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CRISTOLOGIA

Por

Alexandre Figueira Ferreira

Trabalho apresentado em cumprimento às exigências do curso de convalidação para o

Curso de Teologia.

Rio de Janeiro, 14 de junho de 2010


CRISTOLOGIA

1 – Tópicos
1.1 Sagradas Escrituras, Introdução à Sagrada Escritura e Introdução à Teologia.
A PESSOA DE JESUS CRISTO

O estudo de Jesus Cristo se reverte de grande importância decorrente de sua


ligação com o Cristianismo e com a vida de todos quantos nEle crêem e esperam. Neste
ponto, Cristo se distingue dos fundadores das grandes religiões conhecidas no mundo de
hoje. Não há nenhum grau de comparação entre Cristo e Confúcio ou Buda. O
Confucionismo poderá existir se Confúcio, O Maometismo sem Maomé, e o budismo
sem Buda, porém, o Cristianismo sem Cristo é inconcebível. O Cristianismo é Cristo e
Cristo é o Cristianismo. O Cristianismo não é primeiramente, uma religião. Antes de
qualquer outra coisa, Cristianismo é um modo de vida, a vida de Jesus Cristo posta em
ação através da vida dos santos. Cristianismo é “Cristo em vós, a esperança da glória”,
Aqueles que o amam e o servem conhecem-no pelo nome, como é mostrado a seguir:
Jesus. O nome Jesus é a forma grega do nome hebraico “ Jehushua” = Josué
(Js 1:1; Zc 3:1), do qual a forma regular dos livros históricos pós-exilísticos é “Jeshua”
(Jesus” (Ed 2:2). O nome parece derivar dos termos hebraico “salvar o que está
inteiramente de acordo com a interpretação dada pelo anjo em (Mt 1:21)”. E dará à luz
um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque Ela salvará o seu povo dos seus
pecados)”. Este nome foi usado por dois conhecidos personagens, tipos de Jesus no
Antigo Testamento. Um deles foi Josué, filho de Num servidor de Moisés. Prefigurando
Cristo como o grande General e lidere real dando a seu povo a vitória sobre os inimigos,
conduzindo-os à Terra Prometida. O outro é José, filho de Jeozadaque, que tipifica o
Cristo como sendo o grande sacerdote levando os pecados do seu povo, (Zc 3:1-5).
Cristo. O nome “Cristo” é o equivalente neotestamentário de “Messias” do
Antigo Testamento, e significa “Ungido”. Reis e sacerdotes foram regularmente
ungidos durante a velha dispensação, (Ez 29:7; Lv 4:3; Jz 9:8; II Sam 19:10; I Sam
9:16; 10:1-2). O rei em Israel é chamado o “Ungido de Jeová, (I Sm 24:6)”. O conceito
de “Messias” ou “Ungido”, inclui três importantes elementos:
· A designação para um oficio;
· O estabelecimento de uma relação entre o Ungido e Deus;
· A comunicação do Espírito de Deus ao que tomou posse do oficio, (I Sm
16:13).
Cristo foi indicado ou designado para o seu oficio desde a eternidade, mas,
historicamente, sua unção se consumou quando ele foi concebido pelo Espírito Santo,
(Lc 1:35), e quando recebeu o Espírito, principalmente, por ocasião do seu batismo. Isto
serviu para qualificá-lo par a sua grande comissão, (Mt 3:16).
Filho do Homem. É geralmente admitido que o homem Filho do Homem
quando aplicado a Cristo se deriva de Daniel (Dn 7:13). O nome “Filho do Homem” era
uma autodesignação mais comumente usada por Jesus.Ele o usou em mais de quarenta
ocasiões, enquanto que outras pessoas quase não empregavam em relação a Cristo,
sendo as únicas exceções às indicadas em (Jô 12:34; At 7:56; Ap 1:13; 14:14). O nome
é por certo, expressivo à humanidade de Cristo, e é usado, às vezes, em passagens em
que Jesus fala de seus sofrimentos e da sua morte. Mas também claramente sugestivo da
singularidade de Jesus e de seu caráter sobre-humano e de sua vinda futura com as
nuvens do céu em glória celeste, (Mt 16:27-28). Alguns estudiosos da Bíblia são da
opinião de que Jesus dava especial preferência a este nome porque era pouco
assimilável pelos judeus, e serviria muito bem para ocultar a sua missão messiânica. É
mais provável, porém, que Ele o preferiu porque não tontinha nenhuma sugestão das
interpretações errôneas do Messias, Inte
Filho de Deus. O nome “Filho de Deus” é usado variadamente no Antigo
Testamento. Aplica-se a Israel como nação, (Ex 4:22; Os 11:1), ao rei prometido da
casa de Davi, (II Sm 7:14; Sl 89:27), aos anjos; e as pessoas piedosas em geral, (Gn
6:2). No Novo Testamento Jesus se apropria do nome, (Jô 1:6), e só seus discípulos e
até demônios ocasionalmente lhe atribuem esse nome ou o trataram por ele. O nome
quando aplicado a Cristo tem sentido diversificado. Por exemplo: interpretações
correntes entre os judeus.
No sentido Natalício. Serve para designar que a natureza humana de Cristo
teve origem na direta atividade sobrenatural de Deus, e, mais particularmente, do
Espírito Santo. Em (Lc 1:35), o nome “Filho de Deus” claramente indica este fato.
No sentido oficial ou Messiânico. Neste caso, o tratamento “Filho de Deus”
descreve mais o oficio do que a natureza de Cristo, o Messias e freqüentemente
chamado o “Filho de Deus”, como seu herdeiro e representante. Os Demônios
evidentemente assim usaram esse nome, (Mt 8:29).
No sentido Trinitáriano. Aqui o nome “Filho de Deus” serve para designar o
Cristo como a segunda pessoa da Trindade Augusta. É o sentido mais profundo em que
se usa o nome. Jesus, mesmo invariavelmente, emprega o nome nesse sentido
especifico, (Mt 11:27).
Senhor. O nome “Senhor”; quando aplicado a Cristo no Novo Testamento,
tem diversos sentidos. Em certos casos é usado simplesmente como forma de tratamento
cortês e de respeito, (Mt 8:2). Em tais casos significa pouco mais de que palavras
“senhoras”, que se usa com freqüência no tratamento entre os homens. Noutros casos e
expressivo de domínio e autoridade, sem indicar algo ao caráter divino de Cristo e sua
autoridade, em assuntos espirituais e eternos, (Mt 21:3).
Finalmente, o nome “Senhor” é expressivo do caráter de Cristo e sua suprema
autoridade espiritual, e é quase equivalente ao nome de Deus, (Mc 12:31). E
especialmente depois da ressurreição que se aplica de forma plena e apropriada este
nome a Cristo, indicando, que Ele é o dono e governante da Igreja, (Mt 7:22).
AS NATUREZAS DE JESUS CRISTO
O problema maior da cristologia se espelha nesta questão: Como se
relaciona à divindade de Cristo com as humanidades? Como pode aquele que e
verdadeiro Deus ser também verdadeiro homem ao mesmo tempo? Como pode viver
sob condições humanas e aparecer em forma humana É sem duvida um grande mistério:
“Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos,
pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória”, (I Tm 3:16).
A Natureza Humana de Jesus Cristo. Jesus Filho do Homem, conforme Ele
mesmo se proclamou. É nessa condição que ele se identifica cm toda a raça humana.
Para Ele convergem todas as linhas da nossa comum humanidade.
Ele era “o filho do Homem” no sentido de ser o único que realiza tudo o que
está incluído na idéia do homem, na qualidade, segundo Adão, a cabeça e representante
da raça, a única verdadeira e perfeita flor que já se desabrochou da raiz e do tranco da
humanidade. Tomando para si esse titulo. Ele testifica contra pólos opostos de erro
acerca de sua pessoa: o pólo ebionita que seria o resultado final do titulo “Filho de
Davi” e o pólo gnóstico, que negava a realidade da natureza humana que levava esse
nome.
A humanidade de Jesus Cristo é demonstrada da seguinte maneira:

• Pela sua ascendência humana, (Gl 4:4);


b) Por seu crescimento e desenvolvimentos naturais, (Lc: 2:40, 52);
c) Por sua aparência pessoal, (Jô 4:9);
d) Por possuir natureza humana completa, e inclusive corpo, alma e espírito, (Mt
26:12: 38).
e) Pelas suas limitações humanas, sem pecado, evidentemente. Deste modo ele
estava sujeito à fadiga corporal, à necessidade de sono, à fome, à sede, ao
sofrimento e a dor física. Tinha capacidade para crescer em conhecimento, e de
adquirir conhecimento mediante observação, (Jô 4:6).

A Natureza Divina de Jesus Cristo.

As dimensões do cristianismo melhor se medem pelas dimensões da pessoa que a


fundou e limita seu horizonte. Da realidade de sua divindade dependem todas as demais
realidades do cristianismo, e isso por toda a eternidade – Champion.
Ao mesmo tempo em que Jesus era verdadeiramente homem, também era verdadeiro
Deus. Disse Napoleão ao Conde de Montholon: “Penso que compreendo um pouco da
natureza humana, e digo-te que todos esses heróis da antiguidade foram homens, como
eu sou, mas não como Jesus Cristo; Este era mais que homem”.

As Escrituras Sagradas afirmam peremptória e categoricamente que:

Cristo é Deus. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus”. Outras passagens da Escritura corroboram com a divindade de Jesus
Cristo, como seja: (Jô 10:30, 33, 38; 14:9; 11:20, 28; II Cor 9:5; e correlatas).
Muitas afirmações feitas no Antigo Testamento a respeito de Jeová são
interpretadas e cumpridas no Novo Testamento, referindo-se à pessoa de Jesus Cristo.
Veja, por exemplo, os casos seguintes:
VATICINIO
CUMPRIMENTO
Isaias 40:3-4
Lucas 1:68-69, 76.
Êxodo 3:14
João 8:56-58
Jeremias 17:10
Apocalipse 2:23
Isaias 60:19
Lucas 2:32
Isaias 6:10
João 12:37-41
Isaias 8:13-14
I Pedro 2:7-8
Números 21:6, 8
I Corintios 10:9
Salmos 23:1
João 10:11; I Pedro 5:4.
Ezequiel 34:11-12
Mateus 4:10

Cristo é Todo-Poderoso. “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”, (Mt 28:18).
Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, e que há de vir, o “Todo-
Poderoso”, (Ap 1:8).

Cristo é Eterno. “Respondeu-lhe Deus: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que
Abraão existisse, Eu sou”, os Evangelhos de João destaca este aspecto da divindade de
Cristo nos seguintes textos: (1:18; 6:57; 8:19; 10:30, 38; 14:7, 10, 20; 17:21, 26).

Cristo é Criador. “Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle e sem ele nada do
que foi feito se fez... Estava nu mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o
conheceu”, ((Jô 3, 10). Porque nEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na
terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam potestades: tudo foi
criado por Ele e para Ele, (Cl 1:16-17). “Havendo Deus antigamente falado muitas
vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias
pelo Filho, a quem constituiu herdeiro da sua glória, por quem fez também o mundo”,
(Hb 1:1-6, 8)).

Atributos da Divindade de Jesus Cristo. Atributos inerentes a Deus Pai


relacionam-se harmoniosamente com Jesus Cristo, provando a sua divindade.

Por isso a Bíblia o apresenta como:


O primeiro e o Último, Is 41:4.
O Senhor dos senhores, Ap 17:4.
O Rei dos reis, Is 6:1-5.
Luiz, Mt 16:27.
Pastor, Sl 23:1.
Cabeça da Igreja, Ef 1:22.
Verdadeira Luz, Lc 1:78-79.
Fundamento da Igreja, Is 28:16.
Caminho, Jô 14:6.
A Vida, Jô 11:25.
Perdoador de pecados, Sl 103:3.
Preservador de tudo, Hb 1:3.
Doador do Espírito Santo, Mt 3:11.
Onipresente, Ef 1:20-23.
Onipotente, Ap 1:8.
Onisciente, Jô 21:17.
Santificados, Hb 2:11.
Mestre, Lc 21:15.
Restaurador de si mesmo, Jô 2:19.
Inspirador dos profetas, I Pe 1:17.
Supridor de Ministros à Igreja, Ef 4:11.
Salvador, Jô 3:4-6.

O CARATER DE JESUS CRISTO

O caráter de Jesus Cristo tem recebido a aprovação e a recomendação não apenas de


Deus Pai, dos seus anjos e dos seus santos, mas até os demônios tem reconhecido isto.
Ao longo de quase dois milênios o seu nome e a sua vida impõe respeito e ternura e tem
sido motivo inspirador de milhões de vidas em toda a terra em todo os tempos. Dentre
tantos testemunhos quanto ao caráter santo e Cristo, destacamos os seguintes, de três
pensadores cristãos:

· “O caráter de Jesus Cristo da tremenda força à nossa crença nEle. Sua vida foi tudo
quanto uma vida deve ser quando julgada segundo os padrões mais elevados”. – Bispo
McDowell.
· “Ainda que algo do caráter de Jesus Cristo se tenha revelado, em uma era e algo mais
dEle em outra, a própria eternidade, todavia, não é suficiente para manifestá-lo
inteiramente”. - Flavel.
· “Seu caráter saiu aprovado através dos ataques maliciosos de dois mil anos, e hoje,
perante o mundo apresenta-se impecável em todos os sentidos. Seu nome é sinônimo de
Deus sobre a terra”. – Bispo Foster.

A santidade de Jesus Cristo. A santidade de Jesus Cristo, quanto ao seu verdadeiro


significado, indica que Ele era isento de toda contaminação, (I Jô 3:3) absoluto e
imaculadamente puro, (I Jô 3:3). Ele era absolutamente livre de todos os elementos de
impureza. Ele possuía todos os elementos de pureza positiva e perfeita santidade.
A santidade como parte inseparável do caráter divino de Jesus Cristo foi constatada e
motivo de apreciação da parte de santos e pecadores. A santidade de Jesus Cristo foi
testemunhada pelos espíritos imundos, por Judas Iscariótes, Pilatos, pela esposa de
Pilatos, pelo malfeitor moribundo na cruz, pelo centurião romano, por ocasião da
crucificação, pelos apóstolos Pedro e João, Ananias de Damasco, poro todo o grupo
apostólico, pelo apostolo Paulo, pelo próprio Cristo, e por Deus, o Pai, (Mc 1:23-24).
A santidade de Jesus Cristo é manifestada de forma muito potente, nos seguintes casos
no Novo Testamento:

a. Por sua atitude para com o pecado e a justiça, (Hb 1:9).


b. Por suas ações referentes ao pecado e a vontade de Deus, (I Pe 2:22).
c. Pela exigência de santidade da parte dos outros, (Mt 5:48).
d. Pela sua repreensão do pecado dos pecadores, (Mt 16:23).
e. Mediante se sacrifício para salvar os homens do pecado, (I Pe 2:24).
f. Pelo castigo destinado aos impenitentes, (II Ts 1:7-9).

O Amor de Jesus Cristo. Por “amor de Jesus Cristo” se entende seu desejo e disposição
na promoção do bem-estar dos objetos de sua afeição pessoal, e de sua devoção
particular. Neste particular, são objetos de amor de Jesus Cristo:

· Deus Pai, (I Jô 14:31).


· A Igreja, (Ef 5:23).
· Os crentes como indivíduos, (Gl 2:20).
· Aqueles que lhe pertencem, (Jô 13:11).
· Seus próprios inimigos, (Lc 23:24).
· Seus próprios familiares, (Jô 19:25-27).
· As crianças, (Mc 10:13-16).
· Os pecadores perdidos, (Rm 5:6-8).
· Os discípulos obedientes, (Jô 14:21).

A Mansidão de Jesus Cristo. A mansidão de Jesus Cristo é manifestada ao longo do


Novo Testamento:

· Na longanimidade e tolerância para os fracos e faltosos, (Mt 12:20).


· Na concessão do perdão e da paz a quem merecia censura e condenação, (Lc 7:38;
48:50).
· No proporcionar cura a quem procurava obtê-la de modo indigno, (Mc 5:33-34).
· No repreender mansamente a incredulidade renitente, (Jô 20:24-25, 29).
· No repreender Judas Iscariótes que traia, (Mt 26:48-50).
· Na compassiva oração a favor de seus algozes, (Lc 23:34).

A Humildade de Jesus Cristo. A humildade de Jesus Cristo manifestada no Novo


Testamento, é demonstrada nos seguintes termos:

· Ao assumir a forma e posição de servo, (Jô 13:4-5).


· Por não buscar a própria gloria, (Jô 8:50).
· Ao evitar a notoriedade e o louvor, (Is 42:2).
· Ao associar-se aos desprezados e rejeitados, (Lc 15:1-2).
· Por sua paciente submissão e silencia em vista de injurias, ultrajes e injustiças, (Ipê
2:23).

A OBRA DE JESUS CRISTO

A obra de Jesus Cristo envolvia toda a sua vida e ministério terrenos. Envolve a sua
pregação, os seus milagres, a sua morte, ressurreição e glorificação. Abordamos a obra
de Jesus Cristo aqui, apenas no que diz respeito à nossa redenção.

A Morte de Jesus Cristo. A importância da morte de Jesus Cristo demonstrada:

· Pela relação vital que ela tem com a sua Pessoa.


· Por sua conexão vital com a encarnação, (Hb 2:14).
· Pela posição de relevo que lhe é dada nas Escrituras, (Lc 24:27).
· Por ter sido alvo de investigação fervorosa por parte dos santos do Antigo Testamento,
(I Pe 1:11).
· Por ser elemento de interesse e pesquisa dos anjos, (I Pe 1:12).
· Como uma das verdades cardiais do Evangelho, (I Cor 15:1: 3-4).
· Como assunto único da conversa por ocasião da sua transfiguração, (Lc 9:30-31).
Sendo uma religião nitidamente redentora, o cristianismo prioriza a morte de Jesus
Cristo como tema de sua pregação. Deste modo, o cristianismo assume posição de
destaque, elevando-se acima de todas as religiões do mundo.

A Necessidade da Morte de Jesus Cristo. A morte de Jesus Cristo tornou-se necessária


por causa da santidade, do amor, e do propósito de Deus, face ao pecado do homem e ao
cumprimento da Escritura, (Hc 1:3).
Jesus Cristo não morreu acidentalmente, nem como mártir, também não morreu
meramente para exercer influencia moral sobre os homens, nem para manifestar o
desprazer de Deus contra o pecado, nem meramente para expressar o amor de Deus
pelos homens. A morte de Jesus Cristo foi o único recurso da economia divina que
satisfazia plenamente os requisitos necessários do homem caído.
Positivamente considerada, a morte de Jesus Cristo:

· Foi predeterminada, (At 2:23).


· Foi voluntária – por livre escolha, não por compulsão, (Jô 10:17-18).
· Foi vicária – a favor dos outros, (I Pe 3:18).
· ((Foi sacrifical – como holocausto pelo pecado,)I cor 5:7).
· Foi propiciatória – cobrindo ou tornando favorável, (I Jo 4:10).
· Foi redentora – resgatando por meio de pagamento, (Gl 4:4-5).
· Foi substituta – em lugar de outros, (I Pe 2:24).

Em seu escopo, a morte de Jesus Cristo tem duplo aspecto: o universal e o restrito.
Assim sendo, entendemos que a morte de Jesus Cristo foi:

· Pelo mundo inteiro, (I Jô 2:2).


· Por cada individuo da raça humana, (Hb 2:9).
· Pelos pecadores, pelos justos e pelos ímpios, (Rm 5:6-8).
· Pela Igreja e por todos os crentes, (Ef 5:25-27).

O mundo foi incluído no alcance e providencia da morte de Jesus Cristo, e até certo
ponto compartilha de seus benefícios. Mas essa provisão sé se torna plenamente eficaz e
redentora, no caso daqueles que crêem. Isto é, a morte de Jesus Cristo é universal em
seu alcance, mas restrita em sua eficácia, uma vez que só aqueles que aceitam serão
salvos.

Resultados da morte de Jesus Cristo. Dentre os incontáveis resultados da morte de


Jesus Cristo, salientam-se os seguintes:

· Uma nova oportunidade de reconciliação do homem com Deus, (Rm 3:25).


· Os homens são atraídos a ele, (Jô 12:32-33).
· A propiciação total dos pecados, (I Jo 1:9).
· A remoção do pecado do mundo, (Jô 1:29).
· A potencial anulação do poder do pecado, (Hb 9:26).
· A redenção da maldição da lei é assegurada, (Gl 3:13).
· Remoção da barreira entre judeus e gentios, (Ef 2:14, 16).
· É anulada a distancia entre o crente e Deus, (Ef 2:13).
· Garantia do perdão do pecado, (Ef 1:7).
· A derrota das potestades e principados, (Cl 2:14-15).

A RESSURREIÇÃO E GLORIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO

A ressurreição física e corporal do Senhor Jesus Cristos é o fundamento inabalável


do Evangelho e da nossa fé, de fato, o cristianismo não seria mais que uma religião
se Jesus Cristo não tivesse ressuscitado dentre os mortos. Portanto, é a ressurreição
de Jesus Cristo, dentre outras coisas, que o faz diferente dos grandes filósofos e
fundadores de religião humana. É a ressurreição de Jesus Cristo que faz do
cristianismo o elo de comunhão entre o homem e uma pessoa, o próprio Jesus Cristo
ressurreto. Portanto, não é sem motivo que o diabo e muitos homens ímpios, tendo
tentado destruir o cristianismo, foram impedidos de fazê-lo, pois, em qualquer direção
em que se encontrassem, sempre se viam diante de um tumulo vazio, o tumulo que foi
morto mais vive para jamais morrer.

A Realidade da Ressurreição de Jesus Cristo. A realidade da ressurreição de Jesus


Cristo se evidencia ao longo da narrativa novitestamentaria. Suas provas se vêem:

a. No sepulcro vazio, (Lc 24:3).


b. Nas aparições do Senhor a Maria Madalena às mulheres, a Simão Pedro, aos dois
discípulos no caminho de Emaús, aos discípulos no Cenáculo, a Tomé, a João e a
Pedro, a todo o grupo dos discípulos, (Jô 20>26).
c. Na transformação operada nos discípulos, (Jô 7:3-5).
d. Na mudança do dia de descanso e adoração semanais, (At 20:7).
e. No testemunho positivo de Pedro no dia de Pentecostes, de Paulo, no Areópago,
(At 14:22, 24).
f. No testemunho do próprio Jesus Cristo quando se revelou a João em Patmos,
(Ap 1:18).

Resultado da ressurreição de Jesus Cristo. A ressurreição de Jesus Cristo:

· É o cumprimento da promessa de Deus aos pais, At 13:32-(33).


· Conforma a divindade de Jesus Cristo, colocando-a acima de qualquer dúvida, (Rm
1:4).
· É prova de justificação dos crentes, (Rm 4:23-25).
· Torna possível e imitável o sacerdócio de Jesus Cristo, (Hb 7:22-25).
· Possibilita o crente tornar-se frutífero para Deus, (Rm 7:4).
·É o penhor divino do julgamento futuro, (At 17:31).

A Glorificação de Jesus Cristo. Na sua carta aos Filipenses, quanto à encarnação,


humilhação, e glorificação de Jesus Cristo, escreveu o apostolo Paulo “... Pois Ele,
subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o ser igual a Deus; antes a si
mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homem;
e reconhecido em figura humana, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
servo, tornando-se semelhança de homem; e reconhecido em figura humana, a si
mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte de cruz. Pelo que Deus
também o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo o nome,
para que ao nome de Jesus Cristo se dobre todo o joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra; e oda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória
de Deus Pai, (Fp 2:2-11)”.
Do estudo deste texto do apóstolo Paulo, compreendemos que a glorificação de Jesus
Cristo se evidenciou nos seguintes fatos:

a) Deus exaltou dando-lhe a dignidade de soberano.


b) Não apenas a pessoa de Jesus Cristo, mas também o seu próprio nome está acima
de todo nome que se possa nomear nos céus e no inferno.
c) O nome de Jesus Cristo impõe reverencia da parte dos anjos, dos homens e dos
demônios.
d) No futuro, o nome de Jesus Cristo será declarado em sua plenitude como Rei dos
reis, e Senhor de todos e Senhor da glória.
e) A glorificação plena de Jesus Cristo est intimamente associada à própria glória de
Deus Pai.

(Não há melhor defesa contra a especulação do que a fé no Senhor ta como Deus no-
lo revelou, toda especulação é derrotada pela fé que venço o mundo, pela fé que ouviu
as promessas: “Tende bom ânimo, eu venci o mundo”, Jô 16:33). Cristo é o Senhor vivo
que domina todos os tempos. Em 1743, alguém glosando, o mencionado final de João,
escrevia: “Oxalá, pelo menos o nosso mundo desse guarida aos livros que descrevem
obra do Senhor exaltado”. Certamente a exaltação de Jesus Cristo está indispensável
mente ligada a tudo o quanto ele fez na terra e que João descreve com admiração;
mas, de fato merece ponderação especialíssima a realidade de que este Senhor é o
Senhor da Igreja, o Cristo exaltado, que está a fazer uma obra indescritível e
continuado em seu reino, e cuja proteção nunca cessa. A viva fé da comunidade
tampouco cessará, mas sempre ecoará a antiga proclamação criptológica:
VERDADEIRO DEUS E VERDADEIRO HOMEM, baseada no testemunho dos
profetas e apóstolos. Perfeito resumo desta fé são as palavras lapidares de (Hb 13:8):
Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. Esta inalterabilidade do Ser de Jesus
Cristo vence qualquer especulação. Aquele qu sabe quem ele é conhece sua obra e
repousa confiado: Estas coisas vos têm dito para que tenhais paz em mim.

1.1.2 – Teologia Sistemática

Jesus =" Jeová é salvação"; o filho de Deus, Salvador da humanidade, Deus encarnado.
1)CRISTOLOGIA:UM RESUMO DO ESTUDO DE JESUS CRISTO: Deus tornado
ser humano (Jo 1.14) para salvar as pessoas (1Jo 4.14). “Jesus” quer dizer “Javé é
Salvador”; é a forma grega de “Josué” (Mt 1.21). “Cristo” quer dizer “Ungido”; é o
mesmo que o termo hebráico MESSIAS (At 17.3).Genealogia de Jesus( Lc. 3:23- 38)
Jesus Cristo é o Espírito da Profecia.
2)TÍTULOS: EMANUEL (Mt 1.23); FILHO DE DAVI(Lc 20.41); FILHO DE DEUS
(Jo 1.34); FILHO, DO HOMEM (Mt 25.31);SENHOR (At 2.36);VERBO (Jo 1.1-14=
Palavra);SERVO; ( Fp 2.7); SERVO DO SENHOR (Is.53); CORDEIRO de Deus (Jo
1.29); SUMO SACERDOTE.(Hb 7.26; Hb.8.6);MEDI ADOR (1Tm 2.5);NAZARENO
(At.2:22-36);SALV AD OR (Mt.1:18-25);PRINCIPE DA PAZ (Is.9:7).
3)QUEM É ELE?Resposta pela declaração explicativa dos nomes e títulos pelos quais
Ele é conhecido conforme a Bíblia. Jesus veio à terra no tempo anunciado por Deus
(Gl.4:4), num momento em que o povo esperava Messias (Mt.11:3; Jo.4:25; Jo.1:41;
Ag.2:7).
Mas Jesus era humilde e diferente do que o povo achava para ser o Messias (Jo.1:11).
Jesus queria saber o que as pessoas sabiam dele, apesar de acharem que Ele era João
Batista ou

Elias ou Jeremias ou um antigo profeta. (Mt.16:13; Mt.14:1-2; Lc.9:8; Ml.4:5-6). Jesus


Cristo é a segunda pessoa da TRINDADE. Através dele o universo foi criado e é
mantido em existência (Jo 1.3; Cl 1.16-17). Ele é o ANJO do Senhor que aparece no AT
(Gn 16:7-11; Gn. 22:11-15; Ex.3:2; Nm.22:23-35; Js.2:1-4; Jz.2:4; Jz.6:11-22; Jz.13:3-
21; Sl.34:7; Zc.3:5; Zc.12:8; ). Esvaziou-se da sua glória e se humilhou, tomando a
forma de ser humano (Fp 2.6-11). O seu ministério terreno durou mais ou menos 3 anos
e meio. Jesus ensinou a verdade de Deus por preceitos e por parábolas.
Ele fez milagres, curando enfermos e endemoniados, fazendo o bem. Foi rejeitado pela
maioria do povo e autoridades, submetido à morte de cruz. Foi sepultado, mas
ressuscitou ao terceiro dia. Depois subiu ao céu, onde está para interceder pelos seus
(Hb 7.25). E o salvo está unido com Cristo, que vive nele pelo seu Espírito (Rm 8.9-11;
Gl 2.20; 4.6; Fp 1.19). Na sua segunda vinda Jesus Cristo julgará os vivos e os mortos
(2Tm 4.1).

4)JESUS NÃO É: • O Jesus médico obrigado a curar em reuniões concorrentes de


igrejas que querem ter fama de milagreiras; • O Jesus morto dos crucifixos;
• O Jesus de qualquer jeito dos liberais mundanos;
• O Jesus das campanhas publicitárias;
• O Jesus da LBV;
• O Jesus dos espiritualistas médiuns;
• O Jesus que pede a Deus por meio de outra pessoa (Hb. 9:24).

5)JESUS PARA OS TEÓLOGOS: Na época em que Ele veio ao mundo, os religiosos o


consideravam como blasfemador porque Ele se dizia ser filho de Deus (Lc.22:63-71;
Mc.14:63-64). Hoje em dia: • Teologia da Libertação-Considera Jesus apenas como um
referencial ideológico social; • Religião de Mercado-Jesus é apenas uma mercadoria útil
e um produto rentável de um ótimo garoto propaganda;

Seitas Heréticas-Consideram Jesus como um ser que não é divino, mas apenas mais
desenvolvido;
Teologia Cristã-Eterno:Profeta (Jo.4:19);Sacerdote(Hb.8:3);Rei (Mt.25:31). Jesus é
Deus que se fez homem, sem pecado, tornando-se salvador e Senhor do seu povo
através do seu sacrifício na Cruz.

6)PARA DEUS SER HUMANO: Necessitaria:


a)nascer de modo incomum;
b) ser sem pecado;
c) fazer milagres;
d) conhecer cada pessoa;
e)ter maior mensagem;
f) influência duradoura e universal; g) matar a fome do homem; h)ter poder
sobre a morte. i)ascens ão. Jesus Cristo é a união da natureza divina/humana,
sem confusão,mudança ou divisão.

7)RAZÕES P/CRER NELE:


a) Depoimento múltiplo - vários informes;
b) Descontinuidade - Jesus trazia algo novo diferente do judaísmo;
c) Conformidade - Trechos Bíblicos sociais exatos;
d) Explicação necessária: Investigar indícios contraditórios (Jesus explicava suas
atitudes);
e) Estilo de Jesus-modo de fala incisivo,com autoridade, solene, sem exigências.
f)Fontes-História:*27 livros do NT e gregos;*Pais da igreja;*Fontes não
Bíblicas-historiadores judeus e gregos.

8)DIVINDADE DE JESUS: Características:


• Como Criador (Cl.1:16; Hb.1:3);
• Seus desígnios (Rm.11:33-36);
• Se fez homem( Lc.1: 26-35);
* Ressuscitou (Lc.24:36-53;At.1:3; At.2:22-39; At.3:13-26; At.4:10; At.5:30-32;
At.10:39-42;
At.13:30-32; At.13:37; Rm.1:4; 1Co.6:14; 1Co.15:15; Cl.2:12; Cl.3:1; 1Ts.4:14-16;
Hb.13:20; 1Pe.1:2-3;
1Pe.1:21; 1Pe.3:21-23; Ap.5:6-10; Ap.20:6; );
* Tem todo o poder (Mt.28:18; Fp.2:9-11); Poder para perdoar pecados(Mt .9:6; Mc.
2:1-
12;Lc.5:24); • É sobre todos (At.10:36; Rm.9:1-5).
* Ele é o resplendor da Glória de Deus (Hb.1:3);
* Imagem de si (Hb.1:3; Cl.1:15-19).
9)PROVAS DO NOVO TESTAMENTO QUE JESUS É DEUS:
a) Jesus é diferente dos líderes; único que convence que é Deus a uma parte do mundo-
escárnios pagãos testemunham da adoração a Cristo;
b) Impecabilidade:nas palavras e obras de Jesus há ausência completa de conhecimento
ou
confissão de pecado(Jo.8:46;Hb.4:15; Hb.9:28);
c) Ele se afirmava como Deus:Igualdade com o Pai:(Jo.10:30; Jo.8: 58) (viola o
sábado)(Jô.5:18; Jô.9:16);enviado (Jo.20:21);defende sua honra divina (Jo.5:23);
Conhecer
(Jo.8:19);Crer (Jo.14:1);Ver (Jo.14:9)
d) Aceita reverência a Ele,como adoração divina:(prostrar-se) Jo.4:20-22; At.8:27;
Jo.4:24; Mt.
4:10 e Lc. 4:8; l eproso (Mt.8:2);cego (Jo.9:35);discí pulos (Mt.14:33; Jo.20:27). Anjos
e meros
homens não aceitaram essa reverência para si:(At.10:25-26 e Ap.19:10). Referências
Bíblicas:
(Jo.5:18; Jo.8:42;Jo.8:54;Jo.10:35-36;Jo.13:3;Jo.13:31-32; Jo.16:27; Jo.20:17);
Outras Provas:
• Sua igreja o adora por quase 2.000 anos;
• mudou a história (AC e DC)
•Emanuel(Deus conosco)-(Mt.1:23);

1.1.3 – Teologia Pastoral


É uma disciplina que a partir do Concílio Vaticano II foi cobrando uma importância
crescente, encaminhada a promover a ação evangelizadora. Também, de fato, a maioria
dos documentos recentes do Magistério, tanto universal como local, tem «caráter
pastoral», e é, portanto, de grande utilidade possuir ao menos uma formação básica
nestes temas, também para poder aprofundar nos conteúdos destes documentos.

Em muitos lugares, ela continua sendo concebida como a Teologia da práxis dos
Pastores (ministros sagrados), como indica seu nome, em sentido estrito; logicamente,
depois do Concílio, a tarefa dos Pastores se compreende desde uma eclesiologia de
comunhão. Por outra parte, a Igreja é construída por todos os cristãos e, portanto, é
conveniente uma matéria que tenha por objetivo a ação da Igreja, e que se situe em
diálogo com as modernas «ciências humanas» (como a pedagogia, a psicologia, a
sociologia, etc.). Este segundo enfoque, mais amplo, é, a meu entender, o mais fecundo.

O ponto de partida é que a Teologia é uma e é ciência da fé. Pois bem, a fé é plena
quando é vivida. A fé plasma tanto a vida do crente como da comunidade cristã.

Portanto, toda a teologia possui uma dimensão pastoral ou prática, uma íntima relação
com a vida. Hoje parece fundamental tomar consciência desta relação entre a teologia e
a vida cristã ou a práxis eclesial. Porque com freqüência, ou se cultiva uma teologia
distante ou isolada da práxis eclesial, ou se cultiva uma pastoral tendente ao ativismo,
que prescinde da contemplação e também da teologia.

Precisamente é missão desta (relativamente) nova disciplina: por um lado, chamar a


atenção dos teólogos para que se abram à vida e à missão dos cristãos; por outro,
convidar todos os crentes a abrir sua vida e sua ação à teologia. Quando digo teologia,
não me refiro só aos que a cultivam academicamente, mas ao «hábito espontâneo» de
«teologizar» (explicar «as razões de nossa esperança»), que convém iniciar em todo
cristão desde o uso de razão. Isso é muito importante nas circunstâncias atuais de «nova
evangelização». A Teologia pastoral é, por isso, um instrumento muito adequado para a
formação permanente de todos os cristãos.
A pregação de Jesus é a semente da Igreja, é a palavra lançada que encontra terreno
fértil e frutifica e vai ser o fermento para a comunidade reunida, primeiramente em
torno de Cristo e seus discípulos, depois, em volta dos seus apóstolos e mais tarde, após
a morte do último apóstolo, João, ela continua reunida e unida em torno dos seus
ensinamentos e pela fé vai crescendo e expandindo-se.
Podemos dividir esta primeira fase em três etapas:
1. Jesus prega o Reino;
2. Jesus escolhe os doze;
3. Jesus envia os doze.
1ª Fase: Jesus Prega o Reino:
Após o período em que foi tentado no deserto (Mt 4, 11), o evangelista nos relata que
Jesus dá início a pregação do Reino de Deus: “A partir desse momento, começou Jesus
a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque este próximo o Reino do Céus”. (Mt 4, 17).
Marcos relata em seu evangelho: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo.
Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
A expectativa para este novo tempo proposto por Jesus havia se completado, era preciso
arrependimento e crer na mensagem evangélica que tem como ponto central o Reino de
Deus. Mas que Reino é este que Jesus anunciou? A resposta pode ser encontrada em
Isaías 61 ou Lc 4,16-20: “O espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu
para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos
a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano
da graça do Senhor”.
A diferença de Lucas para Isaías é que neste último após o ano da graça vem o dia da
vingança de Deus. Ao ler este texto na sinagoga Jesus omite o dia da vingança e pára a
leitura no ano da graça do Senhor. Ou seja, o Reino de Deus é o Reino da Graça, (isso
mesmo com G maiúsculo), Cristo é o consumador da nova aliança, aliança que prevê no
seu bojo paz, alegria, fraternidade, esperança, partilha, comunhão, inclusão, saúde para
o corpo e para o espírito, libertação e justiça. No reino de Deus não deve haver injustiça,
ganância, egoísmo, vingança, rancor que são obras e frutos do pecado.
2ª Fase: Jesus escolhe os doze:
Para que sua mensagem pudesse ser repassada adiante Jesus não apenas chama
discípulos, mas entre seus discípulos escolhe doze que viriam a ser seus apóstolos.
Escolhe aqueles que segundo ele seriam capaz de formar outros discípulos/apóstolos e
assim propagar no tempo e no espaço sua mensagem implantando o Reino de Deus.
O Evangelho de Mateus (Mt 10,1-4) narra assim a escolha dos doze: ”chamou os doze
discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a sorte
de males e enfermidades”. Marcos diz que ele chamou quem quis: “Depois subiu à
montanha, e chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu doze, para
que ficassem com ele, para enviá-los a pregar, e terem autoridade para expulsar os
demônios” (Mc 3, 13-14). Lucas apresenta a escolha dos doze após ter passada uma
noite em oração: “Naqueles dias, ele foi à montanha para orar e passou a noite inteira
em oração a Deus. Depois que amanheceu, chamou os discípulos e dentre eles encolheu
doze, aos quais deu o nome de apóstolos” (Lc 6,12-13).
Para que Jesus escolhe os doze:
a. Para ficar com ele e serem preparados para o seu ministério;
b. Para realizarem a experiência de Deus.
3ª Fase: Jesus envia os doze
Após a escolhe Jesus os envia em missão (Mc 6,7-13; Lc 9,1-6), segundo Marcos e
Lucas essa escolha se dá na montanha - monte das oliveiras, local onde Jesus ia
constantemente orar com seus discípulos, costume que continuou entre eles conforme
At 1,12. Esta questão da montanha é muito importante para os Judeus, pois para estes o
monte significa presença de Deus. Um segundo ponto importante é que Jesus é quem
toma a iniciativa de escolher seus discípulos quebrando o sistema rabínico onde o
discípulo escolhia o mestre. Outro ponto fundamental - segundo Lucas - é que a escolha
se dá após uma noite de oração. Para Lucas Jesus sempre ora antes de momentos
importantes.
Após sua ressurreição durante o tempo em que apareceu aos seus discípulos Jesus é
imperativo com eles: “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mt 28
19-20; Mc 16,15; Lc 24 47-49). Este envio para missão se dá após sua ressurreição e
conforme At 1 6-8 é o próprio Deus que toma iniciativa de capacitar seus apóstolos com
uma força do alto. Assim a Igreja que vai se formando logo após a morte de Jesus
acontece sob o impacto da experiência de sua ressurreição e do Espírito Santo. A Igreja
continuou sendo o movimento de Jesus com uma orientação escatológica; sua base,
inicialmente, não foi seu próprio culto, sua própria constituição, sua própria organização
com misteres específicos. Sua fundação foi simplesmente à confissão de fé neste Jesus
como o Messias, o Cristo, como o foi selado com o batismo em seu nome e através de
uma refeição cerimonial em sua memória. Foi assim que a igreja inicialmente tomou
forma.
1.1.4 – Teologia Moral

Assessórios da Teologia Moral


Segundo os escritos da Palavra de Deus, as Sagradas Escrituras, tudo (fatos, coisas,
pessoas, determinados objetos) na vida tem a sua relação hierárquica e a sua
dependência funcional própria no dia-a-dia... Nesse ambiente, alguns elementos
recebem o título de assessores. O que é um assessor?
A palavra assessor, do grego πάρεδρος, significa, de imediato: “sentado perto”.
(“assistente”, “participante”, “associado”). Etimologias:
A) Ajudante unido para auxiliar; ajudante que assiste.
B) Auxiliar, tecnicamente, graças a conhecimentos especializados em dado assunto.
C) Estar presente para auxiliar.
D) Seguir a mesma direção de:
E) Que assiste ou dá assistência.
Do ponto de vista bíblico, o grande e maior assessor moral do cristão nos domínios da
Nova Aliança é o “Novo Nascimento” do mesmo (morrer com Jesus na cruz do Gólgota
– ser sepultado e ressuscitado com Ele é a única fonte capaz de fortalecer o crente numa
moral singular, distinta, segundo a vontade de Deus). O novo nascimento, manifesta-se
como força geradora de Deus 100% capaz de impulsionar o crente a tudo quanto aos
olhos humanos exprimir-se com feições de desafio intransponível. A nova vida no
Salvador Jesus Cristo gera caráter íntegro, sentimento contra a ignomínia, compromisso,
responsabilidade, dignidade, fidelidade nos negócios, etc. O novo nascimento conduz a
honra de Jesus à vida do crente. Jo 14:6 (a verdade). 1 Jo 2:4. 1 Ts 5:23. Sem o novo
nascimento o crente iguala-se ou ultrapassa em ignomínia o homem sem Deus. Jesus
Cristo atacou os moralistas de Jerusalém face à falsa moral neles oculta. Lemos em Mt
23:14 Ai de vós, escribas e fariseus (crentes conservadores, ortodoxos), hipócritas! pois
que devorais (etimologia: destruir = “destruição da reputação moral da viúva e de seu
lar”) as casas das viúvas (com propostas e atos imundos, imorais), sob pretexto de
prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo. Tiago 2:11 Porquanto,
aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras,
porém matas, vens a ser transgressor da lei.

Romanos 7:15-24 (o crente nos domínios do sangue de Jesus, mas sem a cruz).
Gálatas 2:20 (o crente dominado pelo sangue de Jesus e pela cruz ).
Leiamos Romanos 8:10
“E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o
espírito vive por causa da justiça”.
GREGO: Δε (dê = Mas) ει (i = se) χριστóς (Christós = Cristo) εν (en = em) υμιν, (ymin
= vós), το (to = o) σωμα (soma = corpo) μεν (men = por um lado) νεκρον (nekron =
morto) δια (dia = por causa de) αμαρτίαν (amartían = pecado) δε (de = por outro lado)
το (to = o) πνευμα (pnevma = espírito) ζωη (zoi = <é> vida) δια (dia= por causa de)
δικαιοσύνην (dikeosýnin = justiça*).
* δικαιοσύνην = Justiça. Etimologias:
1. Que declara (alguém) justo e absolvido.
2. Que torna alguém protegido pela lei (a lei sagrada).
3. Que torna o indivíduo perfeitamente fiel à verdade.
4. Que conduz o indivíduo à conformidade com o direito, qualificando-o através de
valores.
A Lei Moral sempre andará de mãos dadas com os bons costumes (quando falamos de
moral estamos falando de bons costumes, de ética, comportamento exemplar, ações
pessoais positivas...), com a fidelidade (social, civil, matrimonial, familiar, comercial,
política, nos negócios particulares...), com o respeito, a reverência, a obediência, a
educação, a santidade. É impossível dissociar a Lei Moral das leis espirituais. Andam
realmente de mãos dadas. Aliás, a vida com Deus começa com a Lei Moral. A chamada
ministerial começa na Lei Moral. Um bom cidadão, sempre será um grande servo de
Deus. Tudo quanto é pertinente ao Todo-Poderoso Deus tem a Lei Moral como base.
“...libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça (δικαιοσύνην)” – Rm 6:18.
A) Como defender padrões morais diante da privação de valores positivos na família, na
sociedade, nos domínios da Igreja local, nos meios políticos, violando-os?!!!! Ex 20:17.
B) Como repudiar roubos e assaltos, tão freqüentes no seio da sociedade civil e política,
roubando os dízimos do Senhor?!!!!! Ml. 3:8-9.
C) Como pregar contra o adultério, adulterando?!!!! Ex 20:14.
D) Como censurar crentes viciados, cultivando algum vicio abominável diante da
Palavra de Deus?!!!! Leitura: Ef 4:17-31.
A Bíblia, o Crente e a Moral
Βιβλία – Πιστός
– και η ηθικός
A Lei Moral, e todas suas infindas e extraordinárias riquezas, encontram-se presentes no
seio da humanidade desde os princípios da civilização humana. Na realidade, a moral é
tão eterna quanto Deus. Sim!! Quando Ele veio ao Monte Horebe para revelar-Se a
Moisés, trouxe consigo parte de Seus padrões morais: Ex 20:1ss.
Conseqüentemente, então, a única voz autorizada a revelar a fonte da moral
genuinamente moral é a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. Padrões de honradez é uma
coisa, doutrina moral segundo a Bíblia Sagrada, é uma outra coisa.
As Escrituras Sagradas revelam-nos a verdade absoluta, o pecado em todos seus
aspectos, o caminho da vida, a paz, o amor, etc. No entanto, entre o caminho da paz, do
amor, da segurança e o crente, encontra-se a moral. Sem ela, nada feito!!!! Sim!!! Sem o
elemento chamado moral não é possível paz com Deus, vida espiritual plena ou chegar
às moradas celestiais. A oração desqualifica-se. O culto a Deus é adoração em vão.
Momentos antes da morte física, Davi, oficializando a chamada de seu filho Salomão
como o futuro rei da nação hebréia, virou-se pro filho e determinou-lhe o primeiro ato
como Rei de Israel: “...esforça-te...e sê homem” – 1 Reis 2:2.

1.1.5 – História de Israel


O registro histórico mais antigo que se conhece sobre o nome Israel data do ano 1210
a.C., mencionado na Estela de Merneptah (num poema dedicado ao faraó Merneptah),
em que o nome não é associado a um local geográfico, mas a um povo.
O Povo de Israel ("Aquele que luta ao lado de Deus") surgiu de grupos nômades que
habitavam a 32Mesopotâmia há cerca de cinco mil anos e que posteriormente rumaram
para a região do 32Levante por volta do ano 2000 a.C.. No fim do século XVII a.C., por
motivo de uma grande fome, Israel emigrou ao Egito, onde o governador da época era
José, filho de Jacó (Israel). Dentro de um período de quatrocentos anos, com a morte de
José e a sucessão do faraó, o Egito com medo do grande crescimento do povo israelita,
escravizou Israel.
Após o fim do cativeiro no Egito, os israelitas vagaram pela região da 3Península do
Sinai, reconquistando uma parte de seu território original no Levante, sob o comando do
rei Saul por volta de 1029 a.C.. Segundo os relatos tradicionais, foi durante o reinado de
Saul que, pressionados pelas constantes guerras com os povos vizinhos, as 12 tribos de
Israel se unificaram, formando um único reino.
Saul foi sucedido por David, em torno do ano 1000 a.C., que expandiu o território de
Israel e conquistou a cidade de 39Jerusalém, onde instalou a capital do seu reino. Sob o
reinado de 33Salomão que Israel alcançou o apogeu, entre os anos 1966 a.C. e 1926
a.C..
Roboão, filho de Salomão, sucede-lhe como rei em 1922 a.C.. Porém, o Reino de Israel
foi dividido em dois: a Norte, o Reino das Dez Tribos, também chamado de Reino de
Israel, e ao Sul, o Reino das Duas Tribos, também chamado de 31Reino de Judá, cuja
capital ficou sendo Jerusalém.
Em 586 a.C. o imperador babilônio Nabucodonosor invade Jerusalém, destrói o
Primeiro Templo e obriga os israelitas ao seu primeiro exílio.
Levados à força para a 34Babilônia, os prisioneiros de Judá e Israel passaram cerca de
50 anos como escravos sob o domínio babilônico. O fim do Primeiro Êxodo possibilitou
a volta dos israelitas a Jerusalém, que foi reconstruída, juntamente com seu Grande
Templo. Do nome de Judá nasceram as denominações judeu e judaísmo.
Entretanto, o território dos judeus foi sendo conquistado e influenciado por diversas
potências de sua época: 3assírios, persas, gregos,3selêucida e romanos.
Ao longo de toda a dominação romana houve duas grandes revoltas dos judeus. Antes,
houve uma primeira revolta no ano 135 a.C., quando 332Antíoco IV Epifânio, ainda
durante a dominação selêucida, profanou o Templo ao sacrificar uma porca (animal
considerado impuro pelo judaísmo) em seu altar. A revolta, chamada de 1Hasmoniana
foi vitoriosa e garantiu a independência de Israel até o ano 63 a.C., quando o reino é
conquistado pelos romanos. Seria durante este domínio que surgiria o Cristianismo.
Os romanos estabeleceram no reino judeu um protetorado. Entretanto, a prática da
religião hebraica era constantemente reprimida pelos romanos, que interferiam na
administração do Templo e atacavam e profanavam os locais de culto.
A primeira grande revolta contra o domínio romano se iniciou no ano 66 da Era
Comum. Também conhecida como Grande Revolta Judaica, a rebelião duraria até o ano
70 d.C., quando o general Tito invade a região e destrói Jerusalém e o Segundo Templo.
Cerca de um milhão de judeus teriam morrido durante os combates, segundo alguns
pesquisadores. A região é transformada em província romana e batizada com o nome de
Província Judaica.
A segunda e última rebelião contra os romanos foi a Revolta de Bar Kochba. A revolta
foi esmagada pelo imperador Adriano em 135 e os judeus sobreviventes foram feitos
escravos e expulsos de sua terra.
Durante os dois mil anos de duração do Êxodo, a presença judaica em Jerusalém e seu
entorno foi constante, embora diminuta. No mesmo ano de 135, Adriano renomeou a
Província Judaea para Província Siria Palaestina, um nome grego derivado de
"Filistéia" (Em Hebraico, ‫פלשת‬, em Grego, Pəléšeṯ) como tentativa de desligar a terra
de seu passado judaico. A 31Mishná e o Talmude Yerushalmi (dois dos textos sagrados
judaicos mais importantes) foram escritos na região neste período. Depois dos romanos
os bizantinos e finalmente os 37muçulmanos conquistaram a Palestina em 638. A área
do 32Levante foi controlada por diferentes estados muçulmanos ao longo dos séculos (à
exceção do controle dos cristãos cruzados) até fazer parte do 39Império Otomano, entre
1517 e 1917.
Sendo um judeu do primeiro século e do período antes da MiShNóH, Jesus de Nazaré.
Tudo que se sabe sobre ele origina-se daqueles que algumas gerações depois de que a
força de ocupação o matara, assentaram por escrito a história da sua vida. Esses autores
transmitem a narrativa como a ouviram. Mas o que deram depois era uma história que
foi contada segundo a Escritura, então como interpretação das sagradas Escrituras de
Israel. Isso é a narrativa deles se formava na história de Israel como esta está sendo
apresentada, e isso palavra por palavra. Jesus nasceu na cidade de Davi, está sendo
levado ao Egito na sua infância e passa quarenta anos no deserto, como Israel ali migrou
quarenta anos, antes que finalmente entra em público Muitos pormenores da sua vida e
especialmente da sua morte estão em palavras que são tiradas da Escritura. O único
Jesus que os cristãos ou qualquer outro sempre conheceram é aquele que está
empacotado ou escondido nas Escrituras do seu povo, não podendo portanto ser
separadodelas.

Essa relação íntima entre a história de Jesus e a história de Israel aparece de novo
quando considerarmos como a história de Jesus sobreviveu. Ela sobreviveu porque
Jesus sobreviveu. Ela sobreviveu porque Jesus depois da sua morte também exerce o
mesmo efeito em pessoas humanas que exercera nos seus primeiros discípulos. Assim
com levara os seus discípulos irresistivelmente para dentro da presença do Deus deles,
começou agora, pela primeira vez, encarar não-judeus de certo modo com o Deus de
Israel. Desse modo, a história bíblica de Israel, este que era chamado de dentro de outras
nações e por causa destas, agora novamente encenada e representada na história de
Jesus. Jesus é assim aquele israelita que acorda não-judeus para que estes conheçam e
louvem o amor com que Deus ama o seu povo Israel. E é que esse é o efeito de Jesus,
representado no testemunho e vida dos seus seguidores, que dura e que se repete até
hoje.

No ler cuidadosamente dos Evangelhos, chega a ser claro que apresentam Jesus
constantemente como judeu o qual, na sua vida curta, seguia plenamente a TORóH,
embora a interpretasse talvez um pouco mais flexível para os seus discípulos do que
para si mesmo. Depois da sua morte, porém, quando se mostrou a realidade viva que
animava os seus discípulos de novo e especialmente quando ele agia através deles
chamando não-judeus para o serviço de Deus que chamava de Pai, o acento não jazia
em primeira linha na TORóH. Agora jazia antes, como já parece ter sido no começo, no
domínio de Deus sobre a terra, e isso aqui e agora hoje ou num dia de amanhã, o qual é
que já era tão perto que agia para dentro do hoje. O único Jesus a quem a Igreja seguia e
a quem segue hoje é o Jesus que chama os seus discípulos hoje para trabalharem e
orarem para o domínio do Deus de Israel sobre a terra inteira aqui e hoje. A história de
Jesus, com que a Igreja se importa, está e fica uma história não terminada; pois a tarefa
a que Jesus assumia em si está ainda longe da sua complementação, devendo portanto
ainda ser feita. Se cristãos fossem, nos seus pronunciamentos, mais sérios e cuidadosos,
não levantariam por isso a reivindicação de já estarem salvados, mas falariam com
Paulo só de salvação como Jesus falou do domínio de Deus, a saber sempre na forma de
futuro, e isso em vista a um futuro que aquilo que fazemos hoje e como nos
comportamos faça muito importante.

O juntar em pares mais evidente e, por isso, mais familiar é a ligação de Israel como a
TORóH e a da Igreja com Jesus. Isso está bem fácil a aceitar, pois todos o temos feito
durante já faz dezenove séculos. É fácil, mas a história do relacionamento horrível entre
Igreja e povo judaico durante desses dezenove séculos nos deveria advertir do perigo
duma tal junção em pares. Quando a TORóH é coisa de Israel está sendo determinado
pela TORóH, e quando na Igreja se trata de Jesus e ela está sendo determinada por ele,
porque então uma dessas comunidades deveria ter algo a ver com a outra?
Cristãos podiam dizer e disseram: Deixemos aos judeus a velha TORóH deles, nós
temos a verdade em Jesus.
Judeus podiam, por sua vez dizer e disseram: Deixai à Igreja o louco Jesus dela, nós
temos a verdade na TORóH.

É que uma verdade importante está sendo expressa por esse pôr tradicional em par dos
conceitos: Ambas as tradições são realmente diferentes uma da outra. Uma parte
essencial dessa diferença consiste em que cada uma das duas tradições nasceu no seu
momento outro que a motivou:. Israel, o povo judaico, vê o Sinai e o dom da TORóH
como o seu acontecimento de fundação, a Igreja olha à vida, à morte e à ressurreição de
Jesus como o seu acontecimento de fundação. Além disso, e ainda mais importante:
Essa junção em par pode também sugerir a função paralela que TORóH faz para Israel o
que Jesus faz para a Igreja. Poderíamos expressar isso na forma duma relação. TORóH
é para Israel o que Jesus é para a Igreja, ou Jesus efetua na Igreja o que TORóH efetua
em Israel. TORóH e Jesus servem nas comunidades que fundam como origem,
instrução normativa para a vida e garantia de assistência divina e presença divina na
comunidade.

Seja isso como for, a prova histórica é de supor que a primeira junção em par produziu
o preço terrível da alienação mútua, para silenciar completamente da inimizade mútua.
Israel, como a menor e mais fraca das duas comunidades, no que se referia ao seu
número e poder, precisava pagar em carne pela inimizada que tinha surgido. A Igreja,
por sua vez, pagou no espírito a sua dissolução da relação com Israel dada por Deus.

Comecemos com o par TORóH e Jesus. Era obviamente sempre já um fato, o qual em
geral era muito percebido por cristãos, que Jesus de Nazaré era produto da TORóH. Isso
quer dizer que era judeu, e isso é que as Igrejas começam hoje fazer ponto de partida de
afirmações sobre ele. Era judeu e, a isso, um judeu fiel à TORóH. O Evangelho de
Mateus expressa isso especialmente claro com a palavra atribuída a Jesus quando diz
que qualquer um que afrouxar o mínimo dos mandamentos será chamado o mínimo no
Reino de Deus. Essa tradição referente a Jesus deve ter sido bem válida em geral, pois
nenhum dos evangelistas, os quais provavelmente todos eram não-judeus, menciona que
Jesus tivesse quebrado mesmo um único mandamento da TORóH.

Que Jesus era judeu tinha, porém, mais outra coisa como conseqüência. A pesquisa neo-
testamentária atualmente melhor se move num consenso sólido sobre que Jesus se
entendeu como profeta de renovação judaica. A pesquisa leva hoje o fato da ocupação
brutal da terra Israel pelo exército romano mais a sério do que no passado. No conexo
dessa ocupação, o caráter subversivo da pregação do nazareno sobre a proximidade
imediata do domínio de Deus se põe especialmente clara em evidência. A Jesus está
atribuída a palavra notável de que se deva dar ao césar e a Deus o que pertence cada vez
a cada um deles, a saber o seu exército, deixando o que pertence a Deus, a saber a terra,
ser devolvido a Deus e ao povo de Deus. Uma interpretação tal o faz então
completamente compreensível porque as repartições romanas condenaram e executaram
Jesus como rebelde.

Mas se Jesus de fato estava ao lado da TORóH e da liberdade do seu povo, não deveria
nunca ter um evangelho livre de lei, como o imaginavam os reformadores do século
dezesseis. Pois como judeu fiel, Jesus pôde ver a TORóH mesma como evangelho,
como mensagem alegre. Totalmente no sentido em que os rabinos ensinaram depois.
Quando a TORóH veio ao mundo, liberdade veio para dentro do mundo. Servir a Deus é
liberdade perfeita, ensinaram também as Igrejas, mas não viam que a TORóH não é
outra coisa que o modelo dum serviço livre e alegre a Deus. Jesus ensinava esse serviço
absoluto a Deus. Faz isso e viverás! E exatamente isso era a mensagem da TORóH.
Mas ainda não nos referimos à relação decisiva entre Jesus e TORóH. Essa relação
decisiva chega a ser clara pela determinação mais próxima do nosso assunto: Hoje. O
Jesus que nos interessa hoje – apesar de todos os esforços que a pesquisa histórico-
crítica fez – é o Jesus do testemunho original apostólico, a saber o Jesus segundo a
Escritura. Os escritos contêm mais que TORóH, e sabemos que para os primeiros
cristãos a ordem dos livros era outra, e hoje ainda é, que a tradição rabínica que se
estava desenvolvendo e a do Judaísmo hodierno, mas em ambas as tradições a TORóH
está em primeiro lugar. O Jesus então que morreu e ressuscitou segundo a Escritura, o
Jesus que já estava sendo pregado quando o apóstolo Paulo se juntou bem no começo ao
movimento Jesus, era e é aquele sobre quem, além de segundo a Escritura, logo fora da
TORóH não temos informação nenhuma. A sua vida nos foi apresentada como conexo
da vida do seu povo de TORóH. A sua doutrina está formulada na linguagem da
TORóH. Fora da TORóH, Jesus é, não só incompreensível, mas desconhecido. Aqui
estamos hoje.

Viramo-nos agora à outra ligação para o futuro: Israel e Jesus. Sob certo respeito, essa
ligação é inevitável, embora dificilmente uma feliz, pois além de Moisés ninguém tem
exercido influência maior à história do povo judaico do que Jesus, nem por sua vez
Rambam, o grande Maimônides, pois a Igreja de Jesus foi a inimiga mais conseqüente e
mais durante à qual tinha de enfrentar. Mas queria tomar em consideração a
possibilidade duma ligação mais positiva, a saber aquela dum judeu no meio do seu
próprio povo judaico.

Essa possibilidade supõe az distribuição de peso, para fora de divindade e humanidade


de Jesus para a situação social como judeu entre judeus. Pois ser judeu quer dizer
primeiro pertencer ao povo judaico e ser solidário com este.
E isso quer dizer que Jesus está com o povo próprio. Mas isso é pensável para judeus
em geral? Não é assim que muitos judeus nem permitiriam um pensamento em Jesus,
para não falar duma noção de que ele é um deles? Certamente isso é assim mas, apesar
disso, pediria judeus a refletirem cuidadosamente o assunto, pois creio que o que no
fundo não podem comportar, não é Jesus, mas sim nós cristãos. O que é que judeus
possam ter contra um homem judaico pobre o qual, juntou muitos outros judeus, foi
matado pelos romanos? Agora ele é o judeu que levou uma multidão de pagãos a se
dobrarem diante do Deus de Israel. O quê deveria nisso estar errado? Não, não Jesus é o
problema, nós cristãos o somos. O não judaico a Jesus Cristo é profundissimamente um
não à Igreja e ao modo da fé dela em Jesus. E judeus deviam profundissimamente dizer
não à Igreja quando, no seu sim a Deus e à aliança que concluíram com Deus,
pretendiam ficar. A sua fidelidade a Deus exigia o não a uma Igreja que tentava durante
séculos de impor-lhes Jesus e renegar a sua aliança com Deus. Agradecimento seja a
Deus sob qualquer respeito pelo que ficaram firmes e não pararam a serem Israel!

Mas vamos supor uma vez – supor só especulativamente – que a Igreja um dia
começaria dizer sim à TORóH, como ela o aqui e lá já começa a fazer, agradecendo a
Deus por que o povo judaico ficou fiel a Deus, por não se deixar fazer cristãos. Quando
um dia tal chegar, em que judeus pela primeira vez veriam cristãos como amigos e
apoiadores em vez de inimigos missionantes, que eram durante tantos séculos. Então
judeus talvez estariam dispostos a reconsiderar Jesus como judeu de TORóH, que ele
era realmente, a saber um deles. Mas mesmo nisso, judeus nunca o verão assim como
cristãos o vêem, pois para eles não é aquele que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó usava
para lhes apresentar-Se a Si Mesmo. Mas possam descobrir que é pelo menos um co-
judeu cuja vida finalmente ainda, apesar de tantos séculos de inimizade, despertou ao
povo judaico alguns amigos e aliados. Assim depende finalmente da Igreja se judeus
obtenham a ver a ligação entre Jesus e Israel. Isso quer dizer então que a ligação entre
Jesus e Israel representa um desafio muito maior para a Igreja do que para o povo
judaico. Quer dizer que cristãos não poderão servir nunca a esse judeu único, sem
simultaneamente servir aos seus co-judeus. A solidariedade com ele exige a
solidariedade com o povo dele. Só poucos avançaram até esse ponto, mas espero que é
possibilidade para a Igreja de amanhã.

1.1.6 – Teologia da Criação

CRISTO – O PRIMOGÊNITO DA CRIAÇÃO DE DEUS

Em Col. 1:15 Paulo escreveu: "O qual é a imagem do Deus invisível, o


primogênito de toda a criação".
Como harmonizar – "o primogênito de toda a criação" – com idéia da eterna
preexistência de Cristo?
Os eternos negativistas da divindade de Cristo, afirmam que nesta passagem a
palavra primogênito tem sentido temporal, "de modo que ele está classificado entre as
criaturas de Deus, sendo o primeiro entre elas". Seja Deus Verdadeiro, página 35.
Que significa a palavra primogênito?
Quase sempre se pensa neste termo com sentido temporal, significando única e
exclusivamente o primeiro gerado ou nascido, mas este estudo visa provar que além
desta acepção a palavra é usada na Bíblia com o significado de posição de
preeminência. Às vezes, primogênito significa um filho amado em grande maneira, o
preferido entre os demais. O termo chega a ser usado com o sentido de um qualificativo
superlativo: Isaías 14:30 afirma: "Os primogênitos dos pobres serão apascentados", isto
quer dizer: Os mais pobres, os paupérrimos serão apascentados.
A palavra grega para primogênito é prwttokov - protótokos; formada de prtov -
primeiro, melhor, mais importante, mais preeminente, e prtov - nascido, criança, de
prtw = nascer. Com o sentido de mais importante, mais preeminente todos conhecem o
título de primeiro ministro, primeira ministra.
A palavra pode e é usada na Bíblia para a primeira criança que nasce. Gên. 25:25;
Num. 18:15; Luc. 2:7; Heb. 11:28.
Referindo-se a Jesus esta palavra é usada sete vezes no Novo Testamento. Duas
vezes, de seu nascimento através de Maria Mat. 1:25; Luc. 2:7. Cinco vezes, não do
nascimento físico, mas em sentido figurado.
Rom. 8:29 - Primogênito entre muitos irmãos;
Col. 1:15 - Primogênito de toda a criação;
Col. 1:18 - Primogênito dentre os mortos;
Heb. 1:6 - Deus, introduz o primogênito no mundo;
Apoc. 1:5 - Primogênito dos mortos.
Destas sete referências a Cristo, a que merece especial tenção é a de Col. 1:15.
Notem bem que Paulo não diz que o Filho de Deus foi a primeira criação, mas o
primeiro de toda a criação. Na sua relação com Deus, Cristo jamais é chamado
primogênito, mas sim unigênito, ou ainda melhor - único, como é visto noutro capítulo
desta apostila.
Será que com a frase - primogênito de toda a criação - Paulo almejava mostrar que
Jesus foi o primeiro ser criado, ou que ele é o primeiro em posição? O contexto e a
Analogia da Fé, nos provam que não há aqui a idéia de ser o primeiro gerado, mas o que
tem a primazia sobre tudo. Col. 1:18.
Heb. 1:6 nos indica de modo bem claro que a palavra primogênito indica a
preeminência de Cristo e o seu domínio sobre todas as coisas.
O eminente professor de grego nas Universidades de Tennessee e Yale, Isbon T.
Beckwith, em seu livro Apocalypse of John, comentando a passagem de Apoc. 1:5
afirma que a palavra "protótokos" em primogênito, tem o sentido hebraico de o mais
notável em categoria principesca.
F. C. Bruce em seu Commentary on The Epistle to The Hebrews, página 15 nos
diz: "Cristo é chamado o primogênito de toda a criação, porque Ele existe antes de toda
a criação e porque toda a criação é herança dele."
Entre os judeus todo primogênito tinha o direito de reclamar quatro privilégios:
1º) A consagração a Deus. Êxo. 13:2, 13, 15; 22:29;
2º) O direito de sucessão nos poderes paternos. Deut. 21:17;
3º) A bênção especial do pai;
4º) Dobrada porção da herança material paterna. Deut. 21:17.
(Ver: "Primogenitura", Dicionario de la Santa Bíblia, New York, página 525).
Se os judeus tivessem sido leais a Deus haveriam participado dos poderes da
primogenitura em sua forma mais ampla. (Êxo. 4:22 – "Dirás a Faraó: Assim diz o
Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito.).
1º) Israel foi o único povo da terra consagrado a Deus;
2º) Recebeu uma bênção especial quando saiu do Egito;
3º) O direito de chegar à ser "a cabeça" das nações, como império mundial (Dan.
2:44) e ser reais sumo sacerdotes.
4º) Receber a herança da Canaã Celestial.
Todos estes privilégios fizeram com que a palavra fosse empregada figuradamente
com o significado de preeminência, respeitabilidade, pessoa digna de toda a atenção.
Temos muitas referências bíblicas que provam esta preeminência, tais como:
Gên. 41:50-52 - José tinha dois filhos, sendo Manassés o primogênito, mas Jeremias
31: 9 afirma: "Efraim é o meu primogênito."
I Sam. 16:10-12 - Davi sendo o mais jovem entre sete irmãos foi ungido rei. Sem
preeminência cronológica recebeu as prerrogativas do
primogênito - Salmo 89:20, 27.
I Crôn. 26:10 - Sinri, tampouco era o primogênito, apesar disso foi eleito o
principal.
Êxodo 4:22 - Moisés devia dizer a Faraó: "Israel é meu filho, meu primogênito."
Esta afirmação indica os privilégios deste povo, que É chamado na
Bíblia de escolhido, santo, especial e de muitos outros títulos
elogiosos. Deut. 7:6-7.
Estes privilégios não permaneceram para sempre com Israel, como a História
Bíblica nos confirma, mas se reuniram na pessoa de Cristo, como se conclui do cotejo
de várias passagens:
Ezeq. 21: 27 – "Ruína! Ruína! A ruínas a reduzirei, e ela já não será, até que
venha aquele a quem ela pertence de direito; a ele a darei."
Salmo 110:4 – "O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para
sempre, segundo a ordem de Melquisedeque."
Zacarias 6: 13 – "Ele mesmo edificará o templo do Senhor, e será revestido de
glória; assentar-se-á no seu trono e dominará, e será sacerdote no seu trono e reinará
perfeita união entre ambos os ofícios.
Gênesis 49:10 – "O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre os seus
pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos.
Miquéias 4:8 – "A ti, ó torre do rebanho, monte da filha de Sião, a ti virá, sim,
virá o primeiro domínio, o reino da filha de Jerusalém.
Heb. 4:14 – "Tendo, pois a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote
que penetrou os céus, conservemos firme a nossa confissão."
Dentre os personagens do Velho Testamento, José e Davi estão entre aqueles que
mais se destacaram e não sendo primogênitos pelo nascimento receberam este título em
virtude do destacado papel que desempenharam na história do antigo Israel. Ao
pensarmos no título de excelência que receberam - primogênito - e sendo eles um
símbolo de Cristo, entenderemos melhor porque nosso Salvador, cinco vezes, recebeu
dos escritores bíblicos esta nobilíssima menção.
W. E. Read, em artigo inserto no Ministério Adventista, setembro e outubro de
1964, página 20, escreveu:
"Isto é algo do que Deus queria indicar ao falar de seu 'Primogênito'. O que se
aplica a Israel como povo, aplica-se num sentido muito mais amplo ao Messias – a
Cristo Nosso Senhor. Na palavra 'primogênito', portanto, a ênfase não está
necessariamente na descendência física, mas na posição de dignidade, honra e
preeminência. Todas as prerrogativas da primogenitura foram atribuídas a Jesus, mas
num sentido muito mais amplo e completo".
Cita ainda o mesmo autor de Adão Clarke:
"Eu o farei Meu Primogênito. Lidarei com ele como um pai o faz com seu filho
primogênito, a quem pertence uma porção dobrada das posses e das honras. A palavra
primogênito nem sempre tem um significado literal nas Escrituras. Ela muitas vezes
significa simplesmente filho benquisto ou mais amado; alguém que se estima acima de
todos os outros, e se distingue por alguma prerrogativa elevada. Assim Deus chama
Israel Seu Filho, Seu primogênito. Êxodo 4:22. No mesmo sentido ela é, às vezes,
aplicada ao próprio Jesus Cristo, para indicar Sua supereminente dignidade".
CRISTO – O PRIMOGÊNITO
S. João nos diz que Cristo ê o "primogênito dos mortos" Apoc. 1:5. O primogênito
dos mortos foi Abel, porém Cristo é o principal de todos os que têm morrido, o mais
amado de Deus entre os mortos ressuscitados. Assim é o "primogênito" de toda a
criação (Col. 1:15), não por ser o primeiro ser criado (Ele é Pai Eterno: Isaías 9:6) senão
"para que em tudo tenha a preeminência" (Col. 1:18).
Cristo é o principal de toda a criatura porque é "o Primogênito do Céu" (DTN,
51); e o Primogênito da Terra: "ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os
anjos de Deus o adorem." (Heb. 1:6).
O Filho de Deus é o primogênito, porque é "sobre todo principado e autoridade, e
poder, e dominação e sobre todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas
também no vindouro". Efésios 1:21.
Cristo é o primogênito de Deus porque:
1º) Tem sido eleito: Mat. 3:17; I Pedro 2:4;
2º) Tem recebido a bênção do Pai: Salmo 118:26; Luc. 1:42;
3º) Será sucessor do Pai como juiz: Atos 10:42; e Rei e Senhor do Universo:
Lucas 1:32; I Tim. 6:15;
4º) Foi chamado o mais amado do Pai: Mat. 3:17; Luc. 9:35;
5º) Foi exaltado ao máximo por Deus. Fil. 2:9.

CONCLUSÃO
Um dos principais problemas envolvidos com este tema é que a linguagem
humana é inadequada, por suas limitações, para expressar conceitos envolvidos com as
coisas divinas. Todos os comentaristas têm chegado à conclusão unânime de que a
palavra protótokos aplicada a Cristo não significa o primeiro a ser criado. Se Paulo
visasse afirmar isto de Cristo ele teria usado o vocábulo protoktistos.
Em que sentido é Jesus "o primogênito de toda a criação"?
Colossenses 1:15-20 é uma das passagens mais fortes que afirma a primazia de Jesus
Cristo. Este trecho mostra que Jesus é superior à criação, acima de todas as autoridades,
e o cabeça da igreja. Em Jesus habita "toda a plenitude da Divindade" (Colossenses 2:9;
1:19).

Algumas pessoas interpretam a palavra "primogênito" de uma maneira errada, assim


tirando Cristo de sua devida posição divina. Ele é Deus que se fez carne (João 1:14) e
que veio à Terra para ser "Deus conosco" (Mateus 1:23). Essas pessoas dizem que
"primogênito de toda a criação" quer dizer que o próprio Jesus foi criado. Para apoiar
esta idéia, alguns até pervertem a tradução da Bíblia, inserindo a palavra "outras" cinco
vezes neste trecho (Colossenses 1:16-20) para mudar o sentido do texto (Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas, a tradução usada exclusivamente pelos
Testemunhas de Jeová). Para afirmar que Jesus fez as outras criaturas é como dizer que
uma criança está brincando com os outros cachorros. A criança não é cachorro, e Jesus
não é criatura. Ele é eterno. Já existia no princípio (João 1:1). Usou o mesmo nome que
Jeová usou no Velho Testamento "Eu Sou" (João 8:24,58; Êxodo 3:14).

"Primogênito" nem sempre tem o sentido do primeiro que nasceu. Esta palavra é usada
várias vezes na Bíblia para mostrar a posição de honra ou privilégio que alguém
recebeu. Por exemplo, Deus chamou Israel de primogênito entre os povos (Êxodo 4:22).
Diversas outras nações já existiam séculos antes de Deus criar a nação de Israel.
Primogênito não quer dizer, neste caso, o primeiro que passou a existir. Quer dizer
simplesmente que Deus colocou Israel numa posição de honra acima de todas as nações.
No Novo Testamento, todos os filhos de Deus são primogênitos (Hebreus 12:23) porque
Deus os colocou numa posição de honra. No mesmo sentido, o Pai colocou Jesus numa
posição de primazia acima de todas as criaturas.

De semelhante modo, Jesus é o primogênito de entre os mortos (Colossenses 1:18).


Outras pessoas foram ressuscitadas antes de Jesus, mas ele reina supremo sobre todos.
Jesus não é criatura. Ele é Criador, Redentor, e Senhor dos senhores (Apocalipse 17:14).
1.1.7 – Pentateuco

Os judeus não compreendem que Jesus Cristo não veio só como Messias ( o ungido),
mas também veio como o Servo de Iahweh e o "Filho do Homem". O que causa
vergonha para os judeus é precisamente o fato de a figura de Jesus como o Servo de
Iahweh ter sido o destaque na sua primeira vinda. Porém, na segunda vinda Ele virá
como Messias e o Filho do Homem. Se Jesus, em Mt20.28, não aceitou o título de
Messias foi porque a idéia dos judeus sobre o Ungido não era a concepção verdadeira.
A próprio modo de vida de Jesus não aceitava a concepção judaica sobre o Messias.
Há livros apócrifos que não mencionam o termo "Messias", mas mencionam os termos
"Eleito" e "Filho do Homem". Veja os livros de Enoc e IV Esdras.
Não esqueça que da mesma forma que Moisés demonstrou sinais para que o povo
acreditasse nele como o enviado de Deus (, e isso, de acordo com o pentateuco, foi o
bastante para crerem em Moisés),Jesus também o fez.
Entendo que no próprio pentateuco existem passagens que podem colocar em dúvida o
fato de Jesus ser o Messias, como exemplo Dt 13.2-6. Como resolver isso? Paulo
explica: da mesma forma que Abraão teve fé em YHWH, devemos ter fé em Jesus, o
Cristo.
A palavra moshiach (traduzida como messias) significa "o ungido", o que não implica o
sentido dado pelos cristãos de "salvador". A doutrina de um ser inocente, semidivino
que se sacrifica para nos salvar das consequências dos nossos pecados é uma doutrina
pagã (veja o artigo As origens da divindade de Jesus Cristo) sem qualquer fundamento
no pensamento judaico ou escrituras bíblicas. Nos textos judeus, o termo messias foi
usado com todos os reis, sacerdotes, certos guerreiros, mas nunca em figuras
escatológicas. Na Tanach (Bíblia), o termo moshiach é usado 38 vezes: dois patriarcas,
seis sacerdotes, uma vez com Cyrus, 29 Reis israelitas como Saul e David. Nem uma
vez é a palavra moshiach usada em referência ao messias esperado ( a segunda vinda de
Jesus). Até no livro apocalíptico de Daniel, a única vez que o termo Moshiach é
mencionado em relação ao assassino do sacerdote. Os rolos do Mar Morto,
a Pseudepigrapha e Apócrifa não mencionam uma única vez sobre o Messias.

O homem destinado a ser o messias será um descendente direto do Rei David (Isaías
11:1) através da família de Salomão, filho de David ( 1 Crónicas 22:9-10). Ele fará com
que as pessoas do mundo sirvam a Deus (Isaias 11:2), será mais sábio do que Salomão
(Mishnah Torah Repentance 9:2), será maior do que os patriarcas e profetas (Aggadah
Génesis 67), e será mais honrado do que os reis (Mishnah Sanhedrin 10), pois ele será
rei do mundo (Pirkei Eliezer).

Entre os objectivos principais que o Messias cumprirá durante a sua vida (Isaías 42:4):
. Ordenar a construção de Jerusalém e do Terceiro Templo.
. Juntar o povo Judeu em todo o mundo e retornar à terr de Israel (Isaías 11:12; 27:12-
13)
. Influenciar todas as pessoas de todas as nações a largarem as suas crenças antigas e
reconhecer e servir o único, verdadeiro . Deus de Israel (Isaías 11:9-10; 40:5 e
Zephaniah 3:9)
. Trazer paz mundial (Isaías 2:4)

Existem mais de doze profecias adicionais, mas não é mencionado a "segunda vinda" na
Tanach e o novo testamento também não é mencionado. De forma a evitar confusões
com o messias o código da lei judaica estabelece critérios para reconhecer a identidade
do Messias.

" Se um rei vier da casa de David que medita na Tora, observa os mandamentos escritos
(e orais) assim como o Rei David, convence todo em Israel em seguir o caminho da
tora e luta as guerras de Deus, pode então se assumir que essa pessoa é o Messias.

Se ele fizer todas estas coisas e se construir o Terceiro Templo na sua localização, e
recolher os Judeus exilados, ele é sem sombra de dúvidas o Messias. Mas se ele não
tiver sucesso ou se for morto então ele não é o Messias."

Centenas de anos antes do nascimento do histórico Jesus, foi escrito na Tanach (Bíblia):
. Números 23:19: Deus não é um homem, que possa ser enganoso, nem filho de homem,
que possa se arrepender. Diria ele e não o faria ou falava e não o confirmaria?
. Salmos 146:3: Não confiem em príncipes ou no filho de Homem, pois ele não salva.
Até o Novo Testamento confirma que Jesus não é o Messias:

. Quando o povo quis fazer de Jesus o Rei dos Judeus (outro nome dado ao messias),
Jesus se retirou desse lugar, não permitindo que o confirmassem como o Messias.
. Mateus 20:28: As próprias palavras de Jesus indicam que ele não era o Messias " assim
como o filho de deus não veio para ser servido, mas para servir.

1.1.8 – Os profetas e profetismo

Com a morte de Salomão, o Reino de David dividiu-se em dois: ao sul, o reino de Judá,
ligado à casa de David.
Ao norte o reino de Israel, constituído pelas dez tribos separatistas.
Eis como o livro dos reis descreve o conflito que levou à divisão do Reino:
“Todo o Israel (as dez tribos separatistas) viu então que o rei não queria ouvi-los e
replicaram: “Que temos nós a ver com a casa de David? Nós temos herança com o filho
de Jessé!
Governa a tua casa David!” E Israel foi para as suas tendas.
Mas o rei Roboão continuou a reinar sobre os filhos de Israel que pertenciam à tribo de
Judá” (1 Rs 12, 16-17).
O rei do reino do Norte não era da casa de David. Eis a razão pela qual não estava
ligado à promessa messiânica.
Os escribas do reino do norte redigem um livro, assinando-o com o nome de Moisés, a
fim de lhe dar credibilidade.
O livro é um resumo da Lei mosaica já existente. No livro do Deuteronómio, a
esperança messiânica não é associada à casa de David, pois os reis do norte não eram
descendentes de David.
O futuro Messias será um profeta à maneira de Moisés.
Temos assim um messianismo associado à casa de David, outro associado à teologia
sacerdotal dos levitas e, finalmente, outro associado à missão profética de Moisés.
O rei, para a teologia ligada à esperança davídica (2 Sam 7, 12-16), é o medianeiro entre
Deus e o povo.
Com o desaparecimento da monarquia, a teologia sacerdotal começa a acentuar cada
vez mais a vinda de um Messias sacerdote.
O Sumo-sacerdote, agora passa a ser, não o rei, mas um sacerdote eleito pelos demais
sacerdotes.
Este Sumo-sacerdote é o medianeiro entre Deus e o Povo. Realiza tarefas políticas, pois
não existe rei.
Os textos proféticos começam a falar de dois Messias: um da casa de David e outro da
linhagem sacerdotal (Zac 3, 8; 6, 11-12; Jer 33, 17-22).
Com a divisão do reino de David, o medianeiro entre Deus e o povo, para o reino do
norte é o profeta.
O Deuteronómio anuncia o futuro Messias como tratando-se de um profeta:
Disse Moisés: “As gentes das terras que vos vou dar acreditam em agoireiros e
adivinhos, mas a ti, o Senhor Deus não o permite.
O Senhor teu Deus suscitará no meio de vós, dentre os teus irmãos, um profeta como eu.
Deves escutá-lo.
No Monte Horeb dissestes: “Não queremos mais ouvir o Senhor no meio de relâmpagos
e trovões, nem voltar a ver o fogo enorme, a fim de não morrermos.”
O Senhor disse-me então: Está certo o que eles dizem. Suscitar-lhes-ei um profeta como
tu, dentre os seus irmãos.
Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que eu lhes ordenar.
Os que não derem crédito às palavras que esse profeta vai pronunciar em meu nome, eu
próprio lhe pedirei contas” (Dt 18, 14-19).
A tradição cristã atribuiu a Cristo esta tríplice missão messiânica, dizendo que Jesus
Cristo é rei, sacerdote e profeta.
Se quisermos ser fieis ao pensamento bíblico teremos de dizer que é uma maneira de
dizer que Jesus possui a plenitude da função de medianeiro.
São Paulo diz que o Senhor ressuscitado é o único medianeiro entre Deus e o Homem (1
Tim 2, 5).
Jesus, nos evangelhos, designa-se a si próprio como um profeta com uma sorte idêntica
à dos outros profetas:
“Hoje, amanhã e depois devo seguir o meu caminho, pois não pode acontecer que um
profeta morra fora de Jerusalém” (Lc 13, 33).
Jesus declara que nenhum profeta é honrado na sua terra. As pessoas da sua terra
diziam:
“Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a sua mãe Maria e seus irmãos Tiago,
José, Simão e Judas?
E as suas irmãs não vivem todas entre nós? De onde lhe vem, pois, tudo isto?
Estavam, pois, escandalizados por causa de Jesus. Mas Jesus disse-lhes: “Um profeta só
é desprezado na sua pátria e em sua casa.
E não fez ali muitos milagres por causa da falta de fé daquela gente” (Mt 13, 55-58).
As palavras do evangelho de Marcos são praticamente as mesmas que as do evangelho
de Mateus de Mateus (cf. Mc 6, 4).
O evangelho de João e o de Lucas limitam-se a dizer que, certo dia, Jesus afirmou que
um profeta não é bem recebido na sua terra (Jo 4, 43; Lc 4, 24).
O facto destas afirmações de Jesus estarem nos quatro evangelhos significa que têm um
grande peso histórico.
Jesus, portanto, dá-se a si mesmo o título de profeta. As multidões também o aclamam
como profeta:
“A multidão dizia: “Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia” (Mt 21, 11).
Os chefes dos judeus procuravam matar Jesus, mas tinha receio, pois a multidão
considerava-o um profeta:
“Os sumo-sacerdotes e os fariseus, ao ouvirem as suas parábolas, compreenderam que
eram eles os visados.
Embora procurassem um meio de prender Jesus tinham receio, pois o povo considerava
Jesus um profeta” (Mt 21, 45-46).
Os discípulos de Emaús, após a morte do Senhor falam dele como de um grande
profeta:
“E um deles, chamado Cléofas, respondeu: “Tu és o único forasteiro a ignorar o que lá
se passou nestes dias?” Ele perguntou-lhes: “Que foi”. Responderam-lhe: “O que se
refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo
o povo” (Lc 24, 18-19).
A Samaritana falando com Jesus chama-lhe profeta. Jesus não rejeitou este título (Jo 4,
19).
Mais à frente, o próprio Jesus diz á Samaritana que é o Messias (Jo 4, 26).
Como vemos, os evangelhos não vêem dificuldade em chamar profeta a Jesus Cristo,
apesar que saberem antecipadamente que ele é o Messias.
No evangelho de João, ao ver as obras de Jesus, o povo interroga-se sobre se ele não
será o Messias Profeta à maneira de Moisés, tal como foi anunciado por Moisés (Dt 18,
15; 18-19). Depois da multiplicação dos pães, o povo diz que Jesus é realmente o
profeta anunciado:
“Aquela gente, ao ver o milagre que Jesus fizera dizia: “Este é realmente o profeta que
devia vir ao mundo”. Por isso Jesus, sabendo que viria buscá-lo para o fazerem rei,
retirou-se de novo, sozinho, para o monte” (Jo 6, 14-15).
Também aqui se vê claramente a associação do Messias profeta com o Messias rei sem
que isso trouxesse qualquer problema.
Ao falar de Jesus como sacerdote, o Novo Testamento nunca associa o sacerdócio de
Jesus ao sacerdócio cultual dos levitas:
“Mas Cristo veio como Sumo-sacerdote dos bens futuros, através de uma tenda maior e
mais perfeita, a qual não foi feita por mãos humanas, isto é, não pertence ao mundo
criado.
Entrou uma só vez no Santuário, não com o sangue de carneiros ou de vitelos (como os
sacerdotes levitas), mas com o seu próprio sangue, obtendo assim uma redenção eterna”
(Heb 9, 11-12).
São João diz que depois de Jesus prometer o Espírito Santo como fonte de Vida Eterna,
alguns dos ouvintes diziam que Jesus era o profeta, outros diziam que ele era o Messias:
“Entre a multidão de pessoas que escutaram o ensinamento de Jesus dizia-se: “Ele é
realmente o profeta”. Outros diziam: “É o Messias” (Jo 7, 40-41).
É curioso notar como João acentua que as pessoas diziam que Jesus era o profeta, não
um profeta. Esta maneira de falar referia-se, naturalmente, ao Messias profeta anunciado
no Deuteronómio.
Por outras palavras, dizer que Jesus é o profeta é o mesmo que dizer que ele é o
Messias.
Segundo o evangelho de Lucas, Jesus reconhece que a unção profética anunciada por
Isaías se referia á sua pessoa:
“Jesus veio a Nazaré onde se tinha criado. Segundo o seu costume entrou em dia de
sábado na sinagoga e levantou-se para ler.
Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a passagem em
que está escrito:
“O Espírito do Senhor está sobre mim,
Porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e,
Aos cegos,
O recobrar da vista.
Enviou-me para mandar em liberdade os oprimidos e a proclamar um ano de graça da
parte do Senhor”.
Depois enrolou o livro, entregou-o ao responsável e sentou-se.
Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.
Começou,
Então a dizer-lhes:
“Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4, 16-21).
Os evangelhos vêem Jesus como o Servo sofredor que foi maltratado e humilhado.
O Servo é justo e, por isso, não merecia aquelas humilhações.
Por ser solidário com os pecadores, o seu sofrimento e a sua morte violenta acabou por
trazer vida para os seus pecadores que mereciam, esses sim, ser humilhados e
castigados.
Jesus não é um profeta, mas o profeta, diz o evangelho de João. Isto significa que Jesus
realiza a sua missão messiânica como rei, sacerdote e profeta.

1.1.9 – Antropologia Cristã

Ligadas ao sofrimento redentor podemos considerar duas realidades: que “o Pai amou
tanto o mundo que deu o Seu Filho unigênito” (Jo 3,16) para que o mundo fosse salvo
por Ele, e que foi por causa do pecado e da morte - “as raízes transcendentais do mal”
(SD, nº14) - e para que o homem não perdesse a vida eterna, que o Filho aceitou realizar
o projeto, a missão que Deus Pai lhe confiou.

Cristo, o enviado do Pai, está plenamente ciente da sua missão de revelador do


verdadeiro rosto do Deus de Israel, um Deus de misericórdia “que não quer a morte do
pecador, mas que se converta e viva” (Ez 33,11).

Por tal missão que lhe foi confiada, realizando a reconciliação do Homem com Deus, o
Filho unigênito revela, com palavras e pela sua forma de situar-se perante os homens, os
Seus sofrimentos e necessidades, a inauguração de uma nova forma de entender (e
estender) o Reino dos Céus, mostra ser uma só coisa com o Pai; quem o vê, vê o Pai
(Cf. Jo 14,9). A Boa Nova que Jesus anuncia é essa relação de intimidade que Ele vive
com o Pai.

Ora se Ele constantemente se relaciona e fala do Pai, significa que se assume como
Filho e a Sua vontade é fazer a vontade do Pai que, acima de tudo, deseja que nenhum
dos Seus se perca (Cf.Mt 18, 12-24), se extravie.

Na fidelidade ao projeto de salvação dos homens, Cristo leva até às últimas


conseqüências o amor para com o Pai e sofre a agonia do Getsémani onde “a verdade do
amor é provada mediante a verdade do sofrimento (SD, nº 18), e encaminha-se para o
Gólgota onde é sujeito “à profundidade do mal do sofrimento que se experimenta”
(Ibidem).

Frente a esse Deus que é Pai, o Filho Jesus Cristo, em comunhão plena e total, embora
pedindo para que, se for possível aquele cálice passe sem que Ele o beba (Cf. Mt 26,42),
adere voluntariamente, obedientemente, à vontade do Pai e entrega-se ao sofrimento e à
morte.

No Gólgota o sofrimento atinge o seu vértice, mas aí precisamente foram abertas as


fontes de água viva que fazem jorrar, para a humanidade pecadora, o pleno sentido para
a dor humana (Cf.SD,nº18).

O plano salvífico do Pai está prestes a ser cumprido: “Oh admirável condescendência
divina que para resgatar o escravo entregou o próprio Filho” (Precónio Pascal)).
No entanto, só com a Ressurreição de Cristo é integralmente completa a obra da
Redenção.
Especialista em mente humana taça perfil psicológico de Jesus Cisto e mostra facetas
desconhecidas da personalidade do Mestre.

Entrevista com o médico psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Jorge Cury, autor dos
livros (coleção) - Análise da inteligência de Cristo.

Aquele foi realmente um dia tumultuado. Em meio às comemorações da mais


tradicional festa do ano, a pena capital dada a três homens agitava a já fervente
Jerusalém do ano 3790 do calendário hebraico. Passava da hora sexta do dia (meio-dia)
e os homens, pendentes completamente nus em cruzes, no monte conhecido como
Gólgota ou Caveira, eram um espetáculo de horror para quem passava por ali. Porém,
aquele que estava crucificado no centro chamava a atenção. Nunca alguém tão grande se
fizera tão pequeno. Afinal, fora condenado devido a uma trama que misturou
intolerância religiosa, interesses políticos e uma boa quantidade de acusações falsas.
Contudo, mesmo naquele momento extremo da vida, suas palavras continuavam
carregadas de sensibilidade, paciência e ternura.

Como explicar uma reação assim diante da morte e do aparente fracasso? Por causa de
comportamentos como esse, têm surgido cada vez mais teorias de que o Cristo que
viveu há dois mil anos nas terras da Província da Judéia, nos confins do Império
Romano, é muito diferente daquele descrito nos evangelhos e que dividiu em dois a
História. Na contramão dessa polêmica, não poucos cientistas, arqueólogos e
historiadores cristãos contestam tais informações e reafirmam a veracidade dos relatos
bíblicos.

Pois chegou a vez da psicologia entrar na disputa. Cristão daqueles que consideram a
vida um ministério, o médico psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Jorge Cury, 44 anos,
foi um dos que gostava de criticar a veracidade da Bíblia. Autor de uma teoria
revolucionária sobre a construção dos pensamentos - a da inteligência multifocal,
reconhecida internacionalmente -, ele começou a estudar a mente de grandes
personagens históricos como Platão, Van Gogh e Freud. Mas foi quando decidiu
investigar a trajetória terrena de Cristo que teve a maior surpresa de sua vida. "Eu era
um ateu convicto e tornei-me cristão apaixonado", conta. O resultado dessa pesquisa
virou uma coleção de quatro livros, Análise da inteligência de Cristo, que viraram
bestsellers, com quase 200 mil exemplares vendidos no Brasil e no exterior. Tanto que
há meses Cury freqüenta a lista de mais vendidos da revista Veja. Ao todo, ele já
escreveu dez livros, todos na área de psicologia.

Agora, ele prepara o quinto e último volume da série, O Mestre inesquecível, no qual
estudará as transformações na personalidade dos apóstolos, durante e após suas
caminhadas com o Filho de Deus. Aliás, o tem especial interesse em analisar as relações
interpessoais de Jesus. Junto com a atividade de escritor, ele concilia as pesquisas que
realiza para uma universidade espanhola e consultas em sua clínica psiquiátrica. De sua
casa em Colina, uma tranqüila cidade do interior paulista, onde reside com a mulher e
três filhas, Augusto Cury falou com exclusividade a ECLÉSIA sobre a vida e a incrível
personalidade do homem de Nazaré, mostrando mais uma vez que o melhor retrato do
Cristo é aquele mesmo descrito nos evangelhos.

ECLÉSIA - O que existe de singular na personalidade do homem Jesus Cristo?


AUGUSTO CURY - Ele era coerente, dócil, gentil, simples, perspicaz, audacioso,
poético, feliz e inteligentíssimo. Nunca analisei alguém como Jesus Cristo. Ele gostava
de jantar na casa das pessoas e de ter longas conversas com elas. Todos tinham acesso à
sua agenda - os grandes e os pequenos, os ricos e os miseráveis. Algumas de suas
características fogem completamente ao padrão psicológico previsível. Sua
personalidade revelava uma sinfonia que rimava nos extremos. Ele proclamava ser
imortal, mas amava ter amigos mortais. Sob o risco de morrer, ele, como qualquer ser
humano, devia bloquear sua memória e reagir por instinto, expressando medo e
ansiedade. Mas, para espanto da psiquiatria, Cristo abria as janelas da sua inteligência e
gerenciava seus pensamentos como ninguém o fez na História.

E quais foram suas características mais marcantes?

Na sua humanidade, escondem-se as coisas mais belas e de que mais necessitamos: a


paciência, a tolerância, a capacidade de superação do medo, a singeleza, domínio
próprio, o diálogo aberto, a capacidade de contemplação do belo nas pequenas coisas. A
fantástica noticia é que apóstolo Paulo comenta que todas essas características podem
ser comunicadas ao homem através do Espírito Santo. O homem frágil e débil pode ter
acesso à natureza de Deus. Pode ser comum por fora, mas especial por dentro.

A minissérie Jesus, exibida pela TV há dois anos, mostrava um Cristo excessivamente


humano, que até certo ponto de sua vida nem sabia quem era e tampouco qual sua
missão. A partir de que momento ele teria tomado consciência de quem realmente era?

Como Filho de Deus, desde o início da sua infância ele tinha a consciência do seu
passado eterno e atemporal. Isso não é uma crença teológica, mas psicológica. Só isso
explica porque, aos doze anos, quando seus pais o perderam, ele estava discutindo com
segurança com os mestres da lei, a ponto de deixá-los maravilhados. Ficar longe dos
pais deveria tê-o deixado com medo, como qualquer garoto. Mas ele mostrou um
controle emocional que deixou sua mãe pasmada. Ali, ele discorreu com eloqüência e
convicção sobre aspectos da lei judaica, dando um significado ao templo que jamais
fora dado por alguém. O jovem Jesus chamou-o de "casa do meu Pai", e não um simples
lugar de adoração. Tal informação não lhe foi ensinada pelos seus pais. De onde Jesus
Cristo a teria extraído? De sua memória, que excede os limites do tempo. Com sua
sabedoria, ele encantava seus amigos e fascinava seus inimigos. Pilatos sentiu-se um
menino diante de sua postura. No encontro dos dois, foi a primeira vez que um réu
abalou completamente a estrutura de um juiz autoritário.

Especula-se bastante sobre o que teria feito Jesus entre os 12 e os 30 anos, quando
iniciou sua trajetória pública. Na sua opinião, o que aconteceu com ele naquele período?

A pergunta é tão complexa que perturbou teólogos e pensadores de todos os séculos.


Dos 12 aos 30 anos, Jesus não foi para a Grécia nem para a índia, como alguns
especulam, para de lá extrair conhecimento. Ele fez uma outra viagem, mais importante
e difícil de ser realizada - viajou para dentro de si mesmo a cada dia que viveu. Ficou
nas imediações de Nazaré por 18 anos e nesse período vasculhou no anonimato seu
próprio ser, analisou suas experiências e as limitações humanas. Ele aprendeu a ser um
homem espetacular. Foi o Mestre dos mestres porque soube aprender. Conhecer um fato
é diferente de vivê-lo. Como Deus, ele conhecia a ansiedade, a discriminação social e as
aflições humanas, mas nunca as tinha vivido. Enxergava as nossas lágrimas, mas nunca
as tinha chorado.

Mas em que momento podemos dizer que ele foi apenas humano?

Bem, Jesus tinha aflições humanas quando suas experiências eram totalmente humanas,
como cair, conquistar pessoas, ser rejeitado, superar sua angústia no Getsêmani; mas
tinha a certeza divina nas questões que envolviam sua natureza transcendental. Por isso,
discorria sobre a superação da morte e sobre a eternidade com uma convicção que deixa
perplexo os mais lúcidos cientistas. A morte é a falência da medicina - mas para Cristo,
ela não existia. Deus quis ser um homem. O Filho de Deus dizia com prazer que era o
filho do homem. Ele, que era ilimitado, aprisionou-se num corpo frágil e limitado.

Como homem público e popular. Cristo atraía as multidões. Em algumas passagens


bíblicas, podemos vê-lo rodeado de discípulos, pessoas com interesses imediatos e até
bajuladores. Como ele lidava com tanta pressão?

Todos temos limites e devemos cuidar da nossa qualidade de vida para não falirmos
com nossa saúde. Costumamos viver extremamente estressados e com diversos
sintomas psicossomáticos como cefaléia, dores musculares e fadiga, devido à tensão,
trabalho excessivo e responsabilidades sociais. Jesus não era diferente. Todos os dias,
haviam pessoas suplicando por sua ajuda. Pesava sobre ele a responsabilidade de
resgatar a humanidade para Deus. Ele era perseguido, discriminado e ainda por cima
tinha que perdoar e ter paciência, não apenas com seus inimigos, mas também com seus
amigos. Os discípulos não eram um fator de alívio, mas de problemas. Eles não
enxergavam seu plano transcendental e freqüentemente discutiam e entravam em
disputa. Mas pelo fato de saber filtrar tais estímulos, além de proteger sua emoção,
Jesus tornou-se uma pessoa tranqüila, capaz de convidar as pessoas a aprender com ele
a arte da mansidão. Meses antes de morrer, ele estava famosíssimo. Milhares de pessoas
o seguiam. Mas ele jamais perdeu as suas raízes, nem abandonou sua simplicidade.

E com relação ao eventual assédio feminino?

Com respeito à sexualidade, Jesus superou seus instintos porque o amor que fluía do seu
ser transcendia ao prazer da sexualidade. Além disso, ele nunca se encontrava com
mulheres em lugares fechados ou isolados, mas em lugares públicos, abertos. Ele amou
muito cada ser humano, inclusive as prostitutas, e cuidou para que nunca ferisse a
consciência de ninguém.

Muita gente, com base em representações artísticas, acredita que Jesus foi uma pessoa
frágil e sofredora. Tal juízo corresponde à realidade de como era ele?

Tenho convicção de que não. Jesus transbordava alegria, gostava de festas. Ao redor de
uma mesa, ele disse belíssimas palavras. Era tão comunicativo e sociável que teve a
coragem de se convidar para jantar na casa de uma pessoa que não conhecia, como
Zaqueu. Do ponto de vista psiquiátrico, eu não creio que seja possível se ter uma
emoção mais alegre, serena e estruturada como a de Jesus Cristo.

O que o motivou a escrever a coleção Análise da inteligência de Cristo?

Poucas pessoas foram tão longe no ateísmo como eu. Por pesquisar a construção de
cadeias de pensamentos e a gênese dos conflitos humanos, eu considerava Deus, bem
como Jesus Cristo, como desculpa do cérebro que não aceitava seu fim. Para mim, Deus
era um produto imaginário da psique, para aliviar sua dor diante das frustrações e perdas
existenciais e da inevitabilidade da morte. Mas duas coisas mudaram meu pensamento.
Primeiramente, ao estudar exaustivamente o funcionamento da mente humana, descobri
que ela tem fenômenos que ultrapassam os limites da lógica. Para produzir um
pensamento, entramos na memória e em meio a trilhões de opções resgatamos verbos,
substantivos e pronomes, sem saber como o fazemos. A construção de cadeias de
pensamentos não pode ser explicada pelo universo físicoquímico cerebral, pelo
computador biológico do cérebro. Compreendi que só a existência de um Deus
fantástico poderia explicar o anfiteatro da nossa inteligência. O segundo momento foi o
estudo das reações, dos pensamentos e das entrelinhas das idéias de Jesus. Compreendi
que era impossível que ele fosse fruto de uma ficção. Nenhum autor poderia construir
uma personalidade como a dele, que ultrapassa os limites da previsibilidade psicológica.
Amá-lo não é apenas um ato de fé, mas uma decisão de muita inteligência.

É possível fazer tal estudo apenas baseado nas informações contidas nos Evangelhos?
Os relatos bíblicos não conteriam narrativas com elementos fantásticos demais?

Há mais de 5 mil manuscritos do Novo Testamento existentes até hoje, o que o torna o
mais bem documentado dos escritos antigos. Muitas cópias pertencem a uma data
próxima dos originais. Há aproximadamente 75 fragmentos datados desde 135 d.C. até
o século 8. Todos esses dados, acrescidos ao trabalho intelectual produzido pelos
estudiosos da paleografia, arqueologia e crítica textual, nos asseguram de que
possuímos um texto fidedigno do Novo Testamento. É necessário imergir no próprio
texto e interpretá-lo de maneira multifocal e isenta, tanto quanto possível, de paixões e
tendências. Foi o que procurei fazer. Questionei os mais diversos níveis de coerência
intelectual dos autores dos evangelhos e dos textos que escreveram.

Nas suas obras, o senhor fala sobre intenções conscientes e inconscientes dos autores
dos evangelhos, para provar que o personagem Jesus não seria apenas uma criação
literária. Quais eram essas intenções?

Os autores dos evangelhos não tinham a intenção de fundar urna filosofia de vida, de
promover um herói político, ou construir um líder religioso - nem mesmo criar uni
homem diante do qual o mundo deveria se curvar. Queriam registrar fatos, mesmo que
incompreensíveis, de uma pessoa que revolucionou suas vidas e os ensinou a linguagem
do amor. Se os evangelhos fossem fruto da imaginação literária desses autores, eles não
falariam mal de si mesmos, não comentariam a atitude vexatória que tiveram ao negá-
lo, como fez Pedro. Eles teriam mesmo escondido a angústia de Cristo, que clamava ao
seu Pai para que afastasse de si seu cálice.

Jesus tinha uma forma própria de instruir seus discípulos. O senhor afirma em seus
livros que muitos desses pressupostos estão sendo desprezados pelos educadores
modernos. Por que? Estariam ultrapassados?

Jesus não enfileirava seus discípulos, mas os fazia sentar ao redor de si e os instigava a
desenvolver a arte de pensar. Ele era, sim, um magnífico contador de histórias. Usava a
arte da dúvida. Através de perguntas sistemáticas, fazia abrirem-se as janelas da mente
dos seus discípulos. Atuava nos papéis da memória através de gestos e reações
surpreendentes. Essas e outras técnicas psicopedagógicas que ele usou produziram
pensadores, e não servos; homens livres, e não dominados. Jesus mesclava a sua história
com a dos discípulos. Ele eliminava todas as barreiras entre eles. Discorria até sobre
suas angústias.

Se vivesse no mundo hoje, como Jesus Cristo seria visto pela psicologia?

Nos dias de hoje, as palavras de Jesus não apenas abalariam os alicerces da psiquiatria,
mas também das ciências, da educação. Ele deixava atônitas sua platéia. Seus discípulos
eram incultos, agressivos, competitivos, reagiam sem pensar. Ele escolheu a pior estirpe
de homens para segui-lo e os transformou não apenas em discípulos, mas na casta mais
nobre de pensadores.

Algumas correntes teológicas defendem que Jesus não teria realizado milagres ou só
teria feito alguns deles, que poderiam ser explicados de maneira natural pela ciência.
Sem a manifestação de poder sobrenatural, ele teria conseguido influenciar tanto a
sociedade de sua época?

Analisando os textos das biografias de Cristo, eu me convenci de que os milagres que


ele realizou não foram retóricas literárias, nem delírio coletivo, e muito menos ilusão
das pessoas que o cercavam. O que está registrado ali foi realmente realizado. Ele fez
coisas inimagináveis. Se Einstein estivesse lá analisando a maneira como Jesus
manipulava os fenômenos físicos, teria que rever a teoria da relatividade. Mas Jesus
mudou a História da humanidade muito mais pelo seu comportamento do que pelos seus
milagres. Por exemplo, quando Pedro negou a Jesus pela terceira vez, o Mestre, embora
estivesse ferido e mutilado, esqueceu da sua dor e fitou-o com um olhar. Pedro negou-o,
mas Jesus o amou. Pedro disse que não o conhecia e Jesus, com um olhar, revelou que
jamais o esqueceria. São esses comportamentos, que muitas vezes passam
despercebidos, que revelam uma pessoa surpreendente.

Por causa de comportamentos como o que teve no jardim do Getsêmani, alguns


estudiosos acreditam que Cristo sofria de depressão. O senhor concorda?

A depressão é o ultimo estágio da dor humana. Só sabe o seu drama quem já a viveu.
Jesus não teve depressão no Getsêmani, mas uma reação depressiva intensa que durou
horas. Ele antecipou seu martírio e o vivenciou no palco de sua mente. Fez isso para se
preparar para suportar o que viria. Ele iria ser espancado, mutilado e crucificado, e
mesmo assim teria que agir com mansidão, doçura e perdão, como um cordeiro. Era
uma exigência insuportável. O estado de estresse a que estava submetido foi tão
violento que ele teve um sintoma psicossomático raríssimo na medicina, chamado
hematidrose, que é o suor sanguinolento. Ele sofreu em poucas horas mais do que
qualquer pessoa numa grave crise depressiva. Só que diferentemente da grande maioria
das pessoas, inclusive intelectuais e líderes cristãos, ele não escondeu a sua dor.
Chamou três amigos, Pedro, Tiago e João, e contou-lhes sobre seu sofrimento, mesmo
sabendo que eles o abandonariam horas depois. Com tal gesto, ele nos deixou um
princípio - não podemos maquiar nosso sofrimento, devemos sempre ter alguns amigos
para poder dividi-lo. Infelizmente, não poucos pastores, padres, executivos e médicos se
calam diante da sua dor, se destroem e até cometem suicídio porque têm vergonha de
falar dos seus sentimentos.
Há muito se discute, no meio evangélico, sobre uma eventual incompatibilidade entre a
psicologia e a fé cristã. Argumenta-se que o crente não precisa de assistência
psicológica, posto que sua fé em Deus seria capaz de eliminar todos os problemas. O
que o senhor pensa disso?

Os cristãos aceitam que as doenças físicas, mas não as psíquicas. Mas no fundo, todos
nós estamos doentes em nossa psique; todos temos transtornos emocionais. Podemos
não estar doentes por doenças catalogadas na psiquiatria e na psicologia, tais como a
síndrome do pânico, a depressão, o transtorno obsessivo, a fobia social. Mas estamos
doentes em nossa capacidade de amar, respeitar, dialogar, tolerar erros, superar a
solidão, vencer a culpa, governar nossos pensamentos, gerenciar nossa irritabilidade.
Jesus nunca fez milagres na alma, mas somente no mundo físico e no corpo humano. A
alma, ou psique, é lugar de transformação. Não há cura interior milagrosa, mas reedição
do filme do inconsciente, que às vezes é lenta e continua. Algumas doenças, corno
fobias ou conflitos sociais, resolvem-se mais rapidamente; mas outras, como os
transtornos obsessivos, que são idéias fixas, têm solução muito mais lenta. Quem não
conseguir superar uma doença psíquica através de sua fé deve procurar ajuda, sem medo
ou culpa.

Então, qual deve ser o papel do terapeuta cristão?

Um bom psiquiatra ou psicólogo não faz milagre na personalidade das pessoas - apenas
leva o paciente a usar as próprias ferramentas da sua psique, que foram criadas por
Deus, para que ele deixe de ser vítima e passe a ser autor da sua história.

Quais as queixas mais comuns que pessoas praticantes da fé cristã apresentam nos
consultórios de psicologia?

Não há diferença entre as queixas de um cristão e de um não-cristão. A depressão e a


ansiedade são e serão cada vez mais as doenças psiquiátricas da modernidade. E elas
atingem igualmente as pessoas, independente de sua fé. O que difere um tratamento é
que o cristão freqüentemente dá mais trabalho. Eles têm muito dinheiro - ou seja, os
recursos espirituais -, mas não sabem sacá-lo, preencher o cheque. Ou seja, eles têm o
amor de Deus, seu perdão, sua compreensão, seu encorajamento, sua esperança, sua
vida eterna, mas sente-se culpados, incompreendidos e tímidos. Têm mais receio de se
abrir e de praticar técnicas psicoterapêuticas. Isso dificulta o tratamento. Se eles
descobrissem a ferramenta que possuem, seriam artesãos da emoção.

O senhor acha que o crente tem mais possibilidades de ser feliz?

Alguém que pratica a fé tem mais possibilidade de ser saudável e feliz. Alguém que
incorpora as características da humanidade de Jesus Cristo transforma a sua vida num
canteiro de segurança e liberdade. Mas ninguém tem um jardim sem espinhos, uma
estrada sem obstáculos. Não há gigantes na alma humana; todos somos aprendizes e
sujeitos a muitos conflitos. Mas quem passa por um conflito e o supera torna-se mais
belo interiormente e pode ser mais útil para Deus e para os homens.

Até que ponto neuroses e mesmo patologias psicológicas, como a esquizofrenia e a


loucura, em seus diversos níveis, podem ser atribuídos meramente a distúrbios mentais
ou, como querem diversos segmentos evangélicos, a atuações espirituais malignas sobre
a vida da pessoa?

A grande maioria das patologias psíquicas não é produzida por influência espiritual.
Não podemos negá-la, mas não devemos maximizá-la; caso contrário, negamos o livre
arbítrio. A grande maioria das patologias psíquicas deriva de leituras das matrizes de
memória que geram cadeias de pensamentos que desorganizam a psique. Se as doenças
mentais fossem derivadas de forças espirituais, não haveria muitos cristãos internados
em hospitais psiquiátricos. 0 apóstolo Paulo, que mencionou essas forças, não se referiu
a elas como causadoras de doenças, mas como bloqueadoras do plano de Deus. 0 que
estou convencido é de que o maior carrasco do homem é ele mesmo. O maior drama do
homem não é lidar com o mundo que o rodeia, mas com seu próprio ser. Preocupamo-
nos com a faxina da casa e do escritório, mas não com o lixo depositado na nossa
memória. Esse lixo é que contaminará o palco de nossa mente e o transformará num
palco de terror. O mal não é o que entra dentro do homem, mas o que sai da sua mente.

Além da coleção Análise da inteligência de Cristo, o senhor é autor de outras obras,


como Revolucione sua qualidade de vida, na qual analisa diversos tipos de doenças e
fobias. Parece que o mercado literário está mesmo consolidando este tipo de estilo. Por
que livros como esse, que pode ser classificado na categoria chamada auto-ajuda, têm
feito tanto sucesso, inclusive no mercado evangélico?

À medida que se deteriora a qualidade de vida nas sociedades modernas, as pessoas,


incluindo os cristãos, procuram ansiosamente por informações que as ajudem. É isso
que promove o sucesso dos livros de auto-ajuda. Mas a maioria das informações desses
livros não resiste ao calor dos problemas, digamos, da segunda feira. Falta-lhes
consistência. Embora alguns dos meus livros estejam classificados na categoria da auto-
ajuda, eles são de divulgação científica. Valorizo o desenvolvimento do pensamento
mais profundo. As pessoas devem detectar os pequenos trincos de suas vidas, e não ser
alertadas apenas quando a casa desaba. Cristo foi quem foi por ser mestre em ajudar as
pessoas dessa forma. E ele é muito maior do que nossa religiosidade consegue imaginar.

1.1.10 – Salmos e Sapienciais

Livros Sapienciais

Introdução: O nome de Sapienciais ou didáticos é dado a 5 livros do A.T. : Provérbios,


Jó, Eclesiastes (Coélet), Eclesiástico (Sirac) e Sabedoria. A estes são acrescentados dois
livros poéticos (Líricos) : Salmos e Cântico dos Cânticos.
Esses livros apresentam a sabedoria e a espiritualidade de Israel. Em Israel, sabedoria
não é cultura conseguida com acúmulo de conhecimentos, mas o bom senso e o
discernimento das situações, adquiridos através da meditação e reflexão sobre a vida.

Literatura Sapiencial: A literatura Sapiencial aparece de várias formas:

Provérbios - tipo mais simples, normalmente um par de versos (Prov.); Parábola - uma
comparação; Longos poemas e hinos (Jó 27,1; 29,1). Enigma ou adivinhas, utilizando
perguntas (Prov. 23,29ss; Ecl. 10,19; 22,14) Diálogos (Jó) Fábulas e alegorias (Prov.
5,15-23; Ecl. 12,1-6).

O processo de formação desta literatura também é lento e gradual, a antiga tradição


judaica a remete a Salomão é o rei sábio por excelência, o mais sábio de todos
(Provérbios, Coelet, Sabedoria, Cânt. Dos Cânticos) e a Davi (Salmos).

Para os Judeus, a verdadeira sabedoria humana tem uma fonte divina; Deus pode
comunicar e comunica a sabedoria a quem lhe apraz. Eis porque os escritores
Sapienciais se comprazem em contemplar a divina sabedoria : sabem que a deles
emanou Dela.

Jó:

O livro aborda o tema por que sofrem os bons?. O povo de antigo de Israel via como
castigo do pecado o sofrimento com isso aqueles considerados bons não sofriam, com o
tempo foi se vendo que não era bem assim não necessariamente acontecia está realidade
sobre o sofrimento. Esta concepção se impunha aos Judeus pelo fato de que ignoravam
a existência de uma póstuma consciente; julgavam que após a morte o indivíduo perdia
a lucidez da mente e se encontraria adormecido no cheol, incapaz de receber alguma
sansão. Por isto admitiam a retribuição do bem e do mal nesta vida mesmo.

É com este pano de fundo que se realiza o livro de Jó um homem reto, que perde bens e
saúde, três amigos diz para ele confessar os pecados graves que ele cometeu por ver
tamanho sofrimento, mas Jó se diz inocente e diz que está situação é inexplicável. Eliu
tenta dar uma explicação que o sofrimento dos bons é para que eles não se orgulhem.
Deus então intervém calando Jó e seus amigos por que quem é capaz de sondar os
desígnios da Providencia de Deus.
Deus é sábio demais para que precise prestar contar dos seus planos. Então Jó reconhece
a sua incapacidade de julgar a Deus e Deus devolve a saúde e os bens materiais.

Por conseguinte, reverencia e confiança constituem a atitude que o autor sagrado quer
incutir diante do problema da dor. Pondo em cheque a explicação antiga, ele não sabe
propor nova sentença, que dependeria da revelação de vida póstuma consciente e da
obra do Cristo Jesus.

Todavia o livro indica a solução pratica estritamente religiosa, que é valida até hoje.
Sim; mesmo depois de Cristo o homem não pode indicar o porque de todos os seus
sofrimentos; faça porem um ato de confiança absoluta na infalível Providencia Divina.
E não será frustado.

O Novo testamento voltará a tratar do assunto, mostrando que o sofrimento é disposto


por Deus não como mera punição do pecado, mas como remédio do próprio mal; o
patíbulo da Cruz sobre o Calvário foi erguido como arvore da vida e da ressurreição
gloriosa. O Homem portanto, não sofre unicamente para pagar um tributo à justiça mas
para se purificar do pecado e voltar ao Pai com Cristo - que é suma felicidade.

É preciso para compreender o sofrimento olhar para as realidades futuras, vida após a
morte, assim poderá colher os frutos das obras praticadas na terra. Em Jesus, o justo que
sofre em expiação dos pecados alheios e ressuscita dentre os mortos vem com um
sentido novo ao sofrimento. O livro de Jó se coloca em divisão entre uma mentalidade
do antigo testamento para o novo testamento.

Comentário: O autor é um judeu. O herói do livro é um xeque edomita e o cenário é


Edom (por volta da era patriarcal).

Data do livro: Pós Exílio, fim do séc. V, provavelmente. A Narrativa em prosa é


anterior à composição poética (Ez 14, 14-20), parece ser muito antiga e conhecida. A
história de Jó deve ter circulado oralmente durante muitos anos antes de ser lançada por
escrito, como a temos atualmente.

Eclesiastes (Coélet)

O nome grego Eclesiastes é a tradução do hebraico Qoheleth = o homem que fala na


qahal ou na assembléia, ou o orador, o pregador. Este autor pertence ao circulo dos
sábios.
Característica: O livro discorre de falar da vaidade ou da deficiência dos bens. É um
monologo, onde o autor discute consigo mesmo a respeito da possibilidade de encontrar
a felicidade no gozo do prazer, no trabalho, no cultivo da sabedoria, nas riquezas, e
verifica que em tudo existe decepções para o homem; todos os bens se assemelham a
vaidade; isto é, a sopro ou vento: escapam quando alguém os quer segurar nas mãos.

Quem lê o livro, pode, à primeira vista, ficar confuso, por algumas realidades como:
pessimismo em relação a tudo, parece não ter ideal, nem animo na vida, dar-se a
impressão de materialismo por incentivar o gozo dos prazeres, todos viemos do pó e ao
pó voltaremos.

Para ter uma compreensão real da realidade do livro é preciso verificar estes pontos:

O autor de Ecl. não tinha uma consciência de uma vida póstuma. Compartilhava a idéia
de que, após a morte, o ser humano entra em estado de torpor e se torna incapaz de
receber a retribuição de seus atos bons e maus; por conseguinte Deus exerce sua justiça
aqui na terra em todos os homens. Ora o autor de Ecl. tem um certo desanimo por ver
que os ímpios são sadios, ricos e os fieis sofrem perseguições e miséria.

O autor é um homem pratico que fala do que observa e experimenta. Fala que na
verdade, ninguém vê a alma de um percorrer a sua trajetória depois da morte deste.

Quando o Ecl. recomenda o gozo dos prazeres materiais ele não faz como os ateus: ao
contrario, na falte de perspectiva de recompensa no além, ele convida seus discípulos a
gozar dos bens que Deus lhes dá no decorrer desta vida. Tem algumas passagens que
podemos verificar Ecl. 2,24; 9,9. Se Deus dá alguém prazer, o Eclesiastes julga legitimo
usufrui-lo como sendo dom de Deus.

As realidade sem nexo deste livro é um conflito do autor diante das possibilidades de
encontrar a felicidade. Com isso ele chega a uma conclusão que a passagem Ecl. 12,13s.
Esta conclusão bem mostra que o autor não é um cetico, nem um ateu; depois de haver
discutido o problema da retribuição, ele o acha insolúvel; por isso, chama seu discípulo
para o realismo: sejamos fieis a Deus e entreguemos nossas obras ao julgamento do
Senhor. Nesta proposição está timidamente expressa a esperança de que haverá
retribuição póstuma. Qualquer ímpeto de desespero ou revolta é superado por esse fecho
do livro, que representa a ultima palavra do autor temente e submisso a Deus.
As posturas de amargura significam a insatisfação da criatura humana que espera uma
resposta cabal para os seus anseios naturais. Todo homem foi feito para a vida, a justiça,
a verdade, o amor... de modo que, quando não os encontra sente amargura; O Ecl.,
através de suas afirmações quase irreverentes, pedia a revelação da vida póstuma
consciente, na qual cada um encontrará a plena satisfação das aspirações mais
fundamentais que Deus lhe deu. Assim o Ecl. segue caminho para o Evangelho; é um
brado a demanda do Evangelho. A sua mensagem de temer a Deus e observar os
mandamentos é absolutamente valida também para os Cristãos; no Novo testamento,
porém, é completada pela certeza de que existe a justa retribuição no além, de modo que
todas as desordens escandalosas da vida presente serão apagadas, cedendo à plena
ordem.

Provérbios

É o livro mais representativo da literatura Sapiencial bíblica. O titulo Provérbios traduz


o hebraico Meschalim que significa “sentenças, máximas, normas”.

O conteúdo do Provérbios serve para orientar sabiamente a vida do leitor, seja no plano
individual, seja no social. Afirma claramente o temor de Deus como principio da
verdadeira sabedoria e que só em Deus o homem deve colocar sua confiança. O livro
consta de nove coleções. A coleção mais antiga é atribuída ao rei Salomão que são as
duas primeiras coleções.

Salomão foi considerado o maior sábio de Israel, é chamado “Provérbios de Salomão”.


Um ponto importante é o elogio da mulher virtuosa. Os escritores do novo testamento
parecem aludir mais de uma vez a passagem em que a Sabedoria é personificada. Cristo
é dito Sabedoria e poder de Deus em I Cor 1,24.30; Cl 2,3; existia junto ao Pai desde
toda a eternidade, por ele tudo foi feito; habitou entre os homens por própria iniciativa;
a estes comunica a verdade e vida. A liturgia adapta a Maria Virgem os textos de Pr
8,22-36. Este procedimento é justificado, pois Maria foi sede da Sabedoria e a obra-
prima da Sabedoria Divina; a estes títulos, ela participa do elogio da Sabedoria .

Sabedoria

O livro é chamado, nos antigos manuscritos, Sabedoria de Salomão donde de fez livro
da Sabedoria.

Este louvor a Sabedoria decorre em três partes:


1. 1,16-5,24 - A Sabedoria e fonte de retidão e de imortalidade. Comparações entre o
justo e o ímpio; mostra que a prepotência dos maus sobre os bons na vida presente
cederá à inversão das sortes. Os ímpios serão vitimas de horrível decepção ao passo que
os justos reinarão com Deus na vida póstuma. O Sábio é aquele que desde a vida
presente, sabe escalonar os valores de modo definitivo, não se deixando iludir por bens
transitórios opostos a lei de Deus

2. 6,1-9,19 - A origem e os predicados da sabedoria são propostos. É dom de Deus, que


deve ser implorado e que é, de modo especial, útil aos reis.

3. 10,1 - 19,20 - Retoma a primeira parte do livro. O autor estabelece uma comparação
entre os ímpios (Egipicios idolatras) e os justos (Israelitas). Esta sabedoria guia
coletividade do povo. Esta parte é uma re-leitura do Êxodo em estilo de Midraxe, isto é
de modo a realçar a lição religiosa dos acontecimentos passados.

Do ponto de vista doutrinário, Sb é de grande importância não só por apresentar tal


imagem da Sabedoria, mas também por desvendar um pouco a sorte póstuma do
homem. A concepção do Cheol (lugar subterrâneo, onde estariam, inconscientes, bons e
maus depois da morte) cede a noções mais próximas do Novo Testamento e mais
exatas. Com efeito; segundo Sb, o homem, criado por Deus com especial benevolencia
consta de corpo e alma. A alma não é preexistente ao corpo, existe uma harmonia entre
corpo e alma. Deus fez o homem para a imortalidade, de acordo com a sua imagem, mas
foi por inveja do diabo ou tentador que a morte entrou no mundo. Acontece, porém, que
as almas dos justos, depois de vida reta levada na terra, gozam de plena felicidade ou do
fruto de suas labutas. Assim o problema do mal, tão tormentoso para Jó, Ecl, se resolve
na teologia do AT; a prosperidade dos maus e os sofrimentos dos bons já não são a
ultima palavra de Deus; mas é após a vida terrestre que se exerce plenamente a justiça
de Deus, restabelecendo a reta ordem dos valores.

Eclesiástico (sirácida)

Em hebraico é chamado: Palavra ou Sabedoria do filho de Sirac; grego chama de


Sabedoria de Jesus, filho de Sirac ou Sabedoria de Sirac; os Cristãos de origem latina
chamam de Eclesiasticus, pois o livro era apresentado aos catecúmenos preparando-se
para o batismo, era um manual de iniciação dos bons costumes e à historia do Antigo
Testamento; era o livro da Ecclesia (Igreja); daí dizer-se “Eclesiástico”.

Revela o pensamento Israelita evoluído. Alguns temas: Bom comportamento: temor de


Deus, amizade, os anciãos, as mulheres, a riqueza, a pobreza, a doença, a medicina, os
deveres de estado. Outro tema mais teológico que é o Saber: a gloria de Deus.
O ponto mais alto do livro como em provérbios e outros é a sabedoria personificada,
mas agora é uma pessoa mais unida a Deus e distinta, o que de certo modo antecipa a
realidade de João. Chama atenção também a realidade da identificação com a Torá
(Lei).

Em Eclesiástico o autor assina o livro, chama-se segundo o LXX (Eclo 50,27(29)


“Jesus, filho de Sirac, filho de Eleazar, de Jerusalém”. Sirac deve ter sido um sábio
pertencente ao grupo dos sábios de Jerusalém. Ele mesmo apresenta uma peça notável
sobre a sabedoria em si mesmo Eclo 51,13-30. Siracides desde Jovem estudou muito o
antigo testamento, ouviu outros sábios, meditou em questões fundamentais da vida
humana, viajou em terras estrangeiras consultando assim novas fontes de saber, fundou
a “Casa ou Escola da Sabedoria” em Jerusalém. Ele era consciente da sua função de
mestre por isso ele assinou o livro que ele fez. 50,27, isto não era costume do antigo
testamento.

É um livro muito parecido com o Provérbios mais de uma disposição mais arrumada.

Salmos

Introdução:
Salmo vem do grego 'psalmo' que significa melodia (cantar hinos com o
acompanhamento de cardas.

Psalterion significa melodia tirada de um instrumento de corda. Saltério = é coleção de


150 salmos colecionados em um livro próprio na Bíblia.

Os salmos foram cultivados pelo povo de Israel, individualmente e coletivamente. Sua


forma geral é de poesia lírica e cantada, normalmente acompanhada de instrumentos de
corda (Cítara ou harpa), Assim foi que os salmos foram florescendo no coração do povo
ao longo da história de Israel.

Os Salmos são orações destinadas ao uso comunitário liturgico ou simplesmente


redigidas para servir à piedade particular. Supõe diversas situações de animo: Adoração,
louvor, perseguição, saudades do santuário, desejo de Deus, confissão dos pecados,
alegria, tristeza, doença...

Eram escritos dependendo da situação que o povo estava vivendo. A composição do


livro foi lenta e gradual, obra de diversos autores.
A Importância dos salmos na Igreja:

O saltério é a oração do próprio Jesus. Cristo não só interpretou, citou, rezou, mas
sobretudo os viveu. Por isso também é a nossa oração, é a oração de Israel e da Igreja
(Mt 27,39 - Sl 22,8 ; Mt 27,43 - Sl 22, 9 ; Jo 19,24 - Sl 22,19).

Os Salmos ocupam lugar de destaque na expressão orante católica (missas, liturgia das
horas etc...).

Expressam sentimentos de confiança, de temor, de humildade, de esperança, de alegria,


de júbilo ...

A oração salmódica é um diálogo entre o homem vivo e o Deus vivo.

Os Salmos devem ser vividos e não só recitados, pela Igreja os salmos são dirigidos a
Jesus.

A Numeração dos Salmos:

Nas Bíblias, os salmos possuem duas numerações diferentes. Um dos números


corresponde a numeração dos salmos na Bíblia Hebraica e o outro a numeração da
tradução do "Setenta". A liturgia católica segue essa última numeração, mas é mais
correto, biblicamente, citá-los pelo número original hebraico.

Texto Hebraico: Texto Grego:

1–81–8
9 – 10 9
11- 113 10 - 112
114 – 115 113
116 114 - 115
117-146 116 - 145
147 146 - 147
148-150 148 - 150

A diferença deve-se a algumas anomalias na transmissão dos salmos. Tem outras


divergências no uso liturgico, anotações musicais, erros de copistas.
Os Salmos nas mais diversas circunstancias
Advento: 23, 71, 79, 84, 121, 129; Natal - Epifania: 2, 71, 88, 95, 97, 109, 131;
Quaresma: 1, 22, 24, 26, 41, 90, 94;
Paixão: 21, 39, 42, 54, 68, 115; Páscoa: 15, 29, 65, 92, 113A, 117, 125, 155;
Pentecostes: 32, 47, 67, 103, 147.;
Ação de Graças: 9, 29, 33, 49, 53, 65, 74, 91, 94, 99, 102, 106, 110, 115, 117, 135, 137;
Alegria: 4, 5, 15, 20, 29, 31, 35, 84, 118, 121, 125, 149.;
Ver: Louvor e Ação de Graças. Aliança: 24, 32, 43, 73, 88, 102, 118, 131, 147.;

Amor ( de Deus pelos homens): 8, 22, 24, 30, 32, 35, 84, 85, 99, 102, 104, 105, 114,
135, 142, 144, 145.;

Amor ( do homem para com Deus): 15, 17, 41, 62, 114-115, 118;
Ver: Cruz; Anuncio ( da Boa Nova): 18A, 32, 46, 47, 95, 97, 116, 144.;
Apóstolo (Festa dos): Ver: Anuncio; Assembléia: 21, 34;
Batismo: 8, 22, 28, 33, 41, 65.; Caminho: 1, 22, 24;
Ver: Peregrinação Colheita: 64, 66, 143; Combate Cristão: 16, 17, 26, 30, 34, 90, 119,
120, 143;
Confiança: 4, 12, 22, 24, 26, 30, 33, 36, 54, 61, 70, 90, 117, 124, 129, 145.;
Conhecimento de Deus: 18A, 62, 89, 118.; Conversão: 6, 31, 37, 50, 80, 84, 94, 101;
Criação: 8, 18A, 32, 64, 103, 135, 137, 138, 146, 148.;
Desejo de Deus: 15, 26, 41, 62, 72, 83, 118, 141, 142.; Doença: 6, 27, 29, 40, 87, 142.;
Escolha: 15, 79, 83, 118, 136, 140.; Esperança: Ver: Confiança.;
Espirito ( de Deus ): 50, 103, 142, 147.; Eucaristia: Ver: Ação de Graças; Fé: Ver:
Confiança;
Fidelidade ( de Deus ): Ver: Amor; Fidelidade ( do homem ): Ver: Obediência: Guerra:
26, 43, 54, 59, 73, 78, 79, 82, 89, 119; Ver: Combate, Perseguição.;
Igreja: 32, 44, 45, 47, 67, 86, 99, 104, 121, 124, 147, 149.;
Julgamento ( de Deus ): 7, 9, 10, 16, 34, 49, 63, 74, 75, 81, 93, 95, 149.;
Justiça ( de Deus ): 47, 50, 64, 71, 84, 98, 110, 142, 144, 145.;
Justiça ( do homem ): 1, 14, 16, 23, 24, 25, 36, 100, 111, 127.;
Libertação: 3, 17, 19, 29, 55, 59, 67, 68, 76, 101, 106, 110, 113A, 117, 123, 135, 145,
146.;
Louvor: 32, 33, 46, 56, 65, 66, 95, 97, 112, 116, 148, 149, 150.;
Ver: Ação de Graças Mártires ( Festa dos ): 33, 115, 125, 144.;
Matrimonio: 20, 44; Morte: 4, 12, 15, 29, 41, 62, 87, 115, 141, 142.;
Nascimento: 8 Obediência: 18B, 39, 49, 100, 118, 122;
Oração: 5, 53, 69, 85, 101, 129, 140, 141.;
Palavra ( de Deus ): 11, 18, 28, 32, 55, 80, 94, 118, 129, 147.; Paz: 45, 84, 119, 121,
132.;
Pecado: 13, 35, 37, 57, 77, 105; Ver: Perdão; Perdão: 24, 31, 50, 64, 84, 102, 105, 129.
Ver:
Pecado; : Peregrinação: 41, 83, 120, 121; Perfeição ( do homem ): Ver: Justiça ( do
homem );
Perseguição: 3, 21, 34, 40, 42, 54, 55, 58, 63, 68, 70, 108, 139, 142.; Ver: Combate,
Guerra.;
Pobres: 9, 10, 21, 33, 67, 68, 75, 85, 108, 112, 114, 137, 139, 145, 149. Povo de Deus:
Ver:
Igreja; Provação: 21, 30, 38, 41, 56, 70, 72, 76, 87, 89, 90, 94, 101, 136, 137, 141; Ver:
Perseguição, Doença; Refeição: 22, 33, 77, 103, 144;

Reino ( de Deus ): 44, 92, 96, 97, 98, 109, 144, 149.; Renovação : 29, 50, 70, 84, 101,
102, 125.;
Riquezas: 36, 48, 61, 72.; Salvação: Ver: Libertação; Sofrimento: Ver: Doença,
Perseguição,
Provação, Guerra, Pobres.; Trabalho: 103, 126, 127.; Unidade: 47, 86, 121, 132, 147.;
Verdade:
Ver: Fidelidade; Vida: 15, 20, 21, 22, 33, 48, 89, 114, 141, 142.;
O Cântico dos Cânticos
1- Introdução:

O título deste pequeno livro é, na realidade, um superlativo, algo como: “o Cântico mais
bonito”; o melhor cântico; “o canto por excelência”

2- Autoria e Data:

É tradicionalmente atribuído a Salomão, mas ele não é o autor.

A linguagem do livro é muito posterior a Salomão, provavelmente foi escrito por volta
da primeira metade do séc. IV a.C.

3- Comentário:

O tema é o amor de Salomão pela Sulamita(a mulher digna de Salomão, uma


interpletação alegórica - o esposo Deus e a esposa a filha de Sion ou seja o povo de
Israel) que é guarda de vinhas e pastora.

O Autor do Cântico quis descrever as peripécias do amor que nasce e, após muitas
vicissitudes, se consuma nas núpcias, para ilustrar o relacionamento vigente entre Javé,
o Deus da Aliança, e Israel, o povo de dura cerviz rebelde. Em perspectiva Cristã, pode-
se identificar o Cristo com o Esposo do Ct e a Igreja com a Esposa. Mais
particularmente ainda, os místicos cristãos consideram sob figura da Esposa a Virgem
Maria, e, por ultimo, toda e qualquer alma fiel. Sem duvida, o amor de Deus se revela,
de modo muito vivo, na Paixão do Senhor Jesus, quando
Cristo se entrega pelos pecadores, contrariando todas as regras do bom senso humano.

Cenas de veemente amor e as descrições minuciosas da figura da esposa não devem


escandalizar o leitor, mas lembram-lhe o estilo dos orientais, sempre dado a termos
concretos e exuberantes; tais passagens devem levar a compreender ainda melhor o
extraordinário amor de Deus pelo seu povo. Os grandes místicos descobrem no Cânticos
dos Cânticos as fases da Vida Espiritual.

Os diversos poemas descrevem o curso deste amor: Começa com o primeiro despontar
até a união nupcial, passando por fases de hesitação. Não existe uma seqüência lógica,
todavia existe uma evolução progressiva em sentido do amor. Não fala de Deus,
apresenta cenas de forte paixão; é o que tem provocado estranheza através dos séculos
suscitando outras interpretações.

Vejamos algumas:

O Cântico é um poema de amor ( uma coleção de poemas de amor), com os temas


típicos e os tópicos dos cantos de amor de todas as épocas (apresenta notadas
semelhanças com canções de amor egípcias e sírias).

"No decurso dos séculos o Cântico foi interpretado de muitas maneiras, mas nenhuma
obteve a aceitação universal". Os dois enfoques dominantes são os seguintes:

a) Interpretação Alegórica: A obra seria uma alegoria, Deus seria o Amado e o povo a
amada (João fala de Jesus como noivo e dá a entender que a Igreja é a noiva - talvez por
influência do Cântico). Essa linguagem (nupcial) é muito usada por profetas (Oséias,
Jeremias e Ezequiel).

b) Interpretação literal : O Cântico é um louvor do amor humano como foi desejado e


criado por Deus (Cantos de festa de casamento). No livro não se fala de Deus
(diretamente): fala-se do homem e da mulher tal como são: "Não é bom que o homem
esteja só".

"Atraindo a atenção para o elemento pessoal do casamento, o Cântico não só


proporcionou uma visão mais equilibrada com enriqueceu o conceito de casamento: o
amor revela o valor único de uma pessoa e estabelece uma real igualdade entre o
homem e a mulher; é significativo que a liberdade de escolha por parte da mulher é aqui
pressuposta como coisa evidente". No contexto também se percebe a concepção de
união monogâmica e indissolúvel.

"Portanto, uma vez reconhecido o amor como elemento constitutivo do casamento, lado
a lado com a fundação de uma família, o indivíduo deixou de ser absorvido no grupo. É
um passo decisivo no que se concerne ao reconhecimento da dignidade pessoal de todo
homem e de toda mulher".

O livro é interessante também do ponto de vista da cultura judaica, pois reproduz


costumes matrimoniais até hoje vigentes no povo judeu: assim, por exemplo, a
celebração das núpcias na primavera e durante sete dias: tais dias são chamados “a
semana do rei”, pois, enquanto duram, o esposo e a esposa fazem as vezes de rei e
rainha; antes do dia final, a esposa, tendo uma espada na mão direita dirige coros que
cantam a beleza dos dois nubentes; finalmente, o esposo, acompanhado por seus
amigos, vai buscar a esposa à noite e a leva para o seu domicilio.

Em suma, o Cântico dos Cânticos é mais um documento que, do seu modo, atenta o
mistério da aliança de Deus com os homens, que enche toda a historia sagrada.

1.1.11 – A Palestina no tempo de Jesus


Jesus viveu na Palestina, pequena faixa de terra com área de 20 mil Km², com 240 Km
de comprimento e máximo de 85 Km de largura. Corresponderia aproximadamente á
área do Estado de Sergipe. Do lado oeste, temos o mar Mediterrâneo. A leste, o rio
Jordão.
A Palestina é dividida de alto a baixo por um cadeia de montanhas que muito influi no
seu clima. Com efeito, na parte oeste, o vento frio do mar, ao chocar-se com a parte
montanhosa, provoca chuvas frequentes, beneficiando toda a faixa costeira. O lado leste
das montanhas, porém, não recebe o vento do mar e, consequentemente, aprsenta clima
quente e região mais árida. As terras cultiváveis estão na parte norte, na região da
Galiléia e no vale do rio Jordão. A região da Judéia é montanhosa e se presta mais como
pasto de rabanhos e cultivo de oliveira
No primeiro século a Palestina foi varrida por desavenças dinásticas , conflitos
destruidores e , ocasionalmente, guerras. No segundo século a.C. , um reino judaico
mais ou menos unificado foi estabelecido transitoriamente , segundo os dois livros
apócrifos dos Macabeus. Por volta de 63 a.C. , contudo , a terra estava novamente em
turbulência , madura para a conquista. Mais de um quarto de século antes do nascimento
de Jesus a Palestina caiu sob o exército de Pompeu , e a lei romana foi imposta. Mas
Roma, na época, muito extensa e muito preocupada com seus próprios problemas , não
estava em condições de ali instalar o aparelho administrativo necessário para um
governo direto.
Assim, ele criou uma linha de reis marionetes - a dos herodianos - para governar sob seu
controle. Não eram judeus, mas árabes. Heródes Antipater (63 a 37 a.C.); Heródes, o
grande (37 a 4 a.C.); Heródes Antipas.

O povo do país podia manter sua própria religião e costumes. Mas a autoridade final era
Roma e reforçada pelo exército romano. No ano 6 d.C. , o país foi dividido em duas
províncias, Judéia e Galiléia. Heródes Antipas tornou-se o rei da Galiléia. Mas Judéia -
a capital espiritual e secular -ficou sujeita a norma romana direta , administrada por um
procurador romano baseado em Cesarea. O regime era brutal e autocrático. Ao assumir
o controle direto da Judéia, mais de dois mil rebeldes foram crucificados. O templo foi
saqueado e destruído. Impostos pesados foram criados.

Este estado de coisas foi melhorado por Poncio Pilatos, procurador da Judéia de 26 d.C.
até 36 d. C. Os registros existentes indicam que Pilatos era um homem corrupto e cruel,
e não só perpetuou, mas intensificou os abusos de seu predecessor. Pelo menos, à
primeira vista, é surpreendente que os Evangelhos não contenham críticas a Roma , nem
menções ao jugo romano.

Os judeus da Terra Santa , podiam ser divididos em várias seitas e subseitas. Havia, por
exemplo, os Saduceus, uma classe de pequenos mas abastados proprietários que, para
desprazer de seus compatriotas colaboravam de forma insidiosa com os romanos.

Havia os Fariseus, um grupo progressista que introduziu muitas reformas no judaísmo e


que, apesar de seu retrato nos Evangelhos, se colocava em uma posição teimosa, embora
passiva, a Roma. Havia os Essênios , uma seita austera, misticamente orientada cujos
ensinamentos eram mais prevalentes e influentes do que é geralmente admitido ou
suposto.

Entre as seitas e subseitas menores havia os Nazoritas dos quais Sansão , séculos antes
tinha sido membro; os Nazorianos ou Nazarenos , um termo que parece Ter sido
aplicado a Jesus e seus seguidores, realmente , a versão original grega do NT se refere a
"Jesus, o Nazareno" , expressão mal traduzida como " Jesus de Nazaré".
Em 6 d.C. , quando Roma assumiu o controle direto da Judéia , um fariseu rabino
conhecido como Judas da Galiléia tinha criado um grupo revolucionário altamente
militante, conhecido como Zelote e composto, parece, de fasiseus e essênios. Os zelotes
não eram propriamente uma seita. Eram um movimento com afiliados de várias seitas.

Muito tempo depois da crucificação, as atividades dos zelotes continuaram inalteradas.


Por volta de 44 d.C. elas aumentaram. Em 66d.C. a luta irrompeu, toda a Judéia se
levantando em revolta organizada contra Roma. Vinte mil judeus foram massacrados
pelos romanos só em Cesarea.

Em quatro anos as legiões romanas ocuparam Jerusalém, arrasando a cidade, saqueando


e destruindo templo. Entretanto a Fortaleza montanhosa de Masada resistiu por mais
três anos, comandada por um descendente de Judas da Galiléia. Depois da revolta houve
um êxodo de judeus da Terra Santa.

Entretanto, um numero suficiente permaneceu para fomentar outra rebelião cerca de 60


anos mais tarde, em 132 d.C. Finalmente , em 135 d.C. o imperador Hadrians decretou
que todos os judeus deviam ser expulsos da Judéia por lei, e Jerusalém tornou -se uma
cidade essencialmente Romana, sendo rebatizada com o nome de Aelia Capitolina.
A vida de Jesus se passou nos primeiros 35 anos de um turbilhão e se estendeu por 140
anos. Gerou expectativas inevitáveis ao povo judeu e uma delas era a esperança de um
Messias que libertasse o seu povo do Jugo romano.

Para os contemporâneos de Jesus, nenhum Messias seria jamais considerado divino. Na


realidade a própria idéia de um Messias seria extravagante. A palavra grega para
Messias é Christ ou Christos. O termo - em hebreu ou grego - significa "abençoado" e
se refere geralmente a um rei. E quando Davi foi abençoado rei no Velho testamento ,
ele se tornou um Messias ou um Christ. E todos os reis judeus subsequentes , da casa de
Davi, eram conhecidos pelo mesmo nome. Mesmo durante a ocupação romana da
Judéia, o alto traço sacerdote nomeado por Roma era conhecido como sacerdote,
Messias ou rei-sacerdote. (Maccoby, Revolution in Judaea, p.99)

Todavia, para os Zelotes e para outros oponentes de Roma, este sacerdote marionete era,
necessariamente, um falso Messias. Para eles , o verdadeiro Messias significava algo
muito diferente - o legítimo rei perdido , o descendente desconhecido da casa de Davi ,
que libertaria seu povo da tirania romana.

Durante a vida de Jesus essa espera era enorme e continuou após sua morte. Realmente,
a revolta de Masada em 66 d.C. foi instigada pela propaganda feita pelos Zelotes em
nome de um Messias , cujo advento seria iminente.

O termo Messias significava "um rei abençoado" e , na mentalidade popular , veio a


significar também libertador.

Em um termo de conotação política , algo bem diferente da idéia cristã posterior de um


"filho de Deus". Esse termo, essencialmente mundano, foi usado para Jesus , chamado
"O Messias" ou - traduzido para o grego - "Jesus , o Cristo" e mais tarde "Jesus Cristo"
que se distorceu para o nome próprio.

A HISTÓRIA DOS EVANGELHOS


O massacre de Masada extinguiu as aspirações de liberdade do povo judeu. Então essas
aspirações foram perpetuadas pelos Evangelhos sob forma religiosa.
Os estudiosos modernos são unânimes em dizer que os Evangelhos datam , em sua
maior parte , do período entre as duas principais revoltas na Judéia - 66 a 74 d.C. e 132
a 135 d.C. - sendo baseadas em narrativas anteriores e tradições orais.

Algumas exageradas, recebidas de segundas, terceiras e quartas mãos. Outras, contudo,


podem ter derivado de pessoas que viveram na época de Jesus e podem tê-lo conhecido
pessoalmente. Um homem que fosse jovem no tempo da crucificação pode Ter vivido
também na época em que os Evangelhos foram escritos.

OS EVANGELHOS
MARCOS (66 A 74 D.C.) - ATÉ O CAPÍTULO 16:4
Parece Ter vindo de Jerusalém e companheiro de Paulo. Se Marcos quisesse que seu
Evangelho sobrevivesse , não podia apresentar Jesus como um anti-romano e teria que
aliviar os romanos de toda culpa pela morte de Jesus. Esse artifício foi adaptado não
somente pelos autores dos outros Evangelhos, mas também pela antiga igreja cristã.
Sem tal artifício, nem os Evangelhos , nem a igreja teriam sobrevivido.

LUCAS (+/- 80 D.C.)


Médico grego que compôs seu trabalho para um oficial romano de alto escalão em
Cesarea , a capital romana da Palestina.

MATEUS (+/- 85 D.C)


Deriva diretamente do de Marcos, embora este tenha sido composto originalmente em
grego e reflita características especificamente gregas. O autor parece Ter sido um judeu,
possivelmente refugiado da Palestina. Não deve ser confundido com o discípulo
Mateus.
Os Evangelhos de Marcos, Lucas e Mateus são conhecidos como "Sinópticos"
significando que eles vêem "olho no olho" - o que, é claro, não fazem.

JOÃO (+/- 100 D.C)


Composto nas vizinhanças de Éfeso , na Turquia - por um homem chamado João. É
geralmente aceita como uma tradução posterior. Não há nele , a cena de natal , nenhuma
descrição do nascimento de Jesus, e a introdução é quase gnóstica. O texto é
decididamente de natureza mais mística e o conteúdo também difere.
Contém episódios que não figuram nos outros evangelhos : o casamento de Canaâ,
Nicodemus , José de Arimatéia, Cura de Lázaro (embora esse último tenha sido incluído
no Evangelho de Marcos). Com base em tais fatores , estudiosos modernos tem sugerido
que o Evangelho de João , a despeito de sua composição tardia , pode ser o mais
fidedigno e historicamente acurado dos quatro. Mais do que os outros, ele parece
originar-se de traduções correntes entre contemporâneos de Jesus, bem como de outros
materiais inacessíveis a Marco, Lucas, Mateus.

Um estudioso moderno observa que o texto reflete um conhecimento topográfico


aparentemente de primeira mão da Jerusalém de antes da revolta de 66 d.C. o mesmo
autor conclui: Por trás do quarto Evangelho existe uma velha tradição independente dos
outros Evangelhos.
(Brandon, Jesus and Zealots, p.16)

Embora tenha sofrido adulterações, era o mais fidedigno dos quatro. Seria Jesus casado?
Segundo o costume judaico da época, não era só usual, mas quase obrigatório que um
homem fosse casado. Com exceção de certos essênios de algumas comunidades, o
celibato era vigorosamente condenado. Se Jesus fosse celibatário, certamente haveria
uma forte reação e teria deixado algum traço.

A falta de comentários sobre o casamento de Jesus nos Evangelhos é um forte


argumento, não contra, mas a favor da hipótese de casamento, porque qualquer prática
ou defesa do celibato voluntário, no contexto judeu da época, teria sido tão estranha que
teria atraído muita atenção e comentários.

A hipótese de casamento é reforçada pelo título de Rabino e a lei judia é explícita; " Um
homem não casado não pode ser professor". As bodas de Canaã sugere que o casamento
tenha sido a do próprio Jesus. É de se estranhar o fato de Jesus e sua mãe estarem lá; ele
ainda não havia iniciado seu ministério; e Maria lhe ordena que reponha o vinho.
Comporta-se como se fosse a anfitriã (João 2:3-4) "e faltando o vinho, a mãe de Jesus
lhe disse: eles não têm vinho. E Jesus respondeu: Mulher que importa isso a mim e a
vós? Ainda não é chegada a minha hora. Mas Maria, completamente à vontade ignora o
protesto do filho (João 2:5). Disse a mãe de Jesus aos que serviam: fazei tudo o que eles
vos disser. E os servos prontamente obedeceram, como se estivessem acostumados a
receber ordens de Maria e de Jesus."

No que concerne aos Evangelhos, ele ainda não tinha ainda demonstrado seus poderes;
e não havia razão para que Maria assumisse que ele os possuía. Mas mesmo que
houvesse, porque deveriam tais dons , singulares e sagrados , serem empregados com
um propósito tão banal?

Por que deveria Maria fazer tal pedido à seu filho? Por que deveriam dois convidados a
um casamento tomar sobre si a responsabilidade de servir; uma responsabilidade que ,
por costume , seria reservada ao anfitrião? A menos, é claro, que o casamento em Canaâ
fosse o próprio casamento de Jesus. Nesse caso seria responsabilidade sua servir o
vinho.

Outra evidência está em João 2:9-10 "O que governava a mesa chamou o noivo e disse-
lhe: todo homem põe primeiro o bom vinho: e quando os convidados já os têm bebido
bem, então lhes apresenta o inferior. Tu , ao contrário, tiveste o bom vinho guardado até
agora". Uma conclusão óbvia é que Jesus e o noivo são a mesma pessoa.
1.1.12 – Evangelhos Sinóticos

Os exegetas chamam evangelhos sinópticos aos de Mateus, Marcos e Lucas; desde que
a exegese começou a ser aplicada à Bíblia ainda no século XVIII que os especialistas se
aperceberam que, dos quatro evangelhos, os três primeiros apresentavam grandes
semelhanças em si, de tal forma que se colocados em três grelhas paralelas - donde vem
o nome sinóptico, do grego συν, "syn" («junto») e οψις, "opsis" («ver») -, os assuntos
neles abordados correspondiam quase inteiramente. Por parecer que quase teriam ido
beber as suas informações a uma mesma fonte, como os primeiros grandes exegetas
eram alemães, designaram essa fonte por Q, abreviatura de Quelle, que significa
precisamente «fonte» em alemão.

Os evangelhos sinóticos estão relacionados um com o outro segundo o seguinte


esquema: se o conteúdo de cada evangelho é indexado em 100, então quando se
compara esse resultado se obtém: Marcos tem 7 peculiaridades e 93 coincidências.
Mateus tem 42 peculiaridades e 58 coincidências. Lucas tem 59 peculiaridades e 41
coincidências. Isso é, 13/14 (treze quatorze avos) de Marcos, 4/7 de Mateus e 2/5 de
Lucas descrevem os mesmos eventos em linguagem similar.

O estilo de Lucas é mais polido do que o de Mateus e Marcos, com menos hebraismos.
Lucas utiliza algumas palavras latinas (q.v. Lucas 7,41; 8,30; 11,33; 12,6 e 19,20), mas
nada de termos em aramaico ou hebraico, exceto sikera, uma bebida estimulante da
natureza do vinho, mas não processada de uvas (do hebraico shakar, "ele está
intoxicado", Levítico 10,9), provavelmente vinho de palmeira. Esse Evangelho contém
28 referências distintas ao Antigo Testamento.

Quanto ao quarto evangelho, o de João, relata a história de Jesus de um modo


substancialmente diferente, pelo que não se enquadra nos sinópticos.

Enquanto que os evangelhos sinópticos apresentam Jesus como uma personagem


humana destacando-se dos comuns pelas suas acções milagrosas, já o Evangelho de
João descreve um Jesus como um Messias com um carácter divino, que traz a redenção
absoluta ao mundo.

1.1.13 – Atos dos Apóstolos


O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito provavelmente entre 80 e 90 d.C. Seu autor é
o mesmo do terceiro Evangelho; desde o século II, a tradição o identifica como Lucas, o
médico que acompanhou Paulo (Cl 4,14; Fm 24).

Podemos dizer que o livro de Atos é o Evangelho do Espírito Santo. Aí se conta que o
Espírito Santo prometido faz nascer à comunidade cristã e a impulsiona para o
testemunho aberto e corajoso do nome de Jesus, isto é, para anunciar a palavra e a ação
libertadora de Jesus.

Em Atos 1,8 o Cristo ressuscitado declara o propósito do batismo no Espírito Santo:


“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da
Terra”. Em virtude de sua localização e ênfase, este versículo parece designar com
clareza o objetivo do livro de Atos dos Apóstolos.

O livro constitui a principal história do estabelecimento e da extensão da igreja entre


judeus e gentios, mediante a gradual localização de centros de influência em pontos
destacados do Império Romano, desde Jerusalém até Roma. Além disso, Lucas organiza
este material histórico de tal maneira que o progresso do evangelho é de imediato
evidente. Trata-se de uma história gráfica, cujo objetivo não é apenas narrar, mas
edificar. Portanto, podemos considerar os Atos dos Apóstolos como um sermão de
caráter histórico acerca do poder cristão: sua fonte e seus efeitos.

Sua fonte é o batismo pentecostal com o Espírito Santo, e o efeito é o poder de dar
testemunho perante o mundo. Esse testemunho é apresentado como resumo no sermão
pentecostal de Pedro dirigido aos membros da dispersão congregados em Jerusalém, e
em pormenores progressivas através do restante do livro.

A opinião quase universalmente aceita é que o evangelho segundo Lucas e os Atos têm
um autor comum. O autor dos Atos dos Apóstolos começa fazendo referência ao
“primeiro tratado” que se interpreta como a primeira prestação ou entrega do mesmo
volume histórico, dirigido a Teófilo, a mesma pessoa. Existem, pelo menos três
argumentos que confirmam a paternidade literária de Lucas: 1° – existe a evidência do
uso da primeira pessoa do plural nas seções 6,10-17; 20,5-15; 21,1-18; 27,1 – 28,16,
sugerindo que o autor era testemunha ocular, como o foi Lucas. 2° – há provas de que o
escritor era médico. E 3° – uma ampla e convincente tradição apóia a paternidade
literária de Lucas.

O livro de Atos dos Apóstolos é dividido em duas partes: a primeira parte é chamada de
“Atos de Pedro” e vai do capítulo 01 até o capítulo 12; e a segunda parte é chamada de
“Atos de Paulo” e vai do capítulo 13 até o capítulo 28. Esse livro retrata toda a história
do início da Igreja (a Igreja Primitiva), desde o dia da Ascensão do Senhor ao céu,
Pentecostes, Prisão e Fuga de Pedro, Conversão de Paulo, Concílio de Jerusalém,
Primeira, Segunda e Terceira Viagem missionária de Paulo, até o Encarceramento de
Paulo.

Aparentemente, o livro de Atos dos Apóstolos foi escrito em derredor da época do


primeiro encarceramento de Paulo, com cujo relato termina o livro.
Narra o livro de Atos que, antes de subir aos céus, Jesus determinou aos seus discípulos
que permanecessem em Jesusalém até que recebessem o poder do alto através do
3Espírito Santo e que a partir de então eles se tornariam suas testemunhas até os confins
da terra.

No livro de Atos dos Apóstolos encontramos uma narrativa de como foi o início da
igreja de Jesus Cristo aqui na terra, o exemplo deixado pelos apóstolos e um padrão
permanente para a igreja.

Quem quiser seguir a Cristo deve levar em conta os exemplos dos apóstolos vistos neste
livro. Exemplos de santidade, ousadia, sofrimento, oração, fraternidade e união.

As principais características da igreja primitiva, narrada no livro de Atos dos Apóstolos


são:

As últimas instruções de Jesus e a ordenança de evangelizar as nações;


A igreja estava constantemente em oração;
A igreja supria os necessitados;
Curas e maravilhas eram realizadas pelos apóstolos, dando sequência ao que Jesus tinha
feito;
Diversas citações de batismo com o Espírito Santo;
Grandes pregações e muitas conversões;
Os primeiros mártires: Estevão apedrejado; Tiago teve a cabeça cortada;
Prisões e sofrimento fizeram parte da vida dos apóstolos;
Grande expansão missionária da igreja;
A ação do Espírito Santo em favor da igreja.
Com a leitura do livro de Atos dos Apóstolos devemos compreender que servir a Deus
está acima de todas as coisas e mesmo em meio às dificuldades e sofrimentos é
necessário mantermos o padrão bíblico de obediência a Deus.
Fazendo uma comparação da igreja primitiva com o cristianismo atual, iremos encontrar
diferenças discrepantes. Veja algumas coisas que ocorre na igreja atual e não
encontramos em Atos dos Apóstolos.

Muitas pessoas têm procurado as igrejas evangélicas para obter benefícios materiais
apenas e esquecem-se do que é de fato a igreja;
A igreja tem sido usada por muitos apenas para “cobrar” bênçãos de Deus;
O relativismo é tolerado como normal por muitos. A idéia de pecado passa ser algo
muito vago, “depende”;
A mensagem pregada é mista, ora Jesus, ora Maria. Sobre isto Paulo escreveu aos
Coríntios:
Quero dizer, com isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu,
de Cefas, e eu, de Cristo.
Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em nome
de Paulo?
(1 Co 1.12,13)
Ora, se foi Jesus que morreu por nós, então nosso compromisso e esperança está em
Jesus.
A igreja de Jesus Cristo iniciou sofrendo muitas perseguições. Os apóstolos foram
presos, alguns apedrejados, outros mortos e tudo isto porque eles davam testemunho de
Jesus Cristo.
Eles pregavam era que Jesus havia ressuscitado, subido ao céu e que voltaria. Pregavam
que era necessário o arrependimento dos pecados e entregar a vida a Jesus Cristo para
obter a salvação.
A mensagem que Paulo, Pedro, Estevão, João, Tiago e outros pregavam naquela época
continua valendo para os nossos dias. Ela não caducou, pelo contrário, continua viva e
atual para a igreja contemporânea.
Leia o livro de Atos dos Apóstolos e compare como era a igreja primitiva e como é a
sua igreja. Será que dá para fazer uma comparação? A mensagem que eles pregavam
está sendo pregada na sua igreja? Você como cristão tem encarado o Reino de Deus
com a mesma seriedade que os irmãos da igreja primitiva encararam?
1.1.14 – Eclesiologia/ Mariologia
Durante o seu ministério público, o nosso Senhor anunciou a sua intenção de construir
(edificar) a sua igreja (Mateus 16:15-18). Certamente, ele não pretendia construir uma
estrutura tipo catedral (um prédio de “igreja”); ele planejava chamar os pecadores por
meio do evangelho para experimentar a salvação pela sua graça (2 Tessalonicenses
2:13-14; Efésios 1:6). Todos aqueles que respondessem ao convite divino seriam
“chamados”, ou seja, chamados para sair do mundo. De fato, a palavra grega traduzida
como “igreja” no Novo Testamento significa exatamente isto – um grupo de pessoas
que foram chamadas para sair.
Este aspecto do plano de redenção de Deus foi colocado em ação no primeiro dia de
Pentecostes depois da morte e ressurreição do Senhor. Os apóstolos pregaram a
mensagem da salvação, e as pessoas responderam, sendo batizadas em Cristo para o
perdão de seus pecados (Atos 2:22-47). Todos que responderam de maneira semelhante
nos dias seguintes tornaram-se parte deste grupo de pessoas “chamadas”, conhecido
como a igreja.
Muito tempo passou desde os eventos gravados no livro de Atos e muitas coisas
aconteceram em relação a história religiosa. Ao invés de uma igreja que Jesus
estabeleceu, há uma grande multidão de igrejas de todas as variedades. Enquanto
existem algumas semelhanças entre estes grupos religiosos, as diferenças entre elas são
surpreendentes. Elas têm diferentes formas de governo (organização), missões
diferentes e formas diferentes de louvor. As doutrinas que são ensinadas por todas estas
igrejas podem variar muito e há conflito óbvio entre o que uma igreja ensina e o que
outra igreja ensina. Os nomes diferentes usados pelos grupos religiosos servem apenas
para enfatizarem as suas diferenças.
Há uma indicação clara no Novo Testamento de que Jesus nunca pretendia a situação
religiosa atual. Deve ser muito triste para aquele que orou que todos os seus discípulos
gozassem da mesma união que ele e seu Pai (João 17:20-23) testemunhar a confusão
que existe hoje em dia. É evidente que o Senhor pretendia que a mensagem de salvação
não fosse mudada (Gálatas 1:6-9). Obviamente, ele pretendia que os seus discípulos
posteriores louvassem da mesma maneira que os primeiros membros da igreja louvavam
(veja, por exemplo, 1 Coríntios 11:23-34).
“Mas o mundo de hoje é diferente”. Está certo que vestimos de maneira diferente do
que as pessoas do primeiro século no Oriente Médio e que temos tecnologia avançada,
mas a natureza do homem não mudou, nem a sua necessidade pela salvação. Será que
nos tornamos sofisticados demais para o tipo de religião que Deus prescreve? Durante
os séculos que têm passado desde o estabelecimento da igreja do Senhor, os homens
têm deixado a tradição alterar e acrescentar àquilo que é ensinado no evangelho de
Cristo. Quem está disposto a amputar tal crescimento cancerígeno e voltar ao
cristianismo do Novo Testamento?
Temos o ensinamento dos apóstolos e profetas inspirados no Novo Testamento.
Podemos descrever a organização, missão e louvor da igreja primitiva quando lemos as
Escrituras. Não só é possível voltar ao ensino e à prática simples de igreja primitiva,
como é absolutamente necessário (2 João 9)!
Liberdade em Jesus é um nome bem sugestivo, que nos mostra que Jesus veio trazer
liberdade. Ele nos liberta do pecado e nos permite viver o que tanto queremos: que é
fazer a vontade de Deus!!
Hoje temos muitas igrejas que adoram o mesmo Deus, vemos várias formas de viver
para Deus, o que de uma certa maneira prende a pessoa àquela determinada
denominação religiosa. Antigamente na época dos apóstolos não havia igrejas nas
cidades e sim a igreja, havia uma igreja em cada cidade, ou seja, existia o povo que
vivia em novidade de vida na determinada cidade.
O Senhor Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos, o colocou a sua direita nos céus,
acima de todo o principado, poder, potestade, domínio, todo nome que se nomeia e
sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da
igreja, que é o seu corpo. E o de Jesus são aqueles que o receberam, aqueles que o
Senhor Deus ressuscitou estando eles mortos em ofensas e delitos e os assentou nos
lugares celestias em cristo Jesus.
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus é a principal
pedra da esquina, na qual todo edifício bem ajustado cresce para templo santo do
Senhor. Edificados para morada de Deus em Espírito.
A Bíblia diz: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará, Jesus é a verdade, Jesus é
a vida, Jesus é o caminho que leva até Deus. A fé vem pelo ouvir a palavra de Deus,
ouvir falar de Jesus, os Dons espirituais são para que nós possamos chegar ao
conhecimento perfeito de Jesus, conseqüentemente para aumentar a nossa fé e nos
libertar de todo mau. Jesus disse vinde a mim todos os cansados e sobrecarregados, eis
que farei jorrar do teu ventre rios de água viva.
A palavra central não é cura, não é estabilidade financeira, não é venha a esta
denominação ou até mesmo neste mundo não sofrerás, mas graças a Deus é aceite a
Jesus e o que ele fez por você e viva uma nova vida para Deus. Tenha comunhão
conosco, com o Pai e com seu filho Jesus Cristo, deixe o Espírito de Deus agir e
manifestar o seu fruto em você. Seja um cidadão dos céus, tenha seu nome escrito no
livro da vida.
MARIOLOGIA

APROFUNDAMENTO TEOLÓGICO - A MATERNIDADE DIVINA: Theotókos,


Mãe de Deus, solenemente proclamado pelo Concílio de Éfeso.

A Maternidade Divina
Theotókos, Mãe de Deus, solenemente proclamado pelo Concílio de Éfeso
(431). Em que sentido Maria é Mãe de Deus? O Eterno teve início?

Qual a pessoa que nasce de Maria? A segunda Pessoa da Ssma Trindade,


que dela assumiu a carne humana. Maria, porém, não é mãe apenas da carne humana,
mas de toda a realidade do seu Filho, que tinha uma só Pessoa (a Divina). Daí dizer-se
que Maria é Mãe de Deus, enquanto Deus feito homem. Vejamos:
q Deus escolheu Maria, por mera gratuidade, para ser Mãe
Santa. Para tanto encheu-a de graça, fê-la kecharitoméne. Maria
correspondeu fielmente ao dom de Deus, dizendo-se e fazendo-se a serva
do Senhor (Lc 1,38-44);
q Maria concebeu o Filho de Deus de maneira livre e
generosa. Para isto devia ter certo conhecimento do dom e da missão que
lhe eram propostos (não se tratava de conhecimento pleno – Lc 2,50);
q Maria concebeu o Filho de Deus numa atitude de fé
teologal. Dizem os antigos Padres da Igreja que ela concebeu em seu
espírito antes que no seu seio. Ela acolheu primeiramente a palavra das
Escrituras pela fé para poder acolher o Verbo de Deus em seu seio
materno. Em todos os cristãos este mistério se reproduz, ao menos em
parte, pois Deus nasce no coração dos homens pela fé. (Lc 8,21; 11,28);
q Maria foi escolhida como filha de Sião ou como membro
de um povo chamado a gerar o Messias. Isto quer dizer que o Sim de
Maria é o Sim de uma coletividade; é o Sim de todo o gênero humano, o
chamado a se prolongar na Igreja através dos séculos;
q Maria é privilegiada, mas ela se intitula “servidora de Deus
e dos homens” (Lc 1,38.48). O próprio Jesus ensinou que “o maior deve
ser como aquele que serve” (Lc 22,26; Jo 12,13-15).

SIGNIFICADO DA MATERNIDADE VIRGINAL


A IDENTIDADE DE JESUS
O Filho de Deus se fez homem sem ter pai na terra, pois já tinha Pai no Céu;
como Deus, era Filho do Pai Eterno; como homem, tornou-se Filho de Maria; Maria foi
fecundada pela ação direta do próprio Deus. A geração virginal foi o modo pelo qual o
Pai quis exprimir na carne humana a sua paternidade em relação a Jesus. Este não é um
mero homem como os outros homens, mas é Deus e homem; por isto nasceu como
nenhum homem nasceu.

O teólogo protestante Karl Barth (+1968), afirma que a fórmula do Credo


“nascido de Maria Virgem”, indica a soberania da ação de Deus; significa “Ter nascido
como jamais alguém nasceu, ter visto a luz de maneira biologicamente tão impossível
quanto é impossível a ressurreição de um morto, isto é, ter sido chamado à vista não em
conseqüência de intervenção do varão, mas unicamente por gravidez da mulher”.

A concepção virginal de Maria está muito mais ligada à identidade de Jesus


do que à de Maria. Toda a figura de Maria – rica de graça – é essencialmente função da
figura de Jesus, como todo o culto a Maria é marcadamente cristocêntrico. Cancelar a
virgindade de Maria seria indiretamente cancelar o aspecto principal da identidade de
Cristo.

IRRUPÇÃO DO SOBRENATURAL
“Sobrenatural” é dom de Deus (suave e discreto) que está acima das
exigências de qualquer criatura. O plano de salvação que Deus concebeu para o homem,
tem um objetivo sobrenatural: levar os homens à comunhão com a Vida de Deus,
fazendo-os filhos no Filho e habilitando-os à visão face-à-face da Beleza infinita.

A maternidade virginal de Maria significa que não é o homem que dá a si


mesmo a salvação, nem ele é capaz de a provocar. Como a virgem não recebeu do
homem, mas de Deus, o seu Filho, assim nós recebemos a salvação de Deus como
dádiva totalmente gratuita. Assim, a salvação do homem é graça; ela não se deve nem
“à vontade da carne, nem à vontade do homem”, mas à livre e soberana iniciativa de
Deus (Jo 1,13).

A superação das leis ordinárias da biologia vem a ser também o


prenúncio da nova geração ou da regeneração que Cristo oferece a todos os que nele
crêem e a Ele se incorporam pelo Batismo; este é um renascer, que não se faz conforme
as leis da biologia, mas segundo o Espírito (Jo 3,3).
O PAPEL DA MULHER
A maternidade virginal de Maria põe em evidência o papel da mulher na
obra salvação do gênero humano. Esta prerrogativa da mulher não se realizou apenas no
plano fisiológico. Maria disse o seu Sim antes de conceber o Filho (Lc 1,38). Este sim
foi dito em nome de todo o gênero humano; assim uma mulher tornou-se uma
representante de toda a humanidade no diálogo decisivo do Criador com a criatura.
Concedendo tão valiosa função à mulher, o Senhor Deus quis abrir o caminho à
exaltação da mulher e mostrar a importância que Ele atribuiria a esta Igreja.

O Filho de Deus assumiu a natureza humana escolhendo o sexo


masculino. Essa escolha podia parecer um privilégio concedido a um sexo em
detrimento do outro. Na verdade, porém, o plano de Deus incluía a colaboração de
ambos os sexos: a uma mulher – Maria – o Criador reservou a função de representar o
gênero humano inteiro diante do anúncio da vinda do Salvador. Em Cristo vemos, com
toda a Tradição, o segundo Adão (Rm 5,14; 1Cor 15,45-49), e em Maria a nova Eva.
Unindo a Virgem-Mãe e o Salvador se Filho, o Pai Celeste realizou a mais perfeita
associação do homem e da mulher que jamais tenha ocorrido.

NOÇÃO POSITIVA DA VIRGINDADE


Muitos dos que rejeitam a virgindade de Maria, talvez o façam por ter da
virgindade uma idéia negativa. Poderiam pensar que a relação carnal é moralmente
impura e transmissora do pecado; por isto, Maria não teria tido cópula sexual. Ora esta
noção é falsa; a pureza e santidade podem ocorrer também no matrimônio cristão
plenamente vivido. Numa autêntica visão de fé, a virgindade de Maria apresenta três
aspectos positivos.
· Significa total abertura à ação do Espírito. Não
conhecendo homem, Maria estava destinada a estreitar-se na mais íntima
união com Deus. A essência da vida virginal, não é algo de meramente
negativo, mas é a realização do amor em seu grau supremo e com o ser
Perfeito.
· A virgindade de Maria está ligada também à
maternidade. Não é privação de fecundidade, mas é fecundidade
concedida diretamente por Deus. Algo de semelhante se dá em todo
cristão que abrace a vida uma ou indivisa por amor ao Reino dos céus;
· A maternidade virginal de Maria, vivida no casamento
com José, significa que a virgindade não empobrece o coração e os afetos
humanos; Maria desenvolveu autêntico amor de esposo para com José.
A mais intima adesão a Deus não sufoca o amor legítimo da criatura para
com as criaturas. A presença de Maria nas bodas de Cana e a sua
intervenção para obter o vinho necessário à continuação da festa de
núpcias confirmam a orientação positiva da virgindade em relação ao
matrimônio. A atuação de Maria em Cana é sinal de que à virgindade
toca a missão de sustentar o matrimônio e obter-lhe a graça do autêntico
amor.

O PROPÓSITO DA VIRGINDADE
As palavras de Maria: “Como se fará isso, pois não conheço varão?” (Lc
1,34) não insinuam necessariamente um voto, o desejo de entregar integralmente a
Deus. Antes de dar consentimento ao anúncio do anjo, Maria quis saber como se
conciliaria essa entrega total com a mensagem da maternidade. Uma tal afirmação de
virgindade é inédita e desconcertante para a mentalidade dos judeus.

O propósito da virgindade de Maria, surpreendente como era, significava


a transição da Antiga para a Nova Aliança; escolhendo voluntariamente a vida una ou
virginal, Maria (e, com ela, a mulher cristã) encontra novo modo de auto-realização.
Após Maria, o ideal da virgindade devia ser intensamente cultivado na Igreja; é a
resposta mais cabal que o cristão possa dar ao Senhor, desde que tome consciência de
que o Reino de Deus já chegou (1Cor 7,25-35).

A virgindade de Maria não significa desprezo da sexualidade. Ela se


prende mais à identidade do Salvador do que à de Maria, pois põe em relevo a filiação
divina de Jesus. Ela pertence ao âmago da mensagem cristã.

OS REFORMADORES PROTESTANTES E MARIA


Lutero foi formado na tradição católica, em seu comentário sobre o
Magnificat (Lc 1,46-55): “Ó bem-aventurada Mãe, Virgem digníssima, recorda-te de
nós e obtém que também em nós o Senhor faça essas grandes coisas!”

Calvino (Genebra-Suiça), mais radical que Lutero. Imprimiu notas


pessoais à Reforma, entre as quais as do presbiterianismo. Em relação a Maria, professa
a Maternidade virginal. Ao comentar a frase: “Bem-aventurada me dirão todas as
gerações”, julga que Maria assim “proclamava uma tão grande dádiva de Deus que não
era lícito silencia-la...Reconhecemos que este dom foi altamente honroso para Maria.
De boa vontade seguimo-la como mestra e obedecemos aos ensinamentos e preceitos da
Virgem”.

Ulrico Zvínglio (Suíça) iniciou uma reforma, posteriormente absorvida


pelo Calvinismo. Escreveu: “Creio firmemente que, segundo o Evangelho, Maria, como
Virgem pura, gerou o Filho de Deus e no parto e após o parto permaneceu para sempre
Virgem pura e íntegra. Também acredito firmemente que ela foi por Deus exaltada
acima de todas as criaturas bem-aventuradas (homens e anjos) na eterna bem-
aventurança”.

Como se vê, os mestres da Reforma foram muito mais fiéis a Maria do


que os seus discípulos. No Protestantismo contemporâneo nota-se uma volta às origens,
veja o trecho tirado de um Catecismo Luterano: “Maria...é apresentada como aquela de
maneira exemplar a palavra de Deus, como a serva do Senhor que diz à palavra de
Deus, como a cheia de graça que por si mesma nada é, mas que é tudo por bondade de
Deus. É, com efeito, o modelo original dos homens que se abrem a Deus e se deixam
enriquecer por Ele, o modelo original da comunidade dos fiéis, da Igreja...”.

A PALAVRA DO PAPA
UM CONCÍLIO IMPORTANTE
Ano de 392, a cátedra de S. Pedro era ocupada pelo Papa Sirício. Em
Cápua celebrou-se um importante Concílio com a participação de Bispos provenientes
de várias regiões do Oriente, e pela gravidade das questões: O cisma de Antioquia e o
exame da doutrina de Bonoso, que negava a perpétua virgindade de Maria. O Papa
Sirício acompanhou com vigilante atenção. S. Ambrósio de Milão deixou neles a marca
da sua personalidade forte e prudente.
NA LUZ DA ENCARNAÇÃO DO VERBO
Os Padres da Igreja perceberam com clareza que a virgindade de Maria,
antes de construir uma “questão mariológica”, é um “tema cristológico”. A virgindade
da Mãe é uma exigência da natureza divina do Filho; é a condição concreta em que,
segundo um livre e sapiente desígnio divino, se efetuou a encarnação do Filho eterno,
d’Aquele que é “Deus de Deus”. Só Ele é santo, só Ele é o Senhor, só Ele é o
Altíssimo. Para a tradição cristã, o seio virginal de Maria, fecundado pelo Pneuma
divino sem intervenção de homem, tornou-se , como o madeiro da cruz ou as ligaduras
do sepulcro, motivo e sinal para reconhecer em Jesus, o Filho de Deus.

COM PROFUNDO SENTIDO DE VENERAÇÃO


Na reflexão adorante sobre o mistério da encarnação do Verbo, foi
detectada uma relação particularmente importante entre o início e o fim da vida terrena
de Cristo. Entre a concepção virginal e a ressurreição de entre os mortos, duas verdades
que se ligam intimamente à fé na divindade de Jesus.

Elas pertencem ao depósito da fé, são professadas pela Igreja inteira e


enunciadas expressamente nos Símbolos da fé. A história demonstra que dúvida ou
incerteza sobre uma repercutem inevitavelmente sobre a outra, como, ao contrário, a
humildade e forte adesão a uma delas favorece o acolhimento cordial da outra. Assim,
podemos dizer que a virgindade de Maria no parto tem seu paralelo no final da vida
terrestre de Jesus: Este, ressuscitado, atravessava as paredes do Cenáculo sem as rasgar,
como o fizera em relação a Maria SSma, quando nasceu.

Elas pertencem ao depósito da fé, são professadas pela Igreja inteira e


enunciadas expressamente nos Símbolos da fé. A história demonstra que dúvida ou
incerteza sobre uma repercutem inevitavelmente sobre a outra, como, ao contrário, a
humilde e forte adesão a uma delas favorece o acolhimento cordial da outra.

OS FATOS
Na confissão de fé na virgindade da Mãe de Deus, a Igreja proclama
como fatos reais que Maria de Nazaré:
· Concebeu verdadeiramente Jesus, por obra do Espírito
Santo, sem intervenção de homem;
· Deu à luz, verdadeiramente e virginalmente, o seu Filho,
razão pela qual depois do parto permaneceu virgem; virgem também no que
se refere a integridade da carne;
· Viveu, depois do nascimento de Jesus, em total e perpétua
virgindade; e, juntamente com José, também ele chamado a desempenhar um
papel primário nos eventos iniciais da nossa salvação, se dedicou ao serviço
da pessoa e da obra do Filho.

Afirmar a realidade da concepção virginal de Cristo não significa que, em


referência a ela, se possa fornecer uma prova apodídica te tipo racional. A concepção
virginal de Cristo é uma verdade revelada por Deus, que o homem acolhe em virtude da
obediência da fé (Rm 16,26). Só quem está disposto a crer que Deus age na realidade
intramundana e que a Ele, “nada é impossível” (Lc 1,37), pode acolher com devota
gratidão as verdades da Kénosis do Filho eterno de Deus e da sua concepção-
nascimento virginal, do valor salvífico universal da sua morte na cruz e da ressurreição
verdadeira, no próprio corpo, d´Aquele que foi suspenso e morreu no madeiro da cruz.

O SIGNIFICADO DOS FATOS


Na pesquisa do sentido oculto, abre-se ao teólogo um campo de trabalho
vasto, fecundo e exaltante. Investigar o evento salvífico da concepção e do nascimento
de Cristo, bem como a virgindade perpétua de Maria, virá a encontrar-se, por assim
dizer, em contato com a Escritura inteira. Eles indicam que expressões tais como
Theotókos ou Virgo Mater, se lidas em profundidade e com atenção às múltiplas vozes
convergentes, são como que síntese da economia salvífica.

DE MODO INTEGRO E CORRETO


Na exposição da doutrina exige que sejam evitadas posições unilaterais,
exagerações ou distorções. A afirmação da virgindade de Maria deve ser feita de modo
em que nada, direta ou indiretamente, apareçam diminuídos o valor e a dignidade do
matrimônio, querido por Deus, por Ele abençoado.

Certamente o clima cultural do nosso tempo nem sempre é sensível aos


valores da virgindade cristã. O teólogo deve ser animado pela confiança serena em que
os valores, autenticamente evangélicos, são válidos para o homem e a mulher
contemporâneos, mesmo quando estes os ignoram ou os transcuram.

A virgindade é dom e graça. Ela é um bem da Igreja, do qual participam


também aqueles que não são chamados a vivê-la na própria carne, mas embora sempre
no próprio coração. Compete ao teólogo indicar as razões que podem ajudar o homem e
a mulher do nosso tempo a redescobrirem os valores da virgindade, mostrar como em
muitos casos a virgindade é sinal de liberdade interior, de respeito pelo outro, de
atenção temporal (Mt 22,30), de viver radicalmente ao serviço do Reino.

EM SÍNTESE
O S. Padre renunciou expor teorias biológicas que nos últimos tempos
foram apresentadas para elucidar a partenogênese, como se pudesse enquadrar o caso de
Maria em alguma ocorrência conhecida pelas ciências médicas. Deus pode fazer o que
Ele quer com os elementos que Ele escolhe, por mais ineptos que pareçam. É Deus
quem toma a iniciativa de salvar o homem gratuitamente, e não é o homem que provoca
Deus para realizar atos salvíficos.

1.1.15 – Cartas Paulinas


A fé em Jesus Cristo é a referência hermenêutica determinante da
experiência e do sentido de compromisso do apóstolo Paulo bem como de sua teologia.
Na mesma perspectiva, como já referido, Paulo relê a tradição bíblica e judaica à luz da
fé em Jesus Cristo. É da fé em Jesus Cristo que ele extrai os critérios para elaboração
dos seus ensinamentos e as intuições para a concretização da missão cristã. Não se trata
de um processo meramente teórico de elaboração. Na verdade, suas atividades
missionárias e de evangelizador constituem o contexto próprio de sua elaboração e
configuração do seu entendimento a respeito da experiência cristã.
O uso da Sagrada Escritura é abundante na elaboração teológica que Paulo
produz, seja para a configuração da ética cristã, seja para delinear o sentido da
esperança escatológica. O cumprimento das referências messiânicas em Jesus Cristo
leva o apóstolo a reler com uma nova iluminação um conjunto grande de textos bíblicos.
Conhecedor da tradição midráschica como método rabínico para leitura atualizante da
Bíblia, bem como pesher da escola qumrânica , facilita a Paulo esta configuração de
uma nova perspectiva hermenêutica para a leitura e atualização dos textos da Escritura.
Nessa nova perspectiva hermenêutica, a iluminação determinante vem da pessoa de
Jesus Cristo. Essa fé cristológica, de força hermenêutica determinante, não significa
para Paulo um conhecimento meramente teórico ou de simples caráter histórico. A este
tipo de conhecimento ele qualifica de ‘conhecimento segundo a carne (II Cor 5,16) O
que conta para Paulo é o encontro com Jesus Cristo “constituído Filho de Deus”,
ressuscitado dentre os mortos (Rm1,3). É a ressurreição que, naturalmente, determina e
configura essa força própria da pessoa de Cristo como critério hermenêutico
insubstituível para a releitura e compreensão dos textos da escritura e da própria vida. A
morte de Cristo, seguida de sua ressurreição, é a fonte inesgotável do amadurecimento
da Cristologia de Paulo, tornando-se o núcleo central do querigma/kérygma que ele
recebeu e anuncia como fundamento de sua fé cristã. É a morte de Cristo Ressuscitado
que tem a propriedade de configuração de sua perspectiva de fé. Assim, sua fé
cristológica é configurada a partir de muitos títulos atribuídos a Cristo, como ‘Senhor’,
‘Filho’, ‘Salvador’. Na epístola a Tito, ele sublinha que os cristãos vivem na espera da
vinda do “nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo” (Tt 2,13), reafirmando o seu
papel único e insubstituível de mediador, evitando qualquer tipo de favorecimento de
compreensão e práticas sincréticas. Essa mediação única e insubstituível de Cristo o
localiza também numa relação única com Deus. Usando emprestada a linguagem da
Bíblia, em referência à sabedoria criadora e reveladora que é chamada de ‘imagem’ de
Deus, Paulo apresenta Cristo como ‘imagem de Deus’ e o ‘primogênito’ (cf. II Cor 4,4;
Rm 8,29; Cl 1,15). Não menos importante é o uso que ele faz da tradição cristã
primitiva para a formulação de sua fé cristológica. Essa tradição cristã tem seu eco na
invocação de Jesus Cristo como Senhor, como aparece em I Cor 16,22: “Se alguém não
ama o Senhor, seja anátema. Maraná thá, vem, ó Senhor”. Bem assim, Jesus é
proclamado Senhor no contexto da experiência batismal, na liturgia eucarística e
batismal, um critério determinante para reconhecer a autenticidade das manifestações
carismáticas na comunidade de Corinto: “Ninguém pode dizer ‘Jesus é Senhor’, a não
ser pelo Espírito Santo” ( I Cor 12,3).
É, pois, evidente que a cristologia paulina determina o horizonte de
compreensão e significação de todas as demais perspectivas de sua teologia.
Do ponto de vista da escatologia:
A compreensão escatológica na teologia Paulina se expressa bem com a
figura do atleta que se lança na corrida. É preciso viver para alcançar a meta. Seu
testemunho significativo focaliza que foi agarrado por Jesus Cristo “visando ao prêmio
ligado ao chamado que, do alto, Deus nos dirige em Jesus Cristo” (Fl 3,14). Ele
completa:
Paulo tem uma concepção cuja caracterização se define a partir da relação
do ser humano com Jesus Cristo. Ele, Cristo, é uma espécie de selo de autenticidade da
existência cristã. Assim Paulo compreende que todos aqueles que estão unidos a Cristo
e com Ele formam um ser vivo único, participando de sua condição de Filho, são
capacitados para tanto em razão de inserção batismal por meio da fé. Na condição de
batizados, inseridos em Cristo, compartilham com sua condição de crucificado e
ressuscitado. Tal intimidade traz ao crente a vitória sobre o pecado e,
conseqüentemente, sobre a morte, o fruto do pecado. Paulo ensina, pois, que essa união
a Cristo concede aos crentes a condição de viver a vida segundo um estatuto novo
conduzido pelo dom do Espírito. A vida do crente, pois, é entendida como um contrato
com Cristo. Um contrato que lhe garante a superação e a vitória sobre a morte:
“Sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para
que seja destruído o corpo sujeito ao pecado, de maneira a não mais servirmos ao
pecado. Pois, aquele que morreu está livre do pecado.” (Rm 6,6-7)
É importante sublinhar que Paulo, ao focalizar que o corpo permanece por si
vinculado ao regime do pecado e da morte, não está propondo uma antropologia de tipo
dualista. A linguagem antropológica de Paulo nada tem a ver com o dualismo dos
filósofos gregos. É verdade que ele retoma alguns elementos da antropologia grega para
indicar o ser humano total, como em I Ts 5,23, “espírito, alma e corpo”. Mas, ao
associar as paixões e os desejos do ser humano ao regime do pecado, Paulo entende a
condição do ser humano sob o domínio do pecado enquanto um ser ou viver na carne.
Por isso, ele fala dos desejos da carne que são contrários aos desejos do espírito. Os
desejos da carne conduzem à morte; e os desejos do espírito conduzem à vida ( Cf. Gl
5,16-23; Rm 8,5-8). Por isso também, Paulo, ao falar de imortalidade e de
incorruptibilidade, ele atribui essas qualidades ao corpo dos ressuscitados,
diferentemente dos filósofos gregos que o fazem em referência à alma ou ao espírito.
Assim, ele compreende que a presença e ação salvífica de Cristo é
determinante no dinamismo da justiça e da vida na história humana. Assim como o
primeiro Adão, com o pecado, introduziu a morte no mundo, Cristo, o Adão definitivo,
é a origem de uma nova humanidade. Essa perspectiva comprova sua compreensão de
Cristo, como aquele que é solidário com todos os seres humanos:
“Por um só homem que pecou, a morte começou a reinar. Muito mais
reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo, os que recebem o dom
gratuito e transbordante da justiça.” (Rm 5,17)
É forte e determinante, portanto, que Cristo Jesus é a opção para o ser
humano na vivência dramática de sua condição. Paulo, em Rm 7,18-13, descreve essa
dramaticidade. Termina exclamando: “Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste
corpo de morte?” (Rm 7,24) A resposta a essa pergunta está na iniciativa de Deus Pai
que mediante o envio de Jesus Cristo, o Filho, eliminou o pecado e assim tornou
possível o que jamais a lei poderia alcançar, a plena realização da justiça de Deus.
Essa radical mudança da situação dos crentes, por meio de Cristo, é o que
Paulo entende como uma nova criação. Por isso ele proclama: “Ser ou não ser
circuncidado não tem importância; o que conta é ser nova criatura.” (Gl 6,15)
Do ponto de vista da escatologia:
A compreensão escatológica na teologia Paulina se expressa bem com a
figura do atleta que se lança na corrida. É preciso viver para alcançar a meta. Seu
testemunho significativo focaliza que foi agarrado por Jesus Cristo “visando ao prêmio
ligado ao chamado que, do alto, Deus nos dirige em Jesus Cristo” (Fl 3,14). Ele
completa:
É fácil concluir que o entendimento escatológico de Paulo se localiza no
contexto da fé em Cristo Jesus, o Senhor Ressuscitado. Ele entende, pois, que a
realidade última é a realização daquela relação com o Senhor Jesus, relação vivida agora
por ele na fé. Os que crêem e vivem essa fé são associados a Cristo na sua vitória. A
espera escatológica, a parusia, é a experiência máxima desta realização de encontro.É o
momento definitivo da vitória sobre a morte porque os que estão mortos ressuscitarão
para estarem todos e para sempre ‘com o Senhor’ (I Ts 4,17; I Cor 15,52). Paulo
gostaria de passar para a vida definitiva sem experimentar a morte, por ser esta um
trauma e uma ameaça angustiante (cf. II Cor 5,1-5). Contudo, ele reconhece que o ser
humano não está preparado agora para o reino de Deus. Por isso diz: “É necessário que
este ser corruptível revista a incorruptibilidade, e que este ser mortal revista a
imortalidade” (I Cor 15,53). Esta é a vitória definitiva de Cristo sobre a morte.
É óbvio, portanto, que a compreensão escatológica de Paulo passou por
mudanças quando ele se tornou discípulo de Jesus Cristo. Por exemplo, não é evidente
que a concepção judaica concebesse duas vindas do Messias. Mas Paulo crê nessas duas
vindas. Na verdade, Paulo passa a ler a história numa perspectiva de caráter
escatológico. Ora, a morte de Cristo tinha desarmado o mecanismo das forças
sobrenaturais do mal. O crente já não pode mais ser separado do amor de Deus por
causa da morte redentora de Cristo. Ele afirma que a figura deste mundo passa (I Cor
7,31), mas ainda não tinha passado. O cristão era já uma nova criatura sem, contudo, ter
experimentado fisicamente a ressurreição, a plena redenção do corpo (Rm 8,21-22). A
fé cristológica de Paulo muda, alargando, sua compreensão escatológica porquanto não
havia nenhuma evidência no Judaísmo primitivo expectativas de uma ressurreição
individual, menos ainda uma ressurreição isolada do Messias antes da ressurreição dos
crentes. Ele faz, pois, uma íntima conexão entre a ressurreição de Jesus e a ressurreição
dos crentes ( I Cor 15).

• Títulos cristológicos

A titulação critológica na literatura paulina não inclui certos títulos próprios


da tradição sobre Jesus, como mestre, profeta, filho do homem e servo. Paulo trabalha
com três títulos fundamentais, com desdobramentos cristológicos qualificativos.
Entre os títulos tradicionais estão: Cristo/ Christós; Senhor/Kúrios; Filho de
Deus/Ùiós tou Theoú. Entre os títulos novos, desdobrados destes três tradicionais estão:
Último Adão/ ò eschatos Adam; Imagem de Deus/ Eikón Theoú; Deus.
a) Cristo/Kristós
Este é o título mais freqüente, cerca de 270 ocorrências, com mais outras
114 nas cartas deutero - paulinas. De certo modo, o grande número de ocorrências leva
a uma qualificação do título como nome próprio de pessoa, especialmente quando junto
de Jesus, Rm 1,1, perdendo a força significativa de Messias. Parece que essa era já uma
prática antes de Paulo. Talvez em Rm 9,5 e I Cor 10,4 esteja presente no vocábulo o
sentido de título. Contudo, é observável que Paulo nunca afirma explicitamente que
Jesus é o Cristo-Messias prometido no Antigo Testamento. Mas, parece que ele
pressupõe o sentido de título quando “Senhor é Jesus”, Rm 10,9, I Cor 12,3, ou o
“Senhor é Jesus Cristo”, Flp 2,11, ou “o Senhor nosso Jesus Cristo”, nunca usando
“Senhor é Cristo”.
A significação semântica desse título se apreende no enunciado das
fórmulas de fé, referência aos conceitos relativos ao evento salvífico, como a cruz, os
sofrimentos, a ressurreição, corpo-sangue, o Espírito, o ágape, a glória, a libertação,
reconciliação, justificação, fé. Ele nunca diz ‘os sofrimentos do Senhor ou do Filho’.
Ele sempre diz dos sofrimentos de Cristo, como em II Cor 1,5 e Flp 3,10. Compreende-
se que Cristo designa a pessoa do evento salvífico.
O título também aparece nas locuções eclesiológicas, seja em referências
individuais, como apóstolo, servo, diácono. A referência é sempre ‘de Cristo’. Ou em
referências de caráter comunitário como a expressão típica ‘corpo de Cristo’,
significando pertença e ao que é constitutivo da vida cristã.
Também, o título Cristo aparece nas parêneses, enquanto o apóstolo
recomenda o acolhimento ou gestos fraternos e solidários como Cristo. Isso evoca o
fundamento cristológico da ética e sua importância na obra salvífica de Cristo. Neste
mesmo âmbito aparecem referências mais de tipo místico como aquela de Gl 2,20:
“Não sou eu quem vive, é Cristo quem vive em mim” ou “para mim viver é
Cristo.” (Flp 1,21)
Outras ocorrências aparecem em referência à parusia quando se refere ao
‘dia de Cristo’, em Flp 1,6.10; 2,16.
Conclui-se que a significação semântica da referência Cristo é consistente e
própria. É diferente da compreensão semântica presente na lingüística messiânica do
Judaísmo, contexto do qual ele procede. Cristo é, pois, é a referência que significa a
indicação daquele que é o protagonista dos eventos salvíficos, o objeto essencial da fé e
o elemento distintivo da identidade cristã.
Senhor/Kúrios

São 190 ocorrências deste título nas cartas autênticas e 82 nas deutero-
paulinas, sendo que uma boa parte é referência a Deus, de modo semelhante à
compreensão de sua tradição judaica. Isso se torna, naturalmente, um desafio
hermenêutico. Quando, então, o título Senhor se une ao título Cristo o sentido
cristológico é incontestavelmente evidente. São 64 ocorrências, como em Rm 14,14,
quando Paulo diz: “Eu sou e fui persuadido pelo Senhor Jesus”, ou I Cor 9,1: “Não
vi o Senhor?”.
‘Senhor’, como referência de significação cristológica, tem este sentido
quando o título aparece inserido em frases como: I Cor 2,9 “...não crucificaram o
Senhor da Glória?”; I Cor 6,14: “ Deus ressuscitou o Senhor”; I Cor 7,10: “ordeno
não eu mas o Senhor”. Rm 14,6-9 o título ‘Senhor’ aparece por seis vezes em
referência ao tema pascal do morrer-viver em Cristo. Compreende-se que dele como
Senhor é que vem o sentido da vida e da morte do cristão.
‘Em Cristo/ én Kúryó” ocorre cerca de 30 vezes com um evidente sentido
cristológico, com alguma nuance tomada do Antigo Testamento, como em I Cor 1,31 e
II Cor 10,17, em referência a Jer 9,23, mas em paralelo ao sintagma.
Em algumas citações bíblicas o título se refere a Deus e a Cristo, como em
Rm 10 citando Jl 3,5; I Cor 1,31 citando Jer 9,23; I Cor 2,16 citando Is 40,13; I Cor
10,26 citando Sl 24.
‘Dia do Senhor’/ éméra Kúryou tem raízes no Antigo Testamento,
mantendo algumas vezes o sentido teológico original de ‘dia de ira e da manifestação do
juízo de Deus’, como em Rm2,5. A conotação cristológica é evidente quando se usa a
expressão “dia do Senhor nosso Jesus Cristo ( I Cor 1,8; II Cor 1,14), ou “dia de Cristo”
( Flp 1,6.10 e 2,16), ou ainda o uso tradicional de “dia do Senhor” ( I Cor 5,5; I Tess
5,2.4). Isso se confirma quando aparece em correlação à parusia, dita de Cristo (I Cor
15,23), ou do Senhor Jesus (I Tess 2,19; 3,13; 5,23), ou do Senhor (I Tess 4,15). Ou
também nas referências às vindas futuras.
É importante sublinhar, nesse contexto, entre outros aspectos, a grande
novidade cristã quando se trata do Shemá, a confissão fundamental da fé hebraica, Dt
6,4. Em Flp 2,11 o estrito monoteísmo hebraico é enriquecido pela introdução da
qualificação “Deus” e “Senhor”, com uma evidente coincidência.
Em síntese, a semântica cristã da significação do título ocorre
especialmente quando se trata de aclamações, quando os cristãos firmam sua identidade
reconhecendo o Cirsto como seu Senhor e Senhor do mundo ( Rm 10,9; I Cor 8,6); e
nas exortações parenéticas, quando se firma que o batizado não tem outro Senhor a não
ser Jesus Cristo, no compromisso de viver toda a sua existência buscando agradá-lo (I
Cor 7,10.32)
Filho de Deus/Ùiós toú Theoú

Este é um título raro nos escritos paulinos, embora de grande peso


semântico. São 15 ocorrências ( Rm 1,3.4.9; 8,3.29.32; I Cor 1,9; 15,28; II Cor 1,19; Gl
1,16; 2,20; 4,4.6; I Tess 1,10; além de Col 1,13 e Ef 4,13).
No contexto pré-paulino, Rm 1,3b-4ª, a ótica é de uma cristologia
‘adocionista’, ligada à ressurreição como entronização real. Paulo ajusta essa
perspectiva mostrando que Jesus é Filho desde sempre, como se vê em I Tess 1,10.
A significação aparece quando as fórmulas são de missão, (Rm 8,3; Gl 4,4)
referência à condição divina do Filho de Deus pressupondo, pois, a sua pré-existência.
Os verbos usados ( Ecsapésteilen e Pémpsas) evocam as ocorrências de Sab 9,10.17
quando se pede o envio da Sabedoria dos céus. O envio da Sabedoria significa a
redenção da Lei, em Rm 8,3, agravada por sua conexão com o pecado. O resultado é a
conquista da condição de filhos adotivos. É, pois, total a confiança depositada no Filho.
Também aparece esta significação quando do uso das fórmulas de doação. Sublinha-se
o gesto de benevolência. É o gesto de doação que Cristo faz de si, no esquema judaico
da ‘áqedáh. Assim, Jesus é o conteúdo do Evangelho, como aparece nas narrativas da
experiência na estrada de Damasco; a comunhão com o Filho traz a novidade
antropológica da constituição da família de Deus, referindo-se aos batizados, entre os
quais Jesus tem o papel de primogênito, Rm 8,29. Ainda, a significação aparece na
referência à parusia, sublinhando a permanência de uma comunhão que sustenta o
cristão diante da ira de Deus ( I Cor,19; I Tess 1,10, bem como a submissão
escatológica do Filho ao Pai mostrando o que se chama ‘teoarquismo’ e ‘teotelismo’ do
Pai no processo de salvação ( I Cor 15,28).
Esse título configura a proximidade e afinidade de Jesus Cristo com Deus,
um relacionamento de geração e não de adoção. Contudo, este título que ocorre tão
pouco não só ele diz tudo da afirmação da divindade de Jesus. Na verdade, o título
Kyrios é que sugere e sublinha a equiparação de Jesus com Deus. O título Filho de Deus
expressa o conceito de uma relação que une Jesus a Deus, impedindo que Ele como
Senhor venha ser considerado como um segundo Deus.
Outros títulos ocorrem como “Último Adão” ( I Cor 15,45), quando Paulo
acentua a tipologia antitética Adão-Cristo, em I Cor 15,21-22.45-49, focalizando a
morte física e a ressurreição de todos; e em Rm 5,12-21, com uma perspectiva sobre o
pecado, focalizando o resultado danoso do pecado e sua redenção. Observa-se que Paulo
usa nessa tipologia Adão e não Moisés, acentuando a dimensão universal e menos
aquela nacionalista.
Entre estes outros títulos, “Imagem de Deus”, II Cor 4,4, uma referência a
Gn 1,26; 9,6, falando da imagem e semelhança; Sab 7,26 em referência à Sabedoria
como reflexo da luz perene e espelho da luz sem mancha da atividade e da bondade de
Deus.
É um título rico de significações. Cristo não é uma cópia, mas um
representante vivo de Deus, por isso digno do culto de adoração religiosa.
Os Cristãos são chamados a ser ‘conforme a imagem do Filho de Deus’
( Rm 8,29). Isso significa dizer, um chamado à participação efetiva na filiação de
Cristo, uma referência única para configurar sua identidade nesta e na outra vida.
‘Deus’ é também uma qualificação referida a Cristo, Rm 9,5, o Deus
bendito nos séculos. Ele está acima de qualquer coisa. Ele não usa o título Deus para
qualificar a Cristo. Em I Cor 8,6 distingue claramente entre ‘um só Deus’, referência ao
Pai, e ‘um só Senhor’, em referência a Cristo. Não é que venha negada a divindade de
Cristo. Ela é afirmada especialmente com os três conceitos tradicionais referidos
anteriormente.
A relevância da experiência do encontro pessoal com Cristo
A Cristologia Paulina tem como ponto de partida uma experiência e não
uma referência doutrinal. Quando Paulo passa a falar de Cristo não o faz por ter ouvido
dizer a respeito dele. Mas porque o encontrou na experiência singular vivida na estrada
de Damasco. A singularidade dessa experiência se comprova, por exemplo, no fato
significativo do seu discípulo Lucas, nos Atos dos Apóstolos, narrá-lo por três vezes em
At 9,1-22; 22,1-21; 26,1-23 com ecos fortes em várias passagens de suas cartas, como I
Cor 9,1; 15,8; II Cor 4,6; Gl 1,12.15-16; 2,20; Flp 3,7-10.12. Essa perspectiva não só
toca profundamente a subjetividade do apóstolo como também reorienta toda a sua
compreensão de mundo. Naturalmente, daí vem o seu ímpeto profético e a beleza
sedutora do seu falar. Compreende-se, então, o que produz sua força querigmática na
pregação, uma experiência pessoal de ter sido conquistado e de viver esta conquista com
grande paixão. Ele diz: ...continuo correndo para alcançá-lo, visto que eu mesmo fui
alcançado pelo Cristo Jesus. Eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém,
faço: esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente.” (Flp
3,12b-13)
Em Gl 1,15ss, Paulo expõe o alcance e a significação da cristofania
acontecida, proporcionando o entendimento da experiência por ele vivida. São três
componentes fundamentais na explicitação deste acontecimento, à luz da consciência
que Paulo elabora do fato. Há uma componente de caráter teológico, na medida em que
Paulo aponta Deus como o responsável e, também, o primeiro agente da experiência
pessoal por ele vivida. Bem assim, a nomeação de Cristo como seu Filho. Por isso o
apóstolo sublinha que Deus o colocou à parte, o chamou, revelou-se nele. Compreende-
se, conseqüentemente, que o acontecimento é pela força da graça de Deus e de seu
beneplácito amoroso. Paulo acentua que o encontro e conhecimento de Cristo é fruto da
ação luminosa de Deus, como Deus que na criação, recordando Gn 1,3, ordena e
acontece a luz. O seu coração foi iluminado por essa luz criadora de Deus.
Um segundo componente é, naturalmente, de caráter cristológico. O
episódio revela a identidade de Cristo Jesus como Filho de Deus. Este título não
expressa toda a riqueza da compreensão que o apóstolo tem da identidade de Cristo. Ele
compartilha o grande impacto que a pessoa de Cristo causou na sua pessoa, levando-o a
considerar como lixo tudo o que precedentemente era de grande importância para ele: “
Julgo que tudo é prejuízo diante deste bem supremo que é o conhecimento do
Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a
fim de ganhar Cristo...” ( Flp 3,8).
O terceiro componente é de caráter missionário com raízes nos componentes
precedentes. Ele sabe que o seu chamado é em razão da missão de anunciar o Evangelho
aos gentios ( Rm 11,13). Assim, sua compreensão cristológica e teológica não tem um
fim em si mesma. Mas, a razão é a missão recebida a partir do chamado que ele recebe.
É central nesse componente missionário a consciência que ele tem e aprofunda de que
Cristo Vivente é o verdadeiro mediador entre Deus e o homem. Para ele não é mais a
lei. Existencialmente, ele experimenta a mediação de Cristo que modifica a sua vida e
faz dele seu missionário. Embora não use o vocábulo discípulo, neste horizonte está a
compreensão e a explicitação do que é ser e viver a experiência de discípulo.
Nesse contexto é que se levanta a pergunta se a experiência vivida por Paulo
é uma experiência de chamado ou de conversão. Em que categoria se localiza o que ele
compartilha como sendo sua experiência central diante de Cristo Jesus? Alguns
exegetas indicam que é mais pertinente pensar a categoria chamado. Isso porque o
próprio apóstolo não faz uso, nas explicitações que faz dessa experiência, do
vocabulário de conversão ( metanoein/ épistréfein), mas usa o vocabulário que se refere
ao chamado (kalein/ áforizein, apokalúptein), sublinhando mais o aspecto teológico do
evento do que aquele de caráter antropológico. Algo semelhante ao que viveram
profetas como Isaías ou Jeremias. O próprio fato do acontecimento se localiza na
estrada de Damasco, relembrando o que é próprio de uma vocação profética. É
interessante, nesse sentido, observar a nuance em que o acontecimento de Damasco não
identifica, imediatamente, a figura de Cristo com o Deus invisível e nem com um
simples homem. Muitos pensam que Paulo interpretou o acontecimento nos parâmetros
de categorias místico-apocalípticas, como se apresenta em Ezequiel 1. Uma ligação
entre aspecto humano e divindade caracteriza a compreensão que Paulo dá ao
entendimento desta cristofania. Nesse sentido são muitos elementos que podem ser
explicitados para se configurar tal compreensão. No entanto, para se considerar a
experiência como conversão se pode focalizar o elemento da descontinuidade na sua
biografia. É a referência à passagem da sua condição de perseguidor àquela de
evangelizador. Esta é, de fato, uma mudança muito grande. O que para ele era uma
grande honra, a LEI, torna-se lixo.
É importante considerar que Paulo não se converte a uma doutrina ou a uma
instituição. Mas ele se converte a uma pessoa, Cristo Jesus, estabelecendo com ele um
relacionamento vivíssimo e totalizante. Tudo é Cristo: “Não sou eu mais que vivo, mas
Cristo vive em mim.” (Gl 2,20) A pessoa de Cristo se torna, pois, a verdadeira razão
de ser e passa a ser o único e abrangente sentido de sua vida. Essa experiência pessoal
se torna o substrato essencial de seu pensar e do seu agir. Não é uma referência para
comprovar seus argumentos cristológicos ou outros quaisquer. A cristofania vivida por
ele fundamenta e comprova o sentido profundo do seu apostolado.
A experiência de Paulo como conversão tem no seu reverso o chamado.
Assim como o chamado tem no seu reverso a conversão. Isso significa dizer que o
chamado inclui uma profunda experiência de conversão, dando sustento à condição de
uma fecunda missão evangelizadora. Compreende-se que a experiência de conversão do
apóstolo é conseqüência do seu chamado. O chamado exige intrinsecamente o processo
de radical mudança. Só esta radical mudança como processo de conversão a Deus,
constituindo o apóstolo, um apaixonado por ele, dá sustento e consistência à missão
decorrente deste chamado. Distintas, a experiência do chamado e a experiência da
conversão são inseparáveis. Só um chamado convertido sustenta a experiência da
missão na grandeza do seu sentido e no alcance de sua significação.
Paulo, discípulo e missionário de Cristo (auto-retrato cristão)
Como fariseu, Paulo considerava Jesus um blasfemo e seus seguidores
ignorantes iludidos por uma terrível heresia. Mesmo não tendo jamais encontrado com
Jesus, Paulo sabia que ele fora um mestre ao qual se atribuíam muitas maravilhas; que
sendo acusado pelos judeus do crime de lesa-majestade, foi crucificado pela ordem de
Pôncio Pilatos. E que, após sua morte, seus seguidores haviam acreditado que ele fosse
mesmo o Messias esperado.
Paulo havia julgado Jesus apenas segundo a carne, mas, a partir do seu
encontro com o Senhor, tudo havia mudado radicalmente, como ele mesmo afirma:
“Assim, doravante, não conhecemos ninguém à maneira humana. E se, outrora,
conhecemos Cristo à maneira humana, agora já não o conhecemos assim. Portanto, se
alguém está em Cristo, é criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo”
(2Cor 5,16-17)
1.1.16 – Cartas Pastorais e Católicas
As três Cartas Pastorais tem determinadas características em comum, sendo
endereçadas aos chefes das comunidades cristãs e visando regular a vida e a
organização eclesiástica; Ou seja, elas querem ser uma espécie de manual para a
organização da comunidade e a vida prática dos cristãos.
O termo pastoral, em relação às nossas cartas, deve ser entendido em
sentido amplo, mais próximo a “comunitário” ou eclesial do que a “clerical-
eclesiástico”.
Temática de fundo: Eclesiológica - A doutrina sobre a Igreja, instituída por
Cristo e organizadas em comunidade de fé e comunidade ética a serviço da santificação
dos fiéis;
A preocupação principal desses escritos é a de conservar e transmitir
fielmente o “depósito da fé”, mais do que renove-lo, para adaptá-lo a novas situações.
As cartas querem deixar claro que a fé que constitui a Igreja funda-se na sã
doutrina, no evangelho de Jesus Cristo, do qual Paulo é apóstolo, arauto e mestre
categorizado.
Um exemplo dessa sã doutrina, que coincide com a verdade segura e
íntegra, é dado pela série de fórmulas ou citações de hinos e lições catequéticas, que no
seu conjunto constituem um pequeno credo, bem articulado em seus pontos essenciais:
Deus Pai tem a iniciativa do projeto salvífico que se manifestou historicamente em
Jesus Cristo salvador e que vai se realizando na Igreja, onde os fiéis batizados esperam a
salvação definitiva, por meio de uma vida marcada pela perseverança nas boas obras.
Embora as três cartas sejam direcionadas para a organização pastoral das
comunidades, não se exclui a possibilidade de um discurso teológico que fundamente o
projeto pastoral e a prática cristã recomendadas. Isto é, numa ótica prática, a atenção
teológica volta-se para o papel salvífico de Deus e do Cristo, para a Igreja e, enfim, para
o ideal cristão.
Deus e Cristo no projeto salvífico
As três cartas acentuam o aspecto salvador da ação de Deus e de Cristo.
Existe uma freqüência de terminologias “salvíficas”: o apelativo dado a Deus e a Cristo
– sôter (“salvador”) – aparece dez vezes, num total de 13 no NT; o verbo sôzein
(“salvar”), sete vezes; e sôtêria (“salvação”), duas vezes. A iniciativa do que é chamado
o projeto salvífico remonta a Deus Pai (2Tm1,9).
Deus é proclamado “salvador”, por “quer que todos os homens sejam salvos
e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,3-4).
A gratuidade dessa iniciativa é ressaltada e expressa por um vocábulo cheio
de ressonâncias religiosas, inclusive no ambiente helenista, charis (“amor benigno e
gratuito” (Tt 2,11; 3,7).
Essa charis do único, imortal e invisível Deus torna-se visível em Cristo.
Ele é o lugar histórico dessa manifestação gratuita e ativa do amor de Deus.
"Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores", afirma-se numa
pequena sentença programática (1Tm 1,15).
Essa salvação, que define a missão histórica de Jesus, realiza-se mediante a
sua autodoação na morte em favor dos homens e pela sua libertação (1Tm 2,5; Tt 2,14).
Quanto à cristologia das cartas: Cristo é apresentado como o único Kirios
(rei imortal – Senhor) ao qual se deve honra e poder (1Tm 3,17; 6,15-16; 2Tm 4,18b).
Cristo se revelou como autêntico sôter na sua manifestação histórica, a
primeira epifaneia (2Tm 1,10), e mediante a ressurreição venceu a morte, para fazer
resplandecer a vida e a imortalidade em favor de todos os que crêem.
A manifestação histórica da potência salvífica de Deus, em Cristo, antecipa
e garante a manifestação (epifaneia) final, que dará cumprimento à esperança e realizará
as expectativas dos fiéis por uma vida plena (Tt 2,11-14; 3,7).
A atenção se concentra no papel do Cristo glorioso e em sua caminhada
salvífica que culmina na ressurreição, que marca uma virada histórica e cósmica
universal, como aparece claramente na pequena jóia que é o hino de 1Tm 3,16.
A cruz, a humilhação e a morte de Cristo permanecem como pano de fundo
e de vez em quando são evocadas como modelo para os fiéis ou motivação profunda
para a sua perseverança nas provações (cf. 2Tm 2,11-13; Tt 6,13).
1.1.17 – Evangelho de São João
No evangelho escrito por João, Jesus faz diversas declarações sobre a sua
pessoa, seu propósito e nos mostra claramente que ele é o caminho para a vida eterna.

Neste evangelho, Jesus declara que é o filho de Deus, que foi enviado por
Deus para cumprir na cruz do calvário o plano de Deus para a salvação do homem.

Sobre a sua pessoa, Jesus fez sete declarações no Evangelho de João:

• Eu sou o pão da vida;


• Eu sou a luz do mundo;
• Eu sou a porta das ovelhas;
• Eu sou o Bom Pastor;
• Eu sou a ressurreição e a vida;
• Eu sou o caminho a verdade e a vida;
• Eu sou a videira verdadeira.
Todas as declarações acima foram feitas para mostrar que não há outro
caminho para nos levar até Deus, senão por Jesus Cristo.
No evangelho de João encontramos também um texto tido por muitos como
o texto áureo da bíblia. João 3:16 é um versículo de grande profundidade e faz uma
espécie de resumo daquilo que Deus planejou para nós na pessoa de Jesus:
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho para que
todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
Em seu livro “3:16 – A mensagem de Deus para a vida eterna”, o escritor
americano Max Lucado, escreveu:

Se você não sabe nada sobre Deus, comece por aqui. Se você acha que já
sabe tudo sobre Deus, volte sempre para João 3:16. Todos nós precisamos deste
lembrete. Afinal, a essência do problema humano é o coração, e o tratamento de Deus
está escrito em João 3:16.

João 3.16 é simples o bastante para não discutirmos, é grande o bastante


para não entendermos, mas é profundo o bastante para nos explicar o maior e mais
sublime plano de Deus para as nossas vidas.
O evangelho de João é belo, traz sossego para a alma e consolo aos nossos
corações. É um livro de leitura agradável, aconselhador e estimula a nossa fé em Jesus
Cristo, o filho de Deus.
João começa seu Evangelho com a divindade de Cristo; afirma ser Ele Deus,
e prova ser Ele verdadeiramente e propriamente assim, pela obras da criação, que foram
operadas por Ele, assim com mostra que Ele foi realmente homem.
Uma das características de João é revelar realmente quem é Jesus Cristo. E
o conhecimento de Jesus Cristo não se dá individualmente, e sim dentro de uma
comunidade, que através de bons exemplos de vida, vai marcando toda a caminhada de
um povo.
A principal característica do evangelho de João é despertar e alimentar a fé
em Jesus Cristo, o Filho de Deus no qual “A palavra era Logos” (Jo 1,2). Ele vem nos
mostrar que Jesus é o próprio Deus vivo e a sua função é revelar o Pai aos seres
humanos até ao ponto de dar o seu Filho por amor à Humanidade.
Aqui encontramos somente sete sinais que Jesus realiza em sua vida,
enquanto nos Evangelhos sinóticos são encontrados muitos milagres.
O Jesus de João atua publicamente por dois ou três anos, enquanto nos
Evangelhos sinóticos toda a aparição de Jesus se reduz a somente um ano.
Toda a doutrina de Jesus é exposta em longos e misteriosos discursos. Isto
ocorre porque João utiliza uma linguagem própria, a um determinado povo e expressada
em categorias simbólicas.
1.1.18 – Pneumatologia e Graça
Espírito Santo é o termo usado para traduzir o termo 3hebraico Ruach
HaKodesh, utilizado na Bíblia hebraica (Velho Testamento) para se referir à presença
de Deus na forma experimentada por um ser humano. A maioria dos cristãos considera
o Espírito Santo como o próprio Deus, parte da 3Santíssima Trindade.
Nas principais correntes do Cristianismo, o Espírito Santo é uma pessoa da
Trindade, co-igual com o Pai e o Filho (i.e. Jesus Cristo), parte da Deidade. Nas igrejas
Unitárias, nas 31Testemunhas de Jeová, e em outras 373533denominações cristãs que
não aceitam a doutrina da Santissíma Trindade, o Espírito Santo é a força activa que
procede de Deus e não uma pessoa Divina. Para a 39Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias o Espírito Santo é um personagem de espírito, terceira pessoa da
Deidade, no entanto separado e distinto do Pai e do Filho. O estudo do trabalho do
Espírito Santo é chamado de Pneumatologia.
O Espírito Santo é frequentemente simbolizado pelo sinal de uma pomba
branca, baseado no relato do Espírito Santo a descer sobre Jesus Cristo, após este ter
sido batizado no 33rio Jordão, embora o texto bíblico não diga que foi em forma de
pomba, e sim como uma pomba, numa comparação. O livro de 33Atos descreve o
Espírito Santo a descer sobre os 33Apóstolos durante o Pentecostes na forma de um
vento e línguas de fogo, que repousavam sobre a cabeça dos 33Apóstolos. Baseado
nesta imagem, o Espírito Santo é frequentemente simbolizado por uma chama.
No Evangelho de João, no Novo Testamento, a ênfase é colocada, não no
que o Espírito Santo fez por Jesus, mas no facto de Jesus ter dado o Espírito aos seus
discípulos. No Cristianismo tradicional, o qual foi o mais influente para o
desenvolvimento posterior da doutrina da Trindade, Jesus é visto como o cordeiro
sacrificial, e como vindo aos homens para conceder o Espírito de Deus à humanidade.
Embora a linguagem utilizada ao descrever Jesus a receber o Espírito Santo
no Evangelho de João seja um paralelo dos relatos nos outros Evangelhos, João relata
este episódio com o objectivo de mostrar que Jesus tinha uma especial posse do Espírito
para que o podesse conceder aos seus seguidores, unindo-os a Si mesmo, e em Si
mesmo unindo-os também com o Pai. (Ver Raymond Brown, The Gospel According to
John, capítulo sobre Pneumatologia). Os Cristãos crêem que é o Espírito Santo que
conduz as pessoas à fé em Jesus Cristo e aquele que lhes dá a capacidade para viverem
um vida Cristã e dá credito.
Para uma possível perfeição de uma personalidade, esta tem que ser
submetida a uma trinitarização. O conceito trinitário é a forma ideal como três funções
são ligadas embora agindo de forma independente. O Espírito Santo, ou Espírito Infinito
como também é conhecido, é o reflexo da ordem e comando de Deus-Filho.
O empenho do Espírito é a ação fruto do comando do Filho. Esse é o seu
contributo em toda a acção criadora constante do universo.
O comando do Filho é fruto da vontade de Deus-Pai. O empenho do Filho é
o comando e ordenanças da Vontade de Deus-Pai.
A vontade de DEUS-PAI reflete-se no comando de DEUS-FILHO que por
sua vez complementa-se na ação do DEUS-ESPÍRITO SANTO.
É a união destas três forças fundamentais que se traduz o segredo da
perfeição absoluta e última.
O Espírito Santo é o relacionamento entre Pai e Filho que é derramado no
coração do homem através do batismo.
1.1.19 – Teologia da Trindade
A Trindade ou Santíssima Trindade é a doutrina acolhida pela maioria das
igrejas cristãs que professa a Deus único preconizado em três pessoas distintas: o Pai, o
Filho e o 3Espírito Santo.
Para os seus defensores, é um dos dogmas centrais da fé cristã, e
considerado um mistério. Tais denominações consideram-se 3monoteístas.
O 3Judaísmo e o Islamismo, bem como algumas 373533denominações
cristãs, não aceitam a doutrina trinitária.
O termo "Trindade" não se encontra na Bíblia, pois é o nome dado pela
igreja cristã à Doutrina que define a personalidade de Deus na Bíblia, onde Deus é: o
Pai, e o Filho e o Espírito Santo. Por isso, aqueles que professam este dogma se
referirem a Deus como Uno e Trino.
Ainda segundo os defensores da doutrina trinitária, ao longo da Bíblia há
várias passagens que revelam a natureza divina da Trindade, e até a personalidade de
cada uma das três pessoas divinas:
No que concerne à divindade de Deus-Filho, referem-se, por exemplo, a sua
onisciência, a sua onipotência, a sua onipresença, ao fato de perdoar os pecados[6] e ser
doador da vida em íntima unidade, porém diferenciando as pessoas: «Eu e o Pai somos
um». Contudo, mais do que estas simples passagens isoladas, a afirmação da plena
divindade de Jesus é o resultado da reflexão, na Fé, sobre a sua missão redentora
contida nas Escrituras - pois a sua personalidade divina e humana nunca foi seriamente
posta em descrédito pela igreja cristã seja ela católica ou protestante.
Jesus foi Gerado pelo Pai e consubstancial (pertencente à mesma natureza e
substância) a Ele. Não foi criado pelo Pai, mas gerado na eternidadade da substância do
Pai. Encarnou-se em Jesus de Nazaré, assumindo assim a natureza humana. O Filho, a
segunda pessoa da Trindade, é considerado como o Filho Eterno (Filho sob a ótica
humana no sentido de que se tornando homem, deixou sua divindade, tornando-se
totalmente dependente de Deus), com todas as perfeições divinas: a Ele é atribuída a
redenção (salvação) do mundo.
O Filho Jesus é Deus – Em I João 5:20 traz mais evidências bíblicas de que
o Filho também é Deus quando afirma: "o Filho de Deus é vindo … isto é, em seu Filho
Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna".E também em Isaías 9:6 dizendo
claramente que Jesus é Deus:" Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o
governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro,
Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz."
Quando a Bíblia referia-se ao Messias (uma das três pessoas da Trindade),
utiliza a forma Adoni, meu Senhor, no singular, visto que se apresentaria numa
personalização "individual" – distinta do Pai e do Espírito Santo – enviado (humano)
esperado. Assim, o Verbo do DEUS Trino, teria deixado sua glória e encarnado na
forma humana, singular e distinta do Pai – contudo emanada do Pai: "crestes que saí de
Deus. Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai". Desse
momento em diante, o Deus Trino se despoja para apresentar-se pessoal e
individualmente, por intermédio do Filho. A partir daí, no Novo Testamento, não mais
há uso do tetragrama YHVH.
A cultura judaica preferiu a forma Adonay para a pronunciar YHVH,
contudo noutras versões tardias foi utilizada a forma impessoal HaShem, o Nome. Da
mesma forma que o Deus Trino se apresentara pessoal e individualmente, por
intermédio do Filho, posteriormente apresenta-se na forma individual e incorpórea (não
antropomórfico), representado pelo Espírito Santo, invocado por o Nome, que seria
Jesus.
O Novo Testamento, refere-se ao Nome de Jesus estando acima de todo
nome: "Se, em meu nome pedires ao Pai …, Tudo quanto pedires em meu nome [Jesus]
eu o farei …, tudo quanto em meu nome [Jesus] pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda Em
meu nome [Jesus] … curaram os enfermos …,
1.1.20 - Apocalípse/ Escatologia
“E o Senhor será rei sobre toda a Terra; naquele dia um será o Senhor, e um
será o seu nome” (Zc 14.9)
A volta pessoal e visível de Cristo à Terra esta prevista em toda a Bíblia.
Deus estabeleceu o programa de um reino teocrático, iniciado com o povo de Israel,
prosseguindo no período milenial e culminando no reino eterno.
O FIM DA GRANDE TRIBULAÇÃO
A volta pessoal de Cristo. O texto de Zacarias 14.3,4 indica a intervenção
divina sobre o monte das Oliveiras, em Israel. As nações reunidas pelo Anticristo para
combater e destruir Israel serão surpreendidas pela vinda do Senhor. O texto de Jl 3.2,12
fala do vale de Josafá, identificado também como o Cedrom, localizado entre Jerusalém
e o monte das Oliveiras. Será nesse lugar o encontro do Senhor contra as nações
inimigas de Israel. O monte das Oliveiras, o lugar exato de onde Cristo subiu ao céu,
também sobre ele descerá gloriosamente.
A sequencia dos eventos finais (Mt 24.27-30). Nesses versículos Jesus
apresentou a realidade da Tribulação (Mt 24.21). No v.27, Ele fala de sua vinda visível
como “o relâmpago que sai do Oriente e se mostra até o Ocidente”. No v.28, Jesus
retrata mais uma vez a visibilidade de Sua vinda usando a ilustração dos abutres
atraídos pela matança. No v.29, dá a entender que a Sua vinda será logo depois da
tribulação daqueles dias. No v.30, fala do sinal dessa vinda no céu, uma prova de que
Ele, o Messias, virá sobre as nuvens do céu.
A derrota do Anticristo e seus exércitos (Ap 19.15-21). Nos versículos
anteriores ao 14, Cristo aparece como um grande general de exercito (como nos tempos
bíblicos), e o v.15 mostra um Cristo preparado para fazer juízo sobre a impiedade do
Anticristo. Diz o texto que “saía da sua boca uma espada afiada, para ferir com ela as
nações”. A partir do v.17, uma grande ceia é apresentada para comer as carnes de todos
os inimigos do povo de Israel que se ajuntaram para destruí-los. Mas eles serão
aniquilados pelos exércitos de Cristo. No v.20, a Besta, que é o Anticristo, juntamente
com o Falso Profeta são presos e lançados vivos no Lago de Fogo. Esses dois
personagens não são meras figuras ou metáforas, mas realmente dois homens da parte
do Diabo, que se levantarão naqueles dias.
A vinda em glória (Ap 19.11-16). Refere-se especialmente a forma da
descida gloriosa de Cristo sobre um cavalo branco. O cavaleiro que monta o cavalo do
capitulo19 de Apocalipse é Jesus, porque é identificado como “Fiel e Verdadeiro”.
Nada tem a ver com o cavaleiro do cavalo branco do capitulo 6 de Apocalipse o qual se
refere ao Anticristo. O v.14 de Apocalipse fala dos santos que acompanham a Cristo na
Sua volta à Terra. Eles montam cavalos brancos e os seus cavaleiros estão vestidos de
linho finíssimo. São os anjos e a Igreja de Cristo que gloriosamente participam da Sua
conquista.
PREPARAÇÃO PARA O REINO MILENIAL
Com a derrota do Anticristo e seus exércitos, Israel verá que Aquele a quem
rejeitaram na primeira vinda, não é outro senão o Messias.
A conversão a Cristo da parte dos judeus. Zc 12.10 fala do espírito de
suplicas que será derramado sobre a casa de Davi, e prantearão pelo que fizeram a
Cristo na sua primeira vinda. Vários textos bíblicos da profecia indicam essa conversão
e renovação (Zc 13.9; Ez 36.24-31; Is 25.9; Rm 11.26). Todas esta passagens mostram
que o judeus sobreviventes daqueles dias serão leais a Cristo, aceitando-o como o
Messias. Porem haverá, também, muitos judeus rebeldes os quais sofrerão o juízo de
Cristo (Ez 20.33-38; Ml 3.1-5).
A prisão de Satanás (Ap 20.1-3). Antes que o Senhor instale o seu reino
milenial, Satanás será preso por mil anos como todos os seus anjos, e assim não estarão
livres para tentar as criaturas nos dias do reino milenial de Cristo.
O REI JESUS
Será um período de completa manifestação da gloria de Cristo no Seu
domínio, governo, justiça e reino (Is 9.6, Sl 45.4; Is 11.4; Sl 72.4; Dt 18.18,19; Is
33.21,22; At 3.22). Vários são os títulos e nomes de Cristo no Milênio. Ele é chamado:
o Renovo (Is 4.2; 11.1; Jr 23.5; 33.15; Zc 3.8,9; 6.12,13); Senhor dos Exércitos (Is
24.23; 44.6); o Altíssimo (Dn 7.22-24); o Filho de Deus (Is 9.6; Dn 3.25); o Rei (Is
33.17,22; 44.6; Dn 2.44); o Juiz (Is 11.3,4; 16.5; 33.22; 51.4,5); o Messias Príncipe (Dn
9.25,26). Muitos outros títulos destacam as atividades do Rei Jesus.
CARACTERÍSTICAS DO REINO MILENIAL
Justiça. Somente os justos serão admitidos no reino (Mt 25.37; Is 60.21;
26.2). A justiça será sinônimo do Messias (Ml 4.2; Is 46.13; 51.5).
Obediência. Foi o propósito original de Deus na criação do mundo o
estabelecimento de um principio de obediência completa e voluntaria a Deus. A arvore
da vida foi colocada no Éden como uma prova de obediência (Gn 2.16,17). Diz a Bíblia
que Deus sujeitou todas as coisas Àquele que é o Senhor (Ef 1.22).
Conhecimento universal de Deus (Is 11.9; Jr 31.34). O conhecimento estará
disseminado e determinado em toda a Terra. Na verdade, todas as pessoas terão
conceitos corretos sobre Deus, porque o mal estará detido naquele tempo.
Paz e prosperidade (Is 2.4; 35.1,2). A maldição do pecado estará detida, sem
poder de alastramento. A paz será universal porque a sua base será a justiça do Messias.
Longevidade (Is 65.20,21, 22; 33.24). Uma vez que o mal estará detido, a
vida física dos habitantes da Terra naqueles dias não sofrerá tanto como hoje. É verdade
que as pessoas não estarão isentas da morte. Mas viverão muito mais.
FINAL DO MILÊNIO
A soltura de Satanás e seus anjos. Vemos uma descrição na Terra que
mostra o fim do período milenial (Ap 20.2,3,7-9). A razão pela qual Satanás será solto é
discernido pela sua atividade no tempo de sua soltura. Ele sairá para enganar as nações e
promover sua ultima batalha contra o povo de Deus.
Gogue e Magogue (Ap 20.8). Esses dois nomes referem-se aos inimigos se
Israel. Podem representar dois tipos de inimigos: povos vindos do Norte; e, também,
povos em geral. O que prevalece mais fortemente é a representação de povos vindos do
norte. Na verdade, a batalha não será muito extensa, porque haverá a intervenção divina.
PÓS-MILÊNIO
Todos esses fatos conduzem ao Grande Trono Branco, que é o Juízo Final
(Ap 20.11), símbolo do poder de Deus para executar a justiça. Jesus será o Juiz (At
17.31; Jo 5.22,27). Diante do Supremo Juiz, todos os haveremos de comparecer. Os
perdidos não escaparão ao Lago de Fogo (Ap 19.20; 20.10,14,15; 21.8). O Lago de
Fogo é um lugar. E não um conceito, uma idéia ou estado mental.
Na segunda fase de Sua vinda em gloria (visível em todo o mundo), Cristo
vai julgar as nações (Juízo da Nações) e inaugurar o Milênio, a gloriosa era de paz a ser
implantada na Terra. Seguindo-se o Grande Trono Branco, o Juízo Final, ocasião em
que somente haverá dois destinos: a morte eterna ou a vida eterna. Os crentes em Jesus
estarão livres de qualquer condenação e irão desfrutar da eternidade.
1.1.21 – Liturgia/ Sacramentos
A liturgia é a celebração do Mistério de Cristo e em particular do seu
Mistério Pascal. Na liturgia, pelo exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo, a
santificação dos homens é significada e realizada mediante sinais, e é exercido, pelo
Corpo místico de Cristo, ou seja pela Cabeça e pelos membros, o culto público devido a
Deus.
A Igreja, na terra, celebra a liturgia, como povo sacerdotal, no qual cada um
actua segundo a própria função, na unidade do Espírito Santo: os baptizados oferecem-
se em sacrifício espiritual; os ministros ordenados celebram segundo a Ordem recebida
para o serviço de todos os membros da Igreja; os Bispos e os presbíteros agem na
pessoa de Cristo Cabeça.
Na liturgia age «o Cristo todo inteiro» («Christus Totus»), Cabeça e Corpo.
Como sumo-sacerdote, Ele celebra com o seu Corpo, que é a Igreja celeste e terrestre
Cristo «é a Cabeça do corpo, que é a Igreja (Col 1,18). A Igreja vive d?Ele,
n?Ele e para Ele. Cristo e a Igreja formam o «Cristo total» (S. Agostinho); «Cabeça e
membros são, por assim dizer, uma só pessoa mística» (S. Tomás de Aquino).
Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente o seu Mistério
pascal. Doando o Espírito Santo aos Apóstolos, concedeu-lhes a eles e aos seus
sucessores o poder de realizar a obra da salvação por meio do Sacrifício eucarístico e
dos sacramentos, nos quais Ele próprio age agora para comunicar a sua graça aos fiéis
de todos os tempos e em todo o mundo.
Sacramentos
Batismo.
O batismo, palavra de origem grega, cujo significado é imersão, é um
mergulho no mistério pascal de Jesus Cristo, que passou fazendo o bem e curando todo
tipo de enfermidade, porque Deus estava com ele (At 10,38).
A ritualidade do batismo, no seu gesto litúrgico central, tem como sinal
modelo o mergulho na água ou a infusão. Portanto, o sinal central do batismo não é a
água, mas o mergulho nela para significar que se está sob a água.
Esse mergulho na água significa e efetiva na fé o mergulho no mistério de
Cristo. Ele realiza uma configuração total do nosso ser ao ser de Cristo, ao modo de
enxerto, metáfora que Jesus tanto apreciava (Jo 15,4), onde a mesma seiva é comum
tanto ao tronco como ao ramo enxertado.
O Batismo opera uma mudança na profundidade do nosso ser ou em nossa
realidade fundamental. É muito mais do que a “imagem e semelhança” de que somos
dotados desde as origens (cf. Gn1,26). Pelo batismo somos agraciados com uma filiação
que, ao nos mergulhar no mistério de Cristo, nos faz filhos no Filho, semelhantes a
Jesus.
o batismo apaga todo pecado, para que surja o homem novo, a criatura nova
em Cristo Jesus. Ser em Cristo é a característica da configuração batismal. Pelo
batismo, o neófito passa a ser em Cristo uma nova criatura. Por isso, esse sacramento é
o começo do processo de inserção no mistério de Cristo. É a base fundamental.
É o Espírito Santo que efetiva o enxerto em Cristo. Na metáfora da planta,
onde Cristo é o tronco e nós, os galhos, o Espírito é comparado à seiva.
Ceia do Senhor.
A questão maior, sem dúvida, tem a ver com se Cristo está ou não presente
em e na ceia do Senhor. Nossa visão sobre esse assunto tem uma grande influência
sobre como participamos da ceia: supersticiosamente ou com fé, indiferentemente ou
com cuidado.
As diferentes visões são as que seguem.
A visão do Catolicismo Romano, chamada transubstanciação, ensina que o
pão e o vinho da ceia do Senhor são "transformados no" corpo e sangue de Cristo
quando abençoados pelo sacerdote. Essa visão coloca a fé de lado, pois tudo o que
alguém precisa para receber a Cristo é comer o pão e beber o vinho. Isso também lança
o fundamento para a Missa, pois quando o pão, que supostamente não é mais pão, mas
sim corpo, é partido, então o sacrifício de Cristo é repetido novamente. A própria
palavra Missa significa "sacrifício."
A visão dos Luteranos ensina que o corpo físico e o sangue de Cristo estão
presentes com o pão e o vinho. Essa visão, chamada consubstanciação, está sujeita às
mesmas críticas que a visão do Catolicismo Romano, embora não inclua a doutrina da
Missa. As duas ensinam a presença física de Cristo.
Segundo a opinião geral, a visão da maioria dos evangélicos era também a
do reformador suíço do século dezesseis, Ulrico Zwínglio. Ela diz que Cristo não está
presente na Ceia do Senhor, em nenhum sentido, mas que a ceia é apenas um memorial
ou lembrança da morte de Cristo. Embora evitasse claramente os erros do Romanismo e
Luteranismo, todavia, essa visão não é bíblica, como veremos, e não explica o porquê a
ceia do Senhor deve ser tratada com cuidado. Se a ceia é apenas uma lembrança, não há
nenhuma necessidade de auto-exame e medo de "condenação" (1Co. 11:29).
A visão Reformada da ceia do Senhor é que Cristo está realmente presente,
mas espiritualmente, não fisicamente. Ele está, em outras palavras, presente à fé do
povo de Deus e tem comunhão com eles, alimentando-os consigo mesmo através da fé.
Ele usa o pão e o vinho para dirigir a fé deles em direção a ele.
Essa visão Reformada é claramente ensinada em 1 Coríntios 11:29, que fala
de "discernir o corpo do Senhor" na ceia do Senhor e está implicada também nas
próprias palavras de Jesus na instituição da ceia do Senhor: "Este é o meu corpo."
Somente porque Cristo está presente na ceia, uma pessoa pode comer ou beber
julgamento para si quando comendo ou bebendo sem o devido auto-exame. Somente
porque Cristo está presente pode haver alguma bênção na ceia. A visão Reformada, que
é também bíblica, dá muito maior significado e benefício à ceia do Senhor. Então, no
sacramento encontramos e desfrutamos de Cristo em sua plenitude, como nosso
Salvador e Redentor. Que assim o façamos!
1.1.22 – Moral Fundamental
Ética /moral, na filosofia ocidental, designa ‘o fundamento da praxis, a raiz
de onde brotam todos os actos humanos’; abarca ‘as disposições do homem na vida, o
seu carácter, os seus costumes’.
A moral situa-se a nível do adquirido, mediante a repetição de actos iguais,
que geram o hábito e este configura o carácter.
Ético e moral acabam por significar o mesmo tanto etimológico como
conceptualmente. Todavia, utiliza-se mais o termo ético referido à reflexão ética e o
termo moral é conotado mais estritamente com a vida, o viver humano. Assim, é
comum falar-se de reflexão ética e de vida moral.
O ético refere-se especialmente ao estilo de vida humana que deriva da sua
condição de ser racional, enquanto o termo moral se deve reservar para designar a moral
que tem uma fundamentação e origem religiosas.
A ética é a filosofia moral.
A moral é a teologia moral, ou genericamente, moral religiosa.
A moral refere-se às normas e costumes de um grupo ou de uma sociedade,
enquanto o ético se estende a algo mais universal e que afecta todo o homem/mulher
enquanto ser humano.
É comum dizer-se que cada sociedade tem a sua moral, as suas convenções
morais, todavia, a ética seria comum a todos os humanos, porque todos estão em pé de
igualdade e dignidade.
A moral cristã é una moral revelada. Deus criou o homem e a mulher: sabe
o que é bom e mau para eles.

Cristo é o centro e o ponto de referência da moral cristã.

dois extremos a evitar:

>um cristianismo incorpóreo;

>um moralismo.
No seguimento de Cristo, o cristão descobre o mais profundo da sua
humanidade.

• Cristo a verdade do Homem


o homem conhece-se a si mesmo segundo a verdade integral da sua
origem, a verdade que permanece através de todas a mudanças históricas. O mistério do
homem só se esclarece no mistério do verbo encarnado.

pelo baptismo home e mulher estão verdadeiramente unidos/enxertados


em Cristo, filhos de Deus no Filho.

Cristo é o fundamento da vida moral cristã, porque a vida que existe em nós é já vida
divina na humana: pela união com a Sua vida divina como filhos de Deus; pela união
corpórea com Jesus e os seus fiéis; pela unidade entre Cristo e o cristão nos atos
humanos.

1.1.23 – História da Igreja I, Antiga

A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo ("chamo
ou convosco"). Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas,
mas no NT a palavra tem sentido mais especializado. A literatura secular podia usar a
apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para
qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de
crentes cristãos para adorar a Cristo.

Que é a igreja? Que pessoas constituem esta "reunião"? Que é que Paulo
prentende dizer quando chama a igreja de "corpo de Cristo"?

Para responder plenamente a essas perguntas, precisamos entender o


contexto social e histórico da igreja do NT. A igreja primitiva surgiu no cruzamento
das culturas hebraicas e helenística.

Fundada a Igreja

Quarenta dias depois de sua ressurreição, Jesus deu instruções finais aos
discípulos e ascendeu ao céu (At 1.1-11). Os discípulos voltaram a Jerusalém e se
recolheram durante alguns dias para jejum e oração, aguardando o ES, o qual Jesus
disse que viria. Cerca de 120 pessoas seguidores de Jesus aguardavam.

Cinqüenta dias após a Páscoa, no dia de Pentecoste, um som como um vento


impetuoso encheu a casa onde o grupo se reunia. Línguas de fogo pousaram sobre cada
um deles e começaram a falar em línguas diferente da sua conforme o ES os capacitava.
Os visitantes estrangeiros ficaram surpresos ao ouvir os discípulo falando em suas
próprias línguas. Alguns zombaram, dizendo que deviam estar embriagados (At 2.13).

Mas Pedro fez calar a multidão e explicou que estavam dando testemunho
do derramamento do ES predito pelos profetas do AT (At 2.16-21; Jl 2.28-32). Alguns
dos observadores estrangeiros perguntaram o que deviam fazer para receber o ES. Pedro
disse: " Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para
remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo " (At 2.38). Cerca de
3 mil pessoas aceitaram a Cristo como seu Salvador naquele dia (Atos 2.41).

Durante alguns anos Jerusalém foi o centro da igreja. Muitos judeus


acreditavam que os seguidores de Jesus eram apenas outra seita do judaísmo.
Suspeitavam que os cristãos estavam tentando começar um nova "religião de mistério"
em torno de Jesus de Nazaré.

É verdade que muitos dos cristãos primitivos continuaram a cultuar no


templo (At 3.1) e alguns insistiam em que os convertidos gentios deviam ser
circuncidados (At 15). Mas os dirigentes judeus logo perceberam que os cristãos eram
mais do que uma seita. Jesus havia dito aos judeus que Deus faria uma Nova Aliança
com aqueles que lhe fossem fiéis (Mt 16.18); ele havia selado esta aliança com seu
próprio sangue (Lc 22.20). De modo que os cristãos primitivos proclamavam com
ousadia haverem herdados os privilégios que Israel conhecera outrora. Não eram
simplesmente uma parte de Israel - eram o novo Israel (Ap 3.12; 21.2; Mt 26.28; Hb
8.8; 9.15). "Os líderes judeus tinham um medo de arrepiar, porque este novo e estranho
ensino não era um judaísmo estreito, mas fundia o privilégio de Israel na alta revelação
de um só Pai de todos os homens." (Henry Melvill Gwatkin, Early Church History, pag
18).

A Comunidade de Jerusalém.

Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estreitamente unida em


Jerusalém após o dia de Pentecoste. Esperavam que Cristo voltasse muito em breve.
Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens materiais (At 2.44-
45). Muitos vendiam suas propriedades e davam à igreja o produto da venda, a qual
distribuía esses recursos entre o grupo ( At 4.34-35).

Os cristãos de Jerusalém ainda iam ao templo para orar (At 2.46), mas
começaram a partilhar a Ceia do Senhor em seus próprios lares (At 2.42-46). Estsa
refeição simbólica trazia-lhes à mente sua nova aliança com Deus, a qual Jesus havia
feito sacrificando seu próprio corpo e sangue.

Deus operava milagres de cura por intermédio desses primeiros cristãos.


Pessoas enfermas reuniam-se no templo de sorte que os apóstolo pudessem tocá-las em
seu caminho para a oração (At 5.12-16). Esses milagres convenceram muitos de que os
cristãos estavam verdadeiramente servindo a Deus. As autoridades do templo, num
esforço por suprimir o interesse das pessoas na nova religião, prenderam os apóstolos.
Mas Deus enviou um anjo para libertá-los (At 5.17-20), o que provocou mais excitação.

A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos tiveram de nomear sete
homens para distribuir víveres às viúvas necessitadas. O dirigente desses homens era
Estêvão, "homem cheio de fé e do Espírito Santo" (At 6.5). Aqui vemos o começo do
governo eclesiástico. Os apóstolos tiveram de delegar alguns de seus deveres a outros
dirigentes. À medida que o tempo passava, os ofícios da igreja foram dispostos numa
estrutura um tanto complexa.

Padrões de Adoração.

Visto que os cristãos primitivos adoravam juntos, estabeleceram padrões de


adoração que diferiam muito dos cultos da sinagoga. Não temos um quadro claro da
adoração Cristã primitiva até 150 dC, quando Justino Mártir descreveu os cultos típicos
de adoração. Sabemos que a igreja primitiva realizava seus serviços no domingo, o
primeiro dia sa semana. Chamavam-no de "o Dia do Senhor" porque foi o dia em que
Cristo ressurgiu dos mortos. Os primeiros cristãos reuniam-se no templo em Jerusalém,
nas sinagogas, ou nos lares ( At 2.46; 13.14-16; 20.7-8). Alguns estudiosos crêem que a
referência aos ensino de Paulo na escola de Tirano (At 19.9) indica que os primitivos
cristãos às vezes alugavam prédios de escola ou outras instalações. Não temos prova
alguma de que os cristãos tenham construído instalações especial para seus cultos de
adoração durante mais de um século após o tempo de Cristo. Onde os cristãos eram
perseguidos, reuniam-se em lugares secretos como as catacumbas (túmulos
subterrâneos) de Roma.

Crêem os eruditos que os primeiros cristãos adoravam nas noites de


domingo, e que seu culto girava em torno da Ceia do Senhor. Mas nalgum ponto os
cristãos começavam a manter dois cutos de adoração no domingo, conforme descreve
Justino Mártir - um bem cedo de manhã e outro ao entardecer. As horas eram escolhidas
por questão de segredo e para atender às pessoas trabalhadoras que não podiam
comparecer aos cultos de adoração durante o dia.

- Ordem do Culto:

Geralmente o culto matutino era uma ocasião de louvor, oração e pregação.


O serviço improvisado de adoração dos cristãos no Dia de Pentecoste sugere um padrão
de adoração que podia ter sido geralmente adotado. Primeiro, Pedro leu as Escrituras.
Depois pregou um sermão que aplicou as Escrituras à situação presente dos adoradores
(At 2.14-36). As pessoas que aceitavam a Cristo eram batizadas, seguindo o exemplo do
próprio Senhor. Os adoradores participavam dos cânticos, dos testemunhos ou de
palavras de exortação (1Co 14.26).

- A Ceia do Senhor:

Os primitivos cristãos tomavam a refeição simbólica da Ceia do Senhor para


comemorar a Última Ceia, na qual Jesus e seus discípulos observaram a tradicional festa
judaica da Páscoa. Os temas dos dois eventos eram os mesmo. Na Páscoa os judeus
regozijavam-se porque Deus os havia libertado de seus inimigos e aguardavam com
expectação o futuro como filhos de Deus. Na Ceia do Senhor, os cristãos celebravam o
modo como Jesus os havia libertado do pecado e expressavam sua esperança pelo dia
quando Cristo voltaria (1Co 11.26). A princípio, a Ceia do Senhor era uma refeição
completa que os cristãos partilhavam em suas casas. Cada convidado trazia um prato
para a mesa comum. A refeição começava com oração e com o comer de pedacinhos de
um único pão que representava o corpo partido de Cristo. Encerrava-se a refeição com
outra oração e a seguir participavam de uma taça de vinho, que representava o sangue
vertido de Cristo.

Algumas pessoas conjeturavam que os cristãos estavam participando de um


rito secreto quando observavam a Ceia do Senhor, e inventaram estranhas histórias a
respeito desses cultos. O imperador Trajano proscreveu essas reuniões secretas por volta
do ano 100 dC. Nesse tempo os cristãos começaram a observar a Ceia do Senhor
durante o culto matutino de adoração, aberto ao público.

- Batismo:

O batismo era um acontecimento comum da adoração cristã no templo de


Paulo (Ef 4.5). Contudo, os cristãos não foram os primeiros a celebrar o batismo. Os
judeus batizavam seus convertidos gentios; algumas seitas judaicas praticavam o
batismo como símbolo de purificação, e João Batista fez dele uma importante parte de
seu ministério. O NT não diz se Jesus batizava regularmente seus convertidos, mas
numa ocasião, pelo menos, antes da prisão de João, ele foi encontrado batizando. Em
todo o caso, os primitivos cristãos eram batizados em nome de Jesus, seguindo o seu
próprio exemplo (Mc 1.10; Gl 3.27).

Parece que os primitivos cristãos interpretavam o significado do batismo de


vários modos - como símbolo da morte de uma pessoa para o pecado (Rm 6.4; Gl 2.12),
da purificação de pecados (At 22.16; Ef 5.26), e da nova vida em Cristo (At 2.41; Rm
6.3). De quando em quando toda a família de um novo convertido era batizada (At
10.48; 16.33; 1Co 1.16), o que pode significar o desejo da pessoa de consagrar a Cristo
tudo quanto tinha.

- O Corpo de Cristo:
Paulo descreve a igreja como "um só corpo em Cristo" (Rm 12.5) e "seu
corpo" (Ef 1.23). Em outras palavras, a igreja encerra numa comunhão única de vida
divina todos os que são unidos a Cristo pelo ES mediante a fé. Esses participam da
ressurreição (Rm 6.8), e são a um tempo chamados e capacitados para continuar seu
ministério de servir e sofrer para abençoar a outros (1Co 12.14-26). Estão ligados numa
comunidade que personifica o reino de Deus no mundo.
Pelo fato de estarem ligados a outros cristãos, essas pessoas entendiam que
o que faziam com seus próprios corpos e capacidades era muito importante (Rm 12.1;
1Co 6.13-19; 2Co 5.10). Entendiam que as várias raças e classes tornam-se uma em
Cristo (1Co 12.3; Ef 2.14-22), e deviam aceitar-se e amar-se uns aos outros de um
modo que revelasse tal realidade.
Descrevendo a igreja com o corpo de Cristo, os primeiros cristãos
acentuaram que Cristo era o cabeça da igreja (Ef 5.23). Ele orientava as ações da igreja
e merecia todo o louvor que ela recebia. Todo o poder da igreja para adorar e servir era
dom de Cristo.
1.1.24 – Ecumenismo e Religiões comparadas
"Que pensais vós do Cristo? de quem é filho?" (Mt 22:42)
"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:15)
Vimos no estudo anterior que a vinda de Jesus Cristo nada teve de
casual, e nem mesmo de inesperada. Ele veio na plenitude dos tempos, e sua missão já
estava completamente elaborada antes da fundação do mundo. Muitos aspectos de sua
primeira vinda já tinham sido profetizados por muitas pessoas, desde a queda de Adão.
A Bíblia afirma claramente que Jesus, o Verbo divino, se fez carne e
andou entre os homens (Jo 1:14). Quando estudamos a pessoa e obra de Jesus, não
podemos fugir ao importante fato de Deus ter se encarnado e assumido a condição
humana, à semelhança de todos os homens. Igualmente importante é a pergunta: Jesus é
realmente Deus ou apenas um homem extraordinário? Todos os verdadeiros cristãos
crêem que Jesus é Deus, com todas as prerrogativas divinas do Pai. Mas há sustentação
bíblica para tal afirmação? Vejamos.
1. As características Exclusivas de Deus em Jesus
As Escrituras não afirmam explicitamente que Jesus é Deus, mas
deixam muito claro que o Filho possui todas as características e atributos de Deus, não
podendo ser tido por alguém menos que Deus. As provas são abundantes em todo o NT.
Comecemos pela idéia que Cristo a seu próprio respeito.
1.1. A Autoconsciência de Jesus
Jesus tinha uma clara consciência sobre sua pessoa. As alegações que
Jesus fez sobre sua própria pessoa não teriam sentido se Ele não tivesse sobre si mesmo
a clara noção de divindade. Tudo indica que Ele sabia que era Deus, pois disse:
Que os anjos eram seus, e os poderia enviar (Mt 13:41). Em Lc 12:8,9 e
15;10, os anjos são chamados anjos de Deus.
Que o reino dos Céus (Mt 13:24,31,33,44,45,47), que é o reino de Deus (Lc
17:20), é também o seu reino (Mt 13:41).
Ter autoridade para perdoar os pecados (Mc 2: 1-12), tarefa que cabe
exclusivamente a Deus. Aliás, por causa disso os fariseus o acusaram dizendo "Isto é
blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um que é Deus?". Perdoar pecados é
uma prerrogativa divina.
Que julgará todos os homens, separando os bons dos maus (Mt 25:31-46, Lc
13: 23-30). No AT, o Deus Todo-Poderoso, é o único chamado de Juiz de toda a terra
(Gn 18:25) e o único com prerrogativa de julgar as nações (Jz 11:27; Sl 75:7; Sl 82:8;
Ec 11:9 e 12:4). Só Deus pode exercer tal autoridade e poder.
Ser o Senhor do sábado (Mc 2: 27,28). O valor do sábado foi definido por
Deus (Ex 20: 8-11), e somente alguém igual a Deus poderia anular ou modificar essa
norma.
Ter autoridade pessoal no mesmo nível que a autoridade do AT (Mt
5:21,22,27,28). Nessas passagens, Jesus deixa claro ter autoridade para estabelecer
novos ensinamentos, no mesmo nível da autoridade que era dispensada ao ensino de
Moisés e dos profetas das Escrituras.
Ter poder para vivificar e ressuscitar os mortos (Jo 5:21). Somente Deus
teria poder para vivificar os mortos. Jesus não só alegou, como também ressuscitou a
várias pessoas (Lc 7:11-15; Mt 9:18,19,23-26; Jo 11:17-44). Mas de seus milagres, sem
dúvida, a ressurreição de si mesmo, foi seu maior sinal (Mt 12:39).
Ser a ressurreição e a vida (Jo 11:25). Alegava ter poder suficiente para
fazer tornar a viver qualquer que cresse nEle, mesmo que esta morresse. Um atributo
exclusivo do Senhor Deus, que Ele estava reivindicando nessa passagem.
1.2. Suas afirmações com respeito ao Pai
Jesus, alegou várias vezes possuir um relacionamento íntimo e mesmo
bastante incomum com o Pai, que soaria como loucura, caso Ele não Deus.
Ele afirma ser um com o Pai (Jo 10:33).
Afirma que quem O vê, vê o Pai (Jo 14: 7-9).
Afirma que preexistia antes de Abraão (Jo 8:58). Sua afirmação é no
presente "Eu Sou", semelhante ao nome com que o Deus Eterno se revelou a Moisés no
sinai (Ex 3:14,15). Isso ficou tão claro para os judeus (sua reivindicação de divindade),
que quiseram apredejar a Jesus por blasfêmia.
Afirma que quem O honra, está honrando o Pai (Jo 5:23).
Afirma ter a mesma natureza de vida que existe somente em Deus, o Pai (Jo
5:26).
1.3. As reações e afirmações das pessoas que conviveram com Ele
Várias pessoas do NT, que tiveram contacto com Jesus, se
manifestaram, uns contra, outros a favor, da clara posição e prerrogativa que Jesus
requeria e assumia para sua vida.
A reação do povo comum (Jo 7:11,12,31,40,41,46): muitos acreditavam ser
Ele o Messias prometido, outros que enganava o povo. Ninguém permanecia indiferente
ante a sua pessoa.
A reação e declaração do sumo sacerdote à resposta franca de Jesus (Mt 26:
62-65): a clara afirmação de Jesus que se sentaria a direita do Todo-Poderoso (o lugar
de honra, que só deveria ser dada a Deus), levou o sumo sacerdote a rasgar suas vestes
(ato realizado na presença de uma grande calamidade) e o sinédrio a sancionar a pena de
morte por blasfêmia, uma vez que Ele se fizera igual a Deus. Aliás, essa passagem é
uma das declarações mais claras da divindade de Jesus.
De alguns escribas e fariseus (Jo 19:7,8): que Ele se fez a si mesmo o Filho
de Deus.
A declaração de Tomé (Jo 20:28): "Senhor meu e Deus meu!!". Jesus aceita
a declaração e adoração de Tomé. Caso não fosse Deus, certamente Ele aproveitaria tal
oportunidade para corrigir uma concepção errada sobre a sua pessoa.
2. Vários Testemunho das Escrituras sobre a divindade de Jesus
2.1. No evangelho de João
João identifica Jesus como o Verbo pré-encarnado, a Palavra em ação.
Em Jo 1, lemos "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus" (vs.1). João deixa claro que Jesus é um com Deus, e ao mesmo tempo o distingue
de Deus (vs. 2). Afirma que todas as coisa foram feitas por meio dEle, e sem Ele nada
do que foi feito se fez (vs. 3). a Bíblia também afirma que no princípio todas as coisas
foram criadas por Deus (Gn 1:1), e assim João estabelece uma identificação entre Jesus
e o Deus Criador. Afirma também que esse Verbo divino se fez carne (vs. 14), e que
somente Ele revela plenamente a Deus (vs. 18). É um grande testemunho a respeito da
divindade do Filho.
2.2. Nos escritos de Paulo
Paulo mostra claramente sua crença na divindade de Jesus. Em Cl 1:15-20,
Paulo afirma que Jesus é a imagem do Deus invisível, no qual todas as coisa subsistem,
e que nEle reside toda a plenitude (veja também Cl 2:9).Paulo se refere ao julgamento
de Deus (Rm 2:3) e ao julgamento de Cristo (IITm 4:1; IICo 5:10), de maneira
intercambiável.
Em Fp 2:5-11, Paulo ensina que Jesus, sendo Deus, se autolimitou,
esvaziando-se a si mesmo de seus privilégios divinos e sendo reconhecido em figura
humana. Quando Paulo diz que Jesus tema forma (morphé no original) de Deus, a idéia
é que Cristo tem a mesma essência de Deus. Em outras palavras, o vs.5 quer dizer que,
embora Jesus tivesse a mesma essência de Deus, não utilizou isso em vantagem própria.
E logo em seguida deixa claro que virá um dia em que todos haverão de prestar honras e
louvores a Ele, numa linguagem só permitida a alguém que crê que Jesus seja realmente
Deus.
2.3. Nas outras epístolas
Em Hebreus: das epístolas não-paulinas, a de Hebreus, é a que mais
contrasta a divindade de Jesus com relação aos anjos e aos homens. Em Hb 1:3, afirma
que Jesus é o resplendor da glória e a expressão exata de Deus. Não somente isso, mas
também afirma que Jesus foi o meio pelo qual todas as coisas foram feitas (vs. 2), as
quais são sustentadas pela palavra do seu poder (vs. 3). Uma afirmação clara é
encontrada no vs.8, no qual Jesus é tratado por Deus: "mas acerca do Filho: O teu trono,
ó Deus, é para todo o sempre, e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino". A
epístola continua argumentando que Jesus é muito superior aos anjos (Hb 1:4 - 2:9), a
Moisés (3:1-6) e aos sumos sacerdotes (4:14 - 5:10). Mas o autor deixa claro que sua
superioridade não reside apenas em termos de posição hierárquica, mas sim de natureza
intrínseca, pois todos os outros são criaturas, mas o Filho é Deus. Vejamos nais alguns
argumentos da Biblia:
Em I João: em 1:1-3, Jesus é o Verbo da vida eterna, já pré-existente no
princípio de todas as coisas, juntamente com o Pai. No capítulo 5:20, Jesus é chamado
de Filho de Deus e explicitamente identificado como verdadeiro Deus e a vida eterna:
"Também sabemos que o Filho de Deus é vindo, e nos tem dado
entendimentopara reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro,em seu Filho
Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna."
Em II Pedro: em 1:1, Pedro também chama a Jesus de Deus e Salvador:
"Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram
fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo."
Em Apocalipse: em 1:8, o Senhor Deus Todo-Poderoso é apresentado como
o Alfa e o Ômega, que representado o princípio e o fim de todas as coisas. Mas em
1:17-18, Jesus se apresenta com os mesmos títulos outorgados ao Deus Todo-Poderoso:
"Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a sua
mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive; estive
morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e
do inferno."
Também em 19:16, Jesus recebe o título de Rei dos reis e Senhor dos
senhores, uma clara alusão a sua soberania e majestade divinas.
2.4. No uso comum do termo Senhor por todo o N.T.
Vários foram os nomes pelos quais as Escrituras provam ser Jesus, o próprio
Deus encarnado: Deus (Hb 1:8); Filho de Deus (Mt 16:16); Reis dos reis e Senhor dos
senhores (Ap 19:16); Verbo (Jo 1:1), etc. Mas é pelo título Senhor que Jesus é mais
conhecido. ainda que tal termo seja geral e não prove por si mesmo a divindade de
Jesus, em várias passagens ele realmente indica a posição divina que Jesus desfrutava.
Quando os judeus traduziram o A.T. para o grego, os nomes sagrados de
Deus Yahveh (YHWH) e Adonai, foram traduzidos por Kyrios (que quer dizer Senhor,
dono), sendo tido por um termo reverente. O termo era também usado respeitosamente
pelos romanos para se referir a César, como o Senhor. Somente por estas razões, este
termo quando aplicado a Jesus já deveria dar suficiente conotação da divindade de
Jesus. Mas além disso, várias passagens que se referem a Jesus como Senhor são na
verdade citações do A.T., onde o nome original de Deus foi traduzido por Senhor (At 2:
20,21 em contraste com o 36 e Rm 10: 9, 13 e verifique Jl 2: 31,32; I Pe 3:15, confira
com Is 8:13). O título aqui dado a Jesus é no mesmo sentido que o A.T. dava ao Deus
Todo-Poderoso. Há outros textos que o título Senhor é usado tanto para o Pai (Mt 1;20;
9:38; At 17;24) quanto para o Filho (Lc 2:11; Jo 20:28; I Co 2:8; Fp 2;11).
Para o judeu, chamar a Jesus de Senhor, seria colocá-lO na mesma posição
de igualdade com o Deus das Escrituras. Os escritores do N.T., tinham isso em mente ao
se referir, muitas vezes, a Jesus como Senhor.
1.1.25 – História da igreja II, Medieval
Três fatores principais se combinaram para produzir a civilização européia
dos começos da Idade Média: o cristianismo, a influência dos bárbaros germânicos e a
herança das culturas clássicas. O efeito do terceiro foi provavelmente menor que o dos
outros. Fora do âmbito da filosofia, as civilizações grega e helenística tiveram uma
influência relativamente pequena. Se bem que a herança romana fosse ainda poderosa,
os homens do começo da Idade Média rejeitaram certos aspectos dela como
incompatíveis com o cristianismo e barbarizaram boa parte do resto.
História de Jesus
O principal alicerce da nova cultura foi a religião cristã, cujo fundador,
Jesus de Nazaré, nasceu numa cidadezinha da Judéia por volta do começo da era cristã e
foi executado cerca de trinta anos depois, no reinado de Tibério.
A crucificação de Jesus assinala um ponto decisivo da história cristã. A
princípio a morte do Mestre foi considerada pelos discípulos como o fim das suas
esperanças. Esse desespero, porem, não tardou a desvanecer-se, pois começaram a
circular boato de que ele estava vivo e fora visto por alguns dos seus adeptos mais
chegados. Os restantes dos fiéis convenceram-se sem dificuldade de que ele ressuscitara
dos mortos e era realmente um ser divino. Recobrando a coragem, reorganizou o
pequeno grupo e puseram-se a pregar e a testemunhar em nome do seu chefe
martirizado. Foi essa maneira obscura que nasceu mais uma das grandes religiões do
mundo, destinada a abalar os fundamentos do próprio império romano.
Vamos falar aqui do verdadeiro Jesus, não do Jesus dos altares. Tampouco
daquele que cada um traz no peito quando comunga da fé dos cristãos o Jesus histórico
é o personagem que nasceu viveu e morreu na Palestina, em carne e osso, num período
histórico determinado, numa época em que reinava o imperador Augusto. Por volta do
ano 6 a.C. e por volta do ano 30 a.C foi condenado à morte sob as ordens de Poncio
Pilatos. Naquela época os cristãos eram terrivelmente perseguidos por Herodes, porque
eles se negavam a adorar o imperador e a cultura os deuses de Roma, os cristãos foram
considerados fora da lei e sua religião, colocada na ilegalidade. Os cristãos eram
considerados inimigos da espécie humana.
O estado era acostumado a regular de maneira absoluta a vida religiosa de
seus súditos e como os cristãos não aceitavam a submissão, entraram em choque com o
Estado, formou-se uma forte oposição contra o Estado Romano, nutrindo sentimento de
hostilidade pela instituição imperial e preferindo a companhia dos que lutavam contra o
poder.
Segundo alguns estudiosos americanos que analisaram os quatro
evangelistas, Marcus, Mateus, Lucas e João, que eles não tem valor como prova
material da existência de Cristo. Cabe a todo bom cristão, seja ele, católico ou
evangélico ouvir os ensinamentos religiosos.
No seu início, o cristianismo era uma seita do meio rural judaico que
congregava uma pequena comunidade reunida em torno dos ensinamentos de Jesus.
Seus adeptos estavam ali mais para ajudar uns aos outros do que em busca da salvação
eterna. O cristianismo cresceu e se espalhou no mundo empurrado pela força poderosa
de sua mensagem. O mandamento do amor ao próximo como a si mesmo foi uma
novidade completa para a época.
A capacidade de servir ao outro foi à moda propulsora que transformou a
seita de dissidente Judeus em religião oficial do Império Romano no curto espaço de
300 anos.
Além de Jesus não pedir nada para si mesmo, Cristo pregava a fé em um só
Deus, Deus único, verdadeiro, falava também de um reino de paz, amor e solidariedade.
Isso não agradava aos donos do poder Romano e nem a hierarquia religiosa Judaica, não
ficava bem um Jovem sem profissão ou título definidos fossem anunciado como o Filho
de Deus e mais ainda que convidasse imorais e gente de outras religiões a compartilhar
desse Deus. De acordo com Boscov (2002: 89) “Essas duas coisas já bastaram para
fazer de Jesus um alvo.
Mas ele tinha ainda, segundo os Evangelhos, o dom de operar imensos
milagres, como curar leprosos, multiplicar os alimentos e ressuscitar os mortos. Tudo
isso era motivo para o crescimento de sua fama e para que suas palavras atraíssem cada
vez mais ouvintes. Ainda segundo Boscov (2004:90) “Num acordo político ainda não
esclarecedor para os historiadores, o sacerdote Caifás e o governador Pilatos”.
Decidiram, então, condenar Jesus, pelos simples fatos de que ele atraia os olhares para
se e por invadir o Templo de Jerusalém para expulsar os comerciantes que trabalhavam
ali. E como forma de humilhá-lo ao máximo, o Nazareno teve uma coroa de espinhos
fincada em sua cabeça e o fizeram carregar sua própria cruz até o monte chamado
“Golgota”, onde foi crucificado entre dos ladrões.
Nem os doze discípulos de Jesus esperavam por um desfecho tão trágico.
Mas foi por causa desse final trágico, prematuro e aparentemente injusto que, nos anos
seguintes à morte de Jesus, um embrião de Igreja surgiu em torno dele. A principal
razão gira em torno dos maiores mistérios ligados a Jesus, e também um dos dogmas
mais sagrados do cristianismo (a Ressurreição). Os relatos Evangélicos são
contundentes de que, após sua morte, Jesus se fez ver em várias ocasiões, por seus
discípulos. De acordo com Cardoso (1999: 26) “Se Deus o fez ressurgir dos mortos, ele
não era apenas um mensageiro divino, como seus seguidores provavelmente o julgavam
de início. Teria de ser o próprio Messias”. Séculos de estudo e debates teológicos ainda
não deram conta de todas as implicações da paixão e Ressurreição de Cristo. Mas elas
estão na essência da maneira como os cristãos enxergaram a enxergam Jesus no
decorrer de 2000 mil anos. Os ensinamentos que foi se cimentando nos primeiros
séculos da Igreja pregam que Cristo tem uma dupla natureza:
é integralmente divino e totalmente humano. “É divino porque é uma das
três formas de Deus – a Santíssima Trindade, composta por Pai, Filho e Espírito Santo –
e, como tal, existe desde antes da criação”(CARDOSO 1999:168). Jesus é Deus
encarnado em homem. Mas Jesus é também porque nasceu de uma mulher e viveu entre
os homens. A ressurreição justifica a crença na vida eterna e também indica que os
homens também podem ter um lugar ao lado do merecimento de cada um frente aos
ensinamentos de Jesus.
Diante do que já observarmos a intenção de Jesus não parecia ser fundar
uma Igreja, mas sim uma nova forma de viver em sociedade, onde o bem maior seria: o
amor, a solidariedade, a caridade e amizade. Mas de uma forma ou de outra a passagem
do Cristo pela Terra e os seus ensinamentos culminaram no cristianismo como religião e
na fundação da Igreja Católica. A “cristandade”, nunca primou pela a homogeneidade e
por isso no decorrer dos séculos Jesus tenha adquirido representações diversas. Quanto
à Igreja nos seus primeiros séculos, Jesus era quase sempre representado num trono,
com uma esfera que simboliza o mundo nas mãos.
Era o chamado Pantocrator, a palavra grega para “Senhor de todas as
coisas”. Sob forte influência da filosofia helênica, o que se acentuava aí não era a
dimensão humana de Jesus, mas, ao contrário, a sua majestade – a garantia de que o
mundo seria regido por uma ordem eterna superior. (BOSCOV, 2002: 90)
Entre a Antiguidade e a Idade Média é considerado um dos períodos mais
obscuros da história da humanidade. Mas o que surgiu dele, nos séculos XII a XIV, é
um outro Jesus (o cristo humano). É dessa época que vem o cristo crucificado, é a
crença em cristo pelos seguimentos dos mais relevantes para a história do cristianismo.
Também foi o das imitações do modo de vida de Cristo.
De acordo com Kostman (1979:185)
O cristianismo, embora violentamente perseguido, contribuiu de maneira
indireta, mas bastante acentuada, para a evolução do direito. Isso porque, ao contacto
dos cristãos, e mesmo quando ainda sujeitos a todos os vexames e a todas as calúnias, a
nova mentalidade de justiça, de fraternidade e de igualdade que eles procuravam
implantar ia insensivelmente ganhando terreno entre os seus próprios inimigos. Como
freqüentemente acontece às idéias novas e combatidas, alguns dos imperadores que
mais perseguiram o cristianismo promulgaram leis onde, individualmente, se revela
forte influência da nova doutrina por eles considerada indesejável.
Ainda segundo Kostman (1979:18). “E interessante que muitos dos mais
afamados jurisconsultos, desses homens que introduziram no direito romano as
concepções e a nova mentalidade de justiça divulgada pelos cristãos, viveram
exatamente no incerto e agitado período da anarquia militar”.
Diante do contexto percebe-se que o cristianismo mesmo tendo sido
rejeitado e os cristãos perseguidos, no início dos tempos, teve forte influência nos mais
diversos segmentos da sociedade antiga. Mas que até hoje tem forte influência sobre
nossa cultura. Isso significa que apesar da decadência da Igreja devido ao
desenvolvimento da ciência e da tecnologia, o cristianismo tem mostrado uma
resistência espetacular, e recompõe a cada revés ou ataque.
A fé é um sentimento que só quem tem a conhece. Aqueles que não tem fé
se julgam superior aos que tem e os que têm fé olham para os descrentes com pena. O
sentimento da fé, e o seu desdobramento na forma de religião organizada têm se
dividido em duas correntes. Uma busca em razões exteriores, freqüentemente de cunho
utilitarista. Outra as localiza nas profundezas da natureza humana.
A mente humana exige explicações para o sentido da vida, a fé seria, então a
explicação para tudo que a mente humana e a ciência não consegue explicar, nosso
coração preciso de conforto e as sociedades não floresce sem a ordem legitimada por
inspirações divina. A religião atenua nosso terror diante da finitude da vida, dá alguma
explicação para a origem do mundo, impõe obediência a valores morais essenciais para
a convivência humana. Se Deus não existe, tudo é permitido (BOSCOV, 2002:118).
Diante do citado percebe-se que a religião, a fé e a Igreja funcionam como
amenizadores de conflitos e mantenedores da moral e dos bons costumes. Além de
semear a justiça a solidariedade e o amor ao próximo.
1.1.26 – História da Igreja III, Contemporânea
A Igreja Contemporânea foi fundada no Rio de Janeiro por Marcos
Gledstone em 2006. Gledstone é formado em Teologia pela Universidade Metodista
Benett, advogado, homossexual e vai se casar com um presbítero de sua igreja em
meados desse ano. Ele alega que fundou essa Igreja com o intuito de amparar aqueles
que são renegados por sua orientação homossexual. Pensou anteriormente em abrir uma
filial da Comunidade Metropolitana, mas resolveu abrir uma congregação própria por
divergência de valores. Pense na criação desta igreja como a criação de uma empresa
qualquer. O fundador estuda o mercado, verifica qual o público alvo e quais os métodos
legais de alcançar esse público. Foi isso que Gledston fez; ao constatar o óbvio
crescimento da comunidade gay, ele abriu uma igreja com a proposta de ser inovadora,
voltada para aquele público em específico que não tinha um amparo. Assim a
concorrência é pouca e existem grandes chances dele crescer no mercado.
Católicos romanos não negam a suficiencia de Cristo, no entanto dão tanta
importância à Maria como intercessora que na prática ela é considerada co-redentora.
Os protestantes, mesmo respeitando a pessoa de Maria reafirmaram a verdade bíblica de
que não há outro mediador entre Deus e o homem, além de Jesus Cristo. Porém, os
evangélicos modernos tem feito a salvação depender da mediação de homens e
denominações, praticamente endeusando apóstolos, bispos e levitas. Precisamos
reafirmar Jesus Cristo somente!
Ao perceber a realidade da chamada Igreja moderna e notando que esta se
coloca no contexto social de forma abrupta modificando tudo aquilo que se entende
como um cristianismo normal, não se pode afirmar que Cristo seja visto nesta Igreja da
mesma forma que era visto nas igreja primitiva e medieval.
Pode-se inferir que a metodologia desta igreja faz com que se note uma
forma de cultuar a Deus pautada na aberração. Eles utilizam o texto sacrossanto para
defenderem a sua idéia causando uma profunda confusão na mente dos cristão sérios.
2 – A pessoa de Jesus
2.1 Conceito

I João 1. 1 – 4 – João inicia a sua primeira epístola de modo semelhante ao


seu Evangelho: mostrando a divindade de Jesus Cristo e Sua eternidade. Ele é quem traz
Deus Pai ao conhecimento dos homens. Ele trouxe consigo a revelação da vida eterna.
Aceitando a Sua mensagem o homem tem comunhão com Deus e tem como resultado a
alegria, o gozo completo, portanto, a felicidade. Assim de um modo sutil, João começa
destruindo os argumentos e doutrinas gnósticas. Os falsos mestres gnósticos tinham
reduzido Cristo a apenas um dos ‘aeons’ ou seja, a um dos mediadores angelicais ente
Deus e os homens. Para a maioria dos gnósticos, Cristo, nem ao menos, era o ‘aeon’
superior. Eles tinham muitos outros ‘aeons’ que faziam a intermediação. Deus,
segundo a teoria deles, ficava isolado nos mais altos céus, pois não poderia contaminar-
se pelo contato com a matéria, pois a matéria, para eles, era o princípio do pecado. Por
essa razão, Deus estabeleceu uma longa sucessão de mediadores sombrios, até que
finalmente, nas trevas totais, um dos ‘aeons’ - que seria um ser imperfeito – entrou em
contato com a matéria, fazendo assim a mediação entre o espírito e a matéria. Alguém
para chegar a Deus, teria que passar através de muitíssimas emanações. O apóstolo
João, logo de saída nega isto pela afirmação que faz: O Verbo é o único Mediador e Ele
pode conferir-nos perfeita comunhão com o Pai. E Ele teve um corpo real e não
aparente, como eles ensinavam, pois, o próprio autor dá testemunho de tê-Lo
contemplado e apalpado com as próprias mãos. Mas, não é só isso: o homem, por meio
de Cristo, pode ter comunhão com Deus Pai. Assim, sem mencionar os falsos mestres,
logo de saída, desfaz um dos seus principais argumentos. Os gnósticos ensinavam o
deísmo, isto é, Deus criou (para eles: emanou) todas as coisas, mas Ele não tem contato
com a Sua criação, e muito menos com a sua parte material. Para eles, Deus é intocável
e inabalável, sendo mediado em suas supostas muitas ondas de emanações. Ora, o
Cristianismo crê e ensina o teísmo, isto é, Deus não somente criou todas as coisas, como
também governa e mantém contato com a Sua criação. Ele dirige e interfere no curso da
História Humana, recompensando e castigando. Na plenitude dos tempos (usando a
linguagem de Paulo), Ele enviou Jesus Cristo, o único Mediador entre Deus e os
homens, para cumprir a Sua promessa feita ao homem ainda no Jardim do Éden.

Antes de começar a análise do texto, é necessária uma breve consideração


com relação a Jesus Cristo. Sabemos que o nome Jesus significa: Salvador. Este nome
foi-Lhe dado por ordem divina através do anjo que falou com José (Mateus 1. 21)
dizendo: “ela dará à luz um filho, a quem chamarás Jesus, porque Ele salvará o Seu
povo dos seus pecados.” O nome Jesus representa o Filho de Deus encarnado, Jesus, o
homem. Cristo, é a forma grega do hebraico Messias, que significa Ungido. Cristo,
portanto, representa a segunda pessoa da Trindade divina tornada em homem. Ao dizer
simplesmente Jesus salientamos a Sua humanidade e Cristo, a Sua divindade. Jesus
Cristo indica que Ele é perfeitamente homem e perfeitamente Deus. Em nossa
linguagem usual não fazemos distinção, mas os gnósticos faziam, pois, como vimos,
para uns Jesus era o homem que no ato do batismo foi revestido pelo Cristo (o Espírito
de Deus) que o abandonou na cruz, morrendo assim apenas o homem. Para outros, Jesus
parecia homem (docéticos), mas na realidade era Cristo somente (O Deus humanado).
João, logo na introdução, destrói estas heresias.

A divindade de Cristo – Nos tópicos anteriores falamos que Jesus era


perfeitamente homem e, ao mesmo tempo, perfeitamente Deus. Para os homens isto é
um mistério. Muitos têm dificuldade em aceitar esta verdade. Recentemente falando
com uma das minhas tias, ela, em sua argumentação, mostrou a dificuldade em aceitar a
divindade de Jesus Cristo. Dizia ela: Se Jesus era Deus e morreu na Cruz, quem estava
governando o mundo naquele momento? Muitos têm dificuldade em aceitar a
divindade de Cristo por não aceitar, pela fé, a Trindade Divina: Deus é um só, mas tem
uma existência triúna Ele manifesta-se também duma maneira triúna: Deus Pai, Deus
Filho e Deus Espírito Santo. Para a mente humana, que é finita, é de difícil
compreensão, como um só Deus pode existir em três pessoas distintas. Mas, aqui na
terra, nós temos exemplificação de um só apresentar-se em três aspectos diferentes: o
sol é um só, mas o sol é luz, o sol é calor e o sol é vida. Naturalmente a complexidade
da Trindade Divina é grande, mas, pela fé, mesmo sem entender perfeitamente como
isto pode ser, nós cremos. Devemos lembrar que a Trindade Divina não pode ser
separada: onde está Deus Pai, ali estão Deus Filho e Deus Espírito Santo; onde está
Deus Filho, ali estão Deus Pai e Deus Espírito Santo e onde está Deus Espírito Santo,
estão também Deus Pai e Deus Filho. As três pessoas da Trindade Divina são eternas.
Cada pessoa da Trindade tem um papel especial na redenção do homem: Deus Pai
planejou a salvação e preparou o mundo para a vinda do Filho: o Filho veio, tomando a
forma humana, aqui vivendo, ensinando, curando e finalmente dando a Sua vida na
Cruz do Calvário e Deus Espírito Santo é quem convence o homem do pecado, da
justiça e do juízo. É Ele quem regenera e santifica o homem. Ele é quem reveste o
homem do Seu poder para que este possa vencer o seu pecado e realizar as obras de
Deus. O apóstolo João, logo de saída, deixa de forma bem clara a divindade de Jesus
Cristo, como o Verbo eterno de Deus. No decorrer de toda a epístola ele fala da
divindade de Cristo e de estar com o Pai e ser um com o Pai, como, por exemplo, no
cap. 2. 22 – 23 : “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo?
Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho,
também não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai.” Estes
versos mostram que negar o Filho, significa não ter o Pai, o que nos leva à conclusão
de que o Filho e o Pai são um, o que o próprio Senhor havia afirmado quando esteve na
terra: “”Eu e o Pai somos um” (João 10. 30). Depois no cap. 4. 15 o apóstolo continua
mostrando a divindade de Jesus Cristo: “Aquele que confessa que Jesus é o Filho de
Deus, Deus permanece nEle e Ele em Deus.” João não diz que “aquele que confessa
que Jesus é um filho de Deus, mas, o Filho de Deus. O artigo definido mostra que Jesus
Cristo não é um dos filhos de Deus, mas o único Filho de Deus. E qual o motivo que os
judeus acharam para condenar Jesus a morrer na cruz? Não foi pelo fato de confessar
que era o próprio Filho de Deus? (Mat. 26. 62 – 66) Neste texto Jesus não só declarou
que era Filho de Deus, mas que eles veriam o Filho do Homem assentado à direita do
Todo Poderoso, e vindo sobre as nuvens. Também no início do Seu ministério terreno,
após curar um paralítico, ao ser questionado pelos judeus por que fizera a cura num dia
de sábado, Ele respondeu: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por
isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado,
mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (João 5. 17
– 18). Nesta epístola João não só confirma a divindade de Jesus Cristo, como a enfatiza
no decorrer de toda ela.

A revelação da pessoa de Cristo foi a poucos para que estes testificassem e


anunciassem a todos – 1. 2, 3 – Outro aspecto da manifestação do Verbo da vida
salientada por João é que ela foi dada para um grupo reduzido – os discípulos e
apóstolos em particular – que viu, contemplou e teve contato pessoal e íntimo com Ele,
para que este grupo testificasse e anunciasse a vida eterna que estava com o Pai e que
lhes foi manifestada. Esta vida eterna não diz respeito apenas a uma vida sem fim, mas a
vida espiritual que Jesus veio manifestar e que estava com o Pai. Vida eterna indica
assim a idéia da modalidade de vida que estava com Deus e foi revelada por Jesus.
Logo, vida eterna não diz respeito tão somente ao aspecto quantitativo (para sempre),
mas também ao aspecto qualitativo, a modalidade de vida. A fonte de toda a vida é o
Pai e essa vida é transmitida aos remidos por intermédio de Jesus Cristo. Os apóstolos
receberam a revelação de Deus através de Jesus, não para monopolizá-la, mas para
proclamá-la a todos os homens.

2.2 - Sua - Pré-existência

O Cristo pré-encarnado – 1. 1, – O apóstolo João começa sua epístola com


estas palavras: “O que era desde o princípio...” Vemos assim que João começa
afirmando sobre a eternidade de Jesus Cristo. Vemos que no princípio Ele já existia. Se
Ele existia no princípio, Ele é eterno. E isto concorda com o que ele apresenta no início
do seu Evangelho: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus” (João 1. 1, 2). O apóstolo não tinha nenhuma
dúvida de que Jesus Cristo era Deus e sempre existiu. Quando Jesus, no discurso sobre
Sua missão, diz que “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; viu-o e alegrou-se”
(João 8. 56) e os seus adversários perguntam: “Ainda não tens cinquenta anos, e viste
Abraão?” ( João 8. 57), fala-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo que antes que
Abrão existisse, Eu sou” (João 8. 58). Aquele que não tem princípio, que existia
quando o princípio apareceu e que podia dizer de si mesmo: “Antes de Abraão, Eu sou”,
é eterno.

O segundo versículo diz: “Pois a Vida foi manifestada, e nós a temos visto,
e dela testificamos, e vos anunciamos a Vida eterna que estava com o Pai, e a nós foi
manifestada” (Almeida). A Bíblia Viva traduz assim o versículo 2: “Este que é a vida,
que vem de Deus, foi revelado a nós, e nós asseguramos que O vimos; eu estou falando
de Cristo, Aquele que é a Vida Eterna. Ele estava com o Pai, e depois foi revelado a
nós.” Aqui, Jesus é chamado a Vida e Vida Eterna. Ainda mais, Ele estava com o Pai e
na plenitude dos tempos Ele foi manifesto aos homens. Assim, Cristo pré-encarnado, é
o próprio Deus, a segunda pessoa da Trindade. Ele é um com o Pai e é eterno. Ele não
teve princípio. Para a nossa mente humana é difícil entender a idéia de uma eternidade
sem princípio. A Bíblia começa relatando o início do “princípio” : “No princípio criou
Deus os céus e a terra” ( Gênesis 1. 1). Num determinado ponto da eternidade começa a
história do universo: é o princípio. Antes do princípio só Deus existia em sua triunidade:
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. João começa falando sobre este princípio.
Neste princípio vamos encontrar “o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era
Deus... todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e sem Ele nada do que foi feito
se fez” (João 1. 1, 3). O Evangelho eleva o sentido do termo princípio, dando a
entender tratar-se da “eternidade passada e sem data.” Nesta eternidade, quando ainda
não havia distinções de tempo, conforme nós concebemos hoje, o Verbo (Cristo) já
estava presente. Ele transcende a todas as considerações de tempo, pois Ele mesmo é
eterno e divino. Ao começar a criação, em sua forma espiritual, antes de existir qualquer
matéria, o Verbo eterno já era a mensagem de Deus para a Sua criação. Este Verbo é
também “Vida”, porquanto Ele é a Palavra da Vida. E isso quer dizer que toda a vida,
física ou espiritual, tem a origem nEle.

O apóstolo João não é o único que ensina a preexistência e a eternidade de


Cristo. Jesus, como citamos há pouco, também ensinou, nessa e em outras passagens
que Ele era eterno. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Colossenses, também demonstra
de forma magnífica a preexistência e eternidade de Cristo: “Ele é a imagem do Deus
invisível, o primogênito de toda a criação; pois nEle foram criadas todas as coisas, nos
céus, sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi feito por meio dEle e para Ele. Ele é antes de
todas as coisas. Nele tudo subsiste” (Col. 1. 15 – 17). O ensino de Paulo concorda com
o ensino de João: “Ele é antes de todas as coisas”. Com esta declaração da
preexistência e eternidade de Cristo, todos os argumentos dos falsos mestres gnósticos
caem por terra. Ele não é um simples ‘aeon’, Ele é o Verbo, o Deus eterno! João deixa
bem claro que o Verbo, Cristo, existia antes de Sua manifestação histórica; a pregação
do Evangelho veio depois

2.3 – Encarnação

As afirmações de João a respeito da humanidade de Jesus Cristo é de


importância fundamental para a nossa fé. Adão e Eva pecaram. Como pais de toda a
raça humana, o pecado foi transmitido a toda a sua descendência, isto é, a todos os
homens. Todos os meios para a salvação do homem eram e são insuficientes para que o
pecado seja vencido. Era preciso que alguém, que fosse homem, mas não tivesse
pecado, resgatasse os homens dos seus pecados. Jesus Cristo satisfez esta condição. De
que maneira?

2.3.1 - Forma

O próprio Deus Eterno, Criador de todas as coisas, tomou a forma de


homem, pelo mesmo processo do nascimento de todos os homens, com uma única
diferença: não teve um pai humano. Deus utilizou-se de uma virgem, que Lhe era
temente e fiel para trazer o Salvador ao mundo. A geração de Jesus no ventre da virgem
Maria foi obra do Espírito Santo. Temos o registro de Lucas sobre este acontecimento:
“Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Este será
grande e será chamado Filho do Altíssimo; o Senhor Deus Lhe dará o trono de Davi,
seu pai; e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. Então
Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?
Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá
com a sua sombra: por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus” (
Lucas 1. 31 – 35).

2.3.2 – Possuía um corpo humano


O Cristo sendo Deus, fez-se homem para trazer a revelação final de Deus e
fazer a obra de redenção do homem. João no início desta epístola testifica que Jesus era
de fato homem, ao qual ele e outras testemunhas ouviram, viram com os próprios olhos
e apalparam com as mãos! Jesus era realmente homem, de carne e osso e não
simplesmente uma aparência ou um fantasma. Também não era apenas um homem, no
qual, no ato do batismo, o Espírito de Cristo tomou posse do seu corpo para abandoná-
lo na hora da crucificação. Jesus Cristo, o Verbo, como vimos no primeiro ponto deste
tópico, é a segunda pessoa da Trindade Divina, que sempre existiu, mas que, num
determinado ponto da História Humana (na plenitude dos tempos, na linguagem de
Paulo), adentrou nela, com Sua natureza divina, recebendo também uma natureza
humana. O Jesus Cristo histórico (pois teve uma existência real aqui na terra) teve uma
natureza humana e uma natureza divina. Nisto residia Sua força e Seu poder. Ele foi
capaz de não pecar, apesar de todas as tentações pelas quais passou.

2.3.3 – Foi sujeito as limitações humanas

Não se deve pensar que as tentações de Jesus são resumidas nos quarenta
dias que passou no deserto tentado pelo diabo (Lucas 4. 1 – 13). Ele sofreu tentações
durante toda a Sua vida, como qualquer um de nós sofre. Aliás, na verdade, Ele sofreu
muito mais tentações do que nós, pois o diabo sabia quem Ele era e se conseguisse fazê-
Lo cair em uma tentação apenas, Jesus Cristo seria derrotado e não poderia executar a
obra de redenção dos homens. A maior tentação do inimigo era desviá-lo do caminho da
Cruz. Se lermos com cuidado os Evangelhos, iremos ver, quantas vezes o diabo tentou
afastar Jesus deste caminho. Mesmo estando na cruz, a tentação veio pelos seus
inimigos terrenos: “Se Tu és Filho de Deus, desce desta cruz e nós creremos em Ti”. Os
homens, de um modo geral, quando desafiados assim, querem provar que são capazes
de fazer aquilo que se lhes pede. Jesus poderia ter descido da cruz para provar que tinha
este poder, mas onde ficaria o plano de Deus para a salvação dos homens? Por isso Ele
resistiu a esta última tentação.

2.3.4 – Provou a morte como qualquer outro ser humano

Jesus não morreu num acidente, nem de doença, tampouco de velhice.


Mataram Jesus, torturando-o antes (Lc 22, 63; Mc 15, 15-27) e pregando-o numa cruz
(Mt 27, 35; Mc 15, 25; Lc 23, 33; Jo 19, 18). Assassinaram-no. Mas o que entendemos
por cruz??

Unicamente por meio de Cristo temos a esperança de uma vida futura. Se


Deus não tivesse estado disposto a dar Seu Filho para morrer em nosso lugar, a morte
teria sido o termo final da existência do homem. Visto, porém, como Cristo veio, viveu
uma vida de obediência perfeita, morreu em nosso lugar e ressurgiu, agora temos a
esperança de uma vida futura; vida gloriosa da qual estarão para sempre banidos o
pecado a doença, a tristeza e a morte.

O plano divino para os que morrem antes da vinda do Senhor acha-se bem
ilustrado no caso de Lázaro. Jesus disse aos discípulos que Lázaro dormia e então
explicou que falava da morte de Seu amigo como um sono. Quando Cristo disse a Marta
que Lázaro ressurgiria, disse Marta: "Eu sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no
último dia." S. João 11:24. Ela ouvira os ensinos de Cristo. Aguardava a ressurreição
final. Cristo então mostrou o que acontecerá quando Ele vier pela segunda vez.
Pondo-se à entrada do túmulo aberto, Jesus chamou: "Lázaro, vem para
fora." A Bíblia diz que Lázaro obedeceu à voz do Doador de vida e saiu, ainda envolto
na mortalha.
Cristo provou que alcançara a vitória sobre a morte mediante Sua
ressurreição. Sua morte pagou o preço de nossos pecados. Não O quereis aceitar hoje,
assegurando-vos a vida eterna quando a trombeta de Deus soar, por ocasião da vinda de
nosso Senhor?
2.4 – Jesus como Deus.
Jesus é Deus – O que a Bíblia diz sobre a divindade de Jesus?
A Bíblia, a fonte mais antiga e a mais historicamente confiável, diz na
verdade que Jesus é Deus? O que a Bíblia nos diz sobre Jesus e Sua identidade?
Vamos dar uma olhada em algumas das muitas passagens que claramente e
consistentemente respondem a essa pergunta, direto das páginas das Escrituras. Vamos
começar voltando uns 700 anos antes da vida de Cristo, ao livro do Velho Testamento
chamado de Isaías.
Jesus é Deus – Profecias
Messias Divino predito no Velho Testamento
Isaías 7:14: “Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma
virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.”1
“Emanuel” literalmente significa: “Deus conosco”. Veja também Mateus
1:23; Jesus era “Deus conosco”.
Esse Messias seria um filho humano, mas teria uma natureza superior
Isaías 9:6: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo
estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte,
Pai Eterno, Príncipe da Paz.”
Essa declaração era bem radical vindo de um profeta judeu e monoteísta--
principalmente ao chamar um ser humano de “Deus Forte”; essa foi uma declaração que
Deus realizou séculos depois em Cristo.
Uns 200 anos depois, mas ainda mais de 500 anos antes de Jesus andar na
terra, mais foi predito sobre a natureza divina do Messias
Daniel 7:13-14: “Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que
vinha com as nuvens do céu um como filho de homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e
foi apresentado diante dele. E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos
os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não
passará, e o seu reino tal, que não será destruído.”
“Filho do Homem“ foi o primeiro título que Jesus usou sobre Si mesmo – e
essa passagem mostra que esse título foi uma clara e forte afirmação de Sua divindade.
Em Marcos, o primeiro Evangelho a ser escrito, Ele também incluiu a frase: “vindo com
as nuvens do céu“ (Marcos 14:62). Seus ouvintes entenderam a mensagem, recusaram-
se nela acreditar e a usaram como mais um motivo para matá-lO.
Jesus é Deus – Seu ministério terreno
O bebê Jesus foi adorado pelos Reis Magos
Mateus 2:11: “E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e,
prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro
incenso e mirra.”
Além de terem sido guiados ao local onde Jesus tinha nascido, esse Magos
aparentemente tinham sido informados por Deus sobre a identidade divina de Jesus, por
isso responderam apropriadamente com adoração.
Jesus aceitou adoração dos Seus discípulos Mateus 14:32-33: “E logo que
subiram para o barco, o vento cessou. Então os que estavam no barco adoraram-no,
dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.’”
Na cultura judaica, apenas o único Deus verdadeiro pode ser adorado; as
ações dos discípulos mostram que reconheciam Jesus como sendo divino. Veja que
Jesus não os corrigiu ou disse: “Vocês não estão vendo que sou apenas um profeta
mortal? Parem de me adorar!“ Ao invés, Ele aceitou o seu louvor, sabendo que Ele
realmente era Deus em carne humana.
A exclamação de Jesus sobre Si mesmo
João 8:58-59: "‘Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo
que antes que Abraão existisse, eu sou. Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas
Jesus ocultou-se, e saiu do templo.”
Essa é uma afirmação duplamente poderosa de Jesus: primeiro, que Ele já
existia antes de obter a forma humana e que Ele já vivia e estava presente (como Deus)
antes de Abraão; segundo, que Seu título era “Eu sou” --o mesmo título usado por Deus
Jeová em Êxodo 3:14. Seus ouvintes novamente compreenderam a mensagem e
apanharam pedras para executá-lO.
Mais uma afirmação de Jesus sobre Sua divindade
João 10:30-33: “‘Eu e o Pai somos um. Os judeus pegaram então outra vez
em pedras para o apedrejar. Disse-lhes Jesus: Muitas obras boas da parte de meu Pai vos
tenho mostrado; por qual destas obras ides apedrejar-me?Responderam-lhe os judeus:
Não é por nenhuma obra boa que vamos apedrejar-te, mas por blasfêmia; e porque,
sendo tu homem, te fazes Deus.”
Essa passagem não poderia ter deixado mais claro que os ouvintes altamente
educados de Jesus compreenderam Sua declaração de divindade. Eles só tinham duas
respostas possíveis: humilhar-se e prostrar-se diante dEle como os reis Magos e os
discípulos tinham feito, ou rejeitar Sua afirmação e acusá-lO de blasfêmia. Infelizmente
escolheram a segunda opção. Note que Jesus não nega a sua acusação porque estavam
corretos. Ele realmente estava afirmando ser Deus!
A resposta de Tomé ao Jesus ressurreto
João 20:27-29: “Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as
minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas
crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me
viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.’"
Esse discípulo reconheceu, por causa da ressurreição de Jesus, quem Jesus
realmente era – e humildemente adorou a Jesus e declarou Sua verdadeira identidade:
“Senhor meu, e Deus meu!“ Jesus não só aceitou essa declaração, mas abençoa a todos
os discípulos – e a todos nós hoje – que chegam à mesma conclusão e demonstram
humildemente o seu louvor.

2.4.1 – União hipostática


União hipostática (também conhecida como união mística ou dupla natureza
de Cristo) é a doutrina clássica da cristologia que afirma ter Jesus Cristo duas naturezas,
sendo homem e Deus ao mesmo tempo.
Apolinário de Laodicéia foi o primeiro a usar o termo hipostática na
tentativa de compreender a 3733encarnação. Apolinário descreveu a união do divino e
humano em Jesus Cristo como sendo de uma única natureza e tendo uma única essência
ou substância - uma união hipostática. Entretanto, Apolinário propunha que Cristo tinha
um corpo humano porém uma mente divina, esse conceito também chamado de
apolinarianismo foi rejeitado e considerado heresia no 3primeiro Concílio de
Constantinopla.
Teodoro de Mopsuéstia foi em outra direção, argumentando que em Jesus
Cristo havia duas naturezas (humana e divina) e duas substâncias (33hipóstase), no
sentido de "essência" ou "pessoa", que co-existiam ao mesmo tempo.
O 333Concílio de Calcedónia, em 451, concordou com Teodoro a respeito
da 3733encarnação, entretanto o Concílio insistiu que a definição não seria da natureza
e que deveria ser na pessoa, o que concordava com o conceito trinitariano de Deus.
Assim, o Concílio declarou que em Cristo há duas naturezas, cada uma
mantendo as suas próprias propriedades, e juntas unidas numa substância e, em uma
única pessoa.
Aqueles que rejeitam o 34Credo da Calcedônia são também conhecidos
como monofisistas porque só aceitam uma definição que caracteriza Jesus Cristo
encarnado como tendo uma única natureza. Os demais são diofisistas (duas naturezas)
porque aceitam a união hipostática de Cristo.
Como a compreensão humana não consegue explicar de que forma é
realizada essa união das substâncias, a união hipostática de Cristo é também conhecida
como "união mística".
A união hipostática foi o motivo da separação da igreja síria e alexandrina
(copta) também conhecidas como 33Igrejas não-calcedonianas das Igrejas Ortodoxas.
A Bíblia afirma que em Jesus coexistiu a natureza divina e humana. Há
vários versículos que confirmam a divindade de Cristo, e também há vários outros
versículos que confirmam sua humanidade. Isto nunca foi um grande problema para os
escritores bíblicos que constantemente afirmam sua dupla natureza. De fato, Cristo
possuía tanto uma natureza humana limitada como uma natureza divina ilimitada. Cristo
nasceu de uma mulher, cresceu em estatura e conhecimento (Lucas 2:22), sentiu fome e
sede, foi sentido e tocado, teve momentos de alegria e tristeza, compartilhando de todos
os atributos humanos. Da mesma forma Cristo afirma que é Deus: “Clamou Jesus,
dizendo: Quem crê em mim, crê, nâo em mim, mas naquele que me enviou. E quem me
vê a mim, vê aquele que me enviou.” (João 12:44-45). João afirma: “No início era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1:1). E em João 1:14: “E o
Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Esta união de ambas as naturezas em Cristo é
chamada de união hipostática. Do grego hipóstasis, que significa pessoa. Portanto a
união é uma união pessoal. Não se trata da mera habitação da divindade em um corpo
humano, mas sim uma união em que Cristo se torna uma só pessoa. De forma
semelhante a nossa alma e o nosso corpo, que apesar de terem naturezas diferentes se
unem formando uma só pessoa.
Ambas as naturezas estão unidas, porém não são misturadas. Em nossa
composição não há mistura entre corpo e alma, apesar de unidos, corpo e alma
preservam suas características. Da mesma forma as duas naturezas de Cristo não se
misturam formando uma terceira, mas cada uma mantém suas propriedades e atributos.
De forma que Jesus não é um ser humano deificado nem um deus limitado. Nele
coexistem ambas as substâncias, sendo limitado enquanto homem e onipotente enquanto
Deus. Não há transferência de atributos entre as naturezas. Uma natureza humana ao
receber atributos divinos deixa de ser humana. Da mesma forma uma natureza divina
limitada por características humanas deixa de ser divina. Portanto ambas as naturezas
coexistem sem que haja qualquer fusão entre elas.
Ambas as naturezas, humana e divina se unem de forma pessoal,
hipostática, formando uma pessoa. Uma natureza não sufoca ou se sobrepõe a outra,
ambas coexistem sem que uma anule a outra. Tudo o que se pode afirmar a respeito de
uma das naturezas pode-se afirmar a respeito da pessoa. Assim como podemos afirmar
que uma pessoa é mortal e imortal, devido às naturezas distintas que compõe o ser
humano, da mesma forma podemos afirmar que Cristo é finito e infinito, que é homem e
que é Deus, que existe desde a eternidade e que nasceu no tempo. Quando uma
substância é afetada a pessoa é afetada. Ao sentir sede, apesar de afetar apenas o corpo
da pessoa , ela como pessoa é afetada. De forma que apesar do sofrimento de Jesus ter
sido o sofrimento de sua natureza humana, quem sofreu foi uma pessoa que possui a
natureza divina. De forma que o sacrifício de Cristo é o sacrifício não apenas de um
homem mas o sacrifício da Divindade. E é a esse fato que se deve a eficácia da sua obra
de redenção, de forma que Seu sacrifício é infinitamente mais eficaz que o sacrifício de
carneiros. Sendo o único sangue com suficiente poder para a salvação do homem.
2.1.4.2 – A Bíblia declarando Jesus como Deus
a) O testemunho do próprio Espírito
Os seguidores mais antigos de Jesus, todos eles, pareciam estar convencidos
de que Jesus era realmente Deus em forma humana. Paulo disse: "Ele é a imagem do
Deus invisível... Nele a Sua totalidade teve o prazer em residir". João disse que Jesus
criou o mundo. Pedro disse: "todo aquele que acredita Nele tem os seus pecados
perdoados através de Seu nome".
Mas o que Jesus disse sobre si mesmo? Alguma vez ele se apresentou como
Deus? De acordo com a Bíblia, com certeza! Abaixo estão algumas de suas declarações
feitas no tempo que estava na terra, e seus contextos.
Jesus É Deus? Como Ele Disse Que Era Deus:
Disseram-lhe os judeus: "Você ainda não tem cinqüenta anos e viu
Abraão?" Respondeu Jesus: "Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!"
Então eles apanharam pedras para apedrejá-lo, mas Jesus escondeu-se e saiu do templo.
(João 8:57-59).
"Eu e o Pai somos um". Novamente os judeus pegaram pedras para
apedrejá-lo, mas Jesus lhes disse: "Eu lhes mostrei muitas boas obras da parte do Pai.
Por qual delas vocês querem me apedrejar?" Responderam os judeus: "Não vamos
apedrejá-lo por nenhuma boa obra, mas pela blasfêmia, porque você é um simples
homem e se apresenta como Deus". (João 10:30-33).
Então Jesus disse em alta voz: "Quem crê em mim, não crê apenas em mim,
mas naquele que me enviou. Quem me vê, vê aquele que me enviou. Eu vim ao mundo
como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas". (João
12:44-46).
Quando terminou de lavar-lhes os pés, Jesus tornou a vestir sua capa e
voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: "Vocês entendem o que lhes fiz? Vocês me
chamam Mestre e Senhor, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e
Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros".
(João 13:12-14).
Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao
Pai, a não ser por mim. Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o
meu Pai. Já agora vocês o conhecem e o têm visto". Disse Filipe: "Senhor, mostra-nos o
Pai, e isso nos basta". Jesus respondeu: "Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de
eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode
dizer: 'Mostra-nos o Pai'?". (João 14:6-9).
Jesus É Deus? Como Ele Se Descreve?
Jesus lhes disse: "Digo-lhes a verdade: Não foi Moisés quem lhes deu pão
do céu, mas é meu Pai quem lhes dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é
aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo". Disseram eles: "Senhor, dá-nos sempre
desse pão!". Então Jesus declarou: "Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca
terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede". (João 6:32-35).
Falando novamente ao povo, Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem
me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida". Os fariseus lhe disseram:
"Você está testemunhando a respeito de si próprio. O seu testemunho não é válido!".
Respondeu Jesus: "Ainda que eu mesmo testemunhe em meu favor, o meu testemunho é
válido, pois sei de onde vim e para onde vou. Mas vocês não sabem de onde vim nem
para onde vou". (João 8:12-14).
Então Jesus afirmou de novo: "Digo-lhes a verdade: Eu sou a porta das
ovelhas. Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes, mas as ovelhas
não os ouviram. Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e
encontrará pastagem. O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para
que tenham vida, e a tenham plenamente. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua
vida pelas ovelhas". (João 10:7-11).
Disse Marta a Jesus: "Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria
morrido. Mas sei que, mesmo agora, Deus te dará tudo o que pedires". Disse-lhe Jesus:
"O seu irmão vai ressuscitar". Marta respondeu: "Eu sei que ele vai ressuscitar na
ressurreição, no último dia". Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele
que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá
eternamente. Você crê nisso?" Ela lhe respondeu: "Sim, Senhor, eu tenho crido que tu
és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo". (João 11:21-27).
Jesus É Deus? Ele Disse Que Foi Enviado Aqui Para Fazer O Quê?
Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que os governantes das nações as
dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre
vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e
quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo, como o Filho do homem que não veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". (Mateus
20:25-28)
"Porque estava ensinando os seus discípulos. E lhes dizia: "O Filho do
homem está para ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, e depois de três
dias ele ressuscitará". Mas eles não entendiam o que ele queria dizer e tinham receio de
perguntar-lhe". (Marcos 9:31-32).
"Pois Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito para que
todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho
ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele.
Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no
nome do Filho Unigênito de Deus". (João 3:16-18).
"Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais
rejeitarei. Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade
daquele que me enviou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca
nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Porque a vontade de meu
Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia". (João 6:37-40).

b) O testemunho do Pai
O grande quadro pintado no Novo Testamento é que o mundo será posto nas
mãos do Filho de Deus, e que de todas as nações e tribos e famílias um povo está sendo
reunido, salvo e separado do presente mundo mau e transferido para o reino do amado
Filho de Deus. Ele foi exaltado a Governador e Salvador, e Ele salvará todas estas
pessoas.
Até no Velho Testamento vocês podem ler sobre isso. Ali vocês verão uma
pessoa descrita como o Anjo da Aliança, sempre presente nos momentos cruciais. E
todos quantos estudaram este assunto através dos séculos concordam que este não é
outro senão o Senhor Jesus Cristo, manifestando--Se, antes da Sua vinda real e concreta
ao mundo, no que se costuma chamar de teofania, uma manifestação de Deus na forma
de ser humano.
Por que será que o Senhor interfere? Porque o mundo é dEle. Todo a obra
de nossa salvação foi posta em Suas mãos. Os antigos teólogos de séculos passados
costumavam dizer, e penso que há boas evidências na Bíblia para o que eles diziam -
que, antes dos tempos, reuniu-se um grande Conse¬lho entre o Pai e o Filho e o Espírito
Santo para tratar da questão do mundo e sua salvação. E a decisão do Conselho foi que
essa questão fosse entregue ao Filho, e o Filho a tomou e disse: "Eis-me aqui; envia-
me". E então Lhe foi dada a autoridade, o poder; Ele foi feito o Governador. E Lhe foi
dado tudo o que era necessário para habilitá-lo a ser o Salvador. E assim Ele foi Aquele
que esteve com a Igreja no Velho Testamento, como posteriormente nos foi dito por
Estêvão.
Pois bem, essas coisas são apenas prefigurações do Velho Testamento. Mas
depois este bebê nasceu, fez-Se homem, e empreendeu o Seu ministério público. Duas
vezes Deus disse desde o céu: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo"
(Mateus 3:17; 17:5). Isso foi Deus estabelecendo-O, nomeando-O Governador. Assim
como José foi exaltado por Faraó e pelo anel posto em seu dedo, e por um
pronun¬ciamento ordenando que todos o ouvissem e se inclinassem e se ajoelhassem
diante dele, e fizessem exatamente tudo o que ele dissesse, assim também Deus fez esse
pronunciamento acerca de Seu Filho; e na transfiguração Deus disse também: "Escutai-
o", "A ele ouvi" (Mateus 17:5; Marcos 9:7). Deus ordenou ao universo que O ouvisse.
Ele O designou; Ele O estabeleceu nesta posição.Não somente isso, Deus deu a Seu
Filho o poder que era necessário para levar a cabo estas funções. Deu-Lhe a capacidade
e o entendimento de que Ele necessitava; deu-Lhe o poder de operar milagres. O nosso
Senhor vivia dizendo isso. Ele disse: não sou eu que realizo estas obras. "O Pai, que está
em mim, é que faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao
menos, por causa das mesmas obras" (João 14:10,11). Deus Lhe deu poder na vida, e
ainda mais na morte. Nem a morte O pôde derrotar. "Ao qual Deus ressuscitou", disse
Pedro, "soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela... nem
permitirás que o teu Santo veja a corrupção" (Atos 2:24,27). Impossível, devido ao
poder de que Deus O revestira.
E então, após a Sua ressurreição, Ele apareceu a Seus discípulos e os enviou
a pregar. Eram apenas um punhado de homens, nada importantes e insignificantes - isso
não teve a menor importância. Disse Ele: "É-me dado todo o poder no céu e na terra.
Portanto, ide, ensinai todas as nações... e eis que eu estou convosco todos os dias, até à
consumação dos séculos" (Mateus 28:18-20).
Os escritores do Novo Testamento rivalizam uns com os outros na
declaração do poder do nosso Senhor ressurreto. Ele foi exaltado, diz Paulo aos efésios,
"acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se
nomeia, não só neste século, mas também no vindouro" (Efésios 1:21). Ele está acima
de todos.
C) O Testemunho do Espírito Santo
- João 15:26 -
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Quando vier o Defensor
que eu vos mandarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele
dará testemunho de mim.
E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo. Eu
vos disse estas coisas para que a vossa fé não seja abalada. Expulsar-vos-ão das
sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a
Deus. Agirão assim, porque não conheceram o Pai, nem a mim. Eu vos digo isto, para
que vos lembreis de que eu o disse, quando chegar a hora”.
“O Espírito dá testemunho de Jesus”
O Espírito Santo é quem nos dá testemunho da pessoa de Jesus Cristo e nos
convence de que Ele é o nosso Salvador. Jesus preparou os Seus discípulos para a hora
da provação tentando abrir-lhes a mente a fim de que compreendessem que, no
momento oportuno, o Espírito Santo lhes recordaria tudo o que haviam vivido juntos e
eles também poderiam dar testemunho Dele pelo mundo a fora. Assim como fez com os
Seus discípulos Jesus também nos adverte para que nós não nos admiremos com as
ações daqueles que não estão em sintonia com o projeto do Pai. Eles agem por
ignorância. A ignorância é o maior adversário no nosso processo de conversão a Jesus
Cristo. Enquanto nós não temos verdadeiramente uma experiência concreta com Jesus
Salvador, nós próprios nos tornamos antagonistas da nossa felicidade. Por isso, muitas
vezes, em nome de Deus nós aprisionamos as pessoas que estão a serviço do amor e da
verdade. O Senhor nos mostra isto quando diz que os que agem contra os princípios
evangélicos são os que não conhecem o Pai, o Filho e o Espírito Santo que é o Amor.
No entanto, o Espírito Santo que é o nosso defensor, é também um verdadeiro guia das
nossas ações. Se não estivermos em sintonia com o Espírito de Deus, podemos nos
equivocar mesmo quando servimos a Ele e a Lhe prestamos culto. As nossas ações
precisam ter coerência com o pensamento de Deus para que a nossa fé não seja abalada
nem tampouco a fé das pessoas com quem nós convivemos. O nosso testemunho de
vida é a prova da nossa fidelidade a Jesus e ao que Ele tem nos ensinado desde o
começo da nossa caminhada. Quando vier a dificuldade e a provação não deveremos
esquecer de que as promessas de Deus se cumprem e que Ele não nos deixará na mão.
Precisamos também nos lembrar do que Jesus já nos recomendou e seguir adiante na
nossa caminhada. Reflita – Você teme as pessoas que o (a) desafiam em nome de Deus?
– Você tem pedido ao Espírito Santo que o (a) defenda dos “ignorantes de Deus”? –
Você tem agido conforme o Espírito Santo lhe orienta? – Você continua firme mesmo
quando é perseguido (a) pelas idéias do mundo? – Você tem dado testemunho de que
realmente conhece a Deus?
1 João 5:6
Jesus o Filho de Deus veio ao mundo:
Pela água, que fala da Palavra de Deus. O Senhor Jesus disse a Nicodemos:
"Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no reino de Deus se não nascer da água e do
Espírito." (João 3:5 NVI). A água é a palavra viva aplicada pelo Espírito de Deus.
Pelo Sangue, referindo-se à Sua morte na cruz, culminando a Sua missão na
terra, assim pagando o preço da nossa redenção.
A água e o sangue que saíram do Seu lado quando foi ferido pelo soldado
depois de ter entregue a sua vida na cruz também dão testemunho (João 19:34,35) e,
cumprindo a profecia, os seus ossos não foram quebrados. João foi testemunha ocular
da crucificação de Cristo, e notou estes detalhes pessoalmente.
O Espírito Santo é a principal testemunha do batismo do Senhor Jesus e de
todo o Seu ministério, por Ele ser a verdade (João 15:26), assim como o próprio Senhor
(João 14:6). É o Espírito que pode dar vida a essas verdades. O Senhor Jesus disse aos
seus discípulos que ficassem em Jerusalém até serem batizados com o Espírito Santo,
quando então receberiam poder para serem Suas testemunhas pelo mundo inteiro. Sem o
Espírito Santo eles não podiam testemunhar eficazmente. A morte redentora de Cristo é
essencial para a salvação, e o Espírito Santo é essencial para tornar real esse fato em
nossas vidas por meio do testemunho que Ele dá mediante a Sua palavra, e os Seus
mensageiros.
Só o testemunho do Espírito Santo pode nos conduzir à fé salvadora, e à fé
que vence o mundo.
Quem testifica na terra? E quem tem o tríplice testemunho na terra?
A igreja apostólica de Jesus Cristo. Porque nós testificamos a existência de
Deus.
De que maneira?
Através do Espírito.
O testemunho do poder de Deus no mover apostólico: A água, a purificação
em Cristo que está fazendo de nós um povo diferente.
Essa água não está á venda em lugar nenhum, essa água está jorrando dentro
da igreja apostólica de Jesus Cristo porque nós estamos dando testemunho. Eu fui limpo
por Jesus!
E a igreja apostólica tem o poder e a autoridade do sangue.
Quando você fala: O sangue de Jesus tem poder! É só demônio capotando
em tudo quanto é lugar. Porque quem detém a autoridade e o poder do sangue é você, é
a igreja de Jesus Cristo. E é ele que dá testemunho aqui na terra, porque para nós o
sangue de Jesus tem poder.
Nós temos o tríplice testemunho: Está presente, o Pai, o Filho e o Espírito
Santo se movendo dentro da igreja.
d) O testemunho dos apóstolos
Estamos examinando a comissão apostólica a fim de nos orientar em nosso
trabalho evangelístico. O que exatamente Jesus queria que fosse feito no mundo?
Ouçamos o que ele diz e aprendamos com ele.
Os escritos de Lucas se concentram no testemunho apostólico. "Vós sois
testemunhas destas coisas" (Lucas 24:48). "Sereis minhas testemunhas" (Atos 1:8).
Essa linguagem é, às vezes, empregada com desleixo e descaso em nossos
dias. As pessoas falam de "testemunhar" por Jesus sem tê-lo experimentado da forma
que se vê nesses textos. Não somos testemunhas no sentido especial desse termo,
empregado em referência aos apóstolos. Eles viram Jesus que "depois de ter padecido,
se apresentou vivo, com muitas provas" (Atos 1:3; veja Lucas 24:36-43) e foram
enviados como testemunhas de sua ressurreição (Atos 1:22).
Ainda assim, creio que esse elemento da comissão apostólica deva fornecer
a orientação para o nosso trabalho hoje. Isso porque, se o testemunho dos apóstolos é o
meio pelo qual as pessoas se achegam à fé (João 17:20; veja 20:30-31), então devemos
estar preparados para enfrentar o mundo descrente no qual vivemos com esse
testemunho apostólico sobre a ressurreição de Jesus.
Várias abordagens poderiam ser usadas. Ao invés de tentar complicar, eu
geralmente simplifico, limitando o estudo ao evangelho de João. Essa abordagem
apresenta o testemunho da ressurreição enquanto estabelecendo a divindade de Jesus e,
por conseguinte, a autoridade por trás da comissão (Mateus 28:18).
João começa com um prefácio (1:1-18). Bem, o prefácio nada prova. A
prova vem mais adiante. Mas o prefácio rapidamente põe diante do leitor o que o autor
pensava de Jesus. Para encurtar, simplesmente chamo a atenção para a afirmação da
divindade.
Depois, ao prosseguirmos, procurando as referências de João à importância
da ressurreição, chegamos a João 2:13-22, em que Jesus recorre à ressurreição como
grande sinal autêntico a sua afirmação e confirma a sua autoridade (veja Mateus 12:38-
40). Mas, para entendermos esse assunto, primeiramente precisamos analisar a acusação
contra Jesus, a razão dos judeus terem insistido em matá-lo -- pois a ressurreição era o
inverso da morte e a abolição do veredicto dos judeus com respeito a Jesus.
Quatro textos são de especial importância. O primeiro é João 5:17-18. Os
judeus já perseguiam a Jesus por curar no sábado, mas, quando ele chamou Deus de Pai,
"os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas
também dizia que Deus era o seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus". O discurso
seguinte de Jesus não explica que os judeus se enganaram quanto à sua afirmação, mas
sim, confirma a impressão deles e explica a sua igualdade em relação a Deus. Os judeus
tinham tão pouco sucesso nas controvérsias com Jesus acerca do sábado, que a acusação
de violar o sábado nem é mencionada no seu julgamento. Mas, a outra acusação persiste
-- e Jesus, por fim, seria crucificado por ter afirmado que era Deus.
A segunda passagem é João 8:56-59. Jesus afirma ter existido antes de
Abraão, afirmação que é tida como blasfêmia. Então "pegaram em pedras para atirarem
nele" -- de novo, por ter afirmado que era Deus.
A terceira passagem explica o pecado em questão, do modo em que os
judeus o entendiam. Quando Jesus afirmou: "Eu e o Pai somos um" (neutro: uma coisa,
uma natureza, não uma pessoa), "pegaram os judeus em pedras para lhe atirar",
respondendo ao desafio dele com a explicação: "Não é por obra boa que te apedrejamos,
e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo" (João
10:30-33).
A última passagem é João 19:7. Pilatos tinha rapidamente percebido além
do véu das acusações políticas sem fundamento, e os judeus estavam, por fim, voltados
para a sua verdadeira queixa contra Jesus: "Temos uma lei, e, de conformidade com a
lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus."
Quatro vezes os judeus tentaram matar Jesus, conseguindo na última vez, e
sempre o motivo era o mesmo. Eles faziam questão que ele morresse por causa de suas
alegações ultrajantes a respeito da própria natureza. Por fim, foi morto acusado de
blasfemar quando afirmava ser Deus.
Se foi essa a acusação que o Sinédrio usou para matar Jesus, qual o
significado de sua ressurreição dos mortos pelo poder do Deus Todo-Poderoso?

e) Os maus espíritos testificam


"Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?" (Marcos, 5:7)
Atravessando o lago e dirigindo-se à província dos gadareno Jesus Cristo
deparou com um homem que vivia atormentado por maus Espíritos. Os possessores
haviam-se apoderado dele de uma maneira que ninguém conseguia segurá-lo, e mesmo
quando preso com grilhões e correntes, ele as fazia em pedaços. Vivia machucanndo-se
contra as pedras dos montes e à noite pernoitava nos sepulcros.
A sua situação era das mais lastimáveis, entretanto, ao ver o Mestre dele se
aproximar, correu em sua direção, ajoelhou-se, e os Espíritos possessores falaram pela
sua boca: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me
atormentes.
Sentindo íntima compaixão pela sorte daquele indivíduo, o Senhor indagou
dos Espíritos: Qual é o teu nome?, recebendo como resposta: Meu nome é Legião,
porque somos muitos !
Diante desse quadro tão lamentável, Jesus sentenciou em voz imperativa:
Sai desse homem, Espírito imundo !
Os Espíritos não tiveram outra alternativa senão obedecer-lhe. Naquele
momento uma vara de porcos pastava ao lado. Os possessores pediram então ao Mestre
que lhes desse permissão a fim de assediarem os porcos.
A narrativa de Marcos assevera que perto de dois mil porcos saíram
correndo espavoridos e muitos caíram pelos despenhadeiro e se afogaram no mar.
O homem, completamente curado, assentou-se numa pedra. Nisso chegou
uma parcela da população da cidade e diante de feito tão espantoso, uma vez que aquele
homem possesso era conhecido de todos, e dado o prejuízo causado pela perda de tantos
porcos solicitaram ao Mestre que abandonasse a região. O antigo possesso quis
acompanhá-lo; entretanto, Ele não lho permitiu, dizendo que voltasse para a cidade e
apregoasse a todos o grande benefício recebido de Deus, o que ele fez posteriormente na
cidade de Decápolis.
Quando Jesus Cristo esteve na Terra, defrontou-se com numerosos casos de
possessão e de obsessão. Os Evangelhos registram que Maria Madalena também era
assediada por Espíritos malignos, os quais também se afastaram dela por interferência
do Mestre, passando a jovem de Magdala a ser uma das suas mais dedicadas assessoras,
no desenvolvimento do seu sublime Messiado na Terra.
outra passagem evangélica, o Mestre nos ensinou que um Espírito habitava
uma casa. Foi retirado e levado para lugares áridos, porém, lá ele não achou consolação
e disse: Vou voltar para a minha casa, e assim fazendo, achou-a varrida e adornada,
então arrebanhou outros sete Espíritos piores que ele, e todos foram habitar a casa. Após
isso, o primitivo estado daquele homem tornou-se muito mais grave.
Nessa passagem evangélica, o Mestre deixou entrever claramente que um
Espírito, ao ser retirado de um indivíduo, é levado para lugares adequados, no mundo
espiritual. Ali permanece retido, sem possibilidades de voltar a assediar aquele a quem
perseguia. Um dia, porém, ele volta para ver como está vivendo aquele homem, porém,
não o encontra reformado espiritualmente, não nota nele qualquer indício de edificação
moral, observa que ele não adquiriu qualquer virtude mais edificante, pelo contrário,
permanece mergulhado nos vícios e na vaidade. Diante desse quadro, a sua deliberação
é apenas uma: convoca Espíritos piores que ele, forma uma legião, a qual passa a atuar
sobre o pobre homem, fazendo com que o seu estado primitivo, que não era tão mau, se
torne pior, pois agora em vez de uma simples obsessão provocada por um só Espírito,
passa a ser uma possessão, praticada por uma legião.
Por isso, quando alguém é libertado da influenciação de alguma entidade
espiritual menos boa, deve procurar pautar seus atos dentro da moral, reformando-se
moral e espiritualmente, fechando a porta ao acesso de Espíritos malignos, procurando
dignificar-se na prática do amor e da caridade, que são os melhores antídotos contra as
enfermidades dessa natureza.
Não resta a menor dúvida que verdadeiras legiões de Espíritos maus e
rebeldes atuaram sobre Herodes, sobre Caifás, sobre Herodíade, e sobre Pilatos, bem
como sobre todos os conspiradores que suspiravam pela crucificação do Cristo. Os
Espíritos atrasados atuam em qualquer campo. Eles não querem a luz e preferem as
trevas, por isso, quando o Mestre Nazareno veio trazer à Terra a sua mensagem de paz e
de amor, ele deparou pela frente com essas forças invisíveis e negativas, formadas de
entidades espirituais das mais recalcitrantes e más, que tudo fizeram para que o domínio
das trevas prevalecesse na Terra e que a dramática ocorrência do Calvário tivesse lugar
em todos os seus pormenores.
Foi por causa disso que João Evangelista escreveu logo no início do seu
Evangelho: A brilhou nas trevas mas as trevas não a compreenderam.
1.4.3 – Jesus, digno de Adoração
Jesus antes de ser enviado ao mundo por Deus, já era o esperado por muitas
nações que acreditavam na sua vinda como o Messias, o enviado, por essa razão muitos
que acreditavam na sua vinda já o adoravam antes mesmo de ser enviado como
salvador.
Quando Jesus nasceu em Belém da Judéia, e a Bíblia revela que no tempo
do rei Herodes, vieram uns magos do Oriente a Jerusalém, perguntavam acerca do
menino, porque queriam o adorá-lo (Mateus 2:1)
Pedro disse a Jesus: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as
águas, me refiro na passagem em Mateus 14:28 quando Jesus anda por sobre o mar, e
Jesus disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas para ir ter com
Jesus, então os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Ès verdadeiramente o filho
de Deus.
Jesus é digno de nossa adoração, Jesus sabe o que você tem enfrentado no
dia a dia, más em meio as lutas e dificuldades eu quero te convidar a adorar o nosso
Salvador, criador do céu e do universo e tudo o que nele há.
Maria Madalena e a outra Maria como a Bíblia descreve em Mateus 28:1
foram ver o sepulcro, más Jesus já não estava mais onde ele jazia, quando Jesus lhes
saiu ao encontro delas dizendo: "Eu vos saúdo" elas chegando, abraçaram os seus pés, e
o adoraram, porque Jesus é digno de ser adorado.
Bibliografia

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Adão Clarke, Commentary on the Bible, sobre o Salmo 89:27.

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Flavius Josèphe, ANTIQUITÉS JUDAÏQUES, tomos III e IV, tradução para
francês e notas sob a direcção de Théodore Reinach, Ernest Leroux Edit., Paris, 1904 e
1929. A obra integral de Flávio Josefo, tradução para francês e notas sob a direcção de
Théodore Reinach, está disponível na Internet.
Pedro von Werden, Jesus e os romanos em Marcos: Uma inserção do
tradutor de três trechos do Evangelho de Marcos (5,1-20; 11,9-11 e 12,13-17): referente
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