
com diferentes formas de modo a albergar as diferentes castas

Luck, S. et al (trad. M.E. Vidigal) 1995 – O grande Livro da Natureza, Circulo dos Leitores, 360 pp

Cada alvéolo é construído da base para cima

1º a secção da base em forma de


losango a que se seguem
duas paredes adjacente

Um 2º losango é adicionado
à base e mais duas paredes
As obreiras amassam e amolecem e
moldam a cera (segregada por uma
glândula abdominal)

Uma 3ª secção e mais A espessura não pode variar mais do que


0,002 mm, precisão conseguida sondando
duas paredes completam
as paredes com as antenas e utilizando a
o hexágono sua elasticidade como uma medida de
espessura

A cabeça serve como um fio de prumo. Na


parte posterior existem sedas sensoriais
que ajudam a calcular os movimento da
cabeça
Luck, S. et al (trad. M.E. Vidigal) 1995 – O grande Livro da Natureza, Circulo dos Leitores, 360 pp

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Forma hexagonal: resistência, construção com menos material e mínimo
esforço

Cera: produzida por uma glândula no abdómen; a cera é amassada com as


patas anteriores e com a armadura bucal junta-lhe saliva até ficar flexível

Utilizam também propólis (resina) que utilizam para tapar fendas (e envolver
o corpo das companheiras mortas - mumificação); a maior procura ocorre
durante o Outono

As sociedades são basicamente femininas; o macho não é um membro


permanente da colónia e quando lhe é permitido permanecer é o 1º a ser expulso
se falta por ex. o alimento
3 castas:
Obreiras (as mais numerosas): Constróem, cuidam da colmeia e defendem a colónia;
cuidam da rainha, dos zangãos (macho) e dos ovos e larvas; recolhem comida
Há partição de tarefas ao longo da vida; 1as actividades (dentro da colónia) – produção de
secreções (glândulas faríngeas, salivares, abdominais,…) envolvidas na construção das
células, armazenamento de alimento e produção de alimento, cuidados com as larvas; após
3 semanas - actividade glandular declina e começam as tarefas de exterior: defesa e
recolha de alimento. A sequência das tarefas pode ser alterada se for necessário
Rainha (é a maior – grande abdómen): por os ovos e controlar as actividades das obreiras
Zangão (distingue-se pelos olhos compostos e é mais corpulento): fecundar a rainha

Luck, S. et al (trad. M.E. Vidigal) 1995 – O grande Livro da Natureza, Circulo dos Leitores, 360 pp

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Adaptações das obreiras

Pelos

Patas: escovas de polén (olhos, antenas e corpo)


Esporão: colheita de cera
Corbícula: cesta de polén

Forma da cabeça e antenas; armadura bucal; estômago de mel; ferrão

Storer, T. I. And R. L. Usinger (trad. Froehlich, C. G.; D.D. Corrêa e E. Schlenz) 1977 Zologia Geral 3ª ed., Companhia Editora Nacional, São Paulo, Brasil, 757pp.

Dispersão - estimulada pelo aumento excessivo de obreiras; usualmente


final da Primavera
Rainha e algumas obreiras deixam a colónia (a antiga fica com rainhas
em desenvolvimento); a rainha tem vários voos nupciais, acasala com
vários machos acumulando esperma que usará no resto da vida (pode
por até 1000 ovos/dia); o macho morre após o acasalamento

Uma rainha pode viver 3 a 5 estações e pôr 1 000 000 de ovos


Obreiras – as que eclodem no Outono sobrevivem até à Primavera, as
que nascem mais cedo vivem 6 a 8 semanas

Dieta fornecida às larvas define se serão obreiras (fêmeas estéreis) – 2


primeiros dias geleia real (com < teor em açucares do que a fornecida à
rainha) posteriormente pólen e mel

Rainha e obreiras resultam de ovos diplóides; machos resultam de ovos


haplóides

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O comportamento das obreiras - controlado pela produção de uma feromona da
rainha (secreções de glândulas mandibulares)

Quando a vitalidade da rainha começa a diminuir ou quando a densidade


estimula a enxameação, a produção diminui e as obreiras iniciam a construção
de câmaras reais nas quais é colocado como alimento geleia real em grandes
quantidades

Mel e a manutenção da temperatura interna da colmeia (as obreiras podem


elevar a temperatura a 35ºC mesmo com temperaturas exteriores de –30ºC)
permite manter a colónia activa durante o Inverno – diferencia estas colónias das
de outras espécies que mantêm durante o Inverno por vezes só a rainha num estado de
torpor

No inicio do Inverno a rainha pode por ovos Æ nova geração de obreiras pronta
no inicio da Primavera; no final da Primavera novas rainhas podem ser
produzidas

Desenvolvimento holometábolo:
Rainha: ovo(3); larva (5,5); pupa (7,5)= 16 dias
Obreira: ovo (3); larva (6); pupa (12)= 21 dias
Zangão: ovo (3); larva (6,5); pupa (14,5)= 24 dias
Tempo padronizado devido à regulação da temperatura na colmeia

Geleia real: secreção de glândulas faríngeas das obreiras jovens

Mel: solução de hidratos de carbono com teor em água inferior a 18% - o néctar
sofre a acção de enzimas salivares – decomposição da sacarose em açucares
mais simples (glucose e frutose); alguma da glucose é convertida num ácido
que evita a contaminação bacteriana
Na colmeia o líquido é regurgitado para uma das células e tratado por outras
abelhas que evaporam o excesso de água e tapando de seguida a célula

Polén 6 a 28 % proteínas (10 aminoácidos fundamentais às abelhas)

Néctar 5 a 80% açúcar; 0,2% de proteínas

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Comunicação

No interior escuro da colmeia as obreiras


executam danças utilizando o tacto (obreiras
que seguem as que dançam), as vibrações
do ar e o olfacto para comunicar a
localização do alimento (néctar e pólen)

Dança de Roda:
É executada quando a comida dista de 5 - 85m (depende
da espécie) da colmeia.
A duração e o vigor indicam a riqueza da fonte: vibram as
asas, o som é detectado e outras obreiras seguem o
movimento (receptores das antenas).
A certa altura emitem também um som que estimula a
regurgitação do alimento
Aparentemente não é transmitida a localização exacta ou
distância; as obreiras procuram comida na vizinhança da
colmeia e localizam-na pelo olfacto

Luck, S. et al (trad. M.E. Vidigal) 1995 – O grande Livro da Natureza, Circulo dos Leitores, 360 pp

Dança de Meneio:
Círculos para a direita e esquerda com um percurso
em linha recta entre os dois (a obreira abana o
abdómen e emite pulsações audíveis)
A orientação destes movimentos mostra a direcção da
fonte de alimento relativamente à colmeia
A frequência com que o abdómen é abanado indica a
distância

Luck, S. et al (trad. M.E. Vidigal) 1995 – O grande Livro da Natureza, Circulo dos Leitores, 360 pp

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A dança indica a posição da comida: a orientação dos movimentos, tendo como referência
a verticalidade dos favos indica o ângulo entre a fonte de alimento e o sol

Se a dança for em
Se a dança for em linha linha recta, e para
recta, e para cima baixo o alimento está
o alimento está está está localizado na
localizado na direcção direcção oposta ao
do sol sol

Storer, T. I. And R. L. Usinger (trad. Froehlich, C. G.; D.D. Corrêa e E. Schlenz) 1977 Zologia
Geral 3ª ed., Companhia Editora Nacional, São Paulo, Brasil, 757pp.

A inclinação para a direita ou esquerda da vertical do favo indica o ângulo ao sol

Um “relógio” interno compensa a passagem de tempo entre a descoberta do alimento


e o início da dança; em dias com nuvens a luz polarizada e radiação ultravioleta são
usadas como referências indirectas

Frequência das corridas:


24 vezes/minuto – 500 m
8 vezes/minuto – 5000 m

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