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equipe:
Redação: Moonlight Knight,
Bryan Dias, Eirea, Mooner
Colaboradores: TAXD,
Hanzo, LukPla60
Dizem que contos são textos com Diagramação: Aero
apenas um núcleo, independente do Artifinalismo: Aero
tamanho. Edição: (vaga em aberto)
A melhor parte de escrever contos
é poder contar uma história
sem nenhum compromisso com
continuidade. Apenas sentar na
frente de um bom e velho caderno e
escrever sobre o que vier à cabeça.
Falando em contos, essa edição está
recheada deles. Então se preparem
para uma variedade de mundos
diferentes.
O que, ainda está lendo isso? As
aventuras o aguardam.

Projeto Redação #5

Contato:
projetoredacao@gmail.com

Boa-Leitura.

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Sumário
Apresentação . ................................................................ 3

Sumário .......................................................................... 4

Sagas .............................................................................. 5
Chantel Capítulo 5 ........................................................ 5
World of Humans Capítulo 6 ...................................... 12
Guerreiros Predestinados Capítulo 4 .......................... 17
Dis Irae Capítulo 4 ....................................................... 21

Contos e Crônicas .......................................................... 26


Mundo Vazio ............................................................... 27
Quarto Indefeso .......................................................... 30
Jogo Preto e Branco ..................................................... 32
Reencontro.................................................................... 37

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Chantel

Capítulo 5
Ódio é tudo que consigo ver nos olhos de Mary. Mas
não é só no olhar, todo o corpo dela parecia emanar esse sentimento.
Minha primeira impressão dela foi de uma pessoa gentil e animada,
mas o que está em cima de mim agora é um poço de ódio. O que é a
Rosenscherwt, afinal?
A expressão de ódio começa a desaparecer do rosto dela no
mesmo ritmo em que ela diminui a força com que me segura até ficar
totalmente livre. Ela desvia o olhar de mim e parece juntar forças para
dizer algo:
-Eu sinto muito.
-Não se preocupe, eu estou bem.
-Não, não está. Eu sei disso.
-Ei! Como pode ter certeza? –Vamos Johan, sorria. Não a faça se
sentir pior do que está.
Mary abre os três botões de cima da camisa revelando uma
marca estranha em cima do seio esquerdo. Por alguma razão ela me
parece familiar:
-Essa marca, eles a chamam de Marca da Benção. Uma marca de
nascença na forma de uma palavra da Língua Antiga presente em todos
os Espers.
Não consigo conter minha surpresa e por alguns instantes não
consigo falar nada. Ou melhor, tenho medo de falar qualquer coisa:
-Uma Esper? Você leu minha mente não foi?
-Sua mente não, sua aura. Eu vejo a aura das pessoas e pela
mudança da cor dela dá para decifrar os sentimentos. É por isso que sei
que você está mentindo. Por isso que sei que você estava com medo de
mim. Eu sempre sei.
Não esperava por isso. A sensação de ser descoberto numa
mentira é realmente horrível:
-Desculpe, realmente não queria te ofender.
-Você não tem do que se desculpar.
Mary se levanta da cama e, lentamente fecha a camisa:
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Chantel
-Mary...?
Ela não responde. Sua figura melancólica caminha em direção à
porta. Chega a parecer um condenado que anda em direção à sua sala de
execução. Na frente da porta, ela para:
-Tem remédios na sacola, e se precisar de mim é só gritar. Eu fico
no quarto ao lado e as paredes aqui são bem finas. – A voz dela ao dizer
isso é tão triste que chega a doer.
-Espera. Antes de ir pode responder minha pergunta.
-Eles são monstros. Magos condenados pelos seus crimes que
se uniram para continuar a aterrorizar as pessoas. São lixos que devem
morrer.
-O que eles fizeram com você?
-Não é da sua conta.
Mary sai do meu quarto sem dizer mais nenhuma palavra.
Sozinho naquele quarto, percebo pela primeira vez as enormes sombras
que cercam o Instituto. Meu peito é tomado por uma estranha angústia.
Vivi toda minha vida imaginando quão maravilhoso deveria ser esse
mundo, mas agora consigo ver quão infantis eram minhas idéias. O
relógio ao meu lado marca seis e dez. A essa hora Chantel já deve ter
acabado o que quer que estivesse fazendo. Viro para o lado e tento
dormir.

Desperto subitamente, suado e ofegante, de mais um pesadelo.


Novamente aquela coisa me perseguia por entre esses corredores. Visto
meu uniforme e desço cambaleante até a cozinha. Chegando lá sou
surpreendido pelas lâmpadas acessas:
-São lâmpadas energizadas a base de mana. Assim que há uma
flutuação razoável na quantidade dele no local elas acendem ou apagam.
– diz uma voz familiar.
Olho para a direção de onde ela veio e vejo Dave, sentado diante
e um prato de macarronada:
-Também teve problemas para dormir, colega?
Pego um pacote de bolachas na dispensa e sento ao lado de Dave:
-Como foi a pesquisa do corpo?
-Mais uma vez, nenhum resultado. O sujeito por trás disso é bom
o suficiente para saber o que fazer para apagar qualquer pista. Estamos
falando de um verdadeiro gênio.

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Chantel
“Um verdadeiro gênio”. Isso não simplifica as coisas para mim.
Se o que o tal Hipnos falou é verdade não é com gênio que estamos
lidando, mas com demônios humanos:
-Dave, posso te perguntar algo?
-Desde que não seja algo idiota, pode sim.
-O que é Rosenscherwt? Eu ouvi alguém falar esse nome e fiquei
curioso. Até tentei perguntar para a Mary, mas pareceu que para ela isso
é algo pessoal.
Dave fecha os olhos por um instante parecendo pensar no que
dizer:
-Ela tem seus motivos para odiar aqueles cretinos.
-Você também não parece gostar deles.
-Não teria como alguém gostar. Rosenscherwt é um pseudônimo
da Divisão de Pesquisa Avançada na sua divisão de vinte anos atrás. Todos
eram magos geniais, superiores a qualquer outro na época. Eles foram os
responsáveis por grande parte dos avanços no estudo do mana e alguns
até conseguiram criar magias que todos achavam impraticáveis. Coisas
do naipe de manipulação de sonhos, criação de Personas artificiais como
manifestações de qualquer abstração, regeneração de órgãos e membros
perdidos e várias outras coisas. O único problema era a maneira como
eles atingiam esses milagres.
-O que eles faziam?
-Para testar a restauração de órgãos e membros eles antes tinham
de removê-los de pessoas vivas para depois tentar regenerar. Para criar
a manipulação de sonhos forçavam as cobaias a se manterem acordadas
por dias ou então as drogavam para que elas não despertassem. E
testaram também até onde a manipulação poderia chegar. Tem várias
outras coisas, mas acho que você já entendeu. – Dave afasta o prato de
si e fica parado por alguns instantes, pensativo. -Deve ter sido horrível
para ela.
-O que foi que fizeram com a Mary?
-Isso não é algo que alguém além dela possa te contar. As pessoas
sempre mantém seus segredos, mesmo o mais escuros, como tesouros
que só dividem com quem confiam muito. Contar um segredo a alguém
significa entregar todas as conseqüências que ele pode trazer à vontade
desse alguém. – Ele passa a mão pelo rosto e sorri – Acho que está muito
tarde para filosofar, não é?

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Chantel
Ele se levanta e leva o prato até a lixeira, onde derrama a comida:
-Você não deveria desperdiçar comida.
-Não é um problema se ninguém ver.
-Isso é sofismo.
-Não tem problema mentir às vezes. Ninguém precisa ser
perfeito.

Como alguém pode demorar tanto só para trocar de roupa. E o


pior, se trocar no meio do mato. E ela nem usa tanta roupa assim. Ao
menos aqui posso ficar tranqüilo, olhando para a calma e elegância desse
lago, que inocentemente ignora tudo o que acontece a sua volta:
-Que inveja...
-De quem?
Helena aparece atrás de mim, vestida com suas roupas de
trabalho de campo. Nunca entendi essa mania dela, já que o uniforme
normal foi desenhado para poder ser usado até mesmo em combate:
-Não de você, se é isso que quer saber.
-Não precisa fazer essa pose de anti-herói, só estamos nós dois
aqui.
-Não faço idéia do que você esteja falando.
-Esqueça, temos trabalho a fazer.
-Isso soa tão estranho vindo de você.
Sigo Helena por entre a enorme floresta. Por alguma razão estar
andando no meio do mato, à noite, contando apenas com a iluminação
da lua e sem comida me deixa um tanto nervoso. E toda essa umidade
não ajuda. Ao menos se aparecer algum perigo ela prometeu que ia lutar
dessa vez:
-Ei, Helena. Ainda está muito longe?
-Como eu posso saber?
-Você nem ao menos sabe onde está indo, sabe?
-Mais ou menos. Eu sei que é uma casa enorme em cima de um
morro.
-Ahn? Como foi que você conseguiu chegar a um cargo de
diretoria?
-E quem recusaria uma promoção a um rostinho tão bonito
quanto o meu?
-Você já tem quase trinta anos, droga. Aja como alguém da sua

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Chantel
idade.
Sinceramente, como é que ela pode ser minha irmã mais velha?
Ela é uma tarada preguiçosa. Esse mundo simplesmente não faz sentido.
O som de folhas sendo mexidas me faz colocar a mão sobre o
cabo da minha espada. Helena faz um sinal com a mão me dizendo para
ficar quieto:
-Vamos nos esconder. – Ela diz correndo para trás de uns
arbustos.
Corro para trás de uma árvore e lá espero a fonte do som se
aproximar.
O barulho aumenta a cada segundo e no fundo dá para ver uma
luz branca flutuando a mais de dois metros do chão. Depois de algum
tempo eles passam próximos a mim e consigo ver que a luz se trata
de uma fada, provavelmente um familiar acompanhando dois homens,
um gordo e alto, vestido com roupas que parecem caras e um gigante
de quase três metros totalmente coberto por uma armadura prateada.
Continuo escondido até os dois desaparecerem novamente por trás da
folhagem das árvores. Saio do meu esconderijo e logo depois Helena
também aparece:
-Quem eram esses caras? – Pergunto enquanto limpo minha
calça.
-Eles se encaixam na descrição que minha fonte deu, então eles
devem ser Gregson e Bedivere.
-Nesse caso melhor sermos rápidos.
-Concordo
Seguimos a trilha de folhas caídas formada pelos dois e cada
vez mais nos afundamos por entre o matagal úmido. Sinceramente, eu
odeio lugares úmidos. Se formos atacados a coisa não vai ser nada boa
para mim. Após algumas dezenas de metros chego a uma clareira onde a
luz da lua consegue deixar tudo plenamente visível. No centro da lareira
Helena está parada, olhando fixamente para um lugar:
-Qual o problema, Helena?
-Parece que eles têm um cão de guarda.
Ela então aponta para uma escadaria que leva a uma enorme
casa, ou melhor, a uma pequena mansão, no topo de um morro. E no
meio dela está um homem um pouco maior que eu vestido com uma
armadura azul e uma capa vermelha:

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Chantel
-Não é nada educado chamar alguém de cão de guarda, Srta. –
Diz o homem se levantando.
-Sei que não vai funcionar, mas não custa tentar. Nós somos
dois e você apenas um. Eles te pagam tão bem que vale o risco? – Diz
Helena.
-Não é questão de pagamento. O fato é que um homem jamais
deve abandonar seu posto.
-Nesse caso...
Helena sorri enquanto pega uma fita no bolso e com ela prende
o cabelo num rabo de cavalo:
Cuide dele enquanto eu me infiltro! – Ela grita enquanto usa
magia de velocidade para disparar por entre as árvores em direção à
mansão.
-E eu achando que você fosse realmente cumprir com usa
promessa e cuidar das lutas...
O cara de armadura saca uma espada das costas e se prepara para
seguir Helena. Que grande idiota. Carrego mana sob os pés, saco minha
espada e corro em direção a ele. Em um instante o golpeio com a lâmina
da espada, mas ele consegue se defender usando a própria arma. Sorrio
para minha próxima vítima que me olha com surpresa:
-Não a ouviu? Seu inimigo sou eu.

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world of humans

Capítulo 6
“Pois bem. Fernando, Leonardo, Vamos utilizar
a Juanes!”
Thiago seguia João com passos rápidos num corredor escuro,
iluminado somente por fracas luzes de emergências situadas na parte de
cima nas paredes laterais. Do lado do menino seguia Kimberly com o
braço entrelaçado com o dele. Atrás deles estavam Leonardo, Fernando
e Larissa.
O corredor escuro parecia se iluminar a cada passo que davam. No
final deste , pode-se ver um saguão gigantesco e muito bem iluminado.
Quando os garotos adentraram no saguão de fato , eles
conseguiram ver seu conteúdo.
Nas duas paredes laterais das quais podiam olhar , estavam
normais. Já a frontal a eles tinha uma espécie de abertura. No centro
do saguão encontrava-se um gigantesco helicóptero, no qual Thiago
assimilara com o que resgatou ele e a Kimberly.
“ Este aqui é no nosso salão principal. Aqui fazemos nossas
preparações para sair.” Disse João.
“ Mas como vocês construíram tudo isso em tão poucos dias? “
Indagou-o Thiago
“ Isso aqui tudo era uma base secreta do Estado. Leonardo já
sabia desse lugar e então nós fizemos daqui o nosso lar “ Falou João com
um ar de satisfação.
“Aqui é muito mais seguro!” Disse Leonardo com emoção no
olhar “ E além disso , tem essas belezinhas aqui olha.” Falou o garoto
apontando para as duas paredes “normais” do saguão.
“ Mais o que seria a Juanes? E o que tem a ver essas simples
paredes?” Perguntou Kimberly com um ar de extrema dúvida.
Todos no saguão exibiram uma enorme e prolongada gargalhada
, com exceção dela e de Thiago.
“Ai ai... coitados , espera , vou explicar.” Disse Larissa num
tom meigo e acolhedor. “Pra começar , essas paredes são uma fachada.”

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world of humans
Apontou a garota pras paredes , no mesmo instante , Fernando apertou
um botão que ficava num pedestal do lado da entrada , e as paredes foram
virando para dentro , dando lugar ao que realmente estava a mostra.
Duas paredes inteiras repletas de um arsenal bélico moderníssimo , além
de uma porta de ferro na extremidade da “parede” esquerda.
“Uau!” Disse Kimberly meio constrangida e impressionada.
“Agora para responder o que seria a Juanes , venham comigo”
Disse João que rumava agora para aquela porta de ferro.
Ao chegarem de frente à ela , João abriu a maçaneta também
de ferro , que ao abrir , revelou outra porta , na qual era muito mais
moderna que a primeira , com uma fechadura biométrica no lugar da
maçaneta.
Ao encostar a mão nela , ouviram-se um barulho de abertura
da fechadura , e em seguida um “click” na qual a porta foi se abrindo ,
lentamente.
João foi o primeiro a adentrar no local , que ainda encontrava-
se numa escuridão profunda.Logo em seguida , um após o outro foi
entrando , até que a porta fechou-se , num estalido que ecoou dentro
daquela sala com uma tremenda força.
Num segundo seguinte , uma forte luz se fez presente ,
afugentando os olhos dos garotos. Noutro segundo , Thiago pode ver o
que realmente se fazia presente aquela sala.
Era com o chão de piso de porcelanato branco com o ladrilho
preto , no centro uma mesa de reunião circular de madeira maciça , com
cadeiras de carvalho nobre. A sala em si não parecia ter nada incomum.
Não era muito grande nem muito pequena , era mediana. Nas paredes
tinham uma cobertura de arquivos de metal.
Um a um todos foram sentando ao redor da mesa , que ainda
sobraram 3 lugares vazios. João foi o último a sentar , que , antes de fazer
isso , foi num arquivo que parecia ser o maior de todos na parede frontal
à eles e retirou um grosso envelope pardo.
“Olhe aqui Thiago , Kimberly , isso é a JUANES!” jogou o
envelope que parou na frente dos dois.
Thiago foi abrindo o envelope aos poucos. Pode perceber que
cheirava a algo novo , e o conteúdo dele era de um grosso calibre.
Ao abrir , tinha uma única folha com um laptop.A folha era
branca com uma logomarca do “Serviço Secreto Brasileiro” . Nela dizia

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world of humans
o seguinte :
“ Serviço Secreto Brasileiro , cuidando do nosso país.
ARQUIVO SECRETO – CONFIDENCIAL!
- PROJETO JUANES –
Como já está nos dossiês anteriores , Juanes vem como um
Plano B para poder reverter toda a situação pós Projeto SANZ X , caso
o mesmo dê errado ou obtiver resultados insatisfatórios.
Juanes consiste em um ........ no qual está situado na sede do Governo
Brasileiro , no espaço reservado para o SSB (Serviço Secreto Brasileiro
) .“
“ Mais o que seria a Juanes , pois nesse espaço que era pra estar
o que ela é esta borrado!” Perguntou Thiago
“ Essa é a nossa dúvida. Mas para sanar tal dúvida , o melhor
a fazermos é ir lá checar , o que me dizem?” Perguntou João , que ao
falar , já foi se levantando , e em seguida , levantou-se também Larissa ,
Leonardo e Fernando.
“Vamos em frente!” Disse Kimberly levantando também , e
segurando a mão de Thiago , ajudando-o a levantar. Ao ficar de pé ,
Thiago pôs seu rosto de frente ao da menina. Ambos ficaram intactos
por uma fração de segundo que pareceu uma eternidade para os dois.
Um movimento milimétrico que seja , a boca dos dois se encontrariam
num beijo tão ardente que já estava para acontecer por muito tempo.
Mas tal clima foi interrompido por Larissa , que puxou o braço
de Kimberly para o sentido oposto ao de Thiago , e rumaram para fora
da sala. No decorrer do caminho , Kimberly virava o pescoço para ver
Thiago , e dar “sorrisinhos” nos quais Thiago retribuía com muito fervor.
“ Pessoal , cada um pegue quantas armas convir. Lembrem-se ,
não sabemos o certo o que iremos enfrentar lá. “ Alertou João , que já foi
pegando uma mochila do lado da porta de ferro e recolhendo algumas
armas , um pouco de cada.
Todos fizeram o mesmo , e por fim se reuniram na frente do
helicóptero.
Thiago ainda utilizava a roupa do dia de trabalho , porém toda
suja.
“ Thiago , utilize uma dessas roupas aqui” Chamou Leonardo
e Fernando , que largaram a sacola e levaram o garoto para dentro do
prédio novamente , e entraram num quarto. Ao abrir o guarda roupa ,

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world of humans
Thiago encontrara duas calças jeans velhas , 3 camisas brancas básicas ,
uma jaqueta de couro surrada e um all star branco.
O garoto vestiu as roupas e guardou o excedente na sua mochila.
“Estou pronto!” Disse Thiago ao voltar no saguão , e pode ver
que as coisas de todos já estavam no helicóptero , com João e Larissa
sentados lá dentro já , e Kimberly , que também fora mudar de roupa
através de um convite de Larissa , esperava na frente do helicóptero.
A garota estava mais do que linda , um espetáculo! Uma calça
jeans que ressaltava cada curva minuciosamente.Utilizava uma camisa
de uma banda na qual Larissa gostava , chamada “All Time Low” ,
que estava escrito em roxo , e a camisa branca. Seus cabelos estavam
penteados e soltos. Seus olhos ficaram ainda mais belos com essa roupa.
“Nossa , você está linda Kimberly!” Disse Thiago , que passou as
mãos nos próprios cabelos para arrumá-los.
“Vamos indo pessoal!” Bradou Leonardo , que já estava na
direção do helicóptero com um óculos “ray-ban” preto no rosto.
Todos os jovens entraram no helicóptero e a porta frontal do
saguão abriu-se , revelando um dia lindo e ensolarado , de muito calor ,
que com tamanha luz , afugentou os olhos dos garotos.

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guerreiros predestinados
“Eu cai em um planeta chamado Terak e para ter uma chance de voltar
para o meu planeta, a Terra, preciso me tornar um Cavaleiro e libertar
algumas crianças que são prisioneiras nas Coli-nas de Hércule, para ser
aceito no treino, preciso de armas melhores e saí em busca delas”..

capítulo 4
Com dois dias de caminhada, Hércules chega na
Floresta Amir sem problemas, a floresta não é muito densa, não há risco
de se perder nela, mas é uma grande floresta, e não dá pra procurar a
fundo por criaturas ou armas, demoraria muito. De lá, olhando para o
oeste é possível ver a Montanha Amir, o Deserto Amir fica a Leste, e
entre o Deserto e a alta Montanha que deve ter uns seis quilômetros de
altitude, Hércules prefere arriscar a montanha.
No pé da montanha ele para e come o bolo de Amesina, já que
as frutas foram consumidas no caminho, ele toma a última água que está
na garrafa que estava na mochila pensando que pre-cisaria de força para
escalar a montanha, já que não há trilhas nela e há muitos rochedos.
Hércules inicia então sua escalada sem ter o mínimo de
experiência nisso. Ele escala manu-almente pouco a pouco. Quanto mais
ele sobe, mais difícil fica respirar, e ao chegar no segundo quilômetro de
escalada, e uns 300 metros mais ou menos, Hércules se sente tonto, e ao
se apoiar em uma pedra lisa, escorrega e começa cair.
O que se passa na cabeça dele enquanto cai é:
- Será que morrerei aqui? Não voltarei para a Terra? Não salvarei
Heymore? Talvez eu não mereça mesmo viver, não sou Guerreiro, sou
um homem comum. Eu me lembro que minha esposa vivia dizendo que
eu era o Cavaleiro Encantado dela, alguém que veio em seu cavalo e a
tirou de um castelo de ilusões, acho que se morrer também, a encontrarei,
ela e meu filho.
Para Hércules, a queda é lenta enquanto ele pensa, mas na
verdade, tudo o que ele pensou, pensou em uma fração de segundo,
então ele tem uma lembrança, ele vê sua esposa dizendo a ele:
- Amor, eu quero que me prometa que não importa o que
aconteça conosco, não desistire-mos nunca de viver, pois o dom da vida
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guerreiros predestinados
é o melhor presente que temos, e que não importa a distância sempre
teremos um ao outro, nós dois prometeremos nunca desistir, ta?
Hércules pensa:
- É estranho, mas não consigo me lembrar do rosto dela, mas
com certeza eu lembro de que sempre a amei demais, ela e meu filho... –
Hércules dá uma pausa de uma fração de segundo em seu pensamento,
e continua – não me lembro o nome do meu filho.
Hércules pega o punhal, pensando que não deve desistir de
viver, afinal, ele prometeu. Ele enfia o punhal de aço na montanha, em
uma parte mais ou menos “mole”, ele consegue retardar um pouco a sua
própria queda, mas o punhal que desce “rasgando” a montanha por uns
10 me-tros, acaba se quebrando a uns 400 metros do chão; Hércules cai;
ele apaga.
Ao acordar, ele vê um garoto de uns 13 anos de idade, ele possui
cabelos verdes longos que vão até seus pés, ele possui uma cicatriz abaixo
do olho direito, está passando um pano molhado na testa de Hércules:
- É melhor não se esforçar muito senhor, teve febre alta à noite
toda, você bateu a cabeça ao cair da Montanha Amir, por que tentava
escala-la?
- Onde estou? Quem é você rapaz? Cadê seus pais?
- Estamos em um pequeno refúgio construído por mim, em
uma gruta bem escondida da Floresta Amir, eu sou Tarim do Povo das
Folhas, e eu não tenho pais.
- Como não? Todo mundo tem pais!!!
- Eu fui abandonado nesta floresta quando criança, meu mestre,
um Cavaleiro do Povo das Folhas me criou e disse que quando eu fizesse
16 anos, seria seu Escudeiro, mas ele morreu e eu fui capturado e levado
as Colinas de Hércule, como escravo. Consegui fugir e fiz este pequeno
refúgio para outras crianças que conseguem fugir de lá também, somos
cerca de 12 crianças agora.
- O que é um escudeiro?
- É um tipo de ajudante do guerreiro, ele é responsável por
proteger com a vida se necessário às armas de seu mestre, o guerreiro
que ele segue; deve também treinar para um dia se necessário, substituir
o seu mestre, ou se tornar um guerreiro como ele. Você é um Cavaleiro
não é? Eu vi seu cinto e seu bracelete!
- Sim, e meu punhal se quebrou, eu ainda não sou um Cavaleiro,

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guerreiros predestinados
mas se conseguir uma es-pada e um escudo; poderei treinar para me
tornar um, por isso estava escalando a Monta-nha, para ver se achava
algo por lá, ou uma criatura que tivesse uma arma de algum aven-tureiro
sem sorte. – Hércules se levanta -, eu tenho que voltar até lá.
- O senhor não pode, vai morrer se tentar chegar lá, por que quer
tanto ir para lá?
- Prometi que tentaria salvar as crianças da Colina de Hércule,
assim talvez eu tenha uma chance de voltar para o meu planeta, o planeta
Terra.
- Então tome. – Tarim entrega a Hércules a mochila que Theros
havia lhe dado. – eu achei perto do senhor, eu coloquei frutas e outras
comidas de nosso planeta, tem duas Adagas de madeira aí dentro que
eu mesmo forjei das madeiras das árvores daqui, espero que o senhor
consiga a suas armas, e se torne um poderoso Cavaleiro.
- Obrigado Tarim.
Hércules volta a Montanha Amir e começa a escalar, mas desta
vez ele pegou uns cipós e fez uma espécie de corda bem resistente, e ia
se amarrando para o caso de deslizar, ter onde se segurar. A estratégia dá
certo e ele consegue chegar ao topo, depois de quase um dia inteiro.
Lá ele vê um escudo grande em uma espécie de ninho com vários ovos,
o escudo começa na cabeça e protege até a cintura, tem forma triangular,
mesmo grande é leve, é branco com pe-quenos pontos brilhantes em
preto.
- Que bom – pensa – agora já tenho um escudo, preciso de uma
espada melhor.
Ele desce o outro lado da Montanha em direção ao deserto para
procurar uma espada, já com o escudo equipado no braço esquerdo.
Ele até que acha umas espadas, machados e até lanças, mas todos
enferrujados e em pés-simo estado.
De repente ele vê um ser voando em sua direção, é um tipo de
Dragão, possui duas cabeças uma vermelha e uma azul, o dragão parece
ser poderosíssimo, ele deve ter uns três metros de altura e uns quatro de
largura, suas escamas parecem ser muito resistentes. Hércules pensa:
- Estou com problemas!

“Será que o senhor Hércules vence o Dragão? Qual o verdadeiro poder


do escudo que ele encontrou? Ele encontrará a sua espada?”.

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Dies Irae

Capítulo 4
A expectativa era enlouquecedora. Ele se sentia
capaz de sentir o cheiro da adrenalina, enquanto seu coração disparava.
A sensação era única. A sensação que precede qualquer batalha, sempre
o é. Os segundos se arrastavam enquanto ele esperava o sinal, que
parecia breve. O pequeno grupo de seu exército continuava vindo, sendo
seguido pelo exército inimigo. Por enquanto, ele nada poderia fazer
além de observar. Seus homens matavam a muitos, entretanto muitos
outros caíam. Horrorizado, ele viu a outra parte de seus adversários
contornando o rochedo e os encurralando. Seus oponentes vieram em
número ainda maior do que o esperado. Assim, o grupo de iscas não
sobreviveria.
A primeira seta foi disparada. Era o sinal da Melian. Os arqueiros
lançavam suas flechas em um enxame. Ele gritou, e surgiu através de
uma das fendas do desfiladeiro, enquanto o General surgia pelo outro
lado. Os arqueiros começavam a ajudar o pequeno grupo central a abrir
caminho. Algumas flechas passaram a voar em chamas. Era Melian,
que incendiava as setas de sua baste. Em pouco tempo, ela já estava
coordenando o processo dos arqueiros do lado norte do rochedo. Os
inimigos caiam um por um. Se não eram as flechas, era o fogo, ou os
golpes dos guerreiros.
Firleu golpeava a cada um que aparecia em sua frente, seus
movimentos, precisamente calculados, o faziam um alvo inalcançável.
Tirar vidas nunca o agradou, mas caso ele morresse nessa batalha, tudo
estaria acabado. Ele tentava buscar incentivo em tudo o que aquilo
representava. Ele, como um príncipe, não poderia permitir que seu povo
fosse dominado, especialmente por um herege.
Ele se buscou se lembrar da primeira vez que lutou pela sua vida.
Daquela vez, havia sido contra lobos. Ele se lembrou da sua necessidade
de pensar rápido, e era o que fazia agora. Cada golpe era preciso, sua
espada gotejava com o sangue inimigo, mas não era tempo para remorso.
Sua vida, a de seu povo, e de todo aquele exército dependia disso.
Então, ele foi golpeado e pôde ver de relance o golpe em diagonal
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Dies Irae
na lateral do seu tórax. Não havia tempo para examinar, ou de ponderar
como foi possível que ele recebesse o corte apesar de trajar sua armadura.
Apenas eliminou aquele que o feriu e continuou a lutar pelo seu povo.
Não havia tempo de sentir dor.
De repente, acabou. Ao olhar ao redor, ele podia ver corpos
espalhados pela fenda. Todos os seus inimigos haviam sido liquidados,
mas muitos aliados também haviam tombado. Ele olhou ao redor
buscando Melian, e só se acalmou ao vê-la descendo escorregando pelo
rochedo, apavorada.
- Oh, não! Caíram muitos mais soldados do que eu esperava! E...
Oh, meu Deus! O que fizeram com você, Firleu? Roderick! Ajude-me a
levá-lo!
-Eu estou bem, Melian. Posso caminhar sozinho. – Era
bobagem falar isso, e ele bem o sabia. O ferimento era ainda mais
grave do que imaginado, mas ele não poderia fraquejar até acabar tudo.
Então, designou algumas pessoas para cuidar do sepultamento, tanto
de seus aliados quanto de seus inimigos. Não seria correto deixa-los
apodrecendo ali, então, daria a eles um sepultamento cristão, ou o mais
próximo disso. E fez questão de, ainda ferido, ajudar no trabalho.
Com tudo pronto, ele estava pronto para se dirigir ao
acampamento, que havia sido montado pelo grupo do General. Antes
de ir, ele pôde ver Melian ajoelhada em frente ao grande túmulo
improvisado, e a ouvir pedir à Deus pelas almas de cada um. Ele sorriu,
e andou até o acampamento, no entanto, não chegou até lá. Antes disso,
veio a escuridão, e ele caiu com um baque surdo no chão.
Ele abriu os olhos, ainda tonto. Pôde sentir que alguém havia
tratado de seus ferimentos, mas ainda estava cansado demais para se
levantar. Ainda assim, era possível distinguir uma discussão acontecendo
bem perto.
-Não quero saber se é perigoso! Eu não quero que se repita o
que aconteceu da última vez! O príncipe está desacordado há dias! Sei
que não pudemos evitar o acontecido, mas imagine como seria se já
tivéssemos conseguido o grimório! Eles estariam fracos e sem confiança!
O número deles está cada vez maior! Eu acabei de voltar, eu vi! Essa é
nossa única chance!
Dias? Então ele esteve desacordado por dias? Então, por mais
que ele tivesse tentado ter sido o mais eficaz, tudo o que conseguiu

23
Dies Irae
foi atrasar a todos... A sensação de falha começou a apossá-lo pouco a
pouco.
- Enlouqueceu? O resultado dessa batalha foi culpa sua! A
idéia foi toda sua! Eu não deveria ter dado ouvidos a uma mulher! E
justamente por ter cometido esse erro, nossa vitória foi paga a um preço
alto: O sangue de inúmeros aliados!
- Se eles entrassem em combate direto, nós todos teríamos sido
massacrados e você sabe disso! E não tente desconversar, você sabe que
possuir o grimório é importante!
- Se você falhar, morreremos todos.
- Se eu não tentar também.
Aquilo foi o bastante para ele. Ver sua amada sendo humilhada
apenas por ser mulher o tirou do sério. Ela foi brilhante, e não estava
sendo reconhecida apenas por não ir de acordo com as idéias do
general. Ele se levantou, e notou que o corte não doía mais. Ao chegar
à saída da barraca, se deparou com Roderick e Melian se entreolhando
silenciosamente, em desafio.
- Eu irei com você. A missão foi aprovada. É uma ordem minha.
- Ótimo. Irei começar os preparativos. – Ele deu um discreto
sorriso ao notar que ela precisou se esforçar para não gritar de surpresa
e alegria por vê-lo de pé e disposto a embarcar nessa missão louca com
ela.
Três dias se passaram e tudo estava finalmente pronto. Firleu
novamente selou seu cavalo e foi se encontrar com os seus futuros
companheiros de viagem.
- Estamos todos aqui prontos para partir, Alteza. Nosso grupo
será composto de quatro pessoas: Sua Alteza; eu, especialista em tática,
interação e furtividade; Avenel, um de nossos melhores arqueiros,
e especialista em sobrevivência na floresta e em caça; Aldebarand,
campeão do exército inicial conduzido pelo general Roderick, nosso
melhor corredor, extremamente resiliente e sempre combate com uma
fúria avassaladora.
Então, ele observou a cada um. Melian, sua doce amada a quem
jamais fora capaz de tocar, bela como os anjos e ainda assim extremamente
eficaz em combate. Avenel, um rapaz esguio de traços selvagens, das
poucas vezes que o vira estava sorrindo e brincando, mas raramente
cometia um erro quando precisava agir com seriedade. Aldebarand era

24
Dies Irae
um grandalhão bem rápido, e não muito inteligente, ainda assim seguia
as ordens, e demonstrava ser de uma personalidade fácil de lidar. Parecia
um bom grupo. E seguiram viagem.

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26
Mundo Vazio

Mundo Vazio
Não consigo respirar...
A escuridão que me cerca é tão opressiva, tão dolorosa, tão...
Amarga. Minha mente é cada vez mais e mais puxada para um poço sem
fundo de trevas e caos. Um buraco sem fundo que me chama...
“Venha para mim, venha para mim, venha para mim, venha a
mim, venha para mim”
Esse mantra infernal repetido incessantemente dentro da minha
cabeça. Tudo a minha volta é puro ébano. Não há nada aqui, mas mesmo
assim a voz continua...
“Venha para mim, venha para mim, venha para mim, venha a
mim, venha para mim”
Tento correr, mas minhas pernas não me obedecem, tento gritar,
mas minha voz não sai. Que tipo de pesadelo diabólico é esse? É isso!
Só pode ser um pesadelo! Definitivamente é um pesadelo...
“Venha para mim, venha para mim, venha para mim, venha a
mim, venha para mim”
Nunca!
Começo a me beliscar, me arranhar, me socar, me morder, mas
não desperto. O desespero toma conta de mim cada vez mais. Minha
mente é puxada com cada vez mais força para aquele maldito buraco.
Tampo meus ouvidos tentando fazer a voz parar, mas ela continua...
“Venha para mim, venha para mim, venha para mim, venha a
mim, venha para mim”
Jogo-me no chão e sinto como se nada estivesse a minha volta.
De o chão se abre sob mim numa luz escarlate e então começo a cair. E
continuo caindo e caindo e caindo e caindo e caindo e caindo e caindo
por minutos, horas, dias, semanas. Quanto mais caía mais alta ficava
aquela risada maléfica. Do que diabos está rindo, maldito!?
“Jamais acordará, jamais acordará, jamais acordará, jamais

27
Mundo Vazio
acordará! Morrerá aqui!”
Recuso-me! Recuso-me a morrer aqui! Tento me segurar em
algo e sinto como se pudesse tocar a escuridão a minha volta. Com todas
as minhas forças rasgo o manto de trevas que me recobre e um grito de
dor ecoa como se a própria escuridão estivesse em dor.
“Desgraçado! Jamais acordará! Tente o que quiser, mas jamais
acordará!”
Uma luz vermelha vem da entrada da fissura em minha
direção. Minha consciência começa a ir embora, porém antes de perder
completamente os sentidos consigo ouvi-la mais uma vez. A voz
diabólica e arrogante que tenta me enlouquecer...
“Morrerá gritando! Morrerá gritando! Morrerá gritando!
Morrerá gritando!”

Acordo numa floresta cinza. O céu vermelho manchado por


nuvens negras na forma de todo tipo de demônio e criatura infernal.
Gigantes cinza observam-me com seus mil olhos de vidro e besouros
metálicos de olhos brilhantes e enormes bocas abertas mostrando seus
órgãos internos digerem dentro de si corpos sem alma que apenas se
deixam corromper.
O cheiro de enxofre e putrefação se espalha pelo ar. Figuras
deformadas esticam suas mãos pestilentas por entre árvores cinza,
tentando roubar a vida daqueles que por elas passam, distraídos.
Mortos-vivos erguem os braços e repetem as palavras ditas
por uma besta disfarçada de homem, hipnotizadas por promessas de
conforto e de facilidades. Esses seres ignoram a podridão do mundo
a sua volta e apenas caminham a esmo, repetindo as palavras lidas e
ouvidas, sem jamais fazer nada do que pregam.
Por todo o lugar corpos são devorados por corvos de olhos cor
de rubi sem que ninguém ao menos os olhe, pois todos os mortos estão
ocupados com suas próprias vidas vazias ou observando demônios em
trajes elegantes fazerem juras de mudança, que facilmente se percebem
falsas.
Caminho por entre a floresta até me encontrar com uma mulher
trajando vermelho e com uma máscara negra cobrindo sua face. De cada

28
Mundo Vazio
um de seus lados há uma porta.
“Você pode continuar nesse mundo, vivendo como um dos
mortos, ou pode escolher despertar”
Sua voz é fria e áspera, porém ao mesmo tempo inspira
credibilidade.
Olho para trás vejo as trevas novamente tomarem conta de tudo,
e no centro da escuridão uma linda jovem de vestido vermelho sorri
repete o mantra diabólico de antes...
“Venha para mim, venha para mim, venha para mim, venha a
mim, venha para mim”
De todos os cantos jovens idênticas à ela começam a surgir e
repetir aquela mesma frase, num coro aterrador...
“Venha para mim, venha para mim, venha para mim, venha a
mim, venha para mim”
Juntando todas as forças que existiam em mim consigo fazer
minhas cordas vocais vibrarem e a voz sair
“Quero acordar”
A escuridão se abre a minha volta revelando minha posição em
cima de um dos gigantes. Olho para baixo e vejo milhares de mortos-
vivos andando para lá e para cá. Então não existe despertar desse mundo,
afinal.
E com um impulso parto em direção ao fim de todo esse pesadelo.

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quarto indefeso

Quarto Indefeso
A noite não emitia luzes, o céu nublado e a Lua coberta
pelas nuvens roxas...
Um quarto de uma criança... silencioso e inocente... O rosto da
criança mergulhado no travesseiro...
O sorriso em sua face permanecia conforme seus sonhos e seus
pensamentos surgiam, alguns destes bons, outros melhores... A inocência
e a indefesa prevaleciam no cômodo...
Um feixe de luz do luar atravessou a janela e chegou no
quarto...
Barulhos de passos nas sombras começaram a surgir... A criança
logo despertou...
Com medo, permaneceu na cama, onde se sentia segura e
confortável...
Os barulhos aumentaram, e a criança começou a ficar mais
assustada, ela se cobriu com sua manta e tentou voltar aos seus
pensamentos inocentes... Sendo assim, a criança adormeceu e nada lhe
aconteceu...
Acordando, no próximo dia, o céu continuava nublado, mas seu
quarto permanecia parcialmente iluminado...
Com muita coragem que a luz lhe dava, ela se levantou a procura
de alguém, olhou para o chão... Depois olhou abaixo da cama... Não
havia nada, nenhum vestígio de que alguém entrara em seu quarto,
nenhuma marca que mostrava alguém ou algo caminhando...
Ela se sentiu aliviada, embora soubesse que aquilo não havia sido
um sonho... Pelo menos, não um sonho normal...
Quando anoiteceu, voltou para o seu quarto, o céu ainda nublado,
e a Lua ainda coberta...
Indo para sua cama, já havia esquecido do que ocorrera e foi
dormir inocentemente...

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quarto indefeso
No meio da noite, um feixe de luz do luar atravessou a janela e
chegou no quarto...
Os barulhos de passos nas sombras se iniciaram e a criança
despertou, novamente, com medo... Decidiu voltar com seus sonhos e
deixar o barulho sumir... Simplesmente sumir, como foi no dia anterior.
Mas os barulhos aumentaram e ela ficou com mais medo... Logo
ela teve a ideia de ligar a luz do seu quarto e vasculhar.
Apertando o interruptor, a luz se acendeu, a sua coragem foi
retomada e o barulho se desfez.
Ela abriu seus armários, seu baú, olhou para debaixo da cama...
Nada de achar o que fazia aquele barulho...
Então, subitamente, ouviu um barulho de passos... Não via nada,
só escutou o barulho do interruptor e, assim, a luz se apagou.
Seus olhos se dilataram, seu coração dispara, e o barulho das
sombras aumentando... Sua cama estava muito longe, ela desconhecia o
lugar de sua cama... Não havia fugas...
Ela olhou para a janela, onde havia o feixe de luz da noite
nublada, tentava adiquirir a sua coragem através daquela luz gélida...
Bem nesse momento, o feixe aumentou junto com o barulho, o
céu obscuro clareou um pouco e deu forças à criança...
Naquele instante, ela via tudo em seu quarto com um só um
pouco de dificuldade... Sabia onde estava a sua cama, mas havia uma
silhueta sentada lá...
A janela impedia a luz de chegar numa certa área e, assim,
impedia de enxergar o rosto da silhueta, mas os seus olhos refletiam luz
no quarto...
A criança olhou diretamente para a silhueta, e esta virou o rosto
em direção à criança... Ela possuía costuras e cicatrizes em sua face,
olhos vazios e uma boca feliz...
Caminhando até a criatura, um pouco mais calma, decidiu pedir
para o ser sair de sua cama, pois estava muito cansada e queria ir dormir...
Chegando ao lado da criatura, preparando-se para falar, a criatura
agarrou o pijama da criança, e seus olhos de vidro refletiam a luz...
No dia seguinte, amanheceu, o quarto permanecia inocente, mas
vazio.
31
jogo preto e branco

Jogo Preto e Branco


Era uma fria manhã de Sábado, daquelas que todo
mundo quer ficar em casa. Parecia que ia chover, e o orvalho banhava
as plantas e os vidros das janelas. A paisagem era pouco convidativa
para uma caminhada, mas mesmo assim o aposentado General Moura,
homem de 71 anos, saía de sua casa. Era baixo e tinha as costas bem
curvadas. No rosto uma longa barba grisalha, que escondia seu pescoço.
Vestia um uniforme velho e surrado, que não deixava de indicar um
pouco de autoridade. Usava também suas botas e chapéu do exército. Na
mão, ao invés de uma espada, carregava uma bengala de madeira bem
trabalhada. Com o outro braço carregava uma pequena caixa. A espada
estava na cinta, dentro da bainha. Para qualquer um parecia um péssimo
dia para trabalhar, mas para o velho General era um maravilhoso dia
para uma batalha.
O General, apesar de curvado, andava de maneira altiva e cheia de
autoridade, fazendo com que os poucos civis que passavam pela rua
ficassem um pouco intimidados e lhe cumprimentassem. O velho
olhava para eles com desdém: para ele, praticamente qualquer homem
jovem que permanecia civil sem servir no exército nenhuma vez era um
covarde sem amor ao Brasil. Após alguns minutos de caminhada chegou
ao parque, caminhou até uma praça central onde havia mesas e cadeiras
de pedra. Avistou então seu inimigo: um velho preto, alto e desdentado,
aquele que havia começado aquela rebelião que o colocara de volta nas
batalhas.
Sem diminuir a arrogância no olhar, o General Moura sentou-se na
cadeira que estava do outro lado da mesa onde o preto estava sentado,
sem se importar com o orvalho que a molhara. O preto sorriu, mostrando
assim o interior de sua boca onde faltavam pelo menos três dentes.
O General retribuiu com uma careta enojada e colocou a caixa que
carregava sobre a mesa. A caixa foi aberta e de repente eles não estavam
mais em um parque numa fria manhã de Sábado. Estavam próximos a
uma praia, onde havia uma floresta de palmeiras. Estava ensolarado, mas

32
jogo preto e branco
ainda parecia um Sábado.
O General estava agora em uma tenda, com vista para um vale no
meio da floresta, onde havia um acampamento. De lá ele podia ver todo
o vale, e no centro do acampamento ele avistou o velho preto sentado
numa cadeia em cima de uma torre de madeira. Embora o velho estivesse
bem distante, o General podia vê-lo perfeitamente. Agora ele parecia
muito mais altivo do que o velho do parque: Parecia usar roupas típicas
africanas, tinha cabelos presos e braços descobertos. Em sua cintura
carregava um largo facão de cortar cana. Parecia uma versão mais velha
do próprio Zumbi. E ainda sorria desdentado.
Um soldado com um uniforme do exército brasileiro chegou ao
General e disse:
- General Moura, chegamos ao quilombo! Os pretos já estão se
preparando para se defenderem!
- Alinhe as tropas! – respondeu o General
O soldado saiu correndo e logo o General viu suas tropas se alinhando.
Elas se organizaram em duas fileiras. Na da frente estava a infantaria
básica: vários soldados com capacetes brilhantes e espadas reluzentes.
Na segunda fileira se dispunham várias tropas diferentes. Nas pontas
da fileira alguns canhões, carregados freneticamente por homens mal
vestidos. Ao seu lado está a cavalaria disposta em dois grupos. São
homens bem vestidos com lanças longas e espadas na cintura, montados
em grandes cavalos. Havia também alguns padres franciscanos. Rezavam
pela batalha e abençoavam os homens, levantando a moral do exército.
Em uma mão levavam uma vara de madeira, e na outra uma faca longa.
Antes que o General conseguisse ver mais qualquer coisa, ele percebeu
que agora estava em um alto cavalo, em meio ao exército. Devido ao
tamanho de seu cavalo, o General ainda conseguia ver todo o campo de
batalha. Notou então que ao seu lado estava uma linda mulher. Trajava
uma roupa de soldado, porém adaptada para seu tamanho. Tinha cabelos
negros e usava uma tiara na cabeça. Carregava uma espada em cada mão.
Surpreso, o General perguntou:
- Que fazes aqui, bela donzela? O campo de batalha não é para
princesas como você.
- Vim lutar pelo meu país! – disse ela, com uma expressão feroz –
Deixe-me ficar, e após a batalha, pela noite, ajudá-lo-ei a esquecer teus
33
jogo preto e branco
problemas...
O convite pareceu tão tentador que ele concedeu. Então virou o rosto
e viu então as tropas dos negros se alinhando. Nunca em sua vida vira
tantos, de maneira tão organizada. Eles também se organizaram em duas
fileiras. Na frente estavam os menos equipados: homens altos com peles
negras como o céu em noite sem lua. Vestiam trapos e carregavam em
suas mãos facões de cortar cana ou bastões. Apesar de estarem em estado
bem precário, eram extremamente assustadores, em seu tamanho, cor de
pele e expressões selvagens. Mais atrás, nas extremidades da segunda
fileira, havia algumas carroças, cada uma puxada por dois touros fortes
de chifres afiados. Em cima delas havia pretos com lanças, paus, pedras
e outras armas simples, porém com enfeites africanos em seus braços
e pernas. Igualmente vestidos estavam alguns cavaleiros montados em
animais surrados de fazenda. Carregavam lanças longas de madeira com
pontas de pedra. Havia também feiticeiros entre eles. Usavam roupas
brancas e cantavam palavras estranhas e assustadoras, fazendo suas
preces aos seus Orixás. Faziam as chamadas “macumbas”, juntamente a
rituais sangrentos que deixavam o exército inimigo tremendo de medo.
Carregavam também facões longos manchados de sangue. No centro
da fileira de trás estava, montado em um grande cavalo, o velho preto,
comandante daquela rebelião. Agora ele carregava uma lança em suas
mão. E continuava sorrindo. E ao lado dele estava uma linda mulher
negra, com roupas provocadoras e um corpo esbelto. Montava um
cavalo da cor de sua pele e levava consigo uma lança. Era uma visão bela
e assustadora, uma amazona inimiga pronta a trucidar os soldados do
exército brasileiro.
O tabuleiro estava armado, e as peças já estavam prontas para
movimentar-se. Começava o combate,
O General ordenou que alguns homens que estavam á sua frente
avançassem um pouco. Enquanto isso, alguns pretos faziam o mesmo.
Foi então travado um combate entre essas tropas, e os homens do
General Moura saíram vitoriosos. Porém antes que pudessem pensar a
bela amazona cavalgou até eles e começou a decepá-los, um a um. Eles
correram em desespero. O General percebeu que não seria um combate
fácil.
O tempo passava, e o combate se estendia. Vários membros da
infantaria de ambos os lados haviam tombado. As tropas do General
34
jogo preto e branco
haviam trucidado a cavalaria inimiga, mas todos os padres franciscanos
que os acompanhavam haviam tombado enquanto tentavam bravamente
(mas inutilmente) repelir os ferozes ataques da feroz amazona. Agora os
canhões do General estavam fazendo um belo estrago sangrento no que
sobrara da infantaria preta. Mas, antes que o General percebesse, os
feiticeiros negros ameaçavam a ele próprio. Sem ele, suas tropas estariam
perdidas. Ele foi obrigado então a sacrificar alguns de seus canhões para
salvar sua pele.
A batalha seguiu equilibrada por algumas horas mais, e algumas
nuvens se formavam no céu. Até que as carroças com touros dos pretos
partiram para o ataque: os fortes animais e os selvagens das carroças
estavam trucidando a infantaria do General. Ele não sabia o que fazer,
mas a bela donzela ao seu lado disse:
- Manda-me à luta, senhor!
O General viu que ela poderia facilmente flanquear algumas carroças.
Com pesar no coração, enviou-a. Com um animo animal a mulher
conseguiu pular na carroça e acabar com os pretos de dentro dela, para
depois matar os touros.
Já estava entardecendo. O céu estava nublado, ventava muito, quando
uma chuva fina começou a cair. As tropas de ambos os lados haviam
sofrido terríveis baixas: do lado do General sobravam apenas alguns
canhões, um pedaço da cavalaria, apenas um reduzido grupo de soldados
da infantaria e a bela donzela. Do lado dos pretos sobraram alguns
feiticeiros, cerca de um quarto da infantaria, uma carroça de touros e
a feroz amazona. As circunstâncias obrigaram o General a partir para
uma tática mais desesperada: lançou toda a ofensiva para tentar matar
o líder preto.
O General lançou a infantaria em um ataque quase suicida para abrir
a defesa inimiga. Todos os soldados dele morreram, mas o inimigo ficou
extremamente aberto. Ele se utilizou então dos canhões e da donzela
para tentar encurralar o velho preto. Chegou ao ponto de sacrificar os
canhões, e então viu um lugar de onde poderia encurralar o líder inimigo
usando a donzela. Quando pensou que poderia subjugar o líder, percebeu
que havia caído em uma armadilha. O velho conseguiu desviar-se do
golpe da donzela, que ficou ela própria encurralada. O General gritou
para que fugisse, mas antes que qualquer coisa acontecesse, a amazona

35
jogo preto e branco
veio e decapitou a donzela. A chuva ficou mais forte.
Em fúria, o General Moura sacou sua própria espada e, junto a cavalaria
e ao resto da infantaria, atacou o resto do exército inimigo. Lutaram
bravamente, mas muito abertos. A infantaria foi rapidamente reduzida
a uma pilha de mortos. Mas a cavalaria conseguiu ameaçar o velho
preto. A amazona impediu que a cavalaria matasse seu comandante,
mas se expôs. O General aproveitou e perfurou sua espada nas costas
da amazona: a mulher caiu morta, e a donzela foi vingada. Porém agora
o General estava só. O inimigo rapidamente cercou-o, e ele se rendeu.
Ajoelhou-se e esperou por uma morte rápida. Já podia sentir o aço frio
do facão em seu pescoço. Fechou os olhos.
- Xeque-mate! – a voz do velho preto fez com que o General abrisse
os olhos: estava de volta ao parque – foi um bom jogo. Agora vamos sair
da chuva! – e ele abriu um sorriso desdentado.
O General fingiu que não ouviu e manteve a cabeça baixa. Aqueles
jogos de xadrez, combinados as suas fantasias, eram a unica lembrança
viva dos seus tempos de glória. Tempos nos quais ele caçava pretos
que fugiam de seus mestres. Nos quais ele era um grande General que
trucidava escravos rebeldes. E mesmo assim ele perdia. Havia sido
reduzido a um velho que joga xadrez com um velho preto que ainda
devia ser um escravo, não fosse por uma princesa mimada que se achava
muito correta. E mesmo assim perdia. Virara um pedaço de lixo, e
mesmo assim era um pedaço de lixo perdedor. A maldita lei Áurea era
o ultimato disso.
Então, o aposentado General Moura, homem que já fora glorioso, mas
agora era um derrotado, ficou na praça o resto do dia, tomando chuva
de cabeça baixa em frente a um tabuleiro de xadrez com um xeque-mate
das peças pretas sobre as brancas.

36
reencontro

Reencontro
A flecha zuniu e acertou em cheio um dos homens que
espancavam o elfo em praça pública. Ele havia sido pego em uma
emboscada. Sete contra um, fora uma luta difícil, mas eram muitos, até
mesmo para ele. Hanzo era conhecido pela sua habilidade em combate
com a espada longa, uma das armas prediletas dos elfos, em conjunto
com o arco e flecha.
Valpheris era uma cidade racista. Os humanos que lá viviam a
faziam assim. Odiavam as demais raças, mas as que eles mais odiavam
eram os elfos, e aquele em especial havia cometido um crime muito
grave. Ele salvara um homem tigre de uma execução, pena por um crime
que ele não havia cometido. O roubo do Sabre de Valpheris.
Logo, porém, eles encontraram uma forma de se vingarem do
maldito elfo, armaram uma emboscada. Espalharam a notícia de que
haviam encontrado o verdadeiro culpado pelo roubo, ou melhor, culpada,
uma ladra elfa conhecida como Leika, e que sua execução seria feita a
portas fechadas dentro do quartel da milícia da cidade.
Encheram o salão de execução com magia, armaram armadilhas
pelos corredores e aguardaram pelo elfo. Eles tinham certeza de que ele
apareceria, afinal a história contava que Hanzo e Leika foram muito
mais do que companheiros de viagem.
O elfo enfurecido não pensou duas vezes e avançou contra o
quartel, passando pelas armadilhas e lutando contra todos os guardas
que apareceram, até que finalmente chegou ao salão. Assim que cruzou a
porta ele se fechou magicamente, trancando-o dentro da sala junto com
sete guerreiros, os mais fortes de Valpheris.
Hanzo sentiu os braços pesarem e sua espada quase foi ao chão.
Reuniu forças e endireitou o corpo que quase cedera à pressão do lugar.
Magia, ele sabia que havia sido enfeitiçado. Quando voltou seus olhos
para seus adversários viu que eles haviam chegado até ele em um piscar
de olhos.

37
reencontro
Teleportou para o outro canto da sala a tempo de ver o ar ser
retalhado no exato local onde ele estava a milésimos de segundo atrás.
Prendeu um dos sete com uma conjuração de magia do elemento terra.
Pedras surgiram ao redor das pernas de um deles imobilizando-o. Os
outros seis viraram-se imediatamente e localizaram o elfo do outro lado
do salão.
Antes que ele pudesse notar estava cercado, sua espada não
respondia com a rapidez de costume, mas conseguia bloquear os ataques.
Teleportou novamente. Apareceu em outro canto da sala, mas dessa vez
sentiu um gosto de ferro tomar-lhe toda a boca, cuspiu sangue. Pulou
para trás para evitar o ataque, no entanto não conseguiu trazer junto
com sigo sua espada, que de tão pesada que estava, impossibilitaria o
movimento.
O elfo conseguiu desmaiar dois dos seis agressores que restavam
antes de perder a batalha para a magia que fora conjurada naquele salão.
Pressão extra para todo não-humano e dores para qualquer um que
executasse magia naquele recinto. Hanzo caira direitinho na armadilha.
Os sete levaram-no para a praça principal, onde ele seria
espancado até a morte, só não contavam que a notícia sobre a captura
de Leika fosse chegar até os ouvidos da jovem elfa. Armou seu arco com
uma flecha e mirou no homem que se preparava para desferir mais um
soco em Hanzo, derrubando-o antes mesmo que ele pudesse encostar
no elfo.
Os dois guerreiros que seguravam o elfo, soltaram-no e ele bateu
com força contra as pedras da praça, sacaram suas espadas e correram
em direção ao prédio de onde a elfa lançara a flecha. Ela derrubou os
dois antes que tivessem ganhado cinco metros do centro da praça. Foi
então que ela viu surgir de todos os cantos da praça soldados armados,
começou a disparar flechas sem economia.
Niih, a fada que fora salva a mais de uma década pelo elfo
apareceu a poucos centímetros da cabeça de Hanzo, e sem ao menos ser
notada curou os ferimentos dele, que despertou em meio ao caos.
- Niih! Onde está Leika?
- De nada, Hanzo! – respondeu a fada.
- Obrigado Niih! – disse o elfo envergonhado – onde ela está?
Mas a fada não precisou responder, ele logo viu de onde vinham
38
reencontro
as flechas. Levantou-se e esquivou a tempo do ataque de um dos
soldados, sua agilidade havia voltado, assim como sua força. Desferiu
cinco socos no soldado, derrubando-o. Pegou a espada e cortou-lhe a
cabeça. Estava cercado novamente.
De um dos becos próximos um gigantesco elfo mascarado saiu.
Sua espada tinha o tamanho de um humano e a grossura de um dedo,
não cortaria uma folha de papel, mas esmagava e causava uma dor
lacerante em quem fosse atingido por ela. Taylor rebateu dois soldados
com sua espada, jogando-os para longe de Hanzo, e postou-se ao lado
de seu velho companheiro de aventuras.
Alguns soldados alcançaram o topo do prédio de onde a elfa
dispara suas flechas, no entanto ela não estava sozinha lá em cima. Um
homem trajando uma túnica azulada estava lá com ela, e sem demora
conjurou um circulo de fogo que foi se expandindo e queimando aqueles
que não se jogaram antes de serem tocados pelo circulo.
A Aliança, esse foi o nome que eles ganharam durante a última
década, durante a guerra que assolou o mundo conhecido. Do antigo
grupo apenas dois não estavam mais entre eles, Vahn o cavaleiro dragão,
que morrera durante a guerra, e Evan, o anão bárbaro, que morrera
apunhalado pelas costas em uma taverna no pós-guerra.
Há alguns anos Hanzo, Leika, Taylor, Hagen e Niih, não lutavam
juntos, no entanto era como se nunca tivessem deixado de fazê-lo. Não
demorou nada e a cidade estava em completo silêncio, interrompido
somente pelo choro de uma criança ouvido ao longe.
- Leika! Disseram que você havia sido pega. – disse o elfo assim
que desapertou o abraço.
- E você acreditou que esse bando de idiotas iria conseguir me
pegar, Hanzo?
- Eh... Leika, não fale assim com ele, afinal ele foi pego por esse
bando de idiotas. – Disse Hagen, com um grande sorriso nos lábios –
Hanzo!
- Hagen, que bom te ver! Você cresceu! – falou enquanto abraçava
o mago.
- Taylor! Você continua grande!
- São seus olhos! – Disse o elfo mascarado caindo na gargalhada.

39
reencontro
- Vamos embora daqui antes que tenhamos que matar mais
alguém nessa cidade dos infernos. – Disse Hagen.
- Estou acampado próximo daqui, vamos pra lá. – ordenou
Hanzo.
- Vamos! – Responderam Taylor, Hagen e Niih ao mesmo
tempo.
- Ei! Ele não é mais o líder aqui. – repreendeu Leika – A não ser
que ele já esteja pronto para retornar ao seu posto. Está?
- Eu tinha aposentado minha espada. Achei que depois da guerra
essa seria a melhor coisa a fazer, mas parece que vocês estavam certos,
ainda há o que combater. – Respondeu Hanzo.
- Então vamos logo pegar suas coisas, Hanzo! – exclamou Niih.
- Em que direção? – Perguntou Hagen.
- Dois quilômetros a noroeste daqui.
Com um gesto simples feito pelo mago, os cinco desapareceram
do centro da praça, deixando apenas os corpos caídos dos soldados que
a pouco lutaram contra os heróis da Guerra dos Cristais, como ficou
conhecida a guerra que durou cerca de quinze anos e teve fim a pouco
mais de um ano.

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